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MARCO LEGAL E A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: CONHECENDO O COLÉGIO ESTADUAL FULGÊNCIO NUNES MARTINS, Ione Luiz 1 PEREIRA, Ana Lúcia 2 RESUMO Este artigo é fruto de pesquisa de natureza teórica e empírica, apresenta os resultados do trabalho de conclusão de curso que tem como título MARCO LEGAL E A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: CONHECENDO O COLÉGIO ESTADUAL FULGÊNCIO NUNES, desenvolvido no Curso de Licenciatura em Pedagogia no Campus de Palmas. Demonstra a forma como o Estado do Tocantins está implantando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Tem como propósito compreender as estratégias adotadas no Colégio Estadual Fulgêncio Nunes, localizado na Comunidade Quilombola Chapada de Natividade no Tocantins, reconhecido oficialmente como a primeira instituição que trabalha com a educação escolar quilombola no Estado. Tem como fonte teórico-metodológica principal, a Resolução nº 8, de 20 de novembro de 2012, que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Por intermédio da pesquisa de campo, aponta a cultura como eixo norteador para a construção de uma educação escolar quilombola em todo o Estado do Tocantins e conclui que as condições materiais para a implementação dessa modalidade de ensino ainda não foram dadas. Palavras-chaves: Resolução CNE/CEB 8/2012. Educação Escolar Quilombola. Tocantins. Colégio Estadual Fulgêncio Nunes. 1 INTRODUÇÃO Esse artigo discute o “Marco legal e a implementação da educação escolar quilombola: conhecendo o Colégio Estadual Fulgêncio Nunes”, com a intenção de abordar sobre o ser quilombola e verificar se o Colégio Fulgêncio Nunes, inserido na comunidade quilombola Chapada de Natividade, trabalha com o processo da educação quilombola, conforme estabelecido na Resolução CNE/CEB 8/2012. Esse trabalho teve início em agosto de 2016 e foi finalizado em dezembro de 2017. 1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins. Nascida e criada na Comunidade Lajeado no Município Dianópolis TO, reconhecida como comunidade quilombola. 2 Docente no Curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins

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MARCO LEGAL E A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR

QUILOMBOLA: CONHECENDO O COLÉGIO ESTADUAL FULGÊNCIO NUNES

MARTINS, Ione Luiz1

PEREIRA, Ana Lúcia2

RESUMO

Este artigo é fruto de pesquisa de natureza teórica e empírica, apresenta os resultados do trabalho de conclusão de curso que tem como título MARCO LEGAL E A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: CONHECENDO O COLÉGIO ESTADUAL FULGÊNCIO NUNES, desenvolvido no Curso de Licenciatura em Pedagogia no Campus de Palmas. Demonstra a forma como o Estado do Tocantins está implantando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Tem como propósito compreender as estratégias adotadas no Colégio Estadual Fulgêncio Nunes, localizado na Comunidade Quilombola Chapada de Natividade no Tocantins, reconhecido oficialmente como a primeira instituição que trabalha com a educação escolar quilombola no Estado. Tem como fonte teórico-metodológica principal, a Resolução nº 8, de 20 de novembro de 2012, que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Por intermédio da pesquisa de campo, aponta a cultura como eixo norteador para a construção de uma educação escolar quilombola em todo o Estado do Tocantins e conclui que as condições materiais para a implementação dessa modalidade de ensino ainda não foram dadas.

Palavras-chaves: Resolução CNE/CEB 8/2012. Educação Escolar Quilombola. Tocantins. Colégio Estadual Fulgêncio Nunes.

1 INTRODUÇÃO

Esse artigo discute o “Marco legal e a implementação da educação escolar

quilombola: conhecendo o Colégio Estadual Fulgêncio Nunes”, com a intenção de

abordar sobre o ser quilombola e verificar se o Colégio Fulgêncio Nunes, inserido na

comunidade quilombola Chapada de Natividade, trabalha com o processo da

educação quilombola, conforme estabelecido na Resolução CNE/CEB 8/2012. Esse

trabalho teve início em agosto de 2016 e foi finalizado em dezembro de 2017.

