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Livro 2 Bullying e Violência nas Escolas Curitiba 2018 Organizadores Josafá da Cunha, Hellen Tsuruda Amaral, Vitor Atsushi Yano, Nathalia Savione Machado

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Livro 2 Bullying e Violência nas Escolas

Curitiba 2018

OrganizadoresJosafá da Cunha, Hellen Tsuruda Amaral, Vitor Atsushi Yano, Nathalia Savione Machado

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© Projeto Aprendendo a Conviver, 2018

Coordenação editorial Josafá Cunha

Preparação Josafá Cunha

Revisão Josafá Cunha

Projeto gráfico do miolo e capa Muto / Design Lab

1ª reimpressão, 2018

Universidade Federal do Paraná

Sistema de Bibliotecas

Coordenaçõo de Processos Técnicos

A654

Aprendendo a conviver, livro 2 : bullying e violência nas

escolas / Organizadores Josafá da Cunha... [et al.]. –

Curitiba : Ed. NEAB-UFPR, 2018.

36 p. : il. (algumas color.)

ISBN 978-85-66278-18-7

Inclui referências e glossário

CDD 371.58

CDU 37.06

1. Bullying nas escolas. 2. Violência na escola. I. Cunha,

Josafá Moreira da. II. Bullying e violência nas escolas

Projeto Aprendendo a Conviver

http://conviver.ufpr.br

[email protected]

Universidade Federal do Paraná

Reitor Prof. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca / Vice-Reitora Profª. Drª. Graciela Inês Bolzón de Muniz / Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. Marco Antonio Ribas Cavalieri Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Dr. Leandro Franklin Gorsdorf / Pró-Reitor de Graduação e Educação Profi ssional Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra / Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça / Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças Prof. Dr. Fernando Marinho Mezzadri / Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Msc. Douglas Ortiz Hamermuller Pró-Reitora de Assuntos Estudantis Profª. Drª. Maria Rita de Assis Cesar / Superintendente de Inclusão, Políticas Afi rmativas e Diversidade Paulo Vinicius Baptista da Silva / Diretora Setor de Educação Profª. Drª. Andrea Caldas / Vice-Diretor Setor de Educação Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta

Aprendendo a Conviver

Coordenador Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe técnica Ana Cristina Bitt encourt / Msc. Ana Moreira Borges de Macedo / Esp. Bianca Nicz Ricci / Eduardo Azevedo / Esp. Elisiane Röper Pescini / Msc. Hellen Tsuruda Amaral / Filipe Martignoni Carneiro / Gabriel Rodrigo Bin / Johnny Gabriel de Oliveira / Prof. Dr. Jonathan Santo / Lucas Tsuruda Amaral / Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta / Matheus do Nascimento Batista / Esp. Nathalia Savione Machado / Msc. Sarah Aline Roza / Prof. Dr. Sérgio JunqueiraMsc. Vitor Atsushi Nozaki Yano

Andrea Carolina Grohs CRB 9/1.384

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Universidade Federal do Paraná

Reitor Prof. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca / Vice-Reitora Profª. Drª. Graciela Inês Bolzón de Muniz / Pró-Reitor de Administração Prof. Dr. Marco Antonio Ribas Cavalieri Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Dr. Leandro Franklin Gorsdorf / Pró-Reitor de Graduação e Educação Profissional Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra / Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça / Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças Prof. Dr. Fernando Marinho Mezzadri / Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Msc. Douglas Ortiz Hamermuller Pró-Reitora de Assuntos Estudantis Profª. Drª. Maria Rita de Assis Cesar / Superintendente de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade Paulo Vinicius Baptista da Silva / Diretora Setor de Educação Profª. Drª. Andrea Caldas / Vice-Diretor Setor de Educação Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta

Aprendendo a Conviver

Coordenador Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe técnica Ana Cristina Bittencourt / Msc. Ana Moreira Borges de Macedo / Esp. Bianca Nicz Ricci / Eduardo Azevedo / Esp. Elisiane Röper Pescini / Msc. Hellen Tsuruda Amaral / Filipe Martignoni Carneiro / Gabriel Rodrigo Bin / Johnny Gabriel de Oliveira / Prof. Dr. Jonathan Santo / Lucas Tsuruda Amaral / Prof. Dr. Marcus Levy Bencosta / Matheus do Nascimento Batista / Esp. Nathalia Savione Machado / Msc. Sarah Aline Roza / Prof. Dr. Sérgio Junqueira Msc. Vitor Atsushi Nozaki Yano

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Apresentação

Considerando o desafio da promoção de ambientes seguros para aprender e ensinar, o

projeto Aprendendo a Conviver oferecerá capacitação a educadores para que reconheçam

e adotem estratégias eficazes para monitoramento e atendimento das múltiplas formas de

violência, preconceito e discriminação no ambiente escolar, com ênfase para o bullying,

a partir da perspectiva da educação e direitos humanos. Esta ação de promoção da

convivência positiva nas escolas é realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),

com apoio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

(SECADI), do Ministério da Educação (MEC).

Esta é uma proposta de educação restaurativa. Uma educação pode fazer a diferença na

restauração de relações entre pessoas, entre instituições, entre grupos sociais e em diversos

outros níveis. A oferta de espaços de convivência para o desenvolvimento e participação

plena é fundamental.

Este projeto existe para gerar contribuições inovadoras para a educação no Paraná e no

Brasil, e somente existe pelo engajamento da equipe, secretarias de educação, e outros

parceiros da iniciativa.

Esp. Nathalia Savione Machado / MsC. Hellen Tsuruda Amaral / MsC. Vitor Atsushi

Nozaki Yano / Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe Coordenação Aprendendo a

Conviver

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Apresentação

Considerando o desafio da promoção de ambientes seguros para aprender e ensinar, o

projeto Aprendendo a Conviver oferecerá capacitação a educadores para que reconheçam

e adotem estratégias eficazes para monitoramento e atendimento das múltiplas formas de

violência, preconceito e discriminação no ambiente escolar, com ênfase para o bullying,

a partir da perspectiva da educação e direitos humanos. Esta ação de promoção da

convivência positiva nas escolas é realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),

com apoio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

(SECADI), do Ministério da Educação (MEC).

Esta é uma proposta de educação restaurativa. Uma educação pode fazer a diferença na

restauração de relações entre pessoas, entre instituições, entre grupos sociais e em diversos

outros níveis. A oferta de espaços de convivência para o desenvolvimento e participação

plena é fundamental.

Este projeto existe para gerar contribuições inovadoras para a educação no Paraná e no

Brasil, e somente existe pelo engajamento da equipe, secretarias de educação, e outros

parceiros da iniciativa.

Esp. Nathalia Savione Machado / MsC. Hellen Tsuruda Amaral / MsC. Vitor Atsushi

Nozaki Yano / Prof. Dr. Josafá Moreira da Cunha / Equipe Coordenação Aprendendo a

Conviver

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Sumário

8 Bullying e Violência nas escolar por Josafá Moreira da Cunha / 35 Glossário

Introdução — Como Melhorar a Convivência Nas Escolas?

Neste livro você aprenderá mais sobre como a convivência em um clima escolar positivo

pode oferecer diversos benefícios para todos, e discutimos o desafio da violência escola.

A seguir, são apresentadas algumas características do bullying nas escolas, incluindo os

fatores de risco e proteção, além do impacto nas pessoas envolvidas. Finalmente, discutimos

características de práticas que podem melhorar efetivamente a convivência nas escolas. Ao

final da leitura, você poderá:

— Identificar as principais características de um clima escolar positivo.

— Explicar o que é bullying, suas formas e características.

— Compreender as características de práticas efetivas para a promoção de climas

escolares positivos.

— Identificar possibilidades para prevenção ao bullying e violência escolar.

