mapeamento das oportunidades de ......em março de 2015, a aluna de graduação em administração...
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MAPEAMENTO DAS OPORTUNIDADES DE ECONEGÓCIOS NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO: FOCO NOS ALIMENTOS ORGÂNICOS
Aluno: Davi Freire de Souza (bolsista atual PIBIC)
Aluna: Isabela Maria Silva Porto (ex-bolsista PIBIC)
Orientador: Marcos Cohen
Esclarecimento
Em março de 2015, a aluna de graduação em administração Isabela Maria Silva Porto
iniciou, sob minha orientação, suas atividades como bolsista PIBIC, dentro do projeto de
pesquisa de Mapeamento das Oportunidades de Econegócios no Estado do Rio de Janeiro.
Isabela foi bolsista PIBIC até o final de Janeiro de 2016, quando se desligou em função de ter
ganho uma bolsa de estudo no exterior por seis meses. Ela foi substituída pelo aluno de
graduação em administração Davi Freire que prosseguiu a pesquisa tendo como subtema a
produção e comercialização de alimentos orgânicos. Tanto Isabela quanto Davi produziram
textos, como produto de pesquisa bibliográfica, sobre os temas: pesquisa científica,
ecoeconomia, desenvolvimento sustentável, empreendedorismo ambiental,
empreendedorismo sustentável e produção e comercialização de alimentos orgânicos. Assim,
o texto apresentado nas seções de Introdução, Referencial Teórico e Metodologia é resultado
das pesquisas bibliográficas realizadas pelos dois alunos, porém a análise e conclusões deste
relatório foram produzidos somente pelo bolsista Davi. Em função da mudança de bolsistas, a
pesquisa de campo teve de ser atrasada e está ainda por se iniciar.
1. Introdução
Com a evolução dos conceitos de sustentabilidade e eco-economia, a atitude dos
consumidores vem mudando muito nos últimos anos e eles começam a se preocupar mais com
o impacto que o consumo de certos produtos pode causar no planeta e, consequentemente em
suas vidas e nas das gerações futuras. Muitos consumidores já preferem pagar mais caro por
produtos e serviços que eles sabem ter um impacto reduzido sobre o meio-ambiente, como por
exemplo, os alimentos orgânicos. A partir dessa mudança de comportamento do mercado, as
empresas precisam mudar consequentemente a sua forma de produzir voltada para uma forma
condizente com os conceitos da eco-economia. Isto acaba gerando um novo desafio para as
empresas atuais. Hoje os alimentos e bebidas provenientes da agricultura orgânica são cada
vez mais comuns nos mercados consumidores brasileiros. Novos canais de distribuição e de
comercialização possibilitaram que os produtos orgânicos alcançassem maior número de
consumidores, tornando a demanda mais regular (IPD – Orgânicos, 2011). Assim, esta
pesquisa tem como objeto de estudo específico a produção (agricultura e criação) e
comercialização de alimentos orgânicos no estado do Rio de Janeiro. Nesse contexto, este
estudo irá abordar três aspectos específicos sobre o tema: o reconhecimento das oportunidades
de econegócios, identificação das facilidades e barreiras a sua implantação e a potencial
contribuição dos econegócios de alimentos orgânicos ao desenvolvimento sustentável no
estado do Rio de Janeiro.
1.1. Objetivos
1- Identificar e mapear as principais oportunidades de econegócios no Estado do Rio de
Janeiro relacionados à produção e comercialização de alimentos orgânicos
2- Identificar o potencial de contribuição dos econegócios relacionados à produção e
comercialização de alimentos orgânicos para o alcance da sustentabilidade no Estado do Rio
de Janeiro por meio das ações das empresas mapeadas.
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3- Identificar os fatores que facilitam e dificultam a implantação e gestão de econegócios
relacionados à produção e comercialização de alimentos orgânicos no Estado do Rio de
Janeiro e como os empreendedores lidam com eles.
1.2. Delimitação da Pesquisa
A pesquisa se limitará a estudar os produtores, fornecedores e comerciantes de
alimentos orgânicos no estado do Rio de Janeiro.
1.3. Relevância do Estudo
Identificar os econegócios do Rio de Janeiro é relevante pois esses modelos
empresariais são considerados mais apropriados para a transformação necessária na sociedade
contemporânea, permeada de crises econômicas e ambientais. Ademais, um maior
conhecimento desses empreendimentos, seus estágios de desenvolvimento e obstáculos pode
gerar oportunidades de investimentos públicos e privados nessas empresas, estimulando um
maior desenvolvimento sustentável no estado do Rio de Janeiro. Restringindo-se aos
econegócios de alimentos orgânicos, ao incentivarem o consumo de alimentos livres de
agrotóxicos, buscam a manutenção da saúde alimentar e nutritiva da população, propiciando
uma maior qualidade de vida aos indivíduos. Em termos acadêmicos, a temática dos
econegócios está em seu estágio inicial de desenvolvimento e as informações levantadas por
este trabalho podem contribuir e estimular pesquisas futuras que avancem o conhecimento
sobre esses novos modelos de negócio que estão surgindo e que têm grande potencial de
transformação da nossa sociedade.
2. Referencial Teórico
2.1. A Crise Ambiental Planetária
Para Samuelson e Nordhaus (1988) a economia tem como objetivo estudar a forma
como os homens decidem empregar recursos produtivos escassos, que podem ter aplicações
alternativas, para produzir diversas mercadorias e ofertá-las para o consumo humano
(Samuelson & Nordhaus, 1988). A fim de que essa oferta de produtos seja bem-sucedida, é
necessário extrair recursos do meio ambiente, tornando-a, portanto, dependente do
ecossistema a sua volta. No entanto, os economistas veem o meio ambiente como um
subconjunto da economia, visão que acaba gerando uma incompatibilidade entre ambos, uma
vez que a economia, ao buscar atender a demanda por bens e serviços dos seres humanos,
pressiona cada vez mais os limites naturais da Terra e ignora a finitude dos recursos
disponíveis (Brown, 2003).
Segundo Brown (2003), os homens consideravam a natureza uma fonte inesgotável de
recursos até meados do século XX, adotando uma postura utilitarista no sentido de que
manipulavam e controlavam a natureza a seu favor, desconsiderando as gerações futuras. Nos
dias atuais, é possível observar que os princípios econômicos se esbarram com o ecossistema
de apoio, pois a exploração e o manuseio inapropriados dos recursos naturais desencadeiam
na erosão dos solos, aumento na emissão de gases tóxicos, desertificação, alterações
climáticas, extinção de espécies, encolhimento das florestas, entre outras consequências.
As alterações climáticas, por exemplo, são causadas pelo aumento da emissão de gases
de efeito estufa durante o processo produtivo e as atividades de cunho econômico. A
concentração cada vez maior desses gases na atmosfera resulta no aumento da retenção de
radiações e, consequentemente, na elevação da temperatura terrestre (Brown, 2003). O
presidente norte-americano Barack Obama vem demonstrando preocupação com o meio
ambiente e alerta que um planeta mais quente significa a ocorrência de “tempestades mais
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fortes” e “secas mais intensas”, prejudicando tanto economia, na oferta de bens e serviços,
quanto aos ecossistemas (Correio da Manhã, 2015).
De acordo com Brown (2003), a Revolução Industrial do século XVIII pode ser
considerada um marco deste descompasso entre a prosperidade econômica e a preocupação
com o meio ambiente, uma vez que seu principal objetivo era a produção em larga escala,
ignorando a existência de um ecossistema vulnerável as intervenções humanas. Ela foi
caracterizada pelo aumento da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera através da
queima de combustíveis fósseis e pelo consumo crescente de energia primária e final, nos
encaminhando à situação pouco sustentável na qual nos vemos hoje .
Nas últimas décadas, a economia apresentou uma evolução extraordinária, refletida
nos índices econômicos, no crescimento das transações internacionais e da produção mundial
de bens e serviços. Porém, essa evolução veio acompanhada de um déficit agrícola, florestal e
hídrico, pois as políticas econômicas que conferiram tal progresso foram as mesmas que
devastaram seus sistemas de base (Brown, 2003). Como exemplo, ele cita a China, que é o
país que mais cresce e sua economia atualmente é a segunda maior do mundo. Sua população
é de mais de 1,3 bilhões de pessoas e para manter esse nível de crescimento ela usa carvão
mineral que responde por 50% de toda matriz energética que move sua economia.O uso deste
recurso está causando ao país uma poluição atmosférica sem precedentes e extremamente
prejudicial para a saúde da população. A frota automobilística chinesa cresce a cada mês, o
que causa efeito no trânsito da cidade e contribui ainda mais para a poluição do ar. Esse
modelo de desenvolvimento que está sustentando o progresso econômico chinês não leva em
conta fatores ecológicos e caso esse ritmo se mantenha a probabilidade de esgotamento dos
recursos naturais é grande, principalmente devido sua densidade populacional.
