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«Reforçar a Gestão das Pescas nos Países ACP»
FORMAÇÃO REGIONAL SOBRE A ANÁLISE DA CADEIA DE VALOR
Referência: SA-4.1-B20
Manual sobre a Análise e a Promoção da Cadeia de Valor
Região: ÁFRICA AUSTRAL País: MAURÍCIA
De David Russell e Satish Hanoomanjee
Setembro de 2012
Um projeto executado pela: PESCARES ITALIA SRL
Projeto financiado pela União Europeia
.
«A presente publicação foi elaborada com a assistência da
União Europeia. O conteúdo da mesma é da exclusiva
responsabilidade da «Pescares Italia» e não reflete, de
modo algum, as opiniões da União Europeia. »
«O conteúdo do presente documento não reflete
necessariamente as opiniões dos governos em questão.»
MANUAL SOBRE A ANÁLISE E A PROMOÇÃO DA CADEIA DE
VALOR
Projeto Financiado pela União Europeia Página [2] Um projeto implementado pela Pescares Italia
Índice
LISTA DOS QUADROS, IMAGENS E CAIXAS ........................................... 4
LISTA DE ACRÓNIMOS .......................................................................... 5
PARTE A CONCEITO DE ANÁLISE DA CADEIA DE VALOR .................... 6
1. Contexto ........................................................................................................................................................ 6 2. Visão geral da oferta e da procura de peixe ................................................................................................... 7 3. O que é a análise da cadeia de valor? ............................................................................................................ 9
3.1 Comparar cadeias de valor .................................................................................................................. 10
3.2 Razões para promover a produção de valor acrescentado ................................................................. 11
3.3 Análise invertida da cadeia de valor .................................................................................................... 12
3.4 A abordagem orientada para o comprador ......................................................................................... 14
3.5 A perceção do público e do cliente sobre o seu negócio .................................................................... 15
3.6 Levar peixe e marisco para o mercado e a necessidade de um manuseamento cuidadoso .............. 16
3.7 Como é que os consumidores decidem sobre o valor? ....................................................................... 17
3.8 Sistemas de marketing de peixe nos países desenvolvidos versus em desenvolvimento .................. 18
3.9 Desafios-chave das cadeias de valor do peixe ..................................................................................... 19
3.10 Desafios para os fornecedores dos países em desenvolvimento ........................................................ 20
3.11 Reduzir as perdas de valor ................................................................................................................... 20
3.12 Então, para onde é que vai o dinheiro?............................................................................................... 20
4. Calcular os ganhos monetários ao longo da cadeia de valor ....................................................................... 25 5. Exemplos de rotulagem ecológica na cadeia de valor ................................................................................. 27
5.1 Os objetivos da rotulagem ecológica são: ........................................................................................... 28
5.2 Certificação Marine Stewardship Council (MSC) ................................................................................. 28
5.3 Estudo comparativo sobre os rótulos ecológicos das pescas .............................................................. 30
5.4 Pescada sul-africana – uma história de sucesso do MSC .................................................................... 31
5.5 Perca do Nilo com rótulo ecológico, Tanzânia .................................................................................... 31
5.6 Eco Mark Africa – promover pescas sustentáveis ............................................................................... 32
6. Conclusões sobre a cadeia de valor .................................................................................................................... 33
PARTE B: ANÁLISE DA CADEIA DE VALOR NO PLANEAMENTO POLÍTICO34
1. Desenvolvimento de políticas através da análise da cadeia de valor ........................................................... 35 1.1 Objetivos da política: ........................................................................................................................... 36
1.2 Importância das políticas e das melhores práticas: ............................................................................ 36
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1.3 Passos para conduzir uma ACV para o planeamento político ............................................................. 36
1.4 Melhorar a competitividade, melhorar a excelência .......................................................................... 49
1.5 Procura do cliente: a impulsionadora da mudança ............................................................................. 50
1.6 Identificar áreas que precisam de melhorias, utilizando a análise da cadeia de valor como
instrumento ..................................................................................................................................................... 50
1.7 Ganhar acesso ao mercado: Qual é o problema das políticas? ........................................................... 51
1.8 Diversificar os clientes e os mercados ................................................................................................. 52
2. Utilizar as políticas para modernizar as capacidades empresariais ..................................................................... 52 3. Conflito das partes interessadas ................................................................................................................... 53
3.1 Questões laborais no mercado ............................................................................................................ 53
3.2 Estratégias de melhoria do trabalho: .................................................................................................. 53
3.3 A cadeia de valor e a melhoria dos padrões de emprego ................................................................... 54
3.4 Os atores com poder na cadeia de valor ............................................................................................. 55
4. Análise da cadeia de valor como forma de introduzir políticas para melhorar o comércio internacional de
peixe e a segurança alimentar para as pescas de pequena escala nos países em desenvolvimento ......................... 56 4.1. Objetivo do projeto: melhorar o conhecimento da dinâmica da cadeia de valor .............................. 56
4.2. Estudos de caso ................................................................................................................................... 57
5. A estratégia política ..................................................................................................................................... 58 6. Referências .................................................................................................................................................. 59
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Lista dos Quadros, Imagens e Caixas
Quadro 1: Consumo de peixe nos países da SADC .............................................................................................................. 9
Quadro 2: Comparação dos benefícios versus limitações das cadeias de valor .................................................................. 19
Quadro 3: Calcular o lucro de mercado ao longo da cadeia de valor para cada parte interessada para os mercados
primário, secundário e retalhista do peixe «sável» no Bangladeche ......................................................................... 26
Quadro 4: Como recolher e analisar informações .............................................................................................................. 45
Figura 1 A cadeia de valor da indústria do peixe e do marisco. Fonte: Banco Glitnir .......................................................... 10
Figura 2 Comparação entre as cadeias de valor em quatro países. .................................................................................... 11
Figura 3 Inter-relações na análise da cadeia de valor. ........................................................................................................ 12
Figura 4 Análise invertida da cadeia de valor ..................................................................................................................... 13
Figura 5 Uma cadeia de valor sistemática nas pescas ........................................................................................................ 15
Figura 6 Flutuações de preços ao longo da cadeia de valor ................................................................................................ 18
Figura 7 valor acrescentado para um quilo de filetes de perca do Nilo na pesca de percas do Nilo na Tanzânia ................ 21
Figura 8 A cadeia de distribuição de comercialização para a perca do Nilo no Lago Vitória na Tanzânia ............................ 22
Figura 9 A cadeia de valor para a perca do Nilo no Lago Vitória na Tanzânia ..................................................................... 22
Figura 10 Distribuição de rendimentos pela cadeia de valor do peixe e do marisco para os filetes de bacalhau da Islândia,
vendidos nos restaurantes dos Estados Unidos ......................................................................................................... 23
Figura 11 A cadeia de valor para a comercialização do peixe «sável» no Bangladeche, ilustrando os retornos monetários
para as diferentes partes interessadas ao longo da cadeia ........................................................................................ 25
Figura 12 Descrição passo a passo sobre o cálculo dos ganhos monetários ao longo da cadeia de valor ........................... 27
Figura 13 Projetos de melhoria das pescas ........................................................................................................................ 29
Figura 14 Comparação quantitativa dos rótulos ecológicos ............................................................................................... 30
Figura 15 Passo da análise da cadeia de valor .................................................................................................................... 38
Figura 16 Função de cruzamento da planilha genérica com participantes/atores .............................................................. 41
Figura 17 Processo da ACV - exemplo ................................................................................................................................ 42
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Lista de Acrónimos
ACV Análise da Cadeia de Valor AEM O Mecanismo Africano de Rotulagem Ecológica AGOA Lei do Crescimento e Oportunidade para África AP Administrações/ Autoridades das Pescas CC Custo de Comercialização CIF Custo, Seguro e Transporte incluídos no preço de venda EMA Eco-Mark Africa FAO Organização das Nações Unidas para e Agricultura e Alimentação IQF Congelado rápido individual LM Lucro de Mercado MC Margem de Comercialização MSC Marine Stewardship Council NORAD Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento ORGP Organização Regional de Gestão Das Pescas PC Preço de Compra PIB Produto Interno Bruto PMP Projeto de Melhoria das Pesca PV Preço de Venda SADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SDE Serviços de Desenvolvimento Empresarial TAC Total Admissível de Capturas UFR Unidade de Facilitação Regional do ACP Fish II WWF Fundo Mundial para a Natureza ZEE Zona Económica Exclusiva
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Parte A Conceito de Análise da Cadeia de Valor
A análise da cadeia de valor (ACV) proporciona aos decisores políticos governamentais e à administração das
empresas de pesca uma ferramenta sistemática que lhes permite compreender os processos da
indústria/empresa e, em particular, conhecer os custos relacionados com os vários passos da cadeia. O conceito
de cadeia de valor liga, simplesmente, todos os passos de produção, transformação e distribuição entre si – e
permite-nos analisar cada passo em relação ao anterior e aos seguintes.
Isto inclui vários aspetos, tais como: a logística física, económica e social entre a entrada e o consumo de
matérias-primas e a cadeia de fornecimento e o fluxo de pagamento, incluindo as margens de valor
acrescentado, e permite que o pessoal da Administração das Pescas e da indústria pesqueira trate de questões
relacionadas com a cadeia de valor, de forma a maximizar o valor nas respetivas operações comerciais.
A Parte A do presente manual procura explicar os elementos-chave relacionados com a análise da cadeia de
valor.
1. Contexto
A análise da cadeia de valor é particularmente útil para os novos produtores que chegam aos mercados interno
e global, para garantir um crescimento sustentável do rendimento através da compreensão da cadeia de valor,
desde que o peixe é capturado até ao momento em que chega ao consumidor final. Em relação ao consumidor
final, também envolve o desenvolvimento dos conhecimentos sobre preparação dos alimentos e prevenção da
perda de proteínas, particularmente do ponto de vista da segurança em pequena escala dos alimentos da pesca.
A sua utilização é, igualmente, um instrumento analítico para as Administrações das Pescas compreenderem o
ambiente político que prevê a afetação eficiente de recursos na economia nacional, de forma a maximizar o
valor, evitar perdas após a captura e garantir que existe uma gestão eficaz para promover a utilização
sustentável deste recurso.
Os mercados globais de peixe e marisco são grandes, numerosos, variados e complexos. Não é fácil perscrutar
toda a informação, ler e analisar o mercado e tomar as decisões adequadas para maximizar os lucros. É por isso
que necessitamos de uma abordagem sistemática – um modelo que possamos utilizar para nos guiarmos na
recolha, absorção e análise da informação de forma significativa.
Começamos por observar a realidade – uma vasta quantidade de factos. Ao fazermos uma seleção, vemos surgir
um padrão, o que nos permite dividir os factos em grupos semelhantes. O modelo conceptual da análise da
cadeia de valor é uma abordagem sistemática para o tratamento e análise da informação e para a tomada das
decisões certas, adaptadas às condições reais do lugar e do país.
A pesca na África Austral varia desde a pesca de pequena escala e artesanal em países como Angola, Maláui,
Moçambique e Zâmbia até às grandes preocupações comerciais da indústria do atum no Oceano Índico
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(Maurícia e Seicheles) ou ao setor das pescas industriais da Namíbia. A região também inclui alguma pesca
interior importante, tal como o Lago Maláui, o Lago Tanganiyka, o Lago Kariba, a bacia do rio Zambeze e o Delta
do Okavango, caracterizados pela presença das espécies Tilápia, Tuaka e Kapenta. A pesca contribui de forma
distinta para o PIB local, variando entre 0,002 % no Botsuana e cerca de 5 % na Namíbia.
Os recursos haliêuticos desempenham um papel relevante no desenvolvimento económico nacional e regional e
o comércio de peixe representa, muitas vezes, um pilar importante da economia. São necessárias políticas que
salvaguardem os interesses dos produtores de pequena escala, permitindo-lhes contribuir para a segurança
alimentar com produtos que proporcionem qualidade nutricional aos consumidores, sejam rentáveis para o
produtor e tenham acesso aos mercados internacionais sempre que possível, mas que obtenham, igualmente,
preços e margens para uma sustentabilidade a longo prazo, do ponto de vista dos recursos económico, social e
biológico.
O objetivo do presente manual consiste em assistir as Administrações das Pescas (AP) na formulação e execução
da análise da cadeia de valor, para maximizar a criação de valor do peixe e dos produtos da pesca através da
abordagem da cadeia de valor e, em particular, do enquadramento das políticas de ajuda aos produtores na
participação efetiva na economia global.
O presente manual não pretende ser complexo, mas sim demonstrar os elementos de base para a aplicação da
análise da cadeia de valor em contextos específicos:
O «objetivo» do presente manual consiste em servir de diretriz para a equipa de planeamento político das
Administrações das Pescas.
Um instrumento para as pessoas da indústria pesqueira poderem abordar as questões da cadeia de valor, de
forma a maximizarem o valor nas suas operações comerciais.
O presente manual foi elaborado com base na avaliação das necessidades de formação realizada antes da
Formação Regional sobre a Análise da Cadeia de Valor (23 a 27 de julho de 2012) na Maurícia. Tem, igualmente,
em consideração as questões levantadas pelos participantes provenientes dos vários países representados
durante a formação.
2. Visão geral da oferta e da procura de peixe
Espanha, França e Itália são os maiores importadores de produtos africanos derivados da pesca, comprando
cerca de metade das exportações de África. Os produtos africanos da pesca exportados internacionalmente
tendem a ser enviados como produtos «de base» relativamente não processados. O processamento posterior
ocorre na Europa, beneficiando, desta forma, os europeus em termos de trabalho e de maiores lucros.
Só recentemente foi dada mais ênfase à criação de valor e à produção de produtos da pesca de «valor
acrescentado» em África. A criação de valor faz surgir todo um novo setor de serviços em termos de emprego e
de desenvolvimento de capacidades, reforçando a base económica dos países africanos. Daí a necessidade de
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mais criação de valor e análise da cadeia de valor na região e em África em geral.
Apesar do seu grande potencial, a aquicultura africana tem sido pouco explorada. Para enfrentar o futuro, África
precisa de um novo paradigma para o crescimento acelerado da aquicultura, reconhecendo os fracassos dos
esforços do passado. Apesar de se ter verificado apoio governamental em muitos países (para proveitos
socioeconómicos), existem ainda ofertas diminutas de peixe a partir de fontes tradicionais (pesca de captura).
Isto poderá ser uma boa base para o desenvolvimento do setor e a aquisição de um melhor
entendimento/conhecimento sobre a aquicultura e de um melhor estabelecimento de redes/troca de
informações, através de uma abordagem mais orientada para os mercados (Hanoomanjee, S. et.al. janeiro de
2009).