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Sumário

8 Bullying e Violência nas escolar por Josafá Moreira da Cunha / 35 Glossário

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Josafá Moreira da Cunha

Bullying e Violência nas Escolas

“Escola da Paz”

Em um dia qualquer, pouco antes dos sinos da escola tocarem anunciando um novo

período de atividades, alunos, professores, funcionários e pais passam pelos corredores

escolares, sob uma faixa onde se lê: “Escola da Paz”. Porém, pouco depois de passar sob

essa faixa, um estudante se dirige ao banheiro para encontrar novamente palavras de ódio

escritas por toda parte. Enquanto isso, caminhando pelo corredor, um funcionário caminha

rapidamente entre alunos que trocam empurrões no alvoroço do início da manhã – ‘é

apenas uma brincadeira de crianças’, pensa para si mesmo. Mais tarde, durante a aula de

educação física, um garoto recebe chutes de colegas após perder um jogo. Mesmo com dor

ele não procura ajuda, pois parece que isto não é um problema para eles, pelo menos é o que

ele percebeu quando tentou procurar auxílio vez após vez, e ouviu conselhos para ignorar o

problema e ‘parar de agir como uma menininha’, que certamente não o ajudaram a sentir-se

mais seguro. Horas depois, o sinal anuncia o final de mais um dia nessa escola.

Enquanto a violência é um dos grandes desafios que mobiliza a atenção da sociedade,

muitas ações que pretendem prevenir ou combater a violência são apenas retóricas e

ineficazes para modificar situações de violência. Muitas crianças e adolescentes não

gostam da escola, e isso pode não estar relacionado a notas baixas, mas com problemas no

relacionamento com colegas, professores e funcionários. Como um espaço que favorece as

trocas interpessoais, a escola é palco de conflitos frequentes no processo de aprendizado e

convivência e, em algumas dessas situações, direitos são violados em situações de violência.

Ser intimidado, assediado e discriminado machuca, e muito. Para muitos estudantes e

educadores, somente passar pelos portões da escola traz expectativa de ataques à própria

pessoa, sem que ninguém saia em sua defesa, seja por ter medo, seja por divertir-se com a

situação ou não saber o que fazer.

1. Convivência no ambiente escolar

A cada dia letivo, milhões de crianças e adolescentes são enviados para a escola, um

contexto relevante não só para o desenvolvimento intelectual dos estudantes por meio da

aprendizagem de conteúdos acadêmicos, mas também para a aprendizagem dos valores

e modos de vida do ambiente social em que a escola se insere. Neste contexto, a violência

é um problema grave e relevante (SPOSITO; GALVÃO, 2004), diante do qual a escola e a

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“Escola da Paz”

Em um dia qualquer, pouco antes dos sinos da escola tocarem anunciando um novo

período de atividades, alunos, professores, funcionários e pais passam pelos corredores

escolares, sob uma faixa onde se lê: “Escola da Paz”. Porém, pouco depois de passar sob

essa faixa, um estudante se dirige ao banheiro para encontrar novamente palavras de ódio

escritas por toda parte. Enquanto isso, caminhando pelo corredor, um funcionário caminha

rapidamente entre alunos que trocam empurrões no alvoroço do início da manhã – ‘é

apenas uma brincadeira de crianças’, pensa para si mesmo. Mais tarde, durante a aula de

educação física, um garoto recebe chutes de colegas após perder um jogo. Mesmo com dor

ele não procura ajuda, pois parece que isto não é um problema para eles, pelo menos é o que

ele percebeu quando tentou procurar auxílio vez após vez, e ouviu conselhos para ignorar o

problema e ‘parar de agir como uma menininha’, que certamente não o ajudaram a sentir-se

mais seguro. Horas depois, o sinal anuncia o final de mais um dia nessa escola.

Enquanto a violência é um dos grandes desafios que mobiliza a atenção da sociedade,

muitas ações que pretendem prevenir ou combater a violência são apenas retóricas e

ineficazes para modificar situações de violência. Muitas crianças e adolescentes não

gostam da escola, e isso pode não estar relacionado a notas baixas, mas com problemas no

relacionamento com colegas, professores e funcionários. Como um espaço que favorece as

trocas interpessoais, a escola é palco de conflitos frequentes no processo de aprendizado e

convivência e, em algumas dessas situações, direitos são violados em situações de violência.

Ser intimidado, assediado e discriminado machuca, e muito. Para muitos estudantes e

educadores, somente passar pelos portões da escola traz expectativa de ataques à própria

pessoa, sem que ninguém saia em sua defesa, seja por ter medo, seja por divertir-se com a

situação ou não saber o que fazer.

1. Convivência no ambiente escolar

A cada dia letivo, milhões de crianças e adolescentes são enviados para a escola, um

contexto relevante não só para o desenvolvimento intelectual dos estudantes por meio da

aprendizagem de conteúdos acadêmicos, mas também para a aprendizagem dos valores

e modos de vida do ambiente social em que a escola se insere. Neste contexto, a violência

é um problema grave e relevante (SPOSITO; GALVÃO, 2004), diante do qual a escola e a

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sociedade não podem ser ambíguas, punindo severamente algumas expressões desta, como

pichações, e tolerando diariamente outras, como o racismo e a homofobia, que por muitas

vezes são utilizados implicitamente para ‘justificar’ a vitimização sistemática de indivíduos

e grupos. Entender como o ambiente das escolas influência estudantes e outras pessoas

nesse ambiente é útil para entender diversas das desigualdades observadas nas escolas

brasileiras (FRANCO et al., 2007; ALVES, FRANCO, 2008; OLIVEIRA et al., 2013). Esse é um

tópico de interesse para todos os que se interessam pela promoção de escolas inclusivas e

seguras, onde todos os estudantes tenham oportunidades equitativas para desenvolver seu

potencial.

Para promover escolas seguras, em que a convivência positiva seja assegurada, não é

suficiente concentrar-se nos aspectos negativos. Ou seja, um ambiente escolar 'livre de

bullying' não é necessariamente um ambiente onde ocorrem interações positivas, como

amizades e relações de apoio e confiança entre membros da escola. Deste modo, para

promover a convivência positiva é preciso ir além da eliminação da violência. É preciso

garantir que os valores e princípios dos direitos humanos sejam integrados em cada aspecto

da vida escolar: ambiente, currículo, relacionamentos, e gestão. Investir na melhoria de

cada uma dessas áreas é fundamental para promoção de uma escola melhor para todas

as pessoas.

1.1. Clima escolar positivo

Como analisar a convivência nas escolas? Há muitas abordagens diferentes na pesquisa e

teoria sobre a influência dos ambientes escolares, porém uma das abordagens chave para

entender a convivência avalia o clima escolar das escolas (THAPA et al., 2013; VINHA et

al., 2016). O clima escolar se refere à atmosfera social no contexto da escola e, a partir

de estudos sobre o funcionamento da família (BAUMRIND, 1971; LAMBORN et al., 1991),

e do ambiente escolar (CORNELL; SHUKLA; KONOLD, 2015), duas características do

contexto se destacaram como fundamentais para compreender esse contexto: a exigência e

responsividade, também chamadas de suporte e estrutura disciplinar.

O suporte, ou responsividade, refere-se a como a escola, por meio de políticas e relações, são

responsivas às necessidades dos estudantes. A estrutura disciplinar refere-se a clareza das

expectativas e regras, e aplicação destas de forma justa no cotidiano escolar. A combinação

de tais fatores está associada a melhores indicadores de interação social no ambiente

escolar, como a menor vitimização de estudantes (CORNELL; SHUKLA; KONOLD, 2015) e

também menos ações agressivas contra professores (GREGORY; CORNELL; FAN, 2012), com

impactos positivos incluindo a redução de comportamentos de risco (CORNELL; HUANG,

2016) e maior engajamento e desempenho acadêmico entre estudantes (CORNELL; SHUKLA;

KONOLD, 2016).

2. Violência escolar

A violência, como abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, pode

manifestar-se em diversos níveis, até mesmo por meio da violência institucional, cometida

por agentes e processos institucionais causando prejuízo a pessoas ou grupos.

