mapa da recuperação judicial - arthur keskinof zanfelice e joão pedro xausa

38
RECUPERAÇÃ O JUDICIAL João Pedro Azevedo Xausa Arthur Keskinof Zanfelice

Upload: joao-pedro-xausa

Post on 11-Aug-2015

66 views

Category:

Education


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

RECUPERAÇÃOJUDICIAL

João Pedro Azevedo Xausa Arthur Keskinof Zanfelice

Page 2: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Objetivos da Recuperação JudicialEstão listados no Art. 47 da Lei nº 11.101, que introduziu a figura da Recuperação Judicial no ordenamento jurídico brasileiro:

▪ viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor;

▪ permitir a manutenção da fonte produtora;

▪ permitir a manutenção do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores;

▪ promover a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Page 3: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Quem pode pedir Recuperação▪ Nem todas as sociedades, porém, podem pedir Recuperação Judicial. O

Art. 2º da Lei de Falências, desta forma, determina:

Art. 2o Esta Lei não se aplica a:

I – empresa pública e sociedade de economia mista;

II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Page 4: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

O que leva uma empresa a pedir Recuperação?

▪ A empresa opta pela Recuperação Judicial quanto se encontra em uma situação de crise provisória. Isso significa que é possível que ela saia da crise, volte a apresentar resultados positivos e cumpra sua função social. O instituto da Recuperação Judicial, dessa forma, difere do da falência, pois esta se destina à crises definitivas, ou seja, insuperáveis.

▪ Há três tipos de crises:▪ Crise Econômica: Caracterizada pela incapacidade de gerar resultados positivos na

atividade desenvolvida.

▪ Crise Patrimomial: Caracterizada pelo descompasso entre a atividade econômica e os ativos da empresa

▪ Crise Financeira: Caracterizada pela falta de liquidez da empresa, que se vê incapaz de pagar suas contas. É a crise mais grave.

Page 5: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Requisitos para o requerimento da Recuperação Judicial

▪ O Art. 48 da Lei de Falências lista os requisitos para que o devedor (empresário ou sociedade empresária) possa requerer a RJ:▪ Devedor não pode ser falido; se foi anteriormente, suas responsabilidades

decorrentes da falências devem ter sido extintas mediante sentença transitada em julgado

▪ Não ter obtido concessão de recuperação judicial nos últimos 5 anos;

▪ Não ter obtido concessão de Plano de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte nos últimos 5 anos;

▪ Não ter sido condenado ou não ter sido administrador ou sócio controlador de sociedade condenada por crimes falimentares.

Admite-se, ainda, que cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente requeiram recuperação judicial.

Page 6: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

O pedido de Recuperação Judicial▪ Estando presentes os requisitos do Art. 48, o devedor pode ingressar

com o pedido de Recuperação Judicial. A competência para o deferimento da recuperação é do juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil (Art. 3º).

▪ Os requisitos da petição inicial onde constará o pedido de recuperação judicial se encontram listados no Art. 51.

▪ Se a petição estiver de acordo com as exigências do Art. Supracitado, juiz deferirá o processamento da recuperação judicial.

Page 7: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

O deferimento do pedido▪ No momento do deferimento do pedido de recuperação, o juiz deve

(Art. 52):▪ nomear o administrador judicial;

▪ determinar a dispensa da apresentação de certidões negativas, para que possa o devedor exercer suas atividades;

▪ ordenar a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do Art. 6º, ressalvadas as exceções previstas nos §§ 1º, 2º e 7º do art. 6º e nos §§ 3º e 4º do Art. 49;

▪ determinar ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais;

▪ ordenar a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.

Page 8: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Efeitos do deferimento▪ O Art. 6º da Lei 11.101 dispõe sobre os efeitos do deferimento da

Recuperação Judicial:

▪ Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

▪ O § 4º do mesmo Art. aborda a duração do prazo:▪ § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em

hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

Page 9: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

O período de stay▪ Esse prazo de 180 dias recebe o nome de stay period. O prazo de stay não é

automático, devendo ser decretado pelo juiz.

