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Luiz Jacintho da SilvaDisciplina de Infectologia, Depto de Clínica Médica, FCM – Unicamp [email protected]
Doenças de transmissão hídrica e alimentar e
vacinação
III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E
ALIMENTAR21 de Novembro de 2005
Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, SP, Brasil.
Roteiro geral
• Introdução: definição e pequeno histórico.
• Vacinas atualmente existentes.
• Vacinas em desenvolvimento.
• Estratégias de prevenção.
• Perspectivas futuras.
Introdução• As doenças transmitidas por alimentos, por mais
atenção que recebam, sempre precisam de mais.
• Salvo um ou outro surto que ganhe notoriedade, o impacto dessas doenças na comunidade é subestimado.
• As ações de saúde pública não são focadas e muitas vezes se perdem num labirinto de instituições, serviços, legislação e interesses corporativos e econômicos.
•
Vacinas atualmente existentes.
• Cólera
• Febre tifóide
• Hepatite A
• Rotavírus*
* Não propriamente uma doença de transmissão hídrica ou alimentar, mais por ausência de água e alimentos adequados
Vacinas contra a cólera
• Parenteral– Clássica, células inteiras, inativadas.
• Oral– CVD 103-HgR (cêpa atenuada)– B-WC (subunidade B da toxina com
bactérias inativadas)
Febre tifóide
• Parenteral– Células inteiras (bactérias
inativadas)– Antígeno Vi
• Oral– Cepa atenuada Ty21a– Vacinas em desenvolvimento
(cepas geneticamente modificadas)
Febre tifóide, vacinas orais com cepas geneticamente modificadas
Nataro JP. Vaccines against diarrheal diseases. Semin Pediatr Infect Dis 2004; 15:272-9.
Hepatite A• Vacina já bem conhecida, com excelente
eficácia e ótimo perfil de segurança.• Incorporada a diversos calendários
vacinais (SBP, EUA), deve ser utilizada de rotina na infância.
• Subutilizada em manipuladores de alimentos.
• Eficaz no controle de surtos e epidemias.
Rotavírus
• Ainda que uma doença de transmissão muito mais de pessoa a pessoa, sua incidência e gravidade estão associadas à ausência de saneamento e à desnutrição.
• A diarréia por rotavírus se diferencia de outras doenças diarreicas por não ser eliminada através do saneamento e da melhorias geral das condições de vida.
RotavírusNos primeiros 5 anos de vida no Brasil:
• 1 em 5 crianças (168 por 1.000) busca atendimento
ambulatorial devido a RV
• 1 em 30 crianças (35 por 1.000) é internada devido a
doença por RV
• 1 em 1.400 crianças (0,6 por 1.000) morre devido a
doença por RV
Fonte: Constenla D et al. Economic impact of rotavirus gastroenteritis and the cost-effectiveness of vaccination for rotavirus gastroenteritis in Brazil. Submetido para publicação, Cad Saúde Públ 2005.
Custos médicos diretosCusto médicos por
criança doente
Atual, sem vacinação universal
Internações $17.813.038 $5,13
Consultas médicas $7.310.586 $2,11
Total $25.123.625 $7,24
Com vacinação universal
Internações $3.083.263 $0,92
Consultas médicas $2.130.928 $0,62
Total $5.214.191 $1,54
Benefício da vacinação universal – custos evitados
Total $19.909.434
Aspectos economicos do uso da vacina contra o rotavírus (GSK)Custos diretos da doença por RV - Brasil
Fonte: Constenla D et al. Economic impact of rotavirus gastroenteritis and the cost-effectiveness of vaccination for rotavirus gastroenteritis in Brazil. Submetido para publicação, Cad Saúde Públ 2005.
Vacinas em desenvolvimento
• ETEC
• EHEC
• STEC [O157H7]
• Campylobacter spp.
• Shigella spp.
• Norovírus [vírus Norwalk]
Campylobacter spp.• Talvez uma das únicas vacinas para organismos
transmitidos por alimentos em que haveria interesse de uso amplo.
• O C.jejuni é o principal determinante da síndrome de Guillain-Barré (GBS)
• Contaminante usual de galinhas e frangos.• Causa freqüente de diarréia, somente é identificado onde
se utilizam meios específicos de cultura como rotina.• Ac contra os lipopolissacarides do C.jejuni apresentam
afinidade por gangliosideos humanos.• Ensaios clínicos com vacinas em desenvolvimento
apresentam risco teórico de desencadear GBS.
Shigella spp.• Estima-se em mais de 150 milhões o número de episódios
anuais de diarréia por Shigella em todo o mundo, com pelo menos 1,1 milhões de óbitos, 99% desses casos em países em desenvolvimento e a maioria em crianças.
• Difícil de ser controlada simplesmente pelo saneamento, uma vez que sua dose infectante pode ser de 100 bactérias ou menos.
• Imunidade dirigida ao antígeno somático O e tipo-específica.
• Existem mais de 47 tipos diferentes de Shigella.
Estratégias de prevenção
• Apesar da disponibilidade de algumas vacinas, essa não são recomendadas para uso populacional.
• O desenvolvimento dessas vacinas objetivou muito mais a proteção de viajantes do que das populações das áreas endêmicas.
• Causa estranheza à saúde pública o emprego e vacinas para doenças
que possam ser eliminadas por ações mais gerais e de impacto
duradouro.
• Nas doenças de transmissão hídrica ou alimentar não se obtém
imunidade coletiva e tampouco a doença pode ser eliminada ou
erradicada pela vacinação.
• Em algumas situações, no entanto, será mais realista proteger contra
determinadas doenças através da vacinação do que empreender
ações custosas e, muitas vezes, de eficácia duvidosa.
• Em determinadas regiões, com infra-estrutura precária, essa
pode ser a alternativa mais realista e eficaz a curto prazo.
• Há situações especiais, no entanto, em que vacinas poderiam
ser utilizadas:
– Manipuladores de alimentos e outros grupos especiais.
– Contra agentes de difícil controle, mesmo com a implantação de
programas rigorosos de qualidade (Norovírus, STEC, por exemplo).
– Catástrofes.
Perspectivas • Diversas vacinas para doenças diarreicas deverão estar
disponíveis a médio prazo, particularmente contra doenças que acometam viajantes.
• Não é de se esperar que o risco da transmissão de doenças através da água e dos alimentos seja significativamente reduzido através da vacinação ampla.
• Essas vacinas deverão ser empregadas para manipuladores de alimentos (considerada aqui a cadeia completa), grupos específicos (viajantes, catástrofes naturais...)
Vacinas comestíveis
• Alimentos vegetais geneticamente modificados para produzir proteínas virais ou bacterianas indutoras de imunidade de mucosa.
• Tecnicamente viável, o princípio foi demonstrado em pequena escala (batatas e bananas).
• A opção óbvia seria, e é, a das doenças diarreícas, particularmente ETEC, EHEC, cólera.
• Há problemas ainda a serem resolvidos antes que essas vacinas estejam disponíveis..
Agradeço a atenção dispensada
Proximidades de Casa Branca, [email protected]