Ao considerar as principais formas de violências contra crianças e adolescentes, há sete

tipos principais de violência interpessoal que tendem a ocorrer em diferentes estágios do

desenvolvimento:

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escolar, como a menor vitimização de estudantes (CORNELL; SHUKLA; KONOLD, 2015) e

também menos ações agressivas contra professores (GREGORY; CORNELL; FAN, 2012), com

impactos positivos incluindo a redução de comportamentos de risco (CORNELL; HUANG,

2016) e maior engajamento e desempenho acadêmico entre estudantes (CORNELL; SHUKLA;

KONOLD, 2016).

2. Violência escolar

A violência, como abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, pode

manifestar-se em diversos níveis, até mesmo por meio da violência institucional, cometida

por agentes e processos institucionais causando prejuízo a pessoas ou grupos.

Ao considerar as principais formas de violências contra crianças e adolescentes, há sete

tipos principais de violência interpessoal que tendem a ocorrer em diferentes estágios do

desenvolvimento:

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Maus-tratos

Envolve a violência física, sexual ou psicológica, e negligência de crianças e adolescentes por seus pais, cuidadores, membros da equipe escolar, ou outras figuras de autoridade. Inclui o uso de punições corporais e psicológicas.

Bullying

É um comportamento intencional em que agressões físicas, psicológicas ou sociais são feitas por pares contra colegas que não tem condições de defender-se com facilidade devido a um desequilíbrio de poder. Ocorre nas escolas, e também em outros ambientes em que crianças e adolescentes se reúnem. Ao envolver o uso de tecnologias de informação e comunicação, é denominado cyberbullying.

Violência JuvenilOcorre em contextos comunitários entre conhecidos ou estranhos, incluindo ataques físicos com ou sem armas, podendo envolver a violência com gangues.

Violência Física

Ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal, ou que lhe cause sofrimento físico, incluindo forma de agressão física com a intenção de ferir.

ViolênciaInclui o abuso verbal e emocional, incluindo a discriminação, constrangimento, isolamento, agressão verbal e punição psicológica.

Violência SexualIntimidação de natureza sexual, assédio sexual, toques inadequados, estupro e exposição do corpo, inclusive em foto ou vídeo por meios eletrônicos.

Fontes: Lei 13.431/2017, UNESCO (2017).

Maus Tratos

bullying

Violência Juvenil

Violência de Parceiro Íntimo

Violência Sexual

Violência Física

Violência Psicológica

<5 5~10 11~17 18+

Figura 1. Tipos de violência por faixa etária afetada

E quando consideramos a violência escolar, esta pode incluir especialmente os maus-tratos,

violência física, psicológica, sexual e institucional, sendo perpetrada por estudantes, professores,

e outros membros da equipe escolar. A violência nas escolas tem um impacto expressivo no

sistema educacional brasileiro (SPOSITO; GALVÃO, 2004), sendo que uma evidência sobre

este fenômeno é o clima de insegurança percebido em algumas escolas. Destaca-se, assim, a

importância da prevenção de múltiplas formas de violência que são menosprezadas ou não são

sequer consideradas como formas de agressão de acordo com o senso comum, sendo que as ações

discriminatórias perpetradas no contexto escolar encaixa-se neste grupo de comportamentos

subvalorizados por serem considerados como normativos ou inofensivos. A violência, seja na

comunidade, na família ou na escola deve ser enfrentada em todas as suas formas.

Escola

Caminhopra escola

Casa

Comunidade

Ciberespaço

Figura 2. Onde ocorre a violência? / Fonte: UNESCO e UN Women (2016)

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Maus Tratos

bullying

Violência Juvenil

Violência de Parceiro Íntimo

Violência Sexual

Violência Física

Violência Psicológica

<5 5~10 11~17 18+

Figura 1. Tipos de violência por faixa etária afetada

E quando consideramos a violência escolar, esta pode incluir especialmente os maus-tratos,

violência física, psicológica, sexual e institucional, sendo perpetrada por estudantes, professores,

e outros membros da equipe escolar. A violência nas escolas tem um impacto expressivo no

sistema educacional brasileiro (SPOSITO; GALVÃO, 2004), sendo que uma evidência sobre

este fenômeno é o clima de insegurança percebido em algumas escolas. Destaca-se, assim, a

importância da prevenção de múltiplas formas de violência que são menosprezadas ou não são

sequer consideradas como formas de agressão de acordo com o senso comum, sendo que as ações

discriminatórias perpetradas no contexto escolar encaixa-se neste grupo de comportamentos

subvalorizados por serem considerados como normativos ou inofensivos. A violência, seja na

comunidade, na família ou na escola deve ser enfrentada em todas as suas formas.

Escola

Caminhopra escola

Casa

Comunidade

Ciberespaço

Figura 2. Onde ocorre a violência? / Fonte: UNESCO e UN Women (2016)

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3. Bullying

Ao redor do mundo, mais de 1 a cada 3 estudantes sofrem bullying frequentemente, sendo

que dados indicam que 43% de meninos e meninas do 6º ano (11 e 12 anos) disseram que

sofreram bullying nos últimos meses (UNICEF, 2017). Eles foram roubados, insultados,

ameaçados, agredidos fisicamente ou maltratados. No entanto, muitos desses episódios

de violência não recebem atenção por parte da escola, família ou comunidade, e assim o

ciclo de violência se mantém. Isso se deve, em parte, a falta de compreensão sobre o que é

bullying, e suas características. Mas então, o que é bullying?

Bullying e Violência na Escola

Violência na escola Inclui a violência

física, psicológica, sexual e institucional.

É perpetrada por estudantes,

professores, e outros membros da

equipe escolar.

Bullying É uma forma de violência. É um

comportamento intencional e agressivo

que ocorre repetidamente contra uma

vítima que não tem condições devido a

um desequilíbrio de poder.

Uma definição amplamente utilizada do bullying indica que este é:

— Um comportamento agressivo e negativo – incluindo tanto comportamentos físicos

quanto verbais;

— Que ocorre repetidamente ao longo do tempo;

— Em um relacionamento caracterizado por um desequilíbrio de força e poder (OLWEUS, 1993).

Desequilíbriode poder

Bullying

Agressivo eintencional

Repetido

Deste modo, o bullying pode ser entendido como uma forma de violência em que uma

pessoa é alvo de agressões de forma negativa e repetida, sem ter condições de defender-se

com facilidade. Porém, na prática, o bullying pode ser mais complexo e variado, já que as

ações agressivas podem ser perpetradas de inúmeras maneiras. Por exemplo, muitas dessas

ações são sutis, indiretas, e podem não apresentar um desequilíbrio de poder aparente, e até

mesmo envolver um único incidente de vitimização entre pares.

Deste modo, é preciso estar atento para agir diante de qualquer ação com a intenção de ferir

outra pessoa, física ou psicologicamente, que pode ocorrer diante da pessoa que é alvo de

ações agressivas ou de forma oculta. O bullying pode ser circunstancial ou crônico, ou seja,

pode ocorrer por períodos curtos ou longos, e um estudante pode ser vitimizado por apenas

um colega ou por vários e, ao aguardar para intervir, adultos podem permitir que a situação

piore para todos os envolvidos.

Em outras palavras, é preciso estar atento para intervir diante de situações de agressão

física ou emocional, pois nessas situações adultos podem não saber se esse comportamento

é crônico ou se existe um desequilíbrio de poder. E embora a reação possa variar de acordo

com o nível de gravidade de cada situação, a ação de professores e outros membros da

comunidade demonstra aos estudantes que a violência é inaceitável, e que a escola se

importa com a segurança e bem estar de todas as pessoas.

