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Nota da Editora: o Acordo Ortográfico foi aplicado integralmente nesta obra.

CAPÍTULO 1 – VOU TER QUE ESTUDAR CONSTITUCIONAL! E AGORA? ....................................................................... 9

CAPÍTULO 2 – DIREITO E O ESTADO ................................................... 11

CAPÍTULO 3 – QUAL A DIFERENÇA ENTRE LEI E CONSTITUI-ÇÃO? ................................................................................. 13

CAPÍTULO 4 – O DIREITO CONSTITUCIONAL .................................. 17

CAPÍTULO 5 – EM QUE SE BASEIA O ESTUDO DO DIREITO CONS-TITUCIONAL? ................................................................... 23

CAPÍTULO 6 – PRINCIPAIS TÓPICOS DO DIREITO CONSTITU-CIONAL ............................................................................ 25

CAPÍTULO 7 – COMO SURGE UMA CONSTITUIÇÃO? – PODER CONSTITUINTE ............................................................. 35

CAPÍTULO 8 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ............................................. 39

CAPÍTULO 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .............. 45

9.1 Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5.º) ............. 46

9.2 Direitos sociais (arts. 6.º a 11) .............................................. 56

9.3 Direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13) ............................. 57

9.4 Direitos políticos (arts. 14 a 16) ........................................... 59

9.5 Direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos (art. 17) ........................................................................ 61

CAPÍTULO 10 – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO .................................... 63

SUMÁRIO

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz8 8

CAPÍTULO 11 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ................................ 67

11.1 Poder Legislativo ................................................................. 67

11.2 Poder Executivo ................................................................... 74

11.3 Poder Judiciário .................................................................... 75

CAPÍTULO 12 – REVISÃO DOS CONCEITOS QUE DEVEM SER FIXADOS ........................................................................ 79

CAPÍTULO 13 – COMENTÁRIOS FINAIS .............................................. 83

CAPÍTULO 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO ..... 85

Respostas dos Exercícios ............................................................. 94

Comentários .................................................................................... 95

CAPÍTULO 15 – TERMOS COMUMENTE USADOS NO DIREITO ... 101

CAPÍTULO 16 – TERMOS LATINOS JURÍDICOS COMUMENTE USADOS ......................................................................... 105

BIBLIOGRAFIA............................................................................................ 109

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Essa é a pergunta que passa na cabeça de muitas pessoas que nunca tiveram contato com a matéria e pretendem, por exemplo, prestar um concurso público na área ou estão iniciando os estudos de tal disciplina na universidade. Nesta obra, tentaremos, de forma agradável e motivadora, introduzir o estudo daqueles que buscam conhecer o tema, seja por vontade própria ou por “pressão”.

Quem vos escreve é alguém que já se perguntou exatamente isso: E agora? Vou ter que estudar esse tal de Constitucional. Anos se passaram e percebi que minha vida poderia ter sido bem mais fácil se alguém tivesse me ajudado a “retirar essa barreira”, me mos-trando que aquele monstro não possuía sete cabeças e nem mesmo era um monstro.

Ora, quem nunca teve dúvidas como: “Que negócio é esse de medida provisória?”, “O que é uma emenda constitucional?”, “Por que somos uma república federativa?”, “Qual a diferença entre Congresso e Senado?”, “Quais os meus direitos como cidadão?” e, afi nal, “o que é ser cidadão?”

Esperamos que em pouco tempo essas sejam dúvidas completa-mente ultrapassadas e vocês possam, sozinhos, sem medo e confi an-tes, aprofundar o estudo desta disciplina e desenvolverem-se, assim, principalmente como cidadãos.

Capítulo 1VOU TER QUE ESTUDAR

CONSTITUCIONAL! E AGORA?

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Desde que o homem decidiu viver em sociedade, não se poderia imaginar cada pessoa fazendo o que bem entendesse. Deveria haver regras de bom comportamento, para que não houvesse invasão por parte de uma pessoa no “espaço” de outra. Assim, pode-se dizer que o Direito existe porque surgiu a necessidade de que fi cassem regulamentadas as relações da sociedade. Era necessário impor li-mites e conceder liberdades, e que isso tudo fosse bem claro e de conhecimento de todos.

• Mas, afi nal, o que é o direito?

Pelo que vimos acima, podemos entender o “Direito”, em um conceito básico, como o conjunto das normas que regulam as rela-ções de uma sociedade. Esse é o conceito de Direito Objetivo, pois é um “objeto” de estudo.

Ao longo de nosso estudo, veremos que o termo direito também pode ser entendido de outra forma, por exemplo, na expressão: “eu tenho o direito de fazer isso!”. Ter direito de fazer algo quer dizer que você é o sujeito que exercerá uma ação. Assim, estamos falando do direito “subjetivo” (sempre que você se deparar com o termo subjetivo, lembre-se de que subjetivo = pertencente a um sujeito).

• Já sei o que é direito objetivo e subjetivo, mas o que o Estado tem a ver com isso?

Com o surgimento do direito, surge também a necessidade da garantia de que essas imposições não seriam descumpridas. Então, da vontade do povo em sociedade – para garantir os interesses do próprio povo –, nasce o Estado, o qual tem, entre os seus elementos constitutivos, o Governo.

Capítulo 2DIREITO E O ESTADO

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz1212

Não confunda esse Estado que citamos com o Estado do Rio de Janeiro ou o Estado de São Paulo etc. Para fi ns de nosso estudo, na maioria das vezes em que estivermos falando em Estado, estaremos nos referindo ao conceito de entidade organizada que surge das relações entre o povo e seus governantes dentro de um território, sempre com o objetivo de alcançar o bem comum. Teremos então o Estado Brasileiro, o Estado Francês e etc.

Todo Estado possui então necessariamente 3 elementos:

1 – Povo: É constituído somente por aquelas pessoas efetiva-mente ligadas ao Estado, os nacionais daquele lugar. Não se confunde com “população”, que é qualquer um que esteja no território.

2 – Território: É o limite para o exercício do poder de um Estado.

3 – Governo soberano: O governo é justamente a entidade criada pelo próprio povo, para que, no interesse da sociedade, promova as regulamentações das relações e faça cumprir o que foi regulamentado. O governo é soberano, pois dentro do território ele é o poder máximo, o poder que representa os interesses do seu povo, e não estará submetido à vontade de nenhum interesse que não seja originário da vontade de seus nacionais.

Todo Estado é criado com uma fi nalidade: alcançar o bem co-mum.

Na história, nem sempre o governo foi formado por representantes do povo. Tivemos épocas em que o poder era exercido pelo “mais forte” ou por um líder revestido sob uma forma “divina” (monar-quias teocráticas), mas, atualmente, principalmente após a Revolu-ção Francesa e a Independência dos Estados Unidos (fi nal do séc. XVIII), o cidadão se fortaleceu e um Estado, para ser considerado efetivamente como tal, deve possuir uma Constituição que garanta ao menos as liberdades individuais para seu povo e expresse como estará organizado o exercício do Poder.

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Atualmente, não há consenso entre os estudiosos sobre o que efetivamente seria uma Constituição, pois ela poderá tomar diversos sentidos, caso tomemos diferentes prismas de observação, mas o fato é que: A Constituição é a norma máxima de um Estado, que deve ser observada por todos os seus integrantes e também servirá de base para todas as demais espécies de normas, além de ser um instrumento de organização da sociedade e do Poder Político, capaz de regular as relações entre governantes e governados, e destes entre si.

O termo “lei” é empregado de diversas formas no Direito. Em um sentido amplo, a lei pode ser empregada como sendo qualquer norma, ou seja, qualquer direcionamento que serve para regulamentar algo. Em sentido estrito, mais específi co, lei será somente aquela norma que teve participação do Poder Legislativo na sua criação (veremos isso mais detalhadamente à frente).

A Constituição até pode ser considerada uma lei (em sentido amplo), aliás, é a lei maior, a norma suprema em um Estado. Mas acontece que nem sempre a Constituição pode, e nem deveria, entrar em detalhes sobre algum assunto, apenas se limita a fazer menção ao tema e deixar que os detalhamentos sejam feitos pelas leis (em sentido estrito), que alguns chamam de “leis menores” (em oposição ao termo “lei maior”, sinônimo de Constituição).

Assim, a lei propriamente dita, aquela lei em sentido estrito, é elaborada para dispor sobre assuntos de forma mais “palpável”, para não fi car apenas na previsão abstrata da Constituição. Essa lei é que irá efetivamente fazer valer os direitos e trazer as obrigações ao povo dentro da sociedade.

A Constituição Federal estabeleceu no seu art. 5.º, II, que nin-guém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão

Capítulo 3QUAL A DIFERENÇA ENTRE

LEI E CONSTITUIÇÃO?

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz1414 Cap. 3 – QUAL A DIFERENÇA ENTRE LEI E CONSTITUIÇÃO? 15

Devido ao fato de a Constituição ser a origem das demais nor-mas, o estudo do Direito Constitucional acaba se tornando a melhor ferramenta para se ter uma base sólida no estudo do Direito. Não se consegue ser um especialista em algum ramo desta disciplina sem que se saiba, ao menos de forma razoável, o Direito Constitucional.

Outro ponto que extraímos da pirâmide de Kelsen é que a Constituição é hierarquicamente superior às leis, e estas são hierar-quicamente superiores às normas infralegais. Assim, é importante que digamos que as leis só podem ser elaboradas observando-se os limites da Constituição, e as normas infralegais só poderão ser elaboradas constatando-se os limites da lei a qual regulamentam e, assim, indi-retamente também deverão estar nos limites da Constituição.

Dessa forma, pode ser que ocorra o que chamamos de incompa-tibilidade, ou seja, caso uma norma contrarie de alguma forma o que dispõe outra, hierarquicamente superior a ela, a norma será incom-patível. Essa incompatibilidade será chamada de ilegalidade quando uma norma infralegal contrariar uma lei, ou inconstitucionalidade, quando uma norma infraconstitucional contrariar a Constituição.

Observação: Não existem hierarquias dentro de cada patamar, ou seja, não existe qualquer hierarquia entre quaisquer das normas constitucionais nem qualquer hierarquia de uma lei perante outra lei, ainda que de outra espécie.

Sempre que for verifi cada a incompatibilidade de normas, a norma ilegal ou inconstitucional deverá ser declarada nula, sendo retirada do ordenamento jurídico.

Normas infralegais apenas excepcionalmente cometem inconstitu-cionalidade, já que, na maioria das vezes, antes de ferir o disposto na Constituição, já feriram o que está disposto em uma lei, sendo então declarada nula por ilegalidade. Diz-se, então, que, embora a norma infralegal vá contra a Constituição, ela comete uma inconstituciona-lidade apenas de forma indireta (também chamada de refl exa), pois, antes de atingir diretamente os preceitos constitucionais, já atingiu a lei a qual regulamenta.

em virtude de lei. Este é o chamado princípio da legalidade ou liberdade.

Essas leis são chamadas comumente também de normas “infra-constitucionais”, pois se posicionam em uma hierarquia logo abaixo da Constituição.

Existem outras normas que poderão ser criadas para regulamentar ainda mais a matéria. Estas são principalmente elaboradas pelo Poder Executivo, chamadas normas “infralegais”. Elas são infralegais porque se posicionam hierarquicamente abaixo das leis propriamente ditas. Exemplos destas normas são as portarias, regulamentos etc.

Exemplo hipotético:

Dizeres da uma Constituição do País A

Dizeres de uma lei infraconstitucional

Dizeres de uma norma infralegal

É assegurado o direito à aposentadoria.

A aposentadoria poderá ser requerida por aqueles que trabalharam por 35 anos, recolhendo a efetiva contribuição.

O recolhimento da contri-buição deverá ser feito até o dia 10 de cada mês, através de guia especial, usando-se os índices percentuais que encontram-se no ANEXO II a este regulamento.

Um jurista austríaco chamado Hans Kelsen elaborou a seguinte pirâmide hierárquica:

Cons%tuição

Leis infracons%tucionais

Normas infralegais

Esta pirâmide revela várias nuances. A primeira delas é que a Constituição é mais “enxuta” tem poucos detalhes e é dela que irra-diam todas as outras normas, que vão cada vez mais encorpando o chamado “ordenamento jurídico” (conjunto das normas em vigor).

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Capítulo 4O DIREITO CONSTITUCIONAL

Como já vimos, o Direito, grosso modo, seria o conjunto de todas as normas (inclusive os princípios não expressos em nenhum documento escrito) que regulamentam a vida em sociedade. O Direito Constitucional é defi nido como o ramo de direito público que estuda os conceitos relacionados à ordem constitucional, ou seja, analisa a lei máxima de um país e o que estiver atrelado a ela. É um direito amplo, pois acaba albergando as noções gerais de diversos outros direitos.

Falamos em “ramo do direito público”, mas o que seria isso?

O direito é visto como um “corpo único” indivisível, pois não há “competição” entre as normas, já que se completam para, em conjunto, regulamentar as relações. Porém, existem divisões didáticas para facilitar o estudo do direito e a principal é a que divide-o em 2 ramos: o direito público e o direito privado.

Direito PrivadoRegulamenta as relações entre particulares (pessoas): Direito Civil, Direito Comercial e Direito Internacional Privado.

Direito PúblicoRegulamenta a política do Estado e as relações entre os seus órgãos, ou entre estes e os particulares.

Assim, podemos dizer que o direito privado engloba os ramos da disciplina onde não há superioridade de nenhuma das partes da relação. Desta forma, quando o Código Civil estabelece algo como, por exemplo, as regras de um contrato, as pessoas poderão buscar este algo, fi rmar este contrato, em pé de igualdade, sem haver o pressuposto de superioridade de uma em relação à outra.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz1818 Cap. 4 – O DIREITO CONSTITUCIONAL 19

No direito público isso não acontece. Teremos como uma das partes o Estado, o qual defenderá o interesse público e, dessa forma, poderá se sobrepor aos particulares, já que o interesse ge-ral é, em regra, mais importante para a sociedade do que para o individual.

É importante salientar que nem sempre estaremos falando em direito público quando o Estado estiver como parte da relação, pois, algumas vezes, o Estado também será regido por direito privado, por exemplo, quando está comprando ou vendendo al-gum bem ou mercadoria, ou quando está prestando serviços não exclusivos de Estado, como transporte público, ou alugando um edifício público.

Voltando ao Direito Constitucional, podemos dizer que, para fi ns de estudo, ele se divide em basicamente 3 espécies:

• Direito Constitucional Comparado – Tem como objeto de estudo a comparação entre ordenamento constitucional de vários países (critério espacial), ou de um mesmo país em diferentes épocas de sua história (critério temporal), com o objetivo de aprimorar o ordenamento atual.

• Direito Constitucional Geral (ou comum) – É o estudo dos conceitos e princípios constitucionais de forma geral, ou seja, sem se preocupar com um ordenamento constitucional específi co. É um estudo teórico.

• Direito Constitucional Positivo (ou especial) – É o di-reito constitucional propriamente dito, que vai estudar um ordenamento específi co que esteja vigorando em um país. Diz-se “positivo” pois está em vigor, capaz de impor a sua força.

Como já foi dito, o Direito Constitucional, por estudar a Cons-tituição, acaba por adentrar, ao menos superfi cialmente, no campo dos diversos direitos. Não há um consenso sobre a nomenclatura e a abrangência exata de cada ramo, mas podemos destacar os principais deles e quais seriam os seus objetos, em uma visão geral:

DireitoAdministrativo

É o ramo do direito público que cuidará dos elementos ine-rentes à administração pública, ou seja, os órgãos públicos, agentes públicos etc. A Constituição Federal traz nos seus arts. 37 a 41 as principais normas e princípios a serem observados.

Direito AmbientalÉ o ramo que estabelece as condutas que devem ser adotadas para a interação do homem com o meio am-biente.

Direito Civil

É o ramo que cuida das relações entre particulares. Regula-menta, entre outras diversas coisas, como serão os contratos particulares, o direito de propriedade, direito à herança, casamento, divórcio etc. O atual Código Civil foi instituído em 2002 (Lei 10.406); o anterior era o de 1916.

Direito Comercial

É o ramo amplo que abrange Direito Empresarial, o Direito Falimentar e as relações comerciais como contratos e tí-tulos de crédito. O Direito Comercial regula a defi nição de empresa, seus tipos, como se fará o registro; passa pelas relações entre as empresas, os contratos, os títulos de crédito (cheque, duplicata, promissória...) e vai até a sua falência. O Código Comercial foi quase em sua totalidade revogado pelo Código Civil de 2002. Atualmente, o Código Comercial regula apenas o Direito Marítimo e o restante é regulado pelo Código Civil e por leis diversas, espalhadas, como a Lei de Falências (Lei 11.101/05).

Direito do Consumidor

Ramo de grande relevância e divulgação na atualidade. Basicamente, tem como objeto o Código de Defesa do Consumidor (CDC – Lei 8.078/90). Cuida das relações onde estão presentes um fornecedor e um consumidor fi nal (já que aquele que compra para revender e não para consumir não será regulado pelo CDC e sim pelo Direito Comercial).

Direito Eleitoral

É o ramo que estabelece normas para regular o sistema eleitoral. No Brasil, as principais normas eleitorais são o Código Eleitoral (Lei 4.737/65) e a Lei Geral das Eleições (Lei 9.504/97).

DireitoInternacional

Privado

É o ramo que, grosso modo, cuida da aplicação interna (em casos extraordinários) do Direito que é vigente em um outro país. Por exemplo, ao julgar um estrangeiro no Brasil, o fato de ela ter ou não capacidade civil (“ser maior ou menor de idade”) é analisado de acordo com a legislação de seu país de domicílio. A principal lei que versa sobre direito interna-cional privado é a Lei de Introdução ao Código Civil – LICC (Dec-lei 4.457/42).

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz2020 Cap. 4 – O DIREITO CONSTITUCIONAL 21

DireitoInternacional

Público

É o ramo que cuida das relações existentes entre os di-versos Estados do mundo, organizações internacionais ou intergovernamentais, ou demais entidades que possuam per-sonalidade de direito público internacional. A regulamentação dessas relações ocorre por meio de tratados ou convenções internacionais (multilaterais ou bilaterais).

Direito Financeiro

É o ramo que cuida basicamente de como o Estado vai auferir recursos e como ele gastará estes recursos. Dessa forma, o Direito Financeiro estabelece normas que devem ser seguidas por ocasião das arrecadações de receitas e para um gasto responsável do dinheiro público.

Direito Penal

É o ramo que cuida do direito e do dever que o Estado possui de punir pessoas que cometam atos ilícitos, ou seja, atos que contrariem as normas do bom convívio em sociedade. As condutas somente serão consideradas ilícitas, proibidas, se estiverem expressamente dispostas em lei (chama-se, então, conduta típica, pois está tipifi cada na lei). A principal lei penal no Brasil é o Código Penal de 1940. Este código não exclui a previsão de condutas penais em outras leis.

DireitoPrevidenciário

Ramo que cuida de diversos direitos sociais. A previdência social (ou seguro social) é o amparo que será dado pelo Estado àquele trabalhador que recolhe contribuições do seu salário para o sistema de previdência. Assim, estão no âmbito da previdência social diversos benefícios, como aposentadoria, pensão por morte, auxílio-acidente, auxílio--doença etc. Não se deve confundir previdência social com assistência social. Esta é prestada pelo Estado àquelas pessoas de baixa renda. Independentemente de contribuírem, a previdência é assegurada somente àqueles que recolham contribuições. Também não se deve confundir previdência (ou seguro) social com o termo seguridade social, já que seguridade é o termo amplo que abrange as ações da previdência social, assistência social e saúde.

DireitosProcessuais

(Civil, Penal, do Trabalho...)

Os direitos processuais podem ser de várias áreas, mas têm em comum o fato de regulamentar os procedimentos, os ritos que devem ser seguidos dentro de cada ramo dito “material”. Assim, o Direito Processual Civil irá estabelecer os procedi-mentos para se alcançar o que é assegurado no Direito Civil, da mesma forma o Direito Processual Penal com o Direito Penal, o Processual do Trabalho com o Direito do Trabalho e o Processual Tributário com o Direito Tributário.

Direito do Trabalho

É o ramo que estabelece um conjunto de normas que regulam as atividades entre os empregadores e os empregados. No Brasil, estas normas estão basicamente dispostas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que não exclui a possibilidade da presença de outras leis, como a Lei do Estágio etc.

Direito Tributário

Ramo do direito público que cuida das arrecadações tributá-rias. Alguns o consideram como parte do Direito Financeiro, outros como ramo autônomo do Direito. Para ser tributo, e então estar no campo estrito do Direito Tributário, deve-se falar em uma arrecadação compulsória, em que o cidadão não pode escolher se pagará ou não, por isso, deve também vir instituída em lei; deve ser uma cobrança em valor mo-netário ou, ao menos, passível de ser expressa em moeda; tal cobrança não pode se confundir com punições, multas etc. Tributo não é punição, mas uma contribuição do povo para o fi nanciamento do Estado, para que este defenda os interesses da coletividade. A principal lei tributária é o Código Tributário Nacional (CTN – Lei 5.172/66).

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Capítulo 5EM QUE SE BASEIA O ESTUDO

DO DIREITO CONSTITUCIONAL?

Para estudar Direito Constitucional, teremos que nos basear, principalmente, em três pilares:

1 – A Constituição Federal: No Brasil, tivermos 8 Constituições (na verdade, foram 7, pois a de 1969 não foi “exatamente” uma Constituição, mas uma emenda à Constituição de 1967, que mudou tanta coisa que a consideram uma Constituição separada – mas deixemos isso para depois). A atual Cons-tituição do Brasil foi elaborada em 1988. Tivemos anterior-mente as de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969. A literalidade das normas escritas na Constituição será a principal fonte de estudo.

2 – A doutrina: Consiste em um estudo teórico. São os pen-samentos dos juristas e estudiosos que, por meio de seus livros, artigos e palestras, expõem seus pensamentos e teses que muitas vezes direcionam os julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário e auxiliam inclusive na elaboração de leis e outras normas.

3 – A jurisprudência: Grosso modo, é o entendimento que os tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal (no caso do Direito Constitucional), fi xam sobre determinados assuntos. Assim, quando o tribunal decide uma causa ba-seada na Constituição, ele interpreta as normas desta e, com isto, direciona o modo de aplicação desta norma no futuro, notadamente quando a interpretação permanece uniforme ao longo do tempo, por meio de reiteradas decisões no mesmo sentido. Geralmente, quando um tribunal quer manifestar que “pensa” de tal modo, após reiteradas decisões, divulga

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz2424

a chamada “súmula de jurisprudência”, que nada mais é do que um verbete publicado ofi cialmente expondo seu entendimento.

Esses três pontos citados, como dito, são os principais objetos do nosso estudo, mas não os únicos. Eles irão se juntar a outros, tais como os usos e costumes, as diversas leis ordinárias e complemen-tares (que veremos à frente) e até mesmo outras normas, como os regimentos dos tribunais e das Casas Legislativas (Senado Federal, Câmara dos Deputados) e atos do Poder Executivo (regulamentos, decretos...), para formarem as fontes do Direito Constitucional, ou seja, o lugar de onde nasce o Direito Constitucional, de onde provém tal direito. Isto tudo que foi citado será usado para de alguma forma dar efi cácia às disposições que o texto constitucional nos trouxe.

Percebe-se, então, que o Direito Constitucional é uma matriz, um direito amplo que irá alcançar tudo aquilo que de certa forma veicula ou permite a aplicação da norma-mãe de um Estado: sua Constituição.

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Capítulo 6PRINCIPAIS TÓPICOS DO

DIREITO CONSTITUCIONAL

O Direito Constitucional, por ser um direito amplo, não permite que um estudo sistemático, por partes, se torne efi ciente, dada a grande correlação entre os preceitos. Assim, precisamos ter sempre em mente a visão conjunta, principalmente daquilo que é estabelecido pela Constituição Federal. Para que comecemos a formar essa visão conjunta, passaremos rapidamente pelos principais tópicos que serão estudados nesta disciplina e o que se verá em cada um deles.

A) Estudo Teórico:

1 – Teoria Geral do Estado: É o estudo da formação histórica dos Estados, analisando seus elementos, as fases de sua formação, a fi nalidade de sua criação. Já demos uma pincelada sobre isso no início desta obra, quando falamos sobre “Direito, Estado e Consti-tuição”. A chamada “TGE” não está exatamente dentro da disciplina do Direito Constitucional, mas é disciplina auxiliar e ajuda muito no real entendimento dos preceitos da teoria constitucional.

2 – Constitucionalismo: O constitucionalismo também é um estudo teórico. Nele, estuda-se o surgimento da Constituição. Alguns autores já enxergam o constitucionalismo desde a época do povo hebreu, dizendo que “constituição” seria toda forma escolhida para organizar a sociedade. Outros autores (maioria) consideram Consti-tuição somente aquela que se formou em um documento escrito a partir da Revolução Francesa, criada para organizar o Estado e limitar o poder dos governantes em face do povo. Importante é dizer que o constitucionalismo é dinâmico, pois a Constituição, bem como os seus conceitos conexos, não pode ser entendida como “estagnada”, mas em constante evolução. Assim, o constitucionalismo é algo que ocorreu e está ocorrendo em todos os países, já que é a própria “história da Constituição”.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz2626 Cap. 6 – PRINCIPAIS TÓPICOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 27

3 – Classifi cação e sentidos (concepções) das Constituições: Na “Classifi cação das Constituições” serão estudadas as diversas classifi cações que a doutrina, ao longo dos anos, passou a estabelecer para diferenciar uma Constituição de outra. Por exemplo: Consti-tuição escrita x Constituição não escrita; Constituição promulgada (elaborada pela vontade do povo) x Constituição outorgada (imposta pelo governante). As concepções ou sentidos das Constituições são o estudo do que os principais fi lósofos, juristas e doutrinadores di-ziam como reposta à pergunta: “Afi nal, o que é uma Constituição?”. Alguns davam como resposta “tudo aquilo que escreveram em um texto e disseram que é a Constituição”, outros responderiam “não é todo o texto escrito, mas só a parte que organiza o Estado e traça os limites do seu poder”, e ainda outros que chegavam a falar “não é nada do que está escrito, a Constituição são as próprias relações que a sociedade estabelece no seu dia a dia”.

4 – Interpretação (hermenêutica) Constitucional: Interpretaré extrair o verdadeiro signifi cado de algo. Interpretar a Constituição é tentar chegar à exata fi nalidade de cada uma das normas escri-tas no texto constitucional. Nesse estudo teórico da “interpretação constitucional”, também chamado de “hermenêutica constitucional”, estudam-se os diversos princípios que devem ser observados para se interpretar as normas constitucionais, e os diversos métodos que devem ser utilizados para realizar esta interpretação.

5 – Efi cácia e aplicabilidade das normas constitucionais: Toda norma constitucional possui efi cácia jurídica. Isso quer dizer que toda norma da Constituição tem o poder de se impor sobre o ordenamento jurídico (conjunto de todas as normas que regulam as relações de um Estado), devendo obrigatoriamente ser observada, não podendo nenhuma outra norma ir contra os mandamentos ali estabelecidos. Embora todas elas tenham efi cácia jurídica, a doutrina resolveu dis-tinguir as formas pelas quais esta efi cácia se manifesta. A doutrina majoritária segue a classifi cação do professor José Afonso da Silva, mas existem outras classifi cações relevantes, como as da professora Maria Helena Diniz, entre outras. O professor José Afonso separa as normas constitucionais em 3 grupos:

• Normas que possuem efi cácia plena – São as normas que estão “prontas” para serem aplicadas e já possuem tudo aquilo que for necessário para seu emprego diretamente traçado pela

Constituição. Diz-se que estas normas possuem a aplicação imediata, não precisando de nenhum outro “esforço” do Poder Legislativo. Ex.: Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer as sociado (CF, art. 5.º, XX).

• Normas que possuem efi cácia contida – São aquelas normas que, da mesma forma que as plenas, podem ser aplicadas de imediato, também estão “prontas”. Porém, a Constituição deu espaço para que o Poder Legislativo pudesse editar uma lei que viesse restringir o alcance dessa aplicação. Ex.: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, atendida as qualifi cações profi ssionais que a lei estabelecer (CF, art. 5.º, XIII). Ou seja, as pessoas podem exercer de forma plena qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, salvo se vier uma lei estabelecendo certos requisitos que poderão conter essa plena liberdade.

• Normas que possuem a sua efi cácia limitada – Neste grupo se enquadram as normas que não possuem uma regulamen-tação sufi ciente para que possam ser aplicadas de imediato. Assim, diz-se que são normas de aplicabilidade “mediata”, já que somente quando o Poder Legislativo elaborar uma lei para “mediar” os efeitos delas, é que poderão ser aplicadas. Ex.: O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-sumidor (art. 5.º, XXXII). Se a lei não estabelecesse o Código de Defesa do Consumidor, não se poderia aplicar essa norma por si só.

6 – Poder Constituinte: Poder constituinte é o poder de se elaborar ou de se modifi car uma Constituição. No estudo do Poder Constituinte, analisa-se cada uma de suas espécies e os requisitos e limitações para se modifi car a Constituição.

7 – Controle de Constitucionalidade: Já foi dito por diversas vezes que a Constituição é a principal norma da ordem jurídica, devendo se impor sobre todas as demais normas (princípio da supre-macia da Constituição). Para que a Constituição consiga efetivamente se impor, não sendo ignorada, precisamos “controlar a constituciona-lidade” dos demais atos normativos, ou seja, verifi car se as normas estão de acordo com os preceitos estabelecidos na Constituição. Assim, controlar a constitucionalidade, nada mais é do que fazer um controle de “compatibilidade”.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz2828 Cap. 6 – PRINCIPAIS TÓPICOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 29

No Brasil, o controle de constitucionalidade é feito basicamente pelo Poder Judiciário, que pode julgar se uma lei é inconstitucional ou não por meio de 2 formas:

Controle direto ou abstrato – Ocorre quando o Supremo Tribunal Federal julga uma das ações próprias deste controle (Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI; Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC, ou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF). Essas ações são ajuizadas somente por algumas pessoas especialmente relacionadas no art. 103 da Constituição. O nome do controle é direto, pois é levado diretamente ao principal órgão da justiça brasileira – o STF – e é “abstrato” porque se faz uma impugnação da lei: independentemente de qualquer caso concreto (situação ocorrida), olha-se somente para a compatibilidade da lei com a Constituição, sem levar em consideração os efeitos que essa lei gerou na vida da sociedade.

Controle difuso ou concreto – O controle concreto ocorre quando tenta-se, no curso de um processo judicial (caso concreto), argumentar que certa norma está causando efeitos indevidos, e isso porque é contrária ao que foi estabelecido pela Constituição. Assim, a pessoa que acha que a norma é inconstitucional não pede diretamente que o juiz declare a norma como inválida, mas sim que resolva o seu problema concreto. A declaração de inconstitucionalidade da norma é apenas um meio para resolver a controvérsia. Dizemos que este controle é difuso (aberto), pois ele não possui um órgão específi co para seu controle, e nem mesmo possui uma ação própria para que o judiciário tome conhecimento da causa.

Alertamos que não é só o Judiciário que faz controle de consti-tucionalidade, embora seja o principal. Durante o estudo de tal tema, você verá que existe a possibilidade de órgãos do Poder Executivo e do Poder Legislativo também realizarem o controle da constitu-cionalidade dos atos normativos.

B) Estudo da Constituição Federal:

Como vimos, a atual Constituição do Brasil é a que foi elaborada em 1988 (por isso chamaremos de CF/88). Alguns autores não gos-tam de chamar a Constituição de “Constituição Federal”, pois o seu nome verdadeiro é “Constituição da República Federativa do Brasil”. Chamar a nossa Lei Maior de “Federal” pode induzir, erroneamente,

a se imaginar que ela só se aplica ao Poder Público Federal (ou seja, no âmbito da União). Na verdade, ela é uma lei que se aplica a toda a República, não só à União, como todos os Estados, todos os Municípios, e o Distrito Federal devem observar e fazer cumprir tudo que ali está escrito. Assim, não se trata de uma norma apenas “federal”, mas uma norma “nacional”.

Em que pese estas discussões e considerações doutrinárias, continuaremos a adotar nesta obra o nome “Constituição Federal” e a sigla “CF/88”, apenas por pragmatismo, não querendo, de forma alguma, ignorar o caráter nacional da Constituição.

A CF/88, então, é a nossa oitava Constituição. Tivemos ante-riormente as de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969. A CF/1969, na verdade, não foi exatamente uma Constituição, foi uma emenda constitucional (EC 1/1969) feita à Constituição de 1967, que alterou tanta coisa, que passou a ser considerada uma Constituição autônoma.

A CF/1988 é uma constituição promulgada (elaborada por re-presentantes do povo, no interesse do povo), foi elaborada por uma assembleia constituinte, assim como as de 1891, 1934 e 1946. Já as demais foram outorgadas (impostas) em virtude do Império (1824), Estado Novo (1937) e Ditadura Militar (1967 e 1969).

A CF/1988 possui 2 partes:

1 – Parte Permanente: Formada pelo Preâmbulo + 250 artigos, divididos em 9 títulos:Título I: Princípios FundamentaisTítulo II: Dos Direitos e Garantias FundamentaisTítulo III: Da Organização do EstadoTítulo IV: Da Organização dos PoderesTítulo V: Da Defesa do Estado e das Instituições Demo-cráticasTítulo V: Da Tributação e do OrçamentoTítulo VII: Da Ordem Econômica e FinanceiraTítulo VIII: Da Ordem SocialTítulo IX: Das Disposições Constitucionais Gerais

2 – Parte Transitória: Formado por artigos que estabelecem regras temporárias, os chamados “Atos das Disposições

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz3030 Cap. 6 – PRINCIPAIS TÓPICOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 31

Constitucionais Transitórias” comumente conhecidos como ADCT.

Vejamos o que dispõe, em linhas gerais, cada um dos elementos acima:

1 – Preâmbulo: O preâmbulo não é uma norma, é uma citação. Trata-se da porta de entrada da Constituição, a síntese do pensamento e intenções dos constituintes ao se dar início a um novo ordenamento jurídico. Preâmbulo da Constituição de 1988:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífi ca das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

2 – Princípios Fundamentais: Estes princípios estão dispostos nos arts. 1.º a 4.º da Constituição. O nome escolhido (“Princípios” + “Fundamentais”) é de grande importância. São princípios, pois são diretrizes a serem observadas, pontos de partida. São fundamentais por formarem a base, o alicerce da Constituição. Os Princípios Fun-damentais defi nem a ordem política de nosso Estado (tudo o que for chamado de “político” recebe este nome porque está “direcionando”, “organizando”), ou seja, são eles que defi nem a estrutura do Estado. Ao longo da Constituição, diversas normas decorrerão dos princípios fundamentais.

3 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Os direitos são diferentes das garantias. Diz-se que direito é uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer algo, uma liberdade positiva. As ga-rantias não se referem às ações, mas sim às proteções que as pessoas possuem frente ao Estado ou mesmo frente às demais pessoas. Diz-se que as garantias são proteções para que se possa exercer um direito. Ex.: Art. 5.º, XXII – “é garantido o direito de propriedade”; Art. 5.º, IX – “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

Os direitos e as garantias que são fundamentais (básicos) estão dispostos nos arts. 5.º a 17 da Constituição, divididos em cinco espécies:

a) direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5.º;b) direitos sociais – arts. 6.º a 11;c) direitos de nacionalidade – arts. 12 e 13;d) direitos políticos – arts. 14 a 16; e e) direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos

políticos – art. 17.

4 – Da Organização do Estado: Este título vai explorar os seguintes temas:

a) Organização Político-Administrativa – arts. 18 e 19 – dispõe sobre a organização do território nacional e a repartição ter-ritorial do Poder. O Poder fi ca então desmembrado e exercido por 4 entidades autônomas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). A organização político-administrativa versa ainda sobre como os territórios de Estados e Municípios podem ser reorganizados e quais as proibições que essas entidades devem observar.

b) Disposições acerca das competências e peculiaridades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios Federais – arts. 20 a 33.

c) Intervenção – arts. 34 a 36 – casos onde a União poderá intervir nos Estados, ou os Estados poderão intervir nos Municípios.

d) Administração Pública – arts. 37 a 42 – regulamentam como será exercida a atividade administrativa do Poder Público, os servidores públicos e os militares estaduais.

e) Disposições referentes às Regiões – art. 43 – tratando sobre a possibilidade de a União, para efeitos administrativos, dire-cionar as suas ações de forma articulada em uma certa região, visando a seu desenvolvimen to e à redução das desigualdades regionais.

5 – Da Organização dos Poderes: As funções do Estado são exercidas por 3 Poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A Constituição irá então defi nir suas atribuições da seguinte forma:

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz3232 Cap. 6 – PRINCIPAIS TÓPICOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL 33

a) Arts. 44 a 75 – disposições sobre o Poder Legislativo, sendo que nos arts. 70 a 75 encontraremos disposições sobre a fi s-calização contábil, fi nanceira, orçamentária, ou seja, uma ati-vidade do Poder Legislativo, em que fi scaliza o cumprimento, por parte do Executivo, do Judiciário e do próprio Legislativo, dos mandamentos constitucionais no que tange à gestão das verbas públicas;

b) Arts. 76 a 91 – Disposições acerca do Poder Executivo;

c) Arts. 92 a 126 – Disposições sobre o Poder Judiciário;

d) Arts. 127 a 135 – Versa sobre as “Funções Essenciais à Justiça” – são dispositivos que regulamentam a atividade do Ministério Público, da Advocacia, e das Defensorias Públicas e Advocacia Pública.

6 – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: Sãodisposições encontradas nos arts. 136 a 144, que versam sobre:

a) Decretação de Estado de Defesa e Estado de Sítio;b) Forças Armadas;c) Segurança Pública.

7 – Da Tributação e do Orçamento: Do art. 145 ao art. 169, a Constituição irá versar sobre o Sistema Tributário Nacional (arts. 145 a 163) e sobre as normas que se referem à elaboração das leis orçamentárias (arts. 164 a 169).

8 – Da Ordem Econômica e Financeira: Neste título, que engloba os arts. 170 a 192, a Constituição dispõe sobre alguns princípios gerais que devem ser observados quando do exercício da atividade econômica, mostrando o papel do Estado como regu-lador da atividade econômica. Também se estudam neste título as normas referentes às políticas de ordenamento das zonas urbana e rural. Por fi m, traça algumas poucas disposições sobre o Sistema Financeiro.

9 – Da Ordem Social: Nos arts. 193 a 232, a Constituição fala sobre Saúde, Assistência Social, Previdência Social, educação, ciência e tecnologia, desporto, cultura, comunicação, meio ambiente, família e índios.

10 – Das Disposições Constitucionais Gerais: Como o nome sugere, traz diversas medidas genéricas, que não se enquadraram em nenhum dos títulos anteriores.

11 – ADCT: Formado por artigos que estabelecem regras tem-porárias, os chamados “Atos das Disposições Constitucionais Transi-tórias”. Geralmente fi xando datas para se faça um ato ou prazo par a vigorarem certas medidas.

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Capítulo 7COMO SURGE UMA

CONSTITUIÇÃO? – PODER CONSTITUINTE

Aqui se faz necessário fazer uma observação básica para auxiliar o estudo: sempre tente relacionar os termos e expressões ao seu sig-nifi cado; isso tornará mais simples a compreensão do direito como um todo e facilitará o enraizamento dos conceitos.

Poder Constituinte é o poder de constituir, ou seja, capaz de elaborar uma Constituição (ou norma equivalente). O poder cons-tituinte básico é chamado de originário, pois é o que dá origem à Constituição, a qual poderá sofrer modifi cações com o passar dos anos. Somente o poder constituinte é capaz de modifi cá-la, mas, agora, não se diz “poder constituinte originário” e sim “poder constituinte derivado”, já que não se trata de um poder capaz de originar uma Constituição, mas que deriva do originário, e assim a modifi ca.

É muito mais difícil elaborar uma Constituição do que uma lei, pois a constituição se sobrepõe a todo o ordenamento jurídico, é a lei suprema, difícil de ser criada e difícil de ser modifi cada.

Existem basicamente duas formas de se criar uma Constituição: a primeira é pela imposição feita por um governante a um povo – a chamada Constituição outorgada ou imposta. A segunda é fazer com que o próprio povo escolha representantes para que, em nome da coletividade, elabore um texto constitucional que expresse a vontade da nação – é o que se chama de Constituição promulgada. Estes representantes formam a denominada assembleia constituinte.

Alguns doutrinadores defendem que não poderíamos sequer cha-mar de “Constituição” esta norma que é imposta por um governan-te; chamam então de mera “carta” outorgada. Isso porque o termo “Constituição”, segundo os conceitos sedimentados após a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos, pressupõe obrigato-riamente a limitação do poder que os governantes exercem em face

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz3636 Cap. 7 – COMO SURGE UMA CONSTITUIÇÃO? – PODER CONSTITUINTE 37

do seu povo. A Constituição deve respeitar os direitos individuais. A carta imposta muitas vezes não respeita esses direitos.

O poder de se criar uma Constituição propriamente dita está somente nas mãos do povo e não poderá nenhuma outra pessoa usurpá-lo. Quando o povo escolhe representantes para que, em as-sembleia, façam uma Constituição, ele está apenas permitindo que pessoas usem o seu poder político para elaborar o texto segundo a vontade da coletividade.

Este poder capaz de elaborar uma Constituição é chamado de poder constituinte originário, pois é a “origem” de todo o ordena-mento jurídico. É um poder político. Tudo o que for chamado de político deve ser entendido como “aquilo que organiza”.

Pode-se também modifi car a Constituição futuramente. Isso se faz por meio das chamadas “emendas à Constituição”. Porém, não falaremos mais em um poder constituinte originário, mas sim em um poder constituinte derivado, pois é um poder que derivou do origi-nário; não é inicial e sim posterior, pois vem modifi car algo que o originário fez. O poder derivado não é mais um poder político, ele é um poder jurídico, pois ele não instituiu, mas sim foi instituído.

O poder constituinte derivado, pode ser basicamente de 3 ti-pos:

• Reformador: É o poder de se elaborar “emendas à Constituição” (Emendas Constitucionais). Emendar o texto da Constituição deve ser entendido como qualquer alteração, acréscimo, subtração ou exclusão de dispositivo constitucional. O Poder Constituinte Derivado Reformador deriva diretamente do originário que estabeleceu, no art. 60 da Constituição, essa previsão.

• Revisor: Foi usado para fazer a “Revisão Constitucional”. A Revisão Constitucional foi um procedimento previsto pela Constituição, em seu art. 3.º (ADCT), que tinha o objetivo de restabelecer rapidamente uma possível “instabilidade” gerada pelo advento da nova Constituição. A revisão foi prevista para acontecer 5 anos após a promulgação da Constituição e também criaria “emendas constitucionais”, mas estas emendas, chamadas de “emendas constitucionais de revisão”, seriam elaboradas de forma bem mais simples do que aquelas criadas pelo poder reformador, até porque o objetivo era, rapidamente, restabe-lecer a ordem. O medo da instabilidade não se consumou,

e ainda assim a revisão foi feita e gerou seis emendas de revisão. Não se admite mais que seja feita uma nova revisão constitucional.

• Decorrente: Este poder é aquele que os Estados-membros de nossa federação (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás...) possuem para elaborar as “Constituições Estaduais”, que serão as normas mais importantes de seu ordenamento jurídico (depois, é claro, da Constituição Federal, que é a norma mais importante do Estado Brasileiro, devendo ser respeitada por qualquer outra no território nacional). O poder decorrente também é derivado, pois o poder constituinte originário, ao criar a Constituição Federal, admitiu que os Estados-membros criassem as suas constituições (art. 25 e ADCT, art. 11).

Não existe qualquer limitação para o uso do Poder Constituinte Originário e nem existe uma forma específi ca para ele ser exercido, por isso é chamado de poder inicial, ilimitado, irrestrito e incondi-cionado.

Observação: Alguns doutrinadores entendem que existe um di-reito, chamado direito natural, que é de caráter supranacional e supraconstitucional, ou seja, direitos humanos que estariam acima da vontade do legislador originário, limitando assim a sua atuação. A doutrina majoritária (dominante) do Brasil e a jurisprudência não reconhecem, porém, tal limitação.

Já o poder constituinte derivado, como vimos, não é mais inicial e sim instituído, derivado, e também limitado, pois deve respeitar as restrições que o próprio poder originário fi xou. Ele é condicionado também a um processo específi co para seu exercício.

A título de esclarecimento, o art. 60 da Constituição estabeleceu todo o processo para o exercício do poder constituinte derivado reformador, e assim dispôs em seu § 4.º sobre as chamadas cláusu-las pétreas. Cláusulas pétreas é uma expressão que faz menção ao “Código de Hamurabi”, a qual signifi ca imutável, já que, uma vez talhada em pedra, a lei não poderia ser modifi cada.

Art. 60, § 4.º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz3838

I – a forma federativa de Estado;II – o voto direto, secreto, universal e periódico;III – a separação dos Poderes;IV – os direitos e garantias individuais.

Segundo os tribunais brasileiros, as cláusulas pétreas não são sinônimo de imutabilidade na concepção original da palavra, mas devem ser entendidas como: não será objeto de deliberação proposta de emenda constitucional tendente a abolir ou sequer reduzir a efi cá-cia de tais institutos. Desta forma, pode haver modifi cação do texto, mas a emenda que versar sobre tais temas só poderá fortalecê-los, nunca enfraquecê-los.

É importante dizer que, ao usar o poder constituinte originário, dando origem a uma nova constituição, todas as normas constitucionais anteriores perdem sua efi cácia, são revogadas. Porém, aproveitam-se as normas infraconstitucionais que forem compatíveis materialmente com o novo texto constitucional. Esse fenômeno é chamado de “re-cepção”. Diz-se materialmente, pois essa compatibilidade é verifi cada pelo conteúdo independentemente de como foi o procedimento de feitura da lei.

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Capítulo 8OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

DA REPÚBLICA FEDERATIVA

DO BRASIL

É essencial que o estudante que pretenda adentrar no estudo do Direito Constitucional tenha sempre uma Constituição atualizada ao seu alcance para uma pronta consulta. De posse da Constituição, deve-se criar o hábito de ler a norma constantemente.

Os primeiros artigos (1.º ao 4.º) de nossa atual Constituição tra-zem os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil. Assim dispõe o art. 1.º:

Art. 1.º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indisso lúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito (...).

Como vimos, os princípios fundamentais são matrizes, normas que sintetizam vários conceitos, e o art. 1.º já mostra diversas in-formações importantes. Ele nos mostra o nome de nosso Estado: República Federativa do Brasil.

• Porque somos uma república?

Pois, no Brasil, o povo é o detentor do poder (república = res publica = coisa pública, coisa de todos). Desta forma, seria diferente se o Brasil fosse uma monarquia (monarquia = mono + arquia = poder de um só).

Diz-se que a república é a escolha que fez o Brasil para a sua forma de governo, ou seja, de que modo o país será governado.

Quais as decorrências dessa escolha?

Ao escolher a forma republicana de governo, implicitamente, a Constituição determina que:

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz4040 Cap. 8 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 41

1 – Os governantes serão escolhidos por meio de eleição, pois o povo, que é o detentor real do poder, é que deve defi nir quem serão os seus representantes.

2 – Os governantes terão mandatos temporários, havendo eleições periódicas, para que haja um revezamento dos exercentes do poder.

3 – Deverá haver uma transparência da gestão pública, com regular prestação de contas e uma consequente responsabilização dos governantes que fi zerem mau uso das verbas públicas.

Nos países monárquicos, o governante possui vitaliciedade (fi cará por toda a vida no poder) e a mudança de governante se faz por hereditariedade (passa de “pai para fi lho”).

Mas o Brasil não é apenas uma república, é uma república “fe-derativa”, ou seja, além de sermos uma república, também somos uma federação.

• Por que somos uma federação?

Pois, ao escolher a sua “forma de Estado”, o Brasil resolveu fracionar o seu território em diversos entes dotados de autonomia. Assim, o Brasil possuiu Estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Acre...), Municípios e um Distrito Federal, com plena autonomia para elaborarem as suas próprias leis, escolherem seus próprios go-vernantes e administrarem seus recursos de forma independente uns dos outros. Essa é tríplice autonomia dos entes (auto-organização, autogoverno e autoadministração).

Para harmonizar possíveis impasses entre um ente e outro, resolver confl itos federativos, e para estabelecer políticas de âmbito nacional (normas gerais) ou até mesmo internacional, o Brasil possui ainda um “poder central”. Este poder central recebe o nome de “União”. A União também é autônoma, tal como os Estados, Municípios e o Distrito Fe-deral, possuindo seus próprios recursos, governantes e leis. As coisas que estão no âmbito da União são o que chamaremos de “federais”.

Veremos um pouco mais sobre isso em “Organização do Estado”.

• Além de ser uma República Federativa, o Brasil ainda é um Estado Democrático de Direito. O que é isso?

O Estado é de direito, pois se submete aos comandos da lei. Os governantes e os agentes públicos só podem fazer aquilo que a

lei permita ou autorize, e os cidadãos podem fazer tudo aquilo que a lei não proíba. Além disso, o Estado é democrático, pois tem o povo como regente dos rumos do país, e essa regência pelo povo pode se dar diretamente, por meio de plebiscitos (quando o povo vota para defi nir algo), referendos (quando o povo vota para confi rmar ou não algo que já foi feito) e por intermédio de iniciativa popular (o povo subscrevendo projetos de lei) ou pode reger os rumos do país de forma indireta, o que se dá com as decisões tomadas por seus representantes eleitos (Presidente, Deputados, Senadores...). Já a junção dos termos formando o “Estado democrático de direito”, segundo J. Afonso da Silva, é mais do que a mera junção do Esta-do Democrático com o Estado de Direito. Temos então um Estado pautado na justiça, e cujas leis refl etem a fi nalidade de alcançar o bem comum. Assim, as decisões políticas devem refl etir efetivamente a vontade do povo e promover a busca de uma justiça social.

Agora já podemos entender o que diz o art. 1.º da Constituição como um todo, vejamos:

Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fun-damentos:

I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce

por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

• Tripartição funcional do Poder:

O art. 2.º da Constituição fala sobre a chamada “tripartição das funções do Poder Político”, comumente denominada de tripartição do poder ou separação dos poderes1. Assim diz o art. 2.º:

1 Não recomendamos o uso destes termos, já que o que se separa não é o Poder ou os Poderes, e sim somente as funções do Poder, que é unitário, indivisível e tem o povo como seu titular.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz4242 Cap. 8 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 43

Art. 2.º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Le gislativo, o Executivo e o Judiciário.

Temos então a instituição de 3 poderes:

Legislativo – Sua função básica é elaborar leis e exercer controle das contas públicas (o chamado controle externo);

Executivo – Sua função básica é administrar, executando as políticas públicas;

Judiciário – É quem irá julgar tanto os cidadãos quanto os governantes no que tange ao cumprimento dos direcionamentos das leis;

Expomos acima aquilo que se chama de “funções típicas” dos Poderes. Porém tais poderes exercem também, secundariamente, “funções atípicas”, ou seja, funções que seriam precípuas de outro poder.

Legislativo – Existem alguns casos em que ele também po-derá julgar (Ex.: O Senado irá julgar o Presidente da Repú-blica nos crimes de responsabilidade). O Legislativo também poderá administrar, quando for defi nir as coisas referentes à sua estrutura interna;

Executivo – Também poderá julgar, como acontece nos pro-cessos administrativos de seus servidores, e poderá legislar quando introduzir decretos regulamentares estabelecendo os detalhes para o cumprimento das leis;

Judiciário – Poderá, da mesma forma que o Legislativo, administrar sua estrutura interna, e poderá legislar quando estabelecer os regimentos dos tribunais.

Quadro esquemático:

Poder Função típica Função Atípica

Executivo Administrar Julgar e legislar

LegislativoLegislar e fiscalizar mediante o controle externo

Julgar e adminis-trar

Judiciário JulgarLegislar e admi-nistrar

Essas funções típicas e atípicas são decorrentes daquilo que o art. 2.º diz: “os poderes são independentes e harmônicos entre si”.

• Por que a nossa Lei Maior diz que eles são independentes, porém harmônicos entre si?

Primeiramente pelo fato de que, como vimos, cada um dos Poderes possui, além das suas funções típicas, outras, atípicas. Ou-tra face dessa harmonia é que o exercício de um Poder nunca é absoluto, arbitrário, pois sempre estará sujeito a algum “freio” ou um “contrapeso” por parte de outro Poder. Assim, diz-se que essa independência e essa harmonia formam um sistema de freios e con-trapesos (checks and balances).

Exemplos dos inúmeros freios e contrapesos previstos na Cons-tituição:

– Cabe ao Presidente da República (Executivo) defi nir quem serão os Ministros do STF (Judiciário) e os escolhidos passarão por uma sabatina no Senado (Legislativo), para ratifi car ou não a escolha presidencial.

– O Executivo tem liberdade para gerir as verbas públicas, mas os gastos serão submetidos a um posterior controle feito pelo Legislativo.

– Se o Presidente da República não cumprir fi elmente os seus deveres presidenciais, ele poderá ser submetido a julgamento perante o Senado (Legislativo).

– Se o Legislativo elaborar uma lei que vá contra os direcio-namentos da Constituição, o Judiciário poderá anular esta lei, declarando-a inconstitucional.

Desta forma, embora percebamos que nenhum dos Poderes é absoluto, pois estará de alguma forma sujeito a controle realizado por outro Poder, isso não rompe a independência entre eles. Ou seja, embora não possa exercer seu poder de forma absoluta e ar-bitrária, a regra é a não interferência de um Poder no outro, não podendo, assim, por exemplo, o Judiciário exigir que o Legislativo faça uma lei, ou o Executivo querer “se intrometer” na organização judiciária.

Importante também é ressaltar que todas as hipóteses de ingerên-cia de um Poder em outro devem estar obrigatoriamente elencadas

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz4444

na Constituição, não podendo ser criadas novas hipóteses fora dos limites constitucionais.

• Objetivos fundamentais e Princípios que regem as relações internacionais:

Nos arts. 3.º e 4.º, temos algumas “normas programáticas”, ou seja, alguns direcionamentos feitos pela Constituição. No art. 3.º, vemos direcionamentos para serem seguidos no âmbito interno do país, e no art. 4.º, os que deverão ser seguidos nas relações inter-nacionais. Vejamos:

Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Fe-derativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;II – garantir o desenvolvimento nacional;III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as de-

sigualdades sociais e regionais;IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4.º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I – independência nacional;II – prevalência dos direitos humanos;III – autodeterminação dos povos;IV – não intervenção;V – igualdade entre os Estados;VI – defesa da paz;VII – solução pacífi ca dos confl itos;VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;IX – cooperação entre os povos para o progresso da huma-

nidade;X – concessão de asilo político.Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará

a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino--americana de nações.

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Capítulo 9DIREITOS E GARANTIAS

FUNDAMENTAIS

Podemos dizer que garantias são proteções. Direitos são faculda-des, uma liberdade para agir ou deixar de agir, uma permissão para receber, exercer ou fazer algo. Os direitos e garantias fundamentais são aquelas proteções e aquelas faculdades que o “Legislador Cons-tituinte” (quem escreveu a Constituição) se preocupou em estabelecer no texto constitucional.

Exemplo de uma garantia fundamental: “São invioláveis a inti-midade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (CF, art. 5.º, X).

Exemplo de um direito fundamental: “É direito dos trabalhado-res urbanos e rurais, o seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário” (CF, art. 7.º, II).

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu cinco espécies de direitos e garantias fundamentais:

1 – Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5.º); 2 – Direitos sociais (arts. 6.º a 11); 3 – Direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13); 4 – Direitos políticos (arts. 14 a 16); e 5 – Direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos

políticos (art. 17).

O prof. Ingo Sarlet ensina que, embora “direitos humanos” e “direitos fundamentais” sejam termos comumente utilizados como sinônimos, a distinção ocorre pelo fato de que o termo “direitos humanos” é de aspecto universal, supranacional, enquanto “direitos fundamentais” são aqueles direitos do ser humano que foram efe-

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz4646 Cap. 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 47

tivamente reconhecidos e positivados na Constituição de um deter-minado Estado1.

9.1 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 5.º)

Os direitos e deveres individuais e coletivos são basicamente aquilo que um indivíduo ou grupo de indivíduos podem usar para não sofrerem abusos, sejam por parte do Poder Público (proteção vertical) ou por parte de outros indivíduos (proteção horizontal).

Dessa forma, a relação ali exposta serve para orientar o cidadão quanto ao que não podem fazer contra ele, e também quanto ao que ele não pode fazer contra outras pessoas.

Os direitos individuais são comumente classifi cados como direi-tos de 1.ª dimensão (ou 1.ª geração), pois foram historicamente as primeiras conquistas dos cidadãos.

O art. 5.º da Constituição Federal, que estabelece quais são os direitos, as garantias e os deveres de cada cidadão brasileiro, é uma relação não exaustiva, pois o próprio artigo diz em seu § 2.º: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.

O referido artigo compõe-se de 78 incisos e 4 parágrafos, que não podem ser abolidos da Constituição pelo fato de serem cláusula pétrea.

Já foi dito que todos que querem estudar realmente o Direito Constitucional devem estar sempre de posse de uma Constituição (atualizada). O art. 5.º, seus 78 incisos e 4 parágrafos devem ser lidos constantemente. Vamos ver as principais (não todas) disposições do art. 5.º:

• Caput do art. 5.º:

Art. 5.º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,

1 SARLET, Ingo Wolfgang. A e� cácia dos direitos fundamentais. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 35-36.

à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...).

Veja que são cinco os direitos individuais: direito à vida, à li-berdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Porém, eles se desdobram em diversos outros ao longo dos incisos do art. 5.º.

Veja também que há o termo “residente”, porém o STF decidiu que deve ser entendido como todo estrangeiro que estiver em territó-rio brasileiro e sob as leis do país. Mesmo que apenas transitando não precisam necessariamente ter residência no país para que sejam a eles assegurados os direitos do art. 5.º.

Nenhum desses direitos é absoluto, todos são relativos, pois o exercício de um direito está condicionado ao não prejuízo de ou-tro. Por exemplo: Não posso exercer minha liberdade de expressão agredindo o direito à privacidade de alguém.

• Princípio da isonomia ou igualdade entre homens e mu-lheres:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

O caput também faz menção a este princípio, quando diz: todossão iguais perante a lei.

• Princípio da legalidade ou liberdade:

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Sem que haja uma lei para dizer o que pode e o que não pode, o cidadão poderá fazer o que ele bem entender. Como vimos, isso é diferente quando se fala da legalidade para os governantes e adminis-tradores públicos: enquanto os cidadãos podem fazer tudo aquilo que a lei não os proíba, os agentes públicos só podem fazer aquilo que a lei permita ou autorize.

• Manifestação do pensamento e direito de resposta:

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz4848 Cap. 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 49

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

Como vimos, os direitos e garantias se condicionam. Assim, embora seja livre a manifestação do pensamento, não se pode usar o anonimato, e caso essa manifestação atinja a imagem ou cause algum prejuízo a alguém, será assegurado o direito de resposta, sem que isso exclua uma possível indenização pelo mau uso da liberdade conferida pela Constituição.

• Liberdade de pensamento e a censura:

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Nenhuma lei pode ir contra a liberdade de expressão. Esta, po-rém, deve ser condicionada, conforme vimos, pela observância dos demais direitos individuais.

• Inviolabilidade da vida privada, honra e imagem:

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

• Inviolabilidade de domicílio:

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de fl agrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Vemos que o domicílio não possui uma inviolabilidade absoluta, e poderá alguém adentrar no recinto se:

• Tiver o consentimento do morador;• Ainda que sem o consentimento do morador, se o motivo

for:

– Flagrante delito;– Desastre;

– Prestar socorro;– Ordem judicial (mas, neste caso, somente durante o dia).

• Liberdade profi ssional:

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, atendidas as qualifi cações profi ssionais que a lei estabelecer;

Enquanto a lei não estabelecer requisitos a serem cumpridos para determinada profi ssão, esta poderá ser exercida de forma ple-na. Entretanto, se for editada uma lei que regulamente o exercício (como a medicina, advocacia etc.), as pessoas só poderão exercê-la caso cumpram os seus requisitos.

• Direito de ir e vir:

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

O legislador constituinte fez questão de dizer que “em tempo de guerra não será bem assim”. Veja que esta liberdade é assegurada apenas em tempo de paz. É importante observar o uso da expressão “nos termos da lei”; isso quer dizer que a locomoção em território nacional é plenamente livre e, embora também sejam livres a entrada e a saída de pessoas em nosso país, juntamente com os seus bens, elas estão condicionadas aos “termos da lei”, ou seja, aos requisitos exigidos por ela.

• Direito de reunião:

XVI – todos podem reunir-se pacifi camente, sem armas, em lo-cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Esse é o direito de reunião em locais abertos ao público, que deve ser exercido de forma pacífi ca, e para que as pessoas possam se reunir em locais abertos ao público, devem informar a autoridade competente, para que esta fi que ciente da manifestação. Veja que a autoridade não precisa nem deve autorizar a reunião, apenas fi car ciente de que ela ocorrerá.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz5050 Cap. 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 51

• Desapropriação:

O Direito de Propriedade é um direito fundamental da pes-soa. Todos têm o direito de possuir bens, móveis ou imóveis. A Constituição porém estabelece hipóteses em que ocorrerá a desa-propriação, veja:

XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Existem ainda na Constituição outras 3 hipóteses de desapro-priação:

1 – Desapropriação de imóveis rurais para fi ns de reforma agrária;

2 – Desapropriação daquele imóvel que não esteja cumprindo a sua função social (por exemplo, um terreno subutilizado, não edifi cado ou mal utilizado em pleno centro da cidade de São Paulo);

3 – Desapropriação de propriedades (chamadas de “glebas”) que estejam cultivando ilegalmente plantas psicotrópicas. Este é o único caso em que a desapropriação será feita sem qualquer indenização ao proprietário.

• Requisição administrativa da propriedade:

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade com-petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Aqui, não é desapropriar, mas apenas usar temporariamente. A indenização só ocorrerá posteriormente e se houver dano à proprie-dade.

• Inafastabilidade do Judiciário:

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Este princípio evita que o Judiciário fi que afastado da apreciação de alguma lesão ou ameaça aos direitos. Assim, pela inafastabilidade do Judiciário, alguém poderá acessar o Poder Judiciário sem necessa-riamente esgotar as esferas administrativas. Será apenas o Poder Judiciário que fará a “coisa julgada” em defi nitivo.

• Limitação à retroatividade da lei e irretroatividade da lei penal:

XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurí-dico perfeito e a coisa julgada

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o réu;

Estas garantias são para dar a chamada “segurança jurídica”. Ou seja, para que a sociedade não fi que preocupada que uma lei seja editada e tudo mude. Assim, quando uma lei é criada, ela não retroage para modifi car as coisas que já foram consumadas. Ela só vai valer “dali para frente”.

Com a lei penal ocorre o mesmo. Em regra, ela é irretroativa, mas admite-se que, se for para benefi ciar a pessoa, a lei futura mais benéfi ca seja aplicada, sendo, assim, uma hipótese excepcional de retroação.

• Legalidade penal:

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defi na, nem pena sem prévia cominação legal;

• Individualização e sucessão da pena:

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;

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XLVII – não haverá penas:a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos

do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;

• Direitos dos presos:

XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus fi lhos durante o período de amamentação;

LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de per manecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

LXIV – o preso tem direito à identifi cação dos responsáveis por sua pri são ou por seu interrogatório policial;

LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto-ridade ju diciária;

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei ad mitir a liberdade provisória, com ou sem fi ança;

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que fi car preso além do tempo fi xado na sentença;

• Devido processo legal (“due process of law”):

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Este é um dos mais importantes princípios de nossa Cons-tituição, pois garante que a pessoa não seja presa nem perca os seus bens, a não ser que se observe o devido processo legal, que implicitamente signifi ca ter um julgamento pela autoridade com-petente, de forma célere, com direito de apresentar sua defesa, além de uma proporcionalidade e razoabilidade no julgamento, entre outras garantias.

• Contraditório e a ampla defesa:

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Esta é mais uma garantia, que também é uma das faces do devido processo legal: a presença do contraditório (direito de negar e se opor às acusações) e da ampla defesa (direito de usar amplos meios para provar sua inocência).

• Presunção de inocência:

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Trânsito em julgado ocorre quando não se pode mais recorrer da decisão judicial. Existem duas formas básicas para isso acon-tecer:

1 – A decisão foi proferida pela instância máxima, em que não há mais para onde recorrer;

2 – Quando caberia recurso contra a decisão, mas durante o prazo para apresentar o recurso não o fi zeram.

• Remédios constitucionais:

Os remédios constitucionais recebem esse nome porque são ações constitucionais que funcionam como verdadeiros “remédios” contra os abusos cometidos.

Por exemplo, se alguém sofrer abuso ao seu direito de locomo-ção, esse mal será remediado com um habeas corpus e, se o abuso for relativo ao direito de informação, será usado um habeas data.Vejamos estes remédios de forma mais analítica:

• Habeas corpus:

LXVIII – conceder-se-á “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Assim, o habeas corpus será usado no caso de restrição, com abuso de poder ou ilegalidade, à liberdade de ir e vir que todos

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz5454 Cap. 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 55

possuem, ele poderá ser usado preventivamente (apenas ameaça de coação à liberdade) ou repressivamente (já está sofrendo coação à sua liberdade).

• Habeas data:

LXXII – conceder-se-á “habeas data”:a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à

pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retifi cação de dados, quando não se prefi ra fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

Veja que temos duas hipóteses possíveis de habeas data. A primeira é a mais clássica, a qual ocorre contra o abuso do não fornecimento de informações que são do interesse da própria pessoa. Importante é ressaltarmos que, na jurisprudência dos tribunais, esta hipótese é uma exceção ao princípio da inafastabilidade do judiciário, já que os tribunais só admitem que se use o habeas data depois de ter pedido administrativamente os dados, e este pedido ter sido negado ou então ter a administração permanecido inerte. Assim, se alguém tentar ir direto ao Judiciário, impetrando um habeas data,sem que antes tenha feito o pedido administrativo, não terá o seu remédio atendido.

• Mandado de segurança:

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Primeira coisa: o mandado de segurança é um remédio subsidiário. Antes, temos que ver se é caso para impetração de habeas corpusou habeas data, porque somente se não for ocorrência para estes remédios é que poderá se impetrar o mandado de segurança.

Outra coisa importante: o mandado de segurança visa à proteção de “direito líquido e certo”. A expressão “líquido e certo” deve ser entendida como um direito sem complexidade, capaz de ser pronta-

mente comprovado, sem que sejam necessárias dilações probatórias como perícias, testemunhas etc.

O mandado de segurança, tal qual o habeas corpus, pode ser preventivo ou repressivo, admitindo ainda as modalidades individual e coletiva, veja:

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a) partido político com representação no Congresso Nacional;b) organização sindical, entidade de classe ou associação le-

galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Na jurisprudência do STF, esse requisito de “constituída e em funcionamento há pelo menos um ano” é aplicável somente às asso-ciações. Não se aplica aos sindicatos e às entidades de classe.

• Mandado de injunção:

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à na-cionalidade, à soberania e à cidadania;

O mandado de injunção é aplicável àquelas normas de efi cácia limitada que vimos no início desta obra. Existe uma norma consti-tucional que não está conseguindo alcançar com plenitude os seus destinatários, pois falta uma regulamentação por meio de outras leis ou regulamentos. Assim, a pessoa ou grupo de pessoas (embora não esteja expresso, admite-se o mandando de injunção coletivo, obser-vando-se os mesmos requisitos do mandado de segurança coletivo) que se sentir frustrado no exercício de direitos e prerrogativas pela falta desta lei ou norma regulamentar, poderá impetrar um manda-do de injunção, para que o Judiciário possa dizer de que modo ele poderá exercer este direito enquanto o Poder Público não elabora a norma que está faltando.

• Ação popular:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de

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entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, fi cando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Ação popular é proposta somente pelo cidadão, ou seja, pela pessoa capaz de gozar de seus direitos políticos (veremos isso à frente quando falarmos em direitos políticos). O objetivo da ação popular é que os cidadãos façam um controle do patrimônio público, levando ao conhecimento do Poder Judiciário os atos que estejam atentando contra bens e valores de interesse da sociedade.

• Direito de petição e direito de obter certidões:

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pa-gamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

O direito de petição é o direito que qualquer pessoa tem de se dirigir a uma autoridade pública e pedir que ela adote provi-dências em defesa de seus direitos ou con tra ilegalidade ou abuso de poder.

O direito de obter certidões é o direito que qualquer pessoa possui de pedir atestados e certifi cações em repartições públicas, para que possa defender algum direito ou esclarecer alguma situação de interesse pessoal.

9.2 DIREITOS SOCIAIS (ARTS. 6.º A 11)

Os Direitos Sociais pertencem à segunda dimensão (ou geração), pois, historicamente, somente depois que os cidadãos conseguiram a proteção dos direitos e garantias individuais é que vieram a conquistar tais direitos (sociais).

Estes direitos expõem não apenas uma proteção, mas exigem também que o Poder Público venha a agir efetivamente, criando políticas para a sociedade. A Constituição, então, estabelece:

Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimen-tação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Para poder garantir estes direitos, o poder público deve agir em dois campos: criar leis para regulamentar a prestação dos direitos e agir administrativamente para executar essa leis criada.

Ainda são elencados como direitos sociais os direitos dos traba-lhadores, dispostos nos arts. 7.º a 11, inclusive quanto à sindicalização (art. 8.º) e ao direito de greve (art. 9.º).

9.3 DIREITOS DE NACIONALIDADE (ARTS. 12 E 13)

No que se refere aos direitos da nacionalidade, a Constituição defi ne de que forma alguém poder vir a se tornar um brasileiro (nato ou naturalizado).

Assim, é brasileiro nato (aquisição originária de nacionalidade):

1 – Quem nasceu no solo brasileiro – Esta é a regra: se nascer em solo brasileiro, será brasileiro nato, ainda que os pais sejam estrangeiros (isso se chama ius soli – direito pelo solo –, diferentemente de outros países que usam o ius sanguini – direito pelo sangue –, onde o que importa é a nacionaldiade dos pais). A única hipótese de nascer em solo brasileiro e não ser considerado brasileiro nato é se os pais forem estrangeiros que estejam a serviço de seu país.

2 – Ainda quem não tenha nascido em solo brasiliero, mas:

a) O pai for brasileiro ou a mãe for brasileira, e qualquer deles esteja a serviço do Brasil;

b) O pai for brasileiro ou a mãe for brasileira, mesmo que não estejam a serviço do Brasil, mas, neste caso, o fi lho deverá ser registrado em repartição brasileira competente ou, então, vir a resi dir na República Federativa do Brasil e optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade (18 anos), pela nacionalidade brasileira.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz5858 Cap. 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 59

O fato de não ter se enquadrado nas hipóteses acima não exclui a possibilidade de alguém vir a ser brasileiro, podendo apenas se tornar naturalizado, não mais um brasileiro nato. Para se naturali-zar brasileiro (aquisição derivada de nacionalidade), a Constituição estabelece que:

1 – se for originário de país de língua, deverá:

– residir no Brasil por 1 ano ininterrupto; e – ter idoneidade moral.

2 – Se for originário de qualquer outra nacionalidade, de-verá:

– residir no Brasil por 15 anos ininterruptos; – não ter condenação penal; e – requerer a nacionalidade brasileira.

O Estatuto do Estrangeiro – Lei n.º 6.815/80 –, em seu art. 112, facilita esta última espécie de naturalização, abrindo a possibilidade de que alguém se naturalize antes dos 15 anos, bastando apenas resi-dência contínua no Brasil nos 4 anos antes de pedir a naturalização. Mas, para isto, precisará:

– ter capacidade civil (maior de 18 anos e não ser interditado ou ser incapaz de manifestar sua vontade);

– ter visto permanente no Brasil; – saber ler e escrever em português; – ter boa saúde; – ter profi ssão ou bens sufi cientes para manter a família; – ter bom procedimento; – mostrar a inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação

no Brasil ou no exterior por crime doloso ao qual se aplique pena abstrata de prisão por mais de 1 ano.

Segundo a Constituição, a lei não pode diferenciar quem é brasi-leiro nato e quem é brasileiro naturalizado, mas a própria Constituição pode. Tanto pode que estabelece alguns cargos públicos como o de Presidente da República, Ministro do Supremo, Ofi cial das Forças Armadas, que só poderão ser providos por brasileiros natos (videCF, art. 12, § 3.º).

Os portugueses têm no Brasil os mesmos direitos que os brasi-leiros, não sendo necessário se naturalizar. A condição que se exige é apenas a de que haja reciprocidade em relação aos brasileiros em Portugal. Assim, diz-se que o portugueses são equiparados em direitos aos naturalizados, não poderão exercer direitos privativos de brasileiros natos, como, por exemplo, ocupar aqueles cargos citados no art. 12, § 3.º, da Constituição.

Existe ainda hipótese de perda da nacionalidade. A Constituição estabelece (CF, art. 12, § 4.º) que será declarada a perda da nacio-nalidade do brasileiro que:

– tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

– adquirir outra nacionalidade, a não ser que:– tenha sido reconhecido como brasileiro nato por outro país;– tenha sido obrigado a se naturalizar como condição para

perma nência no território estrangeiro ou para o exercício de direitos civis naquele país.

9.4 DIREITOS POLÍTICOS (ARTS. 14 A 16)

É com o exercício dos direitos políticos que se pratica a cidadania. Uma pessoa só será considerada cidadã se estiver de acordo com as suas obrigações eleitorais e não tiver tido seus direitos políticos perdidos ou suspensos.

Vimos na parte dos princípios fundamentais que somos uma democracia mista (ou semidireta), já que elegemos representan-tes para que ajam em nosso nome (típico de uma democracia representativa), mas também agimos diretamente com o uso do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular. Veja o que diz a Constituição:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio uni-versal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I – plebiscito;II – referendo;III – iniciativa popular.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz6060 Cap. 9 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 61

Segundo a Lei n.º 9.709/98, em seu art. 2.º, plebiscito e referendo são consultas for muladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de na tureza constitucional, legislativa ou administrativa.

Plebiscito: É convocado antes de um ato legislativo ou ad-ministrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar a proposta.

Referendo: É convocado posteriormente ao ato legislativo ou ad ministrativo, para que o povo faça a ratifi cação ou rejeição.

O art. 14 ainda fala nos seguintes termos:

Sufrágio: Direito a participar do pleito eleitoral, ele será uni-versal.

Voto: Meio pelo qual se exerce o sufrágio. Características: direto, secreto, universal, periódico e com valor igual para todos.

Iniciativa popular: É a forma pela qual os cidadãos podem propor projetos de leis, sejam federais, estaduais ou municipais. Para leis federais, a iniciativa popular será feita por meio de proposta na Câmara dos Deputados e subscrita por, no mínimo:

• 1% do eleitorado nacional;• de pelo menos 5 Estados; e • ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles.

Para leis estaduais, depende de uma lei para regulamentar o tema em cada Estado. Na esfera municipal, os projetos de lei de iniciativa popular precisam ser subscritos por no mínimo 5% do eleitorado do Município.

Vimos que, para ser cidadão, e assim poder fazer uso das prerrogativas da soberania popular, a pessoa deve estar “em dia” com seus direitos políticos. No Brasil, é vedada a cassação de direitos políticos, ou seja, aquela perda arbitrária da condição de cidadão. No entanto, poderá ocorrer perda dos direitos políticos em se tratando de cancelamento da naturalização de um brasilei-ro por sentença transitada em julgado (sentença judicial que não caiba mais recurso). Assim, o brasileiro naturalizado pode exercer plenamente os direitos políticos, mas, se tiver a sua naturalização cancelada, irá perdê-los.

Além da perda existem casos de suspensão dos direitos políticos:

1 – incapacidade civil absoluta – Trata-se da pessoa que não pode “responder por si”, que está absolutamente incapaz de exprimir a sua vontade, não podendo, assim, enquanto durar esta incapacidade, exercer seus direitos políticos.

2 – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos – Ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença judicial condenatória, ou seja, até que a decisão judicial seja irrecorrível. Com o trânsito em julgado da condenação criminal, o condenado terá seus direitos políticos suspensos, até o momento em que se extinguirem os efeitos da condenação.

3 – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alterna tiva, nos termos do art. 5.º, VIII – Se existe uma obrigação legal, a pessoa tem que cumprir, por exemplo, votar nas eleições. Em alguns casos, a obrigação legal pode ser substituída por prestação alternativa, por exemplo, aquela pessoa do sexo masculino que alegar não poder prestar o serviço militar obrigatório (será aplicada uma prestação alternativa). Se a pessoa não cumprir a obrigação legal a todos imposta nem cumprir a prestação alternativa, ela terá os seus direitos políticos suspensos, até que quite suas obrigações.

4 – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4.º – Os administradores públicos têm o dever da probidade, ou seja, o bom e honesto uso dos bens públicos, verbas públicas e da imagem pública. Quem descumprir o dever de probidade estará sujeito à perda da função pública e à suspensão dos seus direitos políticos.

9.5 DIREITOS RELATIVOS À EXISTÊNCIA E FUNCIONAMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS (ART. 17)

Basicamente, podemos dizer o seguinte sobre os partidos polí-ticos:

a) São direitos dos partidos políticos:

• livre criação, fusão, incorporação e extinção;

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz6262

• autonomia para defi nir sua estrutura interna, organização e para ado tar critérios de escolha e o regime de suas coli-gações eleitorais, não precisando vincular as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal;

• receber recursos do fundo partidário;• acesso gratuito ao rádio e televisão, na forma da lei.

b) São obrigações dos partidos políticos:

• resguardar a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartida rismo e os direitos fundamentais da pessoa humana;

• possuir caráter nacional;• prestar contas à Justiça Eleitoral; • funcionamento parlamentar de acordo com a lei; • estabelecer normas de disciplina e fi delidade partidária em

seus estatutos; • registrar seus estatutos no TSE após adquirirem persona-

lidade jurídica conforme a lei civil.

c) São proibições aos partidos políticos:

• receber recursos fi nanceiros de entidades ou governos es-trangeiros ou subordinarem-se a estes;

• utilizar organização paramilitar (organizações que funcionam paralelamente ao Estado, como as milícias etc.).

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Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí pios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Ao falarmos dos princípios fundamentais, vimos que o Brasil é uma “federação”, certo?

A forma federativa de Estado se opõe ao Estado unitário, o qual não é fracionado em entidades autônomas.

Além dos Estados unitários e das federações, existem ainda as “confederações”, que se distinguem pelo fato de seus inte-grantes possuírem mais do que autonomia. Nas confederações, os Estados integrantes possuem soberania, ou seja, eles têm o poder supremo dentro de seu território e podem se separar do complexo quando bem entenderem. As federações possuem Estados despidos de soberania, por este motivo o art. 1.º da Constituição diz que a República Federativa do Brasil é formada pela união indisso lúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, não permitindo o direito de secessão (que algum destes se separem da federação).

Lembra que falamos da pirâmide de Kelsen? A pirâmide de Kelsen é a representação do ordenamento jurídico. No Brasil, por sermos uma federação onde encontramos Estados, Distrito Federal e Municípios, todos dotados de autonomia, principalmente para legislar, temos a formação de um ordenamento específi co para cada entidade. Por exemplo: o Estado do Pará possui a sua própria Constituição (Estadual), suas próprias leis infraconstitucionais e suas próprias

Capítulo 10ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz6464 Cap. 10 – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 65

normas infralegais. Os Municípios não possuem constituição, mas possuem a chamada Lei Orgânica, que faz o papel de lei maior dentro do ordenamento municipal. Assim, o Município do Rio de Janeiro possui a sua própria lei orgânica, suas próprias leis, e suas próprias normas infralegais.

Todos os ordenamentos devem seguir o chamado princípio da simetria federativa, ou seja, os ordenamentos, embora autônomos, devem seguir os mesmos princípios gerais que são dispostos pelo ordenamento federal, principalmente na Constituição Federal. Desta forma, não podemos imaginar um Município adotando um sistema de elaboração de leis completamente diverso daquele que é feito em âmbito federal. Também não é possível que o governador tenha dentro de seu Estado poderes completamente diversos daqueles que o Presidente da República possui na es-fera federal.

Como vimos, a União é o poder central da federação. É uma entidade autônoma (CF, art. 18). Ela é o poder que harmoniza os interesses entre os diversos componentes do pacto federativo. Sem a União, o poder central da federação, não haveria quem pudesse determinar quem prevaleceria quando o interesse de um Estado se chocasse com o interesse de outro. Sendo assim, a existência de um poder central é essencial a uma federação.

Diz-se que a União é uma pessoa jurídica de direito público interno. Somente neste âmbito é que conseguimos visualizá-la. Nas relações internacionais, embora seja a União que exerça as competên-cias inerentes ao Estado brasileiro, os Estados estrangeiros enxergam apenas a República Federativa do Brasil. Os Estados estrangeiros não conseguem visualizar que estão tratando com a União e sim com o Brasil. Desta forma, temos que a União é pessoa jurídica de direito público interno e a República Federativa do Brasil (Estado brasileiro) é pessoa jurídica de direito público interno, externo ou internacional.

• Visão interna do Brasil: Federação formada por Estados, Municípios e Distrito Federal. Todos sendo harmonizados pelo poder central (União), sendo assim, 4 espécies de pessoas jurídicas de direito público interno.

• Visão externa do Brasil: República Federativa do Brasil, como única pessoa jurídica de direito público externo.

Veja ainda que, além da União, temos outras 3 entidades autô-nomas: Estados, Municípios e Distrito Federal. O Distrito Federal é uma entidade híbrida, que possui as competências tanto dos Estados quanto dos Municípios. O Distrito Federal é onde encontramos Bra-sília, a sede do governo federal.

Não se deve confundir o Distrito Federal com os Territórios Federais. Enquanto o Distrito Federal é uma entidade autônoma de nossa federação, os territórios não possuem autonomia, sendo apenas

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz6666

áreas territoriais integrantes da União, a qual é a responsável por sua administração e organização. Atualmente não existem territórios federais no Brasil, mas eles já existiram, como nos casos de Roraima e do Amapá.

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Capítulo 11ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Como vimos, no Brasil temos a tripartição das funções do Po-der Político, formando 3 Poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Eles são harmônicos e independentes entre si. Vejamos disposições importantes sobre cada um:

11.1 PODER LEGISLATIVO

Como vimos, o Poder Legislativo tem a função típica de pro-duzir leis e de fi scalizar as contas públicas. O Poder Legislativo na esfera federal é exercido pelo Congresso Nacional. O Congresso é o nome que se dá ao conjunto de 2 Casas Legislativas – a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Por isso, dizemos que no Brasil temos um sistema legislativo bicameral, ou seja, formado por duas Casas Legislativas.

A Câmara dos Deputados é o lugar, obviamente, onde estão os deputados, que são eleitos para representar os interesses do povo brasileiro.

O Senado Federal é composto por senadores que representam os interesses dos Estados da Federação (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás...).

Tanto os deputados quanto os senadores são eleitos separada-mente pelos Estados e Distrito Federal. Porém, como os deputados representam o povo, quanto maior for a população do Estado, maior será o número de deputados que ele poderá eleger para a Câmara.

Já os senadores, que não são representantes do povo, mas sim representantes dos Estados/Distrito Federal, serão eleitos de forma igual por cada um deles, independentemente da população. Assim,

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz6868 Cap. 11 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 69

cada Estado e o DF elegem igualmente 3 Senadores, formando um total de 81, já que temos 26 Estados e um Distrito Federal.

Outra diferença entre deputados e senadores é que os deputados têm mandato de 4 anos, o que corresponde à chamada “legislatura”. Já os senadores elegem-se para um mandato de 8 anos, ou seja, duas legislaturas, de forma, porém, que, de 4 em 4 anos, sejam renovados, ora um terço, ora dois terços dos senadores – ou seja, de 4 em 4 anos, cada um dos Estados elegerá ora 1 senador, ora 2 senadores.

Observação: Não se deve confundir legislatura com sessão legis-lativa. Esta se refere ao período anual de reunião do Congresso Nacional, enquanto aquela é o período de 4 anos no qual se pode identifi car um mesmo “corpo legislativo”.

A Câmara e o Senado podem trabalhar juntos ou separados, dependendo de qual será a matéria que estarão tratando. Existem algumas matérias exclusivas do Congresso Nacional, que deve nestes casos trabalhar como se fosse apenas uma única Casa.

No Estado, o Poder Legislativo é unicameral, exercido pela As-sembleia Legislativa, formada por deputados estaduais. Da mesma forma, nos Municípios e no Distrito Federal também temos apenas um órgão legislativo, em que teremos a Câmara Municipal, composta por vereadores e a Câmara Legislativa, formada por deputados distritais.

Os membros do Legislativo costumam trabalhar em comissões. As comissões existem tanto no âmbito da Câmara quanto no âmbito do Senado, além de poderem ainda ser mistas, contando com depu-tados e senadores. As comissões podem também ser permanentes, como a comissão de constituição e justiça, em que se analisa a constitucionalidade dos projetos de lei antes de eles serem subme-tidos à votação; ou podem ser temporárias, como as famosas CPI – Comissões Parlamentares de Inquérito – que servem para, durante um prazo determinado, investigar e a apurar atos ilícitos de grande repercussão nacional.

• Processo Legislativo:

Assim, o poder legislativo é – em regra – responsável pela ela-boração das chamadas leis formais, que podem ser, segundo o art. 59 da Constituição, de 7 espécies (sendo que 6 delas, conforme visto,

terão status infraconstitucional e uma delas terá o mesmo status da Constituição).

Falaremos apenas do que ocorre em âmbito federal, porém, as normas gerais sobre processo legislativo, devido ao princípio da simetria federativa, devem ser adotadas também pelos demais entes da federação (Estados, Municípios e Distrito Federal), guardando-se obviamente as devidas proporções e respectivas competências.

1 – Emendas Constitucionais:

A emenda à Constituição é a única dessas 7 leis que não é infraconstitucional. Isso porque as emendas constitucionais, como o próprio nome diz, poderão “emendar” a Constituição, ou seja, têm o poder de modifi car, reduzir ou ampliar o texto que está disposto na própria Constituição. Assim, as emendas constitucionais possuem a mesma hierarquia da Constituição, devendo por isso passar por um processo bem difi cultoso de elaboração.

As emendas constitucionais só podem ser aprovadas se forem cumpridos todos os requisitos do art. 60 da CF, devendo ser aprovadas pelo voto de 3/5 dos membros de cada Casa Legislativa (Câmara e Senado) em 2 turnos de votação.

2 – Leis Ordinárias:

É a lei “genérica” ou propriamente dita. Sempre que se falar somente “lei”, em regra estará se falando na lei ordinária. Para uma lei ordinária ser aprovada, é necessário que ocorra o seguinte:

– Iniciativa: Deve ser proposto um projeto de lei na Câmara ou no Senado (a regra é que a propositura ocorrerá sempre na Câmara, e só se propõe no Senado quando forem sena-dores ou comissão de senadores que estiverem tomando a iniciativa).

– Deliberação na casa iniciadora: A Casa iniciadora recebe a proposta e faz a votação, podendo rejeitar algumas partes ou até mesmo adicionar outras ao projeto. Estas partes modifi -cadas são as chamadas emendas ao projeto. Caso haja muitas emendas, descaracterizando-se assim o projeto inicial, elabora-se o chamado substitutivo do projeto.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz7070 Cap. 11 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 71

– Deliberação na casa revisora: A Casa que não foi a iniciadora deverá votar também o projeto, fazer a revisão do que foi votado na iniciadora. Ela poderá também rejeitar ou emendar o mesmo. Caso emende, esta emenda deverá voltar à casa iniciadora, pois, para que um projeto seja aprovado, o seu teor deve ser discutido pelas duas Casas.

– Sanção ou veto: Depois de votado o teor do projeto nas duas Casas, ele é enviado para o Presidente da República, que poderá sancionar o projeto, ou seja, concordar com ele, ou vetá-lo, caso julgue-o como contrário ao interesse público ou como um projeto inconstitucional.

A Constituição diz que, se o Presidente resolver vetar o projeto, o Congresso nacional poderá decidir se manterá ou se derrubará o veto do Presidente.

– Promulgação: Se sancionado, o projeto de lei deverá ser pro-mulgado. A promulgação faz nascer a lei. Deixa-se de falar em projeto, passando-se a falar em lei. A promulgação é o ato que atesta que todas as etapas do processo legislativo foram perfeitamente concluídas.

– Publicação: Agora que a lei já nasceu, o povo tem que tomar ciência dela, e isso se faz com a publicação, ou seja, divulga-se ao povo que existe uma nova lei. Uma lei só poderá entrar em vigor, produzir seus efeitos, após ser publicada, e geral-mente existe um prazo para que isso ocorra. Quando uma lei é muito simples, coloca-se ao fi nal dela: “essa lei entra em vigor na data da sua publicação”. Quando não disser nada, ela só entrará em vigor 45 dias após a publicação: é o que chamamos de vacatio legis, ou seja, o prazo em que a lei, embora já exista, não está em vigor. Este vacatio legis pode ser diferente de 45 dias, mas para isso deverá tal fato vir expressamente mencionado na lei, por exemplo: “essa lei entra em vigor 30 dias após sua publicação”.

3 – Leis Complementares:

Leis complementares são leis com um processo de elaboração ligeiramente mais difícil que o da lei ordinária. O trâmite é o mes-mo, porém, elas só podem ser aprovadas se conseguirem o voto

da maioria absoluta dos membros da Casa, enquanto para as leis ordinárias bastam a maioria simples.

• Maioria absoluta: é quando mais da metade do número total de membros da Casa aprova o projeto.

• Maioria simples: é quando mais da metade do número de deputados ou senadores que estão presentes na sessão aprovam o projeto. Para que se alcance a maioria simples, deve-se pelo menos estar presente o quantitativo referente à maioria absoluta.

As matérias que devem ser regulamentadas por lei complementar geralmente são mais complexas, e esta ordem já está expressamente disposta na Constituição. Assim diz a Constituição: “Caberá à lei complementar...”, “nos termos de lei complementar”. Diferentemente do que ocorre na lei ordinária, a qual pode tratar de qualquer as-sunto que não seja reservado a outro tipo de lei ou que não possaser regulamentado por lei.

Desta forma, temos atualmente no Brasil pouco mais de 100 leis complementares, enquanto temos bem mais de 10.000 leis or-dinárias.

Segundo o art. 61 da Constituição, quem pode tomar a iniciativa de propor uma lei ordinária e uma lei complementar são as mesmas pessoas:

• Qualquer parlamentar ou comissão de parlamentares;

• Presidente da República;

• Supremo Tribunal Federal;

• Tribunal Superior;

• Procurador-Geral da República;

• Cidadãos (mediante iniciativa popular apresentada à Câ-mara).

A iniciativa popular será enviada como proposta à Câmara dos Deputados subscrita por, no mínimo:

– 1% do eleitorado nacional;

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz7272 Cap. 11 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 73

– de pelo menos 5 Estados; e

– com ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles.

4 – Lei delegada:

Lei delegada é um instrumento criado para que o Presidente da República possa elaborar leis diretamente, sem que sejam anterior-mente discutidas no Congresso Nacional, com o objetivo de aumentar a rapidez da elaboração de algumas leis. Para que o Presidente possa elaborar a lei delegada, deve pedir que o Congresso Nacional delegue este poder a ele (daí o nome). Esta delegação se faz por meio de uma resolução – espécie de lei que veremos à frente.

Não se pode, porém, delegar ao Presidente a competência para elaborar leis delegadas sobre toda e qualquer matéria. A delegação deve dizer exatamente os limites nos quais o Presidente irá atuar e não pode tratar sobre as matérias que estão dispostas no art. 68, § 1.º:

Art. 68, § 1.º – Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orça-mentos.

Elaborada a lei delegada, ela não precisa voltar ao Congresso para entrar em vigor, a não ser que este assim determine, mas, caso isso aconteça, é vedado ao Congresso tentar promover qualquer emenda à lei, devendo se limitar a aprovar ou rejeitar a sua entrada em vigor.

5 – Decreto Legislativo:

Decreto Legislativo é uma espécie de lei elaborada exclusivamente pelo Congresso Nacional, ou seja, não pode ser elaborado pela Câmara

nem pelo Senado, apenas quando ambos estiverem reunidos como uma única Casa. O Decreto Legislativo é usado principalmente para regulamentar as matérias de competência exclusiva do Congresso, que estão dispostas no art. 49 da Constituição.

O Decreto Legislativo não se sujeita a sanção ou veto do Pre-sidente da República, é uma lei que tramita exclusivamente dentro do Legislativo.

6 – Resoluções:

Resolução é outra lei de trâmite exclusivo do legislativo, porém seu uso não está limitado ao Congresso Nacional, podendo também ser usada pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado isoladamente. A diferença básica entre elas e o Decreto Legislativo é que a resolu-ção possui efeitos basicamente internos à Casa, enquanto o Decreto Legislativo irá provocar efeitos externos.

7 – Medidas Provisórias:

As medidas provisórias não são leis no sentido estrito da palavra. São atos emanados pelo Presidente da República, mas que têm a mesma força de uma lei. A diferença é que, embora com força de lei, esta medida é provisória, ou seja, só fi ca em vigor por 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias. Depois de expirado esse prazo, ela perde a sua efi cácia, não produzindo mais efeito algum.

Para que os efeitos desta medida continuem valendo no tempo ao invés de acabarem, deve-se, neste período de 60 + 60 dias, elaborar uma “lei de conversão”, que nada mais é do que usar o teor da medida provisória para elaborar um projeto de lei ordinária. Esta lei ordinária de conversão é que, se aprovada no Congresso, irá manter perene os efeitos instituídos pela medida provisória.

Importante destacar que, ao expirar o prazo de 60 + 60 dias, a MP perderá os seus efeitos, mas o que acontece com as coisas que a medida veio modifi car durante o período em que esteve em vigor? Serão automaticamente restabelecidas, como se a MP nunca tivesse existido? A resposta é não. Caberá ao Congresso editar um decreto legislativo no qual decidirá o que acontecerá com essas coisas alte-radas enquanto a MP esteve em vigor. Se o Congresso não editar o decreto, será considerado que os efeitos deste período continuarão sendo regidos pela medida provisória.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz7474 Cap. 11 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 75

8 – Tratados internacionais:

Os Tratados não são normas que fazem parte do processo legislativo, mas é oportuno falarmos sobre eles neste momento. Tratados internacionais são acordos celebrados pelo Brasil com outros países, que, para valerem dentro de nosso país, precisam ter o aval do Congresso Nacional. Assim, recebido o tratado, o Con-gresso referendará o mesmo por meio de um decreto legislativo e então o teor do tratado passará a valer em nosso país com mesmo status de lei ordinária.

Esse status de lei ordinária é apenas uma regra, pois, caso os tratados sejam sobre direitos humanos, o STF entende que eles têm status acima da lei (embora abaixo da Constituição). É a chamada “supralegalidade” dos tratados de direitos humanos. Caso estes tratados de direitos humanos ainda venham a ser aprovados da mesma forma que uma emenda constitucional (aprovação por 3/5 dos membros, em 2 turnos, em cada uma das Casas), eles terão o mesmo statusde emenda constitucional, ou seja, irão se transformar em normas constitucionais.

Desta forma, um tratado pode adquirir 3 status hierárquicos:

1 – Regra: Status de lei ordinária. Caso seja um tratado que não verse sobre direitos humanos;

2 – Exceção 1: Status Supralegal. Caso seja um tratado sobre direitos humanos não votado pelo rito de emendas consti-tucionais, mas pelo rito ordinário;

3 – Exceção 2: Status constitucional. Caso seja um tratado sobre direitos humanos votado pelo rito de emendas cons-titucionais.

11.2 PODER EXECUTIVO

É exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Mi-nistros de Estado. O Presidente é eleito pelo voto direto, com um mandato de 4 anos. Quando o Presidente é eleito, automaticamente é eleito também o seu Vice-Presidente. Já os Ministros de Estado são escolhidos pelo Presidente da República com base na confi ança, não precisam ser eleitos, são os chamados cargos ad nutum, ou seja,

que possuem livre nomeação e livre exoneração, dando-se puramente pela vontade do Presidente.

Como o Brasil é um país que possui o sistema de governo presidencialista, o Presidente da República é o chefe de Estado e o chefe do Governo em nosso país.

• Chefe de Estado – Exerce o papel de representante do Es-tado, principalmente no âmbito externo, mas também como representante moral perante o povo, no âmbito interno.

• Chefe de Governo – É responsável por chefi ar o governo, ou seja, a direção das políticas públicas em âmbito interno.

Isso é diferente em países que possui o sistema parlamentarista. Enquanto no presidencialismo temos a unicidade da chefi a (o Presi-dente tem em suas mãos tanto a chefi a de Estado quanto a chefi a de governo), no parlamentarismo temos uma dualidade de chefi a. Existe uma pessoa como o chefe de Estado e outra como chefe de governo. O chefe de Estado será o Presidente, no caso de uma República Parlamentarista, ou o Monarca (Rei), no caso de uma Monarquia Parlamentarista. A chefi a de governo é exercida por um Primeiro Ministro, que é escolhido pelo chefe de Estado para governar, mas somente será investido com a aprovação de seu nome (bem como o do seu conselho de Ministros) pelo parlamento.

11.3 PODER JUDICIÁRIO

O Poder Judiciário é o responsável por dar a última palavra quanto à resolução dos confl itos e às dúvidas sobre a interpretação de uma lei. Este Poder é formado por diversos órgãos. Segundo o art. 92, são órgãos do Poder Judiciário:

– o Supremo Tribunal Federal;

– o Conselho Nacional de Justiça;

– o Superior Tribunal de Justiça;

– os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

– os Tribunais e Juízes do Trabalho;

– os Tribunais e Juízes Eleitorais;

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz7676 Cap. 11 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 77

– os Tribunais e Juízes Militares;– os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e

Territórios.

Supremo Tribunal Federal (STF): O Supremo é a autoridade máxima da justiça brasileira. A sua principal função é defender a Constituição, analisando e decidindo as questões que estejam ofen-dendo o disposto no texto constitucional. Compõe-se de 11 ministros, escolhidos dentre cidadãos brasileiros natos, com idade entre 35 e 65 anos, com notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após passarem por uma arguição no Senado Federal, que deverá aprovar ou não a escolha por meio de voto da maioria absoluta dos seus membros.

Conselho Nacional de Justiça (CNJ): Não é um órgão responsável por julgamentos propriamente ditos, mas um órgão responsável por controlar o exercício da atividade jurisdicional. O CNJ é composto por 15 membros, que exercem um mandato de 2 anos, podendo ser reconduzido por uma única vez.

Tribunais Superiores (STJ, TSE, TST e STM): Formam a cúpula de cada justiça especializada, ou da justiça comum no caso do STJ, devendo cada um direcionar a atuação de sua área.

O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.

O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm ju-risdição em todo o território nacional.

Tribunal de Justiça (TJ): É o órgão responsável pela justiça estadual, guardião da Constituição do Estado, tal qual o STF é da Constituição Federal. Ele também será o órgão que receberá os recursos interpostos contra as decisões de primeiro grau proferidas pelos juízes de direito.

Tribunal Regional Federal (TRF): É o tribunal responsável pelos julgamentos de segunda instância das causas da justiça federal.

Organograma do Poder Judiciário1

Veja que falamos em justiça federal e justiça estadual, não fa-lamos em nenhum momento da justiça municipal. Isso porque os Municípios, embora possuam Legislativo e Executivo próprios, não possuem Judiciário.

No Distrito Federal, o Poder Judiciário é mantido pela União. Assim, embora exista o “Tribunal de Justiça do Distrito Federal e

1 Esquema retirado de: CRUZ, Vítor. Constituição Federal anotada para concursos. Rio de Janeiro: Ferreira, 2010. p. 203.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz7878

Territórios”, cabe à União e não ao Distrito Federal organizar e manter este órgão.

• Ministério Público:

O Ministério Público não é um Poder, mas apenas um órgão, permanente, que auxilia o exercício da justiça, mas funciona na prática como se realmente fosse um outro Poder da República, tamanha a sua autonomia em relação aos demais.

O Ministério Público, segundo o art. 127 da Constituição, é o órgão responsável por defender:

– A ordem jurídica;– O regime democrático; – Os interesses sociais e individuais indisponíveis.

Interesses individuais indisponíveis são aqueles que não podem ser renunciados pela pessoa, como o direito à vida, à saúde, à moradia, à educação, ao laser, à cidadania, dentre outros.

O Ministério Público tem por chefe o Procurador-Geral da Re-pública (PGR).

Somente o Ministério Publico é competente para promover a ação penal pública, ou seja, entrar em juízo para pedir a punição de um crime que de alguma forma ofenda esses 3 itens acima.

Ao Ministério Público também caberá, entre outras coisas, o controle externo (fi scalização) da atividade policial e ainda a proteção de direitos que pertençam a determinados grupos de pessoas ou à sociedade como um todo – estes são os chamados direitos coletivos e direitos difusos, respectivamente – e fará isto por meio da ação civil pública. A ação civil pública, diferentemente da ação penal pública, não é privativa do Ministério Público, podendo também ser utilizada por outras entidades.

Tal qual o Poder Judiciário, também temos o Ministério Público da União (que é formado pelo Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar, Ministério do Distrito Federal e Territórios) e o Ministério Público Estadual.

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• Direito Privado – Igualdade de condição entre as partes;

• Direito Público – O Estado se colocando em posição superior ao particular;

• Elementos do Estado – Povo, território e governo soberano (sempre com a fi nalidade de alcançar o bem comum);

• Soberania – Poder supremo que um Estado exerce nos limites de seu território, não reconhecendo nenhum outro de igual ou superior magnitude;

• Povo – Somente as pessoas com vínculo de nacionalidade com o país;

• População – Qualquer pessoa que esteja dentro do território, ainda que estrangeiro em trânsito;

• Fontes do direito – Leis, jurisprudência, doutrina e costumes;

• Doutrina – Posição defendida pelos pensadores, professores etc.;

• Jurisprudência – Entendimento adotado por tribunal sobre de-terminado assunto, fi rmado após reiteradas decisões;

• Constituição – Lei suprema de um Estado, deve conter ao menos dispositivos sobre a organização do Estado e sobre os direitos fundamentais;

• Emenda Constitucional – Lei capaz de modifi car a constituição, deve ser aprovada por 3/5 dos membros de cada Casa Legislativa, em 2 turnos de votação;

• Lei ordinária – Lei genérica, aprovada por maioria simples;

Capítulo 12REVISÃO DOS CONCEITOS QUE DEVEM SER FIXADOS

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz8080 Cap. 12 – REVISÃO DOS CONCEITOS QUE DEVEM SER FIXADOS 81

• Lei complementar – Lei que regulamenta matérias um pouco mais complexas e a própria Constituição já ordena a sua feitura; deve ser aprovada por maioria absoluta;

• Maioria absoluta – Mais da metade do efetivo de membros;

• Maioria simples – Mais da metade dos membros presentes, sempre presente pelo menos a maioria absoluta;

• Lei delegada – Lei elaborada pelo Presidente da República após receber a delegação do Congresso Nacional mediante uma resolução;

• Decreto Legislativo – Lei exclusiva do Congresso Nacional com efeitos geralmente externos a ele;

• Resolução – Lei elaborada por qualquer das Casas do Congresso Nacional, possuindo efeitos internos à Casa;

• Medida Provisória – Ato com força de lei, editado pelo Pre-sidente da República e que fi ca em vigor apenas por 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias;

• Lei de conversão – Lei ordinária responsável por deixar per-manentes os efeitos da medida provisória;

• Tratados internacionais – Acordos celebrados com outros países, que, após serem referendados pelo Congresso Nacional, passam a vigorar internamente no país como lei ordinária. Se forem sobre direitos humanos, serão supralegais. Se versarem sobre direitos humanos e ainda forem aprovados pelo mesmo procedimento de uma emenda constitucional, terão status de Constituição;

• Poder Constituinte Originário – Poder político inicial, ilimi-tado, incondicionado e irrestrito que dá origem a uma nova Constituição;

• Poder Constituinte Derivado – Poder jurídico instituído, limi-tado pelas clausulas pétreas (art. 60, § 4.º) e condicionado pelos procedimentos do art. 60;

• República – Forma de governo em que a coisa pertence a todos, e pressupõe a elegibilidade dos governantes, a temporariedade do mandato e a prestação de contas;

• Federação – Forma de estado onde existe repartição do território em entes autônomos, que não possuem direito de se separar;

• Presidencialismo – Sistema de governo onde o Poder Executivo é o principal responsável pela instituição das políticas públicas e o Presidente exerce conjuntamente a chefi a de governo (âmbito interno) e a chefi a de Estado (âmbito externo);

• Democracia – Regime político em que o povo é o responsável pela regência das decisões políticas, no Brasil ela é mista ou semidireta, já que o povo exerce por meio de seus representantes eleitos e diretamente: por intermédio do plebiscito, referendo e iniciativa popular;

• Plebiscito – Consulta popular antes da feitura de um ato;

• Referendo – Consulta popular após a feitura de um ato;

• Iniciativa popular – Proposta de lei de iniciativa dos cida-dãos, apresentada à Câmara dos Deputados subscrita por, no mínimo:– 1% do eleitorado nacional;– de pelo menos 5 Estados; e– com ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles.

• Congresso Nacional – Órgão responsável por exercer o Poder Legislativo em âmbito federal, é formado por duas Casas legis-lativas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal;

• Câmara dos Deputados – Casa composta pelos representantes do povo;

• Senado Federal – Casa composta pelos representantes dos Es-tados e do Distrito Federal.

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Nos capítulos anteriores, apresentamos aqueles pontos que julga-mos serem essenciais ao bom entendimento do Direito Constitucional. Esperamos ter conseguido passar uma visão geral sobre o assunto e esclarecer pontos importantes para alicerçar um estudo profundo do tema. Esperamos ainda que o principal objetivo desta obra tenha sido cumprido: mostrar que o estudo desta disciplina pode ser agradável e prazeroso.

Sabemos pela experiência no ensino que não há como absorver todas as informações de pronto. Para que os conceitos sejam enraiza-dos, são necessárias releituras dos principais pontos e, principalmente, a fi xação por meio de exercícios. Por este motivo, estamos expondo uma lista de questões cobradas em concursos públicos que será útil para solidifi car os conceitos apresentados. Todos os assuntos das questões estão explanados nesta obra.

Agradecemos pela confi ança em nosso trabalho e esperamos ter contribuído para seus estudos e para sua formação como cidadão brasileiro.

Vítor Cruz

Capítulo 13COMENTÁRIOS FINAIS

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Capítulo 14EXERCÍCIOS COMENTADOS

PARA FIXAÇÃO

1 (FCC/Especialista em Políticas Públicas/2004 – Adaptada) Todas as pessoas presentes no território do Estado, num determinado momento, inclusive estrangeiros e apátridas, fazem parte da população (Correto/Errado).

2 (FCC/Especialista em Políticas Públicas/2004 – Adaptada) O território de um Estado é a base geográ* ca do poder soberano (Correto/Errado).

3 (FCC/Especialista em Políticas Públicas/2004 – Adaptada) São elementos constitutivos do Estado Moderno: povo, território e soberania (Correto/Errado).

4 (CESPE/Promotor MPE-AM/2008) Os tradicionais elementos apontados como constitutivos do Estado são: o povo, a uniformidade linguística e o governo (Correto/Errado).

5 (CESPE/Promotor-MPE-RN/2009 – Adaptada) Uma das características co-muns à federação e à confederação é o fato de ambas serem indissolúveis (Correto/Errado).

6 (CESPE/TRE-MA/2009 – Adaptada) A União, os Estados-membros, os muni-cípios e o Distrito Federal são entidades estatais soberanas, pois possuem autonomia política, administrativa e * nanceira (Correto/Errado).

7 (ESAF/AFTN-RN/2005) O Estado unitário distingue-se do Estado federal em razão da inexistência de repartição regional de poderes autônomos (Correto/Errado).

8 (FCC/Técnico do TRT 7.º/2009) Segundo a Constituição Federal, a República Federativa do Brasil é formada:

a) pelos cidadãos dos quais emana o poder exercido por meio de representantes eleitos.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz8686 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 87

b) pelo conjunto de cidadãos aos quais são garantidos os direitos fundamen-tais.

c) pela união dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

d) pela integração econômica, política e social de todos os Estados.

e) pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.

9 (FCC/Técnico-TRT 15.ª/2009) Sobre os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, é correto a$ rmar que

a) foi acolhido, além de outros, o princípio da intervenção para os conscritos.

b) dentre seus objetivos está o de reduzir as desigualdades regionais.

c) um dos seus fundamentos é a vedação ao pluralismo político.

d) o Brasil rege-se nas suas relações internacionais, pela dependência nacional.

e) a política internacional brasileira veda a integração política que vise à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

10 (FCC/TRT 18.ª/2009) Quanto aos Princípios Fundamentais, considere:

I. A República Federativa do Brasil, formada pela união dissolúvel dos Estados e dos Municípios, constitui-se em Estado Democrático de Direito.

II. São Poderes da União, dependentes entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

III. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil.

IV. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelo princípio da concessão de asilo político.

Está INCORRETO o que consta APENAS em

a) I e IV.

b) I e II.

c) III e IV.

d) II e III.

e) II e IV.

11 (FCC/AJAA-TRT 18.ª/2008) Quanto aos Princípios Fundamentais, é correto a$ rmar que a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais, dentre outros, pelo princípio da

a) exclusiva proteção dos bens jurídicos.

b) não cumulatividade.

c) prevalência dos direitos humanos.

d) uniformidade geográ/ ca.

e) reserva legal.

12 (FCC/TRE-SE/2007) Analise as a$ rmativas abaixo.

I. Construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

II. Garantia do desenvolvimento nacional.

III. Garantia dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

IV. Erradicação a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

V. Promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

De acordo com a Constituição Federal do Brasil de 1988, são considerados

objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil os indicados APENAS em:

a) I, II, III e IV.

b) I, II, IV e V.

c) I, III, IV e V.

d) II, III, IV e V.

e) I, III, IV e V.

13 (FCC/TRE-PB/2007) Quanto aos princípios que regem a República Federativa do Brasil é INCORRETO a$ rmar que:

a) são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

b) nas suas relações internacionais o Brasil rege-se, dentre outros, pelos princípios da intervenção e determinação dos povos.

c) todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição Federal.

d) o Brasil é formado pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático.

e) constituem objetivos fundamentais, dentre outros, garantir o desenvolvimento nacional.

14 (FCC/Defensor Público/2006 – Adaptada) A teoria dos checks and balances prevê que a cada função foi dado o poder para exercer um grau de con-trole direto sobre as outras, mediante a autorização para o exercício de uma parte, embora limitada, das outras funções (Certo/Errado).

15 (FCC/AJAJ-TRT3.ª/2005 – Adaptada) O princípio da independência e har-monia entre os Poderes $ gura entre os princípios constitucionais funda-mentais, tendo merecido um tratamento segundo o qual:

a) nenhum dos Poderes poderá exercer funções típicas dos demais.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz8888 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 89

b) a separação dos Poderes goza da garantia reforçada de ser uma cláusula pétrea da Constituição.

c) não será obrigatório que nenhum Poder preste contas de seus atos a outro dos Poderes.

d) a nomeação de membros de um dos Poderes não poderá depender da apro-vação de outro Poder.

16 (FEPESE/Analista da Procuradoria Geral de SC/2010 – Adaptada) Direitos sociais são típicos direitos fundamentais de primeira dimensão (Correto/Errado).

17 (FEPESE/Analista da Procuradoria Geral de SC/2010 – Adaptada) Sobre o Presidencialismo e Parlamentarismo, é possível dizer:

a) No Parlamentarismo concentram-se as che, as de Estado e de Governo.

b) No Presidencialismo separam-se as che, as de Estado e de Governo.

c) Chama-se Primeiro Ministro o chefe de Governo no Presidencialismo.

d) O chefe de Estado assume as funções governamentais no Parlamentarismo.

e) Enquanto que Monarquia é forma, Presidencialismo e Parlamentarismo são sistemas de governo.

18 (CESPE/SEJUS-ES/2009 – Adaptada) Na qualidade de chefe de Estado, o presidente da República exerce a liderança da política nacional por meio da orientação das decisões gerais e da direção da máquina administrativa (Correto/Errado).

19 (CESPE/SEJUS-ES/2009 – Adaptada) A CF adota o presidencialismo como forma de Estado, já que reconhece a junção das funções de chefe de Es-tado e chefe de governo na * gura do presidente da República (Correto/Errado).

20 (ESAF/AFC-CGU/2006 – Adaptada) O princípio republicano tem como ca-racterísticas essenciais: a eletividade, a temporariedade e a necessidade de prestação de contas pela administração pública (Correto/Errado).

21 (CESPE/PM-DF/2010) O poder constituinte decorrente é aquele cuja com-petência consiste em elaborar ou modi* car as constituições dos Estados-membros da Federação (Correto/Errado).

22 (CESPE/MEC/2009 – Adaptada) O Senado Federal possui 81 senadores, eleitos segundo o princípio majoritário para um mandato de oito anos, com renovação obrigatória de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços (Correto/Errado).

23 (CESPE/Polícia Civil – ES/2009 – Adaptada) Não se admite emenda consti-tucional que tenha por * m abolir direitos e garantias individuais (Correto/Errado).

24 (CESPE/ANAC/2009 – Adaptada) O STF compõe-se de doze ministros, es-colhidos entre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e de reputação ilibada (Correto/Errado).

25 (CESPE/OAB-SP exame n.º 136/2008 – Adaptada) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às leis complementares (Correto/Errado).

26 (CESPE/ Auditor – TCE-AC/2009) A CF prevê a hipótese de iniciativa popular, que pode ser exercida pela apresentação, à Câmara dos Deputados, de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 10% dos eleitores de qualquer estado da Federação (Correto/Errado).

27 (CESPE/TRE-MA/2009 – Adaptada) O sistema legislativo vigente é o uni-cameral, exatamente porque os projetos de lei, obrigatoriamente, têm de ser aprovados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em sessão conjunta, para que possam ser levados à sanção do presidente da Repú-blica (Correto/Errado).

28 (CESPE/TRE-MA/2009 – Adaptada) O vice-presidente é eleito juntamente com o presidente da República, pois os votos por ele recebidos se somam aos recebidos por seu companheiro de chapa, de* nindo-se assim o resul-tado da eleição (Correto/Errado).

29 (ESAF/SEFAZ-CE/2007 – Adaptada) No que se refere à origem, a Constituição Federal de 1988 é considerada outorgada, haja vista ser proveniente de um órgão constituinte composto de representantes eleitos pelo povo (Correto/Errado).

30 (ESAF/CGU/2008 – Adaptada) São órgãos do Poder Judiciário os Tribunais e Juízes Militares, inclusive o Tribunal Marítimo (Correto/Errado).

31 (ESAF/AFRF/2001 – Adaptada) Não há diferença hierárquica entre lei complementar e lei ordinária (Correto/Errado).

32 (ESAF/Analista-SUSEP/2010 – Adaptada) A Constituição Federal garante a inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, além de outros decorrentes do regime e dos princípios

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz9090 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 91

por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a República Fe-derativa do Brasil seja parte. Os direitos con" gurados nos incisos do art. 5 da Constituição não são, em verdade, concretização e desdobramento dos direitos genericamente previstos no caput (Correto/Errado).

33 (ESAF/APO-MPOG/2010 – Adaptada) A Comissão Parlamentar de Inquérito pode funcionar por prazo indeterminado desde que haja expressa deliberação colegiada sobre esse assunto, por maioria absoluta (Correto/Errado).

34 (CESGRANRIO/Advogado-Petrobras/2010) A Constituição Federal reco-nhece a condição de brasileiro naturalizado aos originários de países de língua portuguesa que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigindo, nesse caso, apenas

a) residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

b) residência há mais de quinze anos ininterruptos e ausência de condenação penal.

c) residência permanente no País e reciprocidade de tratamento em favor de brasileiros no país de origem.

d) residência na República Federativa do Brasil e opção expressa, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

e) prestação de serviço à República Federativa do Brasil e maioridade legal.

35 (FCC/Técnico– TCE-GO/2009) São brasileiros natos, nos termos da Cons-tituição, os:

a) nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu país.

b) nascidos no estrangeiro, 0 lhos de pais brasileiros, desde que ambos estejam a serviço da República Federativa do Brasil.

c) nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na Re-pública Federativa do Brasil e optem, a qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

d) que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

e) estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

36 (FCC/Analista – TRT-18.ª/2008) No que diz respeito à nacionalidade, é correto a" rmar que são considerados brasileiros naturalizados os:

a) estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há cinco anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

b) nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.

c) nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

d) que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

e) nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, antes de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

37 (FCC/TJAA – TRT 21a/2003) O rol dos direitos e garantias, contido no art. 5.º da Constituição Federal, é:

a) exempli0 cativo, porque não exclui outros, decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou de tratados internacionais com a participação do país.

b) exempli0 cativo, mas a ele só podem ser acrescidos os direitos e garantias decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados.

c) taxativo, porque sua interpretação deve ser restrita, visto que a atribuição de direitos e garantias deve ser feita expressamente e só a Constituição pode fazê-lo.

d) taxativo, porque não admite outros direitos ou garantias, sejam decorrentes do regime, sejam decorrentes dos princípios por ela adotados.

e) exempli0 cativo, mas a ele só podem ser acrescidos os direitos e garantias de-correntes de tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

38 (FCC/Técnico– TCE-GO/2009) Nos termos da Constituição, admite-se ex-cepcionalmente a entrada na casa de um indivíduo sem consentimento do morador

a) por determinação judicial, a qualquer hora.

b) em caso de desastre, somente no período diurno.

c) para prestar socorro, desde que a vítima seja criança ou adolescente.

d) em caso de 3 agrante delito, sem restrição de horário.

e) por determinação da autoridade policial, inclusive no período noturno.

39 (FCC/Técnico-TCE-GO/2009) Constituição proíbe a instituição de pena de:

a) morte, sem exceção

b) caráter perpétuo, salvo em caso de guerra declarada.

c) trabalhos forçados.

d) restrição de liberdade.

e) restrição de direitos.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz9292 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 93

40 (FCC/TJAA-TRT 7.ª/2009) Nos termos da Constituição Federal, não haverá pena de

a) banimento.

b) perda de bens.

c) suspensão de direitos.

d) prestação social alternativa.

e) multa.

41 (FCC/Técnico-TCE-GO/2009) Sempre que alguém sofrer ou se achar ame-açado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, será concedido

a) mandado de injunção.

b) habeas corpus.

c) habeas data.

d) ação popular.

e) mandado de segurança.

42 (FCC/Auxiliar TJ-PA/2009) Um cidadão pretende ter assegurado o conheci-mento de informações relativas à sua pessoa, constantes de registros de determinada entidade governamental. Para isso, a Constituição Federal garante a ele a impetração de

a) ação popular.

b) habeas corpus.

c) mandado de segurança.

d) mandado de injunção.

e) habeas data.

43 (FCC/Técnico-TRT 16.ª /2009) Nos Termos da Constituição Federal é garan-tido a aquele que se achar ameaçado de sofrer coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder e a qualquer cidadão que vise anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade, entre outros, respectivamente, o:

a) descumprimento de preceito fundamental e da ação penal pública.

b) mandado de segurança e da ação civil pública.

c) habeas corpus e da ação popular.

d) mandado de injunção e do habeas data.

e) habeas data e da ação de improbidade.

44 (CESGRANRIO/Advogado-Petrobras/2010) De acordo com a jurisprudência sedimentada dos Tribunais Superiores, o habeas data é uma ação cons-titucional:

a) de caráter criminal.

b) de conteúdo e rito ordinário, com ampla dilação probatória.

c) cujo manejo é vedado à mera reti& cação de dados pessoais.

d) que exige prova do prévio requerimento administrativo das informações preten-

didas, evidenciando a negativa ou a omissão da Administração em atendê-lo.

e) que pode ser manejada para postular informações pessoais de terceiros, ainda

vivos, constantes de registros ou bancos de dados de entidades públicas.

45 (FUNIVERSA/Advogado-ADASA/2009 – Adaptada) Todo brasileiro pode usar a ação popular (Correto/Errado).

46 (CESPE/Analista ANATEL/2009) Qualquer cidadão poderá impetrar habeas data no Poder Judiciário para assegurar o conhecimento de informações relativas à sua pessoa disponíveis na Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), independentemente de ter formulado o pedido diretamente na agência.

47 (FCC/Assessor Jurídico – TCE-PI/2009) Ao disciplinar os remédios cons-titucionais como instrumentos assecuratórios da proteção de direitos fundamentais, estabelece a Constituição Federal que:

a) o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político

com representação no Congresso Nacional, organização sindical e cidadãos

com interesse jurídico na defesa da causa.

b) o mandado de segurança pode ser utilizado quando a falta de norma regu-

lamentadora inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e

das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

c) qualquer cidadão é parte legítima para propor ação civil pública que vise a

anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado parti-

cipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico

e cultural.

d) o habeas data é o remédio constitucional adequado para a reti& cação de

dados, quando não se pre& ra fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou admi-

nistrativo.

e) a ação popular e o habeas corpus podem ser ajuizados por qualquer indivíduo,

em defesa dos direitos fundamentais que esses instrumentos se destinam a

tutelar, & cando o autor isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

48 (FEPESE/AL-SC/2010 – Adaptada) As “leis complementares” e as “emendas à Constituição” serão aprovadas, respectivamente:

a) por maioria simples e três quintos.

b) por maioria simples e dois terços.

c) por maioria simples e maioria absoluta.

d) por maioria absoluta e três quintos.

e) por maioria absoluta e dois terços.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz9494 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 95

49 (FCC/Técnico-TJ-PI/2009) O processo legislativo NÃO compreende a ela-boração de:

a) medidas provisórias.

b) leis complementares.

c) leis delegadas.

d) portarias.

e) resoluções.

50 (CETRO/Analista-TRT-SC/2008) Relativamente ao processo legislativo, como tal previsto na Constituição Federal, tem-se que:

a) a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação ao Senado Federal de projeto de lei subscrito por, no mínimo, dois por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados.

b) a discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da Repú-blica, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início no Senado Federal.

c) as leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

d) em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de decreto-lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

e) o projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em dois turnos de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS:

1. Correto 2. Correto 3. Correto 4. Errado 5. Errado

6. Errado 7. Correto 8. E 9. B 10. B

11. C 12. B 13. B 14. Correto 15. B

16. Errado 17. E 18. Errado 19. Errado 20. Correto

21. Correto 22. Correto 23. Correto 24. Errado 25. Errado

26. Errado 27. Errado 28. Errado 29. Errado 30. Errado

31. Correto 32. Errado 33. Errado 34. A 35. C

36. D 37. A 38. D 39. C 40. A

41. B 42. E 43. C 44. D 45. Errado

46. Errado 47. D 48. D 49. D 50. C

Comentários:

1. Correto. Vimos que povo é diferente de população. Enquanto aquele é forma-do somente pelos nacionais de um país, a população é formada por qualquer pessoa que esteja no território.

2. Correto. O território é um dos elementos do Estado, o limite para o exercício da soberania.

3. Correto. São os 3 elementos que a doutrina dominante aceita como s endo os constitutivos do Estado, embora alguns ainda venham a elencar um quarto elemento: a 6 nalidade, que é a busca do bem comum.

4. Errado. Os tradicionais elementos seriam povo, território e governo (ou sobe-rania).

5. Errado. As federações são indissolúveis, já que seus Estados são despidos de soberania, mas as confederações podem ser dissolvidas, pois seus Estados são soberanos.

6. Errado. Os entes no Brasil são todos autônomos, segundo o art. 18 da Consti-tuição. A soberania está nas mãos apenas da pessoa da República Federativa do Brasil.

7. Correto. No Estado unitário existe somente um poder central responsável pelas políticas, e principalmente pelas atribuições legislativas. Isso não ocorre na federação, que reconhece outras entidades internas dotadas de ampla auto-nomia.

8. Letra E. Descobrimos isso pela literalidade do art. 1.º da Constituição.

9. Letra B é a opção correta. A questão pede qualquer princípio que esteja nos arts. 1.º a 4.º da Constituição Federal. Vejamos:

Letra A – Não existe isso... conscrito é aquela pessoa que está no serviço militar obrigatório.

Letra B – Correto. Art. 3.º, III.

Letra C – Errado. O pluralismo não é vedado, mas garantido.

Letra D – O correto seria “independência”.

Letra E – Errado. O Brasil deve buscar esta integração (CF, art. 4.º, parágrafo único).

10. Letra B é a opção correta. Vejamos:

I – Errado. A união é indissolúvel.

II – Errado. Eles são independentes.

III – Correto. CF, art. 2.º.

IV – Correto. CF, art. 4.º, XI.

11. Letra C. Essa questão pede exclusivamente os princípios do art. 4.º. O único correto é a letra C, segundo o art. 4.º, II.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz9696 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 97

12. Letra B. Os objetivos fundamentais são os do art. 3.º, temos que analisar a questão pensando somente no que está nele. Vejamos:

I – Correto. CF, art. 3.º, I.

II – Correto. CF, art. 3.º, II.

III – Errado. Esses são fundamentos, presentes no art. 1.º, não são objetivos fundamentais.

IV – Correto. CF, art. 3.º, III.

V – Correto. CF, art. 3.º, IV.

13. Letra B é a resposta. Vejamos:

Letra A – Correto. CF, art. 2.º.

Letra B – Errado. O correto seria “não intervenção” e “autodeterminação dos povos”.

Letra C – Correto. CF, art. 1.º, parágrafo único.

Letra D – Correto. CF, art. 1.º.

Letra E – Correto. CF, art. 3.º, II.

14. Correto. Cheks and balances são os freios e contrapesos, é o sistema que decorre da “independência e harmonia” entre os Poderes, em que um vai sempre agir de forma a evitar o exercício arbitrário por parte de outro.

15. Letra B é a correta, já que:

Letra A – Errado. Existe essa possibilidade para que um exerça a típica de outro, sendo assim considerada uma função atípica.

Letra B – Correto. Ela está naquela relação que vimos do art. 60, § 4.º, da Cons-tituição, que não pode ser abolida por emenda constitucional.

Letra C – Errado. Existe esse controle de um Poder sobre o outro.

Letra D – Errado. Existem casos em que o Senado deve aprovar a nomeação feita pelo Presidente. Exemplo: Procurador-Geral da República, Presidente do Banco Central, Ministros do STF etc.

16. Errado. Eles são de segunda dimensão. Veja um quadro esquemático:

Dimensão Direitos

1.ª Liberdade:

Direitos civis e políticos

2.ª Igualdade:

Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.

3.ª Solidariedade (fraternidade):

Direitos coletivos e difusos.

17. Letra E é a resposta, já que:

Letra A – Errado. A concentração da che5 a de Estado e che5 a de Governo ocorre no Presidencialismo.

Letra B – Errado. A separação ocorre no Parlamentarismo, no Presidencialismo ocorre uma concentração.

Letra C – Errado. No Presidencialismo, o chefe de Governo é o Presidente, no Parlamentarismo é que será o Primeiro Ministro.

Letra D – Errado. Isso ocorre no Presidencialismo, já que o chefe de Estado é também o chefe de Governo.

Letra E – Correto. Veja o quadro esquemático:

Forma de Estado: Federação

Forma de Governo: República

Regime de Governo ou Político: Democracia (mista ou semidireta)

Sistema de Governo: Presidencialismo

18. Errado. Assim o faz, atuando como chefe de governo. A atuação como chefe de Estado se refere às suas manifestações no âmbito internacional.

19. Errado. A forma de Estado é a federação. O Presidencialismo seria o sistema de governo brasileiro.

20. Correto. A palavra “república” vem de res publica = coisa pública. Assim, se a coisa é pública, é justo que se fale em eleição para escolha dos governantes, mandato temporário e transparência na gestão.

21. Correto. O Poder Constituinte Derivado Decorrente é típico das federações. É o poder que deriva do originário permitindo que os Estados-membros elaborem a sua Constituição Estadual e, consequentemente, também a modifiquem.

22. Correto. Trata-se da disposição encontrada no art. 46 da Constituição, combi-nado com os seus §§ 1.º e 2.º: O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 Senadores, com mandato de 8 anos. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de 4 em 4 anos, alternadamente, por um e dois terços.

23. Correto. Os direitos e garantias individuais estão gravados como cláusulas pé-treas pelo art. 60, § 4.º, da Constituição, não podendo ter sua e5 cácia reduzida por meio de emenda constitucional.

24. Errado. O STF se forma por 11 ministros.

25. Errado. Eles serão equivalentes às emendas constitucionais.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz9898 Cap. 14 – EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA FIXAÇÃO 99

26. Errado. A iniciativa popular (que na esfera federal está disposta no art. 61, § 2.º) será feita por meio de proposta à Câmara dos Deputados e subscrito por, no mínimo:

– 1% do eleitorado nacional;

– de pelo menos 5 Estados; e

– com ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles.

27. Errado. Nosso sistema legislativo na esfera federal é bicameral, e não unicameral, justamente por possuirmos duas casas legislativas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.

28. Errado. O Vice-Presidente realmente é eleito junto com o Presidente, mas não há o que se falar em somatório dos votos recebidos, pois o Vice-Presidente não pode ser votado. A votação ocorre tão somente para o cargo de Presidente e o vice só é eleito caso o candidato para a presidência ao qual esteja vinculado ganhe as eleições.

29. Errado. A Constituição de 1988 é promulgada. As cartas outorgadas são as impostas unilateralmente pelos governantes.

30. Errado. O tribunal marítimo não está elencado no art. 92 como um órgão do Poder Judiciário.

31. Correto. Ambas estão no mesmo patamar, sendo consideradas normas infra-constitucionais.

32. Errado. O caput do art. 5.º traz os 5 direitos individuais básicos: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Estes direitos se desdobram em vários outros ao longo dos diversos incisos do art. 5.º. Por exemplo: o direito à pro-priedade se desdobra em direito de propriedade industrial, direitos autorais, inviolabilidade de domicílio, não desapropriação, salvo nos casos previstos no texto constitucional etc.

33. Errado. As CPIs são comissões criadas para funcionar necessariamente por prazo determinado. São comissões temporárias.

34. Letra A. Segundo o art.12, II, a, da Constituição Federal.

35. Letra C é a correta. Vamos analisar cada assertiva:

Letra A – Contraria o art. 12, I, a. Se os pais estiverem a serviço de seu país, não será nato.

Letra B – Errado. Ao falar “desde que ambos”, a questão exagerou, basta um deles.

Letra C – Correto. É a alínea c do art. 12, I, com redação dada pela EC 54/07.

Letras D e E – São hipóteses de naturalização, e a questão quer somente os “natos”.

36. Letra D é a correta. Vamos analisar cada assertiva:

Letra A – Errado. Precisaria de 15 anos e não de 5 anos.

Letra B – Errado. Esses seriam natos.

Letra C – Errado. Esses também seriam natos.

Letra D – Correto.

Letra E – Errado. A questão erra, pois colocou “antes de atingida a maioridade”, o que não dá direito de optar e, mesmo assim, seria caso de ser nato e não naturalizado.

37. Letra A. A relação não é taxativa, mas um rol aberto, exempli? cativo, já que a própria Constituição estabelece em seu art. 5.º, § 2.º, que os direitos e garan-tias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos trata dos internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

38. Letra D é a correta. Vejamos:

Letra A – Errado. Pois não é a qualquer hora, mas somente durante o dia.

Letra B – Errado. Neste caso, pode ser a qualquer horário.

Letra B – Errado. Não existem tais condições. A vítima pode ser qualquer pessoa.

Letra D – Correto. Vimos isso na questão anterior.

Letra E – Errado. Totalmente equivocada, conforme vimos na questão anterior.

39. Letra C é a resposta, já que:

Letra A – Errada. Existe a exceção da guerra externa declarada.

Letra B – Errada. A exceção da guerra é para a pena de morte e não para a pena perpétua.

Letra C – Correto.

Letras D e E – Estas podem existir, de acordo com a Constituição, em seu art. 5.º, XLVI.

40. Letra A é a resposta, nos termos da Constituição, em seu art. 5.º, XLVII.

41. Letra B (CF, art. 5.º, LXVIII).

42. Letra E (CF, art. 5.º, LXXII).

43. Letra C (CF, art. 5.º, LXVIII e LXXIII).

44. Letra D. Conforme vimos, o habeas data só será aceito se antes houver um prévio pedido administrativo e este pedido for negado ou então ter a admi-nistração permanecido inerte em atendê-lo, sendo uma exceção ao princípio da inafastabilidade do Judiciário.

45. Errado. Somente o cidadão, ou seja, o brasileiro capaz de gozar seus direitos políticos.

46. Errado. Mais uma vez, o habeas data só será aceito se antes houver um prévio pedido administrativo e este pedido for negado ou então ter a administração permanecido inerte em atendê-lo.

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz100100

47. Letra D. Trata-se de uma segunda possibilidade para o uso do habeas data.

48. Letra D. Sãos os requisitos que a Constituição exige nos arts. 69 e 60, § 2.º, respectivamente.

49. Letra D. A questão se refere ao art. 59 da Constituição Federal, que diz que o processo legislativo compreende a elaboração de:

I – emendas à Constituição;

II – leis complementares;

III – leis ordinárias;

IV – leis delegadas;

V – medidas provisórias;

VI – decretos legislativos;

VII – resoluções.

As portarias não são leis formais oriundas do processo legislativo, são normas infralegais, de hierarquia abaixo das leis.

50. Letra C é a resposta, mas vejamos cada assertiva:

Letra A – Errada. A iniciativa popular se dá com a apresentação da proposta à Câmara dos Deputados e não ao Senado, e o projeto será subscrito por, no mínimo:

– 1% do eleitorado nacional;

– de pelo menos 5 Estados; e

– com ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles.

Letra B – Errada. Só se tem início no Senado a votação de projetos que são de iniciativa de senadores ou comissão parlamentar de senadores. A regra é que os projetos são propostos na Câmara dos Deputados, o Senado é exceção, atuando na maioria das vezes como Casa revisora.

Letra C – Correto. Lembrando que a delegação do Congresso é feita por meio de uma “resolução”.

Letra D – Errada. O erro foi dizer que as medidas provisórias teriam força de “decreto-lei”, quando na verdade seria força de “lei”.

Letra E – Errada. A apreciação do projeto pela Casa revisora é feita em apenas um único turno de discussão.

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• Acórdão: Decisão sobre julgamento que foi tomada coletivamente pelos juízes que compõem os tribunais.

• Aditamento: Acréscimo, ampliação, adição.

• Agravo: Recurso interposto contra as chamadas decisões inter-locutórias, ou seja, aquelas que não decidem a causa, decisões tomadas pelo juiz entre as manifestações das partes ou contra despacho.

• Apelação: Recurso interposto contra decisão de primeira instân-cia para o tribunal de segunda instância, a decisão recorrida em apelação deve ser terminativa (extingue o processo sem resolver a o mérito da causa) ou defi nitiva (extingue o processo, resolvendo o mérito da causa). O objetivo é tentar que se mude, totalmente ou parcialmente, a decisão tomada.

• Autos: Conjunto ordenado das peças (documentos, petições etc.) de um processo.

• Avocar: É o contrário de delegar, ou seja, é chamar para si.

• Coisa julgada: Qualidade que a sentença adquire de ser defi ni-tiva, de não caber mais recurso. A coisa julgada ocorre quando se dá o chamado “trânsito em julgado”.

• Decisão colegiada: Decisão proferida por uma coletividade (co-légio) de julgadores.

• Decisão monocrática: Decisão proferida por um único juiz.

• De ofício: Ato realizado por iniciativa do próprio funcionário, em ação do seu ofício.

• De jure: De direito.

Capítulo 15TERMOS COMUMENTE

USADOS NO DIREITO

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz102102 Cap. 15 – TERMOS COMUMENTE USADOS NO DIREITO 103

• Delegar: Transferir o poder de fazer algo para outra pessoa.

• Derrogar: Revogar (retirar a vigência) parcialmente uma norma; a revogação pode ser total – “ab-rogação”, ou parcial – “derro-gação”.

• Dilação probatória: Prazo concedido para que se produzam provas ou se executem diligências necessárias para comprovação dos fatos alegados.

• Efeito erga omnes: Efeito aplicável a todos.

• Efeito inter partes: Efeito aplicável somente às partes que estão brigando em juízo.

• Efeito suspensivo: Efeito que possuem os recursos ou algumas medidas de suspender a aplicação de algo enquanto o recurso, ou tais medidas, não forem julgados.

• Ementa: Sumário ou resumo de um texto de lei ou de uma decisão judicial que vem destacada no início.

• Ex offi cio: De ofício.

• Juiz leigo: Pessoa escolhida, de preferência entre advogados, para auxiliar o juiz togado no Juizado Especial Cível.

• Juizados Especiais Cíveis e Criminais: Juizados especiais criados para o julgamento e execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo.

• Juiz togado: Bacharel em direito que exerce magistratura judicial; que usa toga.

• Liminar: Decisão de emergência concedida provisoriamente pelo julgador a fi m de se evitarem danos irreparáveis.

• Preclusão: Perda da faculdade de executar determinado ato processual, em razão da inércia da parte que deveria fazê-lo no prazo legal.

• Relator: Membro de um tribunal a quem foi distribuído um feito, cabendo-lhe estudar o caso em suas minúcias e explicá-lo em relatório.

• Súmula: Verbete publicado para uniformização de jurisprudência, indica a compilação de uma série de decisões de um mesmo tribunal, para que se adote idêntica interpretação para algum preceito jurídico em tese. Ela não tem caráter obrigatório, mas fortalece uma conduta.

• Súmula Vinculante: Espécie de súmula, exclusiva do STF, criada pela EC 45/04, que inseriu o art. 103-A na Constituição Federal. Para serem publicadas, precisam do voto de 2/3 dos membros do Supremo. Estas possuem caráter obrigatório perante os de-mais órgãos do Judiciário e perante os órgãos da Administração Pública, sejam da esfera federal, estadual ou municipal.

• Voto de qualidade: Voto de desempate.

• Writ: (Mandado) Ordem escrita. Aplica-se geralmente ao mandado de segurança e ao habeas corpus.

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• Ab initio: desde o começo;

• Abolitio criminis: abolição do crime;

• Ad hoc: específi co, temporário, “para isto” (tribunal ad hoc= tribunal criado excepcionalmente para um julgamento espe-cífi co);

• Ad nutum: condição unilateral de revogação ou anulação de ato, geralmente usado para a nomeação de pessoas para cargos de livre escolha da autoridade nomeante, como os Ministros de Estado.

• Ad quem: fi nal, ou de destino;

• A quo: inicial, ou de origem;

• Bis in idem: incidência duas vezes sobre a mesma coisa, ge-ralmente no direito tributário se referindo à dupla incidência de tributos;

• Caput: cabeça, parte inicial de artigo ou documento;

• Causa mortis: por causa da morte;

• Citra petita: aquém do pedido;

• Data permissa: com a devida permissão;

• Data venia: com devido consentimento; com devido respeito;

• De cujus: morto, falecido;

• Exequatur: execute-se; cumpra-se;

Capítulo 16TERMOS LATINOS JURÍDICOS

COMUMENTE USADOS

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Vou ter que estudar DIREITO CONSTITUCIONAL! E Agora? – Vítor Cruz106106 Cap. 16 – TERMOS LATINOS JURÍDICOS COMUMENTE USADOS 107

• Ex lege: de acordo com a lei (custas ex lege = custas legais);

• Ex nunc: que não retroage;

• Ex offi cio: de ofício;

• Extra petita: fora do pedido;

• Ex tunc: que retroage;

• Fumus boni iuris: fumaça do bom direito. É um dos requisitos – juntamente com o periculum in mora – para que se conceda uma liminar, ou seja, precisa-se de uma fumaça do bom direito, um direito aparentemente plausível;

• In dubio pro reo: em dúvida, a favor do réu;

• In verbis: textualmente;

• Ipsis literis: pelas mesmas palavras;

• Ipso facto: pelo mesmo fato;

• Iter criminis: itinerário do crime;

• Iuris et de iure: de direito e por direito (presunção absoluta, que não admite prova em contrário);

• Iuris tantum: relativa, admite prova em contrário;

• Lato sensu: sentido amplo;

• Numerus clausus: relação taxativa, exaustiva;

• Numerus apertus: relação não taxativa, aberta, exemplifi cativa;

• Periculum in mora: Perigo da demora é um dos requisitos – juntamente com o fumus boni iuris – para se conceder uma liminar, ou seja, o perigo de que a demora da sentença venha causar danos irreparáveis;

• Reformatio in melius: reforma para melhor (sentença);

• Reformatio in pejus: reforma para pior (sentença);

• Sine die: sem data;

• Sine iure: sem direito;

• Sine qua non: sem a qual não (condição sine qua non = con-dição necessária);

• Status quo: estado inicial;

• Stricto sensu: entendimento estrito;

• Sub judice: sob julgamento;

• Ultra petita: além do pedido.

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