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SIC CLÍNICA MÉDICA INFECTOLOGIA VOL. 2

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Autoria e colaboraçãoDurval Alex Gomes e CostaGraduado em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Especialista em Infectologia pelo Hospital Heliópolis. Doutor em Doenças Infecciosas pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico in-fectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Estadual Mário Covas, Santo André. Médico infectologista do Serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.

Carolina dos Santos LázariGraduada em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Programa de Residência Médica em Infectologia da FMUSP. Médica infectologista do Serviço de Extensão ao Atendimento a Pa-cientes com HIV/AIDS da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP no período de 2006 a 2012. Médica assistente da Enfermaria da mesma Divisão.

Carolina Luisa Alves BarbieriGraduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (FMUSP-RP). Especialista em Pediatria e em Infectologia Pediátrica pela FMUSP.

Rodrigo Antônio Brandão NetoGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde é médico assistente da disciplina de Emergências Clínicas.

Ralcyon F. A. TeixeiraGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Mé-

dico assistente do Hospital Universitário (HMCP) da PUC-Campinas. Médico Infectologista do Hospital Sírio-Libanês.

Assessoria didática

Fabrício Martins Valois

Atualização 2017

Durval Alex Gomes e Costa

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Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

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Índice

Capítulo 1 - Principais antimicrobianos ........ 15

1. Introdução ...................................................................162. Bacterioscopia e sua importância no

tratamento antimicrobiano ....................................163. Antibióticos ................................................................. 174. Antifúngicos ...............................................................375. Antiparasitários ....................................................... 436. Antivirais .....................................................................47Resumo ............................................................................ 49

Capítulo 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ....................................................53

1. Introdução .................................................................. 542. Mordeduras de animais domésticos .................. 543. Tétano acidental ........................................................554. Raiva ............................................................................605. Outras doenças passíveis de imunização

pós-exposição ............................................................ 656. Acidente com material biológico......................... 667. Calendário nacional de vacinação ....................... 698. Profi ssionais de saúde ............................................73Resumo .............................................................................75

Capítulo 3 - Hanseníase ...................................77

1. Introdução .................................................................. 782. Histórico ......................................................................803. Agente etiológico ......................................................814. Imunopatogenia e fatores genéticos ..................815. Classifi cação .............................................................. 826. Diagnóstico ................................................................ 857. Tratamento .................................................................888. Estados reacionais .................................................. 899. Prevenção e vigilância epidemiológica ............. 9210. Hanseníase e gravidez ......................................... 92Resumo .............................................................................93

Capítulo 4 - Dengue ..........................................95

1. Etiologia ....................................................................... 962. Transmissão ............................................................... 963. Epidemiologia ...........................................................97

4. Fisiopatogenia .......................................................... 99

5. Quadro clínico e classifi cação ............................100

6. Avaliação laboratorial e diagnóstico ............... 106

7. Tratamento .............................................................. 107

8. Situações especiais .................................................111

9. Prevenção ................................................................. 113

10. Outras arboviroses de importância crescente no Brasil ............................................... 114

Resumo ........................................................................... 119

Capítulo 5 - Febre amarela ............................ 121

1. Icterícias febris .........................................................122

2. Epidemiologia...........................................................122

3. Ciclo da doença e fi siopatologia .........................124

4. Quadro clínico ..........................................................126

5. Diagnóstico ..............................................................126

6. Tratamento ...............................................................127

7. Profi laxia ....................................................................127

Resumo ...........................................................................129

Capítulo 6 - Hepatites virais ......................... 131

1. Introdução .................................................................132

2. Hepatite A .................................................................132

3. Hepatite B ............................................................... 138

4. Hepatite C ................................................................ 149

5. Hepatite D ................................................................ 158

6. Hepatite E ............................................................... 158

7. Em gestantes ...........................................................159

Resumo .......................................................................... 160

Capítulo 7 - Leptospirose .............................. 161

1. Introdução .................................................................162

2. Ciclo de vida e fi siopatologia ...............................162

3. Quadro clínico e formas ....................................... 164

4. Diagnóstico .............................................................. 166

5. Tratamento ...............................................................167

6. Profi laxia e medidas de controle ...................... 168

Resumo ...........................................................................169

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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Capítulo 8 - Malária ........................................ 171

1. Introdução .................................................................1722. Ciclo de vida e fisiopatologia ...............................1733. Quadro clínico .........................................................1764. Diagnóstico ..............................................................1795. Tratamento .............................................................. 1806. Profilaxia e vacina ..................................................185Resumo .......................................................................... 186

Capítulo 9 - Febre tifoide ..............................187

1. Introdução ................................................................ 1882. Ciclo e transmissão ............................................... 1883. Quadro clínico ......................................................... 1894. Diagnóstico .............................................................. 1905. Tratamento .............................................................. 1906. Profilaxia ................................................................... 191Resumo ...........................................................................192

Capítulo 10 - Ebola ..........................................193

1. Introdução ................................................................ 194

2. Conhecendo o vírus ................................................195

3. Período de transmissão ........................................195

4. Ciclo de ação e fisiopatologia ..............................195

5. Sinais e sintomas.....................................................196

6. Diagnóstico ...............................................................197

7. Tratamento ................................................................197

8. Profilaxia de novos casos e vacina ....................197

Resumo .......................................................................... 198

Capítulo 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) ...................................................199

1. Introdução – riquetsioses ................................... 200

2. Vetor da FMB ......................................................... 200

3. Transmissão da FMB ............................................. 201

4. Quadro clínico e patogenia .................................203

5. Exames .....................................................................205

6. Diagnóstico diferencial ........................................206

7. Tratamento ...............................................................206

8. Profilaxia ..................................................................207

Resumo ......................................................................... 208

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Febre amarela

Durval A. G. Costa

A febre amarela é uma doença de notificação compul-sória, causada por um arbovírus da família Flaviviridae, transmitida pelos mosquitos Haemagogus leucocelae-nus e Aedes aegypti nas áreas urbanas. A sintomatologia principal envolve febre, calafrios, cefaleia, lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, náuseas e vômitos, podendo surgir sintomas mais graves, como diarreia e vômitos com aspecto “em borra de café”, além de hemorragias e insuficiência hepatorrenal, com icterícia associada. O diagnóstico é feito por meio de sorologias, não havendo tratamento específico. Em áreas endêmi-cas, bem como para indivíduos que vão viajar para essas áreas (principalmente regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil), indica-se a profilaxia com a vacina contra febre amarela.

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1. Icterícias febrisDiversas infecções podem causar icterícias febris, bacterianas (leptos-pirose, febre tifoide, malária, leishmaniose visceral, esquistossomose) ou virais (hepatites virais, dengue, febre amarela, enteroviroses), ob-servados na Tabela 1. Neste capítulo, abordaremos a febre amarela.

Tabela 1 - Doenças que podem causar icterícias febris

Bacterianas- Leptospirose*;

- Febre tifoide*;

- Malária*;

- Leishmaniose visceral*;

- Esquistossomose*.

Virais- Hepatites virais (A, B, C, D, E)*;

- Febre amarela;

- Dengue*;

- Enteroviroses*.

* Abordadas em capítulos à parte por outras características específicas.

2. EpidemiologiaA febre amarela é uma doença causada por um arbovírus, da mesma maneira que a dengue, mas com estrutura diferente. Pertence à famí-lia Flaviviridae e possui estrutura que fica instável em meio ambiente e que facilmente é destruída.

Figura 1 - Vírus da febre ama-rela inativo; sobrevive pouco tempo fora do organismo e é facilmente inativado com álco-ol e clorexidina O vírus normalmente tem como reservatório natural os primatas (ge-

ralmente macacos) em florestas, numa faixa que compreende regiões tropicais. Desta forma, a doença é mais prevalente nas Américas e na África, além de alguns países da Ásia.

Figura 2 - Áreas mais prevalentes de febre amarela no mundo. A relação principal é com áreas tropicais e com a presença do mosquito

O motivo da prevalência (Figura 2) está relacionado à presença de flo-restas tropicais e também do vetor. O principal mosquito transmissor da febre amarela em primatas é do gênero Haemagogus leucocelaenus, que vive apenas em florestas tropicais e pode causar a febre amarela silvestre.

ImportanteHouve uma adaptação do

vírus da febre amarela a outro tipo de mosquito, o Aedes aegypti, que tam-bém transmite a dengue e é um exímio adaptado

a áreas urbanas. A partir desse momento, há um

novo risco de transmitir a febre amarela urbana por

esse mosquito.

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Febre tifoide

Durval A. G. Costa

A febre tifoide é causada pela bactéria Salmonella typhi, que tem a capacidade de transpor a barreira intestinal e alcançar o interstício celular. O quadro clínico é composto por 4 fases, sendo elas período de incubação, período prodrômico com presença de febre principalmente, período de estado com diarreia, cefaleia, adinamia e prostração. Há presença de desidratação grave, a hepatoesplenomegalia ocorre em cerca de metade dos pacientes, e, por fim, há o período de declínio e conva-lescença, com melhora dos sintomas. O tratamento é feito com hidratação vigorosa, reposição de eletrólitos e antibioticoterapia com ciprofloxacino (1ª escolha) e ceftriaxona principalmente. É uma doença associada a condições socioeconômicas mais precárias, embora seja prevalente em todo o mundo. Lembre-se que a febre tifoide é uma doença de notificação compulsória.

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1. IntroduçãoA febre tifoide é causada por uma bactéria enterofermentadora Gram negativa do tipo bacilo, a Salmonella typhi. Essa doença recebe outros nomes, como febre entérica (pois se apresentava essencialmente no in-testino), febre de Eberth, doença dos 4 “Fs” (Feces, Food, Fever, Fingers – fezes, alimentos, febre, dedos).

Figura 1 - Os bacilos Gram negativos da S. typhi contêm proteínas que determinam e expressam gravidade de doença: os antígenos O, Vi, H (este do flagelo). Desta maneira, muitos dos casos de gravidade são relacionados a esses antígenos

A Salmonella é subdividida em sorogrupo e sorotipos. A S. typhi per-tence ao grupo D, e a S. choleraesuis é a principal responsável pelas bacteriemias com quadros sépticos na febre tifoide. Outro sorotipo fre-quente é a Salmonella dublin. Existem ainda salmonelas do sorotipo A, B e C, que são S. paratyphi, causando quadros mais brandos que a 1ª, mas que acabam sendo englobados no diagnóstico de febre tifoide, apesar de na verdade serem febre paratifoide.

A infecção por Salmonella levando a um quadro de febre tifoide é pre-valente por todo o mundo, sendo obviamente associada a piores condi-ções de saneamento básico e higiene de alimentos. A característica de longa sobrevivência dessa bactéria facilita a presença em surtos epidê-micos relacionados a alimentos contaminados. Também pode ocorrer sobrevivência em alimentos congelados.

Figura 2 - Mapa de transmissão de febre tifoide pelo mundo, com estratificação em riscos baixo, médio e alto. As precárias condições de higiene na população são a causa mais frequente dessa infecção, justificando sua ocorrência alta nos países especificados

2. Ciclo e transmissão O ciclo de transmissão da febre tifoide se inicia quando as bactérias inva-dem o interstício celular a partir da invasão intes-tinal. Essa é uma carac-terística interessante da Salmonella typhi: a capa-cidade de transpor a bar-reira intestinal. O período de incubação é de 1 a 3 se-manas (média de 12 dias), sendo definido como o pe-ríodo desde a ingestão da bactéria até o surgimento da febre. Figura 3 - Ciclo da S. typhi

DicaA Salmonella typhi tem a

capacidade de transpor a barreira intestinal e

invadir o interstício celular.

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QUESTÕES

Cap. 1 - Principais antimicrobianos .............................211

Cap. 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ........211

Cap. 3 - Hanseníase .........................................................212

Cap. 4 - Dengue ................................................................212

Cap. 5 - Febre amarela ...................................................214

Cap. 6 - Hepatites virais .................................................215

Cap. 7 - Leptospirose ...................................................... 217

Cap. 8 - Malária .................................................................218

Cap. 9 - Febre tifoide ......................................................218

Cap. 10 - Ebola ...................................................................218

Cap. 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) ......219

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Principais antimicrobianos ............................221

Cap. 2 - Imunizações e terapia pós-exposição .......221

Cap. 3 - Hanseníase ........................................................ 224

Cap. 4 - Dengue ............................................................... 224

Cap. 5 - Febre amarela .................................................. 225

Cap. 6 - Hepatites virais ................................................ 226

Cap. 7 - Leptospirose ......................................................227

Cap. 8 - Malária .................................................................227

Cap. 9 - Febre tifoide ..................................................... 228

Cap. 10 - Ebola .................................................................. 228

Cap. 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) .....228

Índice

As questões INEP e UFMT, que compõem a maior parte dos testes utilizados neste volume, foram extraídas de provas de revalidação. Por isso, nos casos de temas ainda não abordados ou pouco explorados nas provas do Revalida, selecionamos questões de Residência Médica como complemento de estudo.

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sQuestõesInfectologia

Principais antimicrobianos

2016 - SANTA CASA-BH1. Um paciente etilista, internado em hospital do interior devido a quadro de pneumonia aspirativa após convul-são por abstinência alcoólica, no 15º dia de internação evoluiu com insufi ciência respiratória com necessidade de ventilação mecânica. Foi observada celulite no braço direito, e foram colhidas culturas do aspirado traqueal e hemoculturas. O paciente foi transferido para a capital no 18º dia, e você o admitiu. O relatório de transferência dizia que, no aspirado traqueal, cresceu Klebsiella pneu-moniae com sensibilidade apenas para carbapenêmicos; na hemocultura, cresceu Staphylococcus aureus em 3 amostras com sensibilidade a oxacilina. A tomografi a de tórax, por sua vez, apontou imagem sugestiva de abs-cesso pulmonar. Considerando o caso clínico descrito, assinale a alternativa que apresenta o melhor esquema antibiótico para esse paciente: a) meropeném, oxacilina e clindamicina b) meropeném e clindamicina c) meropeném d) meropeném e oxacilina

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - FJG2. Um homem de 42 anos, lavrador, relata tosse produ-tiva, febre diária e perda ponderal há 5 meses. A radio-grafi a de tórax mostra opacidades difusas nos campos médios e inferiores pulmonares, bilateralmente, e linfa-denomegalia mediastinal. O exame a fresco de escarro mostrou estruturas circulares, com membrana refrin-gente e brotamento lateral. A conduta mais adequada, neste momento, é:a) tratar com itraconazol por 6 mesesb) tratar com ceftriaxona intravenosa por 10 diasc) solicitar cultura do escarro e tratar com cetoconazold) solicitar pesquisa de BAAR no escarro e PPD antes de

tratar

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

Imunizações e terapia pós-exposição

2011 - INEP - REVALIDA3. Uma médica, durante plantão em serviço de emergên-cia, atendeu um paciente com múltiplas lesões no antebra-ço direito, vítima de mordedura de cão, que ocorrera há 3 horas. O acidente ocorreu na rua, mas o dono do animal foi identifi cado. O caso deverá ser conduzido por ela de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, que recomenda:a) iniciar o esquema de vacinação e observar o animal

por 10 diasb) aplicar o soro antirrábico e a vacina por 10 diasc) observar o cão durante 10 dias após a exposição, para

iniciar a vacinação antirrábicad) aplicar soro antirrábico (dose única) no 10º dia de

observação do animale) sacrifi car o animal imediatamente para evitar conta-

minação

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2013 - INEP - REVALIDA4. Um adolescente com 15 anos, estudante, sofreu ata-que por mordedura de cão há 2 horas. O cão é da raça Rottweiler, faz parte do meio familiar (pertencente ao pai do garoto) e não apresenta sinais de alteração no comportamento. O paciente apresentava, à admissão, múltiplas e extensas lacerações em face (regiões fron-tal, glabelar, nasal e periorbitária esquerda), com desco-lamento parcial da orelha esquerda, acompanhadas de lesões menos perfurantes em membros superiores. Os demais aspectos do exame físico eram normais. O pa-ciente não tem antecedentes patológicos e desconhece a sua situação vacinal. Sobre o caso, responda as seguin-tes questões:a) Qual deve ser a abordagem inicial da ferida?b) O paciente necessita de profi laxia para o tétano? Em

caso afi rmativo, o que deve ser prescrito?c) O paciente necessita de antibioticoterapia? Em caso

afi rmativo, como deve ser a prescrição?d) O paciente necessita de profi laxia para raiva? Em caso

afi rmativo, como deve ser a prescrição?

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Page 13: INFECTOLOGIA VOL. 2 › medcel.admin... · das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Programa de Residência Médica em Infectologia

ComentáriosInfectologia

Principais antimicrobianos

Questão 1. Analisando as alternativas:a) Incorreta. O meropeném já faz cobertura para estafi lococo multissensível. Também é a droga de esco-lha para Klebsiella produtora de betalactamase de es-pectro estendido (ESBL), que é a descrição da questão. Por último, tem boa penetração em abscesso pulmonar, com cobertura contra anaeróbios de boca (como o Pep-tostreptococcus), que costumam causar esses abscessos. Por este motivo, apenas o meropeném seria sufi ciente. b) Incorreta. A clindamicina não é necessária quando já se está usando meropeném para o abscesso pulmonar (anaeróbios) e para o estafi lococo do sangue multissen-sível.c) Correta. Conforme já explicado na alternativa “a”, nes-sa situação o meropeném consegue fazer o tratamento para todas as enfermidades descritas.d) Incorreta. A oxacilina é um betalactâmico com melhor resposta para o tratamento de estafi lococos quando es-tes são sensíveis a ela. Entretanto, na questão descrita, como o meropeném é obrigatório para o tratamento do abscesso pulmonar e da Klebsiella demonstrada, ele pode ser usado sozinho, pois trata também o estafi loco-co multissensível nesse caso. Gabarito = C

Questão 2. Analisando as alternativas:a) Correta. A descrição da questão é de um fungo, por conta do brotamento lateral e das estruturas circulares.

O mais provável é que seja paracoccidioidomicose (ape-sar de histoplasmose não ser totalmente descartada). O fato de o paciente ser lavrador e ainda ter padrão pulmonar com opacidades difusas em campos médios e inferiores pulmonares reforça o diagnóstico de paracoccidioidomicose. Neste caso, o uso de itraconazol é a droga de escolha (fl uconazol não tem ação contra nenhum dos 2).b) Incorreta. A ceftriaxona conseguiria tratar uma pneu-monia bacteriana por pneumococo, mas não uma infec-ção fúngica. c) Incorreta. Cetoconazol não é indicado para o trata-mento de nenhuma micose sistêmica. Além disso, a pes-quisa do fungo no escarro pode dar falso positivo com fungos colonizantes de boca, como a Candida.d) Incorreta. A descrição do escarro não mostra nenhum sinal de infecção por micobactérias. Além disso, o pa-ciente não possui cavitação e sim opacifi cação, o que não exclui tuberculose, mas reforça outros diagnósticos, como o de infecção fúngica. Gabarito = A

Imunizações e terapia pós-exposição

Questão 3. O tipo de acidente descrito é grave, pois exis-tem muitas lesões. Entretanto, o animal pode ser obser-vado. Neste caso, deve ser iniciado o esquema com vaci-nação e aguardar 10 dias. Se o animal adoecer ou morrer deve ser feito o soro e completar o esquema. Se estiver bem com 10 dias, suspende-se o esquema de 10 dias de vacinação.

Infe

ctol

ogia

Com

entá

rios

Agentes e situações possíveis

Tipo de exposiçãoCão ou gato sem suspeita de

raiva no momento da agressão

Cão ou gato clinicamente suspeito de raiva no momento da

agressão

- Cão ou gato raivoso, desaparecido ou morto;

- Animais silvestres (inclusive os domiciliados);

- Animais domésticos de interesse econômico ou de

produção.

Contato indireto - Lavar com água e sabão;- Não tratar.

- Lavar com água e sabão;- Não tratar.

- Lavar com água e sabão;- Não tratar.