desativação de empreendimentos mineiros

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  • 5/20/2018 Desativa o de Empreendimentos Mineiros

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    JOS BAPTISTA DE OLIVEIRA JNIOR

    DESATIVAO DE EMPREENDIMENTOS MINEIROS:ESTRATGIAS PARA DIMINUIR O PASSIVO AMBIENTAL

    Tese apresentada Escola Politcnica daUniversidade de So Paulo para aobteno do Ttulo de Doutor emEngenharia.

    So Paulo2001

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    JOS BAPTISTA DE OLIVEIRA JNIOR

    DESATIVAO DE EMPREENDIMENTOS MINEIROS:ESTRATGIAS PARA DIMINUIR O PASSIVO AMBIENTAL

    Tese apresentada Escola Politcnica daUniversidade de So Paulo para aobteno do ttulo de Doutor emEngenharia.

    rea de Concentrao:Engenharia Mineral

    Orientador:Lus Enrique Snchez

    So Paulo2001

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    FICHA CATALOGRFICA

    Oliveira Jnior, Jos BaptistaDesativao de empreendimentos mineiros: estratgias para

    diminuir o passivo ambiental. So Paulo, 2001.179 p.

    Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade deSo Pulo. Departamento de Engenharia de Minas e Petrleo.

    1. Minerao - Desativao de mina. Minerao Fechamento de mina. 3. Minerao Descomissionamento. 4.Minerao Custos de desativao. I. Universidade de SoPaulo. Escola Politcnica. Departamento de engenharia de Minase Petrleo. II. t

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    Sandra, Malu e Sofia pelo carinho,

    compreenso e apoio para a realizao desta

    tese.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao apresentar esta tese expresso o meu reconhecimento

    contribuio de determinadas pessoas e entidades,

    sem os quais no seria possvel a sua realizao.

    A Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de

    Nvel Superior (CAPES), pela concesso da bolsa de

    estudo, a qual permitiu a concretizao deste trabalho.

    Ao Setor de Engenharia de Minas do Departamento de

    Cincia e Tecnologia dos Materiais da Universidade

    Federal da Bahia, pelo apoio e incentivo para a

    realizao do doutorado.

    Ao Professor Doutor Luis Enrique Snchez, da

    Universidade de So Paulo, meu orientador cientfico

    neste trabalho, manifesto minha gratido por tudo que

    me ensinou, pelas horas dispensadas nos servios de

    orientao e, sobretudo pelo apoio e estmulo para a

    realizao desta tese.

    A todas as empresas pesquisadas que permitiu a minha

    visita para a realizao dos trabalhos de campo.

    Companhia Vale do Rio Doce nas pessoas dos

    Tcnicos Cid Moreira e Celso Medeiros e do

    Superintendente de Minerao Carlos Eugnio

    Victorasso, pelas facilidades e presteza com que

    contriburam para a realizao deste trabalho.

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    RESUMO

    A desativao de um empreendimento mineiro uma etapa importante do

    planejamento de uma mina e o seu estudo tem a finalidade de reduzir ou eliminar opassivo ambiental aps o fechamento de uma mina. Para isto, so necessrias aes eprogramas desenvolvidos durante a vida da mina, com a participao de todos osinteressados. tambm relevante a previso dos gastos com recuperao edesativao na fase de viabilidade econmica por meio de ndices confiveis. Foramavaliadas trs empresas com reas desativadas: uma desativada totalmente, a outracom frente de lavra desativada e a terceira paralisada. Ficou evidente, neste trabalho,a falta de roteiros e normas na legislao ambiental para a preparao da desativaono incio de uma mina. Esta falta induz o empreendedor a s se preocupar com adesativao e a preparao de um plano quando o fechamento da mina iminente;neste momento, as empresas esto descapitalizadas e os custos com a recuperao

    sero elevados. Foram propostos, modelo de Plano de Desativao, a ser preparadona etapa de planejamento da mina, e um ndice econmico que relaciona os custos derecuperao aos custos de produo da mina na fase de viabilidade econmica.

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    ABSTRACT

    One of the most important stages in the mine planning is the closure of a mine. This

    study has the aim to minimize or eliminate the well-known environmental damageleft after the closure of the mine site. In order to carry out the process of mineclosure, some procedures and programs should be conducted during the mine lifecycle, involving people who are interested in environment problems. It is alsoimportant, the previous calculation of the environmental cost and all the cost relate tothe closure of the mine itself during the mine project by using reliable cost index. Inthis research, three different mining companies having abandoned areas wereevaluated: the first being closed-down completely, the second one having anabandoned mining face and the third one was thoroughly paralyzed. It wasdemonstrated in this case-study that there aren't any procedures or specifications formines closure which could be considered in beginning of the mining project. This

    lack of regulation and procedures related to mining closure makes mining companymanagers or mining company owners only take into consideration a closure mining

    plan in the final stage of the production when the mine site needs to be closed assoon as possible. However, at that stage, most mining companies are with lack ofworking capital and the cost of environment protection is very expensive. As resultof this research, a Closure Mine Model was proposed, which should be prepared inthe very beginning of the mining planning stage. It was also proposed an economicindex that is related to the cost of environment protection to the mining productioncost in the stage of the economical feasibility studies.

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    SUMRIOLISTA DE QUADROS

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE FOTOGRAFIAS

    LISTAS DE SIGLAS

    RESUMO

    ABSTRACT

    1 INTRODUO .................................................................................................. 1

    2 RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS PELA MINERAO ...... 5

    2. 1 Conceitos gerais ............................................................................................... 5

    2. 2 Objetivos da recuperao de reas degradadas ................................................ 9

    2. 3 Princpios de recuperao de reas degradadas ............................................... 11

    2. 4 Objetos da recuperao de reas degradadas ................................................... 12

    2. 5 Medidas de recuperao para reas degradadas ............................................... 13

    2. 6 Planejamento ambiental da recuperao de reas degradadas ......................... 14

    2. 7 Tcnicas de recuperao ambiental para reas degradadas ............................. 15

    3 DESATIVAO DE MINA.............................................................................. 30

    3. 1 Conceitos sobre desativao de mina ............................................................... 31

    3. 2 Objetivos da desativao .................................................................................. 34

    3. 3 Problemas ambientais causados pela desativao inadequada de uma mina ... 35

    3. 4 Razes da desativao ...................................................................................... 37

    3. 5 Fases da desativao ........................................................................................ 38

    3. 6 Objetos da desativao de mina ....................................................................... 45

    3. 7 Estratgias para a desativao de mina m......................................................... 60

    3. 8 Plano de desativao de mina .......................................................................... 61

    3. 8. 1 Objetivos do plano de desativao ............................................................... 62

    3. 8. 2 Plano de desativao elaborado aps a desativao da mina ....................... 65

    3. 8. 3 Plano de desativao elaborado no incio da mina ...................................... 70

    3. 9 Custos de recuperao ambiental ..................................................................... 83

    3. 9. 1 Custos de proteo e preservao ambiental ................................................ 85

    3. 9. 2 Custo de recuperao das principais atividades mineiras ............................ 853. 10 Metodologia para elaborao de oramento de recuperao ambiental ........ 92

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    3. 10. 1 Exemplos de apropriao de custos de recuperao de reas mineradas ... 97

    3. 11 Previso de custos em um plano de desativao. ...........................................100

    4 O ESTGIO ATUAL DOS TRABALHOS DE RECUPERAO

    AMBIENTAL E PLANOS DE DESATIVAO NO ESTADO DA

    BAHIA .................................................................................................................105

    4.1-Licenciamento ambiental no Estado da Bahia ...................................................108

    4.2-Levantamento de dados no CRA .......................................................................112

    4.3-Questionrio respondido pelas empresas envolvidas na pesquisa .....................113

    5 DESATIVAO DA MINA DE MARIA PRETA .........................................116

    5. 1 Minerao Caraba S A.....................................................................................120

    5. 2 Jacobina Minerao S A ..................................................................................122

    5. 3 Companhia Vale do Rio Doce - Fazenda Brasileiro ........................................126

    5. 4 Companhia Vale do Rio Doce - Fazenda Maria Preta .....................................129

    5. 4. 1 Histrico da desativao ..............................................................................130

    5. 4. 2 Caracterizao da rea de entorno da mina ..................................................131

    5. 4. 3 Caracterizao da mina ................................................................................1365. 4. 4 Descrio dos passivos ambientais ..............................................................140

    5. 4. 5 Destinao futura da rea da mina ...............................................................150

    5. 4. 6 Plano de desmontagem e recuperao ambiental .........................................151

    5. 4. 7 Monitoramento da mina e entorno ...............................................................155

    5. 4. 8 Custo do projeto ...........................................................................................157

    5. 4. 9 Execuo dos trabalhos ................................................................................161

    5. 4. 10 Anlise e discusso ....................................................................................163

    5. 4. 11 Concluso do captulo ................................................................................170

    6 CONCLUSES DA TESE ................................................................................172

    7 LISTA DE REFERNCIAS..............................................................................175

    8 ANEXO ...............................................................................................................176

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 2-1 Sntese comparativa do conceito ...................................................... 8

    Quadro 2-2 - Atividades mineiras e medidas adotadas para a reconformao do

    terreno ...................................................................................................................... 24

    Quadro 3-1 - Objetivos e medidas de recuperao para lavra subterrnea

    (adaptado do CANADA (1995) e Sassoon (2000)) ................................................. 47

    Quadro 3-2 - Objetivos e medidas de recuperao para lavra a cu aberto

    (adaptado do CANADA (1995) e Sassoon (2000)) ................................................. 49

    Quadro 3-3 - Objetivos e medidas de recuperao para pilhas de minrio

    lixiviado, marginal, concentrado e rochas de decapeamento (adaptado do

    CANADA (1995) e Sassoon (2000)). ...................................................................... 51

    Quadro 3-4 - Objetivos e medidas de recuperao para sistemas de barragens oubacias de rejeitos (adaptado do CANADA(1995) e Sassoon (2000)) ...................... 54

    Quadro 3-5 - Objetivos e medidas de recuperao para tratamento de gua usada

    na mina (adaptado do CANADA(1995) e Sassoon (2000)) ..................................... 56

    Quadro 3-6 - Objetivos e medidas de recuperao para equipamentos e obras

    civis (adaptado do CANADA(1995) e Sassoon (2000)) .......................................... 58

    Quadro 3-7 - Objetivos e medidas de recuperao da infra-estrutura (adaptado do

    CANADA(1995) e Sassoon (2000)) ........................................................................ 59

    Quadro 3-8 - Objetivos e controle que devem ser previstos para os empregados e

    a comunidade local na desativao de uma mina .................................................... 64

    Quadro 3-9 - Servio, estruturas, locais e mtodos de monitoramento Fonte:CANADA (1995) ..................................................................................................... 78

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    Quadro 3-10 - Mtodos de monitoramento para estabilidade qumica ................... 80

    Quadro 3-11 - Caractersticas, objetivos, medidas e aes de recuperao e itensde custos para lavra subterrnea ............................................................................... 87

    Quadro 3-12 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itens

    de custos para lavra a cu aberto .............................................................................. 88

    Quadro 3-13 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itens

    de custos para pilhas de estril e minrio lixiviado ................................................ 90

    Quadro 3-14 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itens

    de custos para sistemas de barragens ou bacias de rejeitos ..................................... 91

    Quadro 3-15 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itens

    de custo para equipamentos e obras civis ................................................................ 93

    Quadro 3-16 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itensde custo para infra-estrutura ..................................................................................... 94

    Quadro 3-17 - Custos de recuperao da QGN, Ottomar Minerao e CBA ......... 96

    O Quadro 3-18 - Montagem dos custos de recuperao de rea degradada ........... 97

    Quadro 3-19 - Caractersticas das pilhas de estril da Mina Altamira ................... 98

    Quadro 3-20 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itens

    de custo das pilhas .................................................................................................... 98

    Quadro 3-21 - Custos envolvidos na recuperao ambiental das pilhas de estril

    da Mina Altamira ..................................................................................................... 99

    Quadro 3-22 - Caractersticas, objetivos, medidas, aes de recuperao e itensde custo das reas de areia ....................................................................................... 99

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    Quadro 3-23 - Custos envolvidos na recuperao ambiental do Areal Biribeira ...100

    Quadro 3-24 - Cenrios de custos de recuperao de acordo com a variao dospercentuais de acrscimo nos custos de produo ...................................................101

    Quadro 3- 25 - Exemplo de investimentos de acordo com a idade .........................102

    Quadro 3-26 - Perodos diferentes de capitalizao para minas com recuperao

    aps a lavra ...............................................................................................................102

    Quadro 3-27 - Valores de capitalizao para recuperaes simultneas lavra ....103

    Quadro 4-1 - Relao das empresas pesquisadas e sua posio no ranking ...........106

    Quadro 4-2 - Relao das empresas por categoria mineral .....................................106

    Quadro 4-3 - Relao das perguntas efetuadas aos prepostos das empresas

    pesquisadas ...............................................................................................................115

    Quadro 5-1 - Resumo dos dados obtidos no CRA para minerais metlicos ...........117

    Quadro 5-2 - Resumo dos dados obtidos no CRA para minerais industriais ..........117

    Quadro 5-3 - Resumo das respostas obtidas das empresas pesquisadas atravs de

    questionrios para minerais metlicos .....................................................................118

    Quadro 5-4 - Resumo das respostas obtidas das empresas pesquisadas atravs de

    questionrios para minerais industriais ....................................................................119

    Quadro 5-5 - Situao atual das empresas com reas desativadas ou paralisadas ..120

    Quadro 5-6 - Relao das cavas inundadas, rea e profundidade ...........................141

    Quadro 5-7 - Relao das cavas secas com e sem desmonte, reas e profundidades .143

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    Quadro 5-8 - Relao das pilhas de minrio lixiviado com as alturas e reas ........147

    Quadro 5-9 - reas a serem recuperadas e as respectivas etapas de recuperao ..152

    Quadro 5-10 - Resultados das anlises qumicas das amostras de gua .................155

    Quadro 5-11 - Amostras de solo para anlise qumica de cianeto ..........................156

    Quadro 5-12 - Sntese dos custos de revegetao ...................................................160

    Quadro 5-13 - Sntese dos custos com monitoramento ...........................................160

    Quadro 5-14 - Resumo das reas recuperadas e entregues aos superficirios ........161

    Quadro 5-15 - Comparativo entre a recuperao proposta e a realizada ...............163

    Quadro 5-16 - Resultados dos ensaios de lixiviao e solubilizao em amostras

    da pilha de minrio lixiviado extinto .......................................................................167

    Quadro 5-17 - Resumo dos custos envolvidos de terceiros, CVRD e HISA ..........168

    Quadro 5-18 - Percentuais de acrscimo no custo de produo .............................169

    Quadro 5-19 - Previso de contribuio anual e renda anual desejada para a

    desativao para a Mina Maria Preta .......................................................................169

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2-1 - Inclinao recomendada para diversos usos finais do solo.Segundo Williamson et al(1982). (IBAMA 1990, p. 90) ....................................... 21

    Figura 2-2 - Diferentes alternativas de reafeioamentos topogrficos de uma rea

    de extrao de areia. (Snchez, 2000, p. 16) ............................................................ 22

    Figura 3-1 - Fluxograma das Fases da Minerao e Desativao de Mina ............ 40

    Figura 3-2 - Fluxograma de Estratgia Preventiva de Desativao de um

    Empreendimento Mineiro. (Adaptado de Snchez, 1998) ....................................... 66

    Figura 3-3 - Fluxograma de Estratgia Proativa de Desativao de um

    Empreendimento Mineiro. (Adaptado de Snchez, 1998) ....................................... 72

    Figura 3-4 - Metodologia para a elaborao de oramento de recuperao

    ambiental .................................................................................................................. 95

    Figura 4-1 - Mapa de Localizao das empresas pesquisadas ................................107

    Figura 4-2 - Fluxograma simplificado do licenciamento no Estado da

    Bahia. Fonte: Souza (2000) ......................................................................................109

    Figura 5-1 - Localizao dos pontos de monitoramento da Fazenda Maria Preta ..157

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    LISTA DE FOTOS

    Foto 5-1 Vista geral da cava da Minerao Caraba, sentido sul/norte. Aofundo vemos as bancadas, bermas, estril disposto em sua borda e na cava ...........122

    Foto 5-2 - Vista geral da usina de beneficiamento da Jacobina Minerao,

    paralisada .................................................................................................................123

    Foto 5-3 - Vista geral da barragem de rejeitos da Jacobina Minerao ..................123

    Foto 5-4 - Vista geral da oficina central e borracharia ...........................................124

    Foto 5-5 - Vista geral da entrada principal da mina subterrnea da Jacobina

    Minerao, fechada com grades metlicas ...............................................................124

    Foto 5-6 - Vista geral da pilha de estril da Mina de Joo Belo (Jacobina

    Minerao) ...............................................................................................................125

    Foto 5-7 - Vista geral da entrada da mina de Joo Belo, cota 770. (Jacobina

    Minerao) ...............................................................................................................125

    Foto 5-8 - Vista geral de parte da cava a ser enchida por estril (Mina Fazenda

    Brasileiro - CVRD) ..................................................................................................127

    Foto 5-9 - Caminho descarregando estril para o enchimento da cava (Mina

    Fazenda Brasileiro - CVRD) ....................................................................................127

    Foto 5-10 - Vista geral da terra vegetal espalhada sobre o estril disposto na cava,

    sendo preparada para a revegetao (Mina Fazenda Brasileiro CVRD) .................128

    Figura 5-11 - Vista geral da cava inundada com gua proveniente da mina

    subterrnea (Mina Fazenda Brasileiro - CVRD) ......................................................128

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    Foto 5-12 - Descarga da gua proveniente da mina subterrnea Mina Fazenda

    Brasileiro (CVRD) ...................................................................................................129

    Foto 5-13 - Vista geral da cava Antas I (Faz. Maria Preta CVRD) .....................141

    Foto 5-14 - Vista geral da cava SW (Faz. Maria Preta CVRD) ...........................142

    Foto 5-15 - Vista geral da cava H (Faz. Maria Preta CVRD) ..............................142

    Figura 5-16 - Vista geral da cava Antas II a ser desmontada (Faz. Maria Preta

    CVRD) .....................................................................................................................143

    Foto 5-17 - Vista geral da cava 13 (Faz. Maria Preta CVRD) .............................144

    Foto 5-18 - Vista geral da cava 15 (Faz. Maria Preta CVRD) .............................144

    Foto 5-19 - Vista geral da cava E (Faz. Maria Preta CVRD) ..............................145

    Foto 5-20 - Vista geral da cava M (Faz. Maria Preta CVRD) .............................145

    Foto 5-21 - Vista geral da cava Mari (Faz. Maria Preta CVRD) .........................146

    Foto 5-22 - Vista geral da cava N/O (Faz. Maria Preta CVRD) ..........................146

    Foto 5-23 - Vista geral das pilhas de estril e minrio lixiviado extinto e as

    instalaes da Fazenda Maria Preta. ........................................................................148

    Foto 5-24 - Vista geral da bacia de rejeitos ............................................................148

    Foto 5-25 - Vista geral das instalaes de britagem ...............................................149

    Foto 5-26 - Vista geral da usina CIP .......................................................................150

    Foto 5-27 - Cava de Ambrsio recuperada .............................................................162

    Foto 5-28 - Vista geral da bacia de rejeitos reconformada .....................................162

    Foto 5-29 - vista geral do incio da revegetao .....................................................163

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    CBA - Companhia Brasileira de Alumnio

    CEPRAM - Conselho Estadual de Meio Ambiente

    C.F. Custo Fixo

    C.I.P. Carbon in Pulp

    CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

    COMISA - Coitezeiro Minerao Sociedade Annima

    COSIBRA - Companhia Sisaleira do Brasil

    C.P. Custo de Produo

    C.R. Custo de Recuperao

    CRA - Centro de Recursos Ambientais

    C.V. Custo Varivel

    CVRD - Companhia Vale do Rio Doce

    DNPM - Departamento Nacional da Produo Mineral

    DOCEGEO - Rio Doce Geologia

    DOW - Dow Qumica do Nordeste

    E.I.A. Estudo de Impacto Ambiental

    E.P.A. Environmental Protection Agency

    FERBASA - Ferroligas da Bahia Sociedade Annima

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    HISA - Hidrulica e Saneamento Sociedade Annima

    IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

    IBAR - Indstria Brasileira de Artigos Refratrios

    ITGE - Instituto Tcnico Geolgico de Espanha

    L.I. Licena de Implantao

    L.L. Licena de Localizao

    L.O. Licena de Operao

    P - Percentual de Acrscimo no Custo de Produo

    P.A.E. Plano de Aproveitamento Econmico

    Pedvale - Pedreiras Valria

    PRAD - Plano de Recuperao de reas Degradadas

    Q - Quantidade de Minrio Extrado

    QGN - Qumica Geral do Nordeste Sociedade Annima

    RIMA - Relatrio de Impacto do Meio Ambiente

    R.L.O. Renovao de Licena de Operao

    SAO - Separador de gua e leo

    U.M. Unidades Monetrias

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    1

    1 INTRODUO

    A partir dos anos setenta a proteo ambiental passou a ter mais importncia e

    provocou srias transformaes na indstria mineira e, consequentemente, mudana

    da viso das atividades de minerao, por consider-la, a partir de agora, uma forma

    de uso temporrio do solo e no como uso final como era no passado.

    Como conseqncia desta mudana de viso, as empresas do setor mineral

    comearam a pensar em meio ambiente no incio, durante e aps o encerramento das

    atividades mineiras, com atividades dirigidas a revegetao, paisagismo, melhoria do

    solo e desenvolvimento scio econmico regional.

    Apesar das empresas de minerao comearem a pensar em meio ambientes

    associados s atividades de minerao, no Brasil, a maioria das grandes empresas e

    algumas de pequeno e mdio porte se preocupa, s vezes, de forma bastante limitada,

    com as questes ambientais durante a vida til dos seus empreendimentos. Estas

    utilizam-se de estratgias preventivas para a eliminao do passivo ambiental quando

    da desativao das operaes ou trmino da mina. Muitas destas empresas no tm amnima idia de como faro a desativao da sua mina, empurrando sempre este

    problema para quando decidirem encerrar as suas atividades, ento, pensaro no que

    ser feito com o passivo ambiental gerado ao longo de anos de extrao.

    Levantamento realizado por Cassa et al(1996) dentre outros casos, o da mina

    de chumbo e zinco (com cdmio associado) atuando na regio do Vale do Rio

    Paramirim, cuja desativao ocorreu em 1991, deixou os tcnicos do Departamento

    Nacional da Produo Mineral (DNPM) preocupada com os resduos destes metais

    nas minas abandonadas, nas bacias de rejeitos e pilhas de estreis com a

    possibilidade destes resduos serem lixiviados e flurem diretamente para o Rio

    Paramirim, o que comprova a falta de preocupao com a desativao de mina.

    Por sua vez, os rgos ambientais, dentro do regime de concesso de licenas

    ambientais para preservao do meio ambiente, solicitam sempre das empresas

    planos e programas de controle ambiental e recuperao de reas degradadas

    (PRADS), inclusive fornecendo roteiros tcnicos para a concesso das licenas

    ambientais. Em nenhum momento se fala ou h informaes acerca de desativaode mina na legislao ambiental. E bom que se diga que no Brasil no h tradio

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    em desativao de empreendimentos mineiros, nem por parte dos empreendedores,

    nem por parte dos rgos ambientais.

    O licenciamento ambiental no Estado da Bahia est sob a responsabilidade doCentro de Recursos Ambientais (CRA), autarquia criada pela Lei Delegada no 31, de

    03/03/83 e do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEPRAM), criado pela Lei

    Estadual no 3.163 de 04/10/73, composto de representantes do Poder Pblico e da

    sociedade civil, que deliberam sobre a expedio da Licena ambiental requerida. As

    principais licenas so: Licena de Localizao, Implantao, Operao e Renovao

    de Licena de Operao. O CRA disponibiliza aos interessados um roteiro a ser

    seguido para a obteno da respectiva licena. Neste roteiro, so estabelecidos

    critrios e procedimentos para subsidiar a anlise do processo de licenciamento

    ambiental. Em nenhum momento estes roteiros tratam da desativao de mina.

    A maioria das empresas de minerao, s se preocupam com o fechamento de

    uma mina em ltima instncia, quando no se tem mais nada a fazer. Isso bom pelo

    fato de manter uma mina em atividade, mas pssimo pela falta de recuperao

    ambiental, pois s a partir deste momento que, efetivamente, se pensa em

    recuperao ambiental de maneira mais firme. O rgo ambiental, por no estar

    preparado, deixa ao encargo do empreendedor a elaborao do plano de desativao,para, a partir da, fazer as suas exigncias.

    Diante da falta de normas para a desativao de empreendimentos mineiros,

    fazem-se necessrios estudos sobre este tema, avaliando o estgio atual dos trabalhos

    de recuperao ambiental e os planos de desativao das empresas envolvidas na

    pesquisa; e propondo um modelo de Plano de Desativao para auxiliar as empresas

    envolvidas na pesquisa, a fim de reduzir o passivo ambiental no Estado da Bahia,

    atravs de estudo de caso com empresas que tiveram minas desativadas. O Plano de

    Desativao de Empreendimentos Mineiros tem como base a sua implementao

    juntamente com as fases da minerao (estratgia proativa), culminando com a

    descrio das etapas que se seguiro aps a deciso de fechamento da mina. Este

    Plano pode ser implementado aps a desativao (estratgia preventiva). Aliados a

    estes planos sero indicados os principais custos associados desativao.

    O Estado da Bahia ocupa o 60lugar no universo da minerao brasileira (MG,

    PA, SP, MT, GO) e quando se inclui produto energtico, a Bahia ocupa o 40 lugar

    aps RJ, MG, PA. Minerao na Bahia (1995). No seu subsolo, foram identificadoscerca de 70 bens minerais, sendo 30 entre pedras preciosas, semipreciosas, mrmores

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    e granitos com produo regular de cerca de 39 bens minerais, por intermdio de 394

    empresas incluindo pessoas fsicas BAHIA (1994).

    Apesar de ser um Estado com um grande potencial mineral, a Bahia, a partir de 1997,comeou a apresentar casos de desativao de empresas de grande porte e com

    grande potencial de impacto ambiental. Dentre estas empresas esto a Companhia

    Vale do Rio Doce (CVRD), Jacobina Minerao S. A. e a Minerao Caraba S. A.

    A CVRD atua no Estado com duas reas, Maria Preta e Fazenda Brasileiro,

    sendo a primeira desativada por exausto de reservas em 1997 e a segunda com vida

    til prevista at 2018. A Minerao Jacobina teve suas operaes paralisadas em

    outubro de 1998 devido a flutuaes do preo do ouro no mercado internacional. No

    se tem estimativa de vida til. A Minerao Caraba teve sua cava principal

    desativada por exausto de reservas em 1998 e a mina subterrnea tem vida til

    prevista para 2008.

    Com o quadro do Estado da Bahia apresentado acima, o rgo ambiental local

    no dispe de normas que disciplinem, de maneira clara e precisa, respeitando-se

    obviamente cada caso, como deve ocorrer a desativao de um empreendimento

    mineiro, limitando-se a aceitar, com algumas exigncias, o que proposto pelas

    empresa envolvidas na desativao.Desta forma, justifica-se um estudo mais apurado sobre desativao de mina,

    uma vez que pela vida til informada pelas prprias empresas antes de dez anos

    teremos uma outra mina a ser desativada que, com certeza, envolver uma cidade

    inteira construda para servir de apoio a este empreendimento (Minerao Caraba).

    A pesquisa sobre desativao e reabilitao de reas mineradas, utilizou a

    seguinte metodologia. Foram escolhidas nove empresas atuando no Estado da Bahia,

    que constam no ranking da Brasil Mineral de 1998, e acrescentada uma de mdio

    porte para se analisar quais as suas estratgias de recuperao ambiental e

    desativao de atividades. Estas empresas so: minerais metlicos CVRD (ouro),

    Minerao Caraba (cobre), Jacobina Minerao (ouro), Companhia de Ferroligas da

    Bahia (Ferbasa) e Coitezeiro Minerao (cromo); minerais industriais Magnesita e

    Indstria Brasileira de Refratrios (IBAR) (magnesita e talco); e materiais de

    construo Pedreiras Valrias (granito).

    Depois de escolhidas, foram avaliados as licenas ambientais enviadas pelas

    empresas ao Centro de Recursos Ambientais (CRA) e um questionrio elaboradopelo pesquisador, tendo como base adaptao, para o setor mineral, do

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    Procedimento para o Planejamento da Desativao de um Empreendimento Industrial

    Snchez (2001), respondido pelas empresas. Os dados obtidos serviram de uma

    seleo prvia para o Estudo de Caso da Fazenda Maria Preta pertencente a CVRD,nica empresa que teve uma mina desativada por completo.

    A delimitao da pesquisa compreendeu a anlise das empresas relacionadas

    acima nos perodos de janeiro de 1998 a julho de 2001.

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    2. RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS PELA MINERAO

    2.1 Conceitos Gerais

    Minerar arte de extrair economicamente bens minerais da crosta terrestre,

    utilizando tcnicas adequadas a cada situao. Estas tcnicas visam minimizar os

    impactos ambientais ao meio ambiente, dentro dos princpios da conservao

    mineral, e tm como compromisso a recuperao das reas mineradas durante a

    extrao e aps a desativao, dando a estas reas um outro uso apropriado.

    Extrair economicamente significa que todos os bens minerais implicam na

    existncia de procedimentos e aproveitamento com lucro das riquezas minerais

    existentes na natureza. A utilizao de tcnicas adequadas ao meio ambiente implica

    na manuteno da qualidade ambiental do local e em menos dispndio de recursos a

    serem gastos na recuperao das reas mineradas no futuro.

    A conservao mineral caracteriza-se pela ativa descoberta e conseqente

    aumento das reservas disponveis; pela completa extrao, evitando-se desperdciona lavra e no beneficiamento; e pela adequada utilizao de materiais, no se

    lanando mo dos nobres quando as necessidades puderem ser atendidas com a

    utilizao de outros, de menor qualidade.

    A recuperao de reas degradadas pela minerao j uma realidade e faz

    parte de um compromisso assumido pela empresa desde o incio da explorao

    mineral. Esta recuperao pode ser efetuada durante a lavra, quando da exausto de

    algumas frentes e aps a desativao da mina. Para que isso ocorra e a rea

    recuperada tenha um uso apropriado, necessrio um planejamento desde o incio

    das atividades mineiras e que este planejamento seja revisto periodicamente ao longo

    da vida til da mina.

    Os tipos de minerao e as caractersticas do depsito mineral, em particular,

    afetam a paisagem. A lavra subterrnea causa, usualmente, pequenos danos

    superfcie e a reabilitao de reas como barragens de rejeitos, remoo das

    construes e equipamentos fazem da rea mais segura. A lavra a cu aberto resulta

    da destruio da vegetao existente e no perfil do solo. Remoo do capeamento erocha estril colocada em pilhas ou cava extinta, podem significar mudanas na

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    topografia e estabilidade da paisagem. Alguns materiais do capeamento podem

    liberar sais ou conter material sulfdrico os quais podem gerar drenagem cida de

    mina. Estes materiais podem e devem ser selecionados e dispostos de maneira queno causem problema ou podem requerer tratamentos especiais e reabilitao. Um

    exemplo da necessidade de tratamentos especiais a utilizao do cianeto na

    extrao do ouro atravs da lixiviao em pilhas.

    Com todas estas atividades, o meio ambiente sofrer as conseqncias com a

    provocao de impactos visuais, no ar, qualidade da gua, no solo, etc. Estes

    impactos, na sua maioria, destroem o meio ambiente, gerando reas degradadas e

    passivas ambientais, nada que no possa ser recuperado total ou parcialmente.

    Degradao

    Sero discutidos aqui conceitos de degradao, inclusive o utilizado pela

    legislao federal, de processos do meio fsico sua alterao voltada minerao.

    A definio da palavra degradao, segundo o Ferreira (1995) 3Deteriorao,

    desgaste, estrago: degradao de rochas. O conceito de degradao est, na

    maioria das vezes, associado a efeitos negativos, conforme visto acima, e causadospela interveno humana.

    Bittar (1997), fez uma abordagem abrangente em sua tese de doutorado, sobre

    os conceitos de degradao com levantamento de vrios autores. Toy; Hadley (1987)

    apud Bitar (1997) acrescenta ao conceito anterior de degradao a noo espacial,

    correlacionando com efeitos geomorfolgicos produzidos na paisagem por diferentes

    atividades humanas, dentre elas a minerao.

    A publicao do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais

    Renovveis Ibama, foi uma das pioneiras a relacionar a degradao com aspectos

    biolgicos, edafolgicos e hdricos afetados pela minerao a degradao ocorre

    quando a vegetao nativa e a fauna forem destrudas, removidas ou expulsas; a

    camada frtil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e regime de

    vazo do sistema hdrico forem alterados. (IBAMA,1990 p.13). Para, em seguida,

    estabelecer o conceito de que a degradao ambiental ocorre quando h perda de

    adaptao s caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas e inviabilizado o

    desenvolvimento socioeconmico. IBAMA (Op. Cit., p.13).No caso da minerao, dentre as normas legais mais elucidativas, o Decreto

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    Federal 97.632/89, que estabelece a exigncia de um Plano de Recuperao de reas

    Degradadas PRAD para atividades de minerao, define o conceito de degradao

    como os processos resultantes de danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem

    ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou capacidade

    produtiva dos recursos ambientais.

    Diante destes conceitos, podemos inferir que a degradao est associada

    alterao ambiental, gerada por atividades humanas, que vem causar um efeito

    negativo no solo.

    Recuperao

    So apresentados aqui os conceitos mais utilizados na literatura sobre a

    recuperao de reas degradadas pela minerao, relacionados recuperao do meio

    fsico, a ser utilizada ao longo do trabalho.

    O Decreto Federal 97.632/89, onde se define a recuperao como o retorno do

    stio degradado a uma forma de utilizao, de acordo com um plano preestabelecido

    para o uso do solo, visando a obteno de uma estabilidade do meio ambiente.

    Segundo Bitar (1997), este conceito j incorpora os de reabilitao e recuperao, umavez que associam a instalao de um novo uso na rea com a obteno da sua

    estabilidade.

    Com relao a restaurao, recuperao e reabilitao, o autor cita os diversos

    conceitos presentes na literatura nacional e internacional, at meados da dcada de 80,

    estabelecendo a seguinte distino: restaurao a reproduo das condies

    existentes na rea antes da perturbao, onde a completa restaurao impossvel em

    relao minerao de agregados ou bens minerais de uso direto na construo civil

    (areia, brita, etc.), devido a pouca gerao de rejeitos e estreis (aproveitamento de

    50% a 70% do mineral bruto extrado) rara em relao a minerais metlicos;

    recuperao do solo o processo de manejo do solo no qual so criadas as condies

    para que uma rea perturbada, ou mesmo natural, seja adequada a novos usos; e

    reabilitao do solo, a forma de recuperao em que uma rea perturbada adequada

    a um uso determinado, segundo um projeto prvio (ABNT apudBitar, 1997).

    Bitar (1997) faz uma anlise comparativa entre as diferentes abordagens de

    recuperao e de suas aplicaes, onde se identifica uma evoluo dos conceitos aolongo das ltimas dcadas. Quadro 2-1.

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    Quadro 2-1 Sntese comparativa do conceitoAutor Conceito de recuperao

    DOWN, STOCKS (1977) Qualquer alternativa, exceto recriao da topografia original erestabelecimento das condies prvias de uso do solo (queconsideram restaurao);

    CAIRNS JR (1986) Retorno parcial ou total da superfcie s condies iniciais;

    TOY, HADLEY (1987) Obteno de uma forma aceitvel de produtividade e emconformidade com um plano de uso prvio;

    ABNT (1989) Processo em que se criam as condies de adequao a um novo uso ede ambiente estvel;

    BARTH (1989) Processo planejado de uso do solo;

    Lei Federal do Prad (1989) Retorno do stio a uma forma de uso, visando a estabilidade

    ambiental;WILLIANS et al (1990) Retorno do stio a um uso de acordo com um plano prvio e em

    conformidade com a circunvizinhana;

    DIETRICH (1990) Processo que deve considerar o ambiente natural e cultural da regiocircunvizinha e obter um uso de solo gerencivel e sustentvel;

    UICN (1991) Retorno do sistema a uma condio sustentvel ou potencialmentesustentvel;

    MASCHIO et al (1992) Processo em que se busca a reversibilidade do desgaste parcial ou totalde ecossistemas;

    ABNT (1993) Procedimentos de minimizao dos impactos ambientais de acordo

    com plano prvio;AUSTRLIA (1995) Processo de reparao dos impactos ambientais, com reconstruo de

    uma superfcie estvel do solo e revegetao ou instalao de outro usodo solo;

    SNCHEZ (1995) Aplicao de tcnicas de manejo, tornando uma rea apta a um uso dosolo produtivo e sustentvel, em equilbrio dinmico (fsico, qumico ebiolgico) com a circunvizinhana;

    ALMEIDA, BRUNA(1996)

    Estabelecimento de um uso do solo compatvel com o ambientecircunvizinho e com as diretrizes de planejamento;

    Fonte: Bittar (1997)

    Neste quadro observa-se uma passagem do objetivo amplamente difundido de

    procurar restabelecer as condies originais do stio degradado, para a busca de

    situao em que a estabilidade do ambiente e a sua sustentabilidade garantida a

    crescente abordagem de recuperao como um processo que deve ser realizado

    mediante um plano previamente elaborado e com objetivos estabelecido e

    explicitado. (Bitar, 1997). Com a mudana do conceito de recuperao pode-se

    planejar previamente a recuperao de uma mina, inclusive a sua desativao. Para

    isto, basta que antes do incio da mina se planeje a desativao, que ser executadaatravs de sucessivas recuperaes durante a sua vida til. Obviamente este plano

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    sofrer ajustes durante este perodo, mas sem perder de vista os objetivos

    estabelecidos anteriormente, visando tornar a rea degradada apta a um outro uso

    futuro produtivo e sustentvel.

    Passivo Ambiental

    O termo passivo ambiental empregado freqentemente no sentido monetrio

    para conotar o acmulo de danos infligidos ao meio ambiente natural por uma

    determinada atividade ou pelo conjunto de aes humanas. Neste sentido, duas

    definies chamam ateno: a primeira da ONU (apud Ribeiro, 2000) em que o

    passivo ambiental configurado quando, houver uma obrigao da entidade de

    prevenir, reduzir ou retificar um dano ambiental, quando esta no puder evitar tal

    obrigao, seja esta obrigao, legal, ou contratual, poltica, prtica do ramo de

    atividade, ou por divulgao por parte da administrao e quando o valor da

    exigibilidade puder ser estimado; a segunda, Ribeiro, (2000), onde os passivos

    ambientais so constitudos pelas expectativas de sacrifcios de benefcios futuros,

    impostos pela legislao e regulamentaes ambientais (taxas, contribuies e

    multas) em decorrncia de ressarcimento a terceiros por danos provocados,estimativos de gastos para a recuperao de reas degradadas por iniciativa prpria,

    ou seja, exigido por lei ou terceiros.

    Em ambas definies, o passivo ambiental exige um valor a ser gasto, sob

    exigncias variveis, contudo nem sempre estes gastos podem ser quantificados.

    Neste trabalho, o conceito de passivo ambiental utilizado o acmulo de

    danos ambientais que devem ser reparados afim de que seja mantida a qualidade

    ambiental de uma rea degradada (pela minerao) (Snchez, 2001), acrescido da

    quantificao dos gastos dispendidos pelas empresas na recuperao de reas

    degradadas quando da desativao de uma mina e que podem ser acrescidos nos

    custos de produo dos bens minerais. Obviamente, quando estes danos puderem ser

    quantificados.

    2.2 Objetivos da recuperao de reas degradadas

    Na literatura, as agncias governamentais costumam definir alguns objetivospara a recuperao de reas degradadas pela minerao, dentre elas a Environmental

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    Protection Agency (EPA) da Austrlia (1995) expe que os objetivos da recuperao

    variam de uma simples converso da rea para uma condio segura e estvel a

    restaurar a rea a sua condio anterior minerao, to intimamente quanto

    possvel, mantendo as reas de valor ambiental intacta.

    Alm disso, a AUSTRALIA (op. Cit.) categoriza os objetivos da seguinte

    maneira:

    Restaurao da rea to semelhante quanto possvel aos originais;

    Recuperao da rea para o uso anterior ao da minerao com o retorno da

    vegetao nativa, ou restaurar o para uso agrcola ou florestal;

    Desenvolver a rea para um uso significativamente diferente do anterior

    minerao. Ex. lagos, reas recreacionais, desenvolvimento urbano, etc.;

    Converso de reas de baixo valor de conservao e produtividade para

    uma condio segura e estvel.

    O CANAD, (1995), indica como objetivos da recuperao de stios de mina,

    em ordem de prioridades:

    Proteger a sade e a segurana da comunidade;

    Minimizar ou eliminar o passivo ambiental, e; Permitir, no local, um uso produtivo similar ao original ou uma alternativa

    aceitvel.

    O CANAD (op. Cit.), acrescenta ainda que, para satisfazer as condies

    anteriores necessrio que o local esteja em adequadas condies de estabilidade fsica

    (todas as estruturas da mina) e qumica (gua superficiais e subterrneas) protegidas

    contra os impactos ambientais adversos resultantes da lavra e beneficiamento, e, por

    ltimo, um uso futuro da rea aceitvel, aps a desativao da mina.

    Inegavelmente, os objetivos do governo canadense so muito gerais e

    correspondem exatamente, ao que todos ns queremos chegar, s que para isto,

    necessrio que se minimizem os impactos causados pela minerao, desde o incio

    das suas atividades e durante a sua vida til para que se proteja e preserve o stio da

    minerao, mantendo a sua estabilidade fsica e qumica. Um avano nesta proposta

    a preocupao com a desativao da mina. nesta etapa que se pode escolher qual

    o tipo de recuperao que devemos adotar com base nas diversas categoriasrelacionadas pela EPA australiana.

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    claro que estes objetivos sero executados com a participao da empresa, da

    comunidade envolvida e do rgo ambiental responsvel. Sem a participao destes

    interessados no ser possvel alcanar os objetivos de recuperao desejados.

    2.3 Princpios de recuperao de reas degradadas

    A minerao, independente do tipo ou caracterstica do depsito mineral, pode

    causar distrbios na paisagem. A lavra subterrnea torna a rea pouco impactada

    superficialmente, ao contrrio da lavra a cu aberto que, pela maior movimentao

    de materiais, impacta de maneira acentuada a superfcie com significativas mudanas

    na topografia e estabilidade da paisagem, alm da remoo e disposio de rocha

    estril com as aberturas de cavas.

    Diante destes distrbios causados pela minerao, a AUATRLIA (1995),

    selecionou alguns princpios bsicos que podem ser seguidos.So eles:

    1. Preparar a recuperao por meio de planos no incio da minerao;

    necessrio um plano prvio e dinmico o suficiente, para ser aperfeioado

    ou modificado durante a vida da mina;

    2. Sempre que possvel, minimizar as reas que devem ser desmatadas, quanto

    menos reas desmatadas menor a quantidade de reas a serem recuperadas;

    3. Caracterizar e estocar o solo frtil para uso futuro, evitando assim o

    decapeamento de outros locais para a coleta destes solos;

    4. Recuperar progressivamente a rea medida que a lavra avana, diminuir a

    quantidade de reas a serem recuperadas da mina e os seus custos de

    recuperao, quando da desativao da mina;

    5. Reconformar as reas lavradas, tornando-as estveis, drenadas e adequadaspara o uso futuro do solo;

    6. Minimizar, sempre que possvel, os impactos visuais causados pela

    minerao, isto pode ocorrer atravs da recuperao simultnea lavra e

    instalao de cortinas arbreas no entorno da mina;

    7. Aps a lavra, reinstalar drenagens naturais existentes anteriormente, sempre

    que possvel;

    8. Minimizar a eroso elica e hdrica aps o fechamento da mina, por meiode revegetao e instalao de drenagens naturais;

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    9. Remover e controlar os materiais txicos e residuais, controlando o

    transporte, utilizao e despejo de resduos txicos;

    10. Preparar o solo aps a lavra para permitir infiltrao de ar, gua e o

    crescimento da raiz, necessidade de descompactao do solo lavrado para

    permitir a instalao da vegetao;

    11. Enriquecer o solo pobre em nutrientes com o uso de corretivos e adubos

    qumicos ou orgnicos;

    12. Revegetar da rea minerada com espcies consistentes com o uso do solo

    aps o fechamento da mina;

    13. Prevenir o avano de ervas daninhas e pragas nas reas recuperadas, evita

    trabalho de replantio e perda de espcies;

    14. Monitorar e gerenciar as reas recuperadas at a vegetao tornar-se auto-

    sustentvel e a completa integrao da rea reabilitada s reas

    circunvizinhas.

    2.4 Objetos da recuperao de reas degradadas

    De um modo geral, as reas degradadas pela minerao so os objetos dos

    trabalhos de recuperao, isto , so todas as reas que sofreram modificaes desde

    o incio da minerao e ao longo da sua vida til.

    Em um empreendimento, mineiro Bitar (1995) sistematizou as principais

    atividades e dividiu-as em trs grandes reas: reas lavradas, reas de disposio de

    estril e rejeitos, e reas de infra-estrutura. Neste trabalho, a rea de infra-estruturacitada por Bitar (op. Cit) foi restrita quelas que fornecem suporte para as atividades da

    mina e para os seus limites e acrescentada uma nova rea chamada de obras civis e

    equipamentos correspondendo a todas as construes, usinas de beneficiamento,

    estruturas associadas e equipamentos. As definies destas reas so descritas abaixo:

    reas lavradas correspondem s reas onde ocorreram a pesquisa e

    extrao do bem mineral: trincheiras, poos, galerias subterrneas,

    superfcies decapeadas, cavas (secas ou inundadas), frentes de lavra(bancadas, taludes), etc.

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    reas de disposio de estril e rejeitos so aquelas onde esto dispostos

    todos os materiais no aproveitados durante a sua vida til, incluem: pilhas

    de estril, bacias ou barragens de rejeitos, solos superficiais, materiaisestreis, rejeitos de beneficiamento, circulao de guas das minas,

    componentes qumicos utilizados, etc.

    reas de infra-estrutura aqui referidas como vias de acesso (rodovias,

    ferrovias, aeroportos, etc.), linhas de transmisso, torres de comunicao,

    tubulao de suprimentos de gua, etc.

    Obras civis e equipamentos incluem os escritrios, almoxarifados,

    refeitrios, laboratrios de ensaios, usina geradora de energia, fabricao e

    armazenagem de explosivos, armazns de minrios, gruas, guinchos,

    equipamentos de poos, transportadores e equipamentos mveis, etc.

    2.5 Medidas de recuperao para reas degradadas

    Bitar (1995) explica que as medidas de recuperao visam a correo de

    impactos ambientais negativos verificados em uma determinada mina, exigindo

    solues especiais, adaptadas s condies j estabelecidas e comumente utilizadasem minerao, so baseadas em observao de campo e geralmente envolvem

    aspectos do meio fsico. Estas medidas esto explicitadas a seguir:

    Medidas aplicadas para reas lavradas

    Algumas das medidas usualmente empregadas so: retaludamento, revegetao

    (com espcies arbreas nas bermas e herbceas nos taludes) e instalao de sistemas

    de drenagem (com canaletas de p de talude, alm de murundus na crista do talude)

    em frentes de lavra desativadas; retirada, estocagem e reutilizao da camada de solo

    superficial orgnico (horizonte pedolgico O ou A), com cobertura de superfcies

    lavradas ou de depsitos de estreis ou rejeitos; retirada; estocagem e utilizao da

    camada de solo de alterao (horizonte pedolgico B) na construo de diques,

    aterros, murundus ou leiras de isolamento e barragens de terra; remodelamento de

    superfcies topogrficas e paisagens; conteno ou reteno de blocos rochosos

    instveis; redimensionamento de cargas de detonao em rocha, entre outras.

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    Medidas aplicadas a reas de disposio de resduos slidos

    Algumas das medidas empregadas usualmente so: revegetao dos taludes debarragens (neste caso, somente com herbceas) e depsitos de estreis ou rejeitos;

    redimensionamento e reforo de barragens de rejeito (com a compactao e sistemas

    de drenagem no topo); instalao, jusante do sistema de drenagem da rea, de

    caixas de sedimentao ou novas bacias de decantao de rejeitos;

    redimensionamento ou construo de extravazores ou vertedouros em barragens de

    rejeito; tratamento de efluentes (por exemplo, lquidos ou slidos em suspenso) das

    bacias de decantao de rejeitos; tratamentos de guas lixiviadas em pilhas de

    rejeitos ou estreis; tratamento de guas subterrneas contaminadas, entre outras.

    Medidas aplicadas a reas de infra-estrutura

    Algumas das medidas empregadas so: captao e desvio das guas pluviais;

    captao e reuso das guas utilizadas no processo produtivo, com sistemas adicionais

    de proteo dos cursos dgua naturais atravs de canaletas, valetas, murundus ou

    leiras de isolamento; coleta (filtros, caixa de brita, etc.) e tratamento de resduos(esgotos, leos, graxas, etc.); dragagem de sedimentos em depsitos de

    assoreamento, implantao de barreiras vegetais; execuo de reparos em reas

    circunvizinhas afetadas pelas atividades de minerao, entre outras.

    Medidas aplicadas a obras civis e equipamentos

    Descontaminar, se necessrio, remover todos os equipamentos e construes,

    encher as escavaes, remover tanques subterrneos e, a cu aberto, restaurar as

    drenagens naturais, quebra ou soterramento do concreto reconformao da topografia

    e revegetao.

    2.6 Planejamento ambiental da recuperao de reas degradadas

    A recuperao de reas mineradas deve, sempre que possvel, ser executada

    atravs de um plano estabelecido antes da implantao da mina, e, medida que asoperaes mineiras estejam sendo desenvolvidas, programas de controle e

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    preservao ambiental devem ser implementados. Findadas as operaes mineiras,

    iniciam-se os trabalhos de recuperao ambiental destas.

    Obviamente, ajustes no plano inicialmente estabelecido devero ser realizadosao longo da vida til da mina at a sua completa desativao quando ento medidas

    mais concretas sero aplicadas.

    Os tipos de recuperao comumente utilizados so:

    Recuperao de reas mineradas aps a desativao completa das

    atividades mineira, mesmo planejada, s deve ser executada em operaes

    que durante a vida til da mina, no puderem ser executadas. Ex. cavas de

    grande porte, bacias ou barragens de rejeitos, construes, etc.

    Recuperao simultnea lavra ocorre geralmente aps a desativao de

    frentes de lavra e desenvolve-se paralelamente s atividades mineiras.

    Utilizada freqentemente para cavas de pequeno porte e pilhas de estril.

    Estes trabalhos, quando realizados de acordo com o citado anteriormente, tm

    um custo de controle, preservao e recuperao ambiental, inicialmente mais

    elevado, no perodo em que a empresa est capitalizada, tendendo a diminuir aps a

    completa desativao da mina, perodo em que a mina est descapitalizada, alm dereduzir ou eliminar o passivo ambiental deixado pela atividade mineira.

    Dentre os trabalhos de recuperao planejada, Bitar (1995) cita ainda mais dois

    tipos de recuperao:

    Recuperao provisria implementada em reas sem um uso final

    definido, ou, ainda, quando a desativao prevista estiver para se executada

    em longo prazo. Recupera-se a rea para o perodo que esteja sem

    ocupao.

    Recuperao definitiva quando o uso final do solo estiver definido,

    devendo ocorrer simultaneamente lavra e voltada a estabilizao da rea e

    em conformidade com a utilizao prevista no Plano de Recuperao de

    reas Degradadas (PRADS).

    2.7 Tcnicas de recuperao ambiental para reas degradadas

    As tcnicas mais usadas para assegurar um uso seqencial produtivo sonumerosas, contudo, todas compreendem as seguintes etapas:

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    Eroso e drenagens superficiais

    Eroso o processo de desagregao e remoo de partculas do solo ou defragmentos de partculas de rocha, pela ao combinada da gravidade com gua,

    vento, gelo e/ou organismos (plantas e animais) Salomo e Iwasa (1986) apud

    Salomo e Iwasa (1995). Em geral, distinguem-se duas formas de abordagem para os

    processos erosivos: eroso natural ou geolgica, que se desenvolve em

    condies de equilbrio com a formao do solo, e eroso acelerada ou

    antrpica, cuja intensidade, sendo superior formao do solo, no permite sua

    recuperao natural Salomo e Iwasa (op. Cit.). Este ltimo tipo de eroso ser

    tratado neste captulo, com relao s atividades mineiras.

    O entendimento destes processos erosivos permite destacar dois importantes

    eventos iniciais envolvendo, por um lado, o impacto das gotas de chuva na superfcie

    do solo, promovendo a desagregao e liberao das suas partculas; e por outro, os

    escoamentos superficiais das guas, permitindo o transporte das partculas liberadas.

    Dependendo da forma como se d o escoamento superficial ao longo da vertente,

    pode-se desenvolver dois tipos de eroso: eroso laminar ou em lenol, quando

    causada pelo escoamento difuso das guas de chuva, resultando na remooprogressiva e relativamente uniforme dos horizontes superficiais do solo; e eroso

    linear, quando causada pela concentrao das linhas de fluxo das guas de

    escoamento superficial, resultando em pequenas incises na superfcie do terreno, em

    formas de sulco que podem evoluir por aprofundamento a ravinas Salomo e Iwasa

    (op. Cit.).

    Caso a eroso se desenvolva por influncia no somente das guas superficiais,

    mas tambm dos fluxos dgua sub-superficiais, em que se inclui o lenol fretico,

    configura-se o processo mais conhecido por booroca ou vooroca, com

    desenvolvimento de piping (eroso interna ou tubular) Salomo e Iwasa (op. Cit.).

    Causas da eroso em trabalhos mineiros

    As principais aes desenvolvidas pela minerao que provocam eroses

    superficiais no terreno so:

    Manejo do solo, que a retirada da vegetao e da camada frtil do solo,visando a abertura de minas, quer sejam subterrnea ou a cu aberto;

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    Aberturas de trincheiras, poos e posteriormente grandes cavas (buracos)

    no subsolo para a retirada do bem mineral; desta forma, mudam-se as

    drenagens existentes antes destes trabalhos; Disposio de resduos slidos ou em forma de polpa nas encostas,

    plancies e vales;

    Controle da eroso

    O controle da eroso importante durante a lavra e no programa de

    recuperao. O maior objetivo da reabilitao do solo de estabelecer uma cobertura

    vegetal adequada para estabilizar o local e prevenir a eroso. Antes da cobertura

    vegetal, se faz necessrio o controle da eroso na rea minerada. As partculas do

    solo podem ser transportadas de trs maneiras: pelo vento, pela gua por

    deslizamento ou pela penetrao no subsolo.

    Os solos susceptveis a eroso pelo vento so aqueles que contm 60% de

    gros de areia desagregados e gros individuais de dimenses que alcanam 0.1 a

    0.5mm. AUSTRALIA (1995).

    O controle da eroso elica pode ser feito por: a) proteo da superfcie do solo com vegetao natural (palhas) ou

    saturao do material que compe o solo;

    b) manuteno do solo resistente eroso por meio de uma mistura de solo

    com uma crosta compactada ou torres;

    c) reduo da velocidade dos ventos nas reas degradadas por meio de

    quebra-ventos.

    A eroso pela gua envolve dois estgios: no primeiro os grandes agregados de

    solos so quebrados em finas partculas, e no segundo, estas finas partculas so

    carreadas para abaixo do talude. Esta perda de solo atravs da gua funo da

    erosividade ou intensidade de chuvas, da erodibilidade do solo, do comprimento e

    gradiente dos taludes, da quantidade de cobertura vegetal e das medidas de controle

    da eroso tomadas. A erodibilidade do solo depende da textura, estrutura e do grau

    pelo qual as partculas se desagregam em contato com a gua.

    Medidas de proteo eroso so de fundamental importncia, dentre elasdestaca-se a drenagem externa da rea minerada, por meio de canais, drenos e

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    barragens. As barragens de sedimentos so os meios mais comuns de controlar o

    carreamento de sedimento causado pelo escoamento superficial das guas.

    Em reas mineradas, os controles da eroso pelas guas so realizados por: a) diminuio do fluxo de gua na superfcie do solo;

    b) reduo do impacto das chuvas no subsolo;

    c) manuteno das condies de agregao do solo resistente eroso.

    Uma outra maneira de reduzir a eroso atravs do aumento da infiltrao no

    terreno, canalizando estas guas para um local previamente determinado. Uma das

    maneiras de aumentar esta infiltrao a escarificao do terreno uma vez que esta

    alivia o solo da compactao e o deixa acessvel para as razes das plantas,

    aglutinando o subsolo ao solo frtil.

    Manejo do solo

    A conservao do solo a chave para o sucesso das atividades de recuperao.

    O solo deve ser tratado como um recurso escasso e hoje em dia no mais

    admissvel que o mesmo seja manejado como os demais estreis de minerao esimplesmente lanado num bota-fora Snchez (2000).

    A camada superficial do solo (os horizontes O, A e B superficial) deve ser

    removida separadamente e estocada para posterior utilizao. Melhor ainda, se

    possvel, o solo removido de um local da mina deve ser imediatamente aproveitado

    em outro, minimizando o tempo de exposio do intemperismo. Caso contrrio, o

    solo pode ser armazenado por perodos de at dois a trs anos, desde que estocado

    adequadamente Snchez (2000).

    A rea a ser desmatada deve ser sempre a mnima necessria operao segura

    da mina. Quando possvel, deve ser encontrado um uso para a vegetao que foi

    retirada, quer seja para lenha, mveis e utenslios em geral. Esta tambm pode ser

    usada durante a revegetao como fontes de sementes, proteo do solo contra a

    eroso ou como hbitat natural para a fauna da regio.

    O solo frtil freqentemente o mais importante fator no sucesso da

    reabilitao ambiental, particularmente onde o objetivo restaurar o ecossistema

    nativo. Em muitas situaes, os solos frteis das reas decapeadas devem serarmazenados para a subsequente reutilizao. O solo frtil contm a maioria das

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    sementes e propgulos de plantas, microrganismos do solo, matrias orgnicas e

    nutrientes de plantas.

    O solo retirado deve ser depositado ao longo da rea de entorno doempreendimento, quando possvel. Isto ajudar a controlar a eroso, reduzir o fluxo

    de gua nos taludes e aumentar o armazenamento de gua. Se possvel, o solo frtil

    deve ser colocado imediatamente rea de origem para a completa reconstituio

    topogrfica do terreno (retorno direto).

    O retorno direto tem diversas vantagens se comparado a estocagem em pilhas

    para posterior utilizao. Primeiro, evita duplo manuseio; segundo, evita a criao de

    pilhas, o que significa que terra extra deve ser desmatada para a colocao destas

    pilhas; terceiro, mais importante, estas pilhas reduzem a qualidade do solo.

    Pilhas de armazenamento de solo tornam-se anaerbicas, deterioram as

    estruturas dos solos, matrias orgnicas e nutrientes so perdidos, sementes

    deterioram-se e os microrganismos so reduzidos significativamente.

    Se no houver outra opo e o solo frtil tiver que ser estocado em pilhas,

    como freqente na minerao devido ao longo perodo de lavra em determinadas

    reas, isto deve ser feito por um curto espao de tempo, devendo seguir algumas

    regras AUSTRALIA (1995): A pilha de estocagem deve ser to baixa quanto possvel com uma grande

    superfcie de rea e altura menor ou igual a 2,0m;

    Estas pilhas devem ser revegetadas para evitar eroso, ervas daninhas e

    manter ativos os micronutrientes do solo;

    A sua localizao deve ser onde no haja operaes mineiras e evitar

    manuseio excessivo o que causar efeitos adversos na estrutura do solo.

    Se o solo frtil retirado invivel, o custo de transporte proibitivo ou o solo

    contm grandes quantidades de ervas daninhas ou plantas patognicas,

    inconvenientes reabilitao, ento o subsolo, o decapeamento, a rocha estril ou

    material similar deve ser usado como substrato para a revegetao.

    Reconformao da rea degradada

    A definio de remodelagem de um terreno dada pelo IBAMA (1990) escultura feita em grande escala coberta com uma variedade de vegetao, com gua

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    ou rochas, de tal forma que sua composio esttica seja harmoniosa e agradvel

    para a percepo humana. Essa recomposio nada mais do que um preparo do

    relevo para receber a vegetao, dando-lhe uma forma estvel e adequada para o usofuturo do solo. Para que o relevo final seja adequado necessrio atender a alguns

    objetivos IBAMA (op. Cit.):

    Estabilidade do solo e dos taludes;

    Controle da eroso;

    Aspectos paisagsticos e estticos;

    Uso futuro do solo definido anteriormente;

    Alguma similitude com o relevo anterior.

    Estes so alguns objetivos que podem ser seguidos, mas depende de cada caso.

    Algumas vezes difcil manter a similitude com o relevo anterior, devido ao porte da

    degradao a rea remodelada guarda pouco ou nenhuma semelhana com a

    paisagem anterior, como uma mina a cu aberto de grande dimenso, como a Mina

    da minerao Caraba no norte do Estado da Bahia que tem 1,5 km de extenso por

    0,7 km de largura e uma profundidade de cerca de 200m.

    O terreno a ser revegetado dever ter uma forma pr-determinada adequada aosobjetivos da recuperao e aos usos futuros previstos. Da a importncia da

    declividade do terreno em reas conformadas. A Figura 2-1 do Ibama ilustra que

    cada inclinao corresponde a um tipo de uso final recomendado para o solo. Para

    terrenos mais inclinados, 70% (350), a recuperao mais adequada ser o

    reflorestamento, para terrenos com inclinao de 25% (150), pastagens e com 10%

    (50), culturas.

    Quando se trata de remodelagem para manuteno da vida selvagem

    recomenda-se, durante a obra de terraplanagem, a construo de diversos murundus

    (at 1 a 2 m de altura) e depresses pequenas, suaves e rasas, para acmulo de guas

    pluviais. Esses elementos contribuiro para a atrao de animais IBAMA (1990).

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    Figura 2-1 Inclinao recomendada para diversos usos finais do solo. Segundo Williamson et al

    (1982) apud IBAMA (1990).

    Na maioria das minas, as reas a serem revegetadas se apresentam em bermas e

    taludes, resultantes da remoo de material ou de sua disposio em pilhas. Embora

    este seja o perfil tpico de muitas minas e os aspectos geomtricos do relevo

    resultante sejam geralmente vistos como forma final do terreno, isto no precisa ser

    necessariamente aceito em todos os casos. H situaes em que desejvel dar nova

    forma superfcie. Por exemplo, para reduzir o impacto visual da rea a ser

    recuperada, pode-se tentar reproduzir formas de relevo dominante no entorno:

    situao como esta se apresenta nas minas de calcrio, onde comum a presena de

    extensos afloramentos naturais de rocha na forma de paredes; ao invs de deixar

    bancada de face lisa, vivel criar reentrncias e sulcos, onde a menor insolao e

    umidade favorecero o estabelecimento de comunidades vegetais adaptadas a esseambiente; possvel tambm depositar pequenas espessuras de solo nesses locais e

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    mesmo plantar espcies nativas, acelerando, desta forma, o processo de

    restabelecimento da vegetao Snchez (2000).

    A presena de gua pode ser um fator limitante recuperao da readegradada, mas tambm pode ser usada criativamente para o estabelecimento de um

    novo ambiente adequado ao novo uso que se pretenda dar rea. A figura 2-2 mostra

    quatro diferentes solues para um mesmo local hipottico de onde foi extrada areia

    pelo mtodo de dragagem. Em cada caso, o objetivo foi de maximizar um tipo de uso

    futuro para cada finalidade agrcolas, recreativas, residenciais ou conservao

    ambiental possvel dar forma mais adequada Snchez (2000).

    Figura 2-2 Diferentes alternativas de reafeioamentos topogrficos de uma rea de extrao de

    areia. (Snchez, 2000).

    O aspecto esttico est essencialmente ligado ao impacto visual da futura rea

    recuperada. Taludes de minerao tm formas geomtricas que contrastam com as

    formas geralmente curvas do terreno natural. Se a rea tiver grande visibilidade podeser interessante dar ao terreno uma forma concordante com o entorno, abatendo os

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    ngulos de talude ou criando uma frente de talude sinuosa, talvez com a utilizao de

    tcnicas de desmonte escultural se tratar de taludes em rocha. A forma ideal um

    critrio a ser levado em conta quando da elaborao do projeto, e vale para bancadasde mina, taludes de pilha de estril, cortes de estradas e todas as demais intervenes

    no terreno Snchez (2000).

    O terreno a ser revegetado dever ter uma forma pr-determinada, adequada

    aos objetivos da recuperao e aos usos futuros previstos. A remodelagem e o

    nivelamento do local um aspecto essencial da reabilitao e a necessidade de se

    reafeioar pilhas de estril, por exemplo, pode ser minimizada pelo bom

    planejamento e gerenciamento do empreendimento mineiro. A forma final deve ser

    hidrologicamente compatvel com as reas vizinhas. Os taludes devem ser estveis e,

    se possvel, o mesmo gradiente dos taludes naturais.

    Alguns fatores devem ser considerados na forma futura do terreno, tais como:

    Estabilidade, inclinao mxima e o comprimento dos taludes para que

    sejam estveis, dependem de algumas variveis como: caractersticas da

    pilha de estril, solo frtil e intensidade de chuvas na regio. Para se avaliar

    os diferentes potenciais de eroso de diferentes materiais necessrio umainvestigao geotcnica. Em taludes altos, necessria a construo de

    pequenos degraus, com as inclinaes do piso de at 5% na direo do

    talude e ngulo de inclinao dos taludes em torno de 260.

    As drenagens das reas vizinhas serviro de guia. Um aumento nas redes de

    drenagens ser requerido se os gradientes dos taludes forem aumentados e

    mudarem a natureza dos materiais envolvidos.

    A remodelagem final de uma rea degradada depende do tipo de interveno

    que nela ocorreu. No caso especfico da minerao, so objetos de remodelagem as

    reas que estiverem sujeitas lavra a cu aberto, reas de disposio de resduos

    slidos ou lquidos (pilhas de estril e bacias de rejeitos) e reas de infra-estrutura

    (equipamentos e obras civis).

    No Quadro 2-2 a seguir, podemos englobar as atividades de minerao e as

    medidas a serem adotadas para a preparao e para a recuperao.

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    Quadro 2-2 Atividades mineiras e medidas adotadas para

    a reconformao do terreno.

    Atividades Mineiras Medidas Adotadas de Reconformao do Terreno

    Trincheiras, cavas

    secas ou inundadas.

    Enchimento da cava com estril ou rejeito de mina;

    Manuteno da cava com a regularizao das bancadas

    com ou sem enchimento de gua.

    Pilhas de Estril ou

    minrios lixiviados

    extintos

    Retomada das pilhas para enchimento de cavas;

    Restabelecimento das redes de drenagens naturais;

    Instalao de sistemas de drenagem e captao de guas

    superficiais.

    Bacias de rejeitos Terraplanagem da bacia de rejeito para uso apropriado.

    Barragens de Rejeitos Manuteno da barragem para acmulo de guas

    pluviais;

    Instalao de sistemas de drenagens nos taludes das

    barragens.

    Instalaes de bene-

    ficiamento

    Desmontar e remover todos os equipamentos e cons-

    trues;

    Remover materiais enterrados;

    Enchimento das escavaes;

    Remoo de tanques subterrneos.

    Instalaes de apoio

    (escritrios, refeit-

    rios, alojamentos, etc.)

    Conservao dos edifcios para novos usos;

    Demolio das construes e terraplanagem do terreno

    visando novos usos da rea.

    Infra-estrutura (estra-

    das, acessos, casa de

    fora, etc.)

    Manuteno das estradas locais; para uso da

    comunidade;

    Bloqueio de estradas sem uso; Conservao das instalaes de energia.

    Revegetao

    Quando se pretende restaurar a vegetao nativa, se produz uma vegetao

    idntica original. O esforo inicial de revegetao deve visar a construo de um

    sistema de desenvolvimento auto-sustentvel, utilizando o processo de sucessonatural.

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    Os fatores que influenciam na vegetao, segundo o ITGE (1989) e

    Vasconcelos (2000) so os climticos, edficos e topogrficos.

    Os climticos atuam na cobertura vegetal e so tomados pela radiao solar,precipitaes, temperatura e ventos.

    Os edficos, que resumem a influncia do solo sobre a vegetao, so: a

    textura, e estrutura, o contedo e disponibilidade de nutrientes para as plantas e sua

    reatividade (relacionada com o pH) e sua profundidade.

    Os fatores topogrficos atuantes so: altitude, declividade ou inclinao de

    encostas naturais ou taludes, a exposio solar (devido ao ngulo de incidncia da luz

    solar), a orientao (em relao ao norte geogrfico) e as formas do relevo. Todos

    estes fatores atuam de forma integrada e podem causar alteraes microclimticas,

    devido a sua maior ou menor exposio ao sol e tambm maior ou menor capacidade

    de reteno de gua e nutrientes no solo, alm da influncia da profundidade.

    A atividade mineira causa modificaes nos fatores fiscos e qumicos do solo

    durante e aps a desativao de uma mina. Estas alteraes so:

    Temperatura influenciada pela incidncia de raios solares (dependendo do

    ngulo de incidncia em relao ao norte magntico) e pela quantidade de radiao

    solar. As alteraes destes fatores ocorrem pela modificao na forma e inclinaodos taludes construdos nas cavas, pilhas de estril e bacias ou barragens de rejeitos

    na mina.

    Umidade a quantidade de gua disponvel no solo, de origem pluvial. O seu

    escoamento superficial alterado pela mudana na inclinao dos taludes, que

    podem facilitar mais o escoamento que a percolao. A compactao nos pisos das

    cavas, nas bermas e no topo das bacias de decantao tambm alteram a capacidade

    de umidade do solo. Outro fator que altera a capacidade de reteno de gua a

    granulometria do material compactado.

    Aerao do solo envolve a presena de oxignio e gs carbnico no solo,

    impedindo o crescimento de razes, a existncia de microorganismos, as reaes

    qumicas e a absoro de elementos nutritivos. alterado pela compactao dos

    solos.

    Presena e disponibilidade de nutrientes os nutrientes so fundamentais para

    a germinao e desenvolvimento dos vegetais e os macronutrientes, tais como:

    fsforo, clcio, nitrognio, enxofre, potssio, etc.so alterados devido ao suprimentode vegetao preexistente.

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    Acidez e alcalinidade O pH um fator muito importante para a implantao

    da vegetao, porque condiciona a estrutura do solo. Quando o solo est com o pH

    baixo (cido), torna-se txico devido ao dficit de fsforo e diminuio da atividadebacteriana. Quando o pH do solo for alto (bsico), significa perda de nitrognio e

    queda de micronutrientes.

    Toxicidade o solo torna-se txico quando est associado minerao de

    minerais metlicos, onde se dispem resduos contendo metais pesados como: cobre,

    chumbo, zinco, nquel, etc.

    Para que a revegetao, em uma rea degradada pela minerao, tenha sucesso

    necessrio informaes sobre o melhor momento de se plantar, selecionar as

    espcies e o uso adequado da rea.

    O melhor perodo de se restabelecer a vegetao determinada pela

    distribuio sazonal e pela precipitao pluviomtrica. Todos os trabalhos de

    preparao da revegetao devem ser completados antes do tempo, quando as

    sementes experimentam as melhores condies de germinao e sobrevivncia, isto

    , chuvas confiveis e temperaturas convenientes.

    A seleo de espcies depender do uso futuro da rea, das condies do solo e

    do clima. Se a finalidade restaurar a vegetao nativa e a fauna, ento as espciesdevem ser pr-determinadas. Se, aps a minerao, as reas tm condies diferentes

    da anterior e deseja-se preencher a rea com vegetao nativa original, ento,

    algumas espcies de fora da rea minerada tm que ser introduzidas. Espcies com

    crescimento similar vegetao original, que florescem em reas de solo compatvel

    com a posio da drenagem, aspecto e clima da rea reabilitada, so mais

    apropriadas. Cuidados devem ser tomados na introduo destas espcies que podem

    invadir reas de vegetao nativa circunvizinhas ou tornar-se uma erva daninha para

    a indstria agrcola.

    Quando o uso futuro da rea agrcola, ento as espcies selecionadas devem

    ser aquelas comumente usadas para pastagens ou cultura com climas comparveis e

    solos com textura similar, posio de drenagem, pH e fertilidade. Tudo isto de

    acordo com o superficirio do solo.

    A EPA da Austrlia faz uma comparao entre as vantagens de coletar semente

    ou compr-las no mercado informal, visando o sucesso da revegetao.

    Consideraes importantes para a coleta de sementes:

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    Evitar coletar sementes de espcies raras, de limitada produo ou

    difcil coleta;

    Identificar a rea antes das sementes estarem maduras;

    Coletar sementes maduras;

    Evitar sementes ou frutos que tenham sido atacados por insetos ou

    mostrarem sinais de infeco por fungos.

    Consideraes importantes para a compra de sementes:

    Comprar sementes de mercados confiveis evita problemas com

    identificao de espcies e contaminao com ervas daninhas;

    As sementes devem ser de reas conhecidas;

    Devem ser conhecidas as datas de coleta e as condies de estocagem;

    O fornecedor deve fornecer a taxa de germinao das sementes;

    Se forem para fins agrcolas, devem ter certificado de rgo

    governamental.

    As sementes devem ser limpas antes da estocagem para remover os restos de

    terra e palhas o mximo possvel e podem ser extradas de cpsulas ou outros frutos

    por diversos meios. As tcnicas de processo e estocagem incluem secagem de

    cpsulas no solo ou em estufa.

    As sementes limpas devem ser armazenadas em locais secos, pobres em insetos

    e vermes, os vasilhames rotulados com detalhes das espcies, data e localizao da

    coleta. Se for o caso, as sementes devem ser tratadas com inseticidas ou fungicidas

    antes do armazenamento para prevenir ataque de insetos e fungos. freqente aperda da taxa de germinao no tempo. Estas sementes devem ser armazenadas a

    baixa umidade (menor que 10% de umidade relativa) e baixa temperatura.

    A preparao de viveiros adequados um fator importante no sucesso das

    mudas. O objetivo destes a criao de condies ideais para a germinao das

    sementes. importante, nos viveiros, o tipo de solo e facilidades de obter gua sem

    permitir o crescimento de ervas daninhas. No processo de reabilitao e recuperao

    atravs de revegetao, tem importncia o controle de entrada e alastramento de

    ervas daninhas.

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    Para ajudar na restaurao do ecossistema natural parte fundamental da

    recuperao ambiental encorajar o retorno da fauna nativa nas reas desmatadas pela

    minerao. Alguns invertebrados podem ser introduzidos no solo cultivvel fresco ecolocados na rea. Muitas espcies necessitaram de recolonizao vindas de reas

    vizinhas. A taxa de colonizao da fauna influenciada pelo alcance de fatores que

    incluem o tamanho da rea reabilitada, a populao da fauna circunvizinha e o

    sucesso do programa de revegetao. Muitos grupos faunsticos sero colonizados

    mais rapidamente se a rea contiver recursos, tais como: alimentao, abrigo e locais

    de criao. Em muitos casos, a estratgia de retorno da fauna o restabelecimento da

    vegetao nativa.

    Algumas dificuldades no restabelecimento da fauna ocorrem quando os nveis

    de populao so baixos nas reas circunvizinhas ou as espcies esto extintas

    localmente. Tambm pode ter retorno lento de fauna, quando as espcies requerem

    recursos que no esto disponveis na nova reabilitao.

    As reas reabilitadas necessitam de ser monitoradas e gerenciadas aps a

    reabilitao. O sucesso da reabilitao freqentemente comprometido pela invaso

    de predadores, ervas daninhas e atividades humanas. A auto-sustentabilidade pode

    levar muitos anos para ocorrer.A manuteno inclui:

    Replantio de reas falhadas ou insatisfatrias;

    Reparo de qualquer problema de eroso;

    Gerenciamento de queimadas;

    Controle de pestes e ervas daninhas;

    Controle, com cercas, de predadores e animais nativos;

    Aplicao de fertilizantes;

    Controle de imigrao e pH.

    Os sucessos da recuperao e reabilitao ambiental incluem os componentes:

    Fsicos - estabilidade e resistncia eroso do solo e restabelecimento

    da drenagem natural;

    Biolgicos - riqueza de espcies, densidade de vegetao, produo de

    sementes, retorno da fauna, controle de ervas daninhas, produtividade e

    estabelecimento do ciclo de nutrientes.

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    Monitoramento

    O monitoramento realizado atravs de inspees peridicas, visando manteras condies necessrias ao cumprimento dos objetivos preestabelecidos

    anteriormente. Nestas inspees, so coletadas amostras que, comparadas aos

    indicadores ambientais, verificam se os parmetros esto sendo ajustados e se a

    recuperao est sendo bem sucedida. Caso os resultados sejam insatisfatrios, a rea

    degradada deve ser reavaliada e as medidas reformuladas. Bitar (1997).

    Um programa de monitoramento envolve as estabilidades fsicas, qumicas e

    condies ambientais de uma rea degradada e visa verificao e alcance das

    condies e usos esperados.

    A estabilidade fsica envolve as reas de extrao (cavas, pilares subterrneos,

    etc.), reas de disposio de estril (pilhas de estril e bacias ou barragens de

    rejeitos) e obras civis (oficinas, escritrios, alojamentos, etc.).

    A estabilidade qumica consiste na coleta de amostras peridicas de gua de

    superfcie e subterrnea e solos superficiais para a avaliao de material lixiviado. Os

    locais mais visados para estas coletas so pilhas de estril, bacias ou barragens de

    rejeitos, sistemas de gerenciamento de gua e estocagem de material.

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    3. DESATIVAO DE MINA

    A partir dos anos setenta, a proteo ambiental passou a ter mais importncia e

    provocou srias transformaes na indstria mineira, e, conseqentemente, mudana

    da viso das atividades de minerao, por consider-la a partir de agora, uma forma

    de uso temporrio do solo e no como uso final como era no passado.

    Como conseqncia desta mudana de viso, as empresas do setor mineral

    comearam a pensar em meio ambiente no incio, durante e aps o encerramento das

    atividades mineiras, com atividades dirigidas a revegetao, paisagismo, melhoria do

    solo e desenvolvimento scio econmico regional.

    Apesar das empresas de minerao comearem a pensar em meio ambiente,

    associados s atividades de minerao no Brasil, somente as grandes empresas se

    preocupam, algumas de forma bastante limitada, com as questes ambientais durante

    a vida til dos seus empreendimentos. No Estado da Bahia, no cadastro de

    contribuintes da Secretria da Fazenda em 1994, registra 819 inscries ativas, das

    quais 448 esto includas na categoria Extrao e Tratamento Mineral e as 317restantes so classificadas como Indstria de Minerao e No Metlicos (brita, cal,

    argila e rochas ornamentais). Nos c