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MANUAL DOS TÉCNICOS: PREVIDENCIÁRIO Volume III: Atividades Especiais

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MANUAL DOS TÉCNICOS: PREVIDENCIÁRIO

Volume III: Atividades Especiais

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ÍNDICE DE TÓPICOS O que são atividades especiais?..............................................................3 Aplicabilidade legal e temporal................................................................4 As leis conforme o tempo de serviço prestado.......................................................................................5 Formas de exposição...............................................................................8 Uso do EPI no Processo Previdenciário........................................................................................10 AGENTES NOCIVOS Agentes Físicos.......................................................................................13 Ruído......................................................................................................13 Calor.......................................................................................................16 Frio.........................................................................................................16 Radiação Ionizante.................................................................................17 Pressão Atmosférica Anormal................................................................17 Radiação Não Ionizante.........................................................................18 Vibrações................................................................................................19 Poeiras (geral)........................................................................................20 Agentes Químicos..................................................................................21 Hidrocarbonetos....................................................................................22 Amônia ou Amoníaco.............................................................................24 Cianeto ou Cianureto.............................................................................25 Cromo VI................................................................................................27 Sílica.......................................................................................................28 Amianto ou Asbesto...............................................................................29 Agentes biológicos.................................................................................31 Agentes periculosos...............................................................................32

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São atividades onde o segurado trabalha exposto a agentes nocivos a saúde do trabalhador, que podem ser físicos, químicos e/ou biológicos, ou que sejam nocivos a integridade física do segurado, chamados de Agentes Periculosos.

Os agentes nocivos e suas intensidades são definidos pelo Poder Executivo, conforme determina o Art. 58 da LBPS (8.213/91). Hoje, eles estão previstos no Anexo IV do Decreto 3.048/88 (clique para ser redirecionado)

Atualmente, é necessária a comprovação através de

critérios objetivos, trazidos no Anexo IV, já citado, e também na NR-15, norma trabalhista utilizada como norte para critérios específicos não previstos no decreto.

Quanto aos agentes periculosos, como eletricidade e

porte de arma de fogo, tem sua previsão no Anexo do Decreto 53.831/64, sendo estendida sua aplicabilidade até os dias atuais pela Súmula 198/TFR, e na CLPS (Decreto 77.077/76)

O QUE SÃO ATIVIDADES ESPECIAIS

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Com relação ao reconhecimento das atividades exercidas como especiais, o tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador.

Desse modo, uma vez prestado o serviço sob a

égide de legislação que o ampara, o segurado adquire o direito à contagem como tal, bem como à comprovação das condições de trabalho na forma então exigida, não se aplicando retroativamente uma lei nova que venha a estabelecer restrições à admissão do tempo de serviço especial.

Tal entendimento foi manifestado pelo Superior

Tribunal de Justiça em julgamento de recurso repetitivo já transitado em julgado, que estabeleceu também a possibilidade de conversão de tempo de serviço especial em comum, mesmo após 1998 (REsp 1151363/MG, STJ, 3ª Seção, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 05.04.2011).

APLICABILIDADE LEGAL E TEMPORAL

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No período de trabalho até 28/04/1995, quando vigente a Lei n° 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social) e suas alterações e, posteriormente, a Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios) em sua redação original (artigos 57 e 58), é possível o reconhecimento da especialidade do trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade enquadrável como Especial nos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial, ou quando demonstrada a sujeição do segurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova (exceto para ruído e calor/frio, casos em que sempre será necessária a mensuração dos níveis por meio de perícia técnica, ou noticiada em formulário emitido pela empresa, a fim de se verificar a nocividade ou não desses agentes).

Para o enquadramento das categorias

profissionais, devem ser considerados os Decretos nº 53.831/64 (Quadro Anexo - 2ª parte), nº 72.771/73 (Quadro II do Anexo) e nº 83.080/79 (Anexo II).

