caderno educacao ambiental 17 vol 2

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FAUNA URBANA 17 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE Cadernos de Educação Ambiental VOLUME 2

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    17

    F A U N AU R B A N A

    17GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

    Cadernos de Educao Ambiental

    VOLUME 2

  • GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULOSECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

    S O PAU LO2 0 1 3

    F A U N AU R B A N A

    Cadernos de Educao Ambiental

    17

    Volume 2

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  • Governo do estado de so Paulo Governador

    secretaria do Meio aMbiente Secretrio

    coordenadoria de educao aMbientalCoordenadora

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  • Governo do estado de so Paulo Governador

    secretaria do Meio aMbiente Secretrio

    coordenadoria de educao aMbientalCoordenadora

    Geraldo Alckmin

    Bruno Covas

    Yara Cunha Costa

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  • Apresentao

    A Srie Cadernos de Educao Ambiental chega ao dcimo stimo nmero com um assunto que, muitas vezes, passa despercebido no ambiente predominantemente humano das cidades: a Fauna Urbana. So espcies de aves, rpteis, anuros, artrpodes e mamferos, que se abrigam nos nossos jardins, parques, hortas, lagos, rios e, at mesmo, nas residncias. Espcies que se adaptaram e aprenderam a viver em locais bem diferentes dos seus habitats e hoje integram o nosso ecossistema urbano.

    Trata-se de uma leitura que convida reflexo sobre o crescimento dos espaos urbanos, os impactos ambientais decorrentes dele e as adaptaes das espcies da fauna para sobreviverem nas condies impostas pela perda do seu habitat. O assunto tratado sob um vis que cumpre o papel de educar ambientalmente e ainda serve como ferramenta para o planejamento e para a gesto sustentvel do meio ambiente.

    Muitas das espcies da fauna urbana podem causar problemas, como agravos sade ambiental e prejuzos materiais, como danos s estruturas das construes, contaminao de depsitos de alimentos, entre outros. Quando a convivncia entre pessoas e outros animais se torna desequilibrada, existe a necessidade de desenvolver estratgias de manejo e controle populacional de espcies da fauna urbana, que estejam causando danos.

    No entanto, a fauna urbana no deve ser vista apenas como a nica causadora de problemas nas cidades, pois muitas espcies cumprem um papel fundamental no complexo ecossistema urbano. Elas auxiliam no controle da populao de insetos (alguns deles vetores de doenas), na disperso de sementes, na manuteno do equilbrio e da conservao biolgica, na polinizao; e at trazem benefcios mais ldicos para a populao, como a oportunidade de ouvir o som dos pssaros, em um Estado como So Paulo.

    Outro aspecto relevante abordado no Caderno o abandono de animais domsticos em reas urbanas, inclusive nas Unidades de Conservao e parques, algo extremamente nocivo para o equilbrio do ecossistema e para o prprio animal abandonado.

    Desenvolver e implantar polticas pblicas para recuperar as reas degradadas pela expanso urbana deve ser uma prioridade para se alcanar um meio ambiente mais justo e sustentvel. O Caderno Fauna Urbana alerta para a necessidade de planejamento constante, visando sustentabilidade, enfatizando que o maior objetivo a ser atingido o convvio harmonioso entre todas e quaisquer espcies.

    Bruno CovasSecretrio de Estado do Meio Ambiente

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  • SUMRIO

    FAUNA URBANA - VOLUME 2

    01. Introduo 9

    02. Definies 25

    03. Relaes entre populao humana e fauna urbana 31

    04. Espcies comuns da fauna urbana no Estado deSo Paulo 55 1. Aves 61 2. Rpteis 121 3. Anuros (sapos, rs e pererecas) 142

    05. Consideraes Finais 149

    06. Referncias Bibliogrficas 155

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  • Representao grfica da diminuio das reas naturais com a expanso das reas urbanas.Fonte: Disponvel em: http://all-free-download.com/ Acesso em: 25/05/2013.

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  • Introduo

    110540 miolo.indd 9 30/10/2013 18:42:52

  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA10

    1. Introduo

    ASrie Cadernos de Educao Ambiental apresenta no Caderno de nmero 17, Volumes i e ii, o tema Fauna Urbana. Neste volume (ii), sero citadas algumas das espcies de aves, rpteis

    e anuros (sapos, rs e pererecas) mais comuns nas reas urbanas e periur-

    banas do Estado de So Paulo e tambm a interao entre a populao

    humana e a fauna urbana.

    Dentro do contexto das relaes entre a espcie humana e todas as

    outras que compartilham o planeta Terra, o convvio harmonioso tem sido

    cada vez mais raro. O crescimento populacional, agravado pela capacidade

    das pessoas em alterarem o meio ambiente, transforma os ecossistemas

    de maneira definitiva.

    Na maioria das vezes, tais mudanas acabam por prejudicar no so-

    mente as outras espcies, mas tambm os humanos, sendo por meio de

    agentes patognicos atuais, ou pelos que esto voltando a ocorrer aps

    longos perodos de declnio. H, tambm, a diminuio de recursos natu-

    rais disponveis para todos os habitantes do planeta.

    gua: recurso natural indispensvel sobrevivncia dos seres vivos no Planeta Terra.Fonte: SMA.

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  • 111. iNTrODUO

    O incessante desejo de desenvolvimento, tanto econmico, como so-

    ciocultural, foi, at pouco tempo atrs, responsvel pelas grandes interfe-

    rncias realizadas pelo homem no meio, com a destruio de ambientes

    naturais visando o uso das reas para urbanizao, produo de alimen-

    tos, de energia, como as usinas hidroeltricas, alm das reas destinadas

    para as indstrias de transformao, etc.

    Nas ltimas dcadas, muitos estudos comprovaram que alteraes

    antrpicas no meio ambiente levaram extino de inmeras espcies,

    algumas ainda com suas caractersticas e importncia para o equilbrio do

    ecossistema em que habitavam desconhecidas e perdidas para sempre.

    Um dos biomas que sofreu perdas irreparveis com a expanso da ocu-

    pao humana, sobre reas com cobertura vegetal, foi a Mata Atlntica.

    (Egler & rio, 2012; instituto Florestal, 2010, 2013; leite, 2012)

    As populaes de aves marinhas sofrem impacto negativo da indstria de pesca, tanto pela escassez de alimento, causada pela explorao intensa dos recursos pesqueiros pelo homem, quanto pelos danos diretos causados pelas linhas, redes e anzis, que levam a um altssimo nmero de bitos dessas aves.Fonte: SMA.

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  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA12

    Dados recentes apresentados no Atlas dos remanescentes Florestais

    da Mata Atlntica Perodo 2011 2012 foram obtidos com o uso de

    modernas metodologias (avanos tecnolgicos na rea da informao,

    do sensoriamento remoto, do processamento de imagens de satlites e

    da geoinformao), com imagens de melhor definio e qualidade, pos-

    sibilitaram a produo de mapas com escalas menores (disponibilizadas

    em formato digital na escala 1:50.000). Essa nova estratgia permitiu a

    identificao de fragmentos florestais, de desflorestamentos ou de regies

    em regenerao, com reas superiores a 10 hectares, sendo que, ante-

    riormente, somente reas acima de 25 hectares eram passveis de serem

    mapeadas. (instituto Florestal, 2010, 2013; So Paulo, 2013b)

    De acordo com o levantamento citado acima, a degradao flores-

    tal no Bioma Mata Atlntica, no perodo de 2011 a 2012, foi de 21.977

    rvore em rea protegida Parque Estadual Porto Ferreira SP. Uma das principais causas de dimi-nuio das populaes de animais silvestres a destruio das suas reas de ocorrncias naturais.Fonte: SMA.

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  • 131. iNTrODUO

    hectares. Comparando a supresso da floresta nativa nos mesmos 10

    estados mapeados, no perodo de 2010 a 2011, houve um aumento de

    29% na taxa de desmatamento. (So Paulo, 2013b)

    Segundo dados do inventrio Florestal da Vegetao Nativa do Estado

    de So Paulo, publicado no ano de 2010, a cobertura de remanescentes

    de vegetao natural representa 17,5% da cobertura original nativa do

    Estado de So Paulo. (instituto Florestal, 2010 e So Paulo, 2011b)

    Grfico do histrico do desmatamento (desflorestamento) da vegetao classificada como: classe mata, em remanescentes florestais, identificado nas reas dos 17 Estados brasileiros de ocorrncia da Mata Atlntica.Fonte: So Paulo, 2013.

    Mapas demonstrando a evoluo da cobertura vegetal no Estado de So Paulo desde o descobrimento at 2000. Fonte: Martineli, 2010.

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  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA14

    Nota-se um aumento da rea de cobertura vegetal no Estado de

    So Paulo em 2008/2009, chegando a mais de 4,3 milhes de hectares

    identificados (17,5% do territrio), em relao aos valores do invent-

    rio de 2005, quando foram identificados aproximadamente 3,5 milhes

    de hectares de vegetao nativa (13,9% do territrio). No entanto,

    importante ressaltar que estas variaes devem-se em grande parte

    ao fato de o novo levantamento ter utilizado uma metodologia dife-

    renciada do levantamento anterior. O inventrio Florestal 2008/2009

    foi produzido com imagens de satlite de alta resoluo, que culminou

    na descoberta de 184 mil novos fragmentos florestais, representan-

    do 445,7 mil hectares de novas pequenas matas, que no estavam

    contabilizadas no mapeamento anterior. Apesar disso, estima-se em

    94,9 mil hectares o total de reas em regenerao, compreendendo

    um aumento real da vegetao paulista. (iBGE, 2012; SEADE, 2012;

    So Paulo, 2012b)

    Grfico demonstrando a evoluo da cobertura vegetal nativa no Estado de So Paulo, no perodo de 1962 a 2009. Fonte: instituto Florestal, 2010.

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  • 151. iNTrODUO

    Nas reas urbanas, os fragmentos so muito mais suscetveis aos im-

    pactos causados por incndios, vandalismo, extrao seletiva de madeira,

    depsito de resduos, caa e, principalmente, presso imobiliria. Sob a

    tica da Biologia, estes remanescentes so valiosas reas de preservao

    e conservao de recursos naturais, servindo de ponto de apoio e local de

    moradia para inmeras espcies, alm de atuarem como moderadores de

    temperatura, estabilizadores do solo, evitando, assim, o assoreamento dos

    cursos d gua. (instituto Florestal, 2010)

    Vista area do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) localizado na Zona Sul da Cidade de So Paulo.Fonte: So Paulo, 2010.

    Animais silvestres so forados a se adaptarem s condies das reas urbanas, aumentando, por exemplo, o risco de acidentes com os animais peonhentos. Cobra jararaca - Bothrops spp. Autor: Carlos Nader.Fonte: Arquivos da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.

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  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA16

    Atualmente, um dos principais focos de estudo da comunidade

    cientfica mundial est voltado para o desenvolvimento sustentvel,

    criando e testando variados mtodos e tcnicas para minimizar e ou

    compensar os danos ao meio ambiente causados pela ocupao, tanto

    urbana como rural.

