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DESENHOS CIDADES DESEJOS

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Elaine Schmidlin

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Desenhos cidades desejos / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine

Schmidlin ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São

Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 113)

Foco: CT-A-1/2006 Conexões Transdisciplinares

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-97-0

1. Artes - Estudo e ensino 2. Cidades 3. Desenho 4. Estética do cotidiano

I. Schmidlin, Elaine II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título

V. Série

CDD-700.7

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DVDDESENHOS CIDADES DESEJOS

Ficha técnica

Gênero: Documentário poético com produções de crianças,jovens e adultos.

Palavras-chave: Cidadania; tipos humanos; cidades; geogra-fia; meio ambiente; estética do cotidiano; códigos; arte comotestemunho; desenho.

Foco: Conexões Transdisciplinares.

Tema: Como resultado do projeto Oficina de desenho urbano,o documentário apresenta de forma poética as cidades, tendocomo base as produções de crianças, jovens e adultos, além deimagens visuais e textuais.

Desenhadores: Várias crianças e jovens.

Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental.

Direção: Alexandre França.

Realização/Produção: Universidade Federal de Uberlândia,Pró-Reitoria de Extensão, Culturas e Assuntos Estudantis –PROEX, Diretoria de Culturas - DICULT e Instituto de Geogra-fia – IG (projeto Oficina de desenho urbano: as crianças, osjovens e a cidade, concepção Lucimar Bello Pereira Frange eLuiz Gonzaga Falcão Vasconcellos).

Ano de produção: 2004.

Duração: 19’.

SinopseO documentário é resultado da segunda etapa do projeto Ofi-

cina de desenho urbano, coordenada pela artista plástica eprofessora Lucimar Bello Pereira Frange e pelo geógrafo, ur-banista e professor Luiz Gonzaga Falcão Vasconcellos, vincu-lados à Universidade Federal de Uberlândia – UFU/MG. Ima-

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gens, textos e desenhos estão agrupados em quatro temas:Diário das cidades; Cidades construídas; As cidades pelos

corpos de quem as habitam e As cidades se desenham.

Trama inventivaPonto de contato: conexão. Abertura para atravessar e ultrapas-sar saberes: olhar transdisciplinar. A arte se põe a dialogar, fazercontato, contaminar temáticas, fatos e conteúdos. Nessa inter-seção, arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora secomplementando, ora se tensionando; ora acrescentando um aooutro novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, comimagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, apolítica, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o inconsci-ente coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entretantas outras, permite que na cartografia se desloque odocumentário para o território das Conexões Transdisciplinares.

Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.

O passeio da câmeraNosso olhar é introduzido ao documentário por uma transição deimagens em composição texturizada e monocromática do cotidi-ano da cidade, tema da Oficina de desenho urbano que o produ-ziu. Imagens da cidade são contempladas por ângulos diversos,em momentos do amanhecer, entardecer e à noite, e introduzemo Diário das cidades acompanhadas de um texto poético. O temaCidades construídas vem a seguir. A partir de textos e rápidasimagens sobrepostas, a velocidade da cidade é abordada e o temaAs cidades pelos corpos de quem as habitam é introduzido.Apresentam-se também as faces de passantes da cidade, ven-dedores ambulantes, com ênfase em detalhes específicos, comoum sorriso, orelhas e mãos em posições diversas, articulandovozes e sons peculiares pela boca. Por fim, As cidades se dese-

nham apresenta desenhos de crianças de forma animada, comdepoimentos em locução que falam sobre a cidade em que vi-vem e a cidade que gostariam de construir.

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material educativo para o professor-propositor

DESENHOS CIDADES DESEJOS

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O documentário foi alocado em Conexões Transdisciplinares

e pode gerar entradas a muitos outros territórios, como vocêpode visualizar no mapa potencial.

Sobre o projeto Desenhos

Cidades DesejosSobre a cidade que você vive e a cidade que você gostaria de cons-

truir. Para mim, a cidade da vivência, do dia-a-dia, é a cidade da

turbulência e do sonho, não enquanto dimensões separadas, mas

enquanto potências de acontecimento.

