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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA CAMILA ISABELA LINS SOARES CARACTERÍSTICAS DA PESCA ARTESANAL NA COMUNIDADE PESQUEIRA DE SIRIBINHA, MUNICÍPIO DO CONDE – BA

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Page 1: TCC Camila Isabela

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII

CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA

CAMILA ISABELA LINS SOARES

CARACTERÍSTICAS DA PESCA ARTESANAL NA COMUNIDADE PESQUEIRA DE SIRIBINHA, MUNICÍPIO DO CONDE – BA

Paulo Afonso – BA2012

Page 2: TCC Camila Isabela

CAMILA ISABELA LINS SOARES

CARACTERÍSTICAS DA PESCA ARTESANAL NA COMUNIDADE PESQUEIRA DE SIRIBINHA, MUNICÍPIO DO CONDE – BA

Monografia apresentada ao curso de Graduação de Bacharelado em Engenharia de Pesca da Universidade do Estado da Bahia – Campus VIII, como parte dos requisitos à obtenção do título de Bacharel em Engenheiro de Pesca.

Área de Concentração: Ciências Agrárias

Orientador: Prof. Me. Lucemário Xavier Batista

Paulo Afonso – BA

Page 3: TCC Camila Isabela

2012SOARES, Camila Isabela Lins.

Características da pesca artesanal na comunidade pesqueira de Siribinha, município do Conde – BA.

Monografia apresentada ao curso de Graduação de Bacharelado em Engenharia de Pesca da Universidade do Estado da Bahia – Campus VIII, como parte dos requisitos à obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Pesca.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Orientador: Prof. Me. Lucemário Xavier Batista

Universidade do Estado da Bahia – Paulo Afonso

_____________________________________________

Examinador:

Prof. Me. Fabrício de Lima Freitas

Universidade do Estado da Bahia – Paulo Afonso

_____________________________________________

Examinador:

Prof. Esp. Ivaldo Sales Junior

Universidade do Estado da Bahia – Paulo Afonso

Paulo Afonso – BA

2012

Page 4: TCC Camila Isabela

Dedico este trabalho a minha mãe,

Isabel Cristina, que tem sido a mentora

principal da metodologia empregada

para a concretização de meus ideais.

Dedico também a Cristina Antônia, que

me acolheu de forma calorosa durante

os últimos meses, os quais foram muito

importantes para a conclusão deste

curso.

Page 5: TCC Camila Isabela

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que tem sido o meu guia durante a

realização de todas e quaisquer etapas da minha vida.

Aos meus familiares, que sempre estiveram do meu lado, me educaram com

amor e são o exemplo que sigo, em especial à tia Rubênia, que me concedeu todo o

alicerce para a iniciação de tudo.

A minha avó Nete e ao meu avô Léo, meus maiores educadores, que me

criaram sempre em contato com a terra, talvez o motivo para a escolha de um curso

ligado à natureza em si.

A tia Nonata, pela imensa consideração e conselhos, e a meu padrasto Jair

pela sua presença sempre marcante nos momentos difíceis.

A Daianne, que sempre está do meu lado me dando força e paciência em

todos os momentos, e que teve uma grande contribuição para a realização deste

trabalho.

Aos meus amigos Diego Geovani, Ana Paula Campos e Cíntia Cristina, os

quais, nos momentos em que mais precisei, estiveram sempre ao meu lado pra me

dar forças.

A “Seu” João Camarão, Dona Filó e Nando, que foram a base de sustentação

durante toda a minha pesquisa.

Aos pescadores de Siribinha e Sítio do Conde, pois sem eles não teria sido

capaz de realizar e montar todo este meu trabalho.

A todos os professores do Curso de Engenharia de Pesca, que fizeram parte

do meu alicerce profissional e acadêmico, e, em especial, ao Professor Lucemário

Xavier, que aceitou me conduzir como orientador.

Obrigada a todos.

Page 6: TCC Camila Isabela

RESUMO

SOARES, Camila Isabela Lins. Características da pesca artesanal na comunidade pesqueira de Siribinha, município do Conde – BA. 2012. 60 f. Monografia (Graduação em Engenharia de Pesca) – Universidade do Estado da Bahia, Paulo Afonso, 2012.

Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento quanto às características pesqueiras da comunidade de Siribinha, no Litoral Norte do estado da Bahia. A partir de uma metodologia baseada em princípios etnoecológicos, foi feito um estudo de campo através da aplicação de um questionário semiestruturado com 37 pescadores, tendo sido possível caracterizar os aspectos socioeconômicos dos pescadores profissionais da comunidade; a tipologia e infraestrutura de trabalho na atividade pesqueira bem como a unidade de esforço utilizada pelos trabalhadores, além de identificar as técnicas de pesca utilizadas no trabalho diário e assinalar as características geográficas e condições ambientais propícias para a pesca. Também, demonstraram-se as perspectivas da comunidade em relação à atividade, além das limitações e alcances oriundos do ordenamento pesqueiro. Conclui-se que a comunidade é extremamente dependente da pesca artesanal, e por isso necessita de mais investimento em preparação formal e técnica, visando ao aumento da autoestima profissional dos pescadores e maior capacitação para a pesca sustentável e economicamente viável.

Palavras-Chave: Etnoecologia. Pesca Artesanal. Aspectos Pesqueiros. Comunidade Pesqueira.

Page 7: TCC Camila Isabela

ABSTRACT

SOARES, Camila Isabela Lins. Characteristics of artisanal fishing in the fishing community of Siribinha, municipality of Conde - BA. 2012. 60 p. Monograph (Undergraduate in Fishing Engineering) - University of the State of Bahia, Paulo Afonso, 2012.

This paper aims to conduct a survey on the characteristics of the fishing community of Siribinha, on the northern coast of Bahia state. From a methodology based on ethnoecological principles, was made a field study through the application of a semi-structured questionnaire with 37 fishermen aimed to characterize the socioeconomic aspects of the fishermen community, the typology and infrastructure work in the fishing industry as well as the unit of effort used by employees, and identifying fishing techniques used in the daily work and noted the geographical and environmental conditions favorable for fishing. Also demonstrated is the outlook of the community in relation to the activity, and reaches beyond the limitations arising from the fishery management. It is concluded that the community is extremely dependent on fishing, and therefore requires more investment in formal training and technique, to increase self-esteem and higher professional training of fishermen for fishing sustainable and economically viable.

Keywords: Ethnoecology. Artisanal Fisheries. Fisheries aspects. Fisheries Community.

Page 8: TCC Camila Isabela

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização do município do Conde-BA, 2012...........................................21

Figura 2: Mapa turístico indicativo da localização de Siribinha-BA, 2012..................22

Figura 3: Sexo dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012.............................................25

Figura 4: Idade dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012............................................26

Figura 5: Estado civil dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012...................................27

Figura 6: Nível de Instrução dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012........................28

Figura 7: Panorama familiar dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012........................29

Figura 8: Residências tradicionais de pescadores da comunidade de Siribinha-BA,

2012...........................................................................................................................30

Figura 9: Tipo de tratamento de água consumida pelas famílias de pescadores de

Siribinha-BA, 2012.....................................................................................................31

Figura 10: Ocupação principal de Pescadores de Siribinha-BA, 2012......................32

Figura 11: Tempo de atividade na ocupação principal (Pescadores) em Siribinha-BA,

2012...........................................................................................................................32

Figura 12: Tempo de atividade na ocupação principal (Marisqueiras) em Siribinha-

BA, 2012....................................................................................................................33

Figura 13: Renda Familiar do Pescador em Siribinha-BA, 2012...............................34

Figura 14: Pescadores detentores de RGP em Siribinha-BA, 2012..........................35

Figura 15: Pescadores com algum problema de saúde em Siribinha-BA, 2012........36

Figura 16: Local de pesca - Siribinha-BA, 2012........................................................37

Figura 17: Rio Itapicuru, na comunidade de Siribinha-BA, 2012...............................37

Figura 18: Região do Manguezal em Siribinha-BA, 2012..........................................37

Figura 19: Estuário em Siribinha-BA, 2012................................................................38

Figura 20: Carga mensal de trabalho dos pescadores de Siribinha-BA, 2012..........38

Figura 21: Uso de embarcação pelos pescadores de Siribinha-BA, 2012.................39

Figura 22: Pescadores em plena atividade na região do estuário em Siribinha-BA,

2012...........................................................................................................................40

Figura 23: Embarcações utilizadas pelos pescadores em Siribinha-BA, 2012..........41

Figura 24: Instrumento de trabalho utilizados em Siribinha-BA, 2012.......................41

Figura 25: Pescadores que tecem as próprias redes em Siribinha-BA, 2012...........42

Figura 26: Pescador em atividade de tecelagem de rede em Siribinha-BA, 2012.....42

Page 9: TCC Camila Isabela

Figura 27: Pescadores que usam técnicas de pesca em Siribinha-BA, 2012...........43

Figura 28: Captura de espécies em Siribinha-BA, 2012............................................44

Figura 29: Melhores condições para pesca em Siribinha-BA, 2012..........................45

Figura 30: Influência da Lua para a pesca em Siribinha-BA, 2012............................46

Figura 31: Influência da temperatura da água para pesca em Siribinha-BA, 2012....47

Figura 32: Satisfação com a profissão de pescador em Siribinha-BA, 2012.............48

Figura 33: Mudanças ocorridas após o ordenamento pesqueiro em Siribinha-BA,

2012...........................................................................................................................49

Page 10: TCC Camila Isabela

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

FAO Food and Agriculture Organization

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

UNEB Universidade do Estado da Bahia

Page 11: TCC Camila Isabela

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................12

1.1 OBJETIVOS........................................................................................................12

1.1.1 Objetivo geral..................................................................................................12

1.1.2 Objetivos específicos......................................................................................13

2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................14

2.1 O CONTEXTO DA PESCA ARTESANAL NO BRASIL.......................................14

2.2 DESENVOLVIMENTO E RACIONALIZAÇÃO DA PESCA ARTESANAL...........17

3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................21

3.1 TIPO DE ABORDAGEM METODOLÓGICA........................................................21

3.2 LOCAL DA PESQUISA.......................................................................................21

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS....................................................................23

3.3.1 Período e procedimentos de coleta.................................................................23

3.3.2 Análise dos dados...........................................................................................23

3.4 PRINCÍPIOS ÉTICOS DA PESQUISA................................................................24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................25

4.1 INDICADORES SOCIAIS....................................................................................25

4.1.1 Sexo dos Entrevistados...................................................................................25

4.1.2 Faixa Etária.....................................................................................................26

4.1.3 Estado civil......................................................................................................26

4.1.4 Escolaridade...................................................................................................27

4.1.5 Panorama Familiar..........................................................................................28

4.1.6 Infraestrutura e saneamento da localidade.....................................................29

4.1.7 Dados profissionais e de renda.......................................................................31

4.1.8 Saúde dos pescadores....................................................................................35

4.2 INFRAESTRUTURA PARA O TRABALHO.........................................................36

4.2.1 Local onde pescam.........................................................................................36

4.2.2 Tempo dedicado à atividade e ajuda para o trabalho.....................................38

4.3 UNIDADE DE ESFORÇO....................................................................................39

4.3.1 Embarcações de pesca...................................................................................39

4.3.2 Equipamentos utilizados.................................................................................41

Page 12: TCC Camila Isabela

4.4 TÉCNICA DE PESCA..........................................................................................43

4.4.1 Horários, locais e técnicas de pesca...............................................................43

4.4.2 Espécies capturadas.......................................................................................44

4.4.3 Iscas utilizadas................................................................................................45

4.5 CONDIÇÕES AMBIENTAIS PARA A PESCA.....................................................45

4.5.1 Melhores meses de pesca e condições climáticas diversas...........................45

4.6 PERSPECTIVAS DA ATIVIDADE.......................................................................47

4.6.1 Satisfação profissional....................................................................................47

4.7 ORDENAMENTO PESQUEIRO..........................................................................48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................50

REFERÊNCIAS.........................................................................................................52

APÊNDICE................................................................................................................55

Page 13: TCC Camila Isabela

1 INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, aproximadamente um bilhão de pessoas têm o peixe como

principal fonte de alimento proteico. Quando se analisa todo o contexto envolvido na

pesca, seja de que tipo for, torna-se inegável a importância das pescarias do mundo,

e especialmente daquelas de pequena escala, para proporcionar alimento, renda e

um meio de vida, especialmente nos países em desenvolvimento (KALIKOSKI,

2006).

De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO), no mundo todo

são mais de 51 milhões de pescadores, e pelo menos 99% deles realizam pescarias

de pequena escala. Além disso, 95% desses profissionais estão em países em

desenvolvimento, produzindo 58% das 98 milhões de toneladas anuais de pescado

(SILVEIRA, 2009).

São várias as suposições sobre a natureza dos pescadores e suas atitudes

quando se estuda o contexto do manejo pesqueiro. Por isso, de acordo com Salas e

Gaertner (2004), existe a necessidade de se estudar mais detidamente o

comportamento do pescador e o uso do seu conhecimento para o manejo, pois estes

profissionais desenvolvem e implementam estratégias e táticas em resposta aos

obstáculos que encontram e aos seus objetivos pretendidos, de acordo com um

contexto particular humano, cultural ou social. Dessa maneira, sempre são

extremamente úteis as pesquisas cujo objetivo seja conhecer e caracterizar a

atividade pesqueira.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Efetivar um levantamento sobre as características pesqueiras da comunidade

de pescadores de Siribinha, Litoral Norte do estado da Bahia.

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Page 14: TCC Camila Isabela

1.1.2 Objetivos específicos

Caracterizar os aspectos socioeconômicos dos pescadores profissionais da

comunidade;

Apresentar a tipologia e infraestrutura de trabalho na atividade pesqueira;

Caracterizar a unidade de esforço;

Identificar as técnicas de pesca utilizadas no trabalho diário;

Assinalar as características geográficas e condições ambientais propícias para

a pesca;

Demonstrar as perspectivas da comunidade em relação à atividade, além das

limitações e alcances oriundos do ordenamento pesqueiro.

13

Page 15: TCC Camila Isabela

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O CONTEXTO DA PESCA ARTESANAL NO BRASIL

No Brasil, a atividade pesqueira tem importância fundamental, sendo o seu

produto fonte de alimentação básica de milhões de pessoas, ocorrendo ao longo de

uma grande variação de ambientes, desde grandes rios e planícies inundáveis até

toda a extensão de sua riquíssima e ampla costa (MINTE-VERA; PETRERE JR.,

2000). A atividade de pesca brasileira vem evoluindo, fator esse que cria a

necessidade de novas técnicas de captura, armazenamento e distribuição do

pescado foram se expandindo, chegando a representar, atualmente, um importante

setor da economia nacional.

O contexto nacional da atividade de pesca é quase que totalmente tomado

pela modalidade de pequena escala, sendo efetuada por comunidades ribeirinhas e

costeiras, geralmente por populações tradicionais. Caracteriza-se por ser difusa e

difícil de controlar, porém, desempenha um papel fundamental na produção

pesqueira do país, sendo responsável por mais de 50% do desembarque pesqueiro.

É grande sua relevância como fonte de alimento – proteína animal para o consumo

humano – e renda, e baseia-se, preponderantemente, na utilização dos mesmos

procedimentos de décadas atrás, e é pouco conhecido, devido à grande parte dos

dados disponíveis encontrarem-se em fontes secundárias (RESENDE, 1988;

SILVANO, 2004).

A atividade pesqueira em terras brasileiras acontece desde sua remota origem

indígena, anterior à chegada do colonizador português. Os índios já capturavam

peixes, moluscos e crustáceos que constituem parte importante da sua dieta

alimentar. Esta atividade continuou a se desenvolver no Brasil Colônia e deu origem

a inúmeras culturas litorâneas ligadas à pesca, dentre as quais se podem citar a do

jangadeiro, em todo litoral nordestino, do caiçara, no litoral entre Rio de Janeiro e

São Paulo, e do açoriano no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul

(DIEGUES, 1999).

14

Page 16: TCC Camila Isabela

A partir da década de 60, o Estado Brasileiro desenvolveu políticas para o

desenvolvimento econômico do setor. Contudo, o intenso fomento ao setor industrial

pesqueiro e o total descaso com a pesca artesanal, que até então representava a

principal fonte de abastecimento local e de exportações de pescado, gerou intensos

problemas ambientais e sociais que podem ser observados nos dias de hoje

(PASQUOTO, 2007).

Durante muitos séculos, a pesca em quase todo o Brasil era apenas de

subsistência. Com a chegada dos pescadores estrangeiros, especialmente

portugueses, iniciou-se o processo de exploração sistemática do recurso contribuindo

para o surgimento de indústrias de beneficiamento de pescado (RODRIGUES, 1989).

Com o passar dos anos, as indústrias estabelecidas passaram a monopolizar a

compra de todo o pescado, criando uma forte relação de dependência. Dadas estas

condições, os pequenos produtores não conseguem romper com o monopólio do

mercado pesqueiro, tendo que se submeter às regras de preços e condições de

venda impostas à sua produção.

Os pescadores são levados a criar uma dependência de sua renda em relação

a um produto específico, que tem como característica mercadológica um nível

elevado de concorrência entre os ofertantes, sujeitos a uma demanda controlada por

grandes empresas processadoras, que determinam as condições de produção, de

comercialização e o preço.

De acordo com Silveira (2009, p. 13):

O setor pesqueiro aparece economicamente vulnerável, ora por uma instabilidade dos resultados das pescarias, o que implica em importação crescente de matéria-prima, ora por um baixo nível de rentabilidade e eficiência nos processos de captura, processamento e comercialização [...]. Percebe-se, na relação de trabalho exposta, uma exploração intensiva dos proprietários de parelhas sobre os profissionais que efetivamente realizam a atividade de captura, tornando-se um dos pontos de estrangulamento para o desenvolvimento do pescador, tanto no âmbito econômico quanto no social. Estes contratos não são feitos por escrito, apenas respeitados verbalmente. Isso ocorre não só pelo próprio costume do cumprimento dos termos, mas porque, na maioria das vezes, aviador e aviados não sabem ler nem escrever.

Martins e Brandão (1983) apontam para a questão da exploração dos

pescadores, ao informarem sobre o mecanismo utilizado pelo capital comercial local

para explorar os pescadores: o fornecimento de gêneros alimentícios para a

manutenção dos trabalhadores e sua família, bem como de gêneros necessários à

produção, obtendo, em contrapartida, a produção pesqueira, a qual classifica e paga

15

Page 17: TCC Camila Isabela

com preço aviltado. Afirmam que é através deste mecanismo que o capital comercial

local explora os pescadores, anulando a possibilidade de conseguirem um capital

suficiente para adquirirem os meios de produção e se livrarem dos “aviadores”.

Silva (1978, apud SILVEIRA, 2009) discute a crescente falta de estoques

pesqueiros das áreas costeiras, a dificuldade de competição com os barcos das

frotas empresariais, o alto custo de manutenção das embarcações, as necessidades

cada vez mais diversificadas de consumo e variedade dos instrumentos de trabalho

na pesca, além da manutenção, mesmo que em termos mínimos, do grupo familiar, o

pescador artesanal, por não atuar, na maioria dos casos, num mercado paralelo ao

dos grandes produtores, acaba subjugando-se aos interesses do capital, através da

venda da produção a empresas (salgas) e da força de trabalho temporária.

A partir dos anos 70, a pesca e as comunidades de pescadores começaram a

ser percebidas dentro de um contexto mais amplo da sociedade nacional, da

penetração das relações capitalistas no setor, dos conflitos entre a pesca realizada

nos moldes da pequena produção mercantil e a capitalista (DIEGUES, 1988).

À medida que ocorrem as transformações técnicas na captura do pescado, vê-

se aumentar o poder predatório dos equipamentos, o que colabora para o

desaparecimento de inúmeras espécies de pescado. No início da década de 1980,

diversos estoques estuarinos e marinhos começaram a mostrar sinais de

sobrepesca, o que levou a uma diversificação nas artes de pesca visando captura de

outras espécies (BARCELLOS et al.,1991, apud SILVEIRA, 2009).

Kalikoski (2006) afirma que não apenas a pesca predatória e os entraves

comerciais impedem o progresso da pesca, mas também os efeitos negativos da

poluição urbano-industrial, provenientes de dejetos lançados nas águas sem

qualquer tratamento, comprometem e ameaçam o recurso pesqueiro, fazendo com

que aumente a pressão sobre os recursos costeiros marinhos e de água doce. Trata-

se de uma situação na qual se prevê o iminente colapso de ecossistemas inteiros

como resultado do aumento na exploração pesqueira e degradação de habitats.

Tradicionalmente, as organizações estatais brasileiras, em relação aos

pescadores artesanais, expõem-nos como agentes sociais frágeis, demandando que,

a partir dos anos 90, fossem tomados como prioridade no acesso a algumas políticas

públicas. Entre estas se destacam a criação da Secretaria Especial da Aquicultura e

16

Page 18: TCC Camila Isabela

Pesca, acesso ao PRONAF Pesca (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar - Pesca), e Seguro Desemprego para Pescadores. Apesar disso,

estas iniciativas ainda não são suficientes para conceder ao pescador condições

mínimas para a sua reprodução social (CONTRIM, 2008).

O aumento do esforço de pesca tem claramente constituído o principal fator da

escassez do produto básico, antes abundante, levando os pescadores a passarem

mais dias na atividade para obterem o mesmo rendimento que conseguiam, no

passado, para sustentarem sua própria família e manterem os mesmos padrões de

qualidade de vida (SILVEIRA, 2009).

Assim, os pescadores artesanais, impossibilitados de pescarem em regiões

mais afastadas, tanto pela fragilidade dos barcos como pela pouca diversificação e

potencialidade dos apetrechos de pesca, são os que mais sofrem as consequências

da destruição das forças da natureza na região estuarina, ambiente de reprodução de

determinadas espécies de pescado. Os problemas proporcionados pelo esforço

demasiado de pesca veio interferir no equilíbrio normal do ecossistema e

consequentemente, afetar seriamente os estoques explorados. A destruição do

ambiente natural de determinadas espécies de pescado acarretará, sem dúvida, a

médio e longo prazo, uma diminuição da produtividade (SILVEIRA, 2009).

O comportamento dos estoques pesqueiros em franca diminuição, aliado a

sobrevivência do produtor, cada vez mais difícil, sintetizam as reais condições vividas

pela pesca em todo o país. Os problemas tornaram-se muito mais aflitivos porque, de

uma forma geral, avolumaram-se ao longo dos anos e todas as alternativas citadas

através de conclusões e recomendações elaboradas dentro de uma expectativa do

setor pesqueiro, não foram concretizadas (SILVEIRA, 2009).

2.2 DESENVOLVIMENTO E RACIONALIZAÇÃO DA PESCA ARTESANAL

De acordo com Dolci e Lima (1985), a pesca industrial é caracterizada pela

concentração de investimentos em instalações terrestres, operando com

embarcações de maior porte (acima de 20 toneladas), pela utilização de

aparelhagens e métodos de pesca modernos e seleção de espécies para captura.

Para Silveira (2009, p. 44), a pesca artesanal pode ser conceituada como aquela que

17

Page 19: TCC Camila Isabela

não é feita por sociedade capital, mas por pescadores artesanais, aqueles que não

são “sócios” ou “empregados” de empresas, vivendo geralmente em comunidades

atendidas por Colônias de Pesca.

A pesca artesanal é praticada em toda a costa, em águas interiores, variando

desde a simples atividade de subsistência, praticada com tecnologia rudimentar, até

aquela em que a produção já sofre processos de comercialização, organizados em

colônias de pescadores, ou ainda, sob a liderança de pequenos proprietários de

embarcações, estas apresentando melhores características pesqueiras e operando

com aparelhagem mais moderna (RODRIGUES, 1987).

A principal diferença entre a pesca profissional artesanal e a esportiva são os

produtos gerados por uma e outra atividade, sendo o pescado destinado ao consumo

humano (como alimento). O peixe capturado pelos pescadores esportivos não

constitui mercadoria em si, pois se destina ao consumo próprio e não pode ser

comercializado. Algumas vezes, de fato, os pescadores devolvem o animal à água,

sendo esta a forma mais indicada atualmente pelas associações de pesca esportiva

(CATELLA, 2003).

Na atividade da pesca ocorre uma imponderabilidade de risco pela própria

natureza dos recursos e pelo fato de o local de trabalho caracterizar-se como um

“bem comum”, de livre acesso, mesmo nos casos em que ocorre um controle sobre o

território de pesca transmitido hereditariamente ou comunitariamente, sendo a

atividade pesqueira oscilante e imprevisível (MALDONADO, apud DIEGUES, 1988).

As comunidades pesqueiras são dependentes da própria imprevisibilidade dos

recursos pesqueiros, tendo uma limitação no processo de acumulação e produção,

marcado pela “partilha”, sendo este sistema da remuneração da força de trabalho por

partes também utilizado pela pesca empresarial capitalista. Os recursos que o

pescador explora são móveis, sendo complicado delinear, manter e defender

fronteiras e territórios, não havendo equivalência com os sistemas de terra, No

entanto, com finalidades produtivas, os pescadores dividem o espaço explorado em

“mares”, “zonas de pesca” e “pesqueiros”, lugares cuja localização é objeto de

segredo (MALDONADO, 1986, apud DIEGUES, 1988).

Silveira (2009) chama a atenção para a instabilidade da captura do pescado,

na qual não apenas surge a divisão da produção em partes entre os “parceiros de

18

Page 20: TCC Camila Isabela

pesca”, mas também denota o baixo nível de acumulação existente nas comunidades

de pescadores que se movem dentro dos quadros limitados da pequena produção.

Como resultado desses fatores, aparece certa homogeneidade social, a inexistência

de classes sociais definidas. São estes fatores de limitação de renda, baixo

desenvolvimento das forças produtivas, dependência socioeconômica e

subordinação dos pequenos produtores vinculados ao modo de produção dominante

que caracterizam as condições de total descaso e pobreza em que se encontram

quase todas as comunidades pesqueiras.

O pescador, frente às dificuldades encontradas para a manutenção do barco,

conserto e renovação dos equipamentos de pesca, pagamento da tripulação e

sustentação da família, compromete na maioria das vezes a produção, sujeitando-se,

dessa forma, aos preços impostos pelo atravessador. Muitas vezes, empresas de

pesca, além dos barcos próprios, também trabalham com barcos de pescadores

autônomos. Entretanto, a produção destes será computada no volume total de

produção da empresa, aparecendo como produção daquela (DIAS NETO;

MESQUITA, 1988).

No que tange à organização associativa, as Colônias de Pesca, onde são

agrupados os pescadores artesanais, afirma a Sudepe (1988, apud SILVEIRA, 2009,

p. 46):

[...] estruturas deficientes na sua organização, restringindo-se basicamente ao trabalho de assistência médica e odontológica e à legalização do pescador profissional, ocorrendo ainda algumas distorções facilmente constatáveis, como a perpetuação das direções, falta de alternativas de arrecadações e pouca representatividade, não proporcionando um maior benefício aos associados e, com isso, oportunizando a não participação dos pescadores.

Para Diegues (1988), é comum que as colônias admitam no seu quadro social

profissionais de outras áreas, desrespeitando a legislação que determina serem

pescadores profissionais os que fazem da pesca o seu principal meio de vida. Este

tipo de profissional tende a dificultar a administração dos recursos pesqueiros, pois

desequilibra as estatísticas, desconhece a legislação vigente, utilizando inclusive

artes de pesca predatórias, e influi consideravelmente no estabelecimento de preços

mínimos para o pescado.

19

Page 21: TCC Camila Isabela

Por oportuno, há que se criticar o fato de, atualmente, a captura e a produção

artesanal sofrerem uma descaracterização ao longo de sua existência, devido às

facilidades proporcionadas pelo mundo moderno, inserindo-se também no setor

tecnologias e métodos que substituíram os moldes de que o pescador artesão

pescava unicamente com a finalidade de subsistência, dando lugar a uma forma

estritamente comercial, tornando o indivíduo capaz de uma produção rentável, que o

caracteriza como mini e microempresário, capaz de absorver parelhas de pesca,

dividindo em partes o ganho adquirido nas pescarias (RODRIGUES, 1987).

A falta do produto básico, antes abundante, e de métodos de produção, fez

com que a cada dia fossem surgindo métodos e artes de pesca extremamente

danosos, na tentativa de buscar o pescado que diminuía gradativamente, tornando a

atividade cada vez mais difícil. Como resultado, diversas espécies de significativa

importância, submetidas à atividade incessante e predatória, praticamente

desapareceram e tornaram-se inexpressivas (ROTHSCHILD, 1985).

20

Page 22: TCC Camila Isabela

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 TIPO DE ABORDAGEM METODOLÓGICA

Neste trabalho, adotaram-se os princípios etnocientíficos, visando a

compreender a maneira como a comunidade em contato direto com a realidade

ambiental percebe a pesca artesanal em sua perspectiva.

3.2 LOCAL DA PESQUISA

O município de Conde foi criado no ano de 1935, porém suas origens são

muito mais antigas. Localizado no Litoral Norte do Estado da Bahia na mesorregião

do Nordeste Baiano e na microrregião de Entre Rios (Figura 1), o município de

Conde ocupa uma área total de 965 km² e faz fronteira com os municípios de

Jandaíra (ao norte), Rio Real (a noroeste) e Esplanada (a oeste e sul) (DOMINGUEZ,

1999).

Figura 1: Localização do município do Conde-BA, 2012.

A população, de acordo com o censo de 2010 é de 23.620 habitantes, a renda

per capita média é de R$ 78,90, sendo o município fortemente caracterizado pela

21

Page 23: TCC Camila Isabela

desigualdade social, onde 20% dos mais ricos possuem 61,1% da Renda Apropriada

(PNUD, 2011).

O distrito de Siribinha, local de estudo, encontra-se no Litoral Norte do Estado

da Bahia, próximo à divisa com o Estado de Sergipe, a 13 Km do município do Conde

(Figura 2). A principal via de acesso, partindo de Salvador, é BA-099, Estrada do

Coco/Linha Verde, seguindo em estradas vicinais até próximo à foz do rio Itapicuru.

Figura 2: Mapa turístico indicativo da localização de Siribinha-BA, 2012.

A comunidade de Siribinha é um vilarejo de pescadores de apenas uma rua,

situado entre o rio Itapicuru e oceano Atlântico. Trata-se de um lugar sossegado, de

aspecto interiorano e sem equipamentos turísticos avançados. A natureza é sua

principal atração, e os moradores fazem questão de cuidar dela. O local oferece a

seus visitantes uma paisagem paradisíaca, com dunas, coqueiros, manguezais e

extensa faixa litorânea de areias brancas e praticamente sem nenhum tipo de

poluição (MIRANDA, 2011).

22

Page 24: TCC Camila Isabela

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

3.3.1 Período e procedimentos de coleta

Os trabalhos de campo ocorreram durante o mês de junho de 2012. Utilizou-se

um percentual amostral de 21,2%, em vista do total aproximado de 160 pescadores

da comunidade. Após análise de relevância e eliminação de contradições e

inadequações nas informações prestadas por vários moradores inquiridos, foram

entrevistadas, por fim, 34 pessoas daquela comunidade.

Utilizou-se para a coleta de dados um questionário semiestruturado formado

por questões previamente padronizadas, cujas respostas levaram em consideração

as opiniões dos pescadores entrevistados e sua realidade no cotidiano de trabalho na

pesca artesanal. De acordo com a orientação de Triviños (1995, p. 138), a entrevista

semiestruturada é “um dos instrumentos mais decisivos para estudar os processos e

produtos nos quais está interessado o investigador qualitativo”.

Além das informações de caracterização social dos pescadores, no

questionário aplicado constam 56 perguntas objetivas e subjetivas, as quais visam a

coletar informações de cunho social, profissional, educacional e relativos

especificamente às atividades pesqueiras, tais como: local de pesca, renda oriunda

dessa atividade, despesas, comercialização, tipos de embarcações, horário das

pescarias, tipo de apetrecho, tipo de fundo, tipo de iscas utilizadas, melhores meses

de captura, entre outras.

3.3.2 Análise dos dados

Para realizar a análise das entrevistas, utilizou-se o método da análise de

conteúdo, a qual é definida por Bardin (2008) como um conjunto de técnicas de

23

Page 25: TCC Camila Isabela

análise das comunicações, no qual se busca depreender as opiniões e conceitos

presentes em textos escritos.

Os dados obtidos foram devidamente analisados e tabulados, sendo

processados através da estratégia da generalização informacional, ou seja, tomando

como parâmetro a totalidade das respostas e atribuindo relevância estatística ao

conjunto dos dados. A seguir, foram construídos gráficos ilustrativos que enriquecem

a interpretação, a fim de permitir uma melhor visualização dos resultados.

3.4 PRINCÍPIOS ÉTICOS DA PESQUISA

As relações sociais estabelecidas com os sujeitos da pesquisa foram pautadas

no respeito à dignidade humana, na autonomia dos sujeitos quanto à decisão de

participar da pesquisa e em retirar o seu consentimento a qualquer momento, na

garantia do direito às informações relativas à pesquisa sempre que estas foram

solicitadas.

Teve-se o cuidado em se manter o anonimato dos participantes da pesquisa,

ou seja, não houve a identificação expressa de nenhum dos sujeitos, nem mesmo

através de iniciais. O objetivo do trabalho ficou circunscrito à análise global das

informações, sendo que o caráter individual das respostas serviu apenas de

norteamento geral para os resultados.

24

Page 26: TCC Camila Isabela

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 INDICADORES SOCIAIS

4.1.1 Sexo dos Entrevistados

Dos pescadores entrevistados, constatou-se uma maior representatividade

masculina, com 65% do contingente, conforme a Figura 3.

Figura 3: Sexo dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Trata-se de uma realidade comum em municípios cuja forma de produção é a

de subsistência, haja vista que ainda domina a cultura na qual o homem é o principal

provedor e responsável pela manutenção da família, cabendo aos filhos e à esposa,

se houver, tarefas mais domésticas e apenas de auxílio.

25

Page 27: TCC Camila Isabela

4.1.2 Faixa Etária

A distribuição foi bastante heterogênea, estando a maior parte dos pescadores

em plena idade produtiva (entre os 14 e os 67 anos). Conforme apresentado na

Figura 4, na faixa entre os 14 e os 24 anos havia 16,26% de pessoas; entre os 24 e

os 34 anos, 21,7%; dos 34 aos 46 anos, 24,5% de entrevistados; entre os 46 e os 56

anos, 24,8%; por fim, entre os 56 e 67 anos, encontraram-se 12,74% de pessoas

participantes da pesquisa.

Figura 4: Idade dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Nesse resultado, é possível constatar que a comunidade de Siribinha

apresenta a maior parte de pessoas na faixa etária de 34 a 56 anos, ocupados com a

profissão pesqueira.

4.1.3 Estado civil

Do total dos pescadores entrevistados, 50% são casados, 45% na fala do

pescador são “amigados, ajuntados, amasiados ou amontoados”, e apenas 5% são

solteiros, não tendo sido encontrado nenhum caso de viúvo e separado (Figura 5).

26

Page 28: TCC Camila Isabela

Figura 5: Estado civil dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Em várias pesquisas em comunidades pesqueiras, como a de Silva (2008),

realizada com pescadores de Paulo Afonso - BA, Almeida e Batista (2006) em estudo

com pescadores de Glória - BA, e Braz Junior (2011), resultado semelhante foi

encontrado, com 53% dos entrevistados sendo referenciados como casados e

poucos solteiros. Igualmente, Braz Júnior (2011) também não encontrou referência a

viúvos ou separados em sua pesquisa.

4.1.4 Escolaridade

No que tange à escolaridade, percebeu-se, especialmente nos pescadores

mais velhos, um grau reduzido de acesso à educação formal, tendo sido constatado

que 20% dos entrevistados não eram alfabetizados, 30% tem o ensino fundamental,

porém, outros 30% não chegaram até o fim desta modalidade de ensino. Houve uma

redução grande em relação àqueles que frequentaram o Ensino Médio, com o

mesmo percentual de 10% tanto para os que abandonaram sem completar, como os

que foram até o fim (Figura 6).

27

Page 29: TCC Camila Isabela

Figura 6: Nível de Instrução dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Resultado semelhante foi observado em Paulo Afonso - BA por Braz Júnior

(2011), que observou um número de pessoas não alfabetizadas na ordem de 23%, e

outros 63% dos pescadores que estudaram até o ensino fundamental, com 14%

tendo frequentado o Ensino Médio. Cavalcante (2011), por sua vez, em Oiapoque –

PA, encontrou números semelhantes: 66% dos entrevistados tinham estudado até o

ensino fundamental e 20% eram de analfabetos.

4.1.5 Panorama Familiar

O panorama familiar dos pescadores da Comunidade de Siribinha é também

bastante característico das áreas mais isoladas do interior do Brasil. Constatou-se

que são muitas as famílias que têm mais de 4 filhos em sua formação. A Figura 7

ilustra a distribuição em relação a esse aspecto.

28

Page 30: TCC Camila Isabela

Figura 7: Panorama familiar dos Pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Nota-se que as famílias de Siribinha são numerosas, e geralmente o número

de homens supera o de mulheres na prole comum. Lares com 1 ou 2 filhos e com 3

ou 4 deles representam 26,7% do total. Porém, em 46,6% o número de filhos homens

foi mais representativo. Em contrapartida, o sexo feminino, apesar de em menor

número (entre 1 ou 2) faz parte da prole em 71,4% das famílias, seguido de 14,3%,

respectivamente, para o quantitativo de 3 ou 4 e 5 ou 6 em cada lar.

O total de filhos declarados, abrangendo-se todas as entrevistas, e após se

eliminarem as redundâncias estatísticas (casais entrevistados moradores da mesma

residência têm o mesmo número de filhos em seus questionários), ficou em 124

crianças, o que significa uma média de 3,35 filhos por família. Isso supera em muito o

número de 1,86 da média brasileira, conforme o Censo 2010.

4.1.6 Infraestrutura e saneamento da Localidade

Todos os entrevistados responderam que possuem casas próprias, não tendo

sido encontrado um único caso de residência alugada. As casas, em sua totalidade,

são construídas em alvenaria e com cobertura de telhas comuns, sem nenhuma laje

ou telha do tipo Brasilit. O piso ora é de cerâmica, ora de cimento, e somente um

morador respondeu ter piso de barro. Em geral, os imóveis possuem dois a quatro

quartos, com cozinha, sala e ao menos um banheiro, sendo sempre dentro de casa.

Os pescadores dispõem em suas residências de utensílios domésticos

básicos, como geladeira, fogão a gás, televisor e até mesmo antena parabólica

29

Page 31: TCC Camila Isabela

(100% dos casos), o que representa um avanço para comunidades que sobrevivem

com tão poucos recursos. A Figura 8 apresenta a imagem característica das casas

da região.

Figura 8: Residências tradicionais de pescadores da comunidade de Siribinha-BA, 2012.

Há distribuição de água encanada para todos, bem como energia elétrica. As

ruas da comunidade não são pavimentadas, nem com calçamento de pedras, nem

com asfalto ou terra batida/prensada. Os dejetos são direcionados a fossas sépticas,

e a destinação de lixo é sempre através da coleta pública, realizada periodicamente

pela prefeitura. Porém, um dado interessante tem a ver com o tratamento da água

pelas famílias (Figura 9).

30

Page 32: TCC Camila Isabela

Figura 9: Tipo de tratamento de água consumida pelas famílias de pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Percebe-se que são poucas as famílias que se preocupam com a qualidade da

água que consomem, pois somente 20% delas ao menos filtram a água que vem do

encanamento público. Aliás, outras formas de tratamento, como ferver, coar ou

comprar água engarrafada, nem ao menos foram referidas pelos moradores.

4.1.7 Dados Profissionais e de renda

Todos os entrevistados estão ligados à pesca, com exceção dos aposentados

que deixaram o trabalho por motivos de saúde. 65% dos pescadores estão

diretamente na pesca (todos homens) e 30% na mariscagem (somente mulheres) –

Figura 10.

31

Page 33: TCC Camila Isabela

Figura 10: Ocupação principal de Pescadores de Siribinha-BA, 2012.

Em relação ao tempo de atividade, a Figura 11 ilustra a distribuição quanto aos

pescadores de Siribinha:

Figura 11: Tempo de atividade na ocupação principal (Pescadores) em Siribinha-BA, 2012

Os dados demonstraram que a maior parte dos pescadores dedica-se

inteiramente a essa ocupação, 20% deles têm mais de 40 anos de atividade,

seguidos de 15% entre 11 a 20 anos e 31 a 40 anos. Os com 0 a 10 anos somam

10% do contingente, seguidos dos que labutam entre 21 a 30 anos, com 5% dos

casos.

32

Page 34: TCC Camila Isabela

Em relação às marisqueira, 5% delas têm menos de 10 anos de atividade ou

está entre 31 a 40 anos, enquanto a maioria (20%) está entre os 11 aos 20 anos.

Nenhuma entrevistada apontou trabalhar entre 21 e 30 anos, nem há mais de 40

anos (Figura 12).

Figura 12: Tempo de atividade na ocupação principal (Marisqueiras) em Siribinha-BA, 2012

Ao se cruzarem estatística e qualitativamente os dados, percebeu-se a relação

bem íntima entre idade e tempo de atividade, o que demonstra que quase todos os

pescadores e marisqueiras na comunidade de Siribinha dedicam-se por toda a vida à

atividade pesqueira.

Muitos pescadores buscam aumentar a renda familiar através de outros tipos

de serviço. Entre os homens, foram relatadas atividades extras, como serviço de

pedreiro ou ajudante em construção civil, salva-vidas, comércio (dono de bar) e

tirador de coco. Entre as mulheres, faxineira (diarista) e lavadeira de roupas foram

também declaradas.

No que tange à renda dos trabalhadores, constatou-se a realidade presente

em comunidades afastadas do interior do Brasil. A Figura 13 apresenta a distribuição

de renda familiar em Siribinha.

33

Page 35: TCC Camila Isabela

Figura 13: Renda Familiar do Pescador em Siribinha-BA, 2012

Os dados demonstram que, em Siribinha, a maior parte das famílias aufere

renda entre 1 e 2 salários mínimos (SM), seguidos por 35% que sobrevivem com

menos de um SM por mês, o que as colocam, segundo a divisão do IBGE, na base

social brasileira, considerada de baixíssima renda (Classe E – até 2 salários

mínimos). Somente 15% das famílias detém renda superior a esse valor, e o

cruzamento dos dados mostrou que isso se deve em parte devido à presença de

aposentados na casa ou ao trabalho extra-pescaria.

Ainda no que diz respeito aos fatores sociais, outros dados são de relevância a

serem apresentados. Em nenhuma das entrevistas foram identificados trabalhadores

que possuem carteira de trabalho assinada, muito menos contribuem com algum tipo

de previdência, seja pública ou privada. Igualmente, ninguém alegou ter contraído

dívida em banco para investir em seu trabalho, nem mesmo recorrido aos recursos

do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Não obstante, uma parcela bem equilibrada de pescadores tem consciência da

necessidade de estar vinculado à organização de classe, visto que 55% deles estão

agregados à Colônia de Pescadores, embora 45% não tenham essa preocupação,

(Figura 14).

34

Page 36: TCC Camila Isabela

Figura 14: Pescadores detentores de RGP em Siribinha-BA, 2012

Caracteriza-se, com isso, uma realidade difícil, na qual o pescador busca

apenas sobreviver da melhor maneira possível, sem se preocupar em investir de

forma a aumentar sua renda e criar possibilidades de desenvolvimento econômico

para si mesmo e para sua comunidade.

4.1.8 Saúde dos pescadores

Nas questões de saúde, os inquéritos demonstram poucos problemas na

comunidade de Siribinha. Nenhum dos entrevistados alegou ter deficiências físicas

em si mesmos ou em familiares1. Somente 25% das pessoas disseram ter algum

problema de saúde digno de ser referenciado (Figura 15).

1 Um dos entrevistados, um ex-pescador acima dos 70 anos, tratou como deficiência um problema de reumatismo, mas a informação foi desconsiderada, em vista dos critérios do Ministério da Saúde para definir a deficiência não enquadrarem problemas crônicos reumáticos em idosos.

35

Page 37: TCC Camila Isabela

Figura 15: Pescadores com algum problema de saúde em Siribinha-BA, 2012

Dentre os problemas de saúde alegados, encontram-se cardiopatia, diabetes,

coluna, enxaqueca e reumatismo. Não houve nenhuma alegação de mutilação ou

acidentes de trabalho incapacitantes na comunidade.

4.2 INFRAESTRUTURA PARA O TRABALHO

4.2.1 Local onde pescam

Indagados sobre qual o local onde pescam, as respostas foram múltiplas,

sendo que em vários casos os pescadores não se limitam somente a um local. A

maior parte dos pescadores (41,92%) dirige-se ao estuário para realizar a pesca;

(22,6%) vão ao mar, e o mangue foi indicado por 19,35% das pessoas. O rio também

foi referenciado por 16,13% dos inquiridos (Figuras 16 a 19).

36

Page 38: TCC Camila Isabela

Figura 16: Local de pesca - Siribinha-BA, 2012.

Figura 17: Rio Itapicuru, na comunidade de Siribinha-BA, 2012

Figura 18: Região do Manguezal em Siribinha-BA, 2012

37

Page 39: TCC Camila Isabela

Figura 19: Estuário em Siribinha-BA, 2012

4.2.2 Tempo dedicado à atividade e ajuda para o trabalho

Os pescadores de Siribinha, em sua maioria, realizam as suas atividades em

tempo integral, conforme se vê na Figura 20.

Figura 20: Carga mensal de trabalho dos pescadores de Siribinha-BA, 2012.

38

Page 40: TCC Camila Isabela

Constatou-se que praticamente um terço dos pescadores – 33,3% – trabalha

20 dias por mês (5 por semana), seguidos de 27,8% que pescam 24 dias (6 por

semana). 5,6% das pessoas trabalham 3 dias por semana, e 11,1% 4 dias, apenas

para complementar a renda (em geral marisqueiras). Interessante é que 22,2% dos

pescadores afirmam trabalhar todos os dias, sem descanso (30 dias/mês), o que é

uma carga de trabalho extenuante.

Os pescadores referenciaram auxílio na atividade pesqueira realizado, em

geral, através de parcerias e colegas. Membros da família também são fonte de

ajuda, mas nem sempre de forma fixa, tendo sido citados sogro, cunhado, filhos

maiores de idade, irmão e esposa.

4.3 UNIDADE DE ESFORÇO

4.3.1 Embarcações de pesca

A pesquisa apontou que 60% dos pescadores utilizam embarcação, e 40%

não o fazem (Figuras 21 e 22).

Figura 21: Uso de embarcação pelos pescadores de Siribinha-BA, 2012.

39

Page 41: TCC Camila Isabela

Figura 22: Pescadores em plena atividade na região do estuário em Siribinha-BA, 2012

A maioria daqueles que não fazem uso do barco é de marisqueiras, as quais

lidam diretamente com o ambiente de manguezal, e andam a pé em seu local de

pesca.

No que diz respeito à locomoção, constatou-se que 100% das embarcações

têm remo, e somente 23,3% acoplaram um motor, porém, fazem uso dele somente

esporadicamente (Figura 23). Não foram relatados casos de aluguel de

embarcações, e todas são de propriedade dos pescadores, embora alguns usem os

dos colegas quando vão ao trabalho, por não poderem comprar uma para si.

40

Page 42: TCC Camila Isabela

Figura 23: Embarcações utilizadas pelos pescadores em Siribinha-BA, 2012

4.3.2 Equipamentos utilizados

Dentre os equipamentos utilizados para o trabalho, foram referenciados: a

rede, por 28,5% dos entrevistados; tarrafa, com 28% das respostas, seguido pelo

anzol/vara de pescar, canoa e armadilha, com 14,5% de referências cada uma

(Figura 24).

Figura 24: Instrumento de trabalho utilizados em Siribinha-BA, 2012.

41

Page 43: TCC Camila Isabela

A maioria dos pescadores que utilizam redes de pesca (70%) informou que

eles mesmos constroem esse instrumento de trabalho, em comparação com os 30%

que não o fazem, em geral deixando essa atividade para pescadores mais

experientes (Figura 25 e 26). Dentre os locais indicados para a compra dos insumos

e equipamentos para a atividade, foram citados Aracaju-SE, Salvador-BA e Conde-

BA.

Figura 25: Pescadores que tecem as próprias redes em Siribinha-BA, 2012

Figura 26: Pescador em atividade de tecelagem de rede em Siribinha-BA, 2012

42

Page 44: TCC Camila Isabela

Alguns pescadores responderam que o custo para tecer uma rede, em valores

atuais, está em torno de R$ 200,00 a R$ 300,00 – quantia extremamente alta para

uma realidade financeira precária.

4.4 TÉCNICA DE PESCA

4.4.1 Horários, locais e técnicas de pesca

Nesta pesquisa, foram poucos os pescadores que conseguiram definir um

horário adequado para pesca. A maioria disse “quando a maré permite”,

especialmente as marisqueiras. Outros referiram “entre 6h e 10h” ou mesmo “entre

07h e 11h”. A maioria não opinou. Dessa forma, o consenso não existiu, o que

dificultou a obtenção de dados concretos.

Quanto ao uso específico de técnicas para a pescaria, as informações

mostram que praticamente inexiste a preocupação com esse quesito, conforme visto

na Figura 27.

Figura 27: Pescadores que usam técnicas de pesca em Siribinha-BA, 2012

Apesar de haver uma demonstração percentual de 55% de pescadores

utilizando certa técnica para a pesca, as respostas qualitativas deixaram claro que

43

Page 45: TCC Camila Isabela

esta se resume a “estar sempre no ponto certo”, e apenas um pescador se referiu ao

“uso de ceva”.

Trata-se de uma situação preocupante, pois isso tende a causar queda de

produção e faz com que a pesca artesanal fique ameaçada pela desinformação da

parte de seus realizadores.

4.4.2 Espécies capturadas

De acordo com os dados levantados, os peixes de maior captura são a tainha

e o robalo, com 15,25% das menções, seguido da pescada (12,25%), bagre (9,1%),

moreia e carapeba (4,5%), curimã (3,05%), cação (3%) e, em menor número,

canguripim, caranha, corvina, nero e sardinha, esses últimos com 1,5% de referência.

Dentre as espécies de manguezal, destacaram-se o aratu e o caranguejo, ambos

com 10,55% das menções, seguidos pelo siri, com 3% (Figura 28).

Figura 28: Captura de espécies em Siribinha-BA, 2012

44

Page 46: TCC Camila Isabela

Os pescadores informaram que o bagre é considerado uma espécie de pouco

valor comercial e potencialmente venenoso, motivo pelo qual é descartado pelos

pescadores.

4.4.3 Iscas utilizadas

Os pescadores foram omissos e faltou concordância em relação a este ponto.

Em geral, nos manguezais, não citaram o uso de iscas, salvo, algumas vezes, a

utilização de “tripas de peixes” para atrair os animais.

Na pesca no mar, foram ressaltados o uso do xaréu, da tainha e do camarão,

mas o número de recorrências, para efeitos estatísticos, foi muito baixo.

4.5 CONDIÇÕES AMBIENTAIS PARA A PESCA

4.5.1 Melhores meses de pesca e condições climáticas diversas

Na aferição sobre os melhores meses para pesca, foi possível depreender

uma articulação conforme demonstrado na Figura 29.

Figura 29: Melhores condições para pesca em Siribinha-BA, 2012

45

Page 47: TCC Camila Isabela

A partir da opinião dos pescadores, foi possível constatar que a pesca é mais

produtiva nos meses do verão, tendo sido referenciados os meses de novembro a

março como os mais adequados à pesca, especialmente no mar e rio.

Os meses de junho a agosto foram citados particularmente pelas marisqueiras,

as quais compreendem ser este o período mais produtivo nos mangues da região.

Em respeito à influência da lua e da temperatura para as condições de pesca,

a maioria dos pescadores (75%) entende que a lua exerce influência para a pesca,

enquanto 25% não creem nisso (Figura 30).

Figura 30: Influência da Lua para a pesca em Siribinha-BA, 2012

No que tange à temperatura da água, ocorre fato semelhante, pois 70% acham

que estarem as águas em temperatura adequada (geralmente morna ou fria) ajuda

na coleta de peixes, enquanto 30% não compartilham dessa opinião. Percebe-se que

a minoria de respostas negativas vem daqueles que se concentram na mariscagem,

ou seja, é possível compreender que no ambiente dos manguezais possivelmente

não se precise especificar essas questões de forma tão cuidadosa pelos

trabalhadores (Figura 31).

46

Page 48: TCC Camila Isabela

Figura 31: Influência da temperatura da água para pesca em Siribinha-BA, 2012

Em relação à temperatura da água, ocorre fato semelhante, pois 70% acham

que estarem as águas em temperatura adequada (geralmente morna ou fria) ajuda

na coleta de peixes, enquanto 30% não compartilham dessa opinião. Percebe-se que

a minoria de respostas negativas vem daqueles que se concentram na mariscagem,

ou seja, é possível compreender que no ambiente dos manguezais possivelmente

não se precise especificar essas questões de forma tão cuidadosa pelos

trabalhadores.

4.6 PERSPECTIVAS DA ATIVIDADE

4.6.1 Satisfação profissional

Ao serem indagados sobre sua satisfação quanto à profissão de

pescador/marisqueiro, 70% dos inquiridos sentem-se satisfeitos com a profissão de

pescador, enquanto 30% responderam negativamente à questão (Figura 32).

47

Page 49: TCC Camila Isabela

Figura 32: Satisfação com a profissão de pescador em Siribinha-BA, 2012

Percebe-se que não é total a noção de satisfação entre essas pessoas. Alguns

poucos disseram que “adoram o que fazem”, “é uma terapia”, etc. Porém, muitos dos

que responderam afirmativamente complementaram dizendo que “gostam porque é

só o que sabem fazer” ou “não sabem fazer outra coisa”, ou ainda: “foi a profissão

que Deus me deu”, o que deixa transparecer uma ótica simplista e determinista, na

qual eles possivelmente jamais seriam capazes de mudar a realidade em que vivem.

Dos entrevistados que responderam de forma negativa, foram pontuados

motivos como a baixa renda que a pesca proporciona, o cansaço excessivo que a

atividade dá ou simplesmente admitem não gostar de pescar.

Possivelmente uma das razões dessa negatividade esteja no fato da extensa

desvalorização profissional na localidade, pois nenhum dos entrevistados alegou ter

feito algum tipo de curso de capacitação para a atividade, e somente um pescador

admite ter apoio institucional técnico, vindo da colônia de pescadores. Com isso,

multiplica-se a ideia de que a pesca em Siribinha é atrasada, algo maçante e com

poucas perspectivas de melhoria.

4.7 ORDENAMENTO PESQUEIRO

De acordo com a opinião dos entrevistados, é razoavelmente baixa a

percepção de mudança na quantidade e tamanho do pescado capturado após a

48

Page 50: TCC Camila Isabela

proibição da pesca, visto que todas as taxas relativas a este aspecto são negativas:

57,14% dizem não notaram diferença após as proibições impostas; 64,29% alegam

que o pescado não teve aumento de tamanho; 59,7% dos entrevistados não notaram

aumento no volume de pescado, enquanto 41,3% responderam terem sentido

diferença positiva (Figura 33).

Figura 33: Mudanças ocorridas após o ordenamento pesqueiro em Siribinha-BA, 2012

A maioria dos pescadores respondeu que compreende a necessidade de

proteção e de proibições à pesca predatória. Dentre os questionários respondidos,

somente 3 pessoas alegaram não concordar com as proibições, e ao serem

indagadas o porquê, não souberam responder.

Salienta-se que houve algumas categorizações nesse aspecto, visto que todos

os entrevistados afirmaram não perceberem poluição nas águas de Siribinha. Além

disso, todos encaram a fiscalização de forma positiva, alegando, em uníssono, que

ela é feita amplamente pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis), no período do verão, nas águas, casas e na colônia,

tendo um caráter de orientação e não de repressão.

49

Page 51: TCC Camila Isabela

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo foi possível compreender a dinâmica da pesca na comunidade

de Siribinha, localizada no município do Conde, estado da Bahia, bem como

aspectos sociais e econômicos que permeiam a atividade profissional dessa região.

Constatou-se que se trata de uma região de pessoas humildes e de renda e

escolaridade muito baixas, vivendo em condições razoáveis de moradia e tendo

algum acesso a serviços públicos essenciais, como água encanada, coleta de lixo e

energia elétrica (esta última beneficiando as residências com uns poucos aparatos

domésticos). Ainda assim, a falta de esgotamento sanitário e pavimentação é um

desafio a ser superado pelos poderes públicos, bem como a necessidade de

campanhas educativas que incentivem a população local a realizar o devido

tratamento da água potável, a fim de evitar infecções gastrointestinais, entre outros

males causados pelo consumo de água não tratada.

A pesca é realizada de forma artesanal, sem a utilização de técnicas

sofisticadas e preparação industrial. Respeita-se a natureza e a sustentabilidade é

praticada, ainda que não haja empenho formal da parte dos governantes para que

seja instilada essa perspectiva nos moradores.

O trabalho de pesca é realizado especialmente pelos homens da comunidade,

sendo a maioria de baixa escolaridade, alguns não alfabetizados, os quais se

acostumaram a viver da pesca no mar, no rio e no estuário local. Alguns se ocupam

também da mariscagem no manguezal, embora a maioria das pessoas ocupadas

nessa atividade seja de mulheres.

É muito peculiar o fato de quase todos estarem há muitos anos nessa

profissão, com relatos de pescadores de uma vida inteira, com 10, 20, 38, 50 e até 72

anos de labuta entre redes e peixes. Além disso, não é raro pescadores trabalharem

todos os dias da semana, sem descanso, o que representa um perigo para sua

saúde física e social, visto negarem-se à participação familiar e em grupo a fim de

ganharem o sustento.

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Tanto em relação aos pescadores quanto às marisqueiras, percebe-se uma

sensação de descontentamento com as condições profissionais. Muitos se queixam

do pouco dinheiro gerado pela pesca; outros da impossibilidade de mudança de

profissão. Porém, existem aqueles que amam o que fazem e têm orgulho de serem

pescadores, em detrimento da situação difícil em que vivem.

Quanto à infraestrutura para o trabalho de pesca, é comum haver

embarcações próprias, a remo, com algumas dotadas de motor. Utiliza-se largamente

a rede, a tarrafa, e a vara de pescar. Quase todos tecem suas próprias redes, a um

custo alto em relação ao padrão da comunidade. O resultado é uma pescaria

normalmente satisfatória, feita com mais propriedade nos meses que acercam o

verão (entre novembro e março), com várias espécies tendo sido identificadas, sendo

as mais comuns a tainha, pescada e o robalo, além das espécies do mangue, como o

caranguejo, aratu e siri.

Infelizmente percebeu-se certa apatia para com a profissão de pescador,

demonstrada pelos comentários quanto ao descontentamento trazido pelos baixos

rendimentos e falta de perspectiva para o futuro. Em parte, acredita-se que isso se

deva à falta de incentivo por parte dos órgãos estatais responsáveis pela educação

para o profissionalismo em locais de pesca, os quais deveriam dar mais atenção às

comunidades pesqueiras que vivem ao longo da costa brasileira. Os relatos dos

moradores de Siribinha deixaram claro que não é oferecido nenhum tipo de

capacitação para o trabalho, através de cursos ou visitas técnicas. A despeito disso,

os moradores se mostram serem bem esclarecidos quanto à importância de

preservação ambiental e dos males que a pesca predatória pode causar.

Portanto, sugere-se que os poderes responsáveis possam realizar estudos

mais aprofundados no que concerne a esta comunidade, haja vista a necessidade de

se instalar mais autoestima e capacitação para a pesca sustentável e

economicamente viável nesse contexto.

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Page 53: TCC Camila Isabela

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA

CADASTRO DE PESCADOR(A)

Município: Data: / /

IDENTIFICAÇÃO DO PESCADOR(A)Nome completo: Apelido: Estado civil: Idade: Sexo: ( )M; ( )FQuantos filhos: Homem ( ) idade:......, ......, .....,...... Mulher ( ) idade:......, ......, ......, ....., .....Participa programa de assist. governo:Sim( )não( )

Possui RGP:Registro Geral de Pesca: Sim ( );Não ( )

Nº cadastro RGP:

Endereço: Município:Local de residência: Distância p/ cidade:Escolaridade: Alfabetizado ( )S ( )N; Fund. Incomp. ( ); Fund. Comp. ( ); Méd. Incomp. ( ); Méd. Comp. ( ); Superior ( ); Porquê não estudou ou deixou de estudar?

CONDIÇÃO DE MORADIAResidência: própria ( ) alugada ( ) emprestada ( ) outra ...........................................................Se alugada, qual o valor? ( ) até 50,00; ( ) de 51,00 até 100,00; ( ) de 101,00 até 150,00 ( ) de 151,00 a 200,00; ( ) de 201,00 a 250,00; ( ) acima de 251,00Qtos cômodos: quarto ( ) sala ( ) cozinha ( ) sanitário ( ) garagem ( ) outro:............................Sanitário: Dentro da casa ( ) fora da casa ( ) não tem ( )Tipo de construção: Alvenaria ( ) Taipa ( ) Mista ( ) outra .........................................................Cobertura: telha comum ( ) telha cer. ( ) brasilit ( ) Lona ( ) Palha ( ) outra ( )........................Piso: cimento ( ) cerâmica ( ) barro ( ) outro ( )........................................................................Eletrificada: sim ( ) não ( ). Qual o tipo? .....................................................................................Abastecimento d’água: encanada ( ); barreiro ( ); represa ( ) Outra ( ).....................................Faz algum tratamento na água de beber? ( )Sim, ( )NãoQual tratamento: Filtra ( ); Côa ( ); Ferve ( ); Filtra/ferve ( ); Outro ( ) Qual?.........................Na sua casa tem: geladeira ( ) liquidificador ( ) fogão a gás ( ) televisão ( ) Antena parab. ( )Quantas pessoas moram na casa? ................. Quantos dependem de você? ...............

SANEAMENTO E MEIO AMBIENTEDestino dos efluentes: fossa ( ) esgoto ( ) rua ( ) quintal ( ) outro:....................................Destino do lixo: carro do lixo ( ) terreno baldio ( ) queima ( ) outro: ...................................A rua é pavimentada? Sim ( ) não ( ). Qual o material?.........................................

OCUPAÇÃO E RENDA Qual a atividade principal que exerce: ....................................................Quanto tempo: ........anosOutra atividade: Pesca ( ) agricultura ( ) Pecuária ( ) const. Civil ( ) outra ............................................Renda na atividade (mensal): R$ .................... Renda da família que mora na casa: R$ ..............Quantos aposentados? ...... Quantos com carteira assinada? .......... Com benefício INSS?........Já tirou empréstimo do PRONAF? Sim( ) não( ); Você tem dívida em Banco? sim( ) não( )

SAÚDEVocê tem alguma deficiência? Sim ( ) não ( ) Qual? ...................................................................Você tem algum problema de saúde? Sim ( ) não ( ). Qual é? ...................................................Impede você de trabalhar? Sim ( ) não ( ) às vezes ( )Toma remédio controlado? Sim ( ) não ( ) Para quê? .................................................................Familiar deficiente na residência: Sim ( ) não ( ). Quais as doenças que ocorrem com mais freqüência na sua família? ( ) cegueira ( ) Câncer( ) coluna ( ) dor de cabeça ( ) enxaqueca ( ) problemas ginecológico ( ) disenteria ( ) outra

ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIAVocê participa de alguma entidade? Sim( ) não( ). Quanto tempo participa?...............anos.Nome da Entidade:.........................................................................................................................Ass. Entrevistado:........................................................................ Entrevistador:.............................

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A - INDICADOR SOCIAL

01 - Há quanto tempo pesca:

( ) menos de 1 ano( ) de 1,1 a 2 anos( ) de 2,1 a 4 anos( ) de 4,1 a 7 anos( ) de 7,1 a 10 anos( ) de 10 a 15 anos( ) de 15 a 20 anos( ) acima de 20 anos

02 - O que você fazia antes de ser pescador?

03 - Tem carteira de pescador profissional? Sim ( ) Não ( )

04 - Já recebeuSeguro Desemprego Sim ( ) Não ( )Auxílio-doença Sim ( ) Não ( )Auxílio-maternidade Sim ( ) Não ( )

B - INFRAESTRUTURA PARA O TRABALHO05 - Local onde pesca:.................................................... Município / UF:............................................... Distancia p/ cidade:................. 06 - Quanto tempo pesca nesta área:............................. Muda de área: Sim ( ) Não ( ) Porquê?........................................................07 - Meio de transporte p/ chegar ao trabalho:.................................................................. Quantos tempo gasta:.................................

08 - Condições da estrada: Ótima ( ); Boa ( ); Regular ( ); Ruim ( ); Péssima ( )09 - Você constrói: Rede ( ); Anzol (vara) ( ); Tarrafa ( ); Canoa ( ); Armadilha (covo) ( ); Outro ( )................................................

10 - Quem tece as redes?............................................................................ Custo para tecer uma rede:.................................................

11 - Onde você compra os materiais e equipamentos?............................................................................................................................ 12 - Quantos dias pesca na semana............................ No mês................................13 - Quantas pessoas pescam com você?.......................... Alguém da sua família: Sim ( ) Não ( ) Quem são?...................................................................... Qual idade ..........................................

C - UNIDADE DE ESFORÇO14 - Equipamento de pesca utilizado: Rede ( ); Anzol ( ); Tarrafa( ); Linha de mão ( ); Covo ( ) 15 - Equipamentos: Próprio ( ); Terceiros ( )........................................................ 16 - Usa embarcação: Sim ( ) Não ( ) Tipo:........................................... Dimensões: Tamanho............ Largura............ Altura:............

Material do casco:............................................................ Propulsão: Remo ( ); Motor HP( ) 17 - Embarcação: Própria ( ); Terceiros ( ); Emprestada ( )

18 - Características dos equipamentos:TIPO QUANT. COMP. MALHA FIO OUTRO

19 - Horário da pescaria: Rede: das.................às.................. Anzol: das..................às.................. Covo: das..................às..................20 - Quantas horas pesca por dia: .......................... Pesca embarcado: Sim ( ) Não ( ) Tipo: ..............................................21 - Quantidade de peixe capturado por dia: Rede:...........Kg; Anzol:...........Kg; Covo:...........Kg; Tarrafa:...........Kg; Outro:..........Kg

22 - Espécies de peixes capturados: maior freqüência ao de menor freqüência. ESPÉCIE

Gr(%)

Me(%)

Pq(%)

COMP. (cm)

PESO (g)

OBSERVAÇÃO

23 - Quais os peixes indesejáveis na pescaria:......................................................... Porquê? ...............................................................24 - Qual o aparelho que mais captura:..................................................................... Característica (tamanho de malha, fio, tamanho anzol,

etc.): .......................................................................................................................................................................................................................

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D – TÉCNICA DE PESCA25 - Qual a estratégia de captura: Faz ceva ( ); Não tem estratégia ( ); Tem ponto certo ( ); Outro:.................................................... 26 - O local onde você pesca, outra pessoa pode pescar? Sim ( ) Não ( ) Porquê?....................................................................................................................................................................................................................................................................................................27 – Quais os melhores horários para a pesca? Rede:................... Linha de Mão:................... Anzol:................... Covo:...................28 – Profundidade que melhor captura: Rede:......................... Anzol:......................... Covos:......................... Outro:..........................29 – Tipo de fundo da área de pesca: Lama ( ), Cascalho ( ), Areia ( ), Outro ( ) ..............................................................................30 – Tipos de isca usada para atrair o peixe:............................................................. Onde Consegue:..................................................

E - CONDIÇÕES AMBIENTAIS PARA A PESCA 31 - Quais os melhores meses para captura de peixes:...........................................................................................................................32 - Tipo de água melhor para a captura: Rede:....................... Anzol:....................... Covo:....................... Outro:....................... 33 - Existe influência da lua sobre a pescaria: Sim ( ) Não ( ) Porquê?................................................................................................34 - Existe influência da temperatura na pesca: Sim ( ) Não ( ) Porquê?..............................................................................................

F - DESPESAS COM A ATIVIDADE 35 - Quanto você gasta por semana na pescaria: Alimentação:..............; Conserto equip.:..............; Combustível:..............; Ajudante:...............; Outras:............................................................................................................................................................................

G - PERSPECTIVAS DA ATIVIDADE36 - Você está satisfeito com a sua profissão? Sim ( ) Não ( ). Porquê?..............................................................................................37 - O que você sugere para melhorar a sua atividade?...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................38 - Você já participou de algum curso? Sim ( ) Não ( ). Qual?.....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................39 - Você recebe assistência técnica ou orientação sobre a sua atividade? Sim ( ) Não ( ). Qual o órgão?.............................................................................................................................................................................................................................................................40 - Outras observações:.............................................................................................................................................................................

H - ORDENAMENTO PESQUEIRO46 - Depois do período de proibição da pesca, você nota alguma diferença nos peixes capturados? Sim ( ) Não ( ) 47 - Aumentou o tamanho: Sim ( ) Não ( );48 - Aumentou a quantidade: Sim ( ) Não ( ); Outra diferença:............................................................................................................... 49 - Órgãos que fiscalizam sua atividade? IBAMA ( ) Capitania ( ) Prefeitura ( ) Outro ( ):...............................................................50 - Onde é feita a fiscalização: Na água ( ), Nas casas ( ), Na colônia ( ), No transporte ( ), Outro ( ):...........................................51 - Qual a freqüência da fiscalização?...................................................................................................................................................... 52 - A fiscalização é para: Orientação ( ); Repressão ( )..........................................................................................................................53 - Você sabe porquê se proíbe a pesca? Sim ( ) Não ( ). Porquê?..................................................................................................... 54 - Você acha certo? Sim ( ) Não ( ) Porquê?......................................................................................................................................... 55 - Qual o tipo de pesca proibida que o pessoal pratica na região?..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................56 - Existe poluição da água na área? Sim ( ) Não ( ) Quais?................................................................................................................

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