manual condicionalidades final[1]

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Manual de Gestão de Condicionalidades Bolsa Família Secretaria Nacional de Renda de Cidadania - Senarc Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS Brasília, DF 2006 1ª edição

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Manual de Gestãode Condicionalidades

Bolsa Família

Secretaria Nacional de Renda de Cidadania - SenarcMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS

Brasília, DF2006

1ª edição

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© 2006 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Permitida a reprodução, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo e com a citação obrigatória da fonte: Secretaria Nacional de Renda de Cidadania/MDS.

Endereço:Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à FomeSecretaria Nacional de Renda de CidadaniaEsplanada dos Ministérios, Bloco C, 4º andar, 70046-900Brasília - DFTel.: (61) 3433-1500

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�Manual de Gestãode Condicionalidades

Apresentação 4

Introdução 6

1 O que é Gestão de Condicionalidades 12

2 Condicionalidades na área de Saúde 20

� Condicionalidades na área de Educação 26

4 Integração Peti/PBF �1

5 Repercussão do descumprimento de condicionalidades sobre o benefício �5

6 Acompanhamento das famílias em situação de descumprimento de condicionalidades 4�

7 Mapa de atribuições e responsabilidades na Gestão de Condicionalidades 45

Anexos 54

Sumário

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4 PROGRAMA

Bolsa Família

Este Manual de Gestão de Condicionalidades é dirigido aos gestores e aos técnicos que atuam na gestão das condicionalidades do Programa Bolsa Família. Seu objetivo é tornar disponíveis informações essenciais referentes à gestão de condicionalidades.

A sua publicação é parte da meta de qualificação da gestão descentralizada do Programa. Sua elaboração contou com a importante colaboração do Minis-tério da Saúde e do Ministério da Educação, responsáveis no âmbito federal pelo acompanhamento das condicionalidades em suas respectivas áreas.

O manual está organizado da seguinte forma:

A introdução aborda a concepção das condicionalidades na lógica do Pro-grama Bolsa Família, as razões que embasam o seu estabelecimento, um breve histórico de como as condicionalidades foram tratadas nos Programas Remanescentes, e como trabalhar o tema com as famílias beneficiárias.

O primeiro capítulo enfoca a gestão de condicionalidades a partir da pers-pectiva da ação intersetorial. São listadas as instituições que estão envolvidas com a gestão de condicionalidades no município, o apoio financeiro transferido aos municípios para a gestão do PBF, para o qual os dados das condicionali-dades são fundamentais. Este capítulo também indica os principais materiais educativos e os conceitos mais importantes para a execução correta da gestão de condicionalidades.

O segundo capítulo aborda as condicionalidades na área de Saúde. São descritas as ações que as famílias devem realizar para permanecerem no Pro-grama Bolsa Família, as atribuições dos entes federativos no acompanhamen-to das famílias e os procedimentos para a realização do registro das informa-ções no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).

O terceiro capítulo, que trata das condicionalidades de Educação, tem basi-camente a mesma composição do capítulo anterior. Inicia-se com a descrição das condicionalidades que as famílias devem observar para continuar no Pro-grama e esclarece as responsabilidades pelo acompanhamento da freqüência escolar.

O capítulo seguinte, o quarto, trata da integração do Programa de Erradica-ção do Trabalho Infantil (Peti) com o Programa Bolsa Família. Abordam-se as ações que as famílias devem realizar após a integração e como são distribu-ídas as responsabilidades pelo acompanhamento das famílias que estão nas

Apresentação

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5Manual de Gestãode Condicionalidades

ações socioeducativas. Após a integração, os dois programas continuarão a coexistir.

As famílias que deixam de cumprir qualquer uma das condicionalidades es-tão sujeitas a sanções gradativas. Essas sanções repercutem, principalmente, sobre o benefício monetário pago mensalmente às famílias. Esse é o tema do quinto capítulo.

O sexto capítulo focaliza a estratégia em curso no Ministério do Desenvolvi-mento Social e Combate à Fome para realizar o acompanhamento das famílias que estão em situação de descumprimento de condicionalidades. Parte-se do pressuposto de que as famílias que estão nesta situação apresentam maior grau de vulnerabilidade e demandam, portanto, acompanhamento mais siste-mático do poder público. A proposta é que esses beneficiários do Bolsa Família sejam atendidos, no âmbito dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras), pelo Programa de Atenção Integral à Família (Paif).

O sétimo e último capítulo traz uma listagem das atribuições e responsa-bilidades dos órgãos diretamente envolvidos na gestão de condicionalidades do PBF.

Espera-se que este Manual de Gestão de Condicionalidades possa es-clarecer suas principais dúvidas em relação à gestão de condicionalidades e, ao mesmo tempo, fortalecer a ação intersetorial.

Boa leitura.

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6 PROGRAMA

Bolsa Família

O Bolsa Família é um programa de transferência de renda diretamente às famílias pobres e extremamente pobres, o qual vincula o recebimento do be-nefício ao cumprimento de condicionalidades (compromissos) nas áreas de Educação e Saúde.

O Programa Bolsa Família (PBF) foi instituído pela Lei nº 10.8�6, de 9 de

janeiro de 2004, e regulamentado pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004. Tem por objetivos: aliviar a pobreza de forma imediata, por meio da transferência de renda diretamente às famílias; contribuir para a redução da pobreza entre gerações, por meio do acompanhamento das condicionalida-des; e apoiar o desenvolvimento de capacidades das famílias, por meio da articulação com programas complementares. Como o próprio nome sugere, o Bolsa Família busca atender a toda a família.

O PBF integrou e unificou os atos e procedimentos de gestão de antigos programas de transferência de renda do Governo Federal, chamados Progra-mas Remanescentes, a saber:

Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 21 de abril de 2001;Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória nº 2.206, de 6 de

setembro de 2001;Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de

2002; eCartão Alimentação, instituído pela Lei nº 10.689, de 1� de junho de

200�.

1. O que são as condicionalidades

Basicamente, as condicionalidades são os compromissos assumidos pe-las famílias nas áreas de Saúde e Educação para continuarem a receber o benefício monetário do Bolsa Família. Na área de Saúde, os compromissos consistem no acompanhamento da saúde de gestantes, nutrizes e crianças menores de 7 anos de idade. Na área de Educação, as condicionalidades pre-vistas são a matrícula e a freqüência escolar mínima de 85% para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos. Todas as crianças e adolescentes das famílias beneficiárias nessa faixa etária – inclusive aquelas para as quais não ocorre o pagamento da parcela variável do benefício – devem cumprir essas condicio-nalidades e ser acompanhadas.

As condicionalidades são consideradas parâmetros mínimos de acesso a direitos que o Programa Bolsa Família se propõe a alcançar com cada uma das famílias beneficiárias. O cumprimento da totalidade das condicionalidades constitui, portanto, um dos fatores de êxito do Programa Bolsa Família em sua

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Introdução

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7Manual de Gestãode Condicionalidades

missão de contribuir para a superação da condição de pobreza ou extrema pobreza das famílias beneficiárias.

Nesse sentido, o adequado cumprimento das condicionalidades constitui a operacionalização de um dos propósitos do Programa Bolsa Família, que é fazer que as famílias beneficiárias acessem as políticas sociais a que têm direito, desenvolvam práticas de apoio mútuo no espaço doméstico e se vin-culem a redes sociais existentes. Com isso, espera-se que, em médio e longo prazos, as famílias tenham mais chances de superar sua situação de pobreza ou extrema pobreza.

2. Por que estabelecer condicionalidades

Apesar da ampla oferta de serviços públicos existentes no Brasil, geral-mente as políticas públicas, em especial as políticas sociais, são acessadas em maior medida e com mais intensidade pelas famílias menos pobres do que pelas famílias pobres ou extremamente pobres. Em grande parte, isso deve-se ao histórico do desenho da oferta pública de serviços de saúde, educação e assistência social, com base em um modelo de espera que fornece servi-ços e benefícios àqueles grupos que os demandam. Esse modelo também pressupõe que aqueles que não demandam esses serviços e benefícios não necessitam deles.

O grupo da população que se encontra em condições de maior pobreza tem tradicionalmente mais dificuldade para acessar os serviços e benefícios so-ciais de que necessitam. Esse problema ocorre, em parte, devido à dificuldade na acessibilidade da oferta existente e, em parte, à situação de desvinculação dessas famílias das redes sociais existentes.

Com base nesse diagnóstico, concluiu-se, então, que seria necessário de-senvolver estratégias que, de um lado, facilitassem o acesso das famílias mais pobres aos serviços e benefícios disponibilizados para elas pelo Estado, e, de outro, as vinculassem às redes sociais existentes. A estratégia escolhida pelo Bolsa Família foi condicionar a transferência monetária a compromissos so-ciais que deveriam ser cumpridos pela família e garantidos pelo poder público no âmbito da saúde e da educação.

Em outras palavras, as condicionalidades foram propostas como um meca-nismo para elevar o grau de efetivação de direitos sociais por meio da indução da oferta e da demanda por serviços de saúde e de educação na esfera mu-nicipal.

Ao estabelecer as condicionalidades que as famílias devem cumprir no Pro-grama Bolsa Família, o Estado, em suas três esferas de governo, assume o compromisso de assegurar as condições para que os serviços públicos de saúde e educação estejam disponíveis e, também, induzir o acesso das famí-lias mais pobres a esses direitos.

É importante lembrar que a oferta de tais serviços não implica responsabi-lidades ou custos adicionais para os estados ou municípios. Primeiro, porque

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8 PROGRAMA

Bolsa Família

eles já deveriam ser ofertados de forma universal para todos os habitantes de seu território, independentemente do vínculo das famílias com o Bolsa Família ou qualquer outro programa social. A universalidade dos sistemas de Saúde e Educação, prevista na Constituição Federal de 1988, significa que todos de-vem ser atendidos sem distinções, restrições ou custos. Segundo, esses ser-viços já são financiados por recursos públicos provenientes dos orçamentos da Seguridade Social e da Educação, nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal) e de outras fontes suplementares de financiamento. Isso significa que cada esfera governamental deve assegurar o aporte regular de recursos aos respectivos orçamentos da Seguridade Social e da Educação.

As condicionalidades também podem ser entendidas como uma maneira de conectar a demanda à oferta por serviços públicos. Entendidas assim, pas-sam a ter uma dupla finalidade. Para as famílias beneficiárias, o cumprimento da agenda de condicionalidades visa à indução aos cuidados essenciais com a saúde e a promoção de avanços na escolarização. Para o poder público, as condicionalidades servem para estimular a ampliação da oferta local de serviços públicos de saúde e de educação, monitorar as políticas públicas exe-cutadas em âmbito municipal e identificar as famílias em situação de maior vulnerabilidade e risco social, para que se dirijam a elas ações específicas.

3. Pressupostos conceituais das condicionalidades

Em recente estudo, denominado “Conseqüências e causas imediatas da queda recente da desigualdade de renda brasileira”, pesquisadores do Ins-tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirmam que o Brasil faz parte do grupo dos dez países com pior nível de concentração de renda do mundo. De acordo com esse Texto para Discussão n° 1.201, enquanto os 10% mais ricos ficam com mais de 40% da renda, os 40% mais pobres repartem entre si menos de 10% da renda. Uma das principais explicações para a manutenção da desigualdade entre pobres e ricos é a deficiência de educação.

A baixa escolaridade impede que muitos saiam da pobreza. E, o que é pior, faz que a pobreza seja transmitida de pai para filho, criando um ciclo intergera-cional de reprodução da pobreza. Isso quer dizer que os filhos de pais pobres têm mais chances de continuarem pobres. E quando crescerem e tiverem os seus próprios filhos, eles terão grandes chances de serem pobres também. Se nada for feito, esse processo continuará a se repetir de geração em geração. Para quebrar esse ciclo é necessário, entre outras medidas e ações, permitir e incentivar o acesso das famílias mais pobres aos cuidados básicos de saúde e à educação de qualidade.

Se a baixa escolaridade é uma das principais causas do ciclo intergera-cional de reprodução da pobreza, criar mecanismos para incluir e manter as crianças na escola é a solução para romper esse ciclo. Essa idéia parte da constatação de que quem tem mais anos de estudo possui mais renda e me-lhor saúde.

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9Manual de Gestãode Condicionalidades

A experiência internacional tem mostrado que os rendimentos estão dire-tamente relacionados à escolaridade. Ou seja, cada ano a mais de estudo representa um ganho na remuneração que a pessoa terá no futuro. Entretanto, em nosso país, fatores ligados ao grupo familiar, como inserção precoce no processo produtivo ou o envolvimento em afazeres domésticos, e a dificuldade de acesso aos estabelecimentos de ensino afastam muitas crianças e adoles-centes dos bancos escolares.

O ingresso precoce no mercado de trabalho geralmente é acompanhado de evasão escolar. Com poucos anos de estudo, o trabalho infantil não se conver-te em maiores rendimentos quando a criança se torna adulta. E, o que é ainda mais perverso, quanto menor a idade em que a criança começa a trabalhar, menor é o rendimento que ela terá durante toda a vida.

O aumento dos anos de estudo, além de contribuir para ampliar os rendi-mentos, estimula as pessoas para novos valores e aspirações. Particularmen-te, no caso das mulheres, o aumento dos anos de estudo assegura nuances próprias ao comportamento reprodutivo. Por isso, os aumentos na escolarida-de feminina guardam estreita relação com reduções nas taxas de fecundidade, natalidade e mortalidade infantil. Isso quer dizer que as mães com mais anos de estudo têm menos filhos. E os filhos que nascem dessas mães apresentam mais chances de sobreviver após o parto e nos primeiros anos de vida.

O rendimento das famílias também é essencial para a sobrevivência e bem-estar de seus membros. No Brasil e em outros países é possível observar uma forte associação entre renda, consumo de alimentos e estado nutricional. Geralmente, são as famílias com os menores rendimentos que vivem mais freqüentemente em condição de insegurança alimentar e experimentam um grau mais elevado de carência alimentar. E a desnutrição infantil, gerada pela falta de alimentos, que afeta o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças, pode deixar seqüelas por toda a vida. Além disso, as unidades domiciliares que dispõem de menor renda geralmente estão localizadas em áreas sem in-fra-estrutura básica de saneamento, o que expõe todos os integrantes da fa-mília ao risco de contrair doenças.

Em resumo: os filhos de famílias pobres têm mais chances de morrer logo nos primeiros anos de vida por problemas de saúde e menos oportunidades para estudar ao longo da vida. Por isso, as condicionalidades foram escolhidas nas áreas de Saúde e Educação. Acredita-se que são capazes de, a médio e longo prazos, romper o ciclo intergeracional de reprodução da pobreza e con-tribuir para alterar o perfil da distribuição de renda no Brasil.

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Bolsa Família

CICLO INTERGERACIONAL DE REPRODUÇÃO DA POBREZA

Na infância, uma criança com deficiência alimentar e nutricional po-derá ter sua capacidade de aprendizado comprometida por toda a vida. Se essa mesma criança conviver em um ambiente que não garanta con-dições adequadas de higiene e não a estimule para o desenvolvimen-to dos seus potenciais, provavelmente enfrentará problemas sérios de saúde e limitações em suas ações. O baixo aproveitamento escolar e a ausência de estímulos, somados, entre outras coisas, à inserção preco-ce no mercado de trabalho, desencadeiam desinteresse pelos estudos, o que pode provocar evasão e defasagem escolar. Na fase adulta, a antecipação ao trabalho associada à baixa escolaridade representa uma renda menor que, atrelada à falta de informações, induz a poucos inves-timentos em mínimos sociais que garantam disposição e qualidade de vida. A tendência dessa situação é se repetir entre gerações. Famílias que se constituem sobre tais estruturas potencialmente reproduzem essa prática aos filhos, constituindo o que chamamos de ciclo intergeracional de reprodução da pobreza. Para romper esse ciclo vicioso é necessário quebrar a continuidade dessa situação, abrindo novas oportunidades e possibilitando a inclusão social.

4. Condicionalidades na criação do Bolsa Família

Em 2003, o Programa Bolsa Família unificou os procedimentos de gestão e execução de quatro programas federais de transferência de renda: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão Alimentação.

A unificação desses programas englobou três aspectos principais:

A unificação do cadastro dos beneficiários. Todos os beneficiários dos Programas Remanescentes que apresentem os critérios de elegibi-lidade do Bolsa Família serão transferidos para o Programa.

