mary cristiane miranda da rosa lima a influÊncia do...
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CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM ENFERMAGEM
MARY CRISTIANE MIRANDA DA ROSA LIMA
A INFLUÊNCIA DO TRABALHO NO RENDIMENTO ESCOLAR
DOS ESTUDANTES TRABALHADORES DE GRADUAÇÃO DE
ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Guarulhos
2010
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM ENFERMAGEM
MARY CRISTIANE MIRANDA DA ROSA LIMA
A INFLUÊNCIA DO TRABALHO NO RENDIMENTO ESCOLAR DOS
ESTUDANTES TRABALHADORES DE GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Enfermagem, da Universidade Guarulhos como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Drª. Arlete Silva
Guarulhos
2010
Ficha catalográfica elaborada pela Coordenação da Biblioteca Fernando Gay da Fonseca
Lima , Mary Cristiane Miranda da Rosa
L732i A influência do trabalho no rendimento escolar dos estudantes trabalhadores de graduação de enfermagem: uma revisão integrativa / Mary Cristiane Miranda da Rosa Lima. Guarulhos, 2010.
97f.; 31 cm Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Centro de Pós-
Graduação, Pesquisa e Extensão, Universidade Guarulhos, 2010. Orientadora: Profa. Dra. Arlete Silva Bibliografia: f. 73-77. 1. Rendimento Escolar 2. Enfermagem 3. Qualidade de vida I.
Título. II. Universidade Guarulhos.
CDD 22st
617.967
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO EM ENFERMAGEM
A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de
MESTRADO, intitulada ―A INFLUÊNCIA DO TRABALHO NO RENDIMENTO
ESCOLAR DOS ESTUDANTES TRABALHADORES DE GRADUAÇÃO DE
ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA‖, em sessão pública realizada em
15 de dezembro de 2010, considerou a candidata MARY CRISTIANE MIRANDA DA
ROSA LIMA, aprovada.
É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma impressa como
eletrônica. Sua produção total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e
científicos, desde que citada a fonte.
Dedicatória
Ao meu esposo Alessandro, pela magnitude do seu amor, incentivo e apoio familiar. Aos meus filhos Rafael e Letícia, motivação dos meus sonhos e razão do meu viver. Aos meus pais Delcides Pereira da Rosa (in memorian) e Vera Lúcia Miranda da Rosa (in memorian), por me ensinarem a importância dos estudos; pelo amor e saudade de suas presenças.
Aos meus avós Raymundo Cirilo de Miranda e Glória Maria de Miranda pelo seu amor e exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação é resultado de várias discussões, análise, retornos
necessários, reflexões, trocas primordiais no direcionamento. Tornou-se real porque
muitas pessoas se empenharam para a concretização deste estudo, acreditaram,
incentivaram, estiveram por perto... uns fisicamente apoiando o necessário, outros
de longe, torcendo, vibrando a cada passo alcançado. Assim, agradeço:
À Deus, pela proteção e iluminação em todos os momentos de minha vida,
por me acalentar nos momentos difíceis, proporcionando-me quietude e paz,
por dar-me discernimento e sabedoria nos momentos de dúvida.
Ao meu esposo, meu maior incentivador, pelo amor, carinho, compreensão e
total apoio no cuidado aos nossos filhos nos inúmeros dias de ausência,
fazendo-me acreditar e não desistir.
Aos meus queridos filhos, Rafael e Letícia, pelo amor e compreensão da
ausência constante no âmbito familiar, em que deixei de compartilhar o seu
crescer para poder realizar o meu e que apesar de suas pequenas idades
sempre me incentivaram a continuar. Minha eterna gratidão e amor.
À orientadora Profª Drª Arlete Silva pela amizade, carinho, paciência e
dedicação na qual conduziu segura a elaboração dessa dissertação. A
senhora, meu respeito e muito obrigada.
À Profª Drª Rúbia Aparecida Lacerda pela auxilio precioso em horas de
incerteza, onde com sua sabedoria e conhecimento mudou a direção do
estudo. Mudança esta que, com toda certeza, foi para melhor.
À Enf. Me. Silvia Helena Frota Mendonça por sua amizade e auxílio sincero.
À todos os docentes do mestrado da UnG pelo carinho, apoio e aprendizado.
Aos amigos da Pós-graduação: Ângela, Gerson, Lanne, Laura, Luiza,
Melissa, Osvaldo, Paulo e Regina pela amizade, companheirismo e pelos
momentos alegres que passamos juntos.
Um especial carinho a minha amiga Enf. Tatiana, companheira de pós, de
viagem e de hotel, pela força, incentivo e pelos muitos momentos prazerosos
proporcionados pela nossa amizade ao longo de todo este percurso.
A amiga e companheira de pós, Enf. Aline Panaia Kron, pela ajuda preciosa
para a finalização deste estudo. Muito obrigada!
Às minhas queridas tias Maria, Janete e Iracy pelo carinho, incentivo e apoio
sempre que preciso.
Em especial, aos meus pais, in memorian, que mesmo na sua ausência,
estiveram presentes em meu coração, me protegendo, incentivando e me
iluminando com seu eterno amor.
Aos meus irmãos, primos, sobrinhos e sogro pelo incentivo e apoio.
À todos que, de algum modo, colaboraram para a realização deste estudo e
permitiram a conclusão de mais uma etapa vencida em minha vida.
À todos vocês, meu sincero MUITO OBRIGADA!
―Para ser homem não basta nascer, é preciso também
aprender. A genética nos predispõe a chegarmos a seres
humanos, porém, só por meio da educação e da convivência
social conseguimos sê-lo efetivamente‖.
Filósofo espanhol Fernando Savater.
RESUMO
Lima MCMR. A influência do trabalho no rendimento escolar dos estudantes trabalhadores de Graduação de Enfermagem: uma Revisão Integrativa [Dissertação de Mestrado]. Universidade Guarulhos – UnG, 2010.
A constante exigência por profissionais atualizados e qualificados tem levado, cada vez mais, profissionais já inseridos no mercado de trabalho às faculdades e universidades, aumentando o número de estudantes trabalhadores de enfermagem nos cursos de graduação dessa área. A realidade econômica desses alunos não permite que os mesmos possam somente estudar, principalmente em faculdades particulares, necessitando trabalhar para se manter no ensino superior e, em muitos casos, ajudar na renda financeira da família. Mas, trabalhar e estudar pode originar desgaste físico e mental. O objetivo desta pesquisa foi buscar evidências científicas sobre a influência do trabalho no rendimento escolar dos estudantes trabalhadores de enfermagem, por meio de revisão integrativa da literatura científica; teve como questão norteadora ―Qual o conhecimento disponível sobre prejuízos no rendimento escolar do aluno de enfermagem que acumula estudo e trabalho?‖. As bases de dados investigadas foram PubMed/ MEDLINE, LILACS, COCHRANE, CINAHL, SciELO, ERIC, PsycINFO, USP/Sibi e BDENF, com cruzamento de descritores indexados e não-indexados no MeSH e DeCS. Considerando os critérios de inclusão, dois estudos foram analisados na íntegra, sendo 1 artigo recuperado na base de dados BDENF e o outro no LILACS. Estes estudos apresentam alguns pontos em comum entre os alunos trabalhadores, como falta de tempo para estudar e dormir, lazer prejudicado, ajuda financeira à família, rendimento escolar deficiente, necessitando com freqüência de exame ou recuperação e apresentação de sintomas de cansaço e estresse. Dos 40,2% dos alunos trabalhadores do estudo E1, 39,3% trabalham para o seu próprio sustento No estudo E2 38,9% dos alunos apresentavam falta de atenção às aulas principalmente devido ao cansaço, estresse e sonolência. Os dois artigos estão no idioma português, publicados no Brasil. A ausência de publicações na área demonstra a necessidade de pesquisas, a fim de diminuir a lacuna existente na produção de conhecimento e auxiliar no processo de aprendizagem dos estudantes trabalhadores. Palavras-chave: Saúde do trabalhador, Estudantes de enfermagem trabalhadores, Prática baseada em evidências.
ABSTRACT
Lima MCMR. The influence of work on school performance of working students in undergraduate nursing: an integrative review [Dissertation ]. Guarulhos University. Guarulhos, 2010. The constant demand for qualified and up to date professionals has led increasingly professionals already working in the labor marketing to colleges and universities, increasing the number of working students in nursing undergraduate courses in the area. The economic reality does not allow these students to only study, particularly in private colleges. They need to work in order to keep themselves in higher education and in many cases they help to support the family´s financial income. But work and study may lead to a problem based on physical and mental exhaustion. The objective of this research is to find scientific evidence on the influence of the work on school performance in students of nursing staff through an integrative review of scientific literature and has as core question ―What is the knowledge available about losses in the school nursing student who accumulates study and work?‖ The databases investigated were PubMed/ MEDLINE, LILACS, COCHRANE, CINAHL, SCIELLO, ERIC, PsycINFO, USP/Sibi e BDENF, descriptors with cross-indexed and non-indexed MeSH and DeCS. Considering the criteria for inclusion, two studies were analyzed in full, being recovered in an article database BDENF and the other in LILACS. These studies provide some common ground between the students and workers, including lack of time to study and sleep, impaired leisure, financial assistance for families, poor school performance, often requiring examination or retrieval and presentation of symptoms of fatigue and stress. Of the 40.2% of working students in E1 study, 39.3% work to support themselves. In the study E2, 38.9% of students had a lack of attention in class mainly due to tiredness, stress, and sleepiness. Both articles are in Portuguese published in Brazil. The lack of published data demonstrates the need of research with methodological rigor in order to reduce the gap in knowledge production and assist in the learning process of working students. Keywords: Worker health, Nursing working students, Evidence based practice.
RESUMEN
Lima MCMR. La influencia de la obra en el rendimiento escolar de los estudiantes en los trabajadores de enfermería de la universidad: una revisión integradora [Disertación]. Guarulhos universidad. Guarulhos, 2010. La constante demanda de profesionales cualificados hasta la fecha y ha llevado, cada vez más, los profesionales que ya trabajan en el mercado de trabajo a los colegios y universidades, aumentando el número de estudiantes trabajadores de enfermería en los cursos de graduación en el área. La realidad económica no permite a estos estudiantes que sólo se puede estudiar, sobre todo en universidades privadas, la necesidad de seguir trabajando en la educación superior y en muchos casos ayudan a los ingresos financieros de la familia. Sin embargo, el trabajo y el estudio puede conducir a un problema basado en física y mental. El objetivo de esta investigación es encontrar evidencia científica sobre la influencia de los trabajos de los estudiantes trabajadores de enfermería, a través de una revisión integradora de la literatura científica, así como la pregunta orientadora "¿Qué es el conocimiento disponible sobre las pérdidas en el rendimiento escolar de que se acumula de enfermería estudiar y trabajar?". Las bases de datos fueron investigados en PubMed/ MEDLINE, LILACS, COCHRANE, CINAHL, SciELO, ERIC, PsycINFO, USP/Sibi y BDENF, con la cruz-indexadas y no indexadas en el MeSH y DeCS. Teniendo en cuenta los criterios de inclusión, dos estudios fueron analizados en su totalidad, se recupera en una base de datos del artículo y la otra en BDENF LILACS. Estos estudios proporcionan una base común entre los estudiantes y los trabajadores, incluida la falta de tiempo para estudiar y dormir, ocio discapacidad, la asistencia financiera para las familias, bajo rendimiento escolar, a menudo requieren un examen o la recuperación y la presentación los síntomas de la fatiga y estresse. Dos 40, 2% de los estudiantes E1 estudio de los trabajadores, el 39,3% trabaja para ganarse la vida por sí mismos E2 En el estudio el 38,9% de los estudiantes había una falta de atención en clase, debido principalmente a la fatiga, el estrés, y la somnolencia. Ambos artículos son publicados en portugués en Brasil. La falta de datos publicados demuestra la necesidad de la investigación a fin de reducir la brecha en el conocimiento y ayudar en el proceso de aprendizaje de los estudiantes que trabajan Palabras clave: Salud de los trabajadores, estudiantes de enfermería trabajadores, la práctica basada en la evidencia.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Resultado da busca eletrônica nas bases de dados, antes e
após exclusão separada nos idiomas inglês, espanhol e
Português. Guarulhos (SP), 2009.
53
TABELA 2 Número de estudos incluídos e excluídos após análise,
conforme recuperação nas bases de dados. Guarulhos (SP),
2009.
54
TABELA 3
Número de artigos excluídos e justificativa, conforme
recuperação nas bases de dados, após análise do resumo
dos mesmos. Guarulhos (SP), 2009.
55
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Descritores indexados e não-indexados utilizados na
estratégia de busca com a sigla PICO. Guarulhos (SP), 2009.
44
QUADRO 2 Estratégia de busca de artigos nas bases eletrônicas
conforme a sigla PICO nos idiomas inglês, português e
espanhol. Guarulhos (SP), 2009.
46
QUADRO 3 Descritores indexados e não indexados utilizados na
estratégia de busca com a sigla PICO e operadores
booleanos em inglês. Guarulhos (SP), 2009.
47
QUADRO 4 Distribuição dos artigos que compõem a Revisão Integrativa,
segundo o delineamento da pesquisa, profissão/ocupação do
autor principal, instituição sede do estudo e tipo de revista.
Guarulhos (SP), 2009.
57
QUADRO 5 Distribuição dos artigos que compõem Revisão Integrativa,
em função dos autores, base de dados, periódico, ano, país
de origem e idioma de publicação. Guarulhos (SP), 2009.
59
QUADRO 6 Apresentação da síntese do estudo E1 incluído na revisão
segundo autores, objetivo, detalhamento metodológico,
intervenções, desfecho e resultados. Guarulhos SP, 2009.
61
QUADRO 7 Apresentação da síntese do estudo E2 incluído na revisão
segundo autores, objetivo, detalhamento metodológico,
intervenções, desfecho e resultados. Guarulhos SP, 2009.
65
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Componentes da revisão integrativa de literatura.