Lucimar Bello Pereira Frange1

Para a artista plástica e professora Lucimar Bello PereiraFrange2 , que não acredita em concepções fechadas, desenhar“não é afirmar, é incorporar a dúvida”; “desenhar é encontrarvioletas escondidas e nesta trajetória construir um ato de co-nhecimento, não o conhecimento academizado, mas um conhe-cimento imaginado, um conhecimento virtual, imagizado, umainvenção imagizada.” É neste sentido que a oficina de dese-

nho urbano se oferece como um espaço de provocações,

de acontecimentos, de imaginação e desejo.

Depois de passados 3 anos e meio da sua primeira versão, odocumentário nos mostra os desdobramentos do projeto Ofici-

na de desenho urbano: as crianças, os jovens e a cidade nocerrado. O projeto é lançado em 30 de setembro de 2001 einiciado com a proposição para que jovens, adultos e criançasdesenhem a cidade que têm e a cidade que gostariam de cons-truir. Assim, olhar e perceber as cidades

é propor olhares tecidos e construídos nas culturas nas quais se

vive, em constante interação com seus “meios”, “nadando, mer-

gulhando e voltando à tona” em contínuos movimentos - proces-

sos adensados pelas inumeráveis histórias pessoais e coletivas.

Os locais escolhidos para serem registrados são trinta praças domunicípio de Uberlândia, sendo vinte e seis na cidade e quatro nassedes de cada um dos seguintes distritos: Cruzeiro dos Peixotos,Martinésia, Tapuirama e Miraporanga. Essa ação envolve a Uni-versidade Federal de Uberlândia – UFU/MG, através da Direto-

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ria de Culturas/DICULT, e dez Secretarias da Prefeitura Munici-pal. Resultam deste projeto 2.643 desenhos que são integradosao acervo do Museu Universitário de Arte/MUnA/UFU.

Em 2002, são confeccionados 20.000 postais, a partir de dezdesenhos produzidos pelos participantes, e editado um CD-ROM contendo as sínteses das solicitações afirmadas e torna-das visíveis pelos desenhos das pessoas, com idades variáveisentre três e oitenta anos, que habitam a cidade e os outrosquatro distritos do município de Uberlândia. No mesmo ano,também é publicado o livro Oficina de desenho urbano: dese-nhando e construindo a cidade no cerrado, reeditado em 2004,no formato de CD-ROM. Ele é escrito por cinqüenta pessoas,dentre coordenadoras e participantes do projeto, que transfor-mam suas conversas sobre os desenhos no livro que, posteri-ormente, gera o vídeo Desenhos Cidades Desejos, com cará-ter cultural e educacional3 , hoje transposto para DVD.

As imagens produzidas por Joelsio Gaspar, sob a coordenação daartista plástica e professora Lucimar Bello Pereira Frange e pelogeógrafo, urbanista e professor Luiz Gonzaga Falcão Vasconcellos,estão repletas de várias cidades deste Brasil, de vidas e vivênciasreconhecidas e identificadas por cada um de nós. Cidades imagi-nadas e desejadas que nos convocam para torná-las possíveis,pois: “somos seres desejantes, nos quais está presente e cons-tante – a falta, o vir-a-ser que permitirá uma existencialização, umaexperienciação, uma desejação permanente. A arte permite estamanifestação desejante de forma não-verbal”4 .

Os olhos da arteEu sou a manhã, a brisa que desperta as folhas, a luz que sacode e

renova os pensamentos. Cada dia que acorda, o cheiro do café, a

manteiga no pão, a caminhada na calçada, o ronco do avião. O céu,

o sol, o livro na mão. A mão do afago, a mão do troco, a mão do de-

senho. A linha do tempo, a linha do ônibus, a linha do poste, multidão,

solidão, estação.

Eu sou a tarde. Tento digerir construções, rodas, circuitos, rotas, ja-

nelas, panelas, janelas amarelas, janelas favelas, janelas escadas,

janelas tetos, por cima, ventosos espaços, por baixo, terrosos vazi-

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material educativo para o professor-propositor

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os. Pedras, raízes e rios cheios de completos complexos e infindáveis

simplismos. Respiro... Buzina, rádio novela, alarmes, sirene, Irene, Ilda,

Paulo, João, Irino, Irene e Cida, Meri, Maria, Mariana, Bruno, José e

Rodrigo. Amigo, parente e filho, costureira, pedreiro, doutor, balco-

nista, professor, gari, faxineira, estudante, artista.

