livro capacidades governativas

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O debate sobre as relações federativas no Brasil, por força do processo particular de descentralização preconizado na Constituição de 1988, ficou muito voltado para a relação governo federal e municípios. A agenda de investigação política e socioeconômica centrou-se com mais atenção em instrumentos político-institucionais e em aspectos da descentralização de poder e de recursos federais em direção aos entes governamentais municipais. Passados quase 25 anos de consolidação desta trajetória federativa municipalista, um campo de investigação, por força da própria retomada do crescimento econômico do país, vem se impondo como relevante, relacionado aos estudos sobre os governos estaduais. É sabido que, sobre estes, por um lado, recaiu, em fins dos anos 1990, parte importante do ajustamento macroeconômico, com a renegociação das dívidas estaduais, e a contenção da ação fiscal por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por outro lado, passaram a ser pressionados para assumir maiores responsabilidades de execução de políticas, como na educação e na saúde, sem o correspondente nível de recursos.

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    OrganizadoresAristides Monteiro NetoEduiges Romanatto

    AutoresAristides Monteiro Neto

    Eduardo Santos ArajoEduiges Romanatto

    Rodrigo da Silva Souza

    CAPACIDADESGOVERNATIVAS

    NOAMBIENTEFEDERATIVO

    NACIONALGois

    (2000 - 2012)

    Misso do IpeaAprimorar as polticas pblicas essenciais ao desenvolvimento brasileiropor meio da produo e disseminao de conhecimentos e da assessoriaao Estado nas suas decises estratgicas.

    Cap

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    000-

    2012

    )

    Par

    9 788578 112516

    ISBN 978-85-7811-251-6

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    NOAMBIENTEFEDERATIVO

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    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 1 21/07/2015 11:59:59

  • Governo Federal

    Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica Ministro Roberto Mangabeira Unger

    Fundao pbl ica v inculada Secretar ia de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica, o Ipea fornece suporte tcnico e institucional s aes governamentais possibilitando a formulao de inmeras polticas pblicas e programas de desenvolvimento brasi leiro e disponibi l iza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus tcnicos.

    PresidenteJess Jos Freire de Souza

    Diretor de Desenvolvimento InstitucionalAlexandre dos Santos Cunha

    Diretor de Estudos e Polticas do Estado, das Instituies e da DemocraciaDaniel Ricardo de Castro Cerqueira

    Diretor de Estudos e Polticas MacroeconmicasCludio Hamilton Matos dos Santos

    Diretor de Estudos e Polticas Regionais, Urbanas e AmbientaisMarco Aurlio Costa

    Diretora de Estudos e Polticas Setoriais de Inovao, Regulao e InfraestruturaFernanda De Negri

    Diretor de Estudos e Polticas SociaisAndr Bojikian Calixtre

    Diretor de Estudos e Relaes Econmicas e Polticas InternacionaisBrand Arenari

    Chefe de GabineteJos Eduardo Elias Romo

    Assessor-chefe de Imprensa e ComunicaoJoo Cludio Garcia Rodrigues Lima

    Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria URL: http://www.ipea.gov.br

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    CAPACIDADES GOVERNATIVAS

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    OrganizadoresAristides Monteiro NetoEduiges Romanatto

    CAPACIDADES GOVERNATIVAS

    NO AMBIENTE FEDERATIVO

    NACIONALGois

    (2000 - 2012)

    Par

    Rio de Janeiro, 2015

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  • Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada ipea 2015

    As opinies emitidas nesta publicao so de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, no exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada ou da Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica.

    permitida a reproduo deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reprodues para fins comerciais so proibidas.

    Capacidades governativas no ambiente federativo nacional :

    Gias (2000-2012) / Organizadores: Aristides Monteiro

    Neto, Eduiges Romanatto. Rio de Janeiro : Ipea, 2015.

    124 p. : il.

    Inclui bibliografia.

    ISBN 978-85-7811-251-6

    1. Governo Estadual. 2. Federalismo. 3. Governabilidade. 4. Polticas

    Pblicas 5. Brasil. I. Monteiro Neto, Aristides. II. Romanatto, Eduiges.

    III. Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.

    CDD 352.098173

    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 4 21/07/2015 12:00:00

  • SUMRIO

    APRESENTAO ........................................................................................7

    INTRODUO ............................................................................................9

    PARTE I PANORAMA DE SEU DESENVOLVIMENTO ATUAL

    CAPTULO 1SOCIOECONOMIA ESTADUAL: CARACTERSTICAS E TENDNCIAS RECENTES ..................................................................................................17Eduiges RomanattoEduardo Santos ArajoRodrigo da Silva Souza

    PARTE II CAPACIDADES GOVERNATIVAS NOS MARCOS DO FEDERALISMO BRASILEIRO

    CAPTULO 2O SETOR PBLICO ESTADUAL: CAPACIDADES E ORIENTAES DE POLTICAS ............................................................................................63Eduiges RomanattoEduardo Santos Arajo

    PARTE III CONCLUSES GERAIS

    CAPTULO 3AVANOS E LIMITAES DA ATUAO GOVERNAMENTAL NO ESTADO DE GOIS: UM BALANO DO PERODO 2000-2012 ................95Aristides Monteiro NetoEduiges Romanatto

    NOTAS BIOGRFICAS ...........................................................................123

    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 5 21/07/2015 12:00:00

  • Livro_CapacidadesGovernativas.indb 6 21/07/2015 12:00:00

  • APRESENTAO

    O debate sobre as relaes federativas no Brasil, por fora do processo particular de descentralizao preconizado na Constituio de 1988, ficou muito voltado para a relao governo federal e municpios. A agenda de investigao poltica e socioeconmica centrou-se com mais ateno em instrumentos poltico-institucionais e em aspectos da descentralizao de poder e de recursos federais em direo aos entes governamentais municipais.

    Passados quase 25 anos de consolidao desta trajetria federativa municipalista, um campo de investigao, por fora da prpria retomada do crescimento econmico do pas, vem se impondo como relevante, relacionado aos estudos sobre os governos estaduais. sabido que, sobre estes, por um lado, recaiu, em fins dos anos 1990, parte importante do ajustamento macroeconmico, com a renegociao das dvidas estaduais, e a conteno da ao fiscal por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por outro lado, passaram a ser pressionados para assumir maiores responsabilidades de execuo de polticas, como na educao e na sade, sem o correspondente nvel de recursos.

    Convivem os governos estaduais, desde a dcada de 1990, com uma trajetria de duro e necessrio ajustamento em suas capacidades de desenho e implementao de trajetrias de desenvolvimento, sejam estas capacidades as econmico-fiscais, sejam as poltico-institucionais necessrias ao atendimento de polticas pblicas estratgicas. Mesmo posteriormente, nesta dcada de 2010, tais restries ainda se fazem muito presentes e em muitos casos vm impedindo que os entes estaduais sejam capazes de capturar mais intensamente estmulos do ciclo ascendente do investimento na economia brasileira.

    O esforo de identificao, mapeamento e anlise de capacidades e limitaes governativas numa experincia estadual concreta enriquece a compreenso do quadro de relaes intergovernamentais estabelecidas entre governo federal e governos estaduais. Neste caso, o estado de Gois mereceu a ateno deste estudo ora disponibilizado quanto compreenso das caractersticas de sua trajetria poltico-institucional recente.

    Este livro, intitulado Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012), trata em profundidade tanto as dimenses econmico-fiscais quanto as sociais e institucionais que marcaram a trajetria das polticas pblicas dos governos estaduais em Gois entre 2000 e 2012. Seu objetivo, no sentido amplo, colocar luzes sobre o posicionamento atual

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)8 |

    de um ator relevante, a esfera estadual de governo, para o sucesso ou o fracasso na implementao de polticas pblicas no pas.

    O Ipea, com mais este trabalho, sente-se cumpridor de seu dever de contribuir para a investigao, o debate e a proposio de polticas pblicas de alto nvel para o desenvolvimento nacional.

    A todos(as), boa leitura!

    Jess Souza Presidente do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

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  • INTRODUO

    Este livro traz tona as reflexes sobre o estado de Gois no ambiente federativo nacional no perodo de 2000 a 2012, realizadas no mbito do projeto de pesquisa com o ttulo O que Podem os Governos Estaduais no Brasil? Trajetrias de Desenvolvimento Comparadas. Seu objetivo mais amplo contribuir com elementos de suporte para a discusso sobre as capacidades e as limitaes observadas para um ente federativo negligenciado pelo pacto federativo brasileiro atual, o governo estadual.

    A pesquisa orientou-se para duas grandes linhas de reflexo. Na primeira, os grandes traos observados no conjunto dos governos estaduais brasileiros das dificuldades e das possibilidades de atuao destes governos foram delineados com apontamentos e discusses relacionados s dimenses econmico-fiscais e poltico-institucionais da sua operao executiva, visando ao estabelecimento de marcos estratgicos para o desenvolvimento estadual. Os principais resultados esto apresentados no livro que deu incio srie de estudos Governos Estaduais no Federalismo Brasileiro: capacidades e limitaes governativas em debate, publicado em 2014 pelo Ipea sob coordenao geral de Aristides Monteiro Neto e participao de vrios estudiosos de universidades brasileiras e argentinas.

