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1 GARANTIAS CONSTITUCIONAIS Luciano Pereira Vieira 1 ROTEIRO DA AULA RESUMO FONTES CONSULTADAS: ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. BUENO, Cassio Scarpinella. A Nova Lei do Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 2009. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 10. ed. São Paulo: Método, 2006. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Método, 2010. PACHECO, Denilson Feitoza. Direito Processual Penal: teoria, crítica e práxis. 3. ed. Niterói: Impetus, 2005. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. 1 Advogado da União em exercício na Procuradoria-Seccional da União em Campinas/SP. Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Londrina/PR. Especialista em Direito Processual Civil e em Direito Constitucional. Mestrando em Direitos Fundamentais Coletivos e Difusos pela Universidade Metodista de Piracicaba/SP (UNIMEP). Bolsista CAPES-PROSUP (modalidade II). Foi Vice-Presidente da Comissão da Advocacia Pública da OAB - Subseção Maringá/PR e Membro da Comissão Estadual da Advocacia Pública da OAB - Seção Paraná. Ex-Adjunto do Procurador- Geral da União (Diretor do Departamento de Orientação Processual e Ações Relevantes/PGU), órgão no qual atuou perante o Superior Tribunal de Justiça. Representante da Procuradoria-Geral da União nas tratativas do movimento “Conciliar é Legal” perante o Conselho Nacional de Justiça – CNJ (2006). Autor de livro e artigos jurídicos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Contato: [email protected]

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Page 1: Luciano Pereira Vieira1 ROTEIRO DA AULA · 2017-01-16 · Curso de Direito Constitucional. 14. ed. São Paulo: Saraiva, ... NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 4. ed. São

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GARANTIAS CONSTITUCIONAIS

Luciano Pereira Vieira1 ROTEIRO DA AULA RESUMO FONTES CONSULTADAS:

ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. BUENO, Cassio Scarpinella. A Nova Lei do Mandado de Segurança. São Paulo: Saraiva, 2009. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 10. ed. São Paulo: Método, 2006. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Método, 2010. PACHECO, Denilson Feitoza. Direito Processual Penal: teoria, crítica e práxis. 3. ed. Niterói: Impetus, 2005. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

1 Advogado da União em exercício na Procuradoria-Seccional da União em Campinas/SP. Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Londrina/PR. Especialista em Direito Processual Civil e em Direito Constitucional. Mestrando em Direitos Fundamentais Coletivos e Difusos pela Universidade Metodista de Piracicaba/SP (UNIMEP). Bolsista CAPES-PROSUP (modalidade II). Foi Vice-Presidente da Comissão da Advocacia Pública da OAB - Subseção Maringá/PR e Membro da Comissão Estadual da Advocacia Pública da OAB - Seção Paraná. Ex-Adjunto do Procurador-Geral da União (Diretor do Departamento de Orientação Processual e Ações Relevantes/PGU), órgão no qual atuou perante o Superior Tribunal de Justiça. Representante da Procuradoria-Geral da União nas tratativas do movimento “Conciliar é Legal” perante o Conselho Nacional de Justiça – CNJ (2006). Autor de livro e artigos jurídicos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Contato: [email protected]

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1. DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS 1.1. Direitos e Suas Garantias Direitos x Garantias:

“Direitos são bens e vantagens conferidos pela norma, enquanto as garantias são meios destinados a fazer valer esses direitos, são instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e gozo daqueles bens e vantagens”(SILVA, p. 413).

“Não basta que um direito seja reconhecido e declarado, é necessário garanti-lo, porque virão ocasiões em que será discutido e violado” (Maurice Hariou apud SILVA, p. 189). “Os direitos individuais tornar-se-iam letra morta se não fossem acompanhados de ações judiciais que pudessem conferir-lhes uma eficácia compatível com a própria relevância dos direitos assegurados. Assim é que essas garantias, como se denominam essas ações, têm surgido pari passu com a aparição dos próprios direitos fundamentais” (BASTOS, p. 231).

Garantias Constitucionais:

“Consistem nas instituições, determinações e procedimentos mediante os quais a própria Constituição tutela a observância ou, em caso de inobservância, a reintegração dos direitos fundamentais” (SILVA, p. 191).

“As garantias constitucionais em conjunto caracterizam-se como imposições, positivas ou negativas, aos órgãos do Poder Público, limitativas de sua conduta, para assegurar a observância ou, no caso de violação, a reintegração dos direitos fundamentais” (SILVA, p. 192).

Em suam, são instrumentos para a tutela dos direitos fundamentais. 1.2. Garantias Constitucionais Individuais e Coletivas A Constituição Federal inclui entre as garantias o direito de petição, o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data, a ação popular, aos quais se atribui a designação de remédios constitucionais. Por “remédios constitucionais” deve-se compreender os “meios postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando a sanar, corrigir, ilegalidade e abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses individuais” (SILVA, p. 442). Alguns desses remédios se revelam por meios de “ações constitucionais”.

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1.3. Habeas Corpus Conceito: O Habeas Corpus é uma “garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e ficar”(MORAES, p. 134).

Writ = mandado ou ordem a ser cumprida Fundamento: Art. 5o, LXVIII, da CF/1988: Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Origem: Magna Carta, do Rei João Sem Terra, de 1215 e Habeas Corpus Amendment Act de 1679. No Brasil, Código de Processo Criminal do Império, de 1832. Ganha assento constitucional em 1891 (art. 72, § 22).

Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891 Art. 72 […] § 22 - Dar-se-á o habeas corpus , sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder.

“A ausência de remédio específico para amparar a constrição de direitos que não acarretassem empecilhos à locomoção, assim como à fórmula abrangente que a redação do dispositivo da Carta de 1891 emprestou-lhe, deu lugar na doutrina à ideia de que o instituto protegia qualquer lesão a direito determinada por ilegalidade ou abuso de poder. Bem por isso, acredita-se, a Emenda Constitucional de 1926 plasmou seus contornos atuais, vale dizer, de remédio constitucional voltado para a tutela do direito de locomoção” (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, p. 225).

Natureza Jurídica: Ação constitucional de natureza penal. Não se trata, portanto, de modalidade de recurso. Objeto: “O habeas corpus protege a liberdade, mas desde que cerceada por ato de ilegalidade ou abuso de poder” (BASTOS, p. 234). Finalidade: Garantia Constitucional da Liberdade de Locomoção (art. 5o, XV, da CF/1988).

Art. 5o […] XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

Entrar/Permanecer/Deslocar-se/Sair

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Legitimidade Ativa: Qualquer do povo, nacional ou estrangeiro, independentemente de capacidade civil, em benefício próprio ou alheio. Pode ser impetrado, inclusive, pelo Ministério Público. Além disso, o juiz ou tribunal pode concedê-lo de ofício quando verificar que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal à sua liberdade de locomoção.

“A legitimidade para ajuizamento do habeas corpus é um atributo da personalidade, não se exigindo a capacidade de estar em juízo, nem a capacidade postulatória” (MORAES, p. 138). “Pode ser que não coincidam a figura do impetrante e do paciente. Impetrante é a pessoa que pede a concessão da ordem de habeas corpus e paciente é a pessoa que sofre ou está ameaçado de sofrer constrangimento na sua liberdade de locomoção. Quando as figuras não coincidem, o impetrante age como substituto processual, pois está defendendo, em nome próprio, direito alheio (o direito à liberdade)” (PACHECO, p. 1354).

Pode haver impetração por pessoa jurídica?

“[...] É possível a impetração de habeas corpus por pessoa jurídica em favor de um de seus sócios, pois não se deve antepor restrições a uma ação cujo escopo fundamental é preservar a liberdade do cidadão contra quaisquer ilegalidades ou abusos de poder” (STJ, RHC 3.716/PR, Rel. Ministro Jesus Costa Lima, Quinta Turma, julgado em 29/06/1994, DJ 15/08/1994, p. 20342).

E o estrangeiro não residente?

No julgamento do HC no 94.016/SP (Relator Ministro Celso de Mello, Segunda Turma), o Supremo Tribunal Federal decidiu que o fato de o paciente ostentar a condição de estrangeiro não residente no Brasil “não lhe inibe, por si só, o acesso aos instrumentos processuais de tutela da liberdade nem lhe subtrai o direito de ver respeitadas, pelo Poder Público, as prerrogativas de ordem jurídica e as garantias de índole constitucional que o ordenamento positivo brasileiro confere e assegura a qualquer pessoa que sofra persecução penal.

Legitimidade Passiva: o HC pode ser impetrado contra o ato coator emanado de autoridade pública ou de particular. Sujeito ativo = impetrante Indivíduo em favor de quem se impetra o HC = paciente Sujeito passivo = autoridade coatora ou impetrado Modalidades: 1) Preventivo (salvo-conduto): Objetiva evitar a coação indevida à liberdade de locomoção. Portanto, cabível quando alguém estiver ameaçado ou na iminência de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder.

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Com a obtenção do salvo-conduto, o paciente poderá transitar livremente, não podendo ser preso ou detido pelos mesmos fatos que ensejaram a impetração do habeas corpus. Seu objetivo é assegurar a manutenção da liberdade do indivíduo. 2) Repressivo (liberatório): Objetiva fazer cessar ou interromper a coação indevida à liberdade de locomoção. Portanto, cabível quando já consumado o constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Seu objetivo é restabelecer a liberdade do indivíduo. Restrições ao Cabimento da Impetração: Durante a vigência do estado de defesa (art. 136 da CF/1988); do estado de sítio (art. 137 da CF/1988). HC e Punições Disciplinares Militares: De acordo com o art. 142, § 2o, da CF/1988, não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. De acordo com Alexandre de Moraes, “essa previsão constitucional deve ser interpretada no sentido de que não haverá habeas corpus em relação ao mérito das punições disciplinares militares”(MORAES, p. 149). Nessa linha, nada impedirá que o Poder Judiciário examine os pressupostos de legalidade do ato coator, vale dizer, “as hipóteses de cabimento estão restritas à regularidade formal do procedimento administrativo disciplinar militar ou aos casos de manifesta teratologia” (STJ, HC 211.002/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 01/12/2011, DJe 09/12/2011).

“A proibição inserta no artigo 142, parágrafo 2º, da Constituição Federal, relativa ao incabimento de habeas corpus contra punições disciplinares militares, é limitada ao exame de mérito, não alcançando o exame formal do ato administrativo-disciplinar, tido como abusivo e, por força de natureza, próprio da competência da Justiça castrense” (STJ, RHC 27.897/PI, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, julgado em 02/09/2010, DJe 08/10/2010). “CRIMINAL. HC. SANÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. AMEAÇA À LIBERDADE DE IR E VIR. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE. DESCABIMENTO DO HABEAS CORPUS PARA A ANÁLISE DO MÉRITO DA PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA. ORDEM DENEGADA. I. Em relação à punição disciplinar militar, só se admite a análise da legalidade do ato, via habeas corpus, quando encontrar-se em jogo a liberdade de ir e vir do cidadão. II. Não evidenciada qualquer ilegalidade flagrante na sanção disciplinar militar, no tocante à competência do agente, ao direito de defesa e quanto às razões que apoiaram a autoridade administrativa, tem-se o habeas corpus como meio impróprio para atacar o mérito da punição disciplinar militar. III. Ordem denegada”. (STJ, HC 17.025/RJ, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 02/04/2002, DJ 03/06/2002, p. 220).

Rito: Sumaríssimo, basicamente segue o disposto nos arts. 647 a 667 do Código de Processo Penal. Não admite dilação probatória.

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“Em sede de habeas corpus não se examinam fatos complexos e controvertidos, dependentes de prova” (STJ, AgRg no HC 38.383/CE, Rel. Ministro Barros Monteiro, Quarta Turma, julgado em 21/10/2004, DJ 13/12/2004, p. 361).

Isenção de Custas: De acordo com o art. 5o, LXXVII, da CF/1988, são gratuitas as ações de habeas corpus. 1.4. Habeas Data Conceito/Objeto: Habeas Data é o remédio constitucional que assegura a todas as pessoas o direito de “solicitar judicialmente a exibição dos registros públicos ou privados, nos quais estejam incluídos seus dados pessoais, para que deles se tome conhecimento e, se necessário for, sejam retificados os dados inexatos ou obsoletos ou que impliquem discriminação” (MORAES, p. 151). Fundamento: Foi inserido no ordenamento jurídico brasileiro, de modo inovador, pelo art. 5o, LXXII, da CF/1988.

Art. 5o [...] LXXII - conceder-se-á habeas-data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

Natureza Jurídica: É uma “ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a proteção do direito líquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e registros relativos à sua pessoa e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados pessoais” (MORAES, p. 151). Direito à Informação x Sigilo: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5o, XXXIII, da CF/1988). - Lei no 12.527/2011: dentre outras matérias, regula o acesso às informações de que tratam o art. 5o, XXXIII; art. 37, § 3o, II; e art. 216, § 2o, da CF/1988. VER TÓPICO SOBRE DIREITO DE CERTIDÃO. Alexandre de Moraes não admite a negativa de prestação de informações pessoais via habeas data quando fundada em virtude de alegada imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado. Segundo esse jurista, essa tese não deveria ser aceita, já que “o direito de manter determinados dados sigilosos direciona-se a terceiros que estariam, em virtude da segurança social ou do Estado, impedidos de conhece-los, e não o próprio impetrante, que é o verdadeiro objeto dessas informações, pois se as informações forem verdadeiras, certamente já eram de

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conhecimento do próprio impetrante, e se forem falsas, sua retificação não causará nenhum dano à segurança social ou nacional”(MORAES, P. 161). Finalidade: Possui dupla finalidade, as quais são autônomas e independentes: 1) “criar um canal judicial de acesso a informações constantes sobre a própria pessoa em registros ou banco de dados de caráter público”; 2) “correção de informações inexatas ou ilegais, a complementação de registro e a anotação de pendência judicial ou administrativa sobre dados verdadeiros constantes do banco de dados” (ARAUJO; NUNES JUNIOR, p. 230-231).

