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MAPA DAS CONDIÇÕES DE MERCADO INERENTES AO CONTROLE OPERÁRIO, QUESTÕES HUMANAS E SOCIAIS
RELACIONADAS À FLASKÔ. HERNANDEZ, Cícero, ETULAIN, Carlos Raul
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4
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MAPA DAS CONDIÇÕES DE MERCADO INERENTES AO CONTROLE
OPERÁRIO, QUESTÕES HUMANAS E SOCIAIS RELACIONADAS À
FLASKÔ
HERNANDEZ, Cícero
Estudante de mestrado do Programa ICHSA [email protected]
ETULAIN, Carlos Raul Professor do programa ICHSA
RESUMO O caso da Flaskô configura uma situação sui generis, uma vez que no Brasil são pouquíssimas as
fábricas em condição de ocupação pelos trabalhadores. O objeto deste trabalho é a própria empresa
ocupada, e o interesse é verificar quais seriam, nesse contexto de ocupação, os modelos de gestão e as
categorias e instrumentos fornecidos pela Teoria Geral da Administração (TGA) que permitem avaliar essa empresa e suas condições técnicas, organizacionais e de produção. Assim sendo, o presente
trabalho é o estudo de como a fábrica Flaskô responde ao mercado, fazendo a verificação por meio da
análise da competitividade a partir de indicadores extraídos da literatura da organização industrial e das condições do setor de transformação de plástico. Nesse sentido, o trabalho utiliza uma metodologia
analítico-descritiva e indicadores que surgem, tendo como base um questionário que será aplicado aos
clientes e aos trabalhadores da fábrica.
Palavras-chave: competitividade, indicadores, Flaskô
ABSTRACT The case of Flaskô constitutes a sui generis situation, since in Brazil are very few factories in occupancy
condition by workers. The object of this work is the company and the interest is to ascertain what would
be, in this context of occupation, management models and the categories and records provided by the Administration of the General Theory (TGA) for assessing this company and its technical,
organizational and production. Therefore, the present work is the study of how Flaskô factory responds
to the market, making verification by analyzing the competitiveness indicators extracted from the industrial organization literature and conditions of the plastic processing industry. In this sense, the
work uses a descriptive-analytic methodology and indicators that appear based on a questionnaire that
will be applied to customers and factory workers.
Key-words: competitiveness, indicators, Flaskô
1. INTRODUÇÃO
Fruto de uma massa falida (Grupo Holding HB), a Fábrica Ocupada Flaskô, produtora
de bombonas, enfrenta problemáticas de diversas ordens, desde aquelas relacionadas ao
dia-a-dia da organização até as questões político-econômicas para além dos muros da fábrica;
outras problemáticas, como a divisão internacional do trabalho que diz respeito à economia na
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qual a Flaskô está inserida, e até mesmo das relações sociais e políticas que dizem respeito à
microfísica do poder, que estão para além da Flaskô, mas ao mesmo tempo a configuram.
O mais interessante parece ser que todos os elementos citados estão presentes em
qualquer empresa, em qualquer modelo de gestão, e dentro dessas instituições há inúmeras
formas de responder ao mundo, de forma que essas respostas se refletem na organização da
empresa e na sociedade.
O projeto visa Ao estudo da Flaskô, analisando seu modelo de gestão presente baseado
no controle operário. Dessa forma, o estudo da TGA e da economia se torna essencial para o
entendimento do caso de maneira a compreender o interior e o exterior da fábrica, de forma que
possam se observar e analisar fatores de competitividade. Nesse sentido, entender os
acontecimentos que precederam o controle operário da Flaskô é entender a forma como a
conjuntura econômica atingiu radicalmente a indústria brasileira nos anos 90. Por outro lado, a
TGA , a economia e estudos de organização industrial servirão de base para analisar o presente
caso.
A princípio, entender o caso da Flaskô é entender suas origens no Grupo Hansen S.A.,
quando, no início dos anos 90, começa haver pulverizações de seus negócios. Nota-se que a
Flaskô, no meio dessa divisão do Grupo Hansen S.A. em Grupo Tigre e CHB S.A., fica sendo
propriedade da CHB S.A. sob nova direção: o casal Eliseth Hansen e Luís Bautschauer. Já em
1991, a CHB resolve tomar medidas de reestruturação empresarial a partir da redução do corpo
de funcionários, desativação das plantas, corte de gastos, desmobilização de ativos, pagamento
de acionistas, redução de hierarquias, etc. Até meados dos anos 80, o Grupo Hansen S.A. estava
bem no mercado, mas ocorre a partilha dos bens entre os irmãos, sendo criado o Grupo Tigre e
a Corporação HB S.A. O grupo foi desmembrado em duas partes, e Eliseth Hansen e seu marido
Luis Bautschauer herdaram a CHB S.A. (constituída pelas empresas Flaskô, Cipla, Interfibra,
Profiplast e Brakofiz), enquanto os irmãos Carlos Alberto Hansen e João Hansen ficaram com o
restante da S.A., que hoje é conhecida como Tigre S.A., uma das maiores marcas
multinacionais de tubos e conexão (DELMONDES; CLAUDINO, 2009).
Nesse contexto, Eliseth e Luís Batschauer criam a CHB S.A. e apostam, como aponta
Takayuki (2013), no processo de divisão das atividades operacionais da CHB S.A., formando
empresas juridicamente independentes, responsáveis por seus lucros operacionais,
gerenciamento do quadro de pessoal e do parque de máquinas, etc (TAKAYUKI 2013, p. 59),
como forma de reestruturação da holding.
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Nessa década, a economia brasileira era de grande abertura para o mercado
internacional com um complexo programa de privatizações, quando vista de uma perspectiva
geral, que acirrava a concorrência e a competitividade para as pequenas empresas. Assim, o
processo que se sucedeu na Flaskô dos anos 90 até 2000 foi de sucateamento e abandono.