    As principais contribuies apresentadas no livro citado esto relacionadas s dificuldades dos governos estaduais, no decorrer desta dcada de 2000, em empreender estratgias de desenvolvimento mesmo em ambiente de crescimento econmico nacional. Ora porque o endividamento estadual continua a comprometer parte relevante das receitas correntes lquidas estaduais, ora porque a capacidade de realizao dos investimentos pblicos permanece debilitada como proporo do produto interno bruto (PIB). Como posto na parte introdutria desse livro:

    A pesquisa traz contribuies significativas para a compreenso, de um lado, das limitaes e capacidades de construo e implementao de estratgias de desenvolvimento por parte dos governos estaduais. De outro lado, permite tambm compreender que, em federalismos centralizados, os governos subnacionais tendem a resistir a processos de cooperao federativa, pois costumam entender este chamado como regras de imposio federativa (Monteiro Neto, 2014, p. 14).1

    No se restringindo apenas s dificuldades inerentes aos governos estaduais, os estudos registram que o padro de relacionamento federativo entre estes e a Unio tem sido definido por um federalismo sem pactuao, no qual o governo

    1. Monteiro Neto, Aristides. Federalismo sem pactuao: governos estaduais na antessala da federao. In: ______. (Org.). Governos estaduais no federalismo brasileiro: capacidades e limitaes governativas em debate. Braslia: Ipea, 2014. 320 p.

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)10 |

    federal detm comando exclusivo sobre cerca de dois teros da carga tributria nacional e, desse modo, vem impondo aos entes subnacionais, de maneira crescente, que executem modelos prefigurados de polticas pblicas. Dito de outro modo, os governos estaduais vm se transformando em meros executores, sem margem para discusso e mudanas, de polticas pblicas federais, configurando-se, pois, no Brasil, uma experincia de federalismo esvaziado de contedos de pactuao e cooperao.

    Os referenciais metodolgicos que instauraram esta pesquisa esto devidamente delimitados e apresentados no livro supracitado. Dizem respeito, fundamentalmente, a uma compreenso das caractersticas e da dinmica do federalismo brasileiro, para a qual preocupaes com os recortes analticos a seguir tomados de emprstimo do estudo sobre capacidades governativas no estado de Pernambuco, conduzido pelo coordenador do projeto2 so essenciais.

    1) Referindo-se ao governo e sua capacidade governativa:

    considera-se o papel estratgico da atuao governamental para gerar trajetrias de desenvolvimento em regies de baixo nvel de desenvolvimento. Tais capacidades governativas so entendidas aqui como o conjunto de instrumentos disposio de um dado governo, neste caso, o estadual, mas tambm as aes, os recursos e as estratgias do governo federal no e para este estado da federao, que o permitem imprimir orientaes estratgicas sobre o desenvolvimento local. So dadas, de um lado, pelas capacidades econmico-fiscais relacionadas com os instrumentos e recursos econmicos e tributrios para a realizao do gasto corrente e do gasto em investimento e, de outro lado, pelas capacidades poltico-institucionais instituies e instrumentos de planejamento e de gesto; quantidade e qualidade do funcionalismo pblico estadual presentes em um dado momento na realidade social objeto da investigao (Monteiro Neto, Vergolino e Santos, 2015, p. 18).

    2) Referindo-se construo e implementao das capacidades governativas, isto , relao entre a poltica pblica (objetivos) e a capacidade governativa (instrumentos):

    a ao governamental visando criao ou ao desenho de trajetrias de desenvolvimento deveria assumir um carter persuasivo sobre os demais atores e recursos a serem atrados ao projeto em curso. Entende-se que a poltica pblica para alcanar seu xito deveria ser capaz de incentivar e aglutinar atores em torno de um projeto comum por meio de modos democrticos de participao. A compreenso da capacidade governativa, portanto, foge de padres pretritos do tipo mecanismos de comando e controle em favor de um sistema de incentivos relativamente descentralizados. Em um ambiente sociopoltico com elevada complexidade de interesses, objetivos e atores, a capacidade governativa precisa

    2. Monteiro Neto, Aristides; Vergolino, Jos Raimundo de Oliveira; Santos, Valdeci Monteiro dos. Capacidades governativas no ambiente federativo nacional: Pernambuco (2000-2012). Braslia: Ipea, 2015. 179 p.

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  • Introduo | 11

    ser capaz de orientar um horizonte de decises a partir de diversos ambientes de coordenao voluntria. Este o grande desafio da poltica pblica nos tempos atuais. No caso de uma avaliao de experincia estadual no federalismo brasileiro, de incio, deve-se considerar a prpria coordenao entre as aes dos governos federal e estadual e, alm disso, a coordenao de interesses e objetivos da poltica pblica (julgados como democrticos e universais, ao menos onde se aplicam) com os interesses privados dos cidados e do sistema empresarial (idem, ibidem).

    A segunda linha de reflexo a que se debrua sobre experincias estaduais concretas de investigao das capacidades governativas em governos estaduais e conta com a participao de especialistas em finanas e gesto destes governos. Este estudo sobre o estado de Gois vem cumprir esse papel, ao lado do recentemente publicado trabalho sobre a experincia de Pernambuco e de outras Unidades da Federao (UFs) tambm objeto desta pesquisa. So estudos que apresentam uma estrutura comum ainda que, respeitando as especificidades histricas, territoriais e econmico-sociais de cada UF pensada para traar uma viso circunstanciada de cada realidade estadual. No caso de Gois, a reflexo foi levada adiante por tcnicos do Instituto Mauro Borges de Estatsticas e Estudos Socioeconmicos (IMB) da Secretaria de Estado de Gesto e Planejamento (Segplan).

    A identificao e a anlise de estratgias estaduais de desenvolvimento levadas a efeito por governos estaduais passam a ser entendidas no mbito do quadro de moldura do ambiente federativo nacional. Desse modo, o comportamento, as caractersticas e a trajetria da socioeconomia estadual so pensados a partir de suas inter-relaes com os demais entes federativos, em particular com as determinaes emanadas pelo governo federal. De maneira especfica, busca-se a compreenso de questes cruciais no federalismo brasileiro atual como: i) o grau de autonomia do governo estadual em relevo para criar e implementar polticas pblicas; ii) as aes do governo estadual ante a guerra fiscal entre UFs por empreendimentos produtivos; iii) seu nvel de endividamento; e iv) sua capacidade de investimento e de criao de instrumentos institucionais para a tomada de deciso sobre o investimento pblico e privado.

    Num plano mais geral de anlise, o estudo evidenciou uma reduo do grau de autonomia dos governos estaduais relacionada s prprias receitas correntes vis--vis as receitas de transferncias federais constitucionais. O padro corrente para as relaes federativas no pas nas ltimas duas dcadas de ampliao do poder de atuao e de deciso da Unio, com consequente reduo relativa do poder decisrio dos entes subnacionais e, em particular, dos governos estaduais.

    Premidos pela expanso de demandas democrticas de seus cidados, os governos estaduais, deparados com restries de receitas tributrias no pacto federativo nacional, tm se ressentido de um ambiente institucional mais cooperativo com o governo federal. As dificuldades de realizao de investimentos pblicos se acumulam

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)12 |

    neste contexto. Na mdia nacional, a capacidade de investimentos dos governos estaduais no tem sido superior a 1% do PIB entre 2000 e 2011.

    Quando houve ampliao do investimento, em nmero relevante de casos, aquela se deu por causa do aumento do endividamento estadual junto ao sistema financeiro pblico Banco do Brasil (BB), Caixa Econmica Federal (CAIXA) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES). Desse modo, evidencia-se que o esforo de criar alguma trajetria mais robusta de desenvolvimento por meio de investimentos em infraestruturas de qualquer tipo fica permanentemente contido pela expanso do endividamento pblico estadual. Os governos estaduais continuam, por fora das circunstncias, a operar agressivamente estratgias de guerra fiscal para atrao de empreendimentos privados.

    Neste estudo particular sobre Gois, essas tendncias estruturais do caso brasileiro so identificadas e apontadas, corroborando e qualificando o caso nacional mais geral. O trabalho est organizado em trs partes orientadoras da viso adotada para a compreenso do atual federalismo no pas. Na parte I, Panorama de seu desenvolvimento atual, tem-se como preocupao reter as dinmicas da economia estadual e de sua populao no territrio, bem como apreender aspectos sociais, como educao, sade, segurana, pobreza etc., alvos essenciais da poltica pblica. Entende-se que, quaisquer que sejam os recortes, indicadores ou conceitos adotados para avaliao das capacidades governativas, preciso, antes, vislumbrar quais so os grandes desafios socioeconmicos a serem enfrentados e, deste modo, criar um painel de problemas e questes estruturais a serem atacados pela (suposta) ao estratgica do governo estadual.

    O entendimento, por exemplo, das marcas da ocupao no territrio estadual, para efeitos de interesse do planejamento governamental, desenvolvido nesse primeiro captulo do estudo, o qual apontou, entre outros aspectos relevantes, o seguinte:

    Acompanhando a urbanizao e a produo extremamente concentradas, a gerao de empregos, consequentemente, tambm se concentra em alguns municpios ou microrregies do estado. As microrregies de Goinia, Anpolis, e a Sudoeste so responsveis por 70% da admisso de mo de obra; 57,6% do PIB; e 51,7% da populao.3

    Fica claro que o processo de ocupao do territrio ainda se faz de maneira concentrada, elegendo como preferencial a poro chamada de metade sul, que inclui os ncleos urbanos mais importantes de Goina e Anpolis. A despeito das intenes dos planos dos vrios governos estaduais para promover maior igualdade de condies no territrio, os resultados tm sido pouco efetivos. A dinmica

    3. Captulo 1, p. 48, deste livro.

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  • Introduo | 13

    econmica dos empresrios e produtores do agronegcio pelas reas apropriadas mais rentveis para a produo de commodities, a metade sul do estado, tem imposto o seu ritmo e forma prprios s escolhas de polticas pblicas estaduais.

    Na parte II, chamada de Capacidades governativas nos marcos do federalismo brasileiro, o objetivo remeter-se s finanas estaduais de maneira a dimensionar e compreender o comportamento das rubricas de receita e despesas necessrias para a implementao das diretrizes de polticas pblicas das administraes estaduais. As capacidades prprias do governo estadual dadas pela realizao de despesas correntes e/ou de investimento, bem como a capacidade de endividamento, so apontadas. Ademais, se incursiona por instrumentos financeiros do governo federal crdito para investimento do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e do BNDES para a viabilizao do investimento privado e da infraestrutura.

    No caso desta UF, notou-se uma frgil capacidade de investimento por parte do seu setor pblico estadual, muito aqum da situao mdia dos demais estados brasileiros. No perodo entre 1995 e 2010, a mdia nacional de investimento pblico sob encargo das vrias administraes estaduais foi de 1,3% do PIB nacional, a de Gois de apenas 0,7% de seu PIB. O governo estadual tem se utilizado fartamente da oferta de incentivos fiscais para a atrao de investimentos privados. A estratgia sob vrios aspectos tem sido exitosa, uma vez que sua economia tem apresentado forte crescimento nos ltimos anos. Entretanto, o uso frequente de tais instrumentos cobra seu preo: o valor dos incentivos fiscais concedidos ao sistema empresarial tem sido superior ao conjunto da arrecadao anual de Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servios (ICMS). Dito de outra maneira, o governo estadual de Gois vem abrindo mo de recursos tributrios em montante superior capacidade de extrao de seu principal tributo estadual, o ICMS.

    Em sua ltima parte, Concluses gerais, um balano geral do perodo de 2000 a 2012 apresentado. Um contexto amplo dos recursos federais e estaduais elencados para investigao construdo de maneira a permitir concluses dos limites e possibilidades de elaborao, por parte de governos estaduais, de estratgias de desenvolvimento. Fica claro no captulo final que o comando do investimento pblico no estado est majoritariamente nas mos, ou sob coordenao, do governo federal. Este tem produzido orientaes de investimentos por meio de sua cartela de obras do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC 1 e 2) e de sua capacidade de financiamento bancria via operaes do FCO realizadas pelo BB nesta regio, e dos desembolsos do BNDES para apoio atividade produtiva.

    O leitor, sem sombra de dvida, ser brindado com informaes e anlises atualizadas sobre a socioeconomia goiana. Principalmente se espera, em particular, que a anlise aqui empreendida sobre estruturas e contextos de uma UF especfica

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)14 |

    permita a elaborao de uma viso renovada sobre as potencialidades e limitaes dos governos estaduais no federalismo brasileiro dos dias de hoje.

    O projeto de pesquisa orientador do presente estudo foi concebido para, sempre que possvel, ser empreendido sob coordenao do Ipea com colaborao direta de parceiros em rgos de planejamento e/ou universidades nos estados. Seu objetivo a um s tempo contribuir para uma reflexo sobre os governos subnacionais no federalismo brasileiro e fortalecer a reflexo e prticas de planejamento em governos estaduais. A parceria institucional entre o Ipea, rgo de pesquisa do governo federal, e o IMB, entidade da Segplan, do governo de Gois, ao mobilizar especialistas goianos nas questes da socioeconomia local, foi crucial para a realizao deste trabalho.

    Aristides Monteiro Neto Eduiges Romanatto

    Organizadores

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  • Livro_CapacidadesGovernativas.indb 16 21/07/2015 12:00:01

  • CAPTULO 1

    SOCIOECONOMIA ESTADUAL: CARACTERSTICAS E TENDNCIAS RECENTES

    Eduiges RomanattoEduardo Santos ArajoRodrigo da Silva Souza

    1 INTRODUO

    A partir da dcada de 1960, ocorreu uma notvel expanso nos mtodos de produo do setor agropecurio. Por meio do uso de insumos modernos e da mecanizao das tcnicas agrcolas, esse processo produziu extraordinrios aumentos de produtividade nas atividades do campo. Em que pesem os expressivos ganhos de produtividade, a oferta agrcola no foi suficiente para suprir a grande demanda interna e externa da poca. Assim, houve tambm, paralelamente, a expanso territorial da atividade agrcola. Como os estados da regio Centro-Sul j utilizavam quase a totalidade das suas terras agricultveis, a expanso da fronteira agrcola teve como destino a regio Centro-Oeste. O estado de Gois foi o primeiro a ser incorporado nessa expanso.

    Gois foi, tambm, o primeiro estado da regio Centro-Oeste a modernizar a produo agrcola e criar as condies de instalao de um setor industrial integrado ao setor agropecurio, a agroindstria. Autores como Estevam (2004), Pires e Ramos (2009) e Castro e Fonseca (1995) destacam a importncia desses setores na determinao do perfil econmico da regio Centro-Oeste, sobretudo de Gois. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho analisar o conjunto de transformaes econmicas e sociais que o modelo agroindustrial produziu no territrio goiano nas ltimas dcadas.

    Este captulo posui, alm desta introduo, mais trs sees, em que, na segunda, sero analisadas as caractersticas econmicas de Gois, elencando as principais medidas implementadas no estado e os seus desdobramentos, por meio de uma srie de indicadores econmicos. Na terceira seo sero analisadas as caractersticas sociais de Gois e a evoluo do mercado de trabalho no estado, setorial e territorialmente, avaliando a evoluo dos principais indicadores sociais e estabelecendo conexes entre esses indicadores e as polticas econmicas adotadas. A quarta seo conclui o trabalho, abordando os desafios para as polticas pblicas.

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)18 |

    2 O COMPORTAMENTO DO PRODUTO BRUTO ESTADUAL

    2.1 O comportamento do PIB agregado

    A economia de Gois passou por um ciclo virtuoso de crescimento econmico nas duas ltimas dcadas. De acordo com a srie histrica disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o produto interno bruto (PIB) foi de R$ 17 bilhes em 1995, R$ 29 bilhes em 2000, R$ 55 bilhes em 2005 e, por fim, R$ 97,5 bilhes em 2010 (grfico 1). Como se pode observar, o PIB goiano quase duplicou a cada quinqunio. A taxa mdia de crescimento anual no perodo foi de 4%, percentual superior mdia nacional, de 2,8%.

    GRFICO 1PIB de Gois (1995-2010) (Em valores constantes de 2010 e em R$ bilhes)

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    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    100

    120

    69,7

    55,3

    Fonte: IBGE e Instituto Mauro Borges de Estatsticas e Estudos Econmicos (IMB) da Secretaria de Estado de Gesto e Planejamento (Segplan).

    O setor industrial o principal responsvel pela dinmica recente da economia goiana. A integrao da agroindstria com a agropecuria moderna, constituindo o complexo gros-carnes, e a emergncia de novas atividades industriais, como o segmento automobilstico, ao e derivados, bem como da cana-de-acar, foram importantes para o crescimento sustentado do PIB estadual.

    Em termos regionais, Gois ampliou sua participao no PIB de todo o Centro-Oeste, passando de 24,4% em 1995, para 27,9% em 2010. Esse aumento no ocorre apenas em termos relativos, mas tambm em termos absolutos,

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  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 19

    pois o prprio PIB da regio Centro-Oeste aumenta sua posio relativa no contexto nacional ao longo do perodo, indo de uma participao de 8,4% do PIB nacional em 1995, para 9,3% em 2010.

    A elevao da importncia do PIB de Gois em relao ao Centro-Oeste deve-se ao fato de a instalao de sua agroindstria ter ocorrido num perodo anterior dos demais estados da regio, quando os incentivos estaduais e a localizao prxima de Braslia constituam fatores de grande atratividade de empresas nacionais e internacionais (Castro e Fonseca, 1995). A proximidade territorial das infraestruturas criadas pela instalao da capital federal, sem dvida, contribuiu para que houvesse maior diversificao produtiva e dinamismo econmico em Gois.

    O crescimento sustentado nas ltimas duas dcadas propiciou um incremento significativo na participao do PIB goiano em nvel nacional. Em 1990, a sua participao era de 1,8%; j em 2010, o PIB goiano representou 2,6% do PIB brasileiro. Isso representa um acrscimo de 44% na participao de Gois no PIB do Brasil.

    Outro fator que contribuiu decisivamente para o aumento do PIB goiano foi o comrcio externo. Beneficiado pela abertura comercial ocorrida na dcada de 1990 e pelo aumento da demanda chinesa por commodities, as exportaes corresponderam a 9% do PIB em 2011. As receitas das exportaes goianas cresceram 945% em valor e 535% em volume, entre 1996 e 2010. O aumento, em termos de receitas, reflete, em maior parte, a recuperao dos preos internacionais das commodities na dcada de 2000 (tabela 1).

    TABELA 1Crescimento da receita e do volume das exportaes de Gois (1996-2010) (Em %)

    Anos Crescimento da receita Crescimento do volume

    1996 a 2003 185 296

    2003 a 2010 267 60

    1996 a 2010 945 535

    Fonte: Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (Mdic).

    Contudo, a pauta de exportaes de Gois ainda se concentra demasiadamente em produtos primrios. Analisando-se os dados da Secretaria do Comrcio Exterior (Secex), a mdia histrica de exportaes de produtos primrios de 74%; e de industrializados, 26%. Ainda,

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)20 |

    a pauta de exportaes goianas compe-se basicamente de trs produtos: soja, carne e minrios.

    A instalao de ramos da indstria diretamente conectados produo agropecuria bem como de novos ramos, de maior valor agregado e o aumento das exportaes possibilitaram taxas de crescimento do PIB acima da mdia nacional. O estado, no entanto, ainda convive com srios problemas econmicos e sociais, que requerem maior ateno da poltica pblica. Os principais problemas so: forte concentrao espacial da atividade produtiva, forte disparidade em termos de produtividade do trabalho intra e intersetorial e indicadores de desigualdade de renda elevados. A anlise mais detalhada dos aspectos que possibilitaram o crescimento econmico, tanto quanto dos problemas dele decorrentes, ser feita nas prximas subsees.

    2.2 Comportamento do PIB per capita

    Alm de se constituir como fronteira da produo agropecuria e ambiente propcio para o fortalecimento da agroindstria, o estado de Gois tambm se estabeleceu como polo de atrao migratria. Esse fator possui efeitos diretos sobre o comportamento dos indicadores sociais e econmicos, como o PIB per capita.

    A corrente migratria para Gois iniciou-se a partir da dcada de 1940, no contexto da Marcha para o Oeste, e acentuou-se posteriormente devido ao projeto do governo federal de colonizao e, principalmente, construo de Braslia, que foi um elemento de grande impacto na integrao do Centro-Oeste, sobretudo de Gois, ao restante do territrio brasileiro. Aregio tornou-se o ndulo de integrao decorrente da construo de grandes eixos rodovirios: Braslia-Belm; Braslia-Belo Horizonte; Braslia-So Paulo; Braslia-Cuiab; Braslia-Barreiras; e suas ramificaes (Diniz, 2001). Essas transformaes deram contribuio para que Gois se tornasse uma regio de acentuado fluxo migratrio ao longo da segunda metade do sculo XX, mantendo-se assim at hoje.

    Analisando a dinmica populacional nas duas ltimas dcadas, observa-se que Gois apresenta crescimento demogrfico acima da mdia nacional. Desde o Censo de 1991 houve em Gois um incremento populacional de 49,62%, enquanto o ndice nacional foi de 29,92%. Em termos relativos, Gois respondia, em 1991, por parcela de 2,74% da populao brasileira. Em 2000, passou para 2,95% e, recentemente, de acordo com o Censo de 2010, esta parcela elevou-se para 3,15%. Em termos regionais, a populao de Gois representa, atualmente, 43% de todo o contingente demogrfico do Centro-Oeste.

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  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 21

    Entre os censos de 2000 e 2010, a populao de Gois cresceu 20%, passando de 5.003.228 para 6.003.788 habitantes. A taxa geomtrica de crescimento populacional registrada nas ltimas dcadas maior que a nacional. De 1991 para 2000, a taxa geomtrica de crescimento anual do Brasil foi de 1,64%, enquanto a de Gois registrou 2,49%. No perodo de 2000 a 2010, o crescimento anual brasileiro foi de 1,17%; e o goiano, de 1,84% (Arriel, Souza e Romanatto, 2011).

    O alto crescimento populacional de Gois explicado menos pela taxa de natalidade do que pela alta absoro de migrantes. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (Pnad) de 2009, o estado de Gois apresentou a quinta menor taxa de fecundidade do pas, de 1,84 criana por mulher. Apesar de a taxa de fecundidade ser menor que a mdia do Brasil (1,94) e da regio Centro Oeste (1,93), Gois apresenta a oitava maior taxa de crescimento geomtrico entre os estados brasileiros.

    Portanto, o principal fator para a explicao do alto crescimento populacional goiano a magnitude do seu fluxo migratrio. Em 2000, o estado de So Paulo apresentou o maior saldo lquido positivo migratrio entre as unidades federativas (UFs). Gois, por sua vez, j ocupava o segundo maior saldo. Porm, comparaes correspondentes aos perodos de 2000 a 2004 e 2004 a 2009, realizadas pelo IBGE, indicam que So Paulo tornou-se uma regio de saldo lquido negativo, enquanto Gois manteve o seu alto saldo migratrio positivo, passando a ser o estado de maior saldo lquido do pas, recebendo 129 mil pessoas no ltimo perodo analisado.

    importante destacar o contraste do saldo lquido migratrio do estado de Gois em comparao com os outros estados da Federao. Observa-se que esse fluxo destoa sensivelmente do resto do pas (tabela 2). Grande parcela desse fluxo migratrio proveniente do Distrito Federal em direo aos municpios goianos que compem a regio do Entorno de Braslia para estabelecerem suas residncias em razo do alto custo de vida da capital federal.

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    TABELA 2Imigrantes, emigrantes e saldo migratrio, segundo as UFs (2000, 2004 e 2009)(Anos selecionados, em mil habitantes)

    UFs2000 2004 2009

    Imigrantes Emigrantes Saldo Imigrantes Emigrantes Saldo Imigrantes Emigrantes Saldo

    Acre 13,6 16,1 -2,4 14,8 13,2 1,6 13,1 13,0 0,0

    Amazonas 89,6 58,7 31,0 64,0 52,9 11,1 63,1 35,6 27,5

    Alagoas 56,0 127,9 -72,0 81,3 85,7 -4,4 43,9 80,8 -36,8

    Amap 44,6 15,1 29,5 32,5 18,3 14,2 20,0 11,1 8,9

    Bahia 250,6 518,0 -267,5 290,3 378,6 -88,3 203,9 312,2 -108,3

    Cear 162,9 186,7 -23,8 141,7 120,6 21,1 93,7 98,1 -4,3

    Distrito Federal

    216,2 188,6 27,6 152,1 200,0 -47,9 149,9 138,0 11,9

    Esprito Santo

    129,2 95,2 34,0 107,1 108,7 -1,5 107,4 54,7 52,7

    Gois 372,7 169,9 202,8 315,6 168,6 147,0 264,1 135,0 129,1

    Maranho 100,8 274,5 -173,7 180,9 258,0 -77,1 125,4 154,9 -29,5

    Mato Grosso 166,3 123,7 42,6 192,7 81,0 111,7 78,6 90,7 -12,0

    Mato Grosso do Sul

    97,7 108,7 -11,0 90,1 97,3 -7,2 57,9 50,2 7,7

    Minas Gerais 447,8 408,7 39,1 429,4 398,5 31,0 288,4 276,2 12,2

    Par 182,0 234,2 -52,2 235,1 187,4 47,7 118,3 160,2 -41,9

    Paraba 102,0 163,5 -61,5 138,3 95,9 42,5 74,3 70,9 3,4

    Paran 297,3 337,0 -39,7 260,5 271,2 -10,7 203,6 171,9 31,7

    Pernambuco 164,9 280,3 -115,4 179,9 204,9 -24,9 100,8 107,3 -6,6

    Piau 88,7 140,8 -52,1 119,6 114,0 5,7 74,8 104,8 -30,0

    Rio de Janeiro

    319,7 274,2 45,5 166,0 255,7 -89,6 141,5 165,5 -24,1

    Rio Grande do Norte

    77,9 71,3 6,6 73,5 37,3 36,2 60,2 37,0 23,1

    Rio Grande do Sul

    113,4 152,9 -39,5 116,6 146,4 -29,7 90,6 104,0 -13,4

    Rondnia 83,3 72,7 10,6 49,0 55,2 -6,2 34,2 32,2 2,0

    Roraima 47,8 14,4 33,4 38,4 13,3 25,1 15,4 14,7 0,7

    Santa Catarina

    199,7 139,7 60,0 214,3 139,3 75,0 194,0 113,5 80,5

    So Paulo 1.223,8 883,9 339,9 823,6 978,7 -155,1 535,4 588,7 -53,3

    Sergipe 52,1 56,9 -4,8 45,8 43,3 2,6 37,7 36,6 1,2

    Tocantins 95,4 82,5 12,9 82,3 112,0 -29,7 50,5 82,9 -32,4

    Fonte: IBGE.

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  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 23

    Apesar do expressivo crescimento populacional, o estado de Gois vem elevando o nvel do seu PIB per capita. possvel verificar que o PIB per capita passa de um valor de 4 mil em 1995 para 16,2 mil em 2010 (grfico 2). Nesse perodo, o estado passa da 14a posio para a 11a no ranking nacional.

    GRFICO 2PIB per capita (1995-2010) (Em valores constantes de 2010, e em R$ mil)

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    18

    4,0 4,14,5 4,6

    5,25,8

    6,97,9

    8,6 8,89,8

    10,8

    12,3

    15,1

    16,3

    14,5

    Fonte: IBGE.

    Embora o PIB per capita goiano tenha apresentado ganhos em termos absolutos nas ltimas dcadas, em termos relativos, o seu nvel se mantm abaixo do ndice nacional ao longo de todo o perodo, no entanto, nota-se evoluo. Enquanto, na dcada de 1990, o PIB per capita goiano tenha representado, na mdia, 73% do PIB per capita brasileiro, durante a dcada de 2000 representou, tambm na mdia, 80,9%. A relao pior quando se compara o indicador de Gois com o da regio Centro-Oeste. No h ano algum em que o estado supere 67% do PIB per capita da regio. Isso ocorre devido ao efeito de superestimao que o PIB per capita de Braslia (R$ 50,2 mil em 2010) gera sobre o regional, por ser muito superior ao dos demais estados da regio e do pas.

    O processo de integrao da regio Centro-Oeste, que teve como principal fator a construo de Braslia, no originou apenas impactos positivos, como maior dinamismo econmico e integrao econmica entre as regies do pas, mas tambm impactos sobre os indicadores sociais. Estes, principalmente nas reas onde expressivo crescimento populacional foi concentrado, como a regio do entorno de Braslia e a metropolitana de Goinia, no so bons.

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    2.3 Caractersticas e evoluo dos produtos setoriais

    A composio setorial do PIB do estado de Gois tem como principal gerador de renda e emprego o setor de servios, responsvel por aproximadamente 60% do produto agregado. Na sequncia, em termos de importncia econmica, vm o setor industrial, responsvel por cerca de 25%, e, por fim, o setor agropecurio, com 15% (tabela 3).

    TABELA 3Participao dos setores produtivos no PIB de Gois: anos selecionados(Em %)

    Atividades 1995 2000 2005 2010

    Agropecuria 13,87 14,01 13,36 14,1

    Indstria 20,43 24,02 25,97 26,6

    Indstria extrativa 1,14 1,66 0,82 1,10

    Indstria de transformao 11,19 11,46 13,92 13,9

    Produo e distribuio de eletricidade e gs, gua e esgoto 3,14 4,07 5,34 4,10

    Construo civil 4,95 6,84 5,88 7,3

    Servios 65,70 61,98 60,67 59,3

    Comrcio 13,72 11,98 13,23 14,1

    Intermediao financeira, seguros e previdncia complementar 5,15 3,67 4,54 5,0

    Administrao, sade e educao pblicas e seguridade social 15,36 14,05 14,29 13,9

    Outros servios 31,47 32,27 28,61 26,3

    PIB total 100 100 100 100

    Fonte: IBGE.Nota: 1 As atividades que compem a rubrica Outros servios so: servios de alojamento e alimentao; transportes, armazenagem

    e correio; servios prestados s famlias e associados; servios prestados s empresas; atividades imobilirias e aluguel; sade e educao mercantis; e servios domsticos.

    Embora seja o setor que menos agrega valor, o setor agropecurio a base econmica do estado. A maior parte dos insumos utilizados pelo setor industrial proveniente da produo agrcola. Muitos dos insumos utilizados pelo setor industrial so provenientes da produo agropecuria, sendo o complexo gros-carnes o principal exemplo dessa relao.

    A tabela 3 apresenta, ainda, um panorama da evoluo da participao dos setores produtivos no produto agregado de Gois. As transformaes mais importantes da composio setorial nas ltimas duas dcadas foram os ganhos de participao da indstria no PIB. A indstria passou de 20,4% do PIB em 1995, para 26,6% em 2010. Dentro do setor industrial, a indstria de transformao e a construo civil tiveram os maiores aumentos de participao entre 1995 e 2010, com ganhos de 2,71% e 2,35%, respectivamente.

    Em seguida sero analisadas separadamente a formao e evoluo de cada setor produtivo goiano.

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    2.3.1 Agropecuria

    Historicamente, Gois teve como importante atividade a agropecuria, com participaes significativas na produo nacional. Apesar de, atualmente, ser o que menos agrega valor ao PIB, pode-se afirmar que o setor uma das bases econmicas e produtivas do estado, uma vez que grande parte dos insumos utilizados pelo setor agroindustrial goiano proveniente da produo agrcola.

    At meados da dcada de 1970, predominaram no setor agropecurio goiano as relaes de trabalho familiar, com baixa penetrao de progresso tcnico. Isso ocorreu porque a unidade de explorao agropecuria goiana havia se enraizado na agricultura de subsistncia e na pecuria extensiva (Estevam, 2004). As atividades que produziam excedentes para o comrcio interno at esse perodo foram as de produo de arroz, feijo e bovinos, mesmo assim, sem constituio dos elos das suas respectivas cadeias produtivas e, portanto, apresentando baixa produtividade do trabalho.

    O incio do processo de modernizao agropecuria em Gois teve seu ponto inaugural a partir de meados da dcada de 1970, com as polticas desenhadas pelo Programa de Desenvolvimento do Cerrado (Polocentro), em 1975, pelo Programa de Desenvolvimento da Regio Geoeconmica de Braslia, em 1979, e pelo Programa de Cooperao Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado (Prodecer), em 1985. Esses programas tiveram por objetivo difundir pacotes tecnolgicos para os produtores rurais incrementarem a produtividade do trabalho. Essa modernizao agrcola pela qual Gois passou foi fundamental para o incremento do PIB e para criar as condies para o desenvolvimento do setor industrial por meio das agroindstrias.1

    A participao do poder pblico, tanto em nvel federal como estadual, foi primordial para a mudana na estrutura e nas atividades agropecurias de Gois, pois proporcionou os instrumentos de crdito para investimento, custeio, comercializao e assistncia tcnica necessrios para a implementao das inovaes fsico-qumica, biolgica e mecnicas indispensveis para os produtores rurais expandirem a produo agropecuria (Pires e Ramos, 2009).

    Assim, as polticas pblicas foram fundamentais para o desenvolvimento do estado e contriburam para que a participao da agricultura no PIB de Gois permanecesse estvel, em torno de 14% nas ltimas duas dcadas. O valor adicionado elevou-se de R$ 1,9 bilho para R$ 12 bilhes (grfico 3).

    1. Essa modernizao, no entanto, foi um processo socialmente excludente. Ao ser direcionado a empreendimentos de mdio e grande porte, deixou deriva os pequenos produtores, que at a poca constituam a maior parte da populao goiana. Esses trabalhadores rurais, impossibilitados de se adaptarem a essa nova dimenso econmica, foram expulsos do campo e migraram para os centros urbanos, promovendo, de acordo com Estevam (2004), um espantoso xodo rural.

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    GRFICO 3Valor adicionado e participao do setor agropecurio no PIB de Gois (1995-2011)

    1995

    R$ bilhes

    %

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    18

    20

    Valores correntes Participao no PIB (%)

    Fonte: IBGE/Segplan/IMB.

    O estado destaca-se, ainda, na produo de culturas temporrias como soja, milho, sorgo, algodo e na de cana-de-acar. Em relao aos alimentos que constituem a cesta bsica, a produo de destaque a de feijo. Na pecuria, o estado tem destaque nacional na criao de bovinos e vem crescendo significativamente a de aves e sunos (tabela 4) desde a vinda da Perdigo S.A. em 2001, hoje BRF Brasil Foods S.A.

    TABELA 4Produo agropecuria de Gois no contexto nacional (2000 e 2010)

    Produto2000 2010

    ProduoParticipao

    (%)Ranking Produo Participao

    (%)Ranking

    Total de gros (t) 8.704.841 9,93 4o 13.312.250 8,75 4o

    Sorgo (t) 287.502 36,27 1o 611.665 39,92 1o

    Soja (t) 4.092.934 12,47 4o 7.252.926 10,55 4o

    Milho (t) 3.659.475 11,32 4o 4.707.013 8,50 5o

    Feijo (t) 200.415 6,56 6o 288.816 9,14 4o

    Cana-de-acar (t) 10.162.959 3,12 6o 48.000.163 6,69 4o

    Algodo herbceo (t) 254.476 12,68 2o 180.404 6,12 3o

    Rebanho bovino (cab) 18.399.222 10,83 4o 21.347.881 10,19 4o

    Leite (mil litros) 2.193.799 11,10 2o 3.193.731 10,40 4o

    Abate de bovinos (cab) 2.046.046 11,98 3o 2.612.313 8,92 4o

    Suno (cab) 1.174.360 3,72 10o 2.046.727 5,25 6o

    Aves (cab) 26.444.415 3,12 7o 55.156.362 4,41 6o

    Fonte: IBGE/Segplan/IMB.Obs.: (t) significa que a varivel est em tonelada; e (cab), em cabeas.

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  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 27

    A dinmica da produo agropecuria estadual tem se alterado recentemente a favor de culturas com maior potencial exportador e com maiores encadeamentos com a agroindstria. No comeo da dcada de 1990, os dez principais produtos em rea colhida representavam 98,58% da rea total no estado de Gois, considerando-se as lavouras temporria e permanente (IBGE).2 A rea desse sistema de produo (os dez principais produtos) era concentrada na produo de soja, milho, cana-de-acar, feijo e arroz (tabela 5).

    TABELA 5 Participao percentual da rea colhida dos dez principais produtos em relao rea total (1992, 2001 e 2010)

    Produtos 1992 2001 2010

    Soja 36,00 48,43 53,62

    Milho 35,46 28,39 20,63

    Cana-de-acar 4,14 4,43 11,61

    Sorgo 0,21 4,55 6,62

    Feijo 7,01 4,24 2,55

    Arroz 14,45 5,13 2,27

    Algodo 1,84 3,55 1,32

    Mandioca 0,61 0,57 0,55

    Tomate 0,23 0,35 0,38

    Trigo 0,04 0,35 0,44

    Fonte: IBGE.

    Apesar desse sistema de produo ter se alterado pouco, houve modificaes significativas na representatividade de cada produto.

    Nota-se que, em 1992, os principais produtos em rea colhida eram: soja (36,00%), milho (35,46%), arroz (14,45%), feijo (7,01%) e cana-de-acar (4,14%). Destes produtos, apenas a soja e a cana-de-acar ganharam percentual de rea colhida nas dcadas de 1990 e 2000. Isso revela que a dinmica da agricultura no estado tem se alterado a favor de commodities com maior potencial exportador e com maiores encadeamentos com a agroindstria.

    A menor representatividade do milho quanto rea colhida total na dcada de 2000, em relao dcada anterior, deve-se substituio de sua rea plantada na safra de vero pela soja, deslocando sua produo para a safrinha.3

    2. Sistema IBGE de Recuperao Automtica (Sidra): Produo Agrcola Municipal. Disponvel em: . Acesso em: 28 jun. 2013.3. O ano agrcola depende da cultura. O ano agrcola da soja, por exemplo, comea com o incio da estao chuvosa. Nesse perodo, ocorre a safra de vero da soja. Na entressafra da soja, perodo entre uma safra e outra, ocorre o cultivo de culturas de ciclo curto, denominado safrinha. Segundo Caldarelli (2010), a dinmica da soja tem contribudo para a agregao de tecnologia na produo de milho, agindo como uma externalidade positiva, impulsionando sua segunda safra e substituindo, gradativamente, sua safra de vero.

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    O sorgo, por ser tradicionalmente produzido na safrinha, aumenta sua rea com a expanso da soja, o que explica a variao positiva da representatividade de sua rea colhida nas duas dcadas.

    Em relao produo de alimentos tradicionais, como o arroz e o feijo, houve forte perda de participao de rea colhida. Esses produtos no possuem mercado externo abrangente e nem encadeamentos significativos com agroindstrias, uma vez que so consumidos in natura, passando apenas por processos simples de limpeza e empacotamento.

    Assim, para Gois, a produo de gros tem grande importncia, ainda que a maior parte da sua produo seja comercializada in natura e o seu processamento se d em outros estados ou pases. Em Gois, na mdia dos ltimos anos, h algum processamento industrial em apenas 8,5% da produo de gros.

    No tocante s exportaes, em mdia, os complexos soja e carne representam 75% das vendas do agronegcio goiano. Deste percentual, a soja em gro representa 29% e a soja beneficiada, na forma de farelo e leo de soja, apenas 14,9% do total das vendas externas do agronegcio (Marques, 2013). Ou seja, h que se aumentar o beneficiamento dos gros adicionando-se mais fases para agregao de valor.

    Com a abundncia de gros no estado de Gois, tambm se desenvolveu a criao intensiva de animais. Esse processo ocorreu em grande parte por meio da parceria entre produtores agrcolas e a agroindstria (sistema integrado de produo), com o intuito de aumentar a competitividade via reduo dos custos de transao, produo e logstica (Fernandes Filho e Queiroz, 2005). Nesse sentido, entre 2000 e 2010, a produo de aves e sunos obteve incrementos de 136% e 74%, respectivamente (IBGE).4

    Gois tambm destaque na produo de bovinos de corte em confinamento. De acordo com a Associao Nacional dos Confinadores (Assocon, 2013), o estado possui o maior nmero de gado confinado do pas. Essa modalidade de produo intensiva em tecnologia garante, no perodo da seca, quando a oferta de gado menor, posio de importante fornecedor para o mercado bovino brasileiro.

    A produo de cana-de-acar goiana obteve elevado crescimento na dcada de 2000, principalmente entre 2007 e 2011, quando se elevou 145%, tornando-se o terceiro estado em volume de produo. Essa elevada expanso da produo est relacionada demanda cada vez maior do setor sucroalcooleiro por matria-prima para suprir o crescente mercado de biocombustveis, que atingiu um marco importante em abril de 2008, quando a venda de etanol (hidratado

    4. Sidra: Pesquisa Pecuria Municipal. Disponvel em: . Acesso em: 28 jun. 2013.

    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 28 21/07/2015 12:00:01

  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 29

    e anidro) superou a de gasolina.5 Cabe observar que os incentivos fiscais dados pelo estado de Gois contriburam em muito para a expanso do setor. Todas as empresas possuem algum tipo de benefcio fiscal.

    Em resumo, notam-se alguns rearranjos na rea colhida do estado desde a dcada de 1990, tendo predominncia a soja, produto com fortes encadeamentos com a agroindstria e com a crescente demanda internacional. Em perodos mais recentes, a produo de cana-de-acar tem ganhado participao na rea de cultivo do estado, e a sua acelerada expanso tem gerado discusses sobre a competio por terras no estado. No h consenso sobre os impactos diretos e indiretos causados pelo rearranjo do uso do solo no estado de Gois, mas as consequncias socioeconmicas e ambientais dessas culturas precisam ser mais bem pesquisadas.

    2.3.2 Indstria

    Enquanto importantes estados da Federao sofrem a perda da participao do setor industrial no PIB, denominado processo de desindustrializao, a indstria de Gois apresentou tendncia oposta, obtendo crescimento sustentado na ltima dcada. Os principais fatores que contriburam para o desenvolvimento do setor foram o crescimento do sistema agroalimentar, impulsionado principalmente pelo complexo agroindustrial da soja, e o surgimento de novas atividades industriais.

    As taxas de crescimento do setor industrial chegaram a registrar 13,7% ao ano (a.a.) e configuraram uma mudana de patamar em termos de produto industrial. O valor adicionado da indstria goiana passou de R$ 3,2 bilhes em 1995 para R$ 6,4 bilhes em 2001, e da para R$ 22,5 bilhes em 2010 (grfico 4).

    Analisando a participao da indstria, em comparao aos demais setores da economia goiana, reafirma-se o aumento da importncia do setor industrial, cuja elevao foi de 6,2 pontos percentuais (p.p.) na participao no PIB estadual, partindo de 20,4% em 1995 para 26,6% em 2010 (grfico 4).

    A expanso do setor industrial em Gois recente, e sua consolidao ainda est acontecendo. O ponto de partida ocorreu na segunda metade da dcada de 1980, quando houve a implantao da agroindstria esmagadora e processadora de gros. Nesse perodo houve o deslocamento para Gois de grandes conglomerados industriais, especialmente do complexo agroindustrial.

    A consolidao dos avanos obtidos pela modernizao da agricultura a partir da dcada de 1960 criou as condies para o desenvolvimento do setor industrial. A proximidade da agroindstria com as regies produtoras de gros trouxe vantagens competitivas de localizao s empresas, ao diminuir os custos

    5 .Unio da Indstria de Cana-de-Acar (Unica). A indstria da cana-de-acar: etanol, acar e bioeletricidade. Disponvel em: . Acesso em: 28 jun. 2013.

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)30 |

    de movimentao de carga associados operao industrial entre a fbrica e a rea de produo (Castro e Fonseca, 1995).

    GRFICO 4Valor adicionado e participao do setor industrial no PIB de Gois (1995-2010)

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Valores correntes Participao no PIB (%)

    R$ bilhes

    %

    Fonte: IBGE/Segplan/IMB.

    Conjuntamente ao processo de expanso dos grandes conglomerados agroindustriais de esmagamento e processamento de gros, principalmente soja, houve a integrao desse segmento com o segmento industrial de processamento de carne. Essa integrao ocorreu porque a soja a base de nutrio de aves, sunos e bovinos.

    (...) verifica-se, na segunda metade dos anos 80, um deslocamento de grandes conglomerados industriais que para l transfere fbricas de beneficiamento de gros e atividades integradas de criao e abate de animais. A regio Centro-Oeste caracterizou-se, assim, nos anos 80, por ser um polo de atrao de capitais do Centro-Sul, especialmente, das empresas lderes do complexo agroindustrial, que tenderam a ocupar posies estratgicas (Castro e Fonseca, 1995).

    Por meio da anlise desagregada da indstria em subsetores, nota-se que a indstria de transformao e a construo civil foram os subsetores de maior destaque em termos de crescimento nas ltimas duas dcadas (tabela 6).

    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 30 21/07/2015 12:00:02

  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 31

    TABELA 6Participao percentual do setor e subsetores da indstria no PIB de Gois (1995-2010)

    Atividade econmica 1995 1998 2001 2004 2007 2010

    Indstria 20,43 20,61 24,38 24,98 26,97 26,6

    Indstria extrativa 1,14 0,94 1,18 1,03 1,73 1,1

    Indstria de transformao 11,19 10,6 11,25 12,3 13,57 13,9

    Produo e distribuio de eletricidade e gs, gua e esgoto e limpeza urbana

    3,14 3,35 5,29 6,15 5,29 4,1

    Construo civil 4,95 5,72 6,66 5,5 6,38 7,3

    Fonte: IBGE/Segplan/IMB.

    O subsetor construo civil goiano segue a mesma tendncia nacional de crescimento e reduo do alto deficit habitacional. Esse crescimento explicado principalmente pelo aumento da renda dos trabalhadores e do crdito imobilirio. O setor apresentou crescimento de 2,35 p.p. em relao participao no PIB estadual entre 1995 e 2010.

    A indstria de transformao foi o setor de maior crescimento no perodo. Enquanto estados importantes da regio Centro-Sul perdem participao da indstria de transformao no PIB por meio do processo de desindustrializao, Gois elevou a participao desse subsetor no PIB de 11,2% em 1995 para 13,9% em 2010, sendo que em 2009 representou 15,28% do PIB, maior valor da srie.

    Como um todo, o aumento da participao da indstria de transformao no PIB do estado ocorreu majoritariamente entre 2000 e 2010.

    Embora a maior parcela do produto industrial esteja comprometida com o setor agroindustrial, principalmente com a produo de alimentos (tabela 7), houve a criao e expanso de novas atividades industriais em Gois durante as dcadas de 1990 e 2000. As principais atividades que se desenvolveram dentro desse processo de diversificao da indstria foram as indstrias extrativa, qumica, farmacutica, automobilstica e de produo de etanol.

    TABELA 7Valor de transformao industrial: participao percentual de atividades industriais selecionadas no valor de transformao industrial total de Gois (1996-2010)(Em R$ bilhes)

    Atividade econmica1996 2000 2005 2010

    R$ % R$ % R$ % R$ %

    Indstria extrativa mineral 0,34 3,8 0,48 4,8 0,45 3,3 1,26 5,0

    Fabricao de produtos alimentcios e bebidas 2,72 59,6 3,22 61,5 5,28 59,4 7,50 52,9

    Produo de etanol 0,36 3,9 0,12 1,7 0,40 2,2 1,66 6,3

    Fabricao de produtos qumicos 0,68 7,2 0,72 9,6 1,17 10,9 1,48 8,4

    Fabricao de veculos automotores, reboques e carrocerias 0,02 0,2 0,03 0,3 0,47 5,0 1,61 7,8

    Fonte: IBGE.Obs.: A srie do valor de transformao industrial foi atualizada para valores de 2010, por meio do ndice Geral de

    Preos-Disponibilidade Interna (IGP-DI).

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  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)32 |

    A importncia do agronegcio na indstria goiana pode ser dimensionada pela fabricao de produtos alimentcios, que representa cerca de 60% do valor de transformao industrial, embora no ltimo quinqunio tenha-se observado uma sensvel reduo de sua participao na produo total. Entre os diversos investimentos na fabricao de alimentos, destaca-se a Perdigo Agroindustrial (hoje Brasil Foods), que comeou a operar em Rio Verde em 2001.

    Em relao indstria extrativa, houve fortes investimentos de empresas como a canadense Yamana Gold, em Pilar de Gois, Alto Horizonte, Crixs e Guarinos; o Grupo Anglo American, em Barro Alto, Catalo, Ouvidor e Niquelndia; e o Grupo Votorantim, em Niquelndia. Esse complexo mineral coloca o estado como destaque nacional na produo de vrios minrios, na primeira colocao na produo de nquel, vermiculita, amianto e cobre; e na segunda posio em ouro, nibio e fosfato (Segplan/IMB, 2013a).

    A atividade industrial que engloba a produo de etanol foi responsvel por 6,3% do valor de transformao industrial de Gois em 2010. Fomentada pelo vertiginoso crescimento da produo de cana-de-acar no estado, mais que dobrou entre a safra 2007-2008 e 2010-2011. O estado tornou-se o segundo maior produtor de etanol, o terceiro de cana-de-acar e o quinto de acar, com 13,3%, 9,4% e 5% da produo nacional, respectivamente (Segplan/IMB, 2013b). Esse alto crescimento da produo de etanol resultado da poltica pblica de incentivo ao consumo do produto na frota nacional de veculos leves, a qual composta na maior parte de veculos flex fuel.

    A produo de veculos automotores foi a atividade cuja participao no valor de transformao industrial mais cresceu nas duas ltimas dcadas, alcanando 7,8%. Segundo dados da Associao Nacional dos Fabricantes de Veculos Automotores (Anfavea, 2013), em 2010 o estado de Gois era o stimo maior estado produtor. Os principais investimentos no perodo foram as montadoras de veculos Hyundai em Anpolis, a John Deere e a Mitsubishi em Catalo e, mais recentemente, a Suzuki em Itumbiara (Segplan/IMB, 2013a).

    A fabricao de produtos qumicos detm parte importante da produo industrial goiana. Cerca de 16% do produto de transformao industrial proveniente do setor. No ramo farmacutico, destaca-se o polo de Anpolis, com quinze empresas de mdio e grande porte.

    Os principais fomentadores desse processo de expanso e diversificao do setor industrial foram os programas de incentivo fiscal implementados pelo governo estadual nas ltimas duas dcadas: primeiramente o Fomentar (1984-1999) e posteriormente o Produzir (2000-atual).

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  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 33

    2.3.3 Servios

    O setor de servios o maior gerador de renda do estado de Gois, responsvel por aproximadamente 60% do PIB. Apesar de ter sofrido uma diminuio da sua participao relativa no PIB total nas ltimas dcadas, de 65,7% em 1995 para 59,3% em 2010, em termos absolutos, foi o setor que obteve maior crescimento em todo o perodo. O valor adicionado elevou-se de R$ 8,5 bilhes em 1995 para R$ 44,5 bilhes em 2010 (grfico 5).

    GRFICO 5Valor adicionado e participao do setor de servios no PIB de Gois (1995-2010)

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    0

    5

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    15

    20

    25

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    Valores correntes Participao no PIB (%)

    R$ bilhes

    %

    Fonte: IBGE/Segplan/IMB.

    A preponderncia do setor de servios em relao aos demais consequncia do forte xodo rural que o processo de modernizao agrcola logrou a partir da dcada de 1970.

    O xodo rural em Gois foi espantoso na dcada de 1980 e sua urbanizao, embora em ritmo mais acelerado, refletiu a tendncia constatada no pas. A redistribuio urbano/rural foi mais intensa no estado em funo da adoo de formas capitalistas de produo na agricultura, da valorizao das terras, da apropriao fundiria especulativa e ainda tendo em vista a legislao que instituiu direitos trabalhistas para os antigos colonos, levando fazendeiros a preferir expuls-los por falta de condies econmicas do que obedecer s normas legais (Estevam, 2004).

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    A diminuio dos residentes do campo e o aumento da populao urbana foram caractersticas marcantes da evoluo demogrfica recente. Esse efeito pode ser verificado pela estrutura de ocupao e emprego nas ltimas dcadas do sculo XX. Em 1970, 60,4% da populao economicamente ativa (PEA) de Gois estava circunscrita s atividades agropecurias; em 1980, esse percentual decresceu para 39,2%; por fim, desde a dcada de 1990, permanece em torno de 10%. A partir de ento, a estrutura de ocupao foi se alterando gradualmente, em detrimento do setor agrcola e em favor dos setores industrial e, sobretudo, de servios.

    De acordo com Estevam (2004), diferentemente de So Paulo, onde a urbanizao ocorreu devido ao processo de industrializao, em Gois, surgiu basicamente em funo do processo de modernizao da agricultura. Dessa forma, pode-se afirmar que tamanha importncia do setor de servios no PIB no decorrente de um crescimento sustentado, baseado em inovao e pesquisa, mas reflexo de uma poltica econmica excludente de modernizao da agricultura, que expulsou a maior parte da populao do campo para as cidades. A menor parcela dessa populao excluda foi empregada pelo setor industrial, pois, durante o xodo rural, a indstria era ainda incipiente. A maior parte dessa populao, portanto, adaptou-se ao trabalho no setor de servios.

    Apesar da importncia do xodo rural para o processo de urbanizao e crescimento do setor de servios no estado, o predomnio atual desse setor entre os demais setores produtivos no envolve o xodo rural como principal fator explicativo, porm, relaciona-se com o prprio desenvolvimento dos setores agropecurio e industrial que demandam, por relaes complementares, uma grande quantidade de servios, entre eles, o comrcio e o setor financeiro. Outros fatores que contribuem para o crescimento do setor de servios so o alto fluxo migratrio, conforme mostrado na tabela 2, bem como o aumento da renda da populao na ltima dcada. Em relao ao primeiro fator citado, a cidade de Goinia em particular, de acordo com o City Mayor, centro de estudos internacional dedicado a temas urbanos, a 101a cidade do mundo com maior crescimento populacional e a 14a da Amrica Latina.

    Entre os segmentos do setor de servios, o mais importante economicamente o subsetor do comrcio. possvel constatar que o comrcio tem ampliado sua importncia ao longo das ltimas dcadas (tabela 8). Em 1995, registrou 13,7% do produto agregado; em 2010, a proporo era de 14,1%. Em razo da localizao estratgica do estado, as facilidades do comrcio foram logo exploradas. Com a construo da capital federal e de importantes eixos rodovirios, o comrcio atacadista e varejista ganhou destaque nacional, solapando em volume de vendas o at ento principal entreposto de escoamento comercial, o Tringulo Mineiro. Conforme analisam Romanatto et al. (2011), Gois tornou-se o principal eixo para o escoamento de mercadorias para o Norte e o Nordeste do pas.

    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 34 21/07/2015 12:00:02

  • Socioeconomia Estadual: caractersticas e tendncias recentes | 35

    TABELA 8Participao percentual do setor e subsetores de servios no PIB de Gois (1995-2010)

    Atividade 1995 2000 2005 2010

    Servios 65,7 62,0 60,7 59,3

    Comrcio 13,7 12,0 13,2 14,1

    Intermediao financeira, seguros e previdncia complementar e servios relacionados 5,15 3,67 4,54 5,0

    Administrao, sade e educao pblicas e seguridade social 15,4 14,1 14,3 13,9

    Demais servios 31,5 32,3 28,6 26,3

    Fonte: IBGE.

    Em termos de logstica econmica, no eixo Goinia-Anpolis-Braslia encontra-se o principal centro de distribuio interna de mercadorias do pas. Se for traado um crculo com um raio de 1 mil quilmetros de Goinia, em qualquer direo, obtm-se contato com os maiores polos produtivos brasileiros. No raio sul, localiza-se Curitiba, municpio de maior PIB da regio Sul. A sudeste, So Paulo e Rio de Janeiro, que concentram praticamente a metade da produo industrial do pas. A sudoeste, localiza-se a regio de Campo Grande; e a oeste, Cuiab, pertencentes a estados com expressivo crescimento do agronegcio. A leste, a regio de Salvador e seus polos petroqumicos. A nordeste, o litoral de Recife e Fortaleza. E, no extremo norte, localizam-se a regio de Belm e o polo industrial de Manaus.

    Atualmente, a maior parte da produo de Gois escoada pelo transporte rodovirio, principalmente pelas rodovias federais, que apresentam um maior volume de ramificaes inter-regionais. O estado conta tambm com uma ligao ferroviria para a regio Sudeste do pas, por meio de uma conexo com a ferrovia Centro-Atlntica, que, no seu percurso total, liga Gois aos portos de Angra dos Reis e Santos. O maior volume de cargas da ferrovia concentra-se nos transportes de soja, farelo, calcrio e derivados de petrleo.

    Em termos de infraestrutura hidroviria, o estado conta com o porto de So Simo, que faz parte da hidrovia Paranaba-Tiet-Paran, que possui 2.400 km de vias navegveis e interliga Gois, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paran e So Paulo. considerada a hidrovia do Mercado Comum do Sul (Mercosul). As mercadorias vo de So Simo at Pederneiras ou Anhembi, em So Paulo, em barcaas, das quais os produtos seguem por modal ferrovirio ou rodovirio at o porto de Santos. O complexo de So Simo possui capacidade de armazenagem total, somando todos os terminais, de 2.506 milhes de toneladas/ano.

    Espera-se que, nos prximos anos, com a concluso da ferrovia Norte-Sul e do aeroporto de cargas de Anpolis, Gois d um salto na questo da logstica econmica, tornando-se uma espcie de hub nacional, isto , uma regio de integrao de diversas modalidades de transporte logstico. inquestionvel a

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    importncia da concluso dessa infraestrutura de transportes para que o estado alcance maior desenvolvimento.

    Alm de ser o principal setor em termos de agregao de valor e de gerao de emprego em Gois, o tercirio possui ainda franco potencial para se desenvolver, principalmente no setor de transporte. Esse potencial deve-se localizao estratgica do estado no territrio nacional.

    2.4 Regies dinmicas e decadentes em Gois

    A populao do estado de Gois desigualmente distribuda pelo territrio. A metade sul6 detm 77,2% da populao do estado, restando apenas 22,8% para a metade norte. Os dez maiores municpios, entre os 246 do estado, detm 50,6% da populao e se concentram em apenas quatro das dezesseis microrregies do territrio.

    Dessa forma, apenas os municpios de Goinia, Aparecida de Goinia e Trindade, pertencentes microrregio de Goinia, representam, respectivamente, 21,7%, 7,6% e 1,7% da populao, isto , 31% da populao total do estado. J a microrregio do Entorno de Braslia, com Luzinia (2,9%), guas Lindas de Gois (2,7%), Valparaso de Gois (2,2%), Formosa (1,7%) e Novo Gama (1,6%), representa 11% do total da populao estadual. Por ltimo, os municpios de Anpolis e Rio Verde tm participao de 5,6% e 2,9%, respectivamente.

    Os dados da evoluo demogrfica das microrregies do estado, registrados a partir da dcada de 1980 (tabela 9), revelam que o processo de urbanizao foi desigual entre as distintas microrregies. A do Entorno de Braslia foi a que mais aumentou sua populao em termos relativos nos ltimos trinta anos (saldo lquido de 9,2%), saltando de 8,3% em 1980 para 17,5% da populao total do estado em 2010. A microrregio de Goinia (saldo lquido de 7,6%), passou de 27,7% para 35,3%. Por fim, o pequeno ganho de 0,2% da regio sudoeste manteve sua populao praticamente estvel. Todas as demais microrregies perderam participao populacional.

    Dividindo-se o estado em metade sul e metade norte, nota-se que a segunda perdeu 3,9% de sua populao para a primeira. Isto , o contingente populacional da metade sul, alm de ser maior, obteve ganhos em termos populacionais em relao metade norte. Os mapas com a diviso de Gois em metades norte e sul e as microrregies classificadas pelo IBGE podem ser visualizados nos anexo A e B.

    6. Essas metades foram divididas na altura de 16 graus ao sul da linha do Equador. Municpios com sede acima dessa linha formam a metade norte e os abaixo, a metade sul. Assim, neste trabalho, quando se mencionar metade sul ou metade norte estar-se- usando esse critrio (anexo B).

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    TABELA 9Gois: distribuio/participao da populao total, por microrregies, na metade sul e na metade norte

    Microrregies 1980 1991 2000 2002 2004 2006 2008 2010Diferena

    2010-1980

    Anpolis 11,2 10,0 9,3 9,2 9,0 8,9 9,1 9,0 -2,2

    Anicuns 3,3 2,5 2,0 2,0 1,9 1,8 1,8 1,8 -1,4

    Aragaras 1,5 1,3 1,1 1,0 1,0 0,9 0,9 0,9 -0,6

    Catalo 2,9 2,6 2,4 2,3 2,3 2,2 2,4 2,5 -0,4

    Ceres 6,1 5,2 4,2 4,1 3,9 3,8 3,8 3,9 -2,2

    Chapada dos Veadeiros 1,3 1,2 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,0 -0,2

    Entorno de Braslia 8,3 11,8 16,3 17,0 18,0 18,6 17,2 17,5 9,2

    Goinia 27,7 31,6 33,9 34,2 34,7 35,0 35,7 35,3 7,6

    Ipor 2,1 1,6 1,2 1,2 1,1 1,1 1,0 1,0 -1,1

    Meia Ponte 7,5 6,6 6,3 6,2 6,1 6,1 6,0 6,0 -1,4

    Pires do Rio 2,2 1,9 1,7 1,7 1,7 1,6 1,6 1,6 -0,7

    Porangatu 6,4 6,0 4,5 4,3 4,0 3,8 3,9 3,9 -2,5

    Quirinpolis 2,8 2,2 1,9 1,8 1,7 1,7 1,7 1,8 -0,9

    Rio Vermelho 2,8 2,2 1,8 1,8 1,7 1,6 1,5 1,5 -1,3

    So Miguel do Araguaia 2,0 1,8 1,5 1,4 1,4 1,3 1,4 1,3 -0,7

    Sudoeste de Gois 7,2 7,1 6,9 6,8 6,8 6,7 7,1 7,4 0,2

    Vale do Rio dos Bois 2,6 2,2 2,0 2,0 2,0 1,9 1,9 1,9 -0,7

    Vo do Paran 2,2 2,1 1,8 1,8 1,7 1,7 1,8 1,8 -0,4

    Metade norte 26,7 25,2 24,1 24,0 23,7 23,6 22,6 22,8 -3,9

    Metade sul 73,3 74,8 75,9 76,0 76,3 76,4 77,4 77,2 3,9

    Total geral 100 100 100 100 100 100 100 100

    Fonte: IBGE.

    evidente que a conformao populacional influenciada pelo grau de dinamismo econmico de cada microrregio. Por isso, as microrregies de Goinia e do sudoeste goiano, que possuem maiores taxas de crescimento econmico, so tambm as que possuem maior contingente demogrfico. Uma exceo deve ser feita em relao ao Entorno de Braslia. Apesar de ser a microrregio de maior crescimento populacional, no dinmica em termos econmicos, pois a maior parte dessa populao trabalha em Braslia, contribuindo para o crescimento econmico dessa cidade.

    A configurao espacial das atividades econmicas no estado de Gois assim como a distribuio da populao se encontram desigualmente distribudas. O setor industrial e o agronegcio moderno, setores de maiores nveis de produtividade, esto concentrados predominantemente na metade sul do estado, que, de maneira geral, detm os melhores indicadores de emprego, renda, desenvolvimento humano, sade e educao. Os dez maiores municpios7 em populao, pertencentes metade

    7. Os dez maiores so, em ordem: Goinia (25,0%), Anpolis (9,5%), Aparecida de Goinia (5,4%), Rio Verde (5,0%), Catalo (4,3%), Senador Canedo (3,1%), Itumbiara (2,5%), Luzinia (2,4%), Jata (2,3%) e So Simo (1,5%).

    Livro_CapacidadesGovernativas.indb 37 21/07/2015 12:00:02

  • Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional: Gois (2000-2012)38 |

    sul, produzem 61% do PIB do estado. J a metade norte, alm de concentrar os piores indicadores, tem a economia estagnada, ligada, predominantemente, agropecuria de baixa produtividade e dependente da assistncia do poder pblico.

    As diferenas em termos econmicos entre a metade sul e a metade norte so extremamente altas e essa tendncia de desigualdade mantm-se inalterada ao longo das ltimas duas dcadas. A mdia de participao no PIB da metade norte de 14,2% contra 85,8% da metade sul. A distribuio do PIB bastante desigual tambm entre as microrregies. As microrregies de Goinia, Anpolis e sudoeste concentravam, em 2009, 36,2%, 11,7% e 11,3% da renda, respectivamente, ou seja, 59,2% do total do produto gerado em Gois. Apesar de a microrregio de Goinia ter perdido participao nos ltimos anos, ainda possui uma concentrao considervel no total.

    De resto, apresentam participao apenas mediana no PIB a microrregio do Entorno de Braslia (8,6%), a do Meia Ponte (7,3%) e a de Catalo (5,9%). As microrregies de Aragaras, Ipor e Chapada dos Veadeiros so as que menos detm participao na gerao de renda. Nos apndices A e B encontram-se as tabelas com a distribuio do PIB e do PIB per capita, divididos por metade norte e metade sul e por microrregies.

    O PIB per capita da metade sul aproximadamente o dobro da metade norte, e essa tendncia perpetua-se ao longo do tempo. Analisando o mesmo indicador pelas microrregies, verifica-se que a configurao tambm muito heterognea e as que j possuam maior gerao de renda intensificaram-na, como as microrregies de Anpolis, Meia Ponte, Catalo e do sudoeste, por exemplo.

    Em termos de PIB, a microrregio do Entorno de Braslia est na quarta posio na mdia histrica, mas, em termos de PIB per capita, a 16a, ou seja, a antepenltima entre as microrregies. Nota-se que a microrregio destaque por apresentar 15,7% da populao do estado, mas apenas 8,6% do PIB. Dessa forma, a participao da populao o dobro da produo econmica.

    A partir dos dados mencionados possvel afirmar que as desigualdades econmicas entre as regies so muito elevadas. Um dado bsico para verificar essas diferenas o fato de 60