1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Tocantins. Nascida e criada na Comunidade Lajeado no Município Dianópolis – TO, reconhecida como comunidade quilombola. 2 Docente no Curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins

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O despertar para o tema foi pelo fato de que somente aos 18 anos de idade

que aconteceu a nossa descoberta do ser quilombola3 e isso aconteceu devido à

indagação de uma professora do Ensino Médio. Até então, a questão da identidade

étnico-racial e o pertencimento a um grupo historicamente diferenciado ainda não nos

havia sido falado, ou colocado em discussão. Ainda não tínhamos parado para

observar o fato de pertencermos a uma comunidade que resiste há mais de um século

em nosso país.

Após a descoberta da nossa própria identidade, percebemos que as vivências,

costumes, crenças, regras, lutas, culturas dentre outros aspectos específicos da

nossa comunidade, estavam ali presentes a todo tempo, mas esses elementos não

nos faziam refletir de forma mais profunda sobre nós mesmos. O desconhecimento

de nossa história nos impedia de defesa em caso de processo de discriminação,

preconceito e racismo que individual ou coletivamente sofríamos simplesmente por

existir como povo negro ou fazer parte de uma comunidade que tem uma história

ligada ao nosso passado de resistência negra.

O nosso questionamento sobre a importância da educação formal para a

discussão da identidade da criança quilombola nos incentivou a pesquisar sobre a

educação formal quilombola no Estado do Tocantins e a forma como ela está sendo

implementada no Colégio Fulgêncio Nunes, reconhecido oficialmente como escola

quilombola.

O principal intuito foi demonstrar como está sendo implementada a educação

quilombola no Estado do Tocantins, observando o critério da educação formal como

base para tomada de consciência do ser quilombola na infância, adolescência e

juventude até chegar ao ponto do indivíduo se auto identificar como membro de um

grupo historicamente reconhecido e principalmente do conhecimento dos direitos

estabelecidos pela Resolução CNE/CEB 8/2012 - um documento essencial para o

desenvolvimento desse trabalho e para a organização do texto que está dividido em

3 Por ser da Comunidade Lajeado no Município Dianópolis – TO, que teve grande importância no período colonial pela produção aurífera na Serra Geral do Tocantins. Atualmente possui a Associação dos Agricultores e Agricultoras Familiares da Comunidade Lajeado União.

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cinco seções: Introdução; procedimentos metodológicos; resultados e discussão;

considerações finais e referências.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia adotada para o desenvolvimento do estudo foi a pesquisa de

campo e bibliográfica.

A pesquisa de campo foi realizada na Comunidade urbana Chapada de

Natividade com observação no Colégio Estadual Fulgêncio Nunes, a aplicação de 16

(dezesseis) questionários destinados aos servidores do Colégio (Direção,

Coordenação, Professor (a), Secretário (a), Bibliotecário (a), rodas de conversas com

alguns alunos e uma entrevista com o representante da Secretaria de Estado da

Educação e Cultura – SEDUC.

As rodas de conversas permitiram conhecer um pouco da Comunidade

Quilombola e da realidade da escola, reconhecida pelo gerente responsável pela

educação do campo e quilombola,4 como a primeira escola a trabalhar com a

modalidade Educação Quilombola no Estado do Tocantins. A observação da estrutura

da escola revela o processo de ensino e as condições materiais do ambiente escolar.

A pesquisa bibliográfica teve como base os documentos do Ministério da

Educação, a saber: as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o ensino de história e Cultura Afro-Brasileira e

Africana (BRASIL, 2004) e a Resolução CNE/CEB 8/2012, que define as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica

(BRASIL, 2012).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo o IBGE (2015), no Tocantins 72% da população é negra5. Segundo a

Coordenação Afrodescendente, órgão da Secretaria de Cidadania e Justiça do

Tocantins, existem 45 comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação

4 O período da pesquisa foi de agosto de 2016 a setembro de 2017. A pessoa que respondeu como gerente da Educação do Campo e Quilombola na Secretaria de Estado da Educação e Cultura – SEDUC, foi o Sr. Erialdo Augusto Pereira. No contexto de 2016, a existência de uma única escola trabalhando educação quilombola no Estado, tornou o trabalho relevante.