35
FIGURA 2 Fluxograma de resultados parciais de estudos contidos nas
bases de dados após a exclusão dos repetidos na Revisão
Integrativa. Guarulhos SP, 2009
52
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABEn Associação Brasileira de Enfermagem
CES Câmara de Educação Superior
CNE Conselho Nacional de Educação
MEC Ministério da Educação
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
PBE Prática Baseada em Evidência
MBE Medicina Baseada em Evidência
EBE Enfermagem Baseada em Evidência
RI Revisão Integrativa
RS Revisão Sistemática
MA Metanálise
H Horas
LiLACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEDLINE Medical Literature Analyses and Retrevial Sisten on line
CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
SciELLO Scientific Electronic Library On line
ERIC Education Resources Information Center
BDEnf Base de dados de Enfermagem
USP/Sibi Sistema Integrado de Biblioteca da Universidade São Paulo
DeCs Descritores em Ciências da Saúde
MEsH
E
Medical Subject Headings
Estudo
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO............................................................................................... 20
1.1 O estudante trabalhador de graduação em enfermagem …................... 22
1.2 A cronobiologia.......................................................................................... 25
1.3 Rendimento Escolar................................................................................... 28
2- REFERENCIAL METODOLÓGICO
2.1 Prática Baseada em Evidência.................................................................
31
31
2.2 A Medicina e a Enfermagem Baseada em Evidência.............................. 32
2.3 Revisão Sistemática como método para a Prática Baseada em
Evidência...........................................................................................................
33
2.4 Revisão Integrativa..................................................................................... 34
3- OBJETIVO.................................................................................................... 38
4- MÉTODO.................................................................................................... 40
4.1 Tipo de Estudo............................................................................................ 40
4.2 Questão Norteadora da pesquisa............................................................. 40
4.3 Local do Estudo.......................................................................................... 40
4.4 Procedimentos para a obtenção dos dados............................................ 40
4.4.1Fontes de busca dos Estudos.................................................................... 41
4.4.2 Amostra..................................................................................................... 42
4.4.2.1 Critérios para inclusão dos Estudos....................................................... 42
4.4.2.2 Critérios para exclusão dos Estudos...................................................... 43
4.4.3 Estratégia de Busca nas bases de dados................................................. 45
4.5 Seleção dos dados obtidos....................................................................... 47
4.6 Instrumentos de Coleta............................................................................ 48
4.7 Tratamento e análise dos dados............................................................. 48
5- RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 51
5.1 Caracterização do processo de seleção dos estudos........................... 51
5.2 Processo de análise das publicações selecionadas............................. 55
6- CONCLUSÃO............................................................................................... 69
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 71
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 73
APÊNDICES....................................................................................................... 79
ANEXOS............................................................................................................. 86
1. INTRODUÇÃO
20
No Brasil, como no mundo, a expansão do número de cursos de graduação
de enfermagem ocorreu a partir de determinantes sociais, políticos e econômicos,
acompanhando as políticas educacionais e de saúde ¹.
Desde a década de 80, a enfermagem brasileira vem discutindo sobre o
processo de formação dos seus profissionais. A Associação Brasileira de
Enfermagem (ABEn), engajada nesse processo de luta, desencadeou um amplo
debate mobilizando docentes, discentes e profissionais dos serviços, objetivando a
construção coletiva de um projeto educacional para a enfermagem brasileira ².
Neste processo de reformulação do ensino e do preparo de profissionais
estão as Universidades e Faculdades, que são responsáveis pela orientação e
formação de inúmeros profissionais, inclusive da área da saúde ³.
A Resolução nº 3 de 2001, da Câmara de Educação Superior (CES) do
Conselho Nacional de Educação (CNE), que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, relata no artigo nº 3 que o curso
tem como perfil do formando egresso o enfermeiro, ―com formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, capaz de conhecer e intervir sobre os
problemas/situações de saúde/doença mais prevalentes no perfil epidemiológico
nacional, com ênfase na sua região de atuação; além de estar capacitado para atuar
na Educação Básica e na Educação Profissional em Enfermagem‖. É qualificado
para o exercício de Enfermagem, com condições de atuar em todos os níveis de
atenção à saúde, com capacitação para promover a saúde integral do ser humano.
A formação deste enfermeiro tem como objetivo obter conhecimentos, competências
e habilidades gerais nas áreas de atenção à saúde, tomada de decisão,
comunicação, liderança, administração, gerenciamento e educação permanente4.
Dentre os fatores que influenciam a escolha da profissão enfermagem está o
interesse pelas ciências biológicas, preocupação com a saúde da população,
desenvolvimento da personalidade com o objetivo de compreender melhor a pessoa,
incentivo da família, interesse financeiro, experiência de trabalho hospitalar ou
comunitário, experiências com hospitalização, ingresso mais fácil na área das
ciências biológicas, status profissional e enfermeiras na família5.
Para que o enfermeiro se forme com qualidade, além dos conteúdos teóricos e
práticos desenvolvidos ao longo de sua formação é obrigatório, conforme a
Resolução nº 3 de 2001 do CNE/CES, o estágio supervisionado em hospitais gerais
e especializados, ambulatórios, rede básica de serviços de saúde e comunidades
21
nos dois últimos semestres do Curso. A Resolução define ainda como carga horária
mínima do estágio curricular supervisionado o total de 20% (vinte por cento) da
carga horária total do Curso de Graduação 4.
A carga horária total recomendada para o curso de graduação de enfermagem
é no mínimo 4.000 (quatro mil) horas 6. No passado, a carga horária deste curso era
de acordo com a Habilitação: 2.500 horas para o curso com Habilitação Geral de
enfermeiro e 3.000 horas para o curso com Habilitação em Enfermagem Obstétrica
ou Obstetrícia e Habilitação em Saúde Pública. A Portaria nº1 de 15/12/94 do
Ministério da Educação - MEC (alterada pela Portaria nº1 de 09/01/96 do MEC),
tendo como base o Parecer nº 314/94 do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN), extinguiu as Habilitações do curso, recebendo a denominação de ―Curso
de Graduação de Enfermagem‖ com carga horária mínima de 3.500 horas a serem
integralizadas em, no mínimo 4 (quatro) anos 6.
Atualmente, com a mudança da denominação e da carga horária mínima,
mudam-se também os currículos, que deverão ser adequados pelas instituições de
ensino, conforme suas especificidades, tendo como limite 5 (cinco) anos para a
integralização do curso6.
No último ano de sua formação, seja em 4 (quatro) ou 5 (cinco) anos, o
graduando, além do estágio supervisionado, necessita realizar um Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC), sob a orientação de um docente da instituição,
exigência esta, obrigatória para a finalização das atividades acadêmicas na
instituição de ensino. Além disso, tornam-se necessárias algumas atividades
consideradas como complementares, sendo estas definidas em cada instituição de
ensino. A Resolução nº 3 define ―que as Instituições de Ensino Superior deverão
criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos, através de estudos e
práticas independentes, presenciais ou à distância‖. Cabem aqui as monitorias,
programas de extensão e iniciação científica, além de cursos realizados em áreas
afins4.
No artigo nº 5 desta Resolução nº 3 estão descritos os objetivos dos
conhecimentos que deverão ser obtidos pelo profissional. Entre eles está o de cuidar
da própria saúde física e mental e buscar seu bem-estar como cidadão e como
enfermeiro4.
22
Os profissionais de enfermagem são responsáveis por oferecer o cuidado
necessário às pessoas que necessitam dela. Mas, o mesmo profissional de saúde
muitas vezes negligencia o cuidado à sua própria saúde.
Esta situação de negligência ocorre não só entre profissionais de saúde, no
cotidiano das instituições3, mas também nos acadêmicos durante o processo de
aprendizagem, principalmente entre aqueles que, além de estudar, também
trabalham.
1.1- O estudante trabalhador de graduação em enfermagem
Observa-se um número de pessoas, homens e mulheres, jovens e adultos que
acumulam no seu cotidiano as responsabilidades e exigências das funções de
estudante e trabalhador. Talvez isso se dê em resposta à exigência do mercado de
trabalho por profissionais mais qualificados, onde as mudanças políticas e
econômicas podem gerar demissões individuais ou maciças da noite para o dia,
permanecendo no trabalho os que apresentam maiores qualificações7.
A busca constante de atualização e qualificação profissional leva cada dia
mais, o profissional já inserido no mercado de trabalho às faculdades e
universidades8; mesmo sabendo que o título não garante um emprego, pelo menos
torna apto o indivíduo a disputar, com alguma chance, um lugar no mercado de
trabalho, ou a ascender profissionalmente, através dos planos de carreira das
empresas7.
A educação e a formação profissional possibilitam a competitividade,
intensificam a concorrência, adaptam trabalhadores às mudanças técnicas e
minimizam o efeito do desemprego8.
Dessa forma, permite-se conhecer o estudante-trabalhador: uma nova
categoria de aluno atualmente crescente em consonância com o aumento da
demanda por vagas no ensino superior7.
Considera-se estudante-trabalhador ―aquele que presta uma atividade sob
autoridade e direção de outra pessoa e que freqüenta qualquer nível de educação
escolar, incluindo cursos de pós-graduação, em instituição de ensino‖ 9.
Nos últimos anos, o binômio estudante-trabalhador de enfermagem vem
aumentando nos cursos superiores de Enfermagem10. No Brasil, a demanda por
educação superior se torna crescente onde as instituições privadas são
23
predominantes na oferta de novos cursos e vagas e as instituições públicas em grau
muito reduzido. As instituições públicas disponibilizam vestibulares mais concorridos
e considerados mais difíceis, tornando-se uma barreira para o ingresso de muitos
alunos11.
A realidade econômica desses alunos não permite estudar, principalmente em
faculdades particulares, sem precisar de uma atividade remunerada, necessitando
trabalhar e estudar para se manter no ensino superior. ―Com relação ao número de
alunos com ocupação remunerada quase a metade deles trabalha até o ingresso na
faculdade, sendo essa proporção bem maior nas escolas particulares‖ 12.
―A vida do estudante-trabalhador está permeada por uma multiplicidade de relações, muitas vezes imperceptíveis. Grande parte dos alunos consegue se escolarizar devido à existência de escolas que disponibilizam aulas no período noturno, nos quais são freqüentadas, em sua maioria, por trabalhadores que ocupam suas horas diárias nas mais diversas atividades ‖ 13.
O curso diurno também é solicitado, pela simples preferência ou por
profissionais que trabalham no período noturno. A procura de curso superior ―parece
continuar em franca ascensão, justamente por seduzir o estudante-trabalhador que,
altamente motivado, superará grandes desafios para tornar-se enfermeiro‖ 10.
―Para que o trabalhador possa estudar, necessita de um tipo de escola que
permita a conciliação do trabalho com o estudo, oferecendo além de horário
compatível, boa localização em relação ao emprego e à moradia, maior oferta de
vagas e qualidade de ensino‖7.
A etapa de formação universitária exige também uma série de atividades dos
estudantes, nas quais devem ser garantidas condições mínimas para a diminuição
das dificuldades encontradas freqüentemente, com o intuito de viabilizar a formação
humana e profissional pretendida14.
A distância da residência ao local de trabalho e de estudo, neste enfoque, pode
se tornar um fator complicador. Isso pode acontecer, por exemplo, em municípios
pequenos, localizados no interior do Estado, onde os alunos necessitam percorrer
longas distâncias para estudar e/ou trabalhar, sendo que alguns precisam residir em
um município e trabalhar ou estudar em outro, perfazendo diariamente dois ou até
três municípios, quando o trabalho, residência e estudo são em municípios
diferentes.
24
Contudo, os alunos residentes nas grandes cidades do país como, por
exemplo, São Paulo, também enfrentam dificuldades para a sua locomoção. Nessa
cidade, durante a hora do ―rush” e por vezes agravada por chuvas, acidentes,
manifestações e greves, os congestionamentos ocorrem com freqüência, tornando
uma tarefa árdua a locomoção entre o local de trabalho e a instituição de ensino,
podendo causar atrasos e faltas, com significativo impacto nas atividades
educacionais. ―Em outras cidades do país, este contexto urbano se repete de
maneira proporcional à população, às características sociais e à intensidade e
diversidade das atividades econômicas‖ 15. Este fator influencia na adição das horas
gastas no transporte diário, principalmente quando os alunos se encontram no
período escolar de estágio supervisionado.
―O estágio é um dos mais eficientes instrumentos na preparação dos estudantes para o ingresso no mercado de trabalho, tendo melhores condições de competitividade e uma visão mais
concreta do que os aguarda no exercício da profissão escolhida‖ 16.
Este, juntamente com as aulas práticas, principalmente no curso noturno,
necessita, por vezes, de horas adicionais durante o dia para estas atividades,
tornando ainda mais problemática a administração do tempo na conciliação
estudo/trabalho.
O perfil de estudantes trabalhadores se diferencia dos que não trabalham. Os
primeiros, que apresentam faixas etárias maiores, principalmente no curso noturno,
tendem a dormir durante ou nos intervalos das aulas, chegam atrasados ou se
retiram antes do término das mesmas e com freqüência não fazem os trabalhos
propostos pelos professores ou, se conseguem, o fazem de maneira incompleta e
apresentam dificuldades em disponibilizar tempo para os estágios, tornando
necessário, em muitos casos, a coordenação de estágio adequar seu horário mesmo
que não faça parte da rotina da faculdade15.
Estes alunos costumam ajudar financeiramente nas despesas da casa ou até
ser arrimo de família, necessitando manter seu trabalho, apesar de todo o desgaste
físico e mental gerado por esta situação, onde a conciliação dos afazeres não é uma
tarefa fácil16.
Outro fator influenciador é que a enfermagem é dita como uma profissão
essencialmente feminina, levando em consideração que o número de homens que
buscam esta opção profissional é reduzido17. Com este fato, as alunas que conciliam
25
estudo e trabalho (conceituado como dupla jornada de trabalho), necessitam, em
muitos casos, conciliarem afazeres e responsabilidades domésticas, haja vista que o
número de mulheres que estudam, trabalham e que apresentam condição financeira
para contratar uma empregada doméstica mensalista é pequeno.
Com esta sobrecarga de afazeres pessoal, profissional e estudantil, o
estudante passa por períodos de privação de sono e de lazer, podendo apresentar
sinais de fadiga. A vida social, principalmente as atividades de lazer que necessitam
de algum desprendimento financeiro, parece ser a primeira a ser colocada de lado,
tendendo ocupar esse tempo com outros afazeres ou com o descanso. ―A
diminuição da vida social parece estar inversamente proporcional ao acúmulo de
tarefas a serem realizadas naquele espaço de tempo, à diminuição de renda para
este fim e ao acúmulo de sintomas de desgaste físico e mental‖18.