Segundo a FAO, espera-se que a produção de África apresente um crescimento significativo, passando de cerca
de 8 milhões de toneladas atualmente para perto de 11 milhões de toneladas em 2025. Apesar de a maior parte
deste crescimento provir da aquicultura, prevê-se também algum crescimento no setor da captura (Hempel, Erik
et.al. dezembro de 2007).
A FAO prevê, igualmente, que a procura a nível mundial de produtos da pesca aumente no futuro. Com base na
procura presente, serão necessários mais 27 milhões de toneladas de peixe para manter o atual nível de
consumo per capita em 2030. A previsão é de uma maior urbanização nos países em desenvolvimento, onde a
população deverá aumentar de 5,6 mil milhões em 2009 para 7,9 mil milhões em 2050, e entre 250 e
310 milhões a mais de pessoas estarão urbanizadas em 2015 – espera-se que este seja o principal impulsionador
do futuro crescimento do consumo. Esta poderá ser uma oportunidade para explorar o comércio de peixe.
A atual média de consumo de peixe per capita em África é de 8,3 Kg e na Europa é de 20,7 Kg. A nível mundial, a
média anual de consumo de produtos da pesca per capita aumentou de 11,5 Kg na década de 1970 para 16,5 Kg
na década de 2000 (Franz, Nicole, abril de 2010).
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Quadro 1: Consumo de peixe nos países da SADC
Kg/per capita/ano Fonte: FAO
País 1961 1971 1981 1991 2003
Angola 7,4 14,3 14,4 13,3 15,7
Botsuana 0,7 1,5 3,8 8,4 2,8
RD Congo 10,1 9,8 7,1 7,1 5,8
Maláui 3,9 12,7 7,5 6,6 4,6
Maurícia 10,9 10,3 18,7 19,4 18,7
Moçambique 4,0 5,0 3,5 2,4 5,0
Namíbia 9,1 7,9 10,0 10,3 13,3
Seicheles 47,6 56,6 74,5 68,0 61,0
África do Sul 5,5 7,9 10,4 9,2 7,3
Suazilândia 0,0 0,0 0,1 0,1 2,4
Tanzânia 6,4 12,3 11,9 12,0 7,0
Zâmbia 8,3 14,6 7,2 8,4 6,4
Zimbabué 1,5 1,7 2,7 2,1 1,2
Média em África 5,0 7,0 8,9 7,9 8,2
Média mundial 9,0 11,0 11,9 13,1 16,5
3. O que é a análise da cadeia de valor?
A cadeia de valor é uma cadeia de atividades onde os produtos atravessam todas as atividades da cadeia em
sequência e, em cada uma, o produto ganha algum valor. A cadeia de atividades confere aos produtos mais
valor acrescentado do que a soma dos valores acrescentados de todas as atividades. O importante é não
confundir o conceito do valor do produto com os custos da sua produção.
A análise da cadeia de valor:
Permite à empresa, ao indivíduo ou a outras partes interessadas, tais como os decisores políticos
governamentais, saber quais as partes das operações que criam valor e as que não criam.
Trata-se de um modelo que as empresas ou os indivíduos utilizam para: compreender a sua posição de custos e
identificar os vários meios que podem ser utilizados para facilitar a implementação de uma determinada
estratégia comercial.
O conceito de cadeia de valor liga, simplesmente, todos os passos de produção, processamento e distribuição
entre si – e permite-nos analisar cada passo em relação ao anterior e aos seguintes. A cadeia de valor descreve o
conjunto completo das atividades necessárias para levar um produto ou serviço da fonte, através de diferentes
fases de produção (envolvendo uma combinação de transformações físicas e contribuições de vários serviços de
produtor), até aos consumidores finais, eliminando-os no fim, após a utilização.
A análise da cadeia de valor proporciona uma ferramenta sistemática e analítica que pode ajudar a gestão a ver
e a compreender os processos da empresa e, em especial, a conhecer os custos relacionados com os vários
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passos da cadeia. A experiência ensina que um controlo adequado de custos é essencial. Devemos conhecer os
custos em todos os níveis e trabalhar constantemente para reduzi-los sempre que for possível, sem
comprometer a qualidade e a segurança.
O efeito mais importante da aplicação da abordagem da cadeia de valor é, contudo, que todas as decisões
tomadas num determinado passo do processo têm consequências para os passos seguintes – e tais decisões
podem ser irreversíveis. Por exemplo, se matarmos e arranjarmos o peixe quando o apanhamos, isto significa
que, mais tarde, não poderemos vendê-lo como peixe vivo!
A cadeia de valor consiste em atividades primárias, tais como criar e entregar um produto (por exemplo,
produzir filetes de peixe), e atividades de apoio que não estão diretamente envolvidas na produção, mas que,
provavelmente, aumentam a sua eficácia ou eficiência (por exemplo, investigação e desenvolvimento). Além
disso, algumas atividades primárias e de apoio podem ser subcontratadas.
3.1 Comparar cadeias de valor
Em primeiro lugar, vamos ver como é a cadeia de valor global do peixe.
Figura 1 A cadeia de valor da indústria do peixe e do marisco. Fonte: Banco Glitnir
Em estudos realizados pela FAO e pelo banco Glitnir, respetivamente, era evidente que a maioria dos benefícios
gerados ao longo da cadeia de valor é detida pelo setor da transformação retalhista/grossista/secundária da
indústria. Esta tendência é demonstrada nas pescas tanto dos países em desenvolvimento como dos países
desenvolvidos.
É útil comparar análises da cadeia de valor desde que nos concentremos apenas no valor acrescentado líquido
em cada nível. Um estudo1 sobre quatro cadeias de valor salientou informações importantes sobre as cadeias
de valor do marisco, incluindo que a quota dos pescadores torna-se relativamente mais baixa à medida que o
produto é mais processado.
Há, igualmente, duas lições sobre as potenciais armadilhas. O estudo demonstrou que é essencial uma boa
gestão das pescas para garantir que os pescadores colhem os benefícios dos preços de exportação mais
elevados. Sem uma gestão adequada, o aumento dos preços pode conduzir a pressões nas pescas e ameaçar,
desta forma, a sustentabilidade dos recursos e a rentabilidade das empresas pesqueiras.
1 Ref.: Asche, Fank et al., FAO 2006.
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Figura 2 Comparação entre as cadeias de valor em quatro países.
A pesca assenta num recurso natural que pode flutuar drasticamente ao longo dos tempos. O comércio
internacional ajuda as empresas de peixe e de marisco a diversificar estes riscos, abrindo o acesso a diferentes
fontes de matérias-primas. Mais uma vez, isto ajuda a estabilizar os mercados e o aumento da estabilidade
ajuda no funcionamento das empresas de peixe e de marisco.
Se olharmos para o gráfico supra, vemos que as pescas da Islândia e de Marrocos, onde existem boas práticas de
gestão, limitaram a captura total a níveis sustentáveis. Como resultado, as alterações de preços não ameaçaram
os recursos, mas tiveram, simplesmente, um impacto direto no rendimento que os pescadores receberam. Em
Marrocos, o aumento dos preços força os processadores a importar anchovas de outros países, mas, quando os
preços caem, estes compram apenas de fontes nacionais. Isto mostra de que forma o comércio internacional
pode realmente ajudar a aliviar a pressão sobre os pesqueiros quando os preços se tornam muito elevados
devido ao aumento da procura ou quando a captura diminui através das flutuações naturais.
Por outro lado, devemos notar que a análise da cadeia de valor para a pesca de pequena escala, assim como o
trabalho para maximizar o valor para os pescadores, está voltada para a segurança alimentar.
3.2 Razões para promover a produção de valor acrescentado
Lucros mais elevados.
Condições de mercado mais estáveis, uma vez que os preços dos produtos de consumo apresentam
menos variações do que os preços dos produtos de base.
Criação de emprego.
Diversificação dos produtos e dos mercados.
Benefícios económicos a jusante através de um maior envolvimento dos setores de apoio à indústria.
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A nossa posição estratégica deve visar a maximização do valor geral.
Lembre-se: A soma da cadeia de valor deve criar um valor maior do que a soma de cada atividade
individual; por outras palavras, deve criar uma margem de lucro.
Figura 3 Inter-relações na análise da cadeia de valor.
Fonte: Porter, Michael, 1985.
3.3 Análise invertida da cadeia de valor
Na indústria pesqueira, podemos dizer que, neste caso, a cadeia de valor consiste em sete ligações. A
embarcação de pesca captura o peixe e leva-o para o local de desembarque ou o porto, onde ocorre um
Na sua descrição de cadeia de valor, Michael Porter apresenta o conceito genérico de cadeia de valor, que inclui:
- Logística de entrada: o recebimento e armazenamento das matérias-primas e distribuição para a produção, conforme necessário;
- Operações: O processo de transformação de fatores de produção em produtos e serviços acabados;
- Logística de saída: o armazenamento e distribuição dos bens acabados;
- Marketing e venda: a identificação das necessidades dos consumidores e a criação de vendas;
- Serviço: o apoio aos clientes após a venda de produtos e serviços.
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primeiro processamento - tal como, por exemplo, seleção e congelação ou refrigeração. Daqui, o peixe é
transportado para um segundo processamento - tal como, por exemplo, filetagem e congelação. O produto é
então expedido para o comerciante por grosso, que o distribui para o retalhista antes de ir parar às mãos do
consumidor.
Vamos, agora, examinar um pouco a cadeia de valor a partir da direção contrária – em vez de começarmos pelo
produto em bruto e acabarmos no cliente, olhemos primeiro para este.
Figura 4 Análise invertida da cadeia de valor
Em primeiro lugar, perguntamo-nos o que o cliente quer, como quer e a que preço. Afinal, se criarmos o
produto errado para o mercado errado, não teremos negócio! Se ninguém o quiser comprar, não importa se
produzimos o melhor produto do mundo. É por isso que todos os planos comerciais começam pelo cliente, com
um estudo de mercado. Nós temos peixe – uma matéria-prima valiosa – mas será que existe um mercado pare
ele? De que forma é que o cliente quer este produto? As perguntas que colocamos ao longo dos vários passos
da cadeia de valor ajudam-nos a conduzir o processo de planeamento comercial e de marketing.
Lembre-se de que os compradores e os vendedores permanecem ligados ao longo da cadeia de valor:
A análise da cadeia de valor ajuda a explicar a ligação entre todos os atores da cadeia de produção e
distribuição;
Proporciona ligações entre produtor-comprador, nas quais todas as partes podem agir livremente;
Nas indústrias de trabalho intensivo, o poder pode passar dos produtores para os comerciantes ou
retalhistas;
A pressão sobre as principais empresas das cadeias globais de valor pode melhorar as condições de trabalho
entre os fornecedores.
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3.4 A abordagem orientada para o comprador
A abordagem orientada para o comprador não consiste, contudo, em apenas apresentar o melhor produto para
os compradores gostarem da e apoiarem a sua empresa. Trata-se também de ser visto como um empregador
preocupado e socialmente responsável. As pessoas gostam de pensar que estão a apoiar uma boa causa,
mesmo naquilo que compram e na forma como compram.
Nos últimos anos, a abordagem orientada para o comprador e esta ideia de consciência social fizeram com que
as práticas de emprego passassem para o topo da agenda.
Existem, no entanto, alguns pontos que devem ser tidos em conta. Ter menos códigos é uma abordagem melhor
– cria mais eficiência e minimiza a confusão. Os requisitos do comprador enviam, muitas vezes, uma mensagem
dúbia por causa das pressões de gestão e dos problemas laborais no ambiente de trabalho.
Frequentemente, exige-se aos fornecedores que sejam conformes ao código laboral dos compradores e, ao
mesmo tempo, encontram-se sob pressão para baixar os preços e acelerar a entrega. A pressão por parte das
práticas de compra das cadeias de fornecimento dos retalhistas e das empresas de marca pode debilitar os
próprios padrões laborais que estes afirmam apoiar.
A nível organizacional, trata-se de um problema de gestão que é fácil de explicar: os colaboradores da empresa
que lidam com os padrões laborais raramente são responsáveis pelas verdadeiras decisões de abastecimento.
Isto cria dificuldades na divisão do trabalho dentro da empresa para implementar o abastecimento ético.
A concorrência nos mercados finais é, frequentemente, feroz, em particular com os produtos de trabalho
intensivo. Em alguns mercados, os retalhistas podem acabar por descobrir que a única opção consiste em passar
estas pressões para baixo, na cadeia de fornecimento.
Mas uma abordagem descendente, onde os códigos laborais só são implementados à força, tem demonstrado
ser insuficiente.
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Figura 5 Uma cadeia de valor sistemática nas pescas
Fonte: Young, Jimmy, abril de 2010.
3.5 A perceção do público e do cliente sobre o seu negócio
Os fornecedores conseguem oferecer mais qualidade elevada e responder mais rapidamente se os seus
trabalhadores forem bem tratados.
As empresas preocupam-se com a ameaça à imagem da corporação e com a reputação prejudicial de estar
associada a condições de exploração de trabalho.
E é aqui que a cadeia de valor pode ser utilizada para ajudar a aplicar regulamentos e normas – normas de
trabalho e normas de saúde e segurança.
A análise da cadeia de valor é, assim, utilizada para melhorar os salários e as condições de trabalho nas
empresas dos fornecedores locais:
Enquanto instrumento novo importante, mas com limitações;
A influência é mais forte onde a reputação sobre as condições de trabalho são importantes para as
empresas;
A pressão de cima sobre o comprador não torna redundante a pressão de baixo sobre o trabalhador e a
organização local do trabalhador continua a ser importante;
A negociação coletiva não é a única forma de melhorar as práticas de trabalho;
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É melhor ter uma aliança de atores locais-globais, incluindo os compradores, as associações de empresas, os
sindicatos e as ONG.
3.6 Levar peixe e marisco para o mercado e a necessidade de um manuseamento cuidadoso
A principal ênfase está na necessidade de produtos de boa qualidade que, por sua vez, promovam a realização
de melhores preços no mercado. A garantia da qualidade começa desde que o peixe é capturado até que chega
ao consumidor. A necessidade de informação de mercado e de investigação de mercado é, igualmente, muito
importante. A valorização dos produtos exige que:
Valorizemos o NOSSO produto;
Conheçamos o NOSSO papel;
Mantenhamos padrões elevados;
Conheçamos o NOSSO cliente;
Comuniquemos com todos os passos na cadeia de valor.
Lembre-se: a forma como o peixe é manuseado imediatamente após ser retirado da água determina o período
máximo de validade. O peixe, uma vez capturado pelo pescador, deve ser considerado como um produto
alimentar valioso, que deve ser tratado com cuidado por motivos de segurança alimentar do cliente e para
alcançar os melhores preços.
As embarcações de pesca que têm peixe refrigerado, devem utilizar gelo fundente (uma mistura de água do mar
e flocos ou gelo picado) para uma rápida e eficaz refrigeração do peixe. A temperatura do gelo fundente é de -
1 a -1,5 graus Celsius. A refrigeração é rápida porque os peixes estão completamente rodeados de água à
temperatura supramencionada e a transferência de calor é muito mais rápida do que no ar. O peixe deve ser
colocado no gelo fundente imediatamente após a chegada à embarcação e deve aí permanecer até estar
completamente refrigerado.
É preferível ter dois ou mais pequenos tanques de gelo fundente do que um tanque grande pois:
Podem ser alternados.
Permitem calcular, com mais precisão, o tempo que o peixe esteve no gelo fundente.
Permitem que sejam produzidas quantidades mais pequenas de gelo fundente em tempos de
baixas taxas de captura.
Quando o peixe é guardado em contacto direto com o gelo depois de fundido, o processo de refrigeração pode
continuar. Por isso, o tempo necessário no gelo fundente deve ser apenas o suficientemente para reduzir a
temperatura do centro do peixe para 5 graus Celsius. A partir deste momento, a refrigeração no gelo irá
acontecer aproximadamente à mesma taxa que no gelo fundente. Lembre-se, deve haver sempre algum gelo de
parte para cobrir o peixe quando este é capturado, para evitar que aqueça.
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VALOR
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3.7 Como é que os consumidores decidem sobre o valor?
Lembre-se que:
O preço é um fator-chave, mas a maioria dos consumidores não compra com base só no preço;
A qualidade é avaliada para determinar o valor;
Valor = Qualidade/Preço;
O preço é o dinheiro cobrado e os custos incorridos (conveniência, localização, etc.);
A qualidade é multifacetada e variável.
A flutuação dos preços é outro aspeto que influencia o desempenho dos vários passos na cadeia de valor.
Quando estudamos as flutuações de preços nas diferentes partes da cadeia de valor, reparamos que os preços
flutuam mais drasticamente no início, ao nível do pescador, do que no final da cadeia, isto é, ao nível do
consumidor.
No supermercado, encontramos os mesmo preços para o atum enlatado dia sim, dia não – com alterações
talvez uma ou duas vezes por ano e, possivelmente, uma oferta especial do supermercado de vez em quando.
Mas, de uma forma geral, os preços são relativamente estáveis no supermercado.
Por outro lado, os preços do atum congelado variam de dia para dia e, por vezes, até significativamente e esta é
uma característica-chave de um produto de base, uma vez que assenta nas atuais grandes forças de mercado da
oferta e da procura.
Isto acontece porque a oferta e a procura entram em jogo – e, ao nível do fornecedor, isto é ainda mais
pronunciado do que ao nível do consumidor. Além disso, se os preços para o consumidor variassem em excesso,
criar-se-ia um ambiente comercial demasiado instável para o retalhista.
O facto de os preços terem tendência a ser mais estáveis no final da cadeia de valor mostra-nos que deveríamos
tentar envolver-nos mais na cadeia de valor. Com efeito, é uma boa razão para desenvolvermos a criação de
valor, uma vez que traz mais estabilidade e previsibilidade ao nosso negócio.
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VALOR
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Figura 6 Flutuações de preços ao longo da cadeia de valor
Por outro lado, os potenciais lucros elevados diminuem em determinadas alturas, quanto mais longe da cadeia
de valor estiverem as nossas operações: quanto maior for o risco, mais elevados são os potenciais lucros, mas
também maior é o risco de fracasso.
3.8 Sistemas de marketing de peixe nos países desenvolvidos versus em desenvolvimento
As semelhanças:
Ambos têm de enfrentar o mesmo desafio básico de proporcionar comida segura do tipo e
qualidade certos, no sítio certo para clientes dispostos a e que possam pagar;
O mercado é composto por uma combinação de peixe e de produtos de pesca locais e
importados;
Há uma combinação complexa de atores, empresas e instituições na indústria;
O papel dos supermercados é importante na venda a retalho de peixe e de produtos da pesca;
A presença de restaurantes de hotel e de cadeias institucionais enquanto fornecedores de
serviços alimentares;
O papel crescente de regulamentos e normas.
As diferenças:
Uma escala imensamente diferente a nível do sistema e das empresas;
Uma percentagem mais baixa de produtos manuseados nos países menos desenvolvidos;
Nos países menos desenvolvidos, há mais produto «fresco» do que processado ou fabricado, em
comparação com os países emergentes ou desenvolvidos;
A quota do supermercado sobe rapidamente nos países menos desenvolvidos, em detrimento
dos pequenos retalhistas e dos mercados grossistas.
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3.9 Desafios-chave das cadeias de valor do peixe
As cadeias de valor não são, contudo, uma palavra mágica que resolve todos os problemas de uma empresa. A
consciência da existência de desafios comuns que a maioria das empresas de peixe enfrenta a dada altura ajuda
a posicionar a empresa de forma a confrontar os seus próprios gigantes particulares. Entre estes desafios-chave
encontramos:
Diferentes localizações de recursos e mercados de peixe;
Ligações e padrões comerciais de troca complexos e globais;
Diferentes matérias-primas que exigem transformação e atribuição de cadeiras de valor
especializadas que satisfaçam as variadas necessidades do mercado;
Cadeias e atividades interdependentes e influentes;
Níveis de qualidade e opções de acréscimo de valor apresentados que dependem de atividades
anteriores da cadeia;
Redes de comunicação e gestão da cadeia verticais;
Consumidores que são o derradeiro fator determinante do valor.
Quadro 2: Comparação dos benefícios versus limitações das cadeias de valor
Benefícios da cadeia de valor
Limitações da cadeia de valor
Eficaz no rastreio de fluxos de produto Os atores agem, frequentemente, dentro de um conjunto de regras (por exemplo, regras comerciais) e limitações
Apresenta as fases de criação de valor A análise da cadeia de valor deve estar bem informada sobre as regras e os requisitos das normas
Identifica os atores e as relações fundamentais com outros atores da cadeia
É difícil tornar a informação específica e significativa
Eficaz no rastreio de fluxos de produto Custos de transação: Relutância do comprador em comprar a uma variedade de fornecedores
Apresenta as fases de criação de valor Conflito com a própria competência dos compradores: Os compradores só contribuem para aprofundar os seus próprios interesses
Identifica os atores e as relações fundamentais com outros atores da cadeia
Algumas destas limitações têm soluções possíveis:
Os custos de transação e a relutância do comprador em comprar a uma multiplicidade de fornecedores podem
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ser resolvidos se os pequenos produtores se organizarem horizontalmente, para que os compradores interajam
com uma organização coletiva, isto é, com uma sociedade cooperativa. (As sociedades cooperativas têm o
benefício adicional de comprar em quantidade para os seus membros a preços reduzidos, baixando, desta
forma, os custos de produção.)
3.10 Desafios para os fornecedores dos países em desenvolvimento
Os países em desenvolvimento têm, igualmente, dificuldades adicionais específicas das realidades económicas,
incluindo:
Escolher entre mercados de produtos de base e de especialidade;
Deter e expandir o acesso ao mercado;
Ganhar e manter uma posição cadeias de valor/fornecimento nas lucrativas;
Entrar em, manter e expandir melhores mercados;
Aumentar a produtividade e a competitividade;
Aumentar o valor acrescentado;
Lidar eficazmente com os padrões emergentes.
3.11 Reduzir as perdas de valor
A redução das perdas de valor ao longo da cadeia de valor exige, então, a antecipação e minimização dos
problemas e o planeamento antecipado para maximizar o valor. Algumas estratégias incluem:
Diminuir a variabilidade do produto;
Melhorar a qualidade do produto;
Simplificar a administração;
Reduzir o manuseamento e o transporte;
Melhorar a disposição da fábrica;
Otimizar a utilização dos equipamentos e dos insumos;
Melhorar a produtividade dos colaboradores;
Reduzir os danos e os roubos.
3.12 Então, para onde é que vai o dinheiro?
Se olharmos para as indústrias bem estabelecidas que operam num ambiente moderno e competitivo (tal como
a Islândia), onde trabalham ao longo de uma grande extensão da cadeia de valor, obtemos uma panorâmica
muito diferente da situação que ocorre nos ambientes em desenvolvimento. Consideremos o caso dos filetes de
perca do Nilo da Tanzânia. Em seguida, vemos uma caracterização da distribuição do valor da venda a retalho da
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perca do Nilo na Tanzânia:
Figura 7 valor acrescentado para um quilo de filetes de perca do Nilo na pesca de percas do Nilo na Tanzânia
Fonte: «Revenue distribution through the seafood value chain» de Frank Asche et al., Circular sobre as Pesca N.º 1019 da FAO, Roma,
2006
A indústria da perca do Nilo da Tanzânia desenvolveu-se ao longo dos últimos 10 a 15 anos e é dominada pelos
processadores e comerciantes em terra e pelos importadores e distribuídos na Europa. O processamento da
perca do Nilo é feito na Tanzânia em fábricas de processamento em terra.
Os processadores recebem uma quota relativamente pequena. O grande vencedor na indústria da perca do Nilo
é o setor do retalho, incluindo a comercialização, o transporte, o armazenamento e o embalamento. Este setor
obtém mais de 60 % do valor total da venda a retalho.
Isto reflete-se na distribuição de valor na cadeia de valor. Os pescadores recebem cerca de 15 % do valor do
preço de retalho para a perca do Nilo enquanto os capturadores de peixe obtêm cerca de 5 % do valor de
retalho, a mesma quota que os pescadores de bacalhau islandeses, um pouco menos de 20 %.
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Figura 8 A cadeia de distribuição de comercialização para a perca do Nilo no Lago Vitória na Tanzânia
Figura 9 A cadeia de valor para a perca do Nilo no Lago Vitória na Tanzânia
Fonte: Hempel, Erik, novembro de 2010.
A pesca industrial mecanizada foi proibida em 1994. Os pescadores com pouco capital utilizam canoas
impulsionadas por pangaios e velas. Apenas alguns pescadores relativamente ricos utilizam motores exteriores e
conseguem alcançar locais de pesca distantes. Os seus barcos de pesca são rebocados por um barco-mãe cujo
proprietário recebe dinheiro por rebocar uma frota de canoas de e para os pesqueiros. As redes de emalhar e os
palangres são os principais equipamentos de pesca utilizados para capturar percas do Nilo para a exportação.
O segundo grupo de pescadores possui todos os equipamentos modernos para a pesca comercial de pequena
escala. Os seus barcos têm porões de pescado higiénicos e são impulsionados por motores – carregam até
5 toneladas.
A prática padrão para processar a perca do Nilo consiste em desembarcar o peixe numa das muitas estações de
desembarque espalhadas ao longo da faixa costeira e nas numerosas ilhas do lago. Os barcos de recolha
também recolhem o peixe diretamente das mãos dos pescadores nos locais de pesca e transportam-nos para as
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fábricas de processamento de peixe, passando através dos locais de desembarque.
O estabelecimento de transformação de peixe forma o terceiro segmento do fluxograma. Este segmento recebe
todos os peixes (matéria-prima) recolhidos dos segmentos 1 e 2, destinados aos mercados local e regional. As
matérias-primas provêm dos peixes rejeitados pelo exportador por serem de fraca qualidade, subprodutos ou
capturados ilegalmente e apreendidos pelas autoridades, e são vendidas mais tarde como peixe de baixa
qualidade.
O segmento final de mercado é o mercado de exportação. Normalmente, o peixe é vendido em grandes
quantidades para os importadores da UE, que, por sua vez, o vendem aos grossistas, supermercados,
processadores, etc. Os filetes são também imediatamente reexportados (com a mesma identidade ou com uma
identidade diferente) para outros destinos, tais como os EUA, a Austrália e a América do Sul. Os filetes são
igualmente vendidos a fábricas para um processamento adicional.
Regressemos agora à Islândia.
Figura 10 Distribuição de rendimentos pela cadeia de valor do peixe e do marisco para os filetes de bacalhau da Islândia, vendidos nos restaurantes dos Estados Unidos
Fonte: «Revenue distribution through the seafood value chain» de Frank Asche et al., Circular sobre as Pescas N.º 1019 da FAO, Roma,
2006
O nível do retalho contribui com cerca de 33 % do valor acrescentado para o produto – incluindo tudo o que é
necessário para fornecer o produto ao cliente, tais como as instalações e os serviços.
O nível seguinte é o comércio por grosso e/ou o processamento secundário. Os produtos importados da Islândia
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como filetes IQF2 são, na sua maioria, processados posteriormente como filetes revestidos de pasta ou de pão
ralado. Este nível proporciona, igualmente, uma rede de venda e distribuição de produtos ao nível do retalho. O
nível do comércio por grosso tem cerca de 19 % do valor acrescentado total na cadeia de valor.
O terceiro nível é o processamento, efetuado na Islândia: corta-se um filete do peixe inteiro, limpa-se, tira-se a
pele, corta-se e congela-se o filete. O processamento primário contribui com cerca de 29 % do valor
acrescentado total nesta cadeia de valor.
Na maioria dos casos, as instalações de processamento também funcionam nas embarcações de pesca,
recolhendo o bacalhau para as fábricas existentes em terra. Estas atividades pesqueiras contribuem com cerca
de 19 % do valor total.
2 IQF refere-se a congelado rápido individual.
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4. Calcular os ganhos monetários ao longo da cadeia de valor3
Para conseguirmos calcular os ganhos monetários ao longo da cadeia de valor, necessitamos primeiro de dados
financeiros sobre a indústria pesqueira a ser estudada.
Uma empresa do Bangladeche fez um estudo interessante sobre o peixe nacional, o sável (Tenualosa ilisha), que
ilustra os retornos monetários para as diferentes partes interessadas ao longo da cadeia de valor. Esta é a
espécie única mais importante do país. A pesca do sável constitui cerca de 30 % da produção pesqueira adicional
no Bangladeche e 88 % da captura destina-se ao consumo nacional, sendo que apenas 12 % é exportado para os
mercados étnicos.
Apesar de ser tradicional, o sistema de comercialização do peixe é complexo e não muito competitivo.
Figura 11 A cadeia de valor para a comercialização do peixe «sável» no Bangladeche, ilustrando os retornos monetários para as diferentes partes interessadas ao longo da cadeia
Fonte: De Silva, D.A.M., abril de 2010.
Foram reunidos dados financeiros sobre a comercialização da cada uma das principais partes interessadas da
cadeia de valor, tal como ilustrado no fluxograma supra. O lucro de cada parte interessada foi, então, calculado,
utilizando as seguintes fórmulas simples:
Margem de Comercialização (MC) = Preço de Venda (PV) – Preço de Compra (PC)
3 Baseado na análise da cadeia de valor Hilsa marketing, Bangladeche.
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Lucro de Comercialização (LM) = Margem de Comercialização (MC) – Custo de Comercialização (CC)
Quadro 3: Calcular o lucro de mercado ao longo da cadeia de valor para cada parte interessada para os mercados primário, secundário e retalhista do peixe «sável» no Bangladeche
Primary market
Purchase price (PP) 0.88
Marketing costs (MC) 0.05
Sales price (SP) 1.02
Market margin (MM=SP-PP) 0.14 (8%)Marketing profit (MP=MM-MC)0.09
Secondary market
Purchase price (PP) 1.02
Marketing costs (MC) 0.07
Sales price (SP) 1.39
Market margin (MM=SP-PP) 0.37 (23%)
Market profit (Mp=MM-MC) 0.30
Retail market
Purchase price (PP) 1.39
Marketing costs (MC) 0.04
Sales price (SP) 1.61
Market margin (MM=SP-PP) 0.22 (14%)Market profit (Mp=MM-MC) 0.18
Segue-se uma descrição passo a passo para ajudar a compreender melhor a forma de calcular os ganhos
monetários ao longo da cadeia de valor. Para algumas cadeias de valor, pode ser simplesmente um pescador
artesanal que captura e vende o peixe na praia ou no mercado local. Quer se trate de um cadeia de valor
simples ou complexa, os princípios são os mesmos. Estamos a identificar todos os custos em relação ao preço de
venda para obter o lucro, em cada fase da cadeia de valor.
Neste exemplo que se segue da cadeia de valor, existem vários atores, a começar pelos «produtores primários»
da matéria-prima inicial. Estes vendem, em seguida, ao «mercado primário», que, neste caso, é um
«processador primário» que produz porções de peixe adequadas às especificações dos seus clientes. O cliente
do «mercado secundário» é um «processador secundário» que produz filetes de peixe panados, embala-os em
embalagens de venda a retalho e vende-os posteriormente ao «mercado de venda a retalho» enquanto
«retalhista». O ator final da cadeia é o consumidor que compra o produto ao retalhista e o consome. Por razões
de simplicidade, assume-se que o preço de venda é padronizado em toda a cadeia de valor, com base na ideia
de que o comprador paga um preço CIF pelo produto, que inclui o custo do produto, o seguro e o transporte
para o comprador. Os dados financeiros em baixo são apenas ilustrativos e não se baseiam em exemplos da vida
real.
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Figura 12 Descrição passo a passo sobre o cálculo dos ganhos monetários ao longo da cadeia de valor
5. Exemplos de rotulagem ecológica na cadeia de valor
A rotulagem ecológica é uma rotulagem voluntária do produto que transmite informações ambientais aos
consumidores que procuram criar uma iniciativa baseada no mercado para uma melhor gestão das pescas. O
conceito por detrás dos esquemas de rotulagem ecológica é o de proporcionar incentivos económicos para que
os produtores e a indústria do peixe e do marisco adotem práticas pesqueiras mais sustentáveis, ao mesmo
tempo que salvaguardam ou melhoram o acesso aos mercados de consumo. Os rótulos ecológicos indicam que
os peixes ou os produtos da pesca em questão provêm de uma pesca sustentável. Os vários rótulos ecológicos
possuem os seus próprios padrões específicos segundo os quais operam, confirmando, em diferentes graus, a
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sustentabilidade do recursos e as melhores práticas utilizadas na captura.
O que impulsiona o mercado para o peixe e o marisco sustentáveis?
Escassez de recursos Campanhas de ONG Atenção da comunicação social
Ética em mudança Responsabilidade social das empresas
Marketing e vendas
5.1 Os objetivos da rotulagem ecológica são:
Pescas mais bem geridas e mais responsáveis;
Formação e informação dos consumidores sobre as escolhas disponíveis de peixe e de marisco;
Os consumidores podem colocar questões sobre a origem, que podem incluir a sustentabilidade ou a origem
responsável. Muitos estão dispostos a pagar um preço mais elevado pelos produtos com rótulos ecológicos. O
peixe e o marisco passam a fazer parte de um «cesto» de produtos com origens mais responsáveis, o qual pode
ser apelativo para um determinado tipo de comprador consciente.
Todos estes fatores podem influenciar mais compromissos com a origem responsável e o desenvolvimento de
políticas sobre a origem ou a criação de critérios de sustentabilidade mínimos que possam impedir que algumas
pescas «más» consigam vender.
Em última instância, tudo isto deveria «pressionar» ou, pelo menos, enviar um sinal de que as pescas «boas»
são apelativas para os clientes e que têm mais hipóteses de conquistar acesso ou quota de mercado.
5.2 Certificação Marine Stewardship Council (MSC)
O MSC representa uma organização mundial sem fins lucrativos, criada em 1997 para ajudar a transformar o
mercado do peixe e do marisco numa base sustentável. O MSC é reconhecido internacionalmente como o rótulo
ecológico das pescas mais coerente com as melhores práticas. É baseado numa parceria (indústria, governo e
ONG) e trabalha com base na ideia de que as pescarias selvagens são avaliadas segundo um rigoroso padrão
ambiental.
Quando é que o MSC considera as pescas sustentáveis?
1. As unidades populacionais de peixe são sustentáveis quando:
As populações de peixe e de marisco nos países de origem são saudáveis;
Não há sobrepesca;
A capacidade reprodutiva é mantida;
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Existe uma gestão de precaução (por exemplo, quotas de conservação).
2. Impactos ambientais mínimos:
Espécies de peixe de captura acessória;
Tubarões, tartarugas;
Aves e mamíferos marinhos;
Solo oceânico, corais.
3. Gestão eficaz:
Boas leis e regulamentos;
Adesão a acordos internacionais;
Bom policiamento/vigilância (patrulhamento das pescas, inspeções, etc.).
Figura 13 Projetos de melhoria das pescas
Após identificarem as pescas com que pretendem trabalhar, algumas pescas podem passar diretamente da pré-
avaliação para a avaliação completa4, enquanto as outras têm de passar pelo processo PMP5. A maior parte das
pescas regionais pode precisar de passar pelo processo PMP, onde várias ONG, tais como o Fundo Mundial para
a Vida Selvagem (WWF), assistem as pescas para tornar os respetivos sistemas de gestão conformes com os
requisitos da Certificação MSC, para que as pescas possam realizar a avaliação completa do MSC, confiantes de
que irão passar a certificação.
4 Normalmente, é realizada uma pré-avaliação antes de uma avaliação completa para determinar quais os critérios que
precisam de melhoria. A pré-avaliação é confidencial para o cliente, dando ao cliente do setor das pescas a oportunidade de decidir se pretende avançar com a avaliação completa, sendo que esta está aberta ao escrutínio público. 5 PMP: Projeto de Melhoria das Pescas
Compare the fishery to the MSC standard (pre-
assessment)MSC Full Assessment
MSC Full Assessment
Fishery Improvement Project
WWFSFPOther NGOs
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5.3 Estudo comparativo sobre os rótulos ecológicos das pescas
Dada a proliferação dos rótulos ecológicos atualmente disponíveis no mercado, uma das grandes questões com
que a certificação das pescas marinhas se depara é a seguinte: o que faz com que um rótulo ecológico das
pescas, credível e prático, tenha o maior impacto possível na melhoria das pescas e da saúde do ecossistema
marinho? A «Guidelines on Eco-labelling of Fish and Fishery Products from Marine Capture Fisheries» (FAO,
2005) é o padrão mínimo reconhecido e aceitável para os rótulos ecológicos credíveis das pescas. Com base
nestas diretrizes, em 2009, a WWF realizou um estudo comparativo através da empresa Accenture.
O estudo observou rótulos ecológicos bem conhecidos e avaliou-os com base nos seguintes critérios de
avaliação:
Governação, estrutura e procedimentos (a forma como o esquema é governado e trabalhado)
Tópico 1 – Estruturas e procedimentos para o estabelecimento de padrões
Tópico 2 – Estruturas de acreditação e certificação
Tópico 3 – Procedimentos de acreditação e certificação
Conteúdo dos padrões
Tópico 4 – Critérios ecológicos
Tópico 5 – Sistema de gestão das pescas
Tópico 6 - Rastreabilidade
Figura 14 Comparação quantitativa dos rótulos ecológicos Fonte: Accenture Development Partners, dezembro de 2009.
Quantitative Comparison of Eco-labelling Schemes
by WWF
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Azul-escuro = Marine Stewardship Council, conforme; amarelo = Naturland, semi-conforme; vermelho = Friend
of the Sea, semi-conforme; verde = Krav, semi-conforme; roxo = Acordo sobre o Programa Internacional de
Conservação dos Golfinhos, não conforme; azul claro = MEL-Japan, não conforme; cor-de-rosa = Southern Rock
Lobster, não conforme.
O estudo revelou que, dos rótulos ecológicos avaliados, os programas de sustentabilidade dos rótulos ecológicos
utilizam muitas boas iniciativas para acolher práticas ecológicas de pesca e gestão sustentáveis. No entanto, o
MSC é o único rótulo ecológico que é estruturado de forma a ter um maior impacto na sustentabilidade das
pescas e nos próprios ecossistemas marinhos (tal como ilustrado na Figura 13 supra). Observou-se que, exceto o
MSC, os rótulos ecológicos não estão bem equilibrados em todos os seis segmentos na medida necessária para
apoiar a pesca sustentável.
5.4 Pescada sul-africana – uma história de sucesso do MSC
A pescada sul-africana é uma história de sucesso que conta como este peixe se expandiu para novos mercados,
reforçando a sua posição noutros mercados «amigos do MSC» (Reino Unido, Alemanha, Países Baixos, etc.).
Os ganhos ambientais, incluindo as reduções da quota, foram tantos que reconstruíram as unidades
populacionais e garantiram a estabilidade no total admissível de capturas anual (TAC).
As atividades necessárias incluíram a vedação dos locais de pesca para proteger o ambiente fora destes locais, a
gestão da captura acessória de peixe para que as outras espécies fora do regime de gestão não sejam
exploradas e a redução das interações de aves marinhas com o equipamento de pesca.
Para além de reforçar a gestão das pescas das unidades populacionais de pescada da África do Sul, a indústria da
pescada do país, enquanto resultado da certificação do rótulo ecológico do MSC, conseguiu expandir os seus
mercados de produto a nível internacional. Isto promove lucros gerais maiores, visto que os mercados amigos
do MSC preferem, geralmente, produtos que tenham sofrido uma grande adição de valor ao longo da cadeia de
valor e, num mundo onde muitos países vivem atualmente adversidades económicas, tende pagar preços
melhores pelo produto.
5.5 Perca do Nilo com rótulo ecológico, Tanzânia
Através de um projeto alemão financiado pela GTZ, foi aplicado o rótulo ecológico Naturland à perca do Nilo, na
Tanzânia. Os padrões da Naturland consistem em 12 padrões gerais que abordam a sustentabilidade ecológica,
social e económica. Através deste projeto, 16 fornecedores, 50 coletores, 713 pescadores, 273 embarcações de
pesca e 25 barcos de recolha forma envolvidos/certificados. A Vicfish produz cerca de 4000 Mt de percas do Nilo
certificadas.
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O projeto de rótulo ecológico da Naturland ilustrou, claramente, a forma como a gestão direcionada para a
cadeia de mercado melhorou a conformidade com as regras, aumentou a transparência do sistema de gestão,
criou confiança mútua entre a tripulação, os proprietários das embarcações, os capturadores de peixe e os
gestores das fábricas de peixe e melhorou o fluxo de informação para a gestão. Isto foi possível porque, na
cadeia de mercado, cada parte interessada beneficiou claramente com a parceria comercial criada dentro da
cadeia.
5.6 Eco Mark Africa – promover pescas sustentáveis
O Mecanismo Africano de Rotulagem Ecológica (AEM) foi criado para promover o consumo e a produção
sustentáveis, ao mesmo tempo que promove o comércio intra-africano em vários setores. Tem uma página web:
www.ecomarkafrica.com
O AEM atribui o rótulo ecológico EcoMark Africa (EMA) a produtores e prestadores de serviços africanos
sustentáveis.
O AEM:
baseia-se numa estrutura política pan-africana para garantir o apoio dos governos, ganhando, desta forma,
credibilidade e legitimidade em todo o continente;
proporciona um enquadramento técnico para a atribuição do rótulo EMA, com base nos padrões específicos
do setor;
será o organismo de estabelecimento de normas, assim como o proprietário das Normas do EMA;
garantirá que a certificação é executada através de organismos terceiros de avaliação da conformidade
acreditados;
está atualmente a ser institucionalizado enquanto entidade legal independente.
Os sistemas de certificação das pescas existentes beneficiam ao:
Utilizar um rótulo ecológico EMA para elogiar os seus sistemas ao preencher as lacunas (por exemplo,
relativamente aos processamento e aos critérios sociais), adaptando, desta forma, os seus esquemas às
condições africanas específicas, ao mesmo tempo que enfatiza a sua origem africana.
A pescas beneficiam ao:
Utilizar o EMA como um instrumento de marketing que aumenta o seu acesso de mercado a nível
internacional e, em especial, a nível continental.
Concentrar o EMA nas pescas de pequena escala, proporcionando-lhes um apoio personalizado na aplicação
de práticas de captura e de processamento sustentáveis.
Os governos beneficiam ao:
Utilizarem o EMA como um instrumento co-regulador para alcançar os seus objetivos políticos em relação à
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sustentabilidade.
Provarem, de forma transparente, o desempenho de sustentabilidade das suas indústrias pesqueiras.
Melhorarem o seu perfil com parceiros de desenvolvimento e a comunidade internacional.
Aprenderem com os processos EMA, de forma a informarem os seus próprios sistemas jurídicos e de gestão.
6. Conclusões sobre a cadeia de valor
As cadeias de valor conceptualizam a transformação das matérias-primas, independentemente da
escala, isto é, pescas de pequena escala ou industriais.
A ideia da cadeia de valor é uma forma sistemática de planear o negócio, tanto do ponto de vista
comercial como governamental, melhorando os benefícios através de melhores políticas.
As cadeias de valor determinam as áreas de vantagem comparativa nas ofertas e nos mercados.
A análise da cadeia de valor pode ajudar a maximizar os lucros e pode, igualmente, identificar as
atividades que são necessárias, mas não rentáveis.
As redes locais e regionais aumentam a criação de valor: diferentes mercados finais institucionais estão
ligados a diferentes formas de coordenação e controlo das cadeias de valor.
É necessário desenvolver a visão sobre: formação das capacidades, investimento, acesso ao mercado,
vendas e exportações.
Garantir que o ambiente político é favorável, mas não assumir que será suficiente.
Ter uma abordagem de grupo apenas como ponto de partida para as cadeias de valor e não como um
fim em si próprio.
Concentrar-se na competitividade e na produtividade. Procurar e explorar várias formas de acrescentar
valor, assim que o sucesso inicial tiver sido alcançado com um único negócio.
Identificar e apoiar cadeias de valor prometedoras, com assistência em pontos-chave na cadeia de valor
baseada na análise colaborativa dos desafios, definição conjunta de prioridades e assistência
especializada por parte de pessoas com experiência na indústria.
Reconhecer que algumas chaves para o sucesso exigem, principalmente, a intervenção do setor público,
outras apenas a do privado e algumas a combinação dos dois.
Os decisores políticos do setor governamental devem procurar alianças no setor privado em todas as
fases das cadeias de fornecimento e de valor.
Depois de tudo o que aprendemos acerca da cadeia de valor, vamos agora concentrar-nos no desenvolvimento
político.
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VALOR
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Parte B: Análise da cadeia de valor no planeamento político
A análise da cadeia de valor é útil para analisar as indústrias da pescas e da aquicultura em África e, através da
aplicação desta abordagem, podem ser obtidos novos esclarecimentos e desenvolvidas novas estratégias, tanto
a nível microeconómico (empresa) como a nível macroeconómico (nacional). A análise da cadeia de valor pode
ser aplicada a estudos puramente descritivos, onde o objetivo consiste em descrever um processo e, por
exemplo, atribuir porções dos custos a vários elementos. Mas também pode ser utilizada como modelo em
estudos mais analíticos, onde as relações e os mecanismos são descritos. A análise da cadeia de valor tem,
igualmente, uma utilização particular na análise do investimento comercial, onde pode proporcionar uma base
mais firme para a tomada de decisões sobre as oportunidades de investimento.
A compreensão das cadeias de valor exige que olhemos para todos os elementos socioeconómicos ao longo da
cadeia de valor, desde que o peixe é capturado até ao momento em que chega ao consumidor final. A intenção
por detrás disto é a de maximizar o valor a partir de uma perspetiva de lucro a nível da empresa comercial,
assim como a nível do pescador individual. E a partir da perspetiva das Administrações das Pescas, para
promover o desenvolvimento competitivo da indústria macroeconómica, que, através da análise da cadeia de
valor, permite-nos ganhar uma visão mais clara sobre a complexidade da economia nacional, do bem-estar
público, dos ganhos na conversão cambial e outras considerações.
Da perspetiva do desenvolvimento político, algumas das razões pelas quais a análise da cadeia de valor é tão útil
deve-se ao facto de salientar formas de alcançar:
Lucros mais elevados;
Condições de mercado mais estáveis, uma vez que os preços dos produtos de consumo, enquanto
resultado da criação de valor, demonstram menos variações do que os preços dos produtos de base;
Criação de emprego;
Diversificação dos produtos e dos mercados;
Segurança alimentar;
Redução das perdas pós-captura;
Maximização da gestão sustentável das pescas;
Benefícios económicos a jusante através de um maior envolvimento dos setores de apoio à indústria,
através do desenvolvimento de relações de grupo.
Devemos lembrar que a análise da cadeia de valor enquanto ferramenta não é útil só para ajudar os ricos, mas
também os pobres. Os seus princípios aplicam-se nas pescas industriais, semi-industriais e de pequena escala.
Muitas das pessoas mais pobres do mundo vivem nas áreas rurais da África Subsariana. São pobres porque não
estão efetivamente incorporados na principal corrente social, económica e política.
As políticas governamentais desempenham um papel importante na redução da pobreza, através da redução
dos riscos, estímulo das pescas sustentáveis, educação, capacidades, etc. No entanto, a pobreza rural só será
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VALOR
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significativamente reduzida se as comunidades rurais de baixos rendimentos se envolverem com sucesso no
mercado. Um enquadramento da cadeia de valor é útil porque permite-nos compreender, igualmente, por que
razão os participantes pobres não beneficiam atualmente com as suas atividades produtivas e o que pode ser
feito para melhorar o sucesso deste compromisso.
É improvável que as pessoas pobres nas zonas rurais façam uma transição bem-sucedida para uma produção
industrial mundialmente competitiva em muitos locais. Neste caso, precisamos de considerar os produtos
adequados para os mercados locais e regionais, em vez do mercado global. E as estruturas governamentais
relacionam-se com a organização da produção e com as ligações como os comerciantes em vez de se
relacionarem com o sistema de negociação multilateral, para que os pobres rurais possam encontrar a sua
verdadeira vantagem competitiva (Mitchell, Jonathan et.al. 2011).
A competitividade da economia local ou regional depende do funcionamento de toda a cadeia. Para as
Administrações das Pescas seguirem uma estratégia na construção da competitividade dos seus setores
pesqueiros, necessitam de uma forma simples de demonstrar onde estão os problemas-chave e onde é
necessária uma intervenção. Os mapas da cadeia de valor são úteis para identificar estes pontos e partilhar a
informação com todos os interessados. Isto forma uma base para discutir e decidir onde as instituições locais
podem resolver os problemas e onde é necessária a assistência das agências dadoras. A adoção desta
abordagem da cadeia faz com que seja mais provável que as contribuições locais e estrangeiras se
complementem e reforcem mutuamente.
A Parte B do presente manual proporciona uma abordagem passo a passo para compreensão da Análise da
Cadeia de Valor.
1. Desenvolvimento de políticas através da análise da cadeia de valor
As políticas são um conjunto de princípios orientadores que traçam o rumo para uma organização.
Proporcionam diretrizes e procedimentos – uma estratégia para alcançar os objetivos e fins da organização.
O desenvolvimento de uma boa política económica, adequada ao nível de desenvolvimento de uma indústria e
de um país, exige uma compreensão da forma como as empresas locais se encaixam na economia mundial.
Frequentemente, estes mercados não são espaços abertos a todos, mas sim espaços coordenados por
compradores globais que obtém diferentes partes e serviços de todo o mundo.
Há um aumento da integração funcional entre as atividades espalhadas internacionalmente. A subcontratação
de atividades de produção e de serviços a economias de salários elevados e de baixos salários acelera esta
tendência. Em alguns mercados, continua a ser possível desenvolver um desenho e uma marca únicas,
personalizar o produto de acordo com as nossas próprias especificações e exportá-lo diretamente.
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1.1 Objetivos da política:
O desenvolvimento de políticas a nível comercial organizacional e empresarial visa:
melhorar as oportunidades de rendimento;
reposicionar a empresa na economia global;
lidar com as preocupações das ameaças da concorrência estrangeira;
melhorar o desempenho dos produtores locais;
adequar-se às normas ambientais e laborais globais;
reduzir a pobreza, ajudando as pequenas e grandes empresas;
passar do nível mais baixo para o nível mais elevado para alcançar a competitividade.
As políticas públicas dirigidas ao setor privado tentam influenciar as decisões para melhorar o desempenho, às
quais os empresários respondem, frequentemente, com ceticismo. Mas os empresários ouvem os clientes e isto
é uma dica para os decisores políticos que se envolvem no setor privado!
Os programas que visam melhorar as capacidades das empresas envolvem modernizações em áreas críticas,
incluindo: gestão, equipamento, sistemas de qualidade e formação.
1.2 Importância das políticas e das melhores práticas:
Em cima, explicámos o que são as políticas e por que são importantes. As melhores práticas divergem na
medida em que se trata de um conjunto de procedimentos e práticas que foram desenvolvidas dentro de uma
organização, campo da indústria ou local de trabalho onde, através de formação e aprendizagem a partir de
experiências próprias ou partilhadas, foi desenvolvido um conjunto de práticas de trabalho para orientar o
trabalho dentro de um determinado contexto. As melhores práticas são, então, a tradição de trabalho de onde
derivam as práticas que funcionam melhor num determinado contexto.
As políticas e as melhores práticas são importantes para:
Ajudar os empresários locais a competir na economia global E a melhorar as oportunidades de
rendimento e condições de trabalho nas comunidades locais;
Concentrar-se naquilo em que os empresários locais são especializados;
Considerar a forma como o mercado global está organizado para estes produtos;
Compreender as cadeias de valor na indústria, para que os decisores políticos possam prestar um apoio
relevante e adequado.
1.3 Passos para conduzir uma ACV para o planeamento político
Algumas sugestões que, inicialmente, devem ser tidas em consideração:
1. Lembre-se, para maximizar convenientemente as cadeias de valor das pescas, as Administrações das
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Pescas devem trabalhar em parceria dentro do setor privado.
2. Utilizar, passo a passo, a Parte A do presente manual para identificar as questões relevantes para as
suas prioridades.
3. Atualizar os seus conhecimentos sobre os elementos das cadeias de valor das pescas em relação ao
desenvolvimento de políticas, através da leitura de jornais de negócios e comerciais, materiais de
seminários empresariais, boletins informativos das associações profissionais e recursos em linha sobre
os regulamentos governamentais estatais e locais. Falar em rede com os seus pares, incluindo os
homólogos profissionais com negócios semelhantes – ou desenvolver a sua própria rede de especialistas
na mesma situação que possam estar a desenvolver as suas próprias políticas para a análise da cadeia
de valor. Os jornais de confiança sobre as pescas e as páginas web com bases de dados podem orientá-
lo, incluindo, nomeadamente, a: Fishing News International; Fish Farming International; Seafood
International; Infofish International; Infofish Trade News; Globefish Highlights; Globefish European Fish
Price Report; a página web da FAO; a base de dados FishStat da FAO (Internet) e a página da web de
notícias sobre as pescas www.fis.com
4. Saiba: quais são as instituições de investigação das pescas da sua região; a organização regional de
gestão das pescas (ORGP); as Administrações das Pescas da sua região, as associações da indústria
pesqueira e as organizações de formação e de dadores das pescas e junte-se àqueles que considera ser
mais relevantes para si, para garantir que a política resultante dos vários esforços é relevante, atual e
será amplamente utilizada.
Podemos, agora, concentrar-nos na abordagem passo a passo que define os principais pontos-chave para a realização de uma ACV e abordar as políticas das pescas (Fonte: Value Chain Development; http://apps.develebridge.net/amap/index.php/Value_Chain_Development) Em primeiro lugar, do ponto de vista de um decisor político, o objetivo da análise da cadeia de valor é o de
permitir que as partes interessadas do setor privado modernizem as suas empresas e criem, em conjunto, uma
cadeia de valor competitiva que contribua para o crescimento económico com a redução da pobreza. O papel
do decisor político, juntamente com o possível envolvimento de um dador, consiste em facilitar e apoiar a
implementação da estratégia de competitividade por parte do setor privado, de forma a garantir que os
objetivos de desenvolvimento – crescimento económico, redução da pobreza e outras preocupações, tais como
a gestão sustentável dos recursos naturais – são igualmente cumpridos.
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Figura 15 Passo da análise da cadeia de valor
A Análise da Cadeia de Valor é um processo que exige quatro passos interligados: recolha de dados e
investigação, planeamento da cadeia de valor, análise das oportunidades e condicionantes e análise dos
resultados com as partes interessadas e recomendações para as ações futuras. Estes quatro passos não são,
necessariamente, sequenciais e podem ser simultaneamente executados.
1. A equipa da cadeia de valor recolhe os dados através de fontes primárias e secundárias, por meio de
investigação e entrevistas.
2. A equipa elabora um mapa da cadeia de valor, o que ajuda a organizar os dados.
3. Utilizando o enquadramento da cadeia de valor, os dados recolhidos são ainda mais organizados e
analisados para revelar oportunidades e condicionantes dentro da cadeia.
4. A resultante análise das oportunidades e condicionantes é examinada com as partes interessadas e
utilizada para conceber uma estratégia para a cadeia de valor, para melhorar a competitividade e para
chegar a acordo relativamente a investimentos de modernização.
Passo um: Recolha de dados
Uma boa análise da cadeia de valor começa com uma boa recolha de dados, desde a pesquisa documental inicial
até às entrevistas orientadas. O enquadramento da cadeia de valor – isto é, os fatores estruturais e dinâmicos
que afetam a cadeia – proporciona uma forma eficaz de organizar os dados, de dar prioridade às oportunidades
e de planear as intervenções.
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A pesquisa documental consiste num exame rápido do material prontamente disponível. O objetivo é
familiarizar o analista com a indústria, o seu mercado e o ambiente comercial em que opera, assim como
identificar as fontes de informações adicionais. As informações, tais como as estatísticas sobre as exportações
/importações, os relatórios de consumo, os números do comércio global, etc., podem ser obtidas através da
Internet, telefonemas e documentos provenientes dos ministérios do Comércio e da Indústria, jornais da
indústria especializados e boletins informativos profissionais e dos sindicatos. Uma vez realizada a pesquisa
documental, pode ser concebido um projeto de mapa da cadeia de valor, o qual pode ser melhorado durante a
fase primária de investigação.
As entrevistas são realizadas com 1) empresas e indivíduos de todos os níveis funcionais da cadeia e 2)
indivíduos externos à cadeia de valor, tais como os economistas. Para além de prestarem informações sobre a
movimentação do produto e a distribuição de benefícios, as entrevistas devem informar sobre a atual
capacidade de aprendizagem dos atores da cadeia de valor; de que forma a informação é trocada entre os
participantes; onde podem aprender sobre as novas técnicas de produção, os novos mercados e as tendências
de mercado e a dimensão da confiança existente entre os atores. As entrevistas podem ajudar a identificar onde
os participantes na cadeia podem encontrar oportunidades e condicionantes à modernização. A falta ou a
prestação desadequada dos serviços necessários para mover a cadeia de valor para o nível seguinte de
competitividade pode ser identificada a nível local, regional ou nacional.
Para além das entrevistas individuais, as discussões em grupo são uma forma útil de explorar os conceitos, gerar
ideias, determinar as diferenças de opinião entre os grupos de partes interessadas e comparar com outros
métodos de recolha de dados. O grupo pode ser composto por 7-10 pessoas que desempenham a mesma
função ou uma função semelhante na cadeia de valor. A discussão orientada apreende melhor a interação social
e os processos espontâneos de pensamento que informam a tomada de decisões, os quais perdem-se
frequentemente nas entrevistas estruturadas.
Os dados qualitativos reunidos irão revelar os fatores dinâmicos da cadeia de valor, tais como as tendências, os
incentivos e as relações. Para complementar, a análise quantitativa da cadeia é necessária para fornecer uma
visão da atual situação, em termos de distribuição de valor acrescentado, rentabilidade, produtividade,
capacidade de produção e avaliação comparativa dos concorrentes. A análise destes fatores salienta as
ineficácias e as áreas para a redução de custos.
Passo dois: Planeamento da cadeia de valor
O planeamento da cadeia de valor é o processo de desenvolvimento de uma caracterização visual da estrutura
básica da cadeia de valor. O mapa da cadeia de valor ilustra a forma como o produto flutua, desde as matérias-
primas até aos mercados finais, e apresenta a forma como a indústria funciona. Trata-se de um diagrama visual
comprimido dos dados recolhidos em diferentes fases da análise da cadeia de valor e apoia a descrição narrativa
da cadeia.
O propósito de um instrumento visual no processo de análise consiste em desenvolver uma compreensão
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partilhada entre as partes interessadas da cadeia de valor sobre a atual situação da indústria. O exercício de
planeamento é uma oportunidade de discussão entre as várias partes interessadas para revelar as
oportunidades e os problemas que devem ser abordados em fases posteriores do ciclo do projeto. Os mapas
ajudam, igualmente, a identificar as lacunas de informação que exigem mais investigação.
O Processo de Desenvolvimento do Mapa da Cadeia de Valor:
Recomenda-se que o planeamento da cadeia de valor seja efetuado em duas fases: a) um mapa inicial básico
após a recolha dos dados iniciais, ilustrando os participantes e as funções e b) um mapa ajustado, que é
realizado após as entrevistas adicionais e de acompanhamento. O nível de pormenor do mapa depende dos
objetivos e requisitos da missão estabelecidos no início.
Os passos para realizar um mapa da cadeia de valor são os seguintes:
1. Recolher dados de fontes secundárias, entrevistas com informantes-chave e/ou inquéritos;
2. Utilizar uma planilha de função/participante que inclui os seguintes elementos:
fornecimento de fatores de produção
produção
montagem
processamento
comércio por grosso
exportação
Estes elementos ajudam a organizar as informações-chave sobre quem está a fazer o quê na cadeia de
valor. O preenchimento do quadro-modelo seguinte pode facilitar bastante a conceção do mapa da
cadeia de valor. (Nota: Um ator pode realizar mais do que uma função.)
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Figura 16 Função de cruzamento da planilha genérica com participantes/atores
3. Desenhar o mapa, utilizando o formato de mapa básico. Não existem regras rígidas para o planeamento
da cadeia de valor, mas para facilitar a partilha de informações, são sugeridas as seguintes diretrizes de
apresentação:
Fazer uma lista dos mercados finais na parte superior do mapa.
Fazer uma lista das funções na parte inferior esquerda do mapa.
Preencher os participantes/atores de acordo com as suas funções e mercados e apresentá-los como
formas de bloco com texto inserido em cada entrada. Se os participantes/atores estiverem
envolvidos em mais do que uma função ou mercado, alargar o bloco para alcançar as
funções/mercados relevantes. Se as suas funções não forem consecutivas na cadeia, o bloco da
função em branco é apresentado com linha tracejada. Os atores devem ser agrupados por
categorias de empresas em vez de empresas individuais por nome.
Desenhar as ligações entre os blocos de participantes com setas na direção do fluxo de produtos.
Definir claramente os canais do mercado verticalmente, culminando com os mercados finais no
topo do mapa.
4. Incluir informações adicionais relevantes para a análise da cadeia. Os exemplos incluem:
Identificar categorias ou prestadores de serviços de apoio específicos no lado direito do mapa.
Apresentar a governação da cadeia de valor através de diferentes tipos de setas de ligação,
demonstrando padrões variados de governação associados a canais de mercado separados.
5. Adicionar sobreposições de dados sempre que for relevante e ajudar a análise da cadeia. As
sobreposições são representadas por:
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Número de empresas com N (N =__)
Vendas com S (S= __)
Emprego com E (E=__)
Volume com V (V=__)
O exemplo seguinte de mapa básico da cadeia de valor, desenvolvido para uma análise de horticultura na
Tanzânia, apresenta uma diferenciação do canal do mercado desde o nível do produtor para cima, quer para o
nível das exportações quer para o nível do mercado de consumo interno.
Figura 17 Processo da ACV - exemplo
O mapeamento é um instrumento simples; apesar de ser importante, tem limitações:
Não apresenta a dinâmica da cadeia de valor, as mudanças e as tendências da cadeia. Por definição, o
mapa é uma fotografia estática da estrutura da cadeia de valor e não consegue representar
convenientemente os fatores que influenciam a conduta dos participantes individuais da cadeia de
valor.
Não apresenta os requisitos e as oportunidades do mercado final. O mapa indica os mercados de
produto finais e, por vezes, os canais segmentados de mercado, mas isto não explica a estrutura ou a
dinâmica dos mercados finais.
Fornece apenas informações superficiais sobre os mercados de apoio. Geralmente, o mapa apresenta
apenas as categorias genéricas dos prestadores de serviços de apoio, tais como «serviços financeiros», e
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diz muito pouco sobre o acesso a estes serviços.
Não presta informações sobre o ambiente propício. O mapeamento é um instrumento demasiado
simplista para descrever o ambiente propício aos negócios e o seu impacto nas cadeias de valor.
Existe uma tendência de gastar demasiado dinheiro a tentar melhorar o mapa e a tentar chegar a
acordo em vez de utilizar o mapa como um dos vários instrumentos para identificar as limitações às
oportunidades de mercado.
Passo três: Análise das oportunidades e condicionantes, utilizando o enquadramento da cadeia de valor
O terceiro passo utiliza o enquadramento da cadeia de valor como uma lente através da qual os dados
recolhidos são analisados. O enquadramento é um instrumento útil para identificar questões sistémicas a nível
da cadeia, em vez de se concentrar nos problemas a nível da empresa. Enquanto as entrevistas conferem às
equipas de análise da cadeia de valor a possibilidade de reunir informações de empresas individuais, o
enquadramento da cadeia de valor ajuda a organizar esta informação para que a análise passe de uma
perspetiva a nível da empresa para uma perspetiva a nível da cadeia. Se a cadeia não consegue ser competitiva,
o sucesso das empresas individuais fica comprometido. Por isso, a abordagem sistémica é fundamental para
sustentar a competitividade da cadeia.
Os fatores que afetam o desempenho da cadeia são analisados mais aprofundadamente para caracterizar as
oportunidades e condicionantes da competitividade. Estes fatores são:
Mercados finais
Ambiente propício aos negócios
Ligações verticais
Ligações horizontais
Mercados de apoio
Governação da cadeia de valor
Relações interempresariais
Modernização
Cada fator desempenha um papel na influência da competitividade da cadeia de valor. Utilizando um formato
do Quadro de Análise da Cadeia de Valor, estes fatores do enquadramento da cadeia de valor podem ser
avaliados em termos de oferta de oportunidades de modernização e de condicionantes ao aproveitamento das
oportunidades.
O quadro da análise da cadeia de valor:
Realiza-se melhor este exercício em dois níveis: um com a equipa de análise da cadeia de valor e o outro com o
seminário de verificação. Se olharmos para a cadeia de valor através das lentes do enquadramento,
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conseguimos identificar:
as melhores oportunidades de crescimento e de melhor desempenho industrial resultante da
modernização. as indicações destas oportunidades incluem as tendências positivas de mercado, a
legislação favorável, os grupos ativos de atores, os «campeões» da cadeia de valor, os prestadores de
serviços em expansão e as relações de ganho mútuo;
as condicionantes sistémicas que evitam que as oportunidades não realizadas sejam exploradas; os
obstáculos incluem inteligência desadequada do mercado, regulamentos locais punitivos, apoio
subdesenvolvido, baixos níveis de liderança empresarial e relações contraditórias;
os tipos de relações existentes;
quaisquer lacunas na informação reunida;
o conjunto de partes interessadas na indústria que irá beneficiar dos investimentos em modernização. O
envolvimento deste grupo irá determinar o sucesso de uma intervenção. Sozinhas, as partes
interessadas podem não estar em posição de impulsionar a mudança;
o subconjunto do grupo de partes interessadas que têm os incentivos, as capacidades, os recursos e o
poder para ajudar a impulsionar/ fazer os investimentos necessários para melhorar. Este grupo será o
catalisador da mudança, apesar de precisarem de outros grupos na cadeia para que isso aconteça.
O quadro que se segue pode ser considerado um instrumento de análise da informação recolhida. Para cada
fator da coluna da esquerda que afeta o desempenho, faça uma lista das oportunidades, das condicionantes que
evitam que essas oportunidades sejam aproveitadas, do potencial do fator para contribuir para a melhoria da
cadeia e da qualidade da relação. Em vez de utilizar as análises comparativas genéricas como base para a
análise, cada fator deve ser analisado em termos da sua contribuição para a melhoria da cadeia de valor em
análise.
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Quadro 4: Como recolher e analisar informações
Enquadramento da cadeia de valor
As cadeias de valores abrangem a gama completa de atividades e serviços necessários para levar um produto ou
serviço desde a sua conceção até à sua venda nos mercados finais – quer sejam locais, nacionais, regionais ou
globais. As cadeias de valor incluem os fornecedores, produtores, processadores e compradores. São apoiadas
por uma variedade de prestadores de serviços técnicos, comerciais e financeiros. As cadeias de valor têm
componentes estruturais e dinâmicas. A estrutura da cadeia de valor influencia a dinâmica do comportamento
da empresa e estas dinâmicas influenciam o bom desempenho da cadeia de valor. O processo da análise da
cadeia requer a utilização do enquadramento da cadeia de valor para identificar: 1) a estrutura da cadeia,
incluindo todos os indivíduos e empresas que conduzem negócios, acrescentando valor e ajudando a
movimentar o produto até aos mercados finais e 2) a dinâmica da cadeia de valor, que se refere aos
determinantes do comportamento individual e empresarial e o seu efeito no funcionamento da cadeia.
Fatores estruturais
A estrutura de uma cadeia de valor inclui todas as empresas da cadeia e pode ser caracterizada em termos de
cinco elementos descritos a seguir:
Mercados finais: Os mercados finais são o ponto de partida para a análise da cadeia de valor. Os mercados finais
são pessoas e não uma localização. Determinam as características – incluindo o preço, a qualidade, a quantidade
e o momento – de um produto ou serviço de sucesso. Os compradores dos mercados finais são uma voz
poderosa e um incentivo à mudança. São importantes fontes de informação sobre a procura, podem transmitir
aprendizagem e, em alguns casos, estão dispostos a investir em empresas mais abaixo da cadeia. As análises dos
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mercados finais avaliam as atuais e potenciais oportunidades de mercado, através de entrevistas com os atuais
e potenciais compradores, e têm em consideração as tendências, os potenciais concorrentes e outros fatores
dinâmicos. Durante a análise da cadeia, a atenção deve estar centrada na atual e potencial capacidade de
produção da cadeia, no país estudado, e a sua capacidade de responder à procura do mercado final. É através
da análise dos mercados finais que conseguimos identificar o investimento necessário que irá impulsionar a
melhoria da cadeia.
Ambiente favorável aos negócios: As cadeias operam num ambiente propício aos negócios (APN), que pode ser,
ao mesmo tempo, global, nacional e local e incluem normas e costumes, leis, regulamentos, políticas, acordos
de comércio internacional e infraestruturas públicas (estradas, eletricidade, etc.). O ambiente internacional
propício exige a investigação de convenções, tratados, acordos e normas de mercado. Apesar de os acordos
comerciais, tais como os Acordos de Parceria Económica da União Europeia ou a Lei do Crescimento e
Oportunidade para África (AGOA), poderem proporcionar oportunidades às empresas, as normas internacionais
podem criar obstáculos às mesmas oportunidades. É igualmente necessária informação a outros níveis,
incluindo políticas nacionais e locais, impostos, procedimentos de licenciamento de empresas, regulamentos
promulgados e estado das infraestruturas públicas. Esta análise pode precisar de ser mais dividida em termos de
tamanho da empresa: podem existir limitações e oportunidades particulares que as micro e as pequenas
empresas enfrentam, por exemplo. De um modo geral, o processo de análise deve determinar se e como o
ambiente favorável aos negócios facilita ou dificulta o desempenho da cadeia de valor, e se dificulta, onde e
como pode ser melhorado. As restrições de APN podem ser difíceis de resolver - às vezes exige uma quantidade
considerável de tempo, recursos e capital político. Consequentemente, as restrições significativas do APN
descobertas durante a fase de análise da cadeia de valor podem conduzir a uma reconsideração da seleção da
cadeia de valor.
Ligações verticais: As ligações entre as empresas em níveis diferentes da cadeia de valor são essenciais para
mover um produto ou serviço até ao mercado final. A cooperação vertical reflete a qualidade das relações entre
as empresas ligadas verticalmente para cima e para baixo da cadeia de valor. As transações mais eficientes entre
as empresas que se relacionam verticalmente numa cadeia de valor aumentam a competitividade de toda a
indústria. Além disso, as ligações verticais facilitam a apresentação de benefícios e serviços incorporados e a
transferência de conhecimentos e informações entre as empresas em cima e em baixo da cadeia. As operações
de pesca e de aquicultura estão verticalmente ligadas a uma variada gama de atores de mercado, incluindo os
grossistas, os retalhistas, os exportadores, os comerciantes, os intermediários, os comerciantes de insumos, os
fornecedores, os prestadores de serviços e outros. A natureza das ligações verticais – incluindo o volume e a
qualidade da informação e dos serviços disseminados – define e determina, frequentemente, a distribuição de
benefícios ao longo da cadeia e cria incentivos ou limitações à melhoria, definida como «inovação para
aumentar o valor acrescentado». Além disso, a eficiência das transações entre as empresas que se relacionam
verticalmente numa cadeia de valor afeta a competitividade de toda a indústria. Uma parte importante da
análise da cadeia de valor é a identificação de ligações verticais fracas ou inexistentes.
Ligações horizontais: As ligações horizontais – tanto formais como informais - entre as empresas em todos os
níveis da cadeia de valor podem reduzir os custos de transação, criar economias de escala e contribuir para o
aumento da eficiência e da competitividade de uma indústria. Além de diminuir o custo dos produtos e serviços,
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as ligações horizontais podem contribuir para a partilha de capacidades e recursos e para melhorar a qualidade
do produto através de normas de produção comuns. Tais ligações também facilitam a aprendizagem coletiva e a
partilha de riscos, aumentando o potencial de modernização e inovação. A análise da cadeia de valor também
considera a concorrência entre as empresas. Enquanto a cooperação pode ajudar as empresas a alcançar
economias de escala e a ultrapassar as limitações comuns para encontrar oportunidades, a concorrência
incentiva a inovação e impulsiona as empresas a modernizarem-se. As ligações horizontais mais bem-sucedidas
mantêm um equilíbrio entre estes dois conceitos contrastantes, mas fundamentais e complementares. Um dos
objetivos da análise da cadeia de valor consiste em identificar as áreas onde o poder de negociação colaborativa
pode reduzir os custos ou aumentar os benefícios para as pequenas empresas que operam na cadeia.
Mercados de apoio: Os mercados de apoio desempenham um papel importante na modernização das
empresas. Incluem serviços financeiros, serviços transversais, tais como a consultoria comercial, a assessoria
jurídica e as telecomunicações, e serviços específicos do setor. Nem todos os serviços podem ser prestados
como serviços incorporados pelos atores da cadeia de valor e, por isso, os mercados de apoio dinâmicos são
muitas vezes essenciais para a competitividade. Os prestadores de serviços podem incluir empresas e pessoas
singulares com fins lucrativos, assim como instituições e agências financiadas com fundos públicos. Os mercados
de apoio operam dentro da sua própria cadeia de valor – a maioria dos prestadores de serviços necessita de
fornecedores, formação e financiamento, para além de fortes ligações verticais e horizontais. As análises da
cadeia de valor devem, por isso, procurar identificar as oportunidades para melhorar o acesso a serviços que
visam os atores da cadeia de valor, para que os mercados de apoio saiam simultaneamente reforçados, em vez
de debilitados. É provável que os mercados formais de apoio expandam à medida que a cadeia de valor se
desenvolve. Por isso, quando analisar as cadeias de valor emergentes, ou as que são predominadas por
pequenas empresas, deve prestar uma atenção especial para descobrir os prestadores de serviços do setor
informal, que passam, muitas vezes, despercebidos.
Fatores dinâmicos
As empresas de uma determinada indústria criam os elementos dinâmicos descritos a seguir através das
escolhas que fazem, em resposta à estrutura da cadeia de valor.
Governação da cadeia de valor: Uma característica distintiva da análise da cadeia de valor é o facto de a ênfase
não estar na dinâmica dos mercados finais, mas sim nas dinâmicas e nas mudanças das relações. A governação
da cadeia de valor refere-se às relações entre os compradores, vendedores, prestadores de serviços e
instituições reguladoras que operam dentro ou influenciam o conjunto de atividades necessárias para levar um
produto ou serviço desde a conceção até à sua utilização final. A governação está relacionada com o poder e a
capacidade de exercer o controlo ao longo da cadeia - em qualquer ponto da cadeia, uma empresa (ou
organização ou instituição) estabelece e/ou reforça os parâmetros com que os outros na cadeia operam.
Compreender como e quando as empresas líderes definem, monitorizam e aplicam as regras e normas pode
ajudar as empresas na cadeia a melhor integrar e coordenar as suas atividades. A governação é particularmente
importante para criação, transferência e divulgação de conhecimentos que conduzem à inovação, que permite
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VALOR
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que as empresas melhorem o seu desempenho e mantenham uma vantagem competitiva. A consciência da
estrutura de governação da cadeia de valor pode prestar aos governos, dadores e profissionais de
desenvolvimento informações sobre a melhor forma de dar às pequenas empresas e às empresas maiores a
formação e a assistência técnica necessária para modernizar a sua posição na cadeia. Quando realizar uma
análise da cadeia de valor, o tipo de estrutura de governação existente deve ser identificado, uma vez que irá
contribuir significativamente para a seleção das intervenções para aumentar a competitividade.
Relações interempresariais: Isto refere-se à natureza e à qualidade das interações entre as partes interessadas
na cadeia de valor. As relações podem apoiar a competitividade da indústria que aumenta os benefícios para as
pequenas empresas e as grandes empresas, ou contradizê-la. As relações de apoio facilitam a colaboração,
permitem a transmissão de informações, capacidades e serviços e proporcionam incentivos à modernização.
Baseiam-se numa visão a longo prazo da indústria, enquanto as relações adversas são estruturadas para
maximizar os lucros a curto prazo. Durante a análise da cadeia de valor, devem ser feitas perguntas aos
entrevistados que irão revelar se consideram que os seus relacionamentos são mutuamente benéficos; se suas
interações são recorrentes e substanciais (envolvendo a troca de informações, capacidades e serviços, além de
produtos e dinheiro) ou se são interações comerciais breves e isoladas, e se estas relações são encetadas
livremente por um motivo de interesse próprio, sem pressões a nível social ou governamental.
Modernização: Para responder mais eficazmente às oportunidades de mercado, as empresas e as indústrias
precisam de inovar para acrescentar valor aos produtos e serviços e para tornar os processos de produção e de
comercialização mais eficazes. Essas atividades, conhecidas como modernização ao nível da empresa, podem
proporcionar às pequenas e grandes empresas um maior retorno e um rendimento mais estável e seguro,
através do desenvolvimento de conhecimentos e da capacidade de resposta às condições de mercado em
mudança. A modernização a nível da indústria concentra-se em aumentar a competitividade de todas as
atividades envolvidas na produção, processamento e/ou comercialização de um produto ou serviço e mitigar os
condicionalismos que limitam o desempenho da cadeia de valor. A modernização deve ser um processo
contínuo e pode conduzir ao crescimento económico nacional. Na análise da cadeia de valor, o objetivo é
identificar as oportunidades e restrições a nível da modernização da empresa e da indústria; especificamente, a
análise procura empresas catalisadoras com os incentivos, recursos e disposição para promover e facilitar a
modernização dentro da cadeia.
Passo quatro: Examinar os resultados da cadeia de valor através de seminários com as partes interessadas
A análise da cadeia de valor ajuda a desenvolver uma visão do setor privado de modo a refletir o interesse das
partes interessadas na melhoria da eficiência e competitividade da cadeia. O quarto passo, os resultados do
exame, utiliza a análise da cadeia de valor através de um evento estruturado (ou série de eventos), tais como
um seminário para facilitar o debate com e entre os participantes selecionados.
O objetivo desses eventos é juntar os participantes responsáveis por funções decisivas de mercado, pela
prestação de serviços e pelo ambiente legal, regulatório e político. O objetivo é fazer com que esses
participantes - que têm um incentivo para impulsionar os investimentos na modernização – desenvolvam e
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VALOR
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auxiliem na implementação de uma estratégia de competitividade liderada pelo setor privado. Para desenvolver
esta estratégia, as partes interessadas terão de dar prioridade às oportunidades e às condicionantes
identificadas durante a análise da cadeia de valor. Com um formato aberto, tais eventos estruturados
promovem a compra para o processo de análise.
Os participantes são selecionados com base no papel que desempenham na cadeia de valor, ou na sua
responsabilidade para funções decisivas de mercado. Também deve haver pequenas, médias e grandes
empresas e associações de representantes que, durante a fase de entrevista, demonstraram uma compreensão
das questões relacionadas com a cadeia de valor (especialmente as oportunidades), um forte interesse nos tipos
de perguntas feitas durante a entrevista e capacidades de liderança entre os colegas ou a comunidade.
Os eventos de exame podem assumir várias formas, desde simples sessões de relatórios de um dia para
seminários mais estruturados que duram dois ou três dias. Os eventos estão previstos para reforçar a
importância de conhecer e compreender o mercado final. Ao apresentar os resultados da análise da cadeia de
valor, os líderes do seminário devem salientar que, para se manterem competitivas, as partes interessadas e os
outros participantes devem saber instantemente o que os mercados finais exigem em termos de especificações
de produto, qualidade e outros requisitos.
Pode ser importante estarem presentes vários compradores no seminário. Quando não for possível, uma
entrevista por telefone ou em vídeo pré-gravado pode ser um meio eficaz para as partes interessadas verem e
ouvirem diretamente os compradores.
O evento deve incluir debates facilitados, revisão e ajustes do mapa da cadeia de valor e uma revisão do Quadro
de Análise da Cadeia de Valor supramencionado. Para este exercício, recomenda-se que todo o quadro seja
projetado num ecrã e que os aditamentos e as modificações efetuados durante dos debates sejam inseridos
com o computador que projeta o quadro. Isto garante um processo participativo e um ajustamento no
momento, testemunhado pelos participantes presentes. Se forem feitas alterações, o quadro atualizado pode
ser impresso rapidamente e distribuído aos participantes antes de irem embora.
Em ambientes caracterizados pelo número de parceiros dadores que trabalham no mesmo grupo de empresas,
é provável que haja atritos e ceticismos, especialmente entre os mais importantes impulsionadores de
mudança. Em algumas situações, as empresas mais importantes para impulsionar a mudança podem não
participar nos seminários de um dia, apesar de estarem altamente comprometidas com o processo de
modernização e na estratégia de tornar a indústria mais competitiva. Se o tempo permitir, a equipa de análise
pode encontrar-se com estas empresas antes do seminário, para convencê-las do valor do processo de
planeamento competitivo. Se não for possível, a equipa de análise deverá encontrar-se com estas empresas o
mais cedo possível após o seminário para examinar os resultados e garantir a compra ou o compromisso para
com o processo de planeamento da competitividade da indústria.
1.4 Melhorar a competitividade, melhorar a excelência
A pressão competitiva para alcançar ganhos de eficiência obriga as empresas a interagir mais de perto com os
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parceiros a montante e a jusante no processo de criação de valor.
A implicação para os decisores políticos é que as ligações merecem mais atenção, tanto nacional como global,
para alcançar a competitividade. O ponto geral principal é que, ao seguir as ligações desde os compradores até
aos produtores, a abordagem da cadeia de valor estabelece as prioridades para a ação. Isto foi explicado na
Parte A, onde a Análise Invertida da Cadeia de Valor é particularmente útil se olharmos primeiro para as
procuras do mercado final, ajuda a estabelecer prioridades para o desenvolvimento eficaz mais cedo na cadeia
de valor.
Pode, igualmente, ser utilizado para atrair agências de apoio nacionais e estrangeiras numa estratégia comum.
Por favor, note que a competitividade das empresas individuais dependem de:
Competitividade da cadeia de valor
Interação com os parceiros a jusante e a montante
Ligações nacionais eficazes na cadeia de valor
Fornecedores que apresentam produtos de elevada qualidade e atempadamente
Apoio das instituições
Conformidade com as normas internacionais
Identificação e resolução de problemas na cadeia de valor que atrasam o progresso
.. E, sem surpresas, a procura do cliente é a impulsionadora da mudança!
1.5 Procura do cliente: a impulsionadora da mudança
Vivemos num mundo impulsionado pelos compradores e, à medida que os mercados se tornam mais
diferenciados e complexos e os compradores se tornam mais exigentes, torna-se essencial melhorar a prestação
de serviços e a consequente competitividade.
A abordagem impulsionada pelo cliente torna-se essencial para direcionar os esforços e a prestação de serviços
modernizados. Os decisores políticos, para serem eficazes, devem aprender a trabalhar com esses
impulsionadores da mudança, e devem utilizar a análise da cadeia de valor para ajudá-los nessa tarefa.
Isto proporciona aos decisores políticos uma visão sobre como as empresas locais se encaixam na economia
global – e proporciona a todos os atores as ferramentas necessárias para identificar onde serão necessárias
melhorias para realizar estas ligações.
1.6 Identificar áreas que precisam de melhorias, utilizando a análise da cadeia de valor como instrumento
Assim que a política tenha sido desenvolvida, o presente manual deverá servir de modelo para garantir que o
negócio continua a correr em conformidade com os objetivos e as práticas de trabalho determinados. Utilize a
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política para perguntar que fatores de sucesso críticos são necessários para conseguir fazer negócio com os
compradores. Depois, analise as lacunas entre os requisitos dos compradores e as capacidades dos
fornecedores. Em muitos casos, é necessário ir ter com os próprios compradores para descobrir.
Os clientes compradores podem ter uma perceção muito diferente dos aspetos do desempenho do fornecedor
que são realmente importantes e fazer, igualmente, avaliações diferentes do nível de competência dos
fornecedores. Se a prestação de serviços se baseia nas próprias avaliações dos fabricantes, podem ser
desperdiçados recursos na melhoria do desempenho, em áreas que nunca foram prioritárias para os
compradores.
Os elementos comuns que influenciam a competitividade dos rivais comerciais semelhantes são:
Qualidade do produto e embalamento;
Preço;
Rapidez de entrega;
Flexibilidade;
Design inovador.
Os produtores podem ter fracos desempenhos em termos de qualidade e pontualidade, por exemplo, mas ter
um bom desempenho em termos de preço e flexibilidade. Tais diferenças surgem claramente se pedirmos aos
compradores que classifiquem o desempenho dos fornecedores, utilizando uma escala de 1 a 5 para cada um
dos critérios mencionados.
Os fornecedores podem ser, então, solicitados a classificar o seu próprio desempenho, utilizando os mesmos
critérios e escala. A comparação desta autoavaliação com a avaliação do comprador é um importante
instrumento para ajudar os empresários a identificar onde podem estar a falhar e onde precisam de melhorar.
1.7 Ganhar acesso ao mercado: Qual é o problema das políticas?
Ganhar acesso ao mercado está relacionado com a melhoria da competitividade. Tenha cuidado com as
armadilhas demasiado orientadas para a oferta, apesar de se concentrarem demasiado nos fatores de
produção, tais como: competências, tecnologia, matérias-primas, crédito – e não estar suficientemente
preocupadas com quem compra os produtos. A prestação de um bom serviço reforça, igualmente, a ligação com
o comprador.
De vez em quando, é bom lançar missões de investigação, uma vez que estas ajudam os empresários e os
decisores políticos a saber como funciona o mundo real.
No que diz respeito ao conflito com a própria competência dos compradores, a solução pode passar pelo facto
de os compradores só contribuírem para promover os seus próprios interesses, apoiando a participação em
feiras comerciais e diversificando os clientes e os mercados.
Para o decisor político, a questão reside em saber como é que estas relações podem ser utilizadas para melhorar
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o fluxo de conhecimentos ao longo da cadeia. É aqui está o desafio.
Apoiar a participação em feiras comerciais é um serviço importante para as empresas que operam nos
mercados onde muitos produtos enfrentam muitos compradores. E, nos mercados dominados por alguns
compradores, ajudar os produtores a ter acesso a estes compradores e a visitar as suas cadeias é um serviço
valioso.
1.8 Diversificar os clientes e os mercados
De modo a evitar a dependência excessiva de um comprador, torna-se importante diversificar, gradualmente, os
compradores e os mercados e operar em várias cadeias ao mesmo tempo. É aqui que os Serviços de
Desenvolvimento Empresarial (SDE) continuam a ser importantes. É improvável que informação, o
aconselhamento e a formação necessários para esta diversificação provenham dos compradores existentes. Daí
a necessidade de instituições especializadas para desempenhar esta tarefa, por exemplo, o Conselho de
Investimento na Maurícia.
2. Utilizar as políticas para modernizar as capacidades empresariais
Ao longo das duas últimas décadas, a importância do comércio coordenado por compradores globais aumentou
consideravelmente. Isto teve um grande impacto na capacidade de melhorar o desempenho dos produtores
locais, utilizando melhores equipamento e pessoal mais qualificado, e produzir produtos de qualidade para os
mercados globais. Trabalhar para as especificações dos grandes compradores globais proporciona, muitas vezes,
um caminho rápido para os processos e produtos de modernização dentro de uma empresa.
Por que é que compradores globais estabelecem e aplicam os mesmos termos sob os quais outras empresas da
cadeia operam? Por que é que se dão ao trabalho e incorrem em despesas para estabelecer e supervisionar as
cadeias de abastecimento? A razão central é o medo de não terem o produto para a especificação certa, no
momento certo e no sítio certo – ou o «risco de fracasso do fornecedor».
Mas os compradores globais nem sempre desempenham este papel favorável. Existem casos em que não
prestam qualquer apoio e outros em que bloqueiam as ambições dos produtores; por isso, a abordagem dos
Serviços de Desenvolvimento Empresarial é muito importante.
Os dadores e as agências governamentais são a favor desta abordagem. É aqui que os dadores e as agências
governamentais têm uma parceria de trabalho com as empresas e trabalham em conjunto para melhorar a
atividade empresarial. A mensagem central da recente investigação da cadeia de valor é a de que os
compradores têm um importante papel, ao ajudar os produtores locais a modernizar as suas capacidades e
equipamentos, para produzirem de acordo com as suas especificações.
A questão é: Podem os decisores políticos criar as circunstâncias necessárias para incentivar uma tal modernização por parte do setor privado? As oportunidades de modernização divergem consoante os tipos de
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cadeia de valor com os quais as empresas contribuem. A forma como o comércio está organizado é importante!
3. Conflito das partes interessadas
Existem diferentes tipos de conflito: litígios ambientais, industriais e entre comunidades. Sem mediação, os
conflitos dividem as economias. Na maioria dos casos, o governo é o mediador mais legítimo e as agências
governamentais podem ajudar nas intervenções.
É necessária uma especialização qualificada para resolver os problemas, seguindo as melhores práticas criadas
na resolução de conflitos. A melhor forma de evitar os conflitos é, contudo, através da aplicação de abordagens
participativas.
A proposta apresentada aqui é a de que a abordagem das partes interessadas deve ser revista: O grupo de
atores que devem ser trazidos para a mesa não pode derivar de um núcleo local ou de uma única abordagem de
desenvolvimento.
A abordagem da cadeia de valor ajuda a fazer uma seleção mais relevante das partes interessadas, incluindo os
compradores externos, especialmente se estes «puxarem os cordelinhos» e tiverem um impacto direto nos
resultados locais. Para beneficiarem destas iniciativas dos compradores, seria melhor para os exportadores de
pequena escala se os seus núcleos conseguissem obter volumes e negociar a preços melhores.
3.1 Questões laborais no mercado
Os trabalhadores querem fazer parte desta tomada de decisões. Seria bom que os empregadores se
lembrassem que envolver as partes interessadas é uma forma de, por um lado, estar de bem com os
funcionários e, por outro, melhorar o trabalho e os padrões da prática. O envolvimento dos sindicatos força a
empresa a manter a casa limpa. Um comité de gestão que inclua os trabalhadores pode melhorar as relações
industriais dentro da empresa.
3.2 Estratégias de melhoria do trabalho:
Compromisso com as boas práticas;
Gestão e cooperação do trabalhador e objetivos comuns para a empresa;
Formação e reforço de capacidades;
Monitorização e inspeção do desempenho empresarial;
Partilha de ensinamentos;
Investigação.
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3.3 A cadeia de valor e a melhoria dos padrões de emprego
Mais uma vez, a cadeia de valor é uma ajuda, promovendo os bons padrões de emprego através da:
responsabilidade social das empresas onde as grandes partes interessadas prestam assistência financeira ou
técnica à comunidade envolvente ou outras organizações merecedoras. As organizações que tratam bem o seu
pessoal constroem uma boa reputação, o que inspira confiança nos clientes. Confiam na organização enquanto
empregador e, por isso, também confiam no produto ou serviço que oferece.
Diferenças entre os setores da indústria a ser tidas em consideração
Garanta que a variedade dentro do grupo é aceite e complementa os objetivos da empresa. Por exemplo,
quando a aquicultura passa para uma grande escala pode fazer baixar os preços dos peixes selvagens que
competem no mesmo mercado internacional, por isso, estas espécies devem desenvolver um nicho de mercado
para continuarem a ser rentáveis. Atualmente, cada vez mais empresas pesqueiras adotam, por este motivo, a
aquicultura para espalhar o risco e produzir uma base de clientes – para capitalizar os benefícios de ambas as
espécies, aquicultura e selvagem.
Os decisores políticos para compreender os pontos de alavancagem realísticos e as opções para avançar
Os pontos de alavancagem são áreas onde o comércio pode maximizar os benefícios, naquilo que é uma forma
de obter lucros e de desenvolver o setor rapidamente. No setor das pescas de pequena escala, um ponto de
alavancagem é, por exemplo, a utilização de gelo para atrasar a deterioração do peixe. Assim que se torna
conhecido que o produto tem agora uma qualidade mais elevada, existe a oportunidade de entrar em novos
mercados que pagam melhores preços.
A capacidade do comércio de reduzir a pobreza (dependendo da vontade de baixar o valor nas cadeias globais
para beneficiar os trabalhadores não registados)
Por vezes, uma empresa compromete um pouco nos lucros, para obter uma boa reputação de mercado. Os
clientes e os trabalhadores acreditam, talvez de forma estereotipada, que as empresas obtêm grandes lucros,
mesmo quando o proprietário contesta esta ideia. Uma empresa que cuida do bem-estar dos seus
trabalhadores durante os bons tempos tem a compreensão e a cooperação dos funcionários nos maus tempos.
A capacidade da cadeia de valor de melhorar os padrões de emprego exige a regulamentação das práticas de
emprego e o alargamento da capacidade comercial da economia informal. A abordagem da cadeia de valor pode
salientar as diferenças entre diversos tipos de relações, para ajudar os decisores políticos a compreender pontos
de alavancagem realísticos e as opções para avançar. Pode, igualmente, demonstrar as ligações entre os
trabalhadores mais desfavorecidos e outras partes da indústria de um determinado país.
Isto pode conduzir a uma análise dos pontos de alavancagem internos. Quem detém o poder? Qual é a
percentagem dos custos laborais nos custos totais mais acima na cadeia? Os custos da proteção social podem
tornar os fabricantes ou os seus compradores menos competitivos?
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A análise da cadeia ajuda a responder a estas questões e torna possível fazer negociações mais informadas.
3.4 Os atores com poder na cadeia de valor
As relações são importantes. Se os decisores políticos esperam que as empresas locais aprendam com a
participação na economia global, precisam de saber se essas empresas estão envolvidas apenas na transação
(compra ou venda) ou na interação (que abrange, igualmente, uma troca intensiva de informações e
transferência de ideias).
Devem ter consciência do poder e das desigualdades na cadeia. Trabalhar para os atores com poder pode trazer
grandes benefícios, mas irá limitar extremamente aquilo que as empresas ou as agências governamentais
podem alcançar.
Porquê e de que forma as cadeias de valor são governadas
Definição do produto
Quanto mais os compradores seguirem uma estratégia de diferenciação de produtos – por exemplo,
através da conceção e da marca – maior será a necessidade de proporcionar aos fornecedores
especificações precisas de produto e garantir que estas especificações são cumpridas.
Risco de fracasso dos fornecedores
A importância crescente da ausência de uma concorrência a nível dos preços, com base em
determinados fatores como a qualidade, o tempo de resposta e a confiança na entrega, juntamente com
o aumento das preocupações sobre a segurança e as normas, significa que os compradores se tornaram
mais vulneráveis às falhas no desempenho dos fornecedores.
A governação da cadeia de valor é importante porque:
As cadeias de valor moldam o acesso ao mercado: Mesmo quando os países desenvolvidos eliminam as
barreiras comerciais, os produtores dos países em desenvolvimento não ganham automaticamente acesso aos
mercados dos países desenvolvidos, uma vez que as cadeias que os produtores alimentam estabelecem critérios
para a distinção entre as relações. As cadeias cativas podem impulsionar as capacidades de produção.
A distribuição de ganhos ao longo da cadeia de valor é desigual: As revelações-chave da análise global da cadeia
de valor são, muitas vezes, controladas por um número limitado de compradores. Para poderem participar no
fabrico para exportação para os mercados como a Europa e a América do Norte, os produtores dos países em
desenvolvimento precisam de aceder às principais empresas destas cadeias.
A rastreabilidade é essencial para estas empresas se quiserem cumprir as normas de saúde, segurança,
ambientais e laborais exigidas pelos consumidores, pelas ONG e agências governamentais. As pequenas
empresas não conseguem, muitas vezes, entrar nestes mercados de exportação porque não conseguem cumprir
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as exigências de rastreabilidade das empresas líderes.
Compreender a estrutura de poder de uma cadeia ajuda a compreender a distribuição de ganhos ao longo da
cadeia. A capacidade de governar assenta, frequentemente, em competências subtis (design, marca,
marketing), caracterizadas pelas elevadas barreiras à entrada.
Os elevados retornos recolhidos vão, normalmente, para as empresas dos países desenvolvidos. Pelo contrário,
as empresas dos países em desenvolvimento tendem a ser fechadas em atividades tangíveis (produção),
produzindo ao nível das normas exigidas pelas empresas líderes, sofrendo com a concorrência intensa e
colhendo poucos retornos.
Estas questões de distribuição são essenciais para os debates sobre os benefícios da integração económica
global. Apesar das desigualdades ao longo da cadeia – as oportunidades de trabalho e de ganhar dinheiro para
os trabalhadores melhoraram consideravelmente ao longo dos tempos.
Assim, no planeamento e definição futuros de novas políticas, as observações supramencionadas devem ser
tidas em consideração, para que estes desafios possam ser abordados.
4. Análise da cadeia de valor como forma de introduzir políticas para melhorar o
comércio internacional de peixe e a segurança alimentar para as pescas de pequena escala
nos países em desenvolvimento6 A FAO e a Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (NORAD) iniciaram uma análise
abrangente da cadeia de valor do comércio internacional de peixe, com uma avaliação do impacto do setor de
pequena escala nos países em desenvolvimento. O objetivo é identificar formas de melhorar a segurança
alimentar para as populações locais através de decisões políticas mais informadas.
Na produção de peixe, uma grande percentagem é executada pelo setor de pequena escala. É, portanto,
extremamente importante chegar a políticas que salvaguardem os interesses dos produtores de pequena
escala, permitindo-lhes não apenas aceder aos mercados internacionais, mas também obter preços e margens
que lhes permitam alcançar sustentabilidade a longo prazo, do ponto de vista dos recursos económicos, sociais
e biológicos.
4.1. Objetivo do projeto: melhorar o conhecimento da dinâmica da cadeia de valor
O objetivo do projeto consiste em alcançar uma melhor compreensão das dinâmicas das cadeias de valor
relevantes no comércio internacional de peixe e chegar a recomendações políticas. O projeto analisa a
distribuição de benefícios na cadeia de valor e as ligações entre os benefícios relativos e a conceção na cadeia.
As comparações estão a ser feitas entre as cadeias de valor nacionais, regionais e internacionais com vista a
6 Trata-se do seguimento de um estudo realizado em 2004 sobre o impacto do comércio internacional de peixe na
segurança alimentar local, publicado como FAO Fisheries Technical Paper 456.
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compreender melhor a forma como os países em desenvolvimento podem aumentar o valor proveniente dos
recursos haliêuticos.
4.2. Estudos de caso
O estudo assenta em análises de cadeia de valor disponíveis, executadas por outras instituições, incluindo as
relacionadas com os países desenvolvidos, que servirão de referência de comparação com as cadeias de valor
nos países em desenvolvimento.
O estudo é sobre a utilização de cerca de 10 estudos de caso em países em desenvolvimento selecionados (Bangladeche, Camboja, Honduras, Quénia, Maláui, Maldivas, Marrocos, Moçambique, Peru, Tailândia e Vietname) e dois estudos do setor de pequena escala em países desenvolvidos (Canadá e Japão) que analisam os fatores que determinam os preços e as margens através da cadeia de valor, assim como a distribuição de benefícios entre as várias partes interessadas. A aquicultura e as pescas interiores estão também a ser tidas em consideração, para além das pescas de captura. Está a ser dada particular atenção ao processamento, para comprar as diferenças entre a criação de valor da
exportação de peixe não processado e processado.
4.3. Divulgação dos resultados
Os resultados do relatório de projeto estão a ser divulgados através de atividades complementares da FAO e
apresentados em conferências da FAO, tais como o Subcomité de Comércio de Produtos das Pescas (COFI). Os
resultados serão utilizados no trabalho de seguimento no terreno e incluídos em projetos específicos que
beneficiem os operadores de pequena escala.
Será realizada uma divulgação posterior a nível local, nos países do estudo. Será dada particular atenção ao
fornecimento de feedback a todos os informantes locais, entrevistados e respetivas comunidades.
O projeto ainda está em curso e a informação está disponível no sítio web:
http://www.fao.org/valuechaininsmallscalefisheries/background1/en/
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5. A estratégia política
Agências de dadores a trabalhar com a Administração das Pescas e o Setor Privado para coordenar os esforços
Troca de experiências a nível nacional
Necessidade de um enquadramento para integrar as contribuições dos dadores
estrangeiros
Desafio para as próprias agendas dos países recetores; identificar os
estrangulamentos que condicionam o desenvolvimento dos setores-chave
A competitividade depende do funcionamento de toda a cadeia
A análise da cadeia deve ser desenvolvida para os setores prioritários
Os decisores políticos e os praticantes ajudam as empresas locais a competir na
economia global
A análise da cadeia de valor enquanto instrumento analítico importante, que pode ser
adaptado como pretendido
A análise da cadeia de valor pode ajudar as empresas locais a planear o seu próprio
espaço na economia global, modernizar as suas capacidades e encorajá-las a melhorar
as condições de trabalho
Os decisores políticos podem, igualmente, utilizá-la para identificar um conjunto mais
relevante de partes interessadas e um enquadramento para coordenar a ajuda
externa ao desenvolvimento económico total.
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VALOR
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6. Referências
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