Assim sendo, as atividades presentes na fábrica sob o controle operário se caracterizam
não apenas pelas condições de mercado, mas pelas necessidades sócio-políticas de
mobilização.
Nesse sentido, a fábrica, além da mais valia, busca criar um espaço permanente para a
tomada de consciência e troca de experiência para além da produção material, sendo os
trabalhadores os apropriadores da mais valia. A forma como são decididos os pagamentos, o
que comprar, a composição dos preços, a visão futura, a compreensão das atitudes passadas, a
posição jurídica, a posição comercial, a divulgação das atividades produtivas, o networking, a
inovação, o controle de qualidade, a mobilização social, a conexão com novos agentes e
instituições, tudo fica incumbido à organização do trabalhador via controle operário: cerca de
70 pessoas organizadas e estabelecidas, legitimando socialmente suas atividades via ação
político-cultural-social.
O estudo de um caso de gestão por controle operário é bastante singular, porque nele se
manifestam as contradições que se escondem em geral nos modelos de gestão da TGA.
Assim sendo, quando na luta econômica a administração retira dos trabalhadores “a
consciência de serem explorados, sem suprimir as causas essenciais dessa exploração”
(MANDEL, 1979, p. 285), temos um retrocesso que escamoteia a contradição que o capital
gera, por isso o caso da Flaskô pode resultar em uma perspectiva distinta de observação das
teorias existentes.
Dessarte, faz-se necessário revelar as potencialidades, as fraquezas e as peculiaridades
do modelo de gestão de uma empresa-ocupada que se apresenta como um caso sui generis, e
para tal, é de suma importância compreender os padrões de concorrência do setor e as
estratégias que a Flaskô utiliza, para, a partir dessas informações, verificar as principais
vantagens e desvantagens do modelo. Como se trata de um estudo dos modelos de gestão, a
discussão gira em torno da TGA, entretanto busca-se uma avaliação crítica dessas teorias, pois a
TGA se mostra mais preparada para o estudo de firmas competitivas que visam ao lucro. Assim,
esse projeto compreenderia a interdisciplinaridade como a parte do estudo que está na fronteira
entre a economia e a TGA, entre os problemas sociais da empresa, que sob o modelo de controle
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operário transforma-se em um “território-político”, e a teoria, que se isola desses aspectos para
concentrar esforços na racionalidade capitalista.
1.1 Objetivo
A Flaskô, uma fábrica recuperada por trabalhadores no ano de 2003, em funcionamento
até hoje. É uma produtora de bombonas plásticas, que se estabelece sob organização dos
operários de maneira cooperativa e solidária.
Nesse sentido, a Flaskô apresenta certa ruptura em relação às empresas tradicionais que,
como aponta Tragtenberg (1971 p. 20), reforçam uma “deformação da realidade” na medida em
que há “separação da execução e da decisão sobre a produção”. Isto porque “em uma sociedade
capitalista avançada, a dominação aparece como administração” (MOTTA, 1981 p. 33). Dessa
forma, o presente artigo visa observar criticamente a aproximação da decisão e da execução das
atividades presente no controle operário, considerando que, se a fábrica conhecer mais
aprofundadamente o mercado, bem como o trabalhador, mais efetivas serão suas resposta e
reação ao mercado, de maneira que possam ser analisados aqui os determinantes das decisões
empresariais de uma empresa ocupada e se esses são apenas fatores de mercados ou se se
incorporam outros aspectos particulares devido à condição de ocupação operária.
1.2 Metodologia
O método consiste em revisão bibliográfica de três campos principais: i) da economia
brasileira, entendendo que a ocupação da fábrica se deu em meio a uma estrutura histórica
condicionante da sociedade; ii) da Teoria Geral da Administração (TGA), entendendo que o
modelo de gestão da fábrica teria semelhanças e particularidades em relação a teoria geral; iii)
da organização industrial, tendo em vista constituir os indicadores de competitividade.
Nesse sentido, a partir da revisão da literatura especializada (recortada da interface da
TGA e das teorias da organização industrial), foi elaborada uma análise de caso da fábrica
ocupada Flaskô, para verificar a competitividade da empresa no setor de transformação de
plástico, como meio para identificar o comportamento da empresa ocupada diante dos desafios
de mercado e dentro das condições que predominam nessa cadeia da indústria onde a empresa
ocupada que é nosso objeto está instalada.
Para o estudo, foi desenhado um questionário a respeito de 25 fatores (Figura 1), que
antes era composto por 79 indicadores, mas foram recortados junto aos trabalhadores, bem
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como selecionados a partir da literatura especializada, especificamente dos estudos feitos pela
engenheira Isabela Gusmão: um mapeamento da concorrência do setor de transformação no Rio
de Janeiro (GUSMÃO, 2001).
Figura 1 – Questionário com fatores de competitividade
Fonte: Adaptado de GUSMÃO, 2001, p. 122 – 128.
Assim sendo, este projeto busca mapear elementos que dizem respeito às condições da
empresa e do mercado (fornecedores, clientes, estrutura de mercado) e tem como finalidade
reconhecer e avaliar a participação e integração das empresas no mercado, de forma a
identificar como são elaboradas e tomadas as decisões na empresa e em que medida a TGA
aborda esse fenômeno.
A entrevista aplicada aos trabalhadores da Flaskô e aos clientes da empresa e o conjunto
das respostas fornece um material empírico adequado para reconstruir o processo de decisão
empresarial e observar como esse processo decisório se configura em uma empresa ocupada
que deve dar conta dos desafios da concorrência e da dinâmica da economia capitalista no setor
da indústria de transformação no Brasil. Para compreendermos o caso da Flaskô, é importante
compreender a situação de nosso país e as condições que ele se encontra. Assim, aqui se
apresenta um pequeno recorte sobre a história da economia brasileira, passando desde o capital
cafeeiro, até a abertura econômica na década de 90.
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2. HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Se hoje presenciamos uma precarização nas condições de trabalho, isso se deve a um
encadeamento de ações tomadas há séculos, e não a ações pontuais que foram executadas no
decorrer do tempo. Ao verificarmos a industrialização brasileira, o conjunto de forças
produtivas que possibilita o desenvolvimento se defrontou com limitações e restrições que
acabaram por produzir uma estrutura industrial fragmentada, na qual, em diferentes momentos,
registram-se atrasos tecnológicos que tornam ainda mais complexos os desafios. Durante 300
anos (1500 – 1808), a colônia ficou proibida de realizar qualquer atividade industrial que não
fosse de subsistência.
Esse elemento revela um traço marcante em nosso país que é o fato de ele ter sido
colônia de exploração agrícola durante a sua formação e seu desenvolvimento e que se
especializou em tal segmento, de tal forma que o conflito latente entre elite agrícola e industrial
ficasse cada vez mais evidente. Além disso, o déficit da balança comercial revelou a
necessidade de se buscar outra maneira de gerar receita.
Nesse sentido, ao longo do século XIX, registram-se reestruturações na política
comercial brasileira desde a revogação da proibição para o estabelecimento de fábricas e de
atividades manufatureiras em 1808, passando pelas diversas reformas alfandegárias ao longo
do século, que delimitavam a participação do país nas atividades industriais. Ao longo da
segunda metade do século XIX, assistiu-se no Brasil a sucessivas alterações das tarifas
alfandegárias. Por mais que se encontrem alusões à proteção da indústria nacional, a motivação
primeira de todas essas reformas era invariavelmente o déficit público, gerado pela falta de
receita para pagamento dos gastos, ocasionada dentre outras coisas pela limitação fiscal do
Império (HEES, 2011 p. 101-107).
Na segunda metade do século XIX, vê-se uma crise no setor agrícola principalmente
com o café, espelhada na baixa dos preços dos mesmos. A despeito do que precede, a crise da
lavoura no último quartel do século XIX, o aumento da imigração e, principalmente, a baixa
dos preços do café no início da década de 1880 permitiram o surgimento de condições mais
favoráveis ao desenvolvimento de uma política industrial (HEES, 2011 p 108), tendo sido
criada neste ano a AI (Associação Industrial). No final da segunda metade deste século, Luz
(1978) aponta um marco de discussão na economia brasileira no qual havia de um lado a elite
agrícola e de outro os industriais, tendo sua primeira formalização ocorrida por meio da
Associação Industrial em 1880.
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O Brasil vai debater-se, desde a sua elevação à categoria de Reino Unido ao de
Portugal, a princípio, e a de Estado Independente, a seguir, de um lado entre os
interesses agrícolas, cada vez mais predominantes no país, e de outro, o desejo de industrializar-se, condição julgada imprescindível, pelos espíritos mais
lúcidos, à prosperidade brasileira (LUZ, 1978, p 56).
Isso evidencia o caráter agrícola do nosso país no início do século XX, e ainda, uma
falta de controle sobre o aparelho fiscal, financeiro e industrial, caracterizada pela Associação
Industrial pela falta de proteção à indústria e a instabilidade das tarifas aduaneiras, ao não
incentivar o “trabalho nacional”, que condenavam as populações urbanas “ao parasitismo e à
miséria com prejuízo da riqueza nacional e da ordem pública” (HEES, 2011 p 109). Todavia o
processo de industrialização para Luz (1978) se desenrola aos trancos e barrancos ao longo do
século XIX:
Ao desvencilhar-se, em 1808, do regime colonial, presenciou o Brasil a
primeira tentativa de industrialização, sob a tutela do próprio Estado,
enquadrando-se, as medidas adotadas, nas práticas usuais da política mercantilista. A segunda tentativa, ainda de iniciativa estatal, com a tarifa
Alves Branco, em 1844, já apresentava aspectos mais modernos e, a nosso
ver, mais propriamente nacionalistas, pois pretendia basear-se, essencialmente, no protecionismo aduaneiro, prática, sem dúvida alguma,
mais niveladora, mais democrática, do que as concessões de privilégios e
monopólios dispensados pelo monarca estilo Antigo Regime (LUZ, 1978, p.
205).
É importante lembrar que, nesse período da indústria brasileira, o sistema tarifário,
fiscal, industrial e o capital financeiro ganhavam atenção da economia, havendo, em um
primeiro momento (século XIX), uma oposição entre indústria e agricultura, devido às
mudanças estruturais que deveriam ser planejadas. Isso para dizer que, por mais que houvesse
discussões e oposições entre burguesia industrial, burguesia rural, comércio e indústria, o
capital comercial e o financeiro nunca buscaram a ruptura, mas, ao contrário, integridade
setorial, visando à oportunidade de utilizar a potencialidade do país para o crescimento
capitalista por intermédio do desenvolvimento da indústria.
Assim essa discussão entrou nos espaços acadêmicos e tanto mais, pesquisadores
começaram a discutir sobre o desenvolvimento do país. Neste sentido, Hees (2011, p.120) ao
estudar o desenvolvimento e a economia, tendo em vista as crises do café que ocorreram no país
durante a década de 30, aponta as análises de Furtado e Luz sobre o atraso de nossa
industrialização se diferenciam na medida em que o protecionismo que ocorreu em torno do
setor cafeeiro é entendido para o primeiro autor ao fato de que isso garantiria o dinamismo da
economia enquanto, para a segunda autora aponta que o protecionismo seria um reflexo das
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disputas ente capital cafeeiro e industrial, sugerindo que o Estado, por não ter uma política
racionalmente protecionista, teria dificultado a industrialização brasileira.
Das já consolidadas estruturas, que eram utilizadas pelas oligarquias do café a fim de
manter sua produção, sob o governo de Vargas, tornar-se-á possível uma “expansão da
produção industrial, que passa a ser o fator dinâmico principal no processo de criação de renda”
(FURTADO, 1995, p. 202), mesmo havendo dificuldades econômicas, dada a dependência
internacional e desvalorização da moeda brasileira. Isso se deve ao fato de haver um mercado
internacional em ascensão que mobiliza produção e consumo.
A procura de bens de capital coincide, nas economias desse tipo, com a
expansão das exportações – fator principal do aumento da renda – e, portanto, com a euforia cambial. Por outro lado, as indústrias de bens de capital são
aquelas com respeito às quais, por motivos de tamanho de mercado, os países
subdesenvolvidos apresentam maiores desvantagens relativas. Somando-se
essas desvantagens relativas às facilidades de importar que prevalecem nas etapas em que aumenta a procura de bens de capital, tem-se um quadro do
reduzido estímulo que existe para instalar as referidas indústrias nos países de
economia dependente. Ora, as condições que se criaram no Brasil nos anos trinta quebraram este círculo. A procura de bens de capital cresceu exatamente
numa etapa em que as possibilidades de importação eram as mais precárias
possíveis. [...] É evidente, portanto, que a economia não só havia encontrado
estímulo dentro dela mesma para anular os efeitos depressivos vindos de fora e continuar crescendo, mas também havia conseguido fabricar parte dos
materiais necessários à manutenção e expansão de sua capacidade produtiva
(FURTADO, 1995, p. 199).
Neste sentido, a economia brasileira passa a necessitar de uma estrutura que dê conta da
demanda interna, mas que ao mesmo tempo consiga competir no mercado. Mello (1991) em sua
obra O Capitalismo Tardio uma crítica à Comissão Econômica Para América Latina (CEPAL),
na medida em que esta apontava que o desenvolvimento econômico em igualdade traria o fim
do subdesenvolvimentismo. Todavia, sob essa perspectiva, desconsideram-se princípios da
economia política, uma vez que tal pensamento implicaria a planificação econômica,
impossibilitando elementos básicos para a efetivação do capitalismo, como a divisão
internacional do trabalho, e assim a concentração e centralização do capital. Mello (1991)
aponta outro fator desigual propagado pelo capitalismo:
A propagação desigual do progresso técnico (que é visto como a essência do
desenvolvimento econômico) se traduz, portanto, na conformação de uma
determinada estrutura da economia mundial, de uma certa divisão
internacional do trabalho: de um lado, o centro, que compreende o conjunto das economias industrializadas, estruturas produtivas diversificadas e
tecnicamente homogêneas; de outro, a periferia, integrada por economias
exportadoras de produtos primários, alimentos e matérias-primas aos países
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centrais, estruturas produtivas altamente especializadas e duais (MELLO,
1991, p. 14).
Dessa forma, vê se que a divergência entre indústria e agricultura se dá apenas na forma
como os bens são produzidos, sendo a questão central para o entendimento do desenvolvimento
econômico brasileiro, a convergência entre os dois setores (cafeeiro e industrial), ao invés da
sua segregação, tendo em vista não uma disputa interna, senão que uma disputa globalizada
pelos mercados. Portanto, ambos setores agrícolas e industriais, possuem mais relações do que
se aparenta, tal como aponta Cano (1990):
A forma pela qual a intermediação financeira se apropriou de grande parte do
capital cafeeiro mascarou a sua origem, não se dando conta que os capitais
industrial, financeiro e comercial são eles próprios face do capital cafeeiro.
Um ponto que reforça ainda mais o mascaramento da origem desses capitais se deve à própria transferência de capital cafeeiro investido diretamente por
fazendeiros [...] em atividades urbanas (CANO, 1990, p. 86).
Com tal argumentação, mostrou-se evidente a relação dialética presente entre o capital
financeiro e comercial. Sendo o capital comercial aquele que fomentou a base da indústria
brasileira, esta, após a sua iniciação, depara-se com uma crise infraestrutural, pois,
se o período que vai da proclamação da república até 1933 pode ser
caracterizado como o momento de nascimento e da consolidação do capital
industrial, de 1933 até 1955 temos o período de industrialização restringida [...] Tal situação só será superada com a industrialização pesada, a partir de
1956, com o Plano de Metas no governo de Juscelino Kubitschek” (HEES,
2011 p.131).
No governo JK, é utilizada pela Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) a
instrução 113 que consistiu em importar do exterior bens e serviços sem cobertura cambial, o
que contribuiu para que o capital estrangeiro adentrasse o país. Segundo Saretta (2001, p. 116):
"a historiografia econômica brasileira é unânime em reconhecer o favorecimento que a
Instrução 113 significou para o capital estrangeiro".
Além disso, a instrução 113 estava consonante com o Plano de Metas, no sentido de
incentivar indústrias pesadas. O documento oficial do Plano de Metas (1958) destaca quatro
metas que receberiam equipamentos por meio da referida política cambial: alumínio, cimento,
indústria automobilística e construção naval (CAPUTO e MELO 2009, p. 521). Dessa forma, o
capital direto estrangeiro inunda a economia brasileira durante oito anos:
Entre 1955 e 1963, o valor dos investimentos diretos estrangeiros totalizou
US$ 497,7 milhões. A sua maior concentração ocorreu entre 1957 e 1960,
com 73,0% do total do período (US$ 363,1 milhões) [...] No início dos anos de
1960, ocorreu uma queda bastante acentuada dos investimentos, que passaram
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de US$ 107,2 milhões em 1960 para US$ 39,2 milhões em 1961, US$ 20,1
milhões em 1962 e US$ 4,5 milhões em 1963, o último representando menos
de 1% do valor total investido no período (CAPUTO e MELO, 2009, p. 521).
O Plano de Metas bem como a instrução 113 revelam o atraso econômico, e nesse
sentido, as tentativas do governo JK em minimizar a industrialização tardia por meio de
métodos cambiais que beneficiavam formas de investimentos para além do país. Por esse
ângulo, Caputo e Melo (2009, p. 535) apontam a problemática resultante da abertura econômica
para o capital estrangeiro, de forma que o capital privado nacional perdia parcela de sua
participação na vida econômica brasileira, enquanto o capital estrangeiro aumentava sua voz,
tanto econômica como politicamente. Isto não significa afirmar que o capital privado nacional
tenha sido prejudicado em termos absolutos por tal política, mas esse declínio relativo deveu-se
tanto ao crescimento do setor público como aos benefícios ao setor estrangeiro oriundos,
naqueles anos, das políticas governamentais.
A década de 60 ficou marcada pelo plano de metas composto por diversos programas do
governo de incentivo às indústrias pesadas e infraestrutura que permitissem uma maior
capacidade da indústria brasileira em responder às adversidades impostas pela indústria
internacional. Lopez (2009, p.1) esclarece que “JK possibilitou a construção de hidrelétricas,
criou Furnas, adotou o Modelo Rodoviarista e construiu rodovias em abundância, criou a
USIMINAS e investiu amplamente nas indústrias”.
A industrialização, centrada no sudeste revela que a concentração comercial que estava
instalada nessa região no século XIX e até a década de 30 do século XX através do café, serviu
de base para a consolidação da indústria brasileira (havendo investimentos tanto do capital
comercial quanto financeiro, como já visto), sendo considerado, hoje, um polo tecno-industrial,
estando a produção de bens e serviços centrado nessa região. Com esses investimentos, a
dinâmica econômica começa a ser reconfigurada, para uma “industrialização concentrada no
Sudeste”, como afirma LOPEZ (2009, p. 1). “O padrão em arquipélago foi gradativamente
substituído pelo “Padrão Centro Periferia”, no qual o Sudeste era o centro e fornecia bens
industrializados para as demais regiões que seriam a periferia” (LOPEZ 2009, p. 1),
revelando-se, portanto, os primeiros indícios de conexão entre as indústrias brasileiras, mas
também as desigualdades regionais. Até a década de 60, existia um alto grau de concentração
industrial, na qual a grande maioria das indústrias se localizava na cidade de São Paulo e na sua
região metropolitana (LIMA, 2006 p. 22), na qual a criação da Superintendencia de
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) é uma reflexo destas desigualdades, na medida em
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que o seu objetivo consistia na redução das desigualdades entre os demais estados e o nordeste
(principalmente em relação ao sudeste).
Com a ditadura militar (1964-1985), houve a concentração do poder pelas instituições
militares e a configuração de um estado de exceção, privando os cidadãos de direitos e decisões,
sendo essa uma medida tomada (dentre outros motivos, como pressão internacional, problemas
sociais e políticos) pela crise econômica gerada pelas políticas de JK, dentre elas a não
cobertura cambial para importações, dando espaço para que as empresas internacionais
ocupassem o mercado e a produção brasileira, causando um déficit na indústria nacional e
tornando-a dependente do capital estrangeiro.
Dessa forma, logo após o golpe de 64, é criado o Programa de Ação Econômica do
Governo (PAEG) com o intuito de combater a inflação, associado a reformas estruturais, em
resposta às política de substituição de importações, e superar as dificuldades que se colocavam
ao crescimento econômico, geradas em grande escala nos anos 50 pela abertura ao capital
estrangeiro. Assim sendo, o regime estipula a expansão da então pequena indústria de base
como foco para o crescimento econômico. Para isso o I Plano Nacional de Desenvolvimento
(PND) foi criado para que houvesse fomentação da indústria de base e infraestrutura, sendo este
o momento em que o Estado investiu em indústria pesada, petroquímica, construção naval e
energia hidroelétrica.
Os déficits na economia brasileira no período da ditadura terão seus efeitos ao decorrer
dos anos noventa, período esse em que há uma crescente utilização de políticas neoliberais de
suporte econômico, mas que visam ao crescimento e à saúde econômica e não, em um primeiro
momento, ao desenvolvimento e às condições sociais. O Brasil utilizou em grande escala
estratégias de abertura de mercado para sobreviver durante a década de noventa, viveu nesse
período a crise da dívida:
Os anos 80 foram marcados por uma forte crise econômica em função da
redução de investimentos externos no Brasil e uma ruptura política com a passagem para democracia. Em termos econômicos, o Brasil decretou a
moratória (não pagou sua dívida externa, ou seja, "faliu") em mais de uma
oportunidade, viu a dívida externa explodir (de 4 bilhões de dólares para 95, em 1985), concentrou investimentos na agropecuária para atrair capitais e
pagar os juros da dívida, sofreu com o atraso tecnológico por não conseguir
importar produtos, viveu dramas com planos econômicos que só prejudicaram
a economia e projetavam políticos oportunistas, em resumo: viveu a Crise da Dívida (LOPEZ, 2009, p.1).
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Esse período, no qual o país passa por diversos recessos, marca um terceiro momento na
história brasileira, caracterizado pelo processo de desconcentração e descentralização das
indústrias da região metropolitana de São Paulo para o seu interior.
O desenvolvimento econômico brasileiro foi marcado por diversos processos de
descentralização. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) investigou as raízes
históricas da descentralização da indústria brasileira bem como todo o seu histórico econômico.
O resultado foi um levantamento de três momentos na economia brasileira em que a indústria é
vista sob diferentes perspectivas. Tais movimentos de mudanças estruturais na economia
brasileira podem ser divididos em três períodos, que compreendem: do início do século XX à
década de 1960; entre as décadas de 1960 e 1980; e após os anos de 1990. De 1920 a 1960,
predomina a tendência à concentração, especialmente na região Sudeste – São Paulo (IPEA).
Wanderley (2002, p.57) explica que o período entre 1950-60 foi decisivo, com a introdução da
indústria pesada no Brasil, como a indústria automobilística. Contudo, as ações estatais –
iniciadas no Governo de Juscelino Kubitschek – como o Programa de Metas, beneficiaram
sobremaneira a região Sudeste primeiramente, distanciando-a das demais regiões, gerando uma
relação de centro-periferia. A mudança nesse cenário iniciou com a integração, via
comercialização, entre a região Sudeste e as demais áreas do país.
Com o maior grau de produtividade na região Sudeste, essa competição inter-regional
tornava-se prejudicial para as outras regiões, destacando-se a região Nordeste. Mesmo com a
criação da SUDENE, a região ainda tinha suas limitações, de forma que o capital tendia a se
concentrar na região Sudeste. Os anos noventa seriam marcados por políticas neoliberais que
influenciaram tanto o âmbito político-econômico como sociocultural.
Esse período também refletiu efeitos da globalização, com a introdução de novas
tecnologias (reformulação da estrutura de produção, gestão e distribuição) e a
desregulamentação econômica – abertura comercial no governo de Fernando Collor e o Plano
Real no governo de Itamar Franco. Ações do governo de Fernando Henrique Cardoso como
políticas de câmbio, juros e privatizações também favoreceram a reestruturação produtiva da
economia brasileira (WANDERLEY, 2002, p.54-59). Mas, ainda que houvesse um plano para a
reestruturação econômica, este sofreu com os resultados das políticas dos anos 70 até os 90,
dado àquelas políticas industriais que criaram deseconomias de escalas principalmente na
região de São Paulo, sendo necessário um deslocamento das atividades industriais de forma a
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manter a taxa de retorno sobre investimento e margens de lucro crescentes, de maneira que as
indústrias e empresas se alocassem em cidades com melhores condições.
Esse processo de relocalização foi motivado pelas deseconomias de aglomeração presentes em grandes metrópoles, sobretudo São Paulo, e
também por outros fatores, como a busca das firmas por regiões com menor
densidade sindical, mão de obra mais barata e incentivos fiscais (CARLEIAL, 1997 apud DALBERTO, 2013 p. 542).
Ou seja, a região de São Paulo chegou a um ponto em que houve uma saturação das
forças de aglomeração e que levou a uma descentralização das atividades industriais para outras
regiões do país e do estado. Segundo Valentini (2008, p.18), as forças de aglomeração,
conhecidas também como forças marshallianas, é um composto de “três elementos que
promovem as vantagens aglomerativas: mão de obra qualificada, disponibilidade de serviços e
fornecedores de matéria prima especializada e a presença de spillovers de tecnologia e
conhecimento”. Nesse sentido, a região de São Paulo, uma antiga rota do café, que possuía um
mínimo de infraestrutura, tornou-se base para os primeiros passos para a industrialização do
país, e ao mesmo tempo isso se tornaria um problema no futuro, devido à concentração das
forças de produção e das relações de poder em uma só região, rejeitando em um primeiro
momento desenvolver outros locais. A partir disso, poderíamos pensar que as desconcentrações
industriais e as forças de aglomeração têm certa relação.
A configuração espacial das atividades econômicas, ou concentração industrial, é o resultado de dois tipos de forças opostas, as de aglomeração e as
de dispersão. As primeiras apontam, geralmente, para a tríade das
externalidades Marshallianas como as principais responsáveis por sua origem.
Já as forças de dispersão, ou congestion effects, incluem a imobilidade da mão de obra, custo de transporte, efeitos externos do meio ambiente e outros
(KRUGMAN e VENABLES, 1996 apud VALENTINI, 2008, p. 20).
De certa forma, durante a década de 60 na Região Metropolitana de Campinas (RMC),
como explica Baeninger (1996 p. 49), “os setores produtores de bens de consumo duráveis,
intermediários e de capitais já predominavam na estrutura industrial local e iriam liderar a
expansão das duas décadas seguintes”. Ademais, continua o autor, produtos farmacêuticos,
eletroeletrônicos, cirúrgicos e materiais de transporte tiveram suas produções expandidas na
região do interior paulista. Assim, a partir da industrialização na capital paulista entre o período
de 29 – 56, somada à malha ferroviária herdada da indústria cafeeira, a RMC pôde se conectar
com as atividades da indústria de uma forma que, na década de 60, passa a se destacar e, na
década de 70, sofre os efeitos da ditadura militar, quando esta decide descentralizar a economia
e vê, no interior do estado de São Paulo, locais que poderiam ser aproveitados. Desta política de
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desconcentração, a RMC, uma entre inúmeras regiões, com a infraestrutura que já possuía,
passa a receber os fluxos industriais presentes até então na capital, como aponta Cano (1998, p.
325),
[...] o fenômeno da desconcentração industrial de São Paulo teve também o
vetor interno. Ao desagregar-se a economia paulista em duas “regiões”, a grande São Paulo e o interior, constata-se que a desconcentração teve como
epicentro a GSP. De fato, sua participação na produção industrial nacional
também atinge seu nível máximo em 1970, com 43,5%, enquanto que o interior perfazia 14,7%. Em 1985, a participação da GSP já caíra para 29,4%
enquanto a do interior subira aceleradamente, atingindo 22,5%.
Logo, a política de descentralização da indústria em SP do ponto de vista daquelas
teorias marshallianas e congection effects passa pelos dois momentos: em um primeiro (30 –
70), quando ela se torna o ponto em que as tecnologias são desenvolvidas, a indústria pode
produzir de melhor modo e a infraestrutura urbana permite o crescimento; e num segundo
momento (74 – 90), forças de dispersão dada às políticas da ditadura em favorecer a
descentralização. Entretanto, deve-se notar que esse favorecimento tinha um viés econômico,
aquele de buscar vantagens em outros pontos no interior do estado, para otimizar a reprodução
do capital, e não o desenvolvimento social.
E a crítica que fica acerca dessa política de descentralização é que ela não
necessariamente estaria beneficiando o desenvolvimento nacional, mas o de algumas regiões
selecionadas, aquelas com melhor infraestrutura. Assim, parte da concentração industrial no
Brasil se deve às diferenças entre as regiões. São as chamadas economias de aglomeração,
também conhecidas como economias de escala, que favorecem e incentivam a implantação de
firmas em determinado lugar (ALBUQUERQUE 2012, P. 114).