    As espcies animais que utilizam as reas urbanas para sobreviver,

    sendo de maneira espontnea ou imposta pela falta de locais com caracte-

    rsticas naturais, ou ainda pela ao do trfico de animais, sofrem com as

    alteraes do meio ambiente.

    Os anfbios so considerados como indicadores da qualidade do ambiente, pois so muito sensveis s contaminaes. Autor: Carlos Nader.Fonte: Arquivos da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.

    Aves em rea de descarte irregular de resduos (lixo) podem transportar e transmitir uma grande variedade de doenas para as pessoas e outros animais. Autor: Patrick Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

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  • 171. iNTrODUO

    Os animais ficam expostos s privaes pela falta de recursos naturais

    para suprir suas necessidades mnimas, alm de colocarem em risco as

    populaes animais locais, inclusive o homem.

    Esse risco se deve ao fato de que todo indivduo em condies de

    stress est mais susceptvel a doenas, quando comparado com o que vive

    em um ambiente equilibrado. (Kabashima et all, 2009; levai, 2012; Ma-

    ricato, 2000; Oliveira, 2002; So Paulo, 2010, 2011 a; Silva, Siqueira &

    Marvulo, 2008; iUCN, 2012)

    Ourio-cacheiro - Sphiggurus villosus. Espcie que frequentemente est envolvida em acidentes com ces nas reas periurbanas. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedido pelo autor.

    Os rpteis, na maioria das vezes, so tratados como invasores nas reas urbanas. Tei - Salvator merianae.Fonte: Arquivos da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.

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  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA18

    Algumas alternativas tm sido testadas para minimizar estes danos

    ao meio ambiente, me um dos meios para este fim so os corredores

    verdes, que podem ser uma alternativa sustentvel para estruturar a

    expanso urbana e rural.

    Esta alternativa consiste em extenses lineares, que podem ser de ter-

    ra ou de gua, que possibilitam usos e funes mltiplas, como: manejo

    das guas das chuvas, conservao de fragmentos de ecossistemas natu-

    rais ou recuperados, uso como vias de transporte alternativo e reas de

    lazer, melhora da qualidade de vida dos habitantes, proteo e ligao de

    importantes reas culturais que sejam acessveis a todas as camadas so-

    ciais da populao pela sua proximidade das reas habitadas. (leite, 2012)

    Nas ltimas dcadas, os cientistas e conservacionistas tm pesqui-

    sado a importncia dos corredores ecolgicos para a proteo e o ma-

    nejo da biodiversidade, dentro de uma perspectiva mais ampla. (Herzog,

    2008; Kabashima et all, 2009; leite, 2012; Mazzei, 2007)

    De acordo com a definio da lei 9.985/2000, corredores ecol-

    gicos so pores de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando

    unidades de conservao, que possibilitam entre elas o fluxo de genes

    e o movimento da biota, facilitando a disperso de espcies e a recolo-

    nizao de reas degradadas, bem como a manuteno de populaes

    que demandam para sua sobrevivncia reas com extenso maior do que

    aquela das unidades individuais. (iCMBiO, 2013)

    Corredores Ecolgicos na regio do Pontal do Paranapanema (SP).Fonte: Disponvel em: http://www.ipe.org.br. Acesso em: 20/02/2013.

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  • 191. iNTrODUO

    Os Corredores Ecolgicos devem proteger e sustentar a paisagem e

    seus belos cenrios; e, tambm, podem conectar reas urbanas e rurais. No

    Brasil, existem projetos para implantao de corredores verdes, principal-

    mente no Estado de So Paulo. (Herzog, 2008 e Mazzei, 2007)O instituto Florestal SMA desenvolve vrias aes que objetivam

    efetuar o mapeamento e a avaliao dos remanescentes da vegetao natural do Estado de So Paulo para fins de estudos e controle da dinmica de suas alteraes. O mapa inventrio Florestal da Vegetao Natural do Estado de So Paulo um dos resultados destas aes.

    Fonte: SMA.

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  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA20

    A expanso das cidades em direo s reas de remanescentes de vegetao, tanto nas reas urbanas quanto periurbanas, diminui as possibilidades de manuteno de populaes silvestres nestes frag-mentos, forando a exposio desses indivduos ao contato mais fre-quente com a populao humana. Alm da perda de habitat, esses animais silvestres tambm sofrem presso devido sua retirada ilegal da natureza, tanto pela caa, quanto para abastecer o mercado do trfico de animais silvestres.

    O trfico de animais caracterizado pela captura de animais silves-tres do seu habitat natural e sua destinao ao comrcio ilegal. Quando esses animais no morrem nas mos dos traficantes, devido a maus-tra-tos, fome, sede e pssimas condies de transporte, eles so destinados a colecionadores, laboratrios que realizam testes com medicamentos ou cosmticos, comerciantes ilegais de peles, couros e outras partes de animais. Tambm alimenta o trfico de animais silvestres o desejo huma-no de estar em contato com animais diferentes dos domsticos; por isso, muitas vezes, essas pessoas compram esses animais sem saber do mal que esto causando a eles e ao meio ambiente. (Serra, 2003)

    Esta a real face do trfico de animais silvestres. Fonte: Disponvel em: http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_traficoanimais.htm. Acesso em: 15/12/2012.

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  • 211. iNTrODUO

    Este comrcio ilegal de animais silvestres uma prtica criminosa que

    movimenta considerveis valores no mundo. No Brasil, os dados do iBAMA

    (Destro, et alli, 2012) revelam que este comrcio movimenta bilhes de

    dlares ao ano, com a estimativa de que 38 milhes de exemplares de

    animais sejam retirados anualmente da natureza. A retirada de animais sil-

    vestres do seu habitat natural, junto caa predatria, ao desmatamento

    e s queimadas causam a extino de inmeras espcies, o que pode gerar

    uma grande instabilidade na cadeia alimentar e um grave desequilbrio

    ecolgico, pois cada animal importante na manuteno de um deter-

    minado ecossistema, e consequentemente para o equilbrio da natureza.

    Alm disso, existe o risco de acidentes envolvendo animais silvestres e do-

    msticos ou o prprio homem, que pode sofrer agresses desses animais, com

    consequncias graves para todos os envolvidos. (Fundao Oswaldo Cruz, 2012)

    Os grandes centros urbanos so os principais receptores e mercado

    consumidor da fauna silvestre traficada. (SMA-CBrN/DeFau, 2013)

    A melhor maneira de combater o trfico de animais silvestres de-

    sestimulando essa prtica ilegal, ou seja, sensibilizando as pessoas, por

    meio da Educao Ambiental, a respeito dos danos irreparveis que esse

    comrcio ilegal pode causar biodiversidade, alm da fiscalizao intensa

    e contnua dos rgos competentes.

    Vrios outros planos de ao vm sendo desenvolvidos e implementa-

    dos no Estado de So Paulo, e relacionados com o manejo das populaes

    de espcies da fauna silvestre, sendo que a destinao da fauna envolvida

    no trfico de animais silvestres uma dessas aes.

    Deve-se aliar o combate s prticas lesivas ao meio ambiente com o de-

    senvolvimento de alternativas econmicas para subsistncia das famlias que

    utilizam os recursos naturais de forma ilegal, e que contribuem para o trfico

    de animais silvestres e a explorao indiscriminada dos recursos naturais.

    O trfico de animais silvestres proporciona uma mobilidade artificial

    aos animais traficados, pois muitas vezes so transportados e comerciali-

    zados ilegalmente em regies fora das reas de distribuio natural da sua

    10540 miolo.indd 21 30/10/2013 18:43:13

  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA22

    espcie. Nessas ocasies comum ocorrerem fugas do cativeiro ou soltu-

    ras intencionais de indivduos em regies onde naturalmente no seriam

    encontrados. Quando isso acontece, alguns indivduos morrem e outros se

    adaptam e se reproduzem, estabelecendo populaes, as quais causam

    grande desequilbrio ambiental.

    Desta forma, devemos considerar os problemas causados pela introdu-

    o de espcies que no ocorrem naturalmente no Estado de So Paulo, as

    denominadas espcies invasoras, que competem com as nativas por recur-

    sos e tambm so fonte potencial de doenas para as populaes naturais

    silvestres e domsticas, alm do ser humano. (Alexandrino et all, 2012)Algumas das espcies da fauna consideradas exticas invasoras no

    Estado de So Paulo, de acordo com a Deliberao CONSEMA 30/2011, de

    09/11/2011, que reconhece a lista de espcies exticas com potencial de

    bioinvaso no Estado de So Paulo, esto citadas abaixo.

    Caramujo gigante africano Achatina fulica, em rea urbana de So Vicente SPAutor: Denise S. Pereira.Fonte: Cedida pelo autor.

    Lebre europeia Lepus europaeus.Fonte: Disponvel em: http://hypescience.com/wp-content/uploads/2012/07/38.jpg. Acesso em: 30/04/2013.

    10540 miolo.indd 22 30/10/2013 18:43:15

  • 231. iNTrODUO

    Esto em elaborao e implantao pelo Governo do Estado de So

    Paulo programas especficos sobre manejo de espcies invasoras no Esta-

    do, visando estabelecer critrios e normas sustentveis para o controle e/

    ou a erradicao dessas espcies, por meio de aes da Secretaria do Meio

    Ambiente SMA, com a colaborao de instituies ligadas a estudos e

    conservao do meio ambiente, sade pblica, produo, agropecuria e

    organizaes ligadas ao bem-estar animal.

    A informao, a sensibilizao e a conscientizao, por meio da Educa-

    o Ambiental, so as principais ferramentas que estimulam e fortalecem

    os ideais para a preservao da natureza, com a conservao dos ambien-

    tes naturais e o desenvolvimento sustentvel. Dessa forma, a populao

    em geral passa a ser agente fiscalizador e colaborador para a manuteno

    de uma convivncia equilibrada entre todos os seres.

    Sagui-do-tufo-branco - Callithrix jacchus. Invasor em toda rea do Estado de So Paulo.Sagui-do-tufo-preto ou mico estrela - Callithrix penicillata. Considerado como invasor na rea da margem direita do Rio Tiet.Fonte: Arquivos da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo. Disponvel em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fd/Callithrix_penicillata.jpg. Acesso em: 30/04/2013.

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  • CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA24

    Arte: Gabriela de Abreu Grizzo

    10540 miolo.indd 24 30/10/2013 18:43:28

  • Definies

    210540 miolo.indd 25 30/10/2013 18:43:28

  • 26 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    2. Definies

    A s informaes aqui fornecidas foram obtidas na literatura atual-mente disponvel, tanto impressa como virtual, de fontes indexadas oficiais, com nfase nas contidas em publicaes de rgos Governa-

    mentais relacionados ao meio ambiente e sade pblica. As fontes

    sero citadas no texto quando se tratarem de informaes diretamen-

    te obtidas da referncia, e uma relao dos endereos eletrnicos dos

    rgos Governamentais Brasileiros consultados para elaborao deste

    material ser disponibilizada no final do Caderno.