▪ Apesar do Art. definir que, após o decurso do prazo o direito dos credores de continuar ou iniciar ações de execução é restabelecido, a jurisprudência vem adotando interpretação diferente. Dessa forma, mesmo após o fim do stay period, revela-se incabível o prosseguimento automático das execuções individuais. Caso as ações pudessem prosseguir após o decurso do referido prazo, inviabilizado ficaria o cumprimento do plano de recuperação judicial. Assim, haveria necessidade da decretação de falência da empresa, o que acarretaria igualmente a suspensão das ações individuais. Caso as ações pudessem prosseguir após o decurso do referido prazo, inviabilizado ficaria o cumprimento do plano de recuperação judicial. Assim, haveria necessidade da decretação de falência da empresa, o que acarretaria igualmente a suspensão das ações individuais.

Page 10: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Exceções à suspensão de 180 dias▪ Dispõe o §1º do Art. 6º:

§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.

▪ A lei prevê que as ações que demandem quantias ilíquidas devam prosseguir no juízo em que já estiverem se processando. A lei permite que o credor peça reserva do valor referente ao crédito. Tal reserva deve ser pedido perante o processo no qual se demanda quantia ilíquida, e não frente ao administrador judicial da recuperação judicial.

▪ A ideia é que seja formado o título executivo para que o credor de quantia ilíquida possa participar do concurso de credores, simplesmente habilitando e comprovando a existência do seu crédito liquido quando devidamente constituído no juízo competente.

Page 11: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Outra exceção ao referido período de stay diz respeito às execuções de natureza fiscal:

§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.

▪ Além disso, os créditos fiscais não participam da recuperação judicial e não é o fisco integrante do quadro de credores.

▪ Apesar de poder prosseguir com as execuções, não pode o fisco afetar o patrimônio do devedor.

▪ Ainda sobre os créditos fiscais, dispõe o Art. 57:Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.

Page 12: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ A jurisprudência entende ser impossível de cumprimento pelo devedor a obrigação imposta no Art. supracitado, pois toda empresa com problemas econômicos deve ao fisco. Exigir, portanto, a apresentação de certidões negativas de débitos tributários pelo devedor, inviabilizaria a recuperação judicial da maioria das empresas.

▪ Por fim, há a exceção relativa aos créditos trabalhistas:§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.

§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores.

Page 13: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Outros efeitos do deferimento▪ A Criação do juízo universal da Recuperação Judicial, competente para o

ajuizamento de demandas envolvendo o patrimônio e os credores do devedor.

▪ A conservação dos credores de seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso, conforme o §1º do Art. 49

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.

§ 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.

▪ A novação das obrigações, conforme o Art. 59.

Page 14: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Formação do Quadro Geral de Credores▪ Como são suspensas as execuções individuais, é necessário que ocorra

um processo de verificação dos créditos, a fim de que se determine quais créditos serão incluídos no plano de recuperação judicial. As verificações de crédito, dessa forma, substituem as execuções e ações individuais.

▪ São necessárias, assim, regras que disciplinem a formação de um quadro geral de credores. Essa formação possui duas fases: a administrativa e a judicial.

▪ Há, ainda, a hipótese de rescisão do quadro de credores.

Page 15: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Fase Administrativa▪ Haverá a publicação de uma relação nominal de credores na data do

processamento da Recuperação Judicial. Essa relação deve ser informada pelo devedor, devendo conter a natureza, a classificação e o valor atualizado de seu crédito, bem como o endereço do credor.

▪ A partir da publicação, inicia-se um prazo de 15 dias para que os credores apresentem suas habilitações e divergências em relação ao que consta na lista.

▪ Junto com a apresentação divergência ou habilitação devem constar os documentos que comprovem as alegações do credor e os motivos, no caso da divergência, pelos quais aponta erro no que foi divulgado na relação.

