luiz carlos fadel de vasconcellos maio 2011

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O controle social e os O controle social e os desafios dos sindicatos e desafios dos sindicatos e dos movimentos sociais na dos movimentos sociais na defesa da saúde dos defesa da saúde dos trabalhadores trabalhadores Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011 Maio 2011

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O controle social e os desafios dos sindicatos e dos movimentos sociais na defesa da saúde dos trabalhadores. Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

O controle social e os desafios O controle social e os desafios dos sindicatos e dos movimentos dos sindicatos e dos movimentos sociais na defesa da saúde dos sociais na defesa da saúde dos

trabalhadorestrabalhadores

Luiz Carlos Fadel de VasconcellosLuiz Carlos Fadel de Vasconcellos

Maio 2011Maio 2011

Page 2: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Durante a Revolução Industrial, no início do

século XIX, o direito trabalhista surge pois

a ausência de regras contratuais entre

trabalho e capital levava a exploração

ilimitada do corpo trabalhador, colocando

em risco o próprio desenvolvimento do

capitalismo industrial.

Page 3: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A luta pela saúde no trabalho desenvolvida pelos

trabalhadores tem duas vertentes.

Uma, a luta pela saúde de forma indireta, inespecífica,

cujo objeto da reivindicação se situa nas condições

salariais e de relações de trabalho, em que a questão

do risco à saúde não é pautada em sua especificidade.

Outra, a luta pela saúde de forma explícita, direta,

específica, em que a questão do risco à saúde é a

prioridade

da agenda de reivindicações.

Page 4: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

O primeiro movimento mais organizado de

luta dos trabalhadores foi contra as

máquinas,

em 1811, na Inglaterra.

O ludismo surge como um movimento que

ganha expressão por sua reação contrária à

mecanização do trabalho.

Page 5: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Os “quebradores de máquinas”, luditas,

tinham como argumento para as invasões

das fábricas e destruição das máquinas a

substituição da mão de obra, as extensas

jornadas de trabalho e a concorrência

econômica das fábricas mecanizadas com o

trabalho artesanal.

Page 6: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Em 1812, o Parlamento Inglês aprova uma

lei que condenava à morte os quebradores

de máquinas, fato que acabou acontecendo

no mesmo ano.

O movimento perdeu força e deu lugar a

novas formas de manifestação. (Huberman, 1984; Borges, 2006)

Page 7: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Em 1825, a União dos Fiadores de

Algodão é criada em Manchester, na

Inglaterra, representando o que parece

ter sido o primeiro sindicato organizado

com o caráter que conhecemos hoje. (Giannotti, 2007)

Page 8: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Nos primórdios do sindicalismo, o caminho

trilhado era o da luta pela expansão do direito

do trabalho,

que seria o instrumento capaz de diminuir a

exploração do trabalho.

Conquistas alcançadas em contextos

geopolíticos específicos consolidavam o direito

do trabalho como superestrutura política

tampão dos conflitos sociais.

Page 9: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

O surgimento de ideologias políticas que vão

mudar a face do mundo, ao longo do século XIX,

impulsionam o sindicalismo no mundo

industrializado.

A luta por melhores condições

de trabalho se vincula à luta política pela

transformação do Estado Capitalista.

Page 10: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Desde 1829 havia uma luta

pela jornada de oito horas de

trabalho.

Page 11: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

1º. de Maio de 1886

oito horas para o trabalho,

oito horas para o sono e

oito horas para a casa

Page 12: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A Federação Americana do Trabalho, de

origem anarco-socialista, em seu 4º Congresso

decidiu que a partir de 1º de maio de 1886 a

duração da jornada de trabalho passaria a ser

legalmente de oito horas. Caso a reivindicação

não fosse acatada, os trabalhadores fariam

uma greve geral.

Page 13: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A grande imprensa rotulava o movimento

operário pelas oito horas de trabalho como

“indigno e desrespeitoso”, “delírio de

lunáticos pouco patriotas”, e dizia que pedir

isso era “o mesmo que pedir que se pague

um salário sem cumprir nenhuma hora de

trabalho”.

Page 14: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

O Chicago Tribune assinalava:

“O chumbo é o melhor alimento para

os grevistas. A prisão e os trabalhos

forçados

são a única solução possível

para a questão social.”

Page 15: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Chicago Tribune, de 23/11/1875:

“Todos os postes de luz de Chicago

serão decorados com o esqueleto de

um socialista, se é necessário, para

evitar que se propague o incêndio e

para prevenir qualquer

tentativa subversiva.”

Page 16: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Chicago, 1º de maio de 1886, 200 mil

trabalhadores iniciam a greve, e outros

200 mil ameaçam parar. As

mobilizações se seguiram nos dias 2 e 3

de maio.

Page 17: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

1ª foto

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Page 18: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A repressão violenta culminou com

várias mortes, prisões e o

enforcamento

de alguns líderes.

No final do mesmo mês de maio alguns

setores patronais adotaram a jornada

de 8 horas de trabalho.

Page 19: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://passapalavra.info/wp-content/uploads/2009/04/haymarket.jpg&imgrefurl=http://passapalavra.info/%3Fp%3D3162&usg=__CWI_iD9_jRo_pq9Ugysk0c0N95A=&h=303&w=450&sz=48&hl=pt-BR&start=0&zoom=1&tbnid=7kiIPSBQwFWHcM:&tbnh=144&tbnw=226&ei=w9G9TbaWDo2dgQeKp8mWBw&prev=/search%3Fq%3D1o%2Bde%2Bmaio%2Bde%2B1886%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D606%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=707&vpy=100&dur=3011&hovh=184&hovw=274&tx=62&ty=206&page=1&ndsp=13&ved=1t:429,r:3,s:0

Page 20: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

No Congresso Operário Socialista da Segunda

Internacional, celebrado em Paris em 1889,

o 1º de maio passou a ser uma jornada de luta

reivindicativa e de homenagem aos

Mártires de Chicago,

sindicalistas anarquistas e socialistas.

Nos Estados Unidos não se celebra

o dia do trabalho nesta data.

Page 21: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Dia Internacional da Mulher. Durante a II

Conferência Internacional de Mulheres,

realizada na Dinamarca, em 1910, foi

proposto o dia 8 de março como data

oficial declaratória, décadas depois sendo

oficializada pela Organização das Nações

Unidas (ONU).

Page 22: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Uma greve numa fábrica de tecidos no dia 8 de

março de 1857, em Nova Iorque, desencadeada

por mulheres operárias, encaminhava como

reivindicações a redução da jornada de trabalho

de 14 para 10 horas, a equiparação salarial aos

homens (as mulheres chegavam a receber

apenas 1/3 do salário masculino nas mesmas

atividades), licença maternidade, e condições

de trabalho menos degradantes.

Page 23: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Reprimidas brutalmente pela polícia, as

operárias buscaram refúgio na própria

fábrica, onde foram trancafiadas e, em

seguida, incendiadas. As 129 mulheres

operárias que estavam no interior da

fábrica morreram queimadas.

Page 24: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/_FpKCNyay7NQ/S5WrktftARI/AAAAAAAAACI/lKQ7kagA1GI/s320/Dia_da_Mulher_2.jpg&imgrefurl=http://blogdoactual.blogspot.com/2010_03_01_archive.html&usg=__mwjTMcbZ8cvRNDVPqugRn4Yqww4=&h=217&w=320&sz=27&hl=pt-BR&start=159&zoom=1&tbnid=RTbi1t6VhXj9DM:&tbnh=132&tbnw=179&ei=ntq9Tc7ZL4HPgAfM-IzrBA&prev=/search%3Fq%3D8%2Bde%2Bmar%25C3%25A7o%2Bde%2B1857%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DX%26biw%3D1021%26bih%3D606%26tbm%3Disch0%2C5367&itbs=1&iact=hc&vpx=243&vpy=293&dur=2902&hovh=173&hovw=256&tx=141&ty=98&page=12&ndsp=15&ved=1t:429,r:11,s:159&biw=1021&bih=606

Page 25: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

As primeiras lutas sindicais

brasileiras

Page 26: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Lutas operárias brasileiras anteriores ao 1º de maio de 1886 –

greves e manifestações políticas por direitos

1791 - Rio de Janeiro - Oficinas Casa Armas Marinha Imperial1815 - Recife - Pescadores1854 - Rio de Janeiro - Ferroviários primeira estrada de ferro

Barão de Mauá1858 - Rio de Janeiro - Gráficos (conquistaram a impressão do

Jornal dos Tipógrafos)1863 - Rio de Janeiro - Ferroviários 1877 - Santos - Portuários (criada a Sociedade União Operária)1881 - Ceará - Jangadeiros recusam-se a transportar escravos

Page 27: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Lutas operárias brasileiras posteriores ao 1º de maio de 1886 – greves e manifestações políticas por direitos

1890 - São Paulo - Tentativa de criação de um partido operário 1891 - São Paulo - Edição de número único do jornal 1º de Maio1891 - Pernambuco - Projeto legislativo pela jornada de oito horas1892 - R. Janeiro - Tentativa de criação de um partido socialista1894 - São Paulo - Prisão de anarquistas e socialistas que realizaram a 2ª

Conf. Socialistas Brasileiros, aprov. resol. da Internacional p/ o 1º de maio1895 - Santos - Primeira comemoração do 1º de maio pelo Centro

Socialista1898 - São Paulo - Mobilização anarquista 10 cidades SP pelo 1º de maio1901 - R. Janeiro - Greve de trabalhadores de pedreiras pelas oito horas1903 - Brasil - Greves generalizadas pelas oito horas

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Lutas operárias brasileiras posteriores ao 1º de maio de 1886 – greves e manifestações políticas por direitos

1906 - R. Janeiro - Congresso da Federação Operária R. Janeiro, associações e sindicatos de vários estados, aprovando que “Em 1º de maio de 1907 se faça uma greve pelas oito horas”

1906 - Jundiaí - Greve ferroviários, duas semanas, pelas 8 horas é reprimida. A força pública fere centenas e mata 12 trabalhadores

1907 - São Paulo - Manifestação operária Praça da Sé em 1º de maio. Ocupação policial. Greve generalizada na capital e cidades vizinhas

1907 - R. Janeiro - Leis repressivas aos trabalhadores, como a deportação de “agitadores” brasileiros para o Oiapoque e a expulsão de estrangeiros (Lei Adolfo Gordo)

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Lutas operárias brasileiras posteriores ao 1º de maio de 1886 – greves e manifestações políticas por direitos

1907 - Porto Alegre - Greve geral conquista nove horas 1908 - R. Janeiro - Paralisação Companhia de Gás 5 dias com

blackout na cidade1908 - R. Janeiro - Anarquistas e socialistas fazem oposição à

tentativa do governo e dos patrões para transformar o 1º de maio em feriado e esvaziar os movimentos

1912 - Minas Gerais - Diversas e longas greves1917 - São Paulo - Greve geral um mês contra a “carestia de

vida”. Os grevistas ocupam acessos à cidade, da distribuição de alimentos e da organização urbana

Page 33: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Lutas operárias brasileiras posteriores ao 1º de maio de 1886 – greves e manifestações políticas por direitos

1919 - R. Janeiro - Em 1º de maio, mais de 60 mil grevistas (cerca de 10% da população da capital) exigem as oito horas ao som de “A Internacional”

1919 - Recife; Porto Alegre - Greves insurrecionais (barricadas, mortos, feridos e presos)

1919 - Salvador - Greve geral pelas oito horas 1924 - Brasil - Sem as oito horas, comunistas, socialistas e anarquistas

continuam as comemorações de luta no dia dos trabalhadores1929 - R. Janeiro - 20 mil pessoas na Praça Mauá comemoram o 1º de maio,

lideradas pelo Partido Comunista, que continuava na ilegalidade1930 - R. Janeiro - Tentativa de ato público em 1º de maio na Praça Mauá é

reprimida e dissolvida com violência e prisões.

Page 34: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A Voz do Trabalhador (da COB, anarquista) – o mais importante periódico da imprensa operária – defendia a

redução da jornada de trabalho para 8 horas, relacionando-a com a preservação da saúde.

O caráter cientificista do anarquismo brasileiro explicava a fisiopatogenia da fadiga e suas consequências para a

saúde, como a associação com a frequência de acidentes de trabalho e com a morte prematura,

descrevendo experimentos animais que comprovavam que o organismo submetido ao trabalho extenuante

produzia substâncias tóxicas. (Fausto, 1977; Soares, 1985, p. 82)

Page 35: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

As ações políticas e atividades sindicais do

anarquismo no Brasil, no começo do século XX,

foram fundamentais para a fixação de alguns

dos direitos trabalhistas individuais

e coletivos atualmente vigentes.

Na raiz destes direitos estão

as greves entre 1900 e 1917.(Mendes, 2009)

Page 36: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A Lanterna1º de Maio de

1916

Page 37: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

O cenário de greves se mantém em 1920, mas surgem novos atores: os sindicalistas

católicos, também chamados de “amarelos”. Dispostos a negociar com os patrões, aceitando acordos muito aquém das

reivindicações, agiam contra as greves e levaram

ao fracasso muitas lutas. (Giannotti, 2007, p. 71)

Page 38: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Em 1924, para desmobilizar os movimentos

reivindicatórios, o governo decreta feriado

em 1º de maio.

Mas, somente a partir de 1932 (Decretos

21.186 e 21.364, de 22 de março e 4 de

maio), é decretada, apenas para os

trabalhadores urbanos do comércio e da

indústria, a jornada de oito horas. (Sicon, 2010; Giannotti, 2007)

Page 39: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Na década de 1920, pela “necessidade” de combater

a União Soviética – inimiga universal do capitalismo –,

iniciativas pontuais no sentido de conciliar dissídios

entre empregados e empregadores são tomadas,

como a criação dos “Tribunais Rurais”, em São Paulo,

em 1922, e do

“Conselho Nacional do Trabalho”, em 1923.

Outra ação limitada, atendendo a demandas

específicas,

foi a instituição das Caixas de Aposentadoria e

Pensões

(Lei Eloy Chaves), em 1923, para os ferroviários e,

em seguida, para outras categorias profissionais.

Page 40: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

- Criação da Organização Internacional do Trabalho (1919)- Criação da Organização Internacional do Trabalho (1919)

- Perda gradativa do referencial anarquista- Perda gradativa do referencial anarquista

- Partido Comunista criado e logo colocado na ilegalidade- Partido Comunista criado e logo colocado na ilegalidade

- Sindicatos amarelos católicos, sob inspiração da Encíclica - Sindicatos amarelos católicos, sob inspiração da Encíclica

Rerum Novarum, do Papa Leão XIII Rerum Novarum, do Papa Leão XIII

- Primeiras concessões trabalhistas e previdenciárias- Primeiras concessões trabalhistas e previdenciárias

Da Greve de 1917 a 1930Da Greve de 1917 a 1930

Page 41: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

A ERA VARGAS

Algumas semanas após sua posse, ainda em 1930,

o governo revolucionário de Getúlio Vargas cria o

Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio

(MTIC) para “concretizar o projeto do novo regime

de interferir sistematicamente no conflito entre

capital e trabalho”.

(FGV, 1997)

Page 42: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Logo, foram editadas leis referentes à organização

sindical, como

o Decreto 19.770, de 19 de março de 1931 (Lei de

Sindicalização),

e a direitos trabalhistas, mas o ministro explicitava

publicamente

sua concepção de que os sindicatos eram instrumentos de

mediação de conflitos entre patrões e empregados e

visava a

seu controle pelo Estado. De um lado, buscava atender

às demandas históricas do proletariado; de outro, pregava

a ideologia de que o Estado concederia os direitos

trabalhistas

como dádiva aos trabalhadores.

(Sicon, 2010)

Page 43: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Getúlio Vargas, em pleno regime ditatorial do

Estado Novo, inaugura a Justiça do Trabalho

no dia

1º de maio de 1941 (Decreto 6.596 -

12/12/1940),

e, em 1943, cumprindo promessa de

campanha, promulga, também em 1º de

maio, a Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT), através do

Decreto-Lei 5.452.

Page 44: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Legenda da Folha: "Getúlio Vargas participa das comemorações do dia do Trabalho, em 1º de maio de 1944, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo" (crédito: CPDOC / Fundação Getúlio Vargas).

Page 45: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Características do período pós-Vargas até o Golpe Militar Brasileiro (1954-1964)

- Social-democracia / welfare state - manutenção do capitalismo e concessão aos trabalhadores, p/ evitar revoluções comunistas

- Influência da Guerra Fria partidarizando o movimento sindical

- Organização dos trabalhadores camponeses

- Luta dos sindicatos comunistas pelas reformas de base

- Criação da central sindical (Comando Geral dos Trabalhadores),

em 1962

- Em 1962, as Ligas Camponesas e a organização sindical rural são

legalizadas, e em 1963 é criada a Confederação Nacional dos

Trabalhadores Agrícolas - Contag.

Page 46: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

No período desenvolvimentista dos anos JK, as incontáveis greves do operariado sob influência de

comunistas, levou os Estados Unidos a atuarem diretamente no movimento sindical, através

do Instituto Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre (Iadesil).

O Iadesil, órgão da Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (CIOSL), treinou 30 mil

dirigentes sindicais em cursos de formação sindical, que, na verdade, preparava-os para a adesão ao futuro golpe

militar de 1964.(Giannotti, 2007)

Page 47: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Fonte: JB online. O último comício de Jango. Disponível em: <http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=7515>; captado em: 29-5-2010.

Sexta-feira 13 de Março de 1964

Page 48: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

O Silêncio dos O Silêncio dos MovimentosMovimentos

Page 49: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

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Page 50: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

As lutas pela saúde enquanto

prioridade da agenda de

reivindicações

Page 51: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Fatos marcantes na luta pela saúde do Fatos marcantes na luta pela saúde do

trabalhador no Brasiltrabalhador no Brasil

- O Movimento pela Reforma Sanitária- O Movimento pela Reforma Sanitária

- A influência do Modelo Operário ItalianoA influência do Modelo Operário Italiano

- A A criação em São Paulo, em 1979, da Cisat (Comissão

Intersindical de Saúde do Trabalhador), que foi responsável

pela organização das primeiras Semsat (Semanas de Saúde do

Trabalhador) ainda em 1979 e pela criação, em 1980, do Diesat

(Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e

dos Ambientes de Trabalho)

Page 52: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Intercâmbio estabelecido entre técnicos, sindicalistas

brasileiros e italianos, iniciado com a vinda de

Giovanni Berlinguer ao Brasil, em 1978, ajuda a

disseminar a proposta do MOI, método de intervenção

contra a nocividade do trabalho desenvolvido pelos

operários italianos, apoiados por técnicos militantes,

no final dos anos 1960, sendo pilar importante na

implantação do Sistema Nacional de Saúde como

parte da Reforma Sanitária Italiana e que terá

influência sobre técnicos e dirigentes sindicais

brasileiros atuantes em Saúde do Trabalhador.

(Lacaz, 2007, p. 762.)

Page 53: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.diesat.org.br/images/livros/insalubridade_morte_lenta_n.jpg&imgrefurl=http://www.diesat.org.br/livros.asp&usg=__uOIWYrQEzBHolpSDtraiO_QzsFc=&h=180&w=122&sz=6&hl=pt-BR&start=0&zoom=0&tbnid=UbpzKDMKHXoN4M:&tbnh=101&tbnw=68&ei=DLe-TZT5B8HJgQeHkoCPBw&prev=/search%3Fq%3DDiesat%2B-%2Bmorte%2Blenta%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG%26biw%3D1021%26bih%3D606%26gbv%3D2%26tbm%3Disch&itbs=1&iact=hc&vpx=142&vpy=146&dur=1997&hovh=101&hovw=68&tx=96&ty=127&page=1&ndsp=15&ved=1t:429,r:0,s:0

1984

1989

Page 54: Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos Maio 2011

Algumas lutas pela saúde relatadas no livro Insalubridade – Morte Lenta no Trabalho

- Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), que desencadeou a luta mais sistematizada contra a exposição ao benzeno no Brasil- Ferro Enamel (exposição ao chumbo) – “A greve na Ferro Enamel representa um marco na história das lutas trabalhistas, por ter sido a primeira organizada no Brasil em protesto contra condições insalubres de trabalho” (Rebouças et al., 1989, p. 113) - Indústrias Químicas Matarazzo - exposição ao benzeno na fabricação de BHC- Indústrias Químicas Eletrocloro (Grupo Solvay do Brasil) - contaminação por mercúrio- Volkswagen - exposição ao ruído

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Divergências na Intersindical, especialmente

relacionados a um financiamento italiano levaram

ao surgimento

do Instituto Nacional de Saúde e Trabalho (INST)

da CUT.

Gazeta Mercantil, de 26/09/1990, dizia:

“aconteceram divergências políticas e de

concepção do projeto entre a CUT e o DIESAT,

ocasionando a separação, e a CGIL fechou o

acordo somente com a CUT”. (Pereira, 2001, p. 92)

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A luta dos trabalhadores influenciou o movimento,

que corria em paralelo, naqueles anos de

afirmação da área de saúde do trabalhador no

campo da saúde pública, com a criação de

programas de saúde do trabalhador na rede

pública de saúde, e o movimento organizado dos

trabalhadores, nesse período, foi um fator de

consolidação da área de saúde do trabalhador no

SUS.

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Movimento Sindical e Controle Social em Saúde do Trabalhador

- Fatos Marcantes -

- ST na Constituição Federal/1988

- Leis 8.080/90 e 8.142/90 - Direito à Recusa / Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST)

- Conferências de Saúde do Trabalhador - 1986 / 1994 / 2005

- Portaria 3.120/1998 - Vigilância em Saúde do Trabalhador

- RENAST e exigência de CIST

- Algumas lutas - Benzeno, Amianto, Silicose, LER-DORT, Trabalho Infantil, Servidor Público, Agrotóxico e Agronegócio

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Os desafios em quatro tempos

O tempo do movimento sindical

- A divisão do movimento sindical em matéria de saúde no

trabalho

- A saúde como questão secundária na agenda de reivindicações

- A aceitação pacífica do direito trabalhista

- A consolidação da monetarização do risco, inclusive com

respaldo constitucional

- O distanciamento das propostas de vanguarda, a exemplo do

MOI

- A ocupação do aparelho de Estado renegando as lutas antigas

- A baixa qualificação de quadros em matéria de saúde

- ET CETERA

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Os desafios em quatro tempos

O tempo do controle social do SUS

- O corporativismo dos conselhos

- A baixa participação sindical nos conselhos

- A ausência de formação dos conselheiros em saúde-trabalho-

direito

- A baixíssima representatividade das CIST pelo Brasil adentro

- O não reconhecimento da centralidade da categoria trabalho

como determinante fundamental

- A agenda hospitalocêntrica predominante

- ET CETERA

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Os desafios em quatro tempos

O tempo do SUS e a Saúde do Trabalhador

- O não reconhecimento da centralidade da categoria trabalho

como determinante social fundamental em saúde

- A agenda hospitalocêntrica predominante

- O SUS como sistema não sistêmico

- A Renast como uma rede que não é rede

- A ausência de diálogos do SUS com os movimentos

- A incapacidade do SUS de se inserir no debate dos processos

produtivos

- ET CETERA

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Os desafios em quatro tempos

O tempo das instituições formadoras acadêmicas

- O não reconhecimento da centralidade da categoria trabalho

como determinante social fundamental em saúde

- O distanciamento entre a produção de conhecimentos e o agir

político

- A prioridade da produção acadêmica de artigos científicos

herméticos

- A ausência de diálogos com os movimentos

- A desconstrução gradativa do ensino e da extensão, por não se

inserirem em critérios de produtividade

- ET CETERA

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Se os direitos conquistados não foram um

presente mas

o resultado de uma conquista de anos de lutas

da classe operária brasileira, fruto de duzentos

anos de greves, manifestações, barricadas,

levantes, revoluções e sangrentos sacrifícios da

classe operária mundial, e todo o

direito que nos foi legado foi fruto de uma

permanente

mobilização e luta renhida dos trabalhadores,

há algo muito desafiante para que a gente mais

avance.

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Fonte primária do texto: Saúde, Trabalho e Direito – uma trajetória crítica e a crítica de uma trajetória (2011). Vasconcellos, LCF e Oliveira, MHB (org). Rio de Janeiro: UCAM (no prelo).

Referências Bibliográficas- Borges, Altamiro (2006). Origem e papel dos sindicatos. I Módulo do Curso Centralizado de Formação Política da

Escola Nacional de Formação da Contag. Brasília, 14 a 25 de agosto de 2006, Contag. Disponível em:<http://www.contag.org.br/imagens/f762origemepapeldossindicatosAltamiroBorges.pdf>; captado em: 4-5-2010

- Fausto, Boris (1977). Trabalho urbano e conflito social. Rio de Janeiro, Difel-Difusão Editorial S.A.- FGV – Fundação Getúlio Vargas (1987). Dicionário de ciências sociais. 2ª ed. Rio de Janeiro, Editora da Fundação

Getúlio Vargas.- Giannotti, Vito (2007). História das lutas dos trabalhadores no Brasil. Rio de Janeiro, Mauad X.- Huberman, Leo (1984). História da riqueza do homem. 20ª ed. Rio de Janeiro, Zahar. - Lacaz, Francisco Antonio de Castro (2007). O campo saúde do trabalhador: resgatando conhecimentos e práticas

sobre as relações trabalho-saúde. Cadernos Saúde Pública, v. 23, n. 4, p. 757-66.- Mendes, Mauricio Matos (2009). A Experiência anarquista no Brasil: reflexos das greves de 1917 na Câmara dos

Deputados. Monografia. Curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do Legislativo. Brasília, Centro de Formação da Câmara dos Deputados.

- Pereira, Olga Estefania Duarte Gomes (2001). Conhecimento e ação em saúde do trabalhador no sindicalismo brasileiro: estudo sobre a trajetória do Departamento Intersindical de Estudos de Saúde e dos Ambientes de Trabalho – Diesat e do Instituto Nacional de Saúde no Trabalho – INST. Dissertação de mestrado. Curitiba, Universidade Federal do Paraná.

- Rebouças, José de Arruda et al. (1989). COSIPA – Calor, Ruído e Benzeno no dia-a-dia dos trabalhadores. In: Rebouças, José de Arruda et al. Insalubridade: morte lenta no trabalho – A insalubridade no Brasil. São Paulo, Oboré Editorial.

- Sicon (2010). Sistema de Informações do Congresso Nacional do Brasil. Disponível em:<http://www6.senado.gov.br/sicon/ExecutaPesquisaLegislacao.action>; captado em: 5-3-2010.

- Soares, Vanda D’Acri (1985). Os trabalhadores e a questão da saúde: 1890-1920. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro, ENSP-Fiocruz.

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Obrigado

e um abraço,

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