avaliaÇÃo do sistema de rastreamento e...

110
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM ENFERMAGEM LUIZA MARIA PEREIRA AMARAL AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E CONTROLE DOS CASOS SUGESTIVOS DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO DE MULHERES DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Guarulhos 2010

Upload: truongnhu

Post on 13-Oct-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM ENFERMAGEM

LUIZA MARIA PEREIRA AMARAL

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E CONTROLE DOS CASOS SUGESTIVOS DE

PAPILOMAVÍRUS HUMANO DE MULHERES DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.

Guarulhos 2010

Page 2: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

LUIZA MARIA PEREIRA AMARAL

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E

CONTROLE DOS CASOS SUGESTIVOS DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO DE MULHERES DA REDE

BÁSICA DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.

Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos, para a obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Orientador(a): Profa Dra Rosa Áurea Quintella Fernandes

Guarulhos 2010

Page 3: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

Ficha catalográfica elaborada pela Coordenação da Biblioteca Fernando Gay da Fonseca

Amaral, Luiza Maria Pereira

A485a Avaliação do sistema de rastreamento e controle dos casos sugestivos de papilomavírus humano de mulheres da rede básica de saúde de um município de São Paulo./ Luiza Maria Pereira Amaral. Guarulhos, 2010.

109 f.; 31 cm

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Universidade Guarulhos, 2010.

Orientadora: Profa. Dra. Rosa Áurea Quintella Fernandes Bibliografia: f. 90-101. 1. Papilomavírus humano 2. Teste Papanicolaou 3. Enfermagem

em Saúde Comunitária. I. Título II. Universidade Guarulhos.

CDD 22st 616.911

Page 4: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;
Page 5: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

Dedico este trabalho às mulheres do

município, onde trabalho, pelas quais

tenho respeito e compromisso profissional.

Page 6: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, por me proporcionar a oportunidade de concluir

mais uma etapa de minha vida e pela força de Suas palavras ... “Não Temas Eu

Te Ajudo.”

Aos meus pais, pelo tesouro que me ofertaram, o estudo, sem o qual, nada

disso seria possível. Serei sempre grata.

A toda minha família, por todas as horas em que estive nos seus

pensamentos e orações. Eternamente grata serei por cada gesto de carinho e

incentivo.

À família Amaral, por fazerem parte da minha vida. Sei que posso contar

sempre com vocês. Obrigada por tudo que são e representam para mim.

Ao meu marido, amigo e eterno namorado, por estar ao meu lado em todos

os momentos alegres ou tristes, de stress ou calmos, por ser o homem que é e me

ajudou a ser a mulher que hoje eu sou. Amar-te-ei sempre!

A minha orientadora, Profa Dra Rosa Áurea Quintella Fernandes,que me

ensinou a buscar sempre o conhecimento e por ser meu exemplo de seriedade e

entusiasmo no que faz.

Às professoras do Programa de Mestrado que me contagiaram com a

paixão pela pesquisa.

A Enfermeira Dra Paola Maresca Kértesz, pela sua amizade e estímulo.

À Prefeitura e à Secretaria de Saúde de Cotia, pela oportunidade de

realizar este estudo.

Às enfermeiras da Rede Básica de Saúde de Cotia, pela colaboração sem a

qual não seria possível a conclusão desta pesquisa.

A Fundação Oncocentro de São Paulo pela colaboração nos dados

estatísticos.

Page 7: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

A todos os funcionários da Unidade Básica de Saúde Portão pelo carinho e

incentivo.

Aos amigos do Hospital São Camilo Santana e Hospital Samaritano dos

quais tenho muitas saudades.

Principalmente aos meus colegas de turma: Lanne, Maria de Fátima,

Mary, Paulo, Tatiana, Regina, Laura, Priscila, Gerson, Aline, Osvaldo e Ângela

pela contribuição e troca de experiências. Obrigada a todos.

Page 8: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

AMARAL LMP. Avaliação do sistema de rastreamento e controle dos casos sugestivos de Papilomavirus Humano (HPV) de mulheres atendidas na rede básica de saúde de um município do estado de São Paulo. Guarulhos, 2010. 109p. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Guarulhos. Guarulhos, 2010.

RESUMO

Estudo descritivo, exploratório, transversal e de campo com abordagem quantitativa, cujos objetivos foram: descrever o sistema de controle e seguimento das mulheres submetidas ao exame de Citologia Oncótica (CO) com alterações sugestivas de Papilomavirus Humano (HPV) e atendidas na rede básica de saúde de um município do estado de São Paulo; conhecer os procedimentos realizados para: captação das mulheres para realização da Citologia Oncótica, coleta do exame, entrega dos resultados, busca ativa; seguimento dos casos e verificar a prevalência do HPV nas mulheres atendidas. O estudo foi desenvolvido no período de fevereiro a maio de 2009. A amostra constituiu-se de 22 enfermeiros coordenadores técnicos das unidades de saúde e nos 38 prontuários de usuárias com resultados de exames alterados, no ano de 2007. Os resultados permitem verificar que das 22 Unidades analisadas, treze (50,9%) estão inseridas no Programa Saúde da Família (PSF) e nove (49,1%) são Unidades Básicas de Saúde (UBS). O perfil dos coordenadores das Unidades pode ser assim delineado: a maioria (95,4%) é do sexo feminino, 54,5% possuem curso de especialização, têm em média 9,27anos de formados e 2,62 anos em média de tempo de atuação na instituição. Quanto aos procedimentos para captação das mulheres para realizar a CO, apenas 4,6% dos enfermeiros empregam todas as estratégias preconizados pelo Ministério da Saúde (MS).Cem por cento dos enfermeiros informaram realizar a coleta da CO e, em 40,9% das Unidades esta coleta é realizada exclusivamente por enfermeiros, 9,1% realizam todas as condutas recomendadas pelo MS após a coleta e 36,3% notificam as alterações identificadas, apenas 31,8% prescrevem as medicações indicadas pelo protocolo. Oitenta e um por cento dos profissionais de enfermagem estão envolvidos no recebimento dos resultados dos exames e, nesse percentual, estão incluídos 54,5% de enfermeiros. Quanto à busca ativa, 13,7% de todas as Unidades a realizam por convocação telefônica e 27,3% não executam qualquer tipo de controle sobre a efetividade desta busca. Cem por cento dos prontuários analisados não indicam a conclusão do tratamento por alta ou óbito e apenas 15,3% apontam transferência da paciente para outro serviço. A prevalência de casos sugestivos de HPV em 2007 é de 0,27% e a cobertura do exame corresponde a 12,8 % das mulheres, no município, no mesmo ano. Palavras Chave: Papilomavírus humano; Teste Papanicolaou; Atenção Primária à Saúde; Enfermagem em Saúde Comunitária. Exame Colpocitológico.

Page 9: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

AMARAL LMP. Evaluation of the tracking and controlling systems of cases suggestive of Human Papillomavirus (HPV) of women assisted in the basic healthcare network of a city of the state of São Paulo, Brazil. Guarulhos, 2010. 109p. Master's thesis submitted to the University Guarulhos. Guarulhos, 2010.

ABSTRACT

This is an exploratory transversal quantitative descriptive field study, whose aims were to describe the system of control and follow-up of the women submitted to Oncotic Cytology (OC) with alterations suggestive of Human Papillomavirus (HPV), who were assisted in the basic healthcare network of a city of the state of São Paulo; to know the procedures used for recruiting women for Oncotic Cytology, for collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching; to follow-up on the cases and to verify the prevalence of HPV in the women assisted. The study was conducted from February to May 2009. The sample consisted of 22 coordinating nurse technicians of the health units and 38 medical records of patients with altered test results in the year 2007. The results indicated that of the 22 analyzed units, thirteen (50.9%) are part of the Family Health Program (PSF) and nine (49.1%) are Primary Healthcare Units (PHU). The profile of the unit coordinators can be delineated as follows: the majority (95.4%) is female, 54.5% have a specialization course, have graduated on average 9.27 years before and have an average of 2.62 years of working time in the institution. In regard to the procedures for recruiting the women to undertake the OC, only 4.6% of the nurses make use of all the strategies recommended by the Ministry of Health (MH). One hundred percent of the nurses informed to carry out the collection of OC, and in 40.9% of the Units this collection is undertaken exclusively by nurses, 9.1% carry out all the procedures advocated by the MH after the collection. The changes identified during the collection are informed by 36.3% of the nurses and, only 31.8% prescribe the medications indicated by the protocol. In 54.5% of all the Units, it is the nurse who receives the OC results. As for active searching, 13.7% of all the Units performed it exclusively through phone calls and 27.3% do not exert any type of control on its effectiveness. One hundred percent of the records analyzed did not indicate any discharge or death as treatment outcomes, only 15.3% indicated a transfer of the patient to another service. The prevalence of cases suggestive of HPV in 2007 was 0.27% and the examination coverage corresponded to 12,8% of the women in the city in the same year. Keywords: Human Papillomavirus; Pap Smear; Primary Healthcare; Nursing in Community Health. Colpocytological examination.

Page 10: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

AMARAL LMP. Evaluación del sistema de rastreo y control de los casos sugerentes de [Papilomavirus] Humano (HPV) de mujeres atendidas en la red básica de salud de un municipio del estado de São Paulo. Guarulhos, 2010. 109p. Tesis de maestría presentada a la Universidad de Guarulhos. Guarulhos, 2010.

RESUMEN

Estudio descriptivo exploratorio, transversal y de campo con abordaje cuantitativa, cuyos objetivos fueron: describir el sistema de control y seguimiento de las mujeres sometidas al examen de Citología [Oncótica] (CO) con alteraciones sugerentes de [Papilomavirus] Humano (HPV) atendidas en la red básica de salud de un municipio del estado de São Paulo, conocer los procedimientos realizados para: captación de las mujeres para realización de la Citología [Oncótica], colecta del examen, entrega de los resultados, búsqueda activa; seguimiento de los casos y verificar la prevalencia del HPV en las mujeres atendidas. El estudio fue desarrollado en el periodo de febrero a mayo de 2009. La muestra se constituyó de los 22 enfermeros coordinadores técnicos de las unidades de salud y de los 38 prontuarios de usuarias con resultados de exámenes alterados, en el año de 2007. Los resultados permitieron verificar que de las 22 Unidades analizadas, trece (50,9%) están insertadas en el Programa Salud de la Familia ([PSF]) y nueve (49,1%) son Unidades Básicas de Salud (UBS). El perfil de los coordinadores de las Unidades puede ser así delineado: la mayoría (95,4%) es del sexo femenino, 54,5% poseen curso de especialización, tienen en promedio 9,27años de formados y 2,62 años en promedio de tiempo de actuación en la institución. Al que se refiere a los procedimientos para captación de las mujeres para realizar la CO sólo 4,6% de los enfermeros emplean todas las estrategias preconizadas por el Ministerio de la Salud (MS). El cien por cien de los enfermeros indicaron que hacían la colecta de la CO y en 40,9% de las Unidades esta colecta es realizada exclusivamente por enfermeros, 9,1% realizan todas las conductas recomendadas por el MS tras la colecta. Las alteraciones identificadas durante la colecta son notificadas por 36,3% de los enfermeros y, sólo 31,8% prescriben las medicaciones indicadas por el protocolo. En 54,5% de todas las unidades es el enfermero que recibe el resultado del examen de CO. Cuánto a la búsqueda activa 13,7% de todas las Unidades la realizan exclusivamente por convocatoria telefónica y 27,3% no ejecutan cualquier tipo de control sobre la efectividad de la misma. Al cien por cien de los prontuarios analizados no indicaban la conclusión del tratamiento por alta u óbito y, sólo 15,3% apuntaron traspaso de la paciente para otro servicio. La prevalencia de casos sugerentes de HPV en 2007 fue de 0,27% y la cobertura del examen correspondió a 12,8 % de las mujeres, en el municipio en el mismo año. Palabras Chave: [Papilomavírus] humano; Test [Papanicolaou]; Atención primaria la salud; Enfermería en salud comunitaria. Exame [Colpocitológico].

Page 11: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1Tipos de câncer mais incidentes, em mulheres .......................................... 16

Figura 2 Taxa de mortalidade específica por Câncer de colo de útero .................... 17

Figura 3. Lesão HPV vulva e vagina ........................................................................ 22

Figura 4. Lesão HPV colo útero ............................................................................... 22

Figura 5. Protocolo de consulta de enfermagem/MS ............................................... 29

Figura 6. Protocolo de enfermagem para atendimento da Mulher ao exame

especular e ou Papanicolaou .................................................................... 32

Figura 7. Protocolo atendimento a mulher no resultado do Papanicolaou ............... 33

Quadro 1 Classificação citológica pelo Papanicolaou e Sistema Bethesda ............ 19

Quadro 2. Tipos de HPV e doenças neoplásicas e seus precursores...................... 21

Quadro 3. Distribuição das Unidades de acordo com o número de casos de

sugestivos de HPV, fonte da informação e controle dos casos ............ 73

Page 12: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Estratégias de captação das mulheres para o exame de Citologia Oncótica............................................................................................... 52 Tabela 2 Distribuição dos profissionais que realizam a coleta da Citologia Oncótica .............................................................................................. 55 Tabela 3 Condutas dos enfermeiros após coleta do exame de Citologia Oncótica .............................................................................................. 57 Tabela 4 Profissional que recebe os resultados da Citologia Oncótica e local de arquivamento ................................................................................... 63 Tabela 5 Estratégia de busca ativa e formas de controle da busca nos casos de alteração dos exames de Citologia Oncótica.................................. 68 Tabela 6 Anotações de seguimento registradas nos prontuário das mulheres com resultados do exame de Citologia Oncótica sugestivo para HPV.. 74 Tabela 7 Distribuição do número de casos sugestivos de HPV e sua Prevalência ............................................................................................ 77

Page 13: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS SVA Sistema de vigilância em saúde

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

HPV Papilomavírus humano

OMS Organização Mundial de Saúde

CO Citologia oncótica

NIC Neoplasia intra-epitelial cervical

DST Doença sexualmente transmissível

DNA Ácido desoxirribonucléico

ATA Ácido tricloroacético

PCR Reação em cadeia da polimerase

CH II Captura híbrida II

LSIL Lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau

PNCC Programa Nacional de Controle do Câncer

SISCOLO Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero

INCA Instituto Nacional do Câncer

MS Ministério da Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

FOSP Fundação Oncocentro de São Paulo

PSF Programa Saúde da Família / ESF Estratégia Saúde da Família

UBS Unidades Básicas de Saúde

ACS Agentes Comunitários de Saúde

Page 14: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16

1.1 REVISÃO LITERATURA ................................................................................... 20

1.1.1 Aspectos gerais do HPV ............................................................................ 20

1.1.2 Aspecto clínico na mulher ........................................................................... 21

1.1.3 Diagnóstico e Tratamento ........................................................................... 22

1.2 Contextualização da Política Nacional de Controle do Câncer Mulher .. 26

1.3 Papel do Enfermeiro .................................................................................... 33

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 41

2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 41

2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 41

3. MÉTODO ............................................................................................................. 43

3.1 Tipo e local de pesquisa ............................................................................. 43

3.2 População .................................................................................................... 44

3.3 Coleta de dados ........................................................................................... 44

3.3.1 Instrumento de coleta ................................................................................. 44

3.3.2 Procedimentos para Coleta dos dados ....................................................... 45

3.3.3 Procedimentos Éticos ................................................................................. 46

3.4. Análise dos Dados ...................................................................................... 46

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 48

4.1 Caracterização das Unidades e de seus Coordenadores ........................ 48

4.2 Captação das Mulheres e Coleta de Citologia oncotica ......................... 50

4.3 Controle dos resultados do exame de Citologia oncotica....................... 63

4.4 Prevalência .................................................................................................. 76

5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 84

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 87

Page 15: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 90

APÊNDICES ............................................................................................................ 102

Apêndice A - Termo de consentimento livre esclarecido

Apêndice B - Instrumento para coleta de dados

Apêndice C - Solicitação autorização para pesquisa a S. Saúde

ANEXOS................................................................................................................... 107

Anexo A - Resposta a solicitação autorização para pesquisa

Anexo B - Aprovação Comitê de Ética em Enfermagem

Page 16: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

15

INTRODUÇÃO

Page 17: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

16

1. INTRODUÇÃO

Dentre várias doenças malignas que acometem a mulher e que podem deixar

sequelas irreparáveis, impedindo até mesmo à continuidade da reprodução da

espécie, o câncer cérvico-uterino é uma das neoplasias mais comuns em mulheres

em todo o mundo. Constitui um dos principais problemas de saúde pública,

principalmente em países em desenvolvimento, devido às elevadas taxas de

morbidade e mortalidade. Este tipo de câncer relaciona-se ao perfil epidemiológico

das mulheres, à frequência dos fatores de risco e, sobretudo, à ineficiência de

programas de prevenção, controle e diagnóstico, ou seja, implementação de ações

efetivas de curtos e longos prazos em todos os níveis de atenção 1,2.

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a incidência do câncer

cérvico-uterino ocupa o segundo lugar como causa de morte na população feminina.

Para o ano de 2010, as estimativas de incidência de câncer apontam a probabilidade

de ocorrência de 18.430 novos casos, de câncer do colo de útero, com um risco

estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres.3 Esta projeção representa um

grande desafio para a saúde pública. Figura 1.

Figura 1. Tipos de câncer mais incidentes estimados para o ano de 2010, em

mulheres, Brasil.

A relevância dos altos índices pode ser entendida quando se compara a

mortalidade de mulheres pelo câncer cérvico-uterino do Brasil (4,4)4 com outros

países como: Estados Unidos (2,7). Austrália (2,4), Azerbaijão (1,9), Canadá (2.8),

China (3,1), Finlândia (1,3), França (3,5), Israel (3,1), Japão (3,0), Holanda (2,2),

Fonte: MS/Instituto Nacional de Câncer - INCA

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

MamaFeminina

Colo do Útero Cólon e Reto Traquéia,Brônquio e

Pulmão

Estômago Leucemias Cavidade Oral Pele Melanoma Esôfago

Nº de Casos

Page 18: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

17

Noruega (3,3), Espanha (2,7) e Suécia (2,9). Estas taxas correspondem ao ano de

20005 e estão abaixo das apresentadas no continente Brasileiro para o mesmo

período.

De acordo com os últimos registros encontrados até o momento no Ministério

da Saúde/Sistema de vigilância em saúde (SVS) – Sistema de Informações sobre

Mortalidade (SIM)4, a taxa de mortalidade em São Paulo, Capital, específica para o

câncer de colo do útero, oscilou entre 3,6 a 4,83/100.000 mulheres, no período de

2000 a 2007, como pode ser visto, na Figura 2.

Figura 2. Taxa de mortalidade específica por câncer de colo de útero no

Estado de São Paulo 2000 - 2007.

Embora a taxa de mortalidade por câncer cérvico-uterino venha diminuindo

em consequencia do programa de rastreamento da doença no estado de São Paulo,

principal metrópole brasileira, ainda há muito que fazer para consolidar melhores

resultados, nesta área. Outro dado que reforça esta afirmação é o resultado do

Programa da Saúde da mulher do município de São Paulo, foco desta pesquisa, que

apresentou, em 2007, quatro (4) casos de lesão de alto grau não excluindo micro

invasão, dos quais, três evoluíram para óbito no ano seguinte.6 Estes dados

preocupam as autoridades, uma vez que o exame de prevenção está disponível em

toda a rede básica de saúde do município.

Ao considerar que a doença, câncer cérvico-uterino, tem uma evolução lenta

e progressiva, ou seja, um período de 10 a 20 anos,1 a situação é mais alarmante

2000 2003 2004 2005 2006

1

2

3

4

5

6

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM TME p/ câncer colo útero São Paulo – 2000 -2007

2001 2002 2002 2007

Page 19: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

18

ainda, pois remete a uma única questão: a falha no controle da doença, no

município abordado, está no rastreamento, no acesso das mulheres ao exame

preventivo ou no seguimento dos casos?

O aparecimento do câncer cérvico-uterino sofre a interferência de aspectos

denominados fatores de riscos. São eles: iniciação precoce da vida sexual,

comportamento sexual promíscuo, multiplicidade de parceiros, herpes simples,

infecção pelo Papilomavírus humano (HPV), tabagismo, carência de vitamina A,

lesão cervical de múltipla etiologia, multigestação, multiparidade, uso de

anticoncepcionais orais, precocidade na primeira gestação, história familiar de

câncer cérvico-uterino, baixa condição socioeconômica, higiene íntima inadequada,

subnutrição e não adesão aos programas de controle. 1,7

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o principal fator de risco,

para o câncer cérvico-uterino, é a infecção pelo HPV e a população mais exposta a

este tipo de câncer concentra-se entre as mulheres na faixa etária de 25 a 59, anos

com nível socioeconômico menos elevado. 7,8,9,10,11

Estudos recentes mostram que o HPV tem papel importante no

desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em

células cancerosas. Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer

do colo do útero e é classificado de acordo com o seu poder de oncogenicidade, ou

seja, em tipos de baixo e de alto risco de câncer.12,13,14

Dois tipos de prevenção são importantes no controle do câncer cérvico-

uterino: a prevenção primária e a secundária. A prevenção primária é de grande

importância, pois contribui para o controle da doença por meio de ações de

promoção de saúde e prevenção. Neste tipo de prevenção o papel do enfermeiro é

fundamental, principalmente no que se refere às ações educativas.

A prevenção secundária do câncer de colo-uterino é realizada por meio do

exame de Papanicolaou, criado em 1940 pelo médico George Papanicolaou, o qual

definiu a classificação diagnóstica citológica cérvico-vaginal, substituída em 1988

pelo sistema de classificação de Bethesda.15,16 Atualmente as denominações

colpocitologia e citologia oncótica são usadas para o exame de Papanicolaou e as

nomenclaturas de Bethesda para classificação do seu resultado, como pode ser

visto no quadro 1.

Page 20: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

19

Fonte: National Cancer Institute - 1989

Quadro 1 - Classificação citológica pelo Papanicolaou (1943) e Sistema Bethesda (2001)15

A citologia oncótica (CO) é o método mais difundido mundialmente no

rastreamento da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) ou lesões precursoras, que

são tratáveis e curáveis. É apontado internacionalmente como o instrumento mais

adequado, sensível, de baixo custo, rápido e de fácil acesso.1,17

Pode-se afirmar que a detecção precoce das lesões precursoras da neoplasia

cervical e sua erradicação é o que efetivamente contribuirá para a diminuição dos

altos índices do câncer de colo invasivo, evitando altos custos hospitalares, com

longas internações, cirurgias, rádio e quimioterapia, cujas despesas são financiadas

pelo serviço público para população, principalmente a de baixa renda, que, muitas

vezes, não consegue o tratamento ou está impossibilitada de arcar financeiramente

com ele.18

Frente à relevância do exposto e à observação empírica do aumento da

frequência de casos sugestivos para o HPV, na unidade onde atuo, bem como à

ausência de controle sistematizado destes casos, algumas perguntas começaram a

me inquietar. Qual será a prevalência desta infecção na população feminina

atendida no município? Como é realizado o sistema de controle dos casos? Qual

tem sido a atuação do enfermeiro e sua contribuição efetiva no controle desta

doença?

Papanicolaou (1943) Bethesda ( 2001)

Classe I Normal

Classe II Alterações reparativas

Classe III (NIC I/II/III) LSIL ( Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau) HSIL ( Lesão intraepitelial escamosa de alto grau)

Classe IV (CA in situ)

Classe V Câncer

ASC-US = Células escamosas atípicas de significado indeterminado. ASC-H = Células escamosas atípicas não podem afastar HSIL. AGS = Células glandulares atípicas.

Page 21: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

20

A busca de respostas para estas questões e a importância do assunto no

controle da saúde da mulher foram os motivadores para o desenvolvimento desta

pesquisa.

Os resultados deverão subsidiar intervenções diretas na população feminina

e indireta no staff da administração municipal de saúde para o estabelecimento de

ações conjuntas no controle desta doença e, consequentemente, da

morbimortalidade das mulheres.

1. 1 Revisão da Literatura 1.1.1 Aspectos gerais do HPV

O Papilomavírus humano é considerado o principal fator de risco para o

câncer cérvico uterino.8,19 Trata-se de um vírus de transmissão usualmente sexual,

atinge homens e mulheres, tem sido abordado como doença sexualmente

transmissível (DST)14 e, por isso, tem preocupado os órgãos ligados ao controle da

saúde da população brasileira, pela alta prevalência do vírus. Estima-se que 50 a

75% da população ativa sexualmente, em algum momento de sua vida, entrarão em

contato com um ou mais tipos de HPV.7,14

O HPV é um DNA – vírus, do grupo papilomavírus, atualmente com mais de

100 tipos reconhecidos, dentre os quais 20 podem infectar o trato genital. São

constituídos por genes que codificam proteínas do tipo oncogênicas e são divididos

em dois (2) grupos, de acordo com seu poder de oncogenicidade, 14,19 como mostra

o quadro abaixo:

Page 22: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

21

Fonte: Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis DST – 2006

Quadro 2: Associação de subtipos de HPV e doenças neoplásicas e seus

precursores.14

Em dois estudos20,21 realizados no Brasil, com o objetivo de identificar os tipos

de HPVs mais prevalentes, observou-se na população feminina de Porto Alegre que

17,8% eram positivos para o HPV 16, e 5,5% para o HPV 18; em Minas Gerais

encontraram-se 20% para o tipo 16, e 6,7% para o 18. Nota-se que o HPV 16 em

ambos os estudos foi o mais predominante, seguido pelo HPV 18, confirmando

achados da literatura, que apontam serem estes os tipos mais frequentes, de maior

poder de oncogenicidade e relação com o câncer cérvico-uterino.14

1.1.2 Aspectos clínicos na mulher

A maioria das infecções por HPV são assintomáticas. Na presença de lesões,

apresentam-se sob a forma de papulas (elevações da pele) as quais, ao se

fundirem, formam massas vegetantes de tamanhos variáveis, com aspecto de

couve-flor, conhecidas como condilomas acuminados, verrugas genitais ou crista de

galo, definindo a forma clínica ou macroscópica. A vulva, o períneo, a vagina e o

colo do útero são os locais mais acometidos pelas lesões.14 ( figura 3).

Classificação

Tipos de HPV

Baixo risco: Estão associados às infecções benignas

como o condiloma acuminado ou plano e lesões intra-

epiteliais de baixo grau. Estão presentes na maioria

das infecções clinicamente aparentes (verrugas

genitais visíveis) e podem aparecer na vulva, colo

uterino, na vagina, no pênis, no escroto, na uretra e no

ânus.

6,11,42,43 e 44

Alto risco: possuem alta correlação com lesões

intraepiteliais de baixo grau e carcinomas do colo

uterino, da vulva, do ânus e do pênis (raro).

16,18,31,33,35,39,45,46,

51,52,56,58,59 e 68

Page 23: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

22

A forma subclínica ou microscópica acomete mais o colo uterino e o

diagnóstico, quase sempre, é realizado de forma indireta pela observação de áreas

que se tornam brancas com a aplicação do ácido acético a 5% ( ATA), visão

viabilizada pelas lentes de um colpocóspio e que, biopsiadas, revelam alterações

citológicas compatíveis com infecção pelo HPV,14 como mostra a figura 4.

Fonte: www.aids.gov.br22 Figura 3. Lesão HPV vulva e vagina Figura 4. Lesão HPV colo útero

1.1.3 Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico do HPV é basicamente clínico, podendo ser confirmado por

biópsia, indicada em casos de dúvida do diagnóstico, suspeita de neoplasia, lesões

que não respondem ao tratamento e aumentam de tamanho durante ou após o

tratamento, e em caso de paciente imunodeficiente.

Quando se tratar de lesões cervicais, subclínicas, geralmente utiliza-se para

sua detecção a citologia oncótica e, posteriormente, estas lesões devem ser

avaliadas pela colposcopia, teste de Schiller (iodo) e biópsias dirigidas9.

O diagnóstico definitivo da infecção pelo HPV é feito pela identificação da

presença do DNA viral por meio de testes de hibridização molecular (hibridização in

situ, PCR,Captura Híbrida II).14

Observa-se que, no colo uterino, as alterações celulares causadas pelo HPV

têm o mesmo significado clínico que as observadas nas displasias leves ou

neoplasias intraepiteliais de grau I. Juntas constituem a lesão intraepitelial escamosa

Page 24: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

23

de baixo grau (Low Grade Squamous Intraepithelial Lesion – LSIL), com grande

chance de regressão sem tratamento.

Existem outros testes que identificam vários tipos de HPV, mas não há

evidências suficientes de seu valor na prática clínica e as decisões quanto a

condutas clínicas não devem ser tomadas com base nesses testes, mas sim

baseadas nas alterações celulares observadas pela citologia oncológica. Assim não

é recomendável, na rotina, o rastreio de infecção subclínica pelo HPV.14

O principal objetivo do tratamento da infecção pelo HPV é a remoção das

lesões condilomatosas, o que possibilita a cura da maioria dos pacientes. Nenhuma

evidência indica que os tratamentos disponíveis erradicam ou afetam a história da

infecção natural do HPV, no entanto diversas são as formas de tratamento das

lesões do HPV14, como:

• Podofilina 10-25% em solução alcoólica ou em tintura de benjoim, com ação

antimitótica. Deve ser aplicada em cada verruga e deixar secar. Não deve ser usada

em gestantes.

• Ácido tricloroacético (ATA) a 80-90% em solução alcoólica possui ação cáustica,

promovendo a destruição das lesões pela coagulação química de seu conteúdo

protéico. Pode ser usado durante a gravidez. Para extensa área lesionada, deve ser

associado à exérese cirúrgica.

• Podofilotoxina 0,15% creme: indicada para autoaplicação, com ação anti- mitótica,

seu efeito máximo é alcançado entre 3 e 5 dias após a aplicação. É contraindicado

em crianças e gestantes.

• Imiquimod 5% creme, Imiquimod (imidazolquinolina) é indicado para uso tópico de

autoaplicação, age estimulando a produção local de interferon e outras citoquinas.

Após o uso, podem aparecer reações inflamatórias locais e não é recomendado

durante a gravidez. O tratamento é prolongado e de alto custo.

• Interferon age inibindo a multiplicação viral, celular e a proliferação epitelial. É

mais indicado no tratamento adjuvante em lesões recidivantes principalmente em

imunodeprimidos. O tratamento deve ser monitorado com hemograma e bioquímico.

Os efeitos colaterais como estado gripal (astenia , febre, calafrios , cefaléia , mialgia

e artralgia ) são comuns e o alto custo desta droga limita a sua utilização .

• Eletrocauterização ou Eletrocoagulação ou Eletrofulguração requer a utilização de

um eletrocautério e anestesia local para remoção de lesões isoladas. Não se aplica

Page 25: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

24

nas lesões vaginais, cervicais e anais, devido à possibilidade de necrose tecidual e

estenose em estruturas tubulares, como canal anal e vaginal.

• Criocauterização ou Crioterapia ou Criocoagulação sua utilização requer dispositivo

metálico (criocautério) que por meio de resfriamento com CO2, promove citólise

térmica, eliminando as lesões verrugosas. É útil quando se tratar de poucas lesões

ou nas lesões muito ceratinizadas.

• Vaporização a LASER pode ser empregada em ambulatório com anestesia local e

apresenta bons resultados em lesões vulvares, principalmente no tratamento de

lesões em áreas de difícil manejo por outros métodos como, por exemplo, lesões em

fórnices e nas pregas vaginais. O fator limitante quanto ao seu uso é o alto custo do

equipamento.

• Exérese cirúrgica indicada nos casos de poucas lesões e quando há a

necessidade de exame histopatológico do espécime. Os condilomas são retirados

por meio de uma incisão e a hemostasia pode ser obtida por eletrocoagulação. Na

presença de lesão vegetante no colo uterino, deve-se afastar a possibilidade de

tratar se de uma neoplasia intraepitelial, antes do início do tratamento por esta

modalidade. Essas pacientes devem ser encaminhadas a um serviço de colposcopia

para diagnóstico diferencial.

A opção do tratamento sofre influência de fatores como: tamanho, número,

local e morfologia da lesão, além de preferência do paciente, disponibilidade de

recursos, conveniência, efeitos adversos, habilidade técnica do profissional e

principalmente custo. Em geral, as lesões condilomatosas localizadas em

superfícies úmidas e/ou nas áreas intertriginosas respondem melhor à terapêutica

tópica (ATA, podofilina) do que as localizadas em superfícies secas. A escolha da

terapêutica deve ser reavaliada, quando um paciente não apresentar melhora com

três aplicações ou após seis sessões com persistência das verrugas.14

A rede básica, do município em estudo, conta somente com o tratamento por

meio do ácido tricloroacético (ATA) e eletrocauterização, e para o diagnóstico da

sugestividade do HPV, citologia oncótica e quando indicado, a colposcopia, o teste

de Schiller (iodo) e biópsias dirigidas.

No contexto da prevenção primária, o Brasil já dispõe de vacinas para prevenir

a infecção pelo HPV, porém não disponíveis, até o momento, para a rede básica de

saúde.

Page 26: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

25

A Vacina Quadrivalente contra o HPV é indicada em mulheres entre 9 e 26

anos de idade e protege contra quatro tipos do vírus: 6, 11, 16 e 18, que são

responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo de útero e por 90% das verrugas

genitais.13

A incorporação da vacina no calendário anual de imunização resultará em um

novo investimento orçamentário pelo SUS, custo que implicará um processo de

negociação com os laboratórios, em relação ao custo-benefício, considerando que

o tratamento completo por pessoa custará cerca de R$ 820,00 e durará 6 meses.13

É fundamental estudar a possibilidade de desenvolvimento de métodos de

produção e distribuição da vacina e ter claro que a adoção da vacina não substituirá

a realização rotineira do exame CO. Trata-se de mais uma estratégia possível para o

enfrentamento do problema.13

Resultados de dois estudos 23,24 clínicos demonstraram que o uso de vacina

profilática contra o HPV otimizará a redução desta infecção e, consequentemente,

da neoplasia associada ao câncer cérvico-uterino. Reforçam a necessidade de

estudos futuros que possam responder a questões como duração da proteção e

idade adequada de vacinação25, bem como sua viabilização como mais uma

estratégia de prevenção à saúde da mulher.

Alguns autores26,27,28 alertam, também, para a necessidade de pesquisas para

a avaliação da eficácia da vacinação ser estendida ao sexo masculino, uma vez que

o HPV atualmente é abordado como uma DST14, o que contribuiria para a reduzir a

exposição da população sexualmente ativa a esta infecção, bem como, proteger a

mulher desta principal causa do câncer cervico-uterino.

Neste contexto é necessário que os profissionais da saúde ao identificar um

paciente de risco para DST, seja ele homem ou mulher, iniciem a etapa do

diagnóstico, com exame físico direcionado para lesões clínicas do HPV, pesquisa

laboratorial de VDRL, hepatites, HIV e aconselhamento quanto à prática do sexo

seguro para posteriormente implementar as etapas seguintes de tratamento e

diagnóstico, como proposto pelo Ministério da Saúde14.

Para a efetividade do tratamento e controle da infecção pelo HPV, é

imprescindível que os profissionais de saúde tenham clareza de que se trata de

doença sexualmente transmissível e que as mulheres infectadas bem como seus

parceiros, merecem a mesma atenção quanto ao diagnóstico, tratamento e

seguimento.

Page 27: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

26

1.2. Contextualização da Política Nacional de Controle do Câncer para Mulher

No Brasil, a saúde da mulher só foi incorporada às políticas públicas

nacionais nas primeiras décadas do século XX, por meio da contribuição dos

movimentos feministas, os quais lutavam pela igualdade nas condições de vida e

nas relações entre homens e mulheres.29

O Ministério da Saúde, em 1984, amplia a assistência à saúde da mulher

para todo seu ciclo de vida. Além dos cuidados no ciclo gravídico-puerperal, passa a

englobar ginecologia, climatério, planejamento familiar, DST, violência sexual,

câncer de mama e colo cérvico-uterino por meio do Programa de Assistência

Integral à Saúde da Mulher (PAISM).30

O PAISM, assegurado por diretrizes e princípios do SUS como universalidade,

integralidade, descentralização, hierarquização, regionalização etc, elege prioridades

assistenciais, dentre elas, o controle do câncer ginecológico na população feminina

com o Programa Nacional de Controle do Câncer.30

O Instituto Nacional de Câncer ( INCA) aponta o câncer cérvico-uterino e o

câncer de mama como os mais frequentes entre as mulheres brasileiras e causa

de morte de muitas delas, em suas estimativas anuais. Constatou que apenas a

inserção do exame preventivo, citologia oncótica (CO) nas rotinas de saúde, não era

suficiente para causar impacto no perfil de incidência e mortalidade causadas pela

doença. Tornou-se imperativo organizar e articular ações, em todo o território

nacional, para motivar as mulheres mais vulneráveis à doença e preparar uma rede

quantitativa e qualitativamente capacitada para a realização do exame, oferecendo

encaminhamento adequado àquelas com positividade nos seus exames.19

Em setembro de 1995, o Governo Federal, durante a VI Conferência Mundial

sobre a Mulher, realizada na China, e o Instituto Nacional de Câncer reconheceram

a necessidade de propor um programa de âmbito nacional visando ao controle do

câncer de colo de útero no Brasil. Este programa, após estudo piloto, passou a

subsidiar o Programa Nacional de Controle do Câncer ( PNCC) para Colo do Útero

e recebeu o nome de Programa Viva Mulher.19 Este Programa consiste no

desenvolvimento e na prática de estratégias que reduzam a mortalidade e as

repercussões físicas, psíquicas e sociais do câncer do colo uterino e de mama, por

meio de uma ação conjunta entre o Ministério da Saúde e todos os 26 Estados

Page 28: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

27

brasileiros, além do Distrito Federal. São oferecidos serviços de prevenção e

detecção precoce em estágios iniciais da doença, assim como tratamento e

reabilitação, em todo o território nacional.19

O PNCC do Colo do Útero conta com ações contínuas em todos os Estados,

desde agosto de1998, quando o Ministério da Saúde iniciou uma ação nacional,

dirigida às mulheres de 35 a 49 anos de idade para comparecerem aos serviços de

saúde e realizar o exame citologia oncótica. Para gerenciar toda a informação deste

programa criou o Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero

(SISCOLO)19,31

O fluxo de operacionalização do SISCOLO consiste em receber,

mensalmente, dos laboratórios conveniados com as prefeituras municipais, os

arquivos com os resultados dos exames (citologia oncótica e histopatológico)

coletados pelos serviços de saúde. Esses dados são passados para a base do

sistema, que armazena somente os exames alterados.31

No arquivo, chamado registro de seguimento, as mulheres que apresentarem

exames alterados são automaticamente cadastradas. Os serviços de saúde devem

realizar o acompanhamento das mulheres com exames de CO alterados e informar

sobre os encaminhamentos, preenchendo o formulário “Informações de

pacientes”que é encaminhado ao SISCOLO. Os serviços de saúde que não

enviarem as fichas de seguimento receberão o relatório “seguimento e busca ativa”

para informar a situação atual das mulheres com exames alterados.31

A criação desta base de dados é fundamental para o seguimento e controle

do câncer cérvico-uterino.31 Ressalta-se, entretanto que a digitação dos dados dos

formulários relacionados ao seguimento não está ocorrendo, no município foco deste

estudo, fato que impossibilita um sistema seguro e eficiente no controle e

seguimento das mulheres com exames alterados.

O Ministério da Saúde com a preocupação de evitar dúvidas aos profissionais

de saúde, definiu o significado do termo seguimento...

[ ir atrás, acompanhar; observar a evolução; aderir a; continuar;

prosseguir...salienta que esta definição traz o conceito de adesão

que significa ato de aderir; aderência; acordo; concordância...¨]19

Assim sendo, os profissionais devem estar atentos às questões que possam

interferir na adesão das clientes às consultas agendadas e ao tratamento proposto.

Entretanto, a maioria dos casos de não adesão é decorrente de fatores facilmente

Page 29: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

28

controláveis, como adequar a forma de acolhimento da usuária na unidade,

estabelecer uma relação de comunicação e confiança entre profissional / paciente,

reorganizar a rede de serviço disponível à população, de referência ou contra

referência. Os problemas da não adesão precisam ser identificados, resolvidos e

eliminados pelos profissionais da saúde, em especial o enfermeiro que diariamente

vivencia este transtorno na sua prática diária. É importante reforçar que a adesão ás

condutas de seguimento e de vigilância recomendadas é de responsabilidade de

todos os envolvidos, ou seja, do paciente ao tratamento ou conduta recomendada,

da unidade e do profissional.19

Como já referido, o SISCOLO não está efetivamente implantado no município

em estudo e no estado como um todo, porém, as ações de rastreamento e busca

ativa das mulheres que apresentam risco devem ocorrer de qualquer forma. Assim, é

de responsabilidade dos profissionais, que militam na atenção básica, a busca e o

seguimento dos casos de exames alterados, em qualquer nível de complexidade.

É necessário compreender também o termo rastreamento, que significa

realizar o exame preventivo de CO, em mulheres sem os sintomas da doença, com o

objetivo de identificar aquelas que possam apresentá-lo em fase muito inicial,

quando o tratamento pode ser mais eficaz. Considera-se o rastreamento a principal

estratégia na detecção precoce desta doença.19

Os profissionais da saúde, envolvidos diretamente no controle do câncer

cérvico-uterino, são orientados por protocolos disponibilizados pelo INCA e

Ministério da Saúde (MS) à rede básica de saúde, para estabelecer, com evidências

em bases científicas, condutas de acordo com os recursos disponíveis no Sistema

Único de Saúde (SUS)5,18

Idealmente, a mulher que chega à Unidade de Saúde desejosa de fazer o

exame de citologia oncótica do colo do útero deve ter acesso a esse exame no

mesmo dia. Caso contrário, uma data conveniente para ela deve ser marcada no

menor período de tempo, assim como devem ser dadas orientações sobre os

cuidados a serem tomados antes da realização do exame e informá-la sobre a

importância do resultado, dando início ao fluxo proposto pelo ¨Programa de

Detecção Precoce do Câncer do Colo do Útero.19

Neste contexto, é importante que cada Unidade de Saúde articule

mecanismos que possam garantir o atendimento ágil e efetivo das mulheres com

real necessidade de diagnóstico, tratamento e acompanhamento, sem espera em

Page 30: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

29

longas filas. É indispensável, também, que os profissionais envolvidos nesta questão

estejam capacitados e autorizados a seguir rigorosamente as condutas previamente

estabelecidas nos protocolos.1, 3,18

Considerando a importância da atuação do enfermeiro, não só na coleta do

exame, mas também na identificação de problemas ginecológicos benignos, como a

síndrome do corrimento vaginal, responsável por aproximadamente 70% das

queixas relatadas nas consultas ginecológicas, o MS propõe um protocolo para

Consulta de Enfermagem.5 Este protocolo permite ao enfermeiro orientar a

medicação conforme a alteração do exame, providenciar o agendamento para uma

avaliação médica, colposcopia ou outros procedimentos, direcionando a paciente

aos serviços de referência.5,19

Fonte: Ministério da Saúde/FOSP- 2005

Figura 5. Protocolo de consulta de enfermagem/MS

O protocolo de Consulta de Enfermagem da FOSP/MS5 (Figura 5) permite ao

enfermeiro condutas que podem agilizar o tratamento nos casos de identificação de

alteração no estado de saúde das usuárias. A implementação da consulta inicia-se

com o registro do resultado do exame de citologia oncótica no livro padrão ( livro

Page 31: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

30

preto, para controle dos exames coletados) o qual é sugerido como instrumento a

ser utilizado, também, como medida para controle do seguimento das mulheres com

alterações nos exames, em serviços que não contam com o recurso da

informatização.

O Ministério sugere o livro controle, com registro padronizado de dados, ou

seja, dados de identificação da cliente, da lâmina, do resultado do exame, da busca

ativa e seguimento do tratamento das mulheres com exames alterados.19

Entretanto, esta estratégia é pouco utilizada na íntegra nos serviços de saúde,

inviabilizando o processo de controle e seguimento dos casos de doença cérvico-

uterina.

É importante enfatizar que os benefícios da prevenção de câncer de colo

cérvico-uterino só serão alcançados na medida em que a população rastreada siga

as recomendações pertinentes aos diagnósticos encontrados e que o seguimento

das mulheres com lesões de baixo grau, lesões de alto grau, carcinomas ou

adenocarcinomas, seja efetivado pelo serviço de saúde que deve cumprir sua

responsabilidade no acompanhamento das mulheres até o desfecho final do

tratamento. Sendo assim, é fundamental que os gestores de saúde articulem um

sistema eficiente de referência e contrarreferência que facilite o acesso da mulher

aos recursos necessários, assim como seu seguimento.3,19

O PSF (Programa Saúde da Família), atualmente denominado Estratégia de

Saúde da Família (ESP), é um projeto dinamizador do SUS. Iniciado em 1994,

concebido como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial brasileiro, é

operacionalizado mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades

básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um

número definido de famílias, cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias,

localizadas em uma área geográfica delimitada32

As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção,

recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção

da saúde desta comunidade. As equipes são compostas, no mínimo, por um médico

de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de

saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de

saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se como

porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde por ter

território definido, uma população delimitada sob a sua responsabilidade; por intervir

Page 32: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

31

sobre os fatores de riscos aos quais as comunidades estão expostas; por prestar

assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de

educação, promoção da saúde e estabelecer vínculos de compromisso e de

corresponsabilidade com a população. Também, as equipes agilizam a identificação

e o atendimento aos problemas da saúde da mulher, sua família e comunidade,

dinamizando, desta forma, o atendimento aos cliente assistidos32.

Neste contexto ao se tratar da população feminina a equipe deve iniciar, em

curto espaço de tempo, o fluxo de detecção precoce de agravos a saúde da mulher,

como o câncer cérvico-uterino e fatores de riscos a que estão expostas.

O município, cenário deste estudo, desde 2005, conta com uma rede básica

de saúde constituída por 23 unidades, e em 13 (treze) unidades está implantado o

PSF.

Atualmente, no município em estudo, a estratégia adotada para o controle do

câncer do colo cérvico-uterino é implementada por meio de um protocolo (Figuras 6

e 7) 33,34 criado pelos coordenadores do PSF ( médico e enfermeiro), utilizado em

toda a rede básica de saúde. Os protocolos institucionais foram elaborados com

base nas diretrizes do MS e simplificados, a fim de agilizar o atendimento à

população feminina local.

O protocolo (Figura 6) estabelece condutas direcionadas ao enfermeiro que,

nos casos de vulvovaginites, orienta e prescreve medicamento específico, conforme

as alterações identificadas durante a realização do exame especular para coleta da

citologia oncótica, dinamizando desta forma o início do tratamento.

Quanto ao resultado do exame de citologia, o protocolo (Figura 7) permite ao

enfermeiro agilizar o agendamento da consulta médica para colposcopia quando

necessário.

Faz necessário comentar que a revisão e atualização dos protocolos

institucionais são fundamentais, a fim de possibilitar condutas mais efetivas e

atualizadas, visto a rapidez da evolução da ciência e que atualmente a infecção pelo

HPV é abordada como uma DST. Portanto é primordial que os enfermeiros do

município em estudo realizem a inclusão de condutas para o parceiro das mulheres

portadoras do HPV e dediquem atenção aos protocolos ( Figura 6 e 7) uma vez que

foram elaborados no ano de 2004.

Page 33: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

32

Fonte: Secretaria Saúde Município Cotia – Programa Saúde da Mulher- 2006

Figura 6. Protocolo de atendimento do enfermeiro no Programa de Saúde da Mulher

ao exame especular e ou Papanicolaou.

Observar a QUANTIDADE de secreção ao exame especular no momento da colheita do Papa.

Pouca ou quase Nenhuma

Aguardar resultado do Papanicolaou

Muita Média Sem queixa especifica de corrimento

Orientar lavagens vaginais com água em dias alternados, por uma semana

Com queixa especifica de corrimento

Observar aspecto da secreção ao exame especular no momento da colheita do Papanicolaou

Branco, grumoso, associado a prurido intenso

Profuso, liquido, amarelo-esverdeado, com pequenas bolhas de ar

Branco, fluido, aderente às paredes vaginais, com ardor e prurido

Provável CANDIDÍASE

Provável TRICOMONÍASE

Provável VAGINOSE ( Gardnerella vaginalis)

NISTATINA, creme vaginal, aplicar diáriamente por dez dias

Metronidazol, creme vaginal, uma aplicação diária por uma semana

Marcar retorno com o médico para os casos em que se institui o tratamento no momento da colheita do exame, preferencialmente já com resultado do Papanicolaou.

Page 34: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

33

Fonte: Secretaria Saúde Município Cotia – Programa Saúde da Mulher- 2006.

Figura 7. Protocolo para otimizar o atendimento à mulher no resultado do

Papanicolaou.

A elaboração e implementação de protocolos assistenciais é importante para

os serviços de saúde, pois orientam os profissionais de modo a manter um sistema

de assistência à saúde ágil e eficaz, uma vez que enfermeiros e médicos das

unidades de saúde (PSF) nem sempre são especialistas e possuem domínio na

interpretação dos resultados dos exames, como os de citologia oncótica, dificultando

a agilidade no processo de controle do câncer cérvico-uterino e de seus

precursores.

1.3 Papel do Enfermeiro

A intervenção eficiente do enfermeiro, no que diz respeito à prevenção da

doença, pode mudar o panorama referente às taxas de morbimortalidade por câncer

cérvico-uterino. Assim, o enfermeiro deve manter ações sistematizadas, quanto às

Resultados em que constem as palavras ATIPIA, DISPLASIA OU CARCINOMA devem ter a paciente CONVOCADA para consulta eventual o mais rápido possível, para encaminhamento a colposcopia/biópsia, independente da coexistência de gravidez. AMOSTRA limitada por esfregaço purulento – considerar os outros dados associados. FLORA : Lactobacilos- (ou Doêderlein) – flora protetora da vagina, não medicar. Candida – tratar localmente com Nistatina ou miconazol, por 10 dias. Tricomonas- Metronidazol tópico por 10 dias mais Metronidazol ou Tinidazol 2g VO em dose única para a paciente e seu parceiro. Gardnerella, Bacilos e Cocos - Metronidazol tópico por 10 dias. ALTERAÇÕES: Metaplasia escamosa, inflamação, alterações reparativas – representam reações normais do processo de cicatrização. OBSERVAÇÕES: Sugere-se colposcopia - pedir colposcopia. Sugere-se tratar e repetir - tratar e repetir.

Os resultados de Papanicolaou chegam às UBS. A Enfermeira checa os resultados e separa os exames em duas

categorias: os que precisam ser medicados e os que não precisam ser medicados, seguindo os critérios abaixo:

Page 35: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

34

medidas de controle e seguimento das mulheres com resultados de exames

colpocitológicos alterados, empreendendo busca ativa e acompanhamento do

tratamento dessas mulheres.

Neste contexto, o enfermeiro também deve atuar com medidas educativas,

abordando com as mulheres o que é o exame, como é feito, a periodicidade com

que deve ser realizado e os riscos envolvidos na não adesão da população feminina

a esta prática.

Os enfermeiros têm papel fundamental no combate e controle do câncer

cérvico-uterino, Sua contribuição na detecção dos fatores de risco, no diagnóstico

precoce e na viabilização do tratamento imediato quando do diagnóstico são

fundamentais para aumentar a possibilidade de cura, bem como melhorar a

qualidade de vida e a sobrevida das mulheres diminuindo, assim, a mortalidade

feminina.35

Nas Unidades Básicas de Saúde, observa-se que a atuação do enfermeiro

nas ações de prevenção e controle do câncer cérvico-uterino ainda não é

satisfatória, pois não ocorre de forma completa. Há locais onde os enfermeiros são

responsáveis somente pela coleta do exame de citologia oncótica e não realizam o

seguimento das mulheres com exames alterados. Sabe-se, porém, que, além da

competência técnica para coleta do exame preventivo, é também de sua

responsabilidade o acompanhamento das mulheres nas etapas subsequentes.3,5

A coleta da Citologia Oncótica, incorporada como uma atividade diária na

prática do enfermeiro, devidamente capacitado, colabora com a ampliação da oferta

de exames sem perda da qualidade. Muito pelo contrário, a Fundação Oncocentro

de São Paulo,5 por meio de levantamento estatístico, referente à adequabilidade dos

esfregaços, revela que as coletas realizadas pela enfermagem demonstraram um

alto grau de confiabilidade.

A proposta do programa nacional do controle do câncer cérvico-uterino

centraliza-se nas medidas educativas, sejam elas primárias ou secundárias, exigindo

dos profissionais da saúde o papel de educador.

O enfermeiro, dentro da equipe multiprofissional, sendo um dos agentes de

educação para a saúde, deve atuar com o objetivo de integrar o paciente, a família e

a comunidade em favor da promoção da saúde, sem perder, em nenhum momento

de sua interação, a oportunidade de orientar sobre os fatores de risco do câncer e

sobre as medidas de prevenção, agindo de modo integral e participativo. 17

Page 36: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

35

No contexto da prevenção primária, o enfermeiro pode contribuir muito no

processo de informação à população por meio de palestras educativas em que

sejam abordados temas como o câncer cérvico-uterino, as doenças sexualmente

transmissíveis (DSTs), seus fatores de riscos, prevenção e tratamento. Ao reforçar

as medidas de orientação para a prática do sexo seguro, divulga e conscientiza a

população quanto à importância do uso de preservativos de forma correta, tanto o

masculino quanto o feminino.1,17

O preservativo feminino é pouco divulgado, assim como seu uso é pouco

incentivado entre as mulheres, embora represente efetivamente uma barreira de

proteção tão importante quanto o dispositivo masculino, na diminuição do potencial

de risco das DSTs. Entretanto, percebe-se que a adesão ao uso de preservativos se

depara com inúmeras barreiras, como o desconhecimento da disponibilidade dos

preservativos em todas as Unidades Básicas de Saúde, gratuitamente; o sentimento

de vergonha para adquiri-los, reflexo de crenças e valores culturais; o

desconhecimento a respeito da doença, suas formas de prevenção e risco de

infecção; a falta de autonomia e poder de negociação sexual nas relações afetivo-

sexuais.1,17

Nas consultas de enfermagem, com o objetivo de diminuir a exposição da

mulher às infecções virais, como o HPV, o enfermeiro necessita abordar e orientar

sobre o estilo de vida sexual (uso de preservativos, sexo seguro, retardo do início da

vida sexual, sexo com parceiro único, enfatizando os riscos de câncer cérvico-

uterino e outras doenças sexualmente transmissíveis). 18

A promiscuidade sexual, a falta de higiene, a precocidade do início da vida

sexual, bem como a pobreza, a variedade de parceiros (tanto da mulher, como do

seu parceiro) estão relacionadas a maior risco de câncer de colo uterino. Portanto,

as orientações devem direcionar-se para o reforço e estimulação da adesão ao uso

de preservativo como barreira, assim como demonstrar a técnica correta para seu

uso, tanto do masculino como do feminino, e ensinar as estratégias de negociação

com os parceiros resistentes a esta prática.1,18

Esta realidade representa uma dificuldade a ser superada, pois representa um

forte componente para a disseminação da infecção pelo HPV, o que exige mudança

de comportamento em questões arraigadas e decorrentes da cultura.

Outro ponto fundamental na consulta de enfermagem é incluir a orientação

para vacinação, principalmente contra a hepatite. Além disto, é importante enfatizar

Page 37: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

36

a oferta pela rede pública de medidas para identificar outras DSTs (pesquisa de HIV,

hepatites, VDRL etc).

No desenvolvimento das ações educativas, principalmente na intervenção

primária,17,18 o enfermeiro, na sua rotina de atendimento à comunidade, necessita

atuar aconselhando para que a população esteja atenta à negação ao consumo do

tabaco, exigir o cumprimento da lei que proíbe fumar em ambientes fechados e

adesão às boas práticas quanto aos hábitos alimentares e de higiene pessoal.

Vale a pena ressaltar que estas atividades educativas não devem ficar

voltadas apenas ao campo individual. É necessário reforçar que cabe ao enfermeiro

planejar, executar e avaliar programas de promoção à saúde e de prevenção

primária do câncer cérvico-uterino e estendê-los para a comunidade e/ou grupos

sociais específicos.

Quanto a intervenções para a prevenção secundária,17 o enfermeiro

necessita manter orientação e divulgação do meio de rastreamento (screening),

disponível na rede pública. Sua responsabilidade, no controle do câncer cérvico-

uterino, vai além de sua competência técnica para a realização da coleta de exame

de citologia oncótica. São fundamentais planejar, executar e avaliar a efetividade

das ações da equipe de enfermagem no controle do câncer cérvico-uterino em todas

as suas etapas e, consequentemente, contribuir com as lideranças dos serviços em

que atuam, nas adequações das estruturas assistenciais necessárias ao

atendimento à saúde da mulher, e evidar esforços na definição e no

estabelecimento de estratégias efetivas e eficazes.17

As atividades educativas, tanto no contexto da prevenção primária como no da

secundária, necessitam estar pautadas na sensibilização das mulheres com vida

sexual ativa para a realização do exame e para a importância de se tornarem

agentes multiplicadores de informações; no esclarecimento de dúvidas para a

realização do exame e sobre o resultado; na utilização de linguagem simples com

técnicas de comunicação eficazes para alcançar as mulheres e sensibilizá-las para a

coleta; na divulgação de locais e horários de atendimento e locais do procedimento;

no estabelecimento de integração com instituições e grupos que já promovam

reuniões regulares, tais como Associações de moradores, Associações de

mulheres, Clubes de mães em escolas, Igrejas e outros, para a realização de

palestras e também para identificar lideranças comunitárias, objetivando a formação

de agentes multiplicadores das informações; na captação de mulheres nos Serviços

Page 38: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

37

de Saúde, por meio de reuniões em sala de espera, que atingirão mulheres de

outras clínicas. 17,18

As informações fornecidas pelo enfermeiro devem ser claras, com conteúdo

definido, esclarecedoras de dúvidas quanto ao exame de prevenção (CO), a razão

pela qual ele é feito,sua periodicidade considerando o contexto social, cultural,

familiar e religioso das mulheres, lembrando que o exame de citologia oncótica

depende da relação profissional-cliente, pois ele é constrangedor, traz uma série de

sentimentos ambíguos e gera tensão e insegurança, quanto ao procedimento e

resultado.17,18,36

As medidas educativas devem ser consideradas de alta relevância, já que

muitas mulheres, por seus valores e cultura, não reconhecem as medidas de

prevenção e detecção precoce do câncer. Estudos1,18,35 sobre a atitude das

mulheres brasileiras quanto à prevenção e o não atendimento aos programas de

captação mostram que as principais causas da resistência estariam relacionadas às

questões culturais; vergonha, medo da dor, religião, desconhecimento do exame e

local para realizá-lo, parceiros que não permitem que as mulheres compareçam para

realizar o exame preventivo. Observou-se, também como barreira, o medo "do

exame ser positivo" porque muitas mulheres que chegam a fazer o exame não

retornam para saber o resultado. Assim, as estratégias de captação das mulheres

para a realização do exame preventivo devem ser priorizadas e organizadas de

modo a garantir não só o atendimento, como também a entrega do resultado e o

seguimento das mulheres em todo o processo.17

O câncer do colo uterino é um dos tumores malignos que pode ser prevenido

e que, quando detectado precocemente, pode ser curado em praticamente 100%

dos casos. Apesar disto, continua sendo a segunda causa de morte por câncer no

sexo feminino em nosso país, superado apenas pelo câncer de mama. Isto ocorre

pelo fato de mais de 95% das mulheres brasileiras não se submeterem regularmente

ao exame preventivo do câncer do colo uterino ficando, assim à margem das ações

de prevenção e detecção precoce3,17,17

Os serviços necessitam preocupar-se em resgatar uma prática mais

humanizada dos profissionais, desenvolvendo a capacidade de interação, não só

com preparo técnico, mas também com intuição e sensibilidade, o que certamente

contribuirá para a qualidade do atendimento prestado à mulher, durante a realização

Page 39: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

38

do exame. A adesão da mulher ao programa preventivo continua sendo um desafio

para nós, profissionais de saúde. 36

O enfermeiro contribuirá no desafio de mudança do panorama epidemiológico

do câncer cérvico-uterino se conhecer a doença, seus fatores de riscos, as medidas

de promoção à saúde, prevenção, controle, tratamento e estiver comprometido com

a população.

A capacitação de enfermeiro para interpretar as alterações do exame de citologia

do câncer cérvico-uterino e para usar a técnica de coleta adequada possibilitará

tomada de condutas eficazes. Outro aspecto fundamental é seu preparo para

realizar o acolhimento adequado das mulheres nos serviços de saúde, o que

propiciará um elo de confiança entre profissional e cliente a fim de identificar hábitos

e fatores de riscos aos quais o indivíduo e a comunidade se encontram expostos,

contribuindo, de forma efetiva e eficaz, no controle dos precursores do câncer

cérvico-uterino.

Os protocolos institucionais devem contemplar ações voltadas ao controle e

seguimento das mulheres, principalmente o HPV, visto ser ele o principal fator de

risco para o câncer cérvico-uterino, infecção cujo ciclo de transmissão deve ser

interrompido. Sabe-se que a infecção pelo HPV é considerada uma DST e que no

homem, em sua forma subclínica, é assintomática, condição que lhe confere um

grande potencial de agente transmissor.14 O enfermeiro, ao reconhecer estas

condições, poderá estabelecer intervenções adequadas que permitam quebrar o

ciclo de transmissão. Desta forma, é importante despertar os enfermeiros para a

necessidade de inclusão do parceiro (a) nas suas ações de controle, por meio da

identificação da vulnerabilidade do casal à infecção pelo HPV, assim como a outras

DSTs.

O MS reconhecendo que os homens também estão expostos a agravos de

saúde que constituem e contribuem para sérios problemas de saúde pública

estabeleceu, há cerca de 2 anos, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde

do Homem,37 a qual, além de visar aos agravos de morbimortalidade da população

masculina, discute as questões socioculturais que contribuem para vulnerabilidade

dos homens às doenças. Afirma que a crença de invulnerabilidade pelos homens

deixa-os mais expostos a agravos evitáveis. Assim a não adoção de práticas

preventivas, decorrem concepção não desejada, risco de infecção pelo HIV/AIDS

e/ou HPV entre outras DSTs. O uso abusivo de álcool e outras drogas e o

Page 40: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

39

envolvimento com cenários de violência reafirmam a posição social viril do homem.

Muitos destes agravos podem ser evitados, desde que os homens aceitem sua

situação de vulnerabilidade às doenças e realizem, com regularidade, as medidas de

prevenção primária disponíveis na rede básica de saúde. É uma situação que

desafia os profissionais de saúde, uma vez que se trata de mudanças de atitudes,

comportamentos e de cultura por parte da população. 37

No que se refere a ações de atenção primária aos indivíduos com riscos a

DSTs, a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1991 introduziu a

¨abordagem sindrômica¨38 que consiste em orientações aos profissionais de saúde,

enfermeiros e médicos, quanto a condutas a serem tomadas. Na presença de

síndromes (úlceras, corrimentos, lesões clínicas por HPV) que podem ser

identificadas com o exame físico, preconiza-se iniciar a terapêutica medicamentosa,

aconselhar quanto à prática de sexo seguro , avaliar situações de risco, notificar o

setor de vigilância epidemiológica ,oferecer anti-HIV, VDRL, sorologia para hepatite

B e C e, sobretudo, que as orientações enfatizem a importância da adesão ao

tratamento e, ainda, da vacinação contra hepatite B para indivíduos abaixo de 30

anos. Estas ações necessitam se estender aos contatos sexuais de homens e

mulheres,14,38 a fim de identificar os indivíduos de risco, combater as DSTs e propor

medidas de controle mais eficazes. Medidas educativas de promoção à saúde e

prevenção de DSTs necessitam fazer parte da prática diária do enfermeiro.

Portanto, é fundamental que os enfermeiros identifiquem as barreiras

socioculturais e institucionais de sua clientela para contribuir na construção de

estratégias e medidas de intervenção que possam promover o acesso de homens e

mulheres aos serviços de atenção primária.

No contexto do seguimento e assistência à mulher portadora da infecção do

HPV, o estabelecimento de intervenções de enfermagem deve visar interromper a

transmissão da infecção, por meio de medidas de controle que permitam identificar

as portadoras, seus comunicantes e viabilizem o acesso ao serviço para tratamento

e seguimento impedindo a evolução da doença para o câncer cérvico-uterino.

Page 41: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

40

OBJETIVOS

Page 42: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

41

2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral - Descrever o sistema de controle e seguimento das mulheres submetidas

ao exame de Citologia Oncótica com alterações sugestivas de Papilomavirus

Humano (HPV), atendidas na rede básica de saúde de um município do

Estado de São Paulo.

2.2 Objetivos específicos - Conhecer os procedimentos realizados para: captação das mulheres para

realização da Citologia Oncótica, coleta do exame, entrega dos resultados,

busca ativa e seguimento no caso de alterações para o HPV.

- Verificar a prevalência do HPV nas mulheres atendidas, no ano de 2007, na

rede básica de saúde deste município.

Page 43: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

42

MÉTODO

Page 44: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

43

3. MÉTODO 3.1 Tipo e Local de Pesquisa

Trata-se de pesquisa descritiva exploratória, transversal e de campo com

abordagem quantitativa39 desenvolvida na rede básica de saúde de Cotia, município

do estado de São Paulo, com uma população de aproximadamente de 182.043

habitantes.40

A rede de saúde do município é composta por 1 Hospital Geral Regional, 3

unidades de pronto atendimento, 23 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo 13

caracterizadas como Programa Saúde da Família (PSF). A equipe de saúde de cada

Unidade Básica é composta por médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de

enfermagem, nas Unidades de PSF além destes profissionais atuam ,ainda os

Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Cada uma das Unidades Básicas de Saúde conta com um Enfermeiro

Responsável Técnico que coordena as atividades assistenciais de enfermagem e

administrativa da Unidade, em algumas existe apenas um enfermeiro que acumula,

as atividades de responsável técnico e demais atividades assistenciais.

Nas Unidades Básicas de Saúde, de modo geral, a rotina estabelecida para

captação das mulheres para realização do exame de detecção precoce do câncer

cérvico-uterino, citologia oncótica (CO), é realizada por meio da procura espontânea

da população feminina ou por solicitação médica.

No município, a mulher agenda a coleta do exame que pode ser realizado pelo

médico, enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem, uma vez que todos são

capacitados pela Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP). Após a coleta o

profissional preenche a requisição do exame e faz o lançamento em livro de

controle. Quando do retorno do resultado do exame para a unidade, o enfermeiro

analisa a necessidade da busca ativa da mulher, com base em alterações

encontradas no exame.

A busca ativa das mulheres que apresentam resultados alterados no exame

deve ser realizada por meio de convocação via telefônica e ou visita domiciliar.

Entretanto, no dia a dia, além de um rastreamento pouco efetivo, observam-se

falhas no controle e seguimento da clientela, com resultados alterados na citologia

Page 45: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

44

oncotica. Não há um controle efetivo do resultado das buscas e não se dispõe de

mecanismo de seguimento destas mulheres.

Nos casos em que o resultado do exame é sugestivo para o HPV a mulher

deve ser encaminhada para exame de colposcopia e tratamento médico.

3.2 População

A população deste estudo foi constituída pelos 22 enfermeiros,

coordenadores técnicos das Unidades Básicas ou de PSF da rede básica do

município em questão, que aceitaram participar da pesquisa assinando o Termo de

Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice A). Constituiu, ainda população da

pesquisa os 38 prontuários das mulheres cujos exames apontaram resultado

sugestivo de HPV.

O município conta com 23 Unidades de Saúde, mas apenas 22 foram

analisadas, sendo excluída a Unidade onde a pesquisadora atua, para evitar viés

dos resultados.

3.3 Coleta de dados 3.3.1 Instrumento de Coleta

Para a coleta de dados foi elaborado um instrumento estruturado com

questões fechadas (Apêndice B), com base nas ações preconizadas pelo Ministério

da Saúde 5,17 e Instituto Nacional do Câncer para o rastreamento do câncer cérvico-

uterino e o “ Programa Nacional do Controle do Câncer do Colo de Útero”.

O instrumento consta de cinco (5) partes. A parte I contém dados que

possibilitam identificar as Unidades de Saúde e seu coordenador técnico. A parte II é

composta por dados referentes à captação da mulher para a realização do exame e

dos procedimentos realizados na coleta da Citologia Oncótica. A parte III é

constituída por dados referentes ao controle dos resultados da Citologia Oncótica e

busca ativa, efetuados pela Unidade.

Page 46: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

45

A parte IV do instrumento permite verificar o seguimento dos casos

sugestivos de HPV no ano de 2007; identificar o número de casos de HPV, assim

como os resultados da busca ativa e as condutas adotadas no seguimento dos

casos e conclusão do tratamento. A última parte (V) permite registrar os casos

sugestivos de HPV identificados pela FOSP ( Fundação Oncocentro de São Paulo),

os casos identificados nas Unidades e a análise dos prontuários.

Para avaliar a clareza e a aplicabilidade do instrumento foi realizado um pré-

teste na Unidade do pesquisador, que não fez parte do estudo.

3.3.2. Procedimentos para Coleta dos dados

Os dados foram coletados, de fevereiro a maio de 2009, pela própria

pesquisadora, que realizou visita às Unidades de Saúde, ocasião em que entrevistou

o enfermeiro responsável técnico pelo serviço, sobre os procedimentos realizados

para o rastreamento e seguimento dos casos das mulheres, cujo resultados das CO,

demonstravam sugestividade de HPV. Nesse momento, explicou ao entrevistado os

objetivos do estudo, sua finalidade e a importância de sua participação. O

enfermeiro que aceitou participar da pesquisa assinou o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, (Apêndice A). Após a entrevista, a pesquisadora verificou in loco

o sistema de controle dos resultados do exame de citologia oncótica das clientes

(livro de controle) e analisou os prontuários das usuárias com resultado sugestivo de

HPV, no ano de 2007. Para a análise do seguimento e tratamento, considerou-se o

período de 2 anos.

A coleta dos dados para este estudo no que se referiu a entrevista com os

enfermeiros coordenadores foi efetuada em 2009, mas os casos analisados nos

prontuários referem-se ao ano de 2007. Esta defasagem de tempo foi proposital

para permitir o acompanhamento da evolução do tratamento da mulher e seu

desfecho que ocorre, de modo geral, em 2 anos. As visitas da pesquisadora as

unidades de saúde foram agendadas por telefone, com antecedência, a fim de evitar

imprevistos e interferir na dinâmica do serviço.

Para o cálculo da prevalência considera-se o número de casos ocorridos em um

determinado período do tempo, dividido pelo número total de indivíduos que

constituem a população em estudo, multiplicado por 100.41

Page 47: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

46

3.3.3 Procedimentos Éticos

Respeitando os preceitos éticos da Resolução 196/96, que trata de pesquisa

em seres humanos, o presente projeto foi submetido à apreciação e aprovação pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Guarulhos, Parecer N°131/2008

(Anexo B). Além disto, foi solicitada autorização formal ao Secretário Municipal de

Saúde do município, para a realização do estudo (Apêndice C). Todos os

enfermeiros que aceitaram integrar a amostra assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A) e receberam uma cópia do Termo.

Os dados individuais dos sujeitos não serão divulgados, preservando a privacidade

dos participantes da pesquisa e as unidades foram codificadas por meio de letras

do alfabeto, de A à V.

3.4. Análise dos dados Para tabulação dos dados coletados foi utilizado, os softwares: MSOffice

Excel versão 2003 e para a elaboração e edição de gráficos, tabelas e redação do

texto o MSOffice Word versão 2003.

Page 48: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

47

Resultados e Discussão

Page 49: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

48

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados estão apresentados na seqüência em que se encontram no

instrumento:

4.1 - Caracterização das Unidades de Saúde e de seus Coordenadores 4.2 - Captação das Mulheres e Coleta da Citologia Oncótica. 4.3 - Controle dos resultados do exame de Citologia Oncótica 4.4 - Prevalência de casos em 2007. 4.1 Caracterização das Unidades de Saúde e de seus Coordenadores.

Das vinte e duas Unidades do município analisadas treze (50,9%) estão

inseridas no Programa Saúde da Família (PSF) e nove (49,1%) são Unidades

Básicas de Saúde (UBS).

As 22 Unidades de assistência da Rede Básica de Saúde são coordenadas

por enfermeiros, que são responsáveis técnicos. Estes coordenadores são em sua

grande maioria (95,4%) do sexo feminino, o que condiz com o perfil feminino da

profissão.

No que se refere à formação, 12 coordenadores, ou seja (54,5%), têm curso

de especialização. O curso de pós-graduação “lato sensu” predominante entre os

enfermeiros é o de Saúde Pública , concluído por 25% deles, seguido pela

Enfermagem em Saúde Coletiva ou PSF (16,6%), Neonatologia (16,6%) e

Enfermagem Obstétrica (16,6%). As demais especialidades identificadas foram na

área de UTI, Urgência e Emergência, Acupuntura, Gerenciamento, Administração

Hospitalar, Pediatria, Enfermagem Médico-Cirúrgico e do Trabalho. Quanto à

formação “stricto sensu”, identificou-se que somente um enfermeiro (4,5%) tem o

título de mestre na área de Saúde Mental.

Quanto ao tempo de formado dos enfermeiros responsáveis, a média de anos

de conclusão da graduação foi de 9,27anos, com uma variação de 2 a 31 anos. A

média de tempo de atuação nas Unidades foi de 2,62 anos, com uma variação de 1

mês a 8 anos.

Page 50: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

49

Ressalta-se, entretanto que a enfermeira com atuação de 1 mês em uma das

UBS, já milita na rede básica do município há mais de 3 anos. Semelhança de

tempo também foi encontrada por estudo42 que investigou o perfil de trabalhadores

de Unidades de Saúde (UBS e PSF).

O mesmo estudo42 constatou que 37% dos enfermeiros que trabalham no

PSF têm pouco tempo de formação acadêmica, de 1 a 3 anos, e ressalta a

fragilidade no processo de contribuição destes profissionais no serviço. Destaca,

porém, que o desejo de busca constante de atualização de conhecimento desses

profissionais, pode proporcionar uma atuação mais motivada, criativa e inovadora.

É importante comentar que predomina na atenção básica do município o

profissional enfermeiro do sexo feminino (95%). Estudo 42 que traçou o perfil

sociodemográfico de trabalhadores da atenção básica encontrou resultado

semelhante, pois, em sua amostra, predominou também o sexo feminino,

representado por 81% dos trabalhadores.

Quanto à presença de especialistas, o mesmo estudo42 revelou que não

chega a 50% o percentual dos profissionais enfermeiros que têm especialização em

saúde pública e ou saúde coletiva/PSF. Há vários estudos42, 43,44,45,46 que

corroboram estes achados, pois também indicam um número inexpressivo de

profissionais com especialização atuantes na atenção básica e apontam um pouco

mais de um terço de profissionais com especialização. Destacam, ainda, que

enfermeiros com curso de especialista em PSF, são em número insuficiente, pelo

pouco tempo de existência da especialidade. Neste estudo,42 os autores, ao

investigarem as atividades desenvolvidas por enfermeiros atuantes no PSF,

constataram que grande parte destas atividades concentrou-se na assistência à

mulher. As atividades referentes a consultas de pré-natal 48%, 67% consultas de

puerpério, 45% são destinadas às mulheres não grávidas , 17% para coleta do

exame de citologia oncótica, entre outras. Este dado é importante para justificar a

necessidade de capacitação dos enfermeiros na saúde da mulher. No município em

estudo, observa-se que somente 16,6% dos enfermeiros têm especialização na área

da saúde da mulher, ou seja, em obstetrícia, o que indica que 83,4% dos

enfermeiros necessitam receber treinamento para a implementação do programa da

saúde da mulher com maior efetividade, visto que grande parte das atividades do dia

a dia do enfermeiro está voltada à população feminina.

Page 51: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

50

Neste contexto, diversos autores42,43 ,44 ,47,48,49,50 destacam a importância da

formação de recursos humanos especializados para a atenção básica, de modo a

capacitá-los na identificação dos problemas/necessidades de saúde dos indivíduos

ou da coletividade, a partir do conceito da determinação social do processo saúde-

doença, assim como prepará-los para intervenções adequadas e para

implementação efetiva e eficaz dos modelos assistenciais em Saúde Pública.

.

4.2 Captação das Mulheres e Coleta da Citologia Oncótica.

Na captação das mulheres na comunidade para realização da Citologia

Oncótica (CO), 54,6% dos enfermeiros das Unidades de Saúde afirmaram que têm a

preocupação de incentivar as mulheres para fazer o exame, enquanto 45,4% das

Unidades não demonstraram esta iniciativa. Observou-se que das 12 unidades

(54,6%) que declaram incentivar a realização do exame, 10 (45,4%) são unidades

de PSF e 2 (9,0%) são UBS. Na análise deste resultado, nota-se que as unidades de

PSF do município destacam-se das demais, fato que pode estar relacionado com a

proposta do modelo assistencial (PSF) que conta com a presença do ACS na

equipe, cuja contribuição é atuar diretamente na comunidade.

Estudo51 realizado em Campinas aponta que, no PSF, as ferramentas

utilizadas na assistência aproximam o usuário dos profissionais de saúde e

fortalecem o vínculo, facilitando o acesso ao serviço. Verifica-se, assim, que um

maior percentual de Unidades de PSF vem cumprindo seu objetivo de identificar as

necessidades de saúde das mulheres sob sua responsabilidade e confirma o

comportamento passivo das unidades básicas da região, neste aspecto.

A ampliação das unidades de PSF no município poderia representar um

impacto positivo no alcance de melhores resultados em saúde, uma vez que sua

implementação possibilita o resgate dos vínculos de compromisso e de

corresponsabilidade entre os serviços de saúde, os profissionais e a população. Esta

reorganização poderia garantir a oferta de serviços à população local e fortalecer os

princípios da universalidade, acessibilidade, integralidade e equidade do SUS.32,52

Estudo sobre a implantação do Programa da Família evidencia que o PSF, no

que se refere ao acesso aos serviços básicos de saúde, vem contribuindo para a

diminuição das iniquidades. Porém comenta que enfrenta uma série de desafios de

Page 52: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

51

ordem social, político, econômico institucional e cultural, materializados nas

deficiências de coordenação, gestão, financiamento e, principalmente, pela

manutenção das praticas médico-assistenciais conservadoras, tão presentes nos

serviços de saúde.53

O MS/INCA17,54 recomenda que a captação das mulheres para a prevenção

do câncer cérvico-uterino ocorra durante o acolhimento, consulta de enfermagem,

consultas médicas ginecológicas e, ainda, no comparecimento da mulher na unidade

de saúde por qualquer outra finalidade. O objetivo é não perder nenhuma

oportunidade de incentivar a mulher a realizar a CO.

Na Tabela 1, apresentada abaixo, estão as estratégias utilizadas pelas Unidades

para captação das mulheres para realizar a CO.

Page 53: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

52

Tabela 1 – Estratégias de captação das mulheres para o exame de Citologia Oncótica nas Unidades de Programa Saúde da Família e Básicas. Cotia -2009.

*PSF- Unidade de Programa de Saúde da Família. ** UBS- Unidade Básica de Saúde A Tabela 1 demonstra que as estratégias utilizadas para a captação das

mulheres para a CO variam consideravelmente de uma unidade para outra, não

havendo homogeneidade destas ações, nem mesmo entre as unidades de PSF. Há

unidades que recorrem a diversas estratégias, demonstrando grande empenho no

incentivo às mulheres para realização da CO e outras que restringem a captação de

mulheres ao pedido do médico durante a consulta.

Estratégias de captação *PSF N=13 **UBS N=9 Total N=22

n % n % n % Consulta médica + consulta de enfermagem + visita domiciliaria do Agente Comunitário de Saúde + visita do Enfermeiro + grupo educativo+ cartazes + campanha

1 7,7 - - 1 4,6

Consulta médica + consulta de enfermagem + visita domiciliaria do Agente Comunitário de Saúde +visita do enfermeiro + grupo educativo+ cartazes

1 7,7 - - 1 4,6

Consulta médica + consulta de enfermagem + grupos educativos + cartazes

1 7,7 - - 1 4,6

Consulta médica + consulta de enfermagem + visita domiciliaria do enfermeiro + grupos educativos

- - 1 11,2 1 4,6

Consulta médica +consulta de enfermagem + visita domiciliária do Agente Comunitário de Saúde + grupos educativos

2 15,4 - - 2 9,0

Consulta médica + consulta de enfermagem + visita domiciliaria do Agente Comunitário de Saúde ou visita do Enfermeiro

1 7,7 - - 1

4,6

Consulta médica + consulta de enfermagem + Visita domiciliaria do Agente Comunitário de Saúde 4 30,7 - - 4 18,1

Consulta médica + consulta de enfermagem + grupos educativos

- - 3 33,3 3 13,6

Consulta médica + consulta de enfermagem 2 15,4 3 33,3 5 22,7

Consulta médica +visita domiciliaria do Agente comunitário de Saúde

1 7,7 - - 1 4,6

Consulta médica - - 2 22,2 2 9,0

Total 13 100 9 100 22 100

Page 54: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

53

As unidades de PSF de modo geral empregam maior variedade de estratégias

do que as Unidades Básicas de Saúde. Entretanto, observa-se que somente uma

unidade de PSF (7,7%) utiliza todas as estratégias nesta captação. Das Unidades de

PSF, 30,7% limitam a ação para captar as mulheres por meio das consultas

médicas, consultas de enfermagem e visitas domiciliárias dos ACS.

Observa-se, ao considerar todas as unidades do município, que 22,7%

restringem suas ações de captação durante a consulta médica e de enfermagem,

revelando pobreza de estratégias empregadas pelo enfermeiro para incentivar as

mulheres na realização do exame de prevenção do câncer cérvico- uterino. Estes

resultados demonstram, ainda, que os enfermeiros não valorizam estratégias

simples como: cartazes, grupos educativos, palestras em escolas e ou em

associações de bairro, que poderiam auxiliar neste processo com a chance de levar

esclarecimentos a um número maior de mulheres e, consequentemente, a aumentar

a procura pelo exame de CO.

Autores55 recomendam ações e campanhas educativas na comunidade para

sensibilizar a população feminina sobre a importância do exame e aumentar a

adesão ao exame preventivo.

Ao considerar todos os recursos estratégicos preconizados pelo MS e o fato

de apenas uma Unidade empregar todas elas na captação das mulheres, conclui-se

que 95,4% das unidades perdem oportunidades para incentivar as mulheres a

realizarem o exame.

A captação da cliente para o exame é fundamental porque as mulheres, muitas

vezes, só procuram o serviço para realizar a CO quando já apresentam sintomas,55

condição que interfere no objetivo principal do programa de prevenção.

Os enfermeiros do município necessitam demandar maiores esforços para a

captação das mulheres ao exame de prevenção, visto que o índice de cobertura,

encontrado neste estudo, foi de 12,8%, para a população feminina entre 10 e 59

anos de idade. O cálculo da cobertura se dá pelo número de exames realizados em

um determinado período do tempo, dividido pelo número total de indivíduos que

constituem a população em estudo, multiplicado por 100. Neste estudo foram

considerados, para o cálculo os 9023 exames de CO56 realizados no município no

ano de 2007, dividido pelo total da população feminina na faixa etária de 10 a 59

anos, ou seja, 69.959 mulheres multiplicado por 100. O percentual encontrado está

Page 55: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

54

muito abaixo dos 80% recomendado pelo MS,19 condição que pode estar relacionada

ao processo deficiente de captação.

Ao considerar a faixa etária de 15 a 59 anos o índice de cobertura giraria em

torno de 14,8% percentuais, aquém também do recomendado.

Considerando que a metade da população feminina do município realize o

exame em convênio e serviços particulares, a cobertura pelo SUS representaria 25,8

% da população, o que ainda está muito aquém do desejável e o que,

evidentemente, não corresponde à realidade. A renda per capita do município é de

2,85 salários mínimos,57 condição que desfavorece a população quanto ao uso dos

serviços privados. A baixa cobertura do exame de CO identificada neste estudo

merece uma investigação mais aprofundada de maneira a caracterizar

adequadamente essa lacuna da assistência.

Estudo58 realizado em Santa Catarina apresenta resultado de baixa cobertura

para o exame preventivo do colo uterino e relaciona o achado à baixa produtividade

do serviço e deficiência no registro de informações. O mesmo estudo comenta

ainda, os problemas técnicos e gerencias que dificultam a melhoria da qualidade dos

serviços e a diminuição dos índices de morbimortalidade. Aponta também erros na

técnica de coleta e na realização de exames em mulheres com processos

inflamatórios agudos,assim como ausência de política bem definida para reduzir os

coeficientes de mortalidade por meio de maiores investimentos nas ações de

divulgação do Programa, sensibilização da população e disponibilização de serviços

de coleta descentralizados e próximos às comunidades.

Outro estudo,59 realizado em um município do sul do Brasil, demonstra que a

cobertura geral do exame foi de 80,7%, incluindo os serviços privados, convênios e

UBS e enfatiza a importância de ações para melhor adesão das mulheres ao exame

por meio da distribuição geográfica das UBS próximas à população, organização do

trabalho e atuação das equipes de saúde da família, em especial dos agentes

comunitários de saúde, com contato direto e frequente com a população de sua área

de atuação.

Page 56: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

55

Tabela 2 – Distribuição dos profissionais que realizam a coleta da Citologia Oncótica, nas Unidades de Programa de Saúde da Família e Básicas. Cotia -2009.

*PSF- Unidade de Programa de Saúde da Família. ** UBS- Unidade Básica de Saúde

Na análise da Tabela 2, nota-se que, em 40,9% das unidades, a coleta do

exame de CO é realizada exclusivamente pelo enfermeiro, e que, nas demais

Unidades, esta atividade é dividida com outros profissionais. Observa-se, ainda que,

em 63,5% dos serviços, a coleta é efetuada primordialmente pelos profissionais da

enfermagem, sejam eles enfermeiros, técnicos e ou auxiliares de enfermagem. Este

dado reforça a participação efetiva da enfermagem no programa de rastreamento do

câncer cérvico-uterino do município e confirma dados da literatura, que destacam a

contribuição da enfermagem neste processo. A atuação da enfermagem possibilita a

ampliação da oferta do exame à população feminina e tem demonstrado sua

importância na qualidade dos exames com adequabilidade dos esfregaços.5

Neste contexto, é importante ressaltar a importância de se manter um

programa de educação permanente no município para a capacitação dos

profissionais de enfermagem e para a realização da técnica correta de coleta da CO,

a fim de garantir a qualidade das amostras para análise e diagnóstico laboratorial.

Além do conhecimento técnico, faz-se necessário, também, a capacitação

dos enfermeiros tanto nas condutas a serem tomadas frente aos achados no

momento da coleta, como no domínio do significado das nomenclaturas utilizadas

nos laudos dos resultados dos exames citológicos e os fatores que estão associados

ao desenvolvimento do câncer cérvico-uterino. Este preparo permite que os

enfermeiros saibam diferenciar os tipos de lesões e possam encaminhar as

Profissional que colhe o exame *PSF N=13 **UBS N=9

Total N=22

n % n % n % Enfermeiro 6 46,2 3 33,3 9 40,9 Enfermeiro + médico 3 23,0 4 44,3 7 31,9 Enfermeiro + Técnico Enfermagem 2 15,4 2 9,0 Enfermeiro + Auxiliar de Enfermagem 2 15,4 2 9,0 Enfermeiro + Técnico de enfermagem + Auxiliar de Enfermagem 1 11,2 1 4,6 Enfermeiro + médico + Técnico de Enfermagem + Auxiliar de Enfermagem 1 11,2 1 4,6 Total 13 100 9 100 22 100

Page 57: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

56

pacientes para os serviços de contrarreferência e fornecer informações e

orientações sobre os métodos de prevenção e tratamento adequados.

A ausência e a precariedade de conhecimentos podem levar a orientações e

condutas equivocadas, trazendo prejuízo às ações de controle do câncer cérvico-

uterino e de seus fatores de riscos, como o HPV. 60

É importante ressaltar que as unidades básicas de saúde do município, sejam

elas de PSF ou UBS, contam, na sua maioria com apenas 01 enfermeiro no seu

quadro de pessoal, situação que interfere na qualidade da assistência, uma vez que

os enfermeiros têm, como responsabilidade, implementar todos os programas de

atenção à saúde, propostos pelo MS, ou seja, além do programa da saúde da

mulher, o enfermeiro implementa os programas de saúde do adulto, da criança, do

adolescente, do idoso, de vigilância epidemiológica e de imunização, entre outros.

Esta realidade leva ao questionamento: como é possível que somente um

profissional seja responsável pela viabilização de todos os programas?

Vários estudos47,61,62,63, comprovam que a situação de escassez de recursos

humano na rede básica de saúde é um dos fatores que inviabiliza a realização das

propostas dos programas de forma efetiva e eficaz. A locação de recursos humanos

necessita ser reavaliada, no município em estudo, para a busca de melhores

resultados dos programas e melhoria da qualidade da assistência prestada à

população da região.

As condutas preconizadas pelo MS,5,12 para uma atenção eficiente do

enfermeiro na coleta da CO, preveem ações como anotar achados no prontuário e

na requisição do citopatológico, prencher a ficha de notificação em casos de DSTs,

prescrever medicação e orientar a mulher.

Na Tabela 3, estão apresentados os resultados referentes às condutas adotadas

pelos enfermeiros do município, na coleta deste exame.

Page 58: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

57

Tabela 3 – Condutas dos enfermeiros após coleta do exame de Citologia Oncótica, Cotia – 2009.

*PSF- Unidade de Programa de Saúde da Família.

** UBS- Unidade Básica de Saúde

Observa-se, na Tabela 3, que somente 2 (9,1%) enfermeiros realizam todas

as ações preconizadas pelo MS na coleta de CO. Constata-se que 90,9% dos

enfermeiros fragmentam as suas ações, ocasionando prejuízos na assistência às

mulheres. Nota-se, na Tabela 3, que 27,3% dos enfermeiros das Unidades adotam

como procedimentos pós-coleta apenas: registrar o achado da coleta no

prontuário e na requisição do exame da paciente e orientar a mulher.

Na Tabela 3, pode-se constatar, ainda, que 22,2% dos enfermeiros de UBS

realizam exclusivamente como conduta orientar a mulher sobre a data da retirada do

resultado do exame.

O MS preconiza, além das condutas mencionadas anteriormente, a

intervenção imediata do enfermeiro no caso de achados como presença de

síndromes ( úlceras, corrimentos uretrais e vaginais, dor pélvica e lesões clínicas por

HPV), que podem ser identificadas durante a coleta do CO. Esta intervenção,

denominada “abordagem sindrômica”,14 consiste em iniciar a terapêutica

Condutas dos enfermeiros *PSF N=13 **UBS N=9 Total N=22 n % n % n % Anota achado no prontuário , na requisição do citopatológico, preenche ficha de notificação, prescreve medicação e orienta a mulher

2 15,3 - -

2

9,1 Anota achado no prontuário , na requisição do citopatológico , preenche ficha de notificação e orienta a mulher

4 30,8 - -

4

18,2 Anota achado no prontuário , na requisição do citopatológico, prescreve medicação e orienta a mulher

- - 1 11,2

1

4,5 Anota achado no prontuário , na requisição do citopatológico e orienta a mulher 4 30,8 2 22,2

6

27,3 Anota achado no prontuário , preenche ficha de notificação, prescreve medicação e orienta a mulher

1 7,7 - -

1

4,5 Anota achado no prontuário , preenche ficha de notificação e orienta a mulher 1 7,7 - -

1

4,5 Anota achado no prontuário, prescreve medicação e orienta a mulher 1 7,7 2 22,2

3

13,7 Anota achado no prontuário e orienta a mulher - - 2 22,2

2

9,1 Orienta quanto à retirada do resultado do exame

- - 2 22,2 2

9,1

Total 13 100 9 100 22 100

Page 59: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

58

medicamentosa sem aguardar exames confirmatórios. Sua aplicação parece

racional para países ou regiões com poucos recursos, sem pessoal treinado e

laboratório equipado. Seu sucesso exige monitoração e avaliação constante dos

protocolos, bem como supervisão e treinamento do pessoal envolvido. 38

As ações da abordagem sindrômica envolvem, também, aconselhar a prática

de sexo seguro , notificar a vigilância epidemiológica, oferecer os exames anti-HIV,

VDRL e sorologia para hepatite B e C, mas, sobretudo, orientar a mulher

enfatizando a importância da adesão ao tratamento. Ademais, devem ocorrer ações

específicas direcionadas ao parceiro como a convocação, a orientação e a

investigação quanto à possibilidade de ele ser, também, portador da infecção por

HPV e ou outras DSTs.14

Portanto, é fundamental realizar a abordagem sindrômica para o parceiro,

porém, para isso o profissional precisa ser treinado, a fim de evitar situações

desconfortáveis ao casal, ao próprio profissional e ao serviço.

É importante comentar que, somente em uma unidade de PSF, a enfermeira

demonstrou preocupação com a abordagem do parceiro. Fato que nos leva a inferir

que a valorização desta ação pela profissional pode estar relacionada aos

conhecimentos adquiridos por ela na vigilância epidemiológica onde atuou na

coordenação do serviço. Portanto, identifica-se a importância do ¨saber para fazer¨

e ainda reforça a necessidade de formar especialistas e de capacitar os

profissionais para uma atuação mais efetiva e eficaz. Ressaltam-se mais uma vez a

necessidade de especialistas para atuar na atenção básica e a importância das

gerências estimularem seus subordinados no crescimento científico.

A intervenção dos enfermeiros na assistência à saúde do homem na atenção

básica é um desafio e uma inovação, para a qual, de modo geral, o profissional não

está capacitado. A política de atenção integral à saúde do homem é recente,

precisa ser implementada e alertada para as questões sociais, culturais e

institucionais que todos os profissionais enfrentarão no atendimento a esta

categoria.37 Alguns estudos64,65,66,67,68, colocam a necessidade de se entender a

cultura masculina na implementação das ações de promoção à saúde. Os aspectos

culturais influenciam fortemente o comportamento masculino à visto que reforçam

sua imagem de invulnerável o que os expõe à situação de risco.37

A infecção sub-clínica pelo HPV no homem é assintomática, condição que lhe

confere grande potencial de transmissor.14 Compreender os fatores de risco, tanto

Page 60: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

59

para homens como para mulheres, e estabelecer medidas de promoção à saúde

para ambos os grupos, certamente contribuirão com melhores resultados nos

programas de saúde e diminuirão a morbimortalidade.

As intervenções de enfermagem no rastreamento da mulher para detecção

precoce do câncer cérvico-uterino devem ser realizadas com a finalidade de se

romper o ciclo da infecção por HPV, assim como de outras infecções que levam a

uma vulnerabilidade maior da mulher.

Um aspecto que chamou a atenção durante a coleta dos dados, foi o

conteúdo das orientações, que se limita a informar a mulher sobre a data da

retirada do resultado do exame. Observa-se que 22,2% dos enfermeiros realizam

somente esta conduta pós-coleta, definindo uma atuação meramente burocrática

desses profissionais.

A enfermagem tem na ação educativa o seu eixo central e concretiza-se em

todos os âmbitos. Portanto, é fundamental que a educação esteja presente no fazer

e no saber do enfermeiro. Isto implica que a ação educativa seja um determinante

em sua formação profissional.69

A competência para atuar como educador em saúde, junto à equipe, cliente e

familiares, é um compromisso do enfermeiro e implica romper com a acomodação

das situações cotidianas. A formação contínua deve contribuir para a reflexão da

prática e possibilitar a prática transformadora.70

A atuação fragmentada dos enfermeiros no que diz respeito às condutas

frente aos achados proporcionados durante a coleta do exame de CO, não se

justifica, uma vez que eles contam, no município, com protocolo institucional criado a

partir das diretrizes do MS, que, além de respaldar os enfermeiros legalmente, os

orientam quanto às condutas a serem adotadas, frente aos achados durante a coleta

de CO e nas fases subsequentes para seguimento das mulheres que apresentam

resultados alterados.

Neste contexto, é importante ressaltar que o enfermeiro, que atua em saúde

pública, necessita ter clareza de sua responsabilidade e das ações a serem

implementadas na promoção a saúde, prevenção e tratamento precoce das

doenças.

As alterações detectadas durante a coleta de CO precisam ser notificadas, os

achados referentes as DSTs devem ser registrados em impresso próprio,

denominado “Ficha de notificação de agravos relacionados a DSTs”, e

Page 61: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

60

encaminhados à Vigilância Epidemiológica (VE) do município. Esta notificação

apesar de não ter caráter obrigatório é preconizada pelo MS.14

Observa-se na Tabela 3 que somente 46,2% dos enfermeiros que atuam nas

Unidades de PSF realizam a notificação e 53,8% não efetuam esta ação, enquanto

nas UBS esta conduta não é realizada por nenhum enfermeiro.

O Centro de Vigilância Epidemiológica, por meio do Programa Estadual

DST/AIDS-SP, certo da importância da notificação de qualquer indício de

predisposição ou sinal e sintoma de DST, entre as quais se inclui o HPV, tem

realizado capacitação multiprofissional dos trabalhadores da atenção básica, no

sentido de melhorar as taxas de notificação de DSTs. 71

A Notificação é uma das principais ferramentas para controle epidemiológico,

uma vez que propõe atividades diferenciadas, no âmbito Municipal, Estadual e

Nacional, para o desenvolvimento, acompanhamento, supervisão e avaliação das

ações de controle de DSTs e sua magnitude no país.14 O enfermeiro, que atua na

atenção básica e está comprometido com a qualidade da assistência, deve não só

conhecer esta ferramenta , mas valorizá-la e utilizá-la.

Outro dado relevante identificado refere-se ao registro dos achados da

inspeção do colo na requisição do exame de CO. Observou-se que 40,8% dos

enfermeiros não registram as condições encontradas. Este registro é fundamental,

uma vez que tem por finalidade fornecer subsídios qualitativos ao patologista para o

diagnóstico, além de estar estabelecido como um dos itens a ser informado na ficha

de solicitação da CO.

Estudo72 de avaliação do exame de colpocitologia, com informações clínicas

registradas nas requisições, mostrou correlação entre esse parâmetro e a presença

de atipias no esfregaço cérvico vaginal e concluiu que as informações da requisição

do exame ainda não são valorizadas pelo profissional que realiza a entrevista e a

coleta do CO. Notou-se que não só as anotações sobre as condições do colo uterino

não são realizadas pelo enfermeiro, como também, de modo geral, os registros das

ações empreendidas pelo enfermeiro na assistência ao paciente são

negligenciadas, apesar de sua importância e do caráter legal da documentação no

prontuário.73

Sabe-se que a anotação de enfermagem, além de seu valor legal, é a

principal ferramenta para avaliar a qualidade da assistência. Trata-se de importante

Page 62: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

61

meio de comunicação entre a equipe multiprofissional de saúde e grande subsidio

para o ensino, pesquisa, auditoria e processos jurídicos.74, 75

Faz-se necessário lembrar que as anotações de enfermagem, realizadas

pelos enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem, fornecem

informações quanto à assistência prestada, asseguram a comunicação entre a

equipe de saúde e garantem a continuidade da assistência. As anotações subsidiam

a tomada de decisão nas condutas a serem implementadas e necessitam ser

realizadas de forma compreensível e fidedigna, a fim de evitar super ou sub-

valorização dos problemas pelos enfermeiros, devido à falta de dados concretos

para análise e avaliação da assistência. 76

Estudos76,77,78de avaliação da qualidade das anotações de enfermagem

afirmam seu caráter fundamental para o planejamento e a avaliação da assistência

de enfermagem. A escassez ou ausência de registros de enfermagem nos

prontuários leva o enfermeiro a definir intervenções empobrecidas.79,80

Estudo77 comparativo da qualidade das anotações de enfermagem em

prontuários de pacientes assistidos na rede hospitalar e na rede básica de saúde,

demonstrou que os registros da rede básica são mais escassos, que na rede

hospitalar. Para o programa de rastreamento e seguimento do câncer cérvico-uterino

o registro de enfermagem nos prontuários é primordial. Sua ausência ou escassez

pode comprometer a qualidade da assistência, o diagnóstico de enfermagem, bem

como os objetivos básicos de suas ações.

A importância do registro de enfermagem no prontuário da clientela , na rede

básica, é inegável na construção de estratégias para a vigilância epidemiológica, no

diagnóstico de enfermagem coletiva, no planejamento das ações e implementação

da SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem), assim como na avaliação

do impacto das ações de enfermagem no controle da saúde da mulher.

Diante do exposto, conclui-se ser imprescindível que os enfermeiros atuantes

em saúde pública valorizem o registro de suas ações durante as consultas e

realizem estudos, que tenham como objetivo avaliar a qualidade das anotações de

enfermagem geradas nos serviços de atenção primária, contribuindo, desta forma,

para a qualidade da assistência de enfermagem na área.

No que se refere à conduta de medicar as pacientes frente aos achados

durante a coleta de CO, observa-se, ainda na Tabela 3, que somente 31,8% dos

Page 63: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

62

enfermeiros das Unidades de Saúde prescrevem as medicações indicadas pelo

protocolo do MS5 e ou pelo protocolo da Secretaria de Saúde do Município.33,34

Neste contexto na Tabela 2, pode-se evidenciar que 40,9% das CO são

coletadas apenas por enfermeiros. Assim, perde-se a oportunidade de agilizar os

cuidados para com uma parcela das mulheres que apresentam alguma indicação de

medicação e que poderiam iniciar seu tratamento mais precocemente. Este

resultado chama a atenção, pois, mesmo com respaldo legal, os enfermeiros

demonstram insegurança quanto a esta prática, o que pode ser explicado pelo fato

de nem todos terem especialização na área de atenção básica ou por

desconhecerem o protocolo institucional, embora todos tenham sido treinados para

coleta pela Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP).

Ximenes et al 81 ressaltam esta dificuldade dos enfermeiros e defendem a

necessidade de seu debate entre a categoria, a fim de buscar soluções de consenso

que possam beneficiar as usuárias dos serviços de saúde.

O protocolo33,34 do município para a atenção à saúde da mulher baseado no

do MS, segundo os resultados deste estudo, é seguido por 86,3% dos enfermeiros

que afirmaram, entretanto, só utilizá-lo para as etapas do procedimento técnico, ou

seja, obedecem aos passos descritos no protocolo, apenas para realização da

coleta do exame de CO. O desconhecimento dos enfermeiros sobre o protocolo

institucional foi identificado na coleta de dados, uma vez que 13,7% dos enfermeiros

afirmaram não conhecê-lo.

Destaca-se a necessidade de educação permanente no município, a fim de

que seja garantida a divulgação, capacitação e implementação dos protocolos

assistenciais dos programas estabelecidos pelo MS para que os enfermeiros

possam atuar de maneira ampla e integral e, não apenas como um técnico de coleta

de material. É imperativo um processo de formação e capacitação permanente, visto

que há carência de profissionais especialistas em Saúde Pública que possam

responder ao desafio de estabelecer ações eficazes.

Desta forma, pode-se afirmar que os enfermeiros do município, além de

debater a prática da prescrição dos medicamentos para o tratamento das

vulvovaginites, identificadas na população feminina durante o exame, devem

demandar dos gestores cursos de capacitação contínua, de modo a habilitá-los no

atendimento eficiente e eficaz das mulheres. Conhecimentos atualizados sobre

farmacologia, técnica da coleta do exame CO, interpretação dos laudos de

Page 64: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

63

resultados, abordagem e condutas a serem tomadas com as mulheres e seus

parceiros com risco para DSTs são alguns dos temas de maior relevância e que

devem ser dominados pelos enfermeiros. Com capacitação adequada, o enfermeiro

agilizará o processo de rastreamento e seguimento das mulheres expostas aos

fatores de riscos do câncer cérvico-úterino.

4.3 - Controle dos resultados do exame de Citologia Oncótica Na Tabela 4 estão apresentados os resultados sobre o recebimento dos

resultados dos exames de CO, profissional que recebe e local de arquivamento

Tabela 4- Profissional que recebe os resultados da Citologia Oncótica e local de

arquivamento nas Unidades de Saúde. Cotia – 2009.

Profissional que recebe o Resultado dos exames *PSF N= 13 **UBS N=9

Total

N=22 n % n % n % Enfermeiro 6 46,1 6 66,6

12

54,5 Enfermeiro + Técnico Enfermagem 2 15,4 2 22,2

4

18,1 Enfermeiro + Auxiliar Enfermagem 1 7,7 - -

1

4,6 Enfermeiro + Técnico Enfermagem +Auxiliar Enfermagem 1 7,7 - -

1

4,6 Enfermeiro + recepcionista 1 7,7 - -

1

4,6 Recepcionista - - 1 11,2

1

4,6 Todos os profissionais 2 15,4 - -

2

9,0 Total 13 100 9 100

22

100 Local de arquivamento n % n %

n

% Caixa arquivo/ recepção 1 7,7 3 33,3

4

18,1 Prontuário 7 53,9 2 22,2

9

41,0

Prontuário + caixa arquivo recepção 2 15,4 - - 2

9,0

Pasta/ mesa enfermeiro 3 23,0 4 44,5

7

31,9 Total 13 100 9 100 22 100

*PSF- Unidade de Programa de Saúde da Família.

** UBS- Unidade Básica de Saúde

Page 65: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

64

Observa-se, na Tabela 4, que o recebimento dos resultados dos exames de

CO, na maioria (54,5%) das Unidades do município, é realizado, exclusivamente,

pelos enfermeiros. Em 46,1% das Unidades de PSF e em 66,6%, das Unidades

Básicas, os exames são recebidos pelos enfermeiros. Cerca de 27,3% das

unidades contam com a participação também dos Técnicos e Auxiliares de

enfermagem, nesta atividade. Na realidade, em 81,8% das Unidades a enfermagem

está ligada diretamente ao procedimento de recebimento dos resultados dos

exames. Este dado é importante, pois, dentre os profissionais que recebem o

resultado, o enfermeiro é o único habilitado na análise dos resultados para

selecionar e direcionar a busca ativa das pacientes com alterações identificadas. O

MS79 alerta para que o profissional que faz a entrega dos resultados dos exames

seja treinado, a fim de oferecer informações corretas, aliviar os temores e garantir a

autoconfiança da mulher para a continuidade do programa de rastreamento e

seguimento das alterações citológicas.

Os enfermeiros, portanto, necessitam dominar a interpretação dos resultados

da CO, uma vez que recebem e selecionam os exames alterados, e devem definir

os que precisam de busca ativa ágil e eficaz para o seguimento da mulher com risco

de câncer cérvico-uterino.

É importante a atuação do enfermeiro nesta atividade, porque a entrega do

resultado deve acontecer em ambiente calmo e privativo, para que a mulher se sinta

acolhida e tenha a oportunidade de redimir suas dúvidas e angústias,

compreensíveis em casos de exames alterados. Esta é uma situação impar, ideal

para orientações voltadas para a real necessidade de saúde da mulher e de seu

parceiro e que o enfermeiro não pode desperdiçar, por representar uma

oportunidade de aumentar o laço de confiança cliente-profissional que possibilitará a

adesão da mulher e, consequentemente, as ações de seguimento para prevenção

da doença.

A Tabela 4 apresenta os locais de arquivamento dos resultados da CO e

pode-se observar a falta de homogeneidade deste procedimento entre as Unidades

estudadas. A inadequação dos locais para arquivo do resultado, em todas as

unidades, também pode ser evidenciada visto que apenas 41% delas alocam os

exames no prontuário.

Nota-se que a maioria das unidades de PSF (53,9%) utiliza os prontuários

para o arquivamento dos resultados, enquanto que 44,5% das UBS, colocam-nos

Page 66: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

65

em pastas na mesa do enfermeiro, o que representa risco de extravio dos resultados

e dificulta o acesso para outros profissionais.

É importante a definição de uma rotina especifica para esta atividade,

permitindo que o serviço garanta às pacientes e aos profissionais, a qualquer

momento, a pronta e rápida localização dos exames. Entretanto, durante a coleta de

dados nas unidades, observou-se acúmulo de exames a serem retirados pelas

pacientes e que se encontravam em caixas e ou pasta arquivo. Esta observação

revela que os resultados não foram entregues, provavelmente foram esquecidos

tanto pelas pacientes como pelos profissionais, o que permite inferir que não houve

busca ativa dessas mulheres.

Estudo80 a respeito do número de exames de CO não retirados pelas mulheres

atendidas em uma unidade de PSF encontrou um montante de 326 exames, dos

quais 94,6% apresentavam alteração inflamatória/citológica, 53% eram de mulheres

casadas, 72,4% de primeira consulta. A maioria dos exames pertencia a mulheres

na faixa etária de 30 a 35 anos e que moravam distantes da unidade de saúde.

Este quadro levou os autores a inferir duas situações: a sobrecarga de atividades

domésticas e de cuidados com os filhos limitava a disponibilidade de tempo das

casadas para o retorno no serviço de saúde, assim como a distância entre a moradia

e a unidade de saúde. O trabalho enfatizou, não só, a necessidade de os

profissionais de saúde alertarem as clientes, principalmente as de primeira consulta,

sobre a importância do exame, do retorno para busca do resultado mas também a

de organizar a busca das faltosas, garantindo continuidade da assistência.

Outro estudo82 evidenciou que os motivos impeditivos do retorno da mulher

para receber o resultado do seu exame de CO estão relacionados à própria mulher,

ao profissional e ao serviço. Para a mulher, os motivos são: situação de trabalho,

falta de transporte, viagens e mero esquecimento. Quanto ao profissional, o principal

fator foi a falta da interação profissional-paciente e, em relação ao serviço, greves,

atraso na liberação do resultado do exame, falha de comunicação entre a clientela e

o serviço e dificuldade para remarcar o atendimento, caso perca a consulta na data

agendada. Os gestores devem considerar estas dificuldades e agir com ponderação

ao planejar as ações de assistência à mulher.

O arquivamento dos resultados em prontuários possibilitaria ao enfermeiro

efetuar o registro do laudo, organizar o fluxo, estabelecer um único local para a

documentação do paciente, facilitar o acesso rápido de todos os profissionais e

Page 67: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

66

evitar o extravio do exame. No momento da consulta de enfermagem ou médica,

haveria ganho de tempo na localização do exame , no registro em prontuário e o

estabelecimento da conduta diante do resultado, consequentemente de toda a ação

do enfermeiro quanto ao seguimento da mulher com CO alterada, estaria

devidamente documentada no prontuário da paciente, revelando sua atuação, nesta

etapa. O prontuário deveria conter o registro dos dados referentes a data do

recebimento do exame, laudo do resultado, busca ativa realizada e data da consulta

agendada de retorno, enfim todas as condutas tomadas para a continuidade da

assistência à mulher.

O estabelecimento de rotinas administrativas da enfermagem para a

padronização e organização do serviço, definindo a homogeneidade das ações de

controle entre as unidades, cabe aos enfermeiros que, de maneira geral são os

responsáveis pela dinâmica dos serviços na atenção básica.

O arquivamento do resultado do exame de CO no prontuário, com as

anotações pertinentes de todas as condutas tomadas pelos enfermeiros, seria uma

ferramenta valiosa do profissional, para definir a periodicidade para a realização do

novo exame de CO, bem como as condutas a serem tomadas para o controle da

saúde da mulher. Possibilitaria, ainda, aos profissionais maior controle da

periodicidade nas solicitações de exames, evitando gastos desnecessários e

emprego do recurso financeiro em outros diagnósticos e tratamento de doenças, que

preocupam a população feminina.

No contexto geral da análise da Tabela 4, pode-se concluir que a

responsabilidade do controle dos exames de CO, quanto ao recebimento e

interpretação do laudo para definição da conduta subseqüente, é do enfermeiro,

como definido no protocolo institucional.34 Portanto, faz-se necessário despertá-lo

para a importância desta atividade, que lhe confere um compromisso ético-

profissional-social, uma vez que a morbidade por câncer cérvico-uterino nas

mulheres é alta e considerada um sério problema de saúde pública. De nada

adiantam as Políticas Públicas de Saúde para a mulher se a finalização das ações

de rastreamento e controle não acontecem e o panorama de morbimortalidade da

mulher por câncer cérvico-uterino permanece inalterado.

Nas visitas aos serviços de saúde, observou-se que o enfermeiro responsável

técnico das unidades de saúde, do município em estudo, além de desenvolver as

atividades assistenciais, também desempenha as de ordem administrativa como:

Page 68: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

67

planejamento, supervisão e avaliação das ações de enfermagem, organização da

unidade para garantia e administração dos recursos: materiais (previsão e provisão

de medicamentos, materiais fixos e de consumo), humanos ( quali e

quantitativamente) e físicos ( controle da ordem e limpeza da unidade, solicitação de

manutenção preventiva e corretiva), condição que não é uma particularidade dos

enfermeiros do município, pois outros estudos.83,84, 85 evidenciam situação similar.

Estudo,86 realizado em Caxias do Sul (RS), na rede básica de saúde, destaca

que os maiores problemas vivenciados pelos gerentes das unidades estão

relacionados ao excesso de burocracia, à sobrecarga de atividades, à pequena área

física, a dificuldades em manipular e trabalhar com equipamentos, à gestão de

pessoas e à necessidade de capacitar os profissionais por meio de habilidades

gerenciais. Evidencia, ainda, a necessidade de se informatizar a rede pública e de

treinar os profissionais para trabalhar com programas, a fim de efetivar o novo

modelo assistencial e de reconhecer situações de vulnerabilidade social em saúde.

Alguns estudos86,87,88,89,90 destacam a relevância do enfermeiro na gerência

dos serviços de saúde e a importância de seu preparo nesta área de modo a garantir

um planejamento com propostas de ações mais resolutivas. Como gestores, os

enfermeiros devem ter a possibilidade de diálogo com as autoridades locais para o

estabelecimento de estratégias que favoreçam o acesso da mulher ao serviço, de

rotinas administrativas operacionais eficazes, de mecanismo de controle

epidemiológico das doenças e, principalmente, da política de capacitação para os

profissionais e de recursos humanos quantitativamente adequados. Os resultados

deste estudo possibilitaram identificar estas dificuldades e alertam os enfermeiros do

município para a necessidade de reorganização dos serviços.

Os enfermeiros coordenadores das unidades de saúde, sejam elas UBS ou

PSF, necessitam ter clareza de que a organização do serviço é de sua

responsabilidade e isto é possível por meio de uma gestão participativa, o diálogo

constante com a comunidade e a equipe de trabalho favorece a articulação de

estratégias de enfrentamento de problemas na saúde, de forma mais próxima da

realidade, com construção e sugestão de projetos para a saúde e processos de

trabalho menos burocratizados e, sobretudo, resultados que realmente atendam às

necessidades da população. Todas estas ações devem ser pautadas no

compromisso com a promoção da saúde, respeitando os princípios do Sistema

Único de Saúde.91

Page 69: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

68

O enfermeiro pode contribuir muito para a saúde da população feminina da

região, agilizando o tratamento da mulher que apresenta alteração na sua CO e

auxiliando no controle dos fatores de risco, desde que capacitado.

Na Tabela 5, observam-se as estratégias e a forma de controle referentes à

busca ativa das mulheres com resultados sugestivos de HPV nas Unidades de

Saúde.

O MS preconiza a convocação de todas as mulheres que apresentem

alterações celulares por atipias, neoplasias ou compatíveis com HPV em seus

resultados de exame de citologia oncótica, para seguimento e tratamento.

Tabela 5 – Estratégia de busca ativa e formas de controle da busca nos casos de alteração dos exames de Citologia Oncótica, por Unidade.Cotia – 2009.

*PSF- Unidade de Programa de Saúde da Família. ** UBS- Unidade Básica de Saúde

No que se refere à busca ativa das pacientes com exames de CO alterados e

sugestivos de HPV, em 13,7% de todas as Unidades, a busca é realizada

Busca ativa / exame alterado *PSF N= 13 **UBS N=9 Total

N=22

Estratégia n % n % n % Convocação telefone + Visita Domiciliara Enfermeiro + Agente Comunitário de Saúde 2 15,4 - - 2 9,0

Convocação telefone + Visita Domiciliaria Agente Comunitário de Saúde 8 61,5 - - 8 36,3

Convocação Telefone + Visita Domiciliaria enfermeiro - - 7 77,8 7 32,0

Convocação telefone 1 7,7 2 22,2 3 13,7 Visita Agente Comunitário de Saúde 2 15,4 - - 2 9,0 Total 13 100 9 100 22 100 Controle da busca ativa n % n % n % Anotação na agenda médica/planilha+livro controle 1 7,7 - - 1 4,6

Anotação na agenda médica/planilha 7 53,8 3 33,3 10 45,4 Anotação no livro controle 2 15,4 1 11,1 3 13,7 Aviso de convocação 1 7,7 1 11,2 2 9,0 Não faz 2 15,4 4 44,4 6 27,3 Total 13 100 9 100 22 100 Insucesso da busca n % n % n % Reconvoca - - 4 44,4 4 18,1 Reconvoca e Agenda consulta médica 11 84,6 1 11,2 12 54,6 Não faz 2 15,4 4 44,4 6 27,3 Total 13 100 9 100 22 100

Page 70: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

69

exclusivamente por convocação telefônica. Em 67,3% das unidades, as principais

formas de busca corresponderam à convocação telefônica e visita domiciliária realizada

pelo Agente Comunitário de Saúde ou pelo enfermeiro, como se observa na Tabela 5.

Em 15,4% das Unidades de PSF, a busca ativa é efetivada por convocação telefônica,

visita do Enfermeiro e visita do ACS, o que corresponde a 9,0% das unidades do

município.

Quanto ao controle da efetividade da busca, 27,3% das Unidades não executam

qualquer tipo de controle, ou seja, não há controle das mulheres que foram convocadas

ou informação sobre o êxito da busca. A falta de controle do sucesso das buscas nas

Unidades Básicas mostrou-se mais comprometido, pois 44,4% delas não efetuam

nenhum controle.

É importante ressaltar que, em duas unidades de PSF(15,4%), identificou-se

mecanismo de controle das buscas por meio do aviso de convocação. Em uma das

Unidades, a enfermeira criou um instrumento ao qual denominou ¨aviso de

convocação¨. Em outra unidade, é utilizado o receituário médico no qual a enfermeira

redige o aviso de convocação. Em ambas as unidades, os avisos são entregues no

domicílio da paciente pelo ACS, com indicação do motivo da convocação, da data e do

horário em que a paciente deverá comparecer à unidade para consulta de enfermagem

e ou médica. No retorno à unidade, o ACS comunica ao enfermeiro o sucesso ou

insucesso da busca. Em caso de sucesso, a enfermeira agenda na planilha a consulta

como definida no aviso de convocação e, no caso de insucesso, mantém o aviso de

convocação na prancheta de atividade do ACS, para nova busca. Esta é uma ação

isolada de duas unidades, porém, é um mecanismo importante de controle das buscas

dos casos de exames de CO alterados. Esta medida deveria ser ampliada a todas as

unidades e praticada pelos enfermeiros.

Neste contexto, nota-se a importância do comportamento criativo e inovador do

enfermeiro. Estas habilidades são elementos-chave para o aprimoramento

organizacional, ou seja, para que a enfermagem encontre alternativas para solucionar

os problemas no seu ambiente de trabalho. Habilidades associadas às competências

gerenciais como saber (conhecimento), saber fazer (habilidades) e saber-ser-agir

(atitude) otimizarão a atuação do enfermeiro e será um diferencial para o serviço.92,93,94

A utilização destas ferramentas no processo de gestão é fundamental para a qualidade

do serviço de saúde e alcance de melhores resultados.

Page 71: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

70

Na Tabela 5, observa-se, ainda, que a maioria das Unidades de PSF (84,6%) se

preocupa com o insucesso da busca, pois, além de reconvocarem as mulheres que não

responderam à primeira convocação, agendam uma consulta médica. Já nas UBS,

somente 44,4% realizam a reconvocação. Este resultado é importante, visto que

evidencia que os profissionais do PSF se empenham na busca da mulher e reforçam o

compromisso com as famílias de sua área de abrangência, caracterizando o resgate do

vínculo da unidade/coletividade, um dos objetivos deste modelo de assistência.32

Os enfermeiros, durante a coleta dos dados, referiram que possuem somente o

recurso telefônico e humano para realizar as busca das mulheres com exames

alterados. É importante comentar que os enfermeiros citaram alguns aspectos que

interferem na busca ativa, via contato telefônico, tais como: telefone fora de área,

alteração de número ou a indisponibilidade do recurso em algumas Unidades.

Quanto à busca ativa por meio da visita domiciliária, as principais dificuldades

mencionadas referiram-se a falta de recursos humanos e mudanças de endereço das

usuárias. As estratégias de busca ativa necessitam ser discutidas e encaradas pelos

enfermeiros como valiosas para a continuidade do rastreamento e seguimento da

população feminina.

Estudo,95 realizado em um município de Ribeirão Preto sobre o perfil das usuárias

do PSF, ressalta que o serviço de saúde deve estar atento para a busca ativa das

mulheres para a realização do exame preventivo. Para que isso ocorra, o serviço

poderá organizar campanhas, palestras, grupos de discussão, que possam alertar as

mulheres para a importância da realização do exame preventivo. O estudo comenta e

reforça o papel expressivo do agente comunitário de saúde quanto à busca ativa das

mulheres por meio de visitas periódicas às famílias.

Outro estudo96 ressalta a importância da busca por meio de um sistema de informação

longitudinal, baseado na pessoa, como propõe o cartão SUS, que permita identificar as

mulheres expostas a risco, como as que estariam há mais de três anos sem fazer

exame citológico. A estratégia de recrutamento sistemático, ou busca ativa, não apenas

melhora a cobertura dos programas, mas também tende a reduzir as iniquidades no

rastreamento de populações desfavorecidas.

A falta de controle para os exames de CO alterados vem sendo discutido há

mais de uma década80 mas, ainda hoje, observam-se falhas neste processo como a

carência de uma estratégia eficaz para garantir o seguimento das mulheres expostas

aos fatores de risco do câncer cérvico-uterino.

Page 72: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

71

O MS19 disponibiliza, desde 2006, o Sistema de Informação (SISCOLO) como

ferramenta para auxiliar os profissionais da saúde no controle e seguimento das

mulheres com alterações no exame. Trata-se de um banco de dados que se encontra

disponível na internet pelo programa DATASUS/Tabnet. O programa permite ao MS, às

Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais a tabulação rápida dos arquivos, que

constituem os componentes básicos dos Sistemas de Informações do Sistema Único

de Saúde, e divulga os dados que permitem a obtenção de informações sobre os

exame de CO por faixa etária. É importante reforçar que o ¨módulo seguimento¨ do

SISCOLO está em processo de implantação, portanto, não se dispõe de informação

sobre o percentual de tratamento/seguimento ambulatorial das lesões precursoras de

câncer de colo uterino no Estado de São Paulo, como um todo.97

No Rio de Janeiro que conta com o SISCOLO implantado, estudo98 realizado com o

objetivo de avaliar sua qualidade concluiu que a ferramenta é de boa qualidade,

embora apresente limitações, havendo necessidade de aperfeiçoamento. Contudo o

sistema é essencial para o planejamento e monitoramento das ações de rastreamento

do câncer do colo do útero e seu uso deve ser ampliado, assim como divulgados os

resultados de sua aplicabilidade.

O município tem um desafio a enfrentar, qual seja, sensibilizar os gestores quanto

à necessidade de informatizar as unidades de saúde, o que, sem dúvida, agilizaria a

ação do enfermeiro no processo de acompanhamento da mulher.

Estudo99 de avaliação do programa de informática desenvolvido para uso nas

unidades de saúde de Pelotas, RS, possibilitou identificar a distribuição etária e o sexo,

assim como os principais diagnósticos e encaminhamentos de todos os seus usuários.

Permitiu, também, detectar diferenças entre as unidades quanto à estrutura e quanto a

indicativos de necessidades concretas de melhoria nos sistemas de registro dos

atendimentos. Além disso, enfatiza a contribuição da informática como uma ferramenta

de avaliação da gestão das unidades básicas de saúde e na tomada de decisões no

âmbito do serviço de saúde e, até mesmo, da política de saúde do município por meio

de informações mais adequadas e eficientes.

Alguns estudos93,100,101,102,103 discutem e reforçam a importância da informatização

para a enfermagem. Os avanços científicos e tecnológicos em todas as áreas e o uso

dos computadores permitirão à enfermagem lidar com quantias maciças de informação,

de forma organizada e rápida, e dispor de informações em tempo real das condições

de saúde da população.

Page 73: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

72

Enquanto a informatização, que é primordial mais indisponível, não for viável, os

casos com resultados de CO alterados, não podem ficar sem controle. Assim, qualquer

instrumento, mesmo os mais rudimentares como o livro de controle, deve ser utilizado

e dispor de todos os dados como: identificação da paciente; endereço; telefone;

número do prontuário; data da coleta do exame, número da lâmina enviada ao

laboratório; registro do laudo do exame; data da busca e seu sucesso e data da

consulta para início do tratamento. Desta forma, o serviço terá condições de informar

efetivamente os casos das mulheres com alterações citológicas e em seguimento na

unidade e, principalmente viabilizará aos órgãos de competência local o controle

epidemiológico do câncer cervico-uterino e dos seus fatores de risco, como o HPV.

A estratégia do livro-controle dos casos de CO alterados, deverá ser repensada

no município em estudo, visto que é pouco utilizada nas unidades de saúde visitadas,

onde se observaram dados fragmentados por falta da padronização dos registros, falta

de registro da busca ativa e do seguimento, descaracterizando o objetivo da ação.

Os resultados da tabela 4 e 5 demonstram fragilidade e inviabilidade do processo

de controle e seguimento dos casos de doença cérvico-uterino, no município. As

dificuldades identificadas e vivenciadas pelos enfermeiros para o controle efetivo do

rastreamento e seguimento das mulheres do município merecem discussão e a

implementação de ações resolutivas em caráter de urgência. Ações necessitam ser

estabelecidas a fim de diminuir a vulnerabilidade da população feminina ao câncer

cérvico-uterino e seus fatores de riscos, e que permitam, aos profissionais da atenção

básica, o cumprimento de princípios expressados pelo Sistema Único de Saúde,91

principalmente no que se refere à acessibilidade da mulher ao serviço de saúde, e

garantam seu acompanhamento em centros de referência e contrareferência.

Page 74: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

73

No Quadro 3 estão apresentados os casos sugestivos de HPV informados

pelo laboratório e pelos enfermeiros, assim como o resultado do controle por meio

do registro no livro-controle e prontuário, por unidade, no ano de 2007, no município

em estudo.

Quadro 3– Distribuição das Unidades de acordo com o número de casos sugestivos de HPV, fonte da informação e controle dos casos. Cotia - 2007

Observa-se, no Quadro 3, que o número de casos sugestivos de HPV, no

ano de 2007, informado pelo laboratório totaliza 38, número muito superior ao

apontado pelos enfermeiros (17), para o mesmo ano. A contradição no número de

ocorrências, que é da ordem de 21 casos, pode ser explicada pela falta de um

sistema de registro dos casos. Durante a coleta dos dados, observou-se que alguns

enfermeiros, quando questionados sobre o número de casos identificados no ano de

2007, buscaram a informação no livro-controle da unidade, entretanto algumas

unidades não dispunham deste instrumento e em outras não havia o dado registrado

no livro, essa condição não permitiu a confiabilidade das informações. Ao comparar,

no Quadro 3, cada caso informado pelas duas fontes, fica evidenciada ainda mais a

disparidade das informações, pois, apenas na unidade F do PSF, elas são

coincidentes.

Para averiguar o controle dos casos e seu registro, solicitou-se aos

enfermeiros a apresentação do livro de controle da Unidade e a separação dos

prontuários das pacientes com resultados alterados, informados pelo laboratório,

para a análise das anotações específicas. Observou-se que 3 unidades não tinham

o livro-controle referente ao ano de 2007, 36,8% dos casos sugestivos de HPV

foram registrados e 63,2% deixaram de ser anotados no livro. Dos 38 prontuários

solicitados, foram localizados 27 (71%), ou seja, 11 prontuários (28,9%) não se

encontravam disponíveis no arquivo, impossibilitando a análise dos registros. Essa

Unidades PSF Total

UBS Total Total

casos

Fonte de Informação B D E F G H QN

A J L M R U V N PSF +

UBS Laboratório/Oncocentro 3 3 1 2 3 4 2 18 6 8 1 1 1 2 1 20 38 Enfermeiro 0 0 2 2 0 5 0 9 0 0 0 0 3 0 5 8 17 Controle dos casos Registrado no livro 0 1 1 2 1 3 0 8 3 0 1 0 1 0 1 6 14 Registrado no prontuário 3 2 1 2 1 3 2 14 5 4 1 1 1 0 1 13 27

Page 75: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

74

ocorrência pode estar relacionada a extravios, perda dos prontuários ou

transferência da mulher para outra Unidade, o que caracteriza falha no sistema de

arquivo e prejuízo no controle da saúde da mulher.

Para o controle e seguimento dos casos, os registros referentes a eles

deveriam ser efetuados tanto no livro-controle, como no prontuário. A anotação no

livro possibilitaria uma visão rápida dos casos com resultados alterados, o sucesso e

ou insucesso da busca ativa e os casos em acompanhamento.

A análise dos 27 prontuários localizados nas unidades permitiu verificar se as

condutas realizadas para o seguimento dos casos foram registradas conforme as

recomendações do MS19 que consistem em: solicitação de colposcopia e biópsia

para a confirmação diagnóstica, resultado, tratamento conforme protocolo,

realização da CO de controle atendendo à periodicidade, e conclusão do

tratamento, por alta, óbito e ou transferência para o serviço de referência.

A tabela 6, apresentada abaixo, evidencia o resultado do seguimento das

mulheres nas unidades de saúde do município de acordo com os registros nos

prontuários.

Tabela 6 - Anotações de seguimento registradas nos prontuário das mulheres com resultados do exame de Citologia Oncótica sugestivo para o HPV. Cotia – 2007.

Observa-se, na Tabela 6, que as anotações mais identificadas nos

prontuários das unidades de PSF foram as referentes à solicitação da colposcopia

(92,8%) , resultado da colposcopia com Teste de Schiller (64,2%) e retorno para CO

Pron tuários Anotações/Seguimento Com registro Sem registro PSF n=14 UBS n=13 PSF n=14 UBS n=13 N % N % N % N % Solicitação colposcopia 13 92,8 12 92,3 1 7,1 1 7,6 Resultado da colposcopia 9 64,2 11 84,6 5 35,7 2 15,3 Retorno para citologia oncótica de controle 10 71,4 7 53,8 4 28,5 6 46,1

Citologia oncótica de controle com periodicidade de 6 meses 1 7,1 7 53,8 13 92,8 6 46,1

Conclusão/tratamento PSF n=14 UBS n=13 PSF n=14 UBS n=13 N % N % N % N % Alta - - - - 14 100 13 100 Óbito - - - - 14 100 13 100 Transferência - - 2 15,3 14 100 11 84,6

Page 76: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

75

de controle (71,4%). Os dados registrados nos prontuários das clientes das UBS,

nos mesmos itens, correspondem a 92,3%, 84,6% e 53,8% respectivamente.

Chama atenção o fato de existir somente 1 (7,1%) registro em 1 prontuário de

PSF e em 7(53,8%) das UBS, sobre a periodicidade da citologia oncótica de

controle, conforme recomendação do MS, ou seja intervalo de 6 meses entre o

diagnóstico e o exame de controle.

A Tabela 6 evidencia, ainda, que 100% dos prontuários analisados não

indicavam a conclusão do tratamento por alta ou óbito e apenas 2 (15,3%)

prontuários de UBS apontaram a transferência da paciente para outro serviço.

Ao analisar o seguimento dos casos, por meio dos registros nos prontuários,

observou-se em um único prontuário uma anotação, feita por enfermeiro de Unidade

de PSF, indicando a falta da paciente na consulta médica. Em 96,3% dos

prontuários analisados, os registros referentes ao seguimento das mulheres com

alterações citológicas sugestivas para HPV foram efetuados por médicos, o que

caracteriza a não participação do enfermeiro nesta fase, uma vez que a maior parte

dos registros identificados se referia à intervenção médica.

Ressalta-se que a coleta dos dados para este estudo foi efetuada em 2009,

mas os casos analisados nos prontuários referem-se ao ano de 2007. Esta

defasagem de tempo, como já afirmado, foi proposital para permitir o

acompanhamento da evolução do tratamento da mulher e seu desfecho que ocorre,

de modo geral, em 2 anos. O registro correto e completo dos dados no prontuário da

cliente deveria possibilitar este acompanhamento, o que de fato não ocorreu.

Chama a atenção o fato de que os registros médicos não contemplavam

como conduta a periodicidade com que as mulheres necessitam realizar a citologia

oncótica de controle, ou seja, o intervalo de seis meses não é adotado, conforme

apontado na Tabela 6. Verificou-se que somente 7,1% (PSF) e 53,8% (UBS) dos

casos esta recomendação foi atendida. Este dado aponta que as recomendações do

MS não estão sendo adotadas pelo município. Os exames além do recomendado

implicam gastos desnecessários e, quando não realizados, prejuízos à saúde da

mulher. Esta situação pode ser transformada, desde que os enfermeiros incluam, em

sua prática, a fase de seguimento das mulheres que apresentam alterações nos

exames de citologia oncótica e, efetivamente, realizem o controle deste processo.

Portanto, fica em evidencia que o município necessita instituir educação permanente

não só para a enfermagem, mas também para o profissional médico.

Page 77: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

76

Os dados da Tabela 6 permitem concluir que os enfermeiros do município

transferem ao médico a etapa de seguimento e acompanhamento da saúde da

mulher.

A análise dos resultados obtidos permite concluir que, no município, a fase de

seguimento, que tem o objetivo de tratar as mulheres com alterações citológicas

para a infecção por HPV, entre outras, e, principalmente, de prevenir reincidências e

evolução para um câncer, não está sendo cumprida, impedindo a finalidade desta

fase do programa. O não cumprimento das diretrizes dos programas de assistência

à saúde torna impossível a mudança dos indicadores de saúde e avaliação de sua

efetividade.

Neste contexto, os enfermeiros devem encontrar soluções para a

implementação dos programas de saúde pública que são de sua responsabilidade,

bem como avaliá-los, a fim de conquistar melhores resultados e demonstrar seu

compromisso ético-politico-social.

Estar sensível às necessidades da comunidade e apontar as dificuldades do

serviço aos órgãos de competência, quanto a adequação de estrutura física,

recursos materiais, principalmente humanos e operacionais, é fundamental para

qualquer atividade. Portanto, todas as atividades de enfermagem para a

implementação de programas de saúde necessitam ser pensadas, discutidas e

planejadas com ações organizadas e passíveis de serem operacionalizadas com

maior resolutividade.

4.4 Prevalência de casos de 2007.

O conhecimento epidemiológico em saúde publica é fundamental, porque

possibilita a implementação de medidas de tratamento, prevenção e o planejamento

em saúde.41 É uma das ferramentas que deve ser utilizada pelo o enfermeiro para

fundamentar a necessidade de investimentos para a melhoria da qualidade do

serviço. Portanto, é indispensável que os enfermeiros do município sejam

capacitados e valorizem esta ferramenta.

Um dos objetivos deste estudo foi identificar a prevalência da infecção por

HPV nas mulheres do município, no ano de 2007, a fim de conhecer a faixa etária da

população feminina mais exposta ao risco, o que possibilitará uma visão da situação

Page 78: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

77

e propiciará, no futuro, o estabelecimento de intervenções de enfermagem mais

eficazes para o combate desta doença, contribuindo, desta forma, para a diminuição

da morbimortalidade.

Entende-se por prevalência a medida da ocorrência estática que informa a

proporção de acometidos por uma doença ou outro problema de saúde em um

determinado momento no tempo, em uma população.104,105,106 Neste estudo, foram

considerados para o cálculo os 38 casos, cujos resultados de CO informavam

alteração citológica compatível com HPV, ocorridos no município no ano de 2007,

dividido pelo total da população feminina distribuída por faixa etária e multiplicado

por 100.

Na Tabela 7 estão apresentadas as prevalências de HPV, no ano de 2007, por

faixa etária.

Tabela 7. Distribuição do número de casos sugestivos de HPV, do ano 2007 e sua

Prevalência, segundo faixa. Cotia. 2007

Faixa etária População Feminina* Número** de casos Prevalência

% 10 a 14 9.122 1 0,01 15 a 19 10.061 12 0,11 20 a 29 17.506 11 0,06 30 a 39 15.520 11 0,07 40 a 49 11.787 3 0,02 50 a 59 5.963 0 0

Total

69.959

38

0.27

Fonte * IBGE/Censos ** Fundação Oncocentro de São Paulo A prevalência de casos de HPV (0,27%), no ano de 2007, é baixa quando

comparada a outros estudos. Há que ressaltar, entretanto, que os estudos8,21,

107,108,109 identificados de prevalência utilizam métodos especificos de diagnóstico, o

que dificulta o cotejamento dos dados.

O entendimento da epidemiologia da infecção por HPV é um importante passo

para o desenvolvimento de estratégias para ações preventivas desta infecção e,

consequentemente, diminuição do câncer cervical.21 É importante comentar que o

município em estudo, não conta com método complementar de diagnóstico

Page 79: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

78

especifico para o HPV, por isso consideraram-se nas análises os achados da CO

sugestiva para a infecção. No município o exame de CO é utilizado para o

rastreamento do câncer cérvico-uterino, como preconiza o MS,19 e também para o

HPV. A citologia oncótica é um método acessível e rápido que, teoricamente,

poderia ser utilizada no rastreamento da infecção pelo HPV na população em

geral.110 Porém, apresenta taxa considerável de falsos-negativos, o que leva alguns

estudiosos a afirmarem a necessidade de outros métodos complementares de

diagnóstico para essa finalidade.109,111

Os testes de validação utilizados para a identificação do DNA do HPV são

a captura híbrida II (CH II) e a Reação em cadeia da polimerase (PCR) nos ensaios

clínicos e estudos epidemiológicos. Há porém, resistência para a sua aplicabilidade

em consequência do seu alto custo e a elevada prevalência do papilomavírus em

mulheres jovens, situação que inviabiliza o seguimento de todos os casos positivos.

Não se pode esquecer de que esta infecção tem caráter transitório nesta população

e os investimentos representariam gastos desnecessários.8 Em contrapartida é

fundamental se conhecer o real perfil epidemiológico das doenças para o

estabelecimento de ações efetivas para o seu controle. Do mesmo modo, a alta

prevalência de HPV encontrada pelos estudos21,108,112 que apontam resultado

normais e ou somente inflamatórias em grande parte das citologias, precisa ser

consideradas.

No Brasil, estudo107 de prevalência do HPV em mulheres mostrou uma

variação da taxa de 55,4%, quando empregado CH II, e de a 91% no uso de PCR.

A diferença identificada foi justificada pelo tipo de ensaio realizado e os tipos de

HPV mais prevalentes foram: o 16, 18, 45,31 e 33.

Em outro estudo,108 com o objetivo de avaliar a acuidade da citologia oncótica

para o diagnóstico da infecção pelo HPV no colo uterino de mulheres portadoras do

HIV, a prevalência de HPV foi de 11% no estudo citológico e de 69,7% na PCR,

indicando que a especificidade da citologia é bem alta e que se pode confiar no

resultado positivo, ou seja, quando a citologia for positiva para o HPV, ele

certamente estará presente. Quanto à sensibilidade da citologia observou-se que é

baixa não a qualificando como exame de rastreamento para a detecção do HPV. A

alta prevalência da infecção por HPV, nas mulheres soropositivas para o HIV, ocorre

pelo comprometimento imunológico, condição já caracterizada e bem fundamentada

nos estudos.

Page 80: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

79

Faz-se necessário ressaltar que o Papilomavírus Humano (HPV) é condição

necessária para o desenvolvimento, manutenção e progressão das lesões

intraepiteliais, e por sua associação com outros fatores de risco como

imunossupressão, alta paridade, uso prolongado de contraceptivos orais,

tabagismo113 iniciação precoce da vida sexual, comportamento sexual promíscuo,

história familiar de câncer cérvico-uterino, baixa condição socioeconômica, higiene

íntima inadequada, subnutrição e não adesão aos programas de controle.7

Outro dado importante demonstrado na Tabela7 é a prevalência de lesão

cervical compatível com HPV nos exames de citologia oncótica, em que o maior

número de casos concentra-se na faixa etária de 15 a 39 anos, fase em que as

mulheres se encontram sexualmente em atividade, resultado corroborado por outros

estudos identificados na literatura.8 21, 107, 108 ,114

Estudo21 transversal mostrou uma taxa de prevalência alta, de 17,8%, com

predomínio de mulheres menores de 25 anos e de mais de 55 anos de idade, com

maior frequência naquelas com maior número de parceiros sexuais. O teste

empregado foi o de captura híbrida que identificou 14,3% das citologias como

normais.

Outro estudo108 de prevalência do HPV, por meio da PCR (reação em cadeia),

em 208 mulheres infectadas pelo HIV, verificou que, praticamente, todas eram

soropositivas para o HPV (98%), sendo que 80% delas eram infectadas por múltiplos

genótipos e 90% apresentavam somente citologia inflamatória.

Na análise da prevalência de infecção por HPV em jovens primíparas, foi

detectado que dentre as 12 mulheres com CO alterada, 11 apresentavam presença

do DNA do HPV pelo método de PCR. Os laudos citológicos compreendiam: 5

resultados conclusivos por células escamosas atípicas de significado indeterminado,

possivelmente não neoplásico (ASC-US); 6 por lesões intraepiteliais escamosas de

baixo grau (LIBG) e 1 lesão intraepitelial escamosa de alto grau (LIAG).114 Estes

resultados21,107,114 despertam para a necessidade de outros métodos

complementares para diagnóstico do HPV, uma vez que a CO não identificou

alterações celulares compatíveis ao HPV. Portanto, pequena taxa de prevalência de

0,27%, identificada neste estudo pode estar relacionada à baixa sensibilidade da CO

para detecção do HPV.

Os laudos dos resultados das citologias oncóticas realizadas no município

em estudo, no ano de 2007, compreenderam: insatisfatórios - 145 casos; NIC1-106

Page 81: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

80

casos, que incluem os 38 sugestivos HPV ; NIC2 e 3 - 28 casos e Lesão de alto

grau não excluindo microinvasão 4 casos. Estes dados são preocupantes porque 4

casos eram compatíveis com lesão de alto grau, situação que confirma falhas no

processo de rastreamento para a prevenção do câncer cérvico-uterino,

considerando que a evolução da lesão é lenta.

Neste contexto, faz-se necessário, mais uma vez, chamar a atenção dos

profissionais da saúde, em especial dos enfermeiros, para a construção de medidas

realmente eficazes e efetivas para o controle da saúde da mulher da região. Os

enfermeiros necessitam entender que transformar a situação atual da assistência

na atenção básica é possível, desde que as estratégias para implementação do

Programa de Saúde da mulher sejam bem planejadas e voltadas para as reais

necessidades da população feminina. Outro aspecto relevante é estarem atento às

dificuldades de acesso da coletividade ao serviço de saúde, a fim de eliminá-las e

reorganizar o serviço.

Estudo115 reforça a importância da utilização de indicadores sociais para a

vigilância da saúde e conclui que a análise das condições sociais, políticas,

econômicas, institucionais e culturais da região é primordial para o desenvolvimento

e implementação de políticas públicas locais para a melhoria das condições de vida

da população que se encontra em situação de exclusão social. Desta forma, pode-se

afirmar que os indicadores sociais são ferramenta valiosa que auxilia os enfermeiros

a proporem a coletividade/gestores soluções reais e mais próximas das

necessidades de todos, ou seja, do cliente, da coletividade e do serviço.

A análise geral deste estudo permite afirmar que há falhas no rastreamento e

seguimento das mulheres para o controle do câncer cérvico-uterino no município. As

falhas são de processos, fluxo de controles, ações de promoção à saúde,

relacionadas diretamente à organização do serviço. Os resultados do estudo

deixaram clara a necessidade da atuação do enfermeiro no processo de controle do

câncer cérvico-uterino no município, caracterizando sua importância e

responsabilidade. Além disso, é fundamental que os gestores de saúde do município

estejam sensíveis quanto à necessidade de investimentos em recursos físicos,

materiais, humanos e de educação permanente, a fim de qualificar os profissionais

para atuação efetiva e eficaz na implementação dos programas de saúde

permitindo-lhes contribuir na construção de uma política de saúde, por meio de

Page 82: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

81

propostas concretas que atendam a população e melhorem o serviço. Só desta

forma, o cenário da saúde da região será transformado.

É fundamental, ainda, que os profissionais de saúde conheçam e

compreendam as políticas públicas, seus objetivos, metas, diretrizes e seus

princípios a fim de implementá-las com eficiência e eficácia. Assim é primordial a

avaliação de sua resolutividade. Estudo116 comparativo que avaliou a capacidade

resolutiva do programa de controle do câncer cérvico-uterino de um serviço da rede

municipal de saúde e de um serviço especializado de referência, mostrou resultados

semelhantes entre os dois serviços e encontrou menor gravidade das lesões

cervicais e menor taxa de abandono do tratamento entre as pacientes da rede local

de saúde, evidenciando maior adesão ao seguimento. Este estudo permite reforçar a

importância da capacitação dos profissionais das equipes locais de saúde para a

qualificação e atenção, incluindo o cuidado com doenças de maior complexidade,

uma vez que a maior adesão das mulheres da rede local de saúde foi mais

relevante, permitindo maior controle do seguimento das mulheres com risco para o

câncer cérvico- uterino.

A implementação do SUS, política de saúde do Brasil, é um desafio, uma vez

que se observam dificuldades para garantir acesso universal a cuidados de saúde,

integralidade das ações individuais e coletivas. Nota-se preocupação governamental

quanto à reestruturação da atenção básica, por meio do programa de Saúde da

Família, porém há muito a se fazer, pois, nos serviços de saúde, persistem a

concepção conservadora de assistência e pouco investimento na área.

A reorganização da rede básica de saúde necessita ocorrer em conjunto com

os serviços de referência, para garantir acesso e integralidade da assistência à

população, ou seja, a oferta de serviços especializados deve acontecer na mesma

velocidade em que se ampliam as ações básicas, possibilitando que os serviços de

maior complexidade tenham condições de atender à demanda gerada pela atenção

básica, dando continuidade à assistência.

No que se refere a promoção e ao investimento público à saúde da mulher é

importante compreender sua evolução, que só passou a ser incorporada às políticas

públicas nacionais nas primeiras décadas do século XX, por meio da força dos

movimentos feministas, que começaram a discussão sobre a desigualdade de

condições de vida existente na relação de gênero e que ainda nos dias de hoje se

faz presente.1,29

Page 83: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

82

É importante que os profissionais de saúde, assim como a própria sociedade

civil feminina atentem para as transformações, uma vez que a mulher passou a

assumir novo papel na sociedade brasileira, aumentando sua participação no

mercado de trabalho, elevando seu nível de escolaridade e de informação. A

diferença do perfil epidemiológico da população feminina também necessita ser

considerada, pois difere muito de acordo com cada região do Brasil, em

consequência das condições socioeconômicas, culturais e de acesso aos serviços

de saúde. Há persistência de falhas no atendimento à mulher nas mais diversas

situações, merecem atenção problemas relacionados a: infertilidade, reprodução

assistida, fase de adolescência, doenças crônicas degenerativas, saúde

ocupacional, mental, doenças infecto-contagiosas, violência sexual, bem como

atendimento mais sensíveis a mulheres rurais, deficientes, negras, indígenas,

presidiárias, lésbicas e também discussão sobre a mulher e o meio ambiente.1,29

A transformação do cenário atual da assistência à saúde da mulher será

possível, desde que a população feminina, além dos profissionais de saúde e órgãos

governamentais, esteja atenta às mudanças, à necessidade de se organizar

movimentos em defesa da categoria, de exercerem a cidadania, para alcançar

melhor qualidade de vida e condições bem definidas e documentadas nos relatos da

história de conquistas da mulher brasileira.

Page 84: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

83

CONCLUSÕES

Page 85: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

84

5. CONCLUSÕES A pesquisa permitiu concluir que:

- a maioria dos coordenadores das Unidades de Saúde (95,4%) é do sexo feminino;

- 54,5% têm curso de especialização, sendo 25% em Saúde Pública, 16,6% em

Saúde Coletiva ou PSF, 16,6% em Neonatologia e 16,6% em Enfermagem

Obstétrica.

- 54,6% das Unidades realizam captação das usuárias na comunidade, para realizar

a citologia oncótica.

- 4,6% dos enfermeiros utilizam todas as estratégias de captação das mulheres

( consulta médica + consulta de enfermagem + visita domiciliária do Agente

Comunitário de Saúde + visita do Enfermeiro + grupo educativo+ cartazes +

campanha)

- 22,7% restringem suas ações de captação à consulta médica e de enfermagem.

- Todos os enfermeiros (100%) referiram participar da coleta da CO e, em 40,9% das

unidades, a coleta do exame é realizada, exclusivamente, pelo enfermeiro.

- 9,1% dos enfermeiros realizam todas as ações recomendadas pelo MS durante a

coleta (anota o achado no prontuário, na requisição do citopatológico, preenche ficha

de notificação, prescreve medicação e orienta a mulher).

- 22,2% dos enfermeiros limitam sua conduta em orientar a mulher sobre a data da

retirada do exame.

- 36,3% dos enfermeiros (PSF) realizam “abordagem sindrômica” e a notificação de

DST à vigilância epidemiológica.

- 40,8% dos enfermeiros anotam as condições da inspeção do colo na requisição do

exame de CO e, somente, 31,8 % deles prescrevem medicações conforme protocolo

do MS.

- em 81,8% das Unidades a enfermagem esta envolvida no recebimento dos

resultados dos exames de CO.

- 53,9% das unidades de PSF utilizam os prontuários para o arquivamento dos

resultados e 44,5% das UBS utilizam pastas na mesa do enfermeiro.

- em 68,3% das unidades, as principais formas de busca ativa são: convocação

telefônica e visita domiciliária realizada pelo Agente Comunitário de Saúde ou pelo

enfermeiro.

Page 86: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

85

- em 72,7% das unidades foi identificada alguma forma de busca ativa e, em 27,3%,

não foi observado nenhum mecanismo de controle do sucesso ou insucesso da

busca.

- o número de casos sugestivos de HPV no município foi 38, o que correspondeu a

uma prevalência de 0,27%.

- 28,9% dos prontuários de usuárias com alteração na CO não foram localizados no

arquivo.

- dos 38 casos identificados, 36,8% foram registrados em livro-controle.

- 100 % dos prontuários analisados não indicavam a conclusão do tratamento por

alta ou óbito e 15,3% apontaram transferência da paciente para outro serviço.

- a cobertura do exame correspondeu, em 2007, a 12,8 % das mulheres, no

município.

Page 87: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

86

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 88: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

87

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo possibilitou conhecer com maior profundidade os procedimentos

de rastreamento e seguimento das mulheres com alterações sugestivas de HPV no

município onde foi desenvolvido, assim como permitiu alguma reflexão sobre a

atuação dos profissionais de saúde que militam na atenção básica.

Alguns resultados encontrados não surpreenderam, pois a observação

cotidiana da dinâmica do trabalho em uma das unidades deste município na qual

atuo, já permitia identificar alguns dos problemas que puderam ser confirmados pelo

estudo. A par disto, outros aspectos puderam ser melhor evidenciados e merecem

algumas considerações.

Uma das políticas públicas na área da saúde da mulher é o controle do

câncer cérvico-uterino que deveria já estar consolidada em todo o país, entretanto

esta doença continua sendo a segunda causa de morte entre as mulheres

brasileiras. Assim, questiona-se quais são e onde estão os entraves que não

permitem a plena eficácia desta importantíssima política pública?

Alguns indícios aqui identificados poderão ser extrapolados para outras

realidades, que certamente também não conseguem a plenitude desejável das

ações na redução da morbimortalidade por este tipo de câncer. Os gestores da

atenção básica, na maioria dos municípios, não dispõem de recursos apropriados no

desenvolvimento dos programas e das políticas públicas, tão bem idealizadas e

planejadas, pelo Ministério da Saúde. Por outro lado, nem sempre os gestores e os

recursos humanos estão adequados quantitativa e qualitativamente para que as

ações ocorram com eficiência e eficácia o que reflete na qualidade da saúde

oferecida à população.

Os resultados desta pesquisa permite que sejam sugeridas algumas

estratégias que poderão contribuir na melhoria do rastreamento e seguimento das

mulheres no município:

- união de todas as unidades em esforços conjuntos no desenvolvimento de

campanhas e outras estratégias para captação das mulheres na comunidade para a

realização da CO;

- revisão dos processos de trabalho para otimização dos recursos disponíveis;

Page 89: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

88

- definição de política de avaliação e controle continuados da efetividade dos

diversos programas desenvolvidos no âmbito da atenção primária;

- utilização dos indicadores disponíveis na avaliação das ações

implementadas;

- informatização da rede básica e implantação do SISCOLO;

- incrementar as estratégias de captação e busca ativa das mulheres de

modo a ampliar a cobertura da população no que tange a CO;

- promover capacitação e educação permanente para todos os profissionais

da rede;

- implementar ações educativas de promoção e prevenção de agravos,

direcionadas à população, utilizando os meios de comunicação local e envolvendo

profissionais da saúde, e representantes de bairro.

Espera-se com esta pesquisa, a par de suas limitações, ter fornecido dados

importantes e ter contribuído para que medidas possam ser tomadas em favor da

melhoria da atenção oferecida aos usuários da rede básica do município.

Melhores níveis de saúde dependem dos resultados pelos quais todos os

profissionais são responsáveis e de seu comprometimento com a população.

Sugere-se por fim o desenvolvimento de outras pesquisas que avaliem os

fatores envolvidos na falta de adesão das mulheres, do município, na realização

periódica da CO.

Page 90: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

89

REFERÊNCIAS

Page 91: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

90

REFERÊNCIAS

1. Narchi NZ, Janicas R CSV, Fernandes, RAQ. Prevenção e controle do câncer cérvico-uterino. In: Fernandes RAQ, Narchi NZ, organizadores. Enfermagem e saúde da mulher. São Paulo: Manole; 2007. p.127-49.

2. Castellsague X, Diaz M, Sanjoé S de, Muñoz N, Herrero R, Franceschi S, et al.

Wordwide Humam Papilomavírus Etiology of Cervical Adenocarcinoma and Its Cofactors: Implication fr Screening and Prevention.JNCI. 2006; 98 (5): 303-15.

3. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional do

Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2010: Incidência do câncer no Brasil [Internet]. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2009. [citado 2010 Jun 21]. Disponível em: http//www.inca.gov.br/estimativa/2010

4. Brasil. Ministério da Saúde, SVS – Sistema de Informações sobre Mortalidade -

SIM. Taxa de mortalidade específica por neoplasias malignas [online]. [citado 2010 Jun 21]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br

5. Fundação Oncocentro de São Paulo. Manual de Condutas Clínicas Frente aos

Resultados do Exame de Papanicolaou. São Paulo; 2005. 6. Saúde do adulto, mulher e criança: análise dos índices de morbidade e

mortalidade do município. Fórum Municipal da Saúde, 2008 Nov 3-5; Cotia, SP. 7. Brasil. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Câncer do Colo do

Útero: Fatores de Risco [online]. [citado 2009 Mar 19]. Disponível em: http://www.inca.gov.br

8 Franco EL, Duarte-Franco E, Ferenczy A. Cervical câncer: epidemiology,

prevention and the role of human papilomavirus infection. CMAJ. 2001; 164:1017-25.

9 . Kaneshima EM, Suzuki LE, Irie MMT, Yoshida CS, Silva SFM, Consolaro MEL.

Importância da aplicação de critérios morfológicos não clássicos para o diagnóstico de Papillomavirus humano (HPV) previamente detectado por PCR. RBAC 2003; 35:29-33.

Page 92: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

91

10. Brito EB, Menezes RC, Martins SI, Bastos MG, Souza A. Estudo preliminar para detecção de cérvico-vaginites e lesões precursoras do câncer de colo uterino, em índias da tribo Parakanã. Rev Ass Med Brasil, 1996;42:11-15.

11. Gompel C, Koss LG. Citologia ginecológica e suas bases anatomoclínicas. São

Paulo: Manole, 1997. 12. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Assistência à Saúde, Instituto

Nacional de Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV). Falando sobre câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: MS/INCA; 2002.

13. Brasil. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Perguntas e respostas

sobre o Câncer do Colo Uterino. [citado 2008 Maio 03]. Disponível em: http://www.inca.gov.br

14. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa

Nacional de DST/AIDS. Manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis. 4ªed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

15. National Cancer Institute Workshop. The 1988 Bethesda System for reporting

cervical/vaginal cytologic diagnoses. Bethesda: National Institutes of Health; 1989.

16. Souza JHK, Kalil IV, Leite JM, Geber S. Avaliação de lâminas de colpocitologia

oncótica previamente diagnosticadas como ASCUS: comparação interensaio e interobservadores. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004; 26(3): 233-40.

17. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Câncer do Colo Uterino

e Mama. 2006. 18. Brasil. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Ações de enfermagem

para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 2ª ed. Rio de Janeiro: INCA; 2002.

19. Brasil. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer, Viva Mulher. Programa

de Controle do Câncer do Colo do Útero: periodicidade de realização do exame preventivo do câncer do colo de útero. [citado 2008 Maio 03]. Disponível em: http://www.inca.gov.br

Page 93: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

92

20. Rosa MM. Freqüencia de papilomavírus humanos oncogênicos tipos 16 e 18 e sua associação com fatores de risco e lesões do colo uterino em uma população de mulheres de Porto Alegre [dissertação de mestrado]. Porto Alegre: Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2005.

21. Rama C, Roteli-Martins CM, Derchain S, Françoise M, Longatto-Filho A, Gontijo

RC, Sarian LOZ et al. Prevalência do HPV em mulheres rastreadas para o câncer cervical. Rev Saúde Pública. 2008; 42(1):123-30.

22. Imagem HPV. [citado 2009 Set 07]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/dst/

imagem48 e 47jpg 23. Villa LL, Ault KA, Giuliano AR, Costa RL, Petta CA, Andrade RP, et.al.

Immunologic responses following administration of a vaccine targeting human papillomavirus Types 6,11,16 and 18. Vaccine. 2006; 24 (27-28): 5571-83.

24. Haper DM, Franco EL, Wheeler CM, Moscicki AB, Romanowski B, Roteli Martins

CM, et al. Sustained efficacy up to 4,5 years of a bivalent L1 virus like e particle vaccine against human papillomavirus types 16 and18: follow up from a randomised control trial. Lancet. 2006; 367(9518): 1247-55.

25. Bosch X, Haper D. Prevention strategies of cervical cancer in the HPV vaccine

era. Gynecol Oncol. 2006; 103910:21-4. 26. Nadal LRM, Nadal SR. Indicações da vacina contra o papilomavirus humano.

Rev Bras Colo-proctol. 2008 Mar; 28(1): 124-126. 27. Giuliano AR. Human papillomavirus vaccination in males. Gynecol Oncol 2007;

107: 24-6. 28. National Advisory Committee on Immunization (NACI). Statement on human

papillomavirus vaccine. An Advisory Committee Statement (ACS). Can Commun Dis Rep. 2007; 33:1-31.

29. Alexandre LBSP, Políticas públicas de saúde da mulher. In: Fernandes RAQ,

Narchi NZ, organizadores. Enfermagem e saúde da mulher. São Paulo: Manole; 2007. p.1-29.

30. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de

Ações Programáticas Estratégicas. Política de Atenção Integral à Saúde da

Page 94: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

93

Mulher, princípios e diretrizes. Série C. Projetos, programas e relatórios. Brasília. 2009. [ citado 2010 Fev 11]. Disponível em: http://bvms.saude.gov.br/publicacoes/politica_nacional_mulher_principios_diretrizes.pdf

31. Brasil. Ministério da Saúde. Siscolo. [citado 2008 Ago 05]. Disponível em: http:Iproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sms/usu_doc/ siscolo_2006.pdf 32. Atenção Básica e a Saúde da Família. [citado 2009 Mar 20]. Disponível em:

http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php/saudedafamilia. 33. Secretaria de Saúde de Cotia (SP). Protocolo de atendimento do enfermeiro no

programa de saúde da mulher ao exame especular e ou Papanicolaou. Cotia (SP): Programa de Saúde da Mulher.

34. Secretaria de Saúde de Cotia (SP). Protocolo para otimizar o atendimento a

mulher no resultado do Papanicolaou. Cotia (SP): Programa de Saúde da Mulher.

35 Carvalho EC, Tonani M, Barbosa JS. Ações de enfermagem para combate ao

câncer desenvolvidas em unidades básicas de saúde de um município do estado de São Paulo. Rev Bras Cancerol. 2005; 51(4): 279-303.

36. Merighi MAB, Hamano L, Cavalcante LG. O exame preventivo do câncer cérvico-

uterino: conhecimento e significado para as funcionárias de uma escola de enfermagem de uma instituição pública. Rev Esc Enferm USP. 2002; 36(3): 289-96.

37. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de

Ações Programáticas Estratégicas. Política de Atenção integral à Saúde do Homem (Princípios e Diretrizes). [citado 2010 Fev 11]. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2008/PT-09-CONS.pdf.

38. Nadal SR; Carvalho JJM. Abordagem Sindrômica das Doenças Sexualmente

Transmitidas. Rev bras Coloproct. 2004; 24(1):70-72. 39. Polit DF,Beck CT, Hungler B. Fundamentos de pesquisa em enfermagem:

método, avaliação e utilização. Porto Alegre: Artmed; 2005.

Page 95: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

94

40. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [citado 2008 Maio 03]. Disponível em:www.ibge.gov.br/home/estatística/população/contagem2007/SP.pdf-200710-05

41. Duquia RP. Bastos JLD. Notas de epidemiologia e estatística. Medidas de

ocorrência:conhecendo a distribuição de agravos, doenças e condições de saúde em uma população. Sci Med. 2007; 17( 2):101-05.

42. Salmeron NA, Fucitalo AR. Programa de Saúde da Família: o papel do

enfermeiro na área de saúde da mulher. Rev Saúde Coletiva. 2008; 4(19):25-9. 43. Tomasi E, Facchini LA, Piccini RX, Thumé E, Silveira DS, Siqueira FV. Perfil

sócio-demográfico e epidemiológico dos trabalhadores da atenção básica à saúde nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Cad Saúde Pública. [online]. 2008 [citado 2009 Nov 07]; 24 Suppl 1. Disponível em: http://www.scielosp.org/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008001300023

44. Ermel RC, Fracolli LA. O trabalho das enfermeiras no Programa de Saúde da

Família em Marília/SP. Rev Esc Enferm. USP. 2006; 40(4): 533-39. 45. Machado MH. Perfil dos médicos e enfermeiros do Programa Saúde da Família

no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2000. (Relatório final). 46. Escorel S. Avaliação da implementação do Programa Saúde da Família em dez

grandes centros urbanos. Brasília: Departamento de Atenção Básica, Secretaria de Políticas de Saúde, Ministério da Saúde; 2002. (Relatório final).

47. Gil CRR. Formação de recursos humanos em saúde da família: paradoxos e

perspectivas. Cad Saúde Pública. 2005; 21: 490-8. 48. Campos FE, Aguiar RAT. Atenção básica e reforma curricular. In: Negri B, Faria

R, Viana ALD, organizadores. Recursos humanos em saúde: política, desenvolvimento e mercado de trabalho. Campinas: Ed. Unicamp; 2002. p.91-9.

49. Cordeiro H. Os desafios do ensino das profissões de saúde frente às mudanças

do modelo assistencial: contribuições para além dos Pólos de Capacitação. Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas na Educação. 2002; 10:43-54.

50. Machado MH. Mercado de trabalho em saúde. In: Falcão A, Santos Neto PM,

Costa PS, Belisário AS, organizadores. Observatório de recursos humanos em

Page 96: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

95

saúde no Brasil: estudos e análises. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; 2003. p. 227-48.

51. Marques D, Silva EM, A enfermagem e o Programa Saúde da Família: uma

parceria de sucesso? Rev Bras Enferm. 2004; 57(5): 545-50.

52. Saúde da Família: ampliando a cobertura para consolidar a mudança do modelo de Atenção Básica. Rev Bras Saude Mater Infan. 2003; 3(1):113-25.

53. Souza MF. O Programa Saúde da Família no Brasil: análise do acesso à atenção

básica. Rev Bras Enferm. 2008; 61(2): 153-158. 54. Bahia. Secretaria Municipal de Saúde, Prevenção e Controle do Câncer do Colo

do Útero. Protocolos de Atenção à Saúde da Mulher. Bahia; 2008. 55. Duavy LM, Lima SC. A percepção da mulher sobre o exame preventivo do

câncer cérvico-uterino: estudo de caso. Ciênc Saúde Coletiva. 2007; 12 (3).733-742.

56. Fundação Oncocentro de São Paulo. Departamento de informática. 2009 57. Fundação Estadual de Análise de Dados. SEADE. [Acesso em 23.07.10]

Disponível em: http://www.seade.gov.br/ 58. Tavares CMA, Prado ML. Pesquisando a prevenção do câncer ginecológico em

Santa Catarina. Texto & Contexto Enferm. 2008; 15(4) : 578-86. 59. Silva DW, Andrade SM, Soares DA, Turini B, Schneck AS, Lopes MLS.

Cobertura e fatores associados com a realização do exame de Papanicolaou em município do Sul do Brasil. Rev Bras Ginec/Obset. 2008; 28(1): 24-31.

60. Moreira-Silva EAS, Dornas AFF, Vieira JC, Santana JCB, Medeiros-Silva DC.

Conhecimento dos enfermeiros acerca da temática ¨Câncer de Colo Uterino¨ nas cidades de Curvelo e Pouso Alegre. RECENF - Rev Téc-Cient Enferm. 2009; 7(22): 214-23.

61. Gaidzinski RR, Fugulin FMT, Castilho V. Dimensionamento de pessoal de

enfermagem em instituições de saúde. In: Kurckgant P, coord. Gerenciamento de enfermagem. São Paulo: Guanabara Koogan; 2005. p. 125-37.

Page 97: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

96

62. Magalhães AMM, Riboldi CO, Dall'Agnol CM. Planejamento de recursos

humanos de enfermagem: desafio para as lideranças. Rev Bras Enferm. 2009; 62(4): 608-12.

63. Santos BRL, PaskulinLG, Rosa NG, Witt RR, Dias JS. O Trabalho em Saúde

Coletiva e a Enfermagem: concepções dos gerentes das unidades de Saúde de Porto Alegre. Rev Gaúch Enferm. 1999; 20: 102-12.

64. Gomes R, Nascimento EF, Araújo FC. Por que os homens buscam menos os

serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública. 2007; 23(3): 565-74.

65. Tellería JM. Reflexiones autocríticas acercade una investigación sobre La

búsqueda de atención y demandas en salud de hombres en Santa Cruz de LaSierra - Bolivia. In: Cáceres CF, Cueto M, Ramos M, Vallas S, editors. La salud como derecho ciudadano: perspectivasy propuestas desde América Latina. Lima: Universidad Peruana Cayetano Heredia; 2003. p.165-72.

66. Schraiber LB, Gomes R, Couto MT. Homens e saúde na pauta da Saúde

Coletiva. Ciênc Saúde Coletiva. 2005; 10(1): 7-17. 67. Korin D. 2001. Novas perspectivas de gênero em saúde. Adolesc Latinoam.

2001; 2(2):1-16. 68. Heise L, Garcia MC. Violence by intimate partners. In EG Krug, LL Dahlber, JA

Mercy, AB Zwi , R Lozano. WHO Report on Violence and Health. World Health Organization, Genebra; 2002. p. 87-122.

69. Aciole S. A prática educativa como expressão do cuidado em Saúde Publica.

Rev Bras Enf. 2008; 61(1):117-21. 70. Backes VM. Lino MM. Prado ML. Competência dos enfermeiros na educação

como educador em saúde. Rev Bras. Enf. 2008; 61(6):858-65. 71. Oficina de Acolhimento e Aconselhamento ao Portador de DST com Ênfase na

Abordagem Sindrômica - 2008; Programa Estadual de DST/AID; 2008 out. 30-31; 2008.São Bernado, SP.

Page 98: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

97

72. Silveira LMS, Mendes JC, Pereira IP. Estudo das Atipias Escamosas Indeterminadas em relação às Informações Clínicas. Newslab. 2007; ed. 82.

73. Conselho Regional de Enfermagem SP. Anotações de Enfermagem. São Paulo;

2009.

74. Ochoa-Vigo K, Pace AE, Santos CB. Análise retrospectiva dos registros de enfermagem em uma unidade especializada. Rev Latinoam Enferm. 2003; 11(2):184-91.

75. Tanji S, Dahmer M, Oliveira SEM, Silva CMSLMD. A importância do registro no

prontuário do paciente. Enferm Atual. 2004; 4: 6-20. 76. Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Marina HÁ. Sistema de assistência

de enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Ícone; 2001. 77. Setz VG, D'Innocenzo M. Avaliação da qualidade dos registros de enfermagem

no prontuário por meio da auditoria. Acta Paul Enferm. 2009; 22(3): 313-17. 78. Carrijo AR, Oguisso T. Trajetória das Anotações de Enfermagem: um

levantamento em periódicos nacionais (1957-2005). Rev Bras Enferm. 2006; 59(esp):454-58.

79. Brasil. Ministério da Saúde. Prevenção de câncer do colo do útero: manual

técnico, organizando a assistência. Brasília: [s. n]; 2002. 80. Victor JF, Moreira MM, Araújo AR. Exames de prevenção de câncer de colo

uterino realizados e não retirados de uma Unidade Básica de Saúde de Fortaleza. Ceará. Acta Paul. Enferm. 2004; 17(4):407-11.

81. Ximenes NFRG, Costa FAM, Chagas MIO, Cunha ICKO. Olhares dos

enfermeiros acerca de seu processo de trabalho na prescrição medicamentos na Estratégia Saúde da Família. Rev. Bras. Enferm. 2007; 60(2): 133-40.

82. Greenwood SA, Machado MFAS, Sampaio NMV. Motivos que levam mulheres a

não retornarem para receber o resultado de exame Papanicolau. Rev. Latino-am Enferm. 2006; 14(4): 503-09.

Page 99: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

98

83. Souza MKB, Melo CMM. Atuação de enfermeiras nas macro funções gestoras em saúde. Rev. Enferm UERJ. 2009; 17(2):198-02.

84. Nauderer TM, Silva LMAD. Práticas de enfermeiros em unidades básicas de

saúde em município do sul do Brasil. Rev. Latino-am Enferm. 2008; 16(5): 889-94.

85. Witt RR. Competências da enfermeira na atenção básica: contribuições às

funções essenciais de saúde pública [tese de doutorado]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2005.

86. Fernandes LCL, Machado RZ, Anschau GO. Gerência de serviços de saúde:

competências desenvolvidas e dificuldades encontradas na atenção básica. Ciênc Saúde Coletiva. 2009; 14 (1): 1541-52.

87. Lanzoni GMM, Lino MM, Luzardo AR, Meirelles BHS. Planejamento em

enfermagem: uma revisão integrativa da literatura. Rev. Enferm UERJ. 2009; 17(3):430-5.

88. Kurcgant P, Ciampone MHT, Melleiro MM. O planejamento nas organizações de

saúde: análise da visão sistêmica. Rev. Gaúch Enferm. 2006; 27: 351-5. 89. Melleiro MM, Tronchin DMR, Ciampone MHT. O planejamento estratégico

situacional no ensino do gerenciamento em enfermagem. Acta Paul Enferm. 2005; 18: 165-71.

90. Soto MJDCM. Planejamento institucional: capacidade de conduzir ações. São

Paulo Perspect. 2003; 17(3): 198-204.

91. Gastão WC, Barros RB, Castro AM. Avaliação de política nacional de promoção da saúde. Brasília DF. Ciênc Saúde Coletiva. 2004; 9 (3):745-49.

92. Feldman LB, Ruthes RM, Cunha IC KO. Criatividade e inovação: competências

na gestão de enfermagem. Rev. Bras Enferm. 2008; 61(2): 239-42.

93. Cianciarrulo TI. Instrumentos básicos para cuidar: um desafio para a qualidade de assistência. São Paulo: Ateneu; 2000.

Page 100: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

99

94. D'Innocenzo M, Feldman LB, Fazenda NRR, Helito RAB, Ruthes RM. Indicadores, auditorias, certificações: ferramentas de qualidade para gestão em saúde. São Paulo: Martinari; 2006.

95. Ramos AS, Palha PF, Costa Júnior ML, Sant'Anna SC, Lenza Nariman de Felicio

Bortucan. Perfil de mulheres de 40 a 49 anos cadastradas em um núcleo de saúde da família, quanto à realização do exame preventivo de Papanicolaou. Rev Latinoam Enfermagem. 2006; 14(2): 170-174.

96. Vale DBAP do, Morais SS, Pimenta AL, Zeferino LC. Avaliação do rastreamento

do câncer do colo do útero na Estratégia Saúde da Família no Município de Amparo, São Paulo. Cad Saúde Pública. 2010; 26(2): 383-390.

97. Prefeitura São Paulo - Saúde Pacto Pela Saúde 2008/2009 Relatório dos

Indicadores do Pacto Pela Vida 2008 – Município de São Paulo. [citado 2009 Set 30]. Disponível em: http://observasaúde.fundap.gov.br/pacto/Acervo/ Relat%C3%B3rios_Indicadores%2

98. Girianelli VR, Thuler LCS, Silva GA. Qualidade do sistema de informação do

câncer do colo do útero no estado do Rio de Janeiro. Rev Saúde Pública. 2009; 43(4): 580-88.

99. Tomasi E, Facchini LA, Osorio A, Fassa AG. Aplicativo para sistematizar

informações no planejamento de ações de saúde pública. Rev Saúde Pública. 2003; 37(6): 800-806.

100. Marin HF, Cunha ICKO. Perspectivas atuais da Informática em Enfermagem.

Rev. Bras Enferm. 2006; 59(3): 354-57. 101. Nichiata LYI, Takahashi RF, Fracolli LA, Gryschek ALFPL. Relato de uma

experiência de ensino de enfermagem em saúde coletiva: a informática no ensino de vigilância epidemiológica. Rev. Esc Enferm USP. 2003; 37(3): 36-43.

102. Sousa MC, Scatena JHG., Santos RV. O Sistema de Informação da Atenção à

Saúde Indígena (SIASI): criação, estrutura e funcionamento. Cad Saúde Pública. 2007; 23(4): 853-61.

103. Mishima SM, Oliveira TH, Pinto IC. O trabalho do enfermeiro na organização

dos serviços de saúde e sua inserção no departamento de informática da SMS-RP. Rev. Latino-am Enferm .1999; 7(4): 13-20.

Page 101: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

100

104. Rothman KJ, Greenland S. Modern epidemiology. 2ªed. Lippincott: Raven; 1998.

105. Medronho RA. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu; 2004. 106. Gordis L. Epidemiology. 3ªed. Baltimore: Elsevier Saunders; 2004. 107. Rebelo-Santos SH, Zeferino L, Villa LL, Sobrinho JP, Amaral RG, Magalhães

AV. Human papilomavirus prevalence among women with cervical intra epitelial neoplasia III and invasive cervical câncer from Goiania. Brasil. Mem Int Oswaldo Cruz. 2003; 98(2):181-4.

108. Faria IM, Melo VH, Castro LPF, Faria FM, Carvalho NO, Araújo ACL,

Oliveira HC. Acuidade da citologia oncótica para o diagnóstico da infecção pelo HPV no colo uterino de mulheres portadoras do HIV. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008; 30(9):437-44.

109. Bancroft JD, Stevens A, editors. Theory and practice of histological techniques.

New York: Churchill Livingstone; 1977. 110. Hillman RJ, Ryait BK, Botcherby M, Taylor-Robinson D. Changes in HPV

infection in patients with anogenital warts and their partners. Genitourin Med. 1993; 69(6):450-6.

111. Lorincz AT. Human papillomavirus detection tests. In: Holmes KK, Mardh PA,

Sparlig PF, Wiemer PJ, editors. Sexually transmitted diseases. New York: McGraw-Hill; 1990. p. 953-9.

112. Bosch FX, Lorincz A, Muñoz N, Meijer CJ, Shah KV. The causal relation

between human papillomavirus and cervical cancer. J Clin Pathol. 2002; 55(4):244-65.

113. Walboomers JMM, Jacobs MV, Manos MM, Bosch FX, Kummer JA, Shah

KV, et al. Human papillomavirus is a necessary cause of invasive cervical cancer worldwide. J Pathol. 1999; 189(1):12-19.

114. Rama CH. Prevalência de infecção por HPV em jovens primíparas e fatores

associados. [tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2009.

Page 102: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

101

115. Silva RMV, Fracolli LA. A utilização de indicadores sociais na operacionalização do modelo de Vigilância da Saúde. Rev. Esc Enferm USP. 2009; 43(1): 168 -177.

116. Santiago SM, Andrade MGG. Avaliação de um programa de controle do

câncer cérvico-uterino em rede local de saúde da Região Sudeste do Brasil. Cad Saúde Pública. 2003;19(2): 571 – 578.

Page 103: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

APÊNDICES

Page 104: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Declaro que eu_______________________________________________ portadora do RG. Número

_______________e, abaixo assinada concorda em participar da pesquisa “Controle e seguimento dos

casos sugestivos para Papilomavírus Humano em mulheres atendidas na rede básica de saúde de um

Município de São Paulo.” Que tem por objetivos: verificar o sistema de controle e seguimento dos

casos sugestivos de Papilomavirus Humano (HPV), encontrados nos exames de Papanicolaou de

mulheres atendidas na rede básica de saúde de um município do estado de São Paulo; conhecer os

procedimentos realizados para: captação das mulheres para realização do Papanicolaou, coleta do

exame e entrega dos resultados; verificar a prevalência do HPV nas mulheres atendidas no ano de

2007 na rede básica de saúde, deste município. Declaro que recebi, todas as informações sobre minha

participação nesse estudo, que se limitará em responder a um questionário, foi-me garantido que

receberei novos esclarecimentos se julgarem necessário. Esclareço também, que fui verbalmente

informada que não haverá riscos para minha pessoa em participar do estudo, que não terei custos que

tenho plena liberdade para recusar a participação do estudo a qualquer momento, sem penalidade

alguma. Autorizo, para os devidos fins, o uso, a divulgação e a publicação dos dados e resultados

obtidos do relatório final da pesquisa e em outras publicações decorrentes, com a qual estou em

concordância. Recebi a garantia do sigilo que assegura a privacidade dos participantes do estudo, uma

vez que os dados obtidos são confidenciais. Por estar de pleno acordo com o presente termo, assino

abaixo o mesmo.

Cotia, _____/_____/_____.

_________________________________________ _______________________

Nome Completo do entrevistado RG

_________________________________________

Assinatura do (a) entrevistada

Certifico que informei e li textualmente o termo de consentimento informado à pessoa nomeada acima.

Telefone para contato (011) 6464-11785 ________________________________

R. Nilo Peçanha, 81 Prédio U 6º andar. Luiza Maria Pereira Amaral COREN_SP 44081 CEP: 07011-040 Pesquisador Responsável

Page 105: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

APÊNDICE B

INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS

I - Caracterização das Unidades. 1- Unidade código _______ Unidade de PSF - Sim ( ) Não ( )

2- Enfermeiro Coordenador Especialização Não ( ) Sim ( ) Qual __________ Tempo de formado____________ tempo de Atuação na Unidade__________ II- Dados Referentes à Captação da Mulher e Coleta da CO.

1- Há captação das mulheres na comunidade para realizar o exame de detecção precoce do câncer cérvico uterino. Não ( ) Sim ( ) 2- Como é realizada a captação ; Campanha ( ) Visita ACS ( ) Visita enfer ( ) 3- Há algum outro tipo de captação Não ( ) Sim ( )

Qual : Consul Enfem ( ) Consul Médica ( ) grupos educativos ( )

Cartazes na Unidade ( )

4- Quem colhe o exame na Unidade. Enfermeiro ( ) Médico ( ) Aux.Enfermagem ( ) Tec. Enfermagem ( ) Todos ( )

5- Quando coleta realizada pelo enfermeiro.

Qual o procedimento após a coleta do material para exame. Anotação em prontuário ( ) Anotação do achado no pedido do exame ( ) Orienta paciente quanto ao achado ( ) 6- Quais os procedimentos específicos após inspeção do colo, com achado de Leucorréia?

Preencher ficha de notificação para vigilância sanitária ( ) Medicar a mulher de acordo com protocolo ( )

Orientar a mulher quanto ao achado na inspeção ( ) 7- Você conhece o protocolo de consulta de enfermagem específico para a coleta da CO do Ministério da Saúde? Sim ( ) Não ( ) 8- Nesta Unidade é seguido este protocolo? Não ( ) Sim ( ) Observação_________________________________________ III- Dados referentes aos Resultados da CO

1- Quem recebe os resultados do papa na Unidade? Enfermeiro ( ) TE ( ) AE ( ) Recepcionista ( )

Page 106: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

2- Onde ficam estes resultados até serem entregues para a paciente. Arquivado em prontuário ( ) Caixa na recepção ( ) Outro ___________________________________

3- No caso de resultados sugestivos de HPV , o que é feito com o resultado do exame. Registrado no prontuário ( ) Anotado no livro de controle ( ) Outro ______________________________________________

4- Em relação à mulher que apresenta resultado sugestivo de HPV , qual o

procedimento? Convocação telefônica ( ) Convocação pelos ACS ( ) Convocação por meio de visita domiciliar pelo Enfº ( )

5- È realizada alguma anotação sobre a convocação para fins de controle?

Sim ( ) Não ( ) Onde ? Planilha médica ( ) Preenche aviso específico de convocação ( )

6- Qual o procedimento em caso de não haver resposta á convocação Reconvocação ( ) e a seguir___________________________________

IV- Dados Referentes ao Controle e Seguimento do Tratamento

1- Há controle do iniciou do tratamento? Sim ( ) Não ( ) 2- Há controle do seguimento do tratamento? Sim ( ) Não ( )

3- Há controle da conclusão do tratamento? Sim ( ) Não ( ) V- Casos sugestivos de HPV identificados no ano de 2007 Número de casos identificados pelo laboratório___________________

Número de casos Registrados na Unidade______________________

Análise do prontuário dos casos em seguimento

Casos 1 2 3 4 5 6 7 Há anotação da solicitação de colposcopia

Há anotação do resultado da colposcopia no prontuário

Há anotação do retorno CO controle

CO de controle com Periodicidade de 6 meses

Seguimento concluído Alta/Cura Óbito Transferência

Total

Page 107: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

APÊNDICE C

Solicitação autorização para pesquisa a Secretaria de Saúde

Ao Doutor Fábio César Cardoso de Mello

DD. Secretário Municipal de Saúde

De Cotia

Eu Luiza Maria Pereira Amaral aluna do Curso de Mestrado em Enfermagem da

Universidade Guarulhos venho solicitar autorização para realizar a coleta dos dados de

minha Dissertação de Mestrado na rede básica deste município.

O trabalho intitulado “Controle e seguimento dos casos sugestivos para

Papilomavírus Humano (HPV) em mulheres atendidas na rede básica de saúde do

município”. terá como objetivo verificar como é efetuado o controle e seguimento dos casos

sugestivos para HPV em mulheres atendidas na rede básica de saúde do município e

verificar a prevalência de casos no ano de 2007.

Para tanto serão entrevistados os responsáveis técnicos de cada uma das Unidades

e analisados os registros efetuados para este controle. Solicitamos, ainda que o laboratório

conveniado com o município forneça o número de casos alterados identificados no ano de

2007.

Sendo o que havia para o momento e certa de contar com sua autorização, coloco-

me à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Cotia 28 de maio de 2008

_____________________________

Luiza Maria Pereira Amaral  

Page 108: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS 

Page 109: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

ANEXO A

Page 110: AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RASTREAMENTO E …tede.ung.br/bitstream/123456789/215/1/Luiza+Amaral.pdf · collecting specimens for the test, for delivering results, for active searching;

ANEXO B

Aprovação Comitê de Ética em Enfermagem