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CARTA ABERTA AOS MEMBROS DA COMISSÃO ESPECIAL DO SENADO CRIADA PARA A ATUALIZAÇÃO DO CDC Prezados Membros da Comissão, O Fórum dos Procons Mineiros, ente despersonalizado que reúne os 110 Procons Municipais do Estado, reunidos para a sua 30ª Reunião, realizada na cidade de Montes Claros, entre os dias 17 a 19 de agosto próximo passado resolve-se por unanimidade, manifestar-se acerca das propostas de atualização do Código de Defesa do Consumidor que já foram apresentadas. O Fórum, inclusive, desde já declara o seu apoio inconteste à comissão de juristas criada, por entender que são da mais alta capacidade e gabarito para cumprir esta árdua missão. Por outro lado, não poderíamos deixar de dar a nossa contribuição, pois somos nós que vivemos o dia a dia da defesa do consumidor em nossos balcões de atendimento. Conhecemos a fundo as dificuldades do consumidor mineiro de fazer valer os seus direitos e assim o fazemos tendo o CDC como nosso escudo e nossa espada. Portanto, com base nisto, não só nos manifestamos sobre as propostas apresentadas, mas também ousamos em indicar outras, para que sejam avaliadas e contempladas por esta comissão se lhes aprouverem. Repito, em momento algum, temos a pretensão de nos sub-rogar no papel dos Doutos Juristas que compõem esta tão especial comissão, mas reafirmo que as nossas contribuições são oriundas da profunda observação do desenvolvimento dos direitos do consumidor dentro da sociedade mineira inserida no mundo das relações de consumo, cada vez mais globalizado e dinâmico. Segue em anexo, o regimento do Fórum, a ata da última reunião, a manifestação acerca de cada projeto de lei apresentado e as considerações do Fórum que podem ser agregadas à atualização do CDC. Belo Horizonte, 25 de agosto de 2011. Eduardo César Schröder e Braga Superintendente da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor de Juiz de Fora Secretário Geral do Fórum dos Procons Mineiros

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Page 1: Manifestação do Fórum dos Procons Mineiros sobre a Atualização do Código de Defesa do COnsumidor

CARTA ABERTA AOS MEMBROS DA COMISSÃO ESPECIAL DO SENADO CRIADA PARA A ATUALIZAÇÃO DO CDC

Prezados Membros da Comissão,

O Fórum dos Procons Mineiros, ente despersonalizado que reúne os 110 Procons Municipais do Estado, reunidos para a sua 30ª Reunião, realizada na cidade de Montes Claros, entre os dias 17 a 19 de agosto próximo passado resolve-se por unanimidade, manifestar-se acerca das propostas de atualização do Código de Defesa do Consumidor que já foram apresentadas.

O Fórum, inclusive, desde já declara o seu apoio inconteste à comissão de juristas criada, por entender que são da mais alta capacidade e gabarito para cumprir esta árdua missão.

Por outro lado, não poderíamos deixar de dar a nossa contribuição, pois somos nós que vivemos o dia a dia da defesa do consumidor em nossos balcões de atendimento. Conhecemos a fundo as dificuldades do consumidor mineiro de fazer valer os seus direitos e assim o fazemos tendo o CDC como nosso escudo e nossa espada.

Portanto, com base nisto, não só nos manifestamos sobre as propostas apresentadas, mas também ousamos em indicar outras, para que sejam avaliadas e contempladas por esta comissão se lhes aprouverem.

Repito, em momento algum, temos a pretensão de nos sub-rogar no papel dos Doutos Juristas que compõem esta tão especial comissão, mas reafirmo que as nossas contribuições são oriundas da profunda observação do desenvolvimento dos direitos do consumidor dentro da sociedade mineira inserida no mundo das relações de consumo, cada vez mais globalizado e dinâmico.

Segue em anexo, o regimento do Fórum, a ata da última reunião, a manifestação acerca de cada projeto de lei apresentado e as considerações do Fórum que podem ser agregadas à atualização do CDC.

Belo Horizonte, 25 de agosto de 2011.

Eduardo César Schröder e BragaSuperintendente da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor de Juiz de Fora

Secretário Geral do Fórum dos Procons Mineiros

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ANEXOS

página

1) Análise do Projeto de Lei sobre Ações Coletivas ….......................................... 8

2) Análise do Projeto de Lei sobre Superindividamento …................................... 15

3) Análise do Projeto de Lei sobre Comércio Eletrônico ….................................. 22

4) Proposta de Projeto de Lei sobre Cobrança e Banco de Dados …................. 30

5) Proposta de Projeto de Lei sobre Proteção Contratual …................................ 34

6) Proposta de Projeto de Lei sobre Tutela Administrativa …............................... 38

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ANEXO 1 - PROJETO DE LEI DO SENADO N° , DE 2011

Altera a disciplina das ações coletivas no Código de Defesa do Consumidor.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º - A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 81 …..............

§ 1º A ação coletiva será exercida quando se tratar de:

….................

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos aqueles decorrentes de origem comum, de fato ou de direito, que recomendem tratamento conjunto pela utilidade coletiva da tutela, aferida por critérios como a facilitação do acesso à Justiça para os sujeitos vulneráveis, a proteção efetiva do interesse social, a numerosidade dos membros do grupo, a dificuldade na formação do litisconsórcio ou a necessidade de decisões uniformes.

§ 2º A tutela dos interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos presume-se de relevância social e jurídica.

§ 3º A constitucionalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo poderá ser arguida incidentalmente, como questão prejudicial, pela via do controle difuso.

Muito se discute na doutrina e jurisprudência acerca da possibilidade das ações coletivas (por ter eficácia erga omnes) serem aptas a discutir a inconstitucionalidade das leis travestindo-se, desta forma de um supedâneo da ADI.

O posicionamento do STF e do Ministro Gilmar Mendes é pela impossibilidade, face à ilegitimidade para propositura de ADI.

Todavia, Luis Roberto Barroso entende ser possível a declaração de inconstitucionalidade da lei visto que esta não é o objeto da ação.

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Alexandre de Moraes, entende ser também possível desde que não se aplique efeito erga omnes à decisão do incidente. (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Atlas. 2007. pág. 692)

Posição do STF e Gilmar Mendes- Contraria

Posição doutrinária - Barroso - Favorável

RECLAMAÇÃO. CONTROLE CONCENTRADO. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

As ações em curso na 2ª e 3ª varas da Fazenda Pública da comarca de São Paulo – objeto da presente reclamação – não visam ao julgamento de uma relação jurídica concreta, mas ao da validade de lei em tese, de competência exclusiva do Supremo Tribunal (artigo 102-I-a da CF). Configurada a usurpacao da competência do Supremo para o controle concentrado, declara-se a nulidade ab initio das referidas ações, determinando seu arquivamento, por não possuírem as autoras legitimidade ativa para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade. (STF Rcl 434-1)

GILMAR FERREIRA MENDES

[...] a ação civil pública não se confunde, pela própria forma e natureza, com processos cognominados de ‘processos subjetivos’. A parte ativa nesse processo não atua na defesa de interesse próprio, mas procura defender interesse público devidamente caracterizado. Afigura-se difícil, se não impossível, sustentar que a decisão que, eventualmente afastasse a incidência de uma lei considerada inconstitucional, em ação civil pública, teria efeito limitado às partes processualmente legitimadas [...] não se trataria de discussão sobre a aplicação da lei a caso concreto porque de caso concreto não se cuida. Pelo contrario, a própria parte autora ou requerente legitima-se não em razão da

LUÍS ROBERTO BARROSO

"O processo da ação civil pública nada tem de objetivo. Há, com efeito, partes determinadas e uma pretensão deduzida em juízo, por intermédio de um pedido, que em hipótese alguma se confunde com a declaração de inconstitucionalidade. O objeto imediato do pedido é a providência jurisdicional solicitada. [...] Já o objeto mediato do pedido é o bem que o autor pretende conseguir por meio dessa providência. [...] É claro que a tutela do interesse público, via de regra, estará presente, mas com feição nitidamente subsidiária. E isto, por si só, não é capaz de alterar a natureza do processo ou encobrir a existência do caso concreto" BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas: Limites e possibilidades da constituição brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

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necessidade de proteção de interesse específico, mas exatamente de interesse genérico amplíssimo, de interesse público. Ter-se-ia, pois, uma decisão (direta) sobre a legitimidade da norma

MENDES, Gilmar Ferreira; Mendes, Inocêncio Mártires Coelho; Paulo Gustavo Gonet Branco. Curso de Direito Constitucional. 2ª Edição. São Paulo: Saraiva. 2008

§ 4o A ação é imprescritível, e as pretensões de direito material prescrevem, se for o caso, no prazo estabelecido por este Código ou pela lei, observado o mais favorável a seu titular. (NR)"

A redação do §4º, visa, claramente, reverter o atual entendimento, equivocado diga-se de passagem, do Superior Tribunal de Justiça acerca do prazo prescricional da ação civil pública (Resp 1.070.896). Entendeu, o STJ , ser de 5 anos a prescrição da ACP, utilizando-se, por analogia, o prazo previsto para prescrição da ação popular.