    Para estabelecer um padro de nomenclatura, precisamos definir al-

    guns termos usados, segundo a literatura e a legislao brasileira:

    Fauna o subconjunto de animais de um bioma especfico ou de

    toda biota.

    Biota o conjunto de seres vivos que habitam uma determinada re-

    gio ou um ecossistema e sua estreita relao com os fatores biticos e

    abiticos do ambiente.

    Bioma o conjunto de ecossistemas terrestres com caractersticas de

    formaes vegetais semelhantes, devido a fatores climticos (temperatura e

    umidade) relacionados latitude. Ex. Tundra, Savana, Florestas Tropicais, etc.

    Urbano tudo o que relativo cidade, que tem carter de cidade.

    Ao antrpica no ambiente resultante basicamente da ao

    do homem.

    10540 miolo.indd 26 30/10/2013 18:43:28

  • 2. DEFiNiES 27

    Animais invertebrados so animais sem coluna vertebral.

    Animais vertebrados so os que possuem espinha dorsal e crnio.

    Animais domsticos sos os que, por meio de processos tradicio-

    nais e sistematizados de manejo ou melhoramento zootcnico, se torna-

    ram dependentes do homem, apresentando caractersticas biolgicas e

    comportamentais em estreita relao com ele. Podem apresentar fentipo

    ou caractersticas variveis, diferentes da espcie silvestre que os origina-

    ram. Vivem e se reproduzem em local habitado por humanos, com as fina-

    lidades de companhia (ces, gatos, pssaros, etc.), produo de alimentos

    (galinhas, bois, vacas, cavalos, porcos, etc.) ou transporte (equdeos).

    Animais silvestres so aqueles pertencentes fauna silvestre nativa

    ou extica.

    Fauna silvestre nativa so todos os espcimes pertencentes s es-

    pcies nativas ou migratrias, aquticas ou terrestres, de ocorrncia natu-

    ral e que tenham todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos

    limites em territrio brasileiro ou em guas jurisdicionais brasileiras.

    Fauna silvestre extica so todos os espcimes (indivduos) que se

    encontrem fora de sua distribuio natural, presente ou passada.

    Deve-se considerar como fauna extica invasora os animais intro-

    duzidos a um ecossistema do qual no fazem parte originalmente, mas

    onde se adaptaram e representam ameaa ao equilbrio ecolgico, prejudi-

    cando processos naturais e espcies nativas.

    10540 miolo.indd 27 30/10/2013 18:43:28

  • 28 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Animais sinantrpicos (do grego sn = ao unida e nthopos =

    homem) so aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito

    da vontade deste.

    Nicho ecolgico o papel ecolgico desempenhado por um orga-

    nismo ou espcie no ecossistema, caracterizado pelas interaes entre os

    indivduos e o ambiente, ou seja, a combinao das condies e recursos

    que permitem a uma espcie existir, crescer e se reproduzir alm das inte-

    raes com outras espcies.

    Vetores so seres vivos que veiculam de forma ativa um agente etio-

    lgico (agente que causa danos sade), desde uma fonte de infeco at

    um novo susceptvel, podendo ou no o agente se desenvolver enquanto

    se encontra no vetor. Os vetores so animais invertebrados, artrpodes, ge-

    ralmente insetos ou caros. Exemplos das principais doenas transmitidas

    por vetores so dengue, febre amarela, malria, doena de chagas, febre

    do Nilo, entre outras.

    Os vetores mecnicos so os que carreiam o agente em alguma

    parte do corpo, onde no h multiplicao ou modificao do agente.

    Os vetores biolgicos so aqueles em que os agentes desenvolvem

    algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro.

    Hospedeiro o ser vivo que oferece, em condies naturais, subsis-

    tncia ou alojamento a um agente infeccioso (OPAS 92). Pode ser humano

    ou outro animal (inclusive aves e artrpodes).

    Hospedeiro primrio ou definitivo onde o agente atinge a ma-

    turidade ou passa sua fase sexuada; hospedeiro intermedirio ou se-

    10540 miolo.indd 28 30/10/2013 18:43:28

  • 2. DEFiNiES 29

    cundrio aquele onde o parasita se encontra em forma assexuada ou

    larvria. O Homem pode ser hospedeiro intermedirio ou definitivo.

    Reservatrio de agentes infecciosos (reservatrio de bioagentes)

    pode ser qualquer animal, planta, solo ou matria inanimada ou uma com-

    binao deles, em que um agente infeccioso normalmente vive e se multi-

    plica, e que depende desse meio para sua sobrevivncia, reproduzindo-se

    de modo tal que pode ser transmitido a um hospedeiro susceptvel.

    Agravo sade significa qualquer dano integridade fsica e/ ou

    mental e/ou social de um ou mais indivduos de uma coletividade ou

    populao.

    Doena significa uma enfermidade ou estado clnico, independente-

    mente de origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano

    significativo para os seres vivos.

    Zoonoses: so agravos e doenas naturalmente transmissveis entre

    animais e seres humanos. Dentre as zoonoses de relevante importncia

    para a Sade Pblica e com incidentes em reas urbanas, destacam-se

    a raiva, leptospirose, tuberculose, leishmaniose, brucelose, toxoplasmose,

    tenase e cisticercose.

    Peonhento o animal que apresenta veneno e algum tipo de meca-

    nismo que possibilita a inoculao em outro organismo.

    10540 miolo.indd 29 30/10/2013 18:43:29

  • 30 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Gamb Dildelphis albiventris - espcie que habita as moradias em reas urbanas e sofre ao de predao por ces e gatos domsticos. Autor: Fausto Pires. Fonte: Instituto Florestal, SMA.

    10540 miolo.indd 30 30/10/2013 18:43:29

  • Relaes entre populao humana e fauna urbana

    310540 miolo.indd 31 30/10/2013 18:43:29

  • 32 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    3. Relaes entre populao humana e fauna urbana

    A A relao do ser humano com os animais denominada Antrozo-ologia. extremamente antiga e, tanto no passado como nos dias modernos, repleta de antagonismos, sendo cultivados sentimentos que

    vo desde o amor e compaixo, ao medo, indiferena e raiva por estes

    outros seres. (Biotica, 2008; Faraco, 2008

    A partir do sedentarismo, surgem os primeiros aglomerados huma-

    nos, as primeiras cidades e, com isso, o comeo da domesticao de

    animais. Os ces foram utilizados para auxiliar no cuidado do rebanho,

    proteger contra eventuais ladres e ainda outros predadores. Existem

    estudos que sugerem que o sucesso da fixao do homem em uma rea

    definida pode ter ocorrido devido proteo oferecida pelos ces selva-

    gens, que coabitavam reas perifricas das suas aldeias, aproveitando os

    Gamb (Didelphis albiventris) em rea urbana: espcie que estimula reaes antagnicas nas pessoas. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedido pelo autor.

    10540 miolo.indd 32 30/10/2013 18:43:29

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 33

    restos de alimentos oferecidos intencionalmente ou no, ocorrendo uma

    cooperao entre as espcies. (Biotica, 2008, Faraco, 2008)

    Assim o co foi sendo domesticado e desenvolvendo comportamen-

    tos que iniciam e mantm a interao comunicativa entre eles e o ho-

    mem como, por exemplo, o comportamento do co domstico de olhar

    a expresso facial de seus parceiros humanos e de desencadear com-

    portamentos que promovem a aquisio de aprendizagem e fortalecem

    o vnculo entre ambos. (Faraco, 2008; Faraco & Seminoti, 2011; ratiliff,

    2012; redgolo, 2010)

    Os animais de estimao, e de forma mais frequente e intensa os

    ces, auxiliam em terapias com pessoas em condies de estresse, trau-

    mas, recuperao de problemas srios de sade, indivduos com ne-

    cessidades especiais, entre outros. Estudos comprovam o benefcio do

    contato com os ces, acelerando a recuperao do paciente, diminuindo

    a presso arterial e a frequncia cardaca, portanto, acalmando as pes-

    soas e em particular as crianas e os idosos. A Terapia Assistida por Ani-

    mais (AAT - sigla em ingls) proporciona uma melhoria da sade fsica,

    Ces auxiliam em terapia com idosos. Autor: ATEAC.Fonte: Disponvel em: http://ateac.org.br/o-mundo-tera-mais-de-1-bilhao-de-idosos-em-dez-anos-diz-onu/ Acesso em: 26/12/2012.

    10540 miolo.indd 33 30/10/2013 18:43:30

  • 34 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    emocional e mental de crianas e adultos. (Eggiman, 2006; Fine, 2010;

    Phillips e McQuarrie, 2009; Schleidt &Shalter, 2003; ratliff, 2012)

    Os ces passam por treinamento intensivo e especfico, so manti-

    dos em condies de sade e higiene rigorosas, estando o mais limpo

    possvel para poder frequentar os ambientes hospitalares. No h raa

    especfica para ser treinada, mas os ces de guarda geralmente no so

    utilizados, pois podem provocar uma reao inicial de medo, comprome-

    tendo o sucesso da terapia. (Eggiman, 2006; Grandgeorge etti alli, 2012)

    A domesticao do gato, por sua vez, ocorreu, aproximadamente, em

    2.000 a.C., no Egito Antigo, em razo de sua capacidade de proteger os

    depsitos de gros dos roedores e ainda por questes de crenas e seitas

    que os consideravam divindades. recentes estudos tm mostrado que os

    gatos tambm trazem benefcios sade das pessoas que com eles con-

    vivem, e podem contribuir em terapias complementares. Esses benefcios

    so notados com grande frequncia em pessoas idosas, pois o simples ato

    de acariciar o gato proporciona aos idosos um exerccio, ao movimentar

    os braos. Tambm o ronronar possui uma vibrao que alivia a ansiedade

    e o stress, ajudando os pacientes com o cncer a lidar, por exemplo, com

    a quimioterapia. Os gatos ajudam a melhorar a memria, alm do calor e

    companhia diria. (Silva, 2011 a)

    Resultados positivos do contato com gatos tm sido registrados em terapias com pessoas idosas.Fonte: Disponvel em: http://olar99.blogspot.com.br/. Acesso em 10 de agosto de 2013.

    10540 miolo.indd 34 30/10/2013 18:43:31

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 35

    Os equdeos esto presentes na histria da humanidade desde os pri-

    mrdios da civilizao e estabeleceram vnculos com seus proprietrios e

    vice-versa. O cavalo possui uma simbologia em sua histria. O poder, a for-

    a e a coragem dos equinos so evocados na mitologia clssica e nas artes.

    Todas essas caractersticas so utilizadas na equoterapia para o de-

    senvolvimento psicolgico, motor e cognitivo. A prtica da equoterapia

    traz benefcios fsicos, psquicos, educacionais e sociais para pessoas por-

    tadoras de deficincias fsicas ou mentais, necessidades especiais e para

    suas famlias. O tratamento com animais deve ser um complemento do

    tratamento convencional. (ANDE Brasil, 2013; Silveira e Wibelinger, 2011)

    Laos emocionais intensos so formados entre as pessoas e esses animais, que so mantidos tambm em reas periurbanas. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedida pelo autor.