As economias externas de escala dividem-se em: economias de localização (economias
de escala externas às firmas, mas internas a uma indústria de atividade numa determinada
região) e economias de urbanização (externas às firmas e também à indústria)
(ALBUQUERQUE 2012, P. 114). As economias de localização advêm da especialização,
enquanto que o outro grupo acompanha a diversidade setorial. (VALENTINI, 2008, p. 19, 21),
porém, em ambos os casos, há relação da estrutura econômica com o desenvolvimento local
(ALBUQUERQUE 2012, p. 115).
Entretanto, as vantagens das economias de aglomeração são limitadas, podendo atingir um patamar de saturação ao longo do tempo ‘aumentando os
custos de transação, impostos, além dos fatores socioambientais. Nesse
momento de saturação, como enfatizado por Wanderley (2008, p. 123-127),
ocorre a dispersão espacial das atividades produtoras. A competitividade
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empresarial faz com que indústrias se afastem da área concentrada formando
oligopólios em outras regiões. Em geral, as novas ocupações se dão em áreas
interurbanas, pois oferecem serviços básicos, infraestrutura e maiores rendas (ALBUQUERQUE, 2012, p. 116).
Nesse momento de saturação, como enfatizado por Wanderley (2008, p. 123-127),
“ocorre a dispersão espacial das atividades produtoras”. A competitividade empresarial faz com
que indústrias se afastem da área concentrada formando oligopólios em outras regiões. Em
geral, as novas ocupações se dão em áreas interurbanas, pois oferecem serviços básicos,
infraestrutura e maiores rendas. (ALBUQUERQUE 2012, p. 116). Desta descentralização,
entre as regiões metropolitanas brasileiras, a RMC apresenta o maior parque
industrial, sendo superada apenas pela Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A presença deste parque industrial moderno, de uma agricultura
tecnificada, de um setor de serviços muito diversificado e de diversas vias de
circulação possibilitaram a integração da região com outros espaços nacionais
e internacionais. Entretanto, a formação de um pólo altamente industrializado, desenvolvido e com um dos maiores níveis de vida do país contrasta com os
indicadores de desigualdades sociais e com uma grave degradação ambiental
(ORLANDO, 2003 p. 9).
Fica evidente que existem problemas relacionados à forma que esses crescimento e
desenvolvimento se dão, pois, ainda que seja uma forma de acumular para enriquecer a região,
não necessariamente esse enriquecimento será distribuído para partes menos desenvolvidas do
país. Em outras palavras, como mostra Fonseca (2010, p.2) a partir do Plano Diretor de 2006, “é
na década de 1990 que ocorrem 44% das ocupações da cidade” de Campinas. Se em um
primeiro momento, o capital cafeeiro surge como uma força de aglomeração para consolidação
da indústria, num segundo momento, o capital privado e o capital estrangeiro vão se comportar
como força de dispersão, dada a concentração urbana e centralização da produção. Das políticas
de desconcentração urbana oriundas dos anos 50 – 60 e das políticas de descentralização
industrial oriundas dos anos 70, temos um cenário onde “regiões mais dinâmicas, como a de
Campinas, São José dos Campos e, secundariamente Sorocaba, Bauru, Ribeirão Preto e São
José do Rio Preto, receberam volumes importantes desta desconcentração” (ORLANDO, 2003
p. 7). Caiado (2000 apud ORLANDO, 2003) aponta quatro fatores importantes para a dinâmica
de concentração no interior do Estado: 1) políticas públicas e investimentos diretos realizados
pelo poder público; 2) deseconomias de aglomeração presentes na capital; 3) existência de uma
agricultura moderna e 4) a existência de uma rede urbana bastante estruturada.
Fonseca, ao estudar a atual urbanização de Campinas, remete-se à Milton Santos para
revelar como a favelização e a marginalização de determinadas populações têm relação com a
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crescente e desordenada urbanização na cidade de Campinas, estimulada durante os anos 70
pela desconcentração industrial. “Neste contexto, em que a urbanização é impulsionada por
interesses corporativos, intensificam-se a periferização, a segregação e o empobrecimento
principalmente nas grandes cidades brasileiras” (SANTOS, 1987, 1993, 1996; CORRÊA, 2000
apud FONSECA, 2010, p. 1).
Em decorrência disso, conforme Cano, Brandão (2002 apud ORLANDO, 2003), há
influência direta na urbanização, como
a expansão da malha urbana [que] empurra o pobre para espaços cada vez
mais distante do núcleo metropolitano, onde se encontra a oferta de emprego, ou para a ocupação irregular de terra e favelização, ao mesmo tempo em que
assegura a constituição de reservas de valor na forma de capital imobiliário.
“Como a cidade se torna, cada vez mais, um espaço que se organiza para abrigar as
grandes firmas, isso reduz os recursos públicos possíveis de serem destinados à população,
agravando a crise social.” (SANTOS, 1994a, p. 50 apud FONSECA, 2010 p. 3). Dessa forma,
aquelas forças de aglomeração são, do ponto de vista econômico, elementos a serem
considerados para um determinado desenvolvimento econômico, e não necessariamente
estariam se preocupando com os elementos sociais e ambientais; mas baseadas na capacidade
de competição e gerando uma ocupação urbana desordenada e desigual. Assim, essa
urbanização e industrialização foram responsáveis pela elevação da população nas cidades
periféricas, onde, ao mesmo tempo em que emprega a mão de obra, não necessariamente dá a
devida infraestrutura e acesso para essas populações. “Em síntese: ocorre um processo dual na
mobilidade populacional entre os municípios integrantes da RMC. De um lado a periferização
de mão de obra pouco qualificada, e, de outro, a concentração no de classes mais abastadas no
núcleo metropolitano” (ORLANDO, 2003 p. 11).
A ocupação urbana periférica de baixa renda consolidou-se no vetor sudoeste,
com a incorporação de áreas situadas além da Rodovia Anhanguera, com a
cidade expandindo-se na direção das cidades de Paulínia e Jaguariúna, o eixo
norte-nordeste é outro forte vetor de expansão urbana e tem se destinado à habitação das camadas de renda média e alta e à localização de indústrias e
centros de pesquisa de alta tecnologia [...] e de grandes centros de consumo de
porte regional (shopping centers, hipermercados, casas noturnas, dentre outros) (CANO, BRANDÃO 2002 P. 47 apud ORLANDO, 2003 p. 12).
Assim, a urbanização bem como as atividades econômicas existentes nessas regiões
periféricas vão se configurar de uma maneira não necessariamente prevista, de uma forma que
as indústrias e empresas se adaptarão, então, a essas condições que são muitas vezes exógenas,
como é o caso das políticas neoliberais nos anos 90 que acabou facilitando a entrada de
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empresas estrangeiras, mas não amparou as estratégias dos pequenos e médios produtores.
Fábricas como a Flaskô quebraram e, neste caso, foi ocupada por trabalhadores no ano de 2003,
substituindo o patronato pela gestão democrática dos trabalhadores.
Compreendendo, então, um contexto histórico repleto de descontinuidades nas políticas
de incentivo industrial bem como impactos urbanos e sociais, o caso da Flaskô é entendido
como um caso sui generis que pode ser visto como um resultado dos avanços neoliberais frente
à sociedade brasileira, na qual o Estado, atuando de maneira branda, abrindo espaço para
avanços corporativistas a partir da injeção de capital estrangeiro, gerou reações locais, às quais
as populações opuseram-se da maneira que puderam.
3. RESULTADOS ALCANÇADOS
Até o presente momento foi feito um estudo de maneira a compreender o contexto
econômico, bem como o contexto da organização da Flaskô. A partir desse quadro, é possível
realizar a pesquisa de campo a fim de apreender a realidade do caso inscrito nesse cenário.
Dentro do contexto econômico e a relação com a história da fábrica, foi identificado que
a Região Metropolitana de Campinas (RMC), à qual pertence a empresa estudada, teve suas
indústrias consolidadas devido ao processo de desconcentração industrial que ocorreu durante o
período entre as décadas de 50 – 70, de maneira que, ao chegar ao período da década de 80 - 90,
verificou-se uma série de descontinuidades políticas e problemáticas econômicas que afetaram
as indústrias e que, no presente estudo de caso, foi um dos fatores que levou o Grupo HB
(antigos donos da Flaskô) à falência, a partir da qual, em 2003, a fábrica foi ocupada em
resposta dos trabalhadores aos problemas pelos quais passavam e decorrentes da má
administração da fábrica pela gerência da época. Atualmente, cerca de 70 trabalhadores se
organizam de maneira coletiva sem patrão e, muitas vezes, sem apoio do Estado, o que alguns
trabalhadores resumem nas seguintes palavras: “o dia a dia é como montar um cavalo doido”.
Do contexto da organização industrial, foram identificadas características acerca do
setor de transformação de plástico, como uma balança comercial negativa, alta concentração de
pequenas e médias empresas na terceira geração de transformação de plástico (cerca de onze
mil empresas), e poucas empresas na primeira e segunda geração, sendo que há empresas que
estão inseridas nas três gerações, como o caso da Brasken. Foi verificada também a necessidade
de incentivo às políticas públicas voltadas ao P&D, visando ao desenvolvimento do setor.
Acerca da competitividade, foi possível verificar cerca de 70 indicadores, a partir da pesquisa
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de Gusmão (2001), relacionados à competitividade do setor, que uma vez identificados foram
analisados junto à fábrica para verificar sua aplicabilidade em relação à sua realidade,
constituindo-se, portanto, uma tipologia da competitividade.
Assim, foram escolhidos vinte e cinco fatores, selecionados em conjunto com a fábrica,
pois havia diversos indicadores que não se aplicavam à realidade da fábrica, (como, por
exemplo, baixa tarifa de energia elétrica, incentivo ao crédito, grande porte empresarial, baixa
tributação, política antidumping, etc.), para a elaboração do questionário a ser aplicado.
A partir desse recorte, o próximo passo da pesquisa é a aplicação do questionário em
campo para apreender as perspectivas sobre a competitividade. A pesquisa com o cliente será
realizada por meio de contato via telefone e e-mail, e a pesquisa com o trabalhador, na forma de
entrevista durante o período de trabalho, em média três pessoas por visitas. Nessa etapa do
trabalho, o objetivo é não só apreender características acerca do mercado e da competitividade,
mas também demonstrar a utilização do instrumento de análise para os indivíduos da fábrica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, entendendo o caso da Flaskô como sendo configurado por uma série de
desdobramentos históricos, a dinâmica que lá ocorre deve ser vista sobre uma perspectiva que
possa trazer à tona questionamentos sobre a forma como a administração é percebida pelos
indivíduos. Entretanto, o presente trabalho busca ater-se às práticas existentes na realidade da
fábrica, uma vez que ela possui problemas concretos de inúmeras ordens que podem a todo dia
variar, conforme elementos exógenos que estão além de seu alcance. Desta forma, tendo em
vista que a macroeconomia e a microeconomia, bem como os estudos referentes ao eixo de
organização industrial e Teoria Geral da Administração (TGA) contribui para o entendimento
de algumas dinâmicas que ocorrem no interior da fábrica. Neste sentido, respeitando os eixos de
fatores encontrados na teoria (GUSMÃO 2001) e verificados junto à Fábrica a pesquisa é um
mapeamento das características de mercado. Por outro lado, a pesquisa busca entrevistar os
trabalhadores a fim de identificar elementos acerca da competitividade, conforme a perspectiva
de cada entrevistado. Enfim, a pesquisa está em um momento de pesquisa de campo, a fim de
encontrar elementos para posterior crítica.
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