A unificação das condicionalidades. A associação de condicionali-dades de duas áreas – Saúde e Educação – em um só programa cons-titui um importante diferencial do Bolsa Família em relação aos Progra-mas Remanescentes.

A unificação dos procedimentos de gestão e execução do Bol-sa Família no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), criado em janeiro de 2004. Até a criação do Bolsa Famí-lia, cada um dos Programas Remanescentes era administrado em um ministério diferente. Além disso, mantinham um caráter setorial, esta-belecendo de forma independente os próprios critérios de elegibilidade

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11Manual de Gestãode Condicionalidades

para ingresso e permanência. Isto tornava o trabalho intersetorial mais difícil e a articulação das ações do poder público, inexistente.

O MDS tem a responsabilidade pela coordenação, gestão e operaciona-lização do Bolsa Família. Em outras palavras, compete ao MDS a emissão dos atos necessários à concessão e ao pagamento de benefícios, a gestão do Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal, a supervisão do cumprimento das condicionalidades e a articulação da oferta de programas complementares com os ministérios setoriais e demais entes federados.

A consolidação dos dados dos beneficiários no Cadastro Único, a junção das condicionalidades em torno do Bolsa Família e a unificação administrativa no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome buscaram inte-grar os esforços isolados dos diferentes programas, racionalizar custos opera-cionais e focalizar no grupo familiar a política de combate à pobreza. Com isso, foi possível potencializar os recursos aplicados pelo poder público nas ações sociais e materializar as expectativas das diversas áreas da política social que dão ênfase à necessidade de ação integrada.

4.1 Elementos determinantes no desenho das condicionalidades do Bolsa Família

Com as condicionalidades do PBF, estabelecidas nas áreas de Saúde e Educação, procurava-se, desde o início, manter coerência entre direitos so-ciais garantidos constitucionalmente, capacidade de oferta pública dos servi-ços e seu potencial de expansão.

Um elemento significativo no estabelecimento das condicionalidades foi o reconhecimento e a valorização das necessidades diversas de saúde e educa-ção dos distintos integrantes de cada família, de acordo com o curso da vida de cada um. Nas condicionalidades, ficam reconhecidas as necessidades e di-reitos de saúde das gestantes, mães em período de amamentação e crianças menores de sete anos. As necessidades de educação contemplam os direitos das crianças e dos adolescentes entre 6 e 15 anos.

Outro elemento essencial no estabelecimento das condicionalidades foi o reconhecimento e a valorização do sistema familiar como tal, abordando-se certos padrões mínimos de que a família necessita para poder funcionar adequadamente como grupo social relevante. Por isso, as condicionalidades incorporam elementos novos para as políticas sociais tradicionais e reforçam elementos já existentes, como a participação ativa dos pais no acompanha-mento do estado nutricional e na evolução da educação de seus filhos.

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12 PROGRAMA

Bolsa Família

O Governo Federal, por intermédio do MDS, é responsável pela supervisão do cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família, em articu-lação com os Ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC). Nesse contex-to, a definição, a normatização e o acompanhamento das condicionalidades específicas de saúde e educação são atribuições dos ministérios competentes, por meio de ações integradas e compartilhadas.

Assim, foi publicada a Portaria Interministerial nº �.789, em novembro de 2004, na qual MDS e MEC estabelecem as atribuições e normas para o cum-primento da condicionalidade de educação. No mesmo mês foi publicada a Portaria Interministerial nº 2.509, na qual MDS e MS definem as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das ações de saúde. A regulamen-tação da Gestão de Condicionalidades está expressa na Portaria nº 551, de novembro de 2005.

A Gestão de Condicionalidades do Programa Bolsa Família engloba ações de acompanhamento periódico das famílias beneficiárias, registro de informa-ções nos sistemas informatizados para acompanhamento das condicionalida-des de saúde e educação, avaliação dos registros de descumprimento de con-dicionalidades, notificação e aplicação das sanções às famílias em situação de inadimplência, avaliação de recursos e ações que estimulem as famílias a voltar a cumprir seus compromissos com o Programa. Esse conjunto de ações envolve o exercício de atribuições complementares e coordenadas no âmbito da União, estados, Distrito Federal e municípios.

GESTÃO DE CONDICIONALIDADESÉ O CONJUNTO DE AÇÕES RELATIVAS A

Acompanhamento periódico das ações nas áreas de Saúde e Edu-cação que as famílias devem realizar para que possam permanecer no PBF;

Registro das informações referentes ao acompanhamento das condi-cionalidades nos sistemas disponibilizados pelo MDS, MEC e MS;

Repercussão gradativa da aplicação de sanções referentes ao des-cumprimento de condicionalidades sobre a folha mensal de pagamento;

Acompanhamento das medidas adotadas pelos entes federados para garantir que as famílias beneficiárias do PBF tenham condições de cum-prir as condicionalidades;

Acompanhamento das medidas adotadas pelos entes federados para garantir que as famílias beneficiárias do PBF, que se encontram em situ-ação de inadimplência, possam voltar a cumprir as condicionalidades.

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O que é Gestãode Condicionalidades

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1�Manual de Gestãode Condicionalidades

1.1 Ação intersetorial

O território do município é o espaço onde as famílias vivem, recebem seus benefícios e realizam seus gastos. Também é o lugar onde as áreas de Assis-tência Social, Saúde e Educação ofertam o atendimento e realizam o acom-panhamento das condicionalidades do PBF. Esse conjunto de ações precisa estar articulado, para que a família tenha a oportunidade de receber o bene-fício mensal a que tem direito, ter acesso à saúde e à educação, e também conhecer quais são suas responsabilidades e compromissos com o PBF.

Uma importante tarefa do gestor municipal do Bolsa Família é planejar e coordenar a ação intersetorial local de forma a estabelecer um canal de diálo-go freqüente com todos os profissionais envolvidos na dimensão municipal do Programa.

É possível identificar que o gestor municipal do PBF representa no mu-nicípio a referência que o MDS representa em âmbito federal, embora com enfoques diferenciados. Da mesma forma que o MDS coordena e planeja as atividades do PBF em parceria com os Ministérios da Saúde e da Educação, o gestor municipal deve coordenar a execução das ações locais em parceria com as Secretarias de Saúde e Educação, em resposta às prerrogativas legais instituídas para o Programa.

O gestor municipal do Bolsa Família deve coordenar a ação intersetorial local para estimular as famílias que já estão cumprindo regularmente as con-dicionalidades a continuar a cumpri-las, bem como fazer que as famílias que não estão cumprindo seus compromissos passem a cumpri-los. Ele também deve fornecer o apoio e o acompanhamento necessários para que as famílias possam cumprir as condicionalidades. O gestor municipal do PBF atua nos casos em que seja necessário informar os integrantes das famílias sobre a importância de cada uma das condicionalidades e as ações que devem ser realizadas para conseguir que sejam cumpridas.

O cumprimento das condicionalidades requer, junto com a mobilização e gestão das próprias famílias, a ação e mobilização de recursos da rede de instituições públicas nos níveis municipal, estadual e federal. São essas ins-tituições que devem colocar à disposição das famílias uma oferta suficiente e pertinente de bens, serviços e assistência técnica que possibilite o cumprimen-to das condicionalidades por parte das famílias. Portanto, o trabalho do gestor municipal do Bolsa Família é mobilizar e articular as pessoas envolvidas com a execução, o acompanhamento e a fiscalização do Programa no município. São elas:

Responsável pela área de Saúde;Responsável pela área de Educação;Gestor municipal do Peti;Profissionais do Centro de Referência da Assistência Social (Cras); eMembros da instância de controle social do PBF.

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14 PROGRAMA

Bolsa Família

As ações intersetoriais para a gestão das condicionalidades dependem da integração dos diversos representantes municipais relacionados ao Bolsa Fa-mília, verificados no diagrama seguinte.

Uma tarefa essencial do gestor municipal do PBF é articular os represen-tantes dessas instituições. Para isso, o planejamento das ações no âmbito municipal torna-se imprescindível e cabe ao gestor municipal do PBF empe-nhar esforços nesse sentido. Para fazer esse trabalho, ele deve manter-se atualizado sobre as diretrizes nacionais e estaduais do Programa e contribuir para que o fluxo de ações e informações chegue aos demais atores municipais de forma articulada e coesa.

O gestor municipal do PBF é o elo conceitual, técnico e operacional do Pro-grama e auxilia na operacionalização e articulação do PBF com outras áreas do município. Por isso, ele precisa ter conhecimento da totalidade do Progra-ma para orientar, informar e apoiar as ações dos parceiros e demais atores municipais envolvidos na gestão. Sua tarefa é fundamental para a obtenção de melhores resultados do Programa Bolsa Família.

Para atingir esses objetivos, torna-se essencial uma agenda de reuniões com todos os responsáveis pela gestão do Programa no município. As reuni-ões são necessárias para compartilhar assuntos importantes como: operacio-nalização do Programa, quem são as famílias beneficiárias do PBF, onde estão

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15Manual de Gestãode Condicionalidades

localizadas, quais famílias não cumprem condicionalidades, e como planejar ações com essas famílias de forma a garantir a melhoria das condições de vida.

As reuniões devem expressar também a troca de experiência e aprendizado entre os participantes. Devem ser periódicas pois, além de planejar as ações e estabelecer metas a serem alcançadas, é importante o acompanhamento da sua execução e a avaliação dos resultados.

As experiências desenvolvidas em âmbito local são essenciais para reava-liação e melhorias no Programa. Tanto o MDS quanto a coordenação estadual e o gestor municipal do PBF precisam avaliar suas ações e propor atividades e melhorias a partir dos resultados alcançados. Por exemplo: se um município sabe que em determinado bairro, com predominância de crianças, o descum-primento de condicionalidades na área de Saúde é recorrente, o gestor pode planejar, em conjunto com os técnicos responsáveis, ações que tenham o pro-pósito de inverter esse quadro.

Nesse sentido, o MDS teve como iniciativa evidenciar publicamente as ex-periências do Programa por meio do “Prêmio Práticas Inovadoras do Programa Bolsa Família”, no intuito de reconhecer trabalhos municipais relevantes e es-timular projetos nos demais estados e municípios.

Os trabalhos premiados apresentaram temáticas diferenciadas como: In-clusão Produtiva, Gestão do PBF, Programas Complementares, Cadastra-mento/Capacitação, Acompanhamento Familiar, Gestão de Condicionalidades e Construção de Índice de Vulnerabilidades. Essas experiências evidenciaram questões importantes como:

Construção da política pública, da ação intersetorial e da integração de políticas;

Diagnóstico, acompanhamento, monitoramento e avaliação mediante informações e indicadores confiáveis;

Importância das parcerias, especialmente com os agentes comunitá-rios de saúde e com as instituições de ensino;

Importância da mídia local;Acompanhamento das famílias mais vulneráveis;Atenção para os casos específicos – populações ribeirinhas, quilom-

bolas, indígenas;Implementação do PBF e a construção do Suas.

Para mais informações, visite o sítio do MDS (http://www.mds.gov.br) e acesse o observatório das melhores práticas inovadoras do PBF para conhe-cer as experiências premiadas.

Outro incentivo às ações intersetoriais locais foi a realização do 1º. Encon-tro Nacional de Coordenadores de Cras: Acompanhamento das famílias beneficiárias do Bolsa Família no Suas, promovido pelo MDS em junho de 2006. O objetivo do encontro foi integrar as ações do Bolsa Família no muni-cípio, principalmente na atenção às famílias beneficiárias que se encontram

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16 PROGRAMA

Bolsa Família

em descumprimento de condicionalidades. Estas seriam integradas nas ações desenvolvidas pelos Cras na perspectiva de construção do Sistema Único da Assistência Social (Suas).

1.2 Apoio para a gestão de condicionalidades

O adequado acompanhamento das condicionalidades pelo município é re-conhecido como critério para a transferência de recursos financeiros aos mu-nicípios.

Nesse sentido, foi publicada a Portaria nº 148, de 27 de abril de 2006, que estabelece normas, critérios e procedimentos para o apoio à gestão do Pro-grama Bolsa Família e do Cadastro Único nos municípios. O apoio financeiro é transferido mensalmente, considerando-se o desempenho de cada município na gestão do PBF. Para medir o desempenho dos municípios na gestão do Bol-sa Família, foi criado o Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família (IGD).

O IGD constitui-se em um indicador de avaliação dos cadastros válidos, da atualização cadastral e do registro/acompanhamento das condicionalidades de educação e saúde do Bolsa Família no município. Quanto maior o IGD, me-lhor o resultado e maiores os recursos a serem transferidos. Isso significa que o município receberá uma contrapartida financeira mensal para o investimento em ações intersetoriais de melhoria da gestão, para o acompanhamento das famílias e para a organização e oferta de programas complementares às famí-lias beneficiárias.

O índice é atualizado mensalmente pela Senarc e os resultados são divul-gados na página do MDS na internet (www.mds.gov.br).

Os recursos recebidos por intermédio do IGD podem ser utilizados para realizar as seguintes atividades de gestão, acompanhamento, cadastramento, implementação de programas complementares e fiscalização:

ATIVIDADES EM QUE PODEM SERUTILIZADOS OS RECURSOS DO IGD

Gestão de condicionalidades;Gestão de benefícios;Acompanhamento das famílias beneficiárias, em especial daquelas

em situação de maior vulnerabilidade social;Cadastramento de novas famílias, atualização e revisão dos dados

contidos no Cadastro Único;Implementação de programas complementares, nas áreas de: alfa-

betização e educação de jovens e adultos, capacitação profissional, ge-ração de trabalho e renda, acesso ao microcrédito produtivo orientado, e desenvolvimento comunitário e territorial, entre outras;

Atividades relacionadas às demandas de fiscalização do PBF e do Cadastro Único, formuladas pelo MDS.

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17Manual de Gestãode Condicionalidades

Lembre-se: 50% dos recursos transferidos aos municípios dependem da informação do acompanhamento das condicionalidades das áreas de Saúde e Educação.

1.3 Controle social para a gestão de condicionalidades

As instâncias de controle social (ICS) são espaços de interação entre o governo e a sociedade civil, propostas para incrementar a eficácia e a efeti-vidade das políticas públicas. Materializada na forma de comitê ou conselho, a ICS deve ser composta de forma paritária e intersetorial por representantes do poder público e da sociedade civil. Obrigatórias por lei federal em diversos setores, as ICS constituem canais de participação e representação da socie-dade civil na gestão das políticas públicas nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal.

As instâncias de controle social do PBF foram criadas com a finalidade de contribuir para o aprimoramento do Programa nos municípios e sua composi-ção foi informada ao MDS por meio do termo de adesão. No que se refere à gestão de condicionalidades, é importante que as ICS tenham acesso periódi-co aos nomes dos responsáveis legais pelas famílias que deixaram de cumprir as condicionalidades, as situações que levaram ao não-cumprimento e os pro-cedimentos adotados. Essas informações, disponibilizadas pela administração municipal, são indispensáveis para que a ICS possa elaborar uma estratégia de aproximação e convencimento das famílias sobre a importância do cumpri-mento das condicionalidades, bem como abreviar o tempo de averiguação de possíveis irregularidades ou distorções. Também é importante que as ICS se articulem com outros conselhos municipais setoriais nas ações de sua compe-tência, de forma a contribuir para a oferta dos serviços públicos de educação e saúde que permitam às famílias cumprir seus compromissos. As ICS podem, ainda, auxiliar o gestor municipal do PBF na operacionalização do Programa com transparência e critérios bem definidos.

1.4 Materiais educativos

As condicionalidades podem ser abordadas por meio de metodologias de trabalho que combinem elementos informativos, educativos e mobilizadores. Utilizando o material educativo, o gestor municipal do PBF e os responsáveis técnicos pelas áreas de Saúde e Educação, juntamente com cada família, se informam a respeito das condicionalidades e podem acompanhar o estado do cumprimento de cada uma delas.

O principal material educativo do PBF dirigido às famílias beneficiárias é a Agenda de Compromissos da Família. Ela é o ponto de partida do trabalho de gestão de condicionalidades. A agenda foi feita com o objetivo de informar os critérios de elegibilidade ao Programa, as condições para manutenção do

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18 PROGRAMA

Bolsa Família

benefício, os valores do pagamento, as regras das condicionalidades e a im-portância da atualização cadastral. Por isso, ela deve ser conhecida não só pelas famílias mas também por todas as pessoas envolvidas na administração local do Programa. A Agenda de Compromissos da Família pode ser baixada do site do MDS, no link do Programa Bolsa Família.

O Manual do Gestor do Programa Bolsa Família, disponível na internet, é outro material desenvolvido pelo MDS para auxiliar no processo de gestão, execução e acompanhamento, e apresenta as diretrizes, os objetivos, as me-tas e sistemáticas de funcionamento do Programa, esclarecendo as responsa-bilidades de cada esfera de governo em sua implementação, acompanhamen-to e controle.

Para acompanhar as famílias beneficiárias do PBF que tenham em sua composição crianças menores de 7 anos, gestantes e nutrizes, a Coorde-nação-Geral de Alimentação e Nutrição/DAB/SAS/MS elaborou o Manual de Orientações Sobre o Bolsa Família na Saúde, que tem por objetivo orientar os gestores sobre os procedimentos de como fazer o acompanhamento das famílias e o registro no Sisvan. Esse manual pode ser acessado no sítio: www.saude.gov.br/nutricao.

O Manual do Usuário do Sistema de Acompanhamento da Freqüência Es-colar, disponível no sítio eletrônico do Ministério da Educação no endereço http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br, fornece orientações sobre a utilização do sistema por parte dos operadores.

Para acompanhar, prioritariamente, as famílias com crianças, adolescentes e gestantes que descumpriram qualquer uma das condicionalidades das áreas de Saúde e Educação foi disponibilizado pelo MDS o documento Orientações para o Acompanhamento das Famílias Beneficiárias do Programa Bolsa Fa-mília no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), no link www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-basica/paif/, que apresenta um conjunto de orientações e sugestões com o objetivo de oferecer uma me-todologia para os serviços socioassistenciais de apoio às famílias, na garantia dos direitos de suas crianças, adolescentes e gestantes.

1.5 Conceitos importantes

Para melhor compreensão da Gestão de Condicionalidades, é importante o conhecimento de alguns conceitos:

Período de Acompanhamento: é o conjunto de meses que compre-ende o início e o término de cada ciclo de acompanhamento das condi-cionalidades para posterior avaliação dos resultados e repercussões no benefício do PBF. Na área de Saúde, ao longo do ano, há dois períodos de acompanhamento, compostos, cada um, de um semestre. Na área de

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19Manual de Gestãode Condicionalidades

Educação são cinco períodos bimestrais de acompanhamento, excluin-do-se os meses de dezembro e janeiro, destinados às férias escolares.

Período de Registro: é o conjunto de dias em que os sistemas defi-nidos e disponibilizados pelos Ministérios da Saúde e da Educação estão abertos para a inserção dos dados dos municípios referentes ao acom-panhamento das condicionalidades.

Período de Consolidação: são os dias imediatamente posteriores ao Período de Registro de que os Ministérios da Saúde e da Educação dispõem para enviar ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome os bancos de dados dos sistemas.

Período de Apuração: é o tempo utilizado pelo MDS para analisar a consistência dos dados enviados pelos Ministérios da Saúde e da Edu-cação, identificar as famílias que descumpriram as condicionalidades e aplicar as sanções. Quando os dados da saúde e da educação forem consolidados em um mesmo período e houver famílias que descumpri-ram condicionalidades das duas áreas, será contado apenas 1 registro de descumprimento e aplicada a sanção correspondente.

Situação de Inadimplência: encontram-se nessa situação as famí-lias que descumpriram qualquer uma das condicionalidades no período de acompanhamento.

Situação Regular: encontram-se nessa situação as famílias que nos últimos 18 meses não apresentaram qualquer registro de descumprimen-to de condicionalidades.

Repercussão: é o resultado, sobre o benefício, das sanções aplica-das às famílias em situação de inadimplência.

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20 PROGRAMA

Bolsa Família

2.1 Ações que as famílias devem realizar para permanecer no PBF

As condicionalidades na área de Saúde são voltadas para as gestantes, as mães em período de amamentação e as crianças menores de 7 anos de idade.

AS GESTANTES E MÃESEM PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO DEVEM

Inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais próxima de sua residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário mínimo previsto pelo Ministério da Saúde;

Participar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre aleitamento materno e promoção da alimentação saudável.

OS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇASMENORES DE 7 ANOS DEVEM

Levar a criança à unidade de saúde ou ao local de campanha de vacinação, mantendo atualizado o calendário de imunização, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde;

Levar a criança à unidade de saúde, portando a caderneta de saúde da criança, para a realização do acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento de outras ações, conforme o calendário mínimo previsto pelo Ministério da Saúde.

2.2 Acompanhamento periódico das famílias na área de Saúde

O Ministério da Saúde é responsável por estabelecer e divulgar aos estados e municípios as diretrizes técnicas e operacionais sobre o acompanhamento das famílias, no âmbito da área de Saúde. O setor no Ministério da Saúde mais diretamente envolvido com o acompanhamento das condicionalidades é a Co-ordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN), vinculada ao Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde.

Nos estados, compete às Secretarias Estaduais de Saúde divulgar e orien-

Condicionalidadesna área de Saúde

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21Manual de Gestãode Condicionalidades

tar aos municípios as normas técnicas e operacionais estabelecidas pelo Mi-nistério da Saúde, bem como designar um profissional de saúde para coorde-nar o acompanhamento das famílias do PBF.

Nos municípios, as Secretarias Municipais de Saúde têm duas atribuições principais. A primeira é ofertar as ações de pré-natal, vacinação, acompanha-mento do crescimento e desenvolvimento da criança, além de atividades edu-cativas em saúde, alimentação e nutrição. Essas ações fazem parte da aten-ção básica à saúde e são rotineiramente ofertadas pelo município a toda a população coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

As atividades educativas são de extrema importância e devem abordar vá-rios assuntos sobre saúde e nutrição, tais como:

Aleitamento materno;Alimentação e nutrição da gestante;Alimentação e nutrição da criança;Estímulo ao consumo de alimentos regionais;Cuidados com a saúde da criança;Higiene dos alimentos;Importância do vínculo entre mãe e filho;Nutrição, crescimento e desenvolvimento;Alimentação saudável nas diferentes fases do curso da vida.

A segunda atribuição das Secretarias Municipais de Saúde é designar um responsável técnico para coordenar o acompanhamento das famílias do PBF e o processo de inserção e atualização das informações no aplicativo da Vigilân-cia Alimentar e Nutricional (Sisvan), disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

O estabelecimento de parcerias é muito importante para que a Secretaria Municipal de Saúde cumpra suas atribuições de maneira eficaz. Nesse senti-do, a articulação com outras instituições que atuam na melhoria das condições de vida da população pode potencializar a qualidade do acompanhamento das famílias do Programa.

Para que o acompanhamento das condicionalidades funcione de maneira adequada, o gestor municipal do PBF deve manter contato constante com o responsável técnico indicado pelo titular da Secretaria Municipal de Saúde. O responsável técnico é encarregado de coordenar o processo de registro das informações das condicionalidades de saúde no Módulo de Gestão do Sisvan. A participação da área de Saúde é fundamental para o sucesso da gestão local das condicionalidades do PBF.

2.3 Registro das informações no Sisvan

O Ministério da Saúde é responsável pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), que tem dois módulos: Municipal e Gestão.

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22 PROGRAMA

Bolsa Família

2.3.1 Módulo Municipal do Sisvan

O Módulo Municipal do Sisvan atende aos usuários do SUS. A população atendi-da é formada por indivíduos, de qualquer fase do curso da vida (criança, adolescen-te, adulto, gestante e idoso), que procuram espontaneamente um estabelecimento assistencial de saúde (EAS) ou que são assistidos pela equipe de Saúde da Família (ESF), agente comunitário de Saúde (ACS) e outros vinculados ao SUS.

O Módulo Municipal do Sisvan tem as seguintes características:

Trabalha em ambiente local;Recebe e envia dados nutricionais da população;Gera relatórios analíticos, sintéticos e históricos individuais;Monitora famílias por EAS, distritos e municípios;Monitora a população por fases do curso da vida.

O Módulo Municipal do Sisvan pode ser obtido nos sites:

www.datasus.gov.br ewww.saude.gov.br/nutricao.

Em caso de dúvida para a utilização do Sisvan, procure a Regional do Da-tasus ou entre em contato com o Suporte Técnico da CGPAN pelos telefones (61) �448-82�0/�448-8287.

2.3.2 Módulo de Gestão do Sisvan

O Módulo de Gestão do Sisvan consolida e disponibiliza as informações do monitoramento do estado nutricional da população acompanhada no Módulo Municipal do Sisvan, e registra o acompanhamento das condicionalidades da área de Saúde do Programa Bolsa Família. Para ter acesso, é necessário que o município já tenha instalado o Módulo Municipal do Sisvan.

O Módulo de Gestão do Sisvan tem as seguintes funcionalidades:

Opera em ambiente web (internet);Recebe e consolida dados nutricionais da população;Recebe e consolida dados da avaliação das condicionalidades de

Saúde do Programa Bolsa Família;Gera relatórios;Monitora a população por fases do curso da vida.

No Módulo de Gestão do Sisvan, o responsável técnico e sua equipe têm acesso ao Mapa Diário de Acompanhamento, no qual devem registrar as infor-mações de acompanhamento das famílias do PBF. O Mapa Diário de Acompa-nhamento do Sisvan é o formulário disponibilizado pelo Ministério da Saúde e

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2�Manual de Gestãode Condicionalidades

serve, ainda, como instrumento de coleta de dados para registro no Sisvan.O Mapa Diário de Acompanhamento do Sisvan permite a avaliação nutricio-

nal de todas as fases do curso da vida. Dessa forma, o município, de acordo com sua capacidade técnica e operacional, poderá optar por estender o acom-panhamento a toda a população atendida pelo SUS. Isso é o que o Ministério da Saúde recomenda.

NÃO SE ESQUEÇA

O acompanhamento do estado nutricional de toda a população é feito no Módulo Municipal do Sisvan;

O acompanhamento das condicionalidades de vacinação e de partici-pação no pré-natal dos beneficiários do Bolsa Família é feito no Módulo de Gestão do Sisvan.

2.4 Fluxo do processo de registro do acompanhamento das condicionalidades da área de Saúde no preenchimento e digitação do Mapa Diário de Acompanhamento

Equipe Responsável pelo Acompanhamentodas Condicionalidades de Saúde

1 – Acessa o Módulo de Gestão do Sisvan e imprime os Mapas Diários de Acompanhamento;2 – Distribui o Mapa Diário de Acompanhamento para as equipes das Uni-dades de Saúde ou equipes de Saúde da Família.

Equipes das Unidades de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família

1 – Solicitam que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) façam a busca ativa dos beneficiários do Bolsa Família em sua área de atuação.

Agentes Comunitários de Saúde (ACS)

1 – Dirigem-se à casa das famílias beneficiárias e as informam de que precisam comparecer à Unidade de Saúde ou equipe de Saúde da Família para fazer o acompanhamento das condicionalidades.

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24 PROGRAMA

Bolsa Família

Na área de Saúde, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são a prin-cipal ligação entre o Programa Bolsa Família e seus beneficiários. Por isso, é fundamental que os ACS esclareçam a família sobre a participação no cum-primento das ações que compõem as condicionalidades da área de Saúde. Dessa forma, a família estará ciente da sua responsabilidade na melhoria das suas condições de saúde e nutrição.

Beneficiários do Bolsa Família com Perfil Saúde

1 – Comparecem à Unidade de Saúde ou equipe de Saúde da Família.

Equipes das Unidades de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família

1 – Coletam e registram no Mapa Diário de Acompanhamento os dados dos beneficiários do PBF;2 – Devolvem o Mapa Diário de Acompanhamento preenchido para a equi-pe responsável pelo acompanhamento das condicionalidades de saúde.

Equipe Responsável pelo Acompanhamentodas Condicionalidades de Saúde

1 – Digita as informações dos Mapas Diários de Acompanhamento no Mó-dulo de Gestão do Sisvan no prazo estabelecido;2 – Identifica famílias beneficiárias com perfil de saúde não acompanha-das para que os agentes comunitários de Saúde façam a busca ativa.

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25Manual de Gestãode Condicionalidades

ORIENTAÇÕES PARA REALIZAR UM BOM TRABALHODE ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE

Visite regularmente os sítios do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br) para ficar atualizado.

Leia sempre com atenção o Informe Bolsa Família, disponível sema-nalmente no sítio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br) e também enviado para os e-mails cadastrados. Se o seu e-mail ainda não está cadastrado, mande uma mensagem para [email protected] ou telefone para (61) �4��-1500 e solicite a inclusão de seu e-mail.

Leia sempre com atenção o Informe Bolsa Família na Saúde, enviado semanalmente por e-mail pelo Ministério da Saúde. Se você ainda não recebe esse informe, solicite o cadastramento de seu e-mail pelo endere-ço [email protected] ou pelos telefones (61) �448-82�0/�448-8287.

Estabeleça parcerias para ofertar aos beneficiários do Programa Bol-sa Família atividades educativas sobre promoção da saúde e alimenta-ção saudável.

Estabeleça parcerias que ajudem os responsáveis a preencher e digi-tar na internet as informações do Mapa Diário de Acompanhamento.

Aproveite para estender o acompanhamento de saúde a todos os beneficiários do SUS no município.

Não deixe para a última hora o registro das informações do Mapa Diário de Acompanhamento no Módulo de Gestão do Sisvan. Além da sobrecarga de trabalho, você pode encontrar o sistema congestionado e não conseguir enviar as informações.

Não conte com a prorrogação do período de registro.Trabalhe de forma articulada com o gestor do PBF no município, o

responsável técnico pelo acompanhamento da freqüência escolar e o coordenador do Paif no município. Uma sugestão é a realização de reu-niões intersetoriais semanais e/ou com periodicidade definida.

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26 PROGRAMA

Bolsa Família

3.1 Ações que as famílias devem realizar para permanecer no PBF

As condicionalidades na área de Educação são voltadas para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos de idade.

OS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS EADOLESCENTES ENTRE 6 E 15 ANOS DEVEM

Matricular as crianças e adolescentes de 6 a 15 anos na escola;Garantir a freqüência escolar a no mínimo 85% das aulas mensal-

mente. Se houver falta às aulas, é preciso informar à escola e explicar a razão;

Informar ao responsável técnico sempre que alguma criança mudar de escola. Assim os técnicos da prefeitura vão poder continuar acompa-nhando a freqüência desses alunos beneficiários do PBF.

Efetivar a matrícula e garantir a freqüência escolar das crianças e adoles-centes entre 6 e 15 anos é uma tarefa do responsável legal pela família. Eles também devem informar à escola qualquer impossibilidade de comparecimen-to do aluno à aula (com a devida justificativa) e também comunicar ao gestor municipal do PBF toda e qualquer mudança de escola de seus dependentes.

Embora o responsável legal tenha responsabilidades a respeito das crian-ças e adolescentes, todos os integrantes das famílias beneficiárias devem cola-borar para o cumprimento das condicionalidades. Se alguém deixa de cumprir qualquer uma das condicionalidades, toda a família é prejudicada, inclusive no recebimento do benefício.

3.2 Acompanhamento da freqüência escolar

O Decreto no 5.209, de 17 de setembro de 2004, artigo 28, inciso II, esta-belece que compete ao Ministério da Educação o acompanhamento da freqü-ência mínima de 85% da carga horária mensal, em estabelecimento de ensino regular, de crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. A Coordenação-Geral de Acompanhamento de Programas do Departamento de Avaliação e Informa-ções Educacionais da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad/MEC tem essa responsabilidade.

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Condicionalidadesna área de Educação

3

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27Manual de Gestãode Condicionalidades

Para exercer essa função, o Ministério da Educação disponibiliza aos mu-nicípios, via internet, o Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar. Esse sistema fica disponível para a inserção das informações da freqüência escolar das crianças e adolescentes beneficiários do Programa Bolsa Família por períodos determinados, divulgados no próprio sistema. As orientações téc-nicas e operacionais são prestadas pelo manual do usuário do sistema e/ou por pronto atendimento telefônico no MEC.

O Ministério da Educação também é responsável por estabelecer e divulgar aos estados e municípios as diretrizes técnicas e operacionais sobre o sistema de freqüência escolar dos alunos.

No estado, o gestor estadual do Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar deve ser o titular da Secretaria Estadual de Educação, a quem compete indicar um responsável técnico para coordenar o acompanhamento da freqüência escolar em âmbito estadual. É importante que o gestor estadual e o responsável técnico estabeleçam articulações com o Ministério da Educação e com os municípios, objetivando a plena informação da condicionalidade em educação. Em especial, eles devem informar ao gestor municipal a freqüência escolar nas escolas estaduais sediadas nos municípios.

