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    RAC, v.2, n.2, Maio/Ago. 1998: 127-141 127

    Fundamentos sobre o Estudo da Dinmica das InovaesFundamentos sobre o Estudo da Dinmica das InovaesFundamentos sobre o Estudo da Dinmica das InovaesFundamentos sobre o Estudo da Dinmica das InovaesFundamentos sobre o Estudo da Dinmica das Inovaesno Agribusinessno Agribusinessno Agribusinessno Agribusinessno Agribusiness

    Rosa Teresa Moreira Machado

    RRRRRESUMOESUMOESUMOESUMOESUMO

    O artigo terico-conceitual, no intuito de buscar uma explicao realista para a dinmica dasinovaes em sistemas agroindustriais. Baseado em reviso bibliogrfica, critica os fundamentosda teoria neoclssica que sustenta o modelo de inovao induzida, usado para interpretar o padrode modernizao agrcola conhecido por revoluo verde. Assume a abordagem evolucionista

    como a mais adequada para explicar o carter e o ritmo dessas inovaes, a partir da definio deconceitos como paradigma tecnolgico, trajetria tecnolgica, ativos complementares,apropriabilidade das inovaes e interdependncia tecnolgica setorial. Toma-se a indstria decarnes para ilustrar tal abordagem, identificando a direo mais incremental das inovaes noagribusiness. As decises estratgicas em P&D das firmas de um sistema agroindustrial solimitadas por dependerem mais de avanos tecnolgicos gerados noutros setores e por se inseriremnuma estrutura de mercado que define a conduta das empresas. Mesmo assim, cada firma temtambm sua trajetria especfica de inovao, graas aprendizagem prpria e cumulativa dedesenvolvimento e explorao de suas competncias tecnolgicas e organizacionais, e pode obtervantagens competitivas mediante estratgias como desenvolvimento de marca e de parcerias parasuprimento e distribuio.

    Palavras-chaves: abordagem evolucionista; agronegcio; inovao; estratgias das empresas.

    AAAAABSTRACTBSTRACTBSTRACTBSTRACTBSTRACT

    This article is theoretical and conceptual, aiming to a realistic explanation for the innovation dynamicsin agricultural industrial systems. Based on bibliographical data, it critically reviews the foundationsof the neoclassical theory that supports the induced innovation model, used for interpreting agriculturalupdating standard, known as the green revolution. It considers the evolutionist approach as being

    the most appropriate one to explain the character and the rhythm of these innovations, starting fromthe definition of concepts such as technological paradigm, technological trajectory, complementaryassets, regimes of appropriability and technological interdependence among sectors. The beef industryis considered in order to illustrate such approach, identifying the incremental direction of innovationsin agribusiness. Strategic decisions in R&D of the companies of an agricultural industrial system arelimited because they depend more heavily on the technological breakthroughs generated by othersectors, and because they are part of a market structure that defines the companies behavior. Eventhen, each company has its specific innovation route, thanks to its own cumulative learning aboutdevelopment and the exploitation of its technological and organizational competencies, and canattain competitive advantages by means of strategies such as brand name development and partnershipsfor supply and distribution.

    Key words:evolutionist approach; agribusiness; innovation; enterprises strategies.

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    IIIIINTRODUONTRODUONTRODUONTRODUONTRODUO

    Inovao um conceito bem mais amplo do que P&D. Segundo Dosi (1988) ainovao trata de pesquisa, descoberta, experimentao, desenvolvimento, imita-o e adoo de novos produtos, de novos processos de produo e novas formasorganizacionais.

    Neste artigo, busca-se compreender como se d o processo de inovao no sis-tema agroindustrial, dentro de uma perspectiva sistmica e realista das foraseconmicas, institucionais e tecnolgicas, que regem e condicionam as decisesdos agentes econmicos num ambiente de competio dinmico. Seu contedo de ordem conceitual e exploratrio.

    Iniciando com o referencial terico tradicional, que ajudou a justificar a moder-nizao do setor agropecurio e integr-lo aos demais setores, o trabalho seguenuma linha de abordagem denominada evolucionista para tentar explicar por queas inovaes foram sendo delineadas dentro daquele padro, baseado nos concei-tos de paradigma tecnolgico e trajetria tecnolgica. Ao indicar que o ritmo eintensidade das inovaes variam entre os setores produtivos, a anlise ento

    direcionada para conceitualizar o sistema agroindustrial e entender por que oslimites da inovao tecnolgica so maiores nas firmas que compem esse setor.Para ilustrar empiricamente a parte conceitual, faz uma breve identificao doscondicionantes e da direo do paradigma tecnolgico da indstria de carnes, sementrar em particularidades das estratgias competitivas de firmas dessa indstria.

    O artigo finaliza com algumas consideraes sobre a importncia de cada firmatraar sua estratgia de inovao prpria, aprendendo a explorar suas competn-cias tecnolgicas, incorporando inovaes contnuas sob vrias formas, como

    desenvolver uma organizao apropriada para controlar ativos complementares edominar a coordenao da cadeia produtiva, desenvolver a flexibilidadeoperacional, novas formas de suprimento e outras competncias intangveis, maisdifceis de serem copiadas.

    O MO MO MO MO MODELOODELOODELOODELOODELODEDEDEDEDE IIIIINOVAONOVAONOVAONOVAONOVAO IIIIINDUZIDANDUZIDANDUZIDANDUZIDANDUZIDA

    Para a teoria econmica neoclssica os preos so os grandes determinantes dacompetio. A inovao tecnolgica exgena s firmas e tratada apenas comoquesto de alocao tima de recursos escassos para satisfazer a demanda. Os

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    Fundamentos sobre o Estudo da Dinmica das Inovaes no Agribusiness

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    tomadores de deciso so perfeitamente racionais e, portanto, maximizadores deresultados, j que atuam em ambiente de certeza, onde todos tm acesso s infor-maes relevantes, numa estrutura concorrencial simtrica.

    O modelo de inovao induzida de Hayami e Ruttan (1971), segundo Gomes(1986) e Silva (1984), trata de explicar a inovao tecnolgica da agriculturadentro dessa perspectiva. As tecnologias biolgico-qumicas e as tecnologias me-cnicas resultariam da necessidade de facilitar a substituio de fatores de produ-o relativamente escassos e, portanto, mais caros, por outros relativamente abun-dantes. Hayami e Ruttan (1971) apiam-se em dados empricos de uma determi-nada poca histrica para sustentar esse modelo. No Japo, cuja escassez de terraera contrabalanceada com abundncia de mo-de-obra, as inovaes biolgico-qumicas foram fundamentais para aumentar a produo agrcola. Nos Estados

    Unidos, as inovaes mecnicas foram mais enfatizadas por causa da abundn-cia de terras e escassez de mo-de-obra. Do mesmo modo, produtos com altaelasticidade de preo de demanda seriam mais priorizados por inovaes. A pes-quisa agrcola e o desenvolvimento tecnolgico funcionariam, portanto, como res-

    posta aos sinais de mercado, segundo o modelo de inovao induzida.

    Esse modelo tem uma tica produtivista, porque se d sempre em funo pri-mordial de poupar fatores de produo agrcola. Nesse sentido, ele no suficien-te para explicar outros tipos de tecnologia que so desenvolvidas, por exemplo,

    para atender especificidades das relaes intra e inter-setoriais (carne de porcocom baixo teor de gordura), nem as ineficincias de se optar por tecnologias pou-padoras de fatores que so abundantes em pases menos desenvolvidos.

    No modelo induzido, as instituies tm papel importante na criao de instru-mentos para promover a disponibilidade de tecnologias modernas em prol do de-senvolvimento rural, assim como se destaca o papel imprescindvel do setor p-

    blico na gerao de tecnologias de fraca apropriabilidade, de pouco interesse parao setor privado(1)(Gomes, 1986). Na dcada de 70, tal modelo, associado inter-

    pretaes desenvolvimentistas para o meio rural, serviu de referncia terica para

    justificar as aes pblicas para expandir o padro de modernizao agrcolaconhecido pelo nome de revoluo verde.

    Apesar do progresso tcnico ser influenciado por foras econmicas, este mo-delo de inovaes tem sido muito criticado sob vrios aspectos a partir das limita-es inerentes ao carter esttico, no histrico, inespecfico e de neutralidade dos

    pressupostos neoclssicos, assim como pela natureza contnua da funo de pro-duo, que admite perfeita substituio entre fatores, ou ainda pela formamecanicista de tratar o processo de inovao. A estrutura de mercado e a tecnologia

    so dados exgenos, as firmas so passivas nessa estrutura e a inovao tecnolgica apenas resultado de uma escolha tima de fatores dentro de um estoque deconhecimentos.

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    As crticas teoria neoclssica relacionadas s caractersticas do processo deinovao vm de muitos estudiosos, dando origem a uma nova abordagemevolucionria, de inspirao schumpeteriana, cujos argumentos se vo

    complementando uns aos outros. Segundo Dosi (1988), um dos seus expoentes,conta com a contribuio de vrios economistas entre os quais Rosenberg, Nelsone Winter, Freeman e Pavitt, para tentar uma interpretao sobre como se d ainovao tecnolgica em relao aos avanos cientficos, de um lado, e ao proces-so de mercado, de outro. Outros autores como Penrose, Porter e Teece fazem

    parte desse conjunto de tericos que questionam os pressupostos neoclssicos eanalisam a importncia da conduta da firma, seu papel estratgico e como se doas inovaes em ambientes competitivos dinmicos. Ao revisar a literatura sobreesse tema, interessa buscar elementos tericos para verificar se existem ambientes

    competitivos mais ou menos favorveis a P&D para, em ltima instncia, locali-zar esse processo no agribusiness.

    O EO EO EO EO ENFOQUENFOQUENFOQUENFOQUENFOQUE EEEEEVOLUCIONISTAVOLUCIONISTAVOLUCIONISTAVOLUCIONISTAVOLUCIONISTA DADADADADA IIIIINOVAONOVAONOVAONOVAONOVAO

    A abordagem evolucionista faz uma analogia com a teoria biolgica de seleonatural para mostrar que as inovaes no so decorrentes de um mecanismo

    racional de seleo de mercado, mas fortemente determinadas pela base tecnolgicaacumulada, num mundo onde, contrariamente aos pressupostos da teorianeoclssica, domina a incerteza, a racionalidade limitada, a diversidade de prti-cas estratgicas e comportamentais entre as firmas e ambigidades entre os agen-tes econmicos.

    As idias bsicas dos evolucionistas tm uma perspectiva temporal e at mesmoum determinismo histrico, medida que as escolhas tecnolgicas adquirem cer-ta irreversibilidade em decorrncia do carter cumulativo e progressivo do desen-volvimento tecnolgico. Ajudam tambm a compreender a importncia das forasda demanda e da oferta (demand pull x technology push) no processo de inova-o. Alm disso, realam a importncia das condies institucionais que gover-nam os interesses dos agentes econmicos (incluindo as formas de regulamenta-o, condies polticas, valores e comportamentos dominantes, estabelecimentode prticas de cooperao x competio) na definio dos padres das mudanas(Dosi e Orsenigo, 1988).

    H tambm uma dimenso de interdependncia micro x macro no processo demudana tecnolgica, j que o avano tecnolgico endgeno s firmas, como

    tambm depende de externalidades inerentes s tecnologias de carter pblico ecoletivo, to importantes para proporcionar complementaridades tecnolgicas e

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    sinergias que beneficiem setores e firmas em pases e regies, e tendem a serinternalizadas pelas firmas individualmente. Essas condies contextuais podemdecorrer de aes no intencionais de organizao ambiental (a exemplo do Silicon

    Valley) e/ou como fruto de estratgias explcitas de instituies pblicas e priva-das para desenvolver setores e regies (Dosi, 1988).

    Para os evolucionistas, as atividades de inovao no so aleatrias mas forte-mente seletivas, seguindo um mecanismo de busca e seleo dentro da lgica demercado, que possibilita inovaes contnuas e cumulativas em funo do estado-da-arte das tecnologias j em uso e da capacidade de cada firma para conjugar osvrios tipos de conhecimento acumulados.

    Parte desses conhecimentos acumulados so desenvolvidos em organizaesformais como universidades e laboratrios de P&D pblicos, explicitados emmanuais e publicaes tcnico-cientficas de difuso ampla; outros so conheci-mentos privados e protegidos por patentes; h tambm aqueles conhecimentostcnicos tcitos, mais difceis de serem transmitidos, porque so implcitos, intan-gveis e apropriados pelas pessoas e/ou especficos s firmas, apreendidos infor-malmente pela prtica dolearning-by-doinge learning-by-using.

    Interpretando dois conceitos complementares de Dosi (1988), pode-se afirmarque as inovaes tecnolgicas pontuais so frutos da evoluo de uma trajetria

    tecnolgica que, hierarquicamente, seriam alternativas incrementais subordina-das a um paradigma tecnolgico. Ou seja, enquanto o paradigma tecnolgico serefere a um padro de soluo de problemas tcno-econmicos selecionados,

    baseado em princpios altamente selecionados derivados das cincias naturais(Dosi, 1988, p. 225) capaz de definir tipos de artefatos bsicos que podem serdesenvolvidos e aperfeioados, a trajetria tecnolgica define as oportunidadestecnolgicas para inovaes posteriores, a partir do conceito tecnolgico centraldado pelo paradigma, tal como o motor de combusto interna na indstria auto-mobilstica e ochipda indstria microeletrnica.

    Dosi (1988) chama a ateno para a diferena entre mudanas tecnolgicasdentro de um dado paradigma e mudanas de paradigma. No primeiro caso, os

    padres de inovao seguem as trajetrias normais definidas pelos limites de umdado paradigma e so condicionados por fatores ambientais, como a demanda eos preos relativos. J as mudanas de paradigma dependem fundamentalmentede avanos da cincia e das tecnologias gerais pblicas, e representamdescontinuidades maiores nos padres de mudana. Quando acontecem avanostecnolgicos superiores a um velho paradigma, irreversivelmente muda-se o

    paradigma, independentemente do nvel dos preos dos inputs. H, portanto, dife-

    rentes nveis de padres de inovao.

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    Esse enfoque de natureza schumpeteriana, ao evidenciar que o motor da din-mica capitalista est na capacidade de se gerar e difundir inovaes - em produto,

    processo, organizacional e/ou mercadolgica, num jogo competitivo em que as

    empresas buscam conseguir assimetrias que lhes garantam vantagens competiti-vas em face dos concorrentes. A explorao das competncias de cada firma, asua histria de aprendizagem e as estratgias de cada uma delas so importantes

    para explicar o comportamento microeconmico, bem como as transformaesdo ambiente competitivo. Cada firma tem tambm sua trajetria especfica deinovao, que depende de aprendizagem local, especfica e cumulativa de desen-volvimento e explorao de suas competncias tecnolgicas.

    As Diferenas Setoriais em InovaoAs Diferenas Setoriais em InovaoAs Diferenas Setoriais em InovaoAs Diferenas Setoriais em InovaoAs Diferenas Setoriais em Inovao

    Para os evolucionistas, a capacidade de inovao, alm de ser assimtrica entreas firmas, varia entre pases, entre setores especficos e mesmo no tempo.

    Dosi (1988) identifica algumas razes para explicar essas variaes dos avan-os tecnolgicos. As oportunidades tecnolgicas especficas de um paradigmaso um primeiro determinante das diferenas nas taxas de inovao. Esforos

    para inovar so tambm uma funo da estrutura da demanda e das condies deapropriabilidade dos lucros gerados por uma inovao. Os agentes privados siro investir numa oportunidade tecnolgica, se houver mercado disposto a pagar

    por isso. Por outro lado, as condies de apropriabilidade diferem entre indstriase entre tecnologias.

    Teece (1986) tambm discute a capacidade de uma empresa obter retornos eco-nmicos com inovaes pioneiras, a partir dos fatores ambientais que definem oregime de apropriao. Para ele, o regime de apropriabilidade de uma inovao mais forte, quando ela mais difcil de ser copiada pelos competidores. Isso vaidepender do grau de conhecimento tcito embutido na natureza da tecnologia e daeficcia dos mecanismos de proteo legal aos direitos de propriedade sobre ino-

    vaes, a exemplo das patentes, dos direitos autorais, dos segredos comerciais edas marcas registradas. Pela leitura do artigo, fica claro que os trade secretsdasfrmulas e processos tm tido apropriabilidade mais forte que as patentes.

    Ainda dentro dessa questo, Teece (1986) apresenta mais dois conceitosinterrelacionados: o paradigma do projeto dominantee os ativos complemen-tares. luz dos trabalhos de Kuln, Dosi e Utterback, o paradigma do projetodominante refere-se ao ltimo estgio de evoluo de uma inovao, quando umdeterminado produto conquista a preferncia do mercado e passa a ser o modelode referncia para os competidores. Definido o projeto dominante, a competioentre as empresas migra do designpara o preo, de tal forma que as economias deescala e aprendizagem, visando a reduzir custos unitrios, passam a ser mais

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    importantes. Nessa etapa, os imitadores podem construir posies mais vantajo-sas que o inovador, ao se capacitarem em competncias e ativos complementares:imagem da marca, domnio dos canais de distribuio, suporte ps-venda.

    Para Teece (1986), os ativos complementares podem ser genricos, quando noso inflexveis a ponto de serem unicamente usados na inovao em exame;especializados, quando so desenvolvidos sob medida para a empresa inovadorae com isso gerando uma relao unilateral de dependncia, ou co-especializados,onde a relao de dependncia bilateral.

    Preocupado com o problema de garantir um regime de apropriabilidade favor-vel ao inovador a partir da etapa em que os ativos complementares passam a sermais relevantes, Teece (1986) incorpora uma anlise sobre formas contratuaismais adequadas para controlar inovaes que envolvem esses ativos(2). Na pre-sena de ativos especializados e co-especializados, o inovador pode internalizar odesenvolvimento e a produo dos ativos complementares por meio da integraovertical, passando a fazer tudo sozinho (manufatura, distribuio, servios etecnologias complementares); ou, num outro extremo, obter esses ativos via rela-es contratuais. Enquanto a completa integrao seja proibitivamente cara e nogaranta que a empresa possa ser boa em tudo, relacionamentos contratuais estosujeitos sorte, porque apenas uma, ou ambas as partes tero de comprometercapital em investimentos irreversveis, que perdero valor, caso a relao se des-

    faa. Na maioria das vezes predomina um modelo misto, uma forma contratualintermediria entre as solues extremas de integrar ou licenciar.

    O dilema entre integrar ou terceirizar P&D em inovaes que envolvem ativoscomplementares uma deciso estratgica relacionada capacidade de apropria-o de lucros com essas inovaes. Se os mtodos legais de proteo das inova-es no so to eficientes para impedir imitadores, h maior necessidade de inte-grar ativos co-especializados, pois quem tiver controle desses ativos ter vanta-gens sobre os concorrentes. A parceria em P&D(3) uma forma ideal quando a

    tecnologia do inovador est bem protegida e existem diferentes parceiros alterna-tivos, oferecendo o mesmo suprimento para o inovador (Teece, 1986).

    Teece (1986) cita o caso do adoante aspartame, introduzido no mercado pelaSearles em duas verses:Nutrasweetpara clientes industriais eEqualpara con-sumidor final. A Searles conseguiu estabelecer um regime de forte apropriaodessa inovao estabelecendo: 1) um contrato de parceria com aAjinomoto,paradesenvolver o produto e ter acesso aos conhecimentos mais tcitos em biotecnologia;2) construo de ativos complementares mediante uma estratgia de desenvolvi-mento de marca, associada a uma patente de 17 anos, com uma prorrogao

    adicional de 5 anos; 3) integrao da manufatura do produto para evitar concor-rncia de possveis competidores. Expirada a patente, a despeito dos competido-

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    res, a empresa inovadora continuou a dominar o mercado de aspartame por terconseguido fixar a reputao da sua marca entre os clientes.

    Para Teece (1986) no existe estratgia tima que garanta o sucesso de umaempresa inovadora. claro, porm, que as decises de investir em P&D nopodem estar desligadas da anlise estratgica de mercados e da posio da firmana indstria. As maiores empresas tm mais chance de j terem ativos especializadose co-especializados ao lanar novos produtos, em relao s pequenas empresas,

    bem como de alavancar parcerias e coalizes bem sucedidas. A propriedade deativos especializados fundamental para entender quem ganha e quem perde coma inovao.

    Num estudo emprico para classificar setores segundo as origens da tecnologia,as necessidades dos usurios dos produtos e as formas de apropriao das inova-es, Pavitt (apud Dosi, 1988), identificou 4 grandes grupos de setores: os setoresdominados por fornecedores, os de escala intensiva, os de fornecedoresespecializadose os baseados em cincia.

    Pela caracterizao de Pavitt (apud Dosi, 1988), pode-se afirmar que as ativi-dades agropecurias e agroindustriais estariam mais identificadas com a catego-ria dos setores dominados por fornecedores, embora Dosi (1988), ainda se refe-rindo a Pavitt, inclua a indstria de produtos alimentcios nos setores de escala

    intensiva. A origem das tecnologias dos setores dominados por fornecedores os fornecedores de equipamentos e insumos. As firmas do prprio setor fazempouco investimento em P&D. Dominam as inovaes de processo (pela absorode inovaes geradas em outros setores), e sua absoro decorre da busca dereduzir custos pelas empresas e aumentar a eficincia dos fatores. Aapropriabilidade baixa. Nos setores de escala intensiva as firmas investem for-temente em P&D e produzem internamente boa parte do seu processo tecnolgico.As inovaes so em produtos e processos. As atividades produtivas so maiscomplexas, com economias de escala de vrios tipos (em produo,design, P&D).

    A apropriabilidade maior, tanto quanto o tamanho das firmas que tendem integrao vertical. O processo produtivo desse grupo de setor pode ser em linhade montagem (automveis, eletrodomsticos) ou de processamento contnuo (ci-mento, produtos alimentcios).

    Os Enfoques Conceituais do Sistema Agroindustrial e os LimitesOs Enfoques Conceituais do Sistema Agroindustrial e os LimitesOs Enfoques Conceituais do Sistema Agroindustrial e os LimitesOs Enfoques Conceituais do Sistema Agroindustrial e os LimitesOs Enfoques Conceituais do Sistema Agroindustrial e os Limitesem P&D desse Setorem P&D desse Setorem P&D desse Setorem P&D desse Setorem P&D desse Setor

    Pela tipologia setorial de inovaes de Pavitt (apud Dosi, 1988), pode-se enten-

    der que o comportamento competitivo das firmas tem fortes ligaes com o fen-meno macroeconmico das interdependncias industriais e tecnolgicas entre os

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    setores. O padro de produo e uso da inovao variaria tanto quanto as carac-tersticas setoriais. Os sistemas agroindustriais seriam, portanto, mais absorvedoresde tecnologias geradas noutros setores do que geradores de tecnologia prpria.

    A noo de interdependncia tecnolgica intersetorial remonta ao conceito damatriz insumo-produto, enfoque posteriormente desenvolvido dentro de uma pers-

    pectiva sistmica at se chegar a duas diferentes vises do agribusiness: o enfoqueda escola de Harvard, de Davis e Goldberg (apud Zylbersztajn, 1995) e o decadeia agro-alimentar oufilire(Zylbersztajn, 1995) .

    Davis e Goldberg, (apud Zylbersztajn, 1995, p. 106) definem o termoagribusinesscomo a soma de todas as operaes associadas produo e distri-

    buio de insumos agrcolas, operaes realizadas nas unidades agrcolas bemcomo as aes de estocagem, processamento e distribuio dos produtos, e tam-

    bm dos produtos derivados. Segundo Dosi e Orsenigo (1988), a tradio fran-cesa tenta capturar o aspecto da estrutura relativamente ordenada da hierarquiatecnolgica a que esto sujeitos os agentes pertencentes a um mercado, com oconceito de filire, que um grupo de setores que so conectados por fortesinterligaes comportamentais e tecnolgicas. Para Morvan (apud Zylbersztajn,1995 p. 125), cadeia (filire) uma seqncia de operaes que conduzem

    produo de bens. Sua articulao amplamente influenciada pela fronteira depossibilidades ditadas pela tecnologia e definida pelas estratgias dos agentes

    que buscam a maximizao dos seus lucros. As relaes entre os agentes so deinterdependncia ou complementariedade e so determinadas por foras hierr-quicas. Em diferentes nveis de anlise a cadeia um sistema, mais ou menoscapaz de assegurar sua prpria transformao.

    Segundo Zylbersztajn (1995), esses dois enfoques partem da verso mais tradi-cional da Teoria de Organizao Industrial, conhecida como o paradigma Estru-tura-Conduta-Desempenho. Para identificar mudanas mais significativas nos sis-temas agro-industriais, alguns aspectos dinmicos como as inovaes tecnolgicas

    podem ser introduzidos medida que so importantes para modificar produtos e,em consequncia, a prpria estrutura dos mercados (Zylbersztajn, 1995 p. 126).A varivel tecnologia recebe tratamento especial mas diferenciado em ambos osenfoques. Enquanto a literatura de cadeias tem perspectiva schumpeteriana, oestudo das mudanas tecnolgicas no modelo de Harvard limitado, porque deconcepo neoclssica, restringindo-se s inovaes induzidas por mudanas nos

    preos dos fatores.

    As decises estratgicas em inovao das firmas de um sistema agroindustrialtm, portanto, seus limites, medida que pertencem a um setor de menor dinamis-

    mo tecnolgico e por se inserirem em contexto, cuja estrutura de mercado definea conduta das empresas.

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    O PO PO PO PO PARADIGMAARADIGMAARADIGMAARADIGMAARADIGMATTTTTECNOLGICOECNOLGICOECNOLGICOECNOLGICOECNOLGICO DADADADADA IIIIINDSTRIANDSTRIANDSTRIANDSTRIANDSTRIADEDEDEDEDECCCCCARNESARNESARNESARNESARNES

    O referencial terico dos autores evolucionistas enfatiza que a dinmicatecnolgica especfica para cada setor industrial. Procurando entender como sed esse processo no sistema agroindustrial, este item apresenta as principais ca-ractersticas das inovaes tecnolgicas da indstria de carnes, baseado no traba-lho de Campos (1996).

    No nvel do desenvolvimento conceitual at aqui registrado, as estratgias com-petitivas das firmas concorrentes numa mesma cadeia produtiva relacionadas ainovaes estariam definidas dentro dos limites das oportunidades tecnolgicas

    do paradigma tecnolgico dominante do respectivo setor.Na indstria de carnes as inovaes tecnolgicas do produto para satisfazer as

    necessidades dos consumidores tm sido de natureza incremental, direcionadas soluo de trade-offsentre sabor, textura, cor, rapidez e convenincia no consu-mo, qualidades nutricionais, possibilidades de conservao e facilidades na distri-

    buio.

    Para tanto, acumulao paulatina de conhecimentos tambm incrementais nonvel do que j existia em termos de processo de produo, foram sendo incorpo-

    rados: (1) adaptao de tcnicas j conhecidas de conservao (cura, defumao,congelamento) para o processamento de alimentos em grande escala, mediante odesenvolvimento de equipamentos especficos e a ampliao do campo de conhe-cimento cientfico no apoio s tecnologias de conservao; (2) desenvolvimentode novas tcnicas de conservao (irradiao e desidratao a frio), no mbitomais geral da indstria de alimentos, com algumas inovaes radicais originriasde programas de P&D.

    As tecnologias de conservao e processamento de carnes exigem uma base deconhecimentos especficos dentro do campo cientfico da qumica, biologia emicrobiologia, de modo que o desenvolvimento tecnolgico dessa indstria de-

    pende de uma organizao institucional pblica e privada tambm especfica empesquisa bsica e aplicada.

    Confirmando a classificao de Pavitt (apud Dosi, 1988), essa indstria incor-pora importantes inovaes geradas incessantemente fora do setor, muitas delasde ponta, como a engenharia gentica e as tcnicas de biologia molecular e astecnologias microeletrnicas, com efeitos importantes para os rendimentos do pro-cesso e qualidade dos produtos. As tecnologias de processamento transformam-

    se continuamente pela absoro de novos insumos derivados das novasbiotecnologias e de equipamentos automatizados ou de novas tcnicas

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    organizacionais, caracterizando importantes inovaes em processos decorrentesde inovaes em outras indstrias (Campos, 1996, p. 284).

    A dinmica tecnolgica no se restringe, porm, s inovaes provenientes deoutros setores; medida que as inovaes e aprimoramento das tcnicas de pro-cesso se ampliam, surgem novas oportunidades para desenvolver outros produtoscom melhores qualidades organolpticas, nutricionais e de maior convenincia

    para consumo, ampliando as oportunidades mercadolgicas com produtos de maiorvalor agregado e possibilidades de maior aproveitamento da matria-prima bsi-ca. Aquelas empresas de maior flego passam ento a investir em tecnologia pr-

    pria, criando condies internas para ampliar as oportunidades tecnolgicas ofe-recidas pelo paradigma. O desenvolvimento das tcnicas de manuseio das carnes

    no processo de abate, a desossa a quente e o desenvolvimento de infra-estruturae capacitao para P&D nas empresas indicam o esforo de capacitao atravsde formas internas de aprendizagem, para o desenvolvimento de produtos e pro-cessos (Campos, 1996, p. 285). As empresas lderes da indstria de carnes, tra-

    balhando com economias de escala e investindo em P&D, segundo os critrios declassificao de Pavitt (apud Dosi, 1988) estariam, portanto, dentro do setor deescala intensiva.

    Campos (1996) constata, no entanto, que os avanos mais recentes incorpora-dos na indstria de carnes, relacionados s reas cientficas de ponta, no so to

    profundos, a ponto de alterarem as bases tecnolgicas dos processos produtivos.Com isso, no havendo descontinuidades maiores das trajetrias tecnolgicas, asfirmas podem ser afetadas pela inrcia das rotinas do paradigma ou serem maisestimuladas a aprimorar suas atividades de aprendizagem tecnolgica. Contudoseu trabalho no entra nas particularidades das estratgias competitivas de fir-mas (4).

    AAAAALGUMASLGUMASLGUMASLGUMASLGUMASCCCCCONSIDERAESONSIDERAESONSIDERAESONSIDERAESONSIDERAES FFFFFINAISINAISINAISINAISINAIS SOBRESOBRESOBRESOBRESOBRE EEEEESTRATGIASTRATGIASTRATGIASTRATGIASTRATGIA DEDEDEDEDE EEEEEMPRESASMPRESASMPRESASMPRESASMPRESAS

    Tentando arrematar as idias, as decises estratgicas em termos de P&D dasfirmas de um sistema agroindustrial so limitadas, na maioria das vezes de natu-reza incremental. Alm de dependerem mais de avanos tecnolgicos geradosnoutros setores, inserem-se em contexto, cuja estrutura de mercado define a con-duta das empresas. Mesmo assim, repetindo as idias de Dosi (1988), cada firmatem tambm sua trajetria especfica de inovao, que depende de aprendizagemlocal, especfica e cumulativa de desenvolvimento e explorao de suas compe-

    tncias tecnolgicas.

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    A competitividade entre firmas concorrentes de uma mesma indstria passapela questo da inovao tecnolgica mas no se limita a isso. Como explicar,por exemplo, por que duas firmas, localizadas num mesmo setor produtivo, tm

    comportamentos distintos acerca do processo de inovao? Umas internalizamP&D; outras fazem alianas estratgicas. As aes inovadoras vo alm da incor-

    porao de tecnologias propriamente ditas. Esto tambm associadas s formasde organizao das firmas, s competncias adquiridas em ativos complementa-res, como a imagem e o domnio da coordenao da extenso da cadeia produtiva.

    As inovaes no se restringem a investimentos em equipamentos avanadosmas dependem da capacidade da empresa explorar o potencial criativo dos recur-sos produtivos tangveis e disponveis combinados com outros menos tangveis,

    como habilidades, experincia acumulada e conhecimentos incorporados pelo seucapital humano. A nova onda dojust-in-time, zero-defeitos e controle de qualida-de total no , por exemplo, suficiente para a empresa reduzir custos e melhorar aqualidade e flexibilidade. Como so programas que tambm podem ser copiados

    por competidores, a empresa s tem sucesso competitivo no longo prazo, quandoconsegue ter capabilidades de combinar recursos em nvel de cho-de-fbrica. Aconfiana e a flexibilidade estratgica se constri no processo de operaes, pormeio de aprendizagem organizacional e experimentao como, por exemplo, de-senvolver rapidamente produtos a baixo custo com o mnimo de recursos e/ou

    mudar rapidamente a linha de produtos em funo da demanda. no processo eno resultado do sistema de operaes que se conseguem vantagens competitivas(Wheelwright e Hayes, 1995).

    Para uma empresa de uma dada indstria, o conceito tradicional de estratgiacompetitiva est relacionado com as decises que ela toma para se ajustar sforas competitivas e encontrar uma posio, em que tais foras lhe possam serfavorveis (Porter, 1989). Essas estratgias so variadas tanto como os tipos denegcio e os objetivos perseguidos. Num ambiente turbulento, onde as forascompetitivas assumem dimenso globalizante, a empresa competitiva se conse-

    guir assimetrias em forma de vantagem competitiva, por algum tipo de inovao,em produto, em processo, em novas fontes de suprimento, em novas oportunida-des de mercado e formas organizacionais alternativas mais eficientes, sem preju-zo da qualidade e do preo. No entanto a vantagem competitiva s mantidamediante melhorias contnuas, visto que a maioria das inovaes tendem a sercopiadas pelos rivais.

    A idia mais recente de estratgia competitiva implica, portanto, escolher-se aforma de competio e desenvolver uma organizao apropriada. A estratgia de

    operaes passa a ser entendida como suporte das competncias essenciais daempresa e realimenta a construo de novas aptides que a distinguem dos con-

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    correntes. A manufatura passa a ser processo integrado do negcio, onde se cria ovalor do negcio (Drucher, 1995). A firma passa a ser agente estratgico ativoque procura superar com as restries atravs das inovaes (Best, 1990).

    NNNNNOTASOTASOTASOTASOTAS

    1A pesquisa bsica e tecnologias de processos e produtos de domnio pblico tais como sementesmelhoradas de variedade pura, criao de novos mtodos de preparo de solo e plantio, espaamentoe manejo de animais devem ficar a cargo da pesquisa pblica. As organizaes privadas seinteressam por tecnologias em produtos, protegidas por patentes e comercializveis, como sementeshbridas, animais desenvolvidos geneticamente, adubos, defensivos, produtos qumico-veterinrios,

    mquinas e equipamentos diversos.2Embora no mencione a economia dos custos de transao que trata das estruturas de governanana presena de especificidade de ativos, as idias de Teece (1986) se assemelham s de Williamson(1985).

    3Muitos autores discutem a importncia de alianas estratgicas para conseguir vantagenscompetitivas e suas dificuldades e limitaes (Porter, 1990; McFarlan e Nolan, 1995; Bleeke eErnst, 1995).

    4Os trabalhos de Matos (1996), Mior (1992) e de Jank (1996) tratam dessa temtica sob abordagenstericas distintas.

    RRRRREFERNCIASEFERNCIASEFERNCIASEFERNCIASEFERNCIAS BBBBBIBLIOGRFICASIBLIOGRFICASIBLIOGRFICASIBLIOGRFICASIBLIOGRFICAS

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