Todavia, salvo melhor juízo, para corrigir uma interpretação equivocada do STJ cometeu-se uma impropriedade técnica ao definir prazo prescricional para a ação, indo de encontro com a base conceitual do Código Civil (art. 189) acerca da prescrição da pretensão.

Lei 10.406/2002 – Código Civil

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

Art. 82. Para os fins do art. 81, § 1°, são legitimados concorrentemente:

…...........

V - a Defensoria Pública.

"CAPÍTULO I-A DO PROCEDIMENTO DA AÇÃO COLETIVA"

"Art. 90-A. A ação coletiva, na fase de conhecimento, seguirá o rito ordinário estabelecido no Código de Processo Civil, obedecidas as modificações previstas neste Código.

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§ Iº Até o momento da prolação da sentença, o juiz poderá dilatar os prazos processuais e alterar a ordem da produção dos meios de prova, adequando-os às especificidades do conflito, de modo a conferir maior efetividade à tutela do bem jurídico coletivo, sem prejuízo do contraditório e do direito de defesa.

§ 2º A inicial deverá ser instruída com comprovante de consulta ao cadastro nacional de processos coletivos sobre ação coletiva que verse sobre o mesmo bem jurídico.

§ 3º Incumbe ao cartório verificar a informação constante da consulta, certificando nos autos antes da conclusão ao juiz.

§ 4º Em caso de inexistência de consulta, cabe ao juiz realizá-la."

CRÍTICA: Salvo melhor juízo, a redação do § 4º do art. 90-A, ao meu ver colide com a norma do §2º do mesmo artigo. Em se tratando de dever o autor fazer juntar o comprovante de consulta, a ausência do documento deveria ocasionar a necessidade do juiz determinar a emenda da inicial. Ademais, prever a responsabilidade do Magistrado em efetuar a consulta na ausência do referido comprovante irá, desnecessariamente, atrasar a prestação jurisdicional.

"Art. 90-B. Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer de qualquer pessoa, natural ou jurídica, indicando a finalidade, as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de quinze dias.

Parágrafo único. Não fornecidas as certidões e informações referidas no caput, poderá a parte propor a ação desacompanhada destas, incumbindo ao juiz, após apreciar os motivos do não fornecimento, requisitá-las."

"Art. 90-C. Sendo inestimável ou de difícil mensuração o valor dos direitos ou danos coletivos, o valor da causa será indicado pelo autor, segundo critério de razoabilidade, com a fixação em definitivo pelo juiz na sentença."

"Art. 90-D. A citação válida nas ações coletivas interrompe o prazo de prescrição das pretensões de qualquer natureza direta ou indiretamente relacionadas com a controvérsia, retroagindo desde a distribuição até o final do processo coletivo, ainda que haja extinção do processo sem resolução do mérito."

"Art. 90-E. A requerimento do autor, com fundamento em fatos e informações cujo conhecimento seja decorrente da instrução probatória ou em fatos novos ou desconhecidos, o juiz poderá admitir a alteração do pedido ou da causa de pedir, desde que realizada de boa-fé, devendo ser preservado o contraditório,

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facultada prova complementar.

Parágrafo único. O prazo para aditamento à inicial, nesse caso, será de quinze dias, contados da ciência do autor em relação ao encerramento da instrução probatória."

"Art. 90-F. O juiz, apreciado eventual requerimento de medida de urgência, designará audiência de conciliação, com antecedência mínima de quinze dias, à qual comparecerão as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de Processo Civil.

§ 1º A audiência de conciliação será conduzida por mediador ou conciliador judicial, onde houver, nos termos da legislação em vigor.

§ 2° Quando indisponível o bem jurídico coletivo, as partes poderão transigir sobre o modo de cumprimento da obrigação, desde que haja concordância do Ministério Público.

§ 3° O não comparecimento injustificado do réu é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento do valor da causa ou da vantagem econômica objetivada, revertida em favor da União ou do Estado.

§ 4° O não comparecimento injustificado do autor acarretará a extinção do processo sem julgamento do mérito.

§ 5° A transação obtida será homologada por sentença, que constituirá título executivo judicial."

"Art. 90-G. O juiz fixará o prazo para a resposta nas ações coletivas, que não poderá ser inferior a trinta ou superior a sessenta dias, atendendo à complexidade da causa ou ao número de litigantes, contados a partir da data da realização da audiência de conciliação ou da última sessão do procedimento conciliatório.

Parágrafo único. Ao prazo previsto neste artigo não se aplicam outros benefícios para responder estabelecidos no Código de Processo Civil ou em leis especiais."

"Art. 90-H. Não obtida a conciliação, o juiz, fundamentadamente:

I - decidirá se o processo tem condições de prosseguir na forma coletiva;

II - poderá separar os pedidos em ações coletivas distintas, voltadas à tutela

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fracionada dos interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, desde que a separação preserve o acesso à Justiça dos sujeitos vulneráveis, represente proteção efetiva ao interesse social e facilite a condução do processo;

III - decidirá a respeito do litisconsórcio e da assistência;

IV - poderá encaminhar o caso para avaliação neutra de terceiro, designado por ele, de confiança das partes;

V - fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas;

VI - esclarecerá as partes sobre a distribuição do ônus da prova e sobre a possibilidade de sua inversão, podendo, desde logo e até o momento do julgamento da causa, invertê-lo, atribuindo-o à parte que, em razão de deter conhecimentos técnicos ou científicos ou informações específicas sobre os fatos da causa, tem, manifestamente, maior facilidade em sua demonstração;

VII - poderá determinar de ofício a produção de provas, observado o contraditório.

Parágrafo único. A avaliação neutra de terceiro, obtida no prazo fixado pelo juiz, é sigilosa, inclusive para este, não vinculante para as partes e tem a finalidade exclusiva de orientá-las na composição amigável do conflito."

"Art. 90-1. Se não houver necessidade de audiência de instrução e julgamento ou de perícia, de acordo com a natureza do pedido e as provas documentais apresentadas pelas partes ou requisitadas pelo juiz, observado o contraditório, simultâneo ou sucessivo, a lide será julgada imediatamente."

"Art. 90-J. Se for necessária a realização de prova pericial, requerida pelo legitimado ou determinada de oficio, o juiz nomeará perito, preferencialmente dentre servidores públicos especializados na matéria da prova.

Parágrafo único. Não havendo servidor público apto a desempenhar a função pericial, competirá ao Poder Público, preferencialmente com recursos dos Fundos, nacional ou estaduais, de Direitos Difusos, após a devida requisição judicial, adiantar a remuneração do perito, que poderá optar por receber os honorários integralmente ao final."

"Art. 90-L. Concluída a instrução e não havendo provas suficientes para formar sua convicção, o juiz poderá, ao proferir a sentença, aplicar a regra de inversão do ônus da prova, levando em conta, também, a maior facilidade da parte na

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demonstração dos fatos da causa, pelo domínio de conhecimentos científicos ou técnicos, ou pela detenção de informações específicas sobre os fatos da causa."

CRÍTICA: O dispositivo de lei proposto poderá sofrer muita resistência, primeiro, em razão da possibilidade de inversão em momento anterior. Ora se o ônus da prova for invertido cabendo ao réu a prova de quer a alegação do autor não é verdadeira, não há necessidade de nova inversão do ônus da prova. Segundo, porque assim como já vem entendendo parte da doutrina pátria, a inversão do ônus da prova em sentença atenta à ampla defesa e contraditório.

"Art. 90-M. Na ação reparatória referente a interesses difusos e coletivos, sempre que possível e independentemente de pedido do autor, a condenação consistirá na prestação de obrigações destinadas à reconstituição específica do bem ou à mitigação e compensação dos danos sofridos.

Parágrafo único. O juiz poderá determinar, em decisão fundamentada e independentemente do pedido do autor, as providências para a reconstituição dos bens lesados, podendo estabelecer, dentre outras, a realização de atividades tendentes a minimizar a lesão ou a evitar que se repita."

"Art. 90-N. Os recursos interpostos nas ações coletivas serão recebidos no efeito meramente devolutivo, salvo quando sua fundamentação for relevante e da decisão puder resultar lesão grave e de difícil reparação, hipótese em que o juiz, a requerimento do interessado, ponderando os valores e bens jurídicos em questão, poderá atribuir-lhe o efeito suspensivo."

"Art. 90-0. Para fiscalizar e implementar os atos de liquidação e cumprimento da sentença coletiva, o juiz poderá nomear pessoa qualificada, física ou jurídica, que atuará por sub-rogação e terá acesso irrestrito ao banco de dados e à documentação necessária ao desempenho da função, exercida atendendo às diretrizes do juízo."

"Art. 90-P. Em qualquer tempo e grau de jurisdição, o juiz ou o relator poderá tentar a conciliação."

"Art. 90-Q. Em qualquer tempo e grau de jurisdição, o juiz ou tribunal poderá submeter a questão objeto da ação coletiva a audiências públicas, ouvindo especialistas e membros da sociedade, de modo a garantir a adequada cognição judicial.Parágrafo único. O juiz ou tribunal poderá admitir a intervenção, escrita ou oral, de amicus curiae."

Art. 2° Esta Lei entra em vigor após decorridos ( ) dias de sua publicação oficial.

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ANEXO 2 - PROJETO DE LEI DO SENADO N° , DE 2011

Altera o Código de Defesa do Consumidor, para disciplinar o crédito ao consumidor e o superendividamento.

Art. Io A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor) passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 27-A. As pretensões dos consumidores não reguladas nesta seção prescrevem em dez anos, se a lei não estabelecer prazo mais favorável.

Parágrafo único. O dies a quo para pretensões referentes a contratos de trato sucessivo é o da quitação anual de dívidas ou da última prestação mensal contestada."

CRITICA: Substituição da expressão “dies a quo” para expressão equivalente em língua portuguesa. Prevalência do uso do vernáculo para expressar precisão e clareza (Lei complementar 95/98)

"Art. 30..........................................................................

Parágrafo único. É vedado na oferta, publicitária ou não:

I - fazer referência a crédito "sem juros", "gratuito", com "taxa zero" ou expressão semelhante;

II - indicar que uma operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem a avaliação da situação financeira do consumidor;

III - ocultar, por qualquer forma, os riscos ou os ônus da contratação do crédito, dificultar sua compreensão ou estimular o endividamento do consumidor, em especial se idoso. (NR)"

"Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos, intermediários ou representantes autônomos.

Parágrafo único. Para fins de aplicação das normas de proteção do consumidor, equipara-se a fornecedor o intermediário que, de qualquer forma, contribuir para o fornecimento de crédito. (NR)"

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"Art. 36..........................................................................

§1°.................................................................................

§ 2o Sem prejuízo do disposto no art. 37, a publicidade de crédito ao consumidor deve indicar, no mínimo, o custo efetivo total e a soma total a pagar, com e sem financiamento. (NR)"

"Art. 39..........................................................................

XIV - realizar ou manter na fatura, assim como proceder à cobrança ou ao débito em conta, de qualquer quantia que houver sido contestada pelo consumidor em compras realizadas com cartão de crédito ou meio similar, enquanto não for adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a administradora do cartão com antecedência de pelo menos três dias da data de pagamento;

XV - inscrever o consumidor em banco de dados de proteção ao crédito no caso previsto no inciso XIV ou quando a dívida estiver sob discussão judicial, salvo em caso de uso abusivo de medidas judiciais;

XVI - recusar ou não entregar, ao consumidor, ao garante e a outros coobrigados, cópia do contrato principal de consumo ou do de crédito, em papel ou em outro suporte duradouro, disponível e acessível;

XVII - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou meio similar, que o consumidor peça e obtenha a anulação ou o bloqueio do pagamento ou ainda a restituição imediata dos valores indevidamente recebidos;

XVIII - assediar ou pressionar consumidor, em especial se idoso, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada, para contratar o fornecimento de produto ou serviço a distância, por meio eletrônico ou por telefone, principalmente se envolver crédito.

CRÍTICA: este projeto (superendividamento) e o projeto do comércio eletrônico criam, concomitantemente os incisos XIV e XV ao art. 39 do CDC.

..............................................................................(NR)"

"Art. 51. São absolutamente nulas e assim devem ser declaradas de ofício pela Administração Pública e pelo Poder Judiciário, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

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VII - determinem a utilização compulsória da arbitragem ou de qualquer forma condicionem ou limitem o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização às benfeitorias necessárias, inclusive na locação residencial;

CRITICA: a previsão de cláusula abusiva em contrato de locação (inciso XVI) de natureza civil e não consumerista.

XVII - imponham ou tenham como efeito a renúncia à impenhorabilidade do bem de família do consumidor ou do fiador;

XVIII - estabeleçam prazos de carência na prestação ou fornecimento de serviços ou produtos, em caso de impontualidade das prestações mensais, ou não restabeleçam integralmente os direitos do consumidor a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores, na forma da lei;

XIX - considerem, em especial nos contratos bancários, financeiros, securitários ou de cartões de crédito, o silêncio do consumidor como aceitação tácita dos valores cobrados, das informações prestadas nos extratos, de modificação de índice ou de alteração contratual;

XX- estabeleçam, no contrato de compra e venda de imóvel, a incidência de juros antes da entrega das chaves;

XXI - proíbam ou dificultem a revogação pelo consumidor da autorização de consignação ou débito em conta;

XXII - prevejam a aplicação de lei estrangeira que limite, total ou parcialmente, a proteção assegurada por este Código ao consumidor domiciliado no Brasil.

Importante ressaltar que o elenco exemplificativo de cláusulas abusivas poderá ser ampliado através de portaria da SDE/MJ, na forma do art. 56 do decreto 2.181/97.

§ 5o O disposto no inciso XXI deste artigo somente se aplica ao crédito consignado autorizado em lei se houver descumprimento pelo fornecedor dos requisitos legais ou violação do princípio da boa-fé. (NR)"

"Art. 52. No fornecimento de crédito, o fornecedor ou o intermediário devem, previamente à contratação, dentre outros deveres:

I - esclarecer, aconselhar e advertir adequadamente o consumidor sobre a

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natureza e a modalidade do crédito oferecido, assim como as conseqüências genéricas e específicas do inadimplemento;

II - avaliar de forma responsável e leal as condições do consumidor de pagar a dívida contratada, mediante solicitação da documentação necessária e das informações disponíveis em bancos de dados, observado o disposto neste Código e na legislação sobre proteção de dados;

III - entregar ao consumidor, ao garante e outros coobrigados uma cópia, devidamente assinada, do contrato de crédito.

COMENTÁRIO: O Procon da Assembleia Legislativa tem sugestões sobre este inciso.

§ 1º A prova do cumprimento dos deveres previstos neste Código incumbe ao fornecedor e ao intermediário do crédito.

§ 2º A oferta e o contrato que envolvam outorga de crédito devem conter, dentre outras, as seguintes informações:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - taxa efetiva mensal e anual de juros;

III - custo efetivo total e sua expressão em moeda corrente nacional;

IV - taxa de juros de mora e o total de encargos previstos para o atraso no pagamento;

V - número, periodicidade e montante das prestações;

VI - soma total a pagar, com e sem financiamento;

VII - nome e endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor;

VIII - direito do consumidor à liquidação antecipada do débito.

SUGESTÃO: Os jutos remuneratórios podem ser distintos para o pagamento a termo e para o pagamento em atraso razão pelo qual poderia o incisos II e IV possuir a seguinte redação: II - taxa efetiva mensal e anual de juros remuneratórios;

IV - taxa de juros de mora, taxa de juros remuneratórios e o total de encargos previstos para o atraso no pagamento, SEM CAPITALIZAÇÃO;

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§ 3o As informações referidas no § 2o deste artigo devem constar em um quadro, de forma resumida, no início do instrumento contratual.

§ 4o As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.

§ 5o É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

§ 6o O custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor, cujo cálculo poderá ser padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro, consistirá em taxa percentual anual e compreenderá os juros pactuados, tarifas, prêmios de seguro e tributos, além de quaisquer outros valores exigidos do consumidor, mesmo que relativos a serviços de terceiros, quando legítima a cobrança.

§ 7o O descumprimento de qualquer dos deveres previstos neste artigo acarreta a inexigibilidade dos juros, encargos, ou qualquer acréscimo ao principal, sem prejuízo de outras sanções e da indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao consumidor. (NR)"

PROPOSTA:§8º – É vedado o oferecimento e contratação de financiamento ou concessão de crédito em domicílio.JUSTIFICATIVA:É de conhecimento geral que a venda praticada de porta em porta é altamente persuasiva e capaz de induzir o consumidor a se comportar de maneira alheia à sua vontade por causa da pressão que o fornecedor exerce neste tipo de oferta. Por ser o crédito um contrato complexo que necessita de uma grande reflexão que, pelo menos em tese, seria mitigada pela presença do fornecedor não domicílio do consumidor entendemos que deveria haver a vedação desta prática. Ou que, pelo menos, seja regulada.

"Art. 52-A. Nos contratos em que o modo de pagamento da dívida envolva autorização prévia do consumidor pessoa física para débito direto em conta corrente bancária, consignação em folha de pagamento ou qualquer modo que implique cessão ou reserva de parte de sua remuneração, a soma das parcelas reservadas para pagamento de dívidas não poderá ser superior a trinta por cento da sua remuneração mensal líquida, preservado o mínimo existencial.

§ Io O descumprimento do disposto no caput deste artigo dá causa imediata ao dever de revisão do contrato ou sua renegociação, hipótese em que o juiz poderá adotar, dentre outras, as seguintes medidas:

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I - dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original, de modo a adequá-lo ao disposto neste artigo, sem acréscimo nas obrigações do consumidor;

II - redução dos encargos da dívida e da remuneração do fornecedor;

III - constituição, consolidação ou substituição de garantias.