2.2. A Ecoeconomia e as Oportunidades no Mercado de Alimentos
A solução para esta autodestruição está na proposta de Brown (2003), na construção
de uma ecoeconomia, ou seja, uma economia ambientalmente sustentável que respeita os
princípios da ecologia. Sua proposta busca atender as demandas atuais da humanidade, sem
ameaçar as necessidades das gerações futuras, representando uma sincronia entre a economia
e o seu sistema de base. Os ecólogos não veem a natureza de forma linear como os
economistas, mas sim de forma cíclica, na medida em que reconhecem que a mesma depende
de ciclos para sobreviver. Por isso, acreditam que os ecossistemas devam ser protegidos,
inserindo o valor dos seus serviços prestados aos sinais do mercado, a fim de que o preço
pago pelos bens finais incorporem os danos sofridos pela natureza.
Segundo Brown (2003), a adoção de uma perspectiva ecológica de longo prazo, que
não vê o progresso apenas com base em números e resultados financeiros, resultará,
simultaneamente, no crescimento econômico e na melhora na condição de vida dos seres
vivos, sendo, portanto, a solução para o modelo autodestrutivo dos dias de hoje.
A Dinamarca aparece atualmente como país líder da ecoeconomia, pois, dentre outras
medidas, conseguiu estabilizar sua população, proibiu a construção de usinas termelétricas
movidas a carvão e a utilização de vasilhas descartáveis para bebidas. Ademais, 15% de toda
sua eletricidade advêm da energia eólica e 32% de todos os deslocamentos em sua capital são
realizados através de bicicletas (Brown, 2003).
No setor de alimentos, foco central do presente trabalho, as transformações relevantes
estarão presentes na forma de gestão setorial. As principais metas são: o manuseio adequado
dos recursos naturais, a conservação dos aquíferos para meios de irrigação e a preservação da
camada superior do solo através de alterações nas práticas agrícolas. O mais importante é
vincular o aumento da produtividade do solo com a sustentabilidade, impedindo que mais
áreas florestais sejam desmatadas e garantindo a elevada produção alimentícia (Brown, 2003).
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De acordo com Brown (2003), o consumo de fertilizantes e a mecanização do campo
na última metade do século XX, triplicaram, em apenas 50 anos, a produção mundial de
grãos. No entanto, grande parte desse progresso no setor alimentício foi anulada pelo
crescimento desorganizado das populações. Ainda segundo Brown (2003), a fome invade,
atualmente, a realidade de mais de um bilhão de pessoas no mundo, concentradas
principalmente no subcontinente indiano e na África subsaariana, representando um problema
de insuficiência na produtividade e de desigualdade na distribuição de renda.
A projeção de crescimento populacional para os próximos anos, o déficit hídrico
causado pela exaustão dos aquíferos, as alterações climáticas, o uso excessivo de fertilizantes
e a erosão e desertificação dos solos aparecem como desafios para o suprimento sustentável
de alimentos para as gerações seguintes. Ou seja, a segurança alimentar depende não só das
famílias e dos agricultores, mas também dos ministérios de energia e agricultura. A solução
para o problema é elevar a produtividade das terras já existentes, saída favorável também à
preservação do meio ambiente, uma vez que não será necessário desmatar outras áreas
florestais para expandir as terras cultiváveis, salvando as florestas remanescentes (Brown,
2003).
Para Brown (2003), o aumento da demanda por carne – bovina, suína, caprina e de
aves – que está diretamente ligado ao crescimento da renda das famílias, se manifestou em
toda sociedade e resultou em uma maior oferta mundial de proteína animal de 44 milhões em
1950 para 233 milhões de toneladas em 2000. Portanto, este mercado representa uma
oportunidade para inserção de novos negócios sustentáveis. O ideal é que estes novos
negócios produzam carnes orgânicas, na qual os animais são criados sem a aplicação de
antibióticos, hormônios ou anabolizantes, sendo mais saudáveis aos seres humanos e menos
nocivos ao meio ambiente. A crescente demanda da sociedade por proteína animal pode ser
solucionada também através do aumento da eficiência na conversão de grãos em carnes de
boi, porco, aves e peixes. A nutrição de ruminantes com resíduos agrícolas representa outro
potencial, ignorado por países industrializados, para a ampliação da produção de alimentos.
Com isso, a pressão sobre os pastos irá encolher (Brown, 2003).
Outra oportunidade no mercado de alimentos orgânicos se dá na aquacultura ou
aquicultura, ou seja, produção de organismos aquáticos para o uso exclusivo do homem, que
se ampliou de 13 milhões de toneladas de peixes em 1990, para 31 milhões de toneladas em
1998, representando um crescimento anual de mais de 11% (Brown, 2003).
Segundo relatório da Inteligência – IPD Orgânicos (2011), as estimativas da Organic
Monitor apontam que as vendas globais de produtos orgânicos no mundo atingiram quase 51
bilhões de dólares em 2008. Neste mesmo relatório é informado que, conforme dados do
Censo Agropecuário 2006 do IBGE, o valor de venda de produtos orgânicos dos
estabelecimentos no Brasil atingiram 1,3 bilhões de reais naquele ano.
2.3. O Empreendedorismo Sustentável e Ambiental
De acordo com Neto e Froes (2002), o modelo atual de desenvolvimento econômico
global é excludente, hegemônico, perverso e desigual, evidenciando a necessidade de criação
de um novo modelo, baseado no desenvolvimento social e sustentável.
O desenvolvimento sustentável representa um processo de mudança e potencialização
de oportunidades sociais que tem como objetivo combinar o crescimento socioeconômico e a
qualidade ambiental (Egler, 1999). Dentro de um cenário de degradação ambiental, crise e
instabilidade globais, este conceito tem sido reforçado nos últimos anos nos ambientes
empresarial, social e governamental (Brown, 2003). Nesse sentido, pressionadas também pelo
comportamento consciente dos consumidores, as empresas passaram a adotar,
progressivamente, a sustentabilidade corporativa, que figura como um elemento essencial à
sobrevivência das mesmas no longo prazo. (Barbieri, 2004).
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Nesse contexto, surgiram novos conceitos de empreendedorismo como fruto da
sociedade global contemporânea. O primeiro deles se popularizou como Empreendedorismo
Sustentável, nomenclatura criticada por alguns autores que julgam a sustentabilidade um
processo e que não acreditam na existência de nenhuma empresa totalmente sustentável.
(Brunelli e Cohen, 2012).
Para Hockerts e Wüstenhagen (2010 apud Brunelli e Cohen 2012), empreendedorismo
sustentável define a criação de negócios que geram, concomitantemente, valor econômico,
social e ambiental. Dean e McMullen (2007 apud Brunelli e Cohen 2012), por sua vez,
consideram o empreendedorismo ambiental um subconjunto do empreendedorismo
sustentável. Já Rodgers (2010 apud Brunelli e Cohen 2012) considerou o empreendedorismo
sustentável uma definição ampla de eco-empreendedorismo.
De acordo com Schaltegger e Wagner (2011 apud Brunelli e Cohen (2012, p. 5) a
classificação do tipo de empreendedorismo depende de alguns critérios, apresentados na
tabela 1, sendo eles: motivação, objetivo, papel dos objetivos econômicos, papel dos objetivos
não mercadológicos e desafios do desenvolvimento organizacional.
Tabela 1: Caracterização de diferentes tipos de empreendedorismo orientados à sustentabilidade Fonte: Brunelli e Cohen (2012, p. 5),
O empreendedorismo ambiental, também chamado de empreendedorismo verde ou
eco-empreendedorismo por alguns autores, foi um conceito que surgiu a fim de que novos
negócios obtivessem benefícios tanto econômicos como ambientais (Schaltegger & Wagner,
2011 apud Brunelli e Cohen). Já Thompson et al. (2011 apud Brunelli e Cohen) ressalta a
singularidade do empreendedorismo ambiental, pelo fato de que as oportunidades para
empreender são, justamente, fruto da existência da degradação ambiental.
2.4. Agricultura Orgânica
2.4.1 Conceitos Fundamentais
Os problemas que a agricultura convencional causa já são evidentes para a população
como um todo, e com o conhecimento desses problemas o mundo começa a voltar seus olhos
para as práticas sustentáveis de produção com a intenção de obter produtos mais seguros e
saudáveis. Com o crescimento desenfreado da utilização de agrotóxicos na agricultura e a
descoberta dos problemas que os mesmos podem causar além do gasto inconsciente de
recursos e problemas ambientais, se fez necessário uma atenção maior para a prática de uma
agricultura orgânica. Esta prática surge como uma alternativa para as práticas degenerativas
Eco-empreendedor Empreendedor Social Empreendedor Institucional Empreendedor Sustentável
Motivação Principal
Contribuir para resolver um
problema ambiental e criar valor
econômico
Contribui para resolver um
problema social e criar valor
para a sociedade
Contribuir para mudar a
regulação, a sociedade e as
instituições de mercado
Contribuir para resolver
problemas sociais e ambientais
por meio da realização de um
negócio de sucesso
Objetivo PrincipalGanhar dinheiro resolvendo
problemas ambientais
Atingir a meta social e assegurar
fundos para conseguir isso
Mudar as instituições como
objetivo direto
Criar desenvolvimento
sustentável por meio de
atividades corporativas
empreendedoras
Papel dos objetivos
econômicosFins Meios Meios e fins Meios e fins
Papel dos objetivos não
mercadológicos
As questões ambientais são
integradas como elemento
principal do negócio
Objetivos sociais como
finalidade
Mudar instituições como
elemento principal do negócio
Objetivos finais integrados para
contribuir com o
desenvolvimento sustentável
Desafio do
desenvolvimento
organizacional
Do foco nas questões ambientais
a integração das questões
econômicas
Do foco nas questões sociais a
integração das questões
econômicas
Da mudança nas organizações a
integração da sustentabilidade
De um contribuição pequena
para uma grande contribuição ao
desenvolvimento sustentável
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adotadas há décadas na agricultura convencional, e cujo principal objetivo é conciliar as
necessidades de consumo da humanidade respeitando o limite de produção natural do
ambiente.
Assim, a agricultura orgânica é o processo produtivo de alimentos saudáveis para
garantir o bem-estar e qualidade de vida dos seres humanos e, simultaneamente, proteger o
meio ambiente (Associação de Agricultura Orgânica, 2015). Para isso, não há a utilização de
agrotóxicos, adubos químicos ou substâncias sintéticas que agridam o ecossistema ou
ameacem a saúde humana. O manuseio responsável do solo, da água, do ar e dos demais
recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais são, portanto, elementos
fundamentais para a produção ser considerada orgânica. O Brasil se apresenta, atualmente,
como um dos países em destaque para o crescimento da produção orgânica, na medida em que
possui diferentes tipos de solo e clima, uma grande biodiversidade e diversidade cultural
(Ministério da Agricultura, 2015). Outras definição de agricultura orgânica é:
“Agricultura orgânica compreende todos os sistemas agrícolas que promovam
a produção sustentável de alimentos, fibras e outros produtos não alimentos
(cosméticos, óleos essenciais, etc.) de modo ambiental, social e
economicamente responsável” (FONSECA et al, 2009, p.8).
Este tipo de cultivo, ao descartar agrotóxicos em seu processo de produção, garante o
fornecimento de alimentos saudáveis, mais saborosos e de maior durabilidade, além de não
poluir o solo, assegurando a sua fertilidade, nem o lençol freático com substâncias químicas
tóxicas. Ademais, diminui o risco de erosões e degradação, colaborando na restauração da
biodiversidade local ao utilizar o sistema de manejo mínimo do solo. Com isso, a agricultura
orgânica permite a sustentabilidade da agricultura familiar e potencializa a capacidade dos
ecossistemas locais em prestar serviços ambientais (Associação de Agricultura Orgânica,
2015).
A prática da agricultura orgânica recebe influência do conceito de agroecologia. Esta é
uma ciência ainda em desenvolvimento e constante crescimento, e conforme Fonseca (2009,
p.8) “é um campo de conhecimento transdisciplinar, que recebe influência das ciências
sociais, agrárias e naturais, em especial da Ecologia Aplicada”. Seus principais objetivos são a
criação de sistemas sustentáveis e o estimulo de um consumo consciente. A agroecologia
tenta buscar informações e conhecimentos já gerados por outras ciências sincronizando suas
descobertas com a sua própria lógica. A ciência também busca respeitar a importância da
agricultura familiar e tradicional, e tem uma visão voltada para a biodiversidade e
ecossistemas, respeitando seus ciclos e limitações. Um ponto crucial da agroecologia é que ela
busca maneiras de beneficiar toda a sociedade, tanto as gerações de hoje como as futuras e a
produção não é só de importância para os agricultores, mas sim a todos. Através dessa
conscientização causada pelo conceito de agroecologia, a demanda por produtos e alimentos
orgânicos vem crescendo vertiginosamente nos últimos anos, segundo as estimativas da
Organic Monitor, as vendas globais de produtos orgânicos no mundo atingiram US$ 50,9
bilhões em 2008, dobrando o valor de US$ 25 bilhões verificado em 2003.
Um alimento ou produto orgânico não pode conter em seu processo de produção
práticas nocivas ao meio ambiente e ao consumidor, isso implica a não utilização de
agrotóxicos e qualquer outro tipo de produto que seja prejudicial à saúde do consumidor ou ao
ambiente envolvido na produção. Para um produtor orgânico certificar-se, ele precisa seguir
uma série de regulamentos e exigir o registro do produtor no Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos do Ministério da agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Segundo IPD –
Orgânicos (2011, p.9): “a certificação pode ser realizada de três formas: por auditoria, por sistema
participativo de garantia, e pelo controle social na venda direta. Neste último caso, a legislação
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brasileira abriu uma exceção na obrigatoriedade de certificação dos produtos orgânicos para a
agricultura familiar. Exige-se, porém, o credenciamento em uma organização de controle
social cadastrada em órgão fiscalizador oficial”.
Como dito anteriormente, o mercado de produtos orgânicos vem crescendo muito no
mundo inteiro. Dentro desse cenário, o Brasil é hoje um dos maiores produtores orgânicos do
mundo segundo dados do relatório The World Organic Agriculture. De acordo com o IBGE o
Brasil conta com 4,93 milhões de hectares de área destinada ao cultivo de produtos orgânicos.
de acordo com dados do IBGE a maior parte das vendas estão concentradas em Minas Gerais,
Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná e Pernambuco. O comércio desses
produtos é feito através de grandes mercados como o Pão de Açúcar, que tem a sua marca
própria para produtos orgânicos (Taeq) e através de feiras onde os produtores vendem
diretamente para o consumidor, o que diminui o valor do produto ou alimento.
2.4.2. Como funciona a agricultura orgânica no Brasil
Em 1978, ocorreram as primeiras iniciativas organizadas de produção e
comercialização de produtos orgânicos no Brasil, sendo estipuladas por cooperativas de
consumidores. Como exemplo, temos a Coonatura, no Rio de Janeiro e a Coolméia, no Rio
Grande do Sul (ARAÚJO & PAIVA, 2007). Sendo assim, a certificação não se iniciou de
forma completamente formal e institucionalizada, visto que essas cooperativas decidiram
estabelecer essas normas e criaram também “selos de garantia para seus produtos (selos de
certificação), direcionados principalmente ao mercado interno” (ORMOND et al, 2002, p.19).
Desde então, esse processo foi se aperfeiçoando e sendo formalizado por
organizações, produtores, consumidores e técnicos que continuavam a desenvolver práticas
em concordância com os princípios da agricultura orgânica (FONSECA et al, 2009).
Principalmente devido a certa inclinação em seguir para o mercado exportador, gerou-se a
necessidade de certificar os produtos através de instituições reconhecidas internacionalmente
(ORMOND et al 2002). Como consequência, “a produção, o armazenamento e o transporte
teriam que obedecer aos padrões internacionais e, preferencialmente, formais” (ORMOND et
al, 2002, p.19)
Foi em 1994 que teve início uma discussão visando a regulamentação da agricultura
orgânica no Brasil. Todavia, apenas 5 anos depois, em 17 de maio de 1999, publicou-se a
primeira obra voltada para a produção de alimentos orgânicos no Brasil, “com o enrijecimento
das legislações sobre sanidade, como a Lei do Bioterrorismo norte americana” (ARAÚJO &
PAIVA, 2007). Essa publicação foi a Instrução Normativa 007/99 do MAPA (Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento), contendo as “normas disciplinares para produção,
tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade de
produtos orgânicos, sejam eles de origem animal ou vegetal” (ORMOND et al, 2001, p.19).
Desde de 1996, a Lei 10.831 tramitava pelo Congresso Nacional, até que em dezembro
de 2003 a mesma foi publicada “definindo e estabelecendo condições obrigatórias para a
produção e a comercialização de produtos da agricultura orgânica” (FONSECA et al, 2009).