No município, o gestor municipal do Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar deve ser o titular da Secretaria Municipal de Educação. Ele deve indicar um responsável técnico para coordenar o Sistema de Freqüência Escolar no município. O responsável técnico será cadastrado junto ao Ministério da Educação como operador municipal master. Além de fazer o acompanhamento da freqüência escolar, o operador municipal master também é responsável por avaliar a necessidade de credenciar os operadores municipais auxiliares e os operadores diretores de escola, bem como efetuar os descredenciamentos necessários. Uma vez cadastrado, o operador diretor de escola poderá usar o sistema diretamente. Para que isso ocorra, é necessário que a escola tenha acesso ao sistema e o diretor se comprometa a assumir essa atribuição.

O acompanhamento da freqüência escolar é constitucionalmente atribuído ao poder público. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de 1� de julho de 1990, os dirigentes de estabelecimentos de ensino devem zelar junto aos pais ou responsáveis pela freqüência escolar, e comunicar ao Conselho Tutelar os casos de maus tratos envolvendo seus alunos, reiteração de faltas injustificadas e evasão, esgotados os recursos escolares. Isso se aplica a todas as famílias, e não apenas às beneficiárias do PBF.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece o registro de freqüência, a cargo da escola, como um dos critérios a ser observado para a progressão escolar do aluno. A informação da freqüência escolar dos alunos inscritos no Programa Bolsa Família é responsabilidade dos dirigentes de estabelecimentos de ensino.

Conhecendo os fundamentos do Programa Bolsa Família a escola poderá entender que a exigência do cumprimento da condicionalidade em educação irá constituir forte fator de rompimento do ciclo intergeracional da pobreza, con-

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28 PROGRAMA

Bolsa Família

tribuindo para reforçar a garantia de acesso ao direito básico de permanência da criança na escola e combater a evasão escolar.

Ao informar a freqüência escolar, os operadores municipais registram in-formações de crianças e adolescentes com freqüência inferior a 85% e iden-tificam o motivo que causou a ausência às aulas. Esses dados, consolidados por município, irão fornecer informações importantes para definir ações que previnam o abandono escolar e combatam os riscos e vulnerabilidades a que possam estar sujeitas as crianças e adolescentes da comunidade.

3.3 Registro das informações no Sistema de Freqüência Escolar

O Ministério da Educação é responsável por desenvolver e manter o fun-cionamento do Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar, dispo-nibilizando-o na internet aos estados e municípios. O sistema está disponível em http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br. Neste endereço é possível obter o manual do usuário, solicitar o cadastro e entrar em contato com o MEC. Uma vez cadastrado, o sistema permite aos usuários, dependendo do tipo de acesso permitido, cadastrar usuários auxiliares e diretores de escolas, imprimir formulário para escolas, distribuir relatórios para escolas, registrar freqüência, buscar aluno não localizado, emitir relatório gerencial e de baixa freqüência e enviar arquivos de prefeituras.

3.4 Fluxo de preenchimento e digitação de dados no Sistema de Freqüência Escolar

Operador Municipal Master/Auxiliar

1 – Acessa o Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar;2 – Imprime a relação de alunos beneficiários do Bolsa Família por unida-de escolar;� – Distribui a relação de alunos beneficiários do Bolsa Família para os dirigentes dos estabelecimentos de ensino, juntamente com ofício que es-tabelece o prazo final para a devolução das informações de acompanha-mento da freqüência escolar.

Operador Diretor de Escola

1 – Orienta que a área administrativa da escola preencha o formulário de acompanhamento da freqüência escolar dos alunos do Bolsa Família.

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ORIENTAÇÕES PARA REALIZAR UM BOM TRABALHO DEACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DA ÁREA DE EDUCAÇÃO

Visite regularmente os sítios do Ministério da Educação (www.mec.gov.br) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br) para ficar atualizado.

Leia sempre com atenção o Informe Bolsa Família, disponível sema-nalmente no sítio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br) e também enviado para os e-mails cadastrados. Se o seu e-mail ainda não está cadastrado, mande uma mensagem para [email protected] ou telefone para (61) �4��-1500 e solicite a inclusão de seu e-mail.

Estabeleça parcerias para ofertar aos beneficiários do Programa Bol-sa Família atividades educativas e complementares.

Estabeleça parcerias que ajudem o município a registrar no sistema disponível na internet as informações da freqüência escolar.

Área Administrativa da Escola

1 – Colhe a freqüência escolar dos alunos beneficiários junto aos profes-sores com base nos dados registrados no Diário de Classe, identificando o motivo das faltas às aulas, quando ocorridos. Como?a) Registra os percentuais das freqüências inferiores a 85% da carga horá-ria, indicando o motivo que provocou a freqüência inferior;b) Marca os alunos não localizados na escola;c) Deixa sem marcação os alunos que tiveram freqüência escolar superior a 85%;d) Encaminha o relatório ao responsável técnico da Educação.

Operador Municipal Master/Auxiliar

1 – Examina as informações contidas nos relatórios e toma as seguintes providências:a) Identifica a escola correta do aluno “não localizado” em outras escolas;b) Devolve o formulário incorretamente preenchido ao dirigente do estabe-lecimento de ensino, reafirmando o prazo de devolução;c) Providencia a digitação dos dados coletados no Sistema de Freqüência Escolar e confirma os registros nas Informações Gerenciais.

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�0 PROGRAMA

Bolsa Família

Não deixe para a última hora o registro das informações da lista de crianças por escola no Sistema de Acompanhamento da Freqüência Es-colar. Além da sobrecarga de trabalho, você pode encontrar o sistema congestionado e ter dificuldade para enviar as informações.

Cumpra os prazos estabelecidos, não deixando para informar nos últimos dias. O final do período de registro é sempre conturbado; faça seu planejamento e garanta o registro do acompanhamento das condi-cionalidades de educação.

Trabalhe de forma articulada com o gestor do PBF no município, o responsável técnico pelo acompanhamento da freqüência escolar e o coordenador do Paif no município. Uma sugestão é a realização de reu-niões intersetoriais periódicas.

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�1Manual de Gestãode Condicionalidades

Em 1996, impulsionado pela Marcha Global Contra o Trabalho Infantil e pela mobilização da sociedade civil organizada, o governo brasileiro iniciou a implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). O Peti concede bolsas para as famílias retirarem seus filhos da situação de trabalho e repassa recursos financeiros aos municípios para que desenvolvam com essas crianças ações socioeducativas em turno alternado ao da escola formal. Para receber a bolsa do programa, as famílias têm que assumir compromissos com o Governo Federal, garantindo: freqüência mínima das crianças e dos adolescentes na escola equivalente a 85% do período total mensal; o não-re-torno dos filhos menores de 16 anos ao trabalho; e a participação das famílias nas ações socioeducativas de convivência e de ampliação e geração de rendi-mentos que lhes forem oferecidas.

4.1 Ações que as famílias devem realizar na integração Peti/PBF

Em 2005, teve início o processo formal de integração entre o PBF e o Peti, com a publicação da Portaria MDS n° 666, no dia 28 de dezembro. Entretanto, diferentemente do que ocorreu com a unificação dos Programas Remanescen-tes, que deixarão de existir, a integração entre o PBF e o Peti assumiu como princípio a coexistência dos dois programas após a integração. No que diz respeito às condicionalidades, as estratégias de integração prevêem que:

As famílias beneficiárias do PBF, que tenham crianças em situação de trabalho infantil, passam a cumprir as atividades complementares socio-educativas e de convivência oferecidas pelo Peti nos municípios;

As famílias beneficiárias do Peti, ao serem incluídas no PBF, além de continuarem a ter de cumprir as condicionalidades da área de Educação, as atividades socioeducativas e as atividades de convivência, passam também a ter de cumprir as condicionalidades da área de Saúde.

Com a integração Peti/PBF, o MDS pretende aprimorar a gestão e ampliar a cobertura para todas as famílias que atendem aos critérios de elegibilidade de cada um dos dois programas.

IMPORTANTE

As famílias beneficiárias da integração Peti/PBF não poderão rece-ber simultaneamente os benefícios dos dois programas, sejam estes operacionalizados por meio da Caixa Econômica Federal ou mediante

Integração Peti/PBF

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�2 PROGRAMA

Bolsa Família

convênios firmados pelos entes federados com o Fundo Nacional da Assistência Social (FNAS), devendo ser bloqueado ou cancelado o be-nefício financeiro de menor valor, por parte do gestor que identificar a duplicidade de pagamentos (referência ao Art. 10, Portaria nº 666, de 28 de dezembro de 2005).

OS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇASE ADOLESCENTES INSERIDOS NO PETI/PBF DEVEM

Retirar todos os filhos menores de 16 anos de atividades de trabalho infantil;

Matricular as crianças de 6 a 15 anos na escola;Garantir a freqüência escolar de no mínimo 85% das aulas a cada

mês. Se houver falta às aulas, é preciso informar a razão à escola;Informar ao gestor do Programa quando alguma criança mudar de

escola. Assim os técnicos da prefeitura poderão continuar o acompanha-mento da freqüência das crianças;

Garantir a permanência dos filhos nas atividades socioeducativas e de convivência desenvolvidas em horário oposto ao escolar (antiga jor-nada ampliada), por no mínimo duas horas diárias, inclusive em período de férias;

Garantir o acompanhamento de saúde;Participar de programas e projetos de qualificação profissional e de

geração de trabalho e renda oferecidos, entre outros.

4.2 Acompanhamento periódico das famílias na integração Peti/PBF

O MDS também é responsável por estabelecer e divulgar aos estados e municípios as diretrizes técnicas e operacionais sobre assuntos relacionados à integração Peti/PBF. Para fazer o acompanhamento periódico das famí-lias quanto à participação nas atividades socioeducativas e de convivência, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) designou a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS). As diretrizes e normas para o acompanhamento e fiscalização das atividades socioeducativas e de convivência serão disciplinadas em ato administrativo conjunto da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (Senarc) e da SNAS.

Nos estados, compete ao gestor estadual do PBF apoiar a atualização do cadastro das famílias do PBF em situação de trabalho infantil e apoiar a inclu-são no Cadastro Único das famílias usuárias do Peti que recebam benefícios financeiros operacionalizados mediante convênio firmado pelo Fundo Nacional da Assistência Social (FNAS). Além disso, deve prover a oferta das atividades socioeducativas e de convivência para as famílias em situação de trabalho

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��Manual de Gestãode Condicionalidades

infantil e encaminhar à SNAS o resultado do acompanhamento de tais ativi-dades.

Nos municípios, cabe ao gestor municipal do PBF atualizar o cadastro das famílias do PBF em situação de trabalho infantil. Compete também a ele: analisar as demandas de bloqueio ou de cancelamento de benefícios do Peti oriundas das instâncias de gestão, participação ou controle social; incluir no Cadastro Único as famílias usuárias do Peti; e acompanhar a realização das atividades socioeducativas e de convivência para as famílias em situação de trabalho infantil, encaminhando os resultados obtidos à SNAS.

As atividades socioeducativas e de convivência são de extrema importân-cia, podendo ser abordados vários assuntos, tais como:

Atividades artísticas e culturais em suas diferentes linguagens;Práticas desportivas que favoreçam o autoconhecimento corporal e a

convivência em grupo;Reforços escolares;Aulas de informática;Aulas e atividades de línguas estrangeiras;Educação para a cidadania e direitos humanos;Educação ambiental;Educação para a saúde (riscos do trabalho precoce, sexualidade, gra-

videz na adolescência, entre outros temas).

IMPORTANTE

Os gestores estaduais e municipais do PBF e do Peti devem manter interlocução entre si e com os responsáveis técnicos pelas áreas de Saú-de e Educação no acompanhamento e desenvolvimento das atividades junto às famílias em situação de trabalho infantil.

Em relação às Instâncias de Controle Social (ICS) e Comissões de Erra-dicação do Trabalho Infantil nas esferas estaduais e municipais, compete co-municar aos gestores sobre as famílias em situação de trabalho infantil ainda não inseridas em nenhum dos programas ou, se inseridas, que não estejam cumprindo seus compromissos, bem como comunicar a respeito das famílias beneficiárias que não estejam respeitando a freqüência às ações socioeduca-tivas e de convivência devido à inexistência ou precariedade da oferta dessas ações no âmbito local.

Para que o acompanhamento das condicionalidades, das atividades socio-educativas e de convivência funcione, o gestor municipal do PBF e o gestor municipal do Peti devem manter contatos periódicos com os responsáveis téc-nicos de Saúde e Educação, integrar-se com as demais áreas afins no municí-

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�4 PROGRAMA

Bolsa Família

pio, acatar as sugestões propostas pelas instâncias de controle e comissões, e operacionalizar a gestão das condicionalidades junto aos entes federados.

IMPORTANTE

As ICS e as Comissões de Erradicação do Trabalho Infantil devem manter interlocução entre si e entre os Conselhos Tutelares e conselhos municipais setoriais, especialmente os Conselhos Municipais da Assis-tência Social e de Direitos da Criança e do Adolescente.

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�5Manual de Gestãode Condicionalidades

As condicionalidades foram concebidas como um mecanismo para ligar a oferta à demanda por serviços públicos de saúde, educação e assistência so-cial.

Para estimular as famílias a cumprir as condicionalidades, o PBF dispõe de dois mecanismos. O primeiro é a transferência de recursos. As famílias continuam a receber os benefícios desde que mantenham as características cadastrais que as tornaram elegíveis para ingressar no Programa e cumpram a agenda de condicionalidades de Saúde, de Educação, as atividades comple-mentares socioeducativas e as atividades de convivência.

O segundo mecanismo consiste na aplicação de sanções às famílias em situação de inadimplência. As famílias tornam-se ou renovam sua condição de inadimplente quando um ou mais integrantes descumprem as condicionalida-des. Toda vez que a família torna-se ou renova sua condição de inadimplente é gerado um registro de descumprimento de condicionalidade e aplicada a sanção correspondente. As sanções têm algumas características, detalhadas a seguir.

Primeiro, as sanções são gradativas. Isso significa que, à medida que os registros de descumprimento de condicionalidades se acumulam, as sanções se tornam mais rigorosas. São gradativas porque o objetivo não é punir as fa-mílias em situação de descumprimento, mas permitir que as famílias possam corrigir os problemas que acarretaram o descumprimento de condicionalida-des. E também para permitir que as famílias em situação de inadimplência, as mais vulneráveis, sejam identificadas e se tornem foco de outras ações do po-der público, específicas para a causa do descumprimento, como, por exemplo, negligência dos pais ou doença da criança.

Segundo, as sanções são indistintas. Significa que não há um descum-primento de condicionalidade mais grave do que outro. Para o PBF, a família deixar de vacinar os filhos menores de 7 anos não é mais nem menos grave do que deixar de manter a freqüência escolar acima de 85% das crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos. Para cada descumprimento de condicionali-dade, seja de saúde, seja de educação, será efetuado o registro e aplicada a sanção correspondente.

Repercussão dodescumprimento decondicionalidadessobre o benefício

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�6 PROGRAMA

Bolsa Família

Terceiro, as sanções são compartilhadas pelo núcleo familiar. Isso significa que a sanção incide sobre todo o núcleo familiar, não apenas sobre o membro da família que recebe o benefício ou deixou de cumprir qualquer condicionali-dade. Isso serve tanto para os membros da família que são beneficiários quan-to para os não beneficiários. Em outras palavras, todas as gestantes, mães em período de amamentação e pessoas menores de 15 anos devem cumprir as condicionalidades, independentemente do valor repassado às famílias, sob pena de sofrerem as sanções do Programa. Com base nas informações sobre o descumprimento das condicionalidades, cabe ao MDS a tarefa de aplicar as sanções, que repercutem sobre a folha mensal de pagamentos.

O quadro seguinte correlaciona, para cada registro de descumprimento de condicionalidade, a sanção correspondente e seus efeitos sobre o pagamento do benefício.

Registro Sanção Efeitos/Repercussão

1ºNão há sanção,

apenasadvertência

Família passa a ser considerada em situa-ção de inadimplência;

Família continua recebendo o benefício nor-malmente.

2º Bloqueio

Uma parcela de pagamento do benefício fica retida por 30 dias.

Após 30 dias: . a família volta a receber o benefício normalmente; . a parcela bloqueada pode ser sacada.

3º Suspensão

Duas parcelas de pagamento do benefício não são pagas à família.

Após 60 dias: . a família volta a receber o benefício normalmente; mas . as duas parcelas relativas ao período de suspensão não são pagas à família.

4º Suspensão

Duas parcelas de pagamento do benefício não são pagas à família.

Após 60 dias: . a família volta a receber o benefício normalmente; mas . as duas parcelas relativas ao período de suspensão não são pagas à família.

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�7Manual de Gestãode Condicionalidades

5.1 Prazo de validade da situação de inadimplência

Para cada período de acompanhamento, serão consideradas em situação de inadimplência as famílias com um ou mais membros que descumpriram as condicionalidades. A soma dos descumprimentos de todos os integrantes gera um registro de inadimplência para a família. Para cada registro, é aplicada uma sanção correspondente. A situação de inadimplência é válida por 18 meses. Esse período renova-se toda vez que é assinalado um novo registro de des-cumprimento de condicionalidade para a família. Assim, no primeiro registro de descumprimento de condicionalidades, a família torna-se inadimplente e recebe uma advertência que não afeta o pagamento do benefício. Se no prazo de 18 meses, contados a partir desse registro inicial, for assinalado um novo registro de descumprimento de condicionalidade, a situação de inadimplência da família é renovada por mais 18 meses e o pagamento do benefício é blo-queado por �0 dias. Essa sistemática se repete até que ocorra o quinto registro de descumprimento de condicionalidade, o que leva a família a ser desligada do Programa. Por outro lado, se nos últimos 18 meses não houver qualquer registro de descumprimento de condicionalidade, os registros anteriores são desconsiderados e a família fica em situação regular no Programa.

5.2 Situações em que os registros de descumprimento de condicionalidades serão desconsiderados

Os registros de descumprimento de condicionalidades serão desconside-rados:

Caso fique demonstrada a oferta irregular ou inadequada de serviços de saúde e/ou educação necessários para o cumprimento da condicio-nalidade;

Por motivo de força maior ou caso fortuito, reconhecidos pelo municí-pio;

Se devidamente justificados pelo município, estando de acordo o MEC ou o MS, conforme o caso.

Registro Sanção Efeitos/Repercussão

5º Cancelamento

Parcelas do benefício que ainda não foram sacadas pela família são canceladas;

Parcelas do benefício que seriam pagas à família nos meses seguintes são interrompi-das;

Família é desligada do PBF.

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�8 PROGRAMA

Bolsa Família

5.3 Notificação das sanções às famílias

Cada registro de descumprimento de condicionalidades deve ser comu-nicado por escrito ao responsável legal pela família por parte do gestor mu-nicipal do PBF, por meio do Formulário Notificação de Descumprimento de Condicionalidade, constante no anexo I da Portaria nº 551. A notificação trata da formalização do descumprimento da condicionalidade, de sua implicação sobre os valores a serem recebidos e das conseqüências para a continuidade da participação da família no Programa. Esse formulário está disponível na página do PBF na internet.

As páginas �9 e 40, apresentam cópias dos anexos I e II da Portaria nº 551, os quais exemplificam, respectivamente, o Formulário Notificação de Descum-primento de Condicionalidade e o Formulário de Recurso.

Adicionalmente, o MDS poderá estabelecer mecanismo complementar de comunicação do descumprimento de condicionalidades ao responsável legal, sem prejuízo à responsabilidade do município.

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�9Manual de Gestãode Condicionalidades

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Bolsa Família

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41Manual de Gestãode Condicionalidades

5.4 Previsão de recurso

Caso não concorde com a notificação, o responsável legal tem 30 dias de prazo para entregar ao gestor municipal do PBF o Formulário de Recurso, no qual apresenta a justificativa para o cancelamento do registro do descumpri-mento de condicionalidade. O Formulário de Recurso está disponível no anexo II da Portaria nº 551 e também na página do PBF na internet. O Formulário de Recurso deve ser fornecido, pelo gestor municipal do PBF, ao responsável legal.

5.5 Previsão de resposta ao recurso

O gestor municipal do PBF tem �0 dias para decidir sobre o recurso e co-municar por escrito sua decisão ao responsável legal pela família. O gestor municipal do PBF deve encaminhar cópia dos recursos às ICS do Programa que, por sua vez, também se manifestarão quanto à manutenção ou exclusão da sanção aplicada à família.

5.6 Reingresso de famílias no Programa

O reingresso no Programa de famílias que tiveram seu benefício cancela-do, mesmo após todos os esforços envidados pelo município para que aquelas famílias cumprissem as condicionalidades, ocorrerá somente após 180 dias, a contar a partir da data de desligamento do PBF, e desde que:

Mantenham as condições de elegibilidade para participação no PBF;

Haja disponibilidade de vagas para a concessão de novos benefícios no município, de acordo com os critérios de expansão do Programa; e

Inexistam famílias elegíveis já cadastradas e que ainda não tenham sido beneficiadas.

5.7 Procedimentos quanto às famílias sem informação de acompanhamento de condicionalidades

Problemas de atualização cadastral, principalmente quanto à alteração de endereço, têm impedido a realização do acompanhamento das condicionali-dades de algumas famílias, que recebem o registro de “não localizadas” no sistema. As famílias com gestantes, nutrizes e crianças ou adolescentes de até 15 anos que não forem localizadas pelo município serão consideradas sem in-formação de acompanhamento. Sem as informações, não há acompanhamen-

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42 PROGRAMA

Bolsa Família

to das condicionalidades e nem é possível conhecer e atuar junto às famílias mais vulneráveis.

Com o propósito de estimular tanto os municípios quanto as famílias a re-alizarem a atualização das informações cadastrais, a Portaria n° 551 prevê a aplicação de sanção às famílias “não localizadas” ou sem informação de acompanhamento das condicionalidades. Assim, essas famílias, a critério do MDS, poderão ter seus benefícios bloqueados por 60 dias e, posteriormente, suspensos e cancelados.

5.8 Sanção para a ausência de informação pelos municípios

O sucesso do PBF depende da coordenação de esforços entre os governos federal, estaduais e municipais. Nesse sentido, pressupõe a realização, pelo município, dos procedimentos de gestão das condicionalidades, execução e acompanhamento de todo o Programa. Caso isso não ocorra, poderá haver denúncia ou rescisão da adesão do município ao Programa, nos termos da Portaria MDS nº 246, de 20 de maio de 2005. Além disso, a ausência de infor-mação proporciona redução dos recursos financeiros repassados ao município por meio do Índice de Gestão Descentralizada (IGD).

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4�Manual de Gestãode Condicionalidades

O Governo Federal elegeu o Programa Bolsa Família como o eixo estrutu-rante a partir do qual devem se articular as diversas iniciativas governamen-tais e não governamentais de combate às diferentes dimensões da pobreza. A estratégia é articular de forma eficaz, em cada município e região do Brasil, as ações, programas e políticas complementares executadas pelos diversos atores do governo e da sociedade civil.

Nesse contexto, o MDS está desenvolvendo sistemática para apoiar os mu-nicípios na ampliação e melhoria do acompanhamento das famílias beneficiá-rias do Programa Bolsa Família (PBF) por intermédio do Programa de Atenção Integral à Família (Paif). Essa sistemática destina-se aos beneficiários do PBF que residem nas áreas de atuação do Paif, determinada pela abrangência do Centro de Referência da Assistência Social (Cras), que engloba um total de até 1.000 famílias/ano.

O Cras é uma unidade pública estatal de base territorial, localizada em áre-as de vulnerabilidade social, e que atua com as famílias e indivíduos em seu contexto comunitário. É responsável pela oferta do Paif.

O Paif é ofertado por meio dos serviços socioassistenciais, socioeducativos e de convivência, e de projetos de preparação para a inclusão produtiva volta-dos para as famílias, seus membros e indivíduos, conforme suas necessidades identificadas no território. Esse programa é parte importante do Sistema Único de Assistência Social (Suas), de integração dos serviços socioassistenciais e dos programas de transferência de renda.

O público prioritário da articulação Paif/PBF são as famílias com crianças, adolescentes e gestantes que se encontram em situação de inadimplência com o Bolsa Família. Ou seja, aquelas famílias que deixaram de cumprir qualquer uma das condicionalidades das áreas de Saúde ou Educação. São famílias mais vulneráveis, que demandam uma sistemática específica de acompanha-mento familiar, mais do que advertência, bloqueios e as demais sanções pre-vistas na legislação. Se um objetivo importante do Bolsa Família é reduzir a pobreza entre gerações, é preciso buscar e apoiar as famílias no cumprimento dos direitos fundamentais preconizados pela Constituição Federal de 1988.

O objetivo do acompanhamento realizado pelo Paif não é punir essas famí-lias, mas direcionar para elas outras ações sociais específicas que contribuam

Acompanhamento dasfamílias em situação dedescumprimento decondicionalidades

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44 PROGRAMA

Bolsa Família

para reduzir seu acentuado grau de vulnerabilidade social.Com o objetivo de oferecer uma metodologia para os serviços socioas-

sistenciais de apoio às famílias, na garantia dos direitos de suas crianças, adolescentes e gestantes, o MDS publicou, ainda em fase preliminar, o guia Orientações para o Acompanhamento das Famílias Beneficiárias do Programa Bolsa Família no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que apresenta um conjunto de orientações e sugestões para a realização do acom-panhamento familiar. A versão eletrônica desse documento pode ser obtida no site do MDS.

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45Manual de Gestãode Condicionalidades

Em relação à Gestão de Condicionalidades, as atribuições de cada um dos entes federados estão definidas em três portarias:

Portaria Interministerial MEC/MDS nº �.789, de 17 de novembro de 2004 – estabelece atribuições e normas para o cumprimento da condi-cionalidade da freqüência escolar no Programa Bolsa Família;

Portaria Interministerial MS/MDS nº 2.509, de 18 de novembro de 2004 – dispõe sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das ações de saúde relativas às condicionalidades das famílias benefi-ciárias do Programa Bolsa Família;

Portaria MDS nº 551, de 9 de novembro de 2005 – regulamenta a ges-tão de condicionalidades do Programa Bolsa Família.

Assim, a Gestão de Condicionalidades envolve o exercício de atribuições complementares e coordenadas no âmbito da União, estados, Distrito Federal e municípios.

7.1 Atribuições e responsabilidades da União

7.1.1 Responsabilidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Com-bate à Fome

Realizar a articulação intersetorial, promover o apoio institucional e supervisionar as ações governamentais para o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família;

Apoiar a descentralização do acompanhamento das condicionalidades de saúde das famílias do Programa Bolsa Família, em conformidade com as diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde;

Capacitar, em articulação com o Ministério da Saúde, os responsáveis técnicos e gestores estaduais e municipais, no âmbito da saúde, sobre a gestão do Programa Bolsa Família;

Apoiar a capacitação, em articulação com o Ministério da Educação, dos gestores estaduais e municipais e responsáveis técnicos sobre o sistema de freqüência escolar;

Disciplinar e proceder os encaminhamentos necessários à repercus-

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Mapa de atribuiçõese responsabilidades naGestão de Condicionalidades

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46 PROGRAMA

Bolsa Família

são financeira na folha de pagamentos do Programa Bolsa Família, em caso do não-cumprimento pelas famílias da agenda de saúde prevista no artigo 6º da Portaria Interministerial nº 2.509;

Proceder à repercussão do descumprimento da condicionalidade do Programa Bolsa Família, no que se refere à freqüência escolar, a partir das informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação;

Disponibilizar as informações sobre a folha de pagamentos do Progra-ma Bolsa Família, visando integrar políticas setoriais com o Ministério da Educação;

Disponibilizar periodicamente a base do Cadastro Único atualizada ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Educação;

Editar normas complementares;Disponibilizar os dados consolidados de descumprimento das condi-

cionalidades das áreas de Saúde e Educação, no âmbito das famílias beneficiárias do PBF, aos estados, Distrito Federal e municípios, aos órgãos de controle social formalmente constituídos, ao MEC e ao MS.

7.1.2 Responsabilidades do Ministério da Saúde

Designar a Secretaria de Atenção à Saúde como a área técnica res-ponsável pela gestão federal do acompanhamento das condicionalida-des de saúde do Programa Bolsa Família;

Estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o acompanha-mento das famílias, no âmbito da saúde, e a sua divulgação aos estados e municípios;

Elaborar e manter em funcionamento os aplicativos da Vigilância Ali-mentar e Nutricional, para o acompanhamento das famílias do Progra-ma Bolsa Família;

Capacitar os responsáveis técnicos e gestores estaduais para o apoio aos municípios na implementação das ações de acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde;

Analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, gerados pelos municípios, e encaminhá-los ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

Disponibilizar os relatórios de acompanhamento das famílias do Pro-grama Bolsa Família, no âmbito da saúde, aos estados, Distrito Fede-ral, municípios e ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

7.1.3 Responsabilidades do Ministério da Educação

Indicar a área técnica responsável pela gestão federal do sistema de freqüência escolar;

Estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o sistema de

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47Manual de Gestãode Condicionalidades

freqüência escolar e a sua divulgação aos estados, Distrito Federal e municípios;

Manter em funcionamento o Sistema de Freqüência Escolar, disponi-bilizando-o a estados, Distrito Federal e municípios;

Promover a capacitação dos gestores municipais e estaduais visan-do à implementação e ao desenvolvimento das ações relacionadas ao acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;

Analisar os dados consolidados de acompanhamento da freqüência escolar dos alunos, para orientar políticas educacionais;

Disponibilizar, ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, informações decorrentes do acompanhamento da freqüência es-colar;

Elaborar e divulgar, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o calendário anual da freqüência escolar.

7.2 Atribuições e responsabilidades dos estados

7.2.1 Responsabilidades do titular da Secretaria Estadual de Saúde

Indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coor-denar o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde;

Participar da instância de gestão intersetorial do Programa Bolsa Fa-mília prevista no artigo 1� do Decreto nº 5.209, de 2004, no âmbito es-tadual;

Divulgar as normas sobre o acompanhamento das famílias pelo setor público de Saúde aos municípios, em conformidade com as diretrizes técnicas e operacionais do Ministério da Saúde;

Apoiar, tecnicamente, os municípios na implantação da Vigilância Ali-mentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;

Apoiar, tecnicamente, os municípios na implementação das ações bá-sicas de saúde previstas nos artigos 1º e 6º da Portaria Interministerial nº 2.509;

Coordenar e supervisionar, em âmbito estadual, a implantação da Vi-gilância Alimentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;

Analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, gerados pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsidiar a política estadual de saúde e de segurança alimentar e nutricional.

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48 PROGRAMA

Bolsa Família

7.2.2 Responsabilidades do titular da Secretaria Estadual de Educação

Indicar um responsável técnico para coordenar o acompanhamento da freqüência escolar em âmbito estadual;

Integrar a Coordenação Estadual do Programa Bolsa Família, confor-me o artigo 1� do Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004;

Divulgar, aos municípios, as normas sobre o acompanhamento das famílias pelo setor público de Educação, em conformidade com as dire-trizes técnicas e operacionais do Ministério da Educação;

Apoiar os municípios na implantação do Sistema de Freqüência Es-colar, com vistas ao acompanhamento das condicionalidades de edu-cação;

Disponibilizar, aos órgãos municipais de Educação, as informações necessárias ao acompanhamento da freqüência escolar dos alunos da rede estadual;

Apoiar a implementação de ações de educação e de promoção social em âmbito municipal;

Coordenar, em âmbito estadual, a implantação e o desenvolvimento do Sistema de Freqüência Escolar, com vistas ao acompanhamento das condicionalidades de educação;

Analisar os dados consolidados de acompanhamento dos alunos, ge-rados pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsidiar a política estadual de educação.

7.2.3 Responsabilidades do coordenador estadual do Bolsa Família

Promover a capacitação dos municípios para realizar a gestão de con-dicionalidades;

Oferecer apoio técnico aos municípios para a execução da gestão de condicionalidades;

Fornecer infra-estrutura para a transmissão de dados aos municípios que necessitarem;

Acompanhar, quando for o caso, a integração dos programas estadu-ais de transferência de renda com condicionalidades ao Bolsa Família, realizada por meio de pactuação assinada entre o Governo Federal e os governos estaduais.

7.3 Atribuições e responsabilidades dos municípios e do Distrito Federal

7.3.1 Responsabilidades do titular do órgão municipal de Saúde

Indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coor-denar o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde;

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49Manual de Gestãode Condicionalidades

Participar da coordenação intersetorial do Programa Bolsa Família pre-vista no artigo 14 do Decreto nº 5.209, de 2004, no âmbito municipal;

Implantar a Vigilância Alimentar e Nutricional, que proverá as informa-ções sobre o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Famí-lia;

Coordenar o processo de inserção e atualização das informações de acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família nos aplicati-vos da Vigilância Alimentar e Nutricional;

Prover as ações básicas de saúde que são mencionadas nos artigos 1º e 6º da Portaria Interministerial nº 2.509;

Estimular e mobilizar as famílias para o cumprimento das ações men-cionadas no artigo 6º dessa portaria;

Promover as atividades educativas sobre aleitamento materno e ali-mentação saudável;

Capacitar as equipes de saúde para o acompanhamento de gestantes, nutrizes e crianças das famílias do Programa Bolsa Família;

Prover, semestralmente, o acompanhamento das famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família;

Informar, ao órgão municipal responsável pelo Cadastro Único, qual-quer alteração identificada sobre os dados cadastrais das famílias bene-ficiadas pelo Programa Bolsa Família.

7.3.2 Atribuições do responsável técnico encarregado de coordenar o acompanhamento das condicionalidades da área de Saúde

Capacitar a equipe de saúde quanto ao preenchimento do Mapa Diá-rio de Acompanhamento, principalmente em relação aos dados nutricio-nais, ao aleitamento materno e às doenças associadas ou relacionadas à alimentação e nutrição;

Distribuir, para cada unidade de saúde e/ou equipe do ACS/ESF, o Mapa Diário de Acompanhamento já impresso com o NIS, nome e en-dereço dos beneficiários do Bolsa Família a serem acompanhados. O Mapa Diário de Acompanhamento já preenchido está disponível para consulta e impressão no Módulo de Gestão do Sisvan. Há também a opção de imprimir o Mapa Diário de Acompanhamento em branco, ou seja, sem a relação dos beneficiários do Bolsa Família. Nesse caso, es-sas informações deverão ser preenchidas pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) no momento da visita domiciliar ou durante a execução de outra medida adotada pela equipe de Saúde local;

Orientar a equipe de Saúde para que anote no Mapa Diário de Acom-panhamento os dados de todas as crianças e/ou gestantes beneficiárias do Programa Bolsa Família;

Solicitar que, ao final do dia, do mês, ou em prazo estipulado como rotina, as equipes de Saúde devolvam ao responsável técnico o Mapa

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50 PROGRAMA

Bolsa Família

Diário de Acompanhamento preenchido com as informações sobre as condicionalidades;

Providenciar a digitação das informações do Mapa Diário de Acom-panhamento no Módulo de Gestão do Sisvan. Para evitar o acúmulo de trabalho e possíveis congestionamentos nas vias de transmissão de dados, recomenda-se realizar a digitação dessas informações antes dos dias anteriores à data final do período de registro;

Participar da coordenação intersetorial do Programa Bolsa Família;Indicar famílias do Cadastro Único para serem incluídas no PBF.

7.3.3 Responsabilidades do titular do órgão municipal de Educação

Indicar um responsável técnico para coordenar o Sistema de Freqüência Escolar;

Instituir uma instância de recurso aos beneficiários que permita a re-visão de procedimentos operacionais relacionados com o acompanha-mento da freqüência escolar;

Integrar a Coordenação Municipal do Programa Bolsa Família, confor-me o artigo 14 do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;

Promover a atualização das informações necessárias ao acompanha-mento da freqüência escolar, principalmente o código de identificação da escola, estabelecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e a série ou o ciclo escolar dos alu-nos;

Promover a apuração mensal da freqüência escolar dos alunos nos respectivos estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, plane-jando ao longo do bimestre a recepção, a consolidação e a transmissão das informações;

Orientar as famílias sobre a importância da participação efetiva no processo educacional das crianças e adolescentes para a promoção e melhoria das condições de vida, na perspectiva da inclusão social;

Orientar e sensibilizar as famílias para o cumprimento das responsabi-lidades mencionadas no artigo 11 da Portaria Interministerial nº �.789;

Apoiar ações educativas, visando assegurar o desenvolvimento inte-gral dos alunos e combater a evasão e o abandono escolar;

Capacitar os profissionais de educação para o acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;

Articular com a Secretaria Estadual de Educação o estabelecimento de fluxo de informações para o efetivo acompanhamento da freqüência escolar dos alunos da rede estadual;

Pactuar com as escolas da rede privada o estabelecimento de fluxo de informações para o efetivo acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;

Supervisionar os lançamentos efetuados no Sistema de Freqüência

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51Manual de Gestãode Condicionalidades

Escolar, responsabilizando administrativa, civil ou penalmente quando comprovada irregularidade de procedimentos.

7.3.4 Atribuições do responsável técnico encarregado de coordenar o acompanhamento das condicionalidades da área de Educação

Sensibilizar as escolas – dirigentes, professores e área administrativa – sobre o significado e a importância do acompanhamento da freqüência escolar no âmbito do Programa Bolsa Família como fator de perma-nência de crianças e adolescentes na escola e de combate à evasão escolar;

Promover a coleta mensal da freqüência dos alunos beneficiários, pla-nejando e estabelecendo estratégias adequadas conforme a realidade de cada município;

Estabelecer acordo com as escolas privadas para esse procedimen-to;

Estabelecer fluxo de informação com as escolas dos municípios vizi-nhos nas quais estudam crianças que moram com suas famílias em seu município;

Articular com as escolas estaduais sediadas no município a coleta dos dados da freqüência. Havendo necessidade, solicitar formalmente esse apoio por meio das secretarias municipal e estadual, e ainda junto ao gestor estadual do Programa Bolsa Família – área de Educação;

Atuar com efetividade junto à área social responsável pelo cadastro das famílias para localizar os alunos não encontrados nas escolas, para que seja regularizada a situação de todas as crianças beneficiárias;

Fazer o registro da freqüência coletada no sistema lembrando que, para cada aluno, é fundamental informar uma das seguintes condições: freqüência superior a 85% (deixar em branco), freqüência inferior a 85% (registrar percentual e motivo) ou aluno não localizado (marcar). Não deixar aluno sem informação;

Informar na funcionalidade “freqüência total por escola” somente os casos em que de fato todos os alunos daquela escola tiveram freqüência superior a 85%;

Informar a freqüência dos alunos relacionados no código Inep 9999 (escola não identificada) somente após processar o registro do código Inep da escola na qual foram localizados e informar a série atual. Caso a escola não apareça na base do Inep, registrar ao menos a série esco-lar atual. O registro da freqüência desse conjunto conta com orientação específica no Manual Operacional do Sistema;

Supervisionar os registros lançados por meio das informações geren-ciais disponíveis, atentando para a responsabilização administrativa, ci-vil e penal se comprovada irregularidade de procedimentos;

Encaminhar os dados consolidados da freqüência escolar ao gestor

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52 PROGRAMA

Bolsa Família

municipal e à instância de controle social do PBF no município, com destaque para os motivos que provocaram a baixa freqüência, a fim de que sejam tomadas as providências e ações adequadas para resolução dos problemas identificados.

7.3.5 Responsabilidades do gestor municipal do PBF

Articular, capacitar e mobilizar os agentes envolvidos nos procedimen-tos de acompanhamento das condicionalidades;

Mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a impor-tância do cumprimento das condicionalidades;

Realizar o acompanhamento sistemático das famílias com dificuldades no cumprimento das condicionalidades, avaliando as causas e promo-vendo, sempre que necessário, a redução da situação de risco por meio da inserção da família em programas e ações voltados para combater os efeitos da vulnerabilidade identificada;

Notificar, formalmente, o responsável legal pela família, quando iden-tificar o descumprimento de condicionalidade, conforme modelo padrão constante do anexo I da Portaria nº 551, sem prejuízo de outras formas definidas em normas complementares;

Encaminhar, para conhecimento da instância de controle social do Programa, a relação das famílias que devem ter o benefício cancelado em decorrência do descumprimento de condicionalidades;

Inscrever as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza na base do Cadastro Único e manter atualizado e organizado todo o Ca-dastro;

Realizar a gestão dos benefícios como bloqueio, desbloqueio e cance-lamento de repasses financeiros das famílias com irregularidades;

Promover a apuração e o encaminhamento às instâncias cabíveis de possíveis situações irregulares;

Promover o acesso aos serviços de educação e saúde, a fim de per-mitir o cumprimento das condicionalidades;

Acompanhar as famílias no cumprimento das condicionalidades;Acompanhar as famílias beneficiárias, em especial as que se encon-

tram em situação de maior vulnerabilidade social;Estabelecer parcerias com instituições governamentais e não-gover-

namentais, para oferta de programas complementares aos beneficiários do PBF.

7.3.6 Responsabilidades da instância municipal de controle social

Acompanhar a oferta, por parte dos governos locais, dos serviços pú-blicos necessários ao cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família pelas famílias beneficiárias;

••

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5�Manual de Gestãode Condicionalidades

Articular-se com os conselhos de políticas setoriais existentes no mu-nicípio para assegurar a oferta dos serviços para o cumprimento das condicionalidades;

Conhecer a lista dos beneficiários que não cumprirem as condicio-nalidades, periodicamente atualizada, e sem prejuízo das implicações éticas e normativas relativas ao uso da informação;

Analisar o resultado e as repercussões do acompanhamento das con-dicionalidades no município;

Contribuir para o aperfeiçoamento da rede de proteção social, estimu-lando o poder público local a acompanhar as famílias com dificuldades no cumprimento das condicionalidades que devem observar em decor-rência de sua participação no Programa.

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54 PROGRAMA

Bolsa Família

ANEXO IPORTARIA INTERMINISTERIAL MEC/MDS N° 3.789,

DE 17 DE NOVEMBRO DE 2004

(Publicada no DOU n° 221, em 18 de novembro de 2004)

Estabelece atribuições e normas para o cumprimento da Condicionalidade da Fre-qüência Escolar no Programa Bolsa Família.

O Ministro de Estado da Educação e o Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com base no disposto na Lei n° 10.8�6, de 9 de janeiro de 2004, na Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no § 3° do art. 54 da Lei n° 8.069, de 1� de julho de 1990, no uso das atribuições que lhes confere o art. 28 do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, e considerando que constitui fundamento do Programa Bolsa Família a associação de transferência de renda ao direito básico de acesso à educação e permanência na escola;

Considerando que a concretização do direito à educação compreende responsa-bilidades tanto por parte do Estado quanto da sociedade e dos indivíduos, cabendo à União, Estados, Distrito Federal e Municípios o papel de oferecer os serviços básicos de educação, de forma digna e com qualidade, elemento fundamental para a inclusão social das famílias beneficiadas;

Considerando que a escola é um espaço de construção de conhecimento, formação humana e proteção social às crianças e adolescentes e que o baixo índice de freqüência escolar é um dos indicadores de situação de risco que deve ser considerado na defini-ção de políticas de proteção à família;

Considerando que há necessidade de interferir nos baixos índices de freqüência e evasão escolar no ensino fundamental, que são relacionados com a situação socioe-conômica e cultural das famílias, dentre outras situações que interferem no desenvolvi-mento integral do aluno, resolvem:

Art. 1° Estabelecer atribuições e normas de cumprimento da Condicionalidade da Freqüência Escolar das crianças e adolescentes de 6 a 15 anos de idade que compo-nham as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

§ 1° Caberá ao Poder Público a oferta de serviços de educação com acompanha-mento da freqüência escolar dos alunos.

§ 2° Caberá às famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família zelar pela freqüên-cia escolar em estabelecimento regular de ensino.

Art. 2° A freqüência escolar deverá ser apurada mensalmente pelos estabelecimen-tos regulares de ensino para verificação do índice mínimo de 85% (oitenta e cinco por cento) da carga horária mensal.

§ 1° O índice percentual da freqüência escolar mensal do aluno será calculado com base nos dias letivos do calendário escolar de cada sistema ou estabelecimento de ensino.

Anexos

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55Manual de Gestãode Condicionalidades

§ 2° As horas cumpridas pelos alunos em atividades complementares, em caráter de jornada escolar estendida, não serão consideradas para efeito de apuração da fre-qüência escolar.

§ 3° A obtenção, pelos alunos, de índices mensais de freqüência escolar inferiores a 85% (oitenta e cinco por cento) deverá ser avaliada pelo dirigente do estabelecimento de ensino, com vistas à comunicação aos pais ou responsáveis no sentido de restabe-lecer a freqüência mínima e, conforme o caso, informar ao Conselho Tutelar para as medidas cabíveis.

Art. 3° O resultado da apuração mensal da Freqüência Escolar deverá ser consoli-dado bimestralmente de forma descentralizada, conforme calendário agendado.

§ 1° As informações serão registradas no sistema de freqüência escolar com acesso permitido por meio de senha individual, cuja utilização atribui responsabilidade pela veracidade das informações.

§ 2° O registro de freqüência escolar no sistema de que trata o caput será realiza-do:

I – para cada aluno com índice mensal de freqüência escolar inferior a 85% (oitenta e cinco por cento); e

II – para cada estabelecimento de ensino em que a freqüência escolar de todos os respectivos alunos inscritos no Programa Bolsa Família seja superior a esse percen-tual.

Art. 4° Definir como atribuições dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino que contarem com alunos beneficiários do Programa Bolsa Família:

I – identificar e disponibilizar ao gestor municipal dados atualizados dos alunos e ocorrências, como mudança de endereço, transferência, abandono e falecimento;

II – no caso de transferência de escola, informar o nome do estabelecimento de ensino de destino;

III – cumprir os prazos estabelecidos no calendário para a apuração, registro e en-caminhamento da freqüência escolar dos alunos para o gestor municipal;

IV – comunicar ao Conselho Tutelar fatos relativos ao Art. 56 do ECA;V – informar, quando for o caso, as justificativas apresentadas pelo responsável do

aluno para freqüência inferior a 85% da carga horária mensal ao gestor municipal.

Art. 5° O gestor do sistema de freqüência escolar no município deverá ser o titular do órgão municipal de educação.

Art. 6° São atribuições do gestor municipal do sistema de freqüência escolar:I – indicar um responsável técnico para coordenar o sistema de freqüência escolar;II – instituir uma instância de recurso aos beneficiários que permita a revisão de pro-

cedimentos operacionais relacionados com o acompanhamento da freqüência escolar;III – integrar a Coordenação Municipal do Programa Bolsa Família, conforme o Art.

14, do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;IV – promover a atualização das informações necessárias ao acompanhamento

da freqüência escolar, principalmente o código de identificação da escola estabelecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP e a série ou o ciclo escolar dos alunos;

V – promover a apuração mensal da freqüência escolar dos alunos nos respectivos estabelecimentos de ensino, público ou privado, planejando ao longo do bimestre a recepção, a consolidação e a transmissão das informações;

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56 PROGRAMA

Bolsa Família

VI – garantir, por meios diversificados, considerando as realidades do seu municí-pio, a coleta de freqüência escolar;

VII – orientar as famílias sobre a importância da participação efetiva no processo educacional das crianças e adolescentes para a promoção e melhoria das condições de vida, na perspectiva da inclusão social;

VIII – orientar e sensibilizar as famílias para o cumprimento das responsabilidades mencionadas no artigo 11 desta Portaria;

IX – apoiar ações educativas visando assegurar o desenvolvimento integral dos alunos e combater a evasão e o abandono escolar;

X – capacitar os profissionais de educação para o acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;

XI – articular com a Secretaria Estadual de Educação o estabelecimento de fluxo de informações objetivando o efetivo acompanhamento da freqüência escolar dos alunos da rede estadual;

XII – pactuar com as escolas da rede privada o estabelecimento de fluxo de informa-ções objetivando o efetivo acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;

XIII – supervisionar os lançamentos efetuados no sistema de freqüência escolar, responsabilizando administrativa, civil ou penal quando comprovada irregularidade de procedimentos.

Parágrafo Único. O gestor poderá propor ao Poder Público Municipal o estabeleci-mento de parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais, gover-namentais ou não-governamentais, para o fomento de atividades emancipatórias das famílias na perspectiva da inclusão social.

Art. 7° O gestor do sistema de freqüência escolar no estado deverá ser o titular da Secretaria Estadual de Educação.

Art. 8° São atribuições do gestor estadual do sistema de freqüência escolar:I – indicar um responsável técnico para coordenar o sistema de freqüência escolar

em âmbito estadual;II – integrar a Coordenação Estadual do Programa Bolsa Família, conforme o Art. 13,

do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;III – divulgar, aos municípios, as normas sobre o acompanhamento das famílias

pelo setor público de educação, em conformidade com as diretrizes técnicas e opera-cionais do Ministério da Educação;

IV – apoiar os municípios na implantação do sistema de freqüência escolar, com vistas ao acompanhamento dos alunos;

V – disponibilizar aos órgãos municipais de educação as informações necessárias ao cumprimento do acompanhamento da freqüência escolar dos alunos da rede esta-dual;

VI – apoiar a implementação de ações de educação e de promoção social em âm-bito municipal;

VII – coordenar em âmbito estadual, a implantação e o desenvolvimento do sistema de freqüência escolar, com vistas ao acompanhamento dos alunos;

VIII – analisar os dados consolidados de acompanhamento dos alunos, gerados pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsidiar a política estadual de educação.

Parágrafo Único. O gestor poderá propor ao Poder Público Estadual o estabeleci-mento de parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais, gover-namentais ou não-governamentais, para o fomento de atividades emancipatórias das famílias na perspectiva da inclusão social.

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57Manual de Gestãode Condicionalidades

Art. 9° Definir como atribuições do Ministério da Educação no Programa Bolsa Fa-mília:

I – indicar a área técnica responsável pela gestão federal do sistema de freqüência escolar dos alunos;

II – estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o sistema de freqüência escolar dos alunos e a sua divulgação aos estados e municípios;

III – manter o funcionamento do sistema de freqüência escolar, disponibilizando-o a estados e municípios;

IV – promover a capacitação dos gestores municipais e estaduais visando a imple-mentação e desenvolvimento das ações relacionadas ao acompanhamento da freqüên-cia escolar dos alunos;

V – analisar os dados consolidados de acompanhamento da freqüência escolar dos alunos, para orientar políticas educacionais;

VI – disponibilizar, ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, informações decorrentes do acompanhamento da freqüência escolar;

VII – elaborar e divulgar, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o calendário anual da freqüência escolar.

Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, o Ministério da Educação poderá apoiar o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições mu-nicipais, estaduais e federais, governamentais e não governamentais, para o desenvol-vimento de ações educativas aos alunos e às famílias.

Art. 10 Definir como atribuições do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome:

I – realizar a articulação intersetorial, promover o apoio institucional e supervisio-nar as ações governamentais para o cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família;

II – apoiar a capacitação, em articulação com o Ministério da Educação, dos ges-tores estaduais e municipais e responsáveis técnicos sobre o sistema de freqüência escolar;

III – disponibilizar periodicamente a base do cadastramento único atualizada ao Ministério da Educação;

IV – disponibilizar as informações sobre a folha de pagamentos do Programa Bolsa Família, visando integrar políticas setoriais com o Ministério da Educação;

V – proceder a repercussão do descumprimento da condicionalidade do Programa Bolsa Família, no que se refere à freqüência escolar, a partir das informações disponi-bilizadas pelo Ministério da Educação.

Art. 11 Definem-se para o responsável legal das famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família as seguintes responsabilidades:

I – efetivar, observada a legislação escolar vigente, a matrícula escolar em estabe-lecimento regular de ensino;

II – garantir a freqüência escolar de no mínimo 85% (oitenta e cinco por cento) da carga horária mensal do ano letivo;

III – informar imediatamente à escola, quando da impossibilidade de compareci-mento do aluno à aula, apresentando, se existente, a devida justificativa da falta.

Art. 12 O Ministério da Educação e o Ministério do Desenvolvimento Social e Com-bate à Fome, no âmbito desta Portaria, poderão celebrar convênios e acordos de coo-peração entre si, ou com Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades civis legal-mente constituídas.

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58 PROGRAMA

Bolsa Família

Art. 13 Para efeito de cumprimento do estabelecido nesta Portaria o Distrito Federal equipara-se aos Municípios.

Art. 14 Os Estados, Distrito Federal e Municípios que reunirem as condições técni-cas e operacionais para a realização do acompanhamento da freqüência escolar po-derão exercer essa atribuição, mediante a realização de Termo de Cooperação com o Ministério da Educação e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, admitida a adaptação das regras estabelecidas nesta Portaria.

Art. 15 Os conselhos municipais, estaduais e nacional de educação poderão ter acesso, nos seus respectivos níveis de competência, aos dados e informações do acompanhamento da condicionalidade da freqüência escolar objetivando subsidiar de-finições de ações e políticas educacionais.

Art. 16 Os alunos beneficiários do Programa Bolsa Escola terão a freqüência esco-lar acompanhada em conformidade com o disposto nesta Portaria.

Art. 17 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TARSO GENROMinistro de Estado da Educação

PATRUS ANANIASMinistro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ANEXO II

PORTARIA INTERMINISTERIAL MS/MDS N° 2.509,DE 18 DE NOVEMBRO DE 2004

(Publicada no DOU n° 22�, em 22 de novembro de 2004)

Dispõe sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das ações de saúde relativas às condicionalidades das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

O Ministro de Estado da Saúde e o Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com base no disposto na Lei n° 10.8�6, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família, no uso das atribuições que lhes confere o art. 28 do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, e Considerando que uma das principais características do Programa Bolsa Família é a associação da transferência de renda com o acesso aos direitos sociais básicos de saúde e nutrição, constituindo-se como elemento fundamental para a inclusão social das famílias;

Considerando que a concretização desses direitos compreendem responsabilida-des tanto por parte do Estado quanto da sociedade e dos indivíduos, cabendo à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a responsabilidade de ofertar os serviços básicos de saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, de forma digna e com quali-dade;

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59Manual de Gestãode Condicionalidades

Considerando que a desnutrição que prevalece no país atinge, preponderantemen-te, as crianças de famílias pobres, em localidades de baixo desenvolvimento social e humano, refletindo-se em altas taxas de mortalidade infantil, cuja reversão requer a garantia de atenção à saúde, numa abordagem familiar; e

Considerando que é imperativo atuar na diminuição das desigualdades e empreen-der esforços para equalizar as chances de todas as famílias a uma vida digna, resol-vem:

Art. 1° Dispor sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das ações de saúde relativas às condicionalidades das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

§ 1° Caberá ao setor público de saúde a oferta de serviços para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, da assistência ao pré-natal e ao puerpério, da vacinação, bem como da Vigilância Alimentar e Nutricional de crianças menores de 7 (sete) anos.

§ 2° As famílias beneficiárias com gestantes, nutrizes e crianças menores de 7 (sete) anos de idade deverão ser assistidas por uma equipe de saúde da família, por agentes comunitários de saúde ou por unidades básicas de saúde, que proverão os serviços necessários ao cumprimento das ações de responsabilidade da família.

Art. 2° Compete às Secretarias Municipais de Saúde no Programa Bolsa Família:I – indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coordenar o acom-

panhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde, sendo reco-mendado, preferencialmente, um nutricionista;

II – participar da coordenação intersetorial do Programa Bolsa Família prevista no art. 14 do Decreto n° 5.209, de 2004, no âmbito municipal;

III – implantar a Vigilância Alimentar e Nutricional, que proverá as informações sobre o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;

IV – coordenar o processo de inserção e atualização das informações de acompa-nhamento das famílias do Programa Bolsa Família nos aplicativos da Vigilância Alimen-tar e Nutricional;

V – prover as ações básicas de saúde que são mencionadas nos artigos 1° e 6° desta Portaria;

VI – estimular e mobilizar as famílias para o cumprimento das ações mencionadas no artigo 6° desta Portaria;

VII – promover as atividades educativas sobre aleitamento materno e alimentação saudável;

VIII – capacitar as equipes de saúde para o acompanhamento de gestantes, nutri-zes e crianças das famílias do Programa Bolsa Família, conforme o manual operacional a ser divulgado pelo Ministério da Saúde;

IX – prover, semestralmente, o acompanhamento das famílias atendidas pelo Pro-grama Bolsa Família;

X – Informar ao órgão municipal responsável pelo Cadastramento Único qualquer alteração identificada sobre os dados cadastrais das famílias beneficiadas pelo Progra-ma Bolsa Família.

Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, as secretarias mu-nicipais de saúde poderão estabelecer parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais, governamentais e não-governamentais para o fomento de ativida-des complementares às famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família.

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60 PROGRAMA

Bolsa Família

Art. 3° Compete às Secretarias Estaduais de Saúde no Programa Bolsa Família:I – indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coordenar o acom-

panhamento das famílias Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde, sendo reco-mendado, preferencialmente, um nutricionista;

II – participar da instância de gestão intersetorial do Programa Bolsa Família previs-ta no art. 1� do Decreto n° 5.209, de 2004, no âmbito estadual;

III – divulgar as normas sobre o acompanhamento das famílias pelo setor público de saúde aos municípios, em conformidade com as diretrizes técnicas e operacionais do Ministério da Saúde;

IV – apoiar, tecnicamente, os municípios na implantação da Vigilância Alimentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;

V – apoiar tecnicamente os municípios na implementação das ações básicas de saúde previstas nos artigos 1° e 6° desta Portaria;

VI – coordenar e supervisionar, em âmbito estadual, a implantação da Vigilância Ali-mentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;

VII – analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do Progra-ma Bolsa Família, gerados pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsi-diar a política estadual de saúde e de segurança alimentar e nutricional.

Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, as secretarias es-taduais de saúde poderão apoiar o estabelecimento de parcerias com órgãos e insti-tuições municipais, estaduais e federais, governamentais e não-governamentais para o fomento de atividades complementares às famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família.

Art. 4° Compete ao Ministério da Saúde no Programa Bolsa Família:I – designar a Secretaria de Atenção Básica da Saúde, como a área técnica respon-

sável pela gestão federal do acompanhamento do cumprimento das condicionalidades de saúde das famílias do Programa Bolsa Família;

II – estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o acompanhamento das famílias, no âmbito do setor saúde, e a sua divulgação aos estados e municípios;

III – elaborar e manter em funcionamento os aplicativos da Vigilância Alimentar e Nutricional, para o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;

IV – capacitar os responsáveis técnicos e gestores estaduais para o apoio aos mu-nicípios na implementação das ações de acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde;

V – analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, gerados pelos municípios e encaminhá-los para o Ministério do Desen-volvimento Social e Combate à Fome;

VI – disponibilizar os relatórios de acompanhamento das famílias do Programa Bol-sa Família, no âmbito da saúde, aos Estados, Distrito Federal, Municípios e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, o Ministério da Saúde poderá apoiar o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições muni-cipais, estaduais e federais, governamentais e não governamentais para o fomento de atividades complementares às famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família.

Art. 5° Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no Programa Bolsa Família:

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61Manual de Gestãode Condicionalidades

I – realizar a articulação intersetorial, promover o apoio institucional e supervisio-nar as ações governamentais para o cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família;

II – apoiar a descentralização do acompanhamento das condicionalidades da saúde das famílias do Programa Bolsa Família, em conformidade com as diretrizes e princí-pios do Sistema Único de Saúde;

III – disciplinar e proceder aos encaminhamentos necessários à repercussão finan-ceira na folha de pagamentos do Programa Bolsa Família, quando do não cumprimento pelas famílias da agenda de saúde prevista no artigo 6° desta Portaria;

IV – capacitar, em articulação com o Ministério da Saúde, os responsáveis técnicos e gestores estaduais e municipais, no âmbito da saúde, sobre a gestão do Programa Bolsa Família;

V – disponibilizar periodicamente a base do Cadastro Único atualizada ao Ministério da Saúde.

Art. 6° São definidas como responsabilidades das famílias atendidas no Programa Bolsa Família:

I – para as gestantes e nutrizes, no que couber:a) inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais

próxima de sua residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde;

b) participar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre alei-tamento materno e promoção da alimentação saudável.

II – para os responsáveis pelas crianças menores de 7 (sete) anos:a) levar a criança à Unidade de Saúde ou ao local de campanha de vacinação,

mantendo, em dia, o calendário de imunização, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde;

b) levar a criança às unidades de saúde, portando o cartão de saúde da criança, para a realização do acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento e de outras ações, conforme o calendário mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde.

III – informar ao órgão municipal responsável pelo Cadastramento Único qualquer alteração no seu cadastro original objetivando a atualização do cadastro da sua famí-lia.

Parágrafo Único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informar e orientar as famílias sobre seus direitos e responsabilidades no Programa Bolsa Família e sobre a importância da freqüência aos serviços de saúde para a melho-ria das condições de saúde e nutrição de seus membros.

Art. 7° O Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome poderão celebrar convênios e acordos de cooperação entre si, e com Estados, DF, municípios e entidades civis legalmente constituídas.

Art. 8° Os conselhos municipais, estaduais e nacional de saúde, nos seus respec-tivos níveis de atuação, poderão ter acesso aos dados e informações do acompanha-mento da condicionalidade de saúde, objetivando subsidiar a definição de ações e po-líticas de saúde ou nutrição.

Parágrafo Único. Na esfera federal, a atribuição do conselho nacional citada no ca-put será exercida por intermédio da Comissão Intersetorial de Alimentação e Nutrição.

Art. 9° O acompanhamento de saúde e nutrição previsto na Medida Provisória

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62 PROGRAMA

Bolsa Família

n° 2.206, de 10 de agosto de 2001, para as famílias inscritas no Programa Alimentação será regido pelos termos desta Portaria.

Art. 10 Fica revogada a Portaria n° 1.920, de 22 de outubro de 2002, do Ministério da Saúde.

Art. 11 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

HUMBERTO COSTAMinistro de Estado da Saúde

PATRUS ANANIASMinistro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ANEXO IIIPORTARIA GM/MDS N° 551,

DE 9 DE NOVEMBRO DE 2005

(Publicada no DOU n° 217, de 11 de novembro de 2005)

Regulamenta a gestão das condicionalidades do Programa Bolsa Família.

O MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, no uso das atribuições conferidas pelo art. 27, inciso II, da Lei n° 10.68�, de 2� de maio de 2003, modificada pela Lei n° 10.869, de 13 de maio de 2004, e no art. 2° do Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, e

CONSIDERANDO:

Que o Programa Bolsa Família – PBF, criado pela Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e regulamentado pelo Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, tem por objetivos a inclusão social das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, por meio da transferência de renda vinculada a condicionalidades, o desenvolvimento das famílias em situação de vulnerabilidade sócio-econômica, e a promoção do acesso aos direitos sociais básicos de saúde e de educação;

Que as condicionalidades são contrapartidas sociais que devem ser cumpridas pelo núcleo familiar para que possa receber o benefício mensal;

O disposto no art. �° da Lei n° 10.8�6, de 9 de janeiro de 2004, que determina que “a concessão dos benefícios dependerá do cumprimento, no que couber, de condiciona-lidades relativas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompanha-mento da saúde, à freqüência de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento”;

Que o objetivo das condicionalidades é assegurar o acesso dos beneficiários às políticas sociais básicas de saúde, educação e assistência social, de forma a promover

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6�Manual de Gestãode Condicionalidades

a melhoria das condições de vida da população beneficiária e propiciar as condições mínimas necessárias para sua inclusão social sustentável;

Que, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, o Ministério da Educação - MEC estabeleceu atribuições e normas para o cum-primento da condicionalidade da freqüência escolar, e o Ministério da Saúde – MS esta-beleceu atribuições e normas para o cumprimento das condicionalidades de saúde, por meio das Portarias Interministeriais MEC/MDS n° �.789, de 17 de novembro de 2004, e MS/MDS n° 2.509, de 18 de novembro de 2004; e

A necessidade de regulamentar a gestão e a repercussão do descumprimento das condicionalidades sobre os benefícios financeiros do Programa Bolsa Família, definin-do as sanções aplicáveis às famílias beneficiárias dessa política;

RESOLVE:

Art. 1º Regulamentar a gestão das condicionalidades do PBF, bem como, no que couber, dos Programas Remanescentes, em conformidade com a Lei n° 10.8�6, de 9 de janeiro de 2004, o Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, e as Portarias Interministeriais MEC/MDS n° �.789, de 17 de novembro de 2004, e MS/MDS n° 2.509, de 18 de novembro de 2004, editadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS e os Ministérios da Educação – MEC e da Saúde - MS, res-pectivamente.

§ 1° A gestão das condicionalidades envolverá o exercício de atribuições comple-mentares e coordenadas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e municípios.