5 Que se auto-declaram pretos e pardos.

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Cultural Palmares e outras lutam pelo reconhecimento, fato esse que demonstra a

necessidade de conhecermos as políticas públicas direcionadas às comunidades

quilombolas.

As comunidades quilombolas são constituídas por grupos de pessoas com

trajetória e história própria, predominantemente constituído pela população negra rural

e urbana, designação comum aos escravizados refugiados em quilombos, ou

descendentes cujos antepassados no período da escravidão fugiram daquela vida que

levavam sem direito algum, e residiram nas pequenas comunidades onde executavam

diversos trabalhos braçais para formar pequenos vilarejos chamados de quilombos.

Segundo Gloria Moura, quilombos contemporâneos são:

Comunidades negras rurais habitadas por descendentes de escravos que mantêm laços de parentesco. A maioria vive de culturas de subsistência em terra doada/comprada/secularmente ocupada. Seus moradores valorizam tradições culturais dos antepassados, religiosas (ou não), recriando-as. Possuem história comum, normas de pertencimento explícitas, consciência de sua identidade étnica. (MOURA, 2007, p. 10).

Isso mostra a complexidade do conceito quilombo: por um lado era o refúgio

onde os negros escravos fugiram de seus senhores para se livrar da tirania, e de outro

lado naquele local houve o resgate de sua identidade e cultura; bem como a

preservação de sua área territorial. Hoje identificamos nesses locais a formação de

grupos que afirmam uma trajetória histórica própria. São grupos que se formaram

tanto em comunidades rurais, quanto urbanas e lutam constantemente pelos seus

direitos.

Segundo o artigo 3º da Resolução CNE/CEB 8/2012, que converge com o

Decreto 4.887/03, entende-se por quilombola

I – os grupos étnico-raciais definidos por auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica;

II – comunidades rurais e urbanas que:

a) lutam historicamente pelo direito à terra e ao território o qual diz respeito não somente à propriedade da terra, mas a todos os elementos que fazem parte de seus usos, costumes e tradições;

b) possuem os recursos ambientais necessários à sua manutenção e às reminiscências históricas que permitam perpetuar sua memória.

III – comunidades rurais e urbanas que compartilham trajetórias comuns, possuem laços de pertencimento, tradição cultural de valorização dos

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antepassados calcada numa história identitária comum, entre outros. (BRASIL, 2012).

A Educação Quilombola surgiu através das indagações referente a necessidade

de conhecermos as políticas públicas direcionadas às comunidades quilombolas,

através das organizações do Movimento Quilombola e do Movimento Negro, uma

educação amparada pela Resolução CNE/CEB 8/2012 - Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica.

Segundo o artigo 41 da Resolução CNE/CEB 8/2012, a educação escolar

quilombola:

Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada comunidade e formação específica de seu quadro docente, observados os princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira. Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento das escolas quilombolas, bem como nas demais, deve ser reconhecida e valorizada a diversidade cultural. (BRASIL, 2012).

A educação nas comunidades quilombolas deve contemplar uma proposta

voltada para os conhecimentos culturais, sobre as comunidades remanescentes de

quilombos, sobre a preservação da terra, o processo histórico de apropriação do

território, o uso da terra por meio da lavoura, as crenças religiosas, festejos, danças,

infusões com ervas medicinais, dentre outros costumes que os negros tinham desde

seus antepassados, para que cada ser construa sua própria identidade.

Georgina Helena Lima Nunes (2014) diz que é importante compreendermos que

a educação escolar quilombola é uma categoria recente, ainda em desenvolvimento

e em disputa pelos principais atores sociais envolvidos e que a elaboração de políticas

específicas para esta modalidade de educação representa um aprendizado em

processo - tanto para os quilombolas, quanto para os próprios gestores.

A implementação da Lei 10639/03 não se restringe ao espaço escolar das

comunidades quilombolas, todavia, os esforços para a garantia de uma educação que

contemple as particularidades étnicas, culturais e políticas dessas comunidades é

uma das formas de cumprimento da lei, uma vez que a sua trajetória histórica constitui

o exemplo da resistência/ persistência da cultura afro-brasileira.

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Portanto, a estruturação e o acompanhamento da educação quilombola e a

implementação da Lei 10.639/ 03 em todo o sistema público de ensino devem ser

entendidas como ações interdependentes. Há um longo caminho a percorrer, tanto no

sentido de romper o silêncio e a invisibilidade histórica que acompanham a trajetória

dessas comunidades, como reconhecer a importância da cultura afro-brasileira e a

longa história de luta dos afro-brasileiros por dignidade e cidadania.

Segundo o parágrafo 1º do artigo 1º da Resolução CNE/CEB 8/2012, a saber:

§ 1º A Educação Escolar Quilombola na Educação Básica: I – organiza precipuamente o ensino ministrado nas instituições Educacionais fundamentando-se, informando-se e alimentando-se: a) da memória coletiva; b) das línguas reminiscentes; c) dos marcos civilizatórios; d) das práticas culturais; e) das tecnologias e formas de produção do trabalho; f) dos acervos e repertórios orais; g) dos festejos, usos, tradições e demais elementos que conformam o patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o país; h) da territorialidade. (BRASIL, 2012).

Nesse sentido, não é possível a implementação da Resolução nº 8, se os

órgãos superiores (SEDUC e dirigentes das instituições de ensino), não se dedicarem

a conhecer profundamente as comunidades quilombolas onde estão instaladas as

escolas. Não há uma receita pronta.

As Diretrizes Curriculares Nacionais e o Decreto nº 5.051/2004, popularmente

conhecido como Convenção 169 da OIT, ressaltam a proximidade de alguns aspectos

das comunidades quilombolas rurais com as demais populações que também vivem

nesses contextos possibilitando pontos de intersecção histórica, econômica, social,

política, cultural e educacional entre os quilombolas, os indígenas e os povos do

campo. Sendo assim, as comunidades quilombolas poderão ser destinatárias, em

algumas situações, das políticas públicas voltadas para povos indígenas e do campo,

respeitado o que é peculiar de cada um.

A oferta da educação escolar para as comunidades quilombolas faz parte do

direito à educação, porém, o histórico de desigualdades, violência e discriminações

que recai sobre esses coletivos afeta a garantia do seu direito à educação, à saúde,

ao trabalho e à terra. Nesse sentido, atendendo aos mesmos preceitos

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constitucionais, pode-se afirmar que é direito da população quilombola ter a garantia

de uma escola que lhe assegure a formação básica comum, bem como o respeito aos

seus valores culturais. Para tal, faz-se necessário normatização e orientações

específicas no âmbito da política educacional, assim como também uma formação

continua, dos profissionais responsáveis nessa área para que adquiram conhecimento

da história quilombola, das suas lutas, vivências, crenças, dentre outros para que

consigam atender as necessidades dos alunos, desenvolvendo atividades que

valorizem suas vivências e realidades.

Mesmo que a Fundação Cultural Palmares6 tenha reconhecido várias

comunidades quilombolas no Tocantins, a Secretaria de Estado da Educação e

Cultura – SEDUC, através do senhor Erialdo Augusto Pereira, gerente responsável

pela educação do campo e quilombola no Tocantins, nos informou em entrevista,

que há escolas em todas as comunidades, mas com a educação tradicional, uma vez

que a educação quilombola começou a ser implementada no ano de 2016. Ao final da

pesquisa (2017), somente duas escolas no Tocantins ofereciam a educação

quilombola ( nos moldes que reza a Resolução n° 8), sendo a Escola Silveiro Matos

da Comunidade Mumbuca, situada na cidade de Mateiros e o Colégio Estadual

Fulgêncio Nunes na Comunidade Chapada de Natividade, sendo a última, referência

para todo o estado.

O processo educativo nas escolas que atendem a educação quilombola tem

um núcleo comum com duas disciplinas, “Cultura quilombola” e “Saberes e fazeres

quilombola” que trabalha a identidade, a realidade social e os fazeres da comunidade

quilombola.

A cultura é a peça fundamental para a educação quilombola, pois trata dos

costumes, das tradições, das histórias e das práticas que são repassadas pela

comunidade de geração em geração. Na escola, o educando pode aprender por

intermédio de sua história e de suas vivências tornando mais prazerosa a

aprendizagem assim como pode adquirir mais conhecimento e levar para dentro do

6A Fundação Cultural Palmares é uma entidade pública brasileira vinculada ao Ministério da Cultura, instituída pela Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988.

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seu quilombo e, no processo de construção da própria identidade quilombola se auto

declarar quilombola, prática parecida com a da educação do campo.

Acreditamos que a educação do campo; a educação rural ou a educação

quilombola teriam condições de trabalhar com os saberes tradicionais, tais quais são

citados por Nunes (2014)

Os saberes tradicionais e os costumes, passados e perpetuados através das gerações, historicamente estruturaram o ciclo de vida das comunidades quilombolas e norteiam, atualmente, a estrutura social. Hoje em dia, em grande parte das comunidades quilombolas do país, há pessoas que tradicionalmente dominam o conhecimento acerca de rezas curadoras e de ervas e remédios concebidos de forma tradicional, e pessoas que detêm enorme saber sobre o processo reprodutivo e o parto. Mais conhecidas como parteiras, remedieiras, curandeiras(os), rezadeiras(os), benzedeiras(os), essas são pessoas muito presentes na estrutura social dessas comunidades. (NUNES, 2014, p. 15).

Para Santos (2006, p. 44), cultura é uma dimensão do processo social, da

vida de uma sociedade. Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e

concepções, como por exemplo se poderia dizer da arte. Não é apenas uma parte da

vida social, como por exemplo, se poderia falar da religião. Não se pode dizer que

cultura seja algo independente da vida social, algo que nada tenha a ver com a

realidade onde existe. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos os aspectos

da vida social. Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como

dimensão do processo social. Ou seja, a cultura não é "algo natural", não é uma

decorrência de leis físicas ou biológicas. Ao contrário, a cultura é um produto coletivo

da vida humana. Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo

tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. O autor procura

mostrar que a cultura vai além dos costumes, crenças de cada região e ele define a

cultura como um todo, e não cada um com a sua, o que cada um tem são práticas

culturais, mas a cultura é uma só.

A cultura é o que nos faz e nos torna pertencente a um determinado lugar, faz

com que construímos nossa identidade, conhecemos nossas histórias e as muitas

lutas que nossos antepassados tiveram para conquistar um lugar na sociedade.

A luta pela terra é também parte da cultura de resistência das comunidades

quilombolas. Exemplo dessa luta é a mobilização pela defesa do Decreto nº

4.887/2003, que regulamenta o processo de identificação, reconhecimento,

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demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades

quilombolas que foi questionado no Supremo Tribunal Federal.7 Ao longo desses

anos, o processo de titulação e posse das terras quilombolas têm se

caracterizado pela morosidade e pelos conflitos em várias regiões do país.

A Lei 10.639/2003 pode ser considerada um ponto de chegada de uma luta

histórica da população negra para se ver retratada com o mesmo valor dos outros

povos que para aqui vieram, e um ponto de partida para uma mudança social. Na

política educacional, a implementação da Lei 10.639/2003 significa ruptura profunda

com um tipo de postura pedagógica que não reconhece as diferenças resultantes do

nosso processo de formação nacional. Para além do impacto positivo junto à

população negra, essa lei deve ser encarada como desafio fundamental do conjunto

das políticas que visam a melhoria da qualidade da educação brasileira para todos.

Essa lei é fruto de uma luta constante dos negros, um enfrentamento político

que a escola tem o dever de considerar necessário; tem o dever de ressaltar a

importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira. Nesse sentido, a

falta de formação dos professores é um grande desafio a ser superado porque não é

fácil trabalhar um conteúdo sem contar com uma preparação adequada, sem

nenhuma especialização, sem materiais didáticos, sem estudos e pesquisas.

Esses fatores impedem que se perceba o poder transformador dessa lei (caso

ela fosse efetivada) e, consequentemente dificultam o trabalho com essa modalidade

de educação. No Colégio Fulgêncio Nunes a maioria dos educadores declararam

desconhecimento da legislação e também não encontramos nenhum exemplar

impresso no local, ainda que o gerente responsável pela educação quilombola tivesse

afirmado que o material principal para se recorrer no caso de duvidas era a Resolução

CNE/CEB 8/2012.

O Projeto Político Pedagógico do Colégio Fulgêncio Nunes8 é destinado a toda

a comunidade escolar e está em processo de elaboração pois se encontra em poder

7 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3239)

8 O Projeto Político Pedagógico do Colégio Fulgêncio Nunes não estava impresso à disposição para pesquisa. Depois de muito solicitar para leitura, a orientadora educacional nos permitiu fazer

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da orientadora pedagógica. Nesse sentido, selecionamos trechos que são importantes

para o entendimento do processo do ensino aprendizagem que ocorre na instituição

de ensino e também trechos que pudessem verificar se a o Colégio caminhava ou não

para a implementação de uma educação quilombola, conforme a SEDUC nos indicou.

O Projeto Político Pedagógico concebe a educação quilombola como uma nova

matriz curricular, que mantém a base comum nacional curricular e inclui novos

conteúdos correspondentes as especificidades socioculturais das comunidades

quilombolas, contemplando a área de conhecimento “Diversidade e Ciências Agrárias”

com o componente curricular “Cultura Quilombola” que trabalha os conteúdos dos

saberes e fazeres dos povos quilombolas. Dessa forma, pretende articular, a teoria

com as práticas diárias dos alunos, fortalecendo e valorizando os saberes

característicos de cada comunidade, possibilitando a construção de identidade dos

alunos quilombolas, com o intuito que os mesmos adquiram novos conhecimentos e

apliquem em suas comunidades, melhorando sua qualidade de vida e de seus

familiares.

Os materiais didáticos na escola Fulgêncio Nunes voltado para educação

quilombola são três livros e um gibi, resta ao professor recorrer a outros métodos e

materiais, improvisando para atender o conteúdo previsto para ser aplicado.

Durante a pesquisa de campo no Colégio Fulgêncio Nunes, apresentamos o

projeto de pesquisa e explicamos que o mesmo é voltado para o estudo da educação

quilombola no Tocantins. Afirmamos que de acordo com informações da Secretaria

da Educação - SEDUC, o Colégio Fulgêncio Nunes era o único no Tocantins que

trabalhava com essa modalidade de educação. A orientadora nos disse:

Então, essa questão de Educação Quilombola, a gente está até querendo entender o que é. Porque a Secretaria da Educação apenas jogou nas nossas mãos uma estrutura curricular quilombola e falou que tínhamos que trabalhar e aderir essa modalidade no nosso currículo escolar, ficou na promessa de uma formação com os professores, enfim, com todo o núcleo da escola, porém já estamos no fim do ano e até hoje não tivemos. Assim estamos servindo como se pode.

a leitura diretamente em seu computador pessoal. Nesse sentido, fizemos a leitura e o fichamento no documento digitalizado e dessa forma está registrado na lista de referências.

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Logo de início percebemos que o inciso V do art. 8° da Resolução CNE/CEB

8/2012 não estava sendo cumprido, ou seja, a própria Seduc não está cumprindo o

que está na Lei: “V - garantia de formação inicial e continuada para os docentes para

atuação na Educação Escolar Quilombola” (BRASIL, 2012, p. 6).

Uma das professoras de História que trabalha na escola desde 2001, afirmou

que a partir de 2008 ela começou a trabalhar com questões voltadas aos

remanescentes de quilombos, porque a Chapada é reconhecida como uma

Comunidade quilombola urbana e ela queria resgatar essa cultura, porém, nas

atividades que encontra dificuldade, busca ajuda de uma pessoa da comunidade que

tem domínio no assunto que ela quer desenvolver levando-a para dentro da escola.

Também promovemos uma roda de conversa para ouvir um pouco os alunos e

saber o que pensam sobre a escola. Os alunos que participaram falaram que era a

primeira vez que alguém falava desse assunto a eles. Para alguns, a Educação

Quilombola não veio como algo bom, devido ser duas disciplinas a mais, ou seja, mais

provas e trabalhos. Aqueles que não são afrodescendentes se questionam porque

teria que fazer essas disciplinas se eles não são quilombolas. As disciplinas são

“Saberes e fazeres quilombola” e “Cultura quilombola”.

O Colégio Fulgêncio Nunes é a única instituição na comunidade que trabalha

com o ensino fundamental II e ensino médio em Chapada de Natividade, com 394

alunos. Questionamos se não seria pouca oferta, por ser a única escola que trabalha

com o ensino fundamental II e médio, ou se isso acontecia porque a população de

Chapada era pequena? Fomos informadas que algumas pessoas não quiseram

estudar lá e outras saíram para outras cidades. Informaram também que o nível de

evasão é pequeno.

O Colégio possui dezesseis professores e um total de 32 funcionários. Quanto

aos livros didáticos que trabalham com a modalidade quilombola, ficam na sala da

coordenação e sempre que as professoras precisam trabalhar com eles, recorre e

devolve depois. Sendo que o inciso II do art. 2º da Resolução CNE/CEB 8/2012, fala

sobre a diversidade de materiais: “ II ) recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos,

culturais e literários que atendam às especificidades das comunidades quilombolas.”

(BRASIL, 2012, p. 3)

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Na primeira sala que entramos para observação, a professora estava

trabalhando jardinagem. Ela trabalhou todo o processo da parte teórica, a parte prática

ficou para os alunos produzirem sua própria muda para exposição na feira de ciências,

com plantas hortaliças. Nessa sala tinha pouquíssimos alunos porque esse dia o

ônibus escolar não tinha ido levar os alunos da comunidade vizinha e os alunos do

assentamento. Segundo informação, a falta dos alunos foi devido ao não repasse de

verba destinada ao transporte escolar.

Nessa sala tinha um aluno surdo e o próprio pai que o auxilia, sendo

contratado pela secretaria como intérprete da escola. A partir dessa evidência,

deduzimos que em Chapada a única pessoa com competência para atender essa

modalidade de Educação Especial, era ele. Tratava-se do único aluno surdo na

instituição, porém, haviam dois cadeirantes - um em cada período - mas não foi

possível assistir nenhuma aula nessas salas9, mas constatamos que a escola possui

acessibilidade para aquele portador de deficiência, conforme o parágrafo 3º do art.22

da Resolução CNE/CEB 8/2012.

A maioria dos professores reclamaram da falta de material; estrutura física do

Colégio e ausência de referencial. Os alunos foram os únicos que questionaram sobre

a Lei que ampara a educação quilombola, em especial os afrodescendentes, porque

logo que chegamos uma aluna afirmou não ter benefício nenhum, apenas mais

provas. Observamos que os alunos não compreendem a importância das disciplinas

como as outras, se julgam obrigados a fazer, sendo que o maior percentual de alunos

são quilombolas.

Desde o princípio da pesquisa nos passaram que o Colégio só era reconhecido

como Quilombola devido a verba da alimentação escolar que vinha o dobro do valor

passado a cada aluno nas escolas tradicionais, recurso comtemplado em 2009. Uma

alimentação diferente das feitas em escolas tradicionais assim como rege o artigo

12°da Resolução CNE/CEB 8/2012:

9 Percebemos que algumas professoras não disponibilizaram suas salas para que pudéssemos

assistir suas aulas. Foram selecionando algumas turmas que consideravam ser as melhores para que pudéssemos entrar.

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Art. 12 Os sistemas de ensino, por meio de ações colaborativas, devem implementar, monitorar e garantir um programa institucional de alimentação escolar, o qual deverá ser organizado mediante cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e por meio de convênios entre a sociedade civil e o poder público, com os seguintes objetivos:

I - garantir a alimentação escolar, na forma da Lei e em conformidade com as especificidades socioculturais das comunidades quilombolas;

II - respeitar os hábitos alimentares do contexto socioeconômico-cultural-tradicional das comunidades quilombolas;

III - garantir a soberania alimentar assegurando o direito humano à alimentação adequada;

IV - garantir a qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade cultural e étnico-racial da população. (BRASIL, 2012, p. 7).

Acreditamos que o Colégio foi reconhecido como quilombola por estar em uma

região reconhecida como Comunidade Quilombola Urbana.

Tivemos acesso ao Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Fulgêncio

Nunes e, se de fato, ocorresse como está no papel, seria maravilhoso. Ao nosso ver,

o Colégio não tem estrutura física para atender essa modalidade. A SEDUC não deu

formação aos professores, simplesmente disse que tinham que aderir e quando foram

questionados, afirmaram que o Colégio já era quilombola desde 2009 e que teria que

entrar em exercício. Uma contradição, pois no Trabalho de Conclusão de Curso10 de

Dionísio Marques Ribeiro, defendida em agosto de 2016, há informações da

Secretaria de que não tinha nenhuma escola quilombola no Tocantins (RIBEIRO,

2016)

Segundo o Projeto Político Pedagógico, a integração entre o Colégio e a

comunidade, se faz visando o fortalecimento da prática pedagógica. Prestar um

serviço de qualidade e transparência é fundamental para o apoio e aceitação da

comunidade. Essa interação é feita através das atividades culturais desenvolvidas

sendo no mês de novembro, onde procuram mobilizar toda comunidade, tem um

espaço já designado para esse tipo de evento dia 20 de novembro, dia da Consciência

10 RIBEIRO, Dionísio Marques. Ensino na comunidade quilombola: um estudo na Escola Municipal Laginha em Porto Alegre do Tocantins. Trabalho de Conclusão de Curso. Palmas: Universidade Federal do Tocantins, 2016.

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Negra e os responsáveis pelo evento todo ano buscam trazer palestras e atividades

que são da vivencia na comunidade.

4 Considerações finais

A Educação Escolar Quilombola é uma política em construção porque deve

contemplar os conhecimentos culturais sobre as comunidades remanescentes de

quilombos, sobre a preservação da terra, o processo histórico de apropriação do

território, o uso da terra por meio da lavoura, as crenças religiosas, festejos, danças,

infusões com ervas medicinais, dentre outros costumes que as comunidades trazem

desde seus antepassados.

Ao analisar o trabalho que tem sido desenvolvido no Colégio Fulgêncio Nunes,

encontramos desafios em relação ao conhecimento sobre a Resolução CNE/CEB

8/2012, necessidade de formação continuada para os educadores e a necessidade

de produção de materiais didáticos; no entanto, essas questões são comuns à todas

as instituições de ensino, por isso não seria esse o maior problema. Percebemos que

não há uma compreensão do verdadeiro papel do Colégio que é considerado o

pioneiro na implementação dessa modalidade de educação no Estado do Tocantins.

A pesquisa de campo demonstrou que a principal estratégia para a

implementação da Educação Escolar Quilombola é que essa modalidade de educação

seja tratada como uma política educacional, ou seja: 1) Que as diretrizes para a

implementação sejam conhecidas por todas as partes envolvidas; 2) Que seja

elaborado um plano com metas, responsáveis, orçamento e cronograma bem definido.

3) Que seja construída uma estrutura curricular quilombola juntamente com o núcleo

da escola para que eles coloquem atividades que realmente possam ser

desenvolvidas. 4) Que as Comunidades Quilombolas beneficiárias dessa modalidade

de educação sejam devidamente consultadas e ouvidas em todo o processo de

execução dessa política.

O desenvolvimento desse trabalho foi muito importante, pois foi possível

conhecer mais sobre os quilombolas, a cultura como objeto principal para a educação

escolar e as possibilidades que estão abertas para a Educação no Brasil.

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5 REFERÊNCIAS

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_______. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Disponível em <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm> Acesso em: 22 ago. 2017.

_______. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nºs 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7347, de 24 de julho de 1985 e a 10.778, de 24 de novembro de 2003. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm> Acesso em: 26 ago. 2017.

_______. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm> Acesso em: 18 ago. 2017.

_______. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de história e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Parecer CNE/CP3/2004, de 10 de março de 2004. Brasília: MEC, 2004.

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_______. Ministério da Educação. Resolução nº 8, de 20 de novembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília: Diário Oficial da União, 21 de novembro de 2012, Seção 1, p. 26. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Parecer

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Homologado Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de 20/11/2012, Seção 1, p. 8.

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