Em dezembro de 2007, houve ainda a publicação do Decreto 6.323 para regulamentação da
atividade, todavia, Fonseca et al (2009) apontam a falta da publicação das Instruções
Normativas específicas que foram submetidas à consulta pública apenas em 2008 e ainda
estão em tramitação.
O documento normativo IN 007/99 assim como a IN 016/04 do MAPA (que altera
alguns aspectos da IN 007/99) são utilizados como amparo legal para todo esse processo
envolvendo os produtos orgânicos (FONSECA et al, 2009). Fonseca et al destacam também
que em julho de 2004 ocorreu a edição da Portaria 158, do MAPA que “trata da Comissão
Nacional para a Produção Orgânica e das Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da
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Federação, criadas com a função de executar o programa PRÓ-ORGÂNICO (Brasil, 2004c),
do qual a regulamentação era uma das tarefas” (FONSECA et al, 2009, p.15). Também em
2004 ocorreu a criação da Câmara Setorial de Agricultura Orgânica (CSAO) servindo como
um órgão de apoio às políticas públicas do MAPA, a discussão para aprovação da Lei 10.831,
por exemplo, ocorreu no CSAO. Em 28 de dezembro de 2007, o Decreto 6.323 foi publicado
do Diário Oficial da União, após alterações pela CSAO em agosto de 2007, garantindo
também a regulamentação da Lei 10.831.
Segundo Fonseca et al (2009, p.17), “em 2006, os países com o maior número de
unidades de produção orgânicas certificadas eram o México (12 mil unidades), a Indonésia
(45 mil unidades), a Itália (36 mil unidades), as Filipinas (35 mil unidades) e a Uganda (34
mil unidades)”. O Brasil, em 2006, tinha 19 mil unidades orgânicas produzidas e certificadas,
em que a maior parte desse montante era produzido por agricultores familiares e do interior,
tanto para consumo interno quanto para a exportação. Dados de certificadoras internacionais
mostram que no Brasil existem 932.120 hectares de produção orgânica certificada e 6.182.180
hectares de produção orgânica que inclui a base extrativista (MAPEAMENTO, 2008), isso
classifica o país como o segundo maior agricultor orgânico controlado do mundo.
Por conta desse número crescente na produção orgânica no Brasil e a ascenção na
ciência da agroecologia, como dito anteriormente, o governo lançou em 2013 o Plano
Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) que busca implementar
programas e ações indutoras da transição agroecológica, da produção orgânica e de base
agroecológica, possibilitando à população a melhoria de qualidade de vida por meio da oferta
e consumo de alimentos saudáveis e do uso sustentável dos recursos naturais, constituindo-se
em instrumento de operacionalização da Política Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica (PNAPO) e de monitoramento, avaliação e controle social das ações ali organizadas.
A distribuição dos produtos provenientes de agricultores familiares dá-se através da
venda direta, segundo Fonseca, 2009 “A venda direta está prevista na Lei n°10.831/03 (art. 3º
§ 1º), bem como no Decreto nº 6.323/07 (cap. II art. 28º) e no texto da instrução normativa
relativa aos mecanismos de garantia e informação da qualidade orgânica (art.5º)”. O decreto
diz que o agricultor familiar deve praticar venda direta para o consumidor final, ou seja, a
pessoa que vai efetivamente consumir o produto comprado, a única exceção é se o comprador
foi o governo com a intenção de utilizar em instituições públicas como escola e hospitais.
O controle da conformidade desses produtos de agricultores familiares é feito de forma
social, ou seja, os próprios consumidores, por estarem em contato direto com os produtores,
avaliam se o produto realmente é de qualidade. Caso o produtor não seja um agricultor
familiar e não se encaixe na característica de venda direta para o consumidor, ele necessitará
passar por uma certificação cadastrando-se no Sistema de Avaliação de Conformidade
Orgânica (SISORG). Já que o consumidor começa a ficar distante do produtor e o controle
social não tem mais condições de acontecer, esse controle necessita ser feito por essa terceira
pessoa. Vale ressaltar que o órgão certificador não presta assistência ao processo de produção,
somente avalia se os procedimentos estão sendo corretamente seguidos. A certificação pode
ser individual ou em grupos de pequenos produtores.
“As normas e regulamentos técnicos de agricultura orgânica exigem,
no mínimo, uma inspeção anual em cada unidade produtora. Os organismos de
certificação locais, muitas vezes, não estão disponíveis na maioria dos países
de baixa renda e tropicais” (FONSECA et al, 2009, p.29).
Com isso, caso os produtores enquadrem-se numa mesma localidade, a certificação em
grupo pode ser feita com a intenção de baratear o processo e diminuir o impacto no valor final
do produto. Vale ressaltar que o grupo precisa ter um tamanho necessário para sustentar um
inspetor interno, número esse que precisa ser de 30 a 50 produtores por inspetor. O
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funcionamento da certificação em grupo conforme Fonseca et al (2009) “um organismo
central é responsável pela comercialização e pelo atendimento às normas (comprador,
processador ou associação/cooperativa auto organizada). Uma única certificação é feita para
toda a produção individual, assim como para o processamento e atividades de distribuição
registradas dentro do grupo. ”
2.5. Certificação de Produtos Orgânicos
Com o crescimento do mercado orgânico no mundo, se torna necessário também
garantir ao consumidor a veracidade, qualidade e confiança desses produtos. Sendo assim,
como discute Araújo e Paiva (2007, p.141) “a certificação dos alimentos orgânicos é uma
forma de assegurar ao consumidor que o produto que ele está comprando foi produzido dentro
de um processo orgânico, sem a utilização de agrotóxicos, respeitando o ambiente e o homem,
etc”. A certificação se torna, então, um fator indispensável para a credibilidade do produto
orgânico atestando o cumprimento das normas pelo produtor. Terrazzan e Valarini (2009,
p.34), ressaltam que a certificação é fundamental para ampliar a produção e comercialização
de orgânicos, “tendo grande importância estratégica para o mercado de orgânicos, pois além
de permitir ao agricultor diferenciar seu produto e obter melhor lucro, protege os
consumidores de possíveis fraudes, reduzindo a forte assimetria de informações entre
vendedores e consumidores”.
Diferentemente da agricultura convencional, a orgânica, como debatido nas sessões
anteriores, apresenta propostas para o consumidor de um produto com vantagens nutricionais,
sem toxinas e uma produção que preserva o meio ambiente, assim como outros fatores. Logo,
podemos entender o produto orgânico como “um bem que tem na confiança seu valor
principal” (ORMOND et al, 2002). A qualidade do produto é intrínseca a uma relação de
confiabilidade entre produtor e consumidor, tornando necessária uma regulamentação que
assegure essa relação. Existe um relacionamento do produtor com seu cliente que precisa ser
mediado por uma agência reguladora. Como explicado por Fonseca et al (2009, p. 29)
“quando a cadeia de produção se torna mais complexa e o consumidor fica mais distante do
produtor, ou quando não existe nenhuma forma de controle social, há necessidade de
confirmação feita por uma terceira parte – a certificadora”.
Recentemente, a distribuição e comercialização de produtos orgânicos vêm sendo
amplificada por diversos fatores como a busca por uma alimentação mais saudável e a maior
facilidade atual de acesso a esses produtos. Assim, torna-se essencial ter órgãos que
assegurem a confiança inicial dos preceitos de um produto orgânico. Essa confiança é
oficializada a partir de certificados emitidos por uma empresa habilitada que atesta o fato do
produtor ter se adequado aos procedimentos e fornece o selo de garantia na embalagem do
produto. (ORMOND et al, 2002).
De acordo com Araújo e Paiva são justamente o aumento da demanda e o crescimento
do mercado orgânico que criaram a necessidade de estabelecer novos mecanismos para
garantia de qualidade. Eles também reforçam que isto ocorre através do Selo Oficial de
Garantia, sendo fornecido, quando em consonância com as normas, pelas associações de
agricultura orgânica e de um sistema de certificações de agricultores e firmas, estes são
acompanhados pela fiscalização que envolve desde o produtor até o comerciante.
Darolt (2005, apud ARAÚJO & PAIVA, 2007, p.141) nos apresenta a seguinte
explicação: “A certificação é um processo de inspeção das propriedades agrícolas, realizado com
uma periodicidade que varia de dois a seis meses, para verificar se o alimento orgânico está
sendo cultivado e processado de acordo com as normas de produção orgânicas. O foco da
inspeção não é o produto, mas a terra e o processo de produção. Assim, uma vez credenciada,
a propriedade pode gerar vários produtos certificados, que irão receber um selo de qualidade.”
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Sendo assim, como apresentado, o processo de certificação abrange benefícios e
segurança em relação aos produtos orgânicos. O Selo de garantia pode ser entendido como um
‘algo a mais’ que enriquece, qualifica e atesta esse produto, evidenciando a preocupação de
levar até o consumidor apenas aquilo considerado adequado visto que atende normas e
padronizações pré-estabelecidas de qualidade. O produto orgânico, “ao trazer este nome na
embalagem juntamente com o selo de uma Instituição Certificadora, mostra ao consumidor
muito mais que um alimento isento de substâncias nocivas à saúde, mas de quem se adquire
aquele produto” (ARAÚJO & PAIVA, 2007, p.143)
2.5.1. As Certificadoras e o processo de Certificação
De acordo com Araújo e Paiva (2007), o processo de certificação de qualidade varia
entre 1 e 4 anos, fato que irá depender do “sistema de produção e do mercado consumidor”
(p.142). Como as normatizações que classificam os produtos orgânicos em cada país não são
as mesmas, para um produto do Brasil ser exportado, por exemplo, este precisa estar em
concordância com a legislação do país que se deseja exportar. Ainda segundo Araújo e Paiva
(2007), existiam 275.576 hectares certificados no Brasil em 2001 e mais de 800.000 em 2003.
A certificação é um “procedimento de verificação (de registros, de documentos e
física) e confirmação (certificado) da conformidade do produto ou processo com os padrões
estabelecidos” (FONSECA et al, 2009, p.29). Existem 4 critérios adotados nesse processo:
transparência, imparcialidade, independência e competência. Como explicado previamente,
esta é uma maneira de garantir ao consumidor e comerciantes que seu produto segue normas e
padrões de qualidade de um produto orgânico. A certificação é realizada por um órgão
certificador, a certificadora.
O credenciamento das instituições certificadoras é realizado pelo Colegiado Nacional
de Agricultura Orgânica que é coordenado pelo MAPA. Suas outras atribuições são
coordenar, supervisionar e fiscalizar os colegiados estaduais e do distrito federal (ORMOND
et al, 2002). Esses colegiados estaduais e o nacional “têm como principal função assessorar e
acompanhar a implementação de normas e padrões nacionais para a produção orgânica de
alimentos ou matéria-prima de origem vegetal e/ou animal” (ORMOND et al, 2002, p.20).
Baseado nas informações apresentadas pelo documento do BNDES (2002), podemos dividir o
processo de concessão de credenciamento a uma instituição nas seguintes etapas:
1- Encaminhar a documentação da instituição ao colegiado estadual para análise;
2- Elaboração de relatório pelo colegiado estadual e submissão à consulta pública;
3- Encaminhar o relatório ao colegiado nacional para análise;
4- O colegiado nacional encaminha o relatório ao MAPA para auditoria de pré-
certificação;
5- O resultado da auditoria é encaminhado ao colegiado nacional;
6- O colegiado nacional analisa e aprova o resultado.
Quando essa aprovação é positiva, o credenciamento é oficializado pela Secretaria
Nacional de Defesa Agropecuária através da publicação no Diário Oficial da União. No citado
documento do BNDES (2002) estipulava-se que o Brasil possuía 19 certificadoras atuantes,
sendo 12 nacionais e 7 estrangeiras e estavam passando pelo processo de regularização.
Araújo e Paiva (2007) ressaltam que as instituições certificadoras possuem papel de definir o
processo de certificação o que ocorre visando o contexto e especificidades das regiões de
atuação. Eles ainda acrescentam que no Brasil a “rotulagem ambiental pode ser feita por
vários órgãos e associações reconhecidos, como as ONGs (Organizações Não
Governamentais) e a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnica) ” (ARAUJO &
PAIVA, 2007, p. 143).
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Terrazzan e Valarini (2009) fizeram um levantamento das instituições certificadoras
existentes no país e encontraram dezesseis entidades certificadoras de produtos orgânicos,
sendo elas: Certificadora da Associação dos Agricultores Orgânicos do Estado de São Paulo
(AAOCERT), Associação de Agricultores Biológicos (ABIO), Associação de Agricultura
Natural de Campinas e região (ANC), Associação dos Produtores de Agricultura Natural
(APAN), BCS Oko-Garantie, Associação de Certificação de Produtos Orgânicos do Espírito
Santo – CHÃO VIVO, Certificadora Mokiti Okada (CMO), Ecocert Brasil, Farm Verified
Organic (FVO), Instituto Biondinâmico (IBD), IMO – Control do Brasil, Minas Orgânica –
Associação Mineira, OIA-BRASIL, Certificadora Sapucaí, Skal International do Brasil e
Tecnologia do Paraná (TECPAR). Na figura 1 abaixo apresentam-se os principais selos de
certificação identificados por eles:
Figura 1- Selos de Certificação de alimentos Orgânicso no Brasil em 2009
Fonte: Araújo e Paiva, 2007, p.144
Uma vez que as instituições sejam habilitadas como certificadora, as mesmas se
tornam responsáveis por atestar a qualidade dos produtos orgânicos. Esse procedimento
também ocorre através de algumas etapas que garantem a clareza e responsabilidade do
processo. A partir da descrição das etapas por Araújo e Paiva (2007) e do documento do
BNDES (2002), apresenta-se a seguir uma lista esquematizando como se dá, em geral, o
processo de Certificação dos produtos orgânicos (de uma área de produção orgânica), sejam
eles de origem vegetal ou animal:
1- Preenchimento de proposta sócio ou inscrição a fim de realizar filiação a um órgão
certificador;
2- Visita realizada por um técnico enviado pela entidade certificadora a instituição para
verificar as condições da propriedade e medidas a serem tomadas para obter a certificação a
partir do preenchimento de relatório ou questionário;
3- Encaminhamento do relatório ao Conselho de Certificação para a análise feita pela
própria Comissão Técnica Certificadora;
4- Estabelecimento de um período de transição concedido pela certificadora (de 12 a 18
meses) com o objetivo da mudança para a agricultura orgânica.
5- Credenciamento: contrato de certificação que garante a cessão dos selos e estabelece
direitos e deveres entre a certificadora e o produtor;
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6- Inspeções realizadas pelos técnicos da certificadora que podem ocorrer semestralmente
ou anualmente.
O processo de conversão de uma área de agricultura convencional para um de
princípios orgânicos é embasado nos critérios estabelecidos pela Instrução Normativa 007/99.
Após o período estabelecido, a primeira safra já é classificada como orgânica, porém esses
períodos podem “ser ampliados em função do resultado das análises e das recomendações
feitas pela entidade certificadora” (ORMOND et al, 2002, p.21). Nesse processo de conversão
há um caimento na produção da área visto que se torna necessário cessar o uso de fertilizantes
e agrotóxicos, porém, não é exigido que a área seja inativada. Desta forma, a produção é
afetada, gerando também impactos financeiros para o produtor. Segundo o Ormond et al
(2002, p.22) esse é um “investimento não monetário [...] que não encontra amparo em
nenhuma linha de crédito disponível para o setor”, o que acaba se tornando um empecilho à
adesão de novos produtores a essa atividade.
Da mesma forma, outra barreira para a certificação está igualmente relacionada a
fatores financeiros visto que “o fator que mais influencia na formação do custo é o valor pago
pela certificação”. Esse custo pode variar em decorrência dos critérios escolhidos pela
certificadora, porém, considerando alguns itens como: “taxa de filiação, tamanho da área a ser
certificada, despesas com inspeção (transporte, alimentação e hospedagem), elaboração de
relatórios, análise laboratorial do solo e da água, visitas de inspeção e acompanhamento e
emissão do certificado” (ORMOND et al, 2002, p.22). Entretanto, buscando fornecer uma
certificação alcançável àqueles produtores com restrições financeiras, foi criado uma
‘Certificação Participativa’ pela Rede Ecovida de Agroecologia, conhecido como um modelo
alternativo de certificação. A ‘Cerificação Participativa’ é apoiada “na responsabilidade e nos
valores éticos de cada produtor que compõe o núcleo regional” (ORMOND et al, 2002, p.23).
2.5.2. Avaliação participativa dos Sistemas Participativos de Garantia SPG
Outro tipo de certificação são os sistemas participativos de garantia (SPG), que são
uma alternativa à certificação por terceiros, com foco para mercados locais e cadeias de
suprimento curtas, permitem a participação direta dos produtores, consumidores e outras
partes interessadas nas definições de padrão, procedimentos e decisões de certificação.