O bullying tem sido consistentemente associado a diversos problemas, com impactos

negativos na saúde física, mental, e vida escolar. No nível individual, a vitimização tem sido

positivamente associada a diversos problemas entre os envolvidos, incluindo depressão e

pensamentos suicidas (CUNHA, 2009), maior probabilidade de encaminhamento para

serviços de saúde por problemas psiquiátricos (KUMPULAINEN et al., 2001), delinquência

e abuso de substâncias (MITCHEL; YBARRA; FINKELHOR, 2007), desempenho escolar

prejudicado (NAKAMOTO; SCHWARTZ, 2010), dentre outras dificuldades. Não é difícil

defender a posição de que tais comportamentos representam um risco para todos os

envolvidos.

3.1. Como ocorre

De que formas a vitimização e bullying entre pares acontecem? Frequentemente, a forma

de agressão que é identificada com maior facilidade são os ataques diretos, ou seja, que

ocorrem na presença da pessoa como, por exemplo, chutes e socos, ou ataques verbais.

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Deste modo, o bullying pode ser entendido como uma forma de violência em que uma

pessoa é alvo de agressões de forma negativa e repetida, sem ter condições de defender-se

com facilidade. Porém, na prática, o bullying pode ser mais complexo e variado, já que as

ações agressivas podem ser perpetradas de inúmeras maneiras. Por exemplo, muitas dessas

ações são sutis, indiretas, e podem não apresentar um desequilíbrio de poder aparente, e até

mesmo envolver um único incidente de vitimização entre pares.

Deste modo, é preciso estar atento para agir diante de qualquer ação com a intenção de ferir

outra pessoa, física ou psicologicamente, que pode ocorrer diante da pessoa que é alvo de

ações agressivas ou de forma oculta. O bullying pode ser circunstancial ou crônico, ou seja,

pode ocorrer por períodos curtos ou longos, e um estudante pode ser vitimizado por apenas

um colega ou por vários e, ao aguardar para intervir, adultos podem permitir que a situação

piore para todos os envolvidos.

Em outras palavras, é preciso estar atento para intervir diante de situações de agressão

física ou emocional, pois nessas situações adultos podem não saber se esse comportamento

é crônico ou se existe um desequilíbrio de poder. E embora a reação possa variar de acordo

com o nível de gravidade de cada situação, a ação de professores e outros membros da

comunidade demonstra aos estudantes que a violência é inaceitável, e que a escola se

importa com a segurança e bem estar de todas as pessoas.

O bullying tem sido consistentemente associado a diversos problemas, com impactos

negativos na saúde física, mental, e vida escolar. No nível individual, a vitimização tem sido

positivamente associada a diversos problemas entre os envolvidos, incluindo depressão e

pensamentos suicidas (CUNHA, 2009), maior probabilidade de encaminhamento para

serviços de saúde por problemas psiquiátricos (KUMPULAINEN et al., 2001), delinquência

e abuso de substâncias (MITCHEL; YBARRA; FINKELHOR, 2007), desempenho escolar

prejudicado (NAKAMOTO; SCHWARTZ, 2010), dentre outras dificuldades. Não é difícil

defender a posição de que tais comportamentos representam um risco para todos os

envolvidos.

3.1. Como ocorre

De que formas a vitimização e bullying entre pares acontecem? Frequentemente, a forma

de agressão que é identificada com maior facilidade são os ataques diretos, ou seja, que

ocorrem na presença da pessoa como, por exemplo, chutes e socos, ou ataques verbais.

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No entanto, especialmente a partir da adolescência, emerge o uso de formas indiretas de

agressão, em que os ataques não são feitos diretamente ao alvo, como por exemplo por

meio de fofocas ou exclusão intencional de grupos (CRICK; GROETPETER, 1995), sendo que

a identifi cação destas formas de agressão pode ser mais desafi adora.

Quanto aos tipos de estratégias usadas para perpetrar o bullying, podemos destacar

estratégias físicas, verbais e relacionais:

Físico Visa causar danos físicos como chutes, socos, cuspes, e empurrões.

ou emocionais, pegando as coisas de algum colega contra a vontade

dele.

Verbal Ataques de natureza verbal como por exemplo xingamentos,

ameaças com palavras, comentários sexuais.

Relacional Agride a reputação e relacionamentos da pessoa, e pode ocorrer

de formas bastante sutis, como por meio de fofocas ou exclusão de grupos.

Assim como variadas formas de agressão podem ser utilizadas na vitimização entre pares,

diversos espaços sociais podem ser palco dessas interações. A vitimização pode acontecer

ao vivo, em espaços como as escolas ou abrigos, mas de forma virtual, utilizando o telefone

ou redes sociais na internet, ou seja, pode acontecer por meio do espaço virtual, no que tem

sido reconhecido como "cyberbullying" ou “cyberagressão”, defi nido pelo uso da tecnologia

de informação e comunicação para perpetrar ações agressivas contra outros (WENDT;

LISBOA, 2013; OLWEUS, 2012), como o envio de mensagens provocativas via celular, a

inclusão de fotos distorcidas em sites, insultos ou boatos espalhados online. Alguns dos

meios em que o cyberbullying pode ocorrer incluem:

— Mensagens eletrônicas (e-mail)

— Mídias sociais, como Facebook, Instagram, Snapchat.

— Jogos Virtuais, como League of Legends (LOL).

Com a evolução da Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e aumento do uso destas

por crianças e adolescentes, mais e mais conteúdos pessoais são distribuídos em mídias

sociais e ambientes online, formando um registro virtual das atividades e comportamentos

individuais. O cyberbullying representa um risco específi co nesse contexto, pois:

— A informação digital é permanente. Os dados trocados em plataformas digitais

permanecem arquivados, e podem afetar a vida dos envolvidos muito mais tarde.

— Efeitos imediatos e persistentes. As redes de tecnologia estão em funcionamento 24

horas por dia, tornando mais difícil a busca de alívio para alguém que seja alvo de

cyberbullying.

— Mais difícil de notar. Embora a informação digital permaneça arquivada, pais

e professores podem não estar cientes da difi culdade, e não intervir. Por vezes, o

cyberbullying envolve ameaças de divulgar informações para familiares e outros

membros da comunidade, difi cultando ainda mais a busca de apoio.

TIC Kids Online Brasil

A Pesquisa TIC Kids Online Brasil oferece um mapa de possíveis riscos e

oportunidades online relacionados aos usos que crianças e adolescentes de 9

a 17 anos de idade fazem da Internet. Visa entender a percepção de jovens em

relação à segurança on-line, bem como delinear as práticas de mediação de pais e

responsáveis relacionadas ao uso da Internet.

Para saber mais, visite htt p://cetic.br/pesquisa/kids-online/

3.2. Quais papéis estudantes assumem em episódios de bullying?

Ao abordar os papéis que estudantes desempenham em situações de bullying, é importante

evitar o uso de rótulos, como “perpetradores”, “agressores”, ou “vítimas”, pois o uso desses

rótulos pode ter consequências como (1) reforçar a mensagem de que o comportamento do

estudante não pode mudar, (2) não compreender as diversas formas de envolvimento em

episódios de bullying, e (3) deixar de abordar fatores do contexto que podem infl uenciar esses

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Com a evolução da Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e aumento do uso destas

por crianças e adolescentes, mais e mais conteúdos pessoais são distribuídos em mídias

sociais e ambientes online, formando um registro virtual das atividades e comportamentos

individuais. O cyberbullying representa um risco específico nesse contexto, pois:

— A informação digital é permanente. Os dados trocados em plataformas digitais

permanecem arquivados, e podem afetar a vida dos envolvidos muito mais tarde.

— Efeitos imediatos e persistentes. As redes de tecnologia estão em funcionamento 24

horas por dia, tornando mais difícil a busca de alívio para alguém que seja alvo de

cyberbullying.

— Mais difícil de notar. Embora a informação digital permaneça arquivada, pais

e professores podem não estar cientes da dificuldade, e não intervir. Por vezes, o

cyberbullying envolve ameaças de divulgar informações para familiares e outros

membros da comunidade, dificultando ainda mais a busca de apoio.

TIC Kids Online Brasil

A Pesquisa TIC Kids Online Brasil oferece um mapa de possíveis riscos e

oportunidades online relacionados aos usos que crianças e adolescentes de 9

a 17 anos de idade fazem da Internet. Visa entender a percepção de jovens em

relação à segurança on-line, bem como delinear as práticas de mediação de pais e

responsáveis relacionadas ao uso da Internet.

Para saber mais, visite http://cetic.br/pesquisa/kids-online/

3.2. Quais papéis estudantes assumem em episódios de bullying?

Ao abordar os papéis que estudantes desempenham em situações de bullying, é importante

evitar o uso de rótulos, como “perpetradores”, “agressores”, ou “vítimas”, pois o uso desses

rótulos pode ter consequências como (1) reforçar a mensagem de que o comportamento do

estudante não pode mudar, (2) não compreender as diversas formas de envolvimento em

episódios de bullying, e (3) deixar de abordar fatores do contexto que podem influenciar esses

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episódios. Ao invés disso, é mais adequado referir-se ao “estudante que foi agredido”, ou “a

pessoa que agrediu o outro”. Ou seja, o foco é a mudança do comportamento inadequado.

Como o bullying é um problema relacional, cada estudante pode assumir diferentes papéis

nessas situações, que afetam de alguma forma estudantes que são agredidos, sendo que

aqueles que se envolvem no bullying frequentemente se envolvem de modos diversos. Por

exemplo, a mesma criança pode agredir colegas em um momento, e defender seus pares

em outro, sendo importante compreender esses papéis para ajudar todos os envolvidos a se

desligarem do ciclo de agressões (OLWEUS, 2001).

Figura 3. O Círculo do Bullying

Papel Características

Agressor Assume um papel ativo, iniciando a agressão. Muitas vezes, precisam de apoio para mudar o comportamento, e adotar estratégias não-violentas para lidar com os confl itos.

Seguidor Assume um papel ativo, mas não inicia a agressão. Além de receber apoio quando são agredidas, podem precisar de ajuda para aprender a responder ao bullying de forma apropriada.

Apoiador Apoia o bullying, mas não agride diretamente. Com risadas, ou encorajamento aberto ajudam a manter o ciclo do bullying.

Espectador Observa o que ocorre, mas não se posiciona. Muitas vezes, querem ajudar os colegas que estão sendo vitimizados, mas não sabem como.

Possível Defensor Não gosta do bullying, e pensa que deveria ajudar, mas não ajuda. Pode temer as consequências de envolver-se, ou não saber como ajudar.

Defensor Não gosta do bullying, e tenta ajudar o colega que está sendo agredido. É importante reforçar este papel como modelo positivo.

Alvo / Vítima Recebe os ataques, e pode também adotar estratégias para defender-se.

Fonte: Adaptado de Olweus (2001)

O “círculo do bullying” destaca as diferentes formas como as pessoas podem reagir

ou participar do bullying, sendo que esses papéis são dinâmicos e mesmo aqueles que

aparentemente estão ‘passivos’ apoiam a manutenção desse ciclo, seja por observar

ataques de forma passiva, ou por participar ativamente dos ataques. E embora pareça

que espectadores não infl uenciam situações de bullying, sua passividade reforça o

comportamento dos agressores ao passar a mensagem de que aquele ato violento é aceitável

de alguma forma (O’CONNELL; PEPLER; CRAIG, 1999). Ou seja, embora a passividade dos

Agressor(es)

Alvo(s)/Vítima(s)

Defensor(es)

Seguidor(es)

Apoiador(es) Observador(es)

Possíveis defensor(es)

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Papel Características

Agressor Assume um papel ativo, iniciando a agressão. Muitas vezes, precisam de apoio para mudar o comportamento, e adotar estratégias não-violentas para lidar com os conflitos.

Seguidor Assume um papel ativo, mas não inicia a agressão. Além de receber apoio quando são agredidas, podem precisar de ajuda para aprender a responder ao bullying de forma apropriada.

Apoiador Apoia o bullying, mas não agride diretamente. Com risadas, ou encorajamento aberto ajudam a manter o ciclo do bullying.

Espectador Observa o que ocorre, mas não se posiciona. Muitas vezes, querem ajudar os colegas que estão sendo vitimizados, mas não sabem como.

Possível Defensor Não gosta do bullying, e pensa que deveria ajudar, mas não ajuda. Pode temer as consequências de envolver-se, ou não saber como ajudar.

Defensor Não gosta do bullying, e tenta ajudar o colega que está sendo agredido. É importante reforçar este papel como modelo positivo.

Alvo / Vítima Recebe os ataques, e pode também adotar estratégias para defender-se.

Fonte: Adaptado de Olweus (2001)

O “círculo do bullying” destaca as diferentes formas como as pessoas podem reagir

ou participar do bullying, sendo que esses papéis são dinâmicos e mesmo aqueles que

aparentemente estão ‘passivos’ apoiam a manutenção desse ciclo, seja por observar

ataques de forma passiva, ou por participar ativamente dos ataques. E embora pareça

que espectadores não influenciam situações de bullying, sua passividade reforça o

comportamento dos agressores ao passar a mensagem de que aquele ato violento é aceitável

de alguma forma (O’CONNELL; PEPLER; CRAIG, 1999). Ou seja, embora a passividade dos

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espectadores pareça neutra, pode reforçar os atos de violência de estudantes que agridem

a outros, uma vez que o silêncio destes pode ser interpretado pelos autores como afi rmação

de sua força. Deste modo, é preciso envolver todas as pessoas na comunidade na quebra do

ciclo vicioso do bullying.

E não sobrou ninguém ...

Um dia vieram e levaram meu vizinho, que era judeu...

Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.

Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram.

E já não havia mais ninguém para reclamar…

Martin Niemöller

3.3. Motivos

Motivos da Violência Escolar e Bullying

Gênero Pobreza oustatus social

Diferenças étnicas,linguísticas ou culturais

(incluindo migrantes ou refugiados)

Aparência física Orientação sexual,identidade e expressão

de gênero

Fonte: UNESCO (2016)

E embora qualquer estudante possa ser alvo de bullying, alguns apresentam riscos maiores,

associados a aspectos individuais ou dos grupos sociais a que pertencem, e que diferem

de alguma forma dos padrões majoritários. Essas características incluem aspectos como a

aparência física (LEVANDOSKI, CARDOSO, 2013), etnia-raça (FARIS; ENNETT, 2012), gênero

(BANDEIRA, HUTZ, 2012), a orientação sexual (ABGLT, 2017; ALEXANDER et al., 2011), o

nível socioeconômico (TIPPETT; WOLKE, 2014) ou ter necessidades educativas especiais

(THOMPSON; WHITNEY; SMITH, 1994), sendo que o pertencimento a esses grupos pode

aumentar o risco de sofrer bullying.

3.4. Fatores de Risco e Proteção

Diversos aspectos individuais, familiares, escolares e comunitários podem infl uenciar o

bullying e a violência escolar. Os fatores podem variar de acordo com o contexto e situação.

sendo que em cada nível há oportunidades para mudanças e melhorias, exigindo uma

análise cuidadosa do contexto local durante a elaboração de planos de ação.

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E embora qualquer estudante possa ser alvo de bullying, alguns apresentam riscos maiores,

associados a aspectos individuais ou dos grupos sociais a que pertencem, e que diferem

de alguma forma dos padrões majoritários. Essas características incluem aspectos como a

aparência física (LEVANDOSKI, CARDOSO, 2013), etnia-raça (FARIS; ENNETT, 2012), gênero

(BANDEIRA, HUTZ, 2012), a orientação sexual (ABGLT, 2017; ALEXANDER et al., 2011), o

nível socioeconômico (TIPPETT; WOLKE, 2014) ou ter necessidades educativas especiais

(THOMPSON; WHITNEY; SMITH, 1994), sendo que o pertencimento a esses grupos pode

aumentar o risco de sofrer bullying.

3.4. Fatores de Risco e Proteção

Diversos aspectos individuais, familiares, escolares e comunitários podem influenciar o

bullying e a violência escolar. Os fatores podem variar de acordo com o contexto e situação.

sendo que em cada nível há oportunidades para mudanças e melhorias, exigindo uma

análise cuidadosa do contexto local durante a elaboração de planos de ação.

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Proteção Risco

IndividualFatores biológicos, história pessoal, características demográficas

Autoconceito positivo.Competência social. Consciência sobre direitos

Algumas formas de bullying variam de acordo com o sexo, idade, etnia ou deficiência. Nível educacional e socioeconômico baixo. Experiências anteriores com a violência (testemunha, vítima, perpetrador), em especial se não houve resolução.

FamíliaFamília e outras relações sociais próximas

Comunicação positiva e afeto. Envolvimento dos pais. Estabelecer expectativas claras e coerentes. Modelos positivos para a resolução de conflitos.

Violência doméstica. Uso de estratégias disciplinares abusivas. Práticas parentais inconsistentes - liberais demais, ou severas demais. Conflitos familiares, e como são trabalhados, servem como modelo.

EscolaFatores de nível escolar

Amizades com pares. Clima escolar positivo. Conhecimento sobre bullying e suas consequências. Adoção de estratégias para prevenir, identificar e abordar incidentes de bullying. Formação da equipe para abordar e prevenir o bullying. Currículo e métodos de ensino promovem relações saudáveis e não-violentas.

Mecanismos de supervisão inadequados, podendo haver professores e outros profissionais praticando abusos e violência com impunidade. Falta de espaços físicos seguros e acolhedores na escola. Estratégias disciplinares e de ensino que reforçam a violência.

ComunidadeNormas sociais e fatores comunitários

Serviços acessíveis para oferecer suporte adequado a vítimas de violência, incluindo serviços sociais e de saúde. Articulação da rede de proteção dos direitos de crianças e adolescentes.

Tolerância de violência física, psicológica, e sexual na comunidade. Exposição a modelos de violência no dia-a-dia e na mídia. Valores que apoiam o preconceito e discriminação. Normas sociais que desencorajam a denúncia de violência, e até mesmo punem os que pedem ajuda. Respostas institucionais fracas por parte dos serviços de justiça e segurança.

SociedadeFatores sociais amplos, que criam um clima aceitável para a violência

Legislação combatendo a violência contra crianças e adolescentes. Políticas públicas para prevenção da violência escolar

Persistência de valores que apoiam a violência, como o racismo. Insegurança social. Corrupção e impunidade. Altos níveis de desigualdade e exclusão. Altos níveis de corrupção.

fontes: elaborado a partir de alexander et al. (2011); cunha (2009); cunha (2013); cunha; weber (2008); delay et al.

(2013); fekkes, pijpers, verloove-vanhorick (2004); hong; espelage (2012); kochenderfer-ladd; pelletier (2008); smith,

(2006); yoon; barton (2008).

3.4.1. Escola

A escola é espaço privilegiado para as relações entre pares, e sua configuração está

associada à vitimização. Quando crianças e adolescentes consideram as regras da escola

justas, claras e inclusivas, envolvem-se menos em vitimização, além de relatarem maior

apreço pela escola. Quando a escola estabelece limites e consequências adequadas para

o comportamento dos alunos, inclusive cerceando abusos, cria-se um contexto onde

cada estudante pode desenvolver seu potencial, respeitando a diversidade. No entanto, a

escola também pode favorecer a vitimização ao reforçar crenças aprovando a agressão,

promovendo um clima escolar de hostilidade e com pouco apoio entre pares.

Para enfatizar ainda mais a relevância de pensar no problema da vitimização com foco

não só no indivíduo, mas também no contexto, vale refletir sobre a ilustração proposta

por Zimbardo (2007), que descreve o caso de um barril que continua a ter maçãs podres

por um longo tempo. Mesmo quando as maçãs ‘problemáticas’ são retiradas, após breves

intervalos ‘sem problemas’, logo surgem novas maçãs podres que são então descartadas.

Este ciclo tem potencial de repetir-se até o momento em que se resolve parar de culpar as

maçãs e sua natureza e examinar o barril, atentando para os processos de produção. Desta

maneira, comportamentos antissociais estão intrinsecamente ligados aos contextos em que

ocorrem (Zimbardo, 2004). No caso em questão, é preciso revisar de forma crítica aspectos

da própria instituição escolar que podem estar associadas ao bullying e outras formas de

violência.

3.4.2. Comunidade e cultura

É oportuno refletir sobre os motivos pelos quais crianças e jovens se envolvem em situações

de violência no espaço escolar. Ao invés de rotular as vítimas ou os agressores como

maus e incapazes, enfatizando fatores individuais relacionados a este comportamento,

uma possibilidade para abordar esta questão seria considerar os fatores do contexto

relacionados à aprendizagem e manutenção destes padrões de comportamento. O bullying

em ambientes escolares, reflete desigualdades presentes na sociedade, onde aqueles que

adotam estratégias coercitivas de forma mais eficiente passam a ter acesso a mais recursos,

embora o prejuízo seja inevitável para todos.

E não é demais relembrar algo que pode parecer óbvio: a violência não está restrita aos

muros da escola, e está certamente relacionada ao contexto social em que se insere. Isto

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3.4.1. Escola

A escola é espaço privilegiado para as relações entre pares, e sua configuração está

associada à vitimização. Quando crianças e adolescentes consideram as regras da escola

justas, claras e inclusivas, envolvem-se menos em vitimização, além de relatarem maior

apreço pela escola. Quando a escola estabelece limites e consequências adequadas para

o comportamento dos alunos, inclusive cerceando abusos, cria-se um contexto onde

cada estudante pode desenvolver seu potencial, respeitando a diversidade. No entanto, a

escola também pode favorecer a vitimização ao reforçar crenças aprovando a agressão,

promovendo um clima escolar de hostilidade e com pouco apoio entre pares.

Para enfatizar ainda mais a relevância de pensar no problema da vitimização com foco

não só no indivíduo, mas também no contexto, vale refletir sobre a ilustração proposta

por Zimbardo (2007), que descreve o caso de um barril que continua a ter maçãs podres

por um longo tempo. Mesmo quando as maçãs ‘problemáticas’ são retiradas, após breves

intervalos ‘sem problemas’, logo surgem novas maçãs podres que são então descartadas.

Este ciclo tem potencial de repetir-se até o momento em que se resolve parar de culpar as

maçãs e sua natureza e examinar o barril, atentando para os processos de produção. Desta

maneira, comportamentos antissociais estão intrinsecamente ligados aos contextos em que

ocorrem (Zimbardo, 2004). No caso em questão, é preciso revisar de forma crítica aspectos

da própria instituição escolar que podem estar associadas ao bullying e outras formas de

violência.

3.4.2. Comunidade e cultura

É oportuno refletir sobre os motivos pelos quais crianças e jovens se envolvem em situações

de violência no espaço escolar. Ao invés de rotular as vítimas ou os agressores como

maus e incapazes, enfatizando fatores individuais relacionados a este comportamento,

uma possibilidade para abordar esta questão seria considerar os fatores do contexto

relacionados à aprendizagem e manutenção destes padrões de comportamento. O bullying

em ambientes escolares, reflete desigualdades presentes na sociedade, onde aqueles que

adotam estratégias coercitivas de forma mais eficiente passam a ter acesso a mais recursos,

embora o prejuízo seja inevitável para todos.

E não é demais relembrar algo que pode parecer óbvio: a violência não está restrita aos

muros da escola, e está certamente relacionada ao contexto social em que se insere. Isto

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não significa que a escola e seus membros possam isentar-se de sua responsabilidade de

transformação diante da sociedade. Embora algumas formas de violência que ocorrem na

escola sejam motivo constante de preocupação, em especial aquelas protagonizadas por

estudantes, outras agressões recebem pouca ou nenhuma atenção, como por exemplo o

assédio moral entre professores, o racismo, a homofobia e outras formas de discriminação.

Uma abordagem do problema do bullying que não assume a responsabilidade por discutir

abertamente tais desafios está fadada à perpetuação das desigualdades sociais. Neste

sentido, vale refletir sobre o alerta de Paulo Freire ao receber o prêmio Unesco de Educação

para a Paz, em 1986:

A paz é fundamental, indispensável, mas paz implica lutar por ela. A paz se cria, se

constrói na e pela superação das realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói na

construção incessante da justiça social. Por isso, não creio em nenhum esforço chamado

de educação para a paz que, em lugar de desvelar o mundo das injustiças, o torna opaco

e tenta miopizar suas vítimas. (FREIRE apud GUIMARÃES, 2005, p. 74).

Ao invés de rotular as pessoas que se envolvem em situações de bullying como “membros

maus” ou “incapazes” da escola ou comunidade, enfatizando fatores individuais relacionados

ao bullying e outras formas de violência, é preciso considerar os fatores do contexto que

estão relacionados à aprendizagem e manutenção destes padrões de comportamento.

Famílias, escolas e membros da comunidade podem oferecer uma contribuição importante

para a redução da vitimização e de ações discriminatórias. Após identificar fatores que

podem contribuir para a intolerância e a violência, é preciso promover a adoção de valores

como a equidade e solidariedade.

É em meio a este contexto que professores, estudantes, famílias e demais protagonistas

da educação trabalham para avançar no desenvolvimento do processo educacional, na

esperança de construir um futuro melhor. Diante disto, a violência, seja na comunidade, na

família ou na escola, deve ser enfrentada em todas as suas formas, e em cada um dos níveis

desse contexto podemos encontrar apoio para enfrentar esse desafio. Um primeiro passo é

reconhecer o problema, buscando onde a violência possa estar “escondida” ou silenciada.

A partir deste primeiro passo, que é possivelmente o mais difícil, a escola pode pensar em

estratégias efetivas de intervenção e prevenção.

4. Políticas e práticas para promover a convivência

O que você faria?

Como abordar situações como essa no contexto escolar?

Quais estratégias podem ser usadas por sua escola para reduzir o bullying e melhorar o clima escolar?

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4. Políticas e práticas para promover a convivência

O que você faria?

Como abordar situações como essa no contexto escolar?

Quais estratégias podem ser usadas por sua escola para reduzir o bullying e melhorar o clima escolar?

Ilustração por Alexandre Leoni

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Como podemos melhorar a convivência nas escolas? Assim como é possível aprender

comportamentos violentos, é possível promover a compreensão de direitos humanos,

equidade, respeito, solidariedade e resolução pacífica de conflitos. Escolas pode fazer a

diferença para promover essa mudança dentro da escola e, como consequência, influenciar

a comunidade de forma ampla. Para abordar de forma efetiva a prevenção ao bullying e

violência escolar, é preciso adotar uma abordagem integrada.

Uma Resposta Integrada Ao Bullying e Violência Escolar

— Foco no clima escolar — Avaliação e monitoramento

— Estabelecer parcerias — Capacitar professores e outros

profissionais da educação

— Serviços e suporte eficazes — Marcos normativos e estrutura disciplinar

— Ações continuadas

4.1. Foco na convivência positiva

Uma das consequências de um clima escolar positivo, com suporte e estrutura disciplinar,

é a redução do bullying e violência escolar (CORNELL, SHUKLA, KONOLD, 2015). Nesses

contextos, a violência deixa de ser a ‘norma’ para resolução de conflitos, e direitos humanos

são valorizados. Para promover ambientes educacionais inclusivos e seguros para aprender,

a convivência escolar deve ser elencada entre as prioridades no ensino e gestão escolar,

sendo que a mudança do clima escolar demanda compromisso, esforço e tempo. Porém,

suas consequências positivas para além da redução do bullying e da violência escolar, mas

também a melhoria no envolvimento dos estudantes, e diversos outros resultados positivos

dentro e fora da escola.

4.2. Avaliação e monitoramento das ações

Um dos passos importantes no planejamento de ações efetivas para a melhoria da

convivência escolar é produzir indicadores sobre as ações, e sobre o clima escolar. Estas

avaliações podem oferecer indicadores sobre situações de bullying, e ajudar a escola a

compreender as vivências de estudantes e outros nesse ambiente. É relevante lembrar que

a Lei Nº 13.185/2015, de combate à intimidação sistemática (bullying) prevê a produção

de avaliações sobre bullying como parte do planejamento de ações de combate ao

bullying (Artigo 6).

A implementação de sistemas de avaliação sobre o clima escolar, incluindo aspectos do

bullying, é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de ações efetivas. Por meio

da avaliação do clima escolar, é possível identificar necessidades e examinar resultados

obtidos a partir de estratégias adotadas, e assim realizar ajustes.

4.3. Estabelecer parcerias

A prevenção ao bullying envolve múltiplos aspectos em diferentes níveis da sociedade e,

portanto, a prevenção pode ser mais efetiva quando envolve agentes sociais além da escola

com um objetivo comum: melhorar a convivência escolar e comunitária. O envolvimento

e suporte da comunidade pode fazer a diferença para uma abordagem integrada na

prevenção ao bullying, sendo que os primeiros passos podem incluir:

— Conscientização da comunidade sobre o impacto do bullying e da violência escolar, e

sobre práticas não-violentas para resolver conflitos.

— Buscar o compromisso de agentes da comunidade com o enfrentamento da violência,

onde quer que ocorra.

— Identificar parceiros em potencial, incluindo universidades e outras instituições.

— Criar oportunidades para que crianças e adolescentes participem de forma ativa no processo.

Durante o processo de formação de parcerias para prevenção da violência, a escola pode

tornar-se o ponto focal para disseminação de conhecimento sobre práticas não-violentas.

Deste modo, o impacto das ações pode, desde seus primeiros passos, influenciar a

comunidade em que a escola está inserida.

Para garantir que esforços de prevenção ao bullying e melhoria da convivência escolar

sejam integrados a outras ações em andamento na comunidade, um grupo ou comitê

escolar pode acompanhar o processo de planejamento de ações.

4.4. Capacitar professores, equipe pedagógica e comunidade escolar

Estratégias eficazes para reduzir o bullying e promover um clima escolar positivo incluem a

formação dos profissionais da educação. Como em outros aspectos do bom desenvolvimento

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2726

A implementação de sistemas de avaliação sobre o clima escolar, incluindo aspectos do

bullying, é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de ações efetivas. Por meio

da avaliação do clima escolar, é possível identificar necessidades e examinar resultados

obtidos a partir de estratégias adotadas, e assim realizar ajustes.

4.3. Estabelecer parcerias

A prevenção ao bullying envolve múltiplos aspectos em diferentes níveis da sociedade e,

portanto, a prevenção pode ser mais efetiva quando envolve agentes sociais além da escola

com um objetivo comum: melhorar a convivência escolar e comunitária. O envolvimento

e suporte da comunidade pode fazer a diferença para uma abordagem integrada na

prevenção ao bullying, sendo que os primeiros passos podem incluir:

— Conscientização da comunidade sobre o impacto do bullying e da violência escolar, e

sobre práticas não-violentas para resolver conflitos.

— Buscar o compromisso de agentes da comunidade com o enfrentamento da violência,

onde quer que ocorra.

— Identificar parceiros em potencial, incluindo universidades e outras instituições.

— Criar oportunidades para que crianças e adolescentes participem de forma ativa no processo.

Durante o processo de formação de parcerias para prevenção da violência, a escola pode

tornar-se o ponto focal para disseminação de conhecimento sobre práticas não-violentas.

Deste modo, o impacto das ações pode, desde seus primeiros passos, influenciar a

comunidade em que a escola está inserida.

Para garantir que esforços de prevenção ao bullying e melhoria da convivência escolar

sejam integrados a outras ações em andamento na comunidade, um grupo ou comitê

escolar pode acompanhar o processo de planejamento de ações.

4.4. Capacitar professores, equipe pedagógica e comunidade escolar

Estratégias eficazes para reduzir o bullying e promover um clima escolar positivo incluem a

formação dos profissionais da educação. Como em outros aspectos do bom desenvolvimento

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das atividades escolares, a formação dos profissionais da educação pode fornecer forte

contribuição para que professores e outros educadores possam contribuir, identificando e

intervindo de forma efetiva diante de situações de bullying.

A capacitação de professores e equipe pedagógica para promover conhecimentos e práticas

para a promoção de um clima escolar positivo e prevenção ao bullying e violência tem potencial

para garantir mudanças a longo prazo. Ações eficazes de capacitação garantem que a equipe

pedagógica adote estratégias não violentas para o ensino e gestão do cotidiano escolar.

É também importante desenvolver ações para capacitar crianças e adolescentes para

abordar conflitos de forma não-violenta, e a responder adequadamente a episódios de

violência. E para garantir a eficácia destes esforços, o ensino sobre tais estratégias a crianças

e adolescentes deve ser apropriado ao estágio de desenvolvimento em que se encontram,

promovendo a cidadania e competências socioemocionais.

4.5. Marcos normativos e regulamentos

O Brasil conta com legislação avançada para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes,

como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), e ainda a lei de combate ao

bullying (Lei 13.185/2015). Porém, é preciso investir esforços para que estes e outros marcos

normativos tenham repercussões no cotidiano das escolas, incluindo a alocação de recursos

para iniciativas de educação em direitos humanos e prevenção da violência.

Além disso, os documentos produzidos pelas escolas que orientam o funcionamento de seu

cotidiano, incluindo o projeto pedagógico e regulamentos, oferecem oportunidades para

afirmar o valor da convivência positiva, organizando mecanismos para que este tema seja

efetivamente incorporado às práticas da escola. É preciso indicar regras claras, coerentes e

consistentes que se apliquem a todos, enfatizando a expectativa de que todos, estudantes

e equipe pedagógica, devem atuar como defensores em situações de bullying, e não como

espectadores passivos.

4.6. Suporte e serviços eficazes

Ofertar canais para que crianças e adolescentes possam pedir apoio e orientação é a

porta de entrada necessária para garantir acesso aos serviços de apoio existentes. No

ambiente das escolas, esses serviços podem incluir o acompanhamento de situações

de bullying e outras formas de violência, oferecendo proteção e recursos para que os

envolvidos possam adotar estratégias não-violentas para relacionar-se. E, tendo em

vista que o bullying por vezes pode produzir traumas aos envolvidos, é importante

garantir o acesso a serviços oferecidos por outros setores além da educação, como

serviços de assistência social e saúde.

É importante lembrar que as práticas adotadas pelas escolas e sistemas educacionais

para responder a situações de bullying devem reduzir o risco de revitimização (Lei

13.431/2017) e vitimização secundária. E isso diz respeito a todos os setores envolvidos

no atendimento a essas situações, conforme a gravidade, como serviços de assistência

social, saúde e segurança.

4.7. Prevenção contínua

Embora soluções simples e de curto prazo pareçam empolgantes, não oferecem resultados

efetivos (ANDREOU, DIDASKALOU, VLACHOU, 2007), pois a vitimização e outras formas de

incivilidade podem ressurgir facilmente em qualquer contexto de relações interpessoais.

Assim sendo, estratégias de prevenção contínuas devem ser incentivadas visando à

prevenção de problemas e melhoria contínua das relações interpessoais.

A realização de palestras motivacionais ou eventos temáticos sobre bullying podem ser

passos iniciais interessantes para um esforço de prevenção. Porém, sozinhas essas iniciativas

não são efetivas para reduzir o bullying no cotidiano escolar ou melhorar a convivência.

Deste modo, o processo de planejamento de ações para reduzir o bullying e melhorar a

convivência escolar não deve ter “prazo de validade”. A prevenção é efetiva quando

escolas e comunidades se envolvem de forma contínua na avaliação das necessidades e

planejamento de ações.

5. Próximos passos

Neste módulo, discutimos como é possível melhorar a convivência nas escolas, reduzindo

a violência, em especial o bullying. Além de compreender as características do bullying,

foram abordadas características de uma abordagem integral para a prevenção ao

bullying. Vale lembrar que estas ações somente fazem a diferença a partir de sua

aplicação no cotidiano escolar, sendo importante conhecer e avaliar de ações para

promover a convivência nas escolas.

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de bullying e outras formas de violência, oferecendo proteção e recursos para que os

envolvidos possam adotar estratégias não-violentas para relacionar-se. E, tendo em

vista que o bullying por vezes pode produzir traumas aos envolvidos, é importante

garantir o acesso a serviços oferecidos por outros setores além da educação, como

serviços de assistência social e saúde.

É importante lembrar que as práticas adotadas pelas escolas e sistemas educacionais

para responder a situações de bullying devem reduzir o risco de revitimização (Lei

13.431/2017) e vitimização secundária. E isso diz respeito a todos os setores envolvidos

no atendimento a essas situações, conforme a gravidade, como serviços de assistência

social, saúde e segurança.

4.7. Prevenção contínua

Embora soluções simples e de curto prazo pareçam empolgantes, não oferecem resultados

efetivos (ANDREOU, DIDASKALOU, VLACHOU, 2007), pois a vitimização e outras formas de

incivilidade podem ressurgir facilmente em qualquer contexto de relações interpessoais.

Assim sendo, estratégias de prevenção contínuas devem ser incentivadas visando à

prevenção de problemas e melhoria contínua das relações interpessoais.

A realização de palestras motivacionais ou eventos temáticos sobre bullying podem ser

passos iniciais interessantes para um esforço de prevenção. Porém, sozinhas essas iniciativas

não são efetivas para reduzir o bullying no cotidiano escolar ou melhorar a convivência.

Deste modo, o processo de planejamento de ações para reduzir o bullying e melhorar a

convivência escolar não deve ter “prazo de validade”. A prevenção é efetiva quando

escolas e comunidades se envolvem de forma contínua na avaliação das necessidades e

planejamento de ações.

5. Próximos passos

Neste módulo, discutimos como é possível melhorar a convivência nas escolas, reduzindo

a violência, em especial o bullying. Além de compreender as características do bullying,

foram abordadas características de uma abordagem integral para a prevenção ao

bullying. Vale lembrar que estas ações somente fazem a diferença a partir de sua

aplicação no cotidiano escolar, sendo importante conhecer e avaliar de ações para

promover a convivência nas escolas.

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Recurso

Filme: Crianças Invisíveis.

Produção: Cucinotta, M. G., Tilesi, C.,

Veneruso, S.

Lançamento:2005.

Duração: 116 minutos.

Um de meus filmes favoritos chama-

se ‘Crianças Invisíveis’ (All the invisible

children), lançado em 2005. Nele,

cineastas de sete países produzem filmes

curtos a respeito da situação de direitos

de crianças e adolescentes ao redor do

mundo. Recomendo assistir e discutir em

especial o curta “Meu nome é Blanca”, de

Spike Lee, que oferece um olhar ampliado sobre os múltiplos fatores que podem estar

envolvidos em situações de bullying e apoio vivenciadas por crianças e adolescentes.

Referências

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criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de

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Glossário

Bullying — É um comportamento intencional em que agressões físicas, psicológicas ou

sociais são feitas por pares contra colegas que não tem condições de defender-se com

facilidade devido a um desequilíbrio de poder. Ocorre nas escolas, e também em outros

ambientes em que crianças e adolescentes se reúnem. Ao envolver o uso de tecnologias de

informação e comunicação, é denominado cyberbullying.

Clima escolar — O clima escolar se refere à atmosfera social no contