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MESTRADO EM ENFERMAGEM RAYLTON TOMIOSSO ANÁLISE DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM NA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION Guarulhos 2016

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MESTRADO EM ENFERMAGEM

RAYLTON TOMIOSSO

ANÁLISE DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM NA RESSUSCITAÇÃO

CARDIOPULMONAR EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES DA AMERICAN

HEART ASSOCIATION

Guarulhos

2016

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RAYLTON TOMIOSSO

ANÁLISE DAS AÇÕES DE ENFERMAGEM NA RESSUSCITAÇÃO

CARDIOPULMONAR EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES DA AMERICAN

HEART ASSOCIATION

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado

em Enfermagem da Universidade Guarulhos para

obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Orientadora: Profa. Dra. Edna Apparecida Moura

Arcuri

Guarulhos

2016

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas Fernando Gay da Fonseca

T657a

Tomiosso, Raylton

Análise das ações de enfermagem na ressuscitação cardiopulmonar em função das diretrizes da American Heart Association / Raylton Tomiosso. -- 2016.

46 f.; 31 cm.

Orientadora: Profª. Dra. Edna Apparecida Moura Arcuri Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Centro de Pós-Graduação

e Pesquisa, Universidade Guarulhos, Guarulhos, SP, 2016. 1. Parada Cardiorrespiratória 2. Enfermeiras 3. Serviços Médicos de

Emergência 4. Ressuscitação Cardiopulmonar I. Título II. Arcuri, Edna Apparecida Moura, (Orientadora). III. Universidade Guarulhos

CDD. 610.73

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RESUMO

INTRODUÇÃO: A parada cardiorrespiratória pode ser definida como uma condição súbita e

inesperada de deficiência absoluta de oxigenação tissular, por ineficiência circulatória ou por

cessação da função respiratória, um evento relativamente frequente em qualquer serviço de

atendimento de emergência. Apesar de avanços nos últimos anos relacionados à prevenção e

tratamento, muitas são as vidas perdidas anualmente no Brasil devido à parada

cardiorrespiratória, ainda que não se tenha a exata dimensão do problema pela falta de

estatísticas a esse respeito. Os enfermeiros devem possuir competência técnica, institucional e

legal para iniciar os procedimentos de ressuscitação, assim que reconhecido o problema.

OBJETIVO: Verificar a partir dos registros em prontuários de vítimas de parada

cardiorrespiratória, se as ações de ressuscitação cardiopulmonar realizadas pelos enfermeiros

atendem os itens preconizados nas diretrizes da American Heart Association. MÉTODOS:

Trata-se de estudo documental descritivo, com abordagem quantitativa sobre as ocorrências

de vítimas de parada cardiorrespiratória em ambiente pré-hospitalar, atendidas pelo Grupo de

Resgate e Atenção as Urgências e Emergências, da Secretaria de Saúde de São Paulo. Tem o

caráter exploratório quanto à identificação das ações realizadas em função de um referencial

teórico. RESULTADOS: Houve total de 387 ocorrências atendidas no período do estudo e

revelou 106 (27%) ocorrências de parada cardiorrespiratória, das quais cinco fichas foram

excluídas, sendo 101 restantes e 36 foram indicadas para manobras de ressuscitação

cardiopulmonar. O número de indivíduos do sexo masculino acometidos por parada

cardiorrespiratória foi superior ao feminino (58,3% versus 41,7%), além da maior incidência

nos homens, chamou atenção o fato deles terem recebido maior número de indicação de

ressuscitação cardiopulmonar; A idade acima de 41 anos foi predominante nos indivíduos

submetidos à ressuscitação cardiopulmonar; A média de tempo gasto do acionamento da

equipe até o local da ocorrência foi de 10 minutos (desvio padrão 4,912), o tempo gasto na

cena foi em média de 24 minutos (desvio padrão 12,572); O período diurno (7 às 18h)

computou o maior número de ocorrências (55,8%), das quais 17 (63%) foram indicadas para

ressuscitação cardiopulmonar. A ocorrência por razões clínicas predominou nos sujeitos

indicados à ressuscitação cardiopulmonar (82,9%). Dentre os procedimentos realizados, os

menos registrados foram à palpação do pulso (34-94,4%), relação ventilação e compressão

torácica (28-77,8%) e o uso de capnografia (36–100%). O principal ritmo cardíaco encontrado

durante a monitoração inicial foi a assistolia (18-81,8%). Houve o uso de adrenalina (36-

100,0%) em todos os indicados à ressuscitação cardiopulmonar. Dos casos que receberam

indicação de ressuscitação cardiopulmonar, a sobrevida chegou a 25,0%. CONCLUSÕES:

Nota-se que a falta de registros de muitas das ações concernentes aos procedimentos

preconizados foi um fator limitante deste estudo, entretanto, é possível concluir que as ações

dos enfermeiros foram assertivas, o que denota conhecimento teórico-prático acerca do tema.

Descritores: Parada Cardiorrespiratória; Enfermeiras; Serviços Médicos de Emergência;

Ressuscitação Cardiopulmonar.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Cardiac arrest can be defined as a sudden and unexpected condition of

absolute deficiency of tissue oxygenation, by circulatory failure or cessation of respiratory

function, a relatively frequent event in any emergency care service. Despite advances in the

last years related to prevention and treatment, many lives are lost each year in Brazil, due to

cardiac arrest, even if has not the accurate dimension of the problem by the lack of statistics in

this regard. The nurses must have technical competence, institutional and legal to start

resuscitation procedures, once the problem is recognized. OBJECTIVES: This study aimed

to verify, from the medical records of victims of cardiorespiratory arrest, cardiopulmonary

resuscitation of the actions performed by nurses meet the recommended items in the

guidelines of the American Heart Association. METHODS: Descriptive and documental

study with a quantitative approach regarding the occurrences of cardiorespiratory arrest

victims in the prehospital environment, assisted by Rescue Team, Emergency Care, and

attention Health Department of Emergency from São Paulo. It has exploratory character as

identification of the actions accomplished in a function in a theoretical referential.

RESULTS: A total of 387 events attended during the study period and found 106 (27%)

cardiac arrest occurrences, of which five records were excluded, 101 and remaining 36 were

nominated for cardiopulmonary resuscitation maneuvers. The number of male individuals

affected by cardiorespiratory arrest was higher than female (58.3% versus 41.7%), and the

highest incidence in men, caught the attention the fact that they have received larger number

of cardiopulmonary resuscitation indication; The age of 41 years was predominant in

individuals undergoing cardiopulmonary resuscitation; The average time spent of the team's

drive to the place of occurrence was 10 minutes (standard deviation 4.912), time spent at the

scene was an average of 24 minutes (standard deviation 12.572); The daytime (at 7 am to 18h)

has computed the highest number of occurrences (55.8%), of which 17 (63%) were indicated

for cardiopulmonary resuscitation. The occurrence for medical reasons predominated in the

subjects indicated to cardiopulmonary resuscitation (82.9%). Among the procedures

performed, the less were recorded at pulse palpation (34 to 94.4%), ventilation relation and

chest compression (28 to 77.8%) and the use of capnography (36-100%). The main heart rate

found during the initial monitoring was asystole (18 to 81.8%). There was the use of

epinephrine (36 to 100.0%) in all indicated to cardiopulmonary resuscitation. Of those who

received indication of cardiopulmonary resuscitation, the survival reached 25.0%.

CONCLUSIONS: The lack of properly records of the actions regarding the preconized

procedures was a limiting factor of this study, however, we concluded that nursing actions

were assertive, which denotes theoretical and practical knowledge on the subject.

Descriptors: Cardiopulmonary Arrest; Nurses; Emergency Medical Services;

Cardiopulmonary Resuscitation.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Atendimentos de PCR, em função da faixa etária e indicação de RCP. São José dos

Campos, 2014. .........................................................................................................................16

Tabela 2. Atendimentos realizados às pessoas em PCR em função do gênero e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014. .........................................................................................17

Tabela 3. Atendimentos realizados às pessoas em PCR por etnia e indicação de RCP. São

José dos Campos, 2014. ..........................................................................................................17

Tabela 4. Atendimentos realizados às pessoas em PCR por dia da semana e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014. .........................................................................................18

Tabela 5. Atendimentos realizados às pessoas em PCR, em função do mês e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014. .........................................................................................18

Tabela 6. Atendimentos realizados às pessoas em PCR por local da ocorrência e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014. .........................................................................................19

Tabela 7. Atendimentos realizados às pessoas em PCR, segundo turno de trabalho e

indicação de RCP. São José dos Campos, 2014. ...................................................................19

Tabela 8. Tipo de ocorrência, segundo causas e indicação de RCP. São José dos Campos,

2014. ........................................................................................................................................20

Tabela 9. Registro do procedimento executado durante a RCP. São José dos Campos, 2014.

...................................................................................................................................................21

Tabela 10. Tipo de fármacos e empregabilidade nos 36 casos de RCP. Local da ocorrência.

São José dos Campos, 2014. ...................................................................................................22

Tabela 11. Óbitos e sobrevida imediata de 96 casos registrados. São José dos Campos, 2014.