Segundo Fonseca et al (2009, p. 31) “nos Sistemas Participativos de Garantia, a conformidade
representa a alteração ou modificação do comportamento e das crenças de uma pessoa ou de
um grupo na direção determinada por um grupo mais amplo, resultante do controle social via
sanções positivas, negativas e neutras. ”
Mesmo a agricultura orgânica tendo grandes benefícios socioeconômicos ainda
enfrenta grandes desafios, como por exemplo ser um setor ainda muito pequeno e ter
problemas para importação, já que os consumidores desse tipo de produto preferem comprar
produtos do seu próprio pais ou região, o que atrapalha produtores de países de baixa renda a
se manterem no mercado.
2.6. Funcionamento do comércio de produtos e alimentos orgânicos
O comércio de produtos e alimentos orgânicos vem crescendo muito no Brasil nos
últimos anos, segundo o IPD – Orgânicos (2011, p.9) “conforme dados do Censo
Agropecuário 2006 do IBGE, o valor de venda de produtos orgânicos dos estabelecimentos
certificados e não certificados, por entidade credenciadora, atingiram R$ 1,3 bilhões naquele
ano”. Ainda de acordo com o IBGE as vendas concentram-se nos estados de Minas Gerais,
Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná e Pernambuco.
Grande parte dos produtos comercializados são produtos frescos como frutas e
verduras recém-colhidas, porém não se restringe só a esse tipo de produto, produtos
embalados também são comercializados. O Grupo Pão de Açúcar criou sua própria marca, a
Taeq, que é especializada em produtos orgânicos embalados, frescos e a granel. Bebidas
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orgânicas são associadas pelo consumidor com benefícios à saúde humana, “isto é
particularmente percebido quanto ao chá verde, considerado produto auxiliar na perda de peso
e os sucos 100% orgânicos, principalmente de laranja e uva, que colaboram com o sistema
imunológico e apresentam propriedades antienvelhecimento. ” (IPD, 2011, p.13).
O crescimento de lojas especializadas em produtos orgânicos fez com que as grandes
redes de supermercados voltassem mais sua visão para esse tipo de comércio e começar a
investir em merchandising e diversificação de produtos orgânicos, hoje os supermercados
continuam detendo da maior parte das vendas. Os consumidores de produtos orgânicos
costumam ter condições financeiras mais altas que além de perceberem os benefícios que esse
tipo de produto pode trazer são menos afetados pelo preço elevado em relação ao mesmo
produto feito de forma convencional. “Em sua maioria, possuem alto grau de instrução,
geralmente com nível superior e são predominantemente da classe média. São indivíduos
preocupados com a segurança e qualidade dos produtos”. (IPD, 2011, p.15).
O consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro por produtos que tenham
garantia de que agridem menos o meio ambiente, e sabendo disso, existe uma necessidade de
investimento a ser realizado no esclarecimento em relação aos benefícios dos produtos
orgânicos. As principais redes varejistas do Brasil já criaram suas próprias marcas, o Pão de
açúcar como dito anteriormente tem a Taeq, o Wal-Mart tem a Sentir Bem e o Carrefour tem
a Viver. Além dessas grandes redes também existem as redes de lojas especializadas como a
Mundo Verde que trabalha com produtos mais específicos.
2.6.1. Problemas enfrentados na comercialização
Carvalho (2014) apresenta alguns fatores, baseados na visão dos produtores, que tem
servido como empecilhos para a expansão da comercialização orgânica. Como exemplo,
temos os seguintes pontos:
A precariedade da assistência técnica recebida pelos produtores, as dificuldades de
acesso a financiamento e a pouca divulgação das qualidades da produção orgânica completam
o quadro de gargalos econômicos traçado pelos produtores. Não são problemas exclusivos da
produção orgânica, pois vários deles podem ser encontrados em outros setores produtivos em
sua fase de crescimento e ainda caracterizados por uma escala restrita de produção.
(CARVALHO, 2014, p. 29)
De fato, dificuldades de financiamento prejudicam o processo, porém, como destacado
na citação acima, a divulgação da qualidade do produto orgânico também afeta a produção,
fato que atinge a comercialização. Atualmente, o mercado orgânico se encontra em um estado
de maior destaque quando comparado há alguns anos atrás, todavia, esse mercado ainda não
está completamente desenvolvido. Carvalho (2014) explica que existem dois canais principais
de comercialização dos alimentos orgânicos, um seria para os consumidores que já possuem
informação e o outro frequentado pela maioria dos consumidores.
Os canais para consumidores já informados abrangem justamente as feiras orgânicas e
lojas especializadas em produtos orgânicos, sendo um canal que envolve uma quantidade não
tão grande de produtores. Por outro lado, grande parte dos consumidores (de produtos
alimentícios em geral) está em lojas e supermercados do grande varejo, estes por muitas vezes
não são informados dos benefícios e vantagens dos produtos orgânicos. Uma estratégia
importante seria atingir justamente esse público através da inserção de produtos orgânicos nas
grandes redes. Todavia, para isso, “são necessárias transformações do setor produtivo e da
logística, pois um maior grau de organização determina a possibilidade de garantir presença
nessas lojas” (CARVALHO, 2014, p.29). Essa inserção é entendida como uma entrada
estratégica que beneficia o setor de produção orgânica.
De fato, a comercialização via supermercados é abrangente e benéfica sendo alcançada
após a criação do selo orgânico de qualidade e aponta uma nova fase na agricultura orgânica
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(TERRAZAN & VALARINI, 2009). No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, uma
pesquisa realizada ainda em 1998 constatava que “o setor das grandes redes varejistas é
responsável por 73% do negócio orgânico vegetal” (TERRAZAN & VALARINI, 2009, p.33).
Entretanto, alguns fatores têm afetado essa inserção nas redes de supermercados. Os preços
dos produtos orgânicos são mais altos quando comparados aos alimentos tradicionais. Logo, é
preciso que o consumidor não conhecedor desse produto receba as devidas informações sobre
as vantagens de um alimento orgânico a fim de incentivar a compra dos mesmos. A
certificação, por exemplo, é uma forma de garantir e aumentar a confiabilidade no produto,
gerando maior incentivo para sua compra. Sobre esses aspectos, Carvalho (2014, p.31) discute
que:
A presença de produtos orgânicos em gôndolas do supermercado foi assim uma
condição necessária, mas insuficiente para a conquista e fidelização de novos clientes. Faltou
a divulgação das qualidades dos produtos de forma convincente aos potenciais compradores.
Só reconhecendo essas qualidades eles se disporiam a pagar um preço superior para acessá-
los. A construção do mercado de produtos orgânicos resulta da ação permanente dos
produtores e da contínua sedução de sua demanda potencial.
Terrazzan e Valarini destacam também a dificuldade dos produtores em ofertar uma
grande mix de variedades dos produtos, com a qualidade, quantidade e periodicidade
necessária exigida pelas grandes redes varejistas. Esse suprimento e “o mix mínimo que de ser
garantido diariamente exigem planejamento de produção e do sistema logístico por parte dos
comerciantes e agricultores”. (TERRAZZAN & VALARINI, 2009, p.33). A alternativa mais
utilizada como resposta a essas complexidades de comercialização nas redes de
supermercados são as feiras livres orgânicas em que o consumidor “pode encontrar o
sortimento que necessita através do fornecimento de vários produtores simultaneamente”
(TERRAZAN & VALARINI, 2009, p.34), todavia, como destacado, esse canal de
comercialização é mais restrito, o que afeta a produção.
Outro fator de dificuldade está voltado para a assistência técnica e o financiamento à
produção. A assistência técnica é importante por ser “responsável pela difusão das inovações
tecnológicas e divulgação das boas práticas agropecuárias” (CARVALHO, 2014, p.32), logo,
ela atua com um papel de articulação entre a produção e a pesquisa na área orgânica. Em
relação ao financiamento, atualmente a agricultura familiar conta com o apoio do programa de
empréstimo do PRONAF, porém, dentre algumas dificuldades que atingem esses produtores
com os gastos com a produção, podemos destacar que “os ciclos curtos da produção hortícola
também não se adaptam bem aos prazos de desembolso e de quitação dos empréstimos”
(CARVALHO, 2014, p.33). Como já mencionado, existe um período de transição para a
agricultura orgânica que gira em torno de três anos e, nesse caso, também se complica a
situação de financiamento, uma vez que os agricultores em transição “não podem vender seus
produtos com o selo orgânico durante essa transição” (CARVALHO, 2014, p.33)
2.6.2. A produção e comercialização de produtos orgânicos no Rio de Janeiro
No estado do Rio de Janeiro, a ONG COONATURA (fundada em 1979) possui papel
principal no estabelecimento inicial de iniciativas voltadas para a produção orgânica. Essas
ações tiveram início em 1981 e tinham por objetivo “congregar as pessoas descontentes com a
contaminação dos alimentos oferecidos à população” (CARVALHO,2014). Em 1985, foi
criada a ABIO (Associação de agricultores biológicos do estado do Rio de Janeiro), uma
organização civil sem fins lucrativos, sendo que em 1988 a mesma instituiu seu caderno de
normas. A ABIO é significativamente importante para a comercialização orgânica no Estado
pois “participou ativamente da construção da regulamentação da agricultura orgânica,
apoiando as alternativas à certificação individual, fomentando a certificação participativa em
rede” (FONSECA et al, 2011, p.4). Em 2010 a ONG foi credenciada pelo MAPA.
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No ano de 1992, criou-se a Fazendinha agroecológica a partir de uma parceria entre a
Agroecologia da EMBRAPA e a UFRRJ. A Fazendinha logo se transformou em um
importante centro para divulgar a capacitar a produção orgânica no Rio de Janeiro
(CARVALHO, 2014). Em 1994 surgiu a primeira feira de produtos orgânicos no estado, com
funcionamento inicial no bairro da Glória, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Essa feira
foi instituída mediante parceria entre a ABIO e a COONATURA, além disto, Fonseca et al
(2011) destacam que no período entre 1994 e 2010 essa era basicamente a única feira orgânica
em espaço público no estado.
Alguns anos à frente, em 1998, foi estabelecida a Rede Agroecológica do RJ,
constituída por sete instituições públicas e privadas que “se uniram com o objetivo de gerar e
adequar tecnologias agroecológicas, apoiando o credenciamento de produtores e a
comercialização de produtos agroecológicos” (FONSECA, 2005, apud CARVALHO, 2014,
p.27). O próximo passo seria adentrar as redes de supermercado, introduzindo os produtos
orgânicos nas redes do Rio de janeiro. Essa nova forma de comercialização possibilitou que a
produção orgânica estadual se desenvolvesse, assim como empresas, associações e produtores
(CARVALHO, 2014). Todavia, muitas dificuldades foram encontradas nesse processo junto
aos supermercados gerando um decréscimo na produção orgânica. Diante dessa situação, uma
das soluções encontradas pela ABIO a fim de amplificar e consolidar novas formas de
comercialização foi a ação de, no verão de 2009, iniciar doze feiras de produtos orgânicos que
foram promovidas pela Secretaria municipal de Cultura nos Arcos da Lapa. Posteriormente,
em 2010, criou-se o Circuito Carioca de Feiras Orgânicas em uma parceria da ABIO com a
SEDES - Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário. (FONSECA et al,
2011)
Tomando como base as discussões realizadas no decorrer deste trabalho, podemos
entender que as condições para a expansão da produção orgânica parecem favoráveis visto
que este é um mercado em crescimento que atrai um público muito preocupado com a
qualidade do alimento. É certo que existem restrições financeiras, o alto custo de um processo
de certificação e o valor final expressivo dos produtos orgânicos, todavia, a produção orgânica
conta com o apoio de Instituições de Ensino e pesquisa, bem como organizações e empresas.
(CARVALHO, 2014).
Apesar desses fatos, Carvalho (2014) explica que a produção orgânica fluminense
passa por uma relativa estagnação que perdura pelos últimos 10 anos, sendo que o seu
crescimento não chega a apresentar números expressivos. A comercialização é apontada como
um dos fatores que mais contribuem para o não desenvolvimento dessa produção orgânica.
Todavia, este não é o único fator. Se torna importante, então, questionar quais seriam os
entraves para o crescimento da comercialização de produtos Orgânicos, principalmente no
Estado do Rio de Janeiro.
Fonseca et al (2011) apontam que foram realizadas pesquisas no Estado do Rio de
Janeiro a fim de compreender o produtor, as estratégias de comercialização, bem como o
consumidor. Essas pesquisas têm sido realizadas por empresas privadas e pela própria
academia, culminando, em 2007, em uma união entre a PESAGRO e organizações parceiras
(ABIO, EMATER) pela identificação de “oportunidades da venda direta para resolução de
gargalos ao crescimento da comercialização de produtos orgânicos” (FONSECA et al, 2011,
p.4). Consequentemente, presenciamos o aumento no número de feiras orgânicas como uma
iniciativa para amplificação do comércio orgânico tanto no interior do RJ quanto na região
metropolitana.
3. Metodologia
Trata-se de pesquisa de caráter exploratório, considerando que o tema é emergente em
administração, e descritiva, pois pretende mapear o setor de produção e comercialização de
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alimentos orgânicos e descrever as ações e percepções dos empreendedores que viabilizem
estes negócios. A abordagem será quantitativa e qualitativa.
A estratégia inicial da pesquisa foi utilizar pesquisa bibliográfica (revistas acadêmicas,
jornais, teses, etc.) e sites da internet de organizações e empresas que lidam com o tema. A
segunda etapa da estratégia será uma pesquisa de campo, composta de uma survey e de
entrevistas em profundidade com especialistas e empreendedores de produção e
comercialização de alimentos orgânicos. Como houve substituição da pesquisadora Isabela
Porto pelo bolsista Davi Freire em fevereiro de 2016, este último teve de realizar nova
pesquisa bibiográfica para conhecer o tema, o que gerou atraso no cronograma inicial da
pesquisa. O bolsista Davi Freire aprofundou a pesquisa bibliográfica sobre a produção e
comercialização de alimentos orgânicos. produção e comercialização de alimentos orgânicos,
apresentado na seção 2.4. Esta primeira etapa se encerrou em julho.
A segunda etapa será a de coleta de dados. Para Cervo, Bervian e Silva (2007), uma
das fases da pesquisa descritiva está na coleta de dados, que é imprescindível para que a
pesquisa forneça conclusões verídicas e confiáveis. Esta etapa ocorre logo após a escolha do
assunto, a revisão bibliográfica, o estabelecimento de objetivos, o diagnóstico do problema, a
elaboração das hipóteses, a concentração dos dados em categorias e a identificação das
variáveis. Neste estudo, a coleta de dados consistirá inicialmente de uma pesquisa qualitativa
com alguns especialistas e empreendedores do ramo de alimentos orgânicos no Rio de Janeiro
para aprofundar questões levantadas na pesquisa bibliográfica e ajudar na construção de um
questionário que será usada na pesquisa quantitativa a fim de identificar se estes negócios são
sustentáveis, listar os fatores que dificultam e/ou facilitam sua operação e verificar a
contribuição destes para o desenvolvimento sustentável do estado do Rio de Janeiro. A
amostra a ser pesquisada será definida pelo pesquisador a partir de uma base de dados de
produtores e vendedores de alimentos orgânicos no estado do Rio de Janeiro que será por ele
estruturada.
A terceira etapa consistirá na análise dos resultados coletados. A análise quantitativa
será feita com base em estatística descritiva e análises de correlação e possível análise de
regressão, com base na ferramenta SPSS.
4. Dados Levantados
Os dados a seguir foram levantados a partir de pesquisa telematizada em diversos sites
na Internet.
A procura por alimentos saudáveis no Brasil vem crescendo significativamente.
Segundo dados de um relatório divulgado pela empresa de consultoria Euromonitor (2015), as
vendas no setor de alimentos saudáveis no país dobraram nos últimos cinco anos, atingindo
um percentual de 98%. Além disso, com base em um relatório elaborado pela empresa
Nielsen em 2015 os consumidores de alimentos saudáveis buscam transparência e
responsabilidade socioambiental como valor agregado, evidenciando a demanda crescente por
alimentos orgânicos no país (SNA, 2015).
No que diz respeito à cidade do Rio de Janeiro, devemos destacar que as grandes
metrópoles vêm buscando uma melhoria na qualidade de vida através de uma alimentação
saudável. Essa demanda por novas formas de consumo e produção sustentáveis representa
uma oportunidade para novos empreendedores se inserirem no chamado “mercado verde”,
que visa tornar o processo produtivo mais sustentável e com maior responsabilidade social
(Planeta Orgânico, 2014).
O mercado de alimentos orgânicos no Rio de Janeiro vem ganhando espaço e se
mostrando cada vez mais aquecido, o que pôde ser observado no artigo divulgado em março
deste ano pela Agência Brasil. Este fala sobre o primeiro clube de consumidores de alimentos
orgânicos a partir da ideia de dois publicitários em reunirem um grupo interessado de pessoas
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para receberem produtos orgânicos em casa diretamente dos produtores. A iniciativa do Clube
Orgânico recebeu muitos adeptos e surgiu a partir do desejo comum dos publicitários de
construírem um planeta sustentável tanto socialmente como ecologicamente (EBC, 2015).
Atualmente, o estado do Rio de Janeiro conta com muitas feiras orgânicas que
oferecem alimentos livres de agrotóxicos por um preço justo. Algumas feiras reconhecidas
são: a Feira de Campo Grande, a feira Orgânica Armazém Colonial no Jardim Botânico, a
Cobal do Humaitá, a Feira Agroecológica da UFRJ, a Feira da Coonatura na PUC-Rio, a Feira
Orgânica do Cônego em Nova Friburgo, Feira da Glória no Flamengo, Feira Orgânica de
Petrópolis e muitas outras. Além disso, para os que preferem comer fora, há também a
possibilidade de escolher restaurantes que possuem um cardápio com produtos orgânicos.
Restringindo-se a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, temos: o Bio Carioca em
Copacabana; o Celeiro e o Universo Orgânico no Leblon; o Pomar Orgânico na Barra; o
Vegan Vegan, Naturalie Bistro e Refeitório Orgânico em Botafogo; e o restaurante Roberta
Sudbrack no Jardim Botânico (Organicsnet, 2014).
Uma das mais importantes inciativas de comercialização de produtos orgânicos na cidade do
Rio de Janeiro é a o Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, iniciado em maio de 2010, no
Bairro Peixoto (Copacabana), numa parceria da Prefeitura (Secretaria Especial de
Desenvolvimento Solidário) com produtores de alimentos orgânicos e a ONG ambientalista
Essência Vital, formando uma rede solidária de alimentos orgânicos. O Circuito Carioca de
Feiras Orgânicas já está presente em 18 bairros da cidade. E acontecem às terças, quintas e
sábados, das 7 às 13h. Apesar de pequenas, elas criam relações dos produtores com os
consumidores para troca de experiências sobre alimentação saudável..
As férias do circuito são listadas abaixo (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2016)
Terça-feira:
Barra da Tijuca – praça do Ó
Ipanema – praça Nossa Senhora da Paz
Flamengo – praça José de Alencar
Laranjeiras – praça Jardim Laranjeiras
Quinta-feira:
Leblon - praça Ministro Romeiro Neto
Tijuca – praça Afonso Pena
Urca – praça Guilherme de Oliveira Figueiredo
Arpoador – parque Garota de Ipanema
Barra da Tijuca II – parque das Rosas
Grajaú – praça Edmundo Rêgo
Sábado:
Bairro Peixoto – praça Edmundo Bittencourt
Glória – rua do Russel
Jardim Botânico – praça da Igreja São José da Lagoa
Botafogo – praça Nelson Mandela
Freguesia – praça Professora Camisão
Leopoldina – praça Marechal Maurício Cardoso
Tijuca II – praça Xavier de Brito
Ilha do Governador – praça Jerusalém
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5. Conclusões Preliminares
Foi apresentado inicialmente, na introdução da atual pesquisa, que um grande desafio
e também oportunidade para as empresas do século XXI é lidar com a demanda e exigência
dos consumidores por serviços e produtos ‘amigos’ do meio ambiente. Juntamente com o
crescente consumismo, presenciamos uma parte do público consumidor preocupado com
questões ambientais relacionadas desde a alimentação orgânica até uso da energia mais
biosustentável, por exemplo. Como discutido previamente, muitos consumidores, estão
também dispostos a pagar um preço diferenciado em troca desse novo estilo de vida, o que
torna a questão ecológica uma significativa característica a ser adotada por empresas que
visam destaque no mercado.
Com base nisso, a presente pesquisa se propôs a identificar essas oportunidades de
econegócios dentro do tema dos alimentos orgânicos, bem como quais são as vantagens e
impedimentos para sua implantação e como o econegócio pode contribuir positivamente para
o desenvolvimento sustentável, focando essas questões no Estado do Rio de Janeiro. Dentre
os motivos que ressaltam a importância e relevância desse estudo, destacou-se a geração de
novos investimentos que incentivem o desenvolvimento sustentável no estado baseado nesse
mapeamento de oportunidades e o incentivo a uma vida mais saudável e ativa para a
população. Nesse primeiro momento foi realizado um levantamento teórico bibliográfico que
envolveu aspectos da crise ambiental planetária, conceitos de ecoeconomia e
empreendedorismo sustentável, apresentações fundamentais sobre a Agricultura Orgânica e as
implicações de sua produção e comercialização.
Se inicialmente pensava-se na natureza como um recurso inesgotável, à disposição
total do ser humano, no decorrer dos anos aprendemos através de mudanças climáticas,
erosões no solo, perdas na agricultura e outros fatores, que todas as alterações vinham
acompanhadas de consequências. A evolução veio acompanhada de algumas reações severas
na natureza. Nos últimos anos, a economia precisou se adaptar as questões ecológicas que
passaram a ser levantadas e debatidas mundialmente. Uma das vertentes que destacamos é a
ecoeconomia, conceito discutido por Brown (2003) que se baseia em princípios da ecologia
buscando uma economia mais sustentável.
Essa economia preocupada com desafios ambientais se reflete também na alimentação,
mais precisamente na Agricultura Orgânica, que visa produzir alimentos que prometem
simultaneamente qualidade nutritiva e proteção do meio ambiente. Baseado na situação
ambiental apresentada, não é surpresa que a produção e comercialização orgânica venha
crescendo e ganhando espaço de destaque no mercado mundial e nacional. O Brasil se mostra
presente nesse meio com iniciativas que têm sido implantadas no país, como já discutido. No
decorrer dos anos, a Agricultura Orgânica precisou ser adequada e adaptada a fim de
encontrar espaço do mercado e atender de maneira satisfatória a seus consumidores, sem
abandonar seus preceitos. Nesse percurso são encontrados alguns desafios e dificuldades que
ainda estão em processo de aperfeiçoamento, especialmente no que diz respeito a
comercialização desses produtos.
A fim de garantir a qualidade dos produtos orgânicos e a confiabilidade diante dos
consumidores, foi estabelecido a Certificação (ARAÚJO & PAIVA, 2007), um procedimento
benéfico, em muitos aspectos, mas por vezes dificulta a entrada de certos produtores no
mercado devido a seu alto custo. Como uma tentativa de diminuir a discrepância gerada pelas
questões financeiras, foi instituído a Certificação participativa, um modelo alternativo
ORMOND et al, 2002). Todavia, essa é apenas uma das etapas para a inserção positiva do
produto orgânico no mercado. A comercialização é considerada por diversos estudiosos como
um dos pontos mais desafiadores para a Agricultura Orgânica. É certo que o número de
consumidores do alimento orgânico tem crescido devido a busca pela vida saudável e
preocupação ambiental, porém esse número ainda é restrito e a comercialização amplificada
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atingiria um novo público, gerando efeitos positivos para ambos os consumidores e
produtores.
Terrazzan e Valarini (2009) e Carvalho (2014), debatem justamente a inserção dos
orgânicos nas grandes redes de supermercados que objetiva atingir esse público que
desconhece o produto orgânico, criando um novo consumidor. Entretanto, os altos preços
desses produtos e as muitas burocracias que os produtores precisam enfrentar ao adentrarem
grandes redes têm sido impedimentos para a expansão. Uma estratégia alternativa positiva
adotada no estado do Rio de Janeiro é o Circuito Carioca de Feiras Orgânicas que visa “criar
canais de venda direta de produtos orgânicos, contribuindo, assim, para a viabilização
econômica dos produtores orgânicos do Estado do Rio de Janeiro” (FONSECA et al, 2011,
p.5) e permite o acesso da população a esses alimentos.
De forma geral, a agricultura orgânica se adequa de maneira essencial e positiva a essa
atual visão econômica e, ao mesmo tempo, encontra um consumidor disposto a comprar e
incentivar sua produção. Porém, é possível observar a partir das teorias levantadas que ainda
há muito a ser feito, estratégias a serem implementadas e iniciativas que necessitam de debate.
O caminho ainda não está concluído, mas a produção orgânica é uma estratégia promissora
dentro de ambas economia moderna e situação ambiental mundial. É necessário entender essa
produção e comercialização orgânica mais de perto, diretamente com produtores e
consumidores, que no caso desse estudo, será desenvolvido no estado do Rio de Janeiro
através de uma pesquisa quantitativa, como próximo passo para elaboração do projeto.
A também crescente procura por alimentos saudáveis e orgânicos no Brasil e no Rio
de Janeiro (Planeta Orgânico, 2014; SNA, 2015; EBC, 2015) evidenciam o elevado potencial
para o crescimento de econegócios de alimentos orgânicos no estado do Rio de Janeiro e
permitem perceber a importância de melhor compreender este setor, os fatores que impactam
as decisões dos empreendedores e como ocorrem as práticas sustentáveis dentro dos
econegócios ligados à produção e comercialização de alimentos orgânicos.
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