§ 2o O consumidor tem prazo de sete dias para desistir da contratação de crédito de que trata este artigo, a contar da data da celebração ou do recebimento de cópia do contrato, sem necessidade de indicar o motivo.

§ 3o Para o exercício do direito a que se refere o § 2o deste artigo, o consumidor deve:

I - enviar o formulário ao fornecedor ou intermediário do crédito, mediante protocolo, carta registrada ou qualquer outro meio de prova, no prazo do § 2o deste artigo;

II - restituir ao fornecedor o valor que lhe foi entregue, acrescido dos juros incidentes até a data da efetiva devolução, no prazo de sete dias após ter notificado o fornecedor.

§ 4o O fornecedor facilitará o exercício do direito previsto no § 2o deste artigo, mediante entrega de formulário destacável e de fácil preenchimento pelo consumidor, anexo ao contrato e contendo todos os dados relativos à identificação do fornecedor e do contrato.

§ 5o O disposto neste artigo não prejudica o direito de liquidação antecipada do débito."

"Art. 52-B. São conexos, coligados ou interdependentes, dentre outros, o contrato principal de fornecimento de produtos e serviços e os de crédito que lhe garantam o financiamento, quando o fornecedor de crédito:

I - recorre aos serviços do vendedor ou do fornecedor de serviços para a conclusão ou a preparação do contrato de crédito;

II - oferece o crédito no local da atividade comercial do fornecedor do produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal foi celebrado; ou

III - menciona no contrato de crédito especificamente o produto ou serviço financiado ou este lhe serve de garantia.

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§ Io O exercício dos direitos de arrependimento previstos neste Código, seja no contrato principal ou no de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo.

§ 2o Em caso de inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produtos ou serviços, o consumidor poderá invocar em juízo, contra o fornecedor do crédito, a exceção de contrato não cumprido.

§ 3o O direito previsto no § 2o deste artigo caberá igualmente ao consumidor:

I - contra o portador de cheque pós-datado, emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo;

II - contra o administrador ou emitente de cartão de crédito.

§ 4o A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a restituição do capital."

Art. 2o O art. 96 da Lei n° 10.741, de Io de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso) passa a vigorar acrescido do § 3o, com a seguinte redação:

"Art. 96..........................................................................

§ 3o Não constitui crime a negativa de crédito motivada por superendividamento do idoso. (NR)"

Art. 3o Esta Lei entra em vigor após decorridos ( ) dias de sua publicação oficial.

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ANEXO 3 - PROJETO DE LEI DO SENADO N° , DE 2011

Altera a Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), para dispor sobre o comércio eletrônico.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 1º......................................................................

§ 1º As normas e os negócios jurídicos devem ser interpretados e integrados da maneira mais favorável ao consumidor.

PROPOSTA:§ 1º. As normas, inclusive sancionatórias, e os negócios jurídicos, devem ser interpretados e integrados de maneira mais favorável à defesa do consumidor.JUSTIFICATIVA: Tanto as normas materiais como as sancionatórias dialogam entre si, permitindo, assim, à administração pública, maior efetividade na aplicação do direito. Assim, uma das sanções administrativas, no CDC, para o vício de qualidade por inadequação do produto, é a inutilização do produto. Porém, se o vício for meramente formal (arroz tipo 3, rotulado como tipo 1), o órgão de defesa do consumidor pode aplicar a lei prevendo a possibilidade de doação do produto e não devolvê-lo ao fornecedor para retificação da informação rotular, o que viria beneficiá-lo pelo uso de sua própria torpeza. Diversos outros casos poderiam ser citados, para demonstrar que a efetividade da proteção e defesa do consumidor não ocorre apenas no plano material, mas também no processual, como, aliás, deixa antever o próprio Código (CDC, art. 56). É importante, assim, salientar esse aspecto através da mudança de redação do parágrafo 1º do art. 1º.

§ 2º O Poder Judiciário, no âmbito do processo em curso, e a administração pública devem assegurar a efetividade das normas de defesa do consumidor, conhecendo de ofício a sua violação. (NR)"

"Art. 5ºVI - cadastro de bloqueio de recebimento de oferta ou comunicação telefônica, eletrônica ou de dados;

PROPOSTA:VI – criação e manutenção de cadastro de bloqueio de recebimento de oferta ou comunicação telefônica, eletrônica ou de dados;

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VII - prevenção e tratamento do superendividamento e a proteção do consumidor pessoa física de boa-fé, visando garantir o mínimo existencial;

VIII - conhecimento de ofício pelo Poder Judiciário, no âmbito do processo em curso, e pela Administração Pública de violação a normas de defesa do consumidor;

IX - interpretação e integração das normas da maneira mais favorável ao consumidor.

CRÍTICA: Salvo melhor juízo, o tratamento do superendividamento e proteção do consumidor pessoa física deveria constar como direito do consumidor, no art. 6º (como foi à frente previsto), já que não se trata de um instrumento em si, mas uma garantia à manutenção da dignidade da pessoa.

Ademais, estranho constar tema neste anteprojeto já que foi elaborado outro anteprojeto específico sobre superendividamento.

Ademais, o reconhecimento de ofício da violação ao CDC também entendo não ser um instrumento em si, já havendo previsão expressa no art. 1º (capítulo I das disposições gerais) deste dispositivo.

Por fim, a integração e interpretação de normas de maneira mais favorável ao consumidor são direitos e garantias devendo estar previstas no art. 6º e não neste art. 5º que trata de instrumentos da PNRC.

"Art. 6ºXI - a segurança e a privacidade de comunicação, oferta, cadastro ou qualquer operação por meio eletrônico, preservada a confidencialidade das informações e dados prestados ou coletados;

XII - a inscrição em cadastro de bloqueio de recebimento de oferta ou comunicação telefônica, eletrônica ou de dados;

XIII - a garantia de práticas de crédito responsável, prevenção e tratamento das situações de superendividamento do consumidor pessoa física;

XIV - a prevenção do superendividamento e proteção do consumidor pessoa física de boa-fé, preservando o mínimo existencial, por meio da revisão e repactuação da dívida, dentre outras medidas;

XV - a confirmação pelo fornecedor de recebimento da manifestação do consumidor de aceitação da oferta, inclusive eletrônica, de produtos ou serviços. (NR)"

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PROPOSTAXV – a confirmação, pelo fornecedor, do recebimento da manifestação do consumidor de aceitação da oferta, e da desistência contratual, nos termos do art. 49 deste Código, inclusive eletrônica, de produtos e serviços;JUSTIFICATIVA: O acréscimo ao inciso XV, do art. 6º, do CDC, se justifica em função da importância que a desistência contratual tem nas contratações à distância, expressão da livre iniciativa do consumidor, e da boa fé e equilíbrio contratuais, assegurados pelo CDC (CF, art. 170, CDC, art. 4º, III).

"Art. 7º...........................................................................

§1°..................................................................................

§ 2º Aplica-se ao consumidor a norma mais favorável ao exercício de seus direitos e pretensões. (NR)"

"Art. 33. Em caso de fornecimento a distância, devem constar o nome do fabricante e seus endereços geográfico e eletrônico na embalagem, publicidade e em todos os impressos e publicações de qualquer natureza utilizados.

§ Iº Por fornecimento a distância entende-se a oferta, contratação, execução ou disponibilização de produtos ou serviços fora do estabelecimento, ou sem a presença física simultânea do consumidor e fornecedor, especialmente em domicílio, por telefone, reembolso postal, por meio eletrônico ou assemelhado.

§ 2º É proibida a oferta, publicitária ou não, de produtos e serviços por telefone ou meio similar, quando a comunicação for onerosa ao consumidor.

§ 3º Na oferta realizada por meio eletrônico devem constar em local de destaque e de fácil visualização:

I - o nome empresarial do fornecedor e o número de sua inscrição no cadastro geral do Ministério da Fazenda;

II - resumo informativo sobre a segurança oferecida;

III - o endereço geográfico e o eletrônico do fornecedor para recebimento de comunicações, bem como de notificações judiciais ou extrajudiciais;

IV - o número de telefone e o endereço de correio eletrônico e da página na internet ou em outra rede de dados, disponíveis para o serviço de atendimento ao consumidor;

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V - o nome e o endereço geográfico e eletrônico dos provedores de hospedagem e de conexão utilizados pelo fornecedor;

VI - a opção de bloqueio permanente e imediato de novas comunicações do fornecedor.

PROPOSTA:VII – as cláusulas gerais adotadas pelo fornecedor, em local específico do “site”, com abordagem em separado dos diversos temas jurídicos, de forma clara e didática, no que se refere à oferta e contratação de produtos e serviços, execução do contrato, assistência aos consumidores, e ao exercício do direito à desistência da contratação, observadas as normas deste Código;

VIII – os critérios utilizados na aplicação do art. 18, § 3º, deste Código, inclusive quanto à identificação dos produtos essenciais;JUSTIFICATIVA: O inciso VII, a ser acrescentado ao § 3º do art. 33, trata de uma prática já utilizada nos “sites”, sob o título “Política de Trocas e Devoluções”. A exigência de “abordagem em separado dos diversos temas jurídicos, de forma clara e didática”, tenta evitar que temas distintos sejam tratados sem rigor jurídico, numa mesma cláusula, dificultando a compreensão do leitor. A previsão de que as cláusulas gerais estejam situadas “em local específico do “site””, busca facilitar a localização e controle das mesmas.

§ 4º Sem prejuízo do disposto no art. 31, o fornecedor deve manter disponíveis, entre outras, as seguintes informações, desde o momento da oferta e até o término do prazo de arrependimento:

CRÍTICA: Salvo melhor juízo, a expressão “deve manter disponível” é de grande amplitude e pouco explicativa. Disponível onde? Como? Importante ressaltar que a redação do parágrafo 4º não toca especificamente ao comércio eletrônico mas ao comércio à distância. Assim onde a informação deve ser mantida no caso de comércio “em domicílio” e “por telefone”?

I - características essenciais do produto ou do serviço;

II - preço total do produto ou do serviço, incluindo a discriminação de eventuais despesas de entrega, seguro e quaisquer outras;

III - modalidades de pagamento, execução, disponibilidade ou entrega;

IV - indicação da data e horário em que foi anunciada a oferta e em que ela foi aceita;

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V - prazo e dados de contato para o exercício do direito de arrependimento, não inferior ao previsto no art. 49;

PROPOSTAV – prazo para exercício do direito de arrependimento, não inferior ao previsto no art. 49, observado o mesmo processo e forma utilizada na contratação; JUSTIFICATIVA: A mudança de redação do inciso V, do § 4º, do art. 33, se justifica em função da importância que a desistência contratual tem nas contratações à distância, expressão da livre iniciativa do consumidor, garantida constitucionalmente, e da boa fé e equilíbrio contratuais, assegurados pelo CDC (CF, art. 170, CDC, art. 4º, III).

VI - prazo mínimo de validade da oferta, inclusive do preço;

VII - data da entrega do produto ou da execução do serviço.

§ 5o Efetivada a contratação a distância, o consumidor deve receber:

I - a confirmação imediata do recebimento de sua aceitação, inclusive em meio eletrônico, quando a oferta tenha sido veiculada desta forma;

II - os termos do contrato em suporte duradouro, assim entendido como qualquer instrumento, inclusive eletrônico, que permita ao consumidor, durante período adequado de tempo, acesso fácil às informações disponíveis e a sua reprodução.

§ 6º O fornecedor deve assegurar ao consumidor oportunidade e meios razoáveis para retificação de dados cadastrais ou da aceitação da oferta, e manter disponível a informação respectiva. (NR)"

"Art. 39

XIV - ofertar produto ou serviço ou enviar comunicação a consumidor inscrito em cadastro de bloqueio de recebimento de oferta ou comunicação telefônica, eletrônica ou de dados;

XV - veicular, hospedar, exibir, licenciar, alienar, utilizar, compartilhar, doar ou de qualquer forma ceder ou transferir dados ou informações pessoais ou identificadores de consumidores sem a sua expressa autorização e consentimento informado, salvo regular alimentação de banco ou cadastro destinado à proteção ao crédito;

..............................................................................(NR)"

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"Art. 49. No fornecimento a distância, o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar da aceitação da oferta ou do recebimento ou disponibilidade do produto ou serviço.

§ 1º Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores pagos a qualquer título durante o prazo de reflexão deverão ser imediatamente devolvidos, monetariamente atualizados.

§ 2º Na hipótese de exercício do direito de arrependimento ou de fraude, o fornecedor do produto ou serviço, a instituição financeira e a administradora do cartão de crédito são solidariamente responsáveis por:

I - estornar imediatamente o valor;

II - efetivar o estorno na próxima fatura, caso o valor já tenha sido total ou parcialmente pago no momento da manifestação do arrependimento.

§ 3º Em caso de inobservância do disposto no § 2o deste artigo, o valor pago será devolvido em dobro.

§ 4º O fornecedor deve manter disponível de forma clara e ostensiva a informação sobre o meio de comunicação hábil para exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.

PROPOSTA§ 4º O fornecedor disponibilizará acesso eletrônico para a desistência das contratações, da mesma forma como se dá o processo de compras, com o mesmo destaque, assegurando que:

I – o exercício do direito ocorra desde a aceitação da oferta até sete dias após o recebimento do produto ou serviço;

II - o exercício do direito possa ocorrer após o produto ser aberto, conhecido e testado pelo consumidor;

III - o início e término do procedimento dependa, única e exclusivamente, dos passos a serem seguidos pelo desistente, de acordo com as instruções do “site”;

IV – haja, no processo de desistência da contratação, informações sobre a devolução integral dos valores pagos, forma e prazo que deverá ser feita, de modo a cumprir a imediatividade da restituição, como exige o § 1º do art. 49, deste Código;

V – o bem de consumo adquirido não seja enviado ao consumidor, após a

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desistência da contratação, salvo a situação de o produto estar em trânsito, no mesmo dia em que o cancelamento for efetivado. Nesse caso, se houver o recebimento do produto, e o consumidor não ratificar o seu arrependimento, em sete dias a contar do recebimento, o ato de desistência se resolverá e a aquisição será retomada, nas mesmas condições da compra original.JUSTIFICATIVA: a alteração do § 4º do art. 49 se justifica em função da importância que a desistência contratual tem nas contratações à distância, expressão da livre iniciativa do consumidor, e da boa fé e equilíbrio contratuais, assegurados pelo CDC (CF, art. 170, CDC, art. 4º, III).

§ 5º O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação individualizada e automática do recebimento da manifestação de arrependimento.

§ 6º. É obrigação do fornecedor:

I- manter disponível serviço de atendimento por telefone ou meio eletrônico, que possibilite ao consumidor enviar e receber comunicações, inclusive notificações, pedidos de informação, reclamação e demais informações necessárias à efetiva proteção dos seus direitos;

II- confirmar imediatamente o recebimento de comunicações enviadas ou recebidas, utilizando o mesmo meio empregado pelo consumidor e outros que devam razoavelmente ser empregados.

§ T O descumprimento dos deveres do fornecedor previstos neste artigo enseja a aplicação pelo Poder Judiciário de multa civil em valor suficiente para inibir novas violações, sem prejuízo das sanções penais e administrativas cabíveis e da indenização por perdas e danos ocasionados aos consumidores. (NR)"

"Art. 56.

XIII - suspensão temporária ou proibição de oferta e de comércio eletrônico.

..............................................................................(NR)"

"Art. 59.

§ 4o Para garantir efetividade da pena de suspensão ou de proibição de oferta e de comércio eletrônico, a autoridade administrativa notificará os provedores de serviços de conexão, hospedagem ou de informações, conforme o caso, a fim de que, no prazo máximo de quarenta e oito horas, excluam a conexão, hospedagem ou informações durante o período da sanção, sob pena de pagamento de multa diária. (NR)"

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"Art. 72-A. Veicular, hospedar, exibir, alienar, utilizar, compartilhar, licenciar, doar ou de qualquer forma ceder ou transferir dados ou informações pessoais ou identificadores de consumidores sem a sua expressa autorização e consentimento informado, salvo regular alimentação de bancos de dados ou cadastro destinado à proteção ao crédito;

Pena - detenção de seis meses a dois anos e multa."

"Art. 101.

§ 1º Na hipótese de fornecimento a distância, nacional ou internacional, em que o consumidor seja pessoa física:

I - a ação poderá ser proposta no foro do domicílio do consumidor;

II - são nulas as cláusulas de eleição de foro e de arbitragem.

§ 2º Os contratos internacionais a distância em que o consumidor seja pessoa física serão regidos pela lei do seu domicílio ou pela norma estatal escolhida pelas partes, desde que mais favorável ao consumidor, assegurando igualmente o seu acesso à Justiça. (NR)"

CRÍTICA: Salvo melhor juízo, a regulamentação dos contratos internacionais está fora de contexto (inserida nas normas atinentes às ações de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços TÍTULO III – CAPÍTULO III) e não no capítulo devido (TÍTULO I - CAPÍTULO VI – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL).

Art. 2º Esta Lei entra em vigor após decorridos dias de sua publicação oficial.

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ANEXO 4 - PROPOSTA DE PROJETO DE LEI Nº , de 2.011

Altera a disciplina da cobrança de dívidas e dos banco de dados de arquivos de consumo.

Art. 1º. A Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, Código de Proteção e Defesa do

Consumidor, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 39 ….............................................................…............................................................................XX – deixar o fornecedor de crédito ou fornecedor a este vinculado em contrato conexo, coligado ou interdependente de informar ao consumidor, por escrito, sobre o motivo da negativa de concessão de crédito;XXI – deixar o mantenedor de banco de dados de adimplemento ou inadimplemento ou o fornecedor que tenha acesso a ele de fornecer ao consumidor, de imediato, documento escrito com as informações constantes do banco de dados consultado, que deverá conter, no mínimo, os dados pessoais, os débitos eventualmente inscritos e os dados do credor previstos no art. 42-A.”

“Art. 42. ..............................................................Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida, ainda que autorizada por cláusula abusiva declarada nula, tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária, juros legais e perdas e danos, independentemente de análise de boa-fé por parte do fornecedor, salvo hipótese de engano justificável.”

“Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço, o telefone e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente.”

“Art. 42-B - Nos contratos de trato sucessivo é responsabilidade do fornecedor o encaminhamento do documento de cobrança de débito ao endereço indicado pelo consumidor no contrato, ficha de adesão ou proposta comercial.”§1º - O documento de cobrança de débito deverá ser expedido ao consumidor 08 (oito) dias antes do seu vencimento.§2º – Quando utilizada a remessa postal, a expedição se caracterizará pela entrega do documento de cobrança à empresa responsável por seu envio.§3º - Considera-se mora do credor, não se sujeitando o consumidor ao pagamento de juros e demais encargos moratórios, o não encaminhamento do documento de cobrança do débito até o prazo estipulado no §1º deste artigo.

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§4º - Verificada a hipótese do parágrafo anterior, o fornecedor poderá emitir, a qualquer tempo, novo documento de cobrança de débito, respeitadas as disposições do §1º deste artigo.”

“Art. 43. …............................................................…...........................................................................§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele, mediante correspondência com aviso de recebimento, recibo ou outro meio idôneo apto à comprovação efetiva do recebimento da comunicação, devendo esta conter, ainda, as informações previstas no art. 42-A desta Lei.”…............................................................................§ 6º – A criação de bancos de dados sobre informações de adimplemento ou inadimplemento de consumidores deverá ser comunicada ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, ou órgão que venha a substituí-lo, para criação de um Cadastro Nacional de Bancos de Dados de Consumo - CNBDC, sob pena de aplicação das sanções previstas no art. 56 deste Código.§ 7º – Os mantenedores de bancos de dados de consumo da adimplemento e inadimplemento e os fornecedores em geral que deles se valham para concessão de crédito, por si ou por intermédio de outro fornecedor em contrato de mútuo conexo, coligado ou interdependente, deverão garantir aos consumidores acesso irrestrito e gratuito às informações pessoais armazenadas que lhes digam respeito, mediante a emissão de documento escrito, contendo os dados pessoais, débitos eventualmente inscritos e os dados do credor previstos no art. 42-A, sempre que requerido pelo consumidor.§ 8º – A inscrição em banco de dados de consumo de adimplemento ou inadimplemento depende de requerimento exclusivo do credor, sendo vedada sua realização automática decorrente da distribuição de ações judiciais, de protesto de títulos e documentos, da colheita de dados empreendida pelo mantenedor em Diários Oficiais ou quaisquer outros órgãos e documentos cujas informações sejam de acesso franqueado ao público em geral, entre outras hipóteses assemelhadas.§ 9º – As inscrições em bancos de dados de inadimplemento deverão observar o disposto no §2º deste artigo, ainda que se refiram a dados colhidos diretamente de Tabelionatos, de Distribuidores de feitos judiciais, Diários Oficiais ou quaisquer outros órgãos cujas informações sejam de acesso franqueado ao público em geral.§10 – Os mantenedores dos arquivos de dados e os fornecedores são solidariamente responsáveis pela realização da comunicação aludida pelo §2º deste artigo.”

Art. 2º Os mantenedores de bancos de dados sobre adimplemento e inadimplemento em atividade antes da publicação desta lei terão o prazo de 60 (sessenta) dias para comunicar seu funcionamento ao Departamento de Proteção e Defesa do

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Consumidor, ou órgão que venha a substituí-lo, para criação de um Cadastro Nacional de Bancos de Dados de Consumo - CNBDC, sob pena de aplicação das sanções previstas no art. 56 deste Código.

Parágrafo único. A comunicação a que se refere o caput deste artigo deverá conter os seguintes dados:

I - razão social e nº de inscrição no cadastro nacional de pessoas jurídicas;II – nome dos sócios;III – endereço físico e eletrônico, acaso existente;IV – telefone para contato dos consumidores.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor após decorridos ( ) dias de sua publicação oficial.

JUSTIFICATIVA:A cobrança indevida de dívida, ainda que calcada em cláusula contratual abusiva

declarada nula, deve ser penalizada com restituição em dobro para se evitar alegação da própria torpeza pelo fornecedor, que, conscientemente, insere a aludida cláusula abusiva. O mesmo se diz quanto à desnecessidade de comprovação de má-fé do fornecedor, seja por se tratar de prova quase impossível de ser feita, em contrariedade á tônica inversão do ônus da prova (art. 6, VIII do CDC).

A despeito da salutar redação contida no art. 42-A do CDC, olvidou-se o legislador de prever o número de telefone do credor, dado este de enorme importância para fins de garantir ao consumidor o esclarecimento, de forma ágil, sobre os dados do débito.

Ainda em matéria de cobrança dívida, é bastante comum, nos dias de hoje, que o respectivo documento de cobrança seja recebido pelo consumidor no dia ou após o vencimento da dívida, ou, ainda, que o referido documento não seja recebido pelo consumidor.

Tal situação gera grandes transtornos ao consumidor que, em geral, não dispõe de um meio alternativo para obtenção do documento de cobrança do débito, e, portanto, de condições para efetuar a quitação do débito no prazo convencionado.

Assim, necessário que o fornecedor garanta o recebimento do documento de cobrança em prazo hábil para sua quitação tempestiva pelo consumidor, não podendo o consumidor ser penalizado pela falha do fornecedor em encaminhar o documento de cobrança.

Mister, portanto, reconhecer a mora do fornecedor no caso de fornecimento extemporâneo do documento de cobrança, afastando a cobrança de eventual cláusula penal e encargos caso o mesmo seja entregue ao consumidor fora do prazo estipulado.

Quanto aos arquivos de consumo, frise-se que o acesso, pelo consumidor, às informações constantes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo, embora previsto no caput do art. 43 do CDC, encontra forte resistência pelos gestores dos bancos de dados.

Não bastasse o exposto, muitos municípios não dispõem de estabelecimentos que possibilitem a realização de consulta pelo consumidor ou são realizadas através de

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terceiros que cobram pela consulta, à margem do que dispõe o art. 13, X do Decreto Federal 2.181/97.

Art. 13. Serão consideradas, ainda, práticas infrativas, na forma dos dispositivos da Lei nº 8.078, de 1990:(…)X - impedir ou dificultar o acesso gratuito do consumidor às informações existentesem cadastros, fichas, registros de dados pessoais e de consumo, arquivados sobreele, bem como sobre as respectivas fontes;

Em razão do exposto, necessário que os mantenedores de bancos de dados de consumo e respectivos fornecedores que a deles se utilizam, garantam ao consumidor acesso direto às informações por meio de expedição de documento escrito.

Devido à criação de múltiplos bancos de dados sobre informações de adimplemento e inadimplemento de consumidores, necessário que haja um controle estatal mínimo, acerca da existência destes, o que será operacionalizado através da criação Cadastro Nacional de Bancos de Dados de Consumo.

Saliente-se ainda que o ajuizamento temerário de ações e protestos de títulos, entre outras condutas, não podem ensejar a inscrição em cadastros de inadimplentes, notadamente sem a notificação prévia disposta no art. 42 do CDC. Deste modo, somente mediante requerimento expresso do credor, o qual tem a plena convicção da certeza e exigibilidade da dívida, podendo responder civilmente caso não o seja, é que poderá haver a inscrição em cadastro de devedores.

Por fim, conforme doutrina amplamente majoritária, impõe-se reafirmar a responsabilidade solidária dos mantenedores dos arquivos de consumo e dos fornecedores credores, nas esteira de toda sistemática que orienta o CDC.

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ANEXO 5 - PROPOSTA DE PROJETO DE LEI Nº , de 2.011

Altera a disciplina da proteção pré-contratual - oferta e publicidade - contratual e pós-contratual das relações de consumo.

Art. 1º. A Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, Código de Proteção e Defesa do

Consumidor, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto aos primeiros, autorização em contrário do consumidor.”

“Art. 30. .....................................................................§ 1º É vedado na oferta, publicitária ou não:I - fazer referência a crédito "sem juros", "gratuito", com "taxa zero" ou expressão semelhante;II - indicar que uma operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem a avaliação da situação financeira do consumidor;III - ocultar, por qualquer forma, os riscos ou os ônus da contratação do crédito, dificultar sua compreensão ou estimular o endividamento do consumidor, em especial se idoso. § 2° A mensagem publicitária deverá informar a quantidade de produtos disponíveis em estoque para pronta aquisição, em cada um dos estabelecimentos comerciais, sendo vedado o emprego de expressões genéricas como "enquanto durarem os estoques" ou outras semelhantes.§ 3° A veiculação de informação equivocada em mensagem publicitária não exime o fornecedor de cumprir seus termos, a não ser que se trate de erro manifesto, atribuível comprovada e exclusivamente ao veículo de comunicação e que seja retificado em tempo hábil mediante formulação de errata:I - que apresente informações corretas, claras, precisas, ostensivas e legíveis quanto ao equivoco constante do anuncio retificado; II - que seja publicada pela mesma via da divulgação originária, respeitando-se eficácia temporal, quantitativa e geográfica idênticas da publicidade a ser corrigida, mediante emprego no anúncio retificador da mesma dimensão, intensidade, forma, freqüência, horário e representação gráfica - cores, letras e imagens – e com a exposição de avisos ostensivos em todos os estabelecimentos comerciais do fornecedor em relação aos quais estejam em vigor a publicidade;

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III - cujo conhecimento seja dado aos órgãos públicos de defesa do consumidor, da mesma região geográfica onde o anuncio foi veiculado, incluídas as informações e os motivos para o cumprimento ou não da oferta original, mediante remessa de relação dos consumidores atendidos e não atendidos pela oferta inicial, contendo nome, cadastro de pessoa física, endereço e telefone de contato, independentemente do motivo que ocasionou a sua recusa ou aceitação.”

“Art. 31. …................................................................…................................................................................§1º Todas as informações referidas no caput deste artigo deverão constar na oferta ou publicidade em fonte de igual tamanho.§2º A proporção entre a menor e a maior fonte do texto da mensagem publicitária será de 1/3 (um terço).§ 3° O texto da mensagem publicitária divulgada através de jornais, revistas, panfletos, folders e similares deverá conter letra cujo tamanho nunca seja inferior ao equivalente ao padrão Arial 12.§ 4° As informações que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.”

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:….............…...............................................................XIX- ofertar ou contratar o fornecimento de produto inexistente em estoque ou indisponível para pronta entrega ou de serviço cuja execução não possa se iniciar de imediato, salvo divulgação de forma expressa, ostensiva e inequívoca na mensagem publicitária, no caso da oferta, ou em termo de consentimento informado destacado e assinado pelo consumidor, na hipótese de contratação, indicando o prazo máximo para cumprimento da obrigação;”…................................................................................

“Art. 46. …................................................................Parágrafo único: Aplica-se o disposto no caput deste artigo aos contratos que violem as disposições contidas nos art. 18, § 2°, 31, §§ 2° e 3° e 4º e 54 §§ 3° e 4° desta Lei, sendo que, o conteúdo de cláusulas contratuais que contrariem tais dispositivos legais somente obrigarão as partes quanto às estipulações favoráveis ao consumidor.”

“Art. 46-A. As cláusulas penais previstas nos contratos de consumo devem ser redigidas em destaque e corresponder, de forma razoável e proporcional, às perdas e danos normalmente experimentadas pelo contratante prejudicado, consideradas a natureza e a finalidade do negócio, bem como a data prevista para cumprimento da obrigação pelo fornecedor.Parágrafo único. Na ausência de cláusula penal dispondo acerca do

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inadimplemento, total ou parcial, da obrigação ou de mora por parte do fornecedor serão aplicáveis as disposições contratuais relativas à mora ou inadimplemento do consumidor.

“Art. 46-B – É vedada a estipulação em contratos de execução continuada ou de trato sucessivo de desconto por pontualidade de pagamento.Parágrafo único. No caso de previsão contratual de desconto por pontualidade de pagamento, o efetivo valor da obrigação será aquele estipulado para pagamento com o desconto.”

“Art. 46-C. Nos contratos de execução continuada ou trato sucessivo, havendo o inadimplemento ou mora por parte do fornecedor, inclusive no que tange ao cumprimento do disposto no artigo 18, §§ 1° e 3° desta Lei, é direito do consumidor opor exceção do contrato não cumprido, postergando o termo do vencimento das parcelas de sua obrigação para o dia útil seguinte ao adimplemento pelo fornecedor da obrigação ou dever legal devido, sem a incidência de encargos de mora, mesmo tratando-se de contratos conexos, coligados ou interdependentes.”

“Art. 51. ….................................................................…................................................................................XXIII – prevejam a cláusula penal em razão do inadimplemento, total ou parcial, da obrigação ou de mora apenas por parte do consumidor;XXIV – prevejam a estipulação de desconto por pontualidade de pagamento em contratos de execução continuada ou de trato sucessivo;XXV – prevejam a perda da propriedade, em favor do fornecedor, de produtos entregues pelos consumidores em estabelecimentos comerciais para serviço de manutenção ou assistência técnica.”

“Art. 54. ….................................................................…................................................................................§ 3° Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo equivalente à fonte Arial 12 (doze), de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor após decorridos ( ) dias de sua publicação oficial.

JUSTIFICATIVA:A redação original do artigo 21 do CDC permite interpretar ser possível ao

consumidor autorizar ao prestador de serviço de assistência técnica a reposição de componente de produto que não atenda as especificações técnicas do fabricante, o que o tornaria impróprio para o consumo, nos termos do art. 18, § 6°, II do CDC, sendo que a mens legis, ao contrário, visa justamente permitir somente o emprego de produtos

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originais usados ou não originais, conforme se evidencia do art. 13, V do Decreto 2.181/97.

Ademais, o fenômeno da massificação do crédito, acompanhada da massificação do consumo, tem implicado cada vez mais na prática abusiva de oferta e contratação de produtos e serviços indisponíveis em estoque ou para pronta entrega, alijando a liberdade de escolha do consumidor de optar em celebrar ou não o negócio jurídico de consumo, conforme evidenciam as crescentes reclamações nos órgão de proteção e defesa do consumidor.

Prosseguindo, curial que os contratos de consumo são, em geral, bilaterais e sinalagmáticos, isto é, prevêem obrigações recíprocas entre as partes. Todavia, a grande maioria destes contratos prevê cláusulas penais apenas para casos de inadimplemento da obrigação ou mora por parte do consumidor, não prevendo qualquer tipo de penalidade em razão do inadimplemento ou mora pelo fornecedor.

Assim, necessário que o fornecedor incorra nas mesmas penas previstas no contrato para o caso de inadimplemento, total ou parcial, da obrigação ou de mora do consumidor, adequando o contrato às regras da isonomia, da boa-fé contratual e reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor.

Não obstante, é necessário, também, reprimir a utilização abusiva dos chamados “descontos de pontualidade” previstos nos contratos de execução continuada ou de trato sucessivo. Isto porque a jurisprudência e doutrina pátrias já reconheceram que o referido desconto, na verdade, trata-se de ardil que visa à ocultação de cláusula penal gravosa para o caso de mora do consumidor. O fornecedor superestima o valor do contrato concedendo, todavia, “desconto” que chega a 50% do valor da prestação. Este valor da prestação com desconto, na verdade, é o valor médio de mercado. Acontece que, no caso de atraso de pagamento da parcela, a prestação original, superestimada, é cobrada integralmente, o que corresponde a aplicação de uma multa contratual abusiva de 50% do valor da prestação inadimplida.

Ademais, considerando a patente nulidade desta cláusula de desconto, necessário a criação de dispositivo que preveja que o efetivo valor da obrigação é aquele com desconto para pagamento a termo, evitando-se prejuízo ao consumidor quando declarada nula a referida cláusula.

Por fim, necessária correção técnica à redação do art. 54, §3º, com redação dada pela lei 11.785/2008, já que os contratos mesmo quando redigidos em corpo 12 poderão ser de tamanho diminuto dependendo do tipo de fonte utilizado.

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ANEXO 6 - PROPOSTA DE PROJETO DE LEI Nº , de 2.011

Altera a disciplina da tutela administrativa, preventiva e resolutiva dos conflitos de consumo.

Art. 1º. A Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, Código de Proteção e Defesa do

Consumidor, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 4º. .................................................................IX – educação para o consumo especialmente dirigida às crianças e adolescentes, consideradas suas peculiaridades como seres humanos em desenvolvimento, mediante a realização constante de ações para a conscientização dos alunos dos ensinos básico e fundamental, com a cooperação técnica, sempre que possível, dos integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, visando a promoção de um mercado de consumo harmônico para as presentes e futuras gerações;…...........................................................................X – primazia na resolução extrajudicial ou amistosa dos conflitos de consumo, através da interveniência dos Órgãos e Entidades de tutela administrativa do consumidor e do emprego de mecanismos alternativos, tais como conciliação e mediação;

Art. 5°. …...............................................................I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente, mediante a instituição de Núcleos Especializados de Proteção e Defesa do Consumidor nas Defensorias Públicas; …............................................................................IV - criação de Juizados Especiais e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;…............................................................................X – manutenção permanente de Órgãos ou Entidades de Proteção e Defesa do Consumidor, nominados pela sigla PROCON, para a fiscalização do mercado de consumo e aplicação das sanções administrativas, sem prejuízo das demais atribuições previstas em lei;…............................................................................§ 3º - O Sistema de Informação de Defesa do Consumidor – SINDEC ou outro que venha a substituí-lo, mecanismo de informação, interação e integração dos componentes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, será mantido e gerido pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC mediante a disponibilização de banco de dados sobre as reclamações, processos administrativos, termos de ajustamento de conduta, ações coletivas e outras informações concernentes a conflitos de consumo para fins direcionamento estratégico da Política Nacional de Defesa do Consumidor;

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§ 4º Os Órgãos ou Entidades Públicos previstos neste artigo terão acesso direto ao Sistema de Informação de Defesa do Consumidor – SINDEC, devendo alimentar constantemente seu banco de dados e dele se utilizar para a elaboração e planejamento das diretrizes e execução coordenada da Política Nacional das Relações de Consumo. § 5º Sempre que possível e recomendável for, os Instrumentos da Política Nacional das Relações de Consumo deverão evitar a judicialização dos conflitos de consumo, primando por sua resolução amigável e por intermédio de meios alternativos, tais como conciliação e mediação.

Art. 26. …..............................................................§ 2° Interrompem a decadência:…............................................................................IV - a reclamação formalizada perante os Órgãos ou Entidades Públicas com atribuições de proteção e defesa do consumidor, até a ciência efetiva e comprovada por parte do consumidor a respeito de resposta negativa do fornecedor.

Art. 56....................................................................XIV – declarar a nulidade de cláusula abusiva.

Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata o art. 60-B desta Lei, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos Estaduais ou Municipais de Proteção ao Consumidor nos demais casos. Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais) e não superior R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), valores estes a serem corrigidos a partir da vigência do presente dispositivo legal pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor ou outro que venha a substituí-lo.

Art. 59 …...............................................................§5º - Para garantir efetividade da pena de declaração de nulidade de cláusula abusiva, a autoridade administrativa determinará a suspensão de contratação enquanto não retirada a cláusula considerada abusiva e adaptado o contrato, sob pena de pagamento de multa diária.

Art. 60-A Configurada a violação das normas de consumo em âmbito coletivo, caberá aos Órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor instaurar processo administrativo coletivo para fins de aplicação das sanções administrativas previstas no art. 57 desta Lei, independentemente dos processos instaurados e das sanções aplicadas em virtude do cometimento da mesma prática infrativa em feitos individuais.

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§1° Sempre que possível e recomendável se mostrar no caso concreto, a autoridade administrativa deve propor a celebração de compromisso de ajustamento de conduta para fins de cessação das práticas infrativas e prevenção reparação dos danos de âmbito coletivo, suspendendo-se o processo até o cumprimento integral das disposições entabuladas entre os interessados.§ 2° No caso de atendimento integral das disposições constantes do compromisso de ajustamento de conduta, será o processo extinto; no caso de inadimplemento total ou parcial ou de ausência de entabulação de termo de ajustamento de conduta, o processo prosseguirá até seus ulteriores termos, com decisão final para fins de eventual aplicação das sanções administrativas previstas no art. 56 desta Lei.3° Compete aos Órgãos ou Entidades de Proteção Defesa do Consumidor instaurar, de ofício, processo administrativo coletivo para apuração do cometimento de práticas infrativas de cunho transindividual, em relação aos fornecedores que reiteradamente figurem no cadastro de reclamações fundamentadas que alude o art. 44.

Art. 60-B - Os Fundos de Proteção e Defesa do Consumidor têm por objetivo subsidiar a promoção da tutela do consumidor, através da informação e educação dos consumidores e fornecedores sobre seus direitos e deveres e do aparelhamento dos integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, sempre visando a prevenção e reparação dos danos causados ao mercado de consumo.§ 1º Constituem receitas dos Fundos de Proteção e Defesa do Consumidor os rendimentos decorrentes de depósitos bancários e aplicações financeiras provenientes do pagamento de multas administrativas, cumprimentos de transações e termos de ajustamento de conduta por conta da violação das normas consumeristas, contribuições e doações de pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras, transferências orçamentárias e outras receitas que lhe forem destinadas.§ 2º Os Fundos Nacional, Estaduais e Municipais de Proteção e Defesa do Consumidor serão geridos pelos respectivos Conselhos de Proteção e Defesa do Consumidor, órgãos de composição paritária e com atribuição para deliberar sobre a destinação dos recursos depositados.

Art. 109-A. Os Municípios com população superior a 20.000 (vinte mil) habitantes instituirão, mediante lei, no âmbito da sua organização administrativa, no prazo de 02 (dois) anos contados a partir da vigência do presente dispositivo, Órgão ou Entidade de Proteção e Defesa do Consumidor, dotado de poder de polícia administrativa no âmbito de sua circunscrição.§1º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor poderão celebrar convênio com vistas a cooperação técnica no exercício das atividades e competências previstas neste Código.

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§2º – Os Municípios com menos de 20.000 (vinte mil) habitantes poderão reunir-se em consórcios públicos, na forma da Lei Federal 11.107 de 06 de abril de 2005, para o exercício das competências previstas nesta lei.§3º – Poderá ser delegada, ao consórcio formado na forma do parágrafo anterior, a competência para receber e tratar reclamações, conciliar, fiscalizar a infração às normas de consumo e instaurar o procedimento administrativo, permanecendo ao Município Consorciado, a competência para julgamento, aplicação de penalidades e análise de eventuais recursos administrativos.§4º – A lei de que trata o caput deste artigo disporá, ainda, sobre a criação dos Fundos previstos no o art. 60-B desta lei e sobre a criação de Conselhos Públicos com competência para gerir, administrar e fiscalizar a aplicação dos recursos depositados

Art. 2º O art. 32 da Lei 9.394/96 passa a vigorar acrescido do seguinte § 6º:

§ 6º O currículo do ensino fundamental conterá, obrigatoriamente, conteúdo sobre Noções de Direito do Consumidor, contando as instituições de ensino, se necessário, com o auxílio dos integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, mediante termo de cooperação técnica.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor após decorridos ( ) dias de sua publicação oficial.

JUSTIFICATIVA:Visando assegurar a implementação efetiva do comando constitucional de tutela do

consumidor previsto no art. 5, XXXII da CR/88, e prestigiando-se uma resolução extrajudicial dos conflitos, haja vista a notória sobrecarga de serviços que enfrenta do Poder Judiciário, impõe-se conferir ao Poder Público mecanismos mais eficazes coerção aos fornecedores no que tange ao cumprimento da legislação consumerista.

Como sabido, não é de hoje a preocupação dos estudiosos do Direito em imprimir uma maior concretude e celeridade na solução dos litígios, consoante ressai do consagrado trabalho de Mauro Cappelletti e Garth Bryant, no qual pugnam pela observância das 03 indas renovatórias de acesso à justiça.

Contudo, hoje reconhece-se não ser mais suficiente a garantia de um acesso formal à justiça, sendo preciso, nas palavras de Kazuo Watanabe, assegurar um “acesso à ordem jurídica justa”. Dentro deste conceito, não se inclui somente o acesso ao Poder Judiciário, mas também a todos os outros mecanismos alternativos de solução de conflitos.

Neste contexto, a despeito do relevante papel resolutivo empreendido pelas Defensorias Públicas, Ministério Público e, Associações, não se pode deixar de reconhecer que, em matéria de Direito do Consumidor, órgão e entidades administrativas de proteção e defesa do consumidor, conhecidas como PROCONS, desempenham função ímpar e destacada neste contexto de tutela do consumidor.

Daí porque, na esteira do II Pacto Republicano, que estipulou como uma de suas diretrizes o fortalecimentos dos PROCONS, que se imagina ser preciso uma alteração

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legislativa no Código de Proteção e Defesa do Consumidor para fins de se alcançar a plena consecução.

Infelizmente, o que se tem percebido que irrisória parcela dos Municípios tem cumprido com o seu mister de implantar PROCONS no âmbito da administração Publica. Em verdade, por competir ao PROCON o exercício do Poder de polícia administrativa em matéria consumerista, não se trata de uma faculdade do Governante optar ou não pela criação de um PROCON. Em verdade, muitas vezes, o Prefeito Municipal deixa de faze-lo por temer que causaria certam indisposição perante o comércio local, comprometendo sua próxima eleição. Ledo engano, haja vista que a função do PROCON não é fiscalizar e punir por mero capricho, mas somente aqueles que causam efeitos deletérios ao mercado de consumo, desrespeitando as normas de consumo, praticando concorrência desleal, o que, no mais da vezes, representa o acirramento das desigualdades sociais, em desatendimento aos fundamentos da República do Brasil.

Daí porque, ensinar a Doutrina Administrativista ser o Poder de Polícia, não somente um Poder conferido a Administração, mas um poder-dever, ou sanção, nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, dando sobreleo ao dever, um dever-poder.

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