Além disso, dependendo do tipo de ocupação, o trabalho poderá influenciar na
saúde e no adoecimento do profissional, dependendo de vários fatores como, por
exemplo, as condições físicas e ergonômicas, as condições organizacionais e
administrativas ou técnicas existentes nos locais de trabalho, que propiciam a
ocorrência de acidentes do trabalho e/ou adoecimento19, dificultando, com isso,
ainda mais o aprendizado.
Como tentativa para evitar ou diminuir a possibilidade de tal adoecimento, o
presente estudo descreve sobre a cronobiologia que estuda o melhor horário para
se estudar e/ou trabalhar através do conhecimento do relógio biológico e do
cronotipo.
1.2- A cronobiologia
Um fator importante para a qualidade do trabalho é a cronobiologia. Ela
designa o estudo da organização temporal dos seres vivos, dos mecanismos que os
controlam e das alterações que podem modificá-las20.
A cronobiologia é uma disciplina científica recente, tendo o seu surgimento
histórico datado no ano de 1960, com a realização do Cold Spring Harbor
Symposium of Quantitative Biology – Biological Clocks, quando os principais
conceitos e métodos da Cronobiologia foram definidos. Porém, o maior crescimento
26
e impacto da Cronobiologia na comunidade científica estão ocorrendo nestes últimos
anos21.
Sua contribuição é fundamental para elucidar questões relativas à tolerância ao
trabalho, ou seja, ao processo em que indivíduos se ajustam a uma nova situação
imposta pelo sistema de trabalho. Nestas situações, a contribuição da cronobiologia
pode ser dividida em dois momentos: o primeiro é o de propor intervenções
imediatas na organização do trabalho e o segundo é o de continuar fornecendo
subsídios para a compreensão das perturbações biológicas sofridas pelos
trabalhadores. Alguns fatores intrínsecos aos indivíduos contribuem para a
adaptação ao trabalho ou ao estudo como o caráter de matutinidade-vespertinidade,
amplitude dos ritmos biológicos e a idade. O caráter de matutinidade-vespertinidade
parece intervir no ajuste dos indivíduos a seus horários de trabalho e/ ou estudo,
podendo ser considerada como um fator de predição à tolerância as atividades em
turnos. O conhecimento dos ritmos biológicos permite predizer resultados de
desempenho no trabalho, quando este é executado em diferentes períodos do dia e
da noite e o envelhecimento está associado às dificuldades na adaptação de
indivíduos ao trabalho, principalmente em turnos22.
Conhecer melhor a cronobiologia e sua influência na vida, principalmente nos
estudos e no trabalho, se torna imprescindível para melhor entendimento sobre a
qualidade do sono e para o aproveitamento mais significativo do estudo e do
trabalho. Assim, se o aluno que estuda e trabalha conhecer qual é o seu caráter de
matutinidade poderá adequar melhor o seu horário de trabalho e de estudo.
O período do dia em que se trabalha — chamado de turno de trabalho — pode
alterar a qualidade do sono. O trabalho noturno faz com que se tenha de dormir
durante o dia quando o relógio biológico está regulado para o estado de vigília. Isso
pode levar a intensa sonolência durante as horas de trabalho23. Com isso, a fadiga
que é resultante de esforço físico e/ou mental associado às condições individuais, de
trabalho e a fatores psicológicos, pode atingir indivíduos de todas as faixas etárias,
no desenvolvimento de qualquer tipo de atividade realizada por um período de
tempo, causando mal estar e provocando alterações no estado psicossomático24.
O sono, neste enfoque, com sua qualidade e quantidade de horas durante a
noite, traz um restabelecimento parcial ou total do organismo, para que a pessoa
possa suportar a sobrecarga do dia seguinte. Se uma pessoa fica privada parcial ou
totalmente do sono, alterações fisiológicas são percebidas, não procedendo à
27
restauração do organismo. Os estudantes, normalmente, apresentam um padrão de
sono irregular. ―O sono prolongado nos finais de semana é devido à redução do
sono (privação) durante os dias de aulas ou de trabalho‖23.
A perda de horas de sono pode comprometer a habilidade para realizar
atividades que envolvam memória, aprendizagem, raciocínio lógico e cálculo
matemático. Além disso, pode prejudicar o relacionamento com familiares, amigos e
colegas de trabalho e ficar mais susceptível a acidentes de trabalho25.
Um estudo sobre a qualidade de vida dos estudantes universitários voltada
para a saúde mental aponta semelhança aos pacientes com sintomatologia
depressiva, onde foram identificados sinais e sintomas como tensão, estresse
psíquico e falta de confiança na capacidade de desempenho. Os estudantes de
enfermagem apresentaram sintomatologias com índices superiores, comparados
com outros cursos18.
A clientela atendida em um Serviço de Saúde Mental Universitário que busca
ajuda psicológica e apresenta ansiedade generalizada tem nos estudantes do
segundo e terceiro anos do curso de enfermagem o predomínio da procura desta
ajuda e a entrega de atestados médicos encaminhados à Divisão de Assuntos
Acadêmicos18.
Apesar dos reais ou possíveis problemas que o acadêmico poderá ter durante
sua jornada acadêmica, como falta de tempo para estudar e problemas financeiros,
notada em depoimentos dos próprios alunos trabalhadores, o almejo por melhores
oportunidades de emprego e, conseqüentemente, melhores salários, o faz resistir e
agüentar estas dificuldades impostas pela situação.
A responsabilidade assumida, por vezes, mesmo sem estar preparado para tal,
e a entrada nesse mundo do trabalho caracterizado pela instabilidade, precariedade
e incertezas, é encarado pelo estudante trabalhador como parte fundamental de
suas obrigações familiares 19.
Mas existem também os seus anseios e sonhos por uma ascensão profissional
e financeira vista como uma obrigação pessoal rumo ao sucesso.
Mesmo motivado a estudar, trabalhar e estudar continuam não sendo uma
tarefa fácil. O estudante que trabalha costuma não conseguir cumprir com todas as
exigências estudantis, acarretando diminuição nas notas e aprendizado.
28
Então, como avaliar este aluno que pode apresentar interesse em cumprir as
obrigações estudantis, mas a falta de tempo, em função das exigências do trabalho
e o cansaço, não lhe permitem realizar tais tarefas de forma satisfatória, fazendo-as
incompletamente ou até deixando de realizá-las, interferindo no seu rendimento
escolar?
1.3- Rendimento escolar
O rendimento escolar é uma preocupação constante de pais, alunos e
professores. Embora o baixo rendimento ou desempenho não seja definitivo para
caracterizar as dificuldades de aprendizagem, representa o ponto de partida para a
detecção de problemas relacionados ao aprendizado como, por exemplo, a leitura,
concentração, escrita, etc26.
A avaliação do rendimento é uma exigência institucional em algum momento da
escolaridade27, sendo um mecanismo de avaliação do processo ensino-
aprendizagem com o intuito de averiguar se o aluno está assimilando e entendendo
o conteúdo proposto.
Freqüentemente, o termo avaliação é associado a outros termos como exame,
nota, sucesso e fracasso, aprovação e repetência26.
Mas, sabe-se que a aprendizagem significativa não se designa simplesmente
em boas notas e aprovação. Pode um estudante receber estas boas notas e ser
aprovado e não ter sua aprendizagem satisfatória? Pode um estudante receber
notas razoáveis, mostrando interesse muito maior em aulas práticas e ser
considerado pelo professor como não apto para ser aprovado? O que faz um aluno
ser aprovado ou reprovado, ter o seu conhecimento designado como satisfatório ou
não?
A mensuração do conhecimento é outro ponto preocupante na avaliação do
rendimento do aluno. Medir significa determinar quantidade, tendo como base um
sistema de unidades convencionais. Dentre os diversos instrumentos de
mensuração existentes, têm-se os testes (oral e escrito), a auto-avaliação, estudo de
caso, entre outros. Avaliar é julgar ou fazer a apreciação de alguém tendo como
base uma escala de valores. Consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos
e na interpretação desses resultados. Assim, o termo avaliar é mais amplo do que
medir, pois inclui a utilização de instrumentos de medição mais a análise qualitativa
29
dos dados. A avaliação é um processo contínuo e sistemático, que faz parte do
processo ensino-aprendizagem26.
Para ser medida com eficiência é necessário avaliar o comportamento do
aluno. Assim, a nota (quantitativa) mais o comportamento (qualitativa) dão um
melhor respaldo para a aferição desde conhecimento, chegando ao termo apto ou
não, aprovado ou não.
A enfermagem como uma profissão da saúde tem nos seus docentes uma
sobrecarga de responsabilidades na avaliação dos conhecimentos. Aprovar um
aluno sem condições para tal pode implicar em problemas futuros no serviço e/ou na
assistência ao cliente? Por trabalhar com vidas humanas e saúde/doença dos
clientes, a enfermagem ―carrega nos seus ombros‖ o peso de não poder ―errar‖ e
isso é avaliado inicialmente no graduando, onde o docente já designa um termo
rotulando-o como apto e não apto para a profissão ou para passar de uma série à
outra.
A condição de ser um estudante trabalhador passa por inúmeras dificuldades
tanto social, financeira, psíquica e física, juntamente com a preocupação dos
docentes e/ou instituições de ensino.
O intuito do presente estudo é fornecer subsídios para melhor compreensão
do aluno de enfermagem que acumula estudo e trabalho, e a influência de ambos no
seu rendimento escolar. Para tanto, optou-se pela realização de um estudo tendo
como referencial metodológico a prática baseada em evidências, por meio de
revisão integrativa.
30
2. REFERENCIAL METODOLÓGICO
31
2.1- Prática Baseada em Evidência
A prática baseada em evidência (PBE) ganhou ênfase a partir de 1990, no
Canadá, Reino Unido e Estados Unidos da América27. Nela, há uma exigência de
maior quantidade de conhecimento, tanto básico como clínico.
―As decisões clínicas alertam sobre possíveis benefícios e danos decorrentes
da tomada de decisão. As pesquisas básicas funcionam como pré-requisito à
compreensão das questões clínicas, mas não as substituem na tomada de
decisão‖28. A epidemiologia clínica é uma entre várias ciências da pesquisa básica
para a medicina clínica, pois recai diretamente sobre o cuidado do paciente, sendo
que todas as ciências se complementam entre si 29.
Em 1972, o médico epidemiologista britânico Archie Cochrane chamou a
atenção sobre a importância da tomada de decisão através de revisões atualizadas
e confiáveis descrevendo, em 1979, a falta de resumos críticos e organizados por
especialidades, de ensaios clínicos controlados randomizados relevantes. A
Colaboração Cochrane, fundada no Reino Unido em 1992, se desenvolveu em
resposta ao pedido de Archie Cochrane por revisões sistemáticas atualizadas sobre
intervenções em saúde. Trata-se de uma organização internacional que mantém os
objetivos de auxiliar pessoas a tomar decisões clínicas bem informadas sobre
intervenções em cuidados da saúde garantindo o acesso às revisões sistemáticas
destas intervenções30.
A partir daí, observa-se um desenvolvimento crescente de práticas baseadas
em evidências (PBE), que buscam responder ao aumento crescente da necessidade
de opções diagnósticas e terapêuticas, diante de ―bombardeios‖ intensos de
informações. Nesse caminho, diante da pouca disponibilidade de tempo para
pesquisas e a necessidade de resultados fidedignos e com qualidade científica,
nasceu a Medicina Baseada em Evidência.
Nos últimos anos, a PBE vem se expandindo para outras áreas de
conhecimento da saúde, como a enfermagem.
32
2.2 - A Medicina e a Enfermagem Baseada em Evidência
A Medicina Baseada em Evidência (MBE), é definida como o ―uso consciente,
explícito e crítico da melhor evidência para tomar decisão sobre o cuidado individual
do paciente‖31, utilizando artigos científicos recentes e que tenha um bom desenho
de pesquisa na geração dessa evidência.
No Brasil, a MBE ganhou ênfase principalmente em São Paulo, Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul32.
O movimento preconiza que o profissional médico, ao invés de se basear
somente na análise dos sinais e sintomas do paciente ou ir à procura de
especialistas na área para outras análises, na tentativa de se chegar a um
diagnóstico, deve também associar uma visão sistemática e crítica através de busca
ativa de informação para tomada de decisão. Assim, como requerimento básico
deve-se primeiramente ―definir qual é o problema do paciente que precisa ser
resolvido e que tipo de informação é necessário se obter para dar conta desse
problema‖. Para a recuperação de tais informações, a escolha das bases de dados,
a seleção dos estudos mais relevantes e de melhor qualidade, por meio do processo
crítico de avaliação, se torna muito importante33.
A Enfermagem Baseada em Evidências (EBE) é outra vertente da PBE, assim
como a Medicina Baseada em Evidências. Nesta área, a prática clínica ainda se
encontra em processo de construção, sobretudo no Brasil 34. É um movimento que
vem crescendo nos últimos anos, com a criação de revistas especializadas como o
Evidence-Based Nursing35; no entanto existem ainda limitações nas informações de
boa qualidade que suporte as práticas do dia-a-dia do enfermeiro, além da
resistência em sua implementação36.
A explosão de diretrizes na PBE tem levado a uma grande variedade de modos
de descrever a qualidade da evidência atrás das recomendações oferecidas. O
termo níveis de evidência é nomeado a estudos baseados na qualidade
metodológica, validez e aplicabilidade para o cuidado de paciente37.
A busca de dados analíticos nas pesquisas sistemáticas (clínicas e
epidemiológicas) fortalece as bases de suas condutas, reduzindo as incertezas. ―A
capacidade de refletir a realidade clínica baseia-se na habilidade da pesquisa que
produz a evidência em poder captar os elementos básicos da questão clínica e na
validade do teste de hipótese, evitando os potenciais vieses (e minimizando os erros
33
aleatórios) em seus resultados‖38. Viés é um processo em qualquer estágio da
inferência (coleta, análise, interpretação, publicação ou revisão dos dados) com
tendência a produzir resultados que se afastam sistematicamente dos valores
verdadeiros29, ou seja, os considerados ―erros‖.
As evidências devem ser buscadas para sustentar as decisões clínicas de
diagnóstico, intervenções e resultados33. Mas, embora o ideal seja alcançar sempre
um grau forte de evidência, a base para as condutas médicas nem sempre atinge
esse grau, e muitas decisões acabam sendo tomadas com graus menos
convincentes de evidência39.
2.3- Revisão Sistemática como primeiro método adotado para a Prática
Baseada em Evidências
As revisões sistemáticas (RS) são de maior força de evidência científica
comparada com os estudos primários que lhes deram origem40. Designada também
como systematic overview, a RS é um dentre os diversos tipos de delineamento de
pesquisa, sendo importante fonte de evidência para essa tomada de decisão.
Caracteriza-se ―pelo emprego de métodos rigorosos e explícitos de identificação,
avaliação e síntese de artigos científicos originais, recuperados em todas as
principais fontes de informação científica pertinentes à questão clínica revisada. A
possibilidade da evidência resultante da revisão sistemática ser verificada, conferida
e reproduzida é que coloca a revisão sistemática como a evidência mais
convincente‖ 41.
A RS enfoca primordialmente estudos experimentais, randomizados
controlados e pode ser classificada em quantitativa (quando lança mão de método
estatístico para sumarizar os resultados) ou qualitativa (quando os resultados são
apresentados de forma conjunta sem sumarizá-los).
A RS tem como princípios gerais a exaustão na busca dos estudos analisados,
a seleção justificada dos estudos por critérios de inclusão e exclusão explícitos e a
avaliação da qualidade metodológica, bem como a quantificação do efeito dos
tratamentos por meio de técnicas estatísticas, conhecida como metanálise 42. Esta,
sem uma revisão sistemática não faz sentido. As informações devem advir de uma
revisão sistemática que deve incluir ou não a metanálise (MA) 43.
34
Nas últimas décadas, a expansão do universo da informação científica na área
da saúde, assim como um acesso mais fácil e rápido à informação, vem favorecendo
a utilização de RS e MA. O amplo desenvolvimento de bases de dados eletrônicas
tem sido determinante neste processo44.
Vários tipos de conhecimento, porém, por apresentarem diferentes enfoques e
modos de investigação, não necessariamente correspondem aos critérios de
melhores evidências desenvolvidos inicialmente para a RS, cujo nível mais alto
corresponde a ensaios clínicos controlados randomizados. Assim, outros métodos
de realização de PBE foram sendo desenvolvidos. Um deles, que vem sendo
bastante praticado pela enfermagem, é a Revisão Integrativa (RI).
2.4- Revisão Integrativa
A revisão integrativa (RI) aborda o tema relacionado com conclusões gerais
dos estudos de pesquisas feitas anteriormente45. Também é um dos métodos de
pesquisa utilizados na Prática Baseada em Evidências. Este método é mais amplo,
propicia a síntese de conhecimento produzido sobre determinado tema, permite a
visualização de lacunas de evidências na prática46 e a inclusão da literatura teórica e
empírica de diferentes abordagens metodológicas (quantitativa e qualitativa) 47.
Os dados coletados desses estudos são analisados de maneira sistemática47.
As etapas são semelhantes com as da Revisão Sistemática, ou seja, a escolha do
tema, estabelecimento dos objetivos, estabelecimento dos critérios de inclusão e
exclusão dos artigos, definição das informações a serem observadas nos artigos
selecionados, busca dos artigos, análise dos resultados e conclusões e discussão
dos mesmos48.
Mendes, Silveira e Galvão48 analisaram vários estudiosos da área e
propuseram, com referência nesses estudiosos, uma forma sucinta das etapas da RI
(Figura 1).
35
Figura 1- Componentes da revisão integrativa da literatura48
.
Nesta figura, as etapas da revisão integrativa ocorrem na seguinte maneira48:
Primeira etapa: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de
pesquisa para a elaboração da RI.
Segunda etapa: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de
estudos/amostragem ou busca na literatura.
Terceira etapa: definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados/categorização dos estudos.
Quarta etapa: avaliação dos estudos incluídos na RI.
Quinta etapa: interpretação dos resultados
Sexta etapa: apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
Revisão Integrativa
da Literatura
1º passo
2º passo
3º passo
4º passo
5º passo
6º passo
Estabelecimento de hipótese
ou questão de pesquisa
Escolha e definição do Tema
Objetivos
Identificar palavras-chaves
Tema relacionado com a prática clínica
Amostragem ou busca na literatura
Estabelecimento dos critérios de inclusão
e exclusão
Uso de base de dados
Seleção dos estudos
Categorização dos estudos
Extração das informações
Organizar e Sumarizar as informações
Formação do banco de dados
Avaliação dos estudos
incluídos na revisão
Aplicação de análises estatísticas
Inclusão / Exclusão dos estudos
Análise crítica dos estudos selecionados Interpretação dos
resultados
Síntese do conhecimento ou
apresentação da revisão
Discussão dos resultados
Propostas de recomendações
Sugestões para futuras pesquisas
Resumo das evidências disponíveis
Criação de um documento que descreva
detalhadamente a revisão
36
Para as autoras48 é imprescindível vincular o conhecimento oriundo de
pesquisas e da prática clínica, onde a RI oferece aos profissionais de diversas áreas
de atuação na saúde o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que
fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, proporcionando um saber
crítico.
Diante da necessidade de assegurar uma prática assistencial embasada em
evidências científicas, a RI tem sido apontada como uma ferramenta ímpar no
campo da saúde, pois a condução deste tipo de pesquisa mesmo sendo
considerada complexa e desafiadora, resulta na diminuição de vieses e erros, sendo
um instrumento válido da Prática Baseada em Evidências, sobretudo no atual
cenário da Enfermagem brasileira 49.
37
3. OBJETIVO
38
3- OBJETIVO
Buscar evidências científicas sobre a influência do trabalho no rendimento
escolar dos estudantes trabalhadores de enfermagem, por meio de revisão
integrativa da literatura científica.
39
4. MÉTODO
40
4- MÉTODO
4.1- Tipo de estudo
Trata-se de um estudo pautado na busca de evidências por meio da revisão
integrativa da literatura científica.
4.2- Questão norteadora da pesquisa
A questão norteadora do presente estudo é: Qual o conhecimento disponível
sobre prejuízos no rendimento escolar do aluno de enfermagem que acumula
estudo e trabalho?
4.3- Local do Estudo
O estudo foi realizado na Universidade Guarulhos (UnG), localizada na cidade
de Guarulhos, São Paulo (SP).
4.4- Procedimentos para a obtenção dos dados
As publicações foram obtidas a partir de busca nas bases eletrônicas
previamente selecionados, no período de junho a agosto de 2009.
A estratégia de busca se deu a partir das especificidades de cada base de
dados, sendo que a busca em cada base foi refeita com o intuito de averiguar
possíveis vieses. Todos os resultados se mostraram fidedignos à primeira busca
realizada.
As estratégias para a recuperação dos artigos de cada banco de dados com
os respectivos números de artigos recuperados encontram-se nos ANEXOS A, B, C,
D, E, F, G, H, I.
Na presente pesquisa, os dados correspondem aos estudos primários e
secundários realizados sobre a influência do trabalho no rendimento escolar dos
estudantes trabalhadores de enfermagem. Os procedimentos utilizados para sua
obtenção são listados nos itens a seguir:
41
4.4.1 – Fontes de busca dos estudos
As fontes principais de busca constituíram as bases eletrônicas consideradas
pelos centros internacionais de prática baseada em evidências:
a) PubMed/ MEDLINE: é um serviço da National Library of Medicine (NLM) dos
Estados Unidos. Os periódicos disponíveis no PubMed podem ser acessados
na base OVID. Contém referências desde 1966 até o momento. O acesso ao
resumo dos artigos no PubMed é gratuito.
b) LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde:
contém referências bibliográficas na área da Saúde publicadas nos países da
América Latina e do Caribe, a partir de 1982. É um produto cooperativo da
Rede Biblioteca Virtual em saúde. Em 2009 atinge 500.000 mil registros
bibliográficos. Acesso gratuito aos resumos dos artigos com periodicidade
quadrimestral.
c) COCHRANE - A Cochrane Collaboration se organiza através de diversos
grupos tanto de revisão de caráter multidiciplinar internacional como dos
Centros Cochrane. O Centro Cochrane Iberoamericano é um dos Centros
registrado pela Colaboração Cochrane Internacional com sede em Barcelona.
O Centro Cochrane do Brasil, atua em parceria com a Universidade Federal
de São Paulo - UNIFESP / SP. Acesso gratuito no Brasil.
d) CINAHL – Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, indexa
periódicos de enfermagem e áreas correlatas. Acesso customizado.
e) SciELO - Scientific Electronic Library Online, é o produto da cooperação entre
a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo),
BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências
da Saúde), instituições nacionais e internacionais relacionadas com a
comunicação científica e editores científicos. Apoiado pelo CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Acesso gratuito.
f) ERIC – Education Resources Information Center, registros bibliográficos de
artigos de periódicos e outros materiais relacionados com educação, desde
1966 até o presente.
42
g) PsycINFO – É um banco de dados da literatura psicológica, que faz parte da
American Psychological Association (APA PsycNET), contendo publicações
de mais de 49 países e revistas em 29 línguas, com cobertura sistemática da
literatura sobre psicologia a partir de 1800 até ao presente.
h) USP/Sibi – DEDALUS – O Sistema Integrado de Bibliotecas da USP,
constituído por um conjunto de 43 Bibliotecas, instaladas junto às Unidades
Universitárias dos diversos "campi". Acesso gratuito nas bibliotecas da USP.
i) BDENF – Base de dados especializada na área de enfermagem,
desenvolvida pela Biblioteca J. Baeta Vianna, do Campus da Saúde da
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, em convênio com a BIREME.
Indexa livros, teses, manuais, folhetos, congressos e publicações periódicas,
gerados no Brasil ou, escritos por autores brasileiros e publicados em outros
paises, a partir de 1988.
A base de dados ERIC solicita a colocação de limites antes da busca, sendo
colocados os seguintes:
Tipo de publicação (s): Journal Articles, Dissertations/Theses
(Dissertações/Teses), Dissertations/Theses - Doctoral Dissertations (Dissertações/
Teses – Teses de Doutoramento) , Dissertations/Theses - Masters Theses
(Dissertações/Teses – Teses de mestrado), Dissertations/Theses - Practicum Papers
(Dissertações/Teses – Monografias Practicum), ERIC Publications (ERIC
Publicações), Reports – Descriptive (Relatórios – Descritivo), Reports – Evaluative
(Relatórios – Matricial), Reports – General (Relatórios – Geral), Reports – Research
(Relatórios – pesquisa), Speeches/Meeting Papers (Discursos/ Meeting Papers);
Nível de Educação: Adult Education (Educação de Adultos), Higher Education
(Ensino Superior) e Postsecondary Education (Educação de nível Superior).
4.4.2 – Amostra
4.4.2.1- Critérios para inclusão dos estudos
43
Na busca da resposta à questão norteadora da presente investigação foram
considerados para a revisão integrativa os seguintes critérios para nortear a inclusão
dos artigos:
Estudos primários e secundários de revisão de literatura publicados na
íntegra;
Estudos que investigam sobre o estudante trabalhador do curso de
graduação em enfermagem;
Estudos que investigam o estudante-trabalhador com o seu rendimento
escolar;
Estudos publicados em periódicos internacionais e nacionais
indexados nas bases de dados estabelecidas até 2008;
Estudos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol.
4.4.2.2- Critérios para exclusão dos estudos
Para a exclusão, os critérios estabelecidos foram:
Publicações na forma de resumo;
Editoriais e cartas publicados;
Estudos que relacionam estudante-trabalhador de curso técnico;
Estudos de estudante-trabalhador relacionado à:
acidente de trabalho,
morbidades ou
inadimplência.
4.4.3 – Estratégias de busca nas bases de dados
No presente estudo, após a pergunta definida, buscou-se os descritores
controlados indexados nas bases de dados, correspondendo ao MeSH e ao DeCS.
O Quadro 1 apresenta os descritores indexados e não indexados utilizados na
busca eletrônica deste estudo, segundo a estratégia PICO. Esta estratégia é
proposta pela PBE para organização dos problemas clínicos, onde: P é o paciente
44
ou população, I é intervenção ou indicador, C é a comparação ou controle e O é o
outcomes, ou seja, o desfecho clínico 28,37.
QUADRO 1. Descritores indexados e não-indexados utilizados na estratégia de
busca com a sigla PICO. Guarulhos - SP, 2009.
MeSH / DeCS DESCRITORES DESCRIPTORS Descriptores
P – População
AND
Estudantes de
graduação em
enfermagem;
Estudantes de
Ciências da Saúde;
Ensino Superior
Students, nursing;
students, Health
occupations;
Education higher*
Estudiantes de
Enfermería;
Estudiantes del
Área de la Salud
I – Intervenção
AND
trabalho work trabajo
C – Controle
AND
_____________ ___________ ____________
O – Outcome
Aprendizagem;
Rendimento
educacional;
Rendimento
acadêmico;
Processo ensino-
aprendizagem;
Baixo rendimento;
Learning;
Educational
achievement;
Academic
achievement*;
Teaching-learning
process*;
Underarchievement*
Aprendizaje;
La educación
superior;
El proceso
enseñanza-
aprendiendo *;
*descritores não-indexados
O “c” relacionado ao controle, não apresenta descritores, pois foram aceitos
estudos sem comparação.
Os descritores indexados, considerados mais próximos da pergunta da
pesquisa para esta revisão, foram:
45
Students, nursing: MeSH e DeCS - Estudantes de graduação em
enfermagem. Indivíduos matriculados em escola de enfermagem ou programa
educacional formal para grau em enfermagem. Não há descrição do ano em
que foi introduzido.
students, Health occupations: MeSH e DeCS - Estudantes de Ciências da
Saúde. Indivíduos matriculados em escola ou programa educacional formal
nas ocupações de saúde. Introduzido no MeSH por volta de 1966-1967.
work: MeSH e DeCS – Trabalho. Produção ou atividades produtivas. Não há
descrição do ano em que foi introduzido.
Learning; MeSH e DeCS – Aprendizagem. Mudança relativamente
permanente em comportamento que é o resultado de experiência passada ou
prática. O conceito inclui a aquisição de conhecimento. Não há descrição do
ano em que foi introduzido.
Educational achievemen: MeSH – Seguimento educacional ou nível de
educação de indivíduos. Não há descrição do ano em que foi introduzido.
Para os descritores não indexados foram utilizados termos encontrados nos
próprios artigos, sendo: Academic achievement; Teaching-learning process
(processo ensino-aprendizagem); Underarchievement; Higher Education (Ensino
Superior); Study Conditions (Condições de estudo); workers (trabalhadores);
Educacion and work (educação e trabalho); working students (estudantes
trabalhadores) e Professional Development (Formação profissional).
A localização dos artigos foi realizada por meio de operadores booleanos OR,
AND e/ou NOT, conforme as combinações apresentadas no Quadro 2.
46
QUADRO 2. Estratégia de busca de artigos nas bases eletrônicas conforme a sigla
PICO nos idiomas inglês, português e espanhol. Guarulhos - SP, 2009.
Descritor Básico Sinônimo 1 Sinônimo 2
P (Students, nursing)
AND
(Estudantes de
enfermagem) AND
(Nurses, Pupil) OR;
(Nursing Student) OR;
(Nursing Students) OR
(alunos de enfermagem) OR
(Pupil Nurses) OR;
(Student, Nursing) OR
(_________ ) OR
(Estudiantes de
Enfermería) AND
I (work) AND
(Estudiantes del Área de la
Salud) OR
( ) OR
(__________ ) OR
( ) OR
(trabalho) AND
(trabajo) AND
C ( _____ ) AND
( ) OR
(___________ ) OR
O(Educational
Achievement ) AND
(Aprendizagem)AND
(rendimento
educacional) AND
(Aprendizaje) AND
(La educación
superior) AND
(Status,Educational)OR
(Avaliação de desempenho) OR
(El proceso enseñanza-
aprendiendo) OR
( ___________ ) OR
(___________ ) OR
(__________ ) OR
O Quadro 3, a seguir, apresenta os descritores indexados e não indexados
com os operadores booleanos utilizados na busca eletrônica.
47
QUADRO 3. Descritores indexados e não indexados utilizados na estratégia de
busca com a sigla PICO e operadores booleanos em inglês. Guarulhos-SP, 2009.
Descritores
P – População AND Students, nursing OR students OR Health occupations
I – Intervenção AND work
C – Controle AND -------------
O – Outcome Learning OR Educational achievement OR Academic
achievement* OR Teaching-learning process* OR
Underarchievement* OR Higher Education*
No presente estudo foram considerados todos os descritores selecionados
para a busca em todas as bases.
4.5- Seleção dos dados obtidos
A seleção dos dados obtidos foi realizada em três fases, conforme seguem.
Na primeira, todos os estudos obtidos a partir dos descritores selecionados
na estratégia de busca foram avaliados pelos títulos, com o intuito de verificar a sua
correlação ou não com a temática da presente investigação. Quando o título não foi
suficiente para a análise de inclusão ou exclusão no estudo, os mesmos foram
incluídos para a próxima fase.
A Segunda fase de análise é um pouco mais aprofundada, de acordo com a
questão norteadora e com os critérios de inclusão e exclusão previamente definidos.
Nesta fase, após a leitura dos resumos pela autora e sua orientadora foram
excluídos os que não responderam à questão básica desta revisão. Quando os
resumos não foram suficientes para a análise de inclusão ou exclusão no estudo,
obtivemos publicação na íntegra para tal definição.
Na terceira fase os estudos foram analisados detalhadamente na íntegra
pela pesquisadora, após reunião de consenso para definição da inclusão e exclusão
dos artigos onde foram definidos os estudos incluídos na revisão integrativa. Os
dados desses estudos foram preenchidos na Ficha de identificação dos estudos
selecionados (APÊNDICE A), para viabilizar a revisão integrativa dos mesmos, no
48
qual receberam um código para facilitar sua identificação (E1, E2, E3, etc., onde E =
estudo). Esta numeração deu-se a partir do aparecimento nas bases de dados.
4.6- Instrumentos de Coleta dos dados
Os estudos selecionados na 3ª fase tiveram as informações anotadas na
Ficha de identificação dos estudos selecionados (APÊNDICE A), onde constam os
itens: título, autor (es), revista/ periódico, ano, país, idioma, método de busca, tipo de
estudo, desenho do estudo, casuística, local do estudo, intervenção, controle,
desfecho, período analisado, status (selecionado ou não selecionado), código de
identificação (E1, E2, ...) e o parecer do pesquisador. Este instrumento foi proposto
por Mendonça37, Oliveira39 e Ursi,Galvão50 , adaptado para a temática da presente
investigação.
A análise dos estudos foi realizada de maneira descritiva, utilizando-se dois
modelos de quadro, proposto por Bianchini51 adaptado para a temática da presente
investigação; o primeiro para a síntese dos artigos incluídos segundo o
delineamento, profissão/ocupação do autor principal, instituição sede do estudo e
tipo de revista. (APÊNDICE B). Este foi complementado por outro quadro
(APÊNDICE C) utilizado para apresentar a síntese dos artigos incluídos na revisão
integrativa, segundo função dos autores, base de dados, periódico, ano, país de
origem e idioma de publicação. O segundo modelo destina-se a identificação dos
artigos que compõem a Revisão Integrativa (APÊNDICE D).
Os artigos que compõem esta Revisão Integrativa estão apresentados no
Quadro 4 e as referências bibliográficas dos mesmos no APÊNDICE E.
4.7- Tratamento e análise dos dados
Os dados obtidos nesta pesquisa estão apresentados em Quadros, Tabelas e
Figuras.
Na seleção dos estudos é apresentado todo o processo desde o início da
pesquisa e como se chegou ao número de estudos inclusos na Revisão Integrativa.
49
No processo das publicações selecionadas, é relatado como ocorreu a análise dos
estudos selecionados.
A análise da qualidade de cada estudo ocorreu por meio da relação entre
enfoque da pesquisa x delineamento metodológico.
50
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
51
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados estão apresentados na seguinte forma: caracterização do
processo de seleção dos estudos e processo de análise das publicações
selecionadas.
5.1- Caracterização do processo de seleção dos estudos
Foram recuperados no total 2633 artigos, sendo aplicado limite de data (até
2008) e de línguas (inglês, português e espanhol), nas bases de dados pré-
estabelecidas.
Ao longo da busca eletrônica foram identificados 922 artigos duplicados
sendo, portanto, excluídos, permanecendo assim, 1711 para serem analisados.
Para maior visualização o esquema apresentado na Figura 2, mostra o
número dos artigos repetidos em cada base de dados e o número de artigos totais a
serem analisados após as exclusões das duplicações.
52
Base de
Dados
CINAHL
1059
PubMed/
MEDLINE
727
ERIC
508
COCHRANE
68
LILACS
131
BDENF
51
PsycNET
40
USP/Sibi
39
SciELO
10
Duplicadas
690
CINAHL
369
Duplicadas
3
PubMed/
MEDLINE 724
Duplicadas
14
BDENF
37
Duplicadas
5
PsycNET
35
Duplicadas
16
USP/Sibi
23
Duplicadas
5
SciELO
5
Duplicadas
16
COCHRANE
52
Duplicadas
50
LILACS
81
Duplicadas
123
ERIC
385
Total de artigos a serem analisados após exclusão das duplicações - 1711
FIGURA 2- Fluxograma de resultados parciais de estudos contidos nas bases de dados após a exclusão dos repetidos na RI. Guarulhos -SP, 2009.
53
Conforme apresentado na Figura 2, a base de dados que mais teve
artigos repetidos, totalizando 690 estudos foi a CINAHL.
As somas dos artigos antes e após a exclusão estão apresentadas na
Tabela 1, separadas por idioma, conforme sua recuperação nas bases de
dados.
TABELA 1 – Resultado da busca eletrônica nas bases de dados, antes
e após exclusão, separados nos idiomas inglês, espanhol e português.
Guarulhos (SP), 2009.
Base de dados
Antes da exclusão Total
%
Após exclusão Total
% Inglês Espanhol Português sem
exclusão Inglês Espanhol Português com
exclusão
CINAHL 1059 0 0 1059 40,22 369 0 0 369 21,56
Pubmed 727 0 0 727 27,62 724 0 0 724 42,32
ERIC 508 0 0 508 19,29 385 0 0 385 22,50
LILACS 7 50 74 131 4,97 3 34 44 81 4,74
Cochrane 58 10 0 68 2,58 43 9 0 52 3,04
BDENF 7 1 43 51 1,94 2 1 34 37 2,16
PsycNET 40 0 0 40 1,52 35 0 0 35 2,04
USP/Sibi 0 0 39 39 1,48 0 0 23 23 1,34
SciELO 4 0 6 10 0,38 2 0 3 5 0,30
Total 2410 61 162 2633 100,00 1563 44 104 1711 100,00
Os dados apresentados na Tabela 1 permitem verificar que as bases
CINAHL, PUBMED/MEDLINE e ERIC foram aquelas que mais retornaram
publicações, perfazendo 40,22%; 27,62% e 19,29%, respectivamente. Nota-se
que estas três bases de dados são responsáveis por 87,13% dos artigos a
serem analisados. Mesmo após a exclusão estas bases de dados continuam
com a maioria dos artigos a serem analisados, perfazendo 86,38%.
Dos 1711 artigos, predominou o idioma inglês, com 1563 artigos, sendo
a base de dados Pubmed responsável por 724 artigos nesse idioma. A base de
dados LILACS forneceu a maior quantidade de publicações em português e em
espanhol com 44 e 34 artigos, respectivamente.
Após a exclusão dos artigos repetidos e a separação por idiomas, os
estudos foram avaliados a partir do título. Nesta primeira etapa de análise,
alguns títulos não estavam claros, sendo então incluídos para a próxima etapa.
54
TABELA 2 – Número de estudos incluídos e excluídos após análise dos títulos,
conforme recuperação nas bases de dados. Guarulhos (SP), 2009.
Base de dados Incluídos
( I ) Excluídos
( E ) Total
CINAHL 61 308 369
Cochrane 3 49 52
BDENF 25 12 37
ERIC 331 54 385
LILACS 63 18 81
PsycNET 1 34 35
Pubmed 267 457 724
SciELO 4 1 5
Usp-Sibi 19 4 23
TOTAL 774 937 1711
Na Tabela 2 observa-se que dos 1711 artigos selecionados, foram
incluídos para a análise do resumo 774 estudos. Esta análise se deu conforme
a relação com a temática e os critérios de inclusão; os 937 artigos que não
tinham esta relação foram excluídos da pesquisa.
Os 774 artigos foram analisados na segunda etapa, sendo que 770
foram excluídos, conforme justificativas de exclusão apresentadas na Tabela 3.
55
TABELA 3 – Número de artigos excluídos e justificativa, conforme recuperação
nas bases de dados, após análise do resumo dos mesmos. Guarulhos -SP, 2009.
Justificativa
Nº de artigos excluídos
CINAHL Cochrane BDENF ERIC LILACS PsycNET Pubmed SciELO USP/ Sibi
Total por base de dados
Não atende o critério de inclusão
6 0 5 14 3 0 6 0 0 34
Não tem relação com o tema
55 3 19 315 59 1 261 4 19 736
Total de artigos excluídos
61 3 24 329 62 1 267 4 19 770
Total de artigos selecionados para análise
0 0 1 2 1 0 0 0 0 4
Após esta exclusão, permaneceram para a Revisão Integrativa quatro
artigos, os quais atenderam aos critérios de inclusão previamente
estabelecidos. Dois artigos foram excluídos da análise por não ter conseguido
sua recuperação por três bibliotecárias durante um prazo de 7 meses, desde o
inicio da recuperação dos artigos até a finalização da análise dos dados; estes
artigos foram solicitados pelas bibliotecárias e não chegaram durante este
prazo. Assim, foram incluídos para análise os dois artigos restantes.
5.2 - Processo de análise das publicações selecionadas
Para determinar o delineamento de cada estudo, foram seguidos os
conceitos de delineamento de pesquisa em enfermagem52.
Conforme Polit52 o delineamento de pesquisa ―refere-se ao plano geral
do pesquisador para responder às questões de pesquisa ou testar as suas
hipóteses‖. São estratégias planejadas pelo pesquisador para desenvolver
informações precisas e interpretá-las.
O delineamento de uma pesquisa quantitativa, quanto ao controle
sobre a variável independente pode ser dividido em52: Experimental:
manipulação da variável independente, grupo de controle, randomização.
56
Usando a manipulação, o experimentador controla e varia conscientemente a
variável independente. Quase-experimental: manipulação da variável
independente, mas sem grupo de controle ou randomização. Não-
experimental: sem manipulação de variável independente.
Quanto ao delineamento com relação à dimensão temporal, os estudos
podem ser longitudinal ou transversal. No longitudinal, os projetos de
pesquisa são destinados a coletar dados durante um período de tempo
extenso. Já nos transversais envolvem a coleta de dados em um ponto do
tempo, onde os fenômenos são obtidos durante um período de coleta de
dados.
Quanto à ocorrência de variável independente e dependente o estudo
pode ser retrospectivo (estudo que começa com variável dependente e olha
para trás buscando a causa ou influência) ou prospectivo (estudo que começa
com variável independente e olha para frente em busca do efeito).
Existem alguns tipos específicos de pesquisa quantitativa. Entre eles
pode-se citar o levantamento (que obtém informações relativas à prevalência,
distribuição e inter-relacionamentos de variáveis em uma população), avaliação
(usadas para descobrir como funciona um programa, tratamento, prática ou
política) e a pesquisa de resultados (destinada a documentar a eficácia dos
serviços de atendimento de saúde).
A pesquisa com abordagem metodológica qualitativa é flexível, sua
análise exige criatividade, sensibilidade conceitual e trabalho árduo. É mais
complexa e difícil do que a análise quantitativa, pois não prossegue de maneira
linear52.
Os artigos que compõem esta Revisão Integrativa estão apresentados
no Quadro 4.
57
QUADRO 4. Distribuição dos artigos que compõem a revisão integrativa, segundo o delineamento da pesquisa,
profissão/ocupação do autor principal, instituição sede do estudo e tipo de revista. Guarulhos (SP), 2009.
E Título Delineamento Profissão/Ocupação do
autor principal
Instituição sede de
estudo
Tipo de revista
E1 Estudos de alguns fatores que influenciam
o rendimento escolar do estudante de enfermagem.
Quantitativa, descritivo-exploratório; survey
Professora de Enfermagem Universidade e Hospital Enfermagem Geral
E2 Condições de estudo do aluno/trabalhador durante a formação acadêmica em enfermagem.
Quantitativa, qualitativa, descritiva
Enfermeiro Universidade Tese de Doutorado apresentado a Universidade Federal de São Paulo.
58
Os artigos E1 e E2 que compõem a Revisão Integrativa, 1 tem como
autor principal o(a) enfermeiro(a) e o outro estudo não cita, embora seja
professor de enfermagem. Quanto à instituição sede do estudo, 1 se
desenvolveu em Universidade e o outro estudo em Universidade e Hospital.
Em relação ao tipo de revista, um estudo foi publicado em revista de
enfermagem geral e o outro é tese de doutorado, não publicada em forma de
artigo.
Quanto ao delineamento dos estudos avaliados, evidencia-se que um é
quantitativo/qualitativo e o outro é quantitativo.
No Quadro 5 está apresentada a síntese dos artigos selecionados para
a Revisão Integrativa.
59
QUADRO 5. Distribuição dos artigos que compõem a revisão integrativa, segundo os autores, base de dados, periódico, ano, país
de origem e idioma de publicação. Guarulhos (SP), 2009.
E Título Autores Base de dados Periódico Ano País Idioma
E1 Estudos de alguns fatores que influenciam o rendimento escolar do estudante de enfermagem.
Zélia Sena Costa, Josete Luzia Leite, Solange Sanchez
BDENF Revista Brasileira de Enfermagem – ReBEn, 1982. 35:102-130.
1982 Brasil Português
E2 Condições de estudo do aluno/trabalhador durante a formação acadêmica em enfermagem.
Celina Castagnari Marra LILACS Tese de Doutorado apresentado à Escola Paulista de Medicina - UNIFESP
1996 Brasil Português
60
Conforme os dados apresentados no Quadro 5, observa-se que os 2
artigos estão no idioma português, publicados no Brasil.
Quanto ao tipo de publicação, 1 artigo publicado em periódico e uma
tese de doutorado; 1 artigo foi recuperado na base de dados BDENF e 1 no
LILACS.
A seguir, é apresentada a síntese dos dois estudos incluídos na
presente revisão integrativa.
61
QUADRO 6. Apresentação da síntese do estudo E1. Guarulhos (SP), 2009.
E1: Costa ZS, Leite JL, Sanchez S. Estudos de alguns fatores que influenciam o rendimento escolar do estudante de enfermagem. Rev. Brasileira de Enfermagem- ReBEn, DF, 1982; 35: 102-130. Instituição: Universidade do RJ – UNI-RIO.
Objetivo/ intervenção: Obter informações sobre o desempenho do estudante de enfermagem, como também sobre as dificuldades por eles encontradas no trabalho e as causas possíveis que poderão influenciar no seu rendimento escolar. Objetivos específicos: proceder um levantamento dos alunos do Curso de Graduação em Enfermagem que exerçam outra atividade além do curso; identificar os diferentes fatores que possam interferir no processo ensino/aprendizagem; detectar, junto aos enfermeiros supervisores o desempenho dos membros da sua equipe que estuda enfermagem; investigar as causas prováveis do desempenho inadequado do aluno de enfermagem face ao seu rendimento escolar; caracterizar a natureza da atividade remunerada e a influência no desempenho das atividades curriculares; estabelecer a relação existente entre a natureza da atividade remunerada e as atividades de aprendizagem; analisar as dificuldades advindas da atividade remunerada influenciando as atividades curriculares; estabelecer propostas alternativas que sirvam de padrão para o acompanhamento específico destes alunos. Método: Participaram do estudo 376 estudantes do 3º ao 9º período do Curso de Graduação, 42 enfermeiros de 5 instituições hospitalares públicas e 50 docentes de enfermagem da UNI-RIO.
Resultado: Quanto às características dos estudantes: a maioria é do sexo feminino, solteiros, entre 20 a 30 anos. A carga horária de trabalho diário de 47,7% dos estudantes é de 12h seguido de 60h de descanso. Por estudarem no curso de horário integral o turno de trabalho mais freqüente foi o noturno. Dentre as dificuldades enumeradas pelos acadêmicos para levarem a termo as atividades estudantis, a maior parte dos alunos alega falta de tempo para dormir e para estudar, cansaço e situação econômica insuficiente. As dificuldades encontradas durante a realização do curso foram a falta de condições para acompanhar as tarefas estudantis descrito pela maioria dos alunos, e trabalhar e estudar apresentado por 28,6%, considerando a natureza do trabalho que exige do indivíduo um maior desgaste físico. Quanto aos estudantes trabalhadores, 39,3% trabalham para o seu próprio sustento e 30% contribuem parcialmente no sustento da família. Quanto ao estudante que trabalha e alega dificuldade, 72,1% reconhecem a impossibilidade de conciliar trabalho e estudo. Em relação ao desempenho e atitude do estudante no serviço, 33,4 % dos estudantes consideram o desempenho deficiente, 11,9% excelente e 11,9% insuficiente. Quanto às características dos enfermeiros a maioria trabalha em período integral e alegam apresentar cansaço. Também foi relatado desinteresse e omissão. Quanto à compatibilidade das atividades estudantis, 50% dos supervisores enfermeiros responderam que o estudante deveria apenas estudar, 33,3% deveriam trabalhar em enfermagem e estudar e 11,9% responderam que deveriam trabalhar em atividades simples e estudar. Quanto às características dos docentes: 90% acreditam que o estudante trabalhador geralmente sofre influência da área que atua sobre a sua vida estudantil; sobre o rendimento escolar observado, 56% dos docentes acham deficientes. Conclusão: os resultados obtidos permitem refletir sobre a utilização de estratégias especiais de ensino, orientação efetiva do alunado e uma sistematização na escolha de disciplinas e créditos correspondentes.
62
As constantes dificuldades e o aparente desinteresse de um grupo de
estudantes do Curso de Enfermagem, observados pelos docentes durante o
desempenho de suas funções, motivaram as autoras a desenvolverem o
estudo E1.
Dentre os resultados obtidos chama a atenção que 79,8% dos
estudantes são do sexo feminino e a conciliação dos afazeres pessoais,
estudantis e profissionais se torna mais difícil, podendo prejudicar o rendimento
escolar dos mesmos.
Outro resultado importante é que 40,2% dos estudantes trabalham e
estudam e dentre os que não trabalham, 79,8% pretendem trabalhar. O
trabalho faz parte da natureza do ser humano, é dele que se retira subsídios
financeiros para a sobrevivência, mas trabalhar e estudar em um curso superior
de saúde exige inúmeros afazeres estudantis, podendo comprometer o
rendimento dos alunos.
Dentre as dificuldades enumeradas pelos acadêmicos para levarem a
termo as atividades estudantis, a maior parte dos alunos alega falta de tempo
para dormir e para estudar, cansaço e situação econômica insuficiente. As
dificuldades encontradas durante a realização do curso foram a falta de
condições para acompanhar as tarefas estudantis descrito pela maioria dos
alunos e trabalhar e estudar, apresentado por 28,6%, considerando a natureza
do trabalho que exige do indivíduo um maior desgaste físico. Quanto aos
estudantes trabalhadores, 39,3% trabalham para o seu próprio sustento e 30%
contribuem parcialmente no sustento da família. Quanto ao estudante que
trabalha e alega dificuldade para tal, 72,1% reconhece a impossibilidade de
conciliar trabalho e estudo. Importante salientar que 45,3% dos alunos
avaliaram o desempenho do estudante que trabalha em deficiente e 11,9%
insuficiente.
Quanto ao rendimento escolar dos acadêmicos, 56% dos docentes
citaram como deficiente. A maioria dos professores avaliou que os alunos
apresentaram cansaço, seguido de desinteresse.
Ao acumular trabalho e estudo, o aluno se priva de lazer, diminuindo sua
vida social e aumentando a carga de afazeres, advindo o cansaço e fadiga, e
possível adoecimento.
63
Vale lembrar a importância do conhecimento da cronobiologia, que
propicia uma análise de melhores horários para estudar e trabalhar, na
tentativa de uma conciliação com o relógio biológico e o cronotipo do estudante
visando evitar ou diminuir as características de adoecimento, como o estresse,
por exemplo.
Alguns fatores intrínsecos aos indivíduos contribuem para a adaptação ao
trabalho ou ao estudo como o caráter de matutinidade-vespertinidade. Este
caráter parece intervir no ajuste dos indivíduos a seus horários de trabalho e/
ou estudo, podendo ser considerado como um fator de predição à tolerância as
atividades em turnos. O conhecimento dos ritmos biológicos permite predizer
resultados de desempenho no trabalho, quando este é executado em
diferentes períodos do dia e da noite e o envelhecimento está associado às
dificuldades na adaptação de indivíduos ao trabalho, principalmente em
turnos22.
Acrescenta-se a esse fato que 39,3% dos alunos trabalham para o seu
próprio sustento e que 30% contribuem parcialmente para o sustento da
família, tornando-se importante manter o trabalho apesar da situação existente.
Diante disso, as autoras apresentam algumas estratégias alternativas e
propostas: valorizar o estudante de enfermagem como um ser biopsicossocial;
promover meios para uma relação docente/discente satisfatória; acompanhar o
aluno de um modo efetivo, a fim de promover uma participação ativa e
permanente no processo ensino/aprendizagem.
As estratégias foram: promover maior integração entre o órgão formador e
o órgão empregador, a fim de estabelecer critérios para o desenvolvimento
adequado das tarefas a serem desempenhadas pelo aluno que exerce
atividade remunerada; manter nos cursos professores orientadores com vistas
ao acompanhamento efetivo do aluno; os docentes orientarem o aluno quanto
às disciplinas a serem cursadas, como também, sobre a organização de sua
vida escolar; tanto os órgãos empregadores como os órgãos formadores
promoverem oportunidades para a realização de atividades de lazer como
medida preventiva das tensões; os docentes e enfermeiros das instituições
empregadoras desenvolverem mais estudos sobre o assunto.
64
Estas estratégias são válidas uma vez que os alunos trabalhadores
podem necessitar de acompanhamento diferenciado, para que possam
amenizar esta dificuldade de conciliação entre trabalho e estudo.
Segundo Moraes, Carr e Gouvêa7 ―para que o trabalhador possa estudar,
necessita de um tipo de escola que permita a conciliação do trabalho com o
estudo, oferecendo horário compatível e qualidade de ensino, entre outros
fatores‖.
Assim, esses alunos terão maiores chances de terminar o curso,
diminuindo a taxa de absenteísmo e trancamento de matrícula.
65
QUADRO 7. Apresentação da síntese do estudo E2. Guarulhos (SP), 2009.
E 2: Marra CC. Condições de estudo do aluno/trabalhador durante a formação acadêmica em enfermagem [Tese de doutorado]. Universidade Federal de São Paulo. SP. 1996.
Instituição: Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – Departamento de Enfermagem.
Objetivo/ intervenção: Identificar as características essenciais dos Cursos de Graduação em Enfermagem oferecidos no Município de São Paulo; verificar os aspectos distintos do alunado de graduação em enfermagem nos estabelecimentos de ensino no Município de São Paulo; averiguar os fatores próprios ao contexto dos alunos/trabalhadores durante a formação acadêmica em enfermagem; identificar a forma de participação no estudo dos alunos/trabalhadores nas dimensões teóricas e práticas; analisar a percepção dos alunos/trabalhadores quanto à sua realização pessoal e qualidade de vida durante o curso.
Método: Pesquisa quantitativa, descritiva. Campo de estudo: 6 instituições de ensino do Município de SP, que mantém em funcionamento a 2ª, 3ª e 4ª série do curso de Graduação em Enfermagem. Foram excluídos os estudantes da 1ª série pela pouca vivência da condição estudo/trabalho durante a formação acadêmica. A população foi constituída por 108 alunos que trabalhavam e estudavam, sendo que 88 estudavam no período diurno e 20 no noturno. Foi construído um roteiro para a entrevista e dois questionários. O roteiro destinou-se a obter dados sobre o Curso de Graduação em Enfermagem e algumas informações específicas sobre as relações existentes entre a estrutura do Curso e os alunos/trabalhadores, em cada uma das instituições. O questionário 1 foi preparado para permitir a definição da população do estudo e o questionário 2, dados referentes aos fatores próprios ao contexto dos alunos/trabalhadores, sua participação no processo ensino-aprendizagem e a percepção destes sobre a sua realização pessoal e qualidade de vida. Os questionários 1 e 2 foram submetidos a pré-teste para verificar sua adequação com os objetivos do estudo. A coleta de dados se deu em 3 etapas; na primeira foi utilizada a entrevista, por um período de 2 meses; a segunda constituiu-se na aplicação do questionário 1, participando desta etapa, todos os estudantes que estavam presentes na sala de aula no momento da aplicação do questionário; a terceira etapa constou da aplicação do questionário 2, exclusivamente para os alunos trabalhadores.
Resultado: No primeiro momento foi apresentada a caracterização dos cursos de graduação em enfermagem, identificando as seis instituições como: A, B, C, D, E e F, e no segundo momento as características dos alunos de graduação em enfermagem no município de São Paulo. Nos seis estabelecimentos de ensino estudados não há informações documentadas específicas sobre os estudantes trabalhadores, as poucas referências existentes não são mantidas atualizadas. Nos estabelecimentos, os coordenadores foram unânimes em dizer que cabe aos alunos adequarem-se às características e exigências da estrutura curricular do Curso de Enfermagem, mesmo na instituição onde há predominância de alunos trabalhadores. Informaram não existir qualquer diferença de orientação referente às atividades teóricas e práticas realizadas pelos alunos que trabalham. Nas instituições A e C há significativa predominância de alunos trabalhadores. Na instituição A, a maioria dos alunos trabalhadores encontram-se matriculados na 3ª série e na B 85,5% encontram-se na 2ª série. Dos 496 alunos trabalhadores a maioria é do sexo feminino, solteiros, na faixa etária entre 20 e 24 anos, sendo que 88,9% tinham um emprego. Quanto ao local de trabalho 74,1% dos alunos trabalham em instituições de saúde, como técnicos e auxiliares de enfermagem; 34% dos alunos trabalham cerca de 6h por dia, seguidos de 25% que trabalham no período noturno. O tempo de deslocamento dos estudantes ficou entre meia hora a 6h, sendo o tempo médio entre 2h e quarenta minutos; o tempo de deslocamento compreendeu o número de horas despendidas em todos os percursos feitos por dia, entre casa, trabalho, instituição de ensino ou qualquer outro local necessário ao cumprimento das suas atividades cotidianas. Quanto ao desempenho estudantil, a maioria dos estudantes teve sua aprovação após submeterem-se a recuperação. 28% estudavam entre 3 a 4h e 20% entre 5 a 6h, por semana.
Conclusão. Os cursos de Graduação em Enfermagem vêm sendo oferecidos em tempo integral, com duração de quatro anos e um currículo não voltado ao aluno trabalhador. A qualidade de vida relatada pela grande maioria dos estudantes não é boa. Seu cotidiano, com inúmeras atividades contrapondo-se à falta de tempo constante, reflete, desfavoravelmente, na saúde física e psíquica, vida pessoal, familiar e social, e, conseqüentemente, nos estudos.
66
O estudo E2 é uma pesquisa quantitativa, descritiva, realizada em 6
instituições de ensino de enfermagem, onde mantém em funcionamento a 2ª,
3ª e 4ª série do curso de Graduação em Enfermagem. Dentre os resultados
obtidos, evidencia-se que a maior parte dos estudantes era do sexo feminino,
entre 20 e 24 anos, solteiros, em todas as instituições estudadas.
A maioria (88,9%) dos alunos/trabalhadores mantinha um emprego,
10,7% mantinham dois e 0,4% três ocupações formais. Dos 441 estudantes
que possuíam um emprego, 71,4% estudavam em regime de tempo parcial e
28,6% em tempo integral.
A conciliação dos afazeres laborais e estudantis pode gerar desgaste
físico e mental, diminuição de tempo disponível para estudar e dormir, o que
pode gerar uma defasagem na aprendizagem.
Quanto ao local de trabalho, 74,1% trabalhavam em instituições de
saúde. Trabalhar em instituição de saúde torna-se talvez mais estressante do
que outro local de trabalho, uma vez que esses trabalhadores estão em contato
constante com a dor e sofrimento das pessoas.
O tempo de deslocamento entre o trabalho, instituição de ensino, casa e
qualquer outro local necessário ao cumprimento das suas atividades
cotidianas, revela-se que 31,8% utilizavam 2 horas e 28% 3 horas, sendo que
2,8% comprometiam 6h ou mais em todos os percursos feitos por dia, tendo o
tempo médio entre duas horas e quarenta minutos. A distância da residência
ao local de trabalho e de estudo, neste enfoque, pode se tornar um fator
complicador, podendo ocorrer tanto em municípios do interior como nas
capitais.
Sobre as faltas às aulas, 81,5% dos alunos referiram que não
compareciam habitualmente, e 22,7% faltavam eventualmente, sendo a
principal razão a necessidade de atender assuntos pessoais ou familiares
(29,3%), seguida de falta de condições pessoais de saúde (25,2%).
Quanto ao comportamento habitual dos estudantes/trabalhadores em
relação ao comparecimento diário às aulas teóricas, quase a totalidade deles
(88,9%) informaram assistir freqüentemente as aulas programadas e 7,4%
disseram estar presente na metade delas.
A razão principal da desatenção nas aulas foi o cansaço, estresse e
estado de sonolência (38,9%).
67
O sono é responsável pelo restabelecimento parcial ou total do
organismo, para que a pessoa possa suportar a sobrecarga do dia seguinte. Se
uma pessoa fica privada parcial ou totalmente do sono, alterações fisiológicas
são percebidas, não procedendo à restauração do organismo. Os estudantes,
normalmente, apresentam um padrão de sono irregular. ―O sono prolongado
nos finais de semana é devido à redução do sono (privação) durante os dias de
aulas ou de trabalho‖23. A perda de horas de sono pode comprometer a
habilidade para realizar atividades que envolvam memória, aprendizagem,
raciocínio lógico e cálculo matemático. Além disso, pode prejudicar o
relacionamento com familiares, amigos e colegas de trabalho e ficar mais
susceptível a acidentes de trabalho25.
Segundo Teixeira53 ―os horários de trabalho podem reduzir as horas
disponíveis para o sono‖, tornando-se um circulo vicioso: falta de tempo para
dormir, irritabilidade e desgaste físico provocados pela diminuição das horas de
sono.
A maioria (59,4%) dos estudantes foi aprovada após submeter-se a
exame ou recuperação, comprovando o desgaste físico e mental provocado
pela sobrecarga de afazeres.
Como determinantes do baixo desempenho nos estudos, obteve-se a
falta de tempo, falta conjunta de tempo e de dinheiro, desejo frustrado de
dedicação, desânimo por falta de apoio, trabalho concomitante ao estudo. Além
de relatos de insegurança, acomodação e desânimo.
Quanto à qualidade de vida, os alunos relacionaram a sua insatisfação
com o cansaço físico e mental, estresse, poucas horas de sono e repouso,
desmotivação, saúde afetada, dificuldade em conciliar tarefas e horários e
alimentação deficiente. Também relataram o tempo insuficiente para o estudo e
lazer, sentimento de privação, necessidades de fazer restrições financeiras,
falta de atenção aos filhos, afastamentos dos amigos e falta de tempo de cuidar
de si mesmo. E como motivos para enfrentar as adversidades, compensação
futura, realização pessoal, fé como apoio e ideal de vida.
A autora conclui que os alunos/trabalhadores estão assoberbados por
múltiplas atividades, com uma rotina escravizante; reduzido tempo para o
estudo e apresentam manifestações de desgaste, tanto físicas como
68
psicológicas; não realizam atividades físicas, dormem mal, tem o lazer como
algo que não lhe pertence, enfrenta a falta de apoio e afeto dos que estão a
sua volta, não se podendo, neste contexto, esperar um rendimento suficiente
para uma boa formação profissional.
6. CONCLUSÃO
69
Na presente Revisão Integrativa após a busca nas bases de dados e a
avaliação sistemática dos mesmos, analisaram-se dois estudos que atenderam
aos critérios de inclusão previamente estabelecidos.
Os artigos E1 e E2 mostraram os seguintes pontos em comum: os
alunos apresentam pouco tempo para estudar e dormir; trabalham em
instituições de saúde e tem o rendimento escolar considerado deficiente,
necessitando prestar exame ou recuperação.
No estudo E1, 40,2% são alunos trabalhadores, 39,3% trabalham para o
seu próprio sustento e 30% contribuem parcialmente no sustento da família.
Neste estudo, 45,3% dos estudantes e 56% dos docentes consideram o
rendimento escolar dos alunos trabalhadores deficientes.
Quanto às dificuldades encontradas durante a realização do curso,
28,6% dos estudantes trabalhadores referiram a falta de condições para
acompanhar as tarefas estudantis e 72,1% reconheceram a impossibilidade de
conciliar trabalho e estudo.
No estudo E2, 88,9% dos alunos/trabalhadores mantinham um emprego,
10,7% mantinham dois e 0,4% três ocupações formais; 74,1% trabalhavam em
instituições de saúde. Dos 441 estudantes que possuíam um emprego, 71,4%
estudavam em regime de tempo parcial e 28,6% em tempo integral; 81,5% dos
alunos habitualmente faltavam às aulas, para atender assuntos pessoais ou
familiares (29,3%) e por problemas de saúde (25,2%).
A falta de atenção às aulas deveu-se principalmente ao cansaço,
estresse e sonolência (38,9%).
Outro agravante apontado pelos estudantes trabalhadores foi o tempo
de deslocamento entre casa, trabalho e instituição de ensino ou qualquer outro
local necessário ao cumprimento de suas atividades cotidianas; 31,8% deles
levavam 2 horas, 28% 3 horas, e 2,8% comprometiam 6h ou mais em todos os
percursos feitos diariamente.
Diante do exposto, pode-se observar que não há evidências científicas
que apontem os prejuízos no rendimento escolar do aluno de enfermagem que
acumula estudo e trabalho, havendo necessidade de desenvolvimento de mais
estudos que discutam esse tema.
70
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
71
O estudante trabalhador de enfermagem é uma realidade nas
instituições de ensino superior. Conhecer melhor esse estudante, suas
relações sociais, torna-se indispensável para a busca de novas possibilidades
para a melhoria da sua formação, auxiliando-o na sua aprendizagem.
Lidar com o estudante trabalhador com a mesma didática e pedagogia
que lida com os estudantes não trabalhadores é não perceber a necessidade
de sua singularidade, do olhar diferenciado; é não se conscientizar do real
papel do mestre, enquanto tutor e orientador, num processo ativo de ensino-
aprendizagem.
As instituições de ensino apresentam dificuldades em trabalhar com
essa categoria de aluno, que necessita freqüentemente de tratamento
diferenciado como, por exemplo, a viabilização de horário distinto de provas e
estágios curriculares.
Os problemas relatados pelos alunos que acumulam estudo e trabalho,
muitas vezes agravado pelo tempo gasto no deslocamento para a realização
das atividades diárias, são conhecidos: cansaço, estresse, dificuldade em
freqüentar as aulas, dificuldade em cumprir os compromissos acadêmicos, falta
de tempo para estudar, para dormir, falta de tempo para si próprio, para o lazer
e descanso; dificuldades financeiras, sociais, psíquica e física.
Esses estudantes ajudam financeiramente as despesas familiares,
necessitando do trabalho enquanto estuda, sobrecarregando-se de afazeres
estudantis, laborais e particulares.
Nesse enfoque, deve-se lembrar da importância da cronobiologia e do
conhecimento da matutinidade-vespertinidade, permitindo predizer resultados
de desempenho no trabalho e/ou estudo, auxiliando no ajuste do organismo às
essas novas situações.
Assim, a principal contribuição deste estudo é a de oferecer subsídios
para o aprofundamento do conhecimento sobre o aluno - trabalhador, uma vez
que esse estudante encontra-se cada vez mais inserido nas faculdades e
universidades devido às mudanças sociais, econômicas e políticas da
sociedade contemporânea. Espera-se que trabalhos como este contribua para
o conhecimento, possibilitando uma melhor compreensão do cotidiano desses
estudantes.
72
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
73
1. Barbosa TSC, Baptista SS. Movimento de expansão dos cursos superiores de enfermagem na região Centro-Oeste do Brasil: uma perspectiva histórica. Rev. Eletr. Enf. 2008; 10(4): 945-56. 2. Teixeira E, Vale EG, Fernandes JD, De Sordi MRL. Trajetória e tendências dos cursos de enfermagem no Brasil. Rev. bras. enferm. Ago 2006; 59(4): 479-487. 3. Oliveira RA, Ciampone MHT. A Universidade como espaço promotor de qualidade de vida: vivências e expressões dos alunos de enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2006; 15(2): 254-61. 4. Brasil. Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação. Resolução n. 3 de abril de 2001. Estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação. Diário Oficial da União, Brasília (DF), 2001. Seção 1, p.12. 5. Santos CE, Leite MMJ. O perfil do ingressante em uma universidade particular da cidade de São Paulo. Rev. Bras. Enferm. mar-abr 2006; 59(2): 154-6. 6. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer n. 213 de 9 de outubro de 2008. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração de vários cursos de graduação. Diário Oficial da União, Brasília (DF), 2008. 7. Moraes ASF, Carr RF, Gouvêa HM. O Trabalhador-estudante no Ensino Superior: suas representações e expectativas em relação ao mercado de trabalho e ao ensino. R. Bras. Est. Pedag. Brasília. jan/dez 1994; 75(179): 301-37. 8. Marques MKE, Souza DAB, Silva MCF, Zago ABS, Costa AL. O Perfil do acadêmico de enfermagem da UNIVAP – São José dos Campos/ SP que trabalha na área da saúde. X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VI Encontro Latino Americano de Pós-graduação – Universidade do Vale do Paraíba. 9. Brasil. Lei n. 99 de 27 de agosto de 2003. Estatuto do Trabalhador-Estudante. Aprova o Código do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília (DF), 2003. Disponível: http://www.ipv.pt/secretaria/992003.pdf. 10. Costa MLS, Merighi MAB, Jesus MCP. Ser enfermeiro tendo sido estudante-trabalhador de enfermagem: um enfoque da fenomenologia social. Acta paul. enferm. Mar 2008; 21(1): 17-23. 11. Sant’anna AS, Moreira DA. Financiamento educativo privado para educação superior brasileira contemporânea. VII SEMEAD. Pesquisa Quantitativa Finanças [8].
74
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76
39. Oliveira JTC. Revisão Sistemática de Literatura sobre o uso terapêutico do ozônio em feridas [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade de São Paulo (USP). Escola de Enfermagem, 2007. 40. Santos CMC, Pimenta CAM, Nobre MR. A estratégia PICO para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev. Latino-am Enfermagem, maio-junho 2007; 15(3). 41. Berwanger O, Suzumura EA, Buehler AM, Oliveira JB. Como avaliar criticamente Revisões Sistemáticas e Metanálises? Revista Brasileira de Terapia Intensiva. Out-dez 2007; 19(4). 42. Cruz DALM, Pimenta CAM. Prática Baseada em Evidências, aplicada ao Raciocínio Diagnóstico. Rev. Latino-am Enfermagem, maio-junho 2005; 13(3): 415-22. 43. Atallah AN, Castro AA. Medicina baseada em evidências. In: Atallah AN, Castro AA. Evidências para melhores decisões clínicas. São Paulo: Lemos-Editorial, 1998. 44. Muñoz SIS, Takayanagui AMM, Santos CB, Sanchez-Sweatman O. Revisão Sistemática de literatura e metanálise: noções básicas sobre seu desenho, interpretação e aplicação na área da saúde. 2002. 45. Santos CMC, Pimenta CAMP, Nobre MRC. A Estratégia Pico para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev Latino-am Enfermagem, maio-junho 2007; 15(3). 46. Duncan BB, Schimidh MI. Medicina Embasada em Evidências. Artigo especial. Rev. Ass. Méd. Brasil. 1999; 45(3): 247-54.
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77
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78
APÊNDICES
79
APÊNDICE A. Ficha de identificação dos estudos selecionados
1- Código de Identificação:
2- Fonte consultada:
3- Título:
5- Revista/ Periódico:
6- Ano: 7- Volume:
8- País:
9- Idioma: 10- Autores: 10.1-Formação do autor principal:
12- Método de busca:
13- Tipo de estudo:
14- Escopo (obj/finalidade)
15- Casuística 15.1- Número de clientes: _______ pessoas 15.3- Idade:_____________
15.2- Sexo: a)( ) Feminino b)( ) Masculino
16- Análise estatística de distribuição de casos nos grupos controle e de intervenção:
16.1- ( ) Sim 16.3-( ) Não
16.2- ( ) Não cita
17- Perdas
18- Local do estudo: 18.1- Instituição de ensino:
a) ( ) Privada
b) ( ) Pública
19- Intervenção: 19.1- Tipo de trabalho: a) ( ) Saúde Pública b) ( ) Hospital c) ( ) Comércio d) ( ) Autônomo e) ( ) Outros: ________________
19.2- Tempo de trabalho: a) ( ) ― 1 ano b) ( ) 1 ― 3 anos c) ( ) 3 ― 5 anos d) ( ) 5 ― 7 anos e) ( ) 7 ― 9 anos f) ( ) + de 9 anos
19.3- Jornada de trabalho: a) ( ) 12 por 36 hs b) ( ) Outros:_________________
19.4- CH de trabalho diário: a) ( ) < de 6 hs b) ( ) 6 hs c) ( ) 8 hs f) ( ) Outros:____ d) ( ) 12 hs _______________ e) ( ) + de 12 hs
19.5- Turno: a) ( ) Diurno c) ( )Integral b) ( ) Noturno
19.6- Quantidade de trabalhos: a) ( ) 1 c) ( ) 3 b) ( ) 2 d) ( ) + de 3
19.7- Cargo/Função: a) ( ) administrativo b) ( ) Auxiliar de enfermagem c) ( ) Técnico de enfermagem d) ( ) Outros:_________________
80
19.8- Deslocamento dos alunos entre casa/trabalho/escola
a) ( ) menos de 1 hora b) ( ) 1 hora c) ( ) 2 horas d) ( ) 3 horas e) ( ) 4 horas f) ( ) 5 horas g) ( ) 6 ou +horas
20- Desfecho 20.1- Rendimento escolar: a) ( ) satisfatório b) ( ) não satisfatório
20.1.1- Dependências na graduação: a) ( ) sim. Nº de dependências:_____ b) ( ) não
20.1.2- Reprovações: a) ( ) falta b) ( ) nota
20.1.3- Desatenção nas aulas: a) ( ) sim b) ( ) não
20.1.4- Sonolência nas aulas: a) ( ) sim b) ( ) não
20.1.5- Prazo na entrega dos trabalhos: a) ( ) cumpre b) ( ) não cumpre
20.1.6- Notas obtidas/ Histórico escolar: a) ( ) abaixo da média b) ( ) na média c) ( ) acima da média
20.1.7- Atividades extra-curriculares: a) ( ) não realizadas b) ( ) realizadas com número inferior a 1 ao ano c) ( ) realizadas com freqüência
20.1.8- Trancamento de matricula: a) ( ) sim b) ( ) não
20.1.9- Desistência do curso: a) ( ) sim b) ( ) não
21- Período analisado
22- Resultados
23- Conclusão
Pesquisador:
____________________________________________________________________________
81
APÊNDICE B. Síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa, segundo delineamento, profissão/ocupação do autor principal, instituição sede do estudo e tipo de revista.
E Título Delineamento Profissão/Ocupação
do autor principal
Instituição
sede de
estudo
Tipo de
revista
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
82
APÊNDICE C. Síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa, segundo função dos autores, base de dados, periódico, ano, país de origem e idioma de publicação.
E Título Autores Base de dados Periódico Ano País Idioma
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
83
APÊNDICE D. Síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa.
Número do artigo e identificação:
Instituição:
Objetivo / Intervenção:
Método:
Resultado:
Conclusão:
84
APÊNDICE E. Relação dos artigos que compuseram a revisão integrativa.
Estudo 01: Costa ZS, Leite JL, Sanchez S. Estudos de alguns fatores que
influenciam o rendimento escolar do estudante de enfermagem. Rev. Brasileira de Enfermagem- ReBEn, 1982, 35: 102-130. Estudo 02: Marra CC. Condições de estudo do aluno/trabalhador durante a
formação acadêmica em enfermagem [Tese de doutorado]. Universidade Federal de São Paulo. SP. 1996.
85
ANEXOS
86
ANEXO A. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados CINAHL na Revisão Integrativa. Guarulhos (SP), 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de
artigos
recuperados
por base de
dados
students, nursing AND work AND
learning
CINAHL 960
1059 STUDENTS, NURSING AND WORK
AND AC. ACHIEVEMENT
CINAHL 50
students, nursing AND work AND
teaching-learning process
CINAHL 43
STUDENTS, NURSING AND WORK
AND underachievement
CINAHL 6
87
ANEXO B. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados PubMed/ MEDLINE na Revisão Integrativa. Guarulhos (SP), 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de
artigos
recuperados
por base de
dados
(((("Students, Nursing"[Mesh] OR
"Students, Health
Occupations"[Mesh]) AND
"Work"[Mesh]) AND
"Learning"[Mesh])) OR ("educational
achievement") OR ("academic
achievement") OR ("teaching-learning
process") AND ((Humans[Mesh]) AND
(English[lang] OR Spanish[lang] OR
Portuguese[lang]) AND
(adult[MeSH:noexp] OR middle
age[MeSH] OR (middle age[MeSH] OR
aged[MeSH]) OR aged[MeSH] OR aged,
80 and over[MeSH]))
PubMed/
MEDLINE
445
727
(((("Students, Nursing"[Mesh] OR
"Students, Health
Occupations"[Mesh]) AND
"Work"[Mesh]) AND
"Learning"[Mesh])) OR ("educational
achievement") OR ("academic
achievement") OR ("teaching-learning
process") Limits: Humans, English,
Spanish, Portuguese, Adult: 19-44
years, Middle Aged: 45-64 years,
Middle Aged + Aged: 45+ years, Aged:
65+ years, 80 and over: 80+ years
PubMed/
MEDLINE
200
((("Students, Nursing"[Mesh] OR
"Students, Health
Occupations"[Mesh]) AND
"Work"[Mesh])
PubMed/
MEDLINE
82
88
ANEXO C. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados ERIC na Revisão Integrativa. Guarulhos (SP), 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
((Keywords:student) and (Keywords:nursing) and
(Keywords:work) and (Keywords:higher) and (Keywords:education)) and (Publication Type:"Journal Articles" OR Publication Type:"Dissertations Theses" OR Publication Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR Publication Type:"Dissertations Theses Practicum Papers" OR Publication Type:"ERIC Publications" OR
Publication Type:"Reports Descriptive" OR Publication Type:"Reports Evaluative" OR Publication Type:"Reports General" OR Publication Type:"Reports Research" OR Publication Type:"Speeches Meeting Papers") and (Education Level:"Adult Education" OR Education Level:"Higher Education" OR Education Level:"Postsecondary Education")
ERIC
211
508
((Keywords:student) and (Keywords:health) and
(Keywords:occupations) and (Keywords:work) and
(Keywords:higher) and (Keywords:education)) and
(Publication Type:"Journal Articles" OR
Publication Type:"Dissertations Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Practicum
Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
127
89
((Keywords:student) and (Keywords:nursing) and
(Keywords:work) and (Keywords:learning)) and
(Publication Type:"Journal Articles" OR
Publication Type:"Dissertations Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Practicum
Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
84
((Keywords:student) and (Keywords:health) and
(Keywords:occupations) and (Keywords:work) and
(Keywords:learning)) and (Publication
Type:"Journal Articles" OR Publication
Type:"Dissertations Theses" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Practicum
Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
54
((Keywords:student) and (Keywords:nursing) and
(Keywords:work) and (Keywords:academic) and
(Keywords:achievement)) and (Publication
Type:"Journal Articles" OR Publication
Type:"Dissertations Theses" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Practicum
Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
11
90
((Keywords:student) and (Keywords:nursing) and
(Keywords:work) and (Keywords:educational) and
(Keywords:achievement)) and (Publication
Type:"Journal Articles" OR Publication
Type:"Dissertations Theses" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Practicum
Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
9
((Keywords:student) and (Keywords:health) and
(Keywords:occupations) and (Keywords:work) and
(Keywords:academic) and
(Keywords:achievement)) and (Publication
Type:"Journal Articles" OR Publication
Type:"Dissertations Theses" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Practicum
Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
7
((Keywords:student) and (Keywords:health) and
(Keywords:occupations) and (Keywords:work)
and (Keywords:educational) and
(Keywords:achievement)) and (Publication
Type:"Journal Articles" OR Publication
Type:"Dissertations Theses" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses
Practicum Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
ERIC
4
91
Education" OR Education
Level:"Postsecondary Education")
((Keywords:student) and (Keywords:nursing)
and (Keywords:work) and (Keywords:teaching-
learning) and (Keywords:process)) and
(Publication Type:"Journal Articles" OR
Publication Type:"Dissertations Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses Doctoral
Dissertations" OR Publication
Type:"Dissertations Theses Masters Theses" OR
Publication Type:"Dissertations Theses
Practicum Papers" OR Publication Type:"ERIC
Publications" OR Publication Type:"Reports
Descriptive" OR Publication Type:"Reports
Evaluative" OR Publication Type:"Reports
General" OR Publication Type:"Reports
Research" OR Publication Type:"Speeches
Meeting Papers") and (Education Level:"Adult
Education" OR Education Level:"Higher
Education" OR Education Level:"Postsecondary
Education")
ERIC
1
92
ANEXO D. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados LILACS na Revisão Integrativa. Guarulhos SP, 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
Estudantes AND enfermagem AND trab
alho AND aprendizagem
LILACS 35
131
Estudiantes AND de AND Enfermería A
ND trabajo AND aprendizaje
LILACS 35
Estudiantes AND del AND Área AND de
AND la AND Salud AND trabajo AND Ap
rendizaje
LILACS 14
Students AND nursing AND work AND L
earning
LILACS 13
Estudiantes AND de AND Enfermería A
ND trabajo AND La AND educación AND
superior
LILACS 13
Estudantes AND enfermagem AND trab
alho AND Ensino AND Superior
LILACS 9
Estudiantes AND del AND Área AND de
AND la AND Salud AND trabajo AND La
AND educación AND superior
LILACS 5
Estudantes AND de AND Ciências AND
da AND Saúde AND trabalho AND Apre
ndizagem
LILACS 4
Estudantes AND de AND Ciências AND
da AND Saúde AND trabalho AND Ensin
o AND Superior
LILACS 2
Estudantes AND enfermagem AND trab
alho AND Rendimento AND acadêmico
LILACS 1
Estudiantes AND del AND Área AND de
AND la AND Salud AND trabajo AND Ap
rendizaje
LILACS 14
93
ANEXO E. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados COCHRANE na Revisão Integrativa. Guarulhos SP, 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
Registro Cochrane de Ensaios Controlados
(CENTRAL/CCTR) - The Cochrane Library
Cochrane 20
68
students and nursing and work and
educational and achievement - Revisões
completas
Cochrane 16
Revisões Sistemáticas da cochrane - The
Cochrane Library
Cochrane 10
Revisões completas - Biblioteca Cochrane
Plus
Cochrane 9
Grupos temáticos de revisões - The
Cochrane Library
Cochrane 3
students and health and occupations and
work and learning - Registro Cochrane de
Ensaios Controlados (CENTRAL/CCTR)
Cochrane 3
Protocolos -The Cochrane Library Cochrane 2
students and health and occupations and
work and learning - Revisões Sistemáticas
da Cochrane
Cochrane 2
Áreas de conhecimento - The Cochrane
Library
Cochrane 1
students and nursing and work and
educational and achievement - protocolos
Cochrane 1
students and nursing and work and
educational and achievement - Registro
Cochrane de Ensaios Controlados
(CENTRAL/CCTR)
Cochrane 1
94
ANEXO F. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados BDENF na Revisão Integrativa. Guarulhos SP, 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
Estudantes AND enfermagem AND trabalho
AND aprendizagem
BDENF 31
51
Estudantes AND enfermagem AND trabalho
AND Ensino AND Superior
BDENF 8
Estudiantes AND de AND Enfermería AND
trabajo AND aprendizaje
BDENF 4
estudiantes AND de AND enfermeria AND
trabajo AND la AND educacion AND
superior
BDENF 3
Students AND nursing AND work AND
Learning
BDENF 3
Estudantes AND de AND Ciências AND da A
ND Saúde AND trabalho AND Aprendizagem
BDENF 1
Estudiantes AND del AND Área AND de
AND la AND Salud AND trabajo AND
aprendizaje
BDENF 1
95
ANEXO G. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados PsyNET na Revisão Integrativa. Guarulhos (SP), 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
students nursing AND work AND learning PsyNET 25
40
students nursing AND work AND
educational achievement
PsyNET 13
students nursing + work + teaching-
learning process PsyNET 02
96
ANEXO H. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados USP/Sibi na Revisão Integrativa. Guarulhos (SP), 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
Estudantes de enfermagem AND
trabalho AND aprendizagem
USP/Sibi 19
39
Alunos de enfermagem AND trabalho
AND ensino superior
USP/Sibi 7
Estudantes de enfermagem AND
trabalho AND ensino superior
USP/Sibi 5
Alunos de enfermagem AND trabalho
AND processo ensino-aprendizagem
USP/Sibi 4
Estudantes de enfermagem AND
trabalho AND processo ensino-
aprendizagem
USP/Sibi 4
Alunos de enfermagem AND trabalho
AND ensino superior
USP/Sibi 7
97
ANEXO I. Estratégias e resultados das buscas realizadas na base de dados SciELO na Revisão Integrativa. Guarulhos SP, 2009.
Estratégia de Busca Base de
dados
Número de
artigos
recuperados
Total de artigos
recuperados
por base de
dados
Estudiantes de Enfermería + trabajo +
Aprendizaje
SciELO 4
Estudantes de enfermagem + trabalho +
aprendizagem
SciELO 03
10
Estudantes de enfermagem + trabalho +
ensino superior
SciELO 01
Alunos de enfermagem + trabalho +
aprendizagem
SciELO 01
Students, nursing + and work + and Learning
SciELO 01