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MAPA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL DANIEL BORN ROMAN

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Page 1: Mapa da Recuperação Judicial

MAPA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DANIEL BORN ROMAN

Page 2: Mapa da Recuperação Judicial

I. REQUISITOS PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL

LEGITIMIDADE ATIVA (ARTS. 1º E 2º)

Empresa ou sociedade empresária que encontrar-se em situação de crise, seja

esta de natureza econômica (retração considerável nos negócios desenvolvidos

pela sociedade simples), financeira (a incapacidade de honrar seus

compromissos por insuficiência de caixa) e/ou patrimonial (insuficiência de

bens no ativo para atender à satisfação do passivo).

Todavia, a Recuperação Judicial não poderá ser postulada por empresa pública,

sociedade de economia mista, instituição financeira, cooperativa de crédito,

consórcio, entidade de previdência complementar, operadora de plano de saúde,

seguradora, sociedade de capitalização, associação e sociedade simples.

Page 3: Mapa da Recuperação Judicial

I. REQUISITOS PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL

JUÍZO COMPETENTE (ART. 3º)

É competente para o processamento da Recuperação Judicial o

juízo do principal estabelecimento do devedor, ou seja, aquele

no qual houver a maior concentração de volume de negócios.

Page 4: Mapa da Recuperação Judicial

I. REQUISITOS PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CONDIÇÕES DA AÇÃO (ART. 48)

Poderá requerer a Recuperação judicial a empresa ou sociedade empresária que atenda aos seguintes

requisitos:

a) exerça sua atividade há mais de dois anos;

b) não seja falida e, se o foi, que estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as

responsabilidades daí decorrentes;

c) não tenha, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial ou de recuperação judicial

com base no plano especial;

d) não tenha sido condenada ou não tenha, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada

por qualquer dos crimes previstos na Lei 11.101/05.

Além disso, o cônjuge supérstite, os herdeiros, o inventariante e/ou o sócio remanescente do devedor que

faleceu poderão requerer a Recuperação Judicial (art. 48, §1º).

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I. REQUISITOS PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIALREQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL (ART. 51)

a) a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira;

b) as demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o

pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: (i)

balanço patrimonial, (ii) demonstração de resultados acumulados; (iii) demonstração do resultado desde o último

exercício social, (iv) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

c) a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do

endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos

respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;

d) a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que

têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;

e) certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de

nomeação dos atuais administradores;

f) a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor;

g) os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer

modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições

financeiras;

h) certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;

i) a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza

trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.

Page 6: Mapa da Recuperação Judicial

II. EFEITOS GERADOS PELO DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DO DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO (ART. 52)

Preenchidos os requisitos, deferirá o juiz o pedido de recuperação judicial, encerrando a fase postulatória e dando

início à fase deliberativa, podendo ser interposto Agravo de Instrumento para discutir a correção do exame dos

pressupostos. Com o deferimento do processamento ocorrem:

a) a nomeação do administrador judicial, conforme o art. 21;

b) a determinação da dispensa de apresentação de certidões negativas durante o exercício das atividades do

devedor, exceto nos casos de contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos

fiscais ou creditícios, conforme o art. 69;

c) a ordem de suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor (art. 6º), ressalvadas as ações previstas

nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6º e as relativas a créditos excetuados na forma do art. 49, §§ 3o e 4º (quem deve

informar a suspensão aos juízos competentes é o devedor);

d) a determinação ao devedor da apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação

judicial, sob pena de destituição de seus administradores;

e) a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados

e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento;

f) a expedição de edital, publicado no órgão oficial, que conterá: (i) resumo do pedido do devedor e da decisão que

defere o processamento da recuperação judicial; (ii) a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor

atualizado e a classificação de cada crédito; (iii) a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na

forma do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial

apresentado pelo devedor nos termos do art. 55.

Page 7: Mapa da Recuperação Judicial

II. EFEITOS GERADOS PELO DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DO DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO (ART. 52)

Além disso, a partir do deferimento do processamento da

recuperação judicial abre-se aos credores, a qualquer tempo, a

possibilidade de requerer a convocação da Assembleia-Geral para

constituição do Comitê de Credores (art. 36, §2º).

Da mesma maneira, a partir do deferimento do processamento da

recuperação judicial o devedor somente poderá desistir desta se

tiver aprovação da desistência na Assembleia-Geral de Credores.

Page 8: Mapa da Recuperação Judicial

III. MEIOS DE REERGUIMENTO DA EMPRESA EM CRISE

MODOS EXEMPLIFICATIVOS DE RECUPERAÇÃO DA EMPRESA (ART. 50)

I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;

II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de

cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;

III – alteração do controle societário;

IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;

V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às

matérias que o plano especificar;

VI – aumento de capital social;

VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;

VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;

Page 9: Mapa da Recuperação Judicial

III. MEIOS DE REERGUIMENTO DA EMPRESA EM CRISE

MODOS EXEMPLIFICATIVOS DE RECUPERAÇÃO DA EMPRESA (ART. 50)

IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;

X – constituição de sociedade de credores;

XI – venda parcial dos bens;

XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da

distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do

disposto em legislação específica;

XIII – usufruto da empresa;

XIV – administração compartilhada;

XV – emissão de valores mobiliários;

XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do

devedor.

