mais sustentabilidade para agricultura

05.06 .2010 Mais sustentabilidade para agricultura A produção agrícola de grãos cresceu 170% nos últimos anos 50 anos. Esse aumento foi possível com o surgimento da chamada agricultura moderna, resultado da soma de conhecimentos com o desenvolvimento de novas técnicas: plantas melhoradas e mais produtivas, fertilizantes sintéticos para o solo, agrotóxicos para controlar pragas, doenças e ervas daninhas, associados à mecanização. Porém, a agricultura não pode ser tratada apenas do ponto de vista da modernidade e das tecnologias. Há uma linha estreita entre produção e os fatores naturais, uma dependência maior do que a indústria ou qualquer meio urbano. O comportamento do clima, o solo e sua fertilidade, a disponibilidade de água, o padrão genético da plantas e animais são alguns determinantes da produção, mas não são os únicos. Todas as espécies são interdependentes no meio natural. Tudo se organiza dentro de uma cadeia alimentar. Alguns insetos, bactérias e fungos utilizam como alimento justamente as plantas cultivadas. Atualmente, o limite para o cultivo não é mais tecnológico, mas econômico, ou seja, há locais no globo terrestre em que o custo para produzir é maior do que o valor dos produtos, considerados os valores pagos pelos insumos e as exigências do mercado. Assim, a humanidade deverá enfrentar com urgência os desafios da sustentabilidade, inclusive aquela a ser produzida no campo que interfere de forma direta nas cidades, afinal a população urbana, a exemplo do Brasil, já se aproxima de 75% e ainda depende da área rural, que representa 340 milhões de hectares de terras agrícolas, sendo 200 milhões de pastagens e 63 milhões de lavouras. Nas perspectivas de desenvolvimento do cenário atual, o Brasil continuará a produzir volumes crescentes de alimentos e matérias-primas e de gerar superávits econômicos que aumentem a capacidade de investimentos. Porém, para se garantir a sustentabilidade futura das atividades produtivas será preciso continuar a investir em conhecimento científico e tecnológico que permitam desenvolver sistemas de produção inovadores, voltados para o aumento da produtividade dos recursos naturais e serviços ambientais utilizados pelo agronegócio e pela agricultura familiar. A grande pressão da agricultura sobre o meio ambiente indica que é preciso buscar um novo patamar de conhecimento, um novo modelo científico e tecnológico, a fim de romper esses limites, em especial na região tropical do globo, onde estão os ambientes mais desafiadores para a agricultura, além das nações mais pobres. A globalização, que se instalou de maneira tão ampla na indústria, precisa chegar à agricultura, criando oportunidades e estímulos em todos os países, com mudanças de estratégias para solucionar a oferta de alimentos no mundo, através de uma agricultura sustentável que proteja as gerações futuras.

Upload: gleisi-hoffmann

Post on 04-Jul-2015

535 views

Category:

News & Politics

0 download

Report

Download

Embed Size (px):

TRANSCRIPT

05.06 .2010

Mais sustentabilidade para agricultura

A produção agrícola de grãos cresceu 170% nos últimos anos 50 anos. Esse aumento foi possível com o surgimento da chamada agricultura moderna, resultado da soma de conhecimentos com o desenvolvimento de novas técnicas: plantas melhoradas e mais produtivas, fertilizantes sintéticos para o solo, agrotóxicos para controlar pragas, doenças e ervas daninhas, associados à mecanização.

Porém, a agricultura não pode ser tratada apenas do ponto de vista da modernidade e das tecnologias. Há uma linha estreita entre produção e os fatores naturais, uma dependência maior do que a indústria ou qualquer meio urbano. O comportamento do clima, o solo e sua fertilidade, a disponibilidade de água, o padrão genético da plantas e animais são alguns determinantes da produção, mas não são os únicos.

Todas as espécies são interdependentes no meio natural. Tudo se organiza dentro de uma cadeia alimentar. Alguns insetos, bactérias e fungos utilizam como alimento justamente as plantas cultivadas. Atualmente, o limite para o cultivo não é mais tecnológico, mas econômico, ou seja, há locais no globo terrestre em que o custo para produzir é maior do que o valor dos produtos, considerados os valores pagos pelos insumos e as exigências do mercado.

Assim, a humanidade deverá enfrentar com urgência os desafios da sustentabilidade, inclusive aquela a ser produzida no campo que interfere de forma direta nas cidades, afinal a população urbana, a exemplo do Brasil, já se aproxima de 75% e ainda depende da área rural, que representa 340 milhões de hectares de terras agrícolas, sendo 200 milhões de pastagens e 63 milhões de lavouras.

Nas perspectivas de desenvolvimento do cenário atual, o Brasil continuará a produzir volumes crescentes de alimentos e matérias-primas e de gerar superávits econômicos que aumentem a capacidade de investimentos. Porém, para se garantir a sustentabilidade futura das atividades produtivas será preciso continuar a investir em conhecimento científico e tecnológico que permitam desenvolver sistemas de produção inovadores, voltados para o aumento da produtividade dos recursos naturais e serviços ambientais utilizados pelo agronegócio e pela agricultura familiar.

A grande pressão da agricultura sobre o meio ambiente indica que é preciso buscar um novo patamar de conhecimento, um novo modelo científico e tecnológico, a fim de romper esses limites, em especial na região tropical do globo, onde estão os ambientes mais desafiadores para a agricultura, além das nações mais pobres.

A globalização, que se instalou de maneira tão ampla na indústria, precisa chegar à agricultura, criando oportunidades e estímulos em todos os países, com mudanças de estratégias para solucionar a oferta de alimentos no mundo, através de uma agricultura sustentável que proteja as gerações futuras.