logística de exportação com estudo de caso da...
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FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO COM ESTUDO DE
CASO DA INDÚSTRIA DA BANANA
AUTOR: FABRÍZIO ALBERTO PESSOA DE SOUZA
Santos
2007
LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO COM ESTUDO DE
CASO DA INDÚSTRIA DA BANANA
AUTOR: FABRÍZIO ALBERTO PESSOA DE SOUZA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de
Tecnólogo em Logística.
Orientador: Prof. Luis Fernando Costa Compiani
Santos
2007
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO COM ESTUDO DE
CASO DA INDÚSTRIA DA BANANA
AUTOR: FABRÍZIO ALBERTO PESSOA DE SOUZA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia ____/____/2007 à Faculdade de
Tecnologia da Baixada Santista – FATEC/BS, como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Tecnólogo em Logística com ênfase em transportes.
BANCA EXAMINADORA:
1. Prof. Luís Fernando Costa Compiani: ____________________________________.
2. MSc. Prof. Mário de Souza Nogueira Neto: ________________________________.
3. MSc. Prof. Álvaro Camargo Prado : ____________________________________.
Santos
2007
Dedico,
Aos meus pais, que em todos os meus momentos de
dificuldade estiveram presentes e atuantes, colaborando
para que este momento se tornasse uma realidade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar força para cursar uma segunda faculdade com 25 anos de
idade.
Agradeço aos professores do UNI-TÉCNICO que em 1 mês me ajudaram a me
preparar para o concorrido vestibular da FATEC.
Agradeço as empresas que trabalhei até o momento que me proporcionaram
conhecimento na área de Logística / Comércio Exterior / Transportes que contribuíram para o
êxito desse trabalho.
Agradeço aos meus colegas de classe e professores da FATEC pelo aprendizado
nesses 3 últimos anos.
Agradeço os professores Julio Penin e Mário Nogueira pela contribuição no trabalho.
Agradeço ao meu cachorro Bartolomeu por estar ao meu lado nas intermináveis horas
de digitação do trabalho.
Agradeço a minha família e namorada por estarem sempre presentes em minha vida.
Em especial, agradeço ao professor, amigo e orientador Luís Fernando Costa
Compiani que me ajudou a concluir o trabalho.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. vii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ viii
RESUMO .................................................................................................................................. ix
ABSTRACT ............................................................................................................................... x
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11
1. ESCOPO DO ESTUDO ....................................................................................................... 12
1.1 Justificativa ..................................................................................................................... 12
1.2 Objetivo .......................................................................................................................... 12
1.3 Metodologia .................................................................................................................... 13
2. LOGÍSTICA EMPRESARIAL ............................................................................................ 14
2.1 Planejamento Logístico .................................................................................................. 18
2.2 Planejamento de Marketing da Cadeia de Suprimentos ................................................. 21
2.2.1 Orientações estratégicas .......................................................................................... 23
2.2.2 Ambiente de marketing ........................................................................................... 25
2.2.3 Sistema de informações em marketing .................................................................... 26
2.2.4 As necessidades e o comportamento dos consumidores ......................................... 27
2.2.5 Público-alvo ............................................................................................................. 29
2.2.6 Segmentação de mercados ....................................................................................... 29
2.2.7 Posicionamento de marketing .................................................................................. 31
2.3 Conclusão do Capítulo ................................................................................................... 32
3. LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO ....................................................................................... 33
3.1 Pesquisa de Mercado ...................................................................................................... 34
3.2 Gestão Empresarial ......................................................................................................... 35
3.3 Normalização e Certificação .......................................................................................... 38
3.4 Política Comercial .......................................................................................................... 38
3.5 Barreiras Comerciais ...................................................................................................... 39
3.6 Acordos Comerciais ....................................................................................................... 41
3.7 Missões Técnicas e Comerciais ...................................................................................... 41
3.7.1 Feiras e exposições .................................................................................................. 42
3.7.2 Vitrine do exportador............................................................................................... 43
3.8 Forma de Comercialização ............................................................................................. 44
3.9 Modalidades de Pagamento ............................................................................................ 44
3.10 Tratamento Tributário .................................................................................................. 46
3.11 Financiamento .............................................................................................................. 46
3.11.1 Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio - ACC e Adiantamentos sobre
Cambiais Entregues - ACE ............................................................................................... 46
vi
3.11.2 BNDES – EXIM .................................................................................................... 47
3.11.3 Pré-pagamento de Exportação ............................................................................... 47
3.11.4 PROGER Exportação ............................................................................................ 47
3.11.5 Programa de Financiamento às Exportações - PROEX......................................... 48
3.11.6 Programas de Apoio do Banco do Brasil à Exportação......................................... 49
3.12 Seguro de Crédito ......................................................................................................... 49
3.13 Regimes Aduaneiros ..................................................................................................... 50
3.14 Termos Internacionais de comércio - INCOTERMS ................................................... 52
3.15 Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX ............................................. 55
4. ESTUDO DE CASO DA “INDÚSTRIA DE BANANAS” ................................................. 58
4.1 Frutas Tropicais .............................................................................................................. 58
4.2 Banana ............................................................................................................................ 58
4.2.1 Características .......................................................................................................... 59
4.2.2 No Brasil .................................................................................................................. 62
4.3 Apresentando a Empresa ................................................................................................ 63
4.3.1 A Empresa ............................................................................................................... 64
4.3.2 Missão ...................................................................................................................... 64
4.3.3 Visão ........................................................................................................................ 64
4.3.4 Processos ................................................................................................................. 64
4.4 Mercados ........................................................................................................................ 67
4.4.1 Justificativa .............................................................................................................. 68
4.4.2 Canadá ..................................................................................................................... 68
4.4.3 Organizações e acordos Internacionais.................................................................... 71
4.4.4 Comércio exterior .................................................................................................... 71
4.4.5 Relações Canadá-Brasil ........................................................................................... 74
4.4.6 Toronto .................................................................................................................... 74
4.5 Como Exportar ............................................................................................................... 76
4.5.1 Estratégias de marketing .......................................................................................... 76
4.5.2 Logística de exportação ........................................................................................... 80
4.5.3 Documentação ......................................................................................................... 86
4.5.4 Outros procedimentos .............................................................................................. 95
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 97
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 98
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Visão da Cadeia de Abastecimento ........................................................................... 15
Figura 2: Visão da Cadeia de Suprimentos .............................................................................. 19
Figura 3: Visão do Planejamento Estratégico........................................................................... 20
Figura 4: Mix de Marketing – 4 P’s ......................................................................................... 22
Figura 5: Tipos de Banana ........................................................................................................ 59
Figura 6: Local da empresa Fazio............................................................................................. 63
Figura 7: Plantação de bananas ................................................................................................ 63
Figura 8: Bananas descacadas .................................................................................................. 65
Figura 9: Fluxograma da produção de polpa de banana ........................................................... 66
Figura 10: Cozinhadores ........................................................................................................... 66
Figura 11: Corte do doce de banana ......................................................................................... 67
Figura 12: Flow pack ................................................................................................................ 67
Figura 13: Bandeira do Canadá ................................................................................................ 68
Figura 14: Mapa do Canadá...................................................................................................... 70
Figura 15: Vista noturna da cidade de Toronto ........................................................................ 75
Figura 16: Doce de Banana ...................................................................................................... 76
Figura 17: Canal de distribuição a utilizar................................................................................ 77
Figura 18: Custos da fábrica, terminal, armador e transportadora ........................................... 79
Figura 19: Caixa do produto ..................................................................................................... 80
Figura 20: Dimensões do pallet ................................................................................................ 81
Figura 21: O Pallet .................................................................................................................... 81
Figura 22: Disposição dos pallets no container ........................................................................ 82
Figura 23: Container reefer de 20 pés ...................................................................................... 82
Figura 24: Comercial Invoice ................................................................................................... 87
Figura 25: Packing List ............................................................................................................ 88
Figura 26: Registro de exportação no Siscomex ...................................................................... 90
Figura 27: Registro de exportação (P2) – Siscomex ................................................................ 91
Figura 28: Registro da declaração de despacho de exportação – DDE no Siscomex .............. 92
Figura 29: Bill of Landing ........................................................................................................ 93
Figura 30: Carta de temperatura ............................................................................................... 95
Figura 31: Relação de documentos a enviar ............................................................................. 96
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Incoterm’s – Parte 1 .................................................................................................. 53
Tabela 2: Incoterm’s – Parte 2 .................................................................................................. 54
Tabela 3: Incoterm’s – Parte 3 .................................................................................................. 55
Tabela 4: Evolução da balança comercial / 2002-2006 (US$ MILHÕES) .............................. 72
Tabela 5: Direção do comércio exterior do Canadá (US$ MILHÕES – FOB) /
EXPORTAÇÕES ............................................................................................................. 72
Tabela 6: Direção do comércio exterior do Canadá (US$ MILHÕES – FOB) /
IMPORTAÇÕES .............................................................................................................. 73
Tabela 7: Tabela de fretes ......................................................................................................... 83
ix
RESUMO
Este estudo relata a aplicabilidade da função de planejamento para o setor de
exportação. Demonstrado as várias deste planejamento, seja de produção, mas principalmente
o de marketing. No mundo globalizado de hoje, onde as empresas estão deixando de ter
fronteiras, passando a atuar em várias frentes espalhadas pelo globo, às empresas se vem cada
vez mais obrigadas a ter em seus quadros pessoas capazes de identificar oportunidades de
negócio. Para tanto se exige um amplo conhecimento em estratégias e como usá-las e difundi-
las em prol de encontrar vantagem competitiva para a empresa. Nos vários mercados
espalhados pelo globo, altamente concorridos em virtude do crescente número de empresas
atuando fora de seus mercados regionais, com firme propósito de aumentar o número de
fontes de receitas, com conseqüente aumento de lucratividade, obriga uma empresa que
pretende entrar na disputa a se preparar dentro e fora do seu ambiente, e para isto se faz
necessário dominar todo um processo, a “Logística de Exportação”. Este trabalho de pesquisa
foi construído com o firme propósito de elucidar todas as fases que este processo de
planejamento envolve, a saber: a escolha do produto, mercados, mas principalmente os meios
para que a empresa obtenha sucesso em lucratividade e efetividade.
Palavras-chave: planejamento, logística e exportação.
x
ABSTRACT
This project tells the applicability of the function of planning for the exportation
sector. Demonstrated the several of this planning, either of production, but mainly of
marketing. In today’s globalization world, where the companies are leaving to have borders,
starting acting in some fronts spread for the globe, to the more obliged companies if it comes
each time to have in its pictures people capable to identify business chances. For in such a
way an ample knowledge in strategies is demanded and as to use them and spread them out in
favor of finding competitive advantage for the company. In the some markets spread for the
globe, highly concurred in virtue of the increasing number of companies acting outside of its
regional markets, with firm intention to increase the number of prescription sources, with
consequent increase of profitability, it compels a company whom she intends to enter in the
dispute if to prepare inside and it are of its environment, and for this if it makes necessary to
dominate a process, the "Logistic of Exportation". This work of research was constructed with
the firm intention to elucidate all the phases that this process of planning involves, to know:
the choice of the product, markets, but mainly the ways so that the company gets success in
profitability and effectiveness.
Key-word: planning, logistic and exportation.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 11
INTRODUÇÃO
O presente estudo segue uma ordem de apresentação e desenvolvimento onde
inicialmente se explana toda uma conceituação do assunto, para no fechamento do trabalho
apresento um modelo viável de planejamento de exportação.
No Capítulo 1 o autor apresenta suas justificativas dentro de um processo já vivido em
seu dia-a-dia de trabalho, desta forma identificou a forma da abordagem, definindo os
objetivos principais a serem alcançados pelo estudo e de que forma conduziu sua pesquisa
exploratória.
No Capítulo 2 é apresentado todo o referencial bibliográfico que embasou e definiu a
forma de estruturação e planejamento para a “Logística de Exportação”.
No Capítulo 3 demonstra-se o que vem a ser “Logística de Exportação”, os processos
que envolvem o planejamento que uma empresa deve executar para dar entrada para o
mercado de exportação.
No Capítulo 4, para o autor partir de uma referência positiva, faz-se o “Estudo de Caso
– Indústria da Banana”, como forma de evidenciar e demonstrar a aplicabilidade correta do
planejamento da “Logística de Exportação”.
O autor em sua conclusão final enfatiza a importância da função de planejamento e
que este estudo propiciou a abertura de discussão para novos projetos ou implementações para
o setor.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 12
1. ESCOPO DO ESTUDO
1.1 Justificativa
A experiência do autor, que durante um período de sua vida profissional, conviveu
diariamente com os processos de negociação, intermediação e fechamentos de exportações
dos mais variados produtos. Isto motivou o autor a buscar a entender o cenário do comércio
internacional brasileiro, vislumbrando-se ele com os números potenciais das exportações de
frutas tropicais praticados pelo Brasil. Observando a região da Baixada Santista em sua orla
sul que conjuntamente com a região do Vale do Ribeira possui uma vasta área plantada de pés
de banana, motivou o autor deste trabalho de pesquisa a se aprofundar no processo de
exportação de frutas tropicais, dando mais ênfase ao produto banana. Sabe-se que o agro
negócio brasileiro responde por grande fatia das exportações brasileiras, principalmente para
os mercados mais exigentes do planeta.
1.2 Objetivo
Este trabalho, a fim dar clareza ao seu desenvolvimento, pretende responder aos
seguintes objetivos:
Objetivo 1: embasado em um referencial bibliográfico conceituar o que chamamos de
logística de exportação;
Objetivo 2: através do estudo de caso da indústria da banana, , construído pelo autor
da pesquisa, demonstrar como deve ser o desenvolvimento de um projeto de
exportação, utilizando-se como referência uma operação de exportação para o Canadá.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 13
1.3 Metodologia
Os métodos empregados neste estudo foram os seguintes:
1. Levantamento bibliográfico de conceitos do planejamento estratégico, procedimentos
de exportação.
2. Estudo de caso: construção de um projeto de exportação embasado na indústria da
banana.
Assim, o objeto da pesquisa exploratória tende a buscar um melhor planejamento para
a logística de exportação desde a produção do produto, escolha do mercado afim e o processo
documental e operacional.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 14
2. LOGÍSTICA EMPRESARIAL
O termo Logística, de acordo como Dicionário Aurélio, vem do francês logistique e
tem como uma de suas definições oriundas da arte da guerra que trata do planejamento e da
realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição,
reparação, manutenção e evacuação de material (para fins operativos ou administrativos). Um
conceito conhecido e empregado pelos militares desde muito tempo. Como foi exemplificada
na “Segunda Guerra Mundial” e, mais recentemente, na Guerra do Golfo, a capacidade de
suprir adequadamente as tropas, que avançavam pelos campos inimigos, com suprimentos e
equipamentos, sempre foi um fator determinante para o sucesso das campanhas militares.
Nas empresas, sua utilização e o reconhecimento do seu potencial de criar vantagens
competitivas sobre os concorrentes são bem mais recentes. O desconhecimento, o baixo nível
de entendimento de seus princípios, a maior atenção dispensada a outras áreas, consideradas
mais importantes, e a falta de pessoal qualificado podem explicar esse fato. As definições são
várias, mas todas têm um ponto em comum que é a importância da sua aplicação, de forma a
integrar todos os componentes de um sistema logístico. Algumas delas são relacionadas a
seguir.
Segundo Christopher (1997), a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a
aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos
de informação correlatos), com a organização e seus canais de marketing, de modo a poder
maximizar as lucratividades presente e futura, pelo atendimento de pedidos a baixo custo.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 15
Figura 1: Visão da Cadeia de Abastecimento
O Council of Logistics Management define assim: logística é a parcela do processo da
cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e satisfatório de
matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde
seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos
clientes. Ballou (1993) enfatiza a logística empresarial como sendo uma atividade de
planejamento, e que trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que
facilitam o fluxo de produtos, desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de
consumo final, assim como os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento,
com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.
Logística é a chave de muitos negócios por muitas razões, entre as quais incluímos o
alto custo de operação das cadeias de abastecimento. Pode-se perceber que a tendência das
organizações é a horizontalização, atividade em que, muitos produtos até então produzidos
por determinada empresa do fim da cadeia de fornecimento passam a ser produzidos por
outras empresas, ampliando o número de fontes de suprimento e dificultando a administração
desse exército de fornecedores. Alguém pode estar perguntando: se os custos são tão altos,
por que então horizontalizar e criar demanda para atividades logísticas?
Para Ferraes Neto (2003) em seu artigo, a resposta para a indagação acima se resume
em duas palavras: “Mercado Globalizado”. À medida que as empresas investem em parceiros
comerciais, aumentamos gastos com o planejamento de toda a cadeia. Mas, analisando essa
situação de forma holística, percebe-se que há uma redução de custos. Mais importante do que
tal redução, a atividade logística passa a agregar valor, melhorando os níveis de satisfação dos
usuários. Entretanto, a mudança na atividade logística se não for acompanhada por todas as
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 16
organizações, levará à falência daquelas que não se enquadrarem. Mas ainda pode ficar uma
questão a ser resolvida: como se dá a redução nos custos?
Ainda Ferraes Neto (2003) afirma que tal redução, acompanhada de um estudo
logístico, é explicada pela especialização das empresas fornecedoras, haja vista que as
mesmas acabam por investirem tecnologia de ponta para os desenvolvimentos dos materiais,
até então produzidos pela empresa que está no fim da cadeia, e que agora passarão a ser
produzida pela mais nova empresa horizontalizada. A partir desse momento, a tendência é que
exista uma redução de custos, proporcionada pelo ganho de escala na produção e pelo
desenvolvimento tecnológico, focado agora em uma determinada linha de produto. Como se
pode perceber, a atividade logística está inserida em diversos pontos da organização e sua
correta aplicação se faz necessária para o bom andamento das atividades.
Para Ferraes Neto (2003) muitas são as teorias sobre a obtenção de vantagem
competitiva que comprovam deva ser ela a mais duradoura possível e muito perceptível aos
olhos dos clientes, para colocar a organização numa posição de supremacia diante de seus
concorrentes. A convergência de todas essas abordagens repousa na seguinte constatação: é
preciso que se produza a um custo menor, ou que se agregue mais valor, ou que se possa
atender de maneira mais efetiva as necessidades de um determinado nicho de mercado. Numa
situação ideal, a busca acontece quando se atinge tais alvos simultaneamente, o que,
paradoxalmente, pode soar conflitante. Pesquisas recentes mostram que os produtos, de modo
geral, estão se tornando cada vez mais parecidos na percepção dos clientes. A atualização
tecnológica, a aplicação de processos produtivos mais competentes e enxutos e o acesso a
fontes de suprimento capazes de garantir matérias-primas de qualidade são realidades que
estão permitindo o nivelamento dos fabricantes de um mesmo produto. Além disso, existe a
percepção de que as marcas estão perdendo seu poder de sedução e, como resultado desses
fatos, os fabricantes estão caindo em uma vala comum e os produtos tornando-se
commodities. Com base nos fatos relatados, evidencia-se que a diferenciação pode ser obtida
pela prestação de um maior e mais completo pacote de serviços. Isso representa um desafio,
pois a oferta de tais comodidades deve estar acompanhada pela manutenção ou, até mesmo,
redução dos preços praticados. Ao se criarem maiores expectativas para os clientes, também a
qualidade das operações torna-se um atributo chave. Se a empresa não for capaz de cumprir as
suas promessas, o cliente ficará profundamente frustrado.
Numa visão expandida e mais integrativa, ao adotar o conceito de Supply Chain
Management, que é a integração de todos os componentes e a coordenação de todas as
atividades que uma cadeia de abastecimento realiza para atender ao cliente final, a
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 17
organização pode se tornar muito mais ágil e flexível que os concorrentes, o que seria
extremamente desejável. O projeto e o desenvolvimento conjunto de produtos permitem que
uma cadeia lance novos produtos com maior velocidade, com melhor funcionalidade e custos
de produção totais mais baixos. Como existe parceria, o planejamento estratégico será
compartilhado e os riscos serão divididos. Para que um sistema logístico seja corretamente
implantado e atinja os objetivos planejados, alguns pontos precisam ser observados:
a. O sistema deve ser planejado para atender as necessidades dos clientes;
b. O pessoal envolvido deve ser treinado e estar capacitado;
c. Os níveis de serviços a serem oferecidos devem ser definidos;
d. A segmentação dos serviços deve ocorrer, de acordo com as necessidades dos clientes
e com a lucratividade de cada segmento;
e. A utilização de tecnologia de informação é preciso para integrar as operações;
f. As consistentes previsões de demanda são necessárias, assim como a percepção do seu
comportamento;
g. A adoção de indicadores de desempenho que permitam garantir a consecução dos
objetivos é recomendada.
Competir é preciso e, portanto, uma realidade que não se pode mais ignorar. Assim,
todas as organizações tentam se diferenciar de seus concorrentes, para conquistar e manter
clientes. Isso está se tornando mais difícil. Ocorre o aumento da arena competitiva,
representado pelas possibilidades de consumo e produção globalizadas. Necessita-se de que se
façam lançamentos mais freqüentes de novos produtos, os quais, em geral, terão ciclos de vida
curtos. A mudança no perfil dos clientes, cada vez mais, bem informados e exigentes, força as
empresas e serem criativas, ágeis e flexíveis, além de elevar a sua qualidade e confiabilidade.
Sem dúvida, tarefas desafiadoras para os executivos em todo o mundo, exigindo maiores
esforços.
Competição em mercados locais, processo de globalização dos mercados, são
ingredientes da economia mundial que pode vir a se tornar indigesto para algumas empresas,
mas para outras se tornam desafios a serem vencidos. Drucker (1991) em seu livro “As Novas
Realidades”, chama o processo de globalização de economia transnacional, onde o objetivo
das empresas não é só a “maximização dos lucros”, e sim a “maximização dos mercados”, ou
seja, a atividade comercial cada vez mais é resultado de investimentos. Na verdade, o
comércio está se tornando uma função do investimento. Desta forma as empresas passam por
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 18
estar presentes em todos os cantos do globo, buscando o que há de melhor em cada
continente, criando fluxos de comércio dos mais variados bens, podendo ser desde matérias-
primas, produtos intermediários, bem como produtos prontos para o mercado de consumo. Os
processos de exportações crescem e ao mesmo tempo se tornam cada vez mais complexos,
pois à medida que os mercados se especializam se tornam exigentes.
Exportar hoje significa partir para um corpo a corpo em busca de clientes, mantê-los
efetivos, muitas empresas hoje buscam ter de 30 a 40% de suas receitas atreladas a
exportação. Exportar sempre, tendo continuidade, demanda investimentos, em planejar
estrategicamente a cadeia de suprimentos externa e principalmente desenvolver um
planejamento de marketing, ou seja, conhecer indistintamente cada mercado em suas
particularidades, desenvolver ações customizadas para cada mercado. A este processo
chamamos de logística de exportação, e para dar clareza ao assunto, este trabalho de pesquisa
irá fundamentá-lo com conceitos do planejamento de marketing, assunto abordado a seguir.
2.1 Planejamento Logístico
Compiani (2005), em seu trabalho de pesquisa coloca que o capital isolado não se
transforma, a estrutura organizacional é o meio para qual se executa eficientemente as
operações da empresa, devendo facilitar o desempenho humano e não se transformar em
obstáculo, sua essência é procurar cultivar um clima de harmonia e integração entre os
objetivos da empresa e o quadro de pessoal. Podemos ir além, o planejamento envolvido em
uma cadeia de suprimentos, não fica restrito a uma unidade organizacional de uma empresa,
mas sim a uma estrutura que pode envolver vários participantes, fornecedores, produtores,
transportadores, operadores logísticos e etc, dependendo do tamanho e configuração dela. A
complexidade do planejamento cresce na mesma medida de seu tamanho, mas isto não deve
ser em absoluto um problema, mas um obstáculo a transpor através de um objetivo único da
cadeia, ou seja, lucratividade para todos os envolvidos, desta forma o tratamento a ser dado é
de parcerias.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 19
Figura 2: Visão da Cadeia de Suprimentos
Gestão de
Pedidos
Transporte ClientesCanal de
DistribuiçãoFabricante Compras
Planejamento e
Controle da
Produção
Fonte: os autores.
Visão da Cadeia de Suprimentos
Previsão e Gestão
de Vendas
Armazenagem e
Expedição
Planejamento
de Material
Transporte,
Compras e
Armazenagem
Fornecedores
Segundo Oliveira (2001:32) existe certa dificuldade, quando da conceituação da
função planejamento nas empresas de estabelecer sua real amplitude e abrangência, em seu
estudo levantou que:
... Steiner (1969:12) estabeleceu cinco dimensões do planejamento:
1. A primeira corresponde ao assunto abordado: produção, pesquisa, novos
produtos, finanças, marketing, instalações, recursos humanos e etc...
2. A segunda corresponde aos elementos do planejamento: propósitos, objetivos,
estratégias, políticas, programas, orçamentos, normas, procedimentos e etc...
3. A terceira corresponde à dimensão de tempo: curto, médio ou longo prazo.
4. A quarta corresponde às unidades organizacionais: corporativo, subsidiária,
grupos funcionais, divisões, departamentos e etc...
5. A quinta corresponde às características do planejamento por complexidade ou
simplicidade, qualidade ou quantidade estratégica ou tática, confidencial ou
pública, formal ou informal, econômica ou caro (Oliveira, 2001:32).
Para Oliveira (2001:33) o processo de planejar envolve um modo de pensar, que
provoca indagações, que leva a um questionamento sobre o que fazer, com, quando, quanto,
para quem, por que, por quem e onde. Pressupõe a necessidade de um processo decisório que
ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa, contendo
elementos individuais e organizacionais orientados aos interesses da empresa. Tal atividade
deverá resultar em decisões presentes, tomadas a partir do exame de impacto das mesmas no
futuro. Desta forma Oliveira (2001) define o planejamento como o desenvolvimento de
processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de
avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais que
facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz,
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 20
tendendo a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, conseqüentemente, provocar
aumento da probabilidade de alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidas para a
empresa.
Compiani (2005), em seu trabalho de pesquisa enfatiza que o planejamento estratégico
provoca mudanças na estrutura da empresa, ou seja, nas pessoas, na tecnologia e no sistema.
Tem como princípios à eficiência, eficácia e efetividade. Por eficiência entende-se: fazer as
coisas de maneira adequada, resolver problemas, salvaguardar os recursos aplicados, cumprir
seu dever e reduzir custos. Por eficácia: fazer as coisas certas, produzir alternativas criativas,
maximizar a utilização dos recursos, obter resultados e aumentar lucros. Por efetividade:
manter-se no ambiente e apresentar resultados globais ao longo do tempo (permanentemente).
Oliveira (2001) conclui ressaltando que a administração é uma tecnologia e, como tal,
apresenta-se em constante evolução, para qual os executivos devem estar, permanentemente,
atentos para melhor aplicá-la nas empresas. Ela passa por constantes mutações devendo ser,
sistematicamente, repensada, para quebrar paradigmas e consolidar novos modelos de gestão.
Figura 3: Visão do Planejamento Estratégico
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 21
Tanto Goldratt (2003) como Aquino (1979) apontam que a “Gerência por Objetivos -
GPO” tem sido a melhor estratégia na administração de empresas.
Em 1954 Peter Drucker, um dos pioneiros desta metodologia gerencial, afirmava
que “os administradores deveriam concentrar-se mais em resultados do que em
esforços supérfluos e dispersos”... George Odiorne, especialista em GPO, diz
que “Administração por Objetivos é um processo através do qual os gerentes e
subordinados de uma organização identificam objetivos comuns, definem áreas
de responsabilidade de cada um em termos de resultados esperados e usam
medidas, como guias para a operação dos negócios” (Aquino, 1979:153).
Aquino (1979) alerta que, embora a técnica tenha fornecido excelentes resultados, já
ocorreram experiências negativas, nestes casos, o problema estava mais nas circunstâncias do
que no método, por não terem considerado a cultura e a infra-estrutura da organização, que
vem de encontro a uma lição de Goldratt (2003): “As verdadeiras restrições não são
máquinas, mas sim políticas mal planejadas e/ou direcionada”.
2.2 Planejamento de Marketing da Cadeia de Suprimentos
De uma forma geral e simplista pode-se afirmar, de acordo com Kotler (2000), que
marketing é um processo social por meio dos quais pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo
de que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos e serviços.
Marketing é uma via de duas mãos entre o mercado e as organizações, em que estas buscam
no mercado informações sobre seus desejos e necessidades, recebendo como retorno, nesta
primeira fase, as informações. Como passo seguinte, as organizações passam, através de um
planejamento estratégico, a oferecer ao mercado os produtos e serviços de acordo com os
desejos e necessidades dos clientes, tendo como retorno recursos financeiros e clientes
satisfeitos.
Compiani (2005) coloca que no planejamento estratégico as informações são
sustentáculos para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da logística empresarial. Com
freqüência, as decisões estratégicas tomadas são extensões do nível de apoio, embora sejam
mais abstratas e menos estruturadas, com foco no longo prazo. O planejamento de marketing
de uma cadeia de suprimentos envolve não somente uma linguagem de comunicação entre
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 22
empresa e cliente, mas várias decisões de cunho estratégico com objetivo disponibilizar o
produto em resposta as necessidades dos clientes. Tais decisões, não serão tomadas
isoladamente por uma empresa, dentro da cadeia de suprimentos, mas de forma conjunta por
todas as empresas componentes da cadeia de suprimentos, e vai envolver o que chamamos
“Mix Marketing”, ou simplesmente composto de marketing.
Conforme Shimoyama e Zela (2003), “Mix de Marketing” (ou composto de
marketing) é o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir
seus objetivos de marketing no mercado-alvo. Essas ferramentas são classificadas em quatro
grupos amplos, denominados os 4 P’s do marketing: produto, preço, praça (ou ponto-de-
venda) e promoção (do inglês product, price, place and promotion). As variáveis específicas
de marketing sob cada P são mostradas na figura, a seguir. A figura mostra a empresa
preparando um mix de ofertas de produtos, serviços e preços, utilizando um mix de promoção,
formado por promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas, mala-
direta, telemarketing e internet, para alcançar os canais de distribuição e os clientes-alvo.
Figura 4: Mix de Marketing – 4 P’s
Traduzidos do inglês, os 4 P’s são definidos como:
Product (Produto): o produto deve, com obrigatoriedade, ser o produto desejado pelo
cliente, dentro das suas expectativas e que satisfaçam às suas necessidades.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 23
Price (Preço): o cliente procurará um preço justo, que não deve ser nem muito
elevado, de modo que o cliente considere que não vale a pena comprá-lo, nem tão
baixo que o leve a pensar que há algo de errado com o produto, a ponto de recusá-lo.
Place (Ponto ou Distribuição): o produto desejado com um preço justo deve estar ao
acesso do cliente, isto é, num local em que ele possa comprá-lo no momento que
desejar.
Promotion (Composto Promocional): há um provérbio popular que diz: "A
propaganda é a alma do negócio", e, realmente, ele tem toda a razão, pois se não
divulgarmos o produto aos clientes eles não saberão da sua existência e não poderão
adquiri-lo.
Cada empresa adota uma estratégia para conseguir vender seus produtos e serviços,
dentro da cadeia de suprimentos as empresas participantes / parceiras devem entender seus
papéis nela e contribuir para que todos os elos da cadeia tenham os objetivos individuais
alcançados, desta forma a estratégia ou estratégias adotadas pela empresa devem ir na mesma
direção do objetivo principal da cadeia de suprimentos, pois quando um elo falha, todos na
cadeia de suprimentos falharam.
2.2.1 Orientações estratégicas
A orientação estratégica norteará todos os negócios da empresa e a sua forma de agir
diante do mercado e dos seus clientes. Veremos, a seguir, como pode se dar essa
diferenciação.
1. Orientação para a produção: as empresas orientadas à produção têm a visão de que
os clientes darão preferência aos produtos que sejam encontrados em qualquer lugar e
com preço baixo. Assim, a empresa procura produzir cada vez mais, visando baixar
seus preços e colocar seus produtos ou serviços no maior número possível de pontos
de venda, para que os clientes os encontrem com facilidade. Elas não consideram as
necessidades e desejos individuais de seus clientes e o fato de que nem sempre o
produto mais barato satisfará a todos. A título de exemplo, alguns médicos acreditam
que o simples fato de oferecer em seus serviços aos clientes por um preço acessível
(via Serviço Público) fará com que estes fiquem satisfeitos com os serviços e estejam
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 24
dispostos a esperar até que possam ser atendidos. Na realidade, os clientes, de um
modo geral, estão completamente insatisfeitos e, na primeira oportunidade em que
puderem pagar por um plano de saúde ou uma consulta particular, procurarão um
concorrente. É possível perceber que não há, nesta abordagem, uma preocupação
maior com os clientes, seus desejos e suas necessidades.
2. Orientação para o produto: as empresas orientadas para o produto consideram que
os clientes darão preferência aos produtos que oferecerem melhor qualidade,
desempenho e benefícios. Nesse caso, a empresa busca produzir produtos que
apresentem esses atributos ou características inovadoras. Normalmente esta orientação
é seguida por empresas que idolatram seus produtos e de forma alguma pretendem
alterá-lo, mesmo que seus clientes demandem um produto diferente. Alguns
fabricantes de máquinas de escrever, por exemplo, demoraram a assimilar a idéia de
que seus clientes desejavam computadores. Imaginava que estes prefeririam suas
máquinas, por estas serem mais simples de ser manuseadas. Na realidade, as pessoas
estavam mais susceptíveis às facilidades que os computadores ofereciam, mesmo que
tivessem que aprender a manuseá-los.
3. Orientação para as vendas: as empresas orientadas para as vendas adotam o
pensamento de que os clientes não decidem, por si sós, comprar. Desta forma, a
empresa precisa induzi-los a tomar a decisão, caso contrário não haverá a compra.
Diversas empresas adotam esta orientação, e com sucesso. O que ocorre é que elas não
estão preocupadas com a satisfação das necessidades dos clientes, e sim com a
satisfação das suas próprias necessidades. Muitas vezes, os clientes para quem foi
vendido o produto não o desejavam e somente o adquiriram devido à chamada "Venda
por Pressão", o que pode, fatalmente, gerar um cliente insatisfeito. Segundo diversos
autores do marketing, um cliente insatisfeito é um inimigo em potencial. Por exemplo,
algumas empresas que vendem enciclopédias procuram seus clientes em casa,
geralmente à noite, e insistentemente tentam convencê-los a adquirir o produto. Muitas
vezes os clientes não estão necessitando do produto, mas são convencidos a comprá-
lo. Estas pessoas não ficarão satisfeitas com a compra realizada e, posteriormente,
passarão a ser propagandistas negativos da empresa e do produto.
4. Orientação para o marketing: as empresas orientadas para o marketing guiam-se
pela seguinte forma de agir e pensar: procuram inteirar-se do que seus clientes
desejam e oferecem exatamente o que eles querem. Fazem isto antes dos seus
concorrentes e de forma que os seus produtos se tornem diferentes e atrativos para os
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 25
clientes. Assim, terão clientes satisfeitos e, tendo clientes satisfeitos, terão clientes
fiéis. De acordo com Kotler (2000), as empresas orientadas para o marketing têm uma
preocupação constante com os desejos dos clientes. Quando esses desejos mudam, as
empresas procuram evoluir, orientando-se pelo que os clientes querem, buscando
formas que possam atendê-los. Devido à existência de um mercado cada vez mais
competitivo no Brasil, as empresas, de uma forma geral, assim como os vários tipos de
organização, a exemplo das escolas, precisam estar constantemente preocupados com
os clientes. Se não puderem atendê-los, um concorrente poderá fazê-lo, e, então, os
competidores serão os vencedores. A grande maioria das pessoas gosta de pizzas, e
diversos empresários, conscientes disso, montaram pizzarias. Ocorre que nem sempre
as pessoas estão dispostas a ir às pizzarias para saborear seus produtos. Novamente,
procurando atender os clientes, estas empresas ofereceram o serviço de Entrega em
Domicílio, conhecido por Disk-Pizza. Agora, contudo, estão diante de um novo
problema: os clientes não somente querem pizzas entregues em casa, mas pizzas
entregues em casa em no máximo 10 minutos após o pedido. É um novo desafio, mas
aí já é uma outra história.
2.2.2 Ambiente de marketing
Para implantar um Plano de Marketing primeiramente deve ser feita uma Análise
Ambiental. Importando os conceitos e ferramentas do Planejamento Estratégico, esta fase tem
como objetivo conhecer o ambiente onde se encontra a organização, mapeando as ameaças e
oportunidades que podem ser vislumbradas no mercado e os pontos fortes e fracos da empresa
diante das realidades detectadas.
Em uma análise é importante considerar uma série de variáveis, todas com o mesmo
nível de importância, dependendo somente das características do mercado e do produto ou
serviço em questão, pois pode variar de um levantamento para outro, de acordo com suas
características. A análise ambiental é composta de diversas etapas. A Análise Macroambiente
de Marketing envolve variáveis incontroláveis, como as citadas neste capítulo. A Análise
Microambiente de Marketing envolve variáveis controláveis, como fornecedores,
consumidores, concorrentes e intermediários de marketing. SegundoKotler (2000), as
principais variáveis a serem consideradas são:
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 26
1. Variáveis Econômicas – São considerados aqui os fatores econômicos que envolvem
o mercado em estudo. Deve ser levantado até que ponto as variações na economia
podem comprometer positiva ou negativamente o mercado onde a organização atua ou
pretende atuar.
2. Variáveis Demográficas – É importante monitorar a população, pois as pessoas
representam o mercado. Podem ser consideradas, por exemplo, variações no número
de casamentos e de filhos de uma determinada população, ou ainda o tamanho e a taxa
de crescimento da população em diferentes cidades, regiões e nações, distribuição
etária e composto étnico, níveis educacionais, faixa etária, etc.
3. Variáveis Culturais - Dizem respeito ao grau em que a cultura de um mercado pode
comprometer a aceitação de um determinado produto ou serviço. Elas envolvem
culturas, sub-culturas, comportamento, influência das religiões, crenças, grau de
tecnologia, etc.
4. Variáveis Tecnológicas - Principalmente nos dias atuais, quando a tecnologia evolui
constantemente e quase que diariamente, este setor deve ser considerado em qualquer
análise de ambiente. As mudanças e as facilidades de acesso à tecnologia fazem com
que um produto se torne obsoleto rapidamente.
5. Variáveis Políticos / Legais – as mudanças do ambiente político, que ocorrem
constantemente, e das Leis, principalmente no Brasil, devem ser vistas com grande
atenção, pois elas podem inviabilizar um produto, serviço ou empreendimento.
2.2.3 Sistema de informações em marketing
Para estruturar e manter em pleno funcionamento um Plano de Marketing é
fundamental que se estruture um Sistema de Informações. Ele fomentará os responsáveis pelo
marketing com informações para que sejam tomadas decisões baseadas na realidade do
mercado. A utilização do Sistema de Informações em Marketing faz parte de uma atividade
constante de Análise de Mercado. Segundo Kotler (2000), um Sistema de Informações de
Marketing compõe-se de pessoas, equipamentos e procedimentos para coletar, selecionar,
analisar, avaliar e distribuir informações que sejam necessárias, oportunas e precisas para os
tomadores de decisões. Costuma-se dizer que "a informação é a matéria-prima do
marketing", e um Sistema de Informações de Marketing é um processo contínuo, em que
dados e informações são colhidos, processados e armazenados para ser utilizados nas decisões
de marketing das organizações. As informações necessárias são desenvolvidas através de
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 27
Registros Internos da empresa, atividades de Inteligência de Marketing, Pesquisa de
Marketing e análise de Sistemas de Apoio às decisões. Para facilitar o entendimento, serão
apresentados a seguir todos os Componentes de um Sistema de Informações em Marketing:
Sistema de Registros Internos: são relatórios sobre pedidos, vendas, preços, níveis
de estoque, contas a receber, contas a pagar, etc.
Sistema de Inteligência de Marketing: é um conjunto de procedimentos e fontes
usados por administradores para obter informações diárias sobre os desenvolvimentos
pertinentes no ambiente de marketing. Geralmente buscam inteligência de marketing
em livros, jornais e revistas técnicas, conversando com consumidores, fornecedores,
distribuidores, funcionários da própria empresa, etc.
Sistema de Pesquisa de Marketing: é o planejamento, coleta, análise e apresentação
sistemática de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de
marketing enfrentada pela empresa. É possível citar as Pesquisas Quantitativas de
Marketing, que são pesquisas primárias com o objetivo de obter números ou relações
numéricas, como o número de pessoas que preferem um produto em detrimento de
outro; e as Pesquisas Qualitativas de Marketing, que são pesquisas exploratórias que
visam levantar conceitos dos entrevistados com relação a um tema. Embora as
Pesquisas Qualitativas de Marketing sejam menos conhecidas, são muito utilizadas no
contexto de marketing e propaganda. Os resultados de uma Pesquisa de Marketing
sempre figurarão na análise ambiental de um Plano de Marketing. Eles apresentam
uma espécie de raio X dos clientes no que diz respeito aos produtos ou serviços
oferecidos por uma empresa. Mas um Sistema de Informações de Marketing é algo
que deve funcionar, constantemente, fornecendo informações, sobretudo o que ocorre
no Ambiente de Marketing, seja ele interno ou externo.
Sistema de Apoio à Decisão de Marketing: trata-se de um conjunto coordenado de
dados, sistemas, ferramentas e técnicas com software e hardware de apoio, pelo qual a
organização reúne e interpreta informações relevantes da empresa e do ambiente.
2.2.4 As necessidades e o comportamento dos consumidores
O marketing não cria necessidades, mas apenas às identifica, para que possam ser
satisfeitas, com soluções adequadas. Primeiramente, é importante salientar a diferença que
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 28
existe entre necessidade e desejo. Enquanto necessidade é um estado de privação de alguma
satisfação básica, desejo é algo que as pessoas buscam satisfazer embora o objeto de desejo
não vise suprir uma necessidade básica. Por exemplo, temos necessidade de tomar água e
desejo de tomar um suco de laranja de uma determinada marca ou um bom vinho.
Necessidade é tudo aquilo que deve ser satisfeito, caso contrário causará algum tipo de
indisposição naquele que a está sentindo. Se alguém sente frio somente se satisfará com um
agasalho ou algo que o aqueça. Nesse caso, tem-se alguém com uma necessidade bem
definida.
Todos, enquanto consumidores, somos influenciados por uma série de fatores que nos
levam à decisão sobre o que comprar. Segundo Kotler (2000), são quatro os principais fatores,
comentados a seguir:
1. Fatores culturais: exercem a mais ampla e profunda influência sobre o
comportamento do consumidor. Os papéis exercidos pela cultura, sub-cultura e classe
social do comprador são particularmente importantes. A cultura envolve valores,
percepções, preferências e comportamentos familiares. As sub-culturas envolvem as
nacionalidades, religiões, grupos raciais e regiões geográficas. As classes sociais são
divisões relativamente homogêneas e duradouras de uma sociedade, e não refletem
somente a renda, mas também outros indicadores como ocupação, nível educacional e
área residencial. Costuma-se dizer que "o homem é produto do meio", ou seja, tudo o
que acontece no lugar onde as pessoas vivem influencia diretamente seu modo de agir
e pensar. Esta posição não poderia ser diferente no que diz respeito ao comportamento
das pessoas como consumidores, em que diversos fatores do meio onde vivem afetam-
nas diretamente. Por exemplo, as pessoas que moram nas grandes cidades do Brasil
adquirem computadores para uso doméstico por acreditarem que é um bem de grande
utilidade. O mesmo computador, porém, não teria igual utilidade para moradores de
uma tribo da África.
2. Fatores sociais: assim como os fatores culturais, os fatores sociais são decorrentes do
meio onde as pessoas vivem, porém com mais proximidade, como grupos de
referência, família, incluindo-se aí os papéis e posições sociais. Os grupos de
referência compreendem todos aqueles que têm influência direta ou indireta sobre as
atitudes ou comportamentos da pessoa. Os grupos que têm influência direta sobre uma
pessoa são denominados grupos de afinidade (família, amigos, vizinhos e colegas de
trabalho). A família é a organização de compra de produtos de consumo mais
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 29
importante da sociedade, e a posição da pessoa em cada grupo pode ser definida em
termos de papel e posição social. Um papel sugere atividades que se espera que uma
pessoa desempenhe, a exemplo do papel de filha, de mãe, entre outros. A posição
social está relacionada com o status do indivíduo na sociedade.
3. Fatores pessoais: estes fatores envolvem diretamente a pessoa como a sua idade,
ocupação, condições econômicas e estilo de vida. Tais fatores influenciam muito o
consumidor. Os jovens executivos, por exemplo, compram ternos, enquanto jovens
atletas adquirem agasalhos esportivos.
4. Fatores psicológicos: as escolhas de compra de uma pessoa são também influenciadas
por quatro importantes fatores psicológicos: motivação, percepção, aprendizagem e
crenças e atitudes. Muitas vezes as pessoas são motivadas a comprar, ou não, por
fatores que não são externos, e sim internos, ou seja, por desejos vindos do seu
subconsciente. São os chamados fatores psicológicos. Os homens mais velhos
preferem carros com motores possantes, por estes sugerirem masculinidade. Os
adolescentes (teens) vestem-se diferentemente dos adultos pelo simples fato de serem
diferentes, pois estão em uma fase da vida em que necessitam de auto-afirmação e
preparação para a vida adulta.
2.2.5 Público-alvo
Público-alvo ou Target é o foco das ações de marketing da empresa. São as pessoas a
quem dirigimos nossas estratégias, buscando atender seus desejos e necessidades. As
primeiras visões do marketing vislumbravam o que chamamos de Marketing de Massa, ou
seja, considerava-se uma grande população ou uma parte dela, porém sem diferenciar os
vários segmentos que a compõem. Pensava-se unicamente em procurar atender a maioria das
pessoas, já que agradar 100% delas é praticamente impossível.
2.2.6 Segmentação de mercados
Segundo Kotler (1998) devemos considerar que as pessoas são diferentes e pensam
diferentemente no que diz respeito a sua forma de comprar e aos produtos e serviços que
costumam adquirir. Ao mesmo tempo percebe-se também que é possível, em muitos
momentos, agrupar esses consumidores. Por exemplo, as mulheres são completamente
diferentes dos homens quando compram roupas. Enquanto os homens costumam observar e
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 30
comprar o que lhes parece mais bonito, as mulheres preferem provar e tocar nos produtos.
Nesse sentido, chamamos de Segmento de Mercado a uma parte do mercado com
características semelhantes entre si. Dois grupos amplos de variáveis são usados para
segmentar mercados consumidores. Geralmente são analisadas as características e o
comportamento do consumidor. As características dos consumidores apresentam algumas
Variáveis para Segmentação de Mercados Consumidores:
Geográfica: propõe dividir o mercado em unidades geográficas diferentes, como
países, estados, regiões, cidades ou bairros;
Demográfica: ocorre quando o mercado é dividido em grupos baseados em variáveis
demográficas, como idade, tamanho da família, ciclo de vida da família, sexo, renda,
ocupação, formação educacional,religião,raça,geração,nacionalidadeouclassesocial;
Psicográfica: ocorre quando os compradores são divididos em grupos diferentes,
baseados em estilo de vida e/ou personalidade.
O comportamento dos consumidores apresenta as seguintes variáveis para
Segmentação de Mercados Consumidores:
Ocasiões: os consumidores podem ser diferenciados de acordo com as ocasiões em
que sentem uma necessidade, compram ou usam um produto (por exemplo, quando
viajam em férias);
Benefícios: os compradores podem ser classificados segundo os diferentes benefícios
que buscam em um produto (por exemplo, se viajam com a família ou viajam a
negócios);
Status de usuário: os usuários podem ser segmentados em grupos de não-usuários,
ex-usuários, usuários potenciais, novos usuários e usuários regulares de um bem (por
exemplo, doadores de sangue);
Taxa de uso: podem ser segmentados em pequenos, médios ou grandes usuários de
um bem;
Status de lealdade: pode-se segmentar o mercado por padrões de lealdade do
consumidores (como aqueles leais à marca Coca-Cola ou McDonald's).
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 31
2.2.7 Posicionamento de marketing
A definição de posicionamento de mercado foi melhor estudada e colocada por dois
executivos da propaganda, AI Ries e Jack Trout (RIES, AI, TROUT, Jack. Positioning: tha
battle for your mind. New York: Warner Books, 1982), da seguinte forma:
"O posicionamento começa com um produto, uma mercadoria, um serviço, uma
empresa, uma instituição e até mesmo uma pessoa. Entretanto, posicionamento não é o que
você faz para um produto. Posicionamento é o que você faz para a mente do comprador
potencial. Você posiciona o produto na mente deste comprador potencial".
Portanto, temos que posicionamento pode ser entendido na forma pela qual a empresa
ou marca quer ser vista pelo mercado. Posicionar-se, na mente do consumidor, significa ter lá
em sua mente um lugar, ou seja, toda vez que ele tiver contato com a marca, seja de qual
forma for, aquilo deve remeter-lhe a uma sensação, a um desejo, a um significado. Dessa
forma a marca estará posicionada. Você pode fazer um pequeno teste rapidamente. Selecione
cinco ou seis das principais marcas que investem pesado em propaganda, que sejam
conceituadas e famosas. Agora, vá lembrando de uma a uma e veja qual a imagem que lhe
vem à cabeça sobre o que cada uma delas representa para você. Certamente, essa imagem
estará ligada aos seus respectivos posicionamentos. Quando uma empresa possui um
posicionamento sólido, é praticamente impossível que outra marca a retire. Portanto, se sua
empresa vai lançar um novo produto, é melhor que ela se posicione de forma positivamente
inovadora. A pergunta básica é: “de que adianta você ser o melhor, se não é o primeiro?”.
Muitas das empresas que conhecemos e até consumimos seus produtos esqueceram de
se posicionar frente ao mercado. O que aconteceu? Chegou um concorrente e roubou seu
lugar na mente dos consumidores, e roubar um lugar na mente dos consumidores resulta em
perder um espaço (ou fatia) de mercado. Como posicionamento define como a empresa
pretende se destacar no mercado e conseguir se sobrepor à concorrência, é de fato muito
importante que saiba muito bem onde quer chegar, para definir sua posição dentro de um
mercado. A diferença na qual a empresa vai basear seu posicionamento é um critério
fundamental, pois sobre essa diferença é que sua imagem trabalha. A diferença promovida
deve obedecer aos seguintes critérios:
Ser superior: deve sobressaltar-se à concorrência;
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 32
Ter importância: o consumidor deve encontrar na marca algo que ele valorize
profundamente;
Boa comunicação: deve ser fácil e rapidamente absorvida pelo consumidor;
Ter retorno: justificar o investimento da empresa em forma de retorno financeiro; a
empresa deve lucrar com essa diferença;
Ter impacto - ser lembrada de maneira fácil e constante pelo público.
Mas afinal, o que a empresa deve projetar como posicionamento? A resposta depende
de suas estratégias, seu mercado e seu potencial. Há diversos tipos de posicionamento, como:
benefício, qualidade, preço, atributos, contra-ataque a concorrência, etc.
2.3 Conclusão do Capítulo
Foi o objetivo do capítulo 2, deste trabalho de pesquisa, através de todo referencial
bibliográfico apresentado, expor que o assunto “Logística Empresarial”, tem concentrado seus
esforços em maximizar os resultados de uma cadeia de suprimentos, com a ampliação de
mercados de atuação dela, deixando de ser apenas regional e passando a atuar em âmbito
mundial, globalizada. E para este objetivo empresarial de expansão de mercado, a busca
incessante por novas receitas financeiras, a empresa tem que definir estratégias de atuação e
para tanto a função planejamento, também definida neste capítulo, passa a ser a ferramenta,
para definir respostas para: “o que?”, “como?”, “por quê?” e “para quem?”. A busca de novos
mercados, ou o que já foi definido no início deste trabalho de pesquisa como “Logística de
Exportação”, vai exigir esforços das empresas em conhecer países, povos e culturas, em sua
essência, adaptar se aos novos consumidores, criar raiz num novo mercado, que significa
elaborar uma linguagem de comunicação e produtos personalizados voltados a ele, e isto vai
requerer da empresa um grande esforço em planejamento de marketing, assunto este abordado
no fim deste capítulo.
No capítulo a seguir serão abordados os processos que envolvem a “Logística de
Exportação”, e todo embasamento construído no Capítulo 2 será o referencial e base de
sustentação para a perfeita compreensão do assunto.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 33
3. LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO
Neste capítulo, o autor deste trabalho de pesquisa, pretende fundamentar, embasado no
referencial teórico construído no capítulo 2, o que chamamos de “Logística de Exportação”.
Processo este de expansão da cadeia de suprimentos de uma empresa, onde ela deixa de atuar
apenas no mercado regional, para passar a atuar em vários mercados do mundo globalizado,
para tanto a empresa tem que repensar seu planejamento de produção, de forma a aumentar
sua produção, para continuar atendendo seu mercado regional e ter excedente para atender a
demanda externa. Com o desenvolvimento do capítulo se entenderá que a “Logística de
Exportação” vai além do repensar da produção, mas estruturar uma nova forma de atuação,
onde todo o referencial teórico de planejamento de marketing construído no capítulo anterior
vai direcionar a empresa, lembrando que a cada novo mercado onde se deseja atuar a empresa
terá que verificar sua estratégia em acordo com o composto de marketing (Mix de Marketing
– 4 P’s).
Quando uma empresa começa a exportar, sua produção aumenta numérica e
qualitativamente. Isso ocorre devido à redução da capacidade ociosa existente, que é obtida
por meio da revisão dos processos produtivos. Com o aumento da produção, naturalmente,
aumenta também a capacidade de negociação para a compra de matéria-prima. Com isso, o
custo da fabricação das mercadorias tende a diminuir, tornando-as mais competitivas e
aumentando a margem de lucro. Outra vantagem bastante perceptível é a melhoria da
qualidade do produto. Esta também tende a aumentar, pois a empresa tem que adaptá-lo às
exigências do mercado ao qual se destina o que a obriga a aperfeiçoá-lo. Ao ingressarem no
mercado internacional, as empresas adquirem tecnologia, pois os países desenvolvidos
exigem dos seus fornecedores normas e procedimentos que, com o tempo, são internalizadas e
passam a ser rotineiras e, assim, todos os seus negócios posteriores com o exterior, ou com o
mercado interno serão feitos dentro dessas normas. As empresas exportadoras passam a adotar
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 34
programas de qualidade e a desenvolver testes em seus produtos, passando a implantar
mecanismos que garantam sua qualidade, para evitar problemas com os importadores, e até
uma possível devolução da mercadoria.
Um outro processo, não menos importante, da “Logística de Exportação”, é o
despacho aduaneiro. Neste capítulo, também será abordado o processo de exportação
praticado aqui no Brasil, em sua legislação, normas e meios facilitadores do planejamento,
meios para torná-lo efetivo e um sucesso nas operações das empresas brasileiras. Será visto
que, as empresas brasileiras que exportam podem utilizar mecanismos que contribuem para
uma diminuição dos tributos que normalmente são devidos nas operações no mercado interno,
são chamados de Incentivos Fiscais. Os Incentivos Fiscais são benefícios destinados a
eliminar os tributos incidentes sobre os produtos nas operações normais de mercado interno.
Um outro não menos importante fato é que o governo brasileiro com o firme propósito de
estimular as exportações vem já de algum tempo, oferecendo linhas de crédito para o
exportador. Quando se trata de uma exportação, é importante que o produto possa alcançar o
mercado internacional em condições de competir em preço. No decorrer deste capítulo será
demonstrado a orientação do governo brasileiro as empresas exportadoras, que num
determinado época foi chamada de “cartilha de exportação”, onde o objetivo é auxiliar as
empresas a ingressarem nos vários mercados do mundo globalizado com sucesso e
efetividade.
3.1 Pesquisa de Mercado
A pesquisa de mercado é um estudo que tem como objetivo determinar as perspectivas
de venda do produto no mercado externo e indicar a maneira de se obter os melhores
resultados. Busca revelar se o produto poderá ser vendido a um preço razoável e em
quantidade satisfatória. Também permite analisar os mercados que oferecem melhores
perspectivas, os padrões de qualidade exigidos pelo mercado importador e o tempo necessário
para se alcançar o nível ideal de vendas. A pesquisa de mercado é um investimento necessário
que pode economizar dinheiro e fornecer elementos essenciais para a aproximação com o
mercado consumidor.
Conhecer, na medida do possível, as características gerais do país-alvo é de grande
utilidade na hora de optar por esse ou aquele mercado. Estas características abrangem
aspectos, tais como: geografia, população, aspectos culturais, religiosos e econômicos, meios
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 35
de transporte e comunicações, organização política e administrativa. Saber identificar
“Potenciais Mercados para Exportação” do seu produto a empresa deve considerar cinco
critérios básicos que auxiliam na seleção de potenciais mercados para exportação:
Fatores Geográficos: este critério para seleção de mercado é baseado nas muitas
semelhanças entre o mercado doméstico e o mercado-alvo, o que possibilita a
expansão com um mínimo de necessidade de adaptação. Logicamente, seus
concorrentes no mercado doméstico terão as mesmas vantagens que você.
Fatores sócio-político: nas exportações para países com os quais temos acordos
comerciais, podemos obter vantagens frente a concorrentes.
Fatores Econômicos: busca-se compreender questões da situação econômica do país-
alvo e o poder de compra dos consumidores.
Fatores Culturais: este critério a empresa deve avaliar os hábitos das pessoas do
mercado-alvo, se existem restrições religiosas, práticas comerciais diferentes, qual a
imagem que o mercado-alvo faz de nosso país e da empresa.
Fatores Tecnológicos: atendimento aos padrões tecnológicos do mercado-alvo e
design adequado, estão entre os pontos a serem observados.
3.2 Gestão Empresarial
A Gestão Empresarial é fundamental para o sucesso da sua empresa, reduz os riscos da
decisão e aumenta as chances de atingir melhores resultados. Por exemplo, participar de feiras
internacionais pode alavancar grandes pedidos, mas sua empresa está preparada para atendê-
los? O prazo de recebimento da carta de crédito é maior do que o prazo de pagamento das
compras? Há capital de giro suficiente para não recorrer a empréstimos? O preço de venda
está bem calculado? Sua capacidade produtiva “dará conta do recado”? Sem um planejamento
gerencial, até uma boa venda pode se tornar uma armadilha e prejudicar a empresa que não
tiver o fluxo de caixa para atender ao pedido ou que não conseguir cumprir prazos de entrega,
entre outras questões.
A Gestão Empresarial é um processo contínuo, um ciclo com as seguintes fases
principais:
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 36
Pensar Estrategicamente: criar metas e pensar o futuro e a razão de ser do negócio.
Busca dar sentido à ação da empresa, e fazendo do seu líder, o empresário, o líder e
não o refém das decisões. Pensar estrategicamente é tirar a ação empresarial do foco
no problema e trazê-la ao foco na solução.
Inovar: inovação é a forma de “Fazer a diferença fazendo diferente”. No setor têxtil e
de confecção, a inovação é a mola propulsora do valor agregado. Encontrar novos
materiais, inovar em design, em cores, em processo produtivo, pode ser a chave para
alcançar maiores preços e novos mercados para seus produtos.
Planejar: para se alcançar às metas e grandes objetivos estratégicos deve-se organizar
as atividades (ações, serviços, produtos) e recursos da empresa (humanos, materiais e
financeiros), ao longo do tempo, dando previsibilidade aos resultados. Executar
cumprir o planejamento sem, porém, perder de vista a capacidade, a versatilidade e a
flexibilidade que podem trazer novas soluções não previstas ou planejadas.
Avaliar: avaliar é criar meios de medir os resultados obtidos. Quantos reais por
unidade de produto sua empresa ganhou nessa operação? Depois de pagar os impostos,
qual o percentual de lucro que sobrou no seu caixa no final do mês? O custo de
produção por unidade do produto está aumentando ou diminuindo? Como está
faturamento por funcionário, a rentabilidade por vendedor? Gerenciar sem avaliar é
como dirigir um carro de olhos vendados. Medir os resultados com indicadores é a
base para a correção dos rumos, para reforçar as ações positivas e minimizar as
negativas. Avaliar é a base para a tomada de decisões mais rápidas e mais segura para
garantir o sucesso da empresa.
As principais áreas de gestão empresarial que devemos cuidar são:
Marketing: entender as necessidades e desejos do consumidor, identificar e
segmentar os mercados que interessam à sua empresa para desenvolver campanhas
que aproximem seu produto do consumidor. O marketing nos ajuda a entender o
desejo do consumidor por trás do produto. Ele compra uma “roupa colante” ou “se
sentir atraente”? Uma “gravata bonita” ou “transmitir respeitabilidade”? O cliente é a
razão de ser de nossos negócios e conhecê-lo bem é a maneira mais efetiva de
estabelecer um relacionamento de valor, duradouro, em que ambas a parte ganham, e
no qual a compra/venda é uma conseqüência bem sucedida.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 37
Vendas: gerenciar equipes de vendas, políticas de preço, comissionamento. Promoção
comercial em feiras nacionais e internacionais.
Gestão Financeira: Como reduzir os juros que pago dos meus empréstimos? Como
obter descontos e prazo com fornecedores? Quanto dinheiro terá em caixa daqui a 15
dias, estarei "no azul" ou "no vermelho"? O que é o "Ponto de Equilíbrio" da minha
empresa? Ter um bom controle e previsão do uso dinheiro da sua empresa, do fluxo de
caixa, dos custos e do potencial a receber é fundamental para se dirigir e tomar
decisões.
Gestão da Produção: planejar a produção, controlar os estoques de matérias-primas,
produtos em processo e produto acabado. A produção é o motor da área têxtil e de
confecção e fazer o melhor uso dos recursos produtivos (máquinas, mão-de-obra) pode
permitir o crescimento da produção sem a necessidade de novos investimentos.
Gestão da Cadeia de Suprimentos: trata de otimizar os tempos, custos e fluxos de
materiais e produtos, desde os fornecedores até a entrega no cliente final, articulando
recursos de transporte, logística, produção, etc...
Gestão do Tempo: o tempo é um recurso cada vez mais raro na vida de todos, em
especial para o empresário, de quem a empresa mais depende. Como otimizar o uso do
tempo com práticas e "ferramentas" modernas? Como conciliar a rotina e exigências
profissionais com a qualidade de vida pessoal e familiar? Lembre-se, empresário, se
você estiver bem, tudo aquilo que depende de você estará melhor.
Gestão da Informação: um dos ativos (patrimônios) mais importante de qualquer
empresa é a informação. O cadastro de seus clientes e dos que ainda não são clientes
(prospects). Que clientes não compram meus produtos há mais de 90 dias? Por que?
Como pesquisar informações de mercado sem muito investimento? Que recursos de
informática devo ter na minha empresa? Como utilizar a internet para aumentar minha
visibilidade e minhas vendas? Lembre-se, a informação é a locomotiva da decisão,
fazer uso dela pode transformar sua empresa, alavancar negócios e abrir novas e
grandes oportunidades.
Gestão das Pessoas: certamente o ativo mais importante das empresas são as pessoas
que as compõem. Pense na sua empresa como uma corrente, em que cada pessoa é um
elo e perceba que a força dela está ligada à força de cada um dos seus colaboradores.
O desafio de um líder como o empresário é utilizar o que cada um tem de melhor e
administrar as deficiências. É conseguir ser o técnico do time de futebol, conseguindo
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 38
o melhor resultado possível no “jogo”. Mas é preciso investir nas pessoas, em seu
treinamento e capacitação. Pessoas precisam ser estimuladas e ter uma visão de
crescimento profissional e pessoal, com satisfação e qualidade de vida no trabalho.
Como está o “ambiente”, ou “clima”, da sua empresa? Lembre-se de que em um
ambiente positivo as pessoas rendem mais e inclusive suportam melhor as pressões
inevitáveis do dia a dia da empresa. Pessoas trabalham por outros motivos além da
remuneração salarial. Você pode fazer com que as pessoas não sejam apenas parte da
sua empresa, mas que sua empresa seja parte da vida das pessoas, uma parte cada vez
melhor.
3.3 Normalização e Certificação
Os setores e mercados se regulamentam com base em normas, ou no que chamamos
genericamente Sistemas de Normalização, que são regras e procedimentos que têm que ser
realizados para atingir-se os níveis desejados de qualidade no produto ou no serviço prestado.
No Brasil, temos o sistema de Normas Técnicas da ABNT que auxilia a empresa nacional a
atingir níveis de qualidade e conformidade mais elevados.
A crescente preocupação ecológica tem feito com que muitos países exijam
certificações de não poluição e não agressão ao meio ambiente, o que chamamos de Normas
Ambientais. No comércio internacional, as Normas Técnicas e Ambientais muitas vezes se
tornam empecilhos para as exportações brasileiras, as chamadas “barreiras técnicas não-
tarifárias”, ou seja, são formas de proteção aos mercados. Exemplos disso são normas sobre
rotulagem/etiquetagem de produto, tipo de embalagem, exigências do produto. Antes de
exportar, procure se informar sobre as normas técnicas de qualidade relacionadas aos seus
produtos nos países de destino.
3.4 Política Comercial
Em seguida, você deverá previamente estabelecer as diretrizes de sua política
comercial para o produto. A identificação prévia dos possíveis clientes pode ser feita por
intermédio da internet, como também por meio das informações fornecidas pelas câmaras de
comércio, consulados e embaixadas, federações de indústrias e outras entidades de classe.
Conheça as ferramentas e as Instituições que podem ajudá-lo na sua pesquisa de mercado. As
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 39
câmaras de comércio são sociedades civis, sem fim lucrativo, constituídas com o aval oficial
do país que representam. Visam a estimular o comércio bilateral. Normalmente são fundadas
por empresários interessados em expandir o comércio com um determinado país e têm como
associados pessoas físicas e jurídicas em ambos os países.
Em 1985 foi introduzido o "Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de
Mercadorias", ou simplesmente "Sistema Harmonizado". Seu objetivo maior foi à criação de
um sistema único mundial de designação e de codificação de mercadorias, podendo ser
utilizado na elaboração das tarifas de direitos aduaneiros e de frete, das estatísticas do
comércio de importação e de exportação, de produção e dos diferentes meios de transporte de
mercadorias, entre outras aplicações. As mercadorias estão ordenadas de forma progressiva,
de acordo com o seu grau de elaboração, principiando pelos animais vivos e terminando com
as obras de arte, passando por matérias-primas e produtos semi-elaborados. Quanto maior a
participação do homem na elaboração da mercadoria, mais elevado é o número do capítulo em
que ela será classificada.
3.5 Barreiras Comerciais
Embora não haja uma definição precisa para barreira comercial, esta pode ser
entendida como qualquer lei, regulamento, política, medida ou prática governamental que
imponha restrições ao comércio exterior. Há duas categorias mais comuns de barreiras, quais
sejam:
Medidas Antidumping - que buscam anular o dano sofrido por uma indústria, em
decorrência de importações realizadas a preços de dumping;
Dumping - Considera-se que há prática de dumping, em comércio internacional,
quando uma empresa exporta para outro país um produto a preço inferior àquele
vigente em seu mercado interno, com o objetivo de eliminar a concorrência, tanto de
produtores locais, como de outros produtores estrangeiros.
Medidas Compensatórias - que visam à neutralização dos efeitos danosos à produção
doméstica de importações de produtos subsidiados;
Subsídios - Entende-se por subsídio a concessão de um benefício, em função das
seguintes hipóteses:
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 40
i. Haja, no país exportador, qualquer forma de sustentação de renda ou de preços
que, direta ou indiretamente, contribua para aumentar exportações ou reduzir
importações de qualquer produto;
ii. Haja contribuição financeira por um governo ou órgão público, no interior do
território de um país.
Medidas de Salvaguarda - cuja finalidade é garantir uma proteção temporária, que
permita ao setor prejudicado por um aumento substancial de importações, ajustar-se às
novas condições de concorrência.
Medidas fitossanitárias
É importante observar que as barreiras técnicas podem ocorrer devido à falta de
transparência das normas e regulamentos ou, ainda, pela imposição de determinados
procedimentos morosos ou dispendiosos para avaliação de conformidade. É fundamental,
pois, a identificação sistemática e atualizada das barreiras existentes para cada mercado
importador, a fim de que medidas possam ser adotadas para impedir que estas causem
entraves ao comércio exterior. Nos sites do Inmetro e da SECEX - Secretaria de Comércio de
Exterior a empresa encontrará informações detalhadas sobre este assunto, que, sem dúvida, o
ajudarão na hora de identificar os melhores mercados para seus produtos. Os Acordos
Antidumping, de Subsídios e Medidas Compensatórias e de Salvaguardas fazem parte do
conjunto de normas da OMC, ao qual o Brasil aderiu formalmente no final de 1994, por meio
do Decreto n° 1.355, de 30/12/94 e, portanto, estão sujeitos a uma aplicação estritamente
técnica.
A Secretaria de Comércio Exterior, por meio do seu Departamento de Defesa
Comercial - DECOM, também presta apoio ao exportador brasileiro que venha a ser afetado
por investigações antidumping, de subsídios e de salvaguardas no exterior. O DECOM coloca
à disposição dos exportadores brasileiros o apoio e a assistência técnica para a defesa de seus
interesses, atuando em duas frentes. Junto ao exportador brasileiro, na preparação das
respostas aos questionários e outras informações para sua defesa ou no acompanhamento das
visitas de verificação e junto às autoridades investigadoras do país importador, em
colaboração com o Ministério das Relações Exteriores.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 41
3.6 Acordos Comerciais
É fundamental que o empresário que deseja atuar no comércio exterior conheça os
principais acordos comerciais firmados pelo Brasil. No mundo globalizado em que vivemos,
participar do mercado internacional de trocas significa, essencialmente, manter um bom
relacionamento comercial com os demais países ou blocos de países, participando
efetivamente das negociações de acordos comerciais dos mais variados moldes, bem como
estar sempre atualizado em relação às mudanças de comportamento dos diversos atores
internacionais. Nas negociações dos acordos comerciais, os países buscam ampliar o acesso
aos mercados externos, sobretudo no que diz respeito à elevação das margens de preferência
para seus produtos, ou seja, por meio da redução das alíquotas do imposto de importação
praticado.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD é
uma entidade intergovernamental permanente, criada em 1964, como principal órgão da
Assembléia Geral das Nações Unidas na esfera de comércio e desenvolvimento. Tem como
objetivo principal aumentar as oportunidades de comércio, de investimentos e de progresso
nos países em desenvolvimento. Conta atualmente com 188 membros, entre os quais o Brasil.
3.7 Missões Técnicas e Comerciais
A participação de um representante da empresa em missões técnicas ou comerciais,
dirigidas a potenciais países importadores, é de grande importância para a melhor inserção
competitiva da empresa no mercado internacional. Em geral, as missões técnicas e comerciais
servem para:
Verificar as possibilidades de exportação;
Analisar a estrutura política, econômica e social do mercado alvo e coletar
informações;
Observar a concorrência e legislação comercial do país (patentes, barreiras técnicas,
entre outras);
Conhecer e estabelecer contato com importadores ou seus representantes comerciais;
Viabilizar acordos e parcerias comerciais
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 42
O maior benefício de uma missão em relação a uma viagem individual consiste nos
contatos. Valendo-se da experiência das entidades de apoio, é possível aos participantes
marcar encontros com importadores considerados inacessíveis. As missões comerciais
permitem ainda: divulgar o setor, divulgar as empresas, observar a realidade do mercado
visitado, obter informações técnico-comerciais, visitar centros tecnológicos e empresas de
ponta do setor, contatar entidades que promovam o comércio exterior. Enfim, possibilita
conhecimentos e contatos que dificilmente seriam possíveis em viagens individuais. A
programação de uma missão empresarial é estruturada de acordo com os objetivos específicos
do grupo, que podem ser a promoção de negócios, a realização de parcerias ou o contato com
novos mercados ou técnicas. A agenda da viagem pode incluir a visita ou a participação em
programas comerciais, políticos e técnicos. Normalmente, esses eventos são promovidos ou
apoiados por uma ou mais associações, organizações ou pelo próprio governo.
3.7.1 Feiras e exposições
Uma das formas mais eficazes de se estudar um mercado, conhecer a concorrência,
identificar um representante e promover vendas é viajar para o exterior com o objetivo de
conhecer este mercado mais de perto. Participar de feiras internacionais no Brasil e no
exterior é também um meio eficaz de aproximação com o mercado que se quer conquistar. As
feiras comerciais têm-se constituído num dos mais eficientes canais de contato. A feira é uma
excelente oportunidade não só para manter contatos com potenciais clientes, como também
para conhecer a realidade do mercado. Antes de participar de um evento como expositor, é
recomendável participar como visitante nas principais feiras do setor de seu interesse. Se bem
organizada, esta visita poderá proporcionar aprendizado suficiente para uma participação
bem-sucedida como expositor. As vantagens de participar de uma feira como expositor pode
ser assim resumido:
Contato face a face com grande número de potenciais clientes;
Publicidade para os produtos da empresa;
Imediata reação do público a seu produto, que pode identificar mudanças para torná-lo
mais adequado ao gosto dos potenciais clientes;
Contato com grande número de pessoas que, de outro modo, estariam fora de seu
alcance;
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 43
Ampliação do seu cadastro de clientes efetivos e/ou potenciais;
Concretizar vendas.
A viagem deve ser cuidadosamente planejada pela empresa, desde a escolha do
profissional até o estudo dos costumes do mercado a ser visitado. É essencial a preparação da
programação de visita, a elaboração prévia de agendas de compromissos, a confecção de
catálogos, a seleção de amostras, a preparação das listas de preços e brindes promocionais.
Antes de viajar, entre em contato com os potenciais clientes a serem visitados, de maneira que
a visita pessoal seja a concretização de uma estratégia de aproximação, resultando na
formalização de bons negócios. Especial atenção deve ser dada a aspectos, tais como:
Concorrência local, em toda sua extensão;
Preços praticados no país importador para produtos similares e para produtos
adquiridos em outros países;
Volume e capacidade de extensão do Mercado em que se pretende atuar;
Barreiras tarifárias e não-tarifárias proibitivas da atividade de importação;
Canais de Marketing.
3.7.2 Vitrine do exportador
A Vitrine do Exportador (VE) é um serviço disponibilizado pela Secretaria de
Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), que tem como finalidade promover as empresas exportadoras,
proporcionando maior visibilidade aos seus produtos no mercado internacional. Por meio de
módulos de consulta, importadores potenciais poderão pesquisar informações pelo nome da
empresa, por produto ou por mercado. Por intermédio da VE o exportador pode construir sua
Vitrine Virtual, com inserção de imagens e textos, para divulgação de seus produtos. Além
disso, também está disponível na VE o Sistema de Atualização de Informações Comerciais,
por meio do qual o exportador poderá incluir/atualizar, a qualquer tempo, as informações
comerciais de sua empresa. Essas informações são de fundamental importância para promover
a empresa no exterior, bem como facilitar e agilizar a comunicação entre potenciais
compradores.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 44
3.8 Forma de Comercialização
1. Forma direta de comercializar: é aquela em que o exportador conduz todo o
processo de exportação, desde os primeiros contatos com o importador até a conclusão
da operação de venda. Nesse caso, o exportador cuida de todos os detalhes, desde a
comercialização e entrega do produto até a cobrança, o que exige maior atenção
administrativa, empenho de recursos humanos e de tempo. Embora mais ambiciosa
essa modalidade possa ser a mais lucrativa e propiciar um maior crescimento no
mercado internacional.
2. Forma de Comercialização Indireta: nesse caso, a empresa utiliza os serviços de
uma outra, cuja função é encontrar compradores para os seus produtos, em outros
mercados. Esta modalidade requer a participação de uma empresa mercantil, que
adquire mercadorias de indústrias ou produtores no mercado interno para posterior
exportação, como: consórcios de exportação, "trading companies", etc.
3.9 Modalidades de Pagamento
A escolha da modalidade de pagamento é feita de comum acordo entre o exportador e
o importador e vai depender, basicamente, do grau de confiança comercial existente entre as
partes, das exigências do país importador e das disponibilidades das linhas de financiamento.
As principais modalidades de pagamento utilizadas no comércio internacional são:
1. Pagamento Antecipado: o importador remete previamente o valor da transação, após
o que, o exportador providencia a exportação da mercadoria e o envio da respectiva
documentação. Do ponto de vista cambial, o exportador deve providenciar,
obrigatoriamente, o contrato de câmbio, antes do embarque, junto a um banco, pelo
qual receberá reais em troca da moeda estrangeira, cuja conversão é definida pela taxa
de câmbio vigente no dia. Esta modalidade de pagamento não é muito freqüente, pois
coloca o importador na dependência do exportador.
2. Remessa sem Saque: o importador recebe diretamente do exportador os documentos
de embarque, sem o saque; promove o desembaraço da mercadoria na alfândega e,
posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva diretamente para o
exportador. Esta modalidade de pagamento é de alto risco para o exportador, uma vez
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 45
que, em caso de inadimplência, não há nenhum título de crédito que lhe garanta a
possibilidade de protesto e início de ação judicial. No entanto, quando existir
confiança entre o comprador e o vendedor, possui algumas vantagens, entre as quais: a
agilidade na tramitação de documentos e a isenção ou redução de despesas bancárias.
3. Cobrança Documentaria: ao contrário das duas modalidades anteriores, a cobrança
documentária é caracterizada pelo manuseio de documentos pelos bancos. Os bancos
intervenientes nesse tipo de operação são meros cobradores internacionais de uma
operação de exportação, cuja transação foi fechada diretamente entre o exportador e o
importador, não lhes cabendo a responsabilidade quanto ao resultado da cobrança
documentária. O exportador embarca a mercadoria e remete os documentos de
embarque a um banco, que os remete para outro banco, na praça do importador, para
que sejam apresentados para pagamento (cobrança à vista) ou para aceite e posterior
pagamento (cobrança a prazo). Para que o importador possa desembaraçar a
mercadoria na alfândega, ele necessita ter em mãos os documentos apresentados para
cobrança. Portanto, após retirar os documentos do banco, pagando à vista ou aceitando
(assina, manifestando concordância) a cambial para posterior pagamento, o importador
estará apto a liberar a mercadoria.
4. Carta de Crédito: a carta de crédito, também conhecida por crédito documentário, é a
modalidade de pagamento mais difundida no comércio internacional, pois oferece
maiores garantias, tanto para o exportador como para o importador. É um instrumento
emitido por um banco (o banco emitente), a pedido de um cliente (o tomador do
crédito). De conformidade com instruções deste, o banco compromete-se a efetuar um
pagamento a um terceiro (o beneficiário), contra entrega de documentos estipulados,
desde que os termos e condições do crédito sejam cumpridos. Por termos e condições
do crédito, entende-se a concretização da operação de acordo com o combinado,
especialmente no que diz respeito aos seguintes itens: valor do crédito, beneficiário e
endereço, prazo de validade para embarque da mercadoria, prazo de validade para
negociação do crédito, porto de embarque e de destino, discriminação da mercadoria,
quantidades, embalagens, permissão ou não para embarques parciais e para
transbordo, conhecimento de embarque, faturas, certificados, etc. A carta de crédito é
uma ordem de pagamento condicionada, ou seja, o exportador só terá direito ao
recebimento se atender a todas as exigências por ela convencionadas.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 46
3.10 Tratamento Tributário
Dentro do princípio mundialmente aceito de não se exportar tributos, o governo
brasileiro tem procurado desonerar das exportações os tributos nacionais, permitindo às
empresas ofertarem seus produtos a preços competitivos no mercado internacional. A
desoneração fiscal ao longo da cadeia produtiva tem uma importância fundamental na
composição final do preço de exportação. Por isso, é aconselhável que o exportador
acompanhe continuamente a legislação referente ao assunto.
3.11 Financiamento
Com o objetivo de ampliar a base exportadora, são oferecidas linhas de financiamento
especificamente destinadas a propiciar recursos aos exportadores para a produção (fase pré-
embarque) e a comercialização (fase pós-embarque) de seus produtos destinados ao exterior.
Por meio de mecanismos de financiamentos, proporciona-se ao produto a ser exportado
melhores condições de competitividade na comercialização com o exterior. Portanto, antes de
começar a exportar, previna-se com informações cuidadosas acerca dos mecanismos de
financiamento disponíveis. Conheça agora as principais modalidades de financiamentos.
3.11.1 Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio - ACC e Adiantamentos sobre
Cambiais Entregues - ACE
ACC é o adiantamento feito pelo exportador na fase pré-embarque através do
financiamento à produção da mercadoria exportada. O ACE é contratação da antecipação das
divisas a serem recebidas do comprador na fase pós-embarque da mercadoria. Os dois tipos de
financiamentos podem ser realizados em uma mesma operação, mediante a transformação de
um adiantamento de pré em pós-embarque. Para o ACC só existe contrato de câmbio como
lastro da operação, sendo desnecessária a apresentação de quaisquer outros documentos por
parte do exportador. A partir da saída da mercadoria para o exterior, surgem os documentos
representativos da venda, entre os quais a Letra de Câmbio ou Saque, o financiamento
concedido pós-embarque é o Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE).
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 47
3.11.2 BNDES – EXIM
O programa BNDES-Exim financia a produção de bens a serem exportados, por meio
de linhas Pré-Embarque de Curto Prazo e Pré-Embarque Especial, e a comercialização de
bens e serviços no exterior, por meio da linha Pós-Embarque. Empresas instaladas no Brasil
que procuram destinar sua produção ao mercado externo, ou mesmo iniciar suas exportações.
Também podem ser elegíveis as Tradin Companies ou empresas comerciais exportadoras.
Neste caso, os recursos serão transferidos diretamente para as empresas produtoras. Não têm
limite mínimo ou máximo de valor. Os produtos financiáveis são normalmente aqueles de
maior valor agregado e que apresentam índice de normalização mínimo de 60%.
3.11.3 Pré-pagamento de Exportação
É um financiamento ao exportador brasileiro na fase pré-embarque, cujos recursos são
obtidos por meio de captação em instituições financeiras no exterior e que tem a finalidade de
viabilizar a produção dos bens destinados à exportação. O Banco do Brasil - BB trabalha com
operações de pré-pagamento de exportação de valor mínimo de US$ 1.000.000,00. Para
valores inferiores, o Banco oferece alternativas mais atrativas para os seus clientes. Não existe
um valor máximo para estas operações. O valor é determinado, caso a caso, levando-se em
consideração o histórico da performance de exportação, a análise de crédito do cliente e a
disponibilidade de linhas externas.
3.11.4 PROGER Exportação
Primeira linha de financiamento às exportações em reais destinada a financiar a
produção nacional de bens e as atividades diretamente envolvidas com a promoção da
exportação. Abrange, inclusive, despesas com pacotes de viagem para participação em feiras e
eventos comerciais no País e no exterior, aquisição de passagens aéreas, hospedagem,
traslado, transporte de bagagem, locação de espaço físico, montagem e ambientação de
estande, produção de material promocional, entre outros. Crédito voltado para Micro e
Pequenas Empresas com faturamento bruto anual de até R$ 5 milhões.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 48
3.11.5 Programa de Financiamento às Exportações - PROEX
O Programa de Financiamento às Exportações, cuja gestão está a cargo do Banco do
Brasil, é o mecanismo oficial do Governo Federal de apoio às exportações brasileiras, em sua
fase de comercialização (pós-embarque), a custos compatíveis com os praticados no mercado
internacional, em duas modalidades de crédito: o financiamento e a equalização.
1. Proex Financiamento: financiamento ao exportador de bens e serviços brasileiros,
realizados exclusivamente pelo Banco do Brasil, com recursos do Tesouro Nacional.
Para pequenas e médias empresas exportadoras com faturamento bruto anual de até R$
60 milhões. As empresas detentoras de maior performance comercial também poderão
operar nessa modalidade de crédito, desde que atendam à critérios específicos
(operações realizadas em co-financiamento com a Corporacion Andina de Fomento -
CAF; operações destinadas ao atendimento de compromissos governamentais,
previstos em acordos bilaterais de crédito; ou ainda aquelas operações que não possam
ser viabilizadas pelo mercado).
2. Proex Equalização: crédito ao exportador ou importador de bens e serviços
brasileiros concedidos por instituições financeiras no País ou no exterior, no qual o
PROEX assume parte dos encargos financeiros, tornando-os compatíveis com os
praticados no mercado internacional. Para empresas exportadoras, de qualquer porte,
nível de faturamento e capacidade operacional.
3. FGPC - Fundo de Aval: o “Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade
– FGPC” foi criado com recursos do Tesouro Nacional e é administrado pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. Tem por objetivo
facilitar o acesso ao crédito junto às instituições financeiras nas operações de micro,
pequenas e médias empresas que venham a utilizar as linhas de financiamento do
BNDES, com o fito de aumentar sua competitividade ou exportar. Os bancos
credenciados pelo BNDES podem contratar financiamentos, compartilhando com o
Fundo de Aval o risco da operação. Isso permite que os bancos exijam garantias
menores do que as normalmente praticadas no mercado, além de estimular o interesse
na oferta de crédito às micro, pequenas e médias empresas.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 49
3.11.6 Programas de Apoio do Banco do Brasil à Exportação
1. Programa de Geração de Negócios Internacionais para Micro e Pequenas
Empresas - PGNI – MPE: disponível em todo território nacional, na agência de
relacionamento do cliente. Tem por objetivo contribuir para o incremento e
desburocratização do comércio exterior brasileiro, com foco nas exportações e como
forma de auxiliar a inclusão social a partir da inserção das micro e pequenas empresas,
faturamento bruto anual até R$ 10 milhões, no mercado internacional.
2. Sala Vitural de Negócios Internacionais: é dedicada aos clientes e não clientes do
BB envolvidos com Comércio Exterior e demais negócios internacionais. Propicia aos
usuários agilidade e acesso gratuito a informações e serviços on-line, no conforto da
própria empresa ou residência. Permite a empresa cotar, editar e celebrar operações de
ACC, na fase pré-embarque e ACE, na fase pós-embarque, bem como realizar
operações de câmbio on-line. Essa alternativa imprime maior agilidade ao processo de
contratação de câmbio, reduzindo tarifas e custos para o exportador.
3.12 Seguro de Crédito
O Seguro de Crédito à Exportação - SCE garante ao exportador a indenização por
perdas líquidas definitivas, em conseqüência do não recebimento de crédito concedido a
cliente no exterior. Adicionalmente, funciona também como instrumento de prevenção, como
incentivo para prospecção de novos clientes e novos mercados e ainda como ferramenta de
cobrança. Entre as garantias vinculadas às vendas externas, esta modalidade é a que apresenta
o menor custo. Na medida em que o SCE pode ser aceito como garantia pelas instituições
financeiras, ele facilita o acesso a financiamentos, tais como o ACE, o BNDES/EXIM e o
PROEX, mantendo as outras opções de garantia disponíveis pelo tomador do financiamento
não comprometidas, de modo a poderem ser utilizadas em outras finalidades.
O SCE tem por objetivo a cobertura contra os riscos comerciais, políticos e
extraordinários a que estão sujeitas as transações comerciais e financeiras vinculadas às
exportações. Pode ser contratado pelo exportador ou pela instituição financeira que amparar a
exportação de bens e serviços. A Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação - SBCE é
uma companhia privada, constituída exclusivamente para operar o Seguro de Crédito à
Exportação.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 50
3.13 Regimes Aduaneiros
No regime comum de importação e de exportação de mercadorias ocorre, via de regra,
o pagamento de tributos. Entretanto, devido à dinâmica do comércio exterior e para atender
algumas peculiaridades, o governo criou mecanismos que permitem a entrada ou a saída de
mercadorias do território aduaneiro com suspensão ou isenção de tributos. Esses mecanismos
são denominados “Regimes Aduaneiros Especiais”.
1. Depósito Alfandegado Certificado – DAC: é o regime que permite a realização de
uma exportação sem a transferência física imediata da mercadoria para o exterior.
2. Trânsito Aduaneiro: é o regime que permite o transporte de mercadorias, sob
controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de
tributos.
3. Exportação Temporária: considera-se a exportação temporária a saída do País de
mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionando à reimportação em prazo
determinado, no mesmo estado ou após submetida a processo de conserto, reparo ou
restauração.
4. Entreposto Aduaneiro: é o regime que permite, na importação e na exportação, o
depósito de mercadorias, em local determinado, com suspensão do pagamento de
tributos e sob controle fiscal. O regime tem como base operacional unidade de
entreposto de uso público ou de uso privado, onde as mercadorias ficarão depositadas.
Poderão ser permissionárias do regime as empresas de armazens gerais; as empresas
comerciais exportadoras que trata o Decreto-Lei 1248/72 (trading companies), e as
empresas nacionais prestadoras de serviços de transporte internacional de carga. A
exploração de entreposto de uso privativo será permitida apenas na exploração e
exclusivamente pelas empresas comerciais exportadoras. As mercadorias que podem
ser admitidas no regime são relacionadas pelo Ministério da Fazenda.
5. Entreposto Aduaneiro na Exportação: na exportação, o regime de entreposto
aduaneiro compreende as modalidades comum e extraordinária. Nesta última, somente
as empresas comerciais exportadoras poderão ser beneficiárias do regime,
relativamente às mercadorias que adquirirem para o fim específico de exportação, seja
depositando-as em entreposto aduaneiro, seja promovendo o seu embarque direto. O
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 51
regime comum na exportação subsiste a partir da data da entrada da mercadoria na
unidade de entreposto, enquanto que o regime extraordinário subsiste a partir da data
da saída da mercadoria do estabelecimento vendedor e permite a utilização dos
incentivos fiscais à exportação previstos na legislação em vigor.
6. Drawback: o regime de drawback é um estímulo (incentivo) às exportações com o
objetivo de proporcionar melhores condições de competitividade do produto brasileiro
no exterior. Compreende as modalidades de suspensão, isenção e restituição dos
tributos incidentes na importação de mercadorias utilizadas na industrialização de
produto exportado ou a exportar.
i. Isenção: é a modalidade de drawback que envolve a isenção de tributos
incidentes na importação (Imposto de Importação - II, Imposto sobre Produtos
Industrializados -IPI, Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante -
AFRMM) de mercadoria, em qualidade e quantidade equivalentes, destinada à
reposição de mercadoria anteriormente importada com recolhimento integral dos
tributos e utilizada na industrialização de produto exportado, sendo competência
da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
ii. Suspensão: é a modalidade de drawback que envolve a restituição, total ou
parcial, dos impostos pagos por ocasião da importação (Imposto de Importação -
II, Imposto sobre Produtos Industrializados -IPI) de mercadoria utilizada na
industrialização de produto exportado, sendo concedido pela Secretaria da
Receita Federal.
iii. Restituição: é a modalidade de drawback que envolve a suspensão dos tributos
incidentes na operação de importação (Imposto de Importação - II, Imposto
sobre os Produtos Industrializados - IPI, Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias - ICMS, Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante -
AFRMM) de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à
fabricação, complementação, recondicionamento ou acondicionamento de outra
a ser exportada, sendo concedido pelo Departamento de Operações de Comércio
Exterior (DECEX) através da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 52
3.14 Termos Internacionais de comércio - INCOTERMS
Os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos Internacionais de
Comércio) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda
internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador,
estabelecendo um conjunto-padrão de definições e determinando regras e práticas neutras,
como por exemplo: onde o exportador deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é
o responsável pela contratação do seguro. Enfim, os Incoterms têm esse objetivo, uma vez que
se trata de regras internacionais, imparciais, de caráter uniformizador, que constituem toda a
base dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia. Na realidade, não
impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador, quanto às tarefas
necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino
final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de
importação, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc.
Um bom domínio dos Incoterms é indispensável para que o negociador possa incluir
todos os seus gastos nas transações em Comércio Exterior. Vale ressaltar que as regras
definidas pelos Incoterms valem apenas entre os exportadores e importadores, não produzindo
efeitos em relação às demais partes envolvidas, tais como: despachantes, seguradoras e
transportadores.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 53
Tabela 1: Incoterm’s – Parte 1
Fonte: o autor.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 54
Tabela 2: Incoterm’s – Parte 2
Fonte: o autor.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 55
Tabela 3: Incoterm’s – Parte 3
Fonte: o autor.
3.15 Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX
O Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX é um instrumento
informatizado, por meio do qual é exercido o controle governamental do comércio exterior
brasileiro. É uma ferramenta de tecnologia da informação facilitadora, que permite a adoção
de um fluxo único de informações, eliminando controles paralelos e diminuindo
significativamente o volume de documentos envolvidos nas operações. É um instrumento que
agrega competitividade às empresas exportadoras, na medida em que reduz o custo da
burocracia. O Siscomex promove a integração das atividades de todos os órgãos gestores do
comércio exterior, inclusive o câmbio, permitindo o acompanhamento, orientação e controle
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 56
das diversas etapas do processo exportador e importador. É administrado pelos chamados
órgãos gestores, que são: a Secretaria de Comércio Exterior - SECEX, a Secretaria da Receita
Federal - SRF e o Banco Central do Brasil - BACEN.
Para operar o SISCOMEX, o exportador (pessoa física ou jurídica) deve estar
habilitado por meio de senha obtida junto à Secretaria da Receita Federal - SRF. Entretanto,
poderá ser utilizado serviço de terceiros que possuam senha, sem descaracterizar sua condição
de exportador direto, uma vez que o exportador estará identificado por seu CPF/CNPJ. A
Instrução Normativa da SRF nº 650, de 12.05.2006 estabelece os procedimentos de
habilitação para operação no SISCOMEX e credenciamento de representantes de pessoas
físicas e jurídicas para a prática de atividades relacionadas ao despacho aduaneiro. A nova IN
revoga as Instruções Normativas SRF nº 455, de 05.10.2004. A seguir será disposto os
trâmites do processo de exportação via SISCOMEX.
1. Registro de Exportação – RE: o Registro de Exportação (RE) no Siscomex é o
conjunto de informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal que
caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e definem o seu
enquadramento. Em regra, o RE deverá ser efetuado previamente à declaração para
despacho aduaneiro e ao embarque da mercadoria. O Registro de Exportação será
preenchido pelo exportador ou seu representante legal e será analisado pelo próprio
Sistema, sendo automaticamente efetivado pelo SISCOMEX, na quase totalidade das
operações. O Registro receberá um número e data, fornecidos pelo Sistema, quando da
sua solicitação pelo exportador.
2. Registro de Exportação Simplificado – RES: a fim de facilitar a atuação não só das
empresas de pequeno porte, mas também daquelas que pretendem realizar operações
de exportação que não ultrapassem a US$ 20.000,00(vinte mil doláres dos Estados
Unidos da América), pode ser utilizado o Registro de Exportação Simplificado - RES.
3. Registro de venda: é o conjunto de informações que caracteriza o instrumento de
venda de commodities ou de produtos negociados em bolsas de mercadorias. O RV
deve ser solicitado no Siscomex previamente à solicitação do RE. Estão sujeitas a RV
as exportações de café em grão, soja, açúcar, alumínio, dentre outras.
4. Registro de operação de Crédito – RC: representa o conjunto de informações de
caráter comercial, financeiro e cambial nas exportações realizadas a prazo e com
incidência de juros separadamente do principal (exportações financiadas), sendo
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 57
obrigatório para operações com prazo de pagamento superior a 180 dias e, para prazos
iguais ou inferiores, sempre que houver incidência de juros.
5. Despacho Aduaneiro: é o procedimento fiscal mediante o qual se processa o
desembaraço aduaneiro da mercadoria destinada ao exterior, seja ela exportada a título
definitivo ou não (IN SRF nº 28/94). Após efetivado o Registro de Exportação - RE, e
uma vez estando a mercadoria pronta para o embarque, a empresa, de posse de todos
os documentos exigidos para a exportação, deverá providenciar a Declaração do
Despacho de Exportação - DDE, por meio do SISCOMEX. Com o objetivo de
simplificar os despachos aduaneiros de mercadorias de baixo valor e estimular as
exportações, em especial das micro e pequenas empresas, o governo criou a
Declaração Simplificada de Exportação – DSE.
6. Contrato de Câmbio: é o instrumento firmado entre o vendedor e o comprador de
moedas estrangeiras, no qual se mencionam as características completas das operações
de câmbio e as condições sob as quais se realizam. Ele tem por objeto a troca de
divisas. Assim sendo, sempre teremos como contrapartida do valor em moeda
estrangeira, apontado no contrato de câmbio, o valor correspondente àquele em moeda
nacional, obtido em função da conversão efetuada pela taxa de câmbio. O fechamento
de câmbio é uma fase muito importante no processo de exportação, pois é nesse
momento que ocorrerá a venda para o banco, por parte do exportador, da moeda
estrangeira resultante da operação de exportação.
7. Comprovante de Exportação (CE): é o documento oficial emitido pela SRF que
comprova o efetivo embarque da mercadoria. O CE consubstancia a operação de
exportação e tem força legal para fins administrativos, cambiais e fiscais.
Neste capítulo procurou o autor deste trabalho de pesquisa conceituar a “Logística de
Exportação”, em todos os seus processos de planejamento, deixando claro as fases de decisões
para uma empresa que decide explorar novos mercados. O que ela tem que pensar no antes,
durante e após, procurando enfatizar que o objetivo de busca pelo mundo globalizado é a sua
efetividade no ambiente de atuação.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 58
4. ESTUDO DE CASO DA “INDÚSTRIA DE BANANAS”
4.1 Frutas Tropicais
As frutas tropicais são alimentos que oferecem grande variedade de sabores, aromas e
propriedades nutricionais. Compostas por água, carboidratos, fibras, vitaminas e minerais,
estes alimentos apresentam uma combinação excepcional de nutrientes. Além disso,
apresentam fácil digestão e podem ser consumidas em seu estado natural, desidratadas ou em
preparações diversas como saladas, sucos, vitaminas, compotas, geléias, doces e até mesmo
em preparações salgadas. De modo geral, são quase todas produzidas em árvores ou arbustos
lenhosos. Como exemplo: banana, abacaxi, laranja, papaia, melão, coco, tangerina, manga,
uva, limão e maça.
4.2 Banana
A banana é o fruto (ou melhor: uma pseudobaga) da bananeira, uma planta herbácea
vivaz acaule (e não uma árvore, apesar do seu porte) da família Musaceae (gênero Musa -
além do gênero Ensete, que produz as chamadas falsas bananas). As bananas constituem o
quarto produto alimentar mais produzido no mundo, a seguir ao arroz, trigo e milho. São
cultivadas em 130 países. São originárias do sudeste da Ásia, sendo atualmente cultivadas em
praticamente todas as regiões tropicais do planeta. Vulgarmente, inclusive para efeitos
comerciais, o termo banana, refere-se às frutas de polpa macia e doce que podem ser
consumidas cruas. Contudo, existem variedades cultivares, de polpa mais rija e de casca mais
firme e verde, geralmente designadas por plátanos, banana-pão ou plantains, que são
consumidas cozinhadas (fritas, cozidas ou assadas), constituindo o alimento base de muitas
populações de regiões tropicais. A maioria das bananas para exportação são do primeiro tipo,
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 59
ainda que apenas 10 a 15% da produção mundial seja para exportação, sendo os Estados
Unidos da América e a União Europeia as principais potências importadoras.
As bananas formam-se em cachos na parte superior dos pseudocaules que nascem de
um verdadeiro caule subterrâneo (rizoma ou cormo) que chega a ter uma longevidade de 15
anos ou mais. Depois da maturação e colheita do cacho de bananas, o pseudocaule morre (ou
é cortado), dando origem, posteriormente, a um novo pseudocaule.
As pseudobagas formam-se em conjuntos (clusters) que se agrupam até cerca de vinte
bananas em pencas. Os cachos de bananas, pendentes na extremidade do falso caule da
bananeira, podem ter 5 a 20 pencas e podem pesar de 30 a 50 kg. Cada banana pesa, em
média, 125g, com uma composição de 75% de água e 25% de matéria seca. São uma fonte
apreciável de vitamina A, vitamina C, fibras e potássio.
Figura 5: Tipos de Banana
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 29/04/2007
4.2.1 Características
É uma fruta tropical de cor verde (quando não está madura), chegando a amarela
(quando madura). Seu formato é alongado, parecido com o formato de um pepino, porém de
menor calibre, podendo, contudo, variar muito na sua forma consoante as variedades e
cultivares. O mesmo acontece com a polpa que pode ser mole ou dura, doce ou acre. A
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 60
banana é um fruto partenocárpico, tal como o abacaxi, pois pode formar-se sem fecundação
prévia. É por isso que não possui sementes. Depois de cortadas escurecem facilmente devido
à oxidação em contato com o ar.
A espécie Musa balbisiana, vendida no mercado indonésio contém, excepcionalmente,
sementes, e é considerada uma das espécies ancestrais das actuais variedades híbridas
geralmente consumidas.
1. Amadurecimento
Totalmente verde;
Verde com traços amarelos;
Mais verde que amarelo;
Mais amarelo que verde;
Amarelo com a ponte verde;
Todo amarelo;
Amarelo com áreas marrons.
2. Classes
a. Classe I ou Comprimento
12: < 13 cm;
13: > 13 a 16 cm;
16: > 16 a 18 cm;
18: > 18 a 22 cm;
22: > 22 a 26 cm;
26: > 26 cm.
b. Classe II ou Diâmetro
27: < 28 mm;
28: > 28 a 32 mm;
32: > 32 a 36 mm;
36: > 36 a 39 mm;
39: > 39 mm.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 61
3. Usos e Variedades
Existem quatro padrões ou tipos principais de variedades de banana: a banana-prata; a
banana-maçã (de tamanho pequeno e mais arredondada), a Cavendish (também conhecida
como banana d'água ou caturra) e a banana-terra.
Entre as bananas de mesa contamos as variedades maçã, ouro, prata e nanica (anã,
Dwarf Cavendish ou baé). Esta última deve o seu nome ao porte da bananeira sendo, na
verdade, uma banana de grande dimensão. Outras variedades incluem a banana das Canárias,
a banana da Madeira, a Gros Michael, a Latacan, a Nanican e a Grande Anã. A variedade
Cambuta, como é designada em Cabo Verde, é resistente em climas mais frios, sendo a mais
utilizada em zonas subtropicais e temperadas/quentes. A cultivar Valery, introduzida pelos
portugueses em São Tomé, em 1965 e depois em Angola, onde foi responsável por um surto
na produção de bananas neste país até 1974.
A banana, enquanto está verde, é constituída essencialmente por água e amido, e é por
essa razão que o seu sabor é adstringente. No entanto, por essa razão, pode ser utilizada como
fonte de hidratos de carbono em diversos pratos. Pode ser produzida farinha a partir de
bananas verdes. À medida que vão amadurecendo, o amido transforma-se em açúcares mais
simples, como a glicose e a sacarose, que lhe dão o sabor doce.
Além de consumida fresca, a banana é utilizada para diversos fins. Para as sobremesas
de colher, podemos citar a Banana split, ou mesmo as bananadas, feitas com banana-anã e
banana-prata. Também é ingrediente indispensável na salada de fruta (ainda que oxide
facilmente), podendo, ainda, ser utilizada na confecção de sangria. A banana-pão (como a
pacova, muito utilizada no norte do Brasil) é muito utilizada para outros fins culinários, como
na confecção de Banana chips - aperitivo feito com rodelas de banana desidratada ou frita, ou
como acompanhamento de diversos pratos tradicionais. As banana-anã e prata são
frequentemente servidas cruas, misturadas com arroz e feijão ou outros acompanhamentos.
Em alguns locais do Brasil, como em Antonina e Cercanias, serve-se banana-terra cozida
acompanhando o prato típico da região, o barreado, bem como na forma de bala de banana.
No Rio de Janeiro e em Pernambuco, o cozido é composto por carnes, tubérculos e legumes,
além de banana terra e nanica. No sul de Minas Gerais é famoso o virado de banana nanica,
que conta também com farinha de milho e queijo mineiro. No litoral norte de São Paulo, o
prato principal da culinária caiçara chama-se azul-marinho e é constituído por postas de peixe
cozidas com banana nanica verde sem casca, acompanhadas de um pirão feito com o caldo do
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 62
peixe, banana cozida amassada e farinha de mandioca. Esta comunidades também produz,
tradicionalmente, aguardente de banana.
A banana-terra e a banana-figo são utilizadas fritas, tal como a banana-anã, que deve,
contudo, ser preparada à milanesa, isto é, passada por ovo batido, e, depois, por farinha de
trigo e farinha de rosca antes de ser frita, caso contrário, desmancha-se durante a fritura. A
banana anã é ainda utilizada para assar.
A banana-maçã é indicada para problemas intestinais, ao aumentar facilmente o
volume da massa fecal.
A produção de sumo a partir de banana é dificultada pelo fato de se produzir apenas
polpa quando o fruto é esmagado. Assim, não é possível obter o verdadeiro sumo de banana,
ainda que a sua polpa possa ser misturada ao sumo de outros frutos. Existem, contudo, sumos
fermentados feitos a partir da polpa. Esta pode ainda ser utilizada na confecção de diversas
compotas (especialmente com banana-figo e banana-anã).
Existem relatos de que seria usada, esmagada com mel, como remédio contra a
icterícia em determinadas regiões asiáticas (onde o rizoma da bananeira é utilizado para o
mesmo fim).
A banana também é muito utilizada na alimentação de animais, sendo proverbial o seu
uso na alimentação dos macacos. Nota-se que é importante salientar que a banana jamais deve
ser utilizada como única fonte de alimentação dos macacos, pois contém pouco cálcio e muito
fósforo, provocando um desequilíbrio alimentar bastante comum, que prejudica a formação e
a manutenção da estrutura óssea desses animais.
4.2.2 No Brasil
A banana é o segundo fruto mais produzido e consumido no Brasil, segundo país no
ranking da produção mundial, tanto como sobremesa como acompanhamento nas refeições,
ainda que ocupe apenas 0,87% do total das despesas de alimentação dos brasileiros em geral
(daí a expressão "a preço de banana" para referir que algo é pouco dispendioso). A maior
parte da produção provém do Nordeste do país, onde é produzido 34% do volume total,
seguido das Regiões Norte (26%), Sudeste (24%), Sul (10%) e Centro-Oeste (6%). Ao todo, a
área plantada é de cerca de 520.000 ha. Em termos gerais, ainda que as condições naturais
permitam uma produção de alta qualidade, é corrente afirmar que existe baixa eficiência na
produção e no manejo pós-colheita.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 63
4.3 Apresentando a Empresa
Figura 6: Local da empresa Fazio.
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 15/05/2007
FAZIO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
Fábrica: Estrada das Bananeiras, n° 22
Ana Dias – Itarirí – São Paulo
CEP: 11015-000
Tel: (13) 32221500 / Fax: (13) 32221510
E-mail: [email protected]
Figura 7: Plantação de bananas
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 01/05/2007
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 64
4.3.1 A Empresa
Fazio Comércio Internacional de Produtos Alimentícios tem como objetivo produzir
doces naturais e nutritivos utilizando como matéria prima a banana, fruta nativa base da
alimentação. Fundada em 22 de Fevereiro de 1979, com fábrica localizada na zona rural em
área de 30.000 metros quadrados, de sua propriedade, com 10 mil pés de banana em
produção. Em volta da indústria existem 400.000 pés de bananas cultivados com
técnica avançada de propriedade de outros bananicultores que fornecem parte da produção.
4.3.2 Missão
Servir os clientes com um produto de excelente qualidade, através de processos
eficientes de logística internacional, com trabalho em equipe e preservação do meio ambiente.
4.3.3 Visão
Ser referência em exportação de doce de banana para o Canadá (em 2012).
4.3.4 Processos
1. Amadurecimento da Banana: Pegar as bananas (totalmente verdes) e colocá-las na
estufa. Colocar Banasil (concentrado etil) no equipamento da estufa e ligar o mesmo
por 12 horas. Durante esse período a estufa deve permanecer fechada. Após, desligar o
aparelho e manter a porta fechada por mais 24 horas. Em seguida, abrir a porta da
estufa e aguardar mais 48 horas. Notar que a banana só estará boa para o descasque no
momento que escorrer água pela porta da estufa. Notar que estes tempos podem
variam em função da temperatura ambiente. Por exemplo, no verão a banana
amadurece mais rápido que no inverno.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 65
2. Descasque da Banana: as bananas são descascadas e colocadas em esteiras para
serem levadas até o moedor.
Figura 8: Bananas descacadas
Fonte: http://www.bananacandy.com.br acessado em 10/04/2007
3. Fabricação da Polpa de Banana: O processo de fabricação da polpa de banana passa
por diversas fases. Primeiramente a banana descascada passa por um moedor antes de
entrar no trocador de calor. Neste, a banana será cozinhada até atingir a temperatura
ideal, aproximadamente 102°C. Nesse momento, já foram eliminadas possíveis
impurezas e a mesma é liberada para as peneiras. Primeiro passa por uma primeira
peneira (grossa) e depois pela segunda peneira (fina). Nessa etapa os resíduos são
separados pelas peneiras. Uma observação interessante é que numa das peneiras é
possível observar que a banana possui cimento. Após essa etapa a polpa será liberada
para o tacho de receita.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 66
Figura 9: Fluxograma da produção de polpa de banana
Fonte: o autor.
4. Doce de Banana: pegar a polpa e colocá-la nos cozinhadores. A polpa será cozida por
aproximadamente 40 minutos. Durante esse período, o doceiro será o responsável pelo
ponto do doce. O ponto do doce será dado pelo açúcar.
Figura 10: Cozinhadores
Fonte: http://www.bananacandy.com.br acessado em 10/04/2007
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 67
5. Resfriamento e corte: colocar o doce nas formas e levá-lo ao ar condicionado pelo
período mínimo de 24 horas. Após, cortar o mesmo e embalar.
Figura 11: Corte do doce de banana
Fonte: http://www.bananacandy.com.br acessado em 10/04/2007
6. Embalagem: pegar o doce e colocá-lo na esteira da primeira máquina de embalagem.
Nessa primeira etapa, o doce será embalado individualmente. Após, o mesmo deverá
passar por uma segunda máquina onde será feita a embalagem do pacote.
Figura 12: Flow pack
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 04/05/2007
4.4 Mercados
Os mercados consumidores serão os países desenvolvidos: EUA, Japão, Alemanha,
Canadá, Austrália, Itália, França, Noruega, Dinamarca, Suíça, Espanha, Inglaterra, entre
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 68
outros. Para esta pesquisa o autor deste projeto concentrará seus esforços ao mercado
consumidor do Canadá.
4.4.1 Justificativa
O Canadá começa, explícita e formalmente, a reconhecer a necessidade de buscar
novas oportunidades de negócios nos mercados emergentes, a saber China, Índia e Brasil.
Nesse sentindo, o Brasil é não só visto como uma economia diversificada, mas também de
importância crítica na região. É apresentado como porta de entrada para o Mercosul e, de
maneira mais ampla, como país-chave para uma maior integração hemisférica.
4.4.2 Canadá
Figura 13: Bandeira do Canadá
Fonte: http://pt.wikipedia.org acessado em 07/03/2007
Segundo maior país do mundo em extensão territorial, atrás apenas da Rússia, o
Canadá ocupa mais da metade do continente norte-americano e é banhado por três oceanos: o
Pacífico, o Ártico e o Atlântico. País privilegiado quanto à riqueza e à variedade de seus
recursos naturais, o Canadá possui enormes reservas florestais, grandes extensões de terras
cultiváveis e significativo potencial de pesca. Rico em minerais, ocupa lugar de destaque entre
os principais produtores e exportadores mundiais. Contra, ademais com importantes reservas
petrolíferas.
Com uma área de 9.984.670 km2 e uma população de 32,7 milhões de habitantes,
segundo estimativa de janeiro de 2007, a densidade populacional do Canadá é bastante baixa
(aproximadamente 3.3 hab/ km2). Sua população usufrui de um excelente padrão de vida: o
Canadá possui um dos maiores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. Em
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 69
2006, o PIB canadense alcançou US$1.132 bilhões em dólares correntes, e a renda per capita,
US$ 35.210.
A partir de 1997, o Canadá apresentou as maiores taxas de crescimento dentre os
países G-7. O comércio exterior registra uma elevada dependência do mercado norte-
americano como destino para as suas exportações. Em 2004, os estados Unidos, absorveram
84.6% do total das vendas externas de mercadoria do Canadá. Esse fato, ilustra a forte
vinculação da economia do país à dos Estados Unidos, estimulada ainda mais após a
assinatura do acordo bilateral de livre comércio de 1989 e do Nafta em 1994. O aumento do
comércio bilateral e mais particularmente o do comércio intra-indústrias, promoveu uma
maior sincronização dos ciclos de negócio entre os dois países. Dessa forma, retrações na
demanda interna dos EUA tendem a repercutir mais rapidamente na economia canadense.
Embora conscientes de que o relacionamento comercial com os Estados Unidos é
fundamental para o bom desempenho da sua economia e para o bem estar de seus cidadãos, o
Canadá começa, explícita e formalmente, a reconhecer a necessidade de oferecer à sua
comunidade empresarial os meios adequados para buscar novas oportunidades de negócios
nos mercados emergentes, a saber China, Índia e Brasil. Nesse sentindo, inclusive, o Brasilé
não só visto como uma economia diversificada, mas também de importância crítica na região.
É apresentado como porta de entrada para o Mercosul e, de maneira mais ampla, como país-
chave para uma maior integração hemisférica.
Esse contexto não deixará de influenciar positivamente o ambiente de negócios entre
os dois países. Aliado ao nível de renda da população, às taxas positivas de crescimento
econômico, à abertura do mercado interno e a existência de um sistema financeiro dinâmico, o
Canadá apresenta novas oportunidades comerciais para o exportador brasileiro. Ademais a
proximidade com o mercado dos Estados Unidos e as características similares entre padrões
de demanda permitem, inclusive, aos empresários que já atuem no mercado norte-americano,
uma extensão de seus negócios com custos e investimentos adicionais reduzidos.
As principais cidades do país são: Toronto, Montreal, Vancouver, Ottawa (capital), Calgary,
Edmonton, Winnipeg e Halifax.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 70
Figura 14: Mapa do Canadá
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 10/03/2007
Composto por dez províncias e três territórios, o Canadá caracteriza-se pela
diversidade geográfica, compreendendo planícies férteis adequadas para a agricultura, cadeias
de montanhas, grandes rios e numerosos lagos. No extremo norte, as vastas florestas são
substituídas pela tundra ártica.
Predomina o clima continental, ainda que, dadas as dimensões do território, também
ocorram o oceânico e o ártico. Em sua maior parte, o Canadá é um país frio, com inverno
longo e rigoroso. A costa do Pacífico possui clima mais ameno devido a influencia oceânica e
aos ventos do oeste. Nessa área, as precipitações são abundantes durante todo o ano, enquanto
as temperaturas oscilam entre –3°C em janeiro e 15°C em agosto. Na região norte o clima é
polar, com temperatura média anual de -5°C. O restante do território, sobretudo o centro, é
submetido a um clima continental com invernos tensos e rigorosos e verões frescos.
A taxa de analfabetismo entre a população é praticamente nula no Canadá. O ensino é
gratuito até o segundo grau. Dependendo da província, o ensino fundamental varia de 6 a 8
anos, o médio de 4 a 5 anos e o universitário de 3 a 4 anos. O inglês e o francês são as línguas
oficiais do Canadá. Entretanto, apenas 20% da população domina as duas línguas.
A unidade monetária do país é o dólar canadense. Não há restrições de natureza
cambial, sendo a moeda facilmente conversível a taxas determinadas pelo mercado. A
intervenção do Banco do Canadá no mercado de cambio é discricionária, e, portanto, não
sistemática, sendo um instrumento utilizado apenas em circunstâncias absolutamente
excepcionais.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 71
4.4.3 Organizações e acordos Internacionais
O Canadá é membro, entre outros, dos seguintes organismos internacionais e acordos
multilaterais de caráter político-econômico e financeiro:
ONU: Organização das Nações Unidas;
OEA: Organização dos Estados Americanos;
OTAN: Organização do Tratado do Atlântico Norte;
OMC: Organização Mundial do Comércio;
NAFTA: Acordo de Livre Comércio da América do Norte;
OCDE: Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico;
COMMONWEALTH;
APEC: Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico;
OMT: Organização Mundial do Trabalho;
OMS: Organização Mundial da Saúde;
OMI: Organização Internacional para Migração;
UNCTAD: Conferencia das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento;
FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura;
OMI: Organização Marítima Internacional;
GRUPO DE CAIRNS;
G8;
G10;
BANCO MUNDIAL;
BID: Banco Internacional de Desenvolvimento;
FMI: Fundo Monetário Internacional.
4.4.4 Comércio exterior
O comércio exterior tem um papel relevante na economia canadense e equivale a mais
de 70% do PIB. Apenas as exportações, por exemplo, representam mais de 40% do produto
interno bruto do Canadá, sendo responsáveis por 25% dos empregos existentes na economia.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 72
Percebe-se uma expressiva evolução do comércio exterior canadense nos últimos anos.
A corrente de comércio passou de pouco mais de US$ 470 bilhões em 2002, para
aproximadamente US$ 750 bilhões em 2006.
Tabela 4: Evolução da balança comercial / 2002-2006 (US$ MILHÕES)
É significativa a dependência do mercado dos Estados Unidos, que absorve 84,1% das
exportações canadenses em 2005. Outros parceiros relevantes são reino Unido (1,8%) e China
(1,7%). Conscientes de que sua prosperidade econômica se ancora no mercado dos Estados
Unidos, o Canadá desenvolve esforços para sensibilizar o empresariado com vistas a uma
participação mais agressivas nos mercados emergentes (China, Índia e Brasil) e no dos
Estados membros da União Européia e do Japão. O Brasil foi destino de apenas 0,3% das
exportações canadenses.
As importações, embora em menor proporção, também se centralizam nos EUA,
origem de 57,5% das compras canadenses em 2005. Outros grandes fornecedores são China
(7,4%), México (3,8%) e Japão (3,7%). O Brasil ocupa a décima segunda posição entre os
fornecedores canadenses, com participação de 0,8%.
Tabela 5: Direção do comércio exterior do Canadá (US$ MILHÕES – FOB) / EXPORTAÇÕES
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 73
Tabela 6: Direção do comércio exterior do Canadá (US$ MILHÕES – FOB) / IMPORTAÇÕES
De acordo com a avaliação da Organização Mundial de Comércio, a exemplo de
outros países industrializados, o anti-dumping é o instrumento de defesa comercial mais
utilizado no Canadá. O Canadá é signatário do código anti-dumping do GATT e, portanto, sua
interpretação de dumping não apresenta variações importantes em relação à dos demais
signatários. Assim, o dumping ocorre, em essência, quando os produtos são exportados para o
Canadá um preço inferior ao vendido no país de origem. O dumping também ocorre quando
os produtos são vendidos a preços abaixo do custo por um período representativo. Se um
fabricante canadense considerar que está sofrendo dano por importações sujeitas a dumping,
poderá apresentar petição ao Vice-Ministério da Receita Nacional, sendo o procedimento e os
prazos quase idênticos aos utilizados no caso de investigação sobre direitos compensatórios.
O Canadá proíbe a importação de um certo número de produtos, por razões que variam
de proteção do interesse público à conservação de animais selvagens. Os principais produtos
cuja entrada se encontra proibido são: literatura que se julgue obscena e violenta ou contrária
à segurança nacional, reedição de trabalhos com direitos autorais no Canadá, produtos
fabricados por prisioneiros, penas de aves selvagens, fósforos de cabeça branca, veículos
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 74
usados (com exceção dos carros provenientes dos EUA), aviões usados, motores de veículos
usados, colchões usados e armas.
4.4.5 Relações Canadá-Brasil
O relacionamento bilateral expandiu-se e diversificou-se significativamente durante os
últimos anos, apesar de algumas disputas comerciais que estão ocorrendo, demonstrando o
interesse que o Canadá tem em contar com o Brasil como um dos principais parceiros na
América do Sul.
Em termos regionais e mundiais, ambos os países consideram um ao outro um parceiro
valioso com quem freqüentemente partilham objetivos semelhantes. Freqüentemente são
realizadas consultas bilaterais formais sobre questões políticas, internacionais e de defesa. A
cooperação em áreas diversas – tais como assuntos indígenas, direitos humanos, federalismo,
meio ambiente, trabalho, fortalecimento de instituições democráticas, desminagem, esportes e
educação – confere ainda mais estrutura a nossas relações.
O Brasil tem sido tradicionalmente o maior parceiro comercial do Canadá na América
do Sul. As exportações canadenses ao Brasil tiveram um crescimento exponencial sem
paralelo, desde o ano de 1991, quando o presidente Collor abriu o mercado brasileiro para
importações.
O Canadá e o Brasil trabalham em conjunto na manutenção da paz, controle de armas,
meio ambiente, drogas e reforma da ONU.
4.4.6 Toronto
O destino das exportações é a cidade de Toronto, pois apresenta as seguintes
vantagens e condições:
Maior cidade do Canadá;
Maior pólo industrial, financeiro e de telecomunicações do Canadá;
Proximidade com os Estados Unidos da América;
Uma das cidades mais dinâmicas da América do Norte;
Clima mais quente em relação à outras cidades do país;
Excelente padrão de vida.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 75
Figura 15: Vista noturna da cidade de Toronto
Fonte: http://pt.wikipedia.org/ acessado em 02/06/2007
Toronto é a maior cidade do Canadá, e a capital da província de Ontário. Situa-se na
margem norte do Lago Ontário. A cidade de Toronto propriamente dita possui
aproximadamente 2,6 milhões de habitantes, com 5,2 milhões de habitantes em sua região
metropolitana. Aproximadamente um terço da população canadense vive dentro de um raio de
160 quilômetros da cidade. Toronto é considerada uma das cidades mais dinâmicas da
América do Norte, atraindo milhares de imigrantes anualmente, desde a década de 1850. Seus
habitantes são chamados de torontonianos (Torontonians, em inglês).
Toronto é conhecida como o "motor da economia do Canadá", e é considerada uma
cidade global beta, exercendo significativa influência a nível regional, nacional e
internacional. Toronto é o centro financeiro do Canadá, bem como um dos principais centros
culturais e científicos. Toronto é o maior pólo industrial, financeiro e de telecomunicações do
Canadá. A cidade possui uma das economias mais diversificadas da América do Norte, com a
maior concentração de sedes de empresas, instituições culturais e a maior comunidade
artística do país.
Em janeiro de 2005, Toronto foi escolhida pelo governo canadense como uma das
capitais culturais do Canadá. Toronto possui um dos melhores padrões de vida da América do
Norte, sendo considerada por muitos como uma das melhores metrópoles do mundo para se
viver. Toronto é uma das cidades mais seguras do continente americano - sua taxa de
criminalidade é menor do que qualquer grande cidade americana, e uma das menores do
Canadá.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 76
4.5 Como Exportar
4.5.1 Estratégias de marketing
A seguir serão apresentadas as estratégias do marketing mix, preparadas com o
objetivo de conquistar o mercado alvo. O modelo utilizado será o dos 4P`s, sendo analisados o
produto, o ponto, a promoção e o preço.
Figura 16: Doce de Banana
Fonte: http://www.tachaodeubatuba.com.br acessado em 14/04/2007
Numa primeira etapa a empresa pretende exportar somente DOCE DE BANANA. O
diferencial é o pioneirismo do produto. Outras vantagens estão no preço e na qualidade. Os
doces terão embalagem especialmente projetada para o mercado externo, com todas as
informações do produto em inglês, francês e português. A intenção da manutenção da língua
portuguesa é fazer com que os produtos brasileiros sejam reconhecidos facilmente e que se
crie uma cultura de incentivo aos produtos genuinamente brasileiros.
O produto será acondicionado em embalagens de 250 gramas, contendo em média 8
unidades por pacote. Cada unidade terá sua própria embalagem. Os pacotes serão embalados
em caixas de papelão. Cada caixa de papelão terá 40 pacotes. O empilhamento máximo será
de 5 caixas. O rótulo deverá indicar: o nome do produto, peso líquido em gramas,
informações da empresa (nome, endereço, CNPJ, inscrição estadual, telefone e site), SAC
(serviço de atendimento ao consumidor), informação nutricional, data de fabricação e
validade do produto.
O primeiro lote será enviado a uma distribuidora localizada em Toronto, vai ser
colocado em pontos estratégicos da cidade e servirá como teste para a aceitação do produto. O
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 77
distribuidor será responsável pelas intermediações das negociações, sempre no sentido de
levar maior satisfação ao cliente.
O distribuidor deverá ser especializado em gêneros alimentícios e com livre trânsito
entre os pequenos varejistas locais, tais como pequenos estabelecimentos comerciais voltados
à comercialização de alimentos. Estes podem ser: padarias, mercearias, mercados,
lanchonetes, casas de produtos naturais, empórios, entre outros.
Figura 17: Canal de distribuição a utilizar
O Programa Promocional terá como alvo os agentes de mercado e potenciais clientes
em Toronto, utilizando-se de várias formas:
Testes de degustação nos pontos de venda;
Suporte promocional e demonstração de catálogos;
Propagandas de rádio;
Feiras e Exposições Comerciais;
Folders;
Website;
Material promocional com informações detalhadas sobre o produto.
A empresa deverá participar dos Programas de Promoção de Exportação, apoiado pela
APEX – Agência de Promoção de Exportações com a participação da ABIA – Associação
Brasileira das Indústrias da Alimentação e IBRAF – Instituto Brasileiro de Frutas.
As propagandas deverão ser vinculadas junto a programas de rádio. O controle de
posicionamento se dará por meio de manuais e folders explicativos enviados ao importador.
Estes serão remetidos com freqüentemente, de acordo com os desdobramentos das vendas no
mercado importador e conforme haja interesse ou necessidade dos compradores. O produto
será ofertado, divulgado e promovido pela Internet , através de mala direta de e-mails e
colocação do website em páginas de busca e no site braziltradenet.
Uma das formas mais eficazes de se estudar um mercado, conhecer a concorrência,
identificar um representante e promover vendas é viajar para o exterior com o objetivo de
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 78
conhecer este mercado mais de perto. A empresa pretende participar de feiras internacionais
no Brasil e no exterior visando uma maior aproximação com o mercado canadense.
As feiras comerciais têm-se constituído num dos mais eficientes canais de contato. A
feira é uma excelente oportunidade não só para manter contatos com potenciais clientes, como
também para conhecer a realidade do mercado. Distribuidores com livre trânsito e grande
influência sobre os varejistas locais.
Os níveis de preços que a empresa utilizará para a exportação do doce de banana serão
aqueles para cobrir todos os custos de produção mais uma margem de lucro sobre esses
custos. A modalidade de pagamento adotada será o Pagamento Antecipado. Os preços para o
mercado externo serão superiores aos do mercado interno, tendo em vista a necessidade de
retorno do investimento com logística e despesas com representação nos mercados
compradores.
1. Nível do preço e motivos para a escolha desse nível:
Preço inicial de 2,38 dólares por pacote. O preço tem como objetivo de promover a
penetração do bem no mercado.
2. Controle de preços:
Não foi constatada a prática deste tipo de instrumento. No Canadá, regem as leis de
uma plena economia de mercado, isto é, livre concorrência.
3. Comparação com a concorrência:
Não existe concorrência inicial. O produto é novo no mercado.
4. Descontos não promocionais:
Podem existir conforme o desdobrar das relações comerciais com o Distribuidor-
Importador. Descontos por volume adquirido podem ser oferecidos.
5. Financiamento:
Empresa saneada financeiramente, utilizando somente de capital próprio. Caso haja
necessidade ou possibilidade de contratação de financiamentos como o ACC (Adiantamento
sobre Contrato de Câmbio) ou BNDES-EXIM, etc. A empresa fará mediante análise prévia
das circunstâncias e objetivos.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 79
6. Estrutura de preços:
Quantidade vendida esperada no 1° embarque (01 container de 20’):
1.200 caixas por container 20’
10 kg por caixa
1.200 x 10 = 12.000 kg por container
40 pacotes por caixa
R$ 1,95 por unidade
40 x 1,95 = R$ 78,00 por caixa
1.200 x 78 = R$ 93.600,00
Figura 18: Custos da fábrica, terminal, armador e transportadora
Fonte: o autor
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 80
4.5.2 Logística de exportação
1. Operação: o transporte será via marítima. Os navios levam em média 13 dias para
chegarem ao porto de Toronto, partindo do porto de Santos. Será utilizado container
reefer de 20 pés com capacidade máxima de peso entre 27.000 kg e 28.000 kg, de
acordo com o ano e modelo do container. O equipamento deverá ter Controle de
atmosfera (CA) que provê condições ideais, melhorando qualidade e tempo de vida
útil das mercadorias. Verificar que o container deverá permanecer com a temperatura
de 14°C durante todo o tempo. A carga será palletizada. Cada container acondicionará
20 pallets que serão colocados em duas fileiras de 5 pallets com 2 pallets empilhados
em cada uma.com temperatura de 14°C. Temperaturas inferiores podem danificar a
aparência dos doces e temperaturas superiores podem fazer com que os mesmos
estraguem. A mercadoria será estufada na fábrica. O carregamento deverá ser
previamente agendado com o pessoal da expedição e transportadora (que deverá trazer
o container vazio). A expedição ficará responsável pelo acompanhamento da
estufagem. A palletização deverá ocorrer em pallets tratados, ou seja, não precisam ser
fumigados. Depois que a carga for estufada na fábrica, será transportada para uma
zona secundária para ser feito o desembaraço aduaneiro. Após, o container será
depositado no terminal de embarque. Nota-se que durante o carregamento não será
necessária a fumigação dos pallets pois os mesmos já são tratados. Os pallets serão de
1100 X 1100 mm e cada um acondicionará 60 caixas do produto.
Figura 19: Caixa do produto
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 81
Figura 20: Dimensões do pallet
Cálculo utilizado:
4 x 3 = 12
12 x 5 = 60
Onde:
4 = número de linhas por pallet
3 = número de colunas por pallet
12 = número total de caixas por pallet
5 = emplilhamento máximo de caixas
60 = número total de caixas empilhadas por pallet
Figura 21: O Pallet
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 17/04/2007
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 82
Figura 22: Disposição dos pallets no container
Cálculo utilizado:
5 x 2 = 10
10 x 2 = 20
20 x 60 = 1.200
Onde:
5 = número de pallets por fileira
2 = número de fileiras
10 = número total de pallets
2 = empilhamento de pallets
20 = número total de pallets empilhados
60 = número de total de caixas empilhados por pallet
1200 = número total de caixas por container
Figura 23: Container reefer de 20 pés
Fonte: http://images.google.com.br/images acessado em 17/04/2007
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 83
2. Fechamento de Praça: nessa etapa, começa efetivamente a operação do processo.
Após serem definidos o tipo de pallet e container, é necessário fazer a reserva de praça
junto ao Armador. A reserva de praça, mais conhecida como booking, gera um espaço
para o container dentro do navio. Conforme o estudo de caso, foi verificado a
disponibilidade de reservas junto a alguns Armadores. Essa disponibilidade varia de
acordo com preço, transit-time do navio, necessidades de transbordo em outros portos,
entre outros.Nota-se que o transit-time pode variar em razão de congestionamento no
porto de transbordo, intemperes, etc. É importante lembrar que os fretes mais baixos
fornecidos por empresas menores não são garantia de embarque, ainda mais no estudo
de caso que se trata de um primeiro embarque de um único container. Quanto maior o
número de containers embarcados com o mesmo Armador, maiores as chances da
carga embarcar. Segue, abaixo, cotações de fretes e transit-time levantados junto a
alguns Armadores:
Tabela 7: Tabela de fretes
Fonte: Armadoras.
Conclui-se que o Armador escolhido é a MAERSK, pois apresenta o frete mais baixo
e o menor transit-time. Além da questão do frete, é importante observar a questão do
transit-time do navio pois se trata de uma carga perecível. Na confirmação do booking,
receberemos o local onde será retirado o container vazio (definido de acordo com a
disponibilidade do Armador). Nesse momento, deve-se informar a transportadora que
o mesmo pode ser retirado no terminal de vazios. Após a retirada, o mesmo deve ser
entregue na fábrica pra estufagem e em seguida ser depositado no terminal de
embarque. Em razão das constantes filas nos terminais de embarque e da necessidade
de aberta de Pré-Stacking por parte do terminal, faz-se necessário o depósito do
container em zona secundária para início do desembaraço aduaneiro. De acordo com o
estudo de caso, transporte será feito pela transportadora Gafor, o terminal de embarque
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 84
será a Libra e a zona secundária a Columbia. Os motivos pelas respectivas escolhas
foram:
Preços mais baixo;
Melhores condições de armazenagem;
Tomadas para container reefer;
Acordos de preferência entre o Armador, Terminal e Transportadora.
A Maersk embarca suas cargas com a Libra que por sua vez tem um acordo de com a
Columbia para determinados casos. A opção pela Gafor por indicação da Columbia.
3. Despacho Aduaneiro: o “Despacho de Exportação” é o procedimento fiscal mediante
o qual se processa o desembaraço aduaneiro da mercadoria destinada ao exterior, seja
ela exportada a título definitivo ou não. O Despacho Aduaneiro de Exportação
obedece as etapas abaixo:
I. Registro da DDE no Siscomex: após efetivado o Registro de Exportação - RE,
e uma vez estando a mercadoria pronta para o embarque, a empresa, de posse de
todos os documentos exigidos para a exportação, deverá providenciar a
Declaração do Despacho de Exportação - DDE, por meio do SISCOMEX.
II. Confirmação da Presença de Carga: deve ser feita a confirmação da Presença
de Carga junto ao terminal. No estudo de caso, a presença de carga deverá ser
dada no terminal Columbia.
III. Entrega dos documentos: Depois que o terminal der a presença de carga on-
line no Siscomex, os documentos que instruem o despacho deverão ser
entregues para a fiscalização da aduana que registrará tal fato no sistema
(Siscomex). O registro da entrega dos documentos de instrução do despacho no
Siscomex marca o início do procedimento fiscal e impede quaisquer alterações
na declaração para despacho pelo exportador. Os documentos que deverão ser
entregues são: DDE impressa do Siscomex, nota fiscal, carta de correção da
nota fiscal (caso seja necessária) e impressão das telas do drawback (caso seja
um processo com drawback).
IV. Fiscalização Aduaneira Parametrizada: é feita por amostragem, segundo
parâmetros estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A Parametrização
pode ser de 3 tipos:
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 85
Canal Verde: o sistema procederá ao desembaraço automático da
mercadoria, dispensando o exame documental da declaração e a
verificação física da mercadoria;
Canal Laranja: é feito o exame documental do despacho e é dispensada a
verificação da mercadoria;
Canal Vermelho: é efetuado o exame documental e a verificação física da
mercadoria.
É importante observar, que nos casos de canal vermelho, será necessário fazer
uma remoção do container para o pátio de conferência física, ou seja, é feita a
transferência de quadra do container. Nesse momento o embarque poderá estar
comprometido pois esse procedimento de conferência física requer tempo.
Outro agravante é a necessidade de pagar por essa transferência de quadra.
Nesse momento é necessário acompanhar a abertura do container e a troca de
lacre. O novo lacre deverá ser fornecido pelo Armador, no caso do estudo a
Maersk.
V. Desembaraço Aduaneiro: após adotados os procedimentos correspondentes ao
canal selecionado para o despacho, o funcionário da aduana registrará, no
Sistema, o desembaraço da mercadoria, estando a mesma pronta para o
embarque.
VI. Registro dos Dados de Embarque: efetivado o embarque, o transportador
registrará os dados de embarque imediatamente após realizado o embarque, com
base nos documentos por ele emitidos (Manifesto e Conhecimento de Carga).
VII. Averbação do Embarque: é o ato final do despacho de exportação e consiste
na confirmação, pela fiscalização aduaneira, do embarque da mercadoria. Caso
os dados informados pelo transportador coincidirem com os constantes da DDE,
haverá averbação automática do embarque pelo Sistema. Caso contrário, a
documentação apresentada será analisada e confrontada com os dados relativos
ao desembaraço e ao embarque, sendo afetuada averbação manual, com ou sem
divergência, em função da situação diagnosticada. É importante lembrar que no
caso de haver divergência será cobrada uma taxa referente a carta de correção
do conhecimento de embarque. Esta taxa varia de acordo com o Transportador.
O valor médio cobrado é de USD 50,00.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 86
VIII. Emissão de Comprovante de Exportação: concluída a operação de
exportação, com sua averbação no Sistema, será fornecido ao exportador,
quando solicitado o documento comprobatório da exportação, emitido pelo
Siscomex. A emissão do comprovante de exportação caberá à unidade de
despacho, mesmo no caso em que a unidade de embarque seja diferente.
4.5.3 Documentação
No comércio internacional, os documentos desempenham importante função. Uma
negociação internacional formaliza-se por meio de um contrato, que não precisa ter uma
forma preestabelecida, podendo ser uma carta ou um fax onde se definam as condições da
operação. Para facilitar o intercâmbio comercial, alguns documentos são padronizados,
embora haja diferenciações de modelos conforme o país importador, mas o importante é que
haja clareza nas condições da negociação.
Para maior segurança, o exportador, deve obter do importador a relação dos
documentos que deverão ser providenciados para o ingresso das mercadorias no país de
destino.
1. Fatura Pró-Forma (Pro Forma Invoice): é documento de responsabilidade do
exportador, emitido a pedido do importador, para que este providencie a Licença de
Importação, dentre outras providências. Este documento é o modelo de contrato mais
frequente, formaliza e confirma a negociação, desde que devolvido ao exportador,
contendo o aceite do importador para as especificações contidas. Este documento não
gera obrigações de pagamento por parte do importador. A fatura Pró- Forma deve ser
emitida no idioma do país importador ou em inglês.
2. Fatura Comercial (Comercial Invoice): é um documento emitido pelo exportador
para formalizar a transferência da mercadoria para o importador. A fatura comercial
deve conter as principais características da operação, dados do exportador, do
importador, descrição e preço da mercadoria, condição de venda (incoterms), peso
líquido e bruto, cubagem, etc. A fatura deve ser emitida no idioma do país a que se
destina a mercadoria, ou em inglês, e é um dos documentos essenciais para o
desembaraço da mesma.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 87
Figura 24: Comercial Invoice
3. Packing List (Romaneio): este documento descreve as mercadorias embarcadas,
detalhando o número de volumes, unidades em cada volume, peso líquido e bruto,
cubagem, descrição da mercadoria, dados do exportador, do importador e outras
características da mercadoria. O Packing List é emitido pelo exportador e visa facilitar
o desembaraço aduaneiro, tanto no embarque como no desembarque, além de facilitar
a conferência física dos produtos pelo importador, quando do seu recebimento.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 88
Figura 25: Packing List
4. Certificado de Origem - FORMA: é um documento facultativo, emitido a pedido do
importador, que tem por finalidade atestar a origem da mercadoria do país exportador.
A origem da mercadoria é do país no qual ela foi produzida, fabricada, sendo diferente
da procedência, que se refere ao país em que foi embarcada. Para o estudo de caso será
adotado o FORM A, pois o Canadá pertence ao SGP (Sistema Geral de Preferência).
O SGP é um acordo entre países industrializados, intermediado pelo GATT,
atualmente OMC, que tem como objetivo a diminuição dos tributos inerentes às
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 89
importações de determinados países desenvolvidos por parte dos países
industrializados. Dessa forma, procura-se a elevação das exportações dos países
menos desenvolvidos.
5. Registro de Exportação – RE: é o registro eletrônico das informações de natureza
comercial, financeira, cambial e fiscal que caracterizam a operação de exportação de
uma mercadoria. O processamento da exportação inicia-se, na maioria dos casos, com
a apresentação, diretamente no sistema, do Registro de Exportação no SISCOMEX,
pelo exportador ou por seu representante legal. O RE será validado e deferido
automaticamente pelo Sistema se estiver com todos os seus campos preenchidos
corretamente e se atender às normas de comércio exterior previstas. Algumas
operações ou mercadorias dependem da manifestação de órgãos anuentes. O prazo de
validade do RE é de até 60 dias, contados da data de sua efetivação. Nesse prazo,
deverá ser solicitado o despacho à Secretaria da Receita Federal, salvo produtos
sujeitos ao Registro de Vendas, situação na qual será obedecido o prazo final
estipulado no Registro. O RE não utilizado até a data de validade para embarque será
automaticamente cancelado. O RE poderá ser prorrogado desde que a solicitação seja
feita dentro do prazo de sua validade. Nas figuras a seguir estão identificada as telas
de registro da exportação no Siscomex.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 90
Figura 26: Registro de exportação no Siscomex
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 91
Figura 27: Registro de exportação (P2) – Siscomex
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 92
6. Declaração de Despacho de Exportação – DDE: também obtida por meio
eletrônico, é o procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço
aduaneiro da mercadoria destinada ao exterior, seja ela exportada a título definitivo ou
não. A DDE é considerada registrada a partir da disponibilidade do RE e da
formulação da Declaração para Despacho de Exportação no sistema, onde recebe uma
numeração seqüencial pelo SISCOMEX.
Figura 28: Registro da declaração de despacho de exportação – DDE no Siscomex
7. Conhecimento de Embarque – BL (Bill of Lading): documento emitido pela
empresa transportadora ou por seu agente e representa o contrato de transporte ou
recibo da mercadoria entregue para transporte. O conhecimento de embarque (BL)
confere ao consignatário a posse da mercadoria no destino. Deve constar o nome do
embarcador, nome do consignatário, local de embarque e desembarque, valor do frete
e sua forma de pagamento (pré-pago – prepaid ou a pagar no destino - collect), local e
data de emissão, quantidade de vias originais emitidas, declaração que a mercadoria
foi recebida a bordo, sem avarias, a assinatura do emissor, NCM da mercadoria, entre
outros.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 93
Figura 29: Bill of Landing
Fonte: o autor
Nota-se que o BL é o principal documento do Comércio Exterior pois ele indica
transferência de propriedade da mercadoria. Sem este documento o importador não consegue
retirar nem desembaraçar a mercadoria.
8. Saque: título de crédito emitido por um credor (exportador) contra um devedor
(importador, banco) com ordem expressa de que seu valor seja pago à pessoa indicada
(beneficiário), ou à sua ordem (mediante endosso), no prazo e local indicado. O saque
poderá ter vencimento determinado (data fixada) ou indeterminado (prazo em dias a
partir do aceite). O saque é o instrumento através do qual o banco interveniente efetua
a cobrança do valor da operação junto ao importador, ou instrui o protesto na falta de
pagamento ou aceite.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 94
9. Borderô: é um protocolo fornecido pelo banco negociador de câmbio, no qual são
relacionados todos os outros documentos a ele entregues.
10. Autorização de Exportação (MAPA): algumas mercadorias necessitam de um
certificado que ateste sua adequação ao consumo. Esta certificação é exigida pela
legislação do país importador ou a pedido do próprio importador. No estudo de caso,
faz-se necessário a Anuência no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) por se
tratar de produto alimentício. Esta se dá através de uma autorização de exportação que
será emitida mediante a apresentação dos documentos comprobatórios da mercadoria.
O pedido da autorização deve ser feita antes do embarque da mercadoria, e a mesma
só será concedida após o embarque efetivo da mercadoria. Essa autorização só será
entregue no momento que o exportador entregar um BL original junto com o
requerimento de exportação que deverá ser datado pelo MAPA com data anterior ao
embarque. Caso contrário, o embarque dará arrevelia.
11. Carta de Temperatura: documento obrigatório para cargas de container reefer. Nela
deverá constar o embarcador, consignatário, booking, nome do navio, local de
embarque e desembarque, identificação do container, peso líquido e bruto, e uma
mensagem solicitando que a carga fique durante toda a viagem com a temperatura
correspondente as necessidades da mercadoria. Conforme já foi explicado
anteriormente, para este estudo de caso, a temperatura do container será de 14°C.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 95
Figura 30: Carta de temperatura
Fonte: o autor
4.5.4 Outros procedimentos
1. Envio de documentos para o cliente (importador): toda a documentação deverá ser
enviada para o cliente via FEDEX ou DHL. Os documentos serão enviados em duas
malas conforme a indicação abaixo:
Primeira mala: fatura comercial, packing list e carta de temperatura;
Segunda mala: FORM A, BL e autorização de exportação.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 96
Figura 31: Relação de documentos a enviar
É importante lembrar que não será necessário o certificado de fumigação (pois os
pallets são tratados) e o certificado de seguro (pois o Incoterm é FOB).
2. Incoterm: para o estudo de caso, será adotado o Incoterm (termo de comércio
internacional) FOB (FREE ON BOARD), significa que o vendedor entrega as
mercadorias quando elas transpõem a amurada do navio no porto de embarque
nomeado. Isto significa que o comprador deve arcar com todos os custos e riscos de
perda ou dano às mercadorias a partir daquele ponto. O termo FOB exige que o
vendedor desembarace as mercadorias para exportação.
3. Modalidade de Pagamento / Transação: por se tratar de um projeto previamente
estabelecido e de comum acordo com o importador, será adotada a modalidade de
Pagamento Antecipado. O Pagamento Antecipado caracteriza-se pela realização do
pagamento, previamente ao embarque da mercadoria. Essa antecipação será de 50%
que funcionará como um financiamento ao exportador para a produção da mercadoria.
Os outros 50% serão pagos assim que o importador receber a mercadoria. Nota-se que
esta modalidade oferece maior garantia ao exportador.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 97
CONCLUSÃO
O autor deste projeto através do estudo de caso apresentado no Capítulo 4 deste
trabalho de pesquisa demonstrou conceitualmente todo o processo de exportação, chamado
também de “Logística de Exportação” e conceituada no Capítulo 3. Fica clara, a importância
do planejamento estratégico de marketing, conceituado no Capítulo 2 e o conhecimento de
todos os processos e procedimentos operacionais com o produto, desde a sua concepção até a
entrega ao cliente final, bem como também o processo de exportação na parte física como na
documental. Percebe-se na pesquisa a complexidade das operações envolvidas, desta forma as
empresas que objetivam aumentar suas receitas ingressando no mercado internacional devem
se estrutura e contar com profissionais qualificados, para que a empresa não faça uma
exportação, mas uma série duradoura delas, com o pleno objetivo de efetividade no processo.
Desta forma o autor concluiu que, independente do ramo da atividade empresarial, o processo
de Logística de Exportação é um estudo que merece a continuidade e aprimoramento de
estudos e pesquisas, objetivando maximizar resultados e minimizar os impactos negativos
ainda sujeitos ao processo.
Logística de Exportação com Estudo de Caso da Indústria da Banana - 98
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