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DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA DE DIREITOS CREDITÓRIOS (ART. 49, §3º)

O credor titular da posição de proprietário fiduciário não terá seus créditos submetidos aos efeitos da

Recuperação Judicial, o que pode tornar inviável o plano caso o crédito objeto de cessão represente

grande volume dos recebíveis do devedor. Na tentativa de levantar a trava, há quem argumente que o

referido artigo somente se refere à propriedade fiduciária de bens móveis - e que somente coisas

corpóreas poderiam ser, portanto, enquadradas nesta noção de bens.

Todavia, para Fabio Ulhôa Coelho, incabível o levantamento da trava bancária, mesmo sob a

argumentação de que tal levantamento se baseie no princípio da preservação da empresa, pois os

direitos creditórios seriam bens móveis para efeitos legais (art. 83, III do CC). Conforme argumenta,

tal entendimento teria sido consolidado, a título exemplificativo, na Súmula 59 do TJSP: “classificados

como bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de crédito podem ser objeto de cessão fiduciária”.

O TJRS entende que o contrato que prevê a alienação fiduciária dos direitos creditórios deve ser

registrado no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor antes do deferimento do

processamento da recuperação judicial, sob pena de tais créditos serem submetidos à recuperação

judicial na condição de quirografários.

IV. TRAVA BANCÁRIA

Page 11: Mapa da Recuperação Judicial

V. PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – DA ELABORAÇÃO À APROVAÇÃO OU OBJEÇÃO

DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (ART. 53)

O plano de recuperação judicial deverá ser apresentado em até sessenta dias após o

deferimento do processamento da recuperação judicial, contendo:

(1) discriminação pormenorizada e resumo dos meios de recuperação a ser empregados,

conforme o art. 50;

(2) demonstração de sua viabilidade econômica;

(3) laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito

por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.

Recebido o plano de recuperação judicial, o juiz ordenará a publicação de edital de aviso

aos credores, fixando prazo para apresentação de objeções, nos termos do art. 55.

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V. PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – DA ELABORAÇÃO À APROVAÇÃO OU OBJEÇÃO

DA OBJEÇÃO DOS CREDORES (ARTS. 55 E 56)

Podem os credores apresentar objeção ao plano de recuperação

judicial no prazo de trinta dias a partir da publicação da relação de

credores (art. 7º, §2º) ou nos trinta dias após a publicação do aviso

previsto no art. 53, caso este não tenha sido publicado antes da

publicação da relação de credores. Em havendo objeção de qualquer

credor, o juiz deverá convocar a Assembleia-Geral de Credores para,

em até 150 dias após o deferimento do processamento da

recuperação judicial, deliberar a respeito do plano de recuperação.

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V. PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL – DA ELABORAÇÃO À APROVAÇÃO OU OBJEÇÃO

DA APROVAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (ARTS. 58 E 59)

O plano de recuperação judicial, aprovado pela Assembleia-Geral

ou chancelado pelo juiz através do cram down (art. 58, §§1º e 2º),

implica a novação dos créditos anteriores ao pedido, obrigando

o devedor e os credores a ele sujeitos. Da decisão que conceder a

recuperação judicial caberá agravo de instrumento, que poderá

ser interposto por qualquer credor ou pelo Ministério Público.

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VI. HIPÓTESES DA CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA PELO JUIZ (ART. 73)

O juiz decretará a falência do devedor, sem prejuízo do disposto no art. 94, no caso de:

1. deliberação da Assembleia-Geral de Credores (art. 42);

2. não apresentação do plano de recuperação judicial dentro do prazo de sessenta dias

após o deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 53);

3. rejeição do plano de recuperação judicial pela Assembleia-Geral de Credores (art.

56, §4º);

4. descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação judicial

(art. 61, §1º).

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VII. EXTINÇÃO DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DA DURAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (ART. 61)

O devedor permanecerá em Recuperação Judicial até que se cumpram todas

as obrigações previstas no plano, dentro do prazo máximo de dois anos após

a concessão da Recuperação Judicial, quando se abrirá a possibilidade para

que os credores, em caso de descumprimento de qualquer das obrigações

previstas, executem o devedor ou requeiram sua falência (art. 62).

Todavia, é possível ampliar este “prazo" de duração da Recuperação Judicial

através de previsões no plano homologado, como a previsão de período de

carência para o início do cumprimento das obrigações, por exemplo.

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VII. EXTINÇÃO DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DA EXTINÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (ART. 63)

O juiz decretará por sentença o encerramento da Recuperação Judicial se cumpridas as obrigações previstas no prazo de

dois anos, determinando:

(1) o pagamento dos honorários do administrador judicial que tiver suas contas aprovadas;

(2) a apuração do saldo das custas judiciais a recolher;

(3) a apresentação de relatório do administrador judicial a respeito da execução do plano de recuperação pelo devedor;

(4) a dissolução do Comitê de Credores;

(5) a exoneração do administrador judicial;

(6) a comunicação ao Registro Público de Empresas.

Encerra-se a Recuperação Judicial também caso existente pedido de desistência feito pelo devedor e autorizado pela

Assembleia-Geral de Credores, retornando as obrigações aos seus termos anteriores ao deferimento do benefício (status

quo ante).