§ 2° Para efeitos desta Portaria, gestão de condicionalidades é o conjunto de ações relativas:

I – Ao acompanhamento periódico das famílias beneficiárias, no que se refere ao cumprimento das condicionalidades previstas no PBF, de acordo com a legislação e os atos normativos estabelecidos pelo MDS e/ou pelo MEC e MS;

II – Ao registro de informações referentes ao acompanhamento das condicionalida-des, pelo Município, nos sistemas disponibilizados pelo MEC e MS;

III – Ao conjunto de medidas adotadas pela União, Estados, Distrito Federal e Mu-nicípios no sentido de propiciar que famílias beneficiárias do PBF tenham condições de cumprir as condicionalidades previstas, bem como medidas tomadas no sentido de evitar que famílias beneficiárias do Programa permaneçam em situação de descumpri-mento de condicionalidades;

IV – À repercussão gradativa da aplicação de sanções referentes ao descumpri-mento de condicionalidades sobre a folha mensal de pagamento do Programa.

CAPÍTULO I

Das Condicionalidades e Atividades que as compõem

Art. 2° São condicionalidades do Programa Bolsa Família, de acordo com o art. �° da Lei n° 10.8�6, de 9 de janeiro de 2004, os arts. 27 e 28 do Decreto 5.209, de 17 de setembro de 2004 e as Portarias Interministeriais MEC/MDS n° �.789, de 17 de novem-bro de 2004 e MS/MDS n° 2.509, de 18 de novembro de 2004:

I – Na área de educação, a freqüência mínima de 85% (oitenta e cinco por cento)

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64 PROGRAMA

Bolsa Família

da carga horária escolar mensal de crianças ou adolescentes de 6 a 15 (seis a quinze) anos de idade que componham as famílias beneficiárias, matriculados em estabeleci-mentos de ensino; e

II – na área de saúde, o cumprimento da agenda de saúde e nutrição para famílias beneficiárias que tenham em sua composição gestantes, nutrizes ou crianças menores de 7 anos.

Art. 3° O cumprimento das condicionalidades de que trata o art. 2° dependerá da re-alização, pelas famílias beneficiárias do PBF, no que couber, das seguintes atividades:

I – No que se refere às condicionalidades da área de educação:a) efetivar, observada a legislação escolar vigente, a matrícula escolar das crianças

e adolescentes de 6 a 15 anos em estabelecimento regular de ensino;b) garantir a freqüência escolar de no mínimo 85% (oitenta e cinco por cento) da

carga horária mensal do ano letivo, informando sempre à escola quando da impos-sibilidade de comparecimento do aluno à aula, apresentando, se existente, a devida justificativa; e

c) informar, de imediato, sempre que ocorrer mudança de escola dos dependentes de 06 a 15 anos, para que seja viabilizado e garantido o efetivo acompanhamento da freqüência escolar.

II – Na área de saúde:a) para as gestantes e nutrizes, no que couber:1) inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais

próxima de sua residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário mínimo preconizado pelo MS;

2) participar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre alei-tamento materno e promoção da alimentação saudável.

b) para os responsáveis pelas crianças menores de 7 (sete) anos:1) levar a criança à Unidade de Saúde ou ao local de campanha de vacinação, man-

tendo atualizado o calendário de imunização, conforme preconizado pelo MS;2) levar a criança às unidades de saúde, portando o cartão de saúde da criança,

para a realização do acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento e de outras ações, conforme o calendário mínimo preconizado pelo MS.

§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, assim como as ins-tâncias de controle social do PBF, deverão informar e orientar as famílias sobre seus direitos e responsabilidades no âmbito do programa.

§ 2° O beneficiário deverá informar ao órgão municipal responsável pelo Cadastra-mento Único qualquer alteração no seu cadastro original objetivando a atualização do cadastro da sua família.

CAPÍTULO II

Das Atribuições dos Gestores

Art. 4° No que se refere ao acompanhamento do cumprimento de condicionalida-des, serão observadas a Portaria Interministerial MEC/MDS n° �.789, de 2004, e a Portaria Interministerial MS/MDS n° 2.509, de 2004.

Art. 5° Fica delegada à Secretaria Nacional de Renda de Cidadania – SENARC, do MDS, a edição de normas complementares para o cumprimento do estabelecido nesta Portaria.

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65Manual de Gestãode Condicionalidades

Art. 6° Os dados consolidados de descumprimento das condicionalidades de edu-cação e saúde, no âmbito das famílias beneficiárias do PBF, serão disponibilizados aos Estados, Distrito Federal e Municípios, aos órgãos de controle social formalmente constituídos e ao MEC e MS.

Art. 7° Constituem-se responsabilidades dos Estados, no que se refere à gestão de condicionalidades do PBF:

I – Oferecer condições para que seja realizado o acompanhamento das condiciona-lidades previstas no programa, pelo município, quando o acesso ao serviço se realizar em estabelecimento estadual ou mediante o acompanhamento de equipe que preste serviços ao Estado;

II – Atuar em cooperação com os municípios nas situações previstas no inciso I, de maneira a garantir o registro das informações relativas ao acompanhamento de condi-cionalidades;

III – Articular, capacitar e mobilizar agentes envolvidos nos procedimentos de acom-panhamento das condicionalidades;

IV – Mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a importância do cumprimento das condicionalidades;

V – Apoiar os municípios localizados em seu território na realização da gestão de condicionalidades do Programa.

Art. 8° Constituem-se responsabilidades dos municípios, no que se refere à gestão de condicionalidades do PBF:

I – ofertar, adequada e regularmente, os respectivos serviços de educação e saúde, nos termos da legislação pertinente;

II – realizar, periodicamente, e conforme calendário, o acompanhamento do cum-primento das condicionalidades previstas, em observância ao disposto nas Portarias Interministeriais MEC/MDS n° �.789, de 2004, e MS/MDS n° 2.509, de 2004; e

III – registrar as informações relativas ao acompanhamento do cumprimento de condicionalidades, com a utilização dos sistemas de informação disponibilizados pelo MEC e pelo MS.

Art. 9° Ao Gestor Municipal do PBF caberá:I – articular, capacitar e mobilizar os agentes envolvidos nos procedimentos de

acompanhamento do cumprimento das condicionalidades;II – mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a importância do

cumprimento das condicionalidades;III – realizar o acompanhamento sistemático das famílias com dificuldades no cum-

primento das condicionalidades, avaliando as causas e promovendo, sempre que ne-cessário, a redução da situação de risco por meio da inserção da família em programas e ações voltados para combater os efeitos da vulnerabilidade identificada;

IV – notificar formalmente o responsável legal da família, quando identificar o des-cumprimento de condicionalidades, conforme modelo padrão constante do Anexo I des-ta Portaria, sem prejuízo de outras formas definidas em normas complementares; e

V – encaminhar, para conhecimento da instância de controle social do programa, a relação das famílias que devem ter o benefício cancelado em decorrência do descum-primento de condicionalidades.

Art. 10 Caso o município não realize os procedimentos de gestão das condicionali-dades a que se refere esta portaria, o MDS poderá denunciar ou rescindir o acordo de

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66 PROGRAMA

Bolsa Família

adesão do município ao PBF, disciplinado por meio da Portaria n° 246, de 20 de maio de 2005.

Art. 11 É vedado ao município:I – instituir outras sanções às famílias além das previstas nesta Portaria;II – instituir outras condicionalidades à família, excetuando aquelas que venham

integrar termo específico decorrente de processo de integração de programas de trans-ferência de renda condicionada;

III – utilizar formas de comunicação humilhantes ou constrangedoras a respeito do descumprimento das condicionalidades de educação ou de saúde; e

IV – adiar de forma injustificada a comunicação do resultado de recurso ao reque-rente.

CAPÍTULO III

Das Atribuições das Instâncias de Controle Social

Art. 12 Cabe às instâncias de controle social do PBF, no que se refere à gestão de condicionalidades:

I – Acompanhar a oferta por parte dos governos locais dos serviços públicos neces-sários ao cumprimento das condicionalidades do programa Bolsa Família pelas famílias beneficiárias;

II – Articular-se com os conselhos de políticas setoriais existentes no município para assegurar a oferta dos serviços para o cumprimento das condicionalidades;

III – Conhecer a lista dos beneficiários que não cumprirem as condicionalidades, pe-riodicamente atualizada, e sem prejuízo das implicações éticas e normativas relativas ao uso da informação;

IV – Acompanhar e analisar o resultado e as repercussões do acompanhamento do cumprimento de condicionalidades no município; e

V – Contribuir para o aperfeiçoamento da rede de proteção social, estimulando o Poder Público local a acompanhar as famílias com dificuldades no cumprimento das condicionalidades que estas devem observar em decorrência de sua participação no programa.

CAPÍTULO IV

Das Sanções

Art. 13 A aplicação das sanções decorrentes do descumprimento das condiciona-lidades do PBF será gradativa, e realizada de acordo com o número de registros de descumprimento identificados ao longo do tempo de permanência da família no PBF.

§ 1° Para os efeitos desta Portaria, uma condicionalidade será tida como descum-prida quando for registrada a não ocorrência de quaisquer das atividades previstas nos incisos do art. 3° desta Portaria, no período de acompanhamento definido em portarias interministeriais.

§ 2° Para cada período de acompanhamento:I – a família beneficiária do PBF que apresentar um ou mais dos registros mencionados-

no parágrafo anterior será considerada inadimplente com o programa; eII – serão consideradas em situação regular no programa as famílias que, sub-

metidas ao acompanhamento do cumprimento de condicionalidades, não apresentem

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67Manual de Gestãode Condicionalidades

qualquer registro da espécie tratada no parágrafo anterior deste artigo.§ 3° Não haverá registro, para efeito da aplicação de sanções, quando o descum-

primento de condicionalidade for devidamente justificado pelo município, estando de acordo o MEC e o MS.

§ 4° As datas para transmissão e recebimento de informações relativas aos perío-dos de acompanhamento respeitarão os calendários estabelecidos pelo MDS, de forma conjunta com o MEC e o MS, observado o prazo necessário para a geração da folha de pagamentos do PBF.

Art. 14 As famílias beneficiárias do PBF que não realizarem as atividades previstas nos incisos do art 3° desta Portaria ficam sujeitas às seguintes sanções do programa, sem prejuízo da penalidade prevista no art. 14, § 1°, da Lei n° 10.836, de 2004, e das definidas em outras normas:

I – Bloqueio do beneficio por 30 dias;II – Suspensão do benefício por 60 dias;III – Cancelamento do beneficio.Parágrafo Único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela SENARC,

no âmbito de suas atribuições, podendo ser aplicadas cumulativamente.

Art. 15 O bloqueio de benefício a que se refere o inciso I obedecerá às normas e procedimentos para a gestão de benefícios do PBF e terá efeito sobre (01) uma parcela de pagamento do benefício a que faz jus a família, havendo o subseqüente desbloqueio do benefício, e será aplicada a partir do segundo registro de inadimplência quanto às obrigações previstas no art. �° desta Portaria.

Art. 16 A suspensão de benefício a que se refere o inciso II obedecerá às normas e procedimentos para a gestão de benefícios do PBF e terá efeito sobre (02) duas parce-las de pagamento do benefício a que faz jus a família, e será aplicada a partir do tercei-ro registro de inadimplência quanto às obrigações previstas no art. �° desta Portaria.

Art. 17 O cancelamento de benefício a que se refere o inciso II obedecerá às normas e procedimentos para a gestão de benefícios do PBF, e será imposto exclusivamente depois da aplicação acumulada de duas suspensões a que se refere o art. 16.

§ 1° O cancelamento do benefício terá os seguintes efeitos:I – Cancelamento das parcelas de pagamento ainda não sacadas pela família;II – Interrupção da disponibilização de parcelas de pagamento nos meses subse-

quentes;III – Desligamento da família do PBF.§ 2° Uma vez cancelado o benefício, a família apenas poderá obter nova conces-

são, após o prazo de 180 dias do referido cancelamento, caso:I – mantiverem-se as condições de elegibilidade da família para participação no programa;II – existir disponibilidade orçamentária e financeira para a concessão de novos

benefícios no município, de acordo com os critérios de expansão do PBF; e§ 3° A nova concessão de que trata o parágrafo anterior dependerá da inexistência,

no município, de outras famílias elegíveis para o PBF, cadastradas e que ainda não tenham sido beneficiadas.

Art. 18 A aplicação das sanções previstas no art. 14 desta Portaria deverá ser acom-panhada de notificação por escrito ao responsável legal, a ser realizada pelo município, conforme o modelo padrão constante do Anexo I.

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68 PROGRAMA

Bolsa Família

§ 1° No primeiro registro de inadimplência quanto às obrigações previstas no art. �° desta Portaria, a família será notificada por escrito nos termos do caput, em caráter pre-ventivo, sem que ocorra a aplicação das sanções a que se refere o art. 14, I, II e III.

§ 2° A notificação de que trata o § 1° não gerará efeitos sobre o valor do benefício a ser recebido pela família beneficiária do programa.

Art. 19 As sanções previstas nesta Portaria poderão ser revistas mediante recurso do responsável legal, conforme o modelo padrão contido no Anexo II, a ser apresentado pelo responsável legal ao Gestor Municipal do PBF no prazo de 30 (trinta) dias, conta-dos a partir da data de recebimento, pela família, da notificação prevista no art. 18.

§ 1° O Gestor Municipal do PBF disporá de �0 (trinta) dias para deliberar e comuni-car a decisão ao requerente.

§ 2° Ao receber o recurso previsto no § 1°, o Gestor Municipal do PBF enviará cópia do expediente à instância local de controle social do PBF.

Art. 20 Não haverá aplicação de qualquer sanção para as famílias que não cumpri-rem as condicionalidades do PBF, caso fique demonstrada a oferta irregular ou inade-quada do respectivo serviço ou por força maior ou caso fortuito.

§ 1° Nos casos previstos no caput, caberá à esfera administrativa responsável pelo serviço de que trata o caput demonstrar sua oferta regular e adequada.

§ 2° A força maior e o caso fortuito devem ser reconhecidos pelo município.

Art. 21 Cada registro de descumprimento das obrigações previstas no art. �° desta Portaria será válido por 18 (dezoito) meses.

§ 1° Será aplicada a penalidade correspondente quando houver novo registro de descumprimento de condicionalidade no período de vigência de um registro, previsto no caput deste artigo.

§ 2° Decorridos 18 (dezoito) meses da emissão do registro de que trata o caput, e não havendo novo registro nesse período, serão desconsiderados, no que se refere à aplicação de sanções gradativas, os registros anteriores de descumprimento de condi-cionalidades.

Art. 22 O MDS poderá estabelecer, em articulação com o agente operador do pro-grama e sem prejuízo da responsabilidade do município de notificar por escrito o res-ponsável legal, mecanismo complementar de comunicação, ao responsável legal, do descumprimento de condicionalidades.

Art. 23 As famílias beneficiárias do PBF serão consideradas sem informação de acompanhamento de condicionalidades nas seguintes situações:

I – Se as crianças ou adolescentes de 6 a 15 anos não forem localizados pelo muni-cípio em nenhum estabelecimento de educação básica, em dois períodos consecutivos de acompanhamento das condicionalidades de educação; e

II – Se a gestante, nutriz ou as crianças menores de 7 (sete) anos não forem locali-zados pelo município, por meio das unidades regulares de saúde locais, em um período de acompanhamento das condicionalidades de saúde.

§ 1º As famílias sem informação do acompanhamento das condicionalidades poderão ter seus benefícios bloqueados, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, a critério do MDS.

§ 2º Decorrido o prazo de 60 (sessenta) dias mencionado no § 1°, e persistindo a au-sência de informação de acompanhamento de condicionalidades, as famílias poderão ter seus benefícios bloqueados, suspensos e posteriormente cancelados, a critério do MDS.

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69Manual de Gestãode Condicionalidades

CAPÍTULO V

Das Considerações Finais

Art. 24 O adequado acompanhamento das condicionalidades pelo município, com-provado pelo acesso periódico e correta utilização dos sistemas disponibilizados pelo MEC e pelo MS, poderá ser levado em consideração pelo MDS como critério para priorizar:

I – procedimentos de expansão da cobertura do PBF nos municípios; eII – a realização de transferência voluntária de recursos consignados ao orçamento

do MDS, respeitada a legislação que disciplina os programas implementados por este órgão.

Art. 25 Os procedimentos relativos à gestão de condicionalidades tratados nesta Portaria poderão ser executados por meio de sistemas informatizados criados para esse fim específico pelo MDS.

Art. 26 Para os efeitos desta portaria, o Distrito Federal, no que couber, é equipara-do aos municípios.

Art. 27 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

PATRUS ANANIAS DE SOUZAMinistro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome