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Capacidades governativas

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  • 63Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Destacam-se, no ciclo expansivo estadual em curso, os seguintes investi-mentos estruturantes:

    a construo da Refinaria de Petrleo Abreu e Lima, no Complexo Industrial de Suape, com investimentos da Petrobras. Embora grande parte dos investimentos na refinaria tenda a vazar para fora das fronteiras do estado, o efeito econmico tem sido positivo, especialmente no segmento da construo civil, que gerou um boom na demanda por habitao em decorrncia do aporte de um grande nmero de trabalhadores qualificados na implantao do empreendimento;

    a implantao de um estaleiro naval no Complexo Industrial de Suape voltado para a produo de navios e plataformas de petrleo, j como resultado da explorao futura do pr-sal na Bacia de Campos no Rio de Janeiro. Assegurada a viabilidade econmico-financeira deste empreendimento, novas plantas industriais voltadas para as mesmas atividades procuram se instalar neste stio industrial/porturio. Os efeitos para frente gerados pela implantao deste empreendimento se fizeram sentir nas reas de construo civil e de servios especializados para suprir as demandas dos novos trabalhadores;

    a implantao da ferrovia Transnordestina, cuja fase de construo tem requerido a contratao de milhares de trabalhadores qualificados e semiqualificados, oxigenando economicamente as sub-regies do estado, especialmente aquelas localizadas nas regies do Agreste e Serto. Trata-se do mais importante projeto estruturador da economia de Pernambuco. A ferrovia vai dotar o estado de um sistema logstico sem similar no contexto dos estados da Federao. O seu traado no sentido Leste-Oeste vai permitir escoar as riquezas do Serto e promover o surgimento de novos empreendimentos em reas que dependiam de uma logstica mais sofisticada; e

    a construo dos canais Leste e Norte da transposio das guas do Rio So Francisco. Os dois canais levaro a gua do rio para os estados do Cear, Rio Grande do Norte e Paraba, atravessando as terras do Serto de Pernambuco. Desta forma, a gua que vai correr por estes canais dever viabilizar as terras do Serto do estado e permitir a distribuio de gua, por meio de adutoras, para a regio agrestina do estado. Trata-se de uma regio de elevadas potencialidades econmicas, mas que apresenta uma forte restrio ao desenvolvimento: a escassez de gua potvel para as futuras atividades industriais e de servios que desejarem se implantar na regio.

  • 64 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    A trajetria do PIB per capita influenciada por vrios fatores, com destaque para a qualidade e a quantidade dos recursos produtivos existentes capitais fsico e humano, recursos naturais, tecnologia, capacidade empresarial, cultura etc. No caso de Pernambuco, so as decises de investimento privado estimuladas e financiadas pelo Estado que tm feito diferena no perodo recente.

    GRFICO 4Brasil, Nordeste e Pernambuco: evoluo do PIB per capita (1990-2009)

    (Em R$ de 2000)

    4,000

    5,000

    6,000

    7,000

    9,000

    1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    8,000

    0,000

    1,000

    2,000

    3,000

    Pernambuco Nordeste Brasil

    Fonte: Ipeadata.Elaborao dos autores.Obs.: Reais de 2000.

    No contexto nacional, observa-se que o PIB per capita permaneceu quase que constante entre os anos 1990 e 2002. possvel detectar um ponto de inflexo no PIB per capita a partir de 2002-2003, quando o indicador apresenta uma trajetria ascendente, ultrapassando o patamar de R$ 8 mil per capita em 2007 (grfico 5).

    A intensidade com que o PIB por habitante avanou no restante do pas no se repetiu no Nordeste, tampouco em Pernambuco. Embora o PIB per capita do estado de Pernambuco tenha sido consistentemente superior ao da regio Nordeste em todo o perodo 1990-2009, a diferena ente os dois bastante reduzida e vem se estreitando aps 2003.

    Esse quadro visualizado permite suspeitar que persistem, seja para o prprio estado, seja para a regio Nordeste, questes estruturais que impedem a transformao de suas economias em direo a padres de mais elevada produtividade e renda per capita. Com estruturas produtivas fundadas quase que exclusivamente em setores produtores de bens de consumo no durvel e alguns bens intermedirios em funo

  • 65Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    dos requerimentos definidos pela integrao nacional dos mercados, em Pernambuco a possibilidade de mudana do padro de produtividade remota e depende da interveno governamental federal, visando redefinio de sua estrutura setorial.

    Sem um tipo de interveno que de fato promova a mudana estrutural, os investimentos da poltica regional sozinhos no foram e no sero capazes de mudar a situao prevalecente.

    2 COMPOSIO E DINMICA SETORIAL DA ECONOMIA

    Estimativas referentes participao relativa dos produtos setoriais (agropecuria, indstria e servios) no valor adicionado bruto (VAB) que corresponde ao PIB sem a imputao dos impostos indiretos so disponibilizadas na tabela 21. As evidncias so extremamente sugestivas. A economia de Pernambuco observa um padro relativamente estvel na sua composio setorial agregada com maior predomnio do setor tercirio na gerao de valor. A participao da agropecuria, e mesmo do setor industrial, apresentam um lento declnio ao longo do perodo, que pode mesmo ser compreendido como um fenmeno ainda meramente estatstico: conjuntamente teriam perdido cerca de 2 pontos percentuais para o tercirio entre 1995 e 2010 e retomam parte da perda em 2011.

    Considerando-se a desagregao subssetorial do VAB, entretanto, caractersticas importantes vm tona. O setor agropecurio tem ocupado papel pouco relevante e com tendncia queda de sua participao no VAB estadual.

    O setor industrial mostra recuperao da atividade, mas ainda enfrenta uma situao de fragilidade estrutural. Mesmo com investimentos em ramos de atividade novos para a economia estadual relacionados com o refinamento de petrleo e gs, a construo e a reparao de navios e a siderurgia, o VAB da indstria de transformao no retomou o nvel que detinha em 1995, com 14,4% do VAB estadual, e chega a 2011 com apenas 10,2% do total estadual. foroso notar, entretanto, que o VAB estadual da indstria de transformao em 2011 22,8% maior, em termos reais, que o observado em 1995 (tabela 6).

    no ramo da construo civil, e no na indstria de transformao, que vem se observando o maior avano no VAB do conjunto do setor industrial estadual. Este ramo passou de 2,6% do VAB, em 1995, para 5,1%, em 2011, tendo se expandido 3,3 vezes no perodo. Com investimentos em plantas industriais ainda em execuo em 2011, como so os casos da refinaria de petrleo e da siderrgica, bem como de vrios projetos industriais de menor magnitude associados cadeia industrial, espera-se que o VAB da indstria de transformao venha a apresentar expanso muito mais significativa no perodo 2012-2015 que as estatsticas recentes puderam captar.

  • 66 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    O ramo de servios de utilidade pblica (SIUP) que congrega as atividades de servios pblicos, associados distribuio de gua, gs, esgoto e limpeza urbana, apresentou notvel crescimento em sua posio relativa, passando a operar 8,6% do VAB estadual em 2011, contra 6,4% em 1995. Esse comportamento positivo pode ser explicado pelos investimentos do setor pblico estadual na ampliao da distribuio de gua potvel, bem como na ampliao da malha estadual de distribuio de gs encanado. Nesse perodo o governo estadual foi capaz, tambm, de ampliar a malha de distribuio de gs encanado para uma boa parte dos municpios da rea metropolitana do Recife, e cuja distribuio chegou at a cidade de Caruaru, na regio agrestina do estado, distante 140 km do distrito industrial de Suape, onde fica localizada a central de distribuio. Adicionalmente, o crescimento da renda e do emprego impactam na demanda residencial e industrial de energia e gua, levando expanso dos negcios nos ramos de atividade em relevo.

    No geral, o setor industrial mostra sinais de tnue retomada para o crescimento, com seu VAB chegando a 24% do estadual, em 2011, contra 23,6%, em 1995. Destaque-se que entre os dois anos do extremo do perodo 1995-2011, o VAB industrial chegou a atingir apenas 21,8% do total estadual em 2000. Nesse breve perodo (1995-2000) seu crescimento total teria sido de apenas 2% relativamente ao valor atingido em 1995.

    O setor de servios, por sua vez, manteve, em 2011, trajetria de elevado patamar de 72,6% no VAB estadual. Os seguintes ramos expandiram suas contribuies ao crescimento do setor como um todo: comrcio, com 11,5% do VAB estadual, em 1995, e 13,6%, em 2011; e administrao pblica (APU), com 23,3%, em 1995, e 24,0%, em 2011. Apresentaram leve contrao relativa os ramos de setor financeiro, com 6,9% em 1995, e 5,6% em 2011; e outros servios, com 29,6% em 1995, e 29,4% em 2011.

    Em termos da dinmica do crescimento setorial, a gerao de VAB no estado vem superando o ritmo nacional no perodo 1995-2011. O VAB estadual total cresceu taxa de 3,5% a.a. no perodo, contra 3,0% no pas como um todo. Esta performance superior se mantm mais evidente em anos posteriores, como entre 2000 e 2011 (4,2% a.a. para Pernambuco e 3,5% para o Brasil) e no subperodo mais recente 2005-2011 (5,7% a.a. para Pernambuco e 4,2% para o Brasil).

    Quando se calcula a contribuio normalizada ao crescimento que se refere quela taxa de crescimento de um dado setor/ramo que modifica para mais ou para menos sua participao relativa ao longo do perodo analisado de cada setor/ramo de atividade observa-se que so, por ordem, os ramos de outros servios (30,5%), APU (25,6%), comrcio (15,7%), SIUP (10,3%), construo (6,1%) e indstria de transformao (5,5%) os que mais impulsionaram o VAB estadual no perodo (tabela 9).

  • 67Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Esse padro de crescimento, em que as atividades tercirias foram mais relevantes que as industriais para a expanso do VAB total segue, grosso modo, a dinmica verificada em nvel nacional. Ao setor de servios couberam 76,3% dos impulsos ao crescimento do VAB total do estado e indstria apenas 22,1% do total (menor que a sua participao real de 24,0% em 2011). No caso mais geral do Brasil, o setor de servios foi responsvel por 71,0% do crescimento total e a indstria apenas por 23,7%.

    TABELA 5Pernambuco e Brasil: VAB por setor de atividade (1995, 2000, 2005, 2010 e 2011)(Em R$ milhes)

    Pernambuco

    1995 2000 2005 2010 2011

    Agropecuria 2.781 2.647 3.512 4.134 3.298

    Indstria 12.974 13.220 15.140 20.407 22.929

    Extrativa mineral 97 163 45 222 149

    Transformao 7.920 6.809 7.500 10.009 9.731

    Construo 1.442 1.972 3.757 4.603 4.833

    SIUP 3.514 4.276 3.838 5.574 8.217

    Servios 39.149 44.755 49.848 67.613 69.356

    Comrcio 6.340 6.397 8.953 13.619 13.019

    Financeiro 3.762 2.442 3.182 5.099 5.324

    APU 12.794 14.129 15.892 22.136 22.902

    Outros 16.253 21.787 21.821 26.759 28.111

    Total PE 54.904 60.622 68.500 92.154 95.583

    Brasil

    1995 2000 2005 2010 2011

    Agropecuria 135.870 144.561 167.364 192.894 204.721

    Indstria 648.036 715.521 858.256 1.020.774 1.033.053

    Extrativa mineral 19.280 41.092 72.202 108.050 152.940

    Transformao 438.266 444.317 530.433 590.045 547.729

    Construo 61.297 87.765 112.026 117.051 115.534

    SIUP 129.194 142.346 143.596 205.628 216.850

    Servios 1.570.379 1.720.067 1.906.281 2.422.931 2.514.275

    Comrcio 275.645 273.446 327.515 455.262 474.582

    Financeiro 212.621 153.819 206.792 273.163 278.924

    APU 367.027 385.188 441.151 589.099 612.657

    Outros 715.086 907.614 930.824 1.105.407 1.148.113

    Total BR 2.354.285 2.580.149 2.931.902 3.636.599 3.752.050

    Fonte: Contas regionais dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.Obs.: Reais de 2012.

