manual módulo 1 parte 1

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TÉCNICO AUXILIAR DE SAÚDE | SAÚDE | 10º ANO MÓDULO 1 1. OS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO: CONCEITOS E FUNÇÕES a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas Célula A célula é a unidade estrutural e funcional comum a todos os seres vivos, sendo que estes podem ser constituídos por uma ou mais células. São elas que realizam todas as funções fundamentais dos seres vivos, como por exemplo, reprodução, crescimento, alimentação, movimentação, reacção a estímulos externos e respiração (consumo do oxigénio com produção de dióxido de carbono). Sendo assim, a célula é a menor parte de um ser vivo capaz de desenvolver-se e reproduzir, ou seja, a menor parte de um ser vivo onde reconhecemos as propriedades básicas da vida. Tecido Noções gerais sobre células, imunidade, tecidos e órgãos - sistemas osteo-articular e muscular

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Curso Técnico Auxiliar de Saúde

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Page 1: Manual Módulo 1 Parte 1

TÉCNICO AUXILIAR DE SAÚDE | SAÚDE | 10º ANO MÓDULO 1

1. OS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO:

CONCEITOS E FUNÇÕES

a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas

Célula

A célula é a unidade estrutural e funcional comum a todos os seres vivos, sendo que estes podem

ser constituídos por uma ou mais células.

São elas que realizam todas as funções fundamentais dos seres vivos, como por exemplo,

reprodução, crescimento, alimentação, movimentação, reacção a estímulos externos e respiração

(consumo do oxigénio com produção de dióxido de carbono). Sendo assim, a célula é a menor parte de

um ser vivo capaz de desenvolver-se e reproduzir, ou seja, a menor parte de um ser vivo onde

reconhecemos as propriedades básicas da vida.

Tecido

Tecidos são conjuntos de células que actuam de maneira integrada, desempenhando

determinadas funções. Alguns tecidos são formados por células que possuem a mesma estrutura; outros

são formados por células que têm diferentes formas e funções, mas que juntas colaboram na realização de

uma função geral maior.

Os tecidos animais podem ser classificados em quatro tipos principais:

o Tecidos epiteliais;

o Tecidos conjuntivos;

Noções gerais sobre células, imunidade, tecidos e órgãos - sistemas osteo-articular e

muscular

Page 2: Manual Módulo 1 Parte 1

o Tecidos musculares;

o Tecido nervoso;

Aparelho ou sistema

Na biologia, um sistema ou sistema orgânico é um grupo de órgãos que juntos executam

determinada tarefa. Alguns sistemas comuns, como aqueles presentes em mamíferos e outros animais, e

vistos na anatomia humana, são aqueles como o sistema circulatório, o sistema respiratório, o sistema

nervoso, sistema reprodutor. Um grupo de sistemas compõe um organismo, por exemplo o corpo humano.

2. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO

a. Barreiras naturais Existe uma série de barreiras protectoras no corpo humano que servem para impedir ou dificultar a

entrada dos microorganismos patogénicos no mesmo. No entanto, se algum deles conseguir vencer essas

barreiras, deparar-se-á com vários mecanismos de defesa desencadeados pelo sistema imunitário, com o

objectivo de destruí-los ou desactivá-los.

Em primeiro lugar, a própria pele que reveste todo o corpo constitui uma barreira inultrapassável

para muitos agentes infecciosos. Para além disso, como se encontra revestida por uma camada Lipídica

ligeiramente ácida, proveniente das secreções das glândulas cutâneas, com propriedades anti-sépticas, cria

um meio desfavorável para o desenvolvimento de inúmeros microorganismos na superfície do corpo.

Embora exista uma flora cutânea permanente, esta encontra-se formada por microorganismos saprófitas,

ou seja, que vivem às custas do organismo, mas não o danificam. Por outro lado, como a sua presença

dificulta o desenvolvimento de microorganismos patogénicos, ou seja, prejudiciais, podem ser

considerados benéficos.

As vias respiratórias são igualmente constituídas por um específico sistema protector, na medida

em que se encontram revestidas interiormente por urna camada mucosa, na qual a maioria dos

microorganismos que penetram com o ar inspirado fica presa.

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Page 3: Manual Módulo 1 Parte 1

Para além de ser constituído por substâncias antimicrobianas, este muco é constantemente

arrastado em direcção ao exterior pelo movimento de reduzidos cílios das células que revestem a

superfície das vias respiratórias.

Os microorganismos que penetram pela via digestiva também têm que enfrentar várias barreiras

protectoras. O primeiro obstáculo corresponde à acidez do suco gástrico, que é capar de destruir inúmeros

tipos de microorganismos que chegam ao estômago. As secreções de outras partes do tubo digestivo

criam igualmente um meio hostil para muitos microorganismos. Por Ultimo, existe a flora bacteriana

intestinal, composta por microorganismos saprófitas inofensivos, que travam a proliferação de outros

considerados perigosos.

b. Fisiologia celular e humoral Quando um antigénio entra num organismo e chega a um órgão linfóide, vai estimular os

linfócitos B que possuem na membrana receptores específicos para esse antigénio. Como resposta, os

linfócitos B dividem-se e formam células que sofrem diferenciação, originando plasmócitos e células –

memória. Os plasmócitos têm um retículo endoplasmático desenvolvido e produzem anticorpos

específicos para cada antigénio. Os anticorpos são posteriormente lançados no sangue ou na linfa e vão

circular até ao local de infecção (fig.10).

Fig.10 – Resposta imunitária humoral

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Page 4: Manual Módulo 1 Parte 1

As células-memória ficam inactivas, mas prontas a responder rapidamente, caso venha a acontecer

um posterior contacto com o antigénio.

Os anticorpos actuam de três formas distintas:

Os anticorpos ligam-se a toxinas bacterianas e levam à sua posterior neutralização. As toxinas

livres podem reagir com os receptores das células hospedeiras enquanto o mesmo não acontece

com o complexo anticorpo-toxina.

Os anticorpos também neutralizam completamente partículas virais e células bacterianas através

da sua ligação às mesmas. O complexo anticorpo-antigénio é ingerido e degradado por

macrófagos.

A activação do sistema complemento no âmbito da defesa específica, é feita através do

revestimento de uma célula bacteriana por anticorpos. Os anticorpos fixos formam receptores para

a primeira proteína do sistema complemento o que leva ao desencadeamento de uma sequência de

reacções que conduz à formação de poros e à destruição da célula.

c. Imunidade natural Os agentes patogénicos são impedidos de entrar no organismo pelos mecanismos de defesa não

específica, também designados por imunidade inata ou natural, ou são destruídos quando conseguem

penetrar. Estes mecanismos desempenham uma acção geral contra corpos estranhos, independentemente

da sua natureza, e exprimem-se sempre da mesma forma.

Os mecanismos de defesa não específica que impedem a entrada dos agentes patogénicos são as

barreiras anatómicas (pele, mucosas e pêlos das narinas), as secreções (produzidas pelas glândulas

sebáceas, sudoríparas, salivares e lacrimais) e as enzimas (existentes no suco gástrico).Os mecanismos de

defesa não específica que actuam sobre os agentes patogénicos que conseguiram transpor as barreiras

externas são a reacção inflamatória, a fagocitose, o interferão e o sistema complemento.

Reação inflamatória

No local onde os agentes patogénicos conseguem penetrar no organismo vai produzir-se uma

reacção inflamatória traduzida por uma sequência de acontecimentos que visam neutralizar ou destruir

esses agentes.

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No tecido lesionado, alguns tipos de células como os mastócitos e os basófilos produzem

histaminas e outras substâncias. Estes sinalizadores químicos, para além de funcionarem como atracção

de neutrófilos e outros leucócitos para a área danificada - quimiotaxia, provocam a dilatação dos vasos

sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos mesmos.

Como consequência, vai aumentar o fluxo sanguíneo, responsável pelo calor e rubor local, e a

quantidade de fluido intersticial, originando um edema. A dor, normalmente associada, é devida à

distensão dos tecidos e à acção de várias substâncias nas terminações nervosas.

Cerca de meia hora a uma hora após o início da reacção inflamatória, os neutrófilos e os

monócitos começam a atravessar as paredes dos capilares – diapedese e a passar para os tecidos

infectados. Os monócitos transformam-se então em macrófagos.

Fagocitose

Os macrófagos que já existiam nos tecidos que foram invadidos multiplicam-se e tornam-se

móveis.

Estas células, os macrófagos resultantes da diferenciação dos monócitos e os já existentes nos

tecidos que são infectados, fagocitam os corpos estranhos e destroem-nos em vacúolos digestivos por

acção de enzimas hidrolíticas – fagocitose.

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Page 6: Manual Módulo 1 Parte 1

Interferão

Os interferões são proteínas produzidas por certas células quando atacadas por vírus ou por

parasitas intracelulares. Estas proteínas não apresentam especificidade pois podem inibir a replicação de

diversos vírus.

Os interferões difundem-se, entram na circulação e ligam-se à membrana citoplasmática de outras

células, induzindo-as a produzir proteínas antivirais que inibem a replicação desses vírus. O interferão

não é uma proteína antivírica mas induz a célula a produzir moléculas proteicas antivirais.

Sistema complemento

Este sistema é constituído por cerca de 25 proteínas no estado

inactivo que se encontram em maior concentração no plasma

sanguíneo e também nas membranas celulares. No âmbito da

defesa inespecífica, estas proteínas servem para facilitar a fagocitose

de agentes estranhos ou para perfurar as paredes celulares das

bactérias conduzindo à sua lise.O sistema complemento também

actua como mecanismo de defesa específica para complementar a

actividade dos anticorpos na destruição das bactérias.

d. Imunidade AdquiridaA resposta imunitária específica subdivide-se em três funções: o reconhecimento do agente invasor

como corpo estranho, a reacção do sistema imunitário que prepara agentes específicos que intervêm no

processo e a acção desses agentes que neutralizam e destroem os corpos estranhos.

A imunidade específica refere-se então à protecção que existe num organismo hospedeiro quando este

sofreu previamente exposição a determinados agentes patogénicos e pode ser mediada por anticorpos

(imunidade humoral) ou mediada por células (imunidade celular).

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Imunidade mediada por células

Os linfócitos T têm capacidade para reconhecer alguns antigénios que se ligam a marcadores da

superfície de certas células imunitárias. Se uma bactéria for fagocitada por um macrófago, os fragmentos

resultantes da fagocitose ligam-se a certos marcadores superficiais desse macrófago que os exibe e

apresenta aos linfócitos T. A exposição e ligação de linfócitos T com o antigénio específico estimula a

sua proliferação.

Existem diferentes tipos de linfócitos "T" que desempenham funções específicas:

o Linfócitos T auxiliares (TH de helper) – estes linfócitos reconhecem antigénios

específicos ligados a marcadores e segregam mensageiros químicos que estimulam

a actividade de células como os fagócitos, os linfócitos B e outros linfócitos T.

o Linfócitos T citolíticos (citotóxicos – TC) - estes linfócitos reconhecem e destroem

células infectadas ou células cancerosas (vigilância imunitária, neste caso). Quando

estão activos, migram para o local de infecção ou para o timo e segregam

substâncias tóxicas que matam as células anormais.

o Linfócitos T supressores (TS) - estes linfócitos, através de mensageiros químicos,

ajudam a moderar ou a suprimir a resposta imunitária quando a infecção já está

controlada.

o Linfócitos T memória (TM) - estes linfócitos vivem num estado inactivo durante

muito tempo, mas respondem de imediato aquando de um posterior contacto com o

mesmo antigénio.

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