Eu sou a noite, vejo cores distintas entre muros abstratos. Paredes,

tvs, ongs e chips, fontes luminosos e meios, receios descobertos, de-

vaneios, deitar, reclinar, encostar, relógio, tempo congelado, esquenta

e frita, água, vitamina, escrita, recado, falado, lembrado, brincar de-

pois do dever, comer depois do banho, chamar e ficar. Abrir o dormitó-

rio do sonho, entregar a chave para os que amam. Recolher o descanso

para os serenos. Eu sou jovem, homem, criança, idosos, mulher. Eu sou

negro de olho azul, cabelo cacheado, mãos de fada e lábios de açaí.

Eu sou o tempo vivido e desejo um futuro. Eu vejo as linhas na verti-

cal, tenho os braços abertos para quem se aproxima, escuto as falas

do que a mim confiam. Eu sou a cidade a desenhar outros caminhos,

construir outros personagens.

Em Diário das cidades

Manhãs cotidianas, vividas pelo cidadão comum que transita pelacidade, que experimenta o seu despertar, cujos sentidos multipli-cam possibilidades inventivas. Tardes em permanente mobilida-de, nunca estáticas. Conexões e contradições da cidade entre osmais diversos respiros e sons. A singularidade de cada transeun-te, as pessoalidades na diversidade de grupos sociais, gêneros,graus de parentesco, familiaridade e formação profissional, sedesvelam tecidas no social. Noites iluminadas em devaneios, emtempos congelados, entre aqueles que descansam e aqueles quese movimentam no ritmo da cidade que também não pára.

Ler a cidade e a produção de artistas, crianças e jovens,

com todos os sentidos atentos, nos possibilita compreendê-

la. Para Argan5 : “desde a antiguidade mais remota, a cidadeconfigurou-se como um sistema de informação e de comunica-ção, com uma função cultural e educativa”. Cada vez mais elase utiliza de múltiplos sistemas, mas nem sempre a ouvimos,nos comunicamos com ela e com os outros que nela habitam.

O que podemos perceber sobre o espaço geográfico, as condi-ções climáticas do ecossistema e os tipos humanos e suas rela-ções? Como lemos as políticas públicas, as culturas que nelaencontram seus nichos em fluxos contínuos e líquidos? Como a

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arte e a cultura têm participado de sua construção? Os depoi-mentos presentes no documentário testemunham o olhar deseres-desejantes, como atores sócio-políticos-culturais, quesonham com a justiça social, o acesso a bens culturais e educa-cionais, atentos às diferenças entre a cidade vivida e aquelasonhada por todos, entre “a cidade autoritária construída por umaracionalidade técnica e a sonhada sociedade mais solidária ondeo urbano seja manifestação de uma legítima democracia”.

Os caminhos tecidos pelos olhares pessoais e coletivos sobreo espaço das cidades provocam pensares. E, segundo LucimarBello Pereira Frange6 :

Pensar é “varinha de condão”, que permite, a partir de um enigma

não realizável, a criação de alguma coisa visível, e, às vezes,

verbalizável. O pensamento é um movimento que tem a capacidade

de afetar e ser afetado por um e pelo outro, é a capacidade de encon-

trar diferentes palavras e diferentes imagens.

O passeio dos olhos do professorConvidamos você a registrar suas impressões sobre odocumentário, iniciando um diário de bordo, antes de planejara sua proposição pedagógica junto aos alunos. Uma pauta doolhar poderá ajudá-lo:

Como o discurso poético do documentário afeta você?

O que chama sua atenção na relação entre a cidade e oscorpos que a habitam?

Você identifica sua cidade nas imagens textuais e visuais doDiário das cidades?

Como os desenhos da cidade são articulados aos depoimen-tos sobre ela?

Quais são os seus desejos em relação à cidade que vocêgostaria de construir?

Quais conexões transdisciplinares o documentário suscita em você?

O que seus alunos gostariam de ver neste documentário?

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A partir de suas anotações, elabore um mapa do que consideramais importante para suas proposições pedagógicas. O quevocê gostaria que seus alunos conectassem entre as váriasáreas do conhecimento a partir deste documentário?

Percursos com desafios estéticosAlguns caminhos possíveis são aqui sugeridos como idéias aserem transformadas ou recriadas de acordo com interesses enecessidades percebidas nos alunos. A sua escuta e olhar aten-tos aos alunos são suas ferramentas essenciais para ampliaras Conexões Transdisciplinares.

O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades:

Como os alunos percebem a cidade pela manhã? Há diferen-ças no período da tarde? E à noite? Estimule-os a lembrar desonoridades, cores, cheiros, movimentos. Você pode instigá-los a falar por meio de um brain-storming7 . Como “uma tem-pestade cerebral”, a proposta é que listem, em pequenosgrupos ou coletivamente, muitas idéias sobre a cidade pelamanhã, à tarde e à noite, sem prévios julgamentos. Exiba,então, a primeira parte do documentário, incitando-os a umadiscussão posterior que amplie a listagem realizada.

Uma possibilidade inventiva pode partir de um olharpara a cidade. Faça um levantamento dos diferentesolhares e percepções sobre os lugares de sua cidadepor meio do registro de impressões dos alunos, emforma de textos e também de desenhos. Promova con-versas sobre essas impressões em pequenos grupos.Depois, exiba a segunda ou terceira parte do docu-mentário. O que move os alunos para aprofundar o es-tudo? Quais as conexões possíveis?

Qual a cidade sonhada pelos alunos? Os desejos socializa-dos podem prepará-los para verem o documentário. Quaisaspectos eles percebem?

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

SaberesEstéticos eCulturais

sistema simbólico

estética e filosofia da arte

práticas culturais

linguagem, códigos, letra,texto, ícones, logotipos

arte como testemunho, experiência

multiculturalidade, regionalismo,pluralidade cultural

Formação:Processos deEnsinar eAprender

ensino de arte

educação do olhar

artista-professora, pesquisa e estudo sobre arte

professor-propositor

percursos educativos

projeto, co-autoria, registro

Linguagens Artísticas

meios tradicionais

desenho

artesvisuais

cinema

cinema de animação, poética do vídeo

preservação e memória

estética do cotidiano;memória coletiva, políticas culturais

urbanismo, parques, praças, cultura brasileira

PatrimônioCultural

bens simbólicos

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

cidadania, tipos humanos, cidades,geografia, história do Brasil, cotidiano,antropologia cultural, sociologia, política,urbanização, espaço público urbano

arte e ciênciasda natureza

meio ambiente, ecossistema, natureza

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O que importa nessas ações é provocar os sentidos e a sensi-bilidade perceptiva dos alunos para a cidade e compreendercomo são tecidas neste espaço as relações sociais, culturais epolíticas. Animados pelo documentário Desenhos Cidades

Desejos, convide os alunos para uma reflexão geradora deoutras propostas que podem apontar outras questões no mapade desafios estéticos deste documentário.

Ampliando o olharProjetos para cidades imaginárias podem ser criados indivi-dualmente ou em grupos. Será interessante que os alunosfaçam seus projetos, com liberdade para pensar cidadespossíveis ou cidades do futuro, ou mesmo que façam propos-tas de cidades “malucas”. Depois dos projetos discutidos, épossível montar maquetes utilizando diversos materiais. Paraque as conexões transdisciplinares possam ser aprofundadas,quais aspectos você poderia selecionar para ampliar a avali-ação dos projetos e maquetes? Como os alunos terão pen-sado os espaços para reuniões de pessoas? Como pensa-ram o transporte? E o urbanismo? A cidade é plana?

No documentário poético, vemos a cidade de Uberlândia,situada no “domínio dos planaltos e chapadas da baciasedimentar do Paraná”, com uma vegetação característica:o cerrado. É possível conhecê-la um pouco mais revendo odocumentário e buscando as suas características geográfi-cas. Quais são as comparações possíveis com a sua cida-de? Uma região de cerrado e de chapada apresenta quaisdiferenças na construção de cidades serranas? E aspraianas? Como os alunos podem perceber e expressaressas diferenças? Os professores de geografia e históriapodem ampliar possibilidades de compreensão e criação.

Outra proposta para ampliar o olhar sobre a cidade seriaenfocar lugares específicos, como praças públicas, conjun-tos arquitetônicos e outros, e os comentários que ospassantes façam sobre eles. O que observamos nestes lu-

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gares e o que observam os outros? O que podemos acres-centar às nossas percepções? Não se esqueçam de regis-trar a faixa etária, gênero, profissão, etnia, origem e bairroonde moram os entrevistados. Seria interessante localizarno mapa os lugares apontados por vocês para posteriorespesquisas em relação às configurações e concepções des-tes espaços desde a sua origem até o momento atual. De-pois, no documentário, revejam a parte As cidades pelos

corpos de quem as habitam.

No Diário das cidades, há textos visuais e verbais para cadaperíodo do dia. Eles foram transcritos no item Os olhos da

arte deste material e podem ser revistos como alimento parauma semana de observação e coleta sensorial: anotaçõesvisuais e textuais de todos os momentos do dia, perceben-do impressões, cheiros, sabores e visualidades, temperatu-ra, tempo, etc. Será interessante perceber como registrama noite e os dias de chuva. A leitura desta semana de obser-vação pode problematizar várias questões transdisciplinares.

A observação de mãos, pés, bocas, ouvidos pode ser ampli-ada, depois de um primeiro exercício, com a leitura de ima-gens de As cidades pelos corpos de quem as habitam. Aproblematização sobre as imagens amplia o olhar para veras semelhanças e diferenças entre os vários tipos humanose a expressividade de seus gestos. Essa análise pode levara novos desenhos expressivos, superando as preocupaçõesde cópia da realidade, pois, como diz Fayga Ostrower8 :

Queira o artista ou não, quaisquer que sejam as formas produzidas

por ele resultarão necessariamente num processo de distanciamento

da natureza. Nesse sentido, ao formar, ao dar forma à imagem, o

artista é obrigado a deformar. Por necessidade, substituirá as formas

existentes na natureza e seus contextos por outras, “formas huma-

nas” por assim dizer. Também criará novos contextos formais, cuja

extensão e equilíbrio irão servir de padrão de referência à própria

interpretação das formas articuladas pelo artista. Reiteramos que,

mesmo querendo inspirar-se em formas da natureza, o artista as aban-

dona para criar formas de linguagem. Serão formas específicas, de

acordo com a especificidade material de cada linguagem.

Um exercício perceptivo da escola pode ser interessante.

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Cada um dos alunos pode registrar, em texto e desenho, suasimpressões sobre o espaço da escola no qual convivem. Comoseria a escola dos sonhos? Quais os desejos que gostariamde compartilhar com seus amigos? A leitura das produçõesleva gera considerações sobre o que seria necessário paratransformar o sonho em realidade. Alguns dos pontos levan-tados poderiam ser transformados por meio de um projeto?

Conhecendo pela pesquisaEntrevistas em busca de repostas sobre a cidade em que sevive e aquela que se sonha podem gerar uma boa pesquisa.O que será possível descobrir sobre os problemas da cida-de e os desejos de seus moradores? Analisar as respostas,percebendo os vários assuntos temáticos, como ecologia,grupos sociais, políticas públicas, saúde, educação, etc.,pode levar a pensar outras ações.

O que os alunos entendem como estética do cotidiano? Oque é possível ver sobre esta estética no documentário?Quais critérios os alunos usam para as escolhas de seusobjetos cotidianos? A pesquisa poderia gerar produções,como colagens ou mesmo pequenos vídeos, se isto for pos-sível em sua realidade escolar.

Em Desenhos Cidades Desejos, há vários tipos de palavrasescritas, produzidas especialmente para o documentário ouem imagens de logotipos, placas, etc. O que os alunos po-dem pesquisar sobre as fontes, os tipos de letras?

A imagem do documentário tem característica híbrida, poisse trata de um trabalho que envolve composição e transi-ção da imagem real para imagem em criação livre. Quais re-cursos tecnológicos são utilizados para produzir esses efei-tos? Para alunos maiores, essa pode ser uma boa pesquisa,buscando conhecer, na sua cidade, quem saiba opera-cionalizar essas imagens. Uma produtora de vídeo pode serum bom começo nesta linha de pesquisa.

Formas animadas dos desenhos são apresentadas neste

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documentário. Veja o site indicado que apresenta modos defazer um cinema de animação. Os desenhos já realizadospoderiam virar pequenas animações?