...................................................................................................................................................23

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LISTA DE ABREVIATURAS

Parada cardiorrespiratória - PCR

American Heart Association - AHA

Ressuscitação cardiopulmonar - RCP

National Academy of Sciences-National Research Council – NAS-NRC

Parada cardíaca - PC

Suporte Básico de Vida - SBV

Suporte Avançado de Vida - SAV

International Liaison Committee on Resuscitation - ILCOR

European Resuscitation Council - ERC

Heart and Stroke Foundation of Canada - HSFC

Australian and New Zealand Committee on Resuscitation - ANZCR

Resuscitation Councils of Southern Africa - RCSA

InterAmerican Heart Foundation - IAHF

Consejo Latino-Americano de Resucitación - CLAR

Via aérea, respiração, compressões torácicas - A-B-C

Compressões torácicas, via aérea, respiração - C-A-B

Atendimento Cardiovascular de Emergência - ACE

Grupo de Resgate e Atenção as Urgências e Emergências – GRAU

Departamento de Gerenciamento Ambulatorial da Capital (SP) - DGAC

Desvio padrão – dp

Atendimento pré-hospitalar - APH

Dióxido de Carbono - CO2

Atividade elétrica sem pulso - AESP

Fibrilação ventricular - FV

Taquicardia ventricular sem pulso - TV

Joules - J

Intraósseo - IO

Retorno da circulação espontânea - RCE

Infarto Agudo do Miocárdio - IAM

Infarto do miocárdio - IM

Acidente Vascular Encefálico - AVE

Desfibrilador automático externo - DEA/DAE

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6

1.1 Conceito e implicações de parada cardiorrespiratória no perfil de morbimortalidade das

doenças cardiovasculares. ........................................................................................................... 6

1.2 Determinantes Históricas ...................................................................................................... 6

1.3 Contextualização do tema ..................................................................................................... 8

1.4 Atuações da enfermagem na parada cardiorrespiratória....................................................... 9

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 12

3. MÉTODO ............................................................................................................................. 13

3.1 Tipo e local da pesquisa...................................................................................................... 13

3.2 Amostra do estudo .............................................................................................................. 13

Critérios de inclusão ................................................................................................................. 13

Critérios de exclusão ................................................................................................................ 13

3.3 Tramitações administrativa e ética ..................................................................................... 13

3.4 Referencial metodológico e de análise ............................................................................... 14

3.5 Coleta dos dados ................................................................................................................. 14

3.5.1 Instrumento de coleta de dados ....................................................................................... 14

3.5.2 Ficha de atendimento de ocorrências............................................................................... 14

3.5.3 Procedimento de coleta dos dados e recrutamento .......................................................... 15

3.5.4 Procedimento de análise de dados ................................................................................... 15

3.6. Armazenamento e análise dos dados ................................................................................. 15

4. RESULTADOS .................................................................................................................... 16

4.1 Caracterização sociodemográfica ....................................................................................... 16

4.2 Dados da ocorrência ........................................................................................................... 19

4.3 Procedimentos realizados ................................................................................................... 21

4.4 Desfechos da ocorrência ..................................................................................................... 22

5. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 24

5.1 Caracterização sociodemográfica ....................................................................................... 24

5.2 Dados da ocorrência ........................................................................................................... 25

5.3 Procedimentos realizados e desfechos da ocorrência - vítima do ocorrido ........................ 27

6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 33

7 REFERÊNCAIS .................................................................................................................... 34

ANEXO A ................................................................................................................................ 40

ANEXO A ................................................................................................................................ 41

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ANEXO B ................................................................................................................................ 42

APÊNDICE A .......................................................................................................................... 43

APÊNDICE B ........................................................................................................................... 44

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APRESENTAÇÃO

Este estudo teve suas raízes há 12 anos, quando o autor iniciou sua vivência cotidiana

no atendimento da parada cardiorrespiratória (PCR). As primeiras experiências foram

marcantes na formação teórica da área de urgências, onde rapidez, conhecimento e segurança

são ferramentas essenciais para salvar vidas e prevenir sequelas. No decorrer da graduação,

esses requisitos passavam para o plano prático, que possibilitou aplicar os conhecimentos

adquiridos com ações competentes e menor estresse emocional. Observa-se que a tendência

dos profissionais que atendem a PCR é estarem tão confortáveis e seguros nesta situação de

urgência, que a execução das ações tende a ser automatizada. Entretanto, a complexidade

inerente a esse procedimento, cuja perda de segundos ou erro pode resultar em prejuízos

irreversíveis, exige constantes avanços científicos e tecnológicos, conhecimento esse

incorporado em diretrizes normatizadas por sociedades científicas da área. No caso da PCR as

diretrizes adotadas no Brasil são as apresentadas pela American Heart Association. Entende-

se que as iniciativas de grupos de estudo em disponibilizar conhecimento científico para

subsidiar condutas devem reverter em ações no âmbito das políticas públicas, institucionais,

grupais e pessoais, tema a ser abordado na discussão dos resultados deste estudo.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Conceito e implicações de parada cardiorrespiratória no perfil de

morbimortalidade das doenças cardiovasculares.

A parada cardiorrespiratória (PCR) pode ser definida como uma condição súbita e

inesperada de deficiência absoluta de oxigenação tissular, por ineficiência circulatória ou por

cessação da função respiratória1, um evento relativamente frequente em qualquer serviço de

atendimento de emergência.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima em torno de 200.000 PCRs ao ano no

Brasil, com metade dos casos em ambiente hospitalar e a outra metade em ambiente extra-

hospitalar2. Apesar de avanços nos últimos anos relacionados à prevenção e tratamento,

muitas são as vidas perdidas anualmente no Brasil devido à PCR, ainda que não se tenha a

exata dimensão do problema pela falta de estatísticas a esse respeito2. Trata-se de uma

ocorrência inesperada e constitui grave ameaça à vida, assim é de vital importância para o

atendimento à rapidez, eficiência, conhecimento técnico-científico e habilidade por parte da

equipe que realiza esse atendimento. Além disso, requer infraestrutura adequada, trabalho

harmônico e sincronizado entre todos os profissionais envolvidos3, para garantir atendimento

imediato e qualificado nas situações de gravidade.

1.2 Determinantes Históricas

O conhecimento humano sobre PCR advêm de séculos passados e conta com citações

bíblicas no antigo testamento, porém a partir do século XVIII começaram os questionamentos

sobre as possibilidades de técnicas e execuções de manobras voltadas para a ressuscitação

cardiopulmonar (RCP)4. As Forças Armadas Americanas e a Cruz Vermelha Americana

(American Red Cross) questionaram em 1948 quais seriam as técnicas e as manobras voltadas

para RCP, pois visavam o esclarecimento de dúvidas concernentes à temática. Entretanto,

como resultado da conferência sobre ressuscitação organizada pela National Academy of

Sciences-National Research Council (NAS-NRC), não foi concluído qual o método mais

adequado para o suporte básico à ressuscitação4, 5.

Na década de 1960 o engenheiro eletricista Kouwenhouven percebeu durante seus

experimentos que os choques externos aplicados nos cães eram capazes de gerar ondas de

pressão arterial similares às ondas de pressão de pacientes com circulação espontânea,

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associou estas ondas de pressão com a compressão no esterno, ficou evidente a descoberta das

compressões torácicas como possibilidade de RCP a tórax fechado6, 7. Foi observado que a

compressão sobre o terço inferior do esterno, realizada de forma adequada, fornecia

circulação artificial que possibilitava a recuperação da vida em animais e seres humanos na

ocasião de parada cardíaca (PC)4, 8. A utilização da respiração artificial foi incluída para o

tratamento de PCR como técnica necessária composta à massagem cardíaca em 1961, foi uma

das recomendações mais importantes do International Symposium on Emergency

Resuscitation como atestam alguns autores4, 9. No mesmo ano a American Heart Association

(AHA) criou o que mais tarde se transformou no Committee on Cardiopulmonary

Resuscitation and Emergency Cardiac Care, o qual busca evidenciar a padronização e difusão

dos conhecimentos da RCP4, 10.

Após a publicação das evidências que envolvia as técnicas para a RCP, estavam

definidos os primeiros passos para a sistematização do atendimento a PCR, ou seja, os

mnemônicos A (vias aéreas), B (respiração) e C (circulação)11, 12. Bernard Lown descreveu

em 1962 a desfibrilação com corrente monofásica4.

Sua aplicação no tórax de pacientes monitorizados eletrocardiograficamente por Paul

Zoll, concomitante com os passos ABC da ressuscitação, resultou no sucesso da desfibrilação

externa, estudo que originou o desfibrilador externo portátil à bateria e com capacitor de

cargas11-13.

As primeiras diretrizes de RCP foram publicadas em 196610. Durante o decorrer dos

anos, houve revisões periódicas que foram publicados pela AHA em 197414, 198015, 198616,

199217, 200018, 200519, 201020 e 201521.