Page 16: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Os documentos relativos aos arquivos e a contabilidade do devedor devem ser consultados pelo administrador judicial, a fim de apurar todas as dívidas do devedor e proceder na elaboração da lista de credores, que precede a elaboração do quadro geral de credores.

▪ Após analisar os documentos do devedor e as divergências e habilitações, abre-se um prazo de 45 dias para que o administrador judicial elabore uma nova relação de credores. Tal relação deve ser publicada em edital.

▪ Durante o referido período, o administrador deve, por intermédio de cartas, dar ciência aos credores das informações sobre seu respectivo crédito.

Page 17: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Fase Judicial▪ Após a publicação do edital, abre-se o prazo de 10 dias para que sejam

realizadas impugnações de crédito, apontando a ausência de crédito na relação publicada ou questionando crédito seu ou crédito alheio.

▪ Quaisquer dos credores, o devedor, o Ministério Público e o Comitê de Credores (caso esse exista) são legitimados para a propositura de impugnações.

▪ A impugnação se dá em relação ao quadro de credores, e ocorre mediante procedimento sumário. Qualquer crédito pode ser impugnado.

▪ Habilitações que não foram feitas administrativamente podem ser realizadas nesses dez dias, sendo consideradas retardatárias. Seu processamento se dará tal qual o das impugnações.

Page 18: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ As habilitações retardatárias, por serem feitas foras do prazo, implicam algumas consequências:

▪Os titulares de créditos retardatários perdem o direito de voto nas deliberações da assembleia geral de credores. Caso o crédito seja trabalhista, entretanto, seu titular manterá o referido direito de voto.

▪Os credores retardatários perdem o direito a rateios eventualmente realizados

▪Titulares de créditos retardatários ficam sujeitos ao pagamento de custas processuais e nos respectivos créditos não serão computados os consectários legais entre o término do prazo de 15 dias para apresentação da habilitação ou divergência e a data do pedido de habilitação.

▪ Cada impugnação será julgada em separado, num novo processo, diferentemente do que ocorre com as habilitações. Impugnações versando sobre o mesmo crédito serão julgadas nos mesmos autos, porem.

Page 19: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Aos credores que tiveram seus créditos impugnados haverá um prazo de 5 dias para contestação. Quem teve o crédito impugnado, portanto, deve provar a existência deste.

▪ Das decisões sobre impugnações cabe agravo.

▪ Após serem julgadas todas as habilitações e impugnações, o administrador judicial deve consolidar o quadro de credores. Este quadro deve ser apresentado ao juiz, que então o homologará.

▪ Após a homologação do quadro de credores, cabe ação rescisória até que haja o encerramento da recuperação judicial. Para a propositura de tal ação, deve-se comprovar a ocorrência de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, a descoberta de documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro geral de credores. O administrador judicial, o Comitê de Credores, qualquer credor e o Ministério Público são legitimados para propor a ação rescisória. A ação será proposta no juízo universal da recuperação judicial, exceto nas hipóteses de créditos trabalhistas ou de quantia ilíquida. O pagamento ao titular de crédito atingido somente poderá ser realizado mediante a prestação de caução no valor do crédito questionado.

Page 20: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Administrador Judicial▪ O papel do administrador é de gestão da massa falida sob a

fiscalização do juiz. Suas atividades são diversas, e, inicialmente, semelhantes na recuperação judicial e na falência, listadas no inciso I do artigo 22 da Lei de Falências:

a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;

Page 21: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;

▪ No segundo inciso, as atividades do administrador judicial exclusivas do processo de recuperação judicial:

a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei;

Page 22: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Comitê de Credores▪ A nova lei institucionalizou este órgão, de existência não obrigatória,

ao qual concedeu diversas funções nos processos de recuperação judicial e de falência. A função principal é de fiscalização do andamento do processo.

▪ O Comitê de Credores será constituído por um representante e dois suplentes de cada classe dos: credores trabalhistas, credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais e quirografários e com privilégios gerais.