AS LEIS CONFORME O TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO

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No período entre 29/04/1995 e 05/03/1997 foi definitivamente extinto o enquadramento por categoria profissional, de modo que, neste interregno (período em que vigentes as alterações introduzidas pela Lei nº 9.032/95 no artigo 57 da Lei de Benefícios), é necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer meio de prova, considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de formulário-padrão preenchido pela empresa, sem a exigência de embasamento em laudo técnico (com a ressalva dos agentes nocivos ruído e calor/frio, cuja comprovação depende de perícia, como já referido).

Para o enquadramento dos agentes nocivos,

devem ser considerados os Decretos nº 53.831/64 (Quadro Anexo - 1ª parte), nº 72.771/73 (Quadro I do Anexo) e nº 83.080/79 (Anexo I);

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A partir de 06/03/1997, quando vigente o Decreto nº 2.172/97, que regulamentou as disposições introduzidas no artigo 58 da Lei de Benefícios pela Medida Provisória nº 1.523/96 (convertida na Lei nº 9.528/97), passou-se a exigir, para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a comprovação da efetiva sujeição do segurado a agentes agressivos por meio da apresentação de formulário-padrão, embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. Para o enquadramento dos agentes nocivos, devem ser considerado os Decretos nº 2.172/97 (Anexo IV) e nº 3.048/99.

A partir de 1.1.2004, o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) passou a ser documento indispensável para a análise do período cuja especialidade for postulada (artigo 148 da Instrução Normativa nº 99 do INSS, publicada no DOU de 10-12-2003). Tal documento substituiu os antigos formulários (SB-40, DSS-8030, ou DIRBEN-8030) e, desde que devidamente preenchido, inclusive com a indicação dos profissionais responsáveis pelos registros ambientais e pela monitoração biológica, exime a parte da apresentação do laudo técnico em juízo.

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A habitualidade e permanência do tempo de trabalho em condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física (referidas no artigo 57, § 3º, da Lei n° 8.213/91) não pressupõem a exposição contínua ao agente nocivo durante toda a jornada de trabalho.

Tal exposição deve ser ínsita ao desenvolvimento das atividades cometidas ao trabalhador, integrada à sua rotina de trabalho, e não de ocorrência eventual ou ocasional. Exegese diversa levaria à inutilidade da norma protetiva, pois em raras atividades a sujeição direta ao agente nocivo se dá durante toda a jornada de trabalho e, em muitas delas, a exposição em tal intensidade seria absolutamente impossível (EINF n.º 0003929-54.2008.404.7003, TRF/4ª Região, 3ª Seção, Rel. Des. Federal Rogério Favreto, D.E. 24.10.2011; EINF n.º 2007.71.00.046688-7, TRF/4ª Região, 3ª Seção, Rel. Des. Federal Celso Kipper, D.E. 7.11.2011).

FORMAS DE EXPOSIÇÃO

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Ademais, conforme o tipo de atividade, a exposição ao respectivo agente nocivo, ainda que não diuturna, configura atividade apta à concessão de aposentadoria especial, tendo em vista que a intermitência na exposição não reduz os danos ou riscos inerentes à atividade, não sendo razoável que se retire do trabalhador o direito à redução do tempo de serviço para a aposentadoria, deixando-lhe apenas os ônus da atividade perigosa ou insalubre (EINF n° 2005.72.10.000389-1, TRF/4ª Região, 3ª Seção, Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira, D.E. 18.5.2011; EINF n° 2008.71.99.002246-0, TRF/4ª Região, 3ª Seção, Rel. Des. Federal Luís Alberto D'Azevedo Aurvalle, D.E. 8.1.2010).

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A Medida Provisória n° 1.729/98 (posteriormente convertida na Lei 9.732/1998) alterou o § 2º do artigo 58 da Lei 8.213/1991, determinando que o laudo técnico contenha: I) Informação sobre a existência de tecnologia de

proteção individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância, e

II) Recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. Por esse motivo, em relação à atividade exercida

no período anterior a 03/12/1998 (data da publicação da Medida Provisória), a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é irrelevante para o reconhecimento das condições especiais, prejudiciais à saúde ou à integridade física do trabalhador. O próprio INSS já adotou esse entendimento na Instrução Normativa n° 45/2010 (artigo 238, § 6º).

O USO DO EPI NO PROCESSO PREVIDENCIÁRIO

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Em período posterior a 03.12.1998, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal a existência de repercussão geral quanto ao tema (Tema 555). No julgamento do ARE 664.335 (Tribunal Pleno, Rel Min. Luiz Fux, DJe 12.2.2015), a Corte Suprema fixou duas teses:

1) o direito à aposentadoria especial pressupõe

a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial;

2) na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

Ou seja: nos casos de exposição habitual e

permanente a ruído acima dos limites de tolerância sempre caracteriza a atividade como especial, independentemente da utilização ou não de EPI, ou de menção em laudo pericial à neutralização de seus efeitos nocivos, uma vez que os equipamentos eventualmente utilizados não detêm a progressão das lesões auditivas decorrentes;

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Em relação aos demais agentes, a não configuração da natureza especial da atividade em decorrência da utilização de EPI's é admissível, desde que estejam demonstradas no caso concreto a existência de controle e periodicidade do fornecimento dos equipamentos, a sua real eficácia na neutralização da insalubridade e, ainda, que o respectivo uso era, de fato, obrigatório e continuamente fiscalizado pelo empregador.

Ressalte-se, por fim, que para afastar o caráter

especial das atividades desenvolvidas pelo segurado é necessária uma efetiva demonstração da elisão das consequências nocivas, além de prova da fiscalização do empregador sobre o uso permanente dos dispositivos protetores da saúde do obreiro durante toda a jornada de trabalho.

É importante ressaltar que cabe ao empregador

registrar a entrega dos Equipamentos, fiscalizar seu uso da maneira correta, e garantir sua eficácia à proteção do trabalhador.

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São considerados agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como, o infrassom e o ultrassom.

• AGENTES FÍSICOS

• RUÍDO

Quanto ao ruído exige-se a demonstração da efetiva exposição, mediante aferição do nível de decibéis (dB) por meio de parecer técnico.

O Quadro Anexo do Decreto n° 53.831/1964, o Anexo I do Decreto n° 83.080/1979, o Anexo IV do Decreto n° 2.172/1997, e o Anexo IV do Decreto nº 3.048/1999 (alterado pelo Decreto n° 4.882/2003) consideram insalubres as atividades que expõem o segurado a níveis de pressão sonora superiores a 80, 85 e 90 decibéis, consoante Códigos 1.1.6, 1.1.5, 2.0.1 e 2.0.1, como demonstra o resumo a seguir, de acordo com o período trabalhado:

AGENTES NOCIVOS

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• Até 5-3-1997: Anexo do Decreto nº 53.831/64 (superior a 80dB)

• De 6-3-1997 a 6-5-1999: Anexo IV do Decreto nº 2.172/97 (superior a 90 dB)

• De 7-5-1999 a 18-11-2003: Anexo IV do Decreto n.º 3.048/99, em sua redação original (superior a 90 dB)

• A partir de 19-11-2003: Anexo IV do Decreto n.º 3.048/99, alterado pelo Decreto n.º 4.882/2003 (superior a 85 dB)

O STJ, analisando o tema, concluiu pela seguinte tese: “O limite de tolerância para configuração da especialidade do tempo de serviço para o agente ruído deve ser de 90 dB no período de 6.3.1997 a 18.11.2003, conforme Anexo IV do Decreto 2.172/1997 e Anexo IV do Decreto 3.048/1999, sendo impossível aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003, que reduziu o patamar para 85 dB, sob pena de ofensa ao art. 6º da LINDB (ex-LICC). Precedentes do STJ. Caso concreto (REsp n° 1398260/PR, STJ, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 5-12-2014)”

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Quando demonstrada a exposição a níveis de ruído acima dos limites de tolerância, independentemente da neutralização dos agentes nocivos pelo uso de equipamentos de proteção individual, está caracterizada a atividade como especial.

Quanto aos critérios de aferição do ruído,

inexistindo informações sobre a média ponderada, é caso de adoção da média aritmética simples.

A jurisprudência tem admitido a utilização de

provas periciais extemporâneas, posteriores ao labor, por conta da presunção de redução da nocividade com o passar dos anos, mas não o contrário (utilização dos laudos para comprovação de tempo futuro).

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• CALOR

Para o reconhecimento da atividade especial por calor, é necessário que haja exposição a temperatura de 28ºC pelo Índice do Bulbo Úmido Termômetro Globo (IBUTG).

O reconhecimento da atividade especial em altas

temperaturas é regulado pelo já citado Anexo IV do Decreto 3.048/99 e pela NR-15, no seu Anexo nº 3

É importante frisar que a temperatura excessiva

deve ser gerada por meio artificial, como máquinas, fornalhas, caldeiras e etc., e nunca por variações climáticas.

• FRIO

As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.

AGENTES NOCIVOS

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• RADIAÇÃO IONIZANTE Nas atividades ou operações onde trabalhadores

possam ser expostos a radiações ionizantes, a avaliação desse tipo de raio é feita de forma qualitativa, pois em conformidade com o art. 284 da IN 77/2015, os agentes dispostos na Portaria Interministerial nº 9, tem sua análise de forma qualitativa, e a mera exposição, independente o grau, dá direito a atividade especial.

• PRESSÃO ATMOSFÉRICA ANORMAL

As atividades em Pressão Atmosférica Anormal são os efetuados em ambientes onde o trabalhador é obrigado a suportar pressões maiores ou menores que a atmosférica, como por exemplo, dos aeronautas.

O interior dos aviões - local fechado, submetido a condições ambientais artificiais, reveste-se de todas as características das câmaras hiperbáricas em relação às quais há expressa previsão legal reconhecendo a condição especial do labor exercido no seu interior pois, indubitavelmente, a pressão atmosférica produzirá efeitos no organismo do trabalhador que tem a sua rotina de trabalho como comissário de voo.

AGENTES NOCIVOS

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Apesar de não haver previsão expressa do reconhecimento de atividade especial com Radiação Não-Ionizante, seu reconhecimento é possível através de uma série de destrinchamentos técnicos, nos casos de clientes que trabalham com solda elétrica do tipo TIG ou MIG. Importante ressaltar que nesses casos, dependendo o aparelho, ainda há exposição ao Óxido de Etileno, gás com hidrocarboneto. Clique aqui para ver mais.

No tocante as soldas elétricas, seja MIG ou TIG,

as mesmas emitem radiação ultravioleta, que é potencialmente cancerígena, e está inclusa no rol da Portaria Interministerial 09, de forma que ainda que o contato seja habitual e intermitente, é possível o reconhecimento da atividade especial.

Para fazer a prova dos períodos com solda, é

importante atentar-se se a Inversora de Solda utiliza gás, qual o tipo de eletrodo ou arame de solda, para comprovação de forma efetiva da exposição, ainda que Habitual e Intermitente, aos gases e vapores de solda.

• RADIAÇÃO NÃO-IONIZANTE

AGENTES NOCIVOS

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• VIBRAÇÕES Os critérios de vibração são estabelecidos na

Norma Regulamentadora 15, em seu anexo VIII, que divide em Vibração de Mãos e Braços (VMB) e Vibração do Corpo Inteiro (VCI).

Segundo a norma, caracteriza-se a condição

insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2, ou caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI:

a) valor da aceleração resultante de exposição

normalizada (aren) de 1,1 m/s2; b) valor da dose de vibração resultante (VDVR)

de 21,0 m/s1,75.

AGENTES NOCIVOS

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• POEIRAS (GERAL) Um dos agentes mais comuns, e que merece

total atenção na hora de analisar se determinada atividade é especial ou não são as poeiras.

Isso porque, de forma geral, são partículas

físicas, suspensas no ar, que podem conter série de agentes químicos na sua forma sólida. Se bem aproveitada, é uma prova essencial que pode corroborar o reconhecimento da atividade especial.

As diversas formas de poeira que podem

caracterizar atividade especial estão na Portaria Interministerial 09.

Dentre as poeiras físicas que caracterizam

atividade especial estão: poeira de couro, poeira de madeira, poeira de sílica, cristalina, em forma de quartzo ou cristobalita.

Esses ambientes são facilmente encontrados na

Construção Civil, de forma que pode ser um fator determinante para o reconhecimento da atividade especial do pedreiro.

AGENTES NOCIVOS

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O que determina o direito ao benefício é a exposição do trabalhador ao agente nocivo presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nível de concentração superior aos limites de tolerância estabelecidos.

Já os agentes químicos que estão elencados na

já citada Portaria Interministerial nº 9, são analisados de maneira qualitativa, de forma que a mera exposição a esses agentes dá o direito ao reconhecimento da atividade especial.

Para ver todos os agentes e os níveis de

concentração, consulte o Anexo IV do Decreto 3.048/99 e a Norma Regulamentadora 15, nos Anexos XI, XII, XIII.

• AGENTES QUÍMICOS

AGENTES NOCIVOS

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Dentro dos agentes químicos, um dos que mais se tem contato na indústria em geral, e o principal entre os clientes do escritório é o Hidrocarboneto. Antes de explicar sua caracterização na atividade especial, vamos entender o que é um hidrocarboneto, e onde encontramos.

Na química, um hidrocarboneto é um composto

químico constituído por átomos de carbono e de hidrogênio. São conhecidos alguns milhares de hidrocarbonetos. As diferentes características físicas são uma consequência das diferentes composições moleculares. Contudo, todos os hidrocarbonetos apresentam uma propriedade comum: oxidam-se facilmente liberando calor.

Os hidrocarbonetos naturais formam-se a

grandes pressões no interior da terra (abaixo de 150 km de profundidade) e são trazidos para zonas de menor pressão através de processos geológicos, onde podem formar acumulações comerciais (petróleo, gás natural, carvão etc). As moléculas de hidrocarbonetos, sobretudo as mais complexas, possuem alta estabilidade termodinâmica

• HIDROCARBONETOS

AGENTES NOCIVOS

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Para identificar um Hidrocarboneto, procure uma molécula de “CH”, que o terá encontrado. Em sua forma Nitrogenada, é composto por moléculas de Nitrogênio, ligadas a Carbonos e Hidrogênios, geralmente na sequência N-C-H.

Na indústria metalúrgica os Hidrocarbonetos

podem ser encontrados principalmente em óleos minerais, em fluídos de corte, líquidos refrigerantes, e combustíveis, especialmente o óleo diesel, que são derivados do petróleo.

Em que pese a sua análise seja de maneira

quantitativa, conforme determina a NR-15, é de se ressaltar que Óleos Minerais estão entre os agentes potencialmente cancerígenos que estão presentes na Portaria Interministerial 09, de forma que o mero contato com tal composto, por si só já permite o reconhecimento da atividade especial.

Destaque-se que como o Hidrocarboneto é

componente, e não produto final, está presente em inúmeros outros agentes presentes na mesma Portaria, como Toluenos, Benzenos, Benzaminas (hidrocarboneto nitrogenado), Estireno, Óxido de Etileno.

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Um dos agentes químicos mais presentes na indústria, a Amônia é utilizada por ser um excelente refrigerante, tendo aplicações desde a produção de enzimas, até o resfriamento de tanques de e linhas de fornos.

Na legislação previdenciária a amônia, que

também pode ser chamada de amoníaco, tem previsão como agente nocivo no Anexo IV, item 1.0.19 do Decreto 3.048/99, descrito como Amina Aromática. Sua composição é de 1 (um) átomo de Nitrogênio e 3 (três) de hidrogênio (NH3).

O limite de concentração para este agente é de

20ppm ou 14mg, conforme tabela do Anexo XI da NR-15.

A amônia é um irritante poderoso das vias

respiratórias, olhos e pele. Dependendo do tempo e do nível de exposição podem ocorrer efeitos que vão de irritações leves a severas lesões corporais A inalação pode causar dificuldades respiratórias, broncoespasmo, queimadura da mucosa nasal, faringe e laringe, dor no peito e edema pulmonar.

• AMÔNIA OU AMONÍACO

AGENTES NOCIVOS

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O Cianeto, ou Cianureto são compostos químicos formados por um carbono com tríplice ligação a um nitrogênio.

Não há previsão legal de enquadramento do

cianeto de forma direta, porém a construção doutrinária e jurisprudencial tem se encaminhado no sentido de reconhecer a atividade especial por Cianeto cada vez mais, porém com grandes divergências, especialmente no TRF4.

Até 05/03/1997, pacificamente se reconhece o

cianeto com base no item 1.2.9 do Decreto 53.831/64, na classe de Tóxicos Inorgânicos.

Ocorre que os decretos 2.172/97 e o 3.048/99

não preveem o reconhecimento de “outros tóxicos inorgânicos”, bem como não há previsão expressa de cianetos ou cianuretos como agentes nocivos à saúde que deem direito a atividade especial.

No entanto, parte da jurisprudência reconhece a

especialidade da atividade com base na letalidade do Cianeto, ressalvada a proteção por uso de EPI.

• CIANETO OU CIANURETO

AGENTES NOCIVOS

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Para o reconhecimento da atividade especial, é importante esclarecer, dentre outros fatores, a letalidade do cianeto ao ser humano.

A ação tóxica do HCN deve-se à sua capacidade

de inibir a enzima citocromoxidade, fundamental para as células consumirem o gás oxigênio transportado pelo sangue. O íon cianeto provoca, então, a parada da respiração celular. Na verdade, a pessoa acaba morrendo por asfixia, mesmo que o seu sangue esteja saturado de oxigênio. Assim as células morrem e, se esse processo acontece rapidamente nos centros vitais do organismo, ocorre a morte.

Após, deve-se relacionar com o texto do art. 57

da LBPS, especialmente no trecho “A aposentadoria especial será devida [...] ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde”.

Existem vários julgados no TRF que reconhecem

a especialidade das atividades por cianeto. Seguem algumas abaixo:

5004177-34.2015.4.04.7117/RS; 5018561-

37.2012.4.04.7107/RS; 5002826-56.2015.4.04.7204/SC; 0009161-02.2016.4.04.9999

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O Cromo Hexavalente (VI) tem diversas aplicações na indústria, principalmente na cromagem de metais.

O Cromo VI é um composto reconhecidamente

carcinogênico, estando em todos os diplomas normativos referentes a aposentadoria.

Encontra previsão do Decreto 53.831/64 no item

1.2.5, no Decreto 2.172/97 no item 1.0.10, no decreto 3.048/99 no item 1.0.10, e está presente também na Portaria Interministerial 09, no grupo 1, como agente reconhecidamente carcinogênico.

Desta feita, a exposição ao Cromo VI independe

de avaliação quantitativa, bem como o uso ou não de EPI é irrelevante para o reconhecimento da atividade especial, devido a previsão da Portaria Interministerial 09. Lembrando que os efeitos da referida norma retroagem no tempo, inclusive quanto ao uso do EPI.

Julgados favoráveis no TRF4: 5072383-

19.2017.4.04.9999, 0012705-32.2015.4.04.9999, 5031200-34.2018.4.04.9999, 5068028-98.2015.4.04.7100.

• CROMO VI

AGENTES NOCIVOS

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A Sílica, ou dióxido de silício é um composto encontrado em minerais, areias e silicatos, utilizado principalmente na fabricação de vidro. Na indústria metalúrgica é comum nos chamados jatos de areia.

A poeira mineral à base de sílica livre

cristalizada é um agente reconhecidamente cancerígeno para humanos. A Portaria Interministerial nº 09, traz a sílica no Grupo 1, de agentes reconhecidamente carcinogênicos.

Portanto, sendo certo que os riscos

ocupacionais gerados pelos agentes reconhecidamente cancerígenos, conforme acima exposto, não requerem a análise quantitativa de sua concentração ou intensidade no ambiente de trabalho, as atividades envolvendo Sílica são reconhecidas como especial.

Há ainda previsão no decreto 53.831/64, no

item 1.2.10, no decreto 2.172/97 no Anexo IV, item 1.0.18 e no decreto 3.048/99, Anexo IV, item 1.0.18.

• SÍLICA

AGENTES NOCIVOS

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O Asbesto, também chamado de Amianto, dos agentes químicos previstos no rol de agentes, é o mais agressivo a saúde do segurado.

Formado por fibras de silicatos, o amianto é um

material extremamente resistente ao calor e com alta durabilidade. Essas fibras são extremamente finas e longas, e separam-se facilmente, produzindo pó de amianto, que pode ser facilmente inalado ou ingerido.

A ingestão ou inalação do amianto traz uma

série de problemas a saúde, uma vez que o corpo não consegue dissolver as fibras, que se acumulam e enrijecem os órgãos onde ficam presas.

Exemplos de doenças causados pelo amianto

são o Câncer de Pulmão, Mesotelioma, e Asbestose (também chamada de Pulmão de Pedra, é uma evolução característica da Silicose).

Por todos esses fatores, o Amianto é o único

agente químico com contagem de tempo diferenciada, requerendo 20 anos de atividade especial para se alcançar a aposentadoria.

• ASBESTO OU AMIANTO

AGENTES NOCIVOS

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A previsão legal para o enquadramento da atividade com asbesto inicia-se no decreto 53.831/64, no item 1.2.10, nos decretos 2.17297 e 3.048/99, no Anexo IV, item 1.0.2. Por ser reconhecidamente carcinogênico, está previsto no rol da Portaria Interministerial nº 09, dispensando a análise quantitativa do agente, e reconhecendo a atividade especial independente do uso de Equipamentos de Proteção.

Para fins de aposentadoria especial de 25 anos,

deve-se usar o fator de conversão 1,25, conforme prevê o art. 66 do decreto 3.048/99.

Para conversão de atividade especial em

comum, o fator de conversão é de 1,50 para mulheres e 1,75 para homens, conforme o art. 70 do decreto 3.048/99.

AGENTES NOCIVOS

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A exposição se a agentes biológicos se dá, conforme o item 3 do Anexo IV, do Decreto 3.048/99, e com o Anexo XIV da Norma Regulamentadora 15, com o contato com microrganismos e parasitas infectocontagiosos vivos, ou as toxinas por eles produzidas, nas seguintes atividades relacionadas:

a) trabalhos em estabelecimentos de saúde em

contato com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados;

b) trabalhos com animais infectados para tratamento ou para o preparo de soro, vacinas e outros produtos;

c) trabalhos em laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-histologia;

d) trabalho de exumação de corpos e manipulação de resíduos de animais deteriorados;

e) trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto;

f) esvaziamento de biodigestores; g) coleta e industrialização do lixo.

• AGENTES BIOLÓGICOS

AGENTES NOCIVOS

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Desde o Decreto 53.831/64 até a 05/03/1997, o reconhecimento da atividade conhecida na norma trabalhista com Periculosa, era enquadrada como especial, e utilizada para fins da concessão da Aposentadoria Especial.

Após esse tempo, com a entrada em vigor do

Decreto 2.172/97 e mesmo com o decreto 3.048/99, as normas previdenciárias passaram a não ter mais a previsão do reconhecimento desses agentes como atividade especial.

Porém a construção jurisprudencial do STJ e da

TNU, em Recursos Especiais e Pedidos de Interpretação de Lei Federal, tem garantido o reconhecimento de Atividade Especial por exposição a Agentes Periculosos, como eletricidade, transporte de inflamáveis, vigilantes armados, sendo necessário a confirmação de que essa periculosidade se dava de forma diuturna nas atividades desenvolvidas.

• AGENTES PERICULOSOS

AGENTES NOCIVOS