Em 1970 foram criados os cursos para atendimento em emergências cardiovasculares

no Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV). Em 1992 foi formada

a International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) [Aliança Internacional dos

Comitês de Ressuscitação], que promoveu um fórum entre as principais organizações de

ressuscitação de todo o mundo22. Essa aliança agrega, até o momento, representantes da

American Heart Association (AHA), European Resuscitation Council (ERC), Heart and

Stroke Foundation of Canada (HSFC), Australian and New Zealand Committee on

Resuscitation (ANZCR), Resuscitation Councils of Southern Africa (RCSA) e InterAmerican

Heart Foundation (IAHF)23. Em 1997, o Consejo Latino-Americano de Resucitación (CLAR)

tornou-se oficialmente a sétima organização-membro do ILCOR24. A primeira reunião do

ILCOR propôs que deveria haver cooperação internacional contínua por meio de um comitê

de ligação permanente, com organizações ativas, bem estabelecidas, que no momento

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escreviam suas diretrizes e que fossem de maneira gerais naturalmente multinacionais ou

multidisciplinares24.

1.3 Contextualização do tema

Diretrizes são orientações, guias e rumos que definem um caminho a seguir, por meio

de instruções ou indicações para se estabelecer uma ação, conciliando informações a fim de

padronizar condutas, promovendo uma linguagem global sob o assunto em questão,

possibilita minimizar falhas e ou erros de processos durante os atendimentos das equipes de

saúde por todo o mundo que as adotam25.

O foco principal do ILCOR está voltado para a formulação das diretrizes de

tratamento, porém o comitê enfatiza também a efetividade da educação e a abordagem de

treinamentos e tópicos relacionados com a organização e a implementação do Atendimento

em Emergências Cardiovasculares23. Foi o tempo em que ausência de respiração e batimento

cardíaco significava morte, uma vez que com evolução das técnicas de reanimação

cardiopulmonar, desenvolvimento de drogas, aperfeiçoamento de equipamentos e treinamento

de leigos e profissionais, milhares de vidas são salvas em todo o mundo26. Atualmente o

ILCOR e AHA são os principais disseminadores dos conhecimentos de ressuscitação em todo

o mundo, com a publicação das diretrizes de RCP a cada cinco anos4.

A mais recente normatização do atendimento à PCR foi publicada em outubro de

2010, pela AHA, com mudanças específicas na sequência de atendimento26, onde

recomendam alteração na sequência de procedimentos de SBV de A-B-C (via aérea,

respiração, compressões torácicas) para C-A-B (compressões torácicas, via aérea, respiração)

em adultos, crianças e bebês. Essa alteração fundamental na sequência de RCP exigirá nova

capacitação de todos os já treinados em RCP27. Para o atendimento às PCRs em crianças na

idade neonatal, o quadro de asfixia é predominantemente a principal causa da PCR, motivo

pelo qual a sequência de ressuscitação A-B-C com relação à compressão-ventilação de 3:1 foi

mantida, exceto quando há etiologia cardíaca claramente associada27. A atualização de 2010

das Diretrizes da American Heart Association (AHA) para Ressuscitação Cardiopulmonar

(RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE), traz duas novas recomendações:

cuidados Pós-PCR e treinamento com capacitação e implementação de equipes. A

importância dos cuidados pós-PCR é enfatizada pela inclusão de um novo e quinto elo na

Cadeia de Sobrevivência de Adultos em ACE da AHA (Figura 1)28

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9

Fonte: AHA, 2010.

Baseada nas evidências do consenso científico internacional de 2010, recentemente foi

publicada a I diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados cardiovasculares de

emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com o intuito de atender a realidade

brasileira. É enfatizado no consenso internacional que o atendimento siga as ações de SBV,

que incluem a identificação rápida dos sinais clínicos de PCR, o acionamento da equipe de

emergência, a realização de compressões torácicas eficazes seguidas de abertura de vias

aéreas e ventilação e finalmente a desfibrilação precoce. Já as manobras de SAV incluem,

além das descritas, a monitorização cardíaca, o uso de dispositivos invasivos para abertura de

vias aéreas, terapia medicamentosa e o tratamento das causas reversíveis da PCR24, 29.

1.4 Atuações da enfermagem na parada cardiorrespiratória

A equipe de enfermagem deve estar atenta para o reconhecimento da PCR e

estabelecer medidas terapêuticas destinadas a manter os órgãos vitais em funcionamento3. Os

profissionais de enfermagem são os primeiros a terem contato com o paciente no pronto-

socorro, após a sua recepção. Assim, torna-se imprescindível que tenham a capacidade de

reconhecerem imediatamente a PCR (ou situações de emergência com ameaça à vida) e suas

possíveis causas, para que possam atuar imediatamente, e assim, contribuir para que o

atendimento seja feito da forma mais rápida e eficiente possível, dentro da realidade de cada

instituição1, 30, 31. É importante salientar o papel da enfermagem dentro da equipe de saúde e

em especial, do profissional enfermeiro, ao qual compete privativamente prestar cuidados

diretos a pacientes graves, com risco de perder a vida; O enfermeiro desempenha

frequentemente o papel decisivo na sobrevida de pacientes atendidos com critérios

emergenciais, inconscientes ou em parada cardiorrespiratória3.

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Durante a PCR poderão ocorrer danos celulares irreparáveis em poucos minutos, é

necessário ter em mente que as lesões cerebrais graves e irreversíveis ocorrem logo após os

primeiros cinco minutos de parada, em condições de normotermia1. Os enfermeiros devem

possuir competência técnica, institucional e legal para iniciar os procedimentos de

ressuscitação assim que reconhecido o problema, de forma que esses deverão estar

familiarizados e capacitados para executar as manobras da RCP32. A falta de uniformidade

das condutas e a assistência inadequada concorrem para falhas que podem colocar em risco o

sucesso da reanimação e consequentemente, a vida do cliente33. Portanto, é de fundamental

importância que o atendimento sistematizado seja baseado nos protocolos de SBV e SAV,

para que haja sucesso na reanimação, sendo que atualizações e revisões periódicas ocorrem

visando à melhoria da eficácia e simplificação das ações, com intenção de facilitar o

atendimento inicial ao indivíduo em PCR34.

Um estudo realizado em Petrolina-PE (Brasil) em 2011, com uma amostra de oito

enfermeiros e vinte e cinco técnicos de enfermagem, evidenciou que 100% dos enfermeiros

não souberam responder sobre a identificação correta de todos os sinais clínicos da PCR34.

Outro estudo realizado na Região Metropolitana de Campinas-SP (Brasil) em 2007,

com 73 enfermeiros, conclui que os pesquisados têm conhecimentos insuficientes, uma vez

que respostas corretas atingiram 50% do que é exigido35.

Estudos no Brasil36 já discutiram a falta de conhecimento de enfermeiros em

procedimentos básicos na área cardiovascular, como a medida da pressão arterial, contudo

questionam-se como esses profissionais poderiam atuar em situação tão vulnerável de perda

ou continuidade da vida diante uma PCR, sem a necessária competência profissional. Com

avanço que ocorre no conhecimento referente à PCR e RCP, baseado em evidências, os

enfermeiros precisão ser continuamente capacitados para executar as manobras de suporte

básico e avançado de vida, conhecimento imprescindível às ações rápidas e eficazes.

É de responsabilidade dos grupos empresariais e institucionais oferecer educação

continuada para atualização dos profissionais de enfermagem para o avanço do conhecimento

técnico-cientifico, bem como propiciar oportunidades de conhecer e ser treinados para

incorporar na prática novas tecnologias. Contudo, nem sempre as organizações de saúde

conseguem possibilitar a capacitação profissional nas diretrizes específicas de diversos temas,

logo que são divulgados, uma vez que novos conceitos são introduzidos sem que os

profissionais tenham sido atualizados nos anteriores, fato que ocorre a respeito da PCR. A

carência de informações atualizadas por parte dos profissionais atuantes na assistência

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contribui para o aumento do número de ações necessárias, porém não realizadas e também dos

registros não efetuados.

Considerando o necessário conhecimento sobre o estado da arte no tema, vale destacar

que, além da necessidade de serem oferecidas ações eficazes, muitas vezes os procedimentos

realizados durante o cuidado da RCP não são registrados pelo profissional por ela

responsável. Considerando que o registro é fundamental ao atendimento dos aspectos ético-

legais, assim como os organizacionais, questiona-se: como esta sendo o atendimento do

enfermeiro na RCP, considerando as diretrizes vigentes do ano atual?

A literatura nacional acerca do tema é escassa, sobretudo no que concerne a atuação

do enfermeiro no SAV frente à diretriz vigente no país, assim como o registro das ações

realizadas por esses profissionais, o que oportuniza a realização deste estudo.

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2. OBJETIVOS

Verificar a partir dos registros em prontuários de vítimas de PCR, se as ações de

ressuscitação cardiopulmonar realizadas pelos enfermeiros atendem os itens preconizados nas

diretrizes da American Heart Association.

Descrever o perfil de atendimento realizado pelos enfermeiros às vítimas de PCR.

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3. MÉTODO

3.1 Tipo e local da pesquisa

Para atender aos objetivos propostos, foi realizado um estudo documental analítico

transversal, com abordagem quantitativa sobre as ocorrências de vítimas de parada

cardiorrespiratória em ambiente pré-hospitalar, atendidas pelo Grupo de Resgate e Atenção as

Urgências e Emergências – GRAU, da Secretaria de Saúde de São Paulo. Tem o caráter

exploratório quanto à identificação das ações realizadas em função de um referencial teórico.