▪ Suas atribuições são arroladas nos dois primeiros incisos do artigo 27 da Lei 11.101/2005, estes que serão transcritos no próximo slide, e são referentes às atividades realizadas pelo Comitê de Credores na falência e recuperação judicial ou apenas na recuperação judicial, respectivamente.

Page 23: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

I – na recuperação judicial e na falência: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores; f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; II – na recuperação judicial: a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação; b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.

Page 24: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Assembleia Geral de Credores▪ Na nova lei, foram conferidos a este órgão poderes outrora

inexistentes, o que empoderou e incentivou bastante a realização das assembleias.

▪ O papel da assembleia é somar os vetores dos interesses dos credores, de forma a buscar um interesse comum a todos.

▪ Função deliberativa, não decisória, cabendo ao juiz decidir acerca da legalidade da deliberação dos credores (mas não do mérito).

▪ O funcionamento da assembleia é facultativo. Mesmo na RJ, se não houver objeção de nenhum credor ao plano apresentado pelo devedor, poderá a Assembleia jamais chegar a ser convocada.

Page 25: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Convocação▪ As hipóteses de convocação estão listadas nas alíneas do inciso I do artigo 35 da Lei de Falências, sendo elas a aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; ou qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

▪ Sua realização é imprescindível, uma vez que a decisão deliberada pela Assembleia vincula todos os credores.

▪Compete apenas ao juiz, de ofício, a pedido de detentor(es) de pelo menos 25% dos créditos de cada classe, ou a pedido do Comitê de Credores ou administrador Judicial.

Page 26: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Feita em edital de jornal de grande circulação.▪ Prazo material de 15 dias.▪ Deve conter local, data e hora da Assembleia em primeira e segunda

convocação.▪ Somente serão computados para fins de quórum de instalação os

credores mencionados no caput do artigo 39 da Lei 11.101/2005 (pessoas arroladas no quadro geral de credores ou lista de credores apontada pelo devedor

▪ Na elaboração do plano de recuperação judicial, todas as classes devem aprová-lo. Na classe dos detentores de títulos de créditos de natureza trabalhista, a aprovação deve ser por cabeça (quantitativa), e não proporcional ao valor dos créditos (qualitativa). Nas outras, é necessária a maioria simples quantitativa e qualitativa.

Page 27: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Classes de Credores▪ Classe dos Trabalhadores.

▪ Classe dos Titulares de créditos com garantia real. Banqueiros e instituições financeiras. Votam nessa classe até o valor do bem gravado, pelo restante do valor de seu créditos, votam com a classe dos quirografários. Podem influenciar, portanto, duas classes.

▪ Classe dos titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados. É uma classe com interesses heterogêneos, porque o recebimento de cada credor será diferente , é uma classe residual.

Page 28: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Classe dos titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. É uma nova classe, que atentou para os pequenos credores, a fim de permitir o recebimento de seus créditos antes, inclusive. Isso porque seus interesse eram diluídos na classe anterior.

Page 29: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Cram Down▪ Consiste em autorizar o juiz a aprovar o plano rejeitado por alguma

classe de credores, desde que se verifique a viabilidade econômica daquele plano e a necessidade de se tutelar o interesse social vinculado à preservação da empresa.

▪ No nosso ordenamento jurídico, mais especificamente, no artigo 58, parágrafo primeiro, da Lei de Falências, estabeleceu-se o mecanismo acima mencionado, o qual existe para que se corrijam os excessos da legislação. É o interesse coletivo que deve prevalecer com a preservação da empresa e, consequentemente, da dignidade da pessoa humana envolvida no ciclo dessa atividade econômica. Em não ocorrendo a aprovação da proposta de recuperação, o cram down é a única hipótese em oposição à declaração de falência pelo juiz.

Page 30: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

O Plano de Recuperação Judicial▪ É a essência da recuperação judicial. A partir do cumprimento dos

meios de reerguimento da empresa, que são traçados na elaboração do plano de recuperação judicial, é que se pretende tornar a atividade empresarial rentável novamente, de modo que satisfaça os seus débitos e volte a cumprir sua função social de modo economicamente viável.