Legitimidade Ativa: Pode ser impetrado por pessoa física ou jurídica, brasileira ou estrangeira. A doutrina costuma afirmar que o habeas data somente pode veicular pedido de informações relativas ao próprio impetrante, dado seu caráter personalíssimo. Assim, não caberia habeas data para a obtenção de informações de terceiros. Exceção tem sido feita à hipótese de herdeiros do falecido ou seu cônjuge supérstite:

“É parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na defesa de interesse do falecido” (STJ, HD 147/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, julgado em 12/12/2007, DJ 28/02/2008, p. 69).

Legitimidade Passiva: Entidades governamentais, da administração pública direta e indireta, e entidades de caráter público (“instituições e pessoas físicas ou jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, na qualidade de concessionárias ou permissionárias”) (BASTOS, p. 249).

“[...] As sociedades de economia mista integram a Administração Pública Indireta como 'entidade governamental', para fins do disposto

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no art. 7º, inc. I, da Lei 9.507/1997. [...] A informação pleiteada pelo impetrante não é mera comunicação interna da empresa, mas se refere a registro pessoal, inegavelmente, do seu interesse (STJ, REsp 1096552/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 25/08/2009, DJe 14/09/2009).

Isenção de Custas: De acordo com o art. 5o, LXXVII, da CF/1988, são gratuitas as ações de habeas data. A gratuidade não engloba os honorários advocatícios sucumbenciais:

“PROCESSUAL CIVIL. HABEAS DATA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 21 DA LEI N. 9507/97. GARANTIA DE ACESSO À INFORMAÇÃO. GRATUIDADE DE CUSTAS E TAXAS. RECURSO ESPECIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 284/STF. I - A norma federal que se diz afrontada não trata da fixação de honorários advocatícios. Diversamente, diz serem ‘gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data’. Noutras palavras, é norma que garante o acesso do cidadão à informação, nada tendo a ver diretamente com os efeitos de uma condenação. II - Enfim, de se relevar que mesmo o texto doutrinário trazido à colação pelo agravante diz que ‘a gratuidade a que se refere o art. 21 diz respeito exclusivamente às custas e taxas (...)’, que não se confundem com ônus sucumbenciais. III - Assim sendo, aplica-se a Súmula n. 284/STF, na espécie. IV - Agravo regimental improvido”. (STJ, AgRg no REsp 1084695/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 10/02/2009, DJe 02/03/2009).

Procedimento: Lei no 9.507/1997. Súmula no 02 do STJ: “Não cabe habeas data (CF, art. 5o, LXXI, letra “a”) se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa”.

Lei no 9.507/1997

Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda. Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova: I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.

[Grifou-se]

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“É pacífico o entendimento nessa Corte Superior no sentido de que a utilização do habeas data está diretamente relacionada à existência de uma pretensão resistida, consubstanciada na recusa da autoridade em responder ao pedido de informações, seja de forma explícita ou implícita (por omissão ou retardamento no fazê-lo)” (STJ, HD .232/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 29/02/2012, DJe 08/03/2012). “Habeas data (cabimento). Direito da impetrante à obtenção de todas as informações relativas à sua pessoa (garantia ampla). Prestação de informações incompletas ou insuficientes (caso). Negativa de acesso (recusa configurada). Impetração (justo motivo). 1. O fornecimento pela administração de informações incompletas ou insuficientes – como no caso – equivale à recusa e justifica a impetração do habeas data. 2. Habeas data concedido”. (STJ, HD .149/DF, Rel. Ministro Nilson Naves, Terceira Seção, julgado em 10/06/2009, DJe 26/08/2009).

1.5. Mandado de Segurança Individual Conceito:

“Mandado de Segurança é o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e quais forem as funções que exerça” (MEIRELLES, p. 21-22).

Origem: Constitucionalizado em 1934. Ausente apenas na Constituição de 1937. Instrumento jurídico originariamente brasileiro. Fundamento: Art. 5o, LXIX, da CF/1988: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Síntese:

“[...] excluindo-se a proteção de direitos inerentes à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, através do mandado de segurança busca-se a invalidação de atos de autoridade ou a supressão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder” (LENZA, p. 811).

Natureza Jurídica: É uma ação constitucional, de natureza cível.

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“A natureza civil não se altera, nem tampouco impede o ajuizamento de mandado de segurança em matéria criminal, inclusive contra ato de juiz criminal, praticado em processo penal” (MORAES, 163).

Objeto: Tem por objeto a correção de ato ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo a direito líquido e certo do impetrante. Requisitos:

a) Direito líquido e certo: “[...] é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração” (MEIRELLES, p. 36).

“Direito líquido e certo é aquele que se apresenta manifesto de plano na sua existência, ostentando, desde o momento da impetração, todos os requisitos para o seu reconhecimento e exercício” (STJ, RCDESP no MS 17.832/DF, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, julgado em 29/02/2012, DJe 08/03/2012). “O direito líquido e certo ameaçado ou lesado por ato ilegal ou abusivo de autoridade deve ser comprovado de plano, sem a necessidade de dilação probatória. E, a via estreita do mandamus não é meio adequado para verificar a conveniência ou necessidade de produção de provas, uma vez que, para a avaliação do acerto ou desacerto da decisão judicial, seria necessário a análise profunda dos elementos fático-probatórios” (STJ, RMS 28.617/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 27/03/2012, DJe 03/04/2012). “O Mandado de Segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não admitindo dilação probatória, porquanto não comporta a fase instrutória, sendo necessária a juntada de prova pré-constituída apta a demonstrar, de plano, o direito alegado” (STJ, AgRg no AREsp 111.054/DF, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/03/2012, DJe 28/03/2012).

Súmula no 625/STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança”.

b) Ato ilegal ou abusivo (comissivo ou omissivo) de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições públicas:

“O mandado de segurança é conferido aos indivíduos para que eles se defendam de atos ilegais ou praticados com abuso de poder. Portanto, tanto os atos vinculados, quanto os atos discricionários são atacáveis por mandado de segurança, porque a Constituição Federal e a lei ordinária, ao aludirem a ilegalidade, estão se reportando ao ato vinculado, e ao referirem a abuso de poder estão se reportando ao ato discricionário” (TEMER, p. 179).

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Legitimidade Ativa: O impetrante é o titular do direito líquido e certo que se objetiva tutelar pela escorreita via do mandado de segurança. Pode ser pessoa física ou jurídica, órgão público com capacidade processual ou universalidade reconhecida por lei. Legitimidade Passiva: O impetrado é a autoridade coatora. Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática (art. 6o, § 3o, da Lei no 12.016/2009).

“A autoridade a ser apontada como coatora no writ of mandamus é a pessoa física que ordena ou omite a prática do ato impugnado, ou seja, a que é capaz de executá-lo [...]. Os efeitos da sentença do mandado de segurança se produzem em relação à pessoa jurídica de direito público e não à pessoa física - autoridade coatora - vinculada àquela” (STJ, AgRg no Ag 1205748/PI, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 07/12/2010, DJe 01/02/2011). "A errônea indicação da autoridade coatora não implica ilegitimidade ad causam passiva se aquela pertence à mesma pessoa jurídica de direito público; porquanto, nesse caso não se altera a polarização processual, o que preserva a condição da ação" (STJ, REsp 806467/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 07/08/2007, DJ 20/09/2007, p. 230).

“A essência constitucional do Mandado de Segurança, como singular garantia, admite que o juiz, nas hipóteses de indicação errônea da autoridade impetrada, permita que seja retificada por emenda à inicial, em vez de simplesmente indeferi-la sem que se dê oportunidade para sua correção. [...] A estrutura complexa da Administração Pública muitas vezes dificulta o exato apontamento da autoridade que deve figurar no feito, razão por que eventual falha nessa indicação não pode ser, de plano, óbice ao reconhecimento de direito líquido e certo amparado por remédio constitucional” (STJ, REsp 1251857/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 09/08/2011, DJe 09/09/2011).

OBS1: Divergência doutrinária: Cassio Scarpinella Bueno sustenta que a Lei no 12.016/2009 estabeleceu, em seu art. 6o, caput, uma hipótese de litisconsórcio passivo necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que pertence (BUENO, p. 26). OBS2: Teoria da Encampação: construção jurisprudencial.

“A Primeira Seção, ao apreciar o MS n.º 10.484/DF, traçou os requisitos mínimos da teoria da encampação, que somente incide se: (a) houver vínculo hierárquico entre a autoridade erroneamente apontada e aquela que efetivamente praticou o ato ilegal; (b) a extensão da legitimidade não modificar regra constitucional de

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competência; (c) for razoável a dúvida quanto à legitimação passiva na impetração; e (d) houver a autoridade impetrada defendido a legalidade do ato impugnado, ingressando no mérito da ação de segurança” (STJ, REsp 1188779/MG, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 07/02/2012, DJe 16/02/2012).

“Inaplicável a Teoria da Encampação quando a retificação da autoridade coatora importa em alteração quanto ao órgão julgador do mandado de segurança” (STJ, AgRg no REsp 1201293/DF, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 27/03/2012, DJe 13/04/2012).

Ministério Público: exerce a função de fiscal da lei (custos legis). Art. 12 da Lei no

12.016/2009. Espécies:

a) Preventivo: quando se estiver diante de ameaça de violação a direito líquido e certo do impetrante;

b) Repressivo: para afastar ilegalidade ou abuso de poder já praticados pela

autoridade impetrada. Procedimento: Lei no 12.016/2009 (Revogou a Lei no 1.533/1951). Prazo para Impetração: Se repressivo, o direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á em 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei no 12.016/2009). Se preventivo, não há prazo.

Súmula no 430/STF: “Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança”. Súmula no 430/STF: “É constitucional lei que fixa prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança”.

Não Cabe Mandado de Segurança:

Lei no 12.016/2009: “Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado”.

Súmula no 266/STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese”. Súmula no 267/STF: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.

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Súmula no 268/STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado”. Súmula no 269/STF: “O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança”. Súmula no 271/STF: “Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria”. Súmula no 429/STF: “A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso de mandado de segurança contra omissão de autoridade”.

Honorários Sucumbenciais: São descabidos em mandado de segurança (art. 25 da Lei no 12.016/2009).

Súmula no 512/STF: “Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança”. Súmula no 105/STJ: “Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios”.

1.6. Mandado de Segurança Coletivo Conceito: A Constituição Federal de 1988 ampliou os instrumentos de tutela dos direitos coletivos e individuais homogêneos por meio da criação do mandado de segurança coletivo.

“No mandado de segurança coletivo postular-se-á direito de uma categoria ou classe, não de pessoas ou grupo, embora essas estejam filiadas a uma entidade constituída para agregar pessoas com o mesmo objetivo profissional ou social. A entidade que impetrar mandado de segurança deve fazê-lo em nome próprio, mas em defesa de todos os membros que tenham um direito ou uma prerrogativa a defender judicialmente [substituição processual]” (MEIRELLES, p. 38).

Objetivos:

“A criação do mandado de segurança coletivo tem dois objetivos: a) fortalecer as organizações classistas e b) pacificar as relações sociais pela solução que o Judiciário dará a situações controvertidas que poderiam gerar milhares de litígios com a consequente desestabilização da ordem social” (TEMER, p. 203).

Fundamento: Art. 5o, LXX, da CF/1988 e arts. 21 e 22 da Lei no 12.016/2009.

“Art. 5o [...]

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LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados”.

Lei no 12.016/2009:

“Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante”.

Finalidade:

“O legislador constituinte quis facilitar o acesso a juízo, permitindo que pessoas jurídicas defendam o interesse de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade como um todo, no caso dos partidos políticos, sem necessidade de uma mandato especial, evitando-se a multiplicidade de demandas idênticas e consequente demora na prestação jurisdicional e fortalecendo as organizações classistas” (MORAES, p. 174).

Legitimidade Ativa: 1) partido político com representação no Congresso Nacional; 2) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.

“A legitimidade de sindicato para atuar como substituto processual no mandado de segurança coletivo pressupõe tão somente a existência jurídica, ou seja, o registro no cartório próprio, sendo indiferente estarem ou não os estatutos arquivados e registrados no Ministério do Trabalho” (STF, RE 370834, Relator Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 30/08/2011). “Na segurança coletiva, o sindicato tem legitimação extraordinária, atuando como substituto processual, sem necessidade de autorização

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expressa” (STF, RE 348973 AgR, Relator Ministro Cezar Peluso, Primeira Turma, julgado em 23/03/2004).

Súmula 629/STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes”.

“Legitimidade do Sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de um ano de constituição e funcionamento” (STF, RE 198919, Relator Ministro Ilmar Galvão, Primeira Turma, julgado em 15/06/1999). OBS1: “Se o direito que se pretende resguardar por meio do Mandado de Segurança Coletivo não é abrangido pelas finalidades do sindicato [...] exige-se autorização expressa de seus associados, pois a hipótese será de simples representação processual, e não de substituição” (STJ, RMS 28.119/CE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/02/2009).

Súmula 630/STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas uma parte da respectiva categoria”.

OBS2: “Os sindicatos têm legitimidade ativa para, como substituto processual, demandar em juízo a tutela de direitos subjetivos individuais de seus filiados, desde que se cuide de direitos homogêneos que tenham relação com seus fins institucionais [...] Na hipótese, contudo, de defesa de interesses de parcela da categoria, em prejuízo de parte dos servidores filiados, não há falar em legitimidade da entidade de classe para impetrar mandado de segurança coletivo, ante a existência de nítido conflito de interesses” (STJ, RMS 23.868/ES, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 17/08/2010).

Legitimidade Passiva: Vide o que já dissemos para o Mandado de Segurança Individual. O tratamento é idêntico. Procedimento: Lei no 12.016/2009.

“Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. § 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

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§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas”.

Prazo para Impetração: Vide o que já dissemos para o Mandado de Segurança Individual. O tratamento é idêntico. 1.7. Mandado de Injunção Conceito:

“Mandado de injunção é o meio constitucional posto à disposição de quem se considerar prejudicado pela falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania” (MEIRELLES, p. 249).

Objeto: normas constitucionais de eficácia limitada. Fundamento: Art. 5o, LXXI, da CF/1988.

“Art. 5o [...] LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.

Natureza Jurídica:

“O mandado de injunção consiste em uma ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição Federal. Juntamente com a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, visa ao combate à síndrome de inefetividade das normas constitucionais” (MORAES, p. 181).

Legitimidade Ativa: Poderá ser impetrado por qualquer pessoa que se encontre na situação descrita no art. 5o, LXXI, da CF/1988.

OBS1: Muito embora não tenha havido expressa menção na Constituição Federal de 1988, nada impede a impetração de mandado de segurança coletivo. “O acesso de entidades de classe à via do mandado de injunção coletivo é processualmente admissível, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano” (STF, MI 712, Relator Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2007).

Legitimidade Passiva:

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“O sujeito passivo será somente a pessoa estatal, uma vez que no polo passivo da relação processual instaurada com o ajuizamento do mandado de injunção só aquelas podem estar presentes, pois somente aos entes estatais pode ser imputável o dever jurídico de emanação de provimentos normativos” (MORAES, p. 184). Logo, não há litisconsórcio passivo com particulares.

Procedimento: Art. 24, parágrafo único, da Lei no 8.038/1990: enquanto não for editada legislação específica, serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança. Efeitos do Julgamento do Mandado de Injunção (Posição do STF): MORAES (p. 186-192) e LENZA (p. 818-820)

“Posição concretista Geral: através de normatividade geral, o STF legisla no caso concreto, produzindo a decisão efeitos erga omnes até que sobrevenha norma integrativa pelo Legislativo; Posição concretista individual direta: a decisão, implementando o direito, valerá somente para o autor do mandado de injunção, diretamente; Posição concretista individual intermediária: julgando procedente o mandado de injunção, o Judiciário fixa ao Legislativo prazo para elaborar a norma regulamentadora. Findo o prazo e permanecendo a inércia do Legislativo, o autor passa a ter assegurado o seu direito; Posição não concretista: a decisão apenas decreta a mora do Poder omisso, reconhecendo-se formalmente a sua inércia” (LENZA, p. 819).

Inicialmente, o STF adotava a posição não concretista. Transitou pela concretista individual intermediária e, por fim, atualmente, tem consagrado a teoria concretista geral (cf. MI 670, 708 e 712) Mandado de Injunção e ADI por Omissão: realizar estudo paralelo entre essas referidas ações constitucionais para identificar suas semelhanças e diferenças.

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1.8. Ação Popular Conceito:

“Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e lesivos do patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiro público” (MEIRELLES, p. 122).

Origem: Constituição de 1934 Fundamento: Art. 5o, LXXIII, da CF/1988. Art. 1o da Lei no 4.717/1965.

“Art. 5o [...] LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

Lei no 4.717/1965: “Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos”.

Objeto: é o ato ilegal e lesivo ao patrimônio público. Requisitos: 1) Ser cidadão brasileiro, cuja comprovação se dá mediante a prova da qualidade de eleitor; 2) ilegalidade ou ilegitimidade do ato a invalidar; 3) lesividade ao patrimônio público (MEIRELLES, p. 124-125). Para Alexandre de Moraes, há dois requisitos para a ação popular:

“Requisito subjetivo: somente tem legitimidade para a propositura da ação popular o cidadão”; “Requisito objetivo refere-se à natureza do ato ou da omissão do Poder Público a ser impugnado, que deve ser, obrigatoriamente, lesivo ao patrimônio público, seja por ilegalidade, seja por imoralidade” (MORAES, p. 196-197).

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Legitimidade Ativa:

“Somente poderá ser autor da ação popular o cidadão, assim considerado o brasileiro nato ou naturalizado, desde que esteja no pleno gozo de seus direitos políticos, provada tal situação (e como requisito essencial da inicial) através do título de eleitor, ou documento que a ele corresponda (art. 1o, § 3o, da Lei n. 4.717/65)” (LENZA, p. 825).

Lei no 4.717/1965: “Art. 1o [...] § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda”.

Súmula no 365/STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular”.

Lei no 4.717/1965: “Art. 6o [...] § 3o A pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. § 5o É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular”.

Legitimidade Passiva: De acordo com o art. 6o da Lei no 4.717/1965, “deverão ser citadas para a ação, obrigatoriamente, as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, em nome das quais foi praticado o ato a ser anulado e mais as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou firmado o contrato impugnado, ou que, por omissos, tiverem dado oportunidade à lesão, como também, os beneficiários diretos do mesmo ato ou contrato” (MEIRELLES, p. 136). Ministério Público:

Lei no 4.717/1965: “Art. 6o [...] § 4o O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores”. “Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação”.

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Procedimento: Lei no 4.717/1965. Consequências da Procedência da Ação Popular: 1) invalidade do ato impugnado; 2) condenação dos responsáveis e beneficiários em perdas e danos; 3) condenação dos réus às custas e despesas com a ação, bem como honorários advocatícios; 4) produção de efeitos erga omnes (MORAES, p. 200). Outras Consequências do Julgamento da Ação Popular:

Lei no 4.717/1965: “Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.

Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível ‘erga omnes’, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. [...] § 2o Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público”.

Prescrição:

Lei no 4.717/1965: “Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos”.

1.9. Direito de Certidão São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.

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Fundamento: Art. 5o, XXXIV, da CF/1988. Objeto:

“A textura constitucional indica que a certidão pode tanto referir-se a direitos individuais como a coletivos, fato que não desqualifica a necessidade de demonstração de interesse legítimo na obtenção da certidão [...] Dessa forma, o pedido de certidão deve sempre ser fundamentado para que a autoridade possa avaliar a pertinência do pedido com uma das razões constitucionais que o fundamentam” (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, p. 199).

Muitas vezes, essa garantia acabar por exigir outro remédio constitucional para ser observada: o mandado de segurança. Prazo para Obtenção da Certidão:

“Uma vez registrado o pedido, a repartição competente tem quinze dias para o fornecimento da certidão (Lei n. 9.051/95). Esvaído o prazo, ou denegada ilegalmente a certidão, o remédio judicial adequado é o mandado de segurança” (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, p. 200).

Restrições à Obtenção de Certidões: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5o, XXXIII, da CF/1988). - Lei no 12.527/2011: dentre outras matérias, regula o acesso às informações de que tratam o art. 5o, XXXIII; art. 37, § 3o, II; e art. 216, § 2o, da CF/1988.

Constituição Federal: Art. 37 […] § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII.

Art. 216 […] § 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. Lei no 12.527/2011 Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre

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condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. § 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes: I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; II - secreta: 15 (quinze) anos; e III - reservada: 5 (cinco) anos.

Vedação Constitucional de Natureza Federativa: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, recusar fé aos documentos públicos (art. 19, III, da CF/88). 1.10. Direito de Petição São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder Fundamento: Art. 5o, XXXIV, da CF/1988. Legitimidade: qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeiro, individualmente ou em grupo.

“O direito de petição pode ser exercitado ‘em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder’. Nesse sentido, pode assumir uma índole individual ou coletiva. Ao aduzir a ‘defesa de direitos’, o texto constitucional não fez restrições. Antes, empregou locução genérica, que certamente acoberta a tutela de todas as espécies de direitos, quer de índole individual, quer coletiva” (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, p. 198).

Do Dever de Decidir: Há um direito à resposta ao efetivo exercício do direito de petição?

“A Constituição não prevê sanção à falta de resposta e pronunciamento da autoridade, mas parece-nos certo que ela pode ser constrangida a isso por via do mandado de segurança, quer quando se nega expressamente a pronunciar-se, quer quando se omite”(SILVA, p. 444).

- Lei no 9.784/1999: arts. 48 e 49.

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CAPÍTULO XI�

DO DEVER DE DECIDIR Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

Forma: escrita e fundamentada.

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QUADRO ESQUEMÁTICO

(cf. José Afonso da Silva, p. 415-418)

DIREITOS (EXPRESSOS E IMPLÍCITOS) GARANTIAS CONSTITUCIONAIS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Liberdade de Ação em Geral II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Direito à Vida e à Integridade Física e Moral

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos […] (Liberdade de Religião)

[…] e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VIII – […] por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política […]

[…] ninguém será privado de direitos […] salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,

independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (Direito à Privacidade)

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo (Direito à Intimidade, ao Recesso do Lar)

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Direito à Intimidade das Comunicações Pessoais

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações

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telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,

independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral […] (Direito Coletivo à Informação)

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

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Direito Geral à Legalidade da Administração – Direito a uma Atuação Democrática dos Poderes Públicos

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Direito Subjetivo à Jurisdição

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Direito Subjetivo à Estabilidade dos Negócios Jurídicos

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Direito ao Juízo Natural XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Direito de Liberdade – Direito de Não Sofrer Sanção por Fato Alheio – Direito à Incolumidade Física e Moral – Direito de Defesa – Liberdade Política e de Opinião – Enfim, Direito à Segurança em Geral

São protegidos pelas garantias penais que se acham inscritas, em geral, nos incisos XXXVII e LXVII do art. 5o.

Direitos Públicos Subjetivos, Líquidos e Certos

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Direito à Intimidade e à Incolumidade dos Dados Pessoais – Direito de Acesso às Informações Registradas em Bancos de Dados – Direito de Retificação de Dados

LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

Direito à Probidade e à Moralidade

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de

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que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;