livro didático é muleta

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Livro didático é muleta. Estou vindo de um seminário onde foram apresentados livros didáticos e um sistema de apoio pela internet que oferece às escolas (R$20 por aluno por ano) testes e conteúdos didáticos. Respeito o direito das editoras de ganharem seu pão de cada dia, mas não consigo me convencer de que livros didáticos sejam realmente úteis. No tempo de escola, fizemos no grêmio estudantil, um diagnóstico: quais dos livros pedidos pela escola tinham efetivamente sido utilizados: nenhum! Meus pais gastaram uma fortuna

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Page 1: Livro didático é muleta

Livro didático é muleta.

Estou vindo de um seminário onde foram apresentados livros didáticos e um sistema de apoio pela internet que oferece às escolas (R$20 por aluno por ano) testes e conteúdos didáticos. Respeito o direito das editoras de ganharem seu pão de cada dia, mas não consigo me convencer de que livros didáticos sejam realmente úteis. No tempo de escola, fizemos no grêmio estudantil, um diagnóstico: quais dos livros pedidos pela escola tinham efetivamente sido utilizados: nenhum! Meus pais gastaram uma fortuna comprando livros que só foram úteis às contas bancárias das editoras!

Minhas razões pedagógicas para ser contra livros didáticos:

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(1)são úteis para professores preguiçosos que não querem preparar uma aula que trate, por exemplo, de temas que saíram no telejornal da noite anterior à aula;

(2)são úteis para professores que se formaram e não lembram das teorias e práticas realizadas nos bancos universitários. Eu registrei cada teoria aprendida em sala e, também, fiz pesquisas em bibliotecas, resultando em minha obra: Curso de Filosofia Temática, onde exponho as mais importantes teorias filosóficas e as reúno por temas, Deus, alma, tempo, razão, amor, família, arte, ética, política, natureza, etc.

Minha sugestão:

(A) Como professor de Filosofia, eu sinto falta de uma obra que reúna os principais trechos e textos dos pré-socráticos, de Platão, Aristóteles, os medievais, os renascentistas, como Descartes, Erasmo, aos iluministas, Nietzsche, Kant, Hegel até os contemporâneos, Sartre, Simone, Wittgenstein. Há, na realidade, uma obra, mas ela não está entre os livros que o ministério da educação se dispôs a comprar. Por quê? Porque não é caro suficiente e nem pesa 1kg na mochila dos nossos alunos?

(b) Poderia haver, também, livros onde constassem fotos que o professor pudesse mostrar em aula, enquanto nossas aulas não tiverem uma tevê ligada a um dvd ou mesmo à internet, pois, para usar a sala de vídeo precisamos agendar o dia de uso, deslocar a turma (30 a 40 alunos), quase uma operação logística. E, por que, isso seria importante? Ilustraria uma aula expositiva, tornando a aula menos entendiante, quando não pudéssemos levar os alunos para assistir um documentário, por exemplo. Qual o tamanho ideal de um livro (de imagens) desses? Um que fosse suficiente para apresentar as imagens na frente da sala ou pôr no quadro e que a turma inteira pudesse enxergar mesmo os alunos que ficam “fincados” no fundo da sala.

Antonio Jaques de MatosProfessor de filosofia

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Porto Alegre, 21 de maio de 2011