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Legislação aplicável à Formação Profissional no âmbito do código do trabalho

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Legislação/Formação Profissional no âmbito do Código do Trabalho

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Legislao aplicvel Formao Profissional no mbito do cdigo do trabalho

Enquadramento:A interpretao e aplicao do Cdigo de Trabalho no isenta da necessidade de ter em ateno que muitos sectores de actividade tm regulamentao especfica donde advm obrigatoriedades que ultrapassam as previstas no Cdigo de Trabalho.

Instrues de leitura deste documento:- So transcritos textualmente os artigos da legislao identificada em ttulo, do lado esquerdo da pgina.- Do lado direito encontram-se algumas notas de interpretao do contedo do artigo e a sua relevncia para as obrigatoriedades da formao profissional de trabalhadores/as.- A Nota identifica os artigos a que se refere.

3.1.1 Lei n. 7/2009, de 12 de Fevereiro - Cdigo do Trabalho

Transcrio dos artigos fundamentais em matria de formao profissional de trabalhadores/as.

Artigo 1.Nota 1 (Art. 1 e Art. 2): A aplicao do Cdigo de Trabalho condicionada pela existncia ou no de IRCT - Instrumentos de Regulao Colectiva de Trabalho. Assim, importa perceber se os/as trabalhadores/as em questo esto abrangidos por instrumentos que definam condies diferentes das resultantes da aplicao do Cdigo de Trabalho, que tenham implicao directa na abordagem/interpretao que a empresa deve ter face obrigatoriedade da Formao Profissional de trabalhadores/as.

Fontes especficasO contrato de trabalho est sujeito, em especial, aos instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho, assim como aos usos laborais que no contrariem o princpio da boa f.

Artigo 2.Instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho1 Os instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho podem ser negociais ou no negociais.2 Os instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho negociais so a conveno colectiva, o acordo de adeso e a deciso arbitral em processo de arbitragem voluntria.3 As convenes colectivas podem ser:a) Contrato colectivo, a conveno celebrada entre associao sindical e associao de empregadores;b) Acordo colectivo, a conveno celebrada entre associao sindical e uma pluralidade de empregadores para diferentes empresas;c) Acordo de empresa, a conveno celebrada entre associao sindical e um empregador para uma empresa ou estabelecimento.4 Os instrumentos de regulamentao colectiva de trabalho no negociais so a portaria de extenso, a portaria de condies de trabalho e a deciso arbitral em processo de arbitragem obrigatria ou necessria.

Artigo 89.Nota 2 (Art. 89): Podem ser contabilizadas as horas de dispensa para a frequncia de aulas ou prestao de provas de avaliao, se a situao laboral do/a trabalhador/a na empresa estiver enquadrada no regime Trabalhador-estudante.

Noo de trabalhador-estudante1 Considera-se trabalhador-estudante o trabalhador que frequenta qualquer nvel de educao escolar, bem como curso de ps-graduao, mestrado ou doutoramento em instituio de ensino, ou ainda curso de formao profissional ou programa de ocupao temporria de jovens com durao igual ou superior a seis meses.2 A manuteno do estatuto de trabalhador-estudante depende de aproveitamento escolar no ano lectivo anterior.

Artigo 100.Nota 3 (Art. 100): A obrigatoriedade da formao aplica-se a todas as Entidades Patronais que tenham ao seu servio trabalhadores por conta de outrm, independentemente da dimenso da empresa. Empresas em nome individual, sem trabalhalhadores/as por conta de outrm ao servio no tm obrigatoriedade de entrega de Relatrio nico.

Tipos de empresas1 Considera -se:a) Microempresa a que emprega menos de 10 trabalhadores;b) Pequena empresa a que emprega de 10 a menos de 50 trabalhadores;c) Mdia empresa a que emprega de 50 a menos de 250 trabalhadores;d) Grande empresa a que emprega 250 ou mais trabalhadores.2 Para efeitos do nmero anterior, o nmero de trabalhadores corresponde mdia do ano civil antecedente.3 No ano de incio da actividade, o nmero de trabalhadores a ter em conta para aplicao do regime o existente no dia da ocorrncia do facto.

Artigo 127.Deveres do empregador1 O empregador deve, nomeadamente:d) Contribuir para a elevao da produtividade e empregabilidade do trabalhador, nomeadamente proporcionando-lhe formao profissional adequada a desenvolver a sua qualificao;i) Fornecer ao trabalhador a informao e a formao adequadas preveno de riscos de acidente ou doena;2 Na organizao da actividade, o empregador deve observar o princpio geral da adaptao do trabalho pessoa, com vista nomeadamente a atenuar o trabalho montono ou cadenciado em funo do tipo de actividade, e as exigncias em matria de segurana e sade, designadamente no que se refere a pausas durante o tempo de trabalho.

Artigo 128.Deveres do trabalhador1 Sem prejuzo de outras obrigaes, o trabalhador deve:d) Participar de modo diligente em aces de formao profissional que lhe sejam proporcionadas pelo empregador;e) Cumprir as ordens e instrues do empregador respeitantes a execuo ou disciplina do trabalho, bem como a segurana e sade no trabalho, que no sejam contrrias aos seus direitos ou garantias;h) Promover ou executar os actos tendentes melhoria da produtividade da empresa;2 O dever de obedincia respeita tanto a ordens ou instrues do empregador como de superior hierrquico do trabalhador, dentro dos poderes que por aquele lhe forem atribudos.

Artigo 130.Nota 4 (Art. 130): Este artigo enquadra o mbito da formao profissional, clarificando os objectivos da mesma.

Objectivos da formao profissionalSo objectivos da formao profissional:a) Proporcionar qualificao inicial a jovem que ingresse no mercado de trabalho sem essa qualificao;b) Assegurar a formao contnua dos trabalhadores da empresa;c) Promover a qualificao ou reconverso profissional de trabalhador em risco de desemprego;d) Promover a reabilitao profissional de trabalhador com deficincia, em particular daquele cuja incapacidade resulta de acidente de trabalho;e) Promover a integrao scio-profissional de trabalhador pertencente a grupo com particulares dificuldades de insero.

Artigo 131.Formao contnua1 No mbito da formao contnua, o empregador deve:Nota 5 (Art. 131, ponto 1): A responsabilidade do empregador passa por assegurar o direito que o/a trabalhador/a tem (o nmero de horas que o/a trabalhador/a tem direito vem no ponto 2 deste artigo), organizando a formao na empresa ou fora, atravs da organizao de Planos de Formao (ver Art. 13 e 14 da Lei 105/2009), sempre com o objectivo de aumentar a produtividade e a competitividade da empresa.

a) Promover o desenvolvimento e a adequao da qualificao do trabalhador, tendo em vista melhorar a sua empregabilidade e aumentar a produtividade e a competitividade da empresa;b) Assegurar a cada trabalhador o direito individual formao, atravs de um nmero mnimo anual de horas de formao, mediante aces desenvolvidas na empresa ou a concesso de tempo para frequncia de formao por iniciativa do trabalhador;c) Organizar a formao na empresa, estruturando planos de formao anuais ou plurianuais e, relativamente a estes, assegurar o direito a informao e consulta dos trabalhadores e dos seus representantes;d) Reconhecer e valorizar a qualificao adquirida pelo trabalhador.

2 O trabalhador tem direito, em cada ano, a um nmero mnimo de trinta e cinco horas de formao contnua ou, sendo contratado a termo por perodo igual ou superior a trs meses, um nmero mnimo de horas proporcional durao do contrato nesse ano.Nota 6 (Art. 131, ponto 2): Cada trabalhador/a tem direito a 35 horas de formao/ano. O nmero de horas pode ser proporcional no primeiro ano, em funo do nmero de meses trabalhados. A nica excepo so contratos com durao inferior a 90 dias.

3 A formao referida no nmero anterior pode ser desenvolvida pelo empregador, por entidade formadora certificada para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelo ministrio competente e d lugar emisso de certificado e a registo na Caderneta Individual de Competncias nos termos do regime jurdico do Sistema Nacional de Qualificaes.Nota 7 (Art. 131, ponto 3): Este ponto o que permite empresa organizar formao interna ou recorrer a formao externa. A formao externa ou ministrada por Entidade Formadora Certificada / Estabelecimento de Ensino ou uma Aco Certificada / Homologada. Fora deste cenrio s vlida se contabilizada como formao interna (mediante observncia dos requisitos procedimentais Dossier Pedaggico).

4 Para efeito de cumprimento do disposto no n. 2, so consideradas as horas de dispensa de trabalho para frequncia de aulas e de faltas para prestao de provas de avaliao, ao abrigo do regime de trabalhador-estudante, bem como as ausncias a que haja lugar no mbito de processo de reconhecimento, validao e certificao de competncias.Nota 8 (Art. 131, ponto 4): Notar que o que vlido a dispensa de horas de trabalho, ou seja, no pelo facto de ser trabalhador-estudante ou estar em processo RVCC, mas sim o uso de horas laborais para este fim. No esclarece quanto forma de verificao da dispensa de horas de trabalho.

5 O empregador deve assegurar, em cada ano, formao contnua a pelo menos 10 % dos trabalhadores da empresa.Nota 9 (Art. 131, ponto 5): A interpretao incorrecta deste ponto dos aspectos que mais tem gerado erros na compreenso das obrigatoriedades. O que diz o ponto 5 que todos os anos tem que haver formao, ou seja, a empresa pode antecipar e diferir (ponto 6), no entanto todos os anos tem que evidenciar formao a pelo menos 10% dos trabalhadores (realar ainda que 10% trabalhadores e no horas, ou seja, materializa-se em 35 horas a 10 % dos trabalhadores).

6 O empregador pode antecipar at dois anos ou, desde que o plano de formao o preveja, diferir por igual perodo, a efectivao da formao anual a que se refere o n. 2, imputando-se a formao realizada ao cumprimento da obrigao mais antiga.Nota 10 (Art. 131, ponto 6): A formao frequentada pode, ento, dizer respeito ao cumprimento do direito adquirido em ano diferente ao da realizao da formao, dando flexibilidade empresa na gesto das obrigaes. Notar que o diferimento s possvel desde que o plano de formao o preveja, resultando na prtica que uma empresa que no tenha assegurado o direito a todos/as, automaticamente tem que ter essa situao salvaguardada no plano de formao.

7 O perodo de antecipao a que se refere o nmero anterior de cinco anos no caso de frequncia de processo de reconhecimento, validao e certificao de competncias, ou de formao que confira dupla certificao.Nota 11 (Art. 131, ponto 7): Apenas se aplica como antecipao e nunca como diferimento.

8 A formao contnua que seja assegurada pelo utilizador ou pelo cessionrio, no caso de, respectivamente, trabalho temporrio ou cedncia ocasional de trabalhador, exonera o empregador, podendo haver lugar a compensao por parte deste em termos a acordar.9 O disposto na lei em matria de formao contnua pode ser adaptado por conveno colectiva que tenha em conta as caractersticas do sector de actividade, a qualificao dos trabalhadores e a dimenso da empresa.10 Constitui contra-ordenao grave a violao do disposto nos n.os 1, 2 ou 5.Nota 12 (Art. 131, ponto 10): Tanto incumprimento o no assegurar as 35h/colaborador/ano (podendo a empresa antecipar e/ou diferir como vimos no ponto 6 e 7 do Art. 131) como o no assegurar formao a 10%/ano.

Artigo 132.Crdito de horas e subsdio para formao contnuaNota 13 (Art. 132, ponto 1): Este aspecto salvaguarda o direito adquirido pelo/a trabalhador/a. A constituio de Crdito de Horas significa sempre que a empresa est numa situao de incumprimento, no entanto, protege o/a trabalhador/a.

1 As horas de formao previstas no n. 2 do artigo anterior, que no sejam asseguradas pelo empregador at ao termo dos dois anos posteriores ao seu vencimento, transformam-se em crdito de horas em igual nmero para formao por iniciativa do trabalhador.

2 O crdito de horas para formao referido ao perodo normal de trabalho, confere direito a retribuio e conta como tempo de servio efectivo.3 O trabalhador pode utilizar o crdito de horas para a frequncia de aces de formao, mediante comunicao ao empregador com a antecedncia mnima de 10 dias.4 Por instrumento de regulamentao colectiva de trabalho ou acordo individual, pode ser estabelecido um subsdio para pagamento do custo da formao, at ao valor da retribuio do perodo de crdito de horas utilizado.5 Em caso de cumulao de crditos de horas, a formao realizada imputada ao crdito vencido h mais tempo.6 O crdito de horas para formao que no seja utilizado cessa passados trs anos sobre a sua constituio.Nota 14 (Art. 132, ponto 6): Realar que cessa passado trs anos da sua constituio, ou seja, o direito adquirido que a empresa no assegurou at ao termo dos dois anos posteriores ao da aquisio, ficando o/a trabalhador/a com trs anos para usufruir desse direito e s passados estes dois timings que se extingue.

Artigo 133.Contedo da formao contnua1 A rea da formao contnua determinada por acordo ou, na falta deste, pelo empregador, caso em que deve coincidir ou ser afim com a actividade prestada pelo trabalhador.2 A rea da formao a que se refere o artigo anterior escolhida pelo trabalhador, devendo ter correspondncia com a actividade prestada ou respeitar a tecnologias de informao e comunicao, segurana e sade no trabalho ou lngua estrangeira.3 Constitui contra-ordenao grave a violao do disposto no n. 1.

Artigo 134.Efeito da cessao do contrato de trabalho no direito a formaoCessando o contrato de trabalho, o trabalhador tem direito a receber a retribuio correspondente ao nmero mnimo anual de horas de formao que no lhe tenha sido proporcionado, ou ao crdito de horas para formao de que seja titular data da cessao.

Artigo 139.Nota 15 (Art. 139 a Art. 172): Estes artigos dizem respeito aos tipos de contratos de trabalho e respectivas condies. importante ter noo destes aspectos para poder responder a situaes concretas por vezes colocadas nas intervenes feitas nas empresas.

Regime do termo resolutivoO regime do contrato de trabalho a termo resolutivo, constante da presente subseco, pode ser afastado por instrumento de regulamentao colectiva de trabalho, com excepo da alnea b) do n. 4 do artigo seguinte e dos n.os 1, 4 e 5 do artigo 148..

Artigo 140.Admissibilidade de contrato de trabalho a termo resolutivo1 O contrato de trabalho a termo resolutivo s pode ser celebrado para satisfao de necessidade temporria da empresa e pelo perodo estritamente necessrio satisfao dessa necessidade

Artigo 147.Contrato de trabalho sem termo1 Considera-se sem termo o contrato de trabalho:a) Em que a estipulao de termo tenha por fim iludir as disposies que regulam o contrato sem termo;b) Celebrado fora dos casos previstos nos n.os 1, 3 ou 4 do artigo 140.;c) Em que falte a reduo a escrito, a identificao ou a assinatura das partes, ou, simultaneamente, as datas de celebrao do contrato e de incio do trabalho, bem como aquele em que se omitam ou sejam insuficientes as referncias ao termo e ao motivo justificativo;d) Celebrado em violao do disposto no n. 1 do artigo 143.2 Converte-se em contrato de trabalho sem termo:a) Aquele cuja renovao tenha sido feita em violao do disposto no artigo 149.;b) Aquele em que seja excedido o prazo de durao ou o nmero de renovaes a que se refere o artigo seguinte;c) O celebrado a termo incerto, quando o trabalhador permanea em actividade aps a data de caducidade indicada na comunicao do empregador ou, na falta desta, decorridos 15 dias aps a verificao do termo.3 Em situao referida no n. 1 ou 2, a antiguidade do trabalhador conta-se desde o incio da prestao de trabalho, excepto em situao a que se refere a alnea d) do n. 1, em que compreende o tempo de trabalho prestado em cumprimento dos contratos sucessivos.

Artigo 148.Durao de contrato de trabalho a termo1 O contrato de trabalho a termo certo pode ser renovado at trs vezes e a sua durao no pode exceder:a) 18 meses, quando se tratar de pessoa procura de primeiro emprego;b) Dois anos, nos demais casos previstos no n. 4 do artigo 140.;c) Trs anos, nos restantes casos.4 A durao do contrato de trabalho a termo incerto no pode ser superior a seis anos.

Artigo 150.Noo de trabalho a tempo parcial1 Considera -se trabalho a tempo parcial o que corresponda a um perodo normal de trabalho semanal inferior ao praticado a tempo completo em situao comparvel.2 Para efeitos do nmero anterior, se o perodo normal de trabalho no for igual em cada semana, considerada a respectiva mdia no perodo de referncia aplicvel.

Artigo 157.Admissibilidade de trabalho intermitente1 Em empresa que exera actividade com descontinuidade ou intensidade varivel, as partes podem acordar que a prestao de trabalho seja intercalada por um ou mais perodos de inactividade.2 O contrato de trabalho intermitente no pode ser celebrado a termo resolutivo ou em regime de trabalho temporrio.

Artigo 161.Objecto da comisso de servioPode ser exercido em comisso de servio cargo de administrao ou equivalente, de direco ou chefia directamente dependente da administrao ou de director-geral ou equivalente, funes de secretariado pessoal de titular de qualquer desses cargos, ou ainda, desde que instrumento de regulamentao colectiva de trabalho o preveja, funes cuja natureza tambm suponha especial relao de confiana em relao a titular daqueles cargos.

Artigo 165.Noo de teletrabalhoConsidera-se teletrabalho a prestao laboral realizada com subordinao jurdica, habitualmente fora da empresa e atravs do recurso a tecnologias de informao e de comunicao.

Artigo 172.Conceitos especficos do regime de trabalho temporrioConsidera -se:a) Contrato de trabalho temporrio o contrato de trabalho a termo celebrado entre uma empresa de trabalho temporrio e um trabalhador, pelo qual este se obriga, mediante retribuio daquela, a prestar a sua actividade a utilizadores, mantendo -se vinculado empresa de trabalho temporrio;b) Contrato de trabalho por tempo indeterminado para cedncia temporria o contrato de trabalho por tempo indeterminado celebrado entre uma empresa de trabalho temporrio e um trabalhador, pelo qual este se obriga, mediante retribuio daquela, a prestar temporariamentea sua actividade a utilizadores, mantendo -se vinculado empresa de trabalho temporrio;c) Contrato de utilizao de trabalho temporrio o contrato de prestao de servio a termo resolutivo entre um utilizador e uma empresa de trabalho temporrio, pelo qual esta se obriga, mediante retribuio, a ceder quele um ou mais trabalhadores temporrios.

Artigo 186.Nota 16 (Art. 186): A este propsito consultar a Lei n. 102/2009, de 10 de Setembro Regime jurdico da promoo da segurana e sade no trabalho.

Segurana e sade no trabalho temporrio1 O trabalhador temporrio beneficia do mesmo nvel de proteco em matria de segurana e sade no trabalho que os restantes trabalhadores do utilizador.2 Antes da cedncia do trabalhador temporrio, o utilizador deve informar, por escrito, a empresa de trabalho temporrio sobre:a) Os resultados da avaliao dos riscos para a segurana e sade do trabalhador temporrio inerentes ao posto de trabalho a que vai ser afecto e, em caso de riscos elevados relativos a posto de trabalho particularmente perigoso, a necessidade de qualificao profissional adequada e de vigilncia mdica especial;3 A empresa de trabalho temporrio deve comunicar ao trabalhador temporrio a informao prevista no nmero anterior, por escrito e antes da sua cedncia ao utilizador.4 Os exames de sade de admisso, peridicos e ocasionais so da responsabilidade da empresa de trabalho temporrio, incumbindo ao respectivo mdico do trabalho a conservao das fichas clnicas.5 A empresa de trabalho temporrio deve informar o utilizador de que o trabalhador est considerado apto em resultado do exame de sade, dispe das qualificaes profissionais adequadas e tem a informao referida no n. 2.6 O utilizador deve assegurar ao trabalhador temporrio formao suficiente e adequada ao posto de trabalho, tendo em conta a sua qualificao profissional e experincia.

Artigo 187.Formao profissional de trabalhador temporrio1 A empresa de trabalho temporrio deve assegurar a formao profissional de trabalhador temporrio contratado a termo sempre que a durao do contrato, incluindo renovaes, ou a soma de contratos de trabalho temporrio sucessivos num ano civil seja superior a trs meses.2 A formao profissional prevista no nmero anterior deve ter a durao mnima de oito horas, ou durao mais elevada de acordo com o n. 2 do artigo 131.3 A empresa de trabalho temporrio deve afectar formao profissional dos trabalhadores temporrios, pelo menos, 1 % do seu volume anual de negcios nesta actividade.4 A empresa de trabalho temporrio no pode exigir ao trabalhador temporrio qualquer quantia, seja a que ttulo for, nomeadamente por servios de orientao ou formao profissional.5 Constitui contra-ordenao grave a violao do disposto neste artigo.6 Em caso de violao do n. 4, pode ser aplicada a sano acessria de suspenso temporria do exerccio da actividade at dois anos, a qual averbada no registo nacional das empresas de trabalho temporrio.

Artigo 197.Nota 17 (Art. 197 a Art. 268): aconselhvel o conhecimento das questes relacionadas com o horrio de trabalho, pela aplicabilidade que tem quando so colocadas questes relativas ao horrio em que decorrem as formaes.

Tempo de trabalho1 Considera -se tempo de trabalho qualquer perodo durante o qual o trabalhador exerce a actividade ou permanece adstrito realizao da prestao, bem como as interrupes e os intervalos previstos no nmero seguinte.2 Consideram -se compreendidos no tempo de trabalho:a) A interrupo de trabalho como tal considerada em instrumento de regulamentao colectiva de trabalho, em regulamento interno de empresa ou resultante de uso da empresa;d) O intervalo para refeio em que o trabalhador tenha de permanecer no espao habitual de trabalho ou prximo dele, para poder ser chamado a prestar trabalho normal em caso de necessidade;e) A interrupo ou pausa no perodo de trabalho imposta por normas de segurana e sade no trabalho.

Artigo 198.Perodo normal de trabalhoO tempo de trabalho que o trabalhador se obriga a prestar, medido em nmero de horas por dia e por semana, denomina-se perodo normal de trabalho.

Artigo 199.Perodo de descansoEntende-se por perodo de descanso o que no seja tempo de trabalho.

Artigo 200.Horrio de trabalho1 Entende-se por horrio de trabalho a determinao das horas de incio e termo do perodo normal de trabalho dirio e do intervalo de descanso, bem como do descanso semanal.2 O horrio de trabalho delimita o perodo normal de trabalho dirio e semanal.3 O incio e o termo do perodo normal de trabalho dirio podem ocorrer em dias consecutivos.

Artigo 208.Banco de horas1 Por instrumento de regulamentao colectiva de trabalho, pode ser institudo um regime de banco de horas, em que a organizao do tempo de trabalho obedea ao disposto nos nmeros seguintes.2 O perodo normal de trabalho pode ser aumentado at quatro horas dirias e pode atingir sessenta horas semanais, tendo o acrscimo por limite duzentas horas por ano.3 O limite anual referido no nmero anterior pode ser afastado por instrumento de regulamentao colectiva de trabalho caso a utilizao do regime tenha por objectivo evitar a reduo do nmero de trabalhadores, s podendo esse limite ser aplicado durante um perodo at 12 meses.

Artigo 226.Noo de trabalho suplementar1 Considera-se trabalho suplementar o prestado fora do horrio de trabalho.2 No caso em que o acordo sobre iseno de horrio de trabalho tenha limitado a prestao deste a um determinado perodo de trabalho, dirio ou semanal, considera-se trabalho suplementar o que exceda esse perodo.3 No se compreende na noo de trabalho suplementar:a) O prestado por trabalhador isento de horrio de trabalho em dia normal de trabalho, sem prejuzo do disposto no nmero anterior;Nota 18 (Art. 226, alnea d) do ponto 3): Esta excepo noo de trabalho suplementar importante para as retribuies quando as aces de formao so em horrio ps-laboral.

d) A formao profissional realizada fora do horrio de trabalho que no exceda duas horas dirias;

Artigo 227.Condies de prestao de trabalho suplementar1 O trabalho suplementar s pode ser prestado quando a empresa tenha de fazer face a acrscimo eventual e transitrio de trabalho e no se justifique para tal a admisso de trabalhador.2 O trabalho suplementar pode ainda ser prestado em caso de fora maior ou quando seja indispensvel para prevenir ou reparar prejuzo grave para a empresa ou para a sua viabilidade.3 O trabalhador obrigado a realizar a prestao de trabalho suplementar, salvo quando, havendo motivos atendveis, expressamente solicite a sua dispensa.4 Constitui contra-ordenao muito grave a violao do disposto nos n.os 1 ou 2.

Artigo 228.Limites de durao do trabalho suplementar1 O trabalho suplementar previsto no n. 1 do artigo anterior est sujeito, por trabalhador, aos seguintes limites:a) No caso de microempresa ou pequena empresa, cento e setenta e cinco horas por ano;b) No caso de mdia ou grande empresa, cento e cinquenta horas por ano;c) No caso de trabalhador a tempo parcial, oitenta horas por ano ou o nmero de horas correspondente proporo entre o respectivo perodo normal de trabalho e o de trabalhador a tempo completo em situao comparvel, quando superior;d) Em dia normal de trabalho, duas horas;e) Em dia de descanso semanal, obrigatrio ou complementar, ou feriado, um nmero de horas igual ao perodo normal de trabalho dirio;f) Em meio dia de descanso complementar, um nmero de horas igual a meio perodo normal de trabalho dirio.2 O limite a que se refere a alnea a) ou b) do nmero anterior pode ser aumentado at duzentas horas por ano, por instrumento de regulamentao colectiva de trabalho.3 O limite a que se refere a alnea c) do n. 1 pode ser aumentado, mediante acordo escrito entre o trabalhador e o empregador, at cento e trinta horas por ano ou, por duzentas horas por ano.

Artigo 268.Pagamento de trabalho suplementar1 O trabalho suplementar pago pelo valor da retribuio horria com os seguintes acrscimos:a) 50 % pela primeira hora ou fraco desta e 75 % por hora ou fraco subsequente, em dia til;b) 100 % por cada hora ou fraco, em dia de descanso semanal, obrigatrio ou complementar, ou em feriado.3 O disposto nos nmeros anteriores pode ser afastado por instrumento de regulamentao colectiva de trabalho nos termos do n. 6 do artigo 229.

Artigo 469.Noo de legislao do trabalho1 Entende-se por legislao do trabalho a que regula os direitos e obrigaes dos trabalhadores e empregadores, enquanto tais, e as suas organizaes.2 So considerados legislao do trabalho os diplomas que regulam, nomeadamente, as seguintes matrias:a) Contrato de trabalho;b) Direito colectivo de trabalho;c) Segurana e sade no trabalho;d) Acidentes de trabalho e doenas profissionais;e) Formao profissional;f) Processo do trabalho.3 Considera-se igualmente matria de legislao do trabalho a aprovao para ratificao de convenes da Organizao Internacional do Trabalho.

Artigo 551.Sujeito responsvel por contra-ordenao laboral1 O empregador o responsvel pelas contra-ordenaes laborais, ainda que praticadas pelos seus trabalhadores no exerccio das respectivas funes, sem prejuzo da responsabilidade cometida por lei a outros sujeitos.2 Quando um tipo contra-ordenacional tiver por agente o empregador abrange tambm a pessoa colectiva, a associao sem personalidade jurdica ou a comisso especial.

Artigo 552.Apresentao de documentos1 As pessoas singulares, colectivas e entidades equiparadas notificadas pelo servio com competncia inspectiva do ministrio responsvel pela rea laboral para exibio, apresentao ou entrega de documentos ou outros registos ou de cpia dos mesmos devem apresent-los no prazo e local identificados para o efeito.2 Constitui contra-ordenao leve a violao do disposto no nmero anterior.

Artigo 553.Nota 19 (Art. 553 a Art. 564): Em algumas situaes importante saber a forma de clculo e os respectivos valores em causa das possveis coimas, podem ser questionados pelos/as empresrios/as.

Escales de gravidade das contra-ordenaes laboraisPara determinao da coima aplicvel e tendo em conta a relevncia dos interesses violados, as contra-ordenaes laborais classificam -se em leves, graves e muito graves.

Artigo 554.Valores das coimas1 A cada escalo de gravidade das contra-ordenaes laborais corresponde uma coima varivel em funo do volume de negcios da empresa e do grau da culpa do infractor, salvo o disposto no artigo seguinte.3 Os limites mnimo e mximo das coimas correspondentes a contra-ordenao grave so os seguintes:a) Se praticada por empresa com volume de negcios inferior a 500 000, de 6 UC a 12 UC em caso de negligncia e de 13 UC a 26 UC em caso de dolo;b) Se praticada por empresa com volume de negcios igual ou superior a 500 000 e inferior a 2 500 000, de 7 UC a 14 UC em caso de negligncia e de 15 UC a 40 UC em caso de dolo;c) Se praticada por empresa com volume de negcios igual ou superior a 2 500 000 e inferior a 5 000 000, de 10 UC a 20 UC em caso de negligncia e de 21 UC a 45 UC em caso de dolo;d) Se praticada por empresa com volume de negcios igual ou superior a 5 000 000 e inferior a 10 000 000, de 12 UC a 25 UC em caso de negligncia e de 26 UC a 50 UC em caso de dolo;e) Se praticada por empresa com volume de negcios igual ou superior a 10 000 000, de 15 UC a 40 UC em caso de negligncia e de 55 UC a 95 UC em caso de dolo.5 O volume de negcios reporta-se ao ano civil anterior ao da prtica da infraco.9 A sigla UC corresponde unidade de conta processual.

Artigo 555.Outros valores de coimas1 A cada escalo de gravidade das contra-ordenaes, em caso em que o agente no tenha trabalhadores ao servio ou, sendo pessoa singular, no exera uma actividade com fins lucrativos corresponde o valor de coimas previsto nos nmeros seguintes.3 A contra-ordenao grave corresponde coima de 3 UC a 7 UC em caso de negligncia ou de 7 UC a 14 UC em caso de dolo.

Artigo 564.Cumprimento de dever omitido1 Sempre que a contra-ordenao laboral consista na omisso de um dever, o pagamento da coima no dispensa o infractor do seu cumprimento se este ainda for possvel.

3.1.2 Lei n. 105/2009, de 14 de Setembro

Regulamenta e altera o Cdigo do Trabalho, aprovado pela Lei n. 7/2009, de 12 de Fevereiro, e procede primeira alterao da Lei n. 4/2008, de 7 de Fevereiro A Assembleia da Repblica decreta, nos termos da alnea c) do artigo 161. da Constituio, o seguinte:

Artigo 1.Objecto e mbito1 A presente lei regula as seguintes matrias:c) Aspectos da formao profissional;h) Informao peridica sobre a actividade social da empresa..

Artigo 13.Plano de formaoNota 20 (Art. 13, ponto 1): Definio da responsabilidade de elaborao de Plano de Formao para o empregador. Exige a realizao de um Diagnstico de Necessidades de Formao, no entanto no definida a metodologia a usar para o efeito.

1 O empregador deve elaborar o plano de formao, anual ou plurianual, com base no diagnstico das necessidades de qualificao dos trabalhadores.

2 O plano de formao deve especificar, nomeadamente, os objectivos, as entidades formadoras, as aces de formao, o local e o horrio de realizao destas.Nota 21 (Art. 13, ponto 2): Contedos obrigatrios que o Plano de Formao deve conter. Importante quando necessrio analisar/rever os instrumentos/ferramentas existentes na empresa.

3 Os elementos que o plano de formao no possa especificar devem ser comunicados logo que possvel aos trabalhadores interessados, comisso de trabalhadores ou, na sua falta, comisso intersindical, comisso sindical ou aos delegados sindicais.4 O disposto nos nmeros anteriores no se aplica s microempresas.Nota 22 (Art. 13, ponto 4): Esta iseno fica sem efeito se a empresa pretender antecipar/diferir a efectivao da formao anual (ver Nota 10). Resulta que mesmo sendo Micro-empresa, poder ser necessrio que tenha um Plano de Formao.Este artigo apenas isenta da obrigatoriedade de Plano de Formao, tudo o resto se aplica, independentemente da dimenso da empresa.

5 Constitui contra-ordenao grave a violao do disposto no presente artigo.

Artigo 14.Informao e consulta sobre o plano de formao1 O empregador deve dar conhecimento do diagnstico das necessidades de qualificao e do projecto de plano de formao a cada trabalhador, na parte que lhe respeita, bem como comisso de trabalhadores ou, na sua falta, comisso intersindical, comisso sindical ou aos delegados sindicais.2 Os trabalhadores, na parte que a cada um respeita, bem como os representantes dos trabalhadores a que se refere o nmero anterior podem emitir parecer sobre o diagnstico de necessidades de qualificao e o projecto de plano de formao, no prazo de 15 dias.3 Constitui contra-ordenao grave a violao do disposto no n. 1.

Artigo 15.Informao sobre a formao contnuaO empregador deve incluir os elementos sobre a formao contnua assegurada em cada ano no quadro da informao sobre a actividade social da empresa

Artigo 32.Prestao anual de informao sobre a actividade social da empresa1 O empregador deve prestar anualmente informao sobre a actividade social da empresa, nomeadamente sobre remuneraes, durao do trabalho, trabalho suplementar, contratao a termo, formao profissional, segurana e sade no trabalho e quadro de pessoal.2 A informao a que se refere o nmero anterior apresentada por meio informtico, com contedo e prazo regulados em portaria dos ministros responsveis pelas reas laboral e da sade.3 O empregador deve dar a conhecer, previamente ao prazo constante da portaria a que se refere o nmero anterior, comisso de trabalhadores ou, na sua falta, comisso intersindical ou comisso sindical da empresa, a informao a que se refere o n. 1, os quais podem suscitar a correco de irregularidades, no prazo de 15 dias.4 A informao que, de acordo com a portaria referida no n. 2, seja prestada de modo individualizado deve ser previamente dada a conhecer aos trabalhadores em causa, os quais podem suscitar a correco de irregularidades, no prazo de 15 dias.9 O empregador deve conservar a informao enviada durante cinco anos.