    Portadores de necessidades especiais esto ganhando mais sade e qualidade de vida aps sesses de terapia feitas com a participao de cavalos.Fonte: Disponvel em: http://blogs.diariodonordeste.com.br/bemestarpet/geral/equoterapia-da-qualidade-de-vida-para-pessoas-especiais/. Acesso em: 16/01/2013.

    10540 miolo.indd 35 30/10/2013 18:43:31

  • 36 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    As relaes entre as pessoas e os animais vo alm das explicaes

    ligadas s funes e utilidades destes, sendo que nos ltimos anos as so-

    ciedades alteraram sua viso sobre os demais seres vivos, aperfeioan-

    do as leis, reconhecendo o valor intrnseco dos animais no humanos e

    conferindo-lhes uma maior proteo legal. (Faraco, 2008)

    Aps o desbravamento das matas para o estabelecimento das cidades,

    com a invaso e supresso dos habitats alheios, o ser humano depara-se

    com problemas criados e alimentados por sua prpria espcie, onde o rom-

    pimento do equilbrio ambiental est intrinsecamente relacionado com as

    doenas e agravos que afetam os seres humanos e os animais. (So Paulo,

    2009 e UNEP, 2011)

    A oferta de abrigos e alimentos tambm merece especial ateno,

    j que as condies existentes no meio ambiente predispem migra-

    o de animais de reas com condies menos favorveis sua sobre-

    vivncia. (Vieira, 2008) Podemos citar, como exemplo as populaes de

    capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), que se estabeleceram em reas

    urbanas do Estado de So Paulo, com remanescentes florestados asso-

    ciados a cursos dgua, como riachos, crregos ou lagos. A diminuio

    da disponibilidade das reas naturais foraram esses animais a habitar

    reas alteradas pela ao do homem. Esses locais so frequentemen-

    Macaco-prego em rea urbana: espcie que utiliza os recursos das reas urbanas para sobreviver em remanescentes de ambientes naturais. Fonte: Disponvel em: http://primatasdobrasil.blogspot.com.br/2009/09/macaco-prego-cebus-nigritus.html. Acesso em: 12/12/2012.

    10540 miolo.indd 36 30/10/2013 18:43:32

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 37

    te utilizados para recreao e lazer, como os parques pblicos, o que

    possibilita um compartilhamento direto dessas reas entre pessoas,

    animais domsticos (ces, cavalos, por exemplo) e capivaras.

    A presena das capivaras e do carrapato estrela (gnero Amblyom-

    ma) aumenta o risco de ocorrncia de febre maculosa em humanos,

    pois estes animais so necessrios para o desenvolvimento do ciclo

    do agente desta zoonose (bactria rickettisia rickttsiie). As capivaras

    podem estar armazenando essa bactria em seu organismo, sem apre-

    sentar sinais da doena (reservatrio silvestre e hospedeiro primrio)

    e os carrapatos deste gnero se contaminam quando se alimentam

    em animais infectados (capivaras), agindo assim como vetores desta

    doena, possibilitando, dessa forma, a transmisso para humanos pela

    picada. (So Paulo, 2004)

    H, tambm, a participao de ces domsticos no ciclo de dissemi-

    nao desta zoonose, pois em locais onde ocorre o carrapato Amblyom-

    ma aureolatum, como em algumas reas urbanas da regio Metropo-

    litana de So Paulo, os ces domsticos so os principais hospedeiros

    desses carrapatos adultos, trazendo-os para o convvio humano aps

    circularem por reas frequentadas por capivaras e contaminadas com

    essa espcie de carrapato. (So Paulo, 2004, SMA/CBrN/DeFau, 2013)

    Algumas medidas de proteo individual e de manejo ambiental

    para controle dos carrapatos, alm claro da conscientizao da po-

    pulao, devem ser realizadas nas reas urbanas visitadas pela popu-

    lao humana, com ocorrncia de capivaras. Dentre as diversas aes

    de preveno, citaremos algumas medidas eficazes, como a limpeza

    peridica da vegetao (gramados e reas onde h a circulao de pes-

    soas), sempre que possvel, mantendo-a rente ao solo, principalmente

    nos meses do vero. O tratamento adequado de cavalos e ces contra

    infestao por carrapatos tambm de grande valia para diminuir os

    casos desta doena. de fundamental importncia, para se detectar

    10540 miolo.indd 37 30/10/2013 18:43:32

  • 38 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    precocemente focos da doena, informar a populao quanto s me-

    didas preventivas e profilticas em relao presena de carrapatos e

    ao parasitismo em humanos, alm da orientao para a importncia

    da busca por servios de sade, caso existam sinais/sintomas de febre

    maculosa. (SMA/CBrN/DeFau, 2013)

    muito importante a avaliao da rea quanto utilizao de

    barreiras fsicas que impeam, concomitantemente, o contato da po-

    pulao com os hospedeiros primrios (capivaras) e a disperso de

    carrapatos. Desde julho de 2011 a gesto da problemtica envolvendo

    as capivaras de vida livre atribuio estadual, em decorrncia do

    Acordo de Cooperao Tcnica n 10/20080, firmado entre o iBAMA

    e o Governo do Estado de So Paulo, por meio da Secretaria do Meio

    Ambiente SMA, transmitindo as responsabilidades inerentes gesto

    da fauna silvestre, no Estado de So Paulo, para a SMA. Pela impor-

    tncia do assunto frente sade pblica, foi firmado entre a SMA

    e a Superintendncia de Controle de Endemias SUCEN o Convnio

    SMA/CBrN/DeFau n 004/2012, de 22/11/2012, que visa unio de

    esforos para o estabelecimento de diretrizes voltadas para o manejo

    populacional de capivaras, por meio do intercmbio de informaes,

    com o objetivo de controlar a Febre Maculosa Brasileira. A partir de tal

    convnio, pretende-se atualizar a classificao de reas para o Estado

    de So Paulo, assim como estabelecer recomendaes sobre os pro-

    cedimentos de interveno para cada rea. (SMA/CBrN/DeFau, 2013)

    Cada caso deve ser avaliado dentro de suas particularidades, de

    modo a encontrar uma soluo vivel tanto para a populao humana

    quanto para a populao de animais silvestres que habitam os rema-

    nescentes florestais e as reas urbanas. (SMA/CBrN/DeFau, 2013)

    10540 miolo.indd 38 30/10/2013 18:43:32

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 39

    Os animais de companhia no convencionais, como rpteis (lagartos e

    cobras), aves ornamentais, mamferos (roedores, fures, etc.), de espcies

    nativas ou exticas, podem representar grande ameaa ao meio ambiente,

    pois muitas vezes escapam e fogem, ou so descartados e abandonados

    O esquilo- Sciurus aestruans - um dos animais silvestres comuns em reas urbanas. Autor: Fausto Pires.Fonte: instituto Florestal - SMA

    Capivara - Hydrochoerus hydrochaeris na margem do Rio Pinheiros. Espcie que atualmente est sendo foco dos trabalhos conjuntos entre a SMA/CBRN/DeFau e a Superintendncia de Controle de Endemias SUCEN. Autor: Gabriela GrizzoFonte: Cedida pelo autor.

    10540 miolo.indd 39 30/10/2013 18:43:52

  • 40 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    pelos seus proprietrios em reas urbanas, competindo por alimento, abri-

    go, podendo introduzir e ou disseminar srias doenas s populaes ani-

    mais naturais ali existentes.

    Geralmente, o sentimento provocado pelos animais silvestres nas pes-

    soas de excitao, pois representam uma forma de contato direto com a

    natureza em sua forma selvagem, e esse sentimento se torna um desejo de

    manter este convvio pelo maior tempo possvel. Este fato colabora para a

    captura de um grande nmero de animais silvestres de vida livre, que so

    mantidos ilegalmente como animais de estimao e ou companhia, o que

    acaba reforando o trfico de animais silvestres.

    Mapa das principais rotas utilizadas pelo trfico de animais silvestres no Brasil.Fonte: Disponvel em: http://www.renctas.org.br/files/SUDESTE%2015-10-01.pdf. Acesso em: 19/11/2012.

    10540 miolo.indd 40 30/10/2013 18:43:53

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 41

    A existncia deste tipo de comrcio ilegal se d pela falsa ideia que

    algumas pessoas tm de acreditar que esto fazendo o bem para o animal,

    ao cri-lo perto de si, considerando uma demonstrao de amor e respon-

    sabilidade pelo mesmo. Na verdade, o que ocorre na maioria das vezes

    que essas pessoas adquirem os animais ilegalmente para sua prpria satis-

    fao, para t-los em casa, exibi-los, ignorando as consequncias negativas

    que isso pode trazer para o animal e para o meio ambiente.

    O simples fato desses animais serem retirados do seu habitat natural

    j causa de grande sofrimento para eles, pois exclui a possibilidade de

    aprendizagem e expresso da maioria dos comportamentos naturais da

    espcie, como procura e reconhecimento das fontes naturais do alimento,

    alm da reproduo. O animal silvestre perde as suas caractersticas natu-

    rais de tal maneira que dificilmente sobreviveria, ainda que libertado em

    um local adequado, sem um perodo de adaptao e aprendizagem.

    Normalmente, estes animais so submetidos a crueldades na captura,

    com a morte da maioria dos indivduos retirados da natureza, alm dos da-

    nos causados pela sua ausncia no ambiente em que habitavam. Este um

    dos principais fatores que levam diminuio da populao de espcies e

    consequentemente ao risco de extino. (rENCTAS, 2013 e Serra, 2003)

    Aves apreendidas pela Polcia Ambiental Fonte: Disponvel em: http://www.pmambientalbrasil.org.br/. Acesso em: 15/12/2012.

    10540 miolo.indd 41 30/10/2013 18:43:54

  • 42 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Todo animal silvestre deve permanecer no seu meio natural. No deve-

    mos interferir fornecendo alimentos, por exemplo, mas podemos incentivar a

    recuperao de reas degradadas para o estabelecimento de populaes de

    maneira equilibrada e natural.

    Todo comrcio ilegal de animais silvestres deve ser denunciado Po-

    licia Militar Ambiental, e campanhas para combat-lo vm sendo implan-

    tadas de maneira contnua pelos rgos federais, estaduais e municipais.

    Mico-estrela Callithrix penicillata uma das espcies de mamferos traficados e mantidos em cativeiro como animal de companhia. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedida pelo Autor.

    As trs espcies mais apreendidas pela fiscalizao ambiental no Brasil, no perodo de 1998 a 2000. A) Sicalis flaveola (canrio-da-terra), B) Saltador similis (trinca-ferro-verdadeiro) e C) Sporophila caerulescens (coleirinho). Fonte: Destro et alli, 2012. Acesso em: 26/12/2012.

    10540 miolo.indd 42 30/10/2013 18:43:55

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 43

    De acordo com a lei Federal 9.605/98, capturar, caar ou manter ani-

    mal silvestre em cativeiro crime punido com multa e deteno, sendo

    ainda mais srio quando se tratam de espcies ameaadas de extino,

    com agravantes os casos de maus tratos. (CONAMA, 2013; iBAMA, 2013)

    Campanhas permanentes de proteo fauna e de combate ao trfico

    de animais silvestres so desenvolvidas no Brasil, sendo que, no Estado

    de So Paulo, a Secretaria do Meio Ambiente quem realiza tais aes.

    (iBAMA, 2013; SMA, 2013)

    Cartaz da campanha para combate ao trfico de animais silvestres IBAMA. Fonte: Disponvel em: http://www.ibama.gov.br/. Acesso em: 15/12/2012.

    10540 miolo.indd 43 30/10/2013 18:43:56

  • 44 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Caso voc tenha conhecimento de um local ou algum que venda

    animais silvestres, em sua cidade ou prximo sua residncia, denuncie

    Polcia Ambiental, que ir investigar. Nunca compre animais da fauna

    silvestre de forma ilegal, conscientize as pessoas a no comprarem animais

    silvestres, nativos ou exticos oriundos do trfico. Animal no mercadoria

    que possa ser transportada ou mantida de qualquer forma, pois a vida no

    tem preo. Diminuindo a procura no haver venda.

    Cartazes das campanhas para combate ao trfico de animais silvestres IBAMA. Fonte: Disponvel em: http://www.ibama.gov.br/. Acesso em: 15/12/2012.

    10540 miolo.indd 44 30/10/2013 18:43:57

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 45

    Se possvel, fotografe e/ou filme a captura e o alojamento dos

    animais; o local em que so expostos e a transao entre comprador

    e vendedor provas e documentos so fundamentais para combater

    transgresses.

    Para denunciar atividades que pem em risco a fauna e a flora ligue

    no nmero de telefone 190 da Policia Militar ou no Disque Ambiente,

    telefone 0800 113560. Maiores orientaes podem ser obtidas no en-

    dereo eletrnico da Polcia Militar Ambiental: http://www.pmambiental-

    brasil.org.br/, e tambm no site da rENCTAS. (rENCTAS, 2013)

    Animais silvestres nascidos em criadouros legalizados, comerciali-

    zados legalmente, podem ser adquiridos como animais de estimao,

    mas suas caractersticas e comportamentos sero sempre especficos

    e quem os adquire necessita saber como eles so e deve estar apto

    para atender estas necessidades. Sero sempre animais silvestres, no

    podendo receber tratamento como o domstico ou mesmo serem do-

    mesticados.

    Este fato leva muitas pessoas a se arrependerem da aquisio de

    exemplares da fauna silvestre como animais de estimao, tanto legal

    como ilegalmente, por motivos que vo desde a incapacidade de for-

    necer alimentos adequados e ambientes indicados para manuteno e

    promoo do bem-estar do animal, at problemas devido a comporta-

    mentos normais da espcie. Tais comportamentos podem colocar em

    risco a sade e a segurana das pessoas nos locais onde estes animais

    so mantidos.

    isto tambm acontece em ocasies nas quais os animais apresen-

    tam comportamentos indesejveis ou atinjam tamanhos que no so

    compatveis com o convvio humano intenso. Nestes casos, os animais

    so geralmente soltos ou mesmo descartados para o ambiente urbano,

    geralmente em reas florestadas, em parques ou regies periurbanas

    prximas a remanescentes florestais.

    10540 miolo.indd 45 30/10/2013 18:43:57

  • 46 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    No que se referem fauna urbana, estes fatos anteriormente citados

    contribuem e at mesmo levam ao aparecimento de espcies silvestres,

    exticas ou no, nas reas habitadas, e as espcies que possuem capacida-

    de para se adaptar nas condies das cidades, conseguem se estabelecer

    e reproduzir, podendo levar a um desequilbrio irreversvel, competindo por

    recursos com as espcies e populaes naturais. Soltar qualquer espcie de

    animal em parques ou vias pblicas proibido pela lei Federal de Crimes

    Ambientais n 9.605/98 e passvel de multa e deteno. (iBAMA, 2013)

    Parque Estadual Serra da Cantareira: um dos remanescentes de vegetao natural que sofre impacto em suas populaes naturais animais, pelos animais domsticos ou silvestres soltos ou fugitivos das residncias.Fonte: SMA.

    Preguia em rea de remanescente florestado em regio urbana. Autor: Fausto Pires Fonte: instituo Florestal, SMA.

    10540 miolo.indd 46 30/10/2013 18:44:00

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 47

    As pessoas acreditam que os animais vivem bem na natureza, em li-

    berdade, em reas verdes, onde vo ter a melhor vida possvel. A realidade

    que poucos conhecem, no entanto, bem diferente. Os animais, tanto do-

    msticos como os silvestres, criados ou habituados em cativeiro, precisam

    dos cuidados humanos e quando abandonados ficam sujeitos a cruelda-

    des, fome, sede e podem causar srios problemas ao meio ambiente,

    fauna silvestre e aos habitantes das cidades.

    De acordo com as recomendaes do Departamento de Fauna da Co-

    ordenadoria de Biodiversidade e recursos Naturais, da Secretaria do Meio

    Ambiente do Estado de So Paulo (SMA/CBrN/DeFau) ao se deparar com

    um animal silvestre na cidade, algumas situaes devem ser avaliadas antes

    de alguma atitude ser tomada.

    Primeiro, importante verificar se o animal est com algum machucado

    externamente. Para fazer isso, fundamental que o observador esteja a uma

    distncia que no o coloque em perigo, e, ao mesmo tempo, no ameace o

    animal, que pode, com o susto, ter alguma reao e causar algum aciden-

    te, ferindo a pessoa. Se o animal no estiver com leses aparentes, pode

    estar apenas descansando; pois, cada vez mais, espcies silvestres tm se

    adaptado ao ambiente urbano. (SMA, 2013)

    Papagaios verdadeiros Amazona aestiva - em cativeiro. Autor: Fausto Pires.Fonte: instituto Florestal, SMA.

    10540 miolo.indd 47 30/10/2013 18:44:01

  • 48 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Quando filhotes so encontrados, sem sinais externos de machuca-

    dos, provvel que os pais estejam prximos, aguardando um momento

    de maior segurana para acompanh-los. Portanto, o melhor a fazer, se

    afastar e observar se h algum sinal dos pais, como vocalizaes (chama-

    dos) ou mesmo a visualizao dos adultos, antes de pensar em retirar o

    filhote do local. Se o animal estiver machucado, o correto a fazer entrar

    em contato com a Polcia Militar Ambiental, para fazer o resgate. Telefones

    190 ou pelo Disque Ambiente 0800 113560. (SMA, 2013)

    Em casos excepcionais, tratando-se de ave de pequeno porte, machu-

    cada, e desde que no oferea risco segurana, o animal pode ser colo-

    cado em uma caixa, com furos para ventilao, e transportado at o Centro

    de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) ou ao Centro de reabilitao de

    Animais Silvestres (CrAS) mais prximo.

    O ideal, em todos os casos envolvendo quaisquer espcies de animais

    silvestres, acionar a Polcia Militar Ambiental, relatando detalhadamente

    a ocorrncia, informando de qual animal se trata, o estado do animal e

    o local onde ele se encontra. Essas orientaes esto de acordo com as

    normas legais, estabelecidas pelo Decreto Federal n 6.514/08; instruo

    Normativa iBAMA n 169/08 e resoluo SMA n 25/10. (SMA, 2013)

    Os Centros de Triagem e de reabilitao de Animais Silvestres, co-

    nhecidos respectivamente por CETAS e CrAS, so empreendimentos com

    funes definidas em legislao e normas. No Estado de So Paulo, estes

    Centros so autorizados a funcionar pelo Departamento de Fauna - DeFau/

    CBrN/SMA e so autorizados e responsveis pela recepo de animais

    silvestres. Nesses locais, o animal identificado e marcado, recebe aten-

    dimento mdico veterinrio com suporte laboratorial e acompanhamento

    biolgico, para a sua plena recuperao. O objetivo primordial reintegr-

    -los natureza. (SMA, 2013)

    A promoo da destinao adequada dos animais silvestres nativos

    apreendidos ou resgatados, representa o sucesso de sobrevivncia destes

    10540 miolo.indd 48 30/10/2013 18:44:01

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 49

    animais quando reintroduzidos em ambiente natural ou em cativeiro quan-

    do considerados inaptos a sobreviver em condies naturais. (SMA, 2013)

    Animais domsticos tambm so alvos de atitudes impensadas ou

    impulsivas dos seres humanos, pois muitos acabam soltos, abandonados

    nas reas urbanas quando seus proprietrios enfrentam situaes em

    que no podem ou no querem mais permanecer com a responsabilida-

    de de manter estes animais, no respeitando seu direito ao bem-estar,

    deixando de prover abrigo, alimento, gua. Alm destas necessidades

    bsicas, os animais necessitam que sejam respeitadas as condies de

    estarem livres de desconforto, de dor, leses, doenas, livres para expres-

    sar seus comportamentos normais e livres de medo e estresse. Este con-

    junto de estados ideais chamado de as cinco liberdades dos animais.

    (Biotica, 2008 e Vieira, 2008)

    Jabotis so mantidos ilegalmente como animais de estimao e frequentemente abando-nados em reas de parques urbanos.Fonte: Disponvel em: http://all-free-download.com/ Acesso em: 15/02/2013.

    10540 miolo.indd 49 30/10/2013 18:44:01

  • 50 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Os animais soltos nas reas urbanas e periurbanas podem se repro-

    duzir sem controle, agravando ainda mais os problemas, principalmente

    com relao s condies sanitrias e de segurana, pois tendem a ser

    agressivos quando em defesa de seus filhotes e em disputa por parceiras

    ou alimento, alm das alteraes comportamentais decorrentes de trau-

    mas causados por maus-tratos. (Gomes, 2009; Torres, 2008 e WSPA, 2011)

    Muitas vezes, a agresso por animais domsticos ocorre por um com-

    portamento instintivo dessas espcies, por isso, deve-se evitar tocar em

    animais estranhos, feridos e doentes; perturbar animais quando estiverem

    comendo, bebendo ou dormindo; separar os animais que estejam brigando

    Ces e gatos so abandonados em Parques Estaduais e so resgatados e colocados sob a guarda de entidades protetoras para adoo.Fonte: SMA.

    10540 miolo.indd 50 30/10/2013 18:44:01

  • 3. rElAES ENTrE POPUlAO HUMANA E FAUNA UrBANA 51

    ou mantendo relaes sexuais e aproximar-se ou tocar em fmeas com

    cria. (Gomes, 2009; Torres, 2008 e WSPA, 2011)

    Alguns animais domsticos conseguem se adaptar em reas pe-

    rifricas das cidades ou em parques, desenvolvendo comportamentos

    ferais, sobrevivendo da caa e restos encontrados no lixo. Estes animais

    representam um risco ainda maior para as populaes silvestres e para

    a sade pblica.

    Programas para sensibilizar as pessoas sobre guarda responsvel

    de animais domsticos vm sendo desenvolvidos, enfocando os aspec-

    tos legais e ticos, firmando a noo de que os animais possuem a

    capacidade de sentir, so seres sencientes. (luna, 2008 e Molento &

    Biondo, 2007, 2009)

    Para podermos entender as relaes entre os homens e os animais

    no humanos, devemos procurar conhecer as caractersticas fisiolgicas

    e comportamentais das espcies que esto em convvio com as pessoas,

    principalmente, nas reas habitadas onde este contato se d de forma

    constante e muitas vezes intensa.

    Perereca - Aplastodiscus leucopygius, comum nas reas de Mata Atlntica e do litoral do Estado de So Paulo, desencadeia reaes intensas nas pessoas, na maioria das vezes de medo, mas so muito importantes para o controle populacional de insetos. Autor: Joo Paulo Marigo Cerezoli.Fonte: SMA.

    10540 miolo.indd 51 30/10/2013 18:44:02

  • 52 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Estas interaes podem ser muito desastrosas para ambas as partes,

    caso no se estabelea um equilbrio entre o desenvolvimento urbano e

    a conservao do meio. Necessitamos do desenvolvimento e implemen-

    tao de planos de aes que visem conservao e preservao da

    biodiversidade, com a implantao de reas verdes em ambientes urbanos,

    garantindo maior biodiversidade e preservao das reas naturais. (Ganen,

    2011; iAC, 2012 e iCMBio, 2013)

    O manejo ambiental, sempre associado a programas educativos per-

    manentes, deve fazer parte de foros de discusso, dos quais a comunidade

    participe, desde o diagnstico at o estabelecimento de prioridades, pla-

    nejamento e execuo das aes, at da avaliao e monitoramento dos

    resultados. (iAC, 2012; Silva, 2009; Vieira, 2008)

    Morcego-beija-flor Glossofaga sorricina, espcie muito comum em reas urbanas e que se alimenta de nctar das flores e muito importante para o equilbrio ecolgico, pois realiza polinizao. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedida pelo autor.

    10540 miolo.indd 52 30/10/2013 18:44:03

  • 2. DEFiNiES 53

    Parques urbanos constituem bons exemplos de reas onde os animais

    pertencentes fauna urbana e as pessoas podem conviver em harmonia.

    Esses locais so utilizados para lazer da populao, principalmente em

    grandes centros urbanos; e tambm, para atividades prticas relacionadas

    Educao Ambiental.

    rea de lazer no Parque Estadual da Cantareira Ncleo Engordador, So Paulo.Autor: Natasha J. Keber.Fonte: Cedida pelo autor.

    10540 miolo.indd 53 30/10/2013 18:44:05

  • 54 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Arte: Gabriela de Abreu Grizzo

    10540 miolo.indd 54 30/10/2013 18:44:09

  • Espcies comuns da fauna urbana no Estado de So Paulo

    410540 miolo.indd 55 30/10/2013 18:44:09

  • 56 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    4. Espcies comuns da fauna urbanano estado de So Paulo

    Afauna urbana pode ser classificada em trs grupos principais: animais domsticos, pragas urbanas (animais que constituem problemas de ordem ambiental e ou sade pblica) e exemplares da fauna silvestre que

    esto presentes na rea urbana de forma transitria ou que se adaptaram

    s condies do meio e ali residem. (Curitiba, 2012)

    Dentro destas categorias esto presentes representantes de diversos

    Filos do reino Animal. Todos os indivduos, que de forma espontnea ou

    no, transitria ou definitiva utilizam dos recursos disponveis nas reas

    urbanas ou periurbanas podem ser considerados da fauna urbana.

    Sero citadas neste Caderno algumas espcies de animais da fauna

    urbana terrestre, sendo a ictiofauna (conjunto das espcies de peixes que

    existem numa determinada regio biogeogrfica) no relacionada nesta

    publicao, devido sua extenso e especificidade.

    Muitas outras espcies no relacionadas neste Caderno tambm

    ocorrem nas reas urbanas e periurbanas, mas relacionaremos as que fre-

    quentemente convivem com os seres humanos na maioria das cidades do

    Estado de So Paulo.

    rea com vegetao natural invadida por loteamento irregular.Fonte: SMA.

    10540 miolo.indd 56 30/10/2013 18:44:11

  • 574. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    A ocorrncia de animais silvestres em reas urbanas se d, principal-

    mente, pelo avano desordenado da ocupao humana em reas de habi-

    tat destas espcies, com a destruio, isolamento ou diminuio das reas

    naturais. (Carbogin, 2007; Curitiba, 2012; Da Silva Bueno et all, 2012;

    Gonalves, 2002; Mler, Werner & Kelcey, 2010)

    Em reas periurbanas, a expanso das reas de cultivo agrcola e ex-

    plorao pecuria, em funo do aumento do consumo, trazem consigo

    inevitveis impactos ambientais no solo, nos recursos hdricos e sobre a

    fauna e a flora. (Etanol Verde, 2013 e So Paulo, 2013 a)

    A prtica da queima da palha da cana, para a colheita manual, tem

    srios impactos sobre o meio ambiente e a sade pblica, sendo um agra-

    vante o fato de que, em vrios locais, essas plantaes esto localizadas

    em reas periurbanas. A utilizao inadequada do fogo causa impactos

    negativos sobre a fauna, aprisionamento de animais silvestres no meio do

    fogo do canavial, e sobre a flora, com a eventual propagao do fogo para

    reas de vegetao natural. (Etanol Verde, 2013)

    Algumas espcies so consideradas sinantrpicas e, em determi-

    nadas situaes, como pragas urbanas, causando perdas econmicas,

    srios danos ao meio ambiente, alm de serem reservatrios ou dissemi-

    nadores de agentes causadores de agravos sade de outros animais e

    Queimadas so grandes responsveis por mortes e migraes de animais silvestres para reas periurbanas e urbana. Fonte: SMA.

    10540 miolo.indd 57 30/10/2013 18:44:12

  • 58 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    do homem. Tais espcies merecem especial ateno quanto ocorrn-

    cia, elaborao de estratgias de manejo e controle populacional. (Ani-

    mais Sinantrpicos, 2003; Fioravante, 2012; instruo Normativa iBAMA

    141/2006; iUCN, 2012)

    Nos casos de animais silvestres encontrados em reas urbanas, o re-

    comendado evitar o contato direto, isolar a rea, se possvel, e deix-lo

    ir embora, para reas de parques ou outros locais onde no haja risco de

    acidentes para outros animais ou o homem.

    Capivaras em reas urbanas so focos de programas de manejo populacional devido sua participao no ciclo de transmisso da febre maculosa. Autor: Theodoro Prado. Fonte: Cedida pelo autor.

    Macaco-prego Cebus sp. (Sapajus sp.), com filhote no dorso (costas). Autor: luciano r. Zandora. Fonte: instituto de Botnica.

    10540 miolo.indd 58 30/10/2013 18:44:14

  • 594. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Nas ocasies onde isso no seja possvel, os servios pblicos respon-

    sveis por esta tarefa devem ser acionados, podendo ser por exemplo, a

    Polcia Militar Ambiental (tel.: 190 da Polcia Militar ou do Disque Ambien-

    te 0800 113560), ou o Servio de Controle de Zoonoses Municipal.

    Os animais silvestres apenas sero resgatados se estiverem machuca-

    dos ou representarem algum tipo de risco para as pessoas, outros animais

    ou eles prprios, pois a lei probe qualquer interveno com relao cap-

    tura ou manejo de espcies silvestres, exceto nos casos aprovados pelos

    rgos competentes. (iBAMA, 2013; So Paulo, 2013 a)

    Uma lista dos animais silvestres encontrados na Cidade de So Paulo,

    com suas caractersticas biolgicas e curiosidades est disponvel no Portal

    da Prefeitura de So Paulo. (So Paulo, 2013 a)

    Coruja buraqueira - Athene cunicularia; muitas vezes encontrada com leses severas causadas por linhas de pipa. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedida pelo autor.

    10540 miolo.indd 59 30/10/2013 18:44:14

  • 60 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    As aves fazem parte da classe animal mais avistada em reas urbanas e periurbanas.A Gara-moura - Ardea cocoi, B Coruja-orelhuda - Asio clamator e C Tucano-de-bico-verde - Ramphastus dicolorus. Autor: Joo Justi Junior e Francisco Jos Zorzenon.Fonte: instituto Biolgico APTA.

    A

    C

    B

    10540 miolo.indd 60 30/10/2013 18:44:19

  • 614. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    1 - Aves

    As aves, na natureza, tm uma funo muito importante de controlar

    os insetos e replantar as sementes das plantas que comem. Muitas es-

    pcies eliminam nas fezes as sementes de frutos e plantas, onde elas se

    mantm midas e adubadas, o que favorece a germinao.

    Cerca de 90% da fauna urbana constituda de aves que se adap-

    tam melhor aos desafios do ambiente das cidades. Tal fato explicado

    pelo fato dos pssaros se deslocarem mais facilmente pelo ar e usarem

    a estrutura das edificaes para fazer ninhos. Segundo estudos, algumas

    espcies esto aprendendo a piar mais alto, como forma de sobressair ao

    som da buzina dos carros, ao ronco dos motores e ao toque dos celulares.

    S assim vo conseguir se reproduzir ou marcar territrio no ambiente

    da cidade grande. (Atlas, 2002; Guia de SP, 2012; Silveira & Uezu, 2011;

    Silveira, 2012)

    Devido ao nmero enorme de espcies de aves que usufruem das re-

    as urbanas e periurbanas, este caderno relacionar uma pequena amostra

    das espcies de maior ocorrncia nas cidades do Estado de So Paulo.

    A

    C

    Beija-flor. Autor: Claudia Komesu. Fonte: SMA.

    10540 miolo.indd 61 30/10/2013 18:44:19

  • 62 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    B

    O aspecto demogrfico das espcies de aves em relao urbani-

    zao vem sendo abordado em vrios estudos, principalmente na abun-

    dncia relativa das espcies. As comunidades de aves nos ambientes

    urbanos so dependentes do tamanho das cidades, como tambm da

    localizao das reas de estudos dentro dos ecossistemas humanos e,

    especialmente, das estruturas dos habitats locais. Diferenas na rique-

    za da avifauna entre cidades de uma mesma regio geogrfica podem

    indicar diferentes nveis de perturbao em reas naturais adjacentes,

    alm de solturas ou fugas de espcimes mantidos em cativeiro, princi-

    palmente das espcies mais apreciadas ou valorizadas pelas pessoas,

    geralmente oriundos do trfico de animais silvestres. (Atlas, 2002; iBA-

    MA, 2013 e reinert, 2004)

    Algumas espcies de aves podem ser favorecidas pela disponibilida-

    de de recursos, com destaque para os restos alimentares encontrados em

    reas antrpicas. A urbanizao pode provocar uma homogeneizao na

    comunidade de aves presentes nessas reas. No Brasil, algumas espcies

    tm se tornado comum em ambientes modificados, sob o efeito das alte-

    raes antrpicas. (Atlas, 2002; Fauna Silvestre, 2007; Guia de SP, 2012;

    Sigrist, 2009, 2012 a,b; Silveira & Uezu, 2011)

    Estudo realizado na cidade de So Paulo, segundo dados publicados

    pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, mostrou que a

    maioria das aves listadas para o Municpio (55%) apresentava grande to-

    lerncia s modificaes ambientais, sendo estas, algumas das espcies

    mais populares na metrpole, como o sabi-laranjeira (Turdus rufiventris),

    o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), o periquito-rico (Brotogeris tirica) e

    o joo-de-barro (Furnarius rufus). Outras espcies apresentaram media

    sensibilidade (40%) e uma pequena parte (5%) apresentaram alta sen-

    sibilidade aos ambientes alterados. Essa alta sensibilidade est associada

    dependncia aos ambientes florestais, que estas espcies apresentam.

    (Fauna Silvestre, 2007)

    10540 miolo.indd 62 30/10/2013 18:44:20

  • 634. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Devido a esta plasticidade, muitas espcies esto sendo consideradas

    como pragas urbanas, causando grandes prejuzos economia, agindo

    como disseminadores e ou reservatrios de vrias doenas de grande im-

    portncia nos programas de sade pblica. Por exemplo, o Municpio de

    So Paulo, que com seu mosaico de ambientes, oferece locais adequados

    ao abrigo, alimentao e reproduo da fauna. (Atlas, 2002; Guia de

    SP, 2012; Sigrist, 2009, 2012 a,b; Silveira & Uezu, 2011)

    Citando os dados de ocorrncia e espcies de aves avistadas nas ci-

    dades do Estado de So Paulo, encontramos desde espcies tipicamente

    urbanas, exticas, como o pardal (Passer domesticus), at espcies brasilei-

    ras como o gavio-carij (rupornis magnirostris), a coruja-orelhuda (rhi-

    noptynx clamator), o urubu-de-cabea-cinza (Coragyps atratus) e o pav

    (Pyroderus scutatus). (Atlas, 2002)

    Pombos domsticos so responsveis por grandes perdas econmicas, por exemplo, devido ao de suas fezes em reas e monumentos pblicos.Fonte: Disponvel em: http://all-free-download.com/. Acesso em: 15/02/2013.

    10540 miolo.indd 63 30/10/2013 18:44:20

  • 64 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Tambm so vistas espcies que necessitam de matas preservadas,

    como o tucano-de-bico-verde (ramphastos dicolorus), o sete-cores (Tan-

    gara seledon), o sanhao-de-encontro-amarelo (Thraupis ornata), entre

    outras. (Atlas, 2002; Guia de SP, 2012; Sigrist, 2009, 2012 a; Silveira &

    Uezu, 2011)

    Pav - Pyroderus scutatus. Autor: Patrick Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

    Coruja filhote de suindara ou da torre Tyto Alba (A), e coruja orelhuda - Rhinoptnyx clamator (B). Autor: Fausto Pires.Fonte: instituto Florestal, SMA.

    A B

    10540 miolo.indd 64 30/10/2013 18:44:24

  • 654. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Outra espcie de tucano, o ramphastos toco, tambm visto pelas

    cidades do Estado de So Paulo. Esta espcie a maior do seu grupo, com

    bico grande e laranja-escuro e sua beleza o faz alvo do trfico de animais.

    Originalmente sua ocorrncia era em reas mais ao centro do Estado de

    So Paulo, mas devido destruio de seus habitats naturais e captura

    de animais que so soltos ou escapam, so cada vez mais comuns em

    reas urbanas e periurbanas. (Atlas, 2002; Guia de SP, 2012; Sigrist, 2009,

    2012 a; Silveira & Uezu, 2011)

    Tucano-de-bico-verde - Ramphastos dicolorus. Autor: Carlos Nader.Fonte: Arquivos da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.

    Tucano-toco - Ramphastos tocoAutor: Joo Justi Junior e Francisco Jos Zorzenon.Fonte: instituto Biolgico APTA.

    10540 miolo.indd 65 30/10/2013 18:44:26

  • 66 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    As reas urbanas tambm abrigam o joo-de-barro (Furnarius rufus),

    o tico-tico (Zonotrichia capensis), a corrura (Troglodytes aedon), o sanhao

    (Traupis sayaca) e o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). Somam-se a estas

    vrias espcies os beija-flores (leucochloris albicollis e Chlorostilbon au-

    reoventris) e pequenos tirandeos, como o alegrinho (Serpophaga subcris-

    tata). (Atlas, 2002; Guia de SP, 2012; Sigrist, 2009, 2012 a; Silveira & Uezu,

    2011)

    Joo-de-barro Furnarius rufus constri seu ninho em edificaes: comportamentos adaptativos para a sobrevivncia em reas urbanas. Autor: Patrick incio Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

    10540 miolo.indd 66 30/10/2013 18:44:31

  • 674. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    As reas abertas e os campos antropizados (alterados pelo homem)

    da cidade so habitados pela gara-vaqueira (Bulbucus ibis), quero-quero

    (Vanellus chilensis), avoante (Zenaida auriculata), anu-preto (Crotophaga

    ani), anu-branco (Guira guira), coruja-buraqueira (Athene cunicularia),

    Joo-bobo (Nystalus chacuru), pica-pau-do-campo (Colaptes campestris),

    cardeal (Paroaria dominicana), tiziu (Volatina jacarina), o carcar (Caracara

    plancus), etc. (Atlas, 2002; Guia de SP, 2012; Sigrist, 2009, 2012 a; Silveira

    & Uezu, 2011)

    Canrio-da-terra Sicalis flaveola. Autor: Patrick Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

    Anu-preto Crotophaga ani. (A) Autor: Anelisa Magalhes.Anu-branco Guira guira. (B) Autor: Marcos Melo.Fonte: Disponvel em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/publicacoes/guia_aves.pdf. Acesso em: 17 de jun. 2013.

    A B

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  • 68 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Os locais com reas midas ou lagos so habitados por diversos repre-

    sentantes da avifauna aqutica como o bigu (Phalacrocorax brasilianus),

    a gara-branca-grande (Casmerodius albus), a gara-branca-pequena

    (Egretta thula), o savacu (Nycticorax, nycticorax), o socozinho (Butorides

    striatus), o frango-dgua-comum (Gallinula chloropus), e os marrecos sil-

    vestres, irer (Dendrocygna viduata), marreca-caneleira (D. bicolor) e ana-

    na (Amazonetta brasiliensis). (Atlas, 2002; Guia de SP, 2012; Sigrist, 2009,

    2012 a; Silveira & Uezu, 2011)

    Coruja-buraqueira Athene cunicularia em rea de litoral. Autor: luciano r. Zandora.Fonte: instituto de Botnica.

    Ninho de gara-branca-grande, em rea de parque urbano - Ardea alba.Autor: Patrick Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

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  • 694. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Gara-branca-grande - Ardea alba (sinnimo de Casmerodius albus). Autor: Joo Paulo Marigo Cerezoli.Fonte: SMA.

    Irers e marrecas caneleiras no lago do Parque Zoolgico de So Paulo.Fonte: Arquivos da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.

    Vrias espcies de sabis so tpicas de reas florestadas (Turdus sp.),

    a choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens), o pula-pula (Basileuterus

    culicivorus), o ti-preto (Tachyphonus coronatus) e o coleiro (Sporophila

    caerulescens). (Atlas, 2002; Sigrist, 2009, 2012 a; Silveira & Uezu, 2011)

    10540 miolo.indd 69 30/10/2013 18:44:55

  • 70 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    O sabi-laranjeira (Turdus rufiventris) a ave smbolo do Estado de

    So Paulo, desde 1966, pelo Decreto Estadual N 46.797, e tambm sm-

    bolo do Brasil, desde 2002, pelo Decreto Presidencial DSN 03/10/2002. A

    ave tambm est presente no emblema oficial da Copa das Confederaes

    de 2013, realizada no Brasil.

    Alm das espcies naturais de psitacdeos, como a tiriva (Pyrrhura

    frontalis), o periquito-rico, tambm conhecido como periquito-verdadeiro

    ou periquito-verde (Brotogeris tirica), Aratinga leucophthalma periquito

    ou maracan, por exemplo, outras foram introduzidas de forma direta pela

    populao humana, como os papagaios-verdadeiros, no tpicos da fauna

    local. Atualmente, podem ser encontrados bandos que frequentam a zona

    central da cidade e, em bairros arborizados, famlias desta espcie (Ama-

    zona aestiva), que se deslocam procura de comida e repouso. (Destro et

    alli, 2012 e PMAmb, 2013)

    Sabi-laranjeira - Turdus rufiventris.Fonte: Arquivo da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.

    Sabi-pardo Turdus leucomelas com filhote no ninho em edificao. Autor: Fausto Pires.Fonte: instituto Florestal SMA.

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  • 714. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Tiriva - Pyrrhura frontalis. Autor: Fausto Pires.Fonte: instituto Florestal, SMA.

    Periquito-verdadeiro ou periquito-verde (Brotogeris tirica) em rea urbana. Autor: Patrick Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

    Papagaio-verdadeiro Amazona aestiva - em reas de Parques Urbanos da Cidade de So Paulo.Autor: Patrick Pina.Fonte: Cedida pelo autor.

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  • 72 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Estes animais introduzidos so oriundos, na maioria das vezes, do co-

    mrcio ilegal de animais silvestres. Muitas aes de fiscalizao da Policia

    Ambiental resultam na apreenso de filhotes de psitacdeos e passerifor-

    mes (passarinhos, principalmente os que cantam), geralmente oriundos de

    outros estados do Brasil. Estes animais so transportados e mantidos em

    pssimas condies, levando a uma proporo estimada de um animal

    vivo para 10 coletados na natureza, sendo o comrcio ilegal de animais

    silvestres uma das mais importantes causas de extino de espcies na

    natureza. (Destro et alli, 2012 e rENCTAS, 2013)

    Tambm fazem parte da avifauna urbana vrias espcies de pombas

    nativas que se adaptaram com facilidade a este meio, como a pomba-asa-

    -branca (Columba picazuro), a pomba-amargosinha (Zenaida auriculata)

    e a rolinha-paruru ou fogo-apagou (Columbina talpacoti). No entanto, a

    pombo domstica (Columba livia) adquiriu destaque na paisagem urbana,

    agrupando-se em praas, parques e quintais, onde encontra comida fcil e

    espao para reproduo. (Atlas, 2002; Carvazere et all, 2011; Guia de SP, 2012; Sigrist, 2009, 2012 a; Silveira & Uezu, 2011)

    Rolinha - Columbina talpacoti, espcie muito comum em reas urbanas. (A)Fonte: Disponvel em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7e/Columbina_talpacoti-3.jpg. Acesso em: 28/05/2013.

    Pomba-asa-branca ou pombo - Patagioenas picazuro (B). Autor: Marcos Kavall.Disponvel em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/publicacoes/guia_aves.pdf. Acesso em: 17 de jun. 2013.

    A B

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  • 734. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Pombas

    Existem vrias espcies de pombas que habitam as reas urbanas e

    periurbanas, sendo as descritas abaixo as de maior ocorrncia nas reas

    urbanas.

    Pomba-amargosinha

    Em Candido Jr (Candido Jr et alli, 2008), h a descrio da avoante ou

    amargosinha, ou ainda pomba-de-bando, Zenaida auriculata, como uma ave

    que ocorre naturalmente das Antilhas Terra do Fogo e descontinuamente por

    todo Brasil, principalmente em ambientes de vegetao mais aberta, como

    campos naturais, cerrado e caatinga. A espcie tambm encontrada em

    reas de cultura agrcola e de pastoreio, sendo comum em centros urbanos.

    Alimenta-se, geralmente, de sementes de espcies silvestres e cultivadas, frutos

    e outros materiais, e considerada importante dispersora de sementes.

    As transformaes provocadas pela espcie humana no ambiente na-

    tural, com a substituio de reas naturais por plantios de monocultura,

    favoreceram as populaes de avoantes, que aumentaram de nmero, ex-

    pandiram sua distribuio geogrfica original e passaram a representar

    problemas para os agricultores. (Cndido Jr et alli, 2008; Makuta, 2009;

    So Paulo, 2013 a, b; Sigrist, 2012; Silveira & Uezu, 2011)

    Pomba-amargosinha - Zenaida auriculata. Autor: Theodoro Prado.Fonte: Cedida pelo autor.

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  • 74 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    As pombas-amargosinhas ou avoantes, no oeste do Estado de So

    Paulo, consomem sementes de trigo, arroz e plntulas de soja diretamente

    nos plantios, podendo levar diminuio da produtividade. (Cndido Jr et

    alli, 2008; Makuta, 2009; So Paulo, 2013 a, b; Sigrist, 2012; Silveira &

    Uezu, 2011)

    A pomba-amargosinha (Zenaida auriculata) considerada uma esp-

    cie a ser controlada nas regies Sul e Sudeste, pois a maioria das espcies

    de aves pode transmitir infeces, como a toxoplasmose e a salmonelose;

    e suas fezes podem disseminar um fungo causador da criptococose, que

    provoca meningite. (Cndido Jr et alli, 2008; Makuta, 2009; So Paulo,

    2013 a, b; Sigrist, 2012; Silveira & Uezu, 2011)

    Mapa da ocorrncia de pomba-amargosinha no territrio brasileiro.Fonte: infoNatura: Animals and Ecosystems of latin America [web application]. 2007. Version 5.0 . Arlington, Virginia (USA): NatureServe. Disponvel em: http://www.natureserve.org/infonatura. Acesso em: 27/05/2013.

    10540 miolo.indd 74 30/10/2013 18:45:01

  • 754. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    As colnias so semipermanentes, pois em casos de estiagem prolon-

    gada e baixssima produtividade agrcola, as aves desfazem as colnias

    em busca de ambientes mais favorveis. Estas pombas no se reproduzem

    apenas em colnias, mas passam por uma mudana comportamental (de

    reproduo isolada para reproduo colonial) dependendo da concentra-

    o do alimento disponvel e consequente nvel demogrfico, sendo poss-

    vel encontrar estas aves mesmo na cidade de So Paulo, na qual, apesar de

    no haver tanto alimento disponvel de forma concentrada, h o suficiente

    para que pequenos bandos explorem o que encontram. Seu comportamen-

    to mais comum passar o dia nas lavouras prximas aos centros urbanos

    e noite retornar para a cidade. (Makuta, 2009)

    Meios de controle consistem em diminuir o acesso aos locais de

    pernoite e fontes de alimento, o que no tarefa fcil, pois os bandos

    mudam de local e se adaptam com facilidade a novos ambientes. (Cndi-

    do Jr et alli, 2008; Makuta, 2009; So Paulo, 2013; Sigrist, 2009, 2012;

    Silveira & Uezu, 2011)

    Pomba domstica

    A pomba domstica, Columba livia domestica, uma ave extica,

    trazida na poca da colonizao do Brasil, pelos portugueses e espa-

    nhis, como animal de estimao. Adaptou-se com facilidade ao am-

    biente urbano, uma vez que descende de aves que tinham o hbito de se

    instalar em buracos nas rochas do Mediterrneo. Por seu aspecto dcil

    e frgil, o ser humano passou a conviver com a ave de forma amistosa,

    criando inclusive o hbito de atra-los com comida. Podem transmitir

    vrias doenas e, atualmente, cerca de 75 patgenos, com potencial para

    causar danos sade da populao humana, j foram relacionados a

    estes animais. (Barbosa et all, 2008; Manejo de Pombos Urbanos, 2003;

    Nunes, 2005; Schuller, 2005; Wikiaves, 2013)

    10540 miolo.indd 75 30/10/2013 18:45:01

  • 76 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Vivem de, aproximadamente, 3 a 9 anos nas cidades e podem comer

    restos de alimentos, como arroz cru ou cozido, po, rao de animais e

    sobras alimentares no lixo e sementes nas plantaes. Comem, tambm,

    insetos, vermes, frutos e sementes de rvores e plantas. (Fiocruz, 2013;

    Manejo de Pombos Urbanos, 2003; Nunes, 2005; Wikiaves, 2013)

    Existem muitas pessoas que diariamente alimentam com sacos de mi-

    lho, po e at mesmo com restos de refeies centenas de pombas que

    vivem livremente nas praas e ruas das cidades. Em locais onde as pombas

    so alimentadas, ocorre proliferao de ratos, baratas e moscas devido

    s sobras de alimentos que ficam no cho e s fezes que atraem moscas.

    (Manejo de Pombos Urbanos, 2003, Schuller, 2008)

    Mapa da distribuio da pomba domstica.Fonte: infoNatura: Animals and Ecosystems of latin America [web application]. 2007. Version 5.0 . Arlington, Virginia (USA): NatureServe. Disponvel em: http://www.natureserve.org/infonatura. Acesso em: 27/05/2013.

    10540 miolo.indd 76 30/10/2013 18:45:01

  • 774. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    A oferta ou escassez de alimentos influenciam a reproduo das pom-

    bas, e em locais onde h fartura de alimentos, ocorre aumento da repro-

    duo e, portanto, aumento da populao. Se h escassez, a populao de

    pombas se mantm em equilbrio. Uma colnia de pombas no controlada

    pode duplicar de tamanho a cada ano. (Manejo de Pombos Urbanos, 2003,

    Schuller, 2008)

    Diante disso, as pombas hoje constituem um problema ambiental e

    sanitrio nas reas urbanas, reproduzindo-se e aumentando suas colnias,

    aproveitando-se da facilidade de abrigo em nossas residncias e susten-

    tadas pelo alimento que ns mesmos fornecemos de forma direta ou no.

    Alm da contaminao do ambiente por fungos e bactrias, as fezes das

    pombas tambm podem provocar danos materiais, pois suas fezes cidas

    alm de sujarem, danificam pinturas, superfcies metlicas, fachadas e mo-

    numentos. Provocam entupimento de calhas e apodrecimento de forros de

    madeira, pelo acmulo de ninhos e fezes. Podem contaminar gros e ali-

    mentos, em silos e indstrias. (Catroxo et all, 2011; lindmayer, 2012; Ma-

    nejo de Pombos Urbanos, 2003; Mler, 2010; Nunes, 2005, Schuller, 2008)

    As pombas domsticas so alimentadas em reas pblicas por pessoas que desconhecem o mal que tal ato representa, proporcionando condies para as populaes crescerem de maneira incontrolada. Fonte: Disponvel em http://all-free-download.com/ Acesso em: 23/02/2013.

    10540 miolo.indd 77 30/10/2013 18:45:02

  • 78 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Para evitar as doenas transmitidas por pombas, basta no deixar que

    suas fezes e restos de ninhos se acumulem, e a limpeza deve ser realizada

    utilizando proteo para evitar o contato direto e a aspirao, tanto pela

    boca quanto pelo nariz. Deve-se umedecer com soluo desinfetante a

    base de cloro (gua sanitria diluda em gua, em partes iguais) ou am-

    nia quaternria em diluio recomendada pelo fabricante. (Benke, 2007;

    Manejo de Pombos Urbanos,Manual, 2010; 2003; Nunes, 2005)

    Pombas so consideradas como praga urbana na maioria dos pases do mundo.Fonte: Disponvel em: http://all-free-download.com/. Acesso em: 23/02/2013.

    Pombas na Praa da S, So Paulo, SP. Autor: Paulo Toledo Piza/G1.Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUl959140-5605,00-SUBPrEFEiTUrA+DE+SANTANA+E+CAMPEA+EM+ACOES+DE+CONTrOlE+DE+POMBOS.html Acesso em: 18/12/2012.

    10540 miolo.indd 78 30/10/2013 18:45:02

  • 794. ESPCiES COMUNS DA FAUNA UrBANA NO ESTADO DE SO PAUlO

    Meios de controle consistem primordialmente em restringir o aces-

    so aos locais onde as pombas podem fazer seus ninhos e no fornecer

    alimentos, tanto de forma direta e intencional, como de forma indireta,

    destinando os resduos slidos adequadamente. O manejo da populao

    de pombas visa sua reduo, de maneira gradual, por meio da diminuio

    de abrigos e fontes de alimentao; e toda atividade desenvolvida deve

    ser cuidadosamente planejada, para evitar a morte das aves ou seu sofri-

    mento, obedecendo aos artigos 29 a 32 da lei Federal N 9.605, de feve-

    reiro de 1998. proibido usar iscas envenenadas, pois um crime cruel

    contra os animais e muito perigoso para crianas, outros animais e para o

    meio ambiente. (Benke, 2007; Manejo de Pombos Urbanos, 2003; Manual,

    2012; Schuller, 2005; Valadares, 2004)

    Aps a desinfeco e limpeza do local, deve-se fechar os locais por

    onde as pombas entram nas edificaes, com tela ou alvenaria, princi-

    palmente nos vos dos telhados. Esticar fio de nylon ou arame nos locais

    de pouso, como beirais (se o beiral for largo, esticar outros fios a cada 3

    cm), muros, floreiras, numa altura de 10 cm de altura do local de pou-

    so tambm so medidas de controle. A utilizao de objetos pontiagudos

    (pontas metlicas e plsticas), para evitar que as aves pousem ou faam

    ninhos e a aplicao de substncias pegajosas (gel repelente) em camada

    fina, alm da modificao da inclinao da superfcie de apoio das aves

    (fique com mais de 60 graus), so mtodos auxiliares para evitar esses ani-

    mais. (Benkle, 2007; iB, 2013; Manejo de Pombos Urbanos, 2003; Manual,

    2010; Valadares, 2004)

    Objetos brilhantes e com movimento como festo de natal, bandeiro-

    las, mbilis de CD, e manequins de predadores (gavio, coruja), assustam

    as aves e as afastam do local por algum tempo. Produtos com odores

    fortes como creolina, naftalina ou formalina tambm afastam as aves por

    algum tempo. (Benkle, 2007; iB, 2013; Manejo de Pombos Urbanos, 2003;

    Manual, 2010; Valadares, 2004)

    10540 miolo.indd 79 30/10/2013 18:45:02

  • 80 CADErNOS DE EDUCAO AMBiENTAl FAUNA URBANA

    Pardais

    Outro an