  • 68 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    TABELA 6Pernambuco e Brasil: VAB por setor de atividade composio setorial (1995, 2000, 2005, 2010 e 2011)(Em %)

    Pernambuco

    1995 2000 2005 2010 2011

    Agropecuria 5,1 4,4 5,1 4,5 3,5

    Indstria 23,6 21,8 22,1 22,1 24,0

    Extrativa mineral 0,2 0,3 0,1 0,2 0,2

    Transformao 14,4 11,2 10,9 10,9 10,2

    Construo 2,6 3,3 5,5 5,0 5,1

    SIUP 6,4 7,1 5,6 6,0 8,6

    Servios 71,3 73,8 72,8 73,4 72,6

    Comrcio 11,5 10,6 13,1 14,8 13,6

    Financeiro 6,9 4,0 4,6 5,5 5,6

    APU 23,3 23,3 23,2 24,0 24,0

    Outros 29,6 35,9 31,9 29,0 29,4

    Total PE 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

    Brasil

    1995 2000 2005 2010 2011

    Agropecuria 5,8 5,6 5,7 5,3 5,5

    Indstria 27,5 27,7 29,3 28,1 27,5

    Extrativa mineral 0,8 1,6 2,5 3,0 4,1

    Transformao 18,6 17,2 18,1 16,2 14,6

    Construo 2,6 3,4 3,8 3,2 3,1

    SIUP 5,5 5,5 4,9 5,7 5,8

    Servios 66,7 66,7 65,0 66,6 67,0

    Comrcio 11,7 10,6 11,2 12,5 12,6

    Financeiro 9,0 6,0 7,1 7,5 7,4

    APU 15,6 14,9 15,0 16,2 16,3

    Outros 30,4 35,2 31,7 30,4 30,6

    Total BR 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

    Fonte: Contas regionais dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.

  • 69Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    TABELA 7Pernambuco e Brasil: evoluo do VAB por setor de atividade (1995, 2000, 2005, 2010 e 2011)(Em nmero-ndice: 1995 = 100)

    Pernambuco

    1995 2000 2005 2010 2011

    Agropecuria 100 95 126 149 119

    Indstria 100 102 117 157 177

    Extrativa mineral 100 167 46 227 153

    Transformao 100 86 95 126 123

    Construo 100 137 261 319 335

    SIUP 100 122 109 159 234

    Servios 100 114 127 173 177

    Comrcio 100 101 141 215 205

    Financeiro 100 65 85 136 142

    APU 100 110 124 173 179

    Outros 100 134 134 165 173

    Total PE 100 110 125 168 174

    Brasil

    1995 2000 2005 2010 2011

    Agropecuria 100 106 123 142 151

    Indstria 100 110 132 158 159

    Extrativa mineral 100 213 375 560 793

    Transformao 100 101 121 135 125

    Construo 100 143 183 191 188

    SIUP 100 110 111 159 168

    Servios 100 110 121 154 160

    Comrcio 100 99 119 165 172

    Financeiro 100 72 97 128 131

    APU 100 105 120 161 167

    Outros 100 127 130 155 161

    Total BR 100 110 125 154 159

    Fonte: Contas regionais dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.

  • 70 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    TABELA 8Pernambuco e Brasil: evoluo do VAB por setor de atividade taxas anuais de crescimento (1995, 2000, 2005, 2010 e 2012)(Em %)

    Pernambuco

    1995-2011 1995-2000 2000-2011 2005-2011

    Agropecuria 1,07 -1,0 1,6 -1,0

    Indstria 3,62 0,4 5,3 7,2

    Extrativa mineral 2,68 10,8 3,9 22,1

    Transformao 1,30 -3,0 1,9 4,4

    Construo 7,85 6,5 11,6 4,3

    SIUP 5,45 4,0 8,0 13,5

    Servios 3,64 2,7 5,3 5,7

    Comrcio 4,60 0,2 6,8 6,4

    Financeiro 2,19 -8,3 3,2 9,0

    APU 3,71 2,0 5,4 6,3

    Outros 3,48 6,0 5,1 4,3

    Total PE 3,53 2,0 5,2 5,7

    Brasil

    1995-2011 1995-2000 2000-2011 2005-2011

    Agropecuria 2,60 1,2 3,8 3,4

    Indstria 2,96 2,0 4,3 3,1

    Extrativa mineral 13,82 16,3 20,7 13,3

    Transformao 1,40 0,3 2,0 0,5

    Construo 4,04 7,4 5,9 0,5

    SIUP 3,29 2,0 4,8 7,1

    Servios 2,99 1,8 4,4 4,7

    Comrcio 3,45 -0, 5,1 6,4

    Financeiro 1,71 -6,3 2,5 5,1

    APU 3,25 1, 4,8 5,6

    Outros 3,00 4,9 4,4 3,6

    Total BR 2,96 1,8 4,3 4,2

    Fonte: Contas regionais dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.

  • 71Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    TABELA 9Pernambuco e Brasil: contribuio dos setores de atividade gerao do VAB (1995-2011)(Em %)

    Pernambuco

    Setores de atividadeParticipao no VAB

    em 1995 (A)Taxa anual de crescimento do

    VAB no perodo 1995-2011 (B)Contribuio normalizada ao crescimento [(A) * (B)] / 100

    Agropecuria 5,1 1,1 1,5

    Indstria 23,6 3,6 24,2

    Extrativa mineral 0,2 2,7 0,0

    Transformao 14,4 1,3 5,3

    Construo 2,6 7,9 5,8

    SIUP 6,4 5,5 9,9

    Servios 71,3 3,6 73,5

    Comrcio 11,5 4,6 15,0

    Financeiro 6,9 2,2 4,3

    APU 23,3 3,7 24,5

    Outros 29,6 3,5 29,2

    Total PE 100,0 3,5 100,0

    Brasil

    Agropecuria 5,8 2,6 5,1

    Indstria 27,5 3,0 27,5

    Extrativa mineral 0,8 13,8 3,8

    Transformao 18,6 1,4 8,8

    Construo 2,6 4,0 3,6

    SIUP 5,5 3,3 6,1

    Servios 66,7 3,0 67,4

    Comrcio 11,7 3,5 13,6

    Financeiro 9,0 1,7 5,2

    APU 15,6 3,3 17,1

    Outros 30,4 3,0 30,8

    Total BR 100,0 3,0 100,0

    Fonte: Contas regionais dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.

    2.1 Heterogeneidade estrutural: a marca do subdesenvolvimento

    A percepo de modificaes substantivas na estrutura produtiva estadual nesta ltima dcada ser mais bem empreendida pelo exame da produtividade geral dos seus setores/subsetores econmicos. A ideia de heterogeneidade estrutural decorre

  • 72 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    da verificao de que a economia brasileira possui matriz produtiva que abriga forte presena simultnea de setores de alta e baixa produtividade mdia do trabalho, os quais, entretanto, apresentam baixa sinergia ente si; adicionalmente verifica-se, historicamente, que a mudana setorial em direo a ramos de atividades de elevada intensidade de capital e, portanto, alta produtividade do trabalho frequentemente mais presentes no setor industrial se d em ritmo muito lento.

    Para os propsitos deste trabalho a produtividade mdia geral da economia ser dada pela relao entre o VAB e a correspondente populao ocupada (POC) a ele associada (PTM = VA / POC). As tabelas 10 e 11 trazem as informaes essenciais para a anlise.

    Verifica-se, inicialmente, o peso relativamente pequeno do setor agropecurio na gerao total de valor agregado. Os percentuais observados para Pernambuco em 2000 (4,4%) e 2010 (4,5%) so inferiores aos da mdia nacional nos mesmos anos, que foram, respectivamente, de 5,6% e 5,3%. Contudo, este setor ainda responsvel por uma parcela relativamente grande da POC estadual: 20,1% do total em 2010. Resulta disso uma baixa produtividade mdia do trabalho neste setor de atividade, em torno de R$ 3,9 mil em 2000 e R$ 6,0 mil em 2010, valores que correspondem, respectivamente, a 6,1% da produtividade mdia geral da economia pernambucana em 2000 e a 8,3% da mesma em 2010 (tabela 11).

    O setor industrial viu sua participao no VAB total do estado aumentar de 21,8% para 22,1% entre o incio e o fim da dcada. Uma pequena variao que, entretanto, permitiu, ainda que modesta, uma expanso taxa de 0,9% a.a. da produtividade mdia do setor de R$ 30,8 mil, em 2000, para R$ 33,8 mil, em 2010. Destacou-se, na indstria, o ramo de construo civil com aumento anual de 4,2% na produtividade mdia do trabalho, seguido pela indstria de transformao, com apenas um incremento de 1,0% a.a. no perodo.

    O setor de servios tem sido responsvel por quase trs quartos do valor agregado estadual na dcada e emprega, em mdia, cerca de 60% da POC estadual. Neste setor a produtividade mdia do trabalho cresceu taxa de 1,0% a.a. na dcada, com seu valor absoluto partindo de R$ 28,8 mil, em 2000, para R$ 31,9 mil, em 2010. Contriburam mais fortemente para a expanso da produtividade dos servios os ramos do comrcio, com a taxa de 4,8% a.a. na dcada, e o setor financeiro, com 2,5% a.a.

    relevante reter o baixo crescimento da produtividade da indstria como um todo. Como este o setor econmico que tende a provocar mais reverberaes em demais ramos de atividade da economia por conta das inter-relaes setoriais, sua baixa produtividade revela baixa capacidade de estimular os demais ramos de atividade da economia.2

    2. Em estudo sobre a heterogeneidade estrutural na economia brasileira, Squeff e Nogueira (2013) calcularam a produ-tividade mdia do trabalho total (0,88%) e setorial (agropecuria: 4,26%), indstria (-0,63%) e servios (0,47%) para o perodo 2000-2009. A situao em Pernambuco na mesma dcada , portanto, mais confortvel do que a nacional em perodo um pouco maior (2000-2010), pois seu crescimento total da produtividade foi de 1,2%, com variao positiva para o setor industrial, comportamento este no verificado no pas como um todo.

  • 73Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    O ramo de indstria extrativa sofreu queda da produtividade na dcada, com taxa negativa de -2,1% a.a. O ramo de indstria de transformao cuja participao no VAB estadual significativa, ficando em 17,2% em 2000 e 16,2% em 2010 teve sua produtividade aumentada taxa anual de apenas 1,0%. No setor industrial o ramo de atividade que mais aumentou a produtividade do trabalho foi o de construo civil: 4,2% a.a.

    Em resumo, caractersticas prprias de economia de baixo nvel de desenvolvimento ainda so bastante presentes na estrutura da economia pernambucana na ltima dcada investigada. Seu setor agropecurio, que gera relativamente pouco valor agregado , no entanto, um grande empregador de mo de obra de baixa remunerao; por conseguinte, sua produtividade mdia do trabalho menos de 10% da produtividade mdia geral do estado.

    No setor industrial verifica-se que no h estagnao da produtividade mdia do trabalho, mas a sua expanso foi baixa ao longo da dcada. O crescimento observado na produtividade setorial foi gerado mais por impulsos da construo civil e menos da indstria de transformao.

    No setor servios, os impulsos de ganhos de produtividade vieram predominantemente do comrcio, seguido pelo setor financeiro e administrao pblica. O baixo crescimento da produtividade na dcada decorre de sua caracterstica de grande absorvedor de mo de obra de demais setores da economia. No perodo, sua participao na POC foi aumentada em 3,6%, passando de 58,6%, em 2000, para 62,2%, em 2010.

    No seu conjunto, a produtividade mdia da mo de obra estadual passou de R$ 63,6 mil, em 2000, para R$ 71,8 mil, em 2010 (valores constantes de 2012), com crescimento anual de 1,2%. Tendo recebido impulsos mais expressivos apenas dos ramos de comrcio e da construo civil, o que se pode inferir, preliminarmente, com base nos resultados, que os esforos recentes, sejam estes estaduais, sejam federais, de apoio retomada da indstria, ainda no mostraram seus efeitos.

    Em boa parte, os investimentos federais para a reestruturao industrial com a implantao de siderurgia, estaleiro e refinaria de petrleo e gs ainda no maturaram o suficiente para alterar a matriz estrutural de valor agregado no estado. Alm disso, em face do baixo crescimento da produtividade mdia do trabalho na indstria de transformao, pode-se argumentar, preliminarmente, pela baixa eficcia dos incentivos fiscais dados pelos governos estaduais em regime de guerra fiscal para atrao de investimentos. A disseminao irrestrita de concesso de incentivos para quaisquer empreendimentos portanto, sem visar a uma mudana estrutural na matriz produtiva pouco tem contribudo para o aumento da produtividade geral da economia.

  • 74 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    TABELA 10Pernambuco: composio setorial do VAB e da POC (2000 e 2010)(Em %)

    SetoresVAB POC

    2000 2010 2000 2010

    Agropecuria 4,4 4,5 25,2 20,1

    Indstria 21,8 22,1 16,2 17,7

    Servios 73,8 73,4 58,6 62,2

    Fonte: Contas regionais e censos econmicos dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.

    TABELA 11Pernambuco: produtividade mdia do trabalho por setor de atividade (VAB/POC)(Em R$ e %, respectivamente)

    2000 2010Taxa anual de crescimento

    (2000 a 2010)

    Agropecuria 3.972 6.056 4,3

    Indstria 30.794 33.812 0,9

    Extrativa mineral 47.577 38.490 -2,1

    Transformao 25.390 28.019 1,0

    Construo 13.578 20.488 4,2

    SIUP 343.450 349.875 0,2

    Servios 28.826 31.928 1,0

    Comrcio 14.070 22.518 4,8

    Financeiro 117.244 150.223 2,5

    Administrao pblica 29.270 35.728 2,0

    Outros 36.653 31.138 -1,6

    Total 63.593 71.796 1,2

    Fonte: Contas regionais e censos econmicos dados brutos, IBGE.Elaborao dos autores.Nota: VAB: valor agregado bruto e POC: populao ocupada.Obs.: Reais de 2012.

    3 DINMICA E ESTRUTURA PRODUTIVA NO TERRITRIO ESTADUAL

    A configurao espacial do estado visualizada no mapa 1, que apresenta a repartio clssica de seu territrio nas zonas da Mata, Agreste e Serto. O mapa em questo, retirado da pgina eletrnica do Instituto Condepe/Fidem, apresenta as regies de planejamento do estado. Destacam-se a Regio Metropolitana do Recife (RM do Recife); as duas sub-regies da Mata (Sul e Norte); as trs sub-regies do Agreste; e, finalmente, as seis sub-regies do Serto. Embora essa regionalizao do governo estadual, voltada para o planejamento e ao governamental, no coincida com a regionalizao do Instituto

  • 75Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) microrregies , possvel operar com esta ltima, bem mais desagregada que a primeira, sem perda de substncia analtica.

    MAPA 1Regionalizao e municpios do estado de Pernambuco

    Fonte: Instituto Condepe/Fidem. Disponvel em: .Obs.: Imagem cujos leiaute e textos no puderam ser padronizados e revisados em virtude das condies tcnicas dos originais

    disponibilizados pelos autores para publicao (nota do Editorial).

    A tabela 12 apresenta as estimativas da participao de cada microrregio do estado, segundo a regionalizao do IBGE, no PIB real estadual. luz das informaes em questo, possvel destacar alguns pontos dignos de registro.

    3.1 Serto pernambucano

    Em primeiro lugar, observa-se o crescimento da participao da economia sertaneja no PIB estadual para o perodo 1996-2010, o qual passou de 7,52% para 11,47%, respectivamente. Motivaram tais mudanas a busca pela diversificao de potenciais econmicos da regio.

    Em relao microrregio de Araripina, localizada no extremo ocidental do estado, na fronteira com o Cear, a explicao pode estar relacionada aos investimentos na atividade industrial de processamento do gesso. Neste momento, unidades

  • 76 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    manufatureiras, de mdio porte, se instalaram no municpio, industrializando a gipsita e realizando a transformao em gesso. Atrelada a essa indstria, destaca-se a atividade de extrao mineral da gipsita, cuja parte do excedente canalizada para a indstria cimenteira do estado.

    As unidades industriais, produtoras de gesso para a indstria, para a agricultura e para a medicina, geraram efeitos positivos na economia da regio, promovendo o surgimento de unidades de transformao, geralmente de pequena escala, voltadas para a produo de placas de gesso. Alm desses aspectos extremamente positivos, a regio recebeu, nos ltimos quinze anos, uma ateno especial do Executivo estadual, por meio da criao de um conjunto de polticas pblicas nas reas de sade, educao, esgotamento sanitrio e distribuio de gua. O Executivo estadual, com apoio dos rgos federais de fomento, criou um importante centro de pesquisa e inovao do gesso na cidade de Araripina.

    Em sntese, a trajetria exitosa da microrregio de Araripina deve-se aos investimentos privados na indstria do gesso e aos investimentos pblicos, de origem estadual e federal, na construo de uma infraestrutura econmica e social de grande envergadura.

    TABELA 12Microrregies de Pernambuco: PIB participao relativa (1996-2010)(Em %)

    Microrregio 1996 2000 2007 2010

    Microrregies do Serto

    Araripina 0,97 1,66 1,49 1,60

    Salgueiro 0,70 0,93 0,88 0,97

    Paje 1,47 1,83 1,91 1,87

    Serto do Moxot 0,95 1,12 1,19 1,23

    Petrolina 2,94 3,61 4,20 4,41

    Itaparica 0,49 1,65 1,41 1,39

    Microrregies do Agreste

    Vale do Ipanema 0,65 0,83 1,00 1,01

    Vale do Ipojuca 4,78 6,19 6,62 6,54

    Alto Capibaribe 0,77 1,35 1,48 1,72

    Mdio Capibaribe 1,02 1,41 1,30 1,34

    Garanhuns 2,55 2,76 2,87 2,85

    Brejo Pernambucano 0,88 1,21 1,14 1,15

    (Continua)

  • 77Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Microrregio 1996 2000 2007 2010

    Microrregio da Mata

    Mata Setentrional Pernambucana 3,70 4,39 3,84 3,99

    Vitria de Santo Anto 1,41 1,63 1,62 1,77

    Mata Meridional Pernambucana 3,53 3,85 3,30 3,59

    Microrregio da RM do Recife

    Itamarac 1,84 2,23 2,05 1,90

    Recife 67,90 53,60 50,40 48,39

    Suape 3,39 9,71 13,26 14,26

    Fernando de Noronha (isolada) 0,06 0,04 0,03 0,04

    Pernambuco 100,00 100,00 100,00 100,00

    Fonte: IBGE.Elaborao dos autores.Obs.: PIB em reais de 2000.

    A regio que se destaca na economia sertaneja de Pernambuco a microrregio de Petrolina. Seu protagonismo na atrao de recursos pblicos para a mudana da infraestrutura e da dinmica de sua economia bem conhecida. Contriburam historicamente para tal a construo de grandes projetos estruturadores federais, como a barragem de Sobradinho, administrada pela Companhia Hidro Eltrica do So Francisco (CHESF); os projetos de irrigao pblica para alavancar a fruticultura, administrados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba (CODEVASF); a criao, ainda no governo do presidente Lula, da Universidade Federal do Vale do So Francisco (UNIVASF); a instalao do Centro de Pesquisa da Embrapa Semirido (CEPTSA); e tambm a criao de uma poltica de incentivos fiscais Finor 34/18 no passado e Prodepe no presente para a implantao de indstrias de processamento.

    Esse conjunto de projetos estruturadores estimulou empreendedores locais, regionais e at internacionais para a implantao, na regio polarizada pela cidade de Petrolina, de um conjunto de pequenas e mdias empresas industriais voltadas para as atividades de processamento de uma gama de produtos agrcolas (principalmente uva e manga) produzidos nos permetros irrigados existentes na regio. No por outra razo que a participao desta microrregio na economia estadual, na ordem de 4,4% em 2010, a torna a quarta regio econmica mais relevante do estado.

    Nos ltimos vinte anos esse processo de expanso e criao de novas unidades industriais extrapolou os limites de Petrolina e avanou para outros municpios da regio, como Lagoa Grande, onde se concentram as grandes plantaes de uva e a indstria de vinho de mesa.

    (Continuao)

  • 78 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    3.2 Agreste pernambucano

    Observa-se que essa mesorregio, formada por seis microrregies, elevou sua participao no PIB estadual: em 1996 era de 10,65%, alcanando, em 2010, a taxa de 14,61%. Duas microrregies se destacam no conjunto da economia agrestina: o Vale do Ipojuca e o Alto Capibaribe. Nestas duas microrregies se localizam dois stios econmicos de grande importncia para a economia do estado.

    No primeiro caso (Vale do Ipojuca), a regio formada pelos municpios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Nesta regio se instalou e desenvolveu uma indstria de confeces voltada para as classes de renda mais baixa que, com o passar dos anos, foi se sofisticando e hoje, segundo alguns estudos, considerada o polo de confeco mais importante do Nordeste brasileiro. Trata-se da regio que recebeu a alcunha de Polo da Sulanca, o qual formado por micro, pequenas e mdias unidades industriais que manufaturam o tecido tipo jeans produzido no Sudeste do pas. O empreendedorismo est presente no dia a dia dos produtores locais. As taxas de ocupao na populao economicamente ativa (PEA) da regio so altas e representam um contraste com outras regies do estado.

    Como segundo stio mais importante dessa regio destaca-se a rea do municpio de Gravat (Alto Capibaribe). Localizada no eixo da BR-232, a rea apresenta uma trajetria de crescimento das atividades econmicas apoiada nas atividades de turismo e lazer. Estas duas atividades alavancaram a indstria de construo civil na regio. Aps, especialmente, a concluso da duplicao da BR-232, no trecho entre Recife e o municpio de So Caetano, ainda no Agreste, todos os ncleos urbanos localizados no eixo da rodovia foram oxigenados pela melhoria da logstica.

    Com a duplicao da BR-232 ficou mais rpido para a classe mdia da RM do Recife chegar at a cidade de Gravat, uma espcie de estao de inverno de algumas famlias pernambucanas. Assim, aps a concluso da obra de duplicao, proliferaram na regio de Gravat os hotis de estao e os condomnios fechados. Isso provocou um boom da construo civil na regio. As atividades ancilares geradas por esse tipo de atividade, como comrcio especializado e de alto padro, lojas de convenincia, lojas de artesanato, restaurantes etc. multiplicaram na regio.

    3.3 Zona da Mata pernambucana

    A situao aqui de transio para um novo padro de crescimento e desenvol-vimento. A indstria da cana, mesmo com todos os estmulos governamentais e facilidades de crdito junto a bancos de fomento, est colapsando em conta-gotas em funo da reestruturao do setor em nvel nacional.

  • 79Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Nessa sub-regio est ocorrendo uma forte converso das terras at ento utilizadas para a plantao de cana para a atividade industrial. O preo da terra, em algumas localidades, tem apresentado crescimento pondervel, por conta da chegada de grandes projetos industriais. Muitas unidades industriais esto se instalando na rea do Complexo Porturio e Industrial de Suape expandido e extrapolando a rea fsica originalmente planejada para o porto industrial.

    No contexto das relaes sociais, est ocorrendo uma migrao da populao mais jovem, at ento dedicada ao corte de cana, para as atividades industriais urbanas, principalmente na indstria de construo civil e em algumas atividades que exigem baixo grau de especializao. So trabalhadores movidos pelas mais altas remuneraes pagas nas atividades de construo civil e da indstria que se instalam na regio.

    Na Mata Norte, tendo como epicentro a cidade de Goiana, no eixo da BR-101, recentemente duplicada, est em fase de implantao o complexo de produo de hemoderivados da Hemobrs, uma empresa estatal do governo federal. O investimento nessa planta iniciou-se em 2007 e j se encontra em fase inicial de produo. A mudana mais significativa, entretanto, pela qual passar esta regio Norte do estado (fronteira com a Paraba) ser a implantao da fbrica da FIAT S/A, montadora de automveis. As indstrias prestamistas da montadora j esto adquirindo os terrenos para a montagem de suas plantas industriais. O fenmeno que est acontecendo na Mata Sul, por conta do boom de Suape, vai se repetir na Mata Norte, em decorrncia dos investimentos acima destacados.

    3.4 RM do Recife

    Finalmente destaca-se a RM do Recife englobando as microrregies do Recife, Suape e Itamarac com sua perda de posio relativa na composio do PIB estadual. Em 1996, esta regio participava com 73,13% do PIB estadual. Em 2010, declinou para 64,55%.

    No seio da RM do Recife clssica observa-se uma queda violenta na participao da microrregio do Recife (Olinda, Recife e Jaboato) no PIB estadual, que passou de 67,90%, em 1996, para 48,39%, em 2010, respectivamente. Tem havido um processo de desindustrializao do core urbano da rea metropolitana em favor de outras regies do estado, entretanto, as atividades tercirias de mais alto valor agregado (publicidade, setor financeiro, shopping centers, complexos hospitalares etc. e da administrao pblica) permanecem no ncleo urbano mais importante.

    A microrregio de Suape, por sua vez, apresentou um indito crescimento do PIB per capita, passando de pouco mais de R$ 4,5 mil (valores constantes de 2000), em 1996, para R$ 22,7 mil, em 2010, com taxas anuais de crescimento de 11,6%.

  • 80 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    para este eixo sul do territrio que se expande a rea metropolitana do Recife, a qual vem realizando, de forma intensa e rpida, um processo de conurbao com os municpios no entorno do porto industrial de Suape.

    Um novo perfil da atividade produtiva est se consolidando dentro da RM do Recife nesta dcada de 2000. A microrregio do Recife envolvendo os municpios do Recife, Jaboato dos Guararapes e Olinda vai se especializando cada vez mais nas atividades tercirias e transferindo a indstria para seu entorno mais prximo, em particular para o Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca (porto de Suape), que ampliaram suas posies no PIB estadual de 3,4% para 14,2% entre 1996 e 2010.

    Nesse processo de mudana do perfil territorial da atividade econmica percebe-se, entretanto, que nem toda a perda de posio relativa da microrregio do Recife de 67,9%%, em 1996, para 48,4%, em 2010 (perda de 19,5%) foi revertida para Suape (que ganhou 10,8% no mesmo perodo). Uma parte relevante da expanso industrial foi capturada por microrregies do interior do estado, com Caruaru (ganho de 1,76%) e Petrolina (ganho de 1,47%) frente. Estas duas regies, somadas, aumentaram a participao relativa em 3,23% entre 1996 e 2010.

    A consolidao do Complexo Industrial e Porturio de Suape como base de atrao de investimentos nesse novo momento de crescimento da economia nacional representa uma bonana para o estado de Pernambuco e, ao mesmo, uma fonte de grande preocupao. No primeiro caso j est posta a intensidade com que o PIB per capita vem se expandindo nesta microrregio a taxas anuais equivalentes s da economia chinesa, de 11% a.a. nos ltimos quinze anos com o efeito adicional de se constituir em uma alterao na estrutura produtiva estadual no sentido de empreendimentos de mais alta complexidade tecnolgica e de poder de arrasto sobre o restante da economia.

    O outro caso, o lado negativo, est ligado aos efeitos altamente concentradores da atividade produtiva e da populao no territrio da RM do Recife, e at mesmo em uma expanso da RM do Recife para o litoral sul do estado.

    Tem se colocado como necessria a atuao dos governos federal, estadual e municipais na tarefa da antecipao dos efeitos negativos da intensa urbanizao sem a consequente base de infraestrutura urbana (saneamento, abastecimento de gua, telefonia, escolas e habitao). Para isso ser necessrio contar com uma base para a retomada do planejamento em escala metropolitana associada a uma perspectiva da coordenao federativa das aes a serem consertadas e implementadas, tarefas que se perderam (a do planejamento e a da coordenao federativa) nos anos 1980 e 1990 e no foram adequadamente retomadas desde ento.

  • 81Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    TABELA 13Microrregies de Pernambuco: PIB per capita real valor (R$ 1,00) e taxa de crescimento geomtrico (1996-2010)(Em %)

    Microrregio 1996 2000 2007 2010 1996-2010 Taxa 1996-2010

    Araripina 954 1.615 1.749 2216 232 5,78

    Salgueiro 1.179 1.643 1.973 2534 215 5,23

    Paje 1.224 1.661 2.153 2518 206 4,93

    Serto do Moxot 1.334 1.628 2.080 2454 184 4,15

    Petrolina 2.325 2.786 3.556 4221 182 4,05

    Itaparica 1.114 3.826 3.855 4398 395 9,59

    Vale do Ipanema 1.053 1.375 2.069 2378 226 5,58

    Vale do Ipojuca 1.683 2.244 2.903 3259 194 4,50

    Alto Capibaribe 1.002 1.710 2.119 2664 266 6,73

    Mdio Capibaribe 1.045 1.510 1.859 2253 216 5,26

    Garanhuns 1.599 1.802 2.334 2735 171 3,64

    Brejo Pernambucano 1.063 1.540 1.837 2250 212 5,12

    Mata Setentrional Pernambucana 1.921 2.356 2.674 3166 165 3,38

    Vitria de Santo Anto 1.864 2.220 2.838 3480 187 4,25

    Mata Meridional Pernambucana 1.770 2.050 2.210 2725 154 2,92

    Itamarac 3.843 4.513 4.741 4876 127 1,60

    Recife 6.006 4.830 5.373 6306 105 0,33

    Suape 4.406 12.333 19.854 22794 517 11,58

    Fernando de Noronha 8.095 5.376 4.310 5706 70 -2,30

    Pernambuco 3.324 3.405 4.114 4828 145 2,52

    Fonte: IBGE.Elaborao dos autores.Nota: Taxa de crescimento exponencial.Obs.: PIB em reais de 2000.

    4 INVESTIMENTOS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO

    As mudanas em curso na economia pernambucana se devem essencialmente s alteraes que se verificam no setor industrial. Nesse sentido, elas concorrem, de um lado, para o reposicionamento do setor industrial por meio da adio de novos setores estrutura industrial preexistente (petroqumica, estaleiro, automobilstica) e, de outro lado, para o fortalecimento, via expanses e reinvestimentos, de setores j instalados.

  • 82 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    O levantamento de investimentos anunciados para o estado no perodo 2007-20163 correspondendo ao montante de R$ 64,7 bilhes de investimentos, ainda que de maneira panormica, traz algumas evidncias de para onde se tem destinado e/ou pretendem se destinar os investimentos revelados por diversos empreendimentos produtivos. De fato, cerca de dois teros dos investimentos anunciados destinam-se aos empreendimentos industriais, seguidos por 14,4% para os setores imobilirios e 14,0% para empreendimentos em infraestrutura logstica e servios de utilidade pblica (ver grfico 5).

    GRFICO 5Pernambuco: composio setorial dos investimentos anunciados (2007-2016)(Em %)

    40

    50

    60

    80

    70

    0

    10

    20

    30

    Indstria geral Setor imobilirio Servios ecomrcio

    Infraestrutura (logstica e SIUP)

    Outros

    67,3

    14,4

    3,9

    14,1

    0,3

    Fonte: Fiepe (2013).Elaborao dos autores.

    Os empreendimentos que aparecem com maior peso em termos de volume de investimentos podem ser destacados nos quadros 1 e 2 a seguir. Nota-se que os mais representativos esto localizados no complexo industrial de Suape, consolidando-se como lcus preferencial da atividade industrial no estado.

    3. Pesquisa realizada pela Ceplan Consultoria Econmica e Planejamento (www.ceplanconsultoria.com.br) e integrou o estudo Proposta de uma Poltica Industrial para o Estado de Pernambuco. Recife, FIEPE, 2013.Tal estudo baseou-se em diversas fontes, a saber: Relatrio Nacional de Informaes sobre Investimentos (Renai) do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC); Programa de Acelerao do Crescimento (PAC); Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MP); dados da Secretaria de Desenvolvimento Econ-mico de Pernambuco (SDEC-PE) e coligadas AD-Diper e Suape; sites de empresas. Levantamento feito em 2013, tendo como base investimentos anunciados entre 2004 e dez./2012, com previso de realizao de 2007 at 2016. No foram considerados investimentos com valores abaixo de R$ 100 mil.

  • 83Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Entretanto, surge agora com fora a presena de investimentos no municpio de Goiana na regio da Mata Norte do estado. So estas duas pores do territrio estadual as que mais merecem ateno da deciso de investimento privado, que, por sua vez, foi muito influenciada pelas apostas pblicas na criao de infraestruturas e de incentivos fiscais, creditcios e financeiros.

    Consolida-se, neste ciclo de crescimento recente, a estratgia perseguida desde a dcada de 1970 por sucessivos governos estaduais de modernizao da economia estadual por meio da consolidao do complexo industrial-porturio de Suape na Mata Sul. Adicionalmente, com o esforo do governo estadual, a partir de 2007, em criar novos territrios produtivos e em atender aos objetivos de interio-rizao do desenvolvimento, o municpio de Goiana que inicialmente recebeu a fbrica da Hemobrs um empreendimento do governo federal passou a contar tambm com a instalao de uma unidade da Fiat automveis, bem como de sua rede de fornecedores.

    Os empreendimentos em infraestrutura representam investimentos tocados dire-tamente pelo governo federal ou financiados por este visando melhoria da logstica de transporte e de abastecimento de gua na regio Nordeste. A construo, j em estgio adiantado, da ferrovia Transnordestina e da transposio do rio So Francisco obras de dimenso regional e no apenas estadual tm impacto direto sobre o territrio pernambucano. Alm de criar elevadas externalidades para as frgeis economias do semirido estadual no agreste e no serto, devero realizar uma conexo mais ampla da produo do interior do estado com a regio do seu litoral, em particular com o porto de Suape.

    Os empreendimentos da Arena da Copa do Mundo da Federao Internacional de Futebol (Fifa), a via Mangue e a ampliao do sistema Pirapama localizam-se na RM do Recife e visam a garantir que esta rea metropolitana com quase metade da populao do estado tenha alguns gargalos de transporte urbano e no abaste-cimento de gua solucionados.

    QUADRO 1Investimentos industriais previstos para Pernambuco (2007-2016)

    Empreendimento Valor previsto (R$) Empregos previstos

    Refinaria General Abreu e LimaLocalizao: Complexo de Suape (Ipojuca-PE).Produto: fabricao de produtos de refino de petrleo, ressaltando a produo diesel.

    35,7 bilhes1.500 empregos diretos e 40.000 empregos indiretos

    Petroqumica SuapeLocalizao: Complexo de Suape (Ipojuca-PE).Produto: produo de PET, POY e PTA.

    7 bilhes 1.800 empregos diretos

    FIAT e sistemistasLocalizao: Goiana-PE.Produto: automveis (previso de mais de 250 mil carros/ano) e autopeas.

    4 bilhes (FIAT) e 4 bilhes (Sistemistas)

    4.500 empregos diretos (Fiat)

    (Continua)

  • 84 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    Empreendimento Valor previsto (R$) Empregos previstos

    Estaleiro Atlntico Sul (EAS)Localizao: Complexo de Suape (Ipojuca-PE).Produto: produo de navios de at 500 mil toneladas por porte bruto (tpb), plataformas semissubmersveis, navios FPSO e embarcaes de operao martima (EAMs).

    3,3 bilhes7.500 empregos diretos em plena operao

    Estaleiro PromarProduto: navios gaseiros e barcos de apoio.

    205 milhes n.d.

    Estaleiro Construo e Montagem Offshore (CMO)Produto: construo e integrao de mdulos para plataformas de petrleo offshore.

    295 milhes n.d.

    Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrs) Localizao: Goiana-PE.Produto: produo de medicamentos essenciais a portadores de doenas como hemofilia, cncer, AIDS, imunodeficincias primrias, entre outras, tornando o Brasil autossuficiente na produo destes hemoderivados.

    670 milhes n.d.

    Companhia Brasileira de Vidros PlanosLocalizao: Goiana-PE.Produto: vidros planos voltados especialmente para a construo civil.

    390 milhes 320 empregos diretos

    Wind Power Energia (WPE)-IMPSA e IMPSA Hydro Localizao: Complexo de Suape (Ipojuca-PE).Produto: WPE (fornecimento de solues integradas de energia para projetos hidroeltricos e elicos) e Impsa Hydro (produo de mquinas e equipamentos industriais).

    630 milhes (WPE) e 250 milhes (Impsa Hydro)

    630 empregos diretos (WPE) e 250 empregos diretos (Impsa Hydro)

    Companhia Siderrgica Suape (CSS)Localizao: Complexo de Suape (Cabo de Santo Agostinho-PE).Produto: laminadora de aos planos.

    1,6 bilhes n.d.

    Kraft-FoodsLocalizao: Vitria de Santo Anto-PE (inaugurada em 2011).Produto: produo de bebidas em p e chocolates.

    120 milhes n.d.

    AMBEVLocalizao: Igarassu-PE.Produto: produo de bebidas (cerveja e refrigerante).

    360 milhes n.d.

    Total 58,9 bilhes16.500 empregos diretos e indiretos

    Fonte: Consultoria Econmica e Planejamento (Ceplan).Elaborao dos autores.

    QUADRO 2Investimentos em infraestrutura previstos (2007-2016)

    Empreendimento Valor previsto (R$)

    Ferrovia TransnordestinaO percurso total da Transnordestina de 1.728 km, dos quais 740 km aproximadamente localizam-se em Pernambuco.Considerando o valor total da obra em R$ 5,42 bilhes, estima-se para Pernambuco o valor de R$ 2,3 bilhes.

    2,3 bilhes

    Transposio de Bacia do rio So FranciscoProjeto que atinge quatro estados do Nordeste e em Pernambuco ir beneficiar o serto e o agreste. As obras j foram iniciadas e o valor estimado para elas de R$ 2 bilhes.

    2 bilhes

    (Continuao)

    (Continua)

  • 85Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Empreendimento Valor previsto (R$)

    Cidade da Copa e Arena da CopaConstruo do Estdio Arena Capibaribe: estdio da copa com valor de R$ 472 milhes. Alm disso, estima-se a ligao da BR-408 avenida Caxang e ao futuro estdio da Copa, no mbito do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC).

    472 milhes (estdio)

    99 milhes (acesso rodovirio)

    Via MangueVia pblica localizada nos bairros do Pina e Boa Viagem, com investimentos originrios do PAC da ordem de R$ 331 milhes, com previso de concluso em 2014.

    331 milhes

    Sistema PirapamaComplexo integrado de fornecimento de gua para RM do Recife Sistema Pirapama (incluso no PAC).

    550 milhes

    Total 5,8 bilhes

    Fonte: Consultoria Econmica e Planejamento (Ceplan).Elaborao dos autores.

    Um conjunto de fatores tem sido decisivo para viabilizar esse novo bloco de investimentos relacionados, de um lado, pelas decises de investimento do governo federal e, de outro lado, por fatores de atratividade da oferta de infraestrutura montada e das polticas de incentivos fiscais implementadas por diversas gestes do governo de Pernambuco. So eles:

    o diferencial da localizao, nos municpios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho (ao sul da RM do Recife), do Complexo Porturio e Industrial de Suape, estrategicamente posicionado na regio Nor-deste (abrangendo num raio de 800km uma populao de 36 milhes de pessoas, 90% do produto interno bruto PIB do Nordeste e seis capitais regionais) com vantagens locacionais reconhecidas, infraestrutura de logstica porturia e rea para instalao de empreendimentos industriais;

    a deciso estratgica do governo federal de construir, aps quase trinta anos, com investimentos da Petrobras, novas refinarias no Brasil e localiz-las no Nordeste, comeando pela implantao da Refinaria General Abreu e Lima, em Suape. Deflagrando, em paralelo, a implantao de importantes plantas petroqumicas a Petroqumica Suape (PQS) liderada pela Petrobras; e a M&G Polmeros do Brasil S/A liderada pelo grupo Mossi & Ghisolfi;

    a iniciativa tambm estratgica do governo federal de retomar a indstria naval brasileira, entre outras iniciativas, de apoiar e incentivar a implantao do Estaleiro Atlntico Sul (EAS) liderada pelo Grupo Odebrecht, por meio da definio de critrios de contedo local, vinculando esses investimentos demanda da Petrobras por navios petroleiros e plataformas. A partir da implantao do EAS foram atrados outros estabelecimentos do setor naval, a exemplo dos estaleiros Promar e CMO;

    (Continuao)

  • 86 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    o empenho do governo estadual, de um lado, pelo estmulo instalao de novos projetos no Complexo Porturio e Industrial de Suape e em municpios do seu entorno; na regio polarizada pelo municpio de Goiana e em outras regies de Pernambuco, provendo, entre outras iniciativas, a disponibilizao de poltica diferenciada de incentivos fiscais; e, de outro lado, pela realizao de importantes investimentos em infraestrutura, a exemplo da modernizao do porto de Suape e de um conjunto de obras de infraestrutura viria.

    Adicionalmente, pode-se afirmar que a prpria expanso, verificada ao longo da primeira dcada do sculo XXI, do mercado consumidor nordestino (e pernam-bucano), foi o que atraiu novas empresas, especialmente aquelas voltadas para o consumo no durvel e semidurvel caso das indstrias de alimentos, de bebidas e de txtil e confeces, bem como de distribuio de mercadorias, na maioria, relacionadas ao segmento de logstica.

    5 A DISTRIBUIO ESPACIAL DOS INVESTIMENTOS

    Uma desagregao territorial mais refinada das intenes de investimento apresen-tada a seguir. J havia sido ressaltado que a maior poro dos investimentos previstos destina-se regio metropolitana estadual (tabela 30): significativa concentrao de 75% do volume de recursos na RM do Recife, especialmente nos municpios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na rea do Complexo Industrial e Portu-rio de Suape. Entretanto, no litoral norte do estado, no municpio de Goiana, em funo da implantao de uma unidade da montadora de automveis Fiat e da fbrica de hemoderivados Hemobrs so atrados 12% do total dos investimentos relatados para o estado.

    TABELA 14Pernambuco: distribuio espacial dos investimentos segundo regies de desenvolvimento (2007-2016)(Em %)

    Regio de desenvolvimento

    Pernambuco 100,00

    Agreste Central 1,86

    Agreste Meridional 0,53

    Agreste Setentrional 0,09

    Mata Norte 12,01

    Mata Sul 2,51

    Metropolitana 75,31

    (Continua)

  • 87Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Regio de desenvolvimento

    Serto Central 0,79

    Serto do Araripe 0,04

    Serto do Itaparica 0,01

    Serto do Moxot 1,29

    Serto do Paje 0,05

    Serto do So Francisco 0,55

    No identificado 4,96

    Fonte: Ceplan.Obs.: A taxa de cmbio mdia usada no perodo foi de R$ 1,90.

    Uma grande preocupao sobressai desta expresso territorial dos investi-mentos relacionada concentrao produtiva no conjunto da economia estadual. A RM do Recife continua a exercer forte atrao de investimentos, sendo que na etapa atual, esta regio metropolitana se espraia ainda mais indo em direo ao litoral sul (municpio de Ipojuca).

    A novidade est no vetor do litoral ao norte do estado, em Goiana, com a instalao ainda em curso do parque automobilstico da Fiat. Nas demais reas do territrio estadual, principalmente no agreste e no serto, as intenes de investi-mento so mais escassas, embora existentes. Ainda assim, espera-se que provoquem efeitos dinamizadores relevantes.

    O governo estadual, de maneira a contrapesar esta tendncia de esvaziamento relativo das economias do agreste e do serto, vem oferecendo por meio de sua agncia de desenvolvimento econmico, a AD-Diper, uma gama de incentivos fiscais com percentuais superiores de isenes para os empreendimentos dispostos a se localizarem no interior. Os resultados parecem no ter surtido ainda o efeito desejado e devero ser objeto de monitoramento constante nos prximos anos, evitando o esvaziamento econmico ou, ainda, o esvaziamento populacional destas reas da economia estadual.

    Com a finalizao das obras de infraestrutura da ferrovia Transnordestina e da transposio do rio So Francisco abrem-se, entretanto, possibilidades reais para o interesse de realizao de empreendimentos produtivos no interior do estado em ritmo maior que o presentemente percebido. Da que caber ao governo estadual atuar no sentido da viabilizao de investimentos adicionais para magnificar os efeitos gerados pela realizao destas obras federais.

    (Continuao)

  • 88 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

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  • 89Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

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    6 DESAFIOS DA ALTERAO DA ESTRUTURA PRODUTIVA EM CURSO

    Os investimentos indicados anteriormente vm tendo, nesta etapa atual de realizao, repercusso mais direta na indstria da construo civil e, de forma pontual, em algumas indstrias de bens no durveis, assim como em comrcio e servios. No entanto, na medida em que so implantados, especialmente aqueles vinculados aos grandes empreendimentos, tendero a acelerar os processos de transformao na estrutura produtiva estadual, entre os quais podem ser ressaltadas algumas importantes tendncias em termos setoriais.

    1) A primeira tendncia que se anuncia a diminuio da expanso da construo civil na medida em que se finaliza a fase implantao dos grandes empreendimentos industriais e de obras infraestruturais. O se-tor tende a diminuir e pode sinalizar um novo ciclo expansivo, embora em um patamar bem menor que o verificado em anos recentes, a partir de investimentos no setor imobilirio e de algumas obras de infraes-trutura de certo peso que ainda devero ocorrer (concluso da ferrovia Transnordestina e da Transposio das guas do rio So Francisco, construo da rodovia Arco Metropolitano e recuperao e construo de outras vias, obras de infraestrutura hdrica entre outros).

    2) Uma segunda tendncia refere-se perspectiva de elevao da participao da indstria de transformao na base produtiva estadual que dever ocorrer pelo incio do processo de operao dos novos empreendimentos, em par-ticular aqueles relacionados s cadeias produtivas dos segmentos ligados s indstrias de petrleo, gs, offshore e naval; automobilstica, farmacoqumica e de equipamentos para produo de energia elica. Tambm contribuir para a expanso da indstria de transformao a modernizao de empreendimentos ligados a segmentos existentes, com destaque para metalmecnica; alimentos e bebidas; e txtil. Estes segmentos tradicionais da estrutura produtiva estadual sinalizam importantes mudanas no perfil produtivo, sobretudo levando em conta a presena de grandes empreendimentos, alguns deles caracterizados como importantes players mundiais em suas reas de atuao.

    3) Outra tendncia que dever marcar os prximos anos, no bojo do novo ciclo de crescimento e da retomada da indstria de transformao, o de expanso dos servios de apoio produo, como servios de logstica; de tecnologia da informao e comunicao; de manuteno; e de assistncia tcnica.

    4) Por fim, considerando o efeito renda advindo da maturao dos grandes investimentos e seus desdobramentos no tecido produtivo estadual, com consequente aumento da renda e do maior padro de consumo, dever tambm ocorrer a elevao das atividades comerciais e de prestao de servios em geral, notadamente os que possuem contedo maior de especializao (varejo moderno; servios de tecnologia da informao TI; servios de entre-tenimento e lazer; servios de gastronomia e hospedagem; entre outros).

  • 90 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    Examinando as tendncias especficas do setor industrial, novamente conside-rando os investimentos estimados para os anos de 2007 a 2016, possvel sinalizar algumas mudanas qualitativas.

    Em primeiro lugar, conforme pode ser visto na tabela 15, ao se utilizarem como referncia determinados dados de investimentos cujos recursos ainda sero maturados em vez de, por exemplo, volumes de produo cujos recursos j foram realizados, possvel estimar que a participao de bens intermedirios dever crescer na estrutura industrial pernambucana, sobretudo a partir da operacionalizao da refinaria, das plantas petroqumicas e das indstrias farmoqumicas. Destarte, os dados apontam que Pernambuco se credencia para se tornar um estado relevante na produo de bens de consumo durvel e de capital em sua pauta industrial levando em conta a implantao de empreendimentos ligados s indstrias automobilstica e naval.

    Outra constatao de tendncia de mudana estrutural na base da indstria de Pernambuco diz respeito perspectiva de crescimento das atividades voltadas para o comrcio exterior, envolvendo tanto a exportao quanto a importao, casos da refinaria, das plantas petroqumicas, da montadora de automveis e dos estaleiros. Vale registrar ainda a presena maior de grupos empresarias estrangeiros na estrutura industrial pernambucana, muitos deles com atuao global, caso de algumas processadoras de alimentos e produtoras de bebidas que esto se instalando ou expandindo seus negcios no estado (tabela 15).

    TABELA 15Pernambuco: distribuio dos investimentos anunciados segundo grupos de indstria e segmentos (2007-2016)(Em %)

    Segmentos industriais Participao

    Empreendimentos industriais 100

    Bens no durveis de consumo 7,8

    Fabricao de produtos alimentcios e bebidas 6,1

    Fabricao de produtos txteis 1,7

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios 0

    Preparao de couros e fabricao de artigos de couro, artigos para viagem e calados 0

    Impresso e reproduo de gravaes 0

    Bens intermedirios 70,2

    Fabricao de celulose, papel e produtos de papel 0,2

    Fabricao de coque, de produtos derivados do petrleo e de biocombustveis 46,5

    Fabricao de produtos qumicos (inclusive farmoqumicos e farmacuticos) 11,8

    Fabricao de produtos de borracha e de material plstico 1,4

    (Continua)

  • 91Estrutura e Dinmica Evolutiva da Economia: 1990-2010

    Segmentos industriais Participao

    Fabricao de produtos de minerais no metlicos 3

    Metalurgia 6

    Fabricao de produtos de metal, exceto mquinas e equipamentos 1,3

    Bens de consumo durvel e de capital 21,6

    Fabricao de mquinas, equipamentos e aparelhos eletroeletrnicos 4,4

    Fabricao de veculos automotores, reboques e carrocerias 9,2

    Fabricao de outros equipamentos de transporte, exceto veculos automotores 8,0

    Outros 0,5

    Fabricao de produtos de madeira e mveis 0,2

    Demais 0,2

    Fonte: Ceplan. Elaborao dos autores.

    7 SNTESE DAS PRINCIPAIS TENDNCIAS DOS INVESTIMENTOS

    Considerando a intensidade e o perfil dos novos investimentos produtivos em infraes-trutura, possvel identificar as seguintes tendncias para a economia pernambucana:

    o novo ciclo de crescimento de Pernambuco est sendo puxado pela retomada do setor industrial em duas fases. Em uma primeira fase pela construo civil e doravante pela dinmica da indstria de trans-formao e, complementarmente, pelo comportamento dos setores de comrcio e de servios;

    observam-se, tambm, alteraes relevantes na estrutura produtiva estadual, em especial, na indstria de transformao, com surgimento de novas atividades (refino e petroqumica, construo naval, automobilstica, farmacoqumica e energia elica) e a modernizao de estabelecimentos relacionados s atividades existentes (alimentos, bebidas, metalmecnica, txtil), com potencial de adensamento de cadeias produtivas no estado;

    paralelamente dinmica e s mudanas apresentadas pelo setor industrial, verifica-se ainda a perspectiva de expanso do setor de servios. Destaque para aqueles voltados para a prestao de servios s empresas logstica, assistncia tcnica, servios de manuteno, servios de TI. Tambm devem avanar as atividades comerciais e de prestao de servios pessoais e sociais sob o estmulo de um maior fluxo de renda e da melhoria do padro de consumo exemplo do varejo moderno e dos servios especializados em reas como educao, sade e entretenimento e gastronomia;

    (Continuao)

  • 92 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    com relao distribuio espacial dos investimentos, vislumbra-se o reforo da concentrao dos investimentos industriais e de infraestrutura na RM do Recife, especialmente no Complexo Industrial e Porturio de Suape e seu entorno, ao mesmo tempo em que se verifica um processo de interiorizao dos investimentos, com a implantao de novos em-preendimentos, alguns de grande porte, em municpios como Goiana, Igarassu, Itapissuma, Caruaru, Vitria de Santo Anto, Glria de Goit, Salgueiro e Petrolina;

    ainda em termos espaciais, observa-se o surgimento de novas centrali-dades econmicas, como de Suape, que tende a se complementar com a tradicional centralidade do Recife e do entorno; bem como a perspectiva de fortalecimento de nucleaes econmicas como a dos municpios de Goiana e vizinhana, e da regio polarizada pelo municpio de Caruaru;

    outra constatao indicada pelos investimentos em curso refere-se alterao no grau de abertura da economia de Pernambuco, com o aumento dos fluxos comerciais e as mudanas relevantes, tanto na pauta importadora, puxada sobretudo pela expanso da demanda por insumos/matrias-primas, quanto exportadora, com a tendncia a se ampliar a participao de produtos industrializados.

  • CAPTULO 6

    COMRCIO EXTERIOR: PERFIL E DINMICA

    1 CARACTERSTICAS DAS EXPORTAES E IMPORTAES

    Reconhecendo as significativas transformaes na estrutura produtiva e no perfil do investimento industrial pelo qual passou a economia estadual na ltima dcada, torna-se necessrio entender as respostas e as contribuies que o comrcio exterior vem dando aos estmulos gerados na base produtiva.

    A economia pernambucana na ltima metade do sculo passado se voltou fortemente para o comrcio interno nacional; seu comrcio exterior, desde a consolidao da indstria incentivada pelos mecanismos de desenvolvimento regional (Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste Sudene), foi relegado a um segundo plano. Na verdade, o processo de industrializao regional caracterizado pela implantao no Nordeste de filiais de empresas do Sul-Sudeste significou a consolidao de um papel supridor regional de bens e servios, com poucas empresas nordestinas se voltando para o mercado nacional.

    As empresas industriais consolidadas na regio afirmam, portanto, sua posio de fornecedoras de bens e insumos ao mercado regional e, eventualmente, o nacional, pouco sendo destinado ao mercado externo.

    O comrcio exterior, tradicionalmente considerado uma fonte de dinamismo regional, passou a ter papel de menor relevncia nesse contexto de elevada expanso do mercado interno nacional (dcadas de 1960 a 1980).

    somente a partir de meados dos anos 1990, com uma abertura comercial mais ampla da economia brasileira, que as oportunidades do mercado internacional passam a ser vistas como espaos a serem mais explorados pelo sistema empresarial regional. De todo modo, para o Nordeste e Pernambuco, o corpo empresarial teve dificuldade em converter sua produo, do mercado nacional para o mercado internacional.

    Nessa ltima dcada, em funo da implantao de plantas industriais de alto valor agregado para a consolidao de uma refinaria de petrleo (Petrobras) e de um estaleiro naval, o perfil produtivo estadual tende a se alterar de modo bastante significativo. Em uma primeira fase, a de implantao de projetos industriais, as importaes, principalmente de bens de capital, tendem a aumentar mais que proporcionalmente ao produto interno bruto (PIB) estadual. Uma vez concludos os projetos, entretanto, as importaes tendem a se reduzir, mas as exportaes no devero se expandir significativamente, pois tais grandes projetos esto majoritariamente voltados para o mercado nacional.

  • 94 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    verdade, como foi mostrado em captulos anteriores deste livro, que vrios investimentos produtivos privados, ainda em fase de implantao, puxados pelos grandes projetos governamentais, podero contribuir para a expanso das exportaes. O projeto da fbrica de automveis da FIAT no estado, por exemplo, quando concludo, poder dar alguma contribuio expanso do comrcio exterior estadual. Entretanto, as motivaes que conduziram efetivao do projeto de investimento no estado apontam para uma destinao, em sua maior parte, ao mercado nacional da produo automobilstica.

    A tabela 1 disponibiliza os valores das exportaes estaduais vis--vis as exportaes totais regionais. As evidncias mostram que a economia de Pernambuco foi capaz de aproveitar estmulos da economia mundial e expandir suas vendas internacionais de bens. As exportaes estaduais praticamente quadruplicaram entre 1998 e 2012, em termos de valor, enquanto as vendas da regio Nordeste para o resto do mundo, desde 1998, cresceram cinco vezes mais.

    TABELA 1Pernambuco e regio Nordeste: valor das exportaes (1998-2012)(Em US$ 1.000 FOB)

    AnoExportaes

    Pernambuco NordestePE/NE(%)

    1998 362.257 3.720.485 9,7

    1999 265.888 3.355.505 7,9

    2000 284.248 4.026.157 7,1

    2001 335.462 4.187.781 8,0

    2002 319.996 4.655.567 6,9

    2003 411.137 6.112.111 6,7

    2004 517.549 8.043.285 6,4

    2005 786.051 10.561.141 7,4

    2006 781.046 11.629.126 6,7

    2007 870.557 13.086.243 6,7

    2008 937.633 15.451.508 6,1

    2009 823.972 11.616.308 7,1

    2010 1.112.502 15.863.313 7,0

    2011 1.198.969 18.845.433 6,4

    2012 1.319.976 18.773.218 7,0

    Fonte: SECEX/Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) dados brutos.Elaborao dos autores.

    Colocada a expanso das exportaes estaduais em contextos regionais, entretanto, nota-se a pequena relevncia daquelas regionalmente. O patamar mdio de participao relativa baixo e sofreu um declnio no perodo analisado, de 9,7% para 7,0% entre 1998 e 2012. O grfico 1 ilustra, com propriedade, a trajetria das exportaes regional e estadual. Percebe-se que, ao longo dos ltimos quatorze anos, ampliou-se a diferena entre o comportamento do valor das exportaes do estado em relao regio. Isto sugere, de um lado, uma melhoria do grau de

  • 95Comrcio Exterior: perfil e dinmica

    competitividade da economia regional, sem um acompanhamento mais vigoroso da economia pernambucana no que concerne ao indicador das exportaes. Alm disso, a economia nordestina, diferentemente da pernambucana, tem maior potencial de diversificao produtiva tendo, na ltima dcada, expandido a produo de gros dos cerrados baianos e maranhenses, bem como a produo de minerais, a partir do Maranho, para mercados internacionais, principalmente a China.

    GRFICO 1Nordeste e Pernambuco: total das exportaes(Em US$ 1.000 FOB)

    20.000.000

    18.000.000

    16.000.000

    14.000.000

    12.000.000

    10.000.000

    8.000.000

    6.000.000

    4.000.000

    2.000.000

    1998 201220112010200920082007200620052004200320022001200019990

    Nordeste Pernambuco

    Fonte: SECEX/MDIC.Elaborao dos autores.

    O grfico 2, por sua vez, ilustra o comportamento comparado das exportaes e das importaes de Pernambuco no perodo em anlise. A partir de sua leitura, possvel observar que as exportaes cresceram, em valor, a taxas extremamente modestas quando comparadas com as importaes, que praticamente explodiram. As exportaes, tradicionalmente, dependem do comportamento e do nvel da renda externa e da taxa real de cmbio, tendo outras variveis, como gosto e preferncia dos consumidores, papel menos relevante; variveis, portanto, fora de controle da economia local. As importaes dependem, por sua vez, de maneira mais relevante, do nvel e do comportamento da renda interna (que na ltima dcada se expandiu em termos reais), da taxa real de cmbio e dos investimentos (compra de insumos e bens de capital).

    possvel afirmar que a pletora de bens exportados pela economia local se defrontou com srios problemas de mercado preos relativos; da o crescimento modesto do indicador. No caso das importaes estas, com um comportamento quase explosivo, refletem as mudanas estruturais que passa a economia local,

  • 96 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    em que se destaca um vigoroso processo de industrializao capitaneado pela indstria qumica, de petrleo e naval. Ampliaram-se as importaes de mquinas, equipamentos e insumos para suprir essas novas atividades produtivas implantadas no territrio pernambucano a partir de 2003.

    GRFICO 2Pernambuco: total das exportaes e das importaes(Em US$ 1.000 FOB)

    7.000.000

    6.000.000

    5.000.000

    4.000.000

    3.000.000

    2.000.000

    1.000.000

    1998 201220112010200920082007200620052004200320022001200019990

    Exportao Importao

    Fonte: SECEX/MDIC.Elaborao dos autores.

    Outra maneira de capturar a tendncia de expanso do comrcio exterior no processo de crescimento econmico do estado pode ser por meio da anlise da dinmica das exportaes e das importaes. O ndice de crescimento do valor das exportaes e das importaes para o perodo 1998-2012 (1998 = 100) auxilia neste exerccio. As estimativas esto na tabela 2.

    TABELA 2Pernambuco: evoluo das exportaes (X) e das importaes (M)(Em ndice de crescimento: 1998 = 100)

    Ano Exportaes Importaes

    1998 100 100

    1999 73,4 80,3

    2000 78,5 102,2

    2001 92,6 112,3

    2002 88,3 92,1

    2003 113,5 86,9

    2004 142,9 82,8

    (Continua)

  • 97Comrcio Exterior: perfil e dinmica

    Ano Exportaes Importaes

    2005 217,0 88,0

    2006 215,6 111,9

    2007 240,3 187,8

    2008 258,8 268,6

    2009 227,5 216,3

    2010 307,1 357,2

    2011 331,0 604,1

    2012 364,4 719,9

    Fonte: SECEX/MDIC dados brutos.Elaborao dos autores.

    O grfico 3 ilustra a trajetria da dinmica das importaes e das exportaes. possvel observar que as importaes permanecem estagnadas at 2006, quando ento o ndice dispara, suplantando o crescimento das exportaes. possvel ver que as exportaes apresentaram uma trajetria de crescimento nitidamente ascendente ao longo do perodo em anlise. Isto sugere que sua contribuio para o crescimento do PIB de Pernambuco no perodo foi claramente positiva. As importaes cresceram 7,2 vezes entre 1998 e 2012, enquanto as exportaes aumentaram em 3,6 vezes. Entre 1998 e 2005 sua expanso (das importaes) foi pequena e claudicante; somente a partir de 2006 um impulso mais forte passa a ser percebido, com o ndice saindo de cerca de 112 para 719 no final da srie.

    GRFICO 3Pernambuco: grau de abertura exportaes e importaes/PIB de Pernambuco(Em nmero-ndice: 1998 = 100)

    800

    700

    600

    500

    400

    300

    200

    100

    1998 201220112010200920082007200620052004200320022001200019990

    Exportao Importao

    Elaborao dos autores.

    (Continuao)

  • 98 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    2 O GRAU DE ABERTURA EXTERNA DA ECONOMIA ESTADUAL

    Identificados alguns comportamentos preliminares das exportaes e das importaes em Pernambuco na ltima dcada, cabe ainda tecer consideraes sobre o peso do comercio externo na economia estadual, por meio do comportamento do ndice referente ao grau de abertura externa.

    A tabela 3 e o grfico 4 ilustram o comportamento do indicador de abertura externa do estado, dado pela soma das exportaes e das importaes dividido pelo PIB, [GAE = (X + M) / PIB] ao longo do perodo 1998-2012. Pode-se avaliar, desse modo, que o peso e a importncia do conjunto das relaes externas na economia local indicam, portanto, a dimenso a que chegou no perodo recente a totalidade das relaes de troca da economia local com o exterior.

    TABELA 3Pernambuco: grau de abertura externa (X + M) / PIB (1998-2012) (Em US$ 1.000 FOB)

    AnoX + M

    (A)PIB(B)

    (A) / (B)(%)

    1998 1.278.430 20.255.700 6,3

    1999 1.001.193 14.082.600 7,1

    2000 1.220.274 15.479.600 7,9

    2001 1.364.069 13.290.500 10,3

    2002 1.163.985 12.104.600 9,6

    2003 1.207.106 12.732.900 9,5

    2004 1.276.322 15.267.000 8,4

    2005 1.591.984 20.296.100 7,8

    2006 1.805.791 25.041.600 7,2

    2007 2.590.639 31.430.500 8,2

    2008 3.398.225 37.970.600 8,9

    2009 2.805.344 39.015.300 7,2

    2010 4.385.168 53.598.000 8,2

    2011 6.733.235 61.876.700 10,9

    2012 7.915.397 56.315.700 14,1

    Fonte: SECEX/MDIC dados brutos.Elaborao dos autores.

    Observa-se que o grau de abertura ao comrcio exterior cresce bastante entre 1998 e 2012, passando de 6,3% do PIB estadual, em 1998, para 14,0%, em 2012. A mdia geral do perodo 1998-2012 foi de 8,8% do seu PIB, sendo que entre 1998-2005 a mdia foi de 7,3% e, no perodo subsequente (2006-2012), atingiu novo patamar, 9,2%. O comrcio exterior, portanto,

  • 99Comrcio Exterior: perfil e dinmica

    vem dando contribuies positivas, ainda que lentas, para a expanso do PIB estadual. verdade que so as importaes, muito mais que as exportaes, as responsveis pelo impulso ao comrcio exterior. Esse padro vem se constituindo, pelo menos, desde os anos 1970. Em trabalho anterior Vergolino e Monteiro Neto (2002, p. 144) j haviam identificado para o perodo 1970-1998 comportamento semelhante. Neste estudo, os autores apontaram para uma mudana de patamar do comrcio exterior (X+M) no estado, que passou de 2,7% do PIB, em 1970, para 6,0%, em 1998. Aqui tambm a expanso total do comrcio internacional foi dada pelo maior volume das importaes frente s exportaes. As importaes, em 1998, haviam crescido quatorze vezes frente ao montante observado em 1970. Por seu turno, as exportaes nos mesmos anos haviam crescido somente quatro vezes.

    De modo sinttico, pode-se apontar que a economia pernambucana vem reagindo aos estmulos de uma economia nacional mais aberta para o exterior neste perodo de mais intensa globalizao econmica. Entretanto, sua ligao com o comrcio internacional se d mais pelas compras de bens e servios realizadas do que por eventuais vendas que se esfora em efetivar.

    De fato, suas vendas internacionais, conquanto tenham crescido em termos reais no perodo 1998-2012, ainda representam frao pouco expressiva das exportaes totais regionais, permanecendo em torno de 7% das vendas internacionais do Nordeste.

    GRFICO 4Pernambuco: grau de abertura total das exportaes e importaes/PIB (Em US$ 1.000 nominal)

    16

    14

    12

    10

    8

    6

    4

    2

    1998 201220112010200920082007200620052004200320022001200019990

    Fonte: PIB em dlar Banco Central; exportao e importao SECEX.Elaborao dos autores.

  • 100 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    3 PERFIL DAS EXPORTAES E DAS IMPORTAES

    3.1 Exportaes

    Um ponto importante deste estudo consiste na investigao do perfil, em termos da intensidade de capital, das exportaes do estado. Trata-se de um aspecto importante na compreenso da explicao da trajetria recente da economia pernambucana. A tabela 4 apresenta, para o ano de 2012, o perfil das exportaes do estado. O subconjunto de produtos classificados como bens de capital apresentou uma participao de 45,4% no total geral, seguido dos intermedirios, com a parcela de 34,0% e, finalmente, dos bens de consumo, com 13,7%. H, portanto, uma presena relevante de bens de maior valor agregado na pauta exportadora estadual que est, contudo, necessitando sofrer alteraes.

    No grfico 5 h outro recorte para o perfil das exportaes, segundo a classificao da Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE). Observa-se que o crescimento absoluto das exportaes foi explicado pelo comportamento das vendas de produtos manufaturados vis--vis os semimanufaturados. A categoria de alimentos e bebidas tem relevncia significativa na pauta exportadora estadual, com 15,6% do total exportado, sendo seguida de perto pelos insumos industriais, estes com 15,7% do total.

    O perfil atual das exportaes pernambucanas apresenta-se como parte do esforo de sua economia para estruturar-se em torno da produo de bens de mais alto valor agregado; a predominncia de bens de capital e de bens intermedirios na pauta exportadora retrata bem esse fenmeno. Na verdade, com sua economia historicamente voltada para a produo e a exportao de cana-de-acar e derivados, a diversificao e a transformao em uma economia com intensidade de industrializao cada vez maior, ajudada inclusive pelos esforos da poltica regional, vem contribuindo para a presente situao no final dos anos 2000.

    TABELA 4Pernambuco: perfil das exportaes estaduais (2012)(Em US$ 1 FOB)

    Exportaes por tipo de uso final 2012 (%)

    Bens de capital 424.566.090 45,4

    Bens de capital (exceto equipamentos de transportes de uso industrial) 424.566.090 45,4

    Equipamentos de transporte de uso industrial - 0,0

    Bens intermedirios 318.461.386 34,1

    Alimentos e bebidas destinados indstria 145.774.775 15,6

    Insumos industriais 146.258.449 15,7

    Peas e acessrios de equipamentos de bens diversos 26.428.162 2,8

    Bens diversos - 0,0

    Bens de consumo 127.837.165 13,7

    Bens de consumo durveis 2.594.560 0,3

    Bens de consumo no durveis 125.242.605 13,4

    (Continua)

  • 101Comrcio Exterior: perfil e dinmica

    Exportaes por tipo de uso final 2012 (%)

    Combustveis e lubrificantes 11.083.310 1,2

    Demais operaes 52.253.727 5,6

    Total 934.201.678 100,0

    Fonte: SECEX/MDIC dados brutos.Elaborao dos autores.

    GRFICO 5Pernambuco: perfil das exportaes (1998-2012)(Em US$ 1.000 FOB)

    1.200.000

    1.000.000

    800.000

    600.000

    400.000

    200.000

    1998 201220112010200920082007200620052004200320022001200019990

    Bsico Industrializados (A+B) Semimanufaturados (A)

    Manufaturados (B) Operaes especiais

    Fonte: SECEX/MDIC.Elaborao dos autores.

    3.2 As firmas exportadoras

    Na tabela 5 esto identificadas as principais empresas responsveis pelas exportaes do estado. A literatura econmica, em geral, afirma que o mercado externo apresenta um perfil nitidamente competitivo. Neste sentido, empresas que produzem e vendem bens e servios ao mercado externo so empresas eficientes na produo e no uso dos fatores e dos insumos de produo.

    A tabela 5 apresenta, ainda, a relao das vendas das empresas exportadoras para os meses de janeiro a agosto dos anos de 2012 e 2013. Trata-se, evidentemente, de uma fotografia, mas ajuda a aquilatar a tipologia das empresas que apresentam maior grau de eficincia e competitividade em Pernambuco.

    Um primeiro aspecto que chama ateno diz respeito ao nmero diversificado de empresas, segundo o ramo de atividade, realizando a atividade de exportao no estado, indicando que o grau de concentrao ao nvel microeconmico razoavelmente baixo,

    (Continuao)

  • 102 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    diferindo em grande medida de outros estados que apresentam valor das exportaes bastante significativo, mas fortemente concentrado em poucas unidades empresariais.

    Observa-se uma relevante presena de unidades empresariais de capital tipicamente local, como so os casos das unidades processadoras de acar; de baterias; de frutas tropicais; e processadoras de pescados e frutos do mar.

    Entretanto, empresas de capital estrangeiro e principalmente as de capital nacional no ramo da petroqumica j surgem com grande potencial exportador na lista das empresas relevantes. Este um comportamento que sinaliza para o perfil produtivo em consolidao no estado: plantas industriais nos ramos da petroqumica e qumica, bem como da automobilstica que, conquanto visam direcionar sua produo, em grande parte, para o mercado nacional, devero tambm contribuir mais vigorosamente para as exportaes estaduais.

    TABELA 5Pernambuco: principais empresas exportadoras (2012 e 2013)(Em US$ 1 FOB)

    Dez principais empresas exportadoras 2013 (jan.-ago.) (%) 2012 (jan.-ago.) (%)

    Cia Petroqumica de Pernambuco 55.232.924 11,5 10.060 0,0

    Terphanel Ltda. 32.579.643 6,8 31.267.715 3,3

    Petrobras Distribuidora S.A. 25.676.464 5,3 25.698.313 2,8

    Usina Central Olho Dgua S.A. 25.330.079 5,3 28.325.730 3,0

    Cia Agroindustrial de Goiana 24.144.517 5,0 19.415.954 2,1

    Acumuladores Moura S.A. 23.913.637 5,0 26.186.935 2,8

    M&G Polmeros Brasil S.A. 23.137.695 4,8 28.849.893 3,1

    Usina Trapiche S.A. 22.003.611 4,6 18.421.624 2,0

    Petrleo Brasileiro S.A. (Petrobras) 17.643.030 3,7 34.929.081 3,7

    Lanxess Elastmeros do Brasil S.A. 13.611.019 2,8 24.592.505 2,6

    Subtotal 263.272.619 54,7 237.697.810 25,4

    Total 481.723.915 100,0 934.201.678 100,0

    Fonte: SECEX/MDIC dados brutos.Elaborao dos autores.

    3.3 Destino das exportaes

    Um dos aspectos mais importantes no processo de investigao das exportaes, em valor, de uma determinada regio, diz respeito origem dos compradores. Embasado nesta informao que possvel traar cenrios prospectivos relativos ao impacto do crescimento das vendas internacionais em relao renda, ao produto e ao emprego da regio exportadora.

    A identificao do destino geogrfico das exportaes de Pernambuco constitui importante mapeamento das economias demandantes das exportaes estaduais,

  • 103Comrcio Exterior: perfil e dinmica

    assim como permite avaliar alteraes possveis de ocorrer nas dinmicas de tais economias nacionais, com impacto nas exportaes estaduais.

    A tabela 6 apresenta os principais destinos das exportaes estaduais. Em um ranking dos vinte principais pases, a China, economia que mais cresce no mundo, encontra-se em 20o lugar. O maior volume de vendas, nos anos mais recentes, se destina a pases latino-americanos e europeus de renda mdia, como Argentina, Venezuela, Espanha e Portugal. So economias que apresentam trajetria de baixo crescimento econmico e, nos casos dos pases europeus citados, estes tambm apresentam problemas de elevados endividamento pblico e crise de confiana dos investidores privados. No mdio e longo prazos, caso uma recuperao econmica no ocorra nestes pases, a demanda por exportveis produzidos em Pernambuco tende, tudo mais constante, a se reduzir.

    Alm disso, os pases compradores de produtos do estado no apresentam perfil de fidelidade s compras; vrios deles no se mantm na lista entre um e outro ano analisados. Ou, quando eles se mantm, suas compras so muito inconstantes nos valores transacionados. Os Estados Unidos, por exemplo, realizaram compras no valor de US$ 68,1 milhes entre janeiro e agosto de 2012, reduzindo suas compras para US$ 58,6 milhes no mesmo perodo de 2013. A Espanha, por sua vez, comprou bens no valor de US$ 31 milhes nos meses iniciais de 2012 e apenas US$ 16,9 milhes nos mesmos meses de 2013.

    luz das informaes apresentadas possvel inferir que a contribuio das exportaes para o resto do mundo na trajetria de crescimento futuro da economia de Pernambuco ser, nos prximos anos, incerta, em razo da situao econmica e poltica dos principais demandantes.

    TABELA 6Pernambuco: principais destinos das exportaes (2012 e 2013)(Em US$ 1 FOB)

    Dez principais destinos 2013 (jan.-ago.) (%) 2012 (jan.-ago.) (%)

    Argentina 87.260.753 18,1 59.179.499 6,3

    Estados Unidos 58.629.436 12,2 68.128.616 7,3

    Portugal 31.252.879 6,5 23.195.132 2,5

    Venezuela 23.561.513 4,9 42.264.583 4,5

    Lbia 22.991.696 4,8 77.077 0,0

    Romnia 19.734.090 4,1 - 0,0

    Espanha 16.922.595 3,5 31.063.160 3,3

    Uruguai 15.194.658 3,2 12.895.531 1,4

    Nigria 13.705.272 2,8 12.125.747 1,3

    Pases Baixos (Holanda) 13.577.145 2,8 423.089.136 45,3

    Subtotal 302.830.037 62,9 672.018.481 71,9

    Total 481.723.915 100,0 934.201.678 100,0

    Fonte: SECEX/MDIC dados brutos.Elaborao dos autores.

  • 104 Capacidades Governativas no Ambiente Federativo Nacional Pernambuco (2000-2012)

    4 PERFIL DAS IMPORTAES

    O principal item das importaes no estado combustveis e lubrificantes, com 42% do total em 2012. O subconjunto dos bens intermedirios forma o segundo item de maior relevncia na pauta importadora, com 32,4% do total. No interior deste ltimo esto os insumos industriais, com compras de US$ 1 bilho (26,5% do total) em 2012.

    As compras de bens importados esto majoritariamente ligadas produo industrial no estado. So bens de uso intermedirio para a indstria, combustveis e bens de capital que perfazem prximo a 90% do total importado.

    TABELA 7Pernambuco: perfil das importaes estaduais (2012)(Em US$ 1 FOB)

    Importaes por tipo de uso final 2012 (%)

    Bens de capital 598.905.032 15,1

    Bens de capital (exceto equipamentos de transportes uso industrial) 575.728.072 14,5

    Equipamentos de transporte de uso industrial 23.176.960 0,6

    Bens inte