Um dos depoimentos apresentados no documentário salien-ta: “Vivemos numa cidade autoritária, construída por umaracionalidade técnica que privilegia alguns poucos grupos so-ciais. A cidade que pensamos é diferente, desejamos uma so-ciedade mais solidária, onde o urbano seja manifestação deuma legítima democracia”. Pesquisem junto à comunidade oque seria a manifestação de uma “legítima democracia” e quaisos envolvimentos políticos presentes no termo referenciado.O que os alunos podem pesquisar sobre artistas que tiveramforte envolvimento com questões políticas, especialmente noperíodo da ditadura, como por exemplo: Rubem Grilo, AntonioDias, Regina Silveira, Cildo Meireles, entre outros.

Pesquisar as origens de sua cidade é tecer as histórias pes-soais e coletivas neste espaço da memória. Vocês podem,junto aos museus, arquivos históricos ou outro tipo de fontecultural, pesquisar a cidade desde sua formação étnica,populacional e geográfica, mapeando as mudanças urbanas,nas questões pontuadas, ocorridas neste espaço de tempo.

O que os alunos podem pesquisar sobre a urbanização?Quem é o urbanista? Existe uma formação específica? O queele faz? O que leva em conta em projetos de urbanização?

Para discutir com seus colegas professores: os desenhosutilizados na animação, ao final do documentário, são pare-cidos com os desenhos das crianças de sua escola? Quaisas semelhanças e diferenças?

Desvelando a poética pessoalO documentário provoca olhares para a cidade e suas inúme-ras conexões sociais e políticas. A observação e registro sobrea cidade real ou ideal poderiam impulsionar uma série de traba-lhos, favorecendo uma nascente poética pessoal. É fundamen-tal o seu acompanhamento para nutrir os alunos com idéias.

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Amarrações de sentidos: portfólioVocê pode, junto com seu aluno, mapear os caminhos percorri-dos com os olhares sobre a cidade em suas produções, desdeo começo deste projeto, criando um portfólio. Seria interessantese esses registros, textuais e visuais, fossem apresentados emum seminário, usando o mapa da cidade como recurso que podeauxiliar na localização dos bairros das pessoas entrevistadas,por exemplo. Um modo de organizar os percursos, pesquisas etrabalhos realizados seria dividindo-os por temáticas específi-cas, como ecologia, etnias, profissões, sociedade e política,geografia, enfatizando as histórias pessoais e coletivas da co-munidade. Essas ações podem ser reveladoras dos sentidos econhecimentos aguçados por este documentário.

Valorizando a processualidadeA escolha por este documentário e as questões que proble-matiza podem ser o início de uma boa conversa com seus alu-nos na percepção de alguns caminhos compartilhados por vocês.Observe se os seus alunos ampliaram os sentidos dados paraas responsabilidades pessoais e coletivas no contexto da cida-de. Eles compreenderam a importância do olhar atento para osespaços urbanos? Perceberam a história e a memória comoprocesso que atualiza as concepções da cidade? Verificaram adiversidade de contribuições culturais às configurações dosespaços? Apuraram o olhar para perceber a cidade em que vi-vem? Ampliaram a sensibilidade para o desejo de desenharnovos traçados urbanos? As respostas a essas questões po-dem ser obtidas nas produções e pesquisas realizadas. Porém,um espaço especial para ouvir as considerações dos alunossobre as proposições desenvolvidas também é importante.

GlossárioCultura e meio – fenômeno unicamente humano, a cultura se refere àcapacidade que os seres humanos têm de dar significado às suas ações eao mundo que os rodeia. A cultura é compartilhada pelos indivíduos de um

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determinado grupo, não se referindo, pois, a um fenômeno individual; poroutro lado, cada grupo de seres humanos, em diferentes épocas e lugares,dá diferentes significados às coisas e passagens da vida aparentementesemelhantes. As culturas mudam, seja em função de sua dinâmica inter-na, seja em função de diferentes tipos de pressão exterior. A cultura é,pois, “um processo dinâmico de reinvenção contínua de tradições e signi-ficados”. Fonte: RICHTER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estética do

cotidiano no ensino das artes visuais. Campinas: Mercado das Letras, 2003.

Espaço e lugar – um determinado espaço se concretiza e adquire aespecificidade do lugar, ou seja, um espaço se transforma em lugar, sob oimpacto funcional do meio ecológico (complexos territoriais), das firmas(que produzem bens, serviços e idéias), das instituições (que criam nor-mas, ordens e legitimações), das infra-estruturas (que constituem a ex-pressão material e local do trabalho humano) e dos homens (quecorrespondem à força de trabalho capaz de modificar um espaço em lu-gar). Sob o impacto dessas variáveis e, na concepção do geógrafo MiltonSantos, há, entre espaço e lugar, uma dialética inegável. Fonte: FERRA-RA, Lucrécia D’Aléssio. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 1993.

Estética do cotidiano – a estética do cotidiano subentende, além dos ob-jetos ou atividades presentes na vida comum considerados detentores devalor estético por aquela cultura, também e principalmente a subjetivida-de dos sujeitos que a compõem e cuja estética se organiza a partir demúltiplas facetas do seu processo de vida e de transformação. Fonte:RICHTER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estética do cotidiano no

ensino das artes visuais. Campinas: Mercado das Letras, 2003.

BibliografiaARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Pau-

lo: Martins Fontes, 1998.

AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade.Campinas: Papirus, 1994. (Travessia do século).

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 1993.

___. O olhar periférico. São Paulo: Edusp, 1993.

FRANGE, Lucimar Bello Pereira. Por que se esconde a violeta? São Paulo:Annablume; Uberlândia: Edufu, 2000.

___; VASCONCELLOS, Luiz Gonzaga Falcão (org.). Oficina de desenho

urbano: desenhando e construindo a cidade no cerrado. Uberlândia:Edufu, 2002. Disponível também em CD-ROM.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

Page 17: Créditos - Instituto Arte na Escola · Luiz Gonzaga Falcão Vasconcellos). Ano de produção: 2004. Duração: 19’. Sinopse O documentário é resultado da segunda etapa do projeto

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RICHTER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estética do cotidiano no

ensino das artes visuais. Campinas: Mercado das Letras, 2003.

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. Corpos de passagem: ensaios sobre asubjetividade contemporânea. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.

Bibliografia de arte para crianças

AMARAL, Aracy; TORAL, André. Arte e sociedade no Brasil. São Paulo:Instituto Callis, 2005. 3v.

BANYAI, Istvan. Zoom. Rio de Janeiro: Brinque-Book, 1995.

FETH, Monika; BORATYNSKI, Antoni. O catador de pensamentos. SãoPaulo: Brinque-Book, 1996.

ROCHA, Ruth. Nicolau tinha uma idéia. São Paulo: Quinteto Editorial, 1995.

___. O rato do campo e o rato da cidade. São Paulo: FTD, 2005.

___; ROTH, Otávio. O livro dos gestos e dos símbolos. São Paulo: Melho-ramentos, 1992. (O homem e a comunicação).

Seleção de endereços sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 05 nov. 2005.

DESENHO ou CINEMA DE ANIMAÇÃO. Disponível em: <www.canalkids.com.br/arte/cinema/magia.htm>.

FESTIVAL DE ANIMAÇÃO. Disponível em: <www.animamundi.com.br>.

PROJETO OFICINA DE DESENHO URBANO. Disponível em: <www.proex.ufu.br/ofician/cpf.asp>.

UBERLÂNDIA. Disponível em: <www2.uol.com.br/uberlandia/relevo_udi.html>.

Notas1 Artista plástica e pesquisadora, Lucimar Bello Pereira Frange é colabo-radora do Instituto Arte na Escola, sendo co-autora do ArteBr. Entre ou-tros artigos e livros, destacamos: Por que se esconde a violeta? e Noemia

Varela e a arte.2 Lucimar Bello Pereira FRANGE, Por que se esconde a violeta?, p. 311 ep. 322, respectivamente.3 Fonte: <www.proex.ufu.br/2020/falcao/default.asp>. Acesso em 06dez. 2005.4 Op. cit., Lucimar Bello Pereira FRANGE, p. 17.5 Giulio Carlo ARGAN, História da arte como história da cidade, p. 244.6 Op. cit., Lucimar Bello Pereira FRANGE, p. 318.7 Fonte: <http://geocities.yahoo.com.br/modosemaneiras/dgrupo_brainstorming.htm>.8 OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 310.

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