livro educacao ambiental nova iguacu

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Ncleo Interdisciplinar de Meio Ambiente

Prefeitura Municipal de Nova Iguau Secretaria de Meio Ambiente

NIMANcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente

Educao Ambiental

nova

Formao de valores tico-ambientais para o exerccio da cidadania no municpio de

iguauRio de Janeiro

8

Apresentao Padre Josaf Carlos de Siqueira S. J. Introduo Informaes gerais sobre o municpio de Nova Iguau

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trabalhos de campo22 24 26 28 30 32

Centro de Tratamento de Resduos CTR Rio DOuro Guandu Mirante do Cruzeiro Parque Municipal de Noca Iguau Assentamento Rural de Campo Alegre

aulas34 36 37 38 39 40

28 de Maro 04 de Abril 18 de Abril 09 de Maio 16 de Maio 23 de Maio 30 de Maio 06 de Junho

mapas44 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62

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Introduo Bairros do municpio de Nova Iguau Unidades Regionais de Governo URG Uso do Solo e Cobertura Vegetal de Nova Iguau Zonas Rurais do municpio de Nova Iguau Saneamento do municpio de Nova Iguau Vias de Circulao do municpio de Nova Iguau Unidades de Conservao do municpio de Nova Iguau Hidrografia do municpio de Nova Iguau Hipsomtrico do municpio de Nova Iguau Litologia do municpio de Nova Iguau Solos do municpio de Nova Iguau Geomorfologia do municpio de Nova Iguau Geoambiental do municpio de Nova Iguau

artigos63

Algumas reflexes para ajudar a entender a produo desigual do espao urbano em Nova Iguau Alvaro Ferreira Gesto Pblica para os Resduos slidos de Nova Iguau: contradies e perspectivas para as sustentabilidades na Baixada Fluminense Adlia Santos Arajo, Augusto Csar Pinheiro da Silva Sistema Nacional de Unidades de Conservao Flavio Moreno Fernandes Relaes entre seres humanos e natureza no cotidiano escolar: enfrentando o desafio de desconstruir a cultura antropocntrica La Tiriba Conectando cidades e florestas: o caso do municpio de Nova Iguau Rita de Cssia Martins Montezuma, Elisa Sesana, Henrique F. Togashi, Marcelo Campos, Jacqueline Carlile, Luiz Felipe G. Rego Trabalhando a Histria Ambiental em uma floresta urbana: o Parque Municipal de Nova Iguau Rogrio Ribeiro de Oliveira, Paula Alves Duarte, Ines A. de Freitas Histrico, finalidades, objetivos e princpios da educao ambiental Roosevelt Fideles de Souza A atividade de catao de lixo e o mercado informal: meio de vida ou a nica fonte de sobrevivncia dos catadores Valria Pereira Direito Ambiental: origens, desenvolvimento e objetivos Fernando Cavalcanti Walcacer Virgnia Totti Guimares Nova Iguau: queremos uma outra Cidade? Um outro Municpio? Regina Clia de Mattos

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1$0

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encerramento193 195 196

Professores da Rede Municipal de Nova Iguau Apresentaes Exposies de trabalhos

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Crditos

No mundo globalizado, onde os valores das sociedades locais no so muitas vezes conhecidos e explicitados, existe o perigo do enfraquecimento do ethos cultural, geogrfico e ambiental da realidade histrica de um municpio. Nesse sentido, todos os estudos feitos sobre os valores socioambientais de um territrio municipalizado so importantes para afirmar a identidade e especificidade daquele local. A PUC-Rio uma Universidade que mantm uma abertura para os problemas de carter mais global e, simultaneamente, valoriza e apia s iniciativas de estudos e pesquisas no mbito local, procurando integrar o pblico com o privado, como tambm o ensino superior com o ensino mdio e fundamental. As parcerias entre PUC-Rio, Petrobras e a Prefeitura Municipal de Nova Iguau, na formao de valores tico-ambientais para o exerccio da cidadania, tm como finalidade a construo de conhecimentos a partir da realidade local, com objetivo de devolv-los aos agentes multiplicadores da educao ambiental nas escolas pblicas e privadas do municpio. Nessa perspectiva, a equipe do Ncleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio, coordenada pelo Prof. Luis Felipe Guanaes Rego e demais professores dos Departamentos de Geografia, Direito, Servio Social e Educao, assumiram a misso de estudar, conhecer e oferecer ao Municpio de Nova Iguau, estudos socioambientais que possam subsidiar os processos de construo da sustentabilidade local. Os contedos dos artigos que integram o presente livro, foram precedidos de observaes de campo feitas pelos professores da PUC-Rio, enriquecidos por pesquisas bibliogrficas e, posteriormente, elaborados em forma de uma reflexo sistematizada, acessvel aos professores do municpio. Depois da introduo feita pelos jovens gegrafos, Marcelo Luiz Guedes Fonseca e Roosevelt Fidelis de Souza, o livro nos apresenta as fotografias das reas de relevncia ambiental do Municpio, acompanhadas de uma srie de mapas sobre geomorfologia, solos, hidrografia, litologia, rea urbana, unidades de conservao, rodovias, unidade regional do governo, hipsometria, uso do solo e

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Apresentao

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cobertura vegetal. Certamente esses diferentes mapas contribuiro para a gesto territorial e futuros estudos em reas especficas. No que diz respeito aos artigos que integram o livro, o ponto de partida dado pelo Prof. lvaro Ferreira, que procura fazer uma breve e lcida reflexo para nos ajudar a entender a complexidade da produo desigual do espao urbano de Nova Iguau, destacando a importncia do dilogo entre populao, saber profissional e deciso participativa. Preocupados com as contradies e perspectivas para as sustentabilidades na baixada fluminense, os professores Adlia Santos Arajo e Augusto Csar Pinheiro da Silva, elaboraram uma rica contribuio sobre a gesto pblica para os resduos slidos de Nova Iguau. Participando nos ltimos anos da administrao municipal na rea ambiental, o gegrafo Flavio Moreno Fernandes nos fala sobre o sistema nacional de unidades de conservao e seus desdobramentos no territrio local. Dedicada aos estudos e s prxis da educao ambiental, a professora La Tiriba procura nos mostrar as relaes entre seres humanos e natureza no cotidiano escolar e a importncia do resgate de uma cosmoviso mais integrada com a natureza e menos antropocntrica. Pela importncia em conectar a cidade com as florestas existentes, os professores Rita de Cssia Montezuma, Elisa Sesano, Henrique Togashi, Marcelo Campos, Jaqueline Carlile e Luiz Felipe G. Rego, realizaram um importante estudo das paisagens florestais de Nova Iguau, contribuio fundamental para o planejamento socioambiental do Municpio. Pela relevncia atual dos estudos voltados para a histria ambiental, os professores Rogrio Ribeiro de Oliveira, Paula Alves Duarte e Ins Aguiar de Freitas fizeram uma pesquisa no Parque Municipal Natural de Nova Iguau, revelando a sua profunda relao com as diferentes culturas que ali viveram. Os resultados e dados existentes so de grande importncia para os processos atuais de educao ambiental, onde a paisagem est relacionada com as culturas, os mitos, as religies, as cincias e os valores ticos.

Sendo o objetivo principal do projeto, a formao de valores para o exerccio da cidadania, sempre bom lembrar os aspectos histricos, finalidades e princpios da educao ambiental, tema esse trabalhado pelo professor Roosevelt Fidelis de Souza. Como a problemtica do lixo uma questo candente na sociedade moderna, a professora Valria Pereira procura abordar, no presente artigo, as questes relacionadas com as atividades de catao do lixo e o mercado informal, ora como meio de vida, ora como nica fonte de sobrevivncia dos catadores pobres. Tendo em vista que os problemas e solues socioambientais atuais so enfrentados com o apoio das leis, os professores Fernando C.Walcacer e Virginia T.Guimares nos falam sobre as origens, desenvolvimento e objetivos do direito ambiental, oferecendo-nos subsdios sobre licenciamentos e estudos ambientais em escala nacional, regional e local. Para concluir o elenco de artigos do presente livro, a professora Regina Clia de Mattos nos lembra o paradoxo do Municpio onde existe, por um lado, uma preocupao com a regulao e segurana das unidades de conservao, que ocupam mais de 50% do territrio local e, por outro, a realidade de muitos de seus habitantes, que vivem socialmente espremidos em espaos territoriais limitados, na esperana de aes que assegurem suas vidas. A autora levanta uma questo mais profunda que norteia o ttulo e a concluso de sua reflexo, a saber: Queremos para Nova Iguau uma outra cidade ou um outro municpio? A Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, ao completar esse ano de 2010 os seus 70 anos de histria, aproveita a oportunidade para expressar os sinceros agradecimentos ao Nima, a Petrobras e a Prefeitura Municipal de Nova Iguau por esta parceria to fecunda, em prol da sustentabilidade socioambiental desse territrio municipal to rico em valores e significados para o Estado do Rio de Janeiro. Pe. Josaf Carlos de Siqueira SJ Reitor da PUC-Rio

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A temtica preservao do Meio Ambiente e a preocupao com a melhoria da qualidade de vida tornou-se algo cotidiano nos dias atuais e a Educao Ambiental se apresenta como um campo de estudo preocupado com a formao de pessoas conscientes do planeta em que vivem. Ao se trabalhar a Educao Ambiental, no tratamos apenas do Meio Ambiente, mas abordamos as complexas relaes de interdependncia entre os diversos elementos da natureza, da qual fazemos parte e somos capazes de conhecer e transformar. Ns no nos relacionamos com a natureza apenas como indivduos, mas, principalmente, por meio do trabalho e de outras prticas sociais e, portanto, as relaes de todos ns com a natureza possuem dimenses econmicas, polticas e ticas. Desta forma, atualmente, quando trabalhamos temas do Meio Ambiente, significa que precisamos tratar de questes sociais complexas como, por exemplo, baixos ndices de desenvolvimento, pobreza e a falta saneamento bsico. Ao longo de nossa histria humana, ns temos expressado uma admirao pela natureza que nos rodeia e nas ltimas dcadas uma crescente preocupao em proteg-la. Observamos que atualmente uma srie de questes relacionadas com as diversas formas de degradao do Meio Ambiente, vem motivando e despertando boas parcelas da populao a um estado de alerta, no que diz respeito problemtica ambiental. Sabemos que a educao o meio mais eficaz que a sociedade possui para enfrentar os problemas do presente e do futuro e, de fato, a educao moldar o mundo de amanh. A educao deve ser parte vital de todos os esforos que se faam para imaginar e criar novas relaes entre as pessoas e promover um maior respeito pelas necessidades do Meio Ambiente. Por isso trabalhamos a Educao Ambiental em seu aspecto no formal, pois a educao no deve ser relacionada apenas com a escolaridade ou o ensino formal, porque tambm compreende modos de instruo no-formais, incluindo o aprendizado tradicional que se adquire no lar, no seu ambiente. E atravs da educao transmitimos um maior grau de conscincia e sensibilidade, explorando novas vises e conceitos e inventando novas tcnicas e instrumentos. Percebemos que a Educao Ambiental, para se consolidar, precisa de aes prticas e tericas que comprovem a viabilidade de sua proposta em todos os nveis sociais, como um processo crtico de formao, que faa com que as futuras geraes tenham capacidade de exercer sua cidadania. . Por isso, percebemos que os valores ticos so o agente mais eficaz para a mudana e a transformao da sociedade. Valores ticos como a eqidade, so adquiridos pela educao, no sentido mais amplo do termo. A educao tambm essencial para que as pessoas possam usar seus valores a servio de opes conscientes e ticas. Quando trabalhos com professores do ensino infantil, fundamental e mdio, na

Introduo

transmisso de novos valores tico-ambientais, imaginamos que estamos incrementando a capacidade dessas pessoas de transformar suas idias sobre a sociedade em realidades funcionais, e que sem um fundamento moral e tico, dificilmente um novo modelo de sustentabilidade se tornar realidade. O objetivo maior da Educao Ambiental a do repensar o estilo de vida do homem, a necessidade de se formar uma ampla conscincia crtica das relaes na natureza onde nos inserimos, dentro de uma proposta poltico-social-filosfica de mudana global da sociedade e sua estrutura. A metodologia de ao deste projeto delineou-se a partir da diretriz que vem sendo traada desde experincias anteriores em outros municpios. O Ncleo Interdisciplinar de Meio Ambiente, confiando na sensao de dever cumprido atravs da troca de informaes e experincias, que suas variveis esto certamente se desdobrando em novas diretrizes, que vo orientar novas aes na multiplicao de valores tico-ambientais para o exerccio da cidadania no Municpio de Nova Iguau. Essa troca veio se estabelecendo desde o primeiro contato da nossa equipe com a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de Educao do municpio, atravs dos trabalhos de campo, onde foram revelados aspectos socioambientais presentes na realidade cotidiana de Nova Iguau. Desta forma, a proposta do projeto Educao ambiental: Formao de valores tico-ambientais, promovido pelo Departamento de Geografia e pelo NIMA/ PUC-Rio teve como principais objetivos: Fornecer uma ampla fonte de conhecimentos ambientais sobre o municpio de Nova Iguau, construda atravs de um diagnstico produzido pela equipe do Departamento de Geografia e do NIMA/PUC-Rio, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de Educao do municpio. Investir na formao de agentes multiplicadores da educao ambiental que transmitiro valores tico-ambientais, capacitando e promovendo lideranas educacionais/comunitrias. Organizar contedos, mtodos e roteiros didticos, pautados pelos resultados do diagnstico ambiental, disponibilizando os dados atravs de uma home page especfica para o projeto. Produzir um livro que transforme o diagnstico realizado em ferramenta didtica e ser utilizada por toda rede de ensino do municpio perpetuando a troca inicial de informaes. Produzir um vdeo que relate o desenvolvimento e as concluses do projeto e que tambm sirva como material didtico e de divulgao da experincia realizada.

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- Propiciar atividades de campo em ecossistemas locais, integrados Agenda 21 local e s perspectivas do desenvolvimento sustentvel nos municpios. - Promover atividades eco-culturais (poesias, teatros, pinturas, etc) junto aos estudantes com exposio dos melhores trabalhos, motivando o desenvolvimento de suas aptides pessoais e os integrando comunidade local. Neste sentido, o projeto de Educao Ambiental: formao de valores tico-ambientais para o exerccio da cidadania no Municpio de Nova Iguau configurou-se como excelente forma de colocar em prtica iniciativas, que visem sustentabilidade. Atravs da capacitao de lideranas comunitrias, professores e alunos da rede pblica como agentes multiplicadores em comunidades locais, objetivou-se uma ampliao do exerccio consciente e responsvel da cidadania, levando a uma melhoria efetiva na qualidade de vida da populao. O projeto, que contou com a participao das secretarias municipais de educao e meio ambiente, capacitou professores da rede publica municipal e estadual, e contemplar as escolas envolvidas com este livro, que alm do contedo didtico trabalhado nas aulas de capacitao, apresenta um diagnstico scio-ambiental do municpio. O diagnstico efetuou-se basicamente atravs de trabalhos de campo com a presena de toda a equipe e representantes da Secretarias de Meio Ambiente e de Educao do municpio. Em ambos os trabalhos utilizamos o Sistema de Informaes Geogrficas (SIG), potencializando a troca de informaes e experincias, bem como o contedo didtico e terico das aulas de capacitao elaborada pelos professores do Departamento de Geografia, em associao com o Ncleo Interdisciplinar de Meio Ambiente - NIMA da PUC-Rio. Ao longo do desenvolvimento do projeto tambm foi produzido um vdeo relatando todas as etapas realizadas e que servir como material didtico e de divulgao. A produo destes materiais importante para a perpetuao do projeto dentro e fora das escolas, servindo como ferramentas na multiplicao dos valores tico-ambientais para o exerccio da cidadania. importante enfatizar os resultados dos projetos tambm para a sociedade como um todo na medida em que podem ser abordados em congressos cientficos nacionais e internacionais. Inmeras instituies educativas de ensino mdio e superior podem receber como doao as publicaes de tais resultados. Acessando os links da Home Page do projeto (www nima.puc-rio.br) que complementa o material do livro, abre-se a possibilidade de acesso a uma quantidade significativa de dados e informaes sobre o municpio de Nova Iguau. O contedo dessas informaes tornou-se uma ferramenta fundamental na capaci-

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tao dos alunos do projeto. Atravs do laboratrio do Sistema de Informaes Geogrficas da PUC-Rio, o LABGIS, desenvolveram-se mapas com contedo diverso de dados sobre o municpio, que esto disponibilizado na rede de informaes da internet atravs da home page do projeto, contribuindo para a democratizao de todo material levantado sobre o municpio. Assim buscamos oferecer um redimensionamento da simbologia cultural dos mapas, atravs da sua disseminao em meio digital. Acreditamos que a capacidade de reconhecimento da diversidade de paisagens do prprio municpio, atravs do uso e disseminao desse material pelos professores e demais agentes locais, possa potencializar o sentido de pertencimento e orgulho da populao local, contribuindo efetivamente na construo de valores tico ambientais para o exerccio da cidadania. O investimento em uma maior conscientizao tico-ambiental, atravs da promoo de conhecimentos scio-culturais e ambientais, na formao dos agentes multiplicadores, com certeza ir proporcionar novas territorialidades no uso do espao geogrfico do municpio de Nova Iguau. Um municpio com aproximadamente 49% do seu territrio composto de rea verde, pode se tornar uma referncia, a partir da escala local, na gesto ambiental com participao efetiva das instituies pblicas, privadas e da sociedade civil organizada. O projeto tambm teve o importante papel de mostrar a PETROBRAS como uma empresa socialmente responsvel e preocupada no apenas com projetos ambientais de carter tcnico e conservacionista, mas tambm com a formao de valores tico-ambientais e com o desenvolvimento sustentvel da comunidade local, na medida em que ajuda o municpio, a tomar conscincia da importncia da elaborao das Agendas 21 locais, oferecendo subsdios e metodologias para suas implantaes. O projeto ainda integra a PETROBRAS nos programas de educao ambiental nas escolas pblicas da regio metropolitana do Estado do Rio de Janeiro mantendo uma preocupao com a sensibilizao sobre as questes ambientais, voltadas para uma abordagem tica. A gesto socialmente responsvel tem revelado reflexos que extrapolam os limites das empresas, com desdobramentos que afetam toda a sociedade. No exerccio da responsabilidade social, a relao da empresa com a comunidade otimizada, tanto nos aspectos da imagem e reputao da empresa, como nos benefcios que a empresa traz para a comunidade do ponto de vista econmico, educacional, ambiental, cultural, entre outros. Nova Iguau pertence Regio Metropolitana do Rio de janeiro, que tambm abrange os municpios de Rio de Janeiro, Belford Roxo, Guapimirim, Itabora, Japeri, Mag, Mesquita, Nilpolis, Niteri, Nova Iguau, Duque de Caxias, Paracambi, Queimados, So Gonalo, So Joo de Meriti, Seropdica e Tangu.

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Nova Iguau possui uma rea total de 524 quilmetros quadrados, correspondentes a aproximadamente 11,00% da rea da Regio Metropolitana. Nova Iguau est integrado ao sistema virio e ferrovirio da capital do Estado, dada sua vizinhana cidade do Rio de Janeiro. Sua populao de 830.672 habitantes de acordo com o censo de 2000 (IBGE) apresenta uma densidade demogrfica de 1.585,6 habitantes por Km quadrado, seu IDH 0,762 mdio PNUD/2000, PIB de R$ 5.764.270 (IBGE 2005) e PIB per capita R$ 6.939,28 (IBGE 2005). A rede formada a partir dos conhecimentos adquiridos durante o projeto secretarias municipais, coordenao pedaggica escolar, e principalmente entre lideranas, professores e alunos. O material presente nesse livro traz a autonomia necessria para a continuidade das atividades, tanto nas escolas como nas famlias e na comunidade, abrindo perspectivas futuras na busca de alternativas locais sustentveis. O acesso ilimitado as informaes sobre o municpio, atravs da pgina na internet, transcende as perspectivas presentes de continuidade de troca de informaes. O processo de insero do Brasil na dinmica da economia global, como potencia regional e como economia emergente, cria reflexos em toda dinmica scio-espacial do seu territrio. No s o municpio de Nova Iguau, mas toda a regio da Baixada Fluminense, passam por transformaes significativas no uso do seu espao geogrfico, em razo desta e outras dinmicas internas e externas, que promovem constantemente alteraes na sua paisagem. Acreditamos que o exerccio pleno da cidadania, pautado nos valores de uma tica ambiental, seja a diretriz para as aes que incorporem a sustentabilidade na dinmica socioambiental do municpio de Nova Iguau. E que o contedo desse livro, e seus desdobramentos, sejam uma referncia na construo dessa realidade.

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Informaes gerais sobre o municpio de Nova Iguau10 unidades regionais de governo 69 bairros 524 km 11% da regio metropolitana 830.902 habitantes 1.585,6 hab/km 433.516 eleitores 0,762 idh 99,5% taxa de urbanizao 2% taxa de crescimento 7% taxa de analfabetismoURGsURG 1 Centro Centro Califrnia Vila Nova Caonze Bairro da Luz Santa Eugnia Jardim Iguau Chacrinha Moquet Viga Rancho Novo Vila Operria Engenho Pequeno Jardim Tropical Prata URG 2 Posse Posse Cermica Ponto Chic Amba Nova Amrica Carmary Trs Coraes Kennedy Parque Flora Bairro Botafogo URG 3 Comendador Soares Comendador Soares Ouro Verde Jardim Alvorada Danon Jardim Palmares Rosa dos Ventos Jardim Pernambuco Jardim Nova Era URG 4 Cabuu Cabuu Palhada Valverde Marapicu Lagoinha Campo Alegre Ipiranga URG 5 Km 32 Paraso Jardim Guandu Prados Verdes URG 6 Austin Austin Riacho Inconfidncia Carlos Sampaio Tinguazinho Cacuia Rodilndia Vila Fuimares URG 7 Vila de Cava Vila de Cava Santa Rita Rancho Fundo Figueiras Iguau Velho Corumb URG 8 Miguel Couto Miguel Couto Boa Esperana Parque Amba Grama Geneciano URG 9 Tingu Tingu Montevidu Adrianpolis Rio DOuro Jaceruba3 1,5 0 3 Km 2250'S 2240'S 4335'S 4325'S

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Brasil; Estado do Rio de Janeiro; Regio Metropolitana; Baixada Fluminense; Municpio de Nova Iguau

0

10

20

40 Km

Petrpolis Miguel Pereira Guapimirim Paracambi Japeri Queimados Seropdica Itagua Nova Iguau Duque de Caxias Mag

Belford Roxo Itabora Mesquita Nilpolis S. Joo de Meriti So Gonalo Niteri Tangu

Rio de Janeiro

230'S

Oceano Atlntico440'W 430'W

Baixada Fluminense Regio Metropolitana

http://www.novaiguacu.rj.gov.br/

trabalhos de campoAs atividades de campo do Projeto Educao Ambiental Formao de Valores ticos Ambientais para o Exerccio da Cidadania no Municpio de Nova Iguau, tiveram incio em sete de maro de 2009, com a presena de professores da PUC- Rio, a equipe do NIMA, e representantes das Secretarias de Meio Ambiente e Educao do Municpio de Nova Iguau. Neste primeiro dia foram visitados o Centro de Tratamento de Resduos - CTR, no bairro de Adrianpolis e, em seguida, o bairro do Rio DOuro, na zona rural de Nova Iguau. Aps o almoo assistimos a uma breve palestra na sede da Rebio Tingu do Chefe da Unidade do IBAMA Sr. Luiz Henrique dos Santos Teixeira, e logo depois fomos ONG Onda Verde que desenvolve diversas atividades scio ambientais na regio. Em 14 de maro de 2009, segundo dia de atividade de campo, aps o encontro com os representantes das Secretarias de Meio Ambiente e de Educao na sede da prefeitura de Nova Iguau, seguimos para a Estao de Tratamento de gua do Guandu, que se localiza no bairro da Inconfidncia. Da ETA Guandu seguimos at o assentamento rural de Campo Alegre, aonde fomos recebidos pela Sra. Elizangela das Dores Carvalho e a Sra. Joseni Ftima da Silva representantes do assentamento. Saboreamos pratos tpicos da culinria baiana em almoo no Terreiro de Candombl Luny Juara, e assistimos a uma breve palestra no Parque Municipal de Nova Iguau, terminando o dia no Mirante do Cruzeiro, que proporciona uma vista de toda a rea urbana do municpio. No dia 20 de junho de 2009, ocorreu o trabalho de campo com os alunos participantes do projeto. Aps o encontro com os alunos do projeto na Escola Municipal Monteiro Lobato (local em que ocorreu as aulas do curso), seguimos de nibus para o Parque Municipal de Nova Iguau. O grupo pde conhecer a histria do Parque, percorrer uma trilha e vivenciar uma dinmica de sensibilizao. Encerramos as atividades de campo com uma grande confraternizao, marcando no o fim, mas o que deve ser um projeto contnuo de troca de saberes entre a universidade e a rede municipal e estadual de ensino.

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Rio DOuro p.24

Tingu, Adrianpolis, Rio DOuro e Jaceruba

CTR p.22

Vila de Cavae igu l u Co

to

M

Austinenom or C ad d ares So

PosseMirante do Cruzeiro p.28

Centro

CabuuCampo Alegre p.32

Parque Municipal p.30

Gericin Medanha

Km32eta Guandu p.26

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Adrianpolis

Centro de Tratamento de Resduos - CTRInaugurado em 2003, o Centro de Tratamento de Resduos de Nova Iguau composto por um aterro sanitrio e industrial fundamentado em critrios de engenharia que permite um confinamento seguro em termos de controle da poluio ambiental, e proteo da sade pblica. Com infra-estrutura e tecnologia apropriada, o CTR possui uma unidade de tratamento de resduos hospitalares, uma unidade de tratamento de chorume, gerao de energia atravs do biogs, alm de um centro de educao ambiental e viveiro de mudas do bioma da Mata Atlntica. O CTR de Nova Iguau o pioneiro no Brasil na implementao do sistema de Mecanisno de Desenvolvimento |Limpo (MDL) proposto

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pelo Protocolo de Kyoto. Com financiamento exterior vindo dos Pases do Anexo 1 (maiores poluidores) signatrios do Protocolo de Kyoto, implementa-se a tecnologia de tratamento onde a quantidade de CO2 (Dixido de Carbono) que deixa de ser emitida em detrimento da queima do gs metano gerada pelo chorume, negociada como crdito no mercado de carbono com Pases do Anexo 1. A argumentao para a queima do metano que este em estado natural de evaporao 21x mais potente ou poluente na emisso do CO2 optando assim pela sua queima e a venda do excedente no produzido, no mercado de carbono. O CTR tambm surgiu como uma soluo para o problema ambiental que se tornou o antigo Lixo da Marambaia, local que por quase 20 anos recebeu todos os resduos do municpio sem nenhum tipo de controle.

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Tingu

Rio DOuroRio DOuro um dos bairros da zona rural do municpio de Nova Iguau. O lugar ganhou importncia estratgica para o municpio em 1883 com a construo, pelos escravos da Corte, do Aqueduto e da Represa do Rio Douro que captam a gua do Rio e abastecem o sistema Acari que fornece gua para alguns bairros da regio metropolitana do Rio de Janeiro . Construda em 1876 a Estrada de Ferro Rio DOuro interligava o bairro do Caju, no Rio de Janeiro, a Represa de Rio DOuro. A via Frrea foi construda para o transporte dos tubos de ferro e demais materiais, utilizados na construo das redes de abastecimento que captam a gua da vertente ocenica da Serra do Mar na regio da baixada fluminense. Devido colorao escura dos canos de ferro fundido, a linha que tambm capta a gua dos Reservatrios de Tingu e So Pedro em Nova Iguau e tambm de Xerm e Mantiqueira no Municpio de Duque de Caxias, foi concluda em 1908 e conhecida at hoje como Linhas Negras do Sistema Acari de abastecimento da CEDAE. A desativao da linha frrea na dcada de 1970 isolou o bairro do restante do Municpio, influindo diretamento no seu processo de ocupao e no seu distanciamento das reas urbanas do municpio caracterizando-o como rea rural. Grande parte do bairro hoje esta inserido na Zona de Amortecimento da Reserva Biolgica do Tingu. Outro fator relevante a pas-

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sagem do Arco Metropolitano - que ligar o Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro (COMPERJ) em Itabora ao Porto de Sepetiba em Itagua na Zona de Amortecimento da Reserva Biolgica de Tingu localizada dentro do bairro. A estao de captao de Rio Douro possui um grande valor histrico j que uma construo da poca do imprio e localiza-se dentro da Rebio Tingu. A estao constituda de um tanque de decantao que abastecido por um tnel de quase um 1 km, com caimento de 1% aproveitando a topografia do terreno e fornecendo a gua, considerada de melhor qualidade de toda rede da CEDAE, para diversos pontos da regio Metropolitana de Rio de Janeiro. Aps a visita a Rio DOuro, o grupo seguiu para o bairro de Tingu onde visitou a sede da entidade ambientalista Onda Verde. Instalada em Tingu desde 1998, a Entidade Ambientalista Onda Verde vem realizando suas aes a partir da construo de parcerias com empresas pblicas e privadas, organismos internacionais e ONGS, podendo citar a PETROBRAS como a principal patrocinadora destas aes. vizinha de uma das principais reas de preservao da Mata Atlntica do Estado e do pas, a Reserva Biolgica do Tingu. A Onda Verde vem buscando a parceria com os governos municipais, com vista implementao de aes e projetos continuados, que fomentem a implantao de polticas pblicas para a educao ambiental, a partir de experimentao de aes exeqveis e capazes de replicao, em consonncia com a Poltica Nacional de Educao Ambiental.

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ETA Guandu

GuanduO Rio Guandu formado pela juno das guas dos rios Paraba do Sul, Pira e Ribeiro das Lajes. Em 1955 foi inaugurada a Estao de Tratamento de gua do Guandu, que atualmente produz aproximadamente 42 mil litros de gua por segundo. Isso significa mais de 3 bilhes de litros saindo diariamente da estao para abastecer os Municpios da regio metropolitana do Rio de Janeiro, inclusive a Baixada Fluminense e Itagua. O sistema Guandu considerado hoje como o maior sistema de captao e tratamento de gua do mundo. A visita estao se dividiu em duas etapas. Na primeira foi ministrada uma palestra apresentando a estrutura e funcionamento da ETA Guandu Foi apresentado um quadro com todas as captaes, sistemas de aduo e tratamento da gua e elevatrias que abastecem a regio metropolitana do Rio de Janeiro. Aps a palestra o grupo foi levado rea de captao de gua onde h o encontro do Rio Guandu com dois rios da regio, o Rio IpirangaCabuu e o Rio Queimados-Posse, que so rios muito contaminados pelos dejetos qumicos de indstrias que se localizam nas proximidades desses rios.

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Na visita estao do Guandu foi explicado ao grupo o processo de tratamento da gua, que atende a um padro de qualidade internacional, controlado atravs de uma srie de anlises fsico-qumicas e bacteriolgicas. O gasto com componentes qumicos para o tratamento da gua gera o custo mais alto de todas as fases de tratamento. Buscando reduzir os gastos e melhorar a qualidade da gua, o sistema de captao esta passando por obras para aumentar a sua capacidade de captao vinda diretamente do Rio Guandu reduzindo a influncia da poluio vinda dos rios Ipiranga-Cabuu e Queimados-Posse.

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K-onze

Mirante do CruzeiroO Mirante do Cruzeiro fica na parte alta do bairro do K-onze que possui esse nome derivado de Kwanza que era o nome do Kilombo que ficava na regio. O mirante um ponto de visitao onde o grupo de professores pde observar o centro de Nova Iguau e bairros adjacentes tendose uma idia do processo de ocupao e uso do solo no municpio. Prximos ao mirante esto os eco-limites do Parque Municipal de Nova Iguau, delimitados para impedir ocupaes e outras aes irregulares dentro do parque.

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Gericin Mendanha

Parque Municipal de Nova IguauO Parque Municipal de Nova Iguau o primeiro Geo-parque do Estado do Rio de Janeiro. A partir de 1998 passou a ser considerado uma Unidade de Conservao de Proteo Integral com atributos que contemplam valores ecolgicos, culturais e histricos, alm de uma significativa importncia geolgica devido existncia de um vulco que se estima estar inativo h 38 milhes de anos. A relevncia do parque para preservao ambiental na regio metropolitana do Rio de Janeiro muito significativa j que a rea do parque agrega uma extensa rea de vegetao de Mata Atlntica e, alm disso, o parque faz fronteira com o Parque Municipal do Mendanha com sede em Campo Grande no municpio do Rio de Janeiro, garantindo um corredor de preservao da Mata Atlntica no Macio Gericin-Mendanha. No Parque tambm se desenvolvem atividades esportivas ligadas natureza como a prtica de rapel, escaladas nos paredes rochosos, e caminhadas por trilhas. Com belas cachoeiras abertas ao pblico, o parque se configura como tima opo de lazer na regio chegando a receber um efetivo de 3000 visitantes nos finais de semana ensolarados de vero, alm de ser uma tima opo para trabalhar a conscincia ecolgica nos alunos da rede de ensino de Nova Iguau e municpios vizinhos. A representatividade histrica se d de forma muito viva na existncia da sede da antiga fazenda Dona Eugnia, conhecida popularmente como Casaro. Essa construo tem importncia histrica e cultural para Nova Iguau, pois, data do sculo XIX sendo a mais antiga edificao do municpio.

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Campo Alegre

Assentamento Rural de Campo AlegreO assentamento rural de Campo Alegre foi o primeiro assentamento rural no Estado do Rio de Janeiro aps o perodo da ditadura militar. Criado em nove de janeiro de 1984 com aproximadamente 600 famlias vindas da prpria baixada e de Estados da Regio Nordeste, atualmente est dividido em sete regionais. Visitamos a regional Campo Alegre localizada ao lado da regional Mato Grosso, que tem como presidente a Sra. Joseni Ftima. O assentamento possui uma escola rural, que est contando com o apoio da secretaria de educao de Nova Iguau para implantar projetos de educao ambiental e gesto participativa. Grande parte da produo agrcola do assentamento vendida no centro de Nova Iguau.

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Desejo que a partir dessa viso ambiental, todos possamos construir no s uma cidade mais desenvolvida, mas tambm uma cidade mais sustentvel. Maria Antnia

28 de maroTemos que acreditar nas coisas aparentemente pequenas, mas profundamente potenciveis. Josaf Carlos de Siqueira

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AULAS

aula inauguralNova Iguau est vivendo um momento de mudana! Lindberg Farias

O mais importante dessa experincia a oportunidade de trocar. De um lado a Universidade com todas as suas competncias e do outro, vocs que esto de front nas aes do dia a dia. Luiz Felipe Guanaes Rego

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O tratamento jurdico do meio ambiente estabelecido por inmeras normas, dentre elas leis e decretos federais, estaduais e municipais, bem como resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Walcacer

04 de abrilOs enfoques e as prticas em experincias de Educao Ambiental tm se multiplicado e assumido os mais diversos contornos, (...) Rogrio Ribeiro de Oliveira

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(...) a paisagem de Nova Iguau no absolutamente homognea, posto que se diferencia tanto no que tange s condies ambientais fsicas quanto forma em que o espao construdo/concebido pela sociedade que nela reside/utiliza. Rita de Cssia Martins Montezuma

18 de abril(...) Nova Iguau faz parte da Regio de Governo concebida pelo Centro de Informaes e Dados do Rio de Janeiro- CIDE denominada de Regio Metropolitana que, em 2005, de acordo o Grfico 01, participou (sem a cidade do Rio de Janeiro), com 47,5% no PIB do estado do Rio de Janeiro. Regina Clia de Mattos

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Os diferentes usos do espao de Nova Iguau promoveram e promovem desigualdades espaciais que podem ser revertidas a partir da mobilizao de sua populao. Regina Clia de Mattos

09 de maioOutro fator que aumenta a problemtica do lixo o processo de urbanizao que acompanhamos no Brasil, pois esta est freqentemente associada ao aumento da populao urbana em ritmo mais acelerado do que os investimentos em polticas pblicas de cunho sociais e de infraestrutura urbana. Augusto Csar Pinheiro da Silva

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No Brasil, grande parte do lixo gerado depositada a cu aberto, nos chamados lixes, que so a forma mais inadequada de disposio dos resduos; ou tambm enterrada ou compactada em aterros controlados e sanitrios localizados, em geral, nas periferias dos grandes centros urbanos. Augusto Csar Pinheiro da Silva

16 de maioQuando falamos na valorizao da identidade social do municpio, acreditamos ser fundada em sua histria e, nesse sentido, a maneira de interpretar o passado condiciona as representaes possveis de futuro. Alvaro Ferreira

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(...)em Nova Iguau, como na maioria das escolas ocidentais, os espaos ao ar livre no so considerados como lugares de aprendizagens escolares sistemticas, implicando em que, do ponto de vista do planejamento pedaggico, o lado de fora seja, comumente, o lugar do nada. Lea Tiriba

23 de maio(...) acredito ser de fundamental importncia entender como este trabalhador se estabeleceu no mundo do trabalho e qual o significado do seu papel no cenrio scioeconmico ambiental(...) Valria Bastos

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A complexidade atual das cidades supera o marco estreito de suas dimenses demogrficas, morfolgicas ou econmicas. Alvaro Ferreira

30 de maio(...) poderemos caracterizar a populao e sua condio de existncia, buscando integrar a paisagem geobiofsica a sociedade que sobre ela vem deixando suas marcas e por ela, paisagem, forada a novas buscas para contornar as condies adversas, ou no, impostas pelo meio fsico. Rita de Cssia Martins Montezuma

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Em nome da vida, a questo ambiental adquire dimenso global, seduzindo defensores alistados numa pluralidade de espaos sociais e geogrficos. Roosevelt Fideles de Souza

06 de junho(...)o nmero de visitantes no Parque Natural Municipal de Nova Iguau vem crescendo a cada ano, acompanhado de uma crescente procura de habitaes em reas protegidas, ou prximos elas, (...) Flvio Moreno

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A experincia do emprego da Histria Ambiental em programas de Educao Ambiental evidencia que seus processos fundamentais so bsicos na construo de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias, voltadas para a conservao do meio ambiente (...) Rogrio Ribeiro de Oliveira

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mapasO espao geogrfico o espao construdo ou transformado pelo homem, sendo composto por elementos naturais e elementos antrpicos que interagem entre si. Este espao uno e indivisvel, formado por objetos e sistemas convergentes e/ou divergentes, concretos ou no. Para entend-lo, apesar de seus elementos serem indissociveis, existem mtodos que permitem que o dividamos em temas ou camadas. Estes temas, que compe o espao geogrfico, podem ser representados graficamente atravs dos mapas. A interao entre os mapas que representam os elementos (temas) que compe um determinado espao permite a melhor compreenso do mesmo, suas especificidades, similaridades e interaes com o entorno e o mundo. Vivemos hoje a era da imagem, da TV, internet, telefonia celular, de informaes instantneas. H uma super valorizao da linguagem grfica, da qual, a cartografia e os mapas, fazem parte, sendo por tanto de suma importncia, o seu uso como facilitador para o entendimento dos mais diversos espaos e suas relaes. O mapa uma representao do espao geogrfico em um plano, que se vale de cdigos (imagens e smbolos) para indicar as feies presentes. Para uslo (l-lo) necessrio a compreenso de alguns conceitos que so trabalhados na escola. Este conjunto de conceitos chamado elementos do mapa e seu aprendizado denominado alfabetizao cartogrfica. Isso mesmo, na escola no aprendemos somente a ler e escrever, mas devemos tambm aprender a ler mapas! Neste contexto, de vital importncia o envolvimento direto das municipalidades, j que de sua atribuio o provimento do ensino fundamental - etapa de educao bsica no Brasil. Nesta fase as crianas devem iniciar o processo de aprendizagem de leitura dos mapas e de acordo com a lgica de percepo destas, a construo do entendimento do espao se d do nvel local para o global. Nos contedos do primeiro ciclo (do 1 ao 5 ano) trabalhado o espao local: a rua, o bairro e o municpio, se este contedo for suprimido assim como o processo de alfabetizao cartogrfica haver sem dvida uma lacuna na formao do aluno, que quando atingir sries de ensino mais avanadas estudar espaos regionais e globais e ter dificuldades para correlacionar dinmica destes com o seu espao de vivncia e sua realidade como um todo. Os elementos bsicos que compe um mapa so: o ttulo, a simbologia (representao grfica), o sistema de coordenadas e projeo, a legenda, a orientao, a fonte e a data da informao representada, a escala e o autor.

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Elementos dos Mapas Ttulo o caberio que contm o nome do mapa, ou seja, permite identificar o assunto de que se trata Escala Demonstra a relao entre o tamanho do espao contido no mapa e as distncias reais correspondentes no terreno. Simbologia (representao grfica): Permite a codificao da realidade atravs de cores e smbolos grficos expressos nos mapas. Sistema de coordenadas e projeo Atravs das coordenadas possvel localizar a rea representada no mapa no Planeta Terra. Existem vrios sistemas de coordenadas que permitem a localizao precisa de um ponto qualquer na superfcie terrestre. Dentre eles o mais usual o denominado Coordenadas Geogrficas (latitude e longitude). A elaborao de uma mapa consiste em um mtodo segundo o qual se faz corresponder a cada ponto na superfcie da Terra, em coordenadas geogrficas, um ponto no mapa, em coordenadas planas. Para se obter essa correspondncia utilizam-se os sistemas de projees cartogrficas Legenda Identifica as convenes utilizadas para representar os elementos contidos no mapa, permitindo a leitura de uma forma mais fcil Orientao Atravs da Rosa-dos-Ventos feita a orientao dos mapas, indicando o Norte. Nela, a orientao Norte-Sul considerada sobre qualquer paralelo e a orientao Leste-Oeste, sobre qualquer meridiano Fonte Indica quem gerou a informao representada ou em alguns casos quem fez o mapa. Data da informao representada Indica quando o mapa foi feito, ou quando a informao representada foi adquirida O autor Indica quem foi responsvel pela elaborao do mapa.0 2,5 5 km

2230'S

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Novas tecnologias, mapas interativos: Google Earth A criao e apropriao de tecnologias pelo homem, por mais complexas que sejam, est ligada a idia de criar um meio facilitador do cotidiano das sociedades e de suas atividades. Os grandes avanos tecnolgicos que a humanidade vem experimentando desde o sculo XX tm proporcionado tambm evoluo acelerada de tecnologias especficas ligadas a manipulao de dados espaciais ou dados geogrficos, como os sistemas de informao geogrfica, o sensoriamento remoto, o processamento digital de imagens entre outros. No mbito destas geotecnologias podemos destacar especialmente a evoluo dos sensores remotos que saltaram de uma resoluo espacial de 80 metros na dcada de 70 do sculo passado para 0,5 metros disponveis comercialmente hoje. Isso significa que atravs de uma imagem de satlite identificvamos somente feies superiores a 80 metros e hoje possvel identificar alvos de apenas metro. Realizando um exerccio meramente especulativo, levando em considerao as imagens disponveis comercialmente e suas altssimas resolues, podemos imaginar o que j existe a disposio para fins militares, inteligncia e espionagem em pases desenvolvedores destes sensores, e que fatalmente no futuro estaro disponveis a todos. No entanto, o acesso a este tipo de informao geogrfica, estava restrito a empresas, universidades, instituies pblicas e militares, j que para sua manipulao era necessrio o uso de softwares caros e/ ou um alto nvel de conhecimento especializado. Visando preencher esta lacuna e democratizar de fato a informao geogrfica foi desenvolvido um programa chamado Google Earth, que utiliza a internet, maior fonte e repositrio de informaes existente na atualidade, como meio. O Google Earth permite a navegao por imagens de satlite por todo o globo terrestre, localizar automaticamente lugares, girar imagens, mudar o ngulo de viso (viso tridimensional), criar marcadores espaciais, medir distncias entre outras funes. Sua base de dados j possui planos de informao como vias, sedes municipais, sedes distritais entre outros e ainda permite que o usurio crie suas feies e as organize tambm em planos de informao. Os planos de informao criados so organizados em arquivos .KML ou .KMZ, ambos os formatos do Google Earth, podendo ser disponibilizados a qualquer outro usurio. O Projeto Formao de Valores tico-Ambientais para o Exerccio da Cidadania no Municpio de Nova Iguau disponibilizou atravs do seu web site alguns planos de informao, j customizados, de temas sobre o municpio.

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Descrio dos Mapas Regies de Governo do Estado do Rio de Janeiro: Demonstra como Nova Iguau est inserido a nvel do planejamento das polticas pblicas promovidas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro; Baixada Fluminense: Regionalizao realizada com base em critrios fsicos, sociais e econmicos reunindo municpios localizados no entorno da Capital do Estado e da Baa de Guanabara; Bairros: Revela a diviso de bairros (definidos por lei) da Cidade de Nova Iguau; Unidades Regionais de Governo URG: Apresenta as regies de planejamento da municipalidade, onde cada URG rene o conjunto de bairros com caractersticas scio-econmicas semelhantes; Uso do Solo e Cobertura Vegetal: Oferece um retrato de como est organizado o espao de Nova Iguau e qual uso ou ausncia de uso feito em determinada rea; Zonas Rurais: Apesar do municpio, ser considerado urbano estas reas foram identificadas pela prpria Prefeitura como sendo espaos rurais; Saneamento: Dos quatro pilares definidos pela lei de saneamento bsico (Lei n 11.445, de 5 de janeiro de 2007) como o conjunto de servios que constituem o saneamento bsico, trs so revelados espacialmente com base em dados do ltimo Censo realizado pelo IBGE (2001): esgotamento sanitrio, abastecimento de gua potvel e limpeza urbana e manejo de resduos slidos; Vias de Circulao: Permite a visualizao de como est materializada no espao a circulao dos fluxos em Nova Iguau, a sua ligao com a Capital e seus vizinhos; Unidades de Conservao: Conjunto de reas protegidas do municpio seja a nvel federal, estadual ou municipal. Categorizadas de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza SNUC (Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000); Hidrografia: Por estar localizado entre dois sistemas hidrogrficos Guandu e Baa de Guanabara, grande parte dos principais rios da Baixada Fluminense nascem em Nova Iguau. Em seu territrio tambm est localizada a captao de gua do Rio Guandu responsvel pelo abastecimento de aproximadamente nove milhes de pessoas na Regio Metropolitana; Hipsomtrico: Este mapa permite a visualizao da diferena de altitudes no Municpio, tendo no Tingu e no Gericin-Mendanha suas reas mais elevadas;

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Litologia: Apresenta o arcabouo de Nova Iguau: as rochas formadoras, dando pistas da gnese do modelado da superfcie municipal e dos solos; Solos: Neste mapa so apresentados os diferentes tipos de solo de Nova Iguau; Geomorfologia: Revela o modelado da superfcie do municpio atravs das unidades geomorfolgicas. Este mapa em conjunto com outros, como uso do solo e cobertura vegetal, hidrografia permitem entender a dinmica scio-ambiental de Nova Iguau, porque reas so preferencialmente ocupadas, porque locais esto mais suscetveis a serem inundados e etc; Geoambiental: o resultado da interao entre mapas e saberes, revelando um retrato espacial da interao homem-natureza.

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Formao de valores tico-ambientais para o exerccio da cidadania no municpio de nova iguau Para a construo de uma poltica de Gesto Ambiental, entendida como o controle de organismos pblicos e/ou privados e a sociedade civil sobre o uso dos recursos scioambientais utilizando-se de instrumentos reguladores, de incentivo e reproduzida por uma lgica determinada. necessrio antes um claro entendimento dos processos de criao/reproduo dessa ordem territorial e das condicionantes socioambientais da regio estudada. Nesta realidade o Desenvolvimento Sustentvel um conceito chave porque abre o questionamento da utilizao/reproduo racional dos recursos socioambientais. Assim respeitando no s as especificidades naturais de um determinado territrio, mas tambm as variveis sociais, econmicas e culturais. Este fato torna imprescindvel um conhecimento no s especializado de uma determinada cincia, mas uma viso holstica espacializada das diversas foras atuantes neste espao, naturais e/ou antrpicas, sendo necessrio entender esta costura para futuramente ento propor alternativas sustentveis. Com o passar dos anos, os avanos tecnolgicos vo encurtando os espaos e derrubando fronteiras essa situao tende-se a agravar fazendo urgir emergencialmente construo de um modelo de Gesto Ambiental para Nova Iguau. Para construo deste modelo se faz necessrio previamente o conhecimento da realidade local, possvel atravs da caracterizao das condicionantes socioambientais, cumprindo assim os objetivos pretendidos pelo projeto. A representao espacial das informaes fundamental para a anlise integrada, por proporcionar um quadro ambiental de referncia para a rea de estudo, facilitando a determinao de reas crticas do ponto de vista de degradao scio-ambiental. Outra vantagem proporcionada a possibilidade de ser observada a evoluo temporal de determinados processos, principalmente aqueles relacionados ocupao e uso do solo, bem como supresso de cobertura vegetal, levando indicao daqueles que se configuram como mais crticos. A integrao entre a informao e a educao vital para o sucesso de uma ao na rea ambiental, na sala de aula que esto sendo cunhados novos cidados que sero capazes assim, em um futuro prximo, de exercer de forma crtica a sua cidadania. Cidados conhecedores da realidade do seu municpio (pensar global, agindo local) so capazes de transform-la para melhor, contribuindo assim de fato, para uma melhoria na qualidade de vida em geral. No cenrio regional da Baixada Fluminense, Nova Iguau desponta como uma das referncias para seus vizinhos promovendo a integrao de suas polticas pblicas com a questo ambiental, criando na sua estrutura educacional um organismo de educao ambiental integrado tambm as aes ambientais do municpio, tratando saneamento bsico e meio-ambiente de forma conjunta, implantao e estruturao de unidades de conservao municipais entre outras aes.

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3,4

1,7

0

3,4 Km

Bairros

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

69

57 68 52

54

2240'S

53

49

51 50 55 19 8 18 20 12 11 5 2 6 4 1 65 63 60 62 70 13 67 21 48 39 36 23 22 14 66 37 24 17 15 16 56 40 38 35 33 47 46 41 44 43 34 31 32 30 26 28 29 27 42

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7 3 64

10 9

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002 ; PMDC 2006

25

61

2250'S

58

59

50

4335'W

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Cabuu Valverde Palhada Danon Palmares Nova Era Riacho Inconfidncia Rosa dos Ventos Rodilndia Jardim Pernambuco Comendador Soares Ouro Verde Santa Eugnia Chacrinha Centro Moquet Austin

19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Vila Guimares Cacuia Tinguazinho Jardim Iguau Cermica Posse Vila Nova Califrnia Prata Jardim Tropical Engenho Pequeno Rancho Novo Viga Vila Operria Caiob Nova Amrica Comary Ponto Chic

37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54

Trs Coraes Amba Bairro Botafogo Parque Flora Parque Amba Grama Boa Esperana Miguel Couto Geneciano Rancho Fundo Figueiras Corumb Iguau Velho Santa Rita Vila de Cava Montevideo Adrianpolis Rio Douro

55 Carlos Sampaio 56 Kaonze 57 Jaceruba 58 Prados Verdes 59 Km 32 60 Marapicu 61 Jardim Guandu 62 Paraso 63 Lagoinha 64 Campo Alegre 65 Ipiranga 66 Bairro da Luz 67 Jardim Alvorada 68 Tingu 69 rea no bairrvel Tingu 70 rea no bairrvel Gericin / Mendanha

3,4

1,7

0

3,4 Km

Unidade Regional do Governo

Gericin-Mendanha URG Austin URG Cabuu URG Centro URG Comendador Soares URH Km32 URG Miguel Couto URG Posse URG Tingu, Adrianpolis, Rio DOuro e Jaceruba URG Vila de Cava2240'S

2250'S

4335'W

4325'W

51

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

3,4

1,7

0

3,4 Km

Uso do Solo e Cobertura Vegetal

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

2240'S

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002 ; PMDC 2006

2250'S

Floresta Vegetao Secundria em Estgio Inicial Reflorestamento Restinga Agricultura Pastagem

gua Solo Exposto Ocupao Urbana de Baixa Densidade Ocupao Urbana de Mdia Densidade Ocupao Urbana de Alta Densidade4325'W

52

4335'W

Pastagem em Vrzea

3,4

1,7

0

3,4 Km

Zonas Rurais

2240'S

Vias de Circulao Zonas Rurais Limite Municipal / PCN Municipios Vizinhos

2250'S

4335'W

4325'W

53

Fontes: FUNDREM (1975/1976)

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

3,4

1,7

0

3,4 Km

Total de Domiclios por Setor Censitrio (IBGE 2001)

Domiclios com Coleta de Lixo por Servio de Limpesa (IBGE 2001)

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

Domiclios 1 - 100 101 - 213 214 - 279 280 - 391 392 - 703

Coleta de Lixo at 10%2240'S

10% a 25% 25% a 50% 50% a 75% 75% a 100%

Domiclios com Esgotamento Sanitrio via Rede Geral de Esgoto ou Pluvial (IBGE 2001)

Domiclios com Abastecimento de gua da Rede Geral (IBGE 2001)

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002 ; PMDC 2006

2250'S

Rede de Esgoto at 10% 10% a 25% 25% a 50% 50% a 75% 75% a 100%

Abastecimento de gua at 10% 10% a 25% 25% a 50% 50% a 75% 75% a 100%4325'W

54

4335'W

3,4

1,7

0

3,4 Km

RodoviasRJ-129 RJ-125

RJ-119

RJ-093 RJ-1132240'S

RJ-105

BR-116

RJ-105

RJ-099

RJ-081

BR-465

Rodovias Federal Pavimentada Dupla Federal Pavimentada SimplesBR-101 BR-101

2250'S

Estadual Pavimentada Dupla Estadual Pavimentada Simples Estadual Implantada

Linha Frrea Futuro Arco Rodovirio

Estadual Leito Natural Municipal Pista Dupla Municipal Pista Simples

4335'W

4325'W

55

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

3,4

1,7

0

3,4 Km

Unidades de Conservao

Produzido por Fundao Dom Cintra

2006

REBIO Tingu APA Guandu APA Jaceruba APA Tingu

APA Rio Douro

2240'S

APA Retiro Proteo Integral Uso Sustentvel Limite Municipal / PCNFonte: Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura de Duque de Caxias

APA Tinguazinho APA Morro Agudo

Municipios Vizinhos

APA Guandau

Parque Municipal APA Gericin-Mendanha

2250'S

56

4335'W

4325'W

3,4

1,7

0

3,4 Km

HidrografiaRio So Pedro

Rio Tingu

Rio Santo Antnio Rio Tingu Rio Douro Rio Iguau

2240'S Canal Paio I

Cursos de gua Hidrografia Limite das Regies Hidrogrficas

Vala da Madame

Rio da Bota

Rio Ipiranga Rio Sarapu

Rio da Prata do Mendanha

Rio Guandu do Sap 2250'S Rio Guandu

Rio Guandu-Mirim

Rio Guandu-Mirim

4335'W

4325'W

57

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002

Rio Guandu

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

3,4

1,7

0

3,4 Km

Hipsomtrico

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

2240'S

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002 ; PMDC 2006

de 700 a 800m de 600 a 700m de 500 a 600m de 400 a 500m de 300 a 400m de 200 a 300m de 100 a 200m de 50 a 100m at 50m

acima de 1600m de 1500 a 1600m de 1400 a 1500m de 1300 a 1400m de 1200 a 1300m de 1100 a 1200m de 1000 a 1100m de 900 a 1000m de 800m a 900m4325'W

2250'S

58

4335'W

3,4

1,7

0

3,4 Km

Litologia

2240'S

Granitos Migmatitos Rochas Alcalinas Sedimentos Holocnicos Sedimentos Tercirios Lagos

2250'S

4335'W

4325'W

59

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

3,4

1,7

0

3,4 Km

Solos

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

Cambissolos Gleissolos Latossolos Planossolos Podzlicos Solos Aluviais rea Urbana Ilha Corpo de gua2240'S

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002 ; PMDC 2006

2250'S

60

4335'W

4325'W

3,4

1,7

0

3,4 Km

Geomorfologia

Miguel Pereira

Duque de Caxias

Colinas Isoladas

Japeri

2240'S

Domnio de Colinas Dissecadas, Morrotes e Morros Baixos Escarpas Serranas Macios Intrusivos Alcalinos Plancies Aluviais Plancies Colvio-Alvio-MarinhasQueimados

Corpo de gua

Belford Roxo

Seropdica

So Joo de Meriti Mesquita

Nilpolis2250'S

4335'W

4325'W

61

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000

Produzido por LabGis PUC-Rio

Paracambi

2010

3,4

1,7

0

3,4 Km

Geoambiental

Produzido por LabGis PUC-Rio

2010

Escarpas Serranas Macios Alcalinos Morrotes e Morros Baixos Colinas Isoladas Baixadas Plancies Fluviais (vrzeas) Plancies Fluvio-lagunares (brejo) reas urbanas Lagoa Rio Guandu2240'S

Fontes: CIDE 2002 ; IBGE 2000 ; PDBG 2002 ; PMDC 2006

2250'S

62

4335'W

4325'W

Alvaro Ferreira

artigos

Algumas reflexes para ajudar a entender a produo desigual do espao urbano em Nova IguauPartimos de uma questo: o que a cidade? Para grande parte de autores, a cidade se caracteriza pela concentrao de uma determinada quantidade de populao, de certa densidade fsica, da presena de atividades no diretamente ligadas produo do campo e de um modo de vida distinto do que prevalece nas zonas que se qualificaram como rurais. Entretanto, isso suficiente? A complexidade atual das cidades supera o marco estreito de suas dimenses demogrficas, morfolgicas ou econmicas. As fronteiras entre urbano e rural se tornam cada vez mais frgeis luz de uma crescente urbanizao do campo. Os valores do urbano transcendem a cidade e ganham o planeta (LEFEBVRE, 1999, 1978, 1969). Se por um lado isso pode ser positivo, por outro, a nfase no processo geral de urbanizao em um territrio com elevadas taxas de urbanizao e de capitalizao das atividades econmicas dificulta a percepo das diferenciaes internas do territrio. Atualmente, mais do que apenas o urbano, vivenciamos a impresso cada vez maior de caractersticas da metrpole em todos os lugares, o que faz com que no s as prticas sociais, mas, inclusive as identidades dos lugares fiquem sujeitas aos cdigos metropolitanos. preciso pensar a cidade a partir de dimenses que incorporem a comunidade humana, grupos sociais e instituies; no podemos, tambm, esquecer do sentido poltico; e, finalmente, o sentido fsico, morfolgico, como paisagem urbana. Devemos pensar o urbano para alm da cidade. A conjuno dessas trs dimenses ajuda-nos a desvelar aquilo que se mostra opaco, naturalizado, e isso nos permite transgredir determinadas certezas estabelecidas e que contribuem para manter tudo exatamente como est. Muitas vezes preciso subverter o estabelecido, e em Nova Iguau no diferente. A Baixada Fluminense (que se aproxima da rea original 1.500 km2 do antigo municpio de Iguau em 1916) possui, aproximada-

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mente, dois milhes de habitantes e o segundo PIB do Estado do Rio de Janeiro. Entretanto, essa rea passou por inmeras emancipaes, o que de certa forma enfraqueceu alguns municpios. Na dcada de 1990, o municpio de Nova Iguau perdeu parte de seu parque industrial, por exemplo, com a sada da Bayer para Belford Roxo; isso sem citar a emancipao, em 1944, de Duque de Caxias que detinha a sede da FNM Fbrica Nacional de Motores e, posteriormente, a sede da Refinaria de Duque de Caxias da Petrobrs. As emancipaes colaboraram para acirrar alguns problemas, entretanto h outros que l ocorrem e que se repetem em outras cidades da Baixada Fluminense. No que tange produo do espao destinado a usos residenciais, observamos dois padres distintos: o primeiro ocorre em reas no centro da cidade e dos distritos, com casas, edifcios residenciais e comerciais (que tm atendimento de servios pblicos); o segundo baseia-se na autoconstruo da moradia em loteamentos populares, ou seja, na transferncia da responsabilidade da produo da habitao e da prpria urbanizao para seus moradores. Observamos, assim, que o tratamento dado aos cidados diferenciado e, entretanto, h certo imobilismo no que se refere luta por condies menos desiguais. Creditamos que h trs pontos fundamentais para ajudar a transformar Nova Iguau: a valorizao da identidade social do municpio; a mudana de prioridades; e redefinio da relao entre o poder pblico e a comunidade, ou seja, falamos de formas de participao popular. Quando falamos na valorizao da identidade social do municpio, acreditamos ser fundada em sua histria e, nesse sentido, a maneira de interpretar o passado condiciona as representaes possveis de futuro. Importa resgatar smbolos que tenham marcado de forma efetiva a identidade do lugar; so referncias que marcaram o cotidiano dos moradores. O fortalecimento desses referenciais acaba por fortalecer simultaneamente os laos de cidadania. Importa valorizarmos o espao pblico como lugar do encontro; e isso fundamental, pois cada vez mais a cidade volta-se para o automvel e no para o pedestre. Ao referir-nos mudana de prioridades, significa mudar o foco, deixar de gastar em obras monumentais e investir em pequenas obras, em infra-estrutura bsica, habitao e ampliao e melhoria dos servios pblicos municipais, ou seja, melhorias na qualidade do transporte, no atendimento mdico-hospitalar, na limpeza pblica, nos direitos da populao carente. Em sua maioria, grandes obras tm alto custo e baixo retorno social. A inverso de que falamos significa valorizar a apropriao coletiva da cidade por quem a produz e nela mora. preciso mudar a concentrao de investimentos, que se encontra focado nas reas nobres da cidade e no aparece nos bairros perifricos.

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Finalmente, fundamental pensar na participao e, para tal, torna-se necessrio implementar uma cultura poltica cuja referncia sejam os direitos dos cidados. O foco tem-se mantido no mercado e no na sociedade (SANTOS, 1988). H total relao entre a participao popular e a mudana de prioridades, mas para que isso seja posto em prtica, necessrio que as instncias de governo sejam postas a servio da populao, inclusive tendo em conta a possibilidade de adequao de sua rotina de trabalho para viabilizar a participao democrtica. cada vez mais importante mudar a frmula de participao, que atualmente encontra-se descrita da seguinte forma: Saber profissional (cincia, especialistas, os tcnicos) Retrica profissional (discurso elaborado e de difcil apreenso pela populao; inibidor) Dilogo (que, na verdade, mais uma apresentao do projeto) Deciso e execuo. Acreditamos que o dilogo fundamental para a transformao. Devemos iniciar qualquer processo a partir do dilogo com a populao e esse dilogo deve permear todo processo e retroaliment-lo infinitamente. Para isso, a frmula tem que ser outra: Dilogo Saber profissional (cincia, especialistas, os tcnicos) Dilogo Deciso Dilogo. Sem esta mudana, continuaremos reproduzindo condies desiguais e mantendo tudo no mesmo lugar. Se quisermos transformaes, preciso comear a mudar nossa atitude e lutar por uma participao realmente efetiva.

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alvaro ferreira

Referncias bibliogficasferreira,Alvaro. Conflitos no espao urbano: Labirinto e dialtica. Scripta Nova (Barcelona), v. XII, p. 270 (97), 2008. ferreira,Alvaro. A produo do espao: entre dominao e apropriao. Um olhar sobre os movimentos sociais. Scripta Nova (Barcelona), v. XI, p. 245(15), 2007 ferreira,Alvaro. A (im)postura do urbano: conflitos na produo da cidade. In Anais do I Simpsio O rural e o Urbano no Brasil. So Paulo, 2006. l efebvre ,Henri. A Revoluo Urbana. Belo Horizonte: EDUFMG, 1999. l efebvre ,Henri. De lo rural a lo urbano. Barcelona: Pennsula, 1978. l efebvre ,Henri. O direito cidade. So Paulo: Moraes, 1969. sanTos,Milton. Espao Dividido: os dois circuitos da economia. So Paulo: Hucitec, 1988. siMes,Manoel Ricardo. Da grande Iguau a Baixada Fluminense: emancipao poltica e reestruturao espacial. In OLIVEIRA, Rafael da Silva (org.). Baixada Fluminense: novos estudos e desafios. Rio de Janeiro: Paradigma, 2004.

Alvaro FerreiraPossui graduao em geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1996), mestrado em Planejamento Urbano e Regional pelo ippur da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de So Paulo (2003). Atualmente realiza ps-doutoramento com o Prof. Horacio Capel na Universitat de Barcelona. professor do Departamento de Geografia e do Programa de Ps-Graduao em Geografia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (puc -Rio) e professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (uerj ). Participa como lder no grupo de pesquisa denominado Ncleo de Estudos e Pesquisa em Espao e Metropolizao (nepeM ) e no Ncleo Interdisciplinar de Estudos do Espao da Baixada Fluminense (niesbf ); e como pesquisador do Ncleo de Estudos de Geografia Fluminense (negef ). Tem participado de congressos no Brasil e no exterior, alm de produzir artigos em perodicos nacionais e internacionais principalmente ligados aos seguintes temas: (re)produo do espao urbano; tecnologias de comunicao e informao e as novas espacialidades nas cidades; representaes no espao urbano; relaes de trabalho e o espao urbano; espao e movimentos sociais. [email protected]

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Adlia Santos Araujo Augusto Csar Pinheiro da Silva

Gesto Pblica para os Resduos slidos de Nova Iguau: contradies e perspectivas para as sustentabilidades na Baixada FluminenseIntroduo A sociedade contempornea tem deixado, atravs de suas aes, impactos negativos no ambiente. A mudana dos hbitos tem gerado um consumo excessivo que promove a lapidao de recursos e a gerao de grande quantidade de resduos. Outro problema da sociedade de consumo a cultura de tornar materiais reutilizveis e/ou reaproveitveis descartveis. Essa sociedade est imbuda de valores materialistas, utilitaristas, imediatistas e reducionistas. Assim estabelecida uma relao pouco harmnica entre o homem e a natureza. Segundo Rua (2001), a natureza dessacralizada, passando a ser um mero recurso a ser transformado em riqueza (p.15), sendo esta uma das bases do pensamento moderno da sociedade ocidental. Para o autor h uma predominncia da viso de que a cincia percebida como tcnica e a natureza como realidade na qual o homem pode intervir em seu proveito, a natureza passa a ser submetida ao crescimento econmico (confundido como desenvolvimento/progresso) que, por sua vez, est em ritmo crescente, em escala industrial. Ainda de acordo com Rua (2001), no h apenas uma dicotomia entre homem e natureza, mas tambm entre homem-homem, que busca uma autonomia individual e social (p.17). Outro fator que aumenta a problemtica do lixo o processo de urbanizao que acompanhamos no Brasil, pois esta est freqentemente associada ao aumento da populao urbana em ritmo mais acelerado do que os investimentos em polticas pblicas de cunho sociais e de infraestrutura urbana. Nascimento (2006) destaca que com o processo de industrializao, a matria-prima modificada tanto na forma como em sua compo-

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sio, impactando duplamente o meio ambiente, pois os produtos industrializados utilizam uma grande variedade e quantidade de matrias primas e ainda possuem em sua composio substncias qumicas de difcil decomposio, prolongando sua permanncia na natureza. Com isso intensifica-se o problema da disposio final dos resduos, tendo em vista a escassez de espaos urbanos adequados a esta destinao . No Brasil, grande parte do lixo gerado depositada a cu aberto, nos chamados lixes, que so a forma mais inadequada de disposio dos resduos; ou tambm enterrada ou compactada em aterros controlados e sanitrios localizados, em geral, nas periferias dos grandes centros urbanos. O acmulo de lixo em locais inadequados provoca graves impactos socioambientais, isto porque atinge diretamente alguns ecossistemas, alm da atrao de catadores de materiais reciclveis que buscam, at mesmo, restos de alimentos que possam garantir-lhes a sobrevivncia diria. Algumas das conseqncias negativas da produo de resduos slidos so: contaminao do solo, ar e gua; proliferao de vetores transmissores de doenas; obstruo das redes de drenagem urbanas; enchentes e desmoronamentos; grande desperdcio de matrias primas; degradao do ambiente e aumento nos custos de coleta e tratamento do lixo; alm de originar srios problemas sociais(NASCIMENTO, 2006, p. 13).

O gerenciamento dos resduos slidos est a cargo dos municpios que, para solucionarem tal problemtica como a disposio inadequada em lixes que contaminam o solo e os recursos hdricos, e a saturao de aterros sanitrios que no podem ser depsitos eternos de resduos precisam adotar o gerenciamento integrado para a sua reduo alm de ampliar a reutilizao e reciclagem de materiais que podem servir de matria-prima. Alm dessas preocupaes, os municpios deveriam incentivar a compostagem de resduos orgnicos, dando a eles uma nova utilidade, alm de inclurem os catadores de materiais reciclveis nessas estratgias. Todas essas aes realizadas de forma integrada e estrategicamente orientadas pelos princpios da Educao Ambiental acarretam a diminuio do desperdcio, permitindo que os sujeitos possam exercer sua cidadania plenamente, ou seja, identificando direitos e deveres e amenizando os impactos socioambientais. A participao da comunidade a base para a soluo, mas requer uma mudana de hbitos das pessoas, individualmente. Diante do exposto, pertinente compreender a natureza e a extenso da problemtica da gerao de resduos, suas prticas de manejo e gesto, assim como discutir os valores sociais, culturais e econmicos que permeiam a produo e o consumo no atual momento histrico. E como agente transformador do espao, protagonista e no mero coadjuvante na sociedade, propor medidas para solucionar ou minimizar tal problemtica.

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Deste modo, o presente trabalho buscar analisar a natureza da gesto pblica para os resduos slidos no municpio fluminense de Nova Iguau (RJ), identificando os agentes e atores que definem a gesto na mudana da relao forma-contedo na passagem de lixo para aterro sanitrio. Lixo: crise ambiental da sociedade contempornea. H o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas, mas no h o suficiente para a cobia humana.Mahatma Gandhi

Percebe-se que a problemtica ambiental extrapola a cidade. Hoje se tem cada vez mais no espao rural a presena de objetos que no pertencem natureza como plsticos, insumos qumicos (SANTOS, 1996). E ao mesmo tempo, nos espaos urbanos que se expressam com mais intensidade a cincia e a tcnica, que produzem e reproduzem as relaes socioespaciais (RODRIGUES, 1996). Enquanto no meio natural1, segundo Santos (1996), era estabelecida uma relao simbitica entre homem e natureza, toda a interveno dele no meio pouco afetava o equilbrio natural e este , quando afetado, era logo restaurado. Entretanto, com o meio tcnico, fase posterior inveno (e aos usos) das mquinas (sculo XIX) e, posteriormente, com o meio tcnico-cientfico-informacional, a interao entre cincia e tcnica (a partir, principalmente, da dcada de 1970), quebrouse a relao de equilbrio anterior (a natureza como extenso do corpo humano) e o espao passou a ser formado entre o natural e o artificial, onde o segundo se sobrepe ao primeiro. A natureza tem sido considerada como mero objeto a servio e utilidade do homem, ou seja, um produto da Modernidade2, concepo que foi intensificada, principalmente, pelas revolues industriais e tecnolgicas baseadas na produo em larga escala (BRAGA, 1993). De acordo com Leff (2006), essa negao da natureza como suporte da vida e fonte de recursos prpria de uma perspectiva de modernidade fundada na racionalidade econmica e cientfica, de uma cultura ocidental. Na realidade, a crise ambiental se estabelece, tambm, na negao do outro que compe o ambiente. Um dos princpios da modernidade a insaciabilidade dos desejos individuais e o ideal da acumulao materialista em nome de um pretenso bem estar (BRAGA, 1993). O atual estilo de vida da sociedade est cada vez mais marcado pelo consumo desenfreado das coisas da natureza e, frequentemente, os efeitos da atividade humana sobre a natureza originam impactos socioambientais negativos. O consumo uma forma de relao entre o sujeito com os objetos e com a coletividade e est diretamente ligado base do sistema

1 Os meios naturais so desde as origens da prhistria e por definio, meios relativamente tcnicos: Homo faber (...) (FRIEDMANN, 1996, p. 186 apud SANTOS, 1996, p. 235). Ainda segundo Santos (1996), alguns autores preferem falar meio pr-tcnico a meio natural. 2 Segundo Braga (1993), a Modernidade marcada pela forma de conhecimento cientfico baseado em um paradigma instrumental-utilitarista em que a exacerbao e triunfo do racionalismo instrumental, privilegiando de razo cientfica hegemnica, acabaram se impondo histrica e socialmente como nicos, universalizando-se como paradigmas da cultura ocidental-europia e se sobrepondo aos valores culturais, ticos, religiosos e cientficos (...) (p. 26). Ou seja, isto o que Kant chamou de razo pura, (...) concebendo-se a dimenso apartada do corpo e da mente, ou, da razo e a emoo, de homem e da natureza. (p. 27).

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cultural, na forma de diferenciao social, pois cada classe social tem um nvel prprio de consumo (BAUDRILLARD, 1995). Para este autor, os objetos consumidos tm um valor de signo e correspondem lgica social ou a lgica do desejo e isso pode ser observado em diferentes grupos sociais. Ento, a necessidade em se obter um determinado objeto est mais ligada ao prestgio e diferenciao social do que utilidade. Por isso, no h uma satisfao completa. Os meios de comunicao de massa fornecem s sociedades de consumos uma vertigem da realidade, manipulando os objetos, transformando-os em signos, fetiches (BAUDRILLARD, 1995, p. 15). Assim sendo, hoje h uma fantasiosa idia da abundncia e um apelo muito grande para o consumo. Os anncios publicitrios desempenham um papel essencial para motivar os consumidores a comprarem os objetos que, por sua vez, j tm uma obsolescncia programada, pois sempre haver inovaes que trazem consigo uma falsa necessidade de consumir o novo objeto da moda (BAUDRILLARD, 1995). Esse estilo de vida consumista da contemporaneidade dos sculos XX e XXI, segundo Zacarias (2000, p. 41), proporcionado pela sociedade tecnolgico-industrial, em que a qualidade de vida est relacionada ao ter, ao consumir. Entretanto, as novas geraes herdam no apenas a ideia de consumismo, mas tambm a de abundncia e essa est associada ao desperdcio, o que compromete cada vez mais as prprias condies de sobrevivncia (BAUDRILLARD, 1995). Canclini (1999) nos oferece outra perspectiva de consumo: o consumo cidado. Mas para isso, primeiramente deve-se desconstruir a ideia de que consumir apenas a ostentao do suprfluo e de que os consumidores so vtimas irracionais das tticas publicitrias; em segundo lugar, deve-se mudar a concepo de que o exerccio da cidadania s se d em funo da racionalidade dos princpios ideolgicos. Na realidade, tal perspectiva tem a ver com as prticas sociais e culturais que do sentido de pertencimento e, sendo assim, o espao do cidado no pode ser reduzido a espao de consumidor (CANCLINI, 1999, p. 45). Para este autor, o consumo tambm serve para pensar no somente na direo em que aponta a racionalidade moderna (p. 286). O ato de consumir tambm requer escolha, seleo dos produtos, assim como a distino e integrao entre diferentes grupos sociais; ou seja, pressupe que pode ser feito de forma reflexiva em que o individuo pense na sua relao com o que lhe circunda, o meio e o coletivo. Tal possibilidade leva o consumidor a ter o controle sobre as influncias externas, fazendo-o repensar as verdadeiras necessidades e estabelecendo uma tica que gere solidariedade entre consumidores (CANCLINI, 1999, p. 286). Ns nos apoiamos na ideia de consumo consciente na medida em que a populao se integre na busca por solues, mas para isso ela precisa ter informao e conscientizao para que haja mudanas nos

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hbitos e reflexo sobre as intervenes no meio ambiente. Para tanto, acreditamos que isso s se dar atravs de uma Educao Ambiental que vise criar, resgatar e consolidar valores, despertar e cultivar atitudes individuais e coletivas voltadas para as questes socioambientais. Resduos slidos lixo: uma diferenciao necessria. Segundo Nunesmaia (1997), a nossa sociedade se importa mais em livrar-se dos resduos do que com o lugar para onde vai ser disposto , desde que ele fique longe dos seus olhos. Para a grande maioria das pessoas basta que as prefeituras retirem o lixo das ruas e das suas portas, para que o problema seja solucionado . Mas na realidade os problemas so muito mais complexos: eles vo desde os aspectos ambientais e econmicos at os sociais causados pelos resduos . O descaso por parte da sociedade pelos resduos gerados devese, em parte, pelo desconhecimento dos seus efeitos negativos, alm do fato de que o lixo considerado aquele material sem qualquer valor. Ele tem sido conceituado como os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inteis, indispensveis ou descartveis (ZACARIAS, 2000, p. 47). J os resduos slidos so definidos , segundo Associao Brasileira de Normas e Tcnicas (ABNT) como: aqueles (...), nos estados slidos e semi-slidos, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servio e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnicas e economicamente inviveis em face de melhor tecnologia disponvel.(ZANTA, 2003, p.65)

Lixo e resduos slidos so tambm utilizados como sinnimos, porm o termo resduos slidos tem substitudo a palavra lixo, na tentativa de se entender a importncia dos resduos. No se pode mais admitir um tipo de pensamento que considere toda a sobra do metabolismo social como intil e que no pode ser mais reutilizado; na realidade, muitos resduos podem ser reaproveitados, evitando-se o desperdcio. H resduos que podem voltar cadeia produtiva como os materiais reciclveis e reutilizveis, o que reduziria o montante de 16 bilhes de dlares anuais de desperdcio no Brasil, segundo estimativas das Naes Unidas (ZACARIAS, 2000). Outro lado do desperdcio so os alimentos. Muitos deles so jogados fora, mas poderiam ser consumidos, como no caso de produtos da agropecuria que apodrecem sem serem distribudos e utilizados. Isso

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agravado pela falta de conhecimento sobre as potencialidades e propriedades de alguns alimentos que no so utilizados em sua totalidade , como os seus talos, cascas e ramas. A face mais perversa do desperdcio a existncia de pessoas que tiram do lixo in natura alimentos para com-los e sustentar suas famlias. Tais pessoas sobrevivem dos restos desperdiados por outros, colocando a sade em risco (BRAGA, 1993). Essa situao foi captada por Manuel Bandeira em seu poema O Bicho, de 1947: Vi ontem um bicho Na imundcie do ptio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, No examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho no era um co, No era um gato, No era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. O fato de o lixo ser considerado como algo sem utilidade faz com que a maioria das pessoas s se preocupem em se livrar desse problema que pode, ao mesmo tempo, ser uma fonte de renda parar outras. Essa conotao negativa a que diz respeito s sobras das atividades humanas faz com que haja tambm um estigma em relao s pessoas que sobrevivem da matria-prima que vem do lixo. Na maioria das vezes, essas pessoas so socialmente discriminadas e marginalizadas, como o caso dos catadores que recolhem materiais diversos que sero reciclados ou reaproveitados. Muitos artistas transformam o que considerado intil em arte, porm esses sofrem menos discriminao do que aqueles que recolhem os mesmos materiais para revend-los ou reutilizarem. Ambos, todavia, desempenham uma funo social muito importante para o meio ambiente, pois evitam que resduos parem em lixes ou aterros. claro que os catadores trabalham, geralmente, em condies insalubres e ganham pouco, mas isso no pode ser motivo para que os mesmos sejam desvalorizados como cidados. O que no podemos aceitar que seres humanos fiquem expostos a condies precrias de sobrevivncia, estando vulnerveis a doenas infecto-contagiosas. Segundo Abreu (2001), a organizao de catadores em cooperativas ou associaes fundamental para o resgate e a valorizao da dignidade social dessas pessoas. O apoio das prefeituras tambm muito importante, pois essas instncias do poder pblico so as responsveis pelos servios de limpeza urbana. Logo, essa parceria contribui para um bom sistema de gesto de resduos.

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Para Rodrigues (1998), a reciclagem surge com o agravamento da problemtica ambiental relacionado ausncia de espaos para o depsito de lixo e com o aumento da disposio de materiais no ambiente. O problema do lixo ficou cada vez mais perto, tornando-se uma necessidade encontrar solues para o seu acmulo. Com a reciclagem os resduos slidos passaram a ter um novo valor : o que era resto de um valor de uso passou a ter um valor de troca. Ou seja, importante tanto para a preservao da natureza (os resduos acumulados podem gerar degradao ambiental) como para o circuito produtivo (RODRIGUES, 1998, p.122 e 123). Nos dias atuais, para setores do circuito produtivo que realizam o reaproveitamento (reciclagem) dos resduos, a compra da mercadoria lixo tem implicado em menores custos de produo, embora os produtos resultantes no tenham diminudo de preo no mercado de consumo, o que implica a possibilidade de auferir maiores lucros (RODRIGUES, 1998, p.123). Entretanto, se os materiais reciclveis forem misturados ao lixo (materiais que no podem ser aproveitados) eles perdem valor comercial e passam a ter menos aproveitamento na cadeia produtiva, tornando o descarte e a coleta seletivos fundamentais. Deste modo, os programas de coleta seletiva realizados por prefeituras no devem ignorar a existncia da coleta informal realizada pelos catadores; pelo contrrio: esses programas devem proporcionar condies dignas de trabalho, em que haja um espao fsico, roupas e equipamentos adequados seleo e comercializao dos materiais reciclveis (ABREU, 2001). Cabe enfatizar que a reciclagem por si s no resolve os problemas causados pelos resduos slidos, mas claro que atravs dela tem-se uma reduo da disposio final de resduos, reduzindo-se o consumo de matrias prima renovveis e no renovveis. Infelizmente existem muitas indstrias oportunistas de reciclveis que se apropriam do prestgio de produzir mercadorias ecologicamente corretas, porm, no processo da sua produo so altamente poluentes, no atendendo a finalidade da reciclagem. Na realidade, a reciclagem deve estar aliada reutilizao dos objetos, reduo e ao repensar do consumo, assim como o repensar da produo industrial. A discusso na busca de solues para a problemtica do lixo inesgotvel, e tambm denotam medidas de mdio e longo prazo (BRAGA, 1993). A Gesto Socioespacial dos Resduos Slidos em Nova Iguau (RJ). Com a Constituio Federal brasileira de 1988, os municpios ampliaram sua autonomia poltico-administrativa, principalmente sobre as polticas pblicas de gesto do territrio (OLIVEIRA, 2004). Com a descentralizao administrativa e financeira (tanto por transferncia federal e estadual quanto pela prpria gesto tributria) propiciada aos municpios, tal esfera de deciso passou a ter mais responsabilidades quanto aos investimentos pblicos nas localidades, o que possibilitou o enfren-

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3 Plano Diretor um conjunto de normas obrigatrias, elaborado por lei municipal especfica, integrando o processo de planejamento municipal, que regula as atividades e os empreendimentos do prprio Poder Pblico Municipal e das pessoas fsicas ou jurdicas, de Direito Privado ou Pblico, a serem levados no territrio municipal (MACHADO, 2004, p. 368). 4 Interesse local refere-se aos interesses mais diretamente ligados s necessidades imediatas do municpio (SANTOS, 2003, p. 200).

tamento de problemas derivados da reproduo social, como os relativos sade, educao, moradia e saneamento (SANTOS, 2003). Essa autonomia fundamental para que as municipalidades possam atender melhor as demandas da populao local a partir de polticas pblicas especficas, pois essas esferas so entes governamentais que mantm uma relao mais estreita com os habitantes das cidades. Essa proximidade entre o governo municipal e a populao local permite aos muncipes maior controle sobre as aes de governo, participando mais ativamente da formulao de polticas pblicas (SANTOS, 2003). Como passam tambm a contar com novos instrumentos jurdicos para o controle do uso do solo, as unidades poltico-administrativas municipais com mais de 20 mil habitantes so obrigadas a ter um Plano Diretor3 para a orientao da ao governamental que, por sua vez, deve estar aliada s necessidades polticas, sociais, econmicas e do meio ambiente natural e construdo. Mas como os municpios no possuem Poder Judicirio nem Constituio, apenas Lei Orgnica Municipal, que proporciona certa autonomia legislativa submetida Constituio Federal para atender os interesses locais4. Com isso, fica a cargo dos governos municipais a preocupao com os servios bsicos de limpeza e saneamento bsico, incluindo a coleta, transporte e destinao final dos resduos slidos. Entretanto, como afirma Machado (2004), devido necessidade de considerveis investimentos financeiros para uso de tcnicas mais avanadas de tratamento de resduos e implantao de equipamentos, cabe Unio e aos estados auxlio financeiro e estabelecimento de normas que visem evitar a poluio atmosfrica, das guas e do solo (p.323). Um bom servio de limpeza urbana pressupe uma gesto adequada dos resduos, e para que essa gesto seja eficiente necessrio ter planejamento. De acordo com Machado (2004), deve-se planejar tambm o uso e ocupao do solo, no somente um planejamento do funcionamento do servio de limpeza. A limpeza pblica, coleta, transporte e disposio de resduos dizem respeito, principalmente, sade pblica e ao meio ambiente. O planejamento em curto, mdio e longo prazo, do uso e da ocupao do solo municipal, no que concerne a todos os tipos de rejeitos, de fundamental importncia para a existncia de saudvel poltica municipal ambiental. (p.386). Porm, conforme observado por Rocha (2003), os resduos slidos tm se tornado cada vez mais um problema crnico em nossa sociedade principalmente por causa da ineficincia de muitas prefeituras em seu inadequado gerenciamento. Algumas delas ainda permitem que o lixo gerado em seus municpios seja lanado em locais inadequados, causando srios transtornos populao (surgimento de terrenos baldios,

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sujeira nos crregos e rios, proliferao de insetos e roedores), como foi ratificado pela PNSB5 de 2000. De lixo a aterro sanitrio: o caso de Nova Iguau. Segundo Oliveira (2004, p. 27), a Regio Baixada Fluminense reconhecida, socialmente, pelas carncias em habitao, segurana pblica e pelo mandonismo do poder local . Nessa regio destaca-se o municpio de Nova Iguau (figura 1), o maior da Baixada em extenso territorial e o segundo em populao, estimada em 830 mil habitantes, segundo a Prefeitura Municipal de Nova Iguau (2008). Exemplificando o que ocorre em todos os demais municpios da Baixada Fluminense, Nova Iguau padece de srias carncias em infraestrutura urbana, principalmente no que diz respeito ao saneamento bsico, que compreende a rede de esgoto, o abastecimento de gua e a drenagem de guas pluviais (BORBA, 2006). Entretanto, esse municpio referncia internacional em gesto de resduos slidos, j que possui um aterro sanitrio localizado no bairro de Adrianpolis na Unidade Regional de Governo (URG) de Tingu. Esse aterro uma parceria pblico-privada (PPP) definida entre o governo municipal, a empresa S. A. Paulista (empresa que administra o aterro), o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis), FEEMA (Fundao Estadual de Engenharia e Meio Ambiente) e supervisionada diretamente pelo Ministrio Pblico do Rio de Janeiro (Relatrio Ambiental de