▪ O artigo 50 da Lei 11.101/2005 traz uma vasta lista de meios que podem ser empregados ao longo da recuperação judicial. Ainda assim, é livre a implementação de outras atitudes que visem à melhor efetividade do processo.

Page 31: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; III – alteração do controle societário; IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; VI – aumento de capital social; VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;

VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;

Page 32: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; X – constituição de sociedade de credores; XI – venda parcial dos bens; XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; XIII – usufruto da empresa; XIV – administração compartilhada; XV – emissão de valores mobiliários; XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.

Page 33: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

A Polêmica das Travas Bancárias▪ A "trava bancária", ou cessão fiduciária de créditos recebíveis, é a

garantia oferecida aos bancos pelas empresas na obtenção de empréstimos bancários para fomentação de suas atividades.

▪ O grande debate jurídico que gira em torno da figura da "trava bancária" reside na exclusão dos efeitos da recuperação judicial de todos os bens que integrarem o patrimônio da empresa devedora, ou porque não foram efetivamente adquiridos, ou porque foram alienados primordialmente para terceiros, o que, para parte da doutrina e jurisprudência, iria de encontro aos princípios da efetiva viabilidade econômica e da recuperação da empresa, que não consegue atingir seu objetivo.

Page 34: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Entretanto, em se tratando a "trava bancária" de espécie de contrato de alienação fiduciária, com previsão de transferência da propriedade ao credor de direitos e/ou títulos em crédito, atuais e futuros, até a liquidação total da dívida, é evidente que se a analisarmos com o quanto disposto no artigo em referência, decorre-se a lógica conclusão de que essa modalidade contratual não deve sofrer os efeitos da recuperação judicial, eis que se trata de bem móvel para efeitos legais, de caráter patrimonial, sendo abarcado, portanto, pela exclusão prevista no artigo 49, parágrafo 3º, da lei 11.101/2005.

▪ Portanto, conforme entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo, “(...)é inadmissível a liberação de travas bancárias com penhor de recebíveis e, em consequência, o valor recebido em pagamento das garantias deve permanecer em conta vinculada durante o período de suspensão previsto no parágrafo 4º, do artigo 6º, de referida Lei”.

Page 35: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Convolação da Recuperação Judicial em Falência

▪ A convolação da recuperação judicial em falência consiste na desistência do reerguimento da empresa, seja ela causada pela vontade, inépcia, má fé ou incapacidade técnica de algum(ns) dos agentes que participam deste complexo processo.

▪ Suas hipóteses de ocorrência estão listadas nos incisos e parágrafo único do artigo 73 da Lei 11.101/2005, este que será transcrito no próximo slide.

Page 36: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial: I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4o do art. 56 desta Lei; IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1o do art. 61 desta Lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei.

Page 37: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

Extinção do Processo de Recuperação Judicial

Conforme o artigo 61 da Lei de Falências, o processo de recuperação judicial se estende até a data em que sejam cumpridas todas as obrigações previstas no plano e que tenham data de vencimento em até 2 anos depois da concessão da recuperação judicial.

O descumprimento de obrigações previstas no plano durante o referido período acarreta a convolação da recuperação judicial da empresa em falência.

Logicamente, o fim da recuperação judicial extingue as vantagens inerentes a ela que a empresa contrai, permitindo que qualquer credor execute ou requeira a falência da empresa que não cumpre suas obrigações.

Page 38: Mapa da Recuperação Judicial - Arthur Keskinof Zanfelice e João Pedro Xausa

▪ Da extinção do processo de recuperação judicial, decorrem certas determinações, listadas no artigo 63 da lei supracitada: a apuração das custas judiciais e serem recolhidas; a apresentação de relatório do administrador judicial, no prazo de 15 dias, acerca da execução do plano; a dissolução do Comitê de Credores e exoneração do administrador judicial; e a comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis.