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EM 1ª série | Volume 1 | Língua Portuguesa Manual do Professor Autores: Eduardo Salabert, Flávia Roque e Flávia Völker.

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EM 1ª série | Volume 1 | Língua Portuguesa

Manual do Professor

Autores: Eduardo Salabert, Flávia Roque e Flávia Völker.

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2 Coleção EM1Coleção EM1

C689 Coleção Ensino Médio 1ª série: - Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. 180 p.: il.

Ensino para ingresso ao Nível Superior. Grupo Bernoulli.

1. Língua Portuguesa I - Título II - Bernoulli Sistema de Ensino III - V. 1

CDU - 37CDD - 370

Centro de Distribuição:

Rua José Maria de Lacerda, 1 900 Cidade Industrial Galpão 01 - Armazém 05 Contagem - MGCEP: 32.210-120

Endereço para correspondência:

Rua Diorita, 43, PradoBelo Horizonte - MGCEP: 30.411-084www.bernoulli.com.br/sistema 31.3029.4949

Fotografias, gráficos, mapas e outros tipos de ilustrações presentes em exercícios de vestibulares e Enem podem ter sido adaptados por questões estéticas ou para melhor visualização.

Coleção Ensino Médio 1ª série – Volume 1 é uma publicação da Editora DRP Ltda. Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

SAC: [email protected]

AutorESLíngua Portuguesa: Eduardo Salabert, Flávia Roque, Flávia Völker

ADminiStrAtivoGerente Administrativo: Vítor LealCoordenadora técnico-Administrativa: Thamirys Alcântara Coordenadora de Projetos: Juliene SouzaAnalistas técnico-Administrativas: Ana Clara Pereira, Bárbara Câmara, Lorena KnuppAssistentes técnico-Administrativos: Danielle Nunes, David Duarte, Fernanda de Souza,

Priscila Cabral, Raphaella HamziAuxiliares de Escritório: Ana da Silva, Sandra Maria MoreiraEncarregado de Serviços Gerais e manutenção: Rogério Brito

ComErCiALGerente Comercial: Carlos Augusto AbreuCoordenador Comercial: Rafael CurySupervisora Administrativo-Comercial: Mariana GonçalvesConsultores Comerciais: Adalberto de Oliveira, Carlos Eduardo Oliveira, Cláudia Amoedo,

Eduardo Medeiros, Guilherme Ferreira, Luiz Felipe Godoy, Ricardo Ricato, Robson Correia, Rossano Rodrigues, Simone Costa

Analistas Comerciais: Alan Charles Gonçalves, Cecília Paranhos, Rafaela RibeiroAssistentes Comerciais: Laura Caroline Tomé, Melissa Turci

oPErAçõESGerente de operações: Bárbara AndradeCoordenadora de operações: Karine ArcanjoSupervisora de Atendimento: Vanessa VianaAnalista de Controle e Planejamento: Vinícius AmaralAnalistas de operações: Adriana Martins, Ludymilla BarrosoAssistentes de operações: Amanda Aurélio, Amanda Ragonezi, Ana Maciel, Ariane Simim,

Elizabeth Lima, Eysla Marques, Flora Freitas, Iara Ferreira, Luiza Ribeiro, Mariana Girardi, Renata Magalhães, Viviane Rosa

Coordenadora de Expedição: Janaína CostaSupervisor de Expedição: Bruno OliveiraLíder de Expedição: Ângelo Everton PereiraAnalista de Expedição: Luís XavierAnalista de Estoque: Felipe LagesAssistentes de Expedição: Eliseu Silveira, Helen Leon, João Ricardo dos Santos,

Pedro Henrique Braga, Sandro Luiz QueirogaAuxiliares de Expedição: Admilson Ferreira, Marcos Dionísio, Ricardo Pereira, Samuel PenaSeparador: Vander Soares

SuPortE PEDAGóGiCoGerente de Suporte Pedagógico: Renata GazzinelliAssessoras Pedagógicas Estratégicas: Madresilva Magalhães, Priscila BoyGestores de Conteúdo: Luciano Carielo, Marinette FreitasConsultores Pedagógicos: Adriene Domingues, Camila Ramos, Claudete Marcellino,

Daniella Lopes, Denise Almeida, Eugênia Alves, Francisco Foureaux, Heloísa Baldo, Leonardo Ferreira, Paulo Rogedo, Soraya Oliveira

Analista de Conteúdo Pedagógico: Paula VilelaAnalista de Suporte Pedagógico: Caio PontesAnalista técnico-Pedagógica: Graziene de AraújoAssistente técnico-Pedagógica: Werlayne BastosAssistentes técnico-Administrativas: Aline Freitas, Lívia Espírito Santo

tECnoLoGiA EDuCACionALGerente de tecnologia Educacional: Alex RosaLíder de Desenvolvimento de novas tecnologias: Carlos Augusto PinheiroCoordenadora Pedagógica de tecnologia Educacional: Luiza WinterCoordenador de tecnologia Educacional: Eric LongoCoordenadora de Atendimento de tecnologia Educacional: Rebeca MayrinkAnalista de Suporte de tecnologia Educacional: Alexandre PaivaAssistentes de tecnologia Educacional: Augusto Alvarenga, Naiara MonteiroDesigner de interação: Marcelo CostaDesigners instrucionais: David Luiz Prado, Diego Dias, Fernando Paim, Ludilan Marzano,

Mariana Oliveira, Marianna DrumondDesigner de vídeo: Thais MeloEditora Audiovisual: Marina Ansalonirevisor: Josélio VerteloDiagramadores: Izabela Brant, Raony Abade

ProDuçãoGerente de Produção: Luciene FernandesAnalista de Processos Editoriais: Letícia OliveiraAssistente de Produção Editorial: Thais Melgaço

núcleo PedagógicoGestores Pedagógicos: Amanda Zanetti, Vicente Omar TorresCoordenadora Geral de Produção: Juliana RibasCoordenadoras de Produção Pedagógica: Drielen dos Santos, Isabela Lélis, Lílian Sabino,

Marilene Fernanda Guerra, Thaísa Lagoeiro, Vanessa Santos, Wanelza Teixeira

Analistas Pedagógicos: Amanda Birindiba, Átila Camargos, Bruno Amorim, Bruno Constâncio, Daniel Menezes, Daniel Pragana, Daniel Pretti, Dário Mendes, Deborah Carvalho, Joana Leite, Joyce Martins, Juliana Fonseca, Luana Vieira, Lucas Maranhão, Mariana Campos, Mariana Cruz, Marina Rodrigues, Paulo Caminha, Paulo Vaz, Raquel Raad, Stênio Vinícios de Medeiros, Taciana Macêdo, Tatiana Bacelar, Thalassa Kalil, Thamires Rodrigues, Vladimir Avelar

Assistente de tecnologia Educacional: Numiá GomesAssistentes de Produção Editorial: Carolina Silva, Suzelainne de Souza

Produção EditorialGestora de Produção Editorial: Thalita NigriCoordenadores de núcleo: Étore Moreira, Gabriela Garzon, Isabela DutraCoordenadora de iconografia: Viviane FonsecaPesquisadores iconográficos: Camila Gonçalves, Débora Nigri, Eloine Reis, Fabíola Paiva,

Guilherme Rodrigues, Núbia Santiagorevisores: Ana Maria Oliveira, Gabrielle Ruas, Lucas Santiago, Luciana Lopes, Natália Lima,

Tathiana OliveiraArte-Finalistas: Cleber Monteiro, Gabriel Alves, Kátia SilvaDiagramadores: Camila Meireles, Isabela Diniz, Kênia Sandy Ferreira, Lorrane Amorim,

Naianne Rabelo, Webster Pereirailustradores: Rodrigo Almeida, Rubens Lima

Produção GráficaGestor de Produção Gráfica: Wellington SeabraAnalista de Produção Gráfica: Marcelo CorreaAssistente de Produção Gráfica: Patrícia ÁureaAnalistas de Editoração: Gleiton Bastos, Karla Cunha, Pablo Assunção, Taiana Amorimrevisora de Produção Gráfica: Lorena Coelho

Coordenador do PSm: Wilson BittencourtAnalistas de Processos Editoriais: Augusto Figueiredo, Izabela Lopes, Lucas RoqueArte-Finalista: Larissa AssisDiagramadores: Anna Carolina Moreira, Maycon Portugal, Rafael Guisoli, Raquel Lopes,

Wallace Weberilustradores: Carina Queiroga, Hector Ivo Oliveirarevisores: João Miranda, Luísa Guerra, Marina Oliveira

ConSELho DirEtorDiretor Administrativo-Financeiro: Rodrigo Fernandes DomingosDiretor de Ensino: Rommel Fernandes DomingosDiretor Pedagógico: Paulo RibeiroDiretor Pedagógico Executivo: Marcos Raggazzi

DirEçãoDiretor Executivo: Tiago Bossi

Expediente

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Manual do Professor

3Bernoulli Sistema de Ensino

ApresentaçãoCaro professor,

Todo o nosso esforço ao criar esta Coleção não alcançaria seus objetivos sem a sua participação criativa e competente na sala de aula. Esperamos que ela contribua para formar um aluno capaz de interpretar e produzir textos, atento às questões do mundo contemporâneo, consciente de que a língua é um instrumento de poder.

Sabemos que o trabalho com a Língua Portuguesa no Ensino Médio deve ter três desdobramentos: gramática, produção de textos e literatura, embora entre os três haja um ponto de interseção que não pode ser desconsiderado por nós, professores, e do qual os alunos têm de tomar consciência, de forma que não os vejam equivocadamente como conteúdos independentes.

Realizaremos um trabalho de produção de texto com foco no desenvolvimento de habilidades voltadas para a análise das condições de produção textual e do contexto em que cada texto é produzido, para a ativação e o desenvolvimento de conhecimentos sobre tipos e gêneros textuais. Quanto ao trabalho com a gramática, reconhecemos a importância do estudo consciente da norma-padrão, cujo domínio o aluno precisa apresentar em situações formais de fala e de escrita.

Quanto à literatura, temos consciência do nosso papel, como professores, de despertar no aluno o senso estético e a sensibilidade lírica, pois, apesar de o esforço dos poderes públicos ser muito louvável para a total erradicação do analfabetismo no Brasil, há outro tipo de analfabetismo insidioso que precisa ser enfrentado: o estético. Ensinar a ler (em sentido amplo) as obras de arte é tarefa de professores de Estética, entre eles os de Literatura, a arte da palavra.

O professor atento a seu tempo percebe que a juventude de hoje tem grande intimidade com a Internet e com os recursos audiovisuais em geral. É preciso apresentar essa realidade incontestável a favor de nossos objetivos. Concretamente, vale a pena situar o texto literário em uma rede de linguagens como a do cinema, a da televisão e a da própria Internet para que o estudante possa explorar todas as possibilidades sêmicas desse texto.

Pensando especificamente na poesia, é preciso reconhecer que a escola média brasileira, com honrosas exceções, não tem trabalhado a contento a linguagem poética. Um bom leitor de poesia não depende apenas de vocação, mas da formação que recebe. Compete ao professor dar condições ao aprendiz para perceber na palavra poética não apenas seu significado, mas também sua potência de IMAGEM (estrato visual) e de SOM (estrato auditivo).

Quanto aos textos em prosa, sem perder de vista a qualidade artística da linguagem, o professor irá explorar o contexto cultural no qual esses textos estão inseridos, sempre em paralelo com o momento atual. Vale, então, a sensibilidade do professor para pinçar entre as sugestões que lhe oferecemos (filmes, documentários, catálogos de exposições ou conceitos) as mais adequadas para revelar todo o potencial polissêmico do texto estudado.

O material didático que colocamos em suas mãos e nas de seus alunos é o tijolo e a argamassa de uma construção, que será possível com o seu talento de educar. É o retorno que esperamos de você, professor, nosso imprescindível aliado.

Bom trabalho!

Os autores

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4 Coleção EM1

Novidades 2018O Bernoulli Sistema de Ensino tem sua atividade pautada na busca constante da excelência. Por isso,

trabalhamos sempre atentos à evolução do mercado e com empenho para oferecer as melhores soluções educacionais aos nossos parceiros. Em 2017, iniciamos o nosso atendimento ao segmento da Educação Infantil com o material didático para 4 e 5 anos, que já é sucesso nas escolas, trazendo ainda mais inovação e qualidade para as práticas escolares. Em 2018, é hora de estendermos nossa atuação às outras crianças desse segmento: as de 2 e 3 anos, que poderão vivenciar práticas lúdicas e pedagogicamente ricas.

Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a novidade é a parceria firmada para oferta de uma coleção de livros literários totalmente alinhada aos temas trabalhados nos livros do 1º ao 5º ano. As obras são voltadas para o desenvolvimento de temas transversais, como respeito a diferenças, sustentabilidade, cidadania e manifestações culturais. Além disso, atendendo aos pedidos de nossos parceiros, passamos a oferecer o livro de Língua Inglesa para o 1º ano, que foi construído com o mesmo rigor de qualidade e com mais ludicidade ainda, em consonância com a proposta pedagógica da Educação Infantil e com a dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, a grande novidade fica a cargo da Coleção de Arte para o 6º até o 9º ano, que apresenta uma abordagem integrada das quatro linguagens artísticas (artes visuais, música, teatro e dança), de forma a desenvolver a sensibilidade, criticidade, criatividade, bem como a fruição estética, entrelaçando a esses aspectos práticas de criação e produção artísticas, incitando nos alunos e nos professores um olhar reflexivo e curioso. Contamos também com um novo livro de Biologia para atender às escolas que trabalham separadamente esse componente curricular no 9º ano do Ensino Fundamental, uma solução totalmente integrada às temáticas e ao projeto editorial da Coleção Ensino Fundamental Anos Finais. Temas como a Bioquímica, a Biotecnologia, a Ecologia, a Evolução são destaques no conteúdo programático dessa obra, que tem como objetivo a retomada de assuntos trabalhados ao longo do Ensino Fundamental e a introdução de tópicos relevantes para a preparação dos alunos que em breve ingressarão no Ensino Médio.

No Ensino Médio, as novidades estão no campo da tecnologia, com a disponibilização do Meu Bernoulli também para a 1ª e a 2ª série. Além disso, será disponibilizado um novo formato de e-book, mais leve, com novas funcionalidades e recursos de acessibilidade. Quem já conhece sabe que o Meu Bernoulli é uma plataforma digital de aprendizagem inovadora capaz de trazer grandes benefícios para a comunidade escolar. Além de todas as funcionalidades que o Meu Bernoulli já apresenta, os parceiros que adquirirem os Simulados Enem terão, a partir deste ano, acesso a todas as provas comentadas.

A inovação também está presente no Bernoulli TV! A partir de agora, os vídeos estarão disponíveis no app e em maior variedade, de modo a apresentar a resolução de questões para novas disciplinas das Coleções 6V, 4V e 2V, Ensino Médio (1ª e 2ª séries) e também para a Coleção do 9º ano do Ensino Fundamental. Além disso, estarão disponíveis a resolução de todos os Simulados Enem e Ensino Médio (1ª e 2ª séries) logo após a aplicação das provas e os áudios para as disciplinas de Língua Inglesa e Língua Espanhola.

E ainda tem mais: alinhado com um mundo cada vez mais digital, o Bernoulli Sistema de Ensino passa a integrar os seus objetos de aprendizagem (games, animações, simuladores e vídeos) às Coleções, de modo que eles possam ser acessados através de QR codes e códigos impressos nos materiais físicos. Com isso, o conteúdo estará sempre à mão, podendo ser acessado por meio de smartphones e tablets, onde o aluno estiver, tornando a aprendizagem ainda mais interativa e instigante!

Como você poderá comprovar, o Bernoulli Sistema de Ensino não para! Estamos sempre à frente a fim de trazer o que há de melhor para que sua escola continue sempre conosco.

Fundamentação teóricaSe é pelas atividades de linguagem que o homem se constitui sujeito,

só por intermédio delas é que tem condições de refletir sobre si mesmo.(PCN, 2002)

As línguas não são apenas instrumentos de comunicação, mas, sobretudo, de pensamento, porque é por meio delas que o ser humano compreende e organiza dados da realidade. Assim, muito antes de ser necessário para o bom desempenho do estudante nas disciplinas diretamente relacionadas ao estudo da linguagem e de seus aspectos, o domínio da Língua Portuguesa, em suas diversas modalidades e variedades, permite ter acesso aos ensinamentos de outras áreas do conhecimento, entender a complexidade da sociedade, exercer a cidadania, expressar ideias, opiniões e interagir de modo eficiente nas mais diversas situações sociocomunicativas que se apresentam no cotidiano. Diferenciar as várias situações e contextos em que a escrita é socialmente produzida, reconhecer sentidos e valores inerentes a diferentes discursos e estar apto a usar a linguagem mais adequada a cada situação de interlocução é, pois, imprescindível ao estudante.

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5Bernoulli Sistema de Ensino

A Coleção EM foi idealizada com o propósito de possibilitar que o estudante desenvolva bem essas capacidades. Organizada em três frentes – Redação, Literatura e Gramática – que se desenvolvem em uma dinâmica de complementariedade, a Coleção é estruturada a partir de uma perspectiva dialógica, a fim de não apenas servir aos propósitos dos educadores em sala de aula, mas de também permitir ao estudante retomar posteriormente os conceitos trabalhados por seus professores, apreender melhor os conteúdos e consolidar seus conhecimentos.

A abordagem do conteúdo programático das séries iniciais do EM é feita com base no estudo tanto de textos clássicos, que constituem o cânone da literatura brasileira e universal, quanto de textos contemporâneos, que, publicados nos principais periódicos do país, tratam de assuntos atuais, polêmicos e relevantes para a formação dos alunos. Desse modo, o estudo da Língua Portuguesa e das diversas produções culturais que se enunciam por meio dela mantém relações com fatos e situações que fazem parte do cotidiano do aluno. Essa estratégia, além de motivar e facilitar a aprendizagem de conceitos essenciais ao ensino da língua, sensibiliza o estudante quanto a múltiplos aspectos e problemas da sociedade, incentivando-o a desenvolver uma postura mais crítica e participativa.

Com a finalidade de possibilitar a fixação dos conteúdos apresentados, a Coleção EM fornece ao professor e ao aluno diversos exercícios inéditos, bem como uma lista de questões objetivas discursivas, de propostas de redação dos principais vestibulares do país. A preparação para o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio –, cuja nota é utilizada, total ou parcialmente, para o ingresso nas principais universidades públicas e privadas do país, é feita tanto a partir da Seção Enem, composta por questões objetivas e por propostas de redação das provas do exame, quanto pela abordagem dos temas transversais (ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde e orientação sexual) ao longo de toda a exposição do conteúdo. Pelo fato de os jovens estarem totalmente integrados ao mundo virtual e às mídias de comunicação, a Coleção EM conta ainda com a seção “Tá na mídia”, que fornece links de sites, indicações de filmes e de documentários, bem como referências de obras relacionadas aos conteúdos e aos temas trabalhados.

A Coleção EM pretende, assim, contribuir para que os estudantes possam utilizar adequadamente a Língua Portuguesa em diversas situações sociocomunicativas, bem como refletir sobre suas idiossincrasias e perceber valores explícitos e / ou implícitos em diferentes textos e contextos. Desse modo, o aluno poderá, com o auxílio da linguagem e por meio dela, exercer bem seu papel de cidadão na contemporaneidade e no futuro.

Estrutura da ColeçãoOs conteúdos da Coleção são apresentados por frentes, sendo que cada frente se divide em capítulos. O fato de a Coleção ser dividida em frentes não significa que os conteúdos devem ser trabalhados de

forma fragmentada; ao contrário, deve-se buscar constante articulação entre eles.Igualmente, é importante atentar para o fato de que não se pretende esgotar os conteúdos a cada

volume da Coleção. Assim, em muitos casos, esses conteúdos são retomados de forma mais aprofundada em volumes seguintes.

Essa estrutura da Coleção pretende garantir que os alunos tenham contato com vários assuntos ao mesmo tempo no decorrer do ano, em um movimento espiralado de aprendizagem.

Estrutura do livro1) Texto introdutório

O texto introdutório tem uma temática que estimula os alunos a se envolverem com a situação-problema que serve como ponto de partida para o conteúdo. No momento de sua leitura, aproveite para ativar o conhecimento prévio dos alunos acerca do assunto, o que pode ocorrer em uma pequena discussão, com uma troca de ideias entre todos, inclusive você, professor.

Esse texto pode ser lido coletivamente, em sala, no dia do início do trabalho com o capítulo, ou pode-se solicitar aos alunos que o leiam previamente em casa para que possam trazer para a sala de aula informações sobre o assunto pesquisadas em outras fontes.

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2) Exercícios de aprendizagem

Esses exercícios foram distribuídos ao longo do capítulo para que você, professor, possa fazer a fixação do conteúdo por item. Devem ser resolvidos em sala de aula, pois dessa forma você poderá verificar o grau de assimilação do conteúdo trabalhado, podendo retomá-lo, caso seja necessário, a fim de obter um bom resultado. Desse modo, você evita a surpresa de só descobrir as lacunas de aprendizagem no final do capítulo, quando vários itens de naturezas diferentes e também com graus de dificuldade diferentes já tiverem sido abordados.

3) Exercícios propostos

Essa seção, que reúne um grande número de exercícios de múltipla escolha e questões discursivas, foi planejada para que o aluno trabalhe de forma autônoma, resgatando todo o conteúdo estudado ao longo do capítulo. Incentive os alunos a fazerem os exercícios em casa e trazerem para a sala de aula as dúvidas surgidas durante a resolução.

4) Para refletir

Essa seção oferece uma oportunidade de promover um momento de reflexão e um espaço para exposição de pontos de vista sobre determinado questionamento. Pode-se, em algumas ocasiões, propor a formação de duplas ou grupos para que os alunos troquem opiniões entre si. Assim, você pode variar as formas de se trabalhar a seção, numa atividade individual, em duplas, em grupos ou, coletivamente, envolvendo a turma e você, professor.

5) Leitura complementar

Os capítulos oferecem leituras complementares ao conteúdo, que podem despertar a curiosidade do aluno para pesquisar em outras fontes. Cabe a você, professor, promover um espaço de leitura em sala de aula ou convidar o aluno a realizar essas leituras em casa. É fundamental chamar a atenção do aluno para esses textos, pois, além de conscientizá-lo de que a leitura, de forma geral, é uma fonte inesgotável de informação, é bom que ele saiba que a familiaridade com textos como os disponibilizados pode ser de grande valia em processos seletivos e avaliações.

6) Seção Enem

As questões que compõem a seção são criteriosamente selecionadas das provas do Enem ou dos Simulados elaborados pelo Bernoulli Sistema de Ensino. Explique para os alunos as habilidades cobradas em cada uma das questões. Isso é importante para que eles se familiarizem com a forma como os conteúdos são avaliados no exame nacional.

7) Tá na mídia

Essa seção oferece sugestões de filmes, livros, sites, músicas, entre outras mídias que abordem o tema de forma diferente daquela tratada no material didático, mas com uma relação estreita com ele. Incentive o aluno a ler as sinopses a fim de entender o porquê da sugestão. Aproveite as sugestões da seção para planejar atividades em sala de aula, como uma “sessão de cinema” com o filme indicado ou a audição de uma música.

8) QR Code – Como acessar

O QR Code é um código de acesso aos objetos de aprendizagem do Bernoulli Digital. Para baixar o conteúdo, é necessário que você tenha disponível no seu dispositivo um leitor de QR Codes, que você pode encontrar nas stores (Google Play e App Store). Baixe o app, escaneie o código com a câmera e tenha acesso ao nosso conteúdo.

9) Bernoulli TV

Essa seção disponibiliza resoluções das questões em vídeo. Baixe o app do Bernoulli TV ou acesse tv.bernoulli.com.br e digite o código alfanumérico da questão para assistir à resolução. Estão disponíveis também vídeos que abordam o conteúdo trabalhado nos módulos (que antes constavam no Bernoulli Digital). Além disso, o Bernoulli TV agora conta com os vídeos das línguas estrangeiras.

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Manual do Professor

7Bernoulli Sistema de Ensino

Matriz de referência EnemLinguagens, Códigos e suas Tecnologias

Eixos cognitivos (comuns a todas as áreas de conhecimento)I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens

matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para

a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

IV. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.

V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

Habilidades e competências

Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

H1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

H2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.

H3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.

H4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

Competência de área 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.

H9 – Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.

H10 – Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.

H11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.

Competência de área 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.

H12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.

H13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.

H14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.

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Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.

H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.

H16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.

H17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.

Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.

H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.

H20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.

Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.

H21 – Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.

H22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.

H23 – Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público-alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.

H24 – Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.

Competência de área 8 – Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.

H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.

H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.

H27 – Reconhecer os usos da norma-padrão da Língua Portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.

H28 – Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.

H29 – Identificar, pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.

H30 – Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.

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Manual do Professor

9Bernoulli Sistema de Ensino

Planejamento anual*DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA

SÉRIE: 1ª

SEGMENTO: EM

FRENTE CAPÍTULO VOLUME TÍTULO

A

1 1 • Texto e textualidade

2 1 • Tipos textuais e gêneros textuais

3 2 • Estrutura dos textos dissertativos e argumentativos

4 2 • Elementos persuasivos

5 3 • Textos não verbais e publicitários

6 3 • Narração

7 4 • Descrição e injunção

8 4 • Produção de textos dissertativos e argumentativos

B

1 1 • Literatura e gêneros literários

2 1 • Prosa, poesia e intertextualidade

3 2 • Classicismo

4 2 • Quinhentismo

5 3 • Barroco

6 3 • Arcadismo

7 4 • Romantismo – 1ª fase

8 4 • Romantismo – 2ª fase e 3ª fase

C

1 1 • Língua e linguagem

2 1 • Palavras, sentidos e intenções

3 2 • Acentuação gráfica e ortografia

4 2 • Estrutura e formação de palavras

5 3 • Classes de palavras

6 3 • Estudo do verbo

7 4 • Estudo do pronome

8 4 • Palavras relacionais

* Conteúdo programático sujeito a alteração. / O conteúdo completo de Língua Portuguesa do EM 1ª e 2ª série está disponível

no final do Manual do Professor.

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10 Coleção EM1

Planejamento do volumeDISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA

SÉRIE: 1ª

SEGMENTO: EM

VOLUME: 1

FRENTE CAPÍTULO TÍTULOSUGESTÕES DE ESTRATÉGIAS

A

1 • Texto e textualidade• Aula expositiva

• Aplicação de exercícios

• Resolução de exercícios

• Aula prática

• Debate

• Aula multimídia

• Discussão em grupos

• Filmes

2 • Tipos textuais e gêneros textuais

B

1 • Literatura e gêneros literários

2 • Prosa, poesia e intertextualidade

C

1 • Língua e linguagem

2 • Palavras, sentidos e intenções

Orientações para composição de carga horária

Para otimizar o uso do material, sugerimos uma composição de carga horária em que se deve observar o seguinte:

Considere que o ano letivo tenha, em média, 36 semanas letivas. Como na Coleção EM1 o conteúdo de cada disciplina é apresentado em 4 volumes, recomendamos dedicar 9 semanas letivas ao estudo de cada volume.

O conteúdo de Língua Portuguesa está distribuído em três frentes (A, B e C), cada uma com 2 capítulos por volume.

Sugerimos, então, a seguinte carga horária semanal por frente:

Frente A: 2 aulas por semana.

Frente B: 2 aulas por semana.

Frente C: 1 aula por semana.

Carga total semanal da disciplina: 5 aulas por semana.

Para calcular o número médio de aulas por capítulo, basta considerar a carga horária de 9 semanas (nos casos das frentes A e B, 36 aulas – 9 x 4 –; e, no caso da frente C, 9 aulas – 9 x 1) e dividi-la pelo número de capítulos (nos casos das frentes A e B, 4 capítulos ao todo, e, no caso da frente C, 2 capítulos).

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Manual do Professor

11Bernoulli Sistema de Ensino

Sugestão de distribuição de conteúdoTrimestral

TRIMESTRE CAPÍTULO

1º trimestre

1º mês• A1 – Texto e textualidade• B1 – Literatura e gêneros literários• C1 – Língua e linguagem

2º mês• A2 – Tipos textuais e gêneros textuais• B2 – Prosa, poesia e intertextualidade• C2 – Palavras, sentidos e intenções

3º mês• A3 – Estrutura dos textos dissertativos e argumentativos• B3 – Classicismo• C3 – Acentuação gráfica e ortografia

2º trimestre

1º mês

• A3 – Estrutura dos textos dissertativos e argumentativos• A4 – Elementos persuasivos• B4 – Quinhentismo• C4 – Estrutura e formação de palavras

2º mês• A4 – Elementos persuasivos• B5 – Barroco• C5 – Classes de palavras

3º mês• A5 – Textos não verbais e publicitários• B6 – Arcadismo• C6 – Estudo do verbo

3º trimestre

1º mês• A6 – Narração• B7 – Romantismo – 1ª fase• C7 – Estudo do pronome

2º mês

• A7 – Descrição e injunção• B7 – Romantismo – 1ª fase• B8 – Romantismo – 2ª fase e 3ª fase• C7 – Estudo do pronome

3º mês• A8 – Produção de textos dissertativos e argumentativos• B8 – Romantismo – 2ª fase e 3ª fase• C8 – Palavras relacionais

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12 Coleção EM1

BimestralBIMESTRE CAPÍTULO

1º trimestre

1º mês• A1 – Texto e textualidade• B1 – Literatura e gêneros literários• C1 – Língua e linguagem

2º mês• A2 – Tipos textuais e gêneros textuais• B2 – Prosa, poesia e intertextualidade• C2 – Palavras, sentidos e intenções

2º trimestre

1º mês• A3 – Estrutura dos textos dissertativos e argumentativos• B3 – Classicismo• C3 – Acentuação gráfica e ortografia

2º mês• A4 – Elementos persuasivos• B4 – Quinhentismo• C4 – Estrutura e formação de palavras

3º trimestre

1º mês• A5 – Textos não verbais e publicitários• B5 – Barroco• C5 – Classes de palavras

2º mês• A6 – Narração• B6 – Arcadismo• C6 – Estudo do verbo

4º trimestre

1º mês• A7 – Descrição e injunção• B7 – Romantismo – 1ª fase• C7 – Estudo do pronome

2º mês• A8 – Produção de textos dissertativos e argumentativos• B8 – Romantismo – 2ª fase e 3ª fase• C8 – Palavras relacionais

Orientações e sugestõesCapítulo A1: Texto e textualidade

O primeiro capítulo da Coleção Ensino Médio da 1ª série apresenta as funções da linguagem e os fatores de textualidade. A partir desses estudos, objetiva-se que o aluno conheça conceitos essenciais para um melhor entendimento do processo comunicativo, dos atores nele envolvidos e da forma como o contexto sociointeracional interfere na configuração final de um texto. A compreensão desses conceitos e a aquisição de uma atitude reflexiva frente aos diversos textos com que lidam permitirá aos alunos interpretá-los melhor, bem como produzir outros textos que sirvam bem a propósitos sociocomunicativos definidos.

O texto introdutório do capítulo procura, rapidamente, explicitar que todo falante – portanto, também o aluno – é capaz de produzir textos bem-sucedidos de forma intuitiva. É importante, nesse ponto, professor, que você abra uma discussão sobre o assunto e motive os alunos tanto a refletirem sobre ele como a confiarem no saber que detêm acerca dos textos que circulam socialmente. Você pode, por exemplo, explorar as figuras da página de abertura, indagando aos alunos sobre a função, o contexto de circulação, o grau de formalidade da linguagem utilizada nos gêneros representados (panfleto, romance, hipertexto, publicidade, placa, carta do leitor ou texto jornalístico em geral, selo de consumo, receita, etc.) ou, ainda, citar outros textos. Importante é que você motive os alunos a refletirem sobre tudo o que, como falantes, sabem sobre textos.

Não é necessário, professor, que você leia o texto introdutório. Essa é, inclusive, uma orientação geral para suas aulas. Os textos de análise que acompanham os diversos textos utilizados como exemplos de conceitos, de gêneros ou de tipos textuais não precisam ser lidos. Eles se destinam, na verdade, ao aluno, caso ele precise ou deseje relembrar a articulação entre os exemplos e os conceitos estudados ao rever o conteúdo do livro. Você deve focar as leituras de suas aulas nos textos que servem como exemplos e ajudar o aluno a observar, neles, as manifestações linguísticas que precisará dominar para produzir seus próprios textos.

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O exercício de aprendizagem que inicia o capítulo objetiva, a partir da interpretação de trechos da entrevista do linguista Mário Perini, diferenciar os conceitos de língua e de linguagem, articulando-os ao conceito de cultura, que pode ser entendida, de modo genérico, como o contexto em que uma língua, por meio da linguagem, manifesta-se. Na seção “Comentário e resolução de questões” deste manual, você vai encontrar, professor, comentários para 50% dos exercícios da seção “Exercícios de aprendizagem”. Você pode optar por ler o texto, fazer o exercício oralmente e solicitar aos alunos que redijam as respostas ou por pedir aos alunos que façam o exercício anteriormente, individualmente ou em grupo.

Após essa atividade, inicia-se o estudo das funções da linguagem. Primeiramente, há a apresentação dos elementos envolvidos no processo de comunicação e, em seguida, um breve exercício que deve ser feito oralmente com a participação dos alunos. Você deve pedir que eles identifiquem, na figura, cada um dos elementos mencionados no livro. O texto seguinte, sobre o tsunami ocorrido no Japão, à maneira da figura do exercício, também deve servir de exemplo para a identificação dos elementos envolvidos no processo comunicativo. É importante que, no estudo da notícia, você, professor, procure demonstrar aos alunos que, embora esses elementos possam ser menos evidentes em um texto essencialmente verbal, é possível identificá-los, desde que se proponham a pensar um pouco sobre o texto. Nesse caso, você pode fazer perguntas simples a eles, como: Onde é possível ler notícias? Qual o objetivo geral desse texto ou sobre o que elas informam? Quem lê notícias? Que tipo de linguagem é normalmente utilizado nas notícias?

Você deve observar que essas perguntas permitem situar não apenas os elementos envolvidos no processo de comunicação, mas também conduz a algumas definições sobre as características do gênero notícia. Chamar a atenção dos alunos para as referências dos textos que leem, mostrar a eles que essas referências dão muitas pistas sobre os textos, mencionar gêneros, seus objetivos e suas características linguísticas e contextuais mais marcantes também são exercícios a que você, professor, deve se dedicar em suas aulas. Incentivar o aluno a refletir sobre os textos lidos é essencial para que ele amplie cada vez mais sua capacidade de leitura, de interpretação e, por conseguinte, de produção de textos.

O diagrama que aparece após a notícia sobre o tsunami associa os elementos envolvidos no processo comunicativo às funções da linguagem, que são apresentadas e exemplificadas em seguida. Ao estudá-las com os alunos, procure explorar os textos que as exemplificam, mostrando de que forma sua configuração linguística contribui para a focalização de um elemento específico do processo comunicativo. Você também conta com a videoaula “Funções da linguagem” como recurso enriquecedor para sua aula.

As análises que acompanham os exemplos chamam atenção para os graus de formalidade, de objetividade, de pessoalidade e de literariedade dos textos. Além de reforçar essas informações, professor, você deve evidenciar, nos textos, elementos linguísticos que cooperam na configuração de cada exemplo. Nesse sentido, vale destacar, por exemplo, a adjetivação em textos emotivos, os recursos de métrica e rima em textos poéticos, o uso recorrente de imperativos em textos apelativos, etc.

Os exercícios que aparecem em seguida dedicam-se a explorar os conceitos estudados desde o início do capítulo e você pode encontrar comentários para algumas dessas questões na seção “Comentário e resolução de questões” deste manual.

O primeiro capítulo prossegue o estudo dos textos abordando o conceito de textualidade, bem como seus fatores linguísticos e pragmáticos. A abordagem desses conceitos é essencial para ampliar as perspectivas a partir das quais os alunos devem se propor a pensar sobre os textos com que lidam cotidianamente. Você, professor, deve evidenciar para os alunos que a textualidade está ligada diretamente ao objetivo sociocomunicativo do texto e, assim, deverá ser analisada, sempre, de uma perspectiva mais pragmática, ou seja, levando-se em conta o contexto e o objetivo do texto.

Os dois fatores linguísticos foram apresentados antes dos fatores pragmáticos. Ao tratar da coerência e da coesão, professor, preocupe-se apenas em diferenciar os conceitos, relacionando a primeira à lógica textual e a segunda à expressão dessa lógica por meio de mecanismos linguísticos. Procure apoiar-se nos exemplos para facilitar a compreensão dos alunos. Vale observar que os conceitos de coesão e de coerência são abordados detalhadamente no livro da Coleção Ensino Médio da 2ª série. Aos alunos da 1ª série, nesse primeiro momento, basta conhecer os conceitos, ainda que de modo mais superficial, e saber diferenciá-los.

Após essa introdução aos fatores linguísticos da textualidade, são apresentados, também a partir de exemplos, os cinco fatores pragmáticos da textualidade. Ao trabalhar esse conteúdo com os alunos, professor, explore os exemplos e não deixe de situá-los, também, em relação aos gêneros textuais mais abundantes no cotidiano, sejam orais ou escritos. Além dos exemplos citados nos textos teóricos sobre cada fator pragmático da textualidade, você pode citar outros ou solicitar que os próprios alunos tentem dar alguns exemplos. Novamente, nesse caso, o objetivo é o de incitá-los a refletirem sobre os textos com que lidam em seu cotidiano.

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Capítulo A2: Tipos textuais e gêneros textuaisO objetivo desse capítulo é fornecer aos alunos as primeiras noções sobre os conceitos de tipologia

textual e de gêneros textuais. Cada uma das 5 principais tipologias textuais será estudada detalhadamente nos próximos capítulos da Coleção EM da 1ª série. Os gêneros textuais mais comumente solicitados em propostas de redação, por sua vez, embora sejam abordados mais profundamente nos estudos da 2ª série, são referenciados ao longo de todos os capítulos da 1ª série. Por isso, é importante que os alunos tenham noção da diferença entre as duas formas de analisar os textos.

Paralelamente ao estudo desses conteúdos, o capítulo 2 explora um dos temas transversais do Enem: a diversidade cultural. O Exercícios de aprendizagem 01 cumpre, assim, a função de conduzir os alunos às primeiras reflexões sobre o conceito de cultura, havendo comentários para as questões propostas na seção “Comentário e resolução de questões” deste manual.

Em seguida, inicia-se a apresentação das cinco principais sequências discursivas: a dissertação, a argumentação, a descrição, a narração e a injunção. Ao longo da apresentação das tipologias, é interessante que você, professor, destaque o fato de que essa perspectiva de estudo dos textos está focada na análise de características linguísticas e discursivas mais genéricas. Você deve sempre se lembrar de que o objetivo do trabalho didático com a 1ª série é dar condições aos alunos de reconhecer e produzir as diversas sequências discursivas, bem como de julgar em que medida é necessário usar cada uma delas para, por meio de diferentes estratégias, abordar um tema em uma proposta. Entretanto, apesar de esse ser o objetivo geral do trabalho didático com a 1ª série, é importante que os alunos já tenham noção do conceito de gêneros, bem como adquiram a habilidade de identificar alguns deles, associando-os às sequências discursivas estudadas.

Tendo em vista esse objetivo, apresente os exemplos de cada uma das tipologias textuais, procurando chamar a atenção dos alunos para:

• o objetivo genérico de cada uma delas;

• os exemplos de gêneros predominantes em cada uma das sequências;

• o foco de cada uma das tipologias (no referente ou objeto, no enunciador, no receptor);

• as características linguísticas predominantes em cada uma das sequências.

Essas informações podem ser encontradas nos textos de análise que acompanham os exemplos, mas é interessante que você, professor, destaque-as a partir da leitura dos textos.

Os exercícios que encerram o estudo das tipologias tratam do tema bullying, situando-o a partir da temática geral do capítulo, que é diversidade cultural. Algumas das questões estão comentadas na seção “Comentário e resolução de questões” deste manual.

Para iniciar o estudo do conceito de gêneros textuais, professor, chame a atenção dos alunos para o fato de que essa classificação dos textos leva em conta não apenas as características linguísticas, mas, principalmente, as características pragmáticas dos textos, ou seja, considera-os a partir da função sociocomunicativa que desempenham em uma situação de interlocução real. Não se esqueça de

indicar também a videoaula “Tipos e gêneros textuais” aos alunos como complementação do estudo do tema.

É essencial que a distinção entre os conceitos de tipos e de gêneros textuais seja trabalhada sempre, pois é muito comum haver alunos em séries mais avançadas que têm dúvidas, por exemplo, quanto às diferenças entre um texto argumentativo e um artigo de opinião. Por esse motivo, o foco do estudo dos gêneros textuais, nessa etapa da aprendizagem, está no fato de que as diferentes sequências discursivas são usadas, em maior ou menor grau, na composição dos gêneros. Isso está demonstrado no texto “As pessoas não suportam a diferença”, de Fernanda Takai, além de ser reforçado no Exercícios de aprendizagem que aparece em seguida.

Para finalizar esse capítulo, apresente aos alunos o conceito de suporte dos gêneros textuais. Lançar mão do conhecimento de mundo e refletir sobre o suporte de textos em análise pode ajudar muito tanto na compreensão quanto na produção de textos que cumpram diferentes objetivos comunicativos. Vale observar que os gêneros textuais serão estudados detalhadamente no livro da 2ª série da Coleção Ensino Médio. Entretanto, é importante que o aluno se familiarize com o conceito ao longo de toda a sua formação.

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Capítulo B1: Literatura e gêneros literáriosPara iniciar os estudos de literatura com seus alunos, aconselhamos você, professor, a questioná-los

sobre o conceito mais amplo de arte. O que faz uma obra de arte ser assim considerada? Por meio dessa indagação, os alunos serão levados a pensar as obras de arte já socialmente estabelecidas como tal – obras canonizadas –, repassando o que conhecem sobre o assunto, e poderão, eventualmente, compará-las a obras contemporâneas, cujo estatuto artístico seja mais duvidoso. Contrariamente ao ditado “gosto não se discute”, a ideia é fazer os alunos se perguntarem se a beleza é uma noção subjetiva ou objetiva, se o “gosto”, ou seja, o julgamento estético, é passível de aprendizado e refinamento, se Camões ou Guimarães Rosa, Picasso ou Rembrandt são considerados artistas por serem objetivamente bons ao produzirem beleza ou se essa noção está condicionada ao processo de interpretação da obra, diferente para cada período histórico e social.

Em um segundo momento, o questionamento é redirecionado à literatura, tratando de suas especificidades. Sugerimos a abordagem de textos literários que “forçam” o limite entre o literário e o não literário. Poemas como o de Manuel Bandeira, “Poema tirado de uma notícia de jornal”, e o de Ferreira Gullar, “Poema brasileiro”, ambos exemplificados no capítulo, são muito bons para iniciar o trabalho a respeito desse assunto. Outra característica basilar dos textos literários, cujas propriedades devem ser trabalhadas de maneira cuidadosa, é a conotação ou sentido conotativo, em contraposição à denotação ou sentido denotativo. É importante ressaltar que a linguagem conotativa, figurada, não é de uso exclusivo da literatura. Não somente textos jornalísticos também a empregam, quando querem atribuir a seus discursos um caráter mais vivaz, dramático, fantasioso, etc., como também a linguagem publicitária, por exemplo. A linguagem cotidiana, com seus ditados populares, também é outra fonte de linguagem conotativa fora de um contexto literário.

O capítulo encerra suas considerações com um estudo acerca dos principais gêneros literários. Para que o estudo dos gêneros seja compreendido pelos alunos da maneira mais adequada possível, recomenda-se a você, professor, a utilização de romances ou outras obras literárias que tenham sido adaptadas para o cinema ou televisão, como A hora da estrela, de Clarice Lispector, e Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, cujos contos foram adaptados em pequenas narrativas dentro do longa-metragem Outras estórias (1999). O site de curtas-metragens Porta Curta Petrobras (www.portacurtas.org.br) possui um excelente acervo de curtas inspirados em obras de escritores brasileiros importantes como Machado de Assis, (A cartomante, 2001), Clarice Lispector (Clandestina felicidade, 1998), Caio Fernando Abreu (Sargento Garcia, 2000), Rubem Fonseca (Hildete, 2006), Luiz Vilela (Françoise, 2001 e Rua da amargura, 2003), entre outros. Ressalte as diferenças que a adaptação guarda em relação ao original, procurando evidenciar as especificidades demandadas por cada gênero. A leitura de textos dramáticos, como peças teatrais, também é recomendada, uma vez que, desse modo, os alunos terão contato direto com um tipo de texto muitas vezes considerado mais técnico, de auxílio ao diretor. Uma alternativa aos textos teatrais são os roteiros de cinema, cuja estrutura é muito semelhante ao de um roteiro de peça teatral.

Após estudar separadamente os gêneros literários, enfatize a confluência entre os gêneros nas mais diversas obras literárias, como “Caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade, em que os gêneros poético e dramático se imiscuem, e “Poema tirado de uma notícia de jornal”, de Manuel Bandeira. Por fim, peça para que os alunos assistam à videoaula “Gêneros literários”, cujo QR Code se encontra no fim do capítulo.

Capítulo B2: Prosa, poesia e intertextualidadeÉ importante que os alunos percebam como as escolhas de um autor não são aleatórias ou gratuitas,

mas repletas de sentido. Ter a consciência do porquê da escolha do foco narrativo, do espaço, do tempo, da montagem das personagens, da musicalidade dos versos, da metrificação, é a tarefa de todo leitor eficiente no processo de interpretação textual. Esse capítulo estuda os elementos constitutivos da prosa ficcional e do poema, que contribuirão para o desenvolvimento de um arcabouço de conhecimentos e vocabulário para lidar com os aspectos mais técnicos constitutivos de uma obra literária.

A aplicação de textos que sejam do conhecimento e preferência dos alunos pode ser de grande auxílio no momento de se trabalharem elementos como métrica, esquema rímico, estrofação, etc., em que letras de canções podem ser comumente utilizadas. Por exemplo, muitas canções populares e sambas famosos são feitos em redondilhas maiores. Procure demonstrar ao aluno que são justamente tais esmeros, por parte do artista, durante a criação e o desenvolvimento de sua obra, que garantem o efeito de fruição do belo.

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Para o estudo dos aspectos métricos, rítmicos e sonoros da poesia, sugerimos a você, professor, o livro Versos, sons e ritmos, de Norma Goldstein, da série Princípios, editora Ática, que eventualmente poderá ser usado com os seus alunos. Caso haja disponibilidade, recomendamos também a reprodução, em sala de aula, do filme Nome, de Arnaldo Antunes, para que o aluno perceba as alterações no procedimento de criação poética oriundas das novas tecnologias, que resultam em modificações estruturais no texto literário, a exemplo dos vídeos-poemas. Leve algum livro de poesia que possua um CD com os poemas musicados, o que é facilmente encontrado nos livros contemporâneos, não apenas nos dos concretistas. Como dica de CD mais vinculado ao movimento da Poesia Concreta, há o trabalho No lago do olho, de Cid Campos, no qual o artista musicou famosas produções concretistas. O poeta e crítico português E. M. de Melo e Castro possui um trabalho interessante sobre infopoesia. Procure algumas de suas obras para ilustrar como a poesia vem sendo praticada na era da informática. Um dos seus mais importantes estudos é o livro O fim visual do século XX & outros textos críticos, São Paulo: Edusp, 1993.

Uma excelente estratégia para deixar nítido que todo discurso é construído a partir de um ponto de vista, de uma voz enunciadora que relata os episódios por sua perspectiva, é encontrar uma mesma cena que possa ser analisada por dois ou mais ângulos. Assim, o aluno poderá reconhecer a parcialidade de todo relato. Demonstre para o aluno como a metalinguagem na prosa muitas vezes é empregada para dar veracidade ao relato do narrador, a fim de obter a compreensão do seu interlocutor. Ressalte o valor do diálogo entre narrador e leitor como uma forma persuasiva da voz narrativa para que ambos compactuem com o mesmo ponto de vista. Ao estudar as classificações das personagens, saliente como as caricaturas e os tipos encontram-se também no gênero dramático, mais especificamente nas comédias. Além disso, você pode antecipar como o Realismo e o Naturalismo exploraram a construção de personagens-tipo com o intuito de se comprovar uma tese. Nessas escolas literárias, predomina a concepção de que o homem é um produto do meio, portanto, a individualidade é apagada em detrimento de uma identidade coletiva determinada pelas relações sociais.

Outro tópico abordado no capítulo são os estudos sobre a intertextualidade, atualmente muito divulgados devido às várias pesquisas em Literatura Comparada. As novas reflexões evidenciam que um texto não pode ser visto como o “original”, e os posteriores, como “cópia”. Por isso, professor, discuta tais questões e relativize os conceitos de “originalidade” e de “influência”. Destaque também as metáforas mais empregadas para se retratar a intertextualidade, a saber, “rede”, “tecido”, “palimpsesto”, que deixam evidente o diálogo constante entre as tradições de diferentes épocas, culturas e línguas. Debata essas questões e exemplifique-as com o poema “Tecendo a manhã”, de João Cabral de Melo Neto.

O livro Intertextualidade: teoria e prática, de autoria de Graça Paulino, Ivete Walty e Maria Zilda Cury, lançado pela editora Lê, pode servir como um material básico sobre esse conteúdo e pode ajudá-lo na preparação das aulas. A obra Paródia, paráfrase & cia, de Affonso Romano de Sant’Anna, apresenta um estudo aprofundado sobre as distinções e aporias em torno dos conceitos de paródia, paráfrase e pastiche. As campanhas publicitárias da Bombril, publicadas em revistas, são um bom exemplo para trabalhar a intertextualidade em produções icônicas. Além delas, o trabalho de Maurício de Sousa, História em quadrões, em que o escritor faz uma paródia infantil com as telas mais famosas da história da arte, é outro material significativo para se trabalhar a

intertextualidade. A criação de paródias sobre a “Canção do exílio” – de acordo com questões sociais, políticas e culturais em evidência (seja de âmbito nacional ou local) – também pode ser proposta aos alunos como atividade de produção escrita. Você também conta com a videoaula “Intertextualidade” como recurso enriquecedor para sua aula.

Capítulo C1: Língua e linguagemProfessor, iniciamos o capítulo 1 da Coleção EM abordando os conceitos de língua e linguagem,

com o objetivo de provocar uma reflexão acerca das formas de expressão de que dispomos. É importante destacar que a comunicação, seja ela verbal ou não, ocorre por meio de um sistema de signos de natureza diversa, compreendidos desde gestos até uma série de pulsos de um número binário em um computador. É interessante, nesse sentido, fazer um levantamento com os alunos das formas de linguagem que utilizamos

de modo corriqueiro e ressaltar o fato de que, na escola, durante as aulas de Língua Portuguesa, aprofundamos os estudos de uma das formas de linguagem, a verbal, uma modalidade de expressão da língua, a qual entendemos como modalidade padrão. A videoaula “O que é língua?” é um recurso enriquecedor para esse debate. Não se esqueça de indicá-la aos alunos.

Optamos por destacar o fato de que há uma diversidade de normas em uma língua, e todas elas são o espelho do uso que fazem delas os usuários, conforme a intenção, o espaço geográfico, o contexto da comunicação, entre outros fatores. Vale ressaltar que, nessa perspectiva, os estudos gramaticais privilegiam a análise da expressão escrita da modalidade padrão da língua.

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Esta é utilizada principalmente em textos literários, técnicos, científicos, dentre outros. Contudo, é possível rastrear seu uso em situações cotidianas e em contextos que não os anteriores. A importância do aprendizado da modalidade padrão da língua encontra-se na possibilidade do acesso a textos fundamentais da cultura, bem como na garantia de direitos de cidadania.

Sugerimos que os textos da abertura do capítulo sejam lidos e comentados em sala de aula, com a participação dos alunos. É interessante que eles expressem a concepção de estudo da gramática que trazem e a confrontem com a do sujeito poético do poema “Aula de Português” e com o recorte feito no primeiro texto. Você, professor, pode, nesse momento, encaminhar a reflexão acerca do papel dos estudos gramaticais, de modo que os alunos percebam a função que assumem na formação de cada um deles.

Além disso, podem ser apresentadas situações em que registros linguísticos diversos são adequadamente utilizados conforme o contexto e a intenção comunicativa, ressaltando a validade de todos eles e destacando situações em que o domínio da norma-padrão é importante.

Capítulo C2: Palavras, sentidos e intençõesNo início do capítulo, há uma noção básica de fonologia a fim de que o aluno perceba que a escrita é

uma forma de representação gráfica dos significantes, isto é, não corresponde completamente à oralidade; trata-se de uma convenção. Em seguida, há uma apresentação sobre o léxico da Língua Portuguesa e as noções de conotação e denotação.

Professor, ao trabalhar os conceitos de polissemia e ambiguidade, é interessante apresentar alguns textos para análise em sala de aula antes de fazer as atividades propostas no livro. A projeção de textos motiva os alunos e os leva a participar ativamente da aula. Além dos textos apresentados no capítulo, seguem mais algumas sugestões.

A informação que ocasiona a ambiguidade na tirinha é o tamanho dos cães. O cão pequeno ataca todo mundo e o cão grande não ataca ninguém. Os proprietários acreditam que seus animais precisam de treinamento.

A ambiguidade gera humor porque, pelo senso comum, um cão pequeno é dócil, mas, no contexto da tira, ataca todo mundo.

Já o cão grande provoca medo por seu tamanho, porém não ataca ninguém.

Adã

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urru

sgar

ai

Seu cão tem problemas de comportamento?

A ambiguidade, nesse caso, é originada pelos diferentes sentidos em que a palavra “guarda” foi utilizada, evidenciando as diferentes expectativas de Helga e Hagar.

Considerando o fato de que Jontex é uma marca de preservativo, associação entre texto e imagem permite atribuir dois sentidos à palavra “acidentes”: um desastre com um carro ou uma gravidez indesejada.

Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/>.

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Por fim, peça que os alunos assistam à videoaula “Variações de sentido”, cujo QR Code se encontra no fim do capítulo.

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CAPÍTULO – A1Texto e textualidade

Exercícios de aprendizagem

Questão 01Comentário:

A) Segundo Perini, o conceito de linguagem é mais amplo que o de língua e abarca utilizações de diferentes sistemas de comunicação. Entende-se por sistema de comunicação um conjunto de signos, que podem ter diferentes naturezas, os quais são associados, de diferentes formas, por meio de regras convencionadas, a fim de possibilitar a comunicação. O conjunto de sinais de trânsito, o código Morse, o sistema de sinais usados na linguagem dos surdos-mudos pode ser entendidos como sistemas de comunicação. A linguagem, por sua vez, é a utilização desses sistemas para fins comunicativos. Assim, é possível dizer que, enquanto a língua é um sistema composto por signos linguísticos, os quais podem ser associados a partir de regras gramaticais, a linguagem verbal é a utilização desse sistema para fins de comunicação entre os seres humanos.

B) Perini cita como exemplos de manifestações da capacidade de “linguagem” outros sistemas, como o dos sinais de trânsito e o da linguagem das abelhas, ambos compostos por símbolos – placas e gestos / sons, respectivamente –, por meio dos quais é possível expressar mensagens e, portanto, estabelecer comunicação. Nesse sentido, o linguista explica que as línguas, ou idiomas, são uma espécie de manifestação da capacidade de linguagem, nas quais os símbolos são palavras – em vez de placas, gestos / sons –, articuladas segundo as intenções dos falantes e as regras gramaticais do idioma utilizado. Entendendo-se “linguagem”, portanto, como um conceito mais amplo que o de língua, é possível citar como manifestações de linguagem a linguagem dos surdos- -mudos, a linguagem corporal usada em pistas de aeroportos para controlar aeronaves, a linguagem de programação utilizada para controlar sistemas de informação, entre outros exemplos.

C) A língua, segundo Perini, pode ser entendida como um instrumento de pensamento. Por meio do uso efetivo das línguas, é possível perceber, organizar racionalmente e mesmo conceber o mundo, criar “realidades” que já não existem mais ou mesmo que nunca existiram. Além disso, os seres humanos também interagem entre si e com o mundo por meio do uso das línguas. De acordo com o autor, há uma íntima relação entre o conhecimento linguístico de um falante e seu conhecimento de mundo. Em outras palavras, a linguagem, ou seja, a utilização das línguas para fins de comunicação e de expressão, é o que permeia as relações dos seres humanos com o mundo, com a realidade.

D) Segundo Perini, há diversas manifestações culturais que se evidenciam principalmente por meio da expressão linguística. Algumas das formas de manifestações culturais só podem ser expressas, sem que se perca seu conteúdo e seus sentidos autênticos, por meio da língua específica daquela cultura. Assim, com base nas ideias apresentadas por Perini, cultura pode ser definida como um conjunto de manifestações que abarca diferentes produções humanas, bem como diferentes rituais e instituições sociais, muitas das quais só se manifestam por meio da língua, de modo que esta pode ser entendida como parte essencial de uma cultura.

Questão 02Comentário:

A) Emissor: o rapaz que faz a ligação de um celular, no primeiro quadro.

B) Receptor: um dos atendentes da central de emergência, no segundo quadro.

C) Referente: o atropelamento ocorrido, ilustrado no primeiro quadro.

D) Canal: um telefone móvel e / ou a rede de telefonia móvel.

E) Mensagem: “Houve um atropelamento na esquina da rua Iraí. Há uma pessoa ferida!”

F) Código: Língua Portuguesa (brasileira) na modalidade falada.

Questão 03Comentário:

A) Podem ser transcritas como exemplos em que se faz referência à degradação do meio ambiente por meio da função referencial uma das seguintes passagens: “e logo está a Cintura Industrial, quase tudo parado, só umas poucas fábricas” e “e agora a triste Cintura Verde, as estufas pardas, cinzentas, lívidas”. Como exemplos em que se usa a função expressiva para fazer referência à degradação ambiental, podem ser citadas as passagens: “só umas poucas fábricas que parecem fazer da laboração contínua a sua religião” e “por isso é que os morangos devem ter perdido a cor, não falta muito para que sejam brancos por fora como já o vão sendo por dentro e tenham o sabor de qualquer coisa que não saiba a nada” e “quando tinha aqui este rio, é certo que malcheiroso e minguado”.

B) O pronome pessoal “lhe” funciona como adjunto adnominal indicativo de posse, ou seja, indica que a louça pertence ao protagonista, funcionando à maneira do pronome possessivo “sua”. A frase pode, assim, ser entendida da seguinte forma: “[...] de que não comprariam mais sua louça”. Outras passagens em que se usa um pronome pessoal com função de pronome possessivo são: “de repente, sem avisar, apertou-se-lhe o coração a Cipriano Algor,” (“de repente, sem avisar, o coração de Cipriano Algor se apertou”), “o cão subia-lhe aos braços,” (“o cão subia a seus braços”) e “e lambia-lhe a cara” (“e lambia sua cara”).

Comentário e resolução de questões

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C) Há, na narrativa, dois trechos em que é possível identificar a interlocução entre o narrador e os leitores. São eles: “Viremos agora à esquerda, lá ao longe, onde se veem aquelas árvores, sim, aquelas que estão juntas como se fossem um ramalhete” e “que a água desta fonte não poderá matar-te a sede naquele deserto”.

Questão 04Comentário:

A) Nesse trecho de um poema de Manuel Bandeira, predominam a função poética e a função metalinguística. A composição em versos livres e brancos e o ritmo do poema são elementos que evidenciam a presença da função poética. A função metalinguística, por sua vez, está presente na reflexão acerca do modo de fazer poético, na recusa à existência de regras rígidas para se fazer poesia, na enumeração de recursos a serem usados pelos poetas, os quais, inclusive, estão presentes em todo o trecho.

B) Na vinheta da Globo, predomina a função fática, uma vez que esse texto cumpre a função de chamar a atenção do leitor para o início de um programa televisivo e, ao mesmo tempo, estreitar o contato entre os telespectadores e a emissora de TV.

C) Na publicidade, predominam as funções referencial e conativa (apelativa). A função referencial pode ser observada nas informações sobre a crescente demanda pelo uso de papel e sobre a degradação que isso causa ao meio ambiente. A função conativa está presente nos apelos feitos ao leitor para que use menos papel, os quais podem ser evidenciados na presença de verbos no imperativo, como “use”, “não imprima”, “ajude”.

D) Na tela de Magritte, em que se observa a imagem de um cachimbo acompanhado pela frase Ceci n’est pas une pipe. (Isso não é um cachimbo), predomina a função metalinguística, uma vez que o pintor propõe uma reflexão sobre o fato de as imagens serem apenas representações de objetos (coisas em geral), e não os objetos em si.

E) Na letra da canção de Paulinho da Viola, além da função poética, observada na organização formal do texto, composto por versos que imprimem ritmo ao discurso, verifica-se a presença da função fática, uma vez que a música reproduz um suposto diálogo entre duas pessoas paradas em um semáforo fechado, as quais trocam frases com o objetivo apenas de estabelecer e manter contato entre si.

F) Na tira publicada em O Estado de S. Paulo, predomina a função metalinguística, evidenciada na referência que se faz às personagens de tirinhas e na representação do modo pelo qual elas, supostamente, fariam a barba, utilizando corretivo para textos em vez de lâminas de barbear.

G) No texto da revista Super, predomina a função referencial da linguagem, evidenciada na descrição objetiva do projeto que permite reaproveitar a água do banho para lavar roupas. É possível verificar, também, traços da função conativa (apelativa) na interlocução que se estabelece com o leitor ao longo do texto.

H) No infográfico, predomina a função referencial da linguagem, evidenciada nas informações apresentadas sobre as causas, o modo de se prevenirem e de se tratarem as espinhas tardias. A linguagem não verbal também tem uma função referencial, uma vez que auxilia o entendimento do leitor sobre o assunto tratado no infográfico.

I) Na canção de Zeca Baleiro, predominam as funções poética e emotiva da linguagem. A configuração do texto em versos, as rimas e o ritmo são marcas que evidenciam o cuidado estético na elaboração do texto. A função emotiva, por sua vez, está presente na ênfase que se dá, na canção, aos sentimentos do eu lírico.

J) No poema de Alberto de Oliveira, predominam as funções poética e referencial. A função poética evidencia-se no cuidado com as rimas e na rigidez formal do soneto (poema composto por dois quartetos e dois tercetos, com versos decassílabos – ou dodecassílabos), ao passo que a função referencial está presente na descrição que se faz do vaso chinês. É possível, ainda, verificar a presença da função emotiva nas passagens em que o eu lírico se refere às impressões subjetivas que a observação do vaso desperta nele.

Questão 05Comentário: Ao longo da tirinha, o diálogo entre Calvin e sua professora cria no leitor a expectativa de que ele não quer guardar Haroldo, seu tigre de brinquedo (que o acompanha como se fosse um amigo de verdade), porque Calvin se preocupa com ele, que ficará sufocado dentro do armário. De acordo com a personagem, se o tigre ficar no armário ele ficará sem ar, convencendo a professora a desistir da ideia solicitando que o brinquedo fique pelo menos embaixo da cadeira para não continuar exposto. No último quadrinho, entretanto, essa expectativa é quebrada, quando o leitor descobre que Calvin não havia se negado a guardar Haroldo porque estava preocupado, e sim porque ele precisava da ajuda secreta do tigre para fazer a atividade que estava realizando. Essa quebra de expectativa é o elemento que gera humor na tira.

Questão 06Comentário:A) 1. Para responder a essa questão, é preciso considerar

o contexto em que ocorre o diálogo entre Deus e Eva: o Jardim do Éden. Nesse contexto, as primeiras características apresentadas por Deus poderiam ser compreendidas por Eva. Entretanto, ao final dessa descrição, quando Deus declara que Eva poderia usar o homem “para carregar pacotes, abrir a porta, trocar o pneu do carro e pagar [tuas] contas”, a descrição torna-se incoerente com o contexto, tendo em vista que os conceitos de “pacotes”, “porta”, “pneu”, “carro” e “contas” seriam, então, inacessíveis a Eva.

2. Como se sabe, a informatividade diz respeito ao grau de previsibilidade que as ideias apresentadas em um texto têm para seus receptores. Sendo assim, é possível dizer que, para Eva, essas ideias teriam um alto grau de informatividade, de modo que, para ela, o texto poderia ser, em grande parte, incompreensível. Já para o leitor do texto, essa descrição tem um baixo nível de informatividade, uma vez que a ele é possível compreender os sentidos de todas as ideias apresentadas no texto.

B) Os interlocutores, Deus e Eva, utilizam pronomes de primeira pessoa – “eu” e “me” – para se representarem no discurso. Utilizam pronomes de segunda pessoa para dirigirem-se um ao outro. Eva trata Deus na segunda pessoa do plural, enquanto Deus trata Eva também em segunda pessoa, mas do singular, utilizando para isso os pronomes “tu”, “ti” e “contigo”. Deus também usa pronomes de terceira pessoa – “ele”, “lhe”, “lo” / “o” – para fazer referência ao assunto da conversa: o homem. O jogo eu-tu-ele determina a escolha dos pronomes de primeira, segunda e terceira pessoas.

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Como na anedota, Deus usa o pronome “ele” para fazer referência ao homem, assunto de sua fala, e, ao fazer sucessivas retomadas desse assunto, continua usando a terceira pessoa: “lhe”, “o”. Ao permitirem sucessivas remissões, os pronomes pessoais contribuem para a coesão dos enunciados, evitando repetições lexicais excessivas. Além dos pessoais, outros pronomes, como o demonstrativo “isso” utilizado por Deus na fala “Por que isso, Eva”, também contribuem para a retomada de ideias já apresentadas. Além dos pronomes, as conjunções, como “mas” e “entretanto”, são mecanismos linguísticos que cooperam para articular as ideias apresentadas e estabelecer, entre elas, relações lógico-semânticas.

C) A anedota é uma paródia da narrativa do Gênesis, da Bíblia. Por meio desse procedimento intertextual, os sentidos do texto original são modificados ou invertidos, sem que, entretanto, percam-se as similaridades entre a paródia e o texto original. Embora isso não seja regra, muitas paródias têm intenção humorística, como o que ocorre na anedota. No momento em que a lê, o leitor percebe as semelhanças entre ela e o texto bíblico, mas nota, também, a inversão de muitas informações originalmente presentes na Bíblia. Eva nasce antes de Adão e decide, em uma conversa com Deus, sobre a possibilidade de que o homem seja criado. Quando Deus descreve o homem para Eva, fica bem evidente o papel que este desempenharia em relação à mulher. Essas inversões, além de gerarem humor, têm também um teor sexista, uma vez que colocam a mulher em uma posição superior à do homem.

D) A paródia do texto bíblico, tal como explicado na alternativa anterior, já é, em si, um elemento que imprime humor ao texto. A descrição que Deus faz do homem, pelo fato de delegar a ele o papel de servir à mulher e ainda pelo fato de mencionar elementos da contemporaneidade em uma época mítica, também colabora para gerar humor no texto. Além desses recursos, há, ainda, o desfecho da narrativa. A condição imposta a Eva por Deus, ou seja, a de deixar o homem pensar que havia sido criado primeiro, cria dois efeitos de sentido. Primeiro, torna coerente a paródia em relação ao senso comum: acredita-se que a mulher foi criada da costela de Adão apenas porque deixar o homem pensar que ele nasceu primeiro é a condição que Deus impôs à mulher quando criou o homem para desentediar os dias no paraíso. Segundo, reafirma o teor sexista do texto, pois reitera a ideia de que homens são egocêntricos, mas facilmente enganáveis.

Questão 07Comentário:

A) O equívoco que motivou o envio do texto para a coluna Entreouvido por aí decorre do fato de a / o atendente de pizzaria entender a expressão “à francesa”, que é um adjunto adverbial de modo, equivalente em sentido a “à moda francesa”, como predicativo do sujeito “a pizza”. Pode-se afirmar que esse(a) atendente entende a pergunta como “a pizza é a francesa?”. Vale observar que, se não se tratasse de uma conversação oral, e sim de um texto escrito, talvez o equívoco não ocorresse, uma vez que o acento grave indicador de crase seria percebido mais facilmente.

B) Para desfazer a possibilidade de equívoco, na linguagem oral, o cliente poderia usar a seguinte construção: “A pizza é servida à (moda) francesa?”.

Questão 08Comentário:

A) O uso do pronome “ela” é inadequado, uma vez que retoma “percurso” e, portanto, deveria concordar com essa palavra também em gênero, ou seja, deveria estar no singular e no masculino.

B) O hábito de viajar é maravilhoso. O percurso é só emoção, pois, além de trazer imprevistos, ele também revela belezas diversas.

Questão 09Comentário:

A) O motivo de as pessoas ainda não terem incorporado por completo o conceito de civilização é não se reconhecerem como parte do coletivo, como indivíduos inseridos em uma sociedade. Dessa forma, interesses pessoais se sobrepõem aos coletivos. Uma frase que exemplifica essa afirmativa é “O mesmo cidadão que critica a corrupção e a troca de favores no Congresso Nacional e acha que todos os políticos são corruptos por natureza, às vezes topa oferecer uma ‘caixinha’ para o policial rodoviário que o flagrou fazendo uma ultrapassagem proibida”.

B) As razões apresentadas como responsáveis pela cultura transgressora no Brasil estão ligadas ao analfabetismo, pobreza e falta de cultura da população e ao fato de esta não ter participado da elaboração das leis e da construção das instituições nacionais. Para o entrevistado, isso acabou criando uma cultura transgressora, pois, quando o indivíduo não se sente parte do todo, acaba cometendo pequenas transgressões sociais tendo em vista o benefício próprio.

C) Deve-se produzir um texto em que seja evidenciado um ponto de vista em relação à afirmação do entrevistado. Pode haver tanto concordância quanto discordância, mas, independentemente do posicionamento escolhido, deve-se fundamentá-lo com argumentação pertinente. Se houver concordância com a afirmação do autor, pode-se fundamentar o texto na ideia de que no Brasil existe uma cultura transgressora, ou seja, a maior parte da população não cumpre à risca todas as leis e normas impostas pelo Estado, apenas aquelas que lhe são convenientes. É comum as pessoas, por exemplo, infringirem as leis de trânsito e sonegarem impostos. Por outro lado, muitos cidadãos, ainda que ajam de acordo com as leis, têm uma postura negligente em relação à prática de corrupção. Não protestam, não exigem que os políticos sejam punidos, apenas se conformam e alienam-se, sem compreender que essa atitude contribui para a manutenção de práticas corruptas entre os políticos. Caso haja discordância do autor, pode-se alegar que, independentemente da postura dos cidadãos, os políticos deveriam agir com ética dada a importância da função que desempenham, os altos valores de seus salários e os diversos benefícios que recebem. Pode-se, também, refutar a ideia de que existe uma cultura transgressora entre os cidadãos, desde que consiga comprovar essa afirmação. O posicionamento deverá ser apresentado em uma tese clara e, preferencialmente, na introdução do texto. Os argumentos, por sua vez, devem ser apresentados em um texto coerente, coeso e escrito de acordo com as regras da norma culta da Língua Portuguesa.

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Questão 10Comentário:A) Afinador é o especialista que afina ou repara instrumentos

musicais, como piano e órgão. Entretanto, a personagem que solicita os serviços desse profissional entende que a função deste é “afinar”, no sentido de “tornar mais fino”. O humor na tirinha é produzido a partir desse deslocamento de sentido de palavras que têm um mesmo radical “-fin-”. A tira joga com três sentidos distintos de palavras derivadas desse radical: “afinador”, aquele que afina um instrumento; “finura”, qualidade do que é fino, pouco espesso; “fino” (em oposição a “grosso”), qualidade de quem é bem-educado.

B) No primeiro quadrinho, a expressão “afinador de piano” está relacionada ao campo semântico da música, o que é evidenciado pelo instrumento que o profissional contratado tem nas mãos. No segundo quadrinho, a palavra “finura” está relacionada a uma noção espacial, tanto que a personagem faz um gesto a fim de mostrar ao profissional a dimensão que o piano deveria ter após a intervenção a ser feita. No terceiro quadrinho, a palavra “grosso” relaciona-se à falta de educação, de polidez, o que é evidenciado pelo piano quebrado na cabeça da personagem. Nesse último quadrinho, o termo “grosso” é antônimo de “fino, bem-educado”.

Exercícios propostos

Questão 01Comentário: A proposta de redação solicita que se desenvolva um texto com um posicionamento em relação aos métodos apelativos usados pelos meios de comunicação de massa para conseguir audiência. Os episódios citados nos textos motivadores servem de referência para que o aluno compreenda melhor a ideia de “espetacularização da mediocridade”, focando os tipos de reação que as pessoas podem ter diante de alguns tipos de abordagem utilizados por apresentadores. No primeiro caso, o Senador Suplicy reage com bom humor à tentativa de ser ridicularizado. No segundo, o ator Wagner Moura se indigna contra a postura dos apresentadores que o abordam. Desse modo, esses exemplos contribuem para fundamentação tanto de uma opinião que não condene as estratégias utilizadas para conseguir a atenção do público quanto de uma opinião que se oponha a elas. Qualquer uma das opiniões pode ser defendida na redação. Se for considerado que a espetacularização da mediocridade é válida para obter audiência, pode-se, ainda, argumentar que a gravidade desses episódios depende da reação que cada vítima tem em relação a eles; que o bom humor é necessário e que inteligência e bons valores não se limitam apenas a causas sociais, como trabalho escravo, prostituição infantil, entre outros; que qualquer estratégia é válida para agradar o público e que, se uma delas é usada constantemente, é porque atende às expectativas das massas. Caso a opinião seja a de que a espetacularização da mediocridade não é válida para obter audiência, o ponto de vista pode ser fundamentado na argumentação de que muitas das estratégias utilizadas agridem quem é vítima delas; que a veiculação de certos episódios bizarros contribui para disseminar valores deturpados, principalmente entre jovens e crianças; que os meios de comunicação de massa deveriam se preocupar com causas mais nobres, que fossem úteis para melhorar a sociedade, em vez de dedicarem-se única e exclusivamente à obtenção de audiência. Além desses argumentos, outros podem ser citados, desde que sejam pertinentes e bem desenvolvidos. Vale observar, ainda, que o aluno deve construir um texto coeso, coerente e de acordo com a norma-padrão.

Questão 02 – Letra AComentário: A partir da leitura das informações presentes, principalmente, no terceiro e no quinto parágrafos do texto, os quais remetem aos esforços, respectivamente, para ampliar o acesso às informações por meio da leitura e para limitar o acesso ao conhecimento compilado por meio da escrita, é possível perceber que tanto as atitudes democráticas quanto as autoritárias em relação à leitura justificam-se pelo fato de estar associada ao poder. O quarto parágrafo deixa explícita essa ideia: “Falar em domínio e controle [...] equivale a lembrar um aspecto indissociável da cultura escrita, e nem sempre trazido com clareza à consciência: o poder.” Está correta, portanto, a alternativa A.

Questão 03 – Letra DComentário: Embora não haja uma conjunção causal explícita no trecho em destaque, este estabelece com o restante da frase uma relação causal, de modo a demonstrar que a ampliação da produção textual é consequência das capacidades humanas enumeradas no trecho. A preposição com que esse trecho se inicia – “com” – é responsável por estabelecer essa relação e pode ser substituída, por exemplo, pelas locuções conjuntivas “devido à”, “por causa da”.

Questão 04 – Letra CComentário: A utilização da forma verbal “levaria” e da forma interrogativa “será?” sugere uma desconfiança da autora em relação à ideia apresentada. Segundo o autor, há duas atitudes antagônicas em relação à leitura: uma autoritária, que tenta impedir a sua democratização, e outra democrática, que impulsiona sua expansão. Por outro lado, ele afirma que, na atualidade, há um maior estímulo à alfabetização, um aumento da oferta editorial de material escrito e o surgimento de meios tecnológicos que dinamizam a interação entre produção e recepção. Esses fatores podem levar a crer que o impasse entre as duas atitudes anteriormente descritas em relação à leitura tende a ser resolvido no sentido de sua democratização. O autor, entretanto, contesta essa lógica, apresentando outros questionamentos que dizem respeito à qualidade da alfabetização na atualidade, à natureza da leitura, bem como à sua utilidade social. Está correta, portanto, a alternativa C.

Questão 05 – Letra DComentário: O questionamento apresentado pela autora, ao fim do texto, o qual lança dúvidas sobre o tipo de alfabetização e de material escrito oferecido ao grande público na atualidade, bem como sobre a utilidade social de ambos, remete à ideia de que, embora ela concorde que a quantidade de leitura tenha aumentado consideravelmente, esse aumento, para ela, não corresponde necessariamente a um crescimento na qualidade de leitura. Dessa forma, está correta a alternativa D.

Questão 06 – Letra CComentário: A citação de falas de um professor universitário, palestrante em um seminário sobre trabalho, e de uma diretora do Ipea serve ao propósito de respaldar, de confirmar a ideia defendida no texto. Dessa forma, o autor visa a garantir, aos olhos do leitor, a validade de suas próprias ideias, demonstrando que elas estão em conformidade com as de especialistas, que, por sua vez, teriam autoridade para discutir o assunto, devido a sua formação acadêmica ou profissional. Está correta, assim, a alternativa C.

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Questão 07 – Letra DComentário: O subtítulo “Articulação entre econômico e social” é o que anuncia uma proposta para resolução da problemática discutida no texto. Ou seja, sugere-se que, para amenizar as consequências negativas das mudanças no cenário mundial do trabalho, tais como o estresse e o suicídio, o trabalhador deve saber equilibrar suas necessidades econômicas e sua vida social. Todos os demais subtítulos, por sua vez, sintetizam diferentes aspectos que caracterizam o novo cenário mundial do trabalho segundo o texto.

Questão 08 – Letra DComentário: A utilização das aspas, no trecho citado, tem a função de explicitar que o autor está repetindo, literalmente, termos que os especialistas usaram ao responder à entrevista. No fragmento citado, tal procedimento se justifica, principalmente, porque os termos que aparecem entre aspas têm sentido conotativo. Está correta, portanto, a alternativa D.

Questão 09 – Letra BComentário: O termo “Outra”, no trecho citado na alternativa B, o qual determina o núcleo nominal “consequência”, estabelece uma ligação entre o que se enuncia no trecho e o que foi enunciado anteriormente: “Ele ressaltou que as ‘metamorfoses’ no cenário do trabalho não são ‘indolores’ para os que trabalham e provocam erros frequentes, retrabalho, danificação de máquinas e queda de produtividade”. Os fatores enumerados nesse fragmento são consequências das mudanças no cenário do trabalho. O pronome “Outra”, assim, retoma esse hiperônimo – termo de sentido mais amplo utilizado para sintetizar termos de sentido mais restrito mencionados anteriormente – e, simultaneamente, permite a introdução de um novo fator, também considerado consequência das mudanças no cenário do trabalho. Está correta, portanto, a alternativa B.

Questão 10 – Letra AComentário: No trecho citado, a negação expressa na frase “A gente não se pergunta o suficiente sobre o peso da gestão do trabalho” remete à ideia de que seria necessário refletir melhor sobre os modos de se gerenciar o trabalho. Dessa forma, está correto o que se afirma na alternativa A. As ideias contidas nas demais alternativas não podem ser inferidas a partir da leitura do texto.

Questão 11 – Letra DComentário: A palavra “multiespecialização” é a palavra cujos elementos se opõem. A palavra “especialização” remete à dedicação de um profissional ao estudo de uma área específica de sua formação a fim de tornar-se diferente dos demais ou daqueles que teriam uma formação genérica. Na Medicina, por exemplo, um neurocirurgião é um especialista diferente de um dermatologista ou oftalmologista e assim por diante, ressalvando-se que, dentro de cada uma dessas especialidades, pode haver especializações ainda mais restritas. O prefixo “multi”, por sua vez, significa “muitos”, “diversos”, “diferentes”. Assim, a palavra “multiespecialização” implica uma contradição, pois remete a uma formação que seria simultaneamente “específica” e “diversa” ou, em outras palavras, o profissional seria especialista em diferentes áreas de sua formação.

Questão 12 – Letra AComentário: No cartum, a separação das letras da palavra “solidão” em balões distintos, cada qual associado a personagens também distintas, remete à dificuldade de conexão entre as pessoas, sugerindo o isolamento em que cada indivíduo se encontra, mesmo estando fisicamente próximo a outros indivíduos. Está correta, assim, a alternativa A.

Seção Enem

Questão 01Comentário: Nessa proposta, deve-se escrever sobre os efeitos da implantação da lei seca no Brasil, ou seja, discorrer sobre a punição do motorista que dirigir alcoolizado e a motivação para agir de forma prudente, não dirigindo depois de beber. Para isso, é importante buscar as informações contidas nos textos motivadores, que falam sobre a relação entre álcool e direção, qual o objetivo da lei seca e os trabalhos de conscientização acerca desse assunto. Na redação, é possível apresentar dados sobre a combinação bebida e volante e comprovar que a lei seca é uma ação que contribui para a redução de acidentes no trânsito. Além disso, pode-se propor novas formas de ação para que os motoristas percebam o risco real de conduzir um carro estando alcoolizados e como eles podem colaborar para que o esse tipo de imprudência no trânsito seja sanado.

Questão 02 – Letra DEixo cognitivo: I

Competência de área: 6

Habilidade: 19

Comentário: A questão aborda as caraterísticas da função metalinguística, marcada pelo foco no código linguístico e, no texto, volta-se para a discussão da construção textual. Ao tratar sobre como se dá o processo de leitura, assim, o trecho foca no próprio processo de construção de sentido do texto.

Questão 03 – Letra BEixo cognitivo: III

Competência de área: 6

Habilidade: 19

Comentário: O texto apresenta características de função referencial, visto que tem o objetivo de apresentar a maneira correta de descartar alguns tipos de materiais. Para isso, é usada a linguagem denotativa, com palavras e expressões em seu sentido literal e com foco em um determinado assunto. Conforme expressa a alternativa adequada, o leitor é informado sobre as consequências que podem acontecer, caso o descarte seja feito de forma inadequada.

Questão 04 – Letra BEixo cognitivo: I

Competência de área: 7

Habilidade: 21

Comentário: A presença da imagem da médica ao lado das informações sobre a prevenção da hepatite dá legitimidade ao discurso, servindo de estratégia de convencimento da população para que siga as instruções de prevenção listadas.

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CAPÍTULO – A2Tipos textuais e gêneros textuais

Exercícios de aprendizagem

Questão 01Comentário:

A) O autor apresenta em seu texto duas concepções de cultura: uma mais genérica e outra mais específica. A concepção de cultura mais genérica abarca os mais variados aspectos da realidade social de um povo, incluindo sua forma de conceber e organizar a vida social, bem como seus aspectos materiais. Nesse sentido de cultura, incluem-se as festas, os rituais, as crenças religiosas, as instituições sociais, os meios de produção material, os hábitos alimentares, as formas de relacionamento interpessoal, etc. A concepção de cultura mais específica diz respeito à produção literária, filosófica, artística e científica de um povo, bem como a instituições responsáveis pela sua divulgação. Nesse sentido de cultura, incluem-se a língua, a literatura, o cinema, o teatro, a música, a organização da educação formal, as artes plásticas, as bibliotecas, os museus, os ministérios e as secretarias responsáveis por administrar e promover a divulgação dos bens culturais, etc.

B) Conforme se explica no comentário da questão A, concepção mais abrangente é aquela que abarca diferentes aspectos da realidade social, como festas, rituais, culinária, regras de comportamento social. Ela é mais abrangente porque a produção literária, artística e científica e as instituições relacionadas a essa produção são determinadas pelos aspectos mais genéricos da convivência social e neles estão inseridas.

C) Exemplos para as duas concepções de cultura podem ser encontrados no comentário da questão A.

D) O objetivo dessa proposta é deixar que os alunos pesquisem e, possivelmente, encontrem, em alguns casos, diferentes respostas para uma mesma célula da tabela. O professor pode checar as respostas oralmente, de modo a fazer com que os alunos reflitam sobre o conceito de diversidade cultural, analisando, inclusive, quais desses países seriam mais democráticos e quais seriam mais totalitários. Para aprofundar a reflexão, o professor pode ainda indagá-los sobre os aspectos que condicionam maior ou menor grau de diversidade, se políticos, religiosos, econômicos, etc.

E) O objetivo dessa proposta é fazer com que os alunos reflitam um pouco sobre a diversidade cultural no Brasil. Embora o país, costumeiramente, seja associado aos elementos culturais mencionados no enunciado, é certo que eles não definem a cultura brasileira como um todo. Se o carnaval é a festa mais popular nas regiões Sudeste e Nordeste, na região Norte, a festa do boi-bumbá é a mais conhecida e esperada. Se a feijoada é prato típico em alguns estados, a moqueca, a mariscada são os mais habituais em outros.Com base nessas reflexões o aluno deverá posicionar-se.

Se concordar com a ideia de que a cultura brasileira pode ser definida baseando-se nesses elementos, pode argumentar que, apesar da diversidade, eles são os mais característicos e os mais conhecidos tanto dentro do país, quanto no exterior. Caso discorde, o aluno pode citar elementos culturais característicos de outras regiões a fim de comprovar que essa definição é apenas uma generalização.

Questão 02Comentário: A resposta a essa questão é pessoal e depende, obviamente, de aspectos específicos não apenas da região em que este material didático é usado, mas da cidade ou mesmo da comunidade em que a escola se encontra. O interessante, nesse caso, é explicitar aspectos de vivências cotidianas, citar artistas e / ou manifestações artísticas locais, festas, rituais de que participa e hábitos com que convive.

Questão 03Comentário:

A) A proposta pede a elaboração de um resumo e já apresenta um esquema de texto a ser desenvolvido pelo aluno, que deve conceituar, exemplificar e descrever sucintamente consequências do bullying. Para definir o bullying, é preciso atentar-se à resposta para a primeira pergunta apresentada no texto, destacando a ideia de que o bullying configura-se a partir de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que se estabelecem, no ambiente escolar, entre alunos a partir de relações desiguais de poder. Para exemplificar o bullying, pode-se mencionar atitudes como as listadas na tabela apresentada no texto, bem como outras, similares, que tenha presenciado. Deve-se, ainda, arrolar as consequências dessa prática, mencionando os sentimentos vivenciados por quem convive em um ambiente onde ocorre bullying, o fato de que a falta de intervenção nesses casos encoraja crianças a se tornarem agressores, bem como as tragédias decorrentes do sentimento de vingança que as vítimas de bullying nutrem contra a comunidade escolar. Como se trata de um resumo, o texto produzido deve ser fiel ao conteúdo do texto resumido e apresentar a devida referência a este.

B) Para responder à questão, é preciso perceber que a sentença destacada mantém uma relação de temporalidade com as demais sentenças do texto. Pode-se, também, classificar a oração, explicitando que se trata de uma subordinada adverbial de tempo.

O fragmento pode ser reescrito das seguintes formas:

• “Alguns alunos que testemunham as situações de bullying, ao perceberem que o comportamento agressivo não traz nenhuma consequência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.”

• “Alguns alunos que testemunham as situações de bullying, no momento em que percebem que o comportamento agressivo não traz nenhuma consequência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.”

• “Alguns alunos que testemunham as situações de bullying, depois de / após perceberem que o comportamento agressivo não traz nenhuma consequência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.”

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Questão 04Comentário:

A) De acordo com a Cartilha, “os bullies (agressores) escolhem os alunos que estão em franca desigualdade de poder, seja por situação socioeconômica, de idade, de porte físico ou até porque numericamente estão desfavoráveis. Além disso, as vítimas, de forma geral, já apresentam algo que destoa do grupo (são tímidas, introspectivas, nerds, muito magras, de credo, raça ou orientação sexual diferente, etc.) e, portanto, são mais vulneráveis aos ofensores”. Como é possível perceber, o bullying dirige-se contra os que são diferentes, os que não se enquadram nos padrões estéticos, socioeconômicos, comportamentais, sexuais da maioria. Desse modo, o bullying pode ser considerado uma intolerância à diversidade e uma subserviência à imposição de padrões. Assim, pode ser articulado à temática dos textos do capítulo 02.

B) Nessa proposta de redação, é interessante compor um texto em que, inicialmente, esclareça-se o conceito de bullying e outros aspectos importantes relacionados a essa prática para, em seguida, apresentar as instruções sobre como lidar com essa situação aos colegas. É preciso lembrar que os interlocutores são os colegas, de modo que as orientações devem estar adequadas ao perfil deles e conter apenas instruções que possam ser seguidas por eles. A organização das orientações pode ser de acordo com os aspectos formais que dizem respeito ao paralelismo sintático. Ou seja, a redação desses itens deve conter palavras que pertençam a uma mesma classe gramatical: um verbo (e nesse caso deve-se observar o paralelismo também na forma verbal escolhida) ou um substantivo, por exemplo. Além disso, no texto podem ser apresentadas as seguintes orientações:

• respeitar as diferenças socioeconômicas, étnicas, religiosas, físicas, estéticas, etc;

• tratar os colegas com respeito e compreender que as diferenças só enriquecem a convivência ao possibilitar a troca de experiência e, assim, ampliar o conhecimento de mundo de todos;

• confiar e dialogar com os pais, relatando a eles qualquer problema de relacionamento na escola, pois eles são as pessoas mais capazes de apoiar os filhos e tomar as devidas providências para contornar os problemas;

• comunicar aos professores, disciplinários, coordenadores possíveis agressões a fim de que esses profissionais possam, de acordo com as normas da escola, auxiliar na resolução dos conflitos.

Questão 05Comentário: Essa questão pode ser bastante didática no que diz respeito a demonstrar que diferentes tipologias textuais coexistem na composição de um gênero discursivo. Para responder à questão, é preciso analisar as características de cada trecho destacado. Dessa forma, temos:

1. Exposição / argumentação

2. Argumentação

3. Argumentação / exposição

4. Exposição

5. Exposição / argumentação

6. Injunção

7. Exposição

Questão 06Comentário: Essa proposta de redação dialoga com o tema do capítulo e solicita que se desenvolva um texto dissertativo- -argumentativo relacionando violência e intolerância. Deve-se, assim, elaborar uma tese clara, que contenha sua opinião sobre o tema, e desenvolvê-la, utilizando, entre outras estratégias argumentativas, a exemplificação. Sugere-se que os exemplos arrolados sejam de conhecimento geral. É possível, assim, citar fatos da história, como o Holocausto ou o julgamento que se faz, no mundo ocidental, dos costumes de religiões islâmicas, com todos os seus desdobramentos, como o terrorismo. É possível, também, citar casos conhecidos de homofobia ou de brigas entre diferentes tribos urbanas ou mesmo de confrontos entre torcidas de futebol. Importante é que os exemplos citados apresentem casos em que a intolerância seja motivada pela não aceitação da diferença e, ao mesmo tempo, seja causa de atos de violência de um grupo ou indivíduo contra outro grupo ou indivíduo. A conclusão, nesse caso, pode apenas sintetizar as ideias desenvolvidas ou pode, também, sugerir uma mudança de postura em relação ao modo como o ser humano lida com as diferenças. Vale lembrar que o texto deve ser redigido em norma culta padrão e apresentar-se como um todo bem organizado, coeso e coerente.

Questão 07Comentário: Para o autor, as relações binárias, como a que permite definir identidades e diferenças, são problemáticas porque sempre implicam relações de poder fortes o bastante para classificar e atribuir valores maniqueístas às coisas e a diferentes grupos de indivíduos. Ao processo de classificação e atribuição de valor, está associada a operação de hierarquizar, que se fundamenta em atos como: “incluir / excluir (‘estes pertencem, aqueles não’); demarcar fronteiras (‘nós’ e ‘eles’); classificar (‘bons e maus’; ‘puros e impuros’; ‘desenvolvidos e primitivos’; ‘racionais e irracionais’); normalizar (‘nós somos normais; eles são anormais’).” Essas mesmas relações de poder também determinam a definição de relações identitárias, que classificam diferentes grupos, hierarquizando-os socialmente e criando oposições como: “masculino / feminino, branco / negro, heterossexual / homossexual”.

Questão 08Comentário: Segundo o autor, a probabilidade de um grupo ser considerado normal em oposição aos demais aumenta com a invisibilidade desse grupo. Assim, quanto maior e mais homogêneo um grupo for, mais chances ele tem de sobrepor-se como padrão de normalidade aos demais grupos. Entretanto, o processo de normalização, ou seja, de eleição de um grupo como “normal”, é uma relação binária. Assim, é absolutamente necessário que existam outros grupos que possam ser classificados como “anormais”. Por isso, é possível afirmar que “Aquilo que é deixado de fora é sempre parte da definição e da constituição do ‘dentro’”, pois, para o autor, a fim de que seja possível definir o que é “aceitável, desejável, natural”, é imprescindível definir, também, o que é “abjeto, rejeitável, antinatural”.

Questão 09Comentário: É muito importante observar que o enunciado dessa proposta determina a tese a ser defendida no texto e que, portanto, não é possível discordar da ideia de que identidade e a diferença estão em estreita conexão com relações de poder.

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Para defender essa tese, é importante apoiar-se na fundamentação teórica apresentada no texto de Tomaz Tadeu Silva, ilustrando-a com exemplos que demonstrem de que modo se evidenciam nas sociedades a exclusão, a demarcação de fronteiras, a atribuição de rótulos. Nesse sentido, é possível citar exemplos de intolerância religiosa, de racismo, de homofobia, de machismo, relacionando-os, sempre, com a imposição dos valores e padrões partilhados pela maioria sobre minorias diversas. As informações devem ser apresentadas em um texto bem estruturado, coeso e coerente.

Questão 10Comentário:

A) A frase que deixa transparecer a crítica do jornalista sobre a funcionalidade de um sistema de transporte público cicloviário similar ao de Paris no Rio de Janeiro é: “A óbvia preocupação com a possibilidade de roubos não incomoda Cabral.”

B) Charges são textos em que se alia linguagem verbal e não verbal para abordar, de forma crítica e, na maioria das vezes, satírica, um fato cotidiano e de conhecimento e interesse públicos. A tira de Chico Caruso dialoga, assim, diretamente com a publicação, em uma revista de grande circulação, de uma foto do então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, passeando de bicicleta em Paris. Na charge, a frase “Enquanto isso em Paris...” contrapõe duas realidades: a de Cabral, passeando de braços abertos nas ciclovias parisienses, e a do Cristo, símbolo do Rio de Janeiro, suando para pedalar no calor tão característico dessa cidade. A partir desse contexto, é possível citar um dentre os seguintes aspectos da crítica construída na charge: a diferença de clima; a diferença de infraestrutura (ciclovias); a diferença de condições de segurança entre Paris e Rio, a associação responsável por aproximar e, ao mesmo tempo, contrapor a imagem do governador à do Cristo.

C) Há, no texto, mais de uma frase em que a voz textual inclui-se na situação discutida. Portanto, podem ser transcritos os trechos: “Se fosse aqui no Rio, provavelmente acharíamos que ele estava sendo assaltado.” ou “Os cariocas não andam mais de braços abertos, mas de braços para o alto, pedindo a Deus que nos proteja” (observe-se que não há, nessa frase, o uso da concordância lógica, em que o verbo flexiona-se em função do sujeito) e “Antes das bicicletas, queremos ter mais segurança.”.

D) O pronome “isso” refere-se à situação da falta de segurança vivenciada pelos cidadãos cariocas em seu cotidiano e, dessa forma, remete à crítica que o autor faz à proposta do então governador carioca de implantar um sistema de transporte público por ciclovias no Rio de Janeiro, sem considerar a realidade e outros problemas mais urgentes da cidade.

Questão 11Comentário: Essa proposta de redação aborda um tema bastante polêmico e presente no cotidiano de adolescentes na atualidade: a exposição pessoal via Internet. O enunciado solicita a redação de um texto em que se deixe explícita a opinião sobre a natureza dos casos de exposição pessoal de adolescentes na Internet, abordando-os como atos exibicionistas ou como crimes de violação de privacidade.

Caso seja considerada a exposição como exibicionismo, é possível, baseado no primeiro texto motivador, desenvolver a ideia de que impera entre os adolescentes uma cultura de valorização da exposição e pode também argumentar que os adolescentes conhecem e são coniventes com essa exposição, além de gostarem dela. Caso a exposição seja considerada como violação de privacidade, pode-se defender que os jovens não têm noção da amplitude da rede de computadores, que a inexperiência contribui para que sejam dissuadidos a se exporem, que a idade os torna vítimas fáceis de mal- -intencionados. Vale observar que pode-se, ainda, assumir um ponto de vista intermediário, se, por exemplo, diferenciar os casos em que a pessoa exposta é responsável pela divulgação do material dos casos em que ela não tem conhecimento de que o material tornou-se público, ainda que tenha assumido o risco ao concordar em se expor. Independentemente do ponto de vista escolhido, o texto produzido deve, além de deixar explícita a tese em que se fundamenta, desenvolvê-la coerentemente, em linguagem coesa e de acordo com a norma-padrão.

Exercícios propostos

Questão 01Comentário: O tema geral da prova de Redação da Unicamp–2010 foi “Gerações”. Desse modo, os objetivos da prova exploraram o contraste entre gerações no que diz respeito a: ideologias, divergências etárias, crenças, domínio de tecnologias, comportamento político-social, etc. Após a apresentação do tema geral, é apresentada uma coletânea, a partir da qual o aluno deve basear seus argumentos. Além de analisar a coletânea, é necessário escolher uma proposta de escrita, entre as opções: dissertação, narração e carta. Cada uma dessas opções apresenta um objetivo específico, relacionado à modalidade textual designada para a produção. É importante que o aluno perceba, na coletânea, a intenção de um confronto social, especialmente relacionado ao aumento da população idosa, e tecnológico, direcionado, sobretudo, aos ambientes de trabalho.

Proposta A – Dissertação

O recorte temático centra-se na expressão “conflito entre gerações”. Deve-se abordar a temática a partir do fato de que há diferentes formas de relacionamento entre gerações e que, muitas vezes, tais relações podem entrar em conflito, e, em outras, podem reestruturar o modo de ver e entender o mundo, o que pode ser positivo. O foco da proposta é o desenvolvimento de ideias que visem a explorar a coexistência entre os mais diferentes modos de se compreenderem as mudanças sociais, políticas, culturais e tecnológicas. É interessante o desenvolvimento de uma tese que contemple a possibilidade de tal coexistência de valores / ideias no mundo contemporâneo e, ao longo do texto, a proposição de argumentos que corroborem tal abordagem. Os fragmentos 2, 3 e 5, sobretudo, potencializam uma argumentação favorável à coexistência dos conflitos entre gerações.

Proposta B – Narração

O recorte temático centra-se no “convívio entre gerações na esfera familiar”. Deve-se abordar o tema a partir da criação de uma personagem que vivenciaria o conflito (situação-problema) de, sendo adolescente, ter de viver com os avós. O foco dessa proposta é a discussão sobre os valores que se estabelecem entre gerações diferentes de uma mesma família, além da discussão sobre as possibilidades de convivência entre tais gerações.

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Interessante o desenvolvimento do enredo a partir da exploração de situações cotidianas no contexto familiar, por exemplo, visões sobre o comportamento sexual, ideologias políticas, entretenimento, valores, tecnologias, etc. Nessa proposta, há a possibilidade de se desenvolver uma leitura sobre o constante ciclo de transformações por que passa o núcleo familiar. Os fragmentos 2, 4, 5 e 6, sobretudo, potencializam uma visão sobre o conflito sugerido para o enredo.

Proposta C – Carta

O recorte temático foca na discussão sobre “as diferenças entre gerações no ambiente de trabalho”. A primeira estratégia para a produção dessa carta envolve o domínio da situação comunicativa dada na proposta:

1. Interlocutores – emissor: gerente recém-contratado; receptor: acionistas da empresa.

2. Contexto: núcleo empresarial que demanda inovações tecnológicas.

3. Objetivo: convencer grupo de acionistas a modernizar a empresa.

4. Nível de formalidade: linguagem formal padrão.

5. Estrutura básica: local e data; vocativo; texto com recuos de parágrafo; despedida; assinatura (somente com iniciais).

Estabelecidos tais elementos, deve-se discutir a importância da modernização empresarial a partir, por exemplo, do acesso a novas tecnologias e da atualização profissional. Importante que a argumentação procure mediar o convívio entre as duas gestões para que o grupo de profissionais antigos não fosse desprezado. Tal abordagem pode ajudar a articular uma voz consciente em relação aos padrões ético-profissionais. Os fragmentos 1, 2 e 3, sobretudo, potencializam uma visão estratégica sobre o contexto profissional.

Questão 02Comentário: A questão da UnB recontextualiza a alegoria de Platão. No mito criado pelo filósofo e citado por Marilena Chauí, um grupo de indivíduos aprisionados em uma caverna possui uma visão limitada e distorcida da realidade, na medida em que não tem acesso direto a ela, mas apenas a uma projeção, conscientemente manipulada, dessa realidade. Essas ideias estão bem representadas pela charge, em que o indivíduo não apreende o mundo em si, mas uma representação desse mundo intermediada pela televisão. A leitura conjunta dos textos I e II aponta para a interferência das mídias na relação estabelecida entre o homem e sua realidade circundante. É interessante notar que, assim como os prisioneiros citados na alegoria de Platão julgam conhecer a verdade e desconhecem a existência de outra realidade, também o homem contemporâneo, às vezes, age de forma alienada, inconsciente de que as informações que lhe chegam não constituem os fatos, mas interpretações deles.

Questão 03 – Letra AComentário: A palavra “impasse” remete a uma situação difícil, embaraçosa, para a qual parece não haver solução possível. As reflexões e questionamentos presentes no texto e, por fim, o posicionamento do autor em relação à postura de grupos religiosos e dos próprios ateus, que, segundo ele, estariam caminhando para um radicalismo capaz de recrudescer a violência e cercear ainda mais as liberdades individuais, corroboram a ideia contida nessa palavra. Desse modo, apenas o que se afirma na alternativa A está incorreto. Ao fim do texto, fica claro que o autor não acredita na supremacia de seu posicionamento religioso, mas, ao contrário disso, alegra-se por não ter certeza e, portanto, permanecer no impasse.

Questão 04 – Letra BComentário: No primeiro parágrafo do texto, o autor assume uma postura despretensiosa, colocando-se no lugar de um mero espectador, que, ao observar elementos do lugar em que se encontra, é incitado a refletir sobre determinado tema. A passagem “[...], saboreando uma cerveja mexicana.”, inclusive, confirma a postura displicente do autor. Está correta, assim, a alternativa B.

Questão 05 – Letra DComentário: O encaminhamento dado à argumentação no texto, que se inicia contestando o recrudescimento das posturas e ações de grupos religiosos e que prossegue questionando a validade das tentativas de grupos ateus de responder aos radicais religiosos agindo de forma similar à que estes agem, demonstra que o autor não tem a intenção de defender verdades absolutas sobre o tema em questão. Seu objetivo é o de discutir os antagonismos entre ateus e religiosos e de reafirmar seu ponto de vista pessoal, o qual remete à ideia geral de que ter dúvidas e questionar a realidade é mais válido que tentar impor as próprias certezas a todos os demais indivíduos. Está correta, portanto, a alternativa D.

Questão 06 – Letra CComentário: Ao longo do texto “Impasses de um ateu”, o autor critica manifestações religiosas cujo objetivo é interferir na liberdade alheia, como é o caso da adoção, em muitas escolas, de teorias criacionistas. Por conseguinte, coloca em dúvida, também, a validade de propagandas que veiculam conteúdo ateísta. Das ideias apresentadas nas alternativas, só não está presente no texto a que se encontra na letra C, segundo a qual os ateus seriam fundamentalmente diferentes dos religiosos. Isso pode ser confirmado no trecho: “Ateus, em geral, têm consciência de que o que os diferencia dos crentes é o simples fato de não acreditarem na existência de Deus. De resto, são idênticos aos crentes, acometidos dos mesmos medos, incertezas, dúvidas e inseguranças, assim como capazes dos mesmos sentimentos altruístas (compaixão, misericórdia) ou não (ira, inveja, etc.).”

Questão 07 – Letra DComentário: O fragmento que confirma a ideia de que “Ateus são por natureza seres que pensam por si, respeitam a diversidade de pensamento e por isso preferem caminhar à margem do rebanho [...]” está na alternativa D. “A ideia de individualidade” pode ser associada a de que “Ateus são por natureza seres que pensam por si, [...]”; “a valorização dessa condição” – de individualidade – associa-se, por sua vez, ao fato de que ateus “[...],respeitam a diversidade de pensamento”; por fim, a afirmação de que “[ateus] raramente se reúnem em grupos, sociedades, partidos ou facções para defender a causa.” respalda a ideia de que “[ateus] preferem caminhar à margem do rebanho.”

Questão 08 – Letra AComentário: A argumentação desenvolvida no texto aponta possibilidades indefinidas acerca dos questionamentos propostos pelo autor. As indagações apresentadas no segundo parágrafo remetem a inúmeras respostas de caráter indefinido, pois dependem da crença de cada um para que sejam formuladas; ou seja, não se pode afirmar que, para cada uma das perguntas feitas, haja uma resposta certa, tampouco que haja resposta para cada uma delas.

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Isso pode ser entendido nas falas finais do autor, o qual se afirma como um “ateu, num impasse, imerso em dúvidas [...] como qualquer outro ser humano”, mas que, apesar dos questionamentos que possui, realiza suas atividades normalmente – beber cerveja e sair flanando por Nova Iorque – e se considera “feliz por duvidar e não ter certeza”. Dessa forma, está correta a alternativa A.

Questão 09 – Letra BComentário: No trecho “Ateus são por natureza seres que pensam por si, respeitam a diversidade de pensamento e por isso preferem caminhar à margem do rebanho.”, a expressão “caminhar à margem do rebanho” é metafórica e alude ao fato de que ateus “raramente se reúnem em grupos, sociedades, partidos ou facções para defender a causa”. Dessa forma, está na alternativa B o fragmento em que o autor utiliza expressão não circunscrita à literalidade.

Questão 10 – Letra CComentário: Não se verifica no texto a apropriação de ditos populares, a utilização de estilo rebuscado ou desvios gramaticais. Dentre as características listadas nas alternativas da questão, apenas a apresentada em C pode ser constatada no texto, o que fica claro principalmente no parágrafo final, em que o autor apresenta uma série de perguntas diretas – cujo objetivo é questionar a tentativa de alguns grupos de ateus afirmarem aos outros sua forma de pensar – e conclui seu raciocínio com um “elogio à dúvida, às incertezas”.

Questão 11 – Letra DComentário: O termo “recrudescimento” significa “ato de tornar-se mais intenso, intensificar-se, agravar-se”. Desse modo, mantendo-se o sentido original do trecho citado no enunciado da questão, o termo “recrudescimento” pode ser substituído por “exacerbação”, o que torna correta a alternativa D.

Questão 12 – Letra AComentário: Há, no trecho, três orações: “Não me incomodo com as crenças religiosas”, “e defendo o direito de as pessoas exercerem seus rituais e cultos” e “contanto que não firam a liberdade alheia...”. Entre a primeira e a segunda oração, há uma relação de adição, explícita pelo uso da conjunção coordenativa aditiva “e”. A terceira oração, por sua vez, está subordinada ao trecho coordenado, delimitando a circunstância em relação a elas. Essa circunstância é de condição e está explícita pelo uso da locução conjuntiva subordinativa adverbial “contanto que”. Está correta, portanto, a alternativa A.

Seção Enem

Questão 01Comentário: Nessa produção, deve-se falar sobre a imigração para o Brasil no século XXI. Como é informado nos textos motivadores, o Brasil tem recebido milhares de imigrantes em busca de melhores condições de vida, muitos deles entrando no país de maneira ilegal. Seja se posicionando contra, seja se posicionando a favor de imigrantes do Brasil, além de apresentar argumentos consistentes sobre sua opinião, cabe ao aluno propor a melhor forma de resolver o problema apontado sobre essa questão. Se são contras, o que deve ser feito com esses imigrantes? E se forem a favor, que medidas o Brasil deve tomar para receber essas pessoas de maneira adequada? É importante lembrar que esses imigrantes não são somente miseráveis, mas também pessoas de classe média, profissionais qualificados em várias áreas.

Questão 02 – Letra EEixo cognitivo: I

Competência de área: 6

Habilidade: 18

Comentário: A questão traz a letra de uma música de Chico Buarque, em que o eu lírico narra o que aconteceu ao longo do dia, bem como faz uma reflexão sobre questões que são vistas do ponto de vista do próprio autor.

Questão 03 – Letra EEixo cognitivo: III

Competência de área: 7

Habilidade: 24

Comentário: O objetivo do texto é gerar a conscientização sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias. Para isso, o texto mostra informações a respeito da quantidade de lixo recolhido nas estradas e suas consequências, como os acidentes. Com isso, há o objetivo de fazer com que o leitor perceba a importância de descartar lixo no local adequado, evitando, inclusive, acidentes de trânsito.

Questão 04 – Letra DEixo cognitivo: IV

Competência de área: 7

Habilidade: 23

Comentário: O editorial é um texto jornalístico que assume algumas diferenças na divulgação de uma notícia, pois nele é apresentado um ponto de vista sobre o assunto apresentado. O leitor confia na opinião daquele que escreve como editor e, dessa forma, gera um processo de intercâmbio entre leitor-autor, estabelecendo uma relação social peculiar. No caso do texto em questão, a atitude do editor é de denunciar criticamente as ações que moradores de determinada região assumem quando dispensam o lixo em locais inadequados quando poderiam fazê-lo no local certo, gastando o mesmo tempo.

Questão 05 – Letra DEixo cognitivo: I

Competência de área: 6

Habilidade: 18

Comentário: A sequência textual é descritiva, pois há, no trecho, o predomínio de detalhes que compõem a imagem de prima Julieta. Como exemplos, podem ser citadas as passagens sobre o andar (“Prima Julieta caminhava em ritmo lento [...]”), os braços (“[...] remando os belos braços brancos.”) e os olhos (“[...] de um verde azul [...]”) do objeto descrito. A alternativa D, portanto, complementa corretamente o enunciado da questão.

Questão 06 – Letra EEixo cognitivo: III

Competência de área: 6

Habilidade: 18

Comentário: A imagem e o texto reforçam a ideia de que o combate à dengue é urgente, pois a doença mata. É necessário, portanto, um trabalho conjunto para que os focos do mosquito sejam eliminados, e as pessoas são chamadas a colaborar, o que caracteriza a intenção persuasiva. Já na tirinha, percebe-se a função dialogal, pois os mosquitos da dengue conversam e interagem naturalmente ao abordarem o fato de personalidades em destaque na mídia terem sido alvo da picada de um deles.

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CAPÍTULO – B1Literatura e gêneros literários

Exercícios de aprendizagem

Questão 01 Comentário: Na notícia do jornal, os dados estatísticos são usados sobretudo para informar o leitor acerca de uma situação social de perigo. Já o poema utiliza os dados estatísticos para suscitar uma emoção, além de causar certa reflexão metalinguística devido ao experimento do eu lírico com as diferentes maneiras de se expressar o conteúdo informacional. Assim, podemos vislumbrar duas intenções diversas dos produtores de texto: o autor do texto jornalístico pretende informar o leitor, enquanto o poeta pretende impactá-lo.

Questão 02 Comentário: O aspecto mais relevante que se pode salientar quando se compara o poema com notícias veiculadas nos jornais do nosso cotidiano é a diferença quanto ao aspecto formal, ou seja, o fato de um estar em prosa e o outro, em verso. Além disso, o poema trabalha o ritmo de leitura e a reiteração das frases em momentos diversos para provocar no leitor um sentimento de gravidade, piedade ou mesmo crítica em relação ao conteúdo veiculado. Outro aspecto que pode ser destacado é a concisão: o poema de Ferreira Gullar refere-se apenas a uma única informação, a única que realmente interessa ao poeta para sua intenção estética. Quanto à notícia de jornal, há vários outros elementos que prestam a dar credibilidade e informações adicionais ao leitor.

Questão 03 Comentário: O objetivo da repetição de um dado estatístico – a saber, que a cada 100 crianças do Piauí, 78 morrem antes de completar 8 anos de idade – no poema de Ferreira Gullar é o de maximizar o efeito patético (pathos) de apelação ao sentimento do outro, em uma espécie de mimese do pensamento traumático, que traz de volta o acontecimento traumático à mente daquele que o experimentou, a exemplo do poema de Carlos Drummond de Andrade, “No meio do caminho”.

Questão 04 Comentário: O título do poema de Ferreira Gullar – “Poema brasileiro” – tem em vista a universalização de um drama regional, no caso, a mortalidade infantil do estado do Piauí. Os temas abordados pelos artistas, de uma maneira geral, tendem a superar ou transcender a experiência mais imediata do indivíduo, com suas significações éticas voltadas para esse indivíduo, transformando-a em uma experiência de entendimento mais universal, ainda que diga respeito a apenas um estado ou país. A situação que ocorre no Piauí repete-se em outros estados brasileiros, de modo a possibilitar essa universalização.

Questão 05 Comentário: Sim, é possível afirmar que o texto de Ferreira Gullar é um texto engajado, uma vez que é perceptível engajamento em relação a uma causa social referente a uma situação social brasileira, qual seja, a mortal idade infantil. No poema, a repetição da informação sobre as mortes de crianças no estado do Piauí constrói uma atmosfera de indignação e repulsa, culminando em uma atitude de denúncia.

Questão 06Comentário: Para responder a essa questão, deve-se selecionar um trecho da capa ou da matéria em que haja uso de linguagem conotativa e, em seguida, proceder à análise do trecho. Uma das opções que pode ser escolhida está na capa, que diz “estamos devorando o planeta”. Devorar o planeta, nesse caso, significa que estamos esgotando os seus recursos, por causa do alto consumo de água, carne, etc. Outra opção é “como uma martelada na cabeça dos líderes”, que significa uma espécie de aviso, um tranco para despertar a atenção para algo.

Questão 07Comentário: Nessa questão, deve-se identificar a relação entre o texto verbal e o não verbal da capa da revista e revelar o sentido real da mensagem. A imagem e a manchete se complementam pela semelhança de sentido estabelecida entre elas, em que a imagem de uma pessoa prestes a abocanhar o planeta ilustra a mensagem de que estamos devorando o planeta. Devorar o planeta, nesse caso, significa que estamos consumindo, destruindo o planeta, esgotando os seus recursos, por causa do alto consumo de água, carne, etc.

Questão 08Comentário: O trecho quer dizer que os representantes dos países, responsáveis por pensar em alternativas que detenham o aquecimento global e assegurem a sobrevivência dos seres humanos, e seus assessores ainda não sabem como resolverão a situação da falta de recursos naturais do planeta. A ironia é construída no trecho “os donos do mundo e seus sábios”, para mostrar que o poder de decisão sobre um assunto mundial fica nas mãos de um grupo de pessoas, como se elas fossem as únicas com o direito de decidir sobre os rumos do planeta, como se fossem os donos dele.

Questão 09Comentário: Nessa atividade, deve-se analisar o título do texto, “Fome de ar, água e comida”, e perceber que há o uso da linguagem conotativa, pois a palavra “fome” tem o sentido de necessidade ou vontade de comer, ou seja, é possível sentir fome, no sentido denotativo, apenas de comida, ao passo que, com relação à água, é possível sentir sede e, com relação ao ar, é possível sentir necessidade. No título, a palavra “fome” retoma a ideia de estarmos devorando o planeta, isto é, estamos comendo o ar, a água e a comida.

Questão 10Comentário: O uso da linguagem figurada no trecho está especificamente em “prestar conta a Deus”, que significa morrer. A conotação contribui para a concepção do significado da frase, pois, de forma mais suave, contrapõe a ideia de nascer apresentada no trecho, que pretende mostrar a proporção de pessoas que nascem e morrem no planeta.

Questão 11 Comentário: O gênero lírico é predominante no poema de Cecília Meireles, pois o tom confessional e a introspecção, entre os elementos constituidores do gênero, como a centralização do eu poético, a representação do cenário exterior como uma imagem contínua do sentimento do eu poético, a linguagem figurada e a polissemia, são enfatizados ao longo do poema. Desde o título, percebe-se que o eu lírico realiza uma reflexão íntima sobre seu legado, sua história e sobre os caminhos a serem trilhados no futuro.

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29Bernoulli Sistema de Ensino

Questão 12 Comentário: O poema de Florbela Espanca apresenta rigidez na disposição dos versos, bem como um esquema de rimas regular, o que o caracteriza como soneto. Essa estrutura poética apresenta não só a regularidade das rimas (abab abba ccd ccd), como também versos dispostos em dois quartetos e dois tercetos, sua característica principal.

Questão 13 Comentário: A presença de traços líricos no poema de Florbela Espanca é demarcada logo no título, pois a existência do verbo “amar” já prenuncia uma temática de tom mais intimista e pessoal. Ao longo do poema, percebe-se que há uma confissão: a necessidade de amar. Essa confissão se estabelece ora de modo enfático – veja os pontos de exclamação – ora com tom de hesitação – observe as perguntas e as reticências.

Questão 14 Comentário: No poema de Florbela Espanca, o amor é concebido como um sentimento paradoxal e complexo, pois se mostra como libertador e, ao mesmo tempo, impossível, como se vê no contraste entre “Eu quero amar, amar perdidamente!” e “Quem disser que se pode amar alguém / Durante a vida inteira é porque mente!”. Além disso, o amor é visto como uma obsessão que chega a figurar como uma justificativa para a existência, como se vê em: “Amar só por amar: Aqui... além...” e “Amar! Amar! E não amar ninguém!”.

Questão 15 Comentário: Para responder a essa questão, é preciso reconhecer certas características que definem o haicai como forma poética. No texto de Alice Ruiz, podem ser elencadas ao menos duas características: a composição em três versos (característica estrutural) e a retratação de um movimento da natureza (característica temática).

Questão 16 – Letra DComentário: A fábula é um gênero em que há personificação de figuras animais, de modo a adquirir características humanas como fala, desejo, pensamento, etc. Nesses textos, a personificação tem o intuito de colocar em evidência problemas e questões humanas, isto é, nesses textos, baseando-se em um problema humano, tece-se uma reflexão, culminando em um ensinamento moral. Dessa forma, o texto de Monteiro Lobato é uma fábula porque utiliza elemento fantástico para refletir sobre problemas humanos. Assim, está correta a alternativa D.

Questão 17 – Letra C Comentário: Os modernistas resgataram a crônica jornalística e a trataram como arte, compondo vários exemplares belíssimos do gênero. Portanto, para Carlos Drummond de Andrade, a crônica se presta a fornecer ao leitor a fruição típica de uma obra literária com fins de entretê-lo, levá-lo a uma visão menos trivial do cotidiano, sem se perder em dados e informações, mas privilegiando a generalização e a imaginação.

Questão 18 – Letra A Comentário: O texto de Drummond afirma que o cronista geral tem a vantagem de não necessitar de especialização e precisão, pois este trata de questões triviais que ocorrem no dia a dia. Dessa forma, a afirmação presente na alternativa A de que a crônica não deva tratar de trivialidade é incorreta.

Questão 19 – Letra D Comentário: Todo o texto de Drummond apresentado na questão aponta para o fato de que o cronista geral possui a vantagem de não se ater a detalhes, tendo a liberdade para o comentário despretensioso em relação aos acontecimentos do mundo. Além disso, não é necessário para a escrita da crônica geral, como convém ao jornalista, a apuração do fato e a rapidez necessária para sua captura. Dessa forma, está incorreta a alternativa D.

Questão 20 Comentário: A estrutura de um texto dramático é uma estrutura dialogada, ou seja, é essencialmente composta por diálogos. A personagem João Grilo, no auto de Ariano Suassuna, imita, em tom escarnecedor, a fala de outra personagem, a do padre. Para indicar a apropriação da fala alheia, no contexto escrito de uma peça dramática, utilizam-se as aspas.

Exercícios propostos

Questão 01Comentário: O poema de Manoel de Barros apresenta trechos do gênero narrativo. Isso é perceptível porque, no poema, como o título já adianta, conta-se a história de vida do eu lírico. Como convém a um texto narrativo, o poema de Barros apresenta marcas de passagem de tempo e também lugares que situam a história; ressaltem-se também as passagens de descrição presentes no poema.

Questão 02Comentário: O soneto italiano, forma mais cultivada no Brasil, possui quatorze versos distribuídos em quatro estrofes de quatro e três versos. Mário Faustino, no entanto, trabalha com o soneto do tipo inglês, monostrófico, no qual os dois últimos versos rimam. Como aspectos formais relativos ao soneto de Mário Faustino podem-se apontar: a utilização de quatorze versos, típica dos sonetos clássicos; a presença de versos decassílabos, bem ao gosto dos sonetistas; e o esquema rímico regular, com a seguinte sequência: abab, cdcd, eef, fgg.

Questão 03Comentário: Pode-se dizer que o poema de Guilherme de Almeida pertence ao gênero lírico porque retrata, de maneira intimista e bastante subjetiva, expressões e sentimentos do eu poético em relação à sua amada. Nota-se que o próprio tema do poema, o ciúme, possui caráter essencialmente pessoal. No que se refere aos aspectos linguísticos, essa representação do caráter subjetivo do eu lírico é expressa pelo uso da primeira pessoa, como nos versos “agora, que não mais me és inédita, agora / que eu compreendo que tal como te vira outrora / nunca mais te verei;”; e também pelo uso de palavras e expressões polissêmicas, e em sentido conotativo, que tentam transmitir sentimentos e sensações que são percebidos de maneira única pelo eu lírico, como em “E agora que te tenho em minhas mãos e sei / que os teus nervos se enfeixam todos em meus dedos / e os teus sentidos são cinco brinquedos / com que brinquei;”.

Questão 04Comentário: O texto de Drummond pertence ao gênero narrativo, porque é transmitido por um narrador que adota determinado ponto de vista sobre as cenas e situações que compõem a história contada. Em “O perguntar e o responder”, esse narrador é onisciente, ou seja, tem total conhecimento dos episódios narrados, incluindo os sentimentos, pensamentos e motivações das personagens. O texto em análise ainda pode ser classificado como pertencente ao subgênero narrativo conto, uma vez que constitui uma narrativa breve e concisa, com poucas personagens e um único conflito aparentemente resolvido dentro dos limites da narrativa.

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Questão 05Comentário: “Poética” pode ser vinculado à tradição literária devido à sua estrutura formal: constitui um soneto, com catorze versos, divididos em quatro estrofes, dois quartetos e dois tercetos. Além disso, a estrutura rimada do poema também o enquadra na tradição, com a utilização, por exemplo, de rimas entrecruzadas (ABAB) na primeira estrofe.

Questão 06 – Letra C Comentário: Nos textos do gênero épico são narradas histórias com fundo histórico, como a viagem de Vasco da Gama à Índia, em Os Lusíadas, de Camões. Essas histórias são sempre contadas por um narrador que apenas descreve o que observa, sem interferir na narrativa. Há, ainda, nos textos épicos, a presença de um herói corajoso e destemido, que luta pelos objetivos da sua nação. No entanto, essas histórias não têm um espaço definido; ao contrário, a jornada de um herói começa exatamente quando ele deixa o lar e parte em busca da sua missão, passando pelos mais diferentes locais, muitos deles míticos, como a Ilha dos Amores, em Os Lusíadas, um lugar habitado por ninfas, onde Vasco da Gama e os tripulantes da sua nau aportam. Portanto, não diz respeito ao gênero épico a alternativa C.

Questão 07– Letra A Comentário: No que se refere à classificação dos gêneros literários, são reconhecidas duas teorias: a clássica, que teve fim no século XIX; e a moderna, que iniciou com o Romantismo, nesse mesmo século. Na teoria clássica, os gêneros são definidos em épico, lírico e dramático, os quais possuem estrutura e linguagem independentes e não podem ser misturados. Na teoria moderna, ao contrário, não existe um limite para os gêneros literários, apesar de três tipos textuais básicos serem reconhecidos: o narrativo, o lírico e o dramático. Tais tipos textuais podem ser, e são, fundidos entre si na literatura moderna, desde a linguagem até a estrutura, o que é levado ao limite no chamado pós-modernismo, no qual em muitos textos essa fusão de gêneros, linguagens e estruturas é levada a tal ponto que não é possível enquadrá-los em nenhuma definição, clássica ou moderna. Todas as afirmações apresentadas no enunciado da questão estão, portanto, corretas.

Questão 08 – Letra BComentário: O gênero lírico é aquele em que é predominante a função emotiva da linguagem, que se vale da utilização do caráter conotativo da língua para expressar sentimentos, emoções e percepções subjetivas. O épico, por sua vez, narra as histórias de um povo, com foco nos atos de heroísmo e na atmosfera maravilhosa. Já o gênero dramático tem como objetivo a encenação de histórias com caráter predominantemente trágico ou humorístico. A sequência correta, portanto, é a indicada na alternativa B.

Questão 09 – Letra DComentário: O poema de Leminski pode ser considerado um haicai, pois se apodera de uma característica desse tipo de construção poética japonesa: a brevidade do poema, que se constitui de apenas três versos. Entretanto, ele não segue essa estrutura tradicional rigidamente, pois seus versos não são constituídos com cinco, sete e cinco sílabas poéticas, respectivamente. Tampouco trata da passagem das estações do ano, apesar de extrapolar essa noção de movimento da natureza ao se referir à existência do próprio eu lírico, que apenas passa, como uma estação. Está correta, portanto, a alternativa D.

Questão 10 – Letra BComentário: Conforme o comentário da questão afirma, a poesia lírica é considerada resultado de uma elucubração, ou ainda, da amostragem de sentimentos de um eu lírico.

Dessa forma, nos textos líricos, há uma sobreposição de uma posição subjetiva em detrimento de uma perspectiva referencial. O único texto que não pode ser atribuído a um sujeito determinado é o de João Cabral de Melo Neto, o que torna a alternativa B incorreta.

Questão 11 – Letra CComentário: O que não se aplica ao poema “Vaso chinês” é o comentário da letra C, uma vez que o texto é estruturado com base na linguagem padrão e na estrutura lógica e coerente das ideias, além de apresentar elaboração estrutural típica de um soneto (dois quartetos e dois tercetos). Portanto, é inadequado afirmar que: “observa-se a renúncia à coerência gramatical e formal.”

Questão 12 – Letra CComentário: A transcrição para o discurso indireto da frase em questão não elimina a ambiguidade, pelo contrário, insere um elemento ambíguo. A ambiguidade, nesse caso, decorre do uso do pronome possessivo “sua”, uma vez que pode se referir a “ela” ou ao objeto indireto do verbo “dizer”, “lhe”. Dessa forma, está incorreta a alternativa C.

Questão 13 – Letra CComentário: O gênero lírico é caracterizado, principalmente, pela predominância de uma instância subjetiva a quem é atribuído o texto poético. Nesse sentido, trata-se de um gênero poético essencialmente pessoal, em certos momentos, confessional. Logo, não é possível afirmar que textos líricos privilegiam diálogos, tornando a alternativa C incorreta.

Questão 14 – Letra AComentário: Somente o que se afirma em I pode ser considerado correto, conforme indicado na alternativa A. A afirmação II está incorreta porque o desenvolvimento da trama de um conto é mais conciso do que a de um romance, em função, principalmente, da sua estrutura mais sintética, em que um único conflito, com poucas personagens, rapidamente é resolvido em um espaço mais “limitado”, breve. Já a afirmativa III está incorreta porque o romance não nasceu da necessidade dos escritores de “serem fiéis à descrição do mundo em que viviam”, mas, sim, como uma evolução desencadeada pelo surgimento da imprensa e de relações sociais mais complexas, as quais começaram a exigir dos indivíduos um novo modo de organizar suas histórias.

Questão 15 – Letra EComentário: O texto de Mário Quintana é um soneto. Essa forma poética consagrada pela tradição literária é composta por 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos, o que é verificável no poema de Quintana. Vale comentar o esquema rímico do poema: ABBA / ABBA / CCD / EED.

Questão 16 – V V F FComentário: Na primeira alternativa, discute-se a diferença entre poesia e poema / prosa. Poesia pode ser entendida como um efeito de natureza poética que pode ser trabalhada de diferentes formas, seja em poemas ou em prosa, o que torna a assertiva verdadeira. A segunda conceitua estilo de época, argumentando que ele é fruto de um conjunto de regras historicamente condicionadas de uma determinada manifestação cultural, o que torna a assertiva correta. As duas últimas assertivas são falsas. Na primeira delas, contrariamente ao que diz a assertiva, o texto literário é caracterizado por mimese da realidade, linguagem não linear e pluralidade de sentidos. A última assertiva erra ao dizer que, no gênero lírico, o mundo exterior predomina sobre o interior, uma vez que o que ocorre é justamente o contrário.

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Questão 17 – Letra CComentário: Os versos de Morte e vida severina podem ser classificados como dramáticos, utilizando-se de uma linguagem profundamente poética e lírica que dá força e vivacidade ao que está sendo encenado, no caso, a história de Severino, que sai do sertão em busca de uma vida melhor no litoral pernambucano. O poema é um auto de Natal, uma peça teatral curta, geralmente com caráter religioso. No caso de Morte e vida severina, o nascimento do filho de José, mestre carpina, com quem Severino encontra ao chegar ao Recife, é representado como o nascimento do menino Jesus.

Questão 18 – Letra BComentário: O objetivo do texto dramático é servir de base para a encenação, quando então realmente o teatro pode ser contemplado em funcionamento. A estrutura do texto dramático obedece a determinadas convenções, e a estrutura dialógica é parte essencial do texto dramático, pois é nos atos e nas falas das personagens que se encontra o núcleo do drama.

Questão 19 – Letra BComentário: A alternativa incorreta sobre os gêneros literários é a que se encontra na letra B: “o gênero lírico, única base da poesia, é o mais importante dos gêneros literários.” Dois erros aparecem em tal afirmativa. O primeiro é o que diz respeito ao lirismo ser a “única base da poesia”, pois o poema pode apresentar aspectos dos gêneros dramático e épico; o segundo é o juízo de valor equivocado, de se classificar certo gênero como superior a outro, o que é uma impropriedade para qualquer julgamento artístico e estético.

Questão 20 – Letra BComentário: A elegia é um tipo de poema lírico que tem origem na Grécia Antiga e era relacionada a cantos fúnebres. Esses poemas trazem sempre um tom triste e melancólico, tendo como tema acontecimentos infelizes e decepções, sejam elas amorosas, sociais ou familiares.

Seção Enem

Questão 01 – Letra AEixo cognitivo: II

Competência de área: 4

Habilidade: 12

Comentário: Na escultura de Amílcar de Castro é possível perceber a deformação do centro de um círculo dando origem a outro formato por meio de seu corte e dobra. Este é um elemento presente em várias de suas obras, se caracterizando como um traço específico desse artista.

Questão 02 – Letra AEixo cognitivo: II

Competência de área: 5

Habilidade: 16

Comentário: Todos os termos destacados no trecho do conto pertencem ao campo semântico da tecelagem. Assim, o autor apresenta no texto a imagem da escrita como uma “trama” de palavras, fazendo a comparação da escrita com o trabalho de tecer um tecido, entrelaçando fios de lã, linhas, etc.

Questão 03 – Letra DEixo cognitivo: IICompetência de área: 6Habilidade: 18Comentário: O diálogo intertextual presente na tirinha, que retoma o poema “No meio do caminho”, de Drummond, faz com que os dois textos, pertencentes a gêneros diferentes, utilizem, basicamente, as mesmas palavras, mas com sentidos contrários. No poema de Drummond, a pedra no meio do caminho pode ser meramente um obstáculo físico ou uma alegoria para expressar as adversidades da vida, perspectiva polissêmica que marca e caracteriza a poesia. Por sua vez, na tirinha, o que está “no meio do caminho” de Garfield é uma cortina, que sugere o recolhimento do personagem. No entanto, o próprio objeto aprisiona o protagonista e o impede de repousar tranquilamente. Ao retomar os trechos do poema de Drummond e afirmar que eles “dão samba”, o quadrinho rompe com a lógica e a previsibilidade, gerando humor – recurso típico deste gênero textual. Portanto, a alternativa que melhor comenta a relação entre os textos é a que se encontra na letra D da questão: “os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas.”

Questão 04 – Letra EEixo cognitivo: IICompetência de área: 5Habilidade: 15Comentário: A designação do gênero – crônica – sugere a temática ligada ao cotidiano. No caso do texto transcrito, trata-se de uma medida governamental, o recenseamento. O autor dá “tratamento estético” a esse tema ao representar situações existenciais fictícias, de conteúdo emocional variado, com que se confrontariam os recenseadores.

Questão 05 – Letra DEixo cognitivo: IICompetência de área: 7 Habilidade: 22 Comentário: A tirinha de Fernando Gonsales dialoga com a fábula de La Fontaine por mostrar as formigas, numa situação de sala de aula, aprendendo uma ideia que se pode fazer da moral da fábula: aquele que trabalhar, será recompensado e, portanto, feliz, e aquele que não trabalhar, não o será. Quando, no último quadrinho, uma formiga contesta a conclusão da fábula, apresentando-a como lavagem cerebral, estabelece-se uma quebra de expectativa com o original da fábula. Desse modo, podemos concluir que a tirinha contesta a moral da fábula.

Questão 06 – Letra DEixo cognitivo: ICompetência de área: 6Habilidade: 21Comentário: O poema apresenta uma reflexão metalinguística acerca do fazer poético. Nesse sentido, a língua é metaforizada na figura da garrafa, que remete à prisão da forma, pois, embora possibilite a comunicação, é limitadora da livre expressão. O eu lírico considera, portanto, que a possibilidade de libertação da linguagem em relação à prisão da forma ocorre por meio da poesia, possibilitadora de múltiplos sentidos e transgressora dos significados estanques do código linguístico. O poema apresenta, portanto, o processo de criação poética representada na contenção inicial da expressão no código, o amadurecimento ou o trabalho criativo sobre essa palavra “engarrafada” e, por fim, sua transformação em “diamantes”, já lapidados pelo processo de escrita após adquirir novos sentidos e significações. Está correta, portanto, a alternativa D.

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CAPÍTULO – B2Prosa, poesia e intertextualidade

Exercícios de aprendizagem

Questão 01 Comentário: Embora haja um momento em que se estabelece um nível mínimo de tensão (quando D. Severina beija a boca de Inácio) não se pode dizer que se trata de um clímax. As razões a justificar essa visão podem ser: não é um momento em que participam as duas personagens, visto que Inácio dormia. Além disso, não há um desenvolvimento narrativo, uma preparação para o beijo: este ocorre como que por um impulso de D. Severina. Nesse sentido, após o beijo não há um desfecho da narrativa. Há, de fato, a sugestão da satisfação de Inácio pelo sonho, sem que ele entenda o porquê de sua demissão.

Questão 02 Comentário: O narrador do conto de Machado de Assis pode ser enquadrado no rótulo de narrador onisciente, ainda que passagens como “pode ser que ele estivesse sonhando com ela” indiquem uma onisciência parcial. Isso se confirma porque o narrador do conto conhece e descreve pensamentos, sentimentos, aflições e, inclusive, o sonho de Inácio, fatos que indicam grau considerável de ciência da narrativa.

Questão 03 Comentário: Sim, é correto afirmar que há realização do sonho de Inácio no plano onírico. É preciso ressaltar que, embora o leitor saiba que, no plano narrativo da casa do solicitador, o desejo de Inácio também se realizou, o mesmo narrador que conta esse acontecimento revela que para Inácio o beijo só ocorreu em seu sonho. Portanto, o desejo de Inácio se concretiza somente no plano onírico.

Questão 04 Comentário: É o tempo psicológico que prevalece no conto de Machado de Assis. Em alguns momentos, utiliza-se de um encadeamento mais linear, narrativo por excelência. Contudo, percebe-se uma ênfase na descrição e reflexão sobre os anseios, desejos e angústias estabelecidos na relação entre Inácio e D. Severina.

Questão 05 Comentário: Como o enunciado evidencia, o discurso indireto livre ocorre quando há certa imprecisão ao diferenciar as vozes das personagens em relação à do narrador. Para tanto, recorre-se a elementos como frases exclamativas, que aproximam as vozes da narrativa, ou frases que poderiam ser proferidas pelas personagens; enfim, certas construções utilizadas pelo narrador que fogem à sua função básica de conduzir a narrativa. No caso do conto de Machado de Assis, esse recurso se evidencia nos seguintes trechos:

• “Também a culpa era antes de D. Severina em trazê-los assim nus, constantemente.”

• “Tinha o sono duro a criança! O rumor que a abalara tanto, não o fez sequer mudar de posição.”

• “Que não possamos ver os sonhos uns dos outros! D. Severina ter-se-ia visto a si mesma na imaginação do rapaz [...]”

Questão 06Comentário:

A) A oposição se revela nas características da aldeia e da cidade e no que elas proporcionam. Na aldeia, a ausência de amontoados de casas e prédios permite que a vista seja ampla, que a visão o eu lírico alcance o horizonte, muito maior do que o tamanho da própria aldeia. Já na cidade, mesmo ela sendo maior, o excesso de construções esconde a amplidão do horizonte, impossibilitando que o eu lírico perceba a vista: “Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, / Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,”.

B) Os versos livres se relacionam com a mensagem transmitida, sugerindo também a ideia de amplitude da visão do eu lírico na aldeia e da limitação da visão na cidade, pois há momentos em que os versos são longos e outros em que os versos são curtos, como nos trechos “Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer”, revelando a amplidão da aldeia, e em “Nas cidades a vida é mais pequena”, revelando a limitação da cidade grande.

Questão 07Comentário: O poema de Aldir Blanc liga aspectos musicais à oralidade, pois foi produzido originalmente para ser dito e ouvido. A harmonia do texto ocorre graças a seus recursos sonoros / rítmicos e sintáticos. Um recurso rítmico utilizado é a alternância dos primeiros versos de nove sílabas com os segundos versos de oito sílabas em cada estrofe, que dão equilíbrio ao poema. Também há o uso de rimas entre os dois primeiros versos e entre os terceiros versos de cada estrofe, na seguinte disposição: AAB / CCB / DDB / EEB / FFB. O recurso sintático utilizado é a repetição do verso “Quando ele nasceu”, que contribui para a simetria do poema.

Questão 08Comentário:

A) O recurso de intertextualidade utilizado na peça para estabelecer uma relação direta com o poema é o da citação do título do poema “Lembrança de morrer”.

B) Ambos veem a morte como uma maneira de escapar da vida, da existência. No poema, o eu lírico deixa a vida como deixa o tédio, como deixa as horas de um pesadelo; na peça, Zé Paulo diz a Álvares que a morte o livrou do que se tornaria na vida.

Questão 09 Comentário: Ambos os textos trabalham com a hipótese de uma sociedade de controle extremo, em que a dimensão de liberdade imputada como característica fundamental da humanidade é anulada. Assim, tem-se uma sociedade em que as ações e desejos são controlados e impostos de forma vertical, desconsiderando as escolhas humanas.

Questão 10 Comentário:

A) O eu lírico da canção de Pitty considera-se como um robô, pois percebe que seus desejos e suas ações são já predeterminadas por outros, os quais estabelecem o que ele pode desejar e como deve agir em sua vida. Isso se torna evidente no refrão da canção, no qual são utilizados inúmeros verbos no modo imperativo, confirmando a ideia de imposição para o eu lírico.

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33Bernoulli Sistema de Ensino

B) A ambiguidade da palavra “sistema” está no fato de admitir um sentido micro e outro macro. Para o primeiro, seria o sistema relacionado à ideia de o eu lírico ser um robô, logo, possuidor de um sistema eletrônico que o comandasse. Para o segundo, remete à ideia de sistema social, que, no caso dessa canção específica, é coercitivo a tal ponto que anula a participação dos sujeitos.

Questão 11 Comentário: Essa questão leva em consideração a perspectiva e a percepção do aluno em relação à sociedade contemporânea. Para respondê-la, ele deve considerar o contexto contemporâneo em relação com a interpretação da canção. Nesse sentido, pode argumentar que o consumo aliena as pessoas de seus verdadeiros desejos ou, então, que elas têm liberdade para fazer suas escolhas.

Questão 12Comentário: O uso do modo imperativo, característica forma verbal para indicar ordem, corrobora a ideia expressa na canção de que vivemos em uma sociedade controlada, em que nossos desejos são predeterminados. Assim, o emprego desses verbos mostra como nossas ações são impostas a todos nós, o que deve ser entendido como uma crítica.

Exercícios propostos

Questão 01 Comentário: Em ambos os poemas, o eu lírico revela sua revolta contra as regras impostas pela sociedade, contra os critérios de conduta e comportamento, contra os bons modos. No texto I, isso é evidenciado nos versos: “Ó ilustríssimos senhores / de modos finos, que saco! / Pelo amor da santa, fora / com vossos salamaleques! [...] Não quero ser o poeta / de que todos se orgulham. [...] Quero é ser a vergonha / da província e da república.”. No texto II, é possível compreender essa revolta nos versos: “Não me venham com conclusões! [...] Não me tragam estéticas! / Não me falem em moral! [...] Se têm a verdade, guardem-na!”

Questão 02 Comentário: Para responder a essa questão, é preciso atentar para o deslocamento operado no poema quanto às noções de tempo e espaço, escolhendo, para análise, dois trechos do poema.

A) “Nasço amanhã”: nesse verso, há um paradoxo temporal, marcado pelo confronto entre o nascimento e o amanhã. Esse paradoxo aponta para a indecisão e a possibilidade constante de criação de caminhos que caracteriza a atmosfera do poema. Além disso, remete para um propósito de escrita poética, validado pela ideia do título.

B) A oposição está marcada no tipo de trajetória que o eu lírico atribui aos outros e aquela que constrói para si mesmo. No trecho “Outros que contem / Passo por passo”, estabelece-se a diferença por meio do uso de “outros”: as outras pessoas que sigam um caminho já marcado e trilhado de modo direto e contínuo. A oposição em relação ao caminho construído pelo eu lírico está no fato de deslocar as instâncias de tempo e local, indicando que seu caminho é tortuoso e desencontrado, assim como sua própria poesia, segundo confirma o título.

Questão 03 Comentário: Para atender ao objetivo da proposta, seria necessário, inicialmente, observar que o comando presente no enunciado, caracterizar, exige que se indique, que se coloque em destaque, de forma bastante sucinta, a postura / atitude do narrador diante dos fatos destacados no enredo. No trecho de “O empréstimo”, seria interessante que se apontasse que, por meio do foco narrativo de 3ª pessoa e da onisciência, o narrador antecipa, de forma sutil, algumas características de Vaz Nunes. Tais características, como a fixação desmedida pelo trabalho e a consequente mesquinhez dessa personagem – sugeridas pela permanência de Vaz Nunes em seu cartório, enquanto os outros escreventes se preparavam para sair no fim do expediente – servirão de mote para o desenvolvimento do enredo no conto. Já no trecho de “O segredo do bonzo”, recomenda-se mostrar, por meio do foco narrativo de 1ª pessoa, o narrador mostrando suas impressões (admiração / espanto / curiosidade) ao se deparar com a comoção provocada pelo bonzo naquele ajuntamento de povo em Fuchéu.

Questão 04Comentário: Para responder a essa questão, deve-se perceber que há semelhanças superficiais e profundas entre a letra do Hino Nacional Brasileiro e o poema de Gonçalves Dias. Inicialmente, pode-se notar que foram escritos em um mesmo período, pós-independência do Brasil, em que havia uma preocupação de legitimar o movimento de independência, bem como de construir uma identidade nacional. Vê-se, em ambos os textos, uma legitimação identitária que passa pela exaltação dos elementos naturais do Brasil, os quais, por serem abundantes, acabam por criar um país rico e, portanto, fadado ao sucesso como civilização. Assim, ambos possuem um tom ufanista na relação que constroem para o Brasil como nação. Além disso, é possível perceber traços de intertextualidade explícita como no uso dos versos “Nossos bosques têm mais vida”.

Questão 05Comentário:

A) A charge da questão estabelece intertextualidade com o mito bíblico de Adão e Eva.

B) As figuras da mulher e do homem nus remetem ao mito judaico-cristão, em que é afirmado que Adão e Eva viviam nus no paraíso. A figura da serpente também se refere a esse mito, em que Eva foi tentada pelo réptil.

C) No que se refere ao texto verbal da charge, a intertextualidade com o texto bíblico se dá pelo elemento “Gabriel”, o anjo que, de acordo com essa escritura, anunciou o nascimento de Jesus e que parece ser o interlocutor de Adão. A referência de Adão às suas costelas, como se fossem companheiras de conversa de Eva, está ligada à construção mítica de que a mulher nasceu de uma das costelas do primeiro homem, no caso, o próprio Adão.

Questão 06 – Letra AComentário: Não se pode afirmar que, no poema de Adélia Prado, a poeta considera o passado como irremediavelmente perdido, uma vez que pode voltar a ele a partir da memória, quando, por exemplo, escuta uma canção da infância que a transporta de volta àquele tempo, como se ele se realizasse no presente. Esse processo de sentir novamente o passado como algo vivo e presente está representado nos versos “ai ciganinha, a voz de bambu rachado / continua tinindo, esganiçada, linda, / viaja pra dentro de mim, o meu ouvido cada vez melhor.”.

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Questão 07 – Letra EComentário: Como pode ser inferido dos trechos apresentados no enunciado, em A hora da estrela, o narrador demonstra uma necessidade de descrever a personagem Macabéa e a sua história porque se identifica profundamente com ela, quase como se eles fossem um único ser, conforme demonstra o terceiro trecho: “Vejo a nordestina se olhando no espelho e – um ruflar de tambor – no espelho aparece o meu rosto cansado e barbudo. Tanto nós nos intertrocamos.”. Está correta, dessa maneira, a alternativa E. A alternativa A está incorreta, porque o narrador não demonstra sentir piedade pela condição miserável da nordestina; ao contrário, em alguns momentos ele demonstra certa indiferença quanto a essa situação, conforme indicado no trecho I. A alternativa B também está incorreta, porque em nenhum momento do romance o narrador demonstra o desejo de acolher Macabéa, limitando-se a apenas observá-la, descrevendo suas experiências. Também não pode se dizer que o narrador se revolta diante da situação de migrantes nordestinos, conforme também exemplifica o trecho I, o que torna incorreta a alternativa C. Além disso, o narrador demonstra saber definir de maneira profícua seus sentimentos e impressões acerca da condição humana, como exemplificado no trecho IV: “[...] ela era um acaso. [...] Pensando bem: quem não é um acaso na vida?”.

Questão 08 – Letra CComentário: No poema de Vinicius de Moraes, há um diálogo intertextual com trechos do Hino Nacional Brasileiro a fim de desconstruir a relação oficial / institucional e ufanista que se estabelece com a “brasilidade”. Com efeito, o eu lírico demonstra que sua relação com a pátria não é usual, isto é, não passa pelo respeito às oficialidades e conformidades, caracterizando uma relação sensível e de afeto. Talvez por essa razão, o poema não se atém a uma tradição poética consolidada de formas fixas. Está correta, portanto, a alternativa C.

Questão 09 – Letra EComentário: No trecho de Machado de Assis, as aspas marcam a citação de uma passagem bíblica, a fala do apóstolo Paulo, em discurso direto, o que configura um tipo de intertextualidade. Na citação, o autor de um texto reproduz as palavras de outro autor, sem modificá-las, como fez Machado de Assis. Está correta, portanto, a alternativa E.

Questão 10 – Letra CComentário: O poema de Fernando Pessoa dialoga com dois mitos, a saber, o de Eros e Psique, mito grego, e o mito da Princesa Adormecida. Na questão, a única alternativa que não contém referência, direta ou indireta, ao mito da Princesa Adormecida é a alternativa C. Todas as outras fazem referência à princesa que dormia.

Questão 11 – Letra DComentário: Não há, no trecho de Clarice Lispector, a presença de personagens definidas, sabe-se apenas que se trata de uma mulher e de um homem. A autora usa essa estratégia, com personagens sem nomes e sem características gerais, para abordar o tema das relações amorosas de forma, mais do que genérica, universal, uma vez que, independentemente de quem sejam os sujeitos envolvidos no romance, as relações tendem a dar errado caso os indivíduos deixem de estar distraídos e passem a cobrar certezas de algo que simplesmente deveria fluir naturalmente. Está correta, portanto, a alternativa D.

Questão 12 – Letra CComentário: No poema de Adélia Prado, o eu lírico afirma que “o destino do homem é a santidade.” e coloca o sexo como “Uma das maravilhas da criação [...].”, insinuando, desse modo, que a relação sexual é um dos meios pelo qual o homem alcança a santidade, sendo, portanto, essa relação também santa. Já no poema de Hilda Hilst, percebe-se o desejo do eu lírico de descrever a experiência sexual de forma poética, de modo a transformá-la também em poesia, conforme indicam os versos “... Por que não posso / Pontilhar de inocência e poesia / Ossos, sangue, carne, o agora / E tudo isso em nós que se fará disforme?”. Esse desejo de poetizar o sexo serve, ainda, como uma forma de tentar ultrapassar o seu caráter banal, além de valorizá-lo como um elemento simples e, ao mesmo tempo, sublime, da experiência humana, conforme revelam os versos “[...] Sonhei penhascos / Quando havia o jardim aqui ao lado.”. Está correta, portanto, a alternativa C.

Questão 13 – Letra AComentário: A fala de Hagar, no primeiro quadrinho da tirinha, caso fosse transformada em discurso indireto, ficaria da seguinte maneira: “Hagar disse aos homens que eles venceriam, porque lutavam pelo que era certo.” O texto da alternativa B está incorreto porque as formas verbais “venceremos” e “lutamos” não podem ser usadas nesse contexto, em que o discurso é de terceira pessoa. Já os textos das alternativas C e E ainda constituem discurso direto, enquanto que o texto da D não está correto, uma vez que o verbo “vencerão” não inclui o próprio Hagar na fala. A alternativa A, portanto, é a correta.

Questão 14 – Letra CComentário: A imagem de mulher representada pela mãe de Mafalda e a ideia evocada pela expressão “esta espécie ainda envergonhada”, do poema de Adélia Prado, não se cruzam, uma vez que a figura da mãe é representada como alguém que se limita ao âmbito doméstico, que limita, pois, o papel da mulher na sociedade, que cala sua voz diante de um “movimento de liberação”; já na expressão “esta espécie ainda envergonhada”, apesar do reconhecimento da representação tímida da mulher frente à sociedade, a figura feminina, por meio do termo “ainda”, questiona o papel limitado da mulher. Dessa forma, a resposta correta para a questão é a letra C.

Questão 15 – Letra BComentário: A paráfrase é a citação não direta de um texto que busca manter apenas a sua ideia central, não preservando, portanto, a sua estrutura e escrita originais. Pelo título dado por Bandeira a seu poema, infere-se que ele tomou um texto original do poeta francês Ronsard e o reescreveu à sua maneira, mantendo apenas a ideia central original. Está correta, portanto, a alternativa B.

Questão 16 – Letra CComentário: O Jeca Total de Gilberto Gil é uma paródia do Jeca Tatu de Monteiro Lobato, uma vez que faz uma releitura crítica e irônica da personagem pré-modernista, além de alterar completamente a sua ideia original. Essa alteração se dá exatamente na oposição total entre Jeca Tatu e Jeca Total: o primeiro é o sertanejo atrasado, que mal sabe se expressar (“De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa.”), ao passo que o segundo é o cidadão integrado, que participa ativamente das questões democráticas do país (“Representante da gente no senado / Em plena sessão, / Defendendo um projeto”) e está totalmente integrado às dinâmicas socioculturais de uma metrópole (“Representante da gente na sala / Defronte da televisão”). O Jeca de Gilberto Gil é, assim, o “doente curado” do atraso e da exclusão. A alternativa incorreta é, portanto, a letra C.

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35Bernoulli Sistema de Ensino

Questão 17 – Letra BComentário: Para responder a essa questão, é preciso entender o conceito de paródia, procedimento pelo qual, com base em um texto-fonte, desconstrói-se o conceito ou a intenção original do texto, propondo uma reorientação da interpretação. Sabendo desse conceito, deve buscar nas alternativas aquela em que não há paródia, mas sim paráfrase, procedimento intertextual que recupera um texto, mas mantém o sentido de interpretação original. Isso ocorre na alternativa B, pois não se modifica a ideia de que as aparências não indicam as essências das pessoas. A paráfrase, nessa frase, indica uma intenção de mostrar que quem tem AIDS, não deve ser diminuído pelo fato de possuir essa doença.

Questão 18 – Letra DComentário: Gonçalves Dias, um dos principais representantes do Romantismo brasileiro, empregou, em muito de seus versos indianistas, um tom heroico e belicoso, ao tratar os costumes de guerra das tribos indígenas, transpondo o espírito guerreiro à dinâmica da vida, encarada então como uma luta perene contra as adversidades. Já o poema de Manuel Bandeira resgata as palavras de Gonçalves Dias para traçar o caminho inverso: ao invés de uma atitude extrovertida do eu lírico do poema de Gonçalves Dias, que encara a vida como luta, o movimento é de introversão e intimismo no poema de Bandeira.

Questão 19 – Letra DComentário: O poema de Drummond homenageia o cinquentenário de Bandeira, poeta brasileiro com grandes afinidades com Drummond. Para realizar essa homenagem, que ocorre por meio de um poema, o poeta mineiro recorre a poemas de Bandeira, atribuindo a esses versos uma dimensão confessional, pois se misturam com a própria vida de Bandeira. Ao recuperar alguns dos versos de Bandeira, Drummond acaba reconstruindo, em seu poema, a atmosfera de solidão, melancolia e morte que perpassa toda a obra de Bandeira, sem deixar de demonstrar traços de vanguarda que caracterizam sua poesia desde seu primeiro livro. Não se pode dizer que o lirismo é exacerbado, pelo contrário, há uma concisão que instaura a tensão retomada da poesia de Bandeira; da mesma forma, não há paródia, pois não se descontrói o texto primeiro. Isso faz com que apenas as afirmativas I e II estejam corretas e, consequentemente, a alternativa D.

Questão 20 – Letra C Comentário: Todas as afirmativas referentes à relação intertextual entre o texto poético e o produto que ele retoma estão corretas. Isso porque o texto visual é realmente paródia de um produto (uma caixa de Chicletes), o que aparece evidenciado, inclusive, pelos trocadilhos presentes nas palavras “mascarar” e “mental”, que remontam, sarcasticamente, aos termos “mascar” e “menta”. Além disso, o modo como a letra C, de “Clichetes”, foi grafada permite ao leitor associá-la não apenas a uma clave musical, como também a um cifrão, o que sugere uma alusão musical e financeira. É possível afirmar, portanto, que o aspecto paródico encontra-se não só no plano verbal, mas também no não verbal, no emprego da disposição das palavras dentro do campo icônico do texto.

Seção Enem

Questão 01– Letra EEixo cognitivo: IICompetência de área: 5Habilidade: 17Comentário: No texto de Iotti, a expressão “quadro dramático” é polissêmica, e tanto pode fazer referência à cena do bombardeio de Guernica, captada e traduzida por Picasso, quanto, numa perspectiva contemporânea, ressaltar a situação caótica e, portanto, dramática do trânsito nas grandes cidades.

Questão 02 – Letra CEixo cognitivo: IIICompetência de área: 5Habilidade: 16 Comentário: A concepção do fazer poético veiculada pelo eu lírico no poema da questão valoriza os aspectos subjetivos da contemplação criativa da realidade, em que a dimensão humana se estabelece em franca reciprocidade e respeito não invasivo do objeto contemplado pelo artista.

Questão 03 – Letra AEixo cognitivo: IICompetência de área: 5Habilidade: 15Comentário: No texto de Cornélio Pires, o narrador, como aparece retratado na letra A, “apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena”. Não há, por parte do narrador, nenhuma postura pejorativa ou condenatória no que se refere aos costumes e à linguagem coloquial empregada pelas personagens.

Questão 04 – Letra AEixo cognitivo: IICompetência de área: 6Habilidade: 18Comentário: A proximidade do narrador de terceira pessoa em relação ao ponto de vista da personagem Miguilim, inclusive no que diz respeito à questão espacial, encontra-se evidenciada na letra A da questão: “O homem trouxe o cavalo cá bem junto”. A expressão “cá bem junto” evidencia como o narrador retrata a cena a partir da ótica da personagem infantil, bem como da dicção que o próprio Miguilim empregaria para retratar o episódio.

Questão 05 – Letra A Eixo cognitivo: II Competência de área: 7 Habilidade: 22 Comentário: Tanto Adélia Prado quanto Chico Buarque estabelecem um diálogo intertextual com o “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade, por meio da “reiteração de imagens”, como aparece sugerido na letra A da questão. No poema de Adélia, a voz poética feminina afirma que, ao nascer, também lhe informaram sobre a sua condição gauche, azarada, difícil – que é a condição de qualquer mulher na sociedade patriarcal e machista. Por sua vez, no texto descontraído de Chico, o eu lírico, desde o início, também fora avisado por um “anjo safado” de que ele seria um “ser errado”, um “esquerdo”. Entretanto, mesmo assim, ele irá “até o fim” nessa trajetória que, “já de saída”, lhe fora funestamente anunciada.

Questão 06 – Letra BEixo cognitivo: II Competência de área: 5Habilidade: 15Comentário: Entende-se que o texto I é uma paráfrase do texto II uma vez que há uma releitura da pintura de Jacques- -Louis David, ou seja, há a apropriação deliberada de uma obra, mas reescrevendo-a com outro material, no caso da obra do artista plástico contemporâneo Vik Muniz, o material é o lixo. O título “Lixo extraordinário”, do Texto I, evoca justamente a releitura de obras consagradas (extraordinárias) utilizando o lixo como matéria-prima.

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36 Coleção EM1

CAPÍTULO – C1Língua e linguagem

Exercícios de aprendizagem

Questão 01 Comentário: Se observarmos os seguintes versos retirados de diferentes estrofes do poema, perceberemos que as palavras “língua” e “linguagem” são tomadas como sinônimos:A linguagemna ponta da língua,tão fácil de falare de entenderJá esqueci a língua em que comia,em que pedia para ir lá fora,em que levava e dava pontapé,a língua, breve língua entrecortadado namoro com a prima.Em ambas as estrofes, língua e linguagem referem-se à língua usada na comunicação cotidiana, diferente da língua padrão, distante e desconhecida por aqueles que chegam à escola.

Questão 02Comentário: Quando o sujeito lírico afirma serem dois o português, ele faz referência aos diferentes registros linguísticos. O primeiro, o informal, típico da língua falada; o outro, o formal, típico da língua escrita, ou seja, a língua padrão.Quando usa a língua no cotidiano, o eu-lírico percebe ter domínio do sistema, mas quando precisa lidar com a língua padrão, sente-se, paradoxalmente, como alguém que não parece conhecer o próprio idioma: “A linguagem / na superfície estrelada de letras / sabe lá o que quer dizer?”; “Figuras de gramática, esquipáticas, / atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me”.

Questão 03 Comentário: A terceira estrofe sugere que o aluno concebe a Língua Portuguesa como parte de seu dia a dia, algo que ele domina e utiliza naturalmente. O professor, por sua vez, concebe a Língua Portuguesa como intrinsecamente ligada à norma-padrão, distante daquela que o aluno leva para a escola, como se aquela linguagem (a cotidiana) fosse apenas uma manifestação menor, que deveria ser substituída pela norma-padrão.

Questão 04 Comentário: A palavra “amazonas”, no 10º verso, 3ª estrofe, funciona como uma hipérbole, a qual, no contexto, evidencia não somente as diferenças entre língua falada e escrita, mas também o sentimento que muitos experimentam, na escola, ao serem apresentados ao português formal, padrão.

Questão 05 Comentário: A) “Vai desmatando” = vai elucidando, apresentando aos

falantes do português brasileiro as normas gramaticais e o vocabulário típicos da língua padrão.

B) O papel do professor, ao introduzir o estudo da língua padrão, é crucial no que se refere à forma como o aluno vivenciará o processo de aprendizagem. É preciso perceber que cada um já traz uma competência no uso da língua, a qual não pode ser desconsiderada. Não há uma língua certa ou errada.

Cabe ao professor apresentar outro uso da língua, adequado a certos contextos, de forma a capacitar os alunos a lidar com as variadas situações de uso do idioma. Assim, a forma como muitos alunos lidam com a aprendizagem do português na escola, às vezes negativa, depende da atuação do professor.

Questão 06 Comentário: Ao afirmar que as identidades indígenas foram talhadas de fora para dentro significa que suas histórias e culturas não foram descritas e escritas por eles mesmos, por pertencerem a uma comunidade de tradição oral da linguagem. Assim, esse tipo de produção não partiu de uma perspectiva do próprio indígena, mas sim de uma comunidade não indígena que possibilitou a existência desses registros, que podem apresentar falhas e lacunas, não condizendo totalmente com a realidade. A cultura da escrita na comunidade indígena provavelmente desenharia uma realidade diferente, pois, descrevendo sua própria história, ela mesma poderia contar a sua trajetória, mostrar sua realidade sob sua perspectiva.

Questão 07Comentário: O vocábulo “simbólico” pode ser visto ao longo do texto em 4 momentos. No primeiro parágrafo, o termo “sistemas simbólicos” pode se referir a alguma forma de linguagem, de comunicação, um sistema de sinais que representa a materialização da comunicação. No segundo parágrafo, “bens simbólicos” pode se referir a bens imateriais da cultura indígena. No último parágrafo, há os termos “rituais simbólicos” e “solo simbólico”, que podem se referir, respectivamente, a algum conjunto de costumes, cerimônias ou protocolos praticados pelos indígenas e à identidade e história indígena.

Questão 08 Comentário: As tramas e os traumas podem ser os fatos que compõem a história de luta vivenciada pelos indígenas em busca de liberdade, de direitos, de sobrevivência. São todas as vivências de guerra, de disputa, de resistência pelas quais eles passaram em sua trajetória.

Questão 09 Comentário: Para responder a essa questão, é preciso elaborar um parágrafo mostrando por que os registros escritos de uma determinada cultura são importantes e quais são os benefícios disso. Para isso, é interessante apresentar argumentos baseados na relevância da transmissão de conhecimento de uma cultura para outras pessoas e mostrar como essas informações podem afetar e influenciar as próximas gerações, seu modo de vida, sua forma de refletir sobre o passado ou sobre o comportamento de outras sociedades, etc. Sem esses registros, muitas dessas histórias poderiam se perder e serem esquecidas, chegando ao ponto de serem desconhecidas pelas próximas gerações. É possível citar como exemplo fatos históricos ou a cultura de sociedades antigas estudados na atualidade e que refletem nos dias atuais, por exemplo, a luta do indígena, os presos políticos, etc.

Questão 10Comentário: O trecho “costumava usar a pia pensando que era privada” é um exemplo de linguagem informal, adequada a determinados contextos de comunicação. A reunião na Real Academia de Ciências indica a necessidade de se utilizar maior rigor na comunicação, pois o depoimento tem, de acordo com o contexto, o objetivo de apontar dados que possam auxiliar estudos científicos.

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37Bernoulli Sistema de Ensino

Questão 11Comentário: A inadequação do registro utilizado tanto pelo fóssil como pelo cientista e a credulidade de Darwin diante das afirmações absurdas do fóssil podem ser citados como recursos de produção de humor no texto.

Questão 12 Comentário: O trecho em destaque deve ser reescrito em discurso indireto e escrita formal, sem traços de oralidade e outras marcas típicas da linguagem informal.Exemplo:O guia afirmou que o turismo na favela é um pouco invasivo. Anda-se em ruelas apertadas em que as janelas abertas expõem os moradores a turistas inconvenientes, que invadem a privacidade alheia e geram mal-estar. Certa vez, o guia relatou um fato presenciado por um colega de trabalho durante uma visita: um turista introduziu a mão pela janela de uma casa e tirou a tampa da panela de uma moradora que cozinhava naquele momento. Irritada, ela o repreendeu com um tapa em sua mão.

Exercícios propostos

Questão 01Comentário: A) A linguagem coloquial pode ser exemplificada por meio do

uso de “(ganhou) a parada”, “a gente”, “minha impressão é que” ou “ia invadir e tomar”.

B) Trata-se de usos frequentes em uma situação de entrevista (transcrição de fala). A justificativa também poderá ser dada pela substituição por formas equivalentes no padrão escrito culto, como, por exemplo, “nós” em vez de “gente”.

Questão 02 – Letra BComentário: A leitura atenta do texto permite perceber a resposta no seguinte trecho: “[...] a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comentou que o bilhete não precisava ser interpretado como um desaforo, embora passasse um sentimento de libertação.” Nesse caso, o significado mais profundo está no sentimento de libertação, resultado da aprendizagem e da possibilidade de expressão.

Questão 03 – Letra BComentário: Pode-se afirmar que o título do artigo remete o leitor àqueles que realmente escrevem cartas, pois se apropria de uma expressão comumente encontrada no início de muitas cartas, configurando, dessa forma, um procedimento intertextual.

Questão 04 Comentário: As marcas formais da diferença entre a variante não padrão, falada pelo interlocutor 2, e a norma-padrão, falada pelo interlocutor 1, são: “rapaziada”, “são mais como era”, “nós ia”, “nós saía”, “nós levava”, “saía com nós, né”, “nós ficava ali”, “arguma”, “nós vinhesse”. Percebe-se, por essas marcas, que se trata de um interlocutor de pequeno grau de escolaridade e, provavelmente, baixa condição social, uma vez que, em sua fala, ocorrem desvios de concordância verbal, emprego de pronomes pessoais, flexão do verbo e pronúncia.

Questão 05 Comentário: O Aiuruetê é um programa que converte um texto escrito em falado, como se o lesse. Quando, no texto, diz-se que tal programa “[...] finalmente começou a ganhar fluência na Língua Portuguesa.”, a mensagem é de que o sistema que o controla foi equipado com as unidades fonéticas específicas da Língua Portuguesa.

Questão 06Comentário: Segundo o texto, é óbvio que cada língua exige uma base de dados diferente para um programa como o Aiuruetê, que converte texto escrito em fala, porque a pronúncia das palavras muda de uma língua para outra. Ainda que façam uso de um mesmo alfabeto (por exemplo, o latino, na maioria das línguas ocidentais), cada letra é pronunciada de um jeito em cada idioma, muitas vezes podendo representar mais de um som, como a letra “x” do nosso alfabeto, conforme exemplificado no texto. Desse modo, torna-se “óbvio” criar uma base de dados fonéticos exclusiva para cada língua.

Questão 07 Comentário:

A) “Apurar as cordas vocais e os ouvidos da máquina” significa aperfeiçoar, aprimorar, refinar a capacidade de o programa sintetizar os textos, imprimindo entonação expressiva à transcrição.

B) Pode-se utilizar qualquer exemplo de frase que apresente ponto de exclamação ou de interrogação. As reticências que evidenciam suspensão do pensamento e as interjeições também são exemplos adequados.

Questão 08 Comentário: É preciso identificar o paradoxo presente no trecho escrito por Carolina Maria de Jesus. Nele, lado a lado podem-se identificar marcas da oralidade e refinamento na seleção lexical, desvios de concordância verbal e adequado emprego de pronomes oblíquos átonos.

“Era 19 horas” x “Começou a espancá-la”.

“Eu não imprecionei” x “Já estou acostumada aos espetáculos que ele representa”.

“Ele deu-lhe com um ferro na cabeça” x “A notícia circulou”.

Questão 09 – Letra BComentário: Em relação à construção “Gooool! Gooool!”, as afirmações I e III estão corretas, pois a repetição da vogal sugere a pronúncia da palavra, no caso, duradoura; enquanto que a repetição da palavra e do ponto de exclamação, por sua vez,representa a intensidade com que foi feita a pronúncia. A afirmação II está incorreta, porque o alongamento da vogal não tem como objetivo representar a “entonação descendente do grito”, mas apenas demonstrar o quanto ele foi intenso e duradouro, conforme explicitado anteriormente. Está correta, portanto, a alternativa B.

Questão 10 – Letra EComentário: O fragmento “Por causa da bola de couro amarelo que não parava”, reescrito de acordo com a norma-padrão, fica como apresentada na alternativa E da questão: “Pelo fato de que a bola de couro amarelo não parava.”. A alternativa A está incorreta, pois a locução “por causa que” não está de acordo com a norma-padrão, devendo ter sido substituída por “porque”. Já a alternativa B está incorreta porque a locução “por que” é interrogativa, não indicando causa, devendo, assim, também ter sido substituída por “porque”. Na alternativa C, o erro está na locução “pelo fato que”, a qual exige a preposição “de” antes da conjunção “que”. Por sua vez, a alternativa D também está incorreta, porque a expressão “devido que” não é aceita pela Gramática Normativa, devendo ser substituída por “devido a”, além de ser necessário inserir o pronome relativo “que” antes de “não parava”, definindo a oração subordinada adjetiva restritiva que determina a “bola de couro amarelo”.

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Questão 11 – Letra AComentário: As orações “Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.” estabelecem relação de coordenação, podendo ser separadas por vírgulas. Já “Parecia um louco” é a oração principal que explica as ações expressas nas demais, podendo, portanto, ser isolada destas. Assim, outra forma correta de pontuação, que manteria essas relações entre as frases, é a indicada na alternativa A: “Parecia um louco: driblou, escorregou, driblou, correu, parou, chutou...”.

Questão 12Comentário: Quando observamos a sequência dos quadrinhos, percebemos que as antenas da barata foram “ligadas”, por acaso, na tomada de energia elétrica. “Tô ligaaaaaaado!”, nesse contexto, evidencia o choque recebido, e a sequência de vogais repetidas busca reproduzir o tremor resultante dessa descarga elétrica.

Questão 13Comentário: A) Adonde x preceito “No momento em que” (emprego adequado do relativo

precedido da preposição “em”) x “a mulher mais” (em vez de “e”) “estavam sapecando um capado matado indagorinha” (reprodução da pronúncia típica da oralidade).

B) “Sapecando” (1º parágrafo), “enconvidou” (2º parágrafo), o estômago “roncava” (3º parágrafo), “desembuchou”, “guspiu”, “carecia”.

Questão 14 Comentário: A) Entre outros trechos indicadores de que Piano não disse

a frase de maneira direta e objetiva, pode-se mencionar: “O pedido não foi formulado assim de um jato só não. Piano roncou, guspiu de guincho, falou uns ‘quer dizer’, ‘num vê que’, coçou-se na cabeça e na bunda, consertou o pigarro.” Percebe-se, nessa passagem, a hesitação da personagem, sua inquietação e seu constrangimento em fazer o pedido. As informações ainda sugerem aspectos do comportamento da personagem que sua fala não revela, como a gestualidade e o rodeio ao falar.

B) Piano, ao falar, manifesta um jeito de ser hesitante, inquieto, preocupado, tenso. Isso desperta a desconfiança de Seu Joaquim, como se pode perceber no trecho seguinte: “É procê mesmo, que mal pergunte?” Piano, diante dessa pergunta hesita novamente, negando que o empréstimo fosse para ele mesmo. Quando diz que era para “plantar a roça do Seu Elpídio Chaveiro”, obtém a negativa do empréstimo. Se o pedido fosse feito de forma direta e segura, não teria levantado as suspeitas que impediram Piano de obter o que desejava.

Questão 15 – Letra AComentário: A valorização da Língua Portuguesa é essencial, mesmo na contemporaneidade, em que a imagem, muitas vezes, tende a se sobrepor à escrita. No entanto, essa valorização não deve ter como objetivo impedir que o idioma seja “extraviado”, “deturpado” ou substituído por outro de maior prestígio social, mas se atentar para o fato de que toda língua é viva e dinâmica, tendo a capacidade de refletir “os processos de vivência e as transformações por que a sociedade passa”, conforme indica a alternativa A da questão. Nesse sentido, ao valorizarmos a nossa língua, em todas as suas manifestações e variações, estamos valorizando o movimento criativo da nossa própria cultura, inserida em uma época e em um contexto específico, os quais exigem determinadas e diversas formas de comunicação.

Questão 16 – Letra BComentário: No que o autor do texto chama de “apartheid linguístico”, a língua é entendida de maneira limitada, na qual sua essência dinâmica e flexível não é considerada. Isso acaba por definir todo um idioma com base em uma única variedade considerada “correta”, a qual, na maioria das vezes, é aquela que segue as regras da Gramática Normativa e é falada por uma elite socioeconômica. Valorizar uma variedade em detrimento de outras, nesse movimento separatório e excludente, desvaloriza exatamente as variantes linguísticas das classes menos favorecidas socialmente, conforme indicado na alternativa B.

Questão 17 – Letra BComentário: Defender a existência de uma “realidade plurilinguística” implica afirmar que uma língua está aberta a receber as influências das mudanças socioculturais vivenciadas por seus falantes em determinada época e lugar. Tais mudanças são efetivadas na língua com a atualização do seu vocabulário, em que o contato com outras realidades e o surgimento de novos fenômenos que precisam ser nomeados faz com que palavras sejam excluídas, criadas ou apropriadas de outros idiomas. Esse movimento na estrutura vocabular de uma língua atinge um ponto máximo com a comunicação de massa, em que os mais diferentes contextos socioculturais são postos em circulação e apropriados pelos falantes, que passam a refleti-lo em sua expressão linguística. Toda essa dinâmica não reduz o vocabulário de uma língua, conforme indica a alternativa B; ao contrário, torna-o cada vez mais rico e criativo.

Questão 18 – Letra C Comentário: É importante apresentar aos alunos a diferença entre registro (referente aos graus de formalidade / informalidade no uso da língua) e dialeto (referente a variações de ordem geográfica, nível de escolaridade, idade, profissão).

Questão 19 – Letra CComentário: No trecho de Lima Barreto, a linguagem é posta como a característica própria dos humanos que possibilitou à nossa espécie o domínio sobre as demais e sobre o ambiente. A comunicação por meio da linguagem seria, dessa maneira, a habilidade que nos permite sermos sociáveis, multiplicando e somando o nosso pensamento e, por extensão, nossos conhecimentos com os indivíduos com os quais convivemos. Está correta, portanto, a alternativa C. A alternativa A está incorreta, porque não é mencionado no trecho nada a respeito da superioridade física de outros animais em relação ao ser humano. A alternativa B também está incorreta, uma vez que, no trecho, a linguagem humana não é vista como resultado de forças naturais; ao contrário, ela é a habilidade própria da nossa espécie que permite o domínio mínimo e o aproveitamento de tais forças. Já a alternativa D está incorreta porque, no trecho, não se fala que a linguagem possibilitou aos humanos transmitir sentimentos, tampouco que estes são exclusivos da nossa espécie.

Questão 20 – Letra CComentário: No trecho “Quando falamos em nossa terra, ou na terra dos pais, não pensamos apenas nos acidentes geográficos que desenham a paisagem nos olhos.”, a oração destacada está escrita na vertente conotativa da língua, dando a essa passagem um caráter poético e subjetivo.

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Manual do Professor

39Bernoulli Sistema de Ensino

Seção Enem

Questão 01 – Letra AEixo cognitivo: ICompetência de área: 8Habilidade: 25Comentário: No texto, o eu lírico conta sobre a sua chegada a Lisboa, suas ações praticadas e os resultados delas. Suas ações começam a ser contadas em português brasileiro e terminam em português de Portugal, revelando que, a cada ação realizada, ele descobre como o vocabulário do português de Portugal varia em relação ao do Brasil.

Questão 02 – Letra CEixo cognitivo: ICompetência de área: 8Habilidade: 27Comentário: Os termos “entendeu” e “né”, na fala transcrita, funcionam como “marcadores conversacionais”, isto é, elementos que garantem o fluxo comunicativo, indicando os turnos de fala e, ainda, garantindo ao enunciador a atenção do seu interlocutor, conforme indica corretamente a alternativa C.

Questão 03 – Letra DEixo cognitivo: ICompetência de área: 8Habilidade: 26Comentário: A discussão dos dias atuais em relação ao uso da língua se refere à sua adequação às várias situações de comunicação, não a mantendo engessada em um único padrão de correção. Sírio Possenti defende essa postura e mostra, com clareza, que não há somente uma possibilidade de correção linguística, como é afirmado na resposta D.

Questão 04 – Letra EEixo cognitivo: ICompetência de área: 8Habilidade: 26Comentário: O movimento da variação linguística estabelece a relação entre a língua e seu contexto de uso. Sendo assim, usa-se a coloquialidade na língua em situações informais e a norma-padrão em situações de formalidade. A bíblia é tratada de modo sério e solene, mas Verissimo dá a ela um tratamento informal, quebrando a expectativa da relação entre uso da língua e contexto, gerando o efeito de humor no texto.

Questão 05 – Letra DEixo cognitivo: ICompetência de área: 8Habilidade: 25Comentário: A marca de oralidade ocorre na redução da preposição “para” em “pra” e na expressão “pra valer”, que ilustra outro exemplo de coloquialidade.

Questão 06 – Letra BEixo cognitivo: ICompetência de área: 7Habilidade: 21Comentário: Segundo o dicionário Aurélio, indício significa “marca que denuncia algo, sinal, vestígio”, ou seja, algo que mantém relação natural, existencial com aquilo que significa, o que ocorre com pegadas de sapato no solo, marcas que denunciam a passagem de alguém.

Questão 07 – Letra BEixo cognitivo: IICompetência de área: 5Habilidade: 16Comentário: A dança é apontada como sublimação, rompimento das fronteiras do ser como se pode perceber nos seguintes versos: “Um estar entre céu e chão,novo domínio conquistado,onde busque nossa paixãolibertar-se por todo lado...”

Questão 08 – Letra BEixo cognitivo: ICompetência de área: 7Habilidade: 21Comentário: Percebe-se, ao se analisar o gráfico, que o interior de São Paulo vem apresentando contínuo crescimento econômico, responsável pelo enriquecimento da região, fator que justifica a atração à criminalidade.

Questão 09 – Letra EEixo cognitivo: ICompetência de área: 7Habilidade: 21Comentário: Percebe-se, pela análise do gráfico, que no período de 1970-2000 houve um aumento contínuo dos grupos de adultos e de idosos, fato que indica um processo de amadurecimento da população. A projeção para 2050 indica que haverá uma redução percentual no número de adultos e um contínuo crescimento do número de idosos no país.

CAPÍTULO – C2Palavras, sentidos e intenções Exercícios de aprendizagemQuestão 01 Comentário: Os significados das palavras destacadas nesse exercício são diferentes dos que comumente atribuímos a elas. Assim, os sentidos atribuídos a essas palavras são:A) problema, algo difícil de ser resolvido;B) bobagens, inutilidades;C) convencer, persuadir, às vezes de maneira ardilosa;D) pessoa que comparece a festas ou reuniões sem que seja

convidada;E) homem robusto, forte.

Questão 02 Comentário: O criador da personagem Mafalda, Quino, é argentino, por isso o país a que se faz referência na tirinha é a Argentina.A) Para Mafalda, a palavra “estrangeiro” refere-se a todos os

países com exceção da Argentina, seu próprio país. Essa afirmação independe de quem fala (do enunciador). Por outro lado, Manolito entende “estrangeiro” em referência a qualquer país, dependendo de quem fala (do enunciador). No caso específico, refere-se à própria Argentina, país de migração do pai de Manolito.

B) As palavras / expressões que poderiam ser utilizadas são: deixar, veio, o país, um país, (Pátria) dele, (pra) cá, este (não é um) país.

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Observa-se que “o país”, que ocorre na primeira fala de Mafalda, é retomado de forma diferente por Manolito e Mafalda. Ele retoma o termo a partir da generalização (todo e qualquer país), e ela, de maneira específica (a Argentina). Além disso, “dele”, “cá” e “este” marcam a perspectiva de quem fala (o “Eu”). Assim, na referência de “estrangeiro” construída pela personagem Manolito, “dele” e “cá” constroem a diferença espacial entre a localização do país de origem e a do país de destino do pai da personagem (nesse caso, a Argentina é o país estrangeiro do pai de Manolito). A presença do verbo “vir” marca bem esse movimento do fora para o aqui. Por outro lado, “este”, ao marcar a proximidade do objeto (país) com o “Eu” que fala (Mafalda), localiza a personagem na Argentina, e por isso o verbo “deixar” marca bem o movimento do aqui para o fora.

Questão 03 Comentário: O pressuposto é o de que a unificação ortográfica garantiria a unidade linguística. Esse pressuposto é inadequado, uma vez que a língua não é constituída apenas por sua ortografia, mas também por aspectos semânticos, sintáticos, fonológicos e discursivos. Ademais, é preciso considerar a relação histórica do falante com a língua que se territorializa em um dado espaço e tempo.A quebra do pressuposto se dá na dificuldade de compreensão semântica de itens lexicais usados no português de Portugal, como “bicha”, “bica” (que, no português brasileiro, têm significados diferentes) e “peúgas” (que não é usado no português do Brasil). Explicita-se nessa quebra uma das várias diferenças entre o português brasileiro e o europeu.

Questão 04Comentário: A) A palavra “histórias” significa, no contexto da peça

publicitária, a narração de acontecimentos, a troca de ideias, a expressão de sonhos que estão registrados nas cartas, presentes e encomendas que os Correios entregam, via SEDEX.

B) O papel dos Correios torna-se mais humanizado quando se evidencia o fato de que eles são um meio de aproximar pessoas, facilitar a entrega de cartas, encomendas e documentos que fazem parte do cotidiano e da vida dos usuários.

Questão 05Comentário: A) denotaçãoB) conotaçãoC) denotação

D) denotaçãoE) conotação

Questão 06Comentário: A) “Primeira mulher a ir para o espaço”.B) A expressão indicada em A, se interpretada em sentido

literal, sugere que tia Alice teria sido a primeira mulher a viajar para o espaço, a pioneira. Caso seja lida em seu sentido conotativo, sugere que tia Alice morreu devido à explosão de um bujão de gás. Na tirinha, a quebra de expectativa ocorre quando a resposta de Joãozinho à pergunta que lhe fora feita na escola demonstra que professor(a) e aluno entenderam a expressão de forma distinta.

Questão 07Comentário:A) Segundo o noticiário, a farinha era utilizada para fazer

pílulas; na charge, as pílulas é que são utilizadas, em lugar da farinha, para fazer pizza.

B) A expressão “depois que virar pizza” sugere que colocar anticoncepcionais ao invés da farinha não alterará a constituição da receita, uma vez que os anticoncepcionais, tal como a pizza, seriam feitos de farinha. Além disso, essa expressão pode sugerir que trocar a farinha pelo anticoncepcional traria as mesmas consequências da adulteração dos anticoncepcionais: isso poderia ser feito sem temer punições ou retaliações.

C) A expressão idiomática referida é “acabar em pizza”, que significa “não dar em nada”. Essa expressão é popularmente utilizada quando não há punições nem retaliação aos culpados por um algum erro, falha ou crime.

Questão 08Comentário:A) O trecho que não deve ser tomado de forma literal é “Até lá

os mosquitos transmissores da malária estão proibidos de picar os índios”, uma vez que, se assim fosse, haveria uma interpretação equivocada da notícia.

B) O trecho sugere que a lentidão do Ministério da Saúde é tão grande, que a única solução possível no momento seria proibir os mosquitos de picar os índios, o que, por ser absurdo, ressalta a ineficiência desse órgão e o descaso com que os Ianomami de Rondônia são tratados.

Questão 09Comentário:A) A palavra utilizada de forma polissêmica é “veículo”, uma

vez que ela pode assumir duas acepções no contexto em questão. A primeira está associada ao transporte de pessoas ou coisas, à ideia de automóvel. A segunda, por sua vez, significa “veículo de mídia”, meio de comunicação que transmite algum assunto ou conteúdo. Os dois sentidos podem ser encontrados no verbete do Dicionário Houaiss: “veículo: qualquer meio para transportar ou conduzir pessoas, animais ou coisas”; e também “conjunto de técnicas que dá aos homens a possibilidade de se comunicarem entre si”.

B) Na tirinha, é possível também identificar não só um efeito humorístico, como também um efeito crítico. Esse efeito está associado à denúncia da baixa qualidade dos programas de televisão. Segundo o jornal que o personagem Felipe está lendo, tal meio de comunicação deveria ser um veículo de cultura, mas possui, de fato, uma programação muito aquém da aceitável. Isso pode ser visto nos balões e no susto das personagens no terceiro quadrinho, que evidenciam o problema da violência na televisão.

Questão 10Comentário: Os sentidos são: muito açucarado, terno, encantadora, suave e benevolente, respectivamente.

Questão 11Comentário: 1. As pessoas não sabem que há, na paróquia uma área especial

para crianças / as pessoas não sabem que têm filhos. Comunicamos a todos que têm filhos que há, na paróquia,

uma área especial para crianças.2. A tragédia seria o gênero da peça teatral / a qualidade

da apresentação seria questionável, ruim, ou seja, uma tragédia.

Na sexta-feira [...] da tragédia Hamlet, de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada a assistir essa peça teatral.

3. Coisas inúteis: objetos sem uso que podem ser doados, como roupas, panelas ou os maridos seriam “coisas inúteis”.

[...] É uma boa ocasião para doarem aquilo de que não precisam mais. Contamos com a presença de todos no bazar.

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4. A paróquia agradece aos maiores de 60 anos a participação nas atividades / Sugere-se que a comunidade ficará aliviada com as férias dos participantes do coro, pois não cantam bem.

As atividades do coral dos maiores de 65 anos estarão suspensas durante o período das férias de verão. A comunidade agradece a participação deles durante o ano e aguarda o reinício das atividades do coral após o recesso.

Questão 12Comentário: A) Em “sem ter que pagar”, o verbo “ter” indica obrigação.

Em “ter o samba pra cantar” o sentido é o de posse.

B) Podem-se citar inúmeras frases, entre elas:

– Tenho que viver bem.

– Eu tenho apenas 1 real.

Questão 13Comentário: A) Receber:

- Recepcionar, atender a mãe.

- Aceitar o pagamento de uma dívida em dinheiro.

B) Tomar:

- Pegar um táxi.

- Ingerir, beber um táxi.

No primeiro caso, a resposta do filho é uma bem-humorada deturpação da pergunta; no segundo, a sugestão ou de uma interpretação totalmente equivocada, ou de uma deturpação proposital do sentido do verbo “tomar”.

Exercícios propostos

Questão 01 Comentário: A) Homens-bomba.

B) Esse termo permite duas leituras: a de que ele seria um homem que toma anabolizantes, se considerarmos os músculos trabalhados e a forma como ele se veste, típica de fisiculturistas e a de que ele seria um homem disposto a se explodir como os que existem no Oriente Médio, interpretação possível se observarmos os outros homens na fila.

Questão 02 – Letra A Comentário: Em “Lindomar pediu a Ivan para sair”, ocorre ambiguidade no elemento “a Ivan”, que pode ser o sujeito a quem se pediu permissão para sair ou o sujeito a quem foi solicitado que se retirasse. No primeiro caso, “a Ivan” é objeto indireto de “pediu”, e “para sair” exerce a função de objeto direto (o que foi pedido). Já no segundo, “a Ivan” continua sendo objeto indireto, entretanto, a oração “para sair” deve ser reescrita de forma a se transformar em oração subordinada substantiva objetiva direta, o que dará mais clareza a essa segunda possibilidade: “Lindomar pediu que Ivan saísse”. Nesse caso, “que Ivan saísse” é o objetivo direto de pediu.

Questão 03 – Letra BComentário: “Ainda”, no contexto da frase, significa “até o momento”, diferindo do sentido dado pelo sinônimo na alternativa (sentido de “pelo menos”).

Questão 04 – Letra BComentário: Apenas na frase da alternativa B a palavra sublinhada (“batendo”) está empregada em seu sentido denotativo, ou seja, literal. Em A, “embriagava-se” assume o sentido de “encher-se de algo”; como no contexto o objeto do qual se embriaga é abstrato (uma paisagem), percebe-se que ele foi empregado em sentido conotativo. Em C, o termo “afagava” expressa a ação da brisa, que, nesse caso, está personificada, exprimindo, também, a vertente conotativa da língua. O termo “iluminou-se”, na alternativa D, também está usado em sentido conotativo, pois atribui a um elemento abstrato (“sorriso”) uma ação concreta (“iluminar”). Por sua vez, na alternativa E, o termo “assobiar” também atribui uma ação humana a um elemento não humano (“pneu”), sendo, portanto, empregado no sentido conotativo.

Questão 05 – Letra EComentário: A ideia central do provérbio “Uma andorinha só não faz verão.” é a solidão, indicando que as coisas são melhores quando feitas em companhia de outros indivíduos. Em “Nem tudo que reluz é ouro.”, a ideia principal é a de prudência, de que as coisas devem ser analisadas e ponderadas antes de serem definidas. Já o provérbio “Quem semeia ventos colhe tempestades.” exprime a ideia de punição, no sentido de que uma ação negativa terá consequência também negativa. Por fim, a expressão “Quem não tem cão caça com gato” expressa a noção de adaptação, de saber utilizar os recursos disponíveis na solução de problemas. Está correta, portanto, a sequência indicada na alternativa E.

Questão 06 – Letra EComentário: A frase veiculada pela revista Veja, da maneira como foi escrita, dá a entender que aqueles estagiários que “têm jeito e paciência para cuidar de crianças” não devem receber o investimento necessário, sendo preteridos pelos brinquedistas.No entanto, esse entendimento é errôneo e incoerente, pois o que a frase quer dizer é que os brinquedistas possuem jeito e paciência para cuidar de crianças, e por isso deve-se investir mais em brinquedistas que em estagiários. Apenas a inserção da vírgula antes do “que” não resolveria a situação, uma vez que somente tornaria a informação explicativa, não restritiva. Assim, apenas a mudança de termos conseguiria resolver o problema. A ordem que não provocaria ambiguidade é: “[...] defendemos a adoção de normas e o investimento na formação de brinquedistas, que têm jeito e paciência para cuidar de crianças, pessoas bem mais preparadas para a função do que estagiários”. Portanto, a resposta é letra E (mudança dos termos).

Questão 07 Comentário: A) Escalar a montanha mais alta do mundo em outros continentes;

porque a montanha mais alta do mundo é uma só, e, portanto, não pode haver uma em cada continente.

B) A legenda da foto procura evidenciar que o alpinista cego pretende escalar a montanha mais alta de cada continente.

Questão 08 – Letra EComentário: A alternativa E não apresenta referência para o vocábulo “mesmo”, pois não é possível recuperar com certeza a que termo “mesmo” se refere. Além disso, o trecho apresenta problemas na sua própria construção, o que acaba por dificultar ainda mais a referência.

Questão 09 – Letra CComentário: A palavra “eloquência”, em “eu não parecia capaz de tamanha eloquência.”, tem o sentido de “expressar-se com facilidade e clareza”. Pode-se afirmar que ela é um indicativo de que o texto foi escrito há muitas décadas, pois, na linguagem corrente, simplificamo-la e apenas dizemos que um indivíduo “sabe se expressar” ou “se expressa bem”. Está correta, portanto, a alternativa C.

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Questão 10 – Letra BComentário: No texto de Rubem Braga, não há a presença de eufemismo, figura de linguagem que ameniza o sentido de uma expressão ou palavra, o que torna incorreta a alternativa B. Por outro lado, são encontradas no texto hipérboles, metáforas e comparações, como em “a salvadora miraculosa de cidades e nações”, “eu chamo a lágrima de ‘traidora inconsciente dos segredos d’alma’” e “uma gota de água ardente como o desejo”, respectivamente.

Questão 11 – Letra AComentário: Na crônica em análise, Rubem Braga chama de “glória literária” o pequeno sucesso que teve com as redações que produziu na escola. Esse sucesso é contado por ele como algo que lhe causou comoção e muito orgulho, conforme indica a alternativa A. Mesmo quando uma única redação foi capaz de pôr fim a essa pequena glória literária, o autor não se desesperou, ainda sendo capaz de relembrar o fato com emoção, o que invalida a alternativa B. As alternativas C e D também estão incorretas, pois o tema da importância das redações escolares ou a crítica a professores que tornam públicos os insucessos de seus alunos não são abordados no texto.

Questão 12 – Letra DComentário: Todas as alternativas, com exceção da letra D, apresentam elementos que não são primazia ou não se encontram, de qualquer maneira, na crônica de Rubem Braga. O pessimismo não pode ser concluído da experiência ruim que acontece com o autor, ao final do relato. As mágoas, embora sejam o ponto central da má experiência ao final, com o texto reprochado pelo professor, não é, certamente, a tônica da crônica, assim como o arrependimento. Portanto, resta a letra D, rememorações, o que, de maneira geral, é realmente o que acontece, por se tratar de uma memória selecionada pelo autor e repassada em seus acontecimentos, bons e ruins.

Questão 13 – Letra DComentário: Praticamente todas as palavras em itálico são palavras estrangeiras, não aportuguesadas. Portanto, a resposta correta é a letra D, “estrangeirismo”, procedimento linguístico que indica grande parte das palavras utilizadas no anúncio.

Questão 14 – Letra AComentário: Em seu texto, Claudio de Moura Castro reconhece a substituição do quadro-negro e do giz em sala de aula pelo PowerPoint, o que torna a alternativa B incorreta. Entretanto, ele ressalva que essa substituição é apenas instrumental, pois esse novo recurso não pode substituir o professor, o que invalida a alternativa D; tampouco o PowerPoint pode ser visto como o principal meio de aprendizagem e aquisição de conhecimentos, invalidando também a alternativa C, uma vez que, segundo o texto, “o PowerPoint não substitui nem o professor nem as leituras. O que ele substitui é o quadro-negro! Ele é um resumo e, bem sabemos, não se aprende em resumos. [...] Para aprender, precisamos dos exemplos e dos detalhes.”. A única alternativa correta é, portanto, a letra A, pois, em seu texto, Castro faz considerações sobre os benefícios e as desvantagens da utilização do PowerPoint, advertindo o leitor sobre o seu uso inadequado.

Questão 15 – Letra DComentário: Segundo o texto em análise, uma história não pode ser contada em uma apresentação de PowerPoint porque esse programa segue uma lógica rígida de enumeração e síntese. Esse tipo de estrutura não é compatível com a narração, que exige recursos linguísticos mais desenvolvidos e baseados não na linearidade, mas na dinâmica de relações e sentimentos humanos, que, por si só, não se prendem em nenhuma estrutura. Desse modo, conclui-se como correta a alternativa D.

A alternativa A está incorreta, porque o autor não afirma que histórias devam ser memorizadas e que tal tarefa é simplificada com o uso de slides. A alternativa B também está incorreta, uma vez que o autor coloca as imagens como simples pontos de referência, desencadeadores de inspirações, o que não diz respeito a contar uma história por meio de imagens, visto que isso poderia se tornar o que ele chama de “barafunda visual”. Já a alternativa C está incorreta porque o autor não trata em seu texto de estruturas narrativas e sua adaptação para o PowerPoint.

Questão 16 – Letra DComentário: A alternativa correta é a letra D, pois a questão solicita do aluno que perceba o significado da palavra destacada na frase, “Portanto”. Essa palavra é uma conjunção e significa “como consequência de..”, ou seja, possui o mesmo valor de outras palavras como “Assim” e “Logo”, esta última, palavra que aparece na alternativa D, tornando-a correta.

Questão 17 – Letra AComentário: A expressão “bem sabemos”, destacada na frase no enunciado da questão, é um comentário parentético do autor, o qual demonstra, por meio dela, a intenção do autor de expor o compartilhamento, entre leitor e autor, da informação subsequente, ou seja, o fato de que o uso de resumos não oferece estudo apropriado para qualquer assunto. Assim, a alternativa que veicula tal concepção é a letra A.

Questão 18 – Letra BComentário: A alternativa B não apresenta a correspondência entre significado do vocábulo “congestionamento” e o sinônimo sugerido, no contexto da frase. “Congestionamento” significa acumulação, de fluido ou de qualquer outra coisa (como no trânsito, o acúmulo de carros), diferindo do sentido dado pelo sinônimo na alternativa (sentido de “alinhamento”).

Questão 19 – Letra CComentário: As afirmativas I, II e IV estão coerentes com o texto, o que torna correta a alternativa C. A afirmativa III está incorreta, pois o autor afirma que, caso um aluno que faltou à aula leia o PowerPoint com a matéria em casa, entendendo-o, esse PowerPoint está por essência inadequado, uma vez que seu objetivo não é transmitir um conteúdo, mas apenas orientar uma apresentação, enumerando os tópicos principais do assunto tratado. Já a afirmativa V está incorreta porque o uso abundante de imagens não garante uma apresentação bem- -sucedida; ao contrário, esse excesso de imagens que pouco ou nada se relacionam com o que está sendo dito serviria apenas para poluir visualmente os slides e confundir o entendimento do interlocutor.

Questão 20 – Letra AComentário: No período da alternativa A, o verbo “deixa” transmite a ideia de exclusão, proibição, e não de permissão, conforme indicado nos parênteses.

Seção Enem

Questão 01 – Letra EEixo cognitivo: ICompetência de área: 6Habilidade: 18Comentário: O texto fala sobre a importância da Língua Portuguesa como ferramenta para um bom desempenho no mundo dos negócios e sobre a fragilidade dessa formação nas várias áreas de atuação, sugerindo a necessidade de aprimoramento das habilidades de comunicação dos profissionais do mercado. Assim, a expressão “a água está no joelho” revela a necessidade de atenção em relação ao uso da língua.

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Questão 02 – Letra AEixo cognitivo: ICompetência de área: 6Habilidade: 18Comentário: O significado da palavra “mandinga” pode ser entendido de acordo com o contexto sócio-histórico. Isso pode ser visto devido a algumas importantes questões, como o período das navegações portuguesas, quando o nome era dado à costa ocidental da África. Já o lado social relacionado ao termo diz respeito à visão que os colonizadores tinham a respeito dos povos que ali habitavam, considerando-os feiticeiros, o que reforça tanto o aspecto social quanto o aspecto histórico do termo.

Questão 03 – Letra CEixo cognitivo: IIICompetência de área: 7Habilidade: 21Comentário: Por meio de uma metáfora, a palavra “pesadelo” é empregada em sentido conotativo, evidenciando a dimensão das consequências resultantes do abuso sofrido pela criança e as sequelas psicológicas que marcarão a sua vida adulta, demostrando a importância da denúncia.

Questão 04 – Letra BEixo cognitivo: IIICompetência de área: 6Habilidade: 18Comentário: A venda, na imagem, remete conotativamente à omissão de informações e, simultaneamente, evidencia a impossibilidade de acesso a elas pelos usuários da rede.

Questão 05 – Letra A Eixo cognitivo: ICompetência de área: 4Habilidade: 14Comentário: As palavras “sambar” e “foxtrote” estabelecem uma antítese no texto, uma vez que o eu-lírico deixa evidente que:

Tudo aquilo Que o malandro pronuncia Com voz macia É brasileiro Já passou de português Amor lá no morro É amor pra chuchu As rimas do samba não são I love you E esse negócio de alô Alô boy, alô Johnny Só pode ser conversa de telefone.Portanto, samba e inglês, nessa perspectiva, não combinam.

Questão 06 – Letra C Eixo cognitivo: ICompetência de área: 8Habilidade: 25Comentário: A expressão “pra chuchu”, que tem caráter intensificador, é uma construção típica da linguagem coloquial. Se observada a norma-padrão, deveria ser substituída por “muito” ou “demais”.

Questão 07 – Letra B Eixo cognitivo: I Competência de área: 6 Habilidade: 20 Comentário: De acordo, principalmente, com os últimos versos da letra da canção de Noel Rosa, constata-se que ele avalia o uso de estrangeirismos uma agressão à cultura nacional. Segundo o compositor, o samba é um ritmo que deve ser cantado em língua brasileira (já diferenciada do português lusitano) e rimas que usem termos e expressões em inglês não poderiam fazer parte de letras desse estilo musical, identificador da típica cultura brasileira. As alternativas A e C contrariam a opinião do autor. A alternativa D não se confirma, uma vez que o compositor faz várias referências à linguagem informal e coloquial na música. A alternativa E também não procede, como é possível constatar nos versos: “Tudo aquilo /Que o malandro pronuncia / Com voz macia / É brasileiro”.

Sugestões de leitura para o professor• 50 contos. Machado de Assis. John Gledson (Org.). Companhia das Letras.

• A coerência textual. Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia. Contexto.

• A coesão textual. Ingedore Villaça Koch. Contexto.

• A produção escrita e a gramática. Lúcia Kopschitz Xavier Bastos e Maria Augusta Bastos Mattos. Martins Fontes.

• A questão do suporte dos gêneros textuais. Luiz Antônio Marcuschi. Depto. de Letras da UFPE.

• A técnica da comunicação humana. J.R. Whitaker Penteado. Pioneira.

• Admirável mundo novo. Aldous Huxley. Globo.

• Comunicação em Língua Portuguesa. Maria Margarida Andrade e João Bosco Medeiros. Atlas.

• Comunicação em prosa moderna. Othon Moacir Garcia. Fundação Getúlio Vargas.

• Contos fantásticos do século XIX. Italo Calvino (Org.). Companhia das Letras.

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•Dafalaparaaescrita:atividadesderetextualização.LuizAntônioMarcuschi.Cortez.

•Dionísio.Gênerostextuaiseensino.Lucerna.

•EraOdito.MarcelinoFreire.AteliêEditorial.

•Escritossobrepoesia.SilvaniaMariaPessoaet al.Scriptum.

•Experiênciacrítica.RonaldoBrito.CosacNaify.

•Fábulasfabulosas.MillôrFernandes.CírculodoLivro.

•Gênerosliterários.AngélicaSoares.Ática.

•Gênerostextuais:definiçãoefuncionalidade.LuizAntônioMarcuschi.In:ÂngelaP.Dionísio.Gênerostextuaiseensino.Lucerna.

•Gramáticadescritivadoportuguês.MárioA.Perini.Ática.

•Gramáticadoportuguêsfalado.RodolfoIlari(Org.).EditoradaUnicamp.

•Gramáticadosusosdoportuguês.MariaHelenaMouraNeves.EditoradaUnesp.

•Gramáticaeinteração:umapropostaparaoensinodegramáticanoprimeiroesegundograus.LuizCarlosTravaglia.Cortez.

•GramáticaHouaissdaLínguaPortuguesa.JoséCarlosAzeredo.PubliFolha.

•Intertextualidades:teoriaeprática.GraçaPaulino,IveteLaraCamargosWaltyeMariaZildaFerreiraCury.Lê.

•Introduçãoàlinguísticatextual.IngedoreVillaçaKoch.MartinsFontes.

•Introduçãoàsemântica:brincandocomagramática.RodolfoIlari.Contexto.

•Inútilpoesia.LeylaPerrone-Moisés.CompanhiadasLetras.

•LiteraturaBrasileira.LuísAugustoFischer.L&PM.

•LiteraturadePoesia.AlfredoBosi(Org.).Ática.

•Novasliçõesdeanálisesintática.AdrianodaGamaKury.Ática.

•Ocactoeasruínas.DaviArrigucciJr.LivrariaDuasCidades.

•Ohomemesuahoraeoutrospoemas.MárioFaustino.CompanhiadasLetras.

•Otextoeaconstruçãodossentidos.IngedoreVillaçaKoch.Contexto.

•Otudoeonada.CarlosHeitorCony.PubliFolha.

•Paródia,paráfrase&cia.AffonsoRomanoSant’Anna.Ática.

•Pequenodicionáriodeartepoética.GeirCampos.Cultrix.

•Preconceitolinguístico:oqueéecomosefaz.MarcosBagno.Loyola.

•Produçãotextual,análisedegênerosecompreensão.LuizAntônioMarcuschi.Parábola.

•Recortes.AntonioCandido.CompanhiadasLetras.

•Redaçãoetextualidade.MariadaGraçaCostaVal.MartinsFontes.

•Repensandoatextualidade.MariadaGraçaCostaVal.In:LínguaPortuguesaemdebate:conhecimentoeensino.JoséCarlosAzeredo.(Org.).Vozes.

•Sonetos.FlorbelaEspanca.L&PM.

•Teorialexical.MargaridaBasílio.Ática.

•Tipostextuaiseintertextualidadegenérica.EdnaPagliariBrun.Disponívelem:<http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_224.pdf>.

•Tremordeterra.LuizVilela.PubliFolha.

•Umahistóriadepoesiabrasileira.AlexeiBueno.G.Ermanoff.CasaEditorial.

•Variação linguística. Revista da UFRJ. Disponível em: <http://acd.ufrj.br/~pead/tema01/variacao.html>.

•Versos,sonseritmos.NormaGoldstein.Ática.

•Viagem&vagamúsica.CecíliaMeireles.NovaFronteira.

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Manual do Professor

45Bernoulli Sistema de Ensino

Cont

eúdo

de

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a 1ª SÉRIE

FRENTE CAPÍTULO VOLUME TÍTULO

A

1 1 • Texto e textualidade

2 1 • Tipos textuais e gêneros textuais

3 2 • Estrutura dos textos dissertativos e argumentativos

4 2 • Elementos persuasivos

5 3 • Textos não verbais e publicitários

6 3 • Narração

7 4 • Descrição e injunção

8 4 • Produção de textos dissertativos e argumentativos

B

1 1 • Literatura e gêneros literários

2 1 • Prosa, poesia e intertextualidade

3 2 • Classicismo

4 2 • Quinhentismo

5 3 • Barroco

6 3 • Arcadismo

7 4 • Romantismo – 1ª fase

8 4 • Romantismo – 2ª fase e 3ª fase

C

1 1 • Língua e linguagem

2 1 • Palavras, sentidos e intenções

3 2 • Acentuação gráfica e ortografia

4 2 • Estrutura e formação de palavras

5 3 • Classes de palavras

6 3 • Estudo do verbo

7 4 • Estudo do pronome

8 4 • Palavras relacionais

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46 Coleção EM1

2ª SÉRIE

FRENTE CAPÍTULO VOLUME TÍTULO

A

1 1 • Textos dissertativo-argumentativos

2 1 • Coerência e coesão

3 2 • Estratégias argumentativas

4 2 • Cartas

5 3 • Textos não verbais e publicitários

6 3 • Gêneros jornalísticos

7 4 • Gêneros narrativos

8 4 • Gêneros digitais

B

1 1 • Romantismo – prosa e teatro

2 1 • Realismo e Naturalismo

3 2 • Parnasianismo

4 2 • Simbolismo

5 3 • Vanguarda e Pré-modernismo

6 3 • Modernismo – 1ª fase

7 4 • Modernismo – 2ª fase

8 4 • Modernismo – 3ª fase

C

1 1 • Sintaxe – sujeito e predicado

2 1 • Termos ligados ao verbo

3 2 • Termos ligados ao nome

4 2 • Coordenação X subordinação

5 3 • Orações subordinadas adjetivas

6 3 • Concordâncias

7 4 • Regências

8 4 • Pontuação

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