3.2 Amostra do estudo

A população alvo deste estudo foi composta por todas as fichas de atendimento pré-

hospitalar (APH) de pessoas com PCR, atendidas pelas equipes das unidades de suporte

avançado do Grupo de Grupo de Resgate e Atenção as Urgências e Emergências da Secretaria

de Saúde de São Paulo, base localizada na cidade de São José dos Campos - SP, no período de

dezembro de 2013 a maio de 2014 (06 meses), independente da causa, totalizando 101 casos.

Critérios de inclusão

Todas as fichas registradas entre dezembro de 2013 e maio de 2014, com registros

totais ou parciais dos itens do documento.

Critérios de exclusão

Fichas referentes aos atendimentos em crianças;

Documentos sem data.

3.3 Tramitações administrativa e ética

Foi encaminhada a coordenação de enfermagem carta de solicitação (Apêndice A)

para a realização do estudo, acompanhada do projeto a ser desenvolvido.

Não houve necessidade de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, por se tratar

de estudo documental, de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde

(Brasil) que regulamenta a pesquisa em seres humanos no país.

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3.4 Referencial metodológico e de análise

O estudo teve como referência as diretrizes da American Heart Association de 2010

para Ressuscitação Cardiopulmonar e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE),

desenvolvidas com base nas evidências científicas dos 5 anos antecedentes a publicação de

2010(20).

3.5 Coleta dos dados

3.5.1 Instrumento de coleta de dados

Para coleta dos dados o instrumento (Apêndice B) foi baseado nas diretrizes da AHA

de 2010, o qual está organizado em quatro amplas categorias: dados da ocorrência,

procedimentos realizados, desfecho da ocorrência e dados sócio demográficos dos

participantes atendidos pelas equipes de saúde.

3.5.2 Ficha de atendimento de ocorrências

A ficha de registro dos atendimentos do GRAU (Anexo A) examinada abrange

diversas variáveis como registros sócios demográficos da vítima em atendimento, local da

ocorrência, unidades envolvidas no atendimento, horário, número de vítimas na ocorrência, o

desfecho de tais vítimas, acidente com veículos e objetos envolvidos, localização e posição da

vítima ao ser encontrada, dados referentes à cinemática do trauma, tipo de ocorrência, casos

clínicos, ferimentos, procedimento realizados pela equipe, sinais vitais, descrição da

ocorrência relatada pelo enfermeiro informando a forma do atendimento e dados subjetivos ao

caso ocorrido.

A ficha revela os medicamentos utilizados durante as ocorrências em quantidade total;

é possível verificar o emprego de adrenalina, vasopressina, amiodarona, lidocaína, solução

fisiológica ou ringer lactato, atropina e bicarbonato de sódio, medicamentos essenciais para o

SAV na RCP.

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3.5.3 Procedimento de coleta dos dados e recrutamento

Após aprovação e autorização administrativa do setor de enfermagem do GRAU, o

estudo foi realizado no espaço oferecido pela gerência de enfermagem localizada no

Departamento de Gerenciamento Ambulatorial da Capital (SP) - DGAC, junto à

administração do serviço. Os dados foram coletados a partir das fichas de ocorrências

registradas pelos enfermeiros atuantes no serviço junto à base operacional na cidade de São

José dos Campos (SP), identificadas de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, e

inseridos no instrumento de coleta (Apêndice B). Posteriormente foram lançados no software

determinado para análise criteriosa das variáveis de interesse do estudo.

3.5.4 Procedimento de análise de dados

A análise foi baseada a partir do guidelines Destaques das Diretrizes da American

Heart Association 2010 para RCP e ACE e foi comparada com as ações dos enfermeiros

descritas nas fichas das ocorrências.

3.6. Armazenamento e análise dos dados

Os dados foram armazenados em planilha eletrônica (Microsoft Excel® - versão

Office XP Professional®), estabelecendo-se as análises descritivas e inferências pertinentes

no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 20 para Windows.

Na análise descritiva foram apresentadas as frequências absoluta e relativa, média,

moda e desvio padrão. Para análise inferencial optou-se em utilizar o Qui-quadrado para as

variáveis categóricas e para as continuas o Teste Exato de Fisher.

Os resultados foram apresentados em forma de números absolutos e porcentagens,

organizados em forma de tabelas e discutidos de acordo com a literatura específica sobre o

tema.

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4. RESULTADOS

A consulta às 387 ocorrências atendidas no período do estudo revelou 106 (27%)

ocorrências de PCR, das quais cinco fichas foram excluídas por não atenderem os critérios de

inclusão. Das 101 restantes, 36 foram indicadas para RCP.

Os resultados encontram-se apresentados em função da ordem dos itens das categorias

contidas no instrumento de coleta dos dados:

• Caracterização sócia demográfica das vítimas;

• Dados da ocorrência - vítima do ocorrido;

• Procedimentos realizados - vítima do ocorrido;

• Desfecho da ocorrência - vítima do ocorrido;

4.1 Caracterização sociodemográfica

A tabela 1apresenta os atendimentos de PCR, segundo a faixa etária e indicação de

RCP.

Tabela 1. Atendimentos de PCR, em função da faixa etária e indicação de RCP. São José

dos Campos, 2014.

Indicados Não indicados Total

Idade

n %

n %

n %

12 a 20 2 6,5% 2 3,2% 4 4,3%

21 a 30 3 9,7% 8 12,9% 11 11,8%

31 a 40 1 3,2% 3 4,8% 4 4,3%

41 a 50 4 12,9% 9 14,5% 13 14,0%

51 a 60 4 12,9% 8 12,9% 12 12,9%

61 a 70 3 9,7% 8 12,9% 11 11,8%

71 a 80 7 22,6% 9 14,5% 16 17,2%

≥ 80 7 22,6% 15 24,2% 22 23,7%

Total 31 100,0% 62 100,0% 93 100,0%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

Com respeito à idade dos 36 sujeitos indicados a RCP, não houve registo em cinco

fichas das 36 fichas, observando-se nos 31 registros média de idade de 63 anos (dp 22,64).

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Dos 65 participantes que não tiveram indicação para RCP, constatou-se ausência de registro

de idade em 3 fichas, com média de 63,50 anos (dp 21,87). A idade mínima foi de 12 anos e

máxima de 92 anos. Os índices referentes aos sujeitos com mais de 70 anos, os quais atingem

quase a metade da população.

Em relação ao gênero, todas as 101 fichas analisadas possuíam o registro do sexo das

pessoas, como indicado na tabela 2.

Tabela 2. Atendimentos realizados às pessoas em PCR em função do gênero e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014.

Indicados Não indicados Total

Gênero n % n % n %

Masculino 21 58,3% 38 58,5% 59 58,4%

Feminino 15 41,7% 27 41,5% 42 41,6%

Total 36 100,0% 65 100,0% 101 100,0%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

O sexo masculino recebeu o maior número de tentativas de RCP (58,3%) quando

comparado ao feminino (41,7%).

Sobre a etnia, não houve registro em oito fichas dos 36 atendimentos indicados a RCP

e em 20 casos não indicados à RCP. A raça amarela não foi evidenciada em nenhum

atendimento, como pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3. Atendimentos realizados às pessoas em PCR por etnia e indicação de RCP.

São José dos Campos, 2014.

Sim Não Total Etnia n % n % n %

Branco 25 89,30% 29 64,40% 54 74,00%

Pardo 3 10,70% 16 35,60% 19 26,00%

Total 28 100,00% 45 100,00% 73 100,00%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

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Em relação aos dias da semana, nota-se que o maior número de tentativas de RCP

aconteceu às quintas-feiras, sextas-feiras e domingos, entretanto o maior número de

ocorrências foi registrado às quintas-feiras.

Tabela 4. Atendimentos realizados às pessoas em PCR por dia da semana e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014.

Indicados Não indicados Total

Dia n % n % n %

Seg 5 13,9% 11 16,9% 16 15,8%

Ter 5 13,9% 11 16,9% 16 15,8%

Qua 1 2,8% 8 12,3% 9 8,9%

Qui 7 19,4% 10 15,4% 17 16,8%

Sex 7 19,4% 8 12,3% 15 14,9%

Sab 4 11,1% 9 13,8% 13 12,9%

Dom 7 19,4% 8 12,3% 15 14,9%

Total 36 100,0% 65 100,0% 101 100,0%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

Apesar da tendência do aumento de ocorrências nos finais de semana, na experiência

do autor, os dados da tabela 4 não apresentam diferenças importantes a respeito dos dias da

semana.

Tabela 5. Atendimentos realizados às pessoas em PCR, em função do mês e indicação de

RCP. São José dos Campos, 2014.

Indicados Não indicados Total

MÊS n % n % n %

Dez/13 3 8,3% 11 16,9% 14 13,8%

Jan/14 5 13,9% 18 27,7% 23 22,8%

Fev/14 6 16,7% 12 18,5% 18 17,8%

Mar/14 6 16,7% 7 10,8% 13 12,9%

Abr/14 12 33,3% 6 9,2% 18 17,8%

Mai/14 4 11,1% 11 16,9% 15 14,9%

Total 36 100,0% 65 100,0% 101 100,0%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

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Os dados referentes aos atendimentos por mês evidenciam que em janeiro de 2014

houve maior número de ocorrências (41.1%), embora as indicações de RCP tenham

acontecido em abril 2014 (33,3%), como indica a tabela 5.

4.2 Dados da ocorrência

As ocorrências foram em sua maioria atendidas nas residências das vítimas de PCR,

com o maior número de indicação de RCP (75%). Em oito fichas indicados à RCP e em sete

não indicadas não consta esse registro, como se verifica na tabela 6.

Tabela 6. Atendimentos realizados às pessoas em PCR por local da ocorrência e indicação

de RCP. São José dos Campos, 2014.

Local da ocorrência Indicados Não indicados Total

n % n % N %

Público 6 21,40% 11 19,00% 17 19,80%

Residência 21 75,00% 44 75,90% 65 75,60%

Outros 1 3,60% 3 5,10% 4 4,60%

Total 28 100,00% 58 100,00% 86 100,00%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

Do total das 36 ocorrências com indicação de RCP, em 24 delas há relatos sobre o

tempo gasto do acionamento da equipe até a cena do ocorrido; a média de tempo gasto foi de

10 minutos (dp 4,912), com tempo mínimo do acionamento ao local de 3 minutos e máximo

de 23 minutos. Houve 11 registros sobre o tempo gasto na cena, com média de 24 minutos (dp

12,572), tempo mínimo de 9 minutos e máximo de 54 minutos. Sobre o tempo gasto no local

de acontecimento até o hospital, foram realizados 11 registros sendo observado a média de 10

minutos (dp 3,722), com 4 e 15 minutos de tempo mínimo e máximo, respectivamente.

Tabela 7. Atendimentos realizados às pessoas em PCR, segundo turno de trabalho e

indicação de RCP. São José dos Campos, 2014.

Indicados Não indicados Total

Turno (h) n % n % n %

7 às 18 17 63,0% 31 52,5% 48 55,8%

19 às 6 10 37,0% 28 47,5% 38 44,2%

Total 27 100,0% 59 100,0% 86 100,0%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

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Não foi registrado o turno (horário de acionamento da equipe) em 15 fichas, porém

nas registradas o período diurno (7 às 18h) computou o maior número de ocorrências (55,8%),

das quais 17 (63%) foram indicadas para RCP, como consta na tabela. Considerando que o

horário registrado na ficha de atendimento é o do momento em que a equipe foi acionada para

atender à ocorrência, é possível que esses resultados não sejam fidedignos, pois a PCR pode

ter ocorrido em um turno e ter sido atendida pela equipe em outro.

Nos documentos referentes às 36 tentativas de RCP, em 18 fichas foi observado

ausência de registros sobre a realização do suporte básico de vida. Entre os nãos indicados à

RCP (65), apenas em uma ficha encontrou-se dados sobre a realização prévia da técnica.

Tabela 8. Tipo de ocorrência, segundo causas e indicação de RCP. São José dos Campos,

2014.

Tipo de ocorrência Indicados Não indicados Total

n % n % n %

PCR clínica 29 82,90% 45 71,40% 74 75,50%

PCR trauma 6 17,10% 18 28,60% 24 24,50%

Total 35 100,00% 63 100,00% 98 100,00%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

A ocorrência de PCR por razões clínicas predominou nos sujeitos indicados à RCP

(82,9%), não se constatando registro em três fichas. A causa da PCR foi definida após o

atendimento, avaliação e julgamento da equipe que prestou o socorro à vítima. Entretanto,

como não foram levados em consideração os resultados de necropsia ou análise de exames

diagnósticos, admitem-se possíveis equívocos na conclusão sobre a causa registrada.

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4.3 Procedimentos realizados

Tabela 9. Registro do procedimento executado durante a RCP. São José dos Campos,

2014.

Procedimentos Registrado Não registrado Total

n % n % n %

Palpação do pulso 2 5,60% 34 94,40% 36 100,00%

Monitorização do

ritmo inicial 35 97,20% 1 2,80% 36 100,00%

Relação ventilação e

compressão torácica 8 22,20% 28 77,80% 36 100,00%

Uso de via aérea

avançada 35 97,20% 1 2,80% 36 100,00%

Uso de acesso venoso 36 100,00% - - 36 100,00%

Capnografia - - 36 100,00% 36 100,00%

Uso de O2 34 94,40% 2 5,60% 36 100,00%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

Pela análise dos dados da tabela 9 acima, foi possível evidenciar que os procedimentos

menos registrados foram à palpação do pulso (34-94,4%), relação ventilação e compressão

torácica (28-77,8%) e o uso de capnografia (36–100%), procedimento este fundamental para

averiguar a relação qualitativa entre o débito cardíaco e o CO2 exalado para monitoração da

eficácia da compressão torácica externa.

O principal ritmo cardíaco encontrado durante a monitoração inicial (n=22) foi a

assistolia, relatado em 18 (81,8%) casos, seguido de três (13,6%) registros de atividade

elétrica sem pulso e um (4,5%) de fibrilação ventricular. Houve registros de taquicardia

ventricular sem pulso. Em 14 casos (40,0%) dos 35 monitorados inicialmente, não houve

descrição sobre o ritmo cardíaco inicial.

A desfibrilação cardíaca externa foi empregada em 14 (38,9%) dos 36 casos indicados

à RCP, contudo em 11 desses casos (78,6%) não foi encontrada a descrição da carga utilizada

em joules (J) e em apenas três (21,4%) viu-se o relato do uso da carga em 200 J. Não houve

necessidade de desfibrilação cardíaca externa em 17 (47,2%) casos e em cinco (13,9%) casos

não foram encontrados registros, totalizando os 36 casos indicados à RCP.

Sobre a relação ventilação e compressão torácica, a técnica de 30 massagens torácicas

externas para 2 ventilações de resgate, foi observado em 5,6% casos e a relação de 30

massagens torácicas externas com ventilações de resgate intermitentes, computou 16,7%

casos, dos 36 casos avaliados. O uso da cânula endotraqueal foi predominante para a

manutenção das vias aéreas, sendo 94,3% sujeitos do total de 35 relatos. Não foram

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encontrados relatos de uso da máscara laríngea e ou procedimentos realizados por

enfermeiros.

Para o acesso a rede venosa, observou-se a cateterização por via periférica em 97,2%

dos pacientes e apenas em 1 paciente foi utilizado o dispositivo para acesso intraósseo (IO),

do total de 36 casos.

Tabela 10. Tipo de fármacos e empregabilidade nos 36 casos de RCP. São José dos

Campos, 2014.

n % Fármacos

Adrenalina 36 100,0%

Vasopressina 24 66,7%

Amiodarona 10 27,8%

Ringer lactato 31 86,1%

Solução fisiológica 7 19,4%

Bicarbonato de

sódio 9 25,0%

Atropina 6 16,7%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

A tabela destaca o uso de adrenalina em 100,0% dos indicados à RCP, seguido da

utilização do ringer lactato (86,1%) e vasopressina (66,7%).

4.4 Desfechos da ocorrência

Tabela 11. Óbitos e sobrevida imediata de 96 casos registrados. São José dos Campos,

2014.

Óbito n %

No local 85 88,54%

No hospital 1 1,04%

No transporte 1 1,04%

Sobrevida imediata 9 9,38%

Total 96 100,00%

Fonte: Fichas de atendimento pré-hospitalar do GRAU, 2014.

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Verificou-se que a sobrevida atingiu apenas 9,38% dos casos atendidos durante os seis

meses, e quando comparado com os casos que receberam indicação de RCP (n = 36), a

sobrevida chegou a 25,0%.

Em nove avaliados, apenas 2 tiveram o registro do nível de consciência (escala de

coma de Glasgow) que o paciente apresentou após o retorno da circulação espontânea (RCE).

As equipes transportaram 44,4% das 36 vítimas ao hospital.

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5. DISCUSSÃO

5.1 Caracterização sociodemográfica

Conforme observado, o número de indivíduos do sexo masculino acometidos por PCR

foi superior ao feminino (58,3% versus 41,7%). Cientificamente está provado que a incidência

de PCR em mulheres é três vezes menor que no homem 37, e o estilo de vida mais saudável da

mulher pode influenciar positivamente nesse aspecto. A constatação de maior prevalência da

moléstia cardíaca isquêmica em homens foi sempre observada, contudo em recente estudo de

revisão de literatura sobre risco cardiovascular foi observado que apesar de a doença

cardiovascular surgir 10 anos mais precocemente no homem do que na mulher, após a

menopausa ocorre diminuição do hormônio estrógeno, o índice aumenta entre as mulheres, e

após os 75 anos o risco se iguala em ambos os sexos, em decorrência da mudança da função

hormonal38. Além da maior incidência da PCR nos homens, chamou atenção o fato deles

terem recebido maior número de indicação de RCP (58,3% versus 41,7%).

É conhecido que o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) representa a principal causa

clínica de PCR e morte súbita. Comparando a evolução clínica entre homens e mulheres

infartados, pesquisadores brasileiros não observaram diferenças significativas quando

analisadas os fatores de risco e evolução clínica e hemodinâmica. O tratamento nas mulheres

foi mais tardio e elas foram submetidas menos vezes à trombólise e à angioplastia, mas não

menos vezes à revascularização miocárdica. O sexo feminino e o diabetes foram fatores

independentes à ocorrência de reinfarto e óbito39. A idade não foi registrada para cinco

sujeitos e entre os 31 registrados, observou-se que idade acima de 41 anos é predominante nos

indivíduos submetidos à RCP. Estudos anteriores afirmam que a maioria dos casos de PCR é

categorizada como sendo de causas clínicas e neste grupo predominam pessoas com idade

acima de 44 anos, ao contrário das PCR traumáticas que atingem mais os adolescentes e

adultos jovens, na faixa etária de 15 a 44 anos. No grupo estudado, o perfil das pessoas e as

causas de PCR seguiram a tendência de pesquisas realizadas em outros países, ou seja,

predomínio das doenças cardiovasculares a partir da quarta década de vida40, 41. Associando

idade e sexo, observa-se a maior prevalência de PCR nas mulheres mais idosas, porém o

aparecimento da doença cardíaca é cerca de 10 anos mais tarde do que nos homens39.

Concernente à etnia este estudo apresenta limitação no que diz respeito à sobre o

percentual de negros (e miscigenados) e brancos que tiveram indicação de RCP, entre os 101

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com PCR. A indiscutível vulnerabilidade do grupo racial de origem africana o coloca como

de maior risco para infarto do miocárdio (IM) e Acidente Vascular Encefálico (AVE)42.

5.2 Dados da ocorrência

Antes de se mencionar alguns aspectos deste estudo, apresentam-se algumas

considerações sobre os critérios de indicação da RCP. Os socorristas decidem a indicação ou

não da RCP em função de critérios estabelecidos na literatura. Aqueles que indicam a

tentativa de ressuscitação priorizam: idade, não estar em cuidados paliativos ou situação de

finitude e não ser caracterizado como morte evidente. Os atendimentos desses critérios de

indicação é condição fundamental para que os socorristas tomem a decisão de iniciar as ações

no menor tempo possível.

No APH assume-se que toda PCR deve ser de origem cardíaca, a menos que esteja

associada a traumatismos, overdose por drogas ou outras causas identificadas pela equipe de

atendimento43. Assim sendo, nessa investigação optou-se por classificar as causas de PCR

referentes à “clínica”, todas aquelas presumíveis de origem cardíaca e a “traumas”, quando

possivelmente decorrentes de outras causas, como acidentes por exemplo. É importante

ressaltar que nem todas as fichas continham anotações sobre as causas da PCR.

A maioria dos casos atendidos foi no período diurno. Considerando que o horário

registrado na ficha de atendimento é o do momento em que a equipe foi acionada para atender

à ocorrência, é possível que esses resultados não sejam fidedignos, pois a PCR pode ter

ocorrido em um turno e atendida pela equipe em outro. Na coleta de dados para este estudo

não foi registrado o horário do atendimento da PCR, dado que teria sido importante para

melhor análise das ocorrências. Foi interessante notar que em estudo realizados em outros

países, foi registrado que o maior número de atendimentos às pessoas em PCR se deu no

período da manhã (8h00 à 12h00), sendo que esses autores verificaram que existe maior risco

de uma pessoa ter uma PCR em até três horas após o despertar, os nossos dados também

corroboram esses estudos, pois, quando se encontrou registros nas fichas, a maioria dos

atendimentos foi realizada no período diurno44, 45.

O SBV é um conjunto de medidas a partir da abordagem inicial da vítima, realizada

por leigos ou profissionais da saúde, e abrange técnicas como a desobstrução das vias aéreas,

ventilação e circulação artificial46, 47. O SBV é vital até a chegada do SAV, e um rápido SBV

proporciona até 60% de chance de sobrevivência, salientando assim a importância do

atendimento precoce a partir da identificação de um individuo acometido por PCR48. Sabe-se

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que na ausência de manobras de RCP, um paciente com 5 minutos de PCR será acometido por

alterações irreversíveis do córtex cerebral, sendo que após esse período o coração pode voltar

a bombear sangue, contudo o cérebro portará modificações histológicas e funcionais podendo

evoluir à morte cerebral49, 50. Portanto, para um bom prognóstico do paciente em PCR o

suporte básico de vida é fundamental, contudo, nos casos analisados no presente trabalho, o

prognóstico de metade dos pacientes indicados à RCP ficou prejudicado, uma vez que as

fichas preenchidas não trouxeram informação sobre a aplicação do SBV.

O SBV se torna ainda mais fundamental quando da demora da chegada da equipe de

socorristas até o local onde a vítima se encontra. Pela análise dos dados foi possível perceber

que o tempo médio gasto para a chegada da equipe à cena da PCR, após o seu acionamento,

foi cerca de 10 minutos, evidenciando que manobras anteriores deveriam ter sido executadas

para a preservação das estruturas miocárdicas e cerebrais das vítimas. Somente em 24 fichas,

das 36 indicadas à RCP, observamos a indicação do tempo de chegada gasto, e em 11 os

registros do tempo de permanência na cena e o tempo gasto no deslocamento ao hospital, o

que nos leva mais uma vez a salientar o peso que o registro dos fatos tem no prognóstico e

estratégias de tratamento do paciente51, pois a implementação de cuidados pós-PCR é

enfatizada pelas Diretrizes da American Heart Association (AHA) para Ressuscitação

Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE) do ano de 2010.

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27

5.3 Procedimentos realizados e desfechos da ocorrência - vítima do ocorrido

A parada cardiorrespiratória (PCR) é caracterizada pelo súbito cessar da atividade

miocárdica ventricular útil, juntamente à ausência do ciclo respiratório52, sendo considerado

um problema clínico grave, contudo, ainda nos dias de hoje não recebe a devida atenção por

parte da equipe de saúde, o que aumenta sua morbidade50.

Mesmo sendo um problema grave e de alta morbidade, durante a maior parte da

história foi difícil comparar dados entre as pesquisas relacionadas à aplicação das manobras

de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e seus prognósticos. Deve-se a isso a falta de

nomenclatura uniforme e em diversos lugares as definições de sucesso ou sobrevida variavam.

Para sanar essas diferenças, em 1997 foi criado o protocolo de registro de Utstein intra-

hospitalar, com o objetivo de contemplar uma série de dados necessários para a coleta das

informações, definição de sobrevida, entre outros53. Este protocolo permite que se registre o

atendimento quanto às variáveis do ambiente intra ou extra-hospitalar, do paciente, da parada

cardiorrespiratória e dos resultados, viabilizando a comunicação entre os profissionais da

saúde e permitindo a realização de estudos de sobrevida e prognóstico de RCP54. O registro

preciso é imprescindível, pois informações sem qualidade dificultam a abordagem correta

frente a PCR e, na grande maioria das vezes, os registros encontram-se desorganizados,

inconsistentes, difíceis de ler e de entender. A maior dificuldade encontrada no nosso

trabalho, que se trata de um trabalho retrospectivo, foi à falta de informações registradas,

como discutiremos abaixo.

É consenso geral que cabe ao enfermeiro e à sua equipe assistir aos pacientes em PCR,

até a chegada do médico, oferecendo ventilação e circulação artificiais, portanto, o enfermeiro

e também a sua equipe necessita aprimorar suas habilidades motoras e cognitivas à respeito

das manobras que serão executadas nos pacientes acometidos pela parada

cardiorrespiratória49, 50.

Dados mais atuais do Ministério da Saúde estimam que aproximadamente 300 mil

indivíduos/ano morrerão por parada cardiorrespiratória, decorrente de algum problema

cardiovascular55 números que demonstram como é vital que a equipe de saúde saiba avaliar

rapidamente o paciente em PCR e iniciem os procedimentos de RCP. O enfermeiro

desempenha inúmeras funções que vão desde a reanimação cardiorrespiratória contínua, a

monitorização do ritmo cardíaco e dos demais sinais vitais, a administração de fármacos

conforme orientação médica, o registro dos acontecimentos, e o relato dos acontecimentos ao

médico e aos familiares50, 56. Após uma reanimação satisfatória, o paciente continuará sendo

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monitorado e controlado pelo enfermeiro juntamente com o médico, e ambos estarão atentos a

qualquer sinal de complicação ou melhora da evolução do quadro do paciente56.

Nesse estudo retrospectivo somente 36 casos atendidos, dos 106 de PCR, tiveram

indicação de RCP. A partir desse número podemos inferir que mesmo com disponibilidade de

recursos como facilidade de acionamento de ambulância com equipe capacitada para

reconhecer e sanar esse problema, entretanto existem outros fatores que podem contribuir de

maneira negativa para o sucesso na RCP fora do ambiente hospitalar, como, as comorbidades

da vítima, as características da PCR e a presença de lesões associadas57. Ainda pela análise

dos registros observados no estudo, outro aspecto que pretendemos abordar trata das ações e

procedimentos empreendidos pelos profissionais de enfermagem frente à RCP. A rápida e

imediata aplicação das medidas de reanimação, por parte da equipe que primeiro intervém, é o

fator preponderante para o sucesso do atendimento e sobrevida da vítima de PCR58, e como já

mencionado, o enfermeiro é o primeiro agente da saúde a ter contato com o paciente

acometido por parada cardiorrespiratória. Durante o atendimento desses pacientes é possível

se deparar com profissionais da enfermagem que têm dificuldade em realizar o atendimento

básico de urgência ou mesmo dificuldade em manusear os equipamentos necessários para a

RCP49, 59 em seu trabalho afirmou que “muitas vezes, a equipe de enfermagem detecta os

sinais de PCR, dispara o chamado de emergência, porém não inicia as manobras de

reanimação cardiopulmonar, limitando-se a levar o equipamento de reanimação até a beira do

leito do paciente e esperar a chegada do médico plantonista”49. Entretanto, essa dificuldade

no atendimento não é própria somente da equipe de enfermagem, mas também pode ser

notada em outros profissionais da área de saúde que participam do atendimento em PCR49.

Pela análise das fichas, foi possível perceber que a manobra de ventilação e

compressão foi registrada somente em 8 formulários, dos 36 casos indicados à RCP, não

estando claro se nos outros casos ela não foi realizada ou não foi registrada (tabela 9). As

Diretrizes da AHA 2010 enfatizam, mais uma vez, a necessidade de uma RCP de alta

qualidade, incluindo:

• Frequência de compressão mínima de 100/minuto (em vez de "aproximadamente"

100/minuto, como era antes).

• Profundidade de compressão mínima de 2 polegadas (5 cm), em adultos, e de, no

mínimo, um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, em bebês e crianças

(aproximadamente, 1,5 polegada [4 cm] em bebês e 2 polegadas [5 cm] em crianças.

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A compressão é, portanto, uma manobra básica de reanimação juntamente com a

ventilação artificial e é fundamental para promover artificialmente a circulação de sangue

oxigenado pelo organismo evitando os danos causados pela isquemia prolongada, até que

retornem as funções ventilatória e cardíaca espontâneas60. Contudo, somente em 22% dos

casos analisados por esse estudo foram observados registros de manobra tão importante para

aumentar a taxa de sobrevivência do paciente acometido por PCR; mais uma vez ressalta-se

que a falha pode ter sido no registro da manobra e não na sua aplicação, o que nos limita a

compreensão se os profissionais enfermeiros realmente sabem como proceder inicialmente à

RCP seguindo o protocolo preconizado pelas diretrizes da AHA 2010.

Ainda em relação à ventilação e compressão torácica, a técnica de 30 massagens

torácicas externas para 2 ventilações de resgate, preconizado pela AHA 2010, foi registrada

em somente 5,6% casos. É uma amostragem pequena, contudo, como já salientado acima,

esse estudo retrospectivo nos limita a afirmar se realmente a manobra não foi executada

corretamente por falta de conhecimento teórico e prático da equipe de socorristas ou se

mesmo sendo realizada precisamente, a mesma não foi relatada. A palpação dos pulsos,

técnica inicial sempre muito utilizada e ainda preconizada pela AHA foi registrada em

somente dois casos analisados no trabalho. Além da palpação do pulso, atualmente preconiza-

se procurar por sinais vitais, além do registro do nível de consciência, evidenciando que os

socorristas estão atualizados nesse aspecto. Porém não foram encontrados registros nas fichas

analisadas a respeito do nível de consciência do paciente, e em quase metade dos casos

analisados (14 casos) não foram descritos o ritmo cardíaco inicial, mesmo ambos sendo

questões importantes a serem preenchidas nas fichas.

A AHA 2010 salienta que em uma equipe de atendimento a uma vítima acometida por

PCR, um socorrista deve iniciar imediatamente as compressões torácicas, enquanto o outro

busca um DEA/DAE (desfibrilador automático externo) e chama o serviço de ambulância e

um terceiro abre a via aérea e aplica ventilações. Com relação a esse parâmetro, notamos uma

preocupação com a atenção ao uso do desfibrilador, pois em somente cinco dos 36 casos

indicados à RCP, não foram encontrados registros sobre o uso ou não do mencionado

aparelho, nos levando a pensar que o uso do desfibrilador faz parte da rotina de treinamento

da equipe de salvamento. Este ponto encontra-se consonante com as diretrizes da AHA 2010,

que reafirma a recomendação da AHA 2005 e diz o seguinte: “Ao presenciar uma PCR extra-

hospitalar e havendo um DEA/DAE prontamente disponível no local, o socorrista deverá

iniciar a RCP com compressões torácicas e usar o DEA/DAE o quanto antes’’.

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Segundo a AHA 2010 a sequência da RCP começa com compressões (sequência C-A-

B). Posteriormente a respiração é verificada rapidamente como parte da aplicação da manobra

de RCP frente à PCR; após a primeira série de compressões torácicas, a via aérea é aberta e o

socorrista aplica duas ventilações, o que garante 16 a 17% de oxigênio. Após essa manobra

inicial, em 35 casos analisados se registrou o uso de via aérea avançada, para melhorar a

oxigenação, sendo o uso da cânula endotraqueal predominante para a manutenção das vias

aéreas abertas (33 - 94,3%- casos), não havendo relatos de técnicas alternativas como, por

exemplo, o uso da máscara laríngea. Embora a intubação endotraqueal seja o procedimento

correto preconizado, o uso da máscara laríngea poderia inicialmente auxiliar numa ventilação

mais rápida e servir posteriormente como conduto para a intubação endotraqueal61. Em estudo

bibliográfico sobre a utilização da máscara laríngea, o autor do presente estudo verificou

evidências na literatura sobre o fato de a máscara propiciar uma via aérea muito mais segura e

permeável, do que aquela propiciada pela máscara facial mais a cânula orofaríngea. Outra

vantagem é a de evitar os reflexos danosos causados pela laringoscopia e intubação traqueal,

contudo a utilização da máscara laríngea é um procedimento que necessita de treinamento

intenso, sendo as vantagens na utilização à relativa facilidade na inserção e ausência de risco

de intubação esofágica ou bronquial62.

De acordo com diretrizes 2010 da American Heart Association, no Suporte Básico de

Vida (SBV), para adultos, a máscara laríngea é recomendada como uma alternativa ao sistema

bolsa-válvula-máscara facial e é considerada a primeira escolha para assegurar via aérea para

reanimadores que não estão treinados para intubação traqueal61. Possivelmente, como não foi

registrado um único uso da máscara laríngea, esse procedimento alternativo preconizado pela

AHA necessita ser inserido no treinamento da equipe de socorristas que darão suporte a

pacientes acometidos por PCR.

Outro fato observado foi o uso do acesso venoso, sendo que a quase totalidade (35

casos) foi realizada por via periférica e em um único paciente foi realizado o acesso

intraósseo. Mais uma vez os socorristas atuaram em consonância com as diretrizes, contudo

em situações em que não se consegue acesso venoso periférico, a via intraóssea (IO),

colocada em região de crista ilíaca ou 2 cm abaixo da tuberosidade da tíbia, é a via alternativa

de escolha. Caso não seja possível a sua implantação, a injeção imediata de medicamentos

como Narcan, Adrenalina, Lidocaína e Atropina, pode ser feita através do tubo endotraqueal,

seguida de 3 a 4 ventilações amplas63. Segundo as conclusões de um estudo bibliográfico a

cerca da terapia intraóssea para acesso venoso, realizado pelo autor deste estudo em 2011, a

técnica de punção intraóssea é de fundamental importância para o acesso à rede venosa em

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caráter emergencial, necessita de pelo menos um mínimo de treinamento para sua utilização,

sua taxa de sucesso é efetivamente alta, as complicações são mínimas, apresentam baixas

taxas de lesões, sua utilização cresce a cada dia e sua utilização tem-se expandido

mundialmente64.

Ainda se pode observar que o uso medicamentoso da adrenalina, seguido pelo ringer

lactato e vasopressina estão de acordo com as diretrizes AHA 2010, embora as aplicações de

fármacos devam ser encaradas como auxiliares muito úteis, contudo, não devem interferir ou

serem priorizadas em substituição a procedimentos de eficácia comprovada na RCP, como a

atuação inicial do SBV (principalmente as compressões torácicas) e a desfibrilação cardíaca65.

Algumas considerações sobre o estudo

A maior limitação deste estudo fundamenta-se no fato de os enfermeiros não terem

sido entrevistados sobre a falta de registros de muitas das ações concernentes aos

procedimentos preconizados no guidelines norte-americano, referência mundial no tema. Foi

observado que dos 36 casos indicados a RCP, em metade das fichas (18 vítimas) não foram

encontrados registros sobre a realização do SBV, tendo ele sido realizado ou não.

Entrevistando profissionais médicos após a realização da RCP, Torreão e

colaboradores, concluíram que registros discrepantes em prontuários, sobre o procedimento

realizado, decorreram por receios de aspectos legais66, o que consideram inadmissível do

ponto de vista ético. Embora esse estudo seja concernente a registros imprecisos, o método

utilizado poderia estimular a realização de pesquisa semelhante, com entrevista após o

procedimento, para verificar as razões da falta de registros pelo profissional enfermeiro, o que

é também um problema ético legal inadmissível. Por que os enfermeiros não estão registrando

ações de procedimentos complexos? Falta de tempo? Descaso? Ignorância dos aspectos

legais? O quanto tais condutas contribuem para retardar o avanço do conhecimento e a

garantia de uma prática de enfermagem baseada em evidências?

Dados do Ministério da Saúde estimam que aproximadamente 300 mil indivíduos/ano

morrerão por parada cardiorrespiratória decorrente de algum problema cardiovascular55,

números que demonstram como é vital que a equipe de saúde saiba avaliar rapidamente o

paciente em PCR e iniciem os procedimentos de RCP.

É evidente que o sucesso de uma RCP após a parada cardíaca, depende de vários

aspectos, alguns já elucidados nesta discussão. Procedimentos incorretos de RCP estão

associados a uma taxa de sobrevida de 4% somente, se comparados a 16% (quatro vezes

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mais) quando realizadas corretamente67. Assim, cabe aos gestores da área esforços na busca

de recursos que garantam propiciar o treinamento intenso e adequado da equipe de

enfermagem, fundamental para o atendimento competente de vítimas em PCR. Tal

treinamento deve atender o que preconiza as diretrizes para a reanimação

cardiorrespiratória49. No estudo desses autores, o índice de sobrevida chegou a 25% nos casos

indicados à RCP, em consonância aos verificados no presente estudo (25%), indicando que a

PCR presenciada e atendida rapidamente pela equipe de socorristas aumenta o índice.

Para aumentar as taxas de sucesso, estratégias como estudos teóricos e demonstrações

práticas de situações de PCR, tanto em grupos como individualmente, além de treinamento

computadorizado, com intervalos de tempo reduzido, podem realmente ajudar. As diretrizes

da AHA têm recomendado um intervalo mínimo de novos treinamentos a cada três meses,

possibilitando assim a retenção do conhecimento e o desenvolvimento das habilidades

práticas necessárias para o atendimento à PCR58 com competência profissional e compromisso

social.

O enfermeiro desempenha inúmeras funções que vão desde a reanimação

cardiorrespiratória contínua, a monitorização do ritmo cardíaco e dos demais sinais vitais, a

administração de fármacos conforme orientação médica, o registro dos acontecimentos, e o

relato dos acontecimentos ao médico e aos familiares50, 56. Após uma reanimação satisfatória,

o paciente continuará sendo monitorado e controlado pelo enfermeiro juntamente com o

médico, e ambos estarão atentos a qualquer sinal de complicação ou melhora da evolução do

quadro do paciente56.

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6. CONCLUSÃO

Os achados evidenciam um total de 387 ocorrências atendidas no período do estudo e

com 101 restantes casos de PCR e 36 indicações para manobras de ressuscitação

cardiopulmonar. O número de indivíduos do sexo masculino acometidos por parada

cardiorrespiratória foi superior ao feminino (58,3%), com maior incidência nos homens

predominantemente acima dos 41 anos.

A média de tempo gasto do acionamento da equipe até o local da ocorrência foi de 10

minutos (desvio padrão 4,912), o tempo gasto na cena foi em média de 24 minutos (desvio

padrão 12,572). Dentre os procedimentos realizados, os menos registrados foram à palpação

do pulso (34-94,4%), relação ventilação e compressão torácica (28-77,8%) e o uso de

capnografia (36–100%). O principal ritmo cardíaco encontrado durante a monitoração inicial

foi a assistolia (18-81,8%). Houve o uso de adrenalina (36-100,0%) em todos os indicados à

ressuscitação cardiopulmonar. Dos casos que receberam indicação de ressuscitação

cardiopulmonar, a sobrevida chegou a 25,0%.

A equipe de socorristas para lograr êxito na reversão de uma parada cardiorrespiratória

deve ser comandada por um líder enfermeiro que oriente com responsabilidade a equipe no

desempenho das atividades inerentes à ressuscitação cardiopulmonar. Sendo assim, é

demasiado importante que a atuação correta dos profissionais, seguindo as diretrizes

definidas, é dependente da formação e treinamento contínuo dos mesmos. Destaca-se como

principal fator limitante desse trabalho o registro nas fichas das informações a respeito da

PCR e os procedimentos adotados. Portanto, consideramos que o relato de toda a situação do

paciente acometido por PCR, se torna igualmente importante aos procedimentos empregados

na situação. Sendo assim, é evidente que o treinamento da equipe, tanto teórico quanto

prático, é o fator primordial para aumentar a taxa de sucesso de sobrevida em casos de parada

cardiorrespiratória, e, sem sombra de dúvidas, são no treinamento que devem ser investidos

esforços físicos e materiais, para que se desenvolvam nos profissionais da saúde as

habilidades cognitivas, psicomotoras e também sentimentais e emocionais, todas atuando em

conjunto para a qualidade do atendimento à vítima de PCR.

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ANEXO A

FICHA DE ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM – GRAU RESGATE SP

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ANEXO A

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ANEXO B

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APÊNDICE A

Solicitação de autorização para pesquisa com banco de dados

Ilustríssima senhora Dra. Enf. Gisele Rossi Carneiro

Prezada enfermeira,

Solicito a atenção de VS para a solicitação em apreço:

Eu Raylton Tomiosso, como mestrando do curso de enfermagem da Universidade

Guarulhos, devo desenvolver um projeto de pesquisa para a aquisição do título de mestre.

Atuando com pacientes críticos e em situação de emergência, minha atenção vem

sendo direcionada para o tema de Parada Cardiorrespiratória (PCR). A oportunidade de estar

atualmente atuando como Enfermeiro do Grupo de Resgate e Atenção as Urgências e

Emergências (GRAU) direcionou minha motivação para realizar um estudo de dados

secundários, com o objetivo de comparar as ações de enfermagem após a introdução do

último guideline da American Heart Association - 2010. Enfatizo que se trata de uma diretriz

específica para a PCR, cujas ações educativas são utilizadas mundialmente.

Nesse sentido, solicito permissão para ter acesso aos arquivos do GRAU para realizar

o estudo com os dados da base situada em São José dos Campos – São Paulo.

Encaminho anexada a cópia do projeto para VS.

Agradeço a atenção e colo-me a disposição para maiores esclarecimentos.

São Paulo – agosto de 2014.

_____________________________________

Raylton Tomiosso

Pesquisador Principal

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APÊNDICE B

FICHA DE COLETA DE DADOS

I. CARACTERIZAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS - VÍTIMA DO OCORRIDO

Número:________

01. Data da ocorrência: ___/____/_____

02. Iniciais do nome: _________

03. Gênero: □ F □ M

04. Data de nascimento/Idade: ___/____/_____ - ______anos

05. Etnia: □ Branco □ Negro □ Amarelo

II. DADOS DA OCORRÊNCIA - VÍTIMA DO OCORRIDO

06. Local da ocorrência: □ Via/local público □Residência □Outros

_______________

07. Dados do acionamento da equipe (horários):

Saída da equipe: __h__m □ Não registrado

Chegada ao local: __h__m □ Não registrado

Saída para o hospital: __h__m □ Não registrado

Chegada ao hospital: __h__m □ Não registrado

08. Suporte básico de vida prévio: □ Sim □ Não □ Não registrado

09. Tipo de ocorrência: □ PCR Clínica □ PCR Traumática □ Não registrado

III. PROCEDIMENTOS REALIZADOS - VÍTIMA DO OCORRIDO

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10. Nível de consciência: □ Responde □ Não responde

11. Parada cardiorrespiratória detectada? □ Sim □ Não

12. Pulso palpado? □ Sim □ Não

13. Sequência da RCP? □ C-A-B □ Outros:______ □ Sem descrição

14. Monitorização do ritmo inicial: □ Sim □Não

15. Ritmo inicial: □FV □ TV □ AESP □ASSISTOLIA

16. Tentativa de RCP: □ Sim □ Não □ Achado morto

17. Compressões torácicas foram realizadas: □ Sim □ Não

18. Relação das compressões torácicas foi descritas: □ Sim (marque a relação):__________

□ Não

19. Desfibrilação foi realizada: □ Sim □ Não □ Sem descrição

20. Carga da desfibrilação inicial: □ 200J bifásico □ Sem descrição

21. Via aérea avançada foi instituída: □ Sim □ Não □ Sem descrição

22. Tipo de equipamento: □ supraglótico □ intubação endotraqueal □ Sem

descrição

23. O equipamento da via aérea avançada foi instituído pelo enfermeiro? □ Sim □Não

□ Sem descrição

24. Capnografia foi utilizada? □ Sim □Não □ Sem descrição

25. Acesso à rede venosa foi instituído? □ Sim □ Não

26. Qual o tipo de acesso? □ Intravenoso □ Intraósseo □ Outros:_______________

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□ Sem descrição

27. Drogas foram utilizadas? □ Sim □ Não

28. Quais drogas foram utilizadas (mg/amp/vol.)?

Epinefrina:_______;Vasopressina:______; Amiodarona:_____________;

Outras:____________________________________________

29. Oxigênio foi utilizado? □ Sim □Não

IV. DESFECHO DA OCORRÊNCIA - VÍTIMA DO OCORRIDO

30. Houve retorno espontâneo da circulação após RCP? □ Sim □ Não atingida □

Não sustentada □Sem descrição

31. Transporte até o hospital foi realizado? □ Sim □ Não

32. Glasgow após retorno espontâneo da circulação: □15 a 12 □11 a 9 □ 8 a 3

□ Sem descrição

33. Óbito? □ No local □ No transporte □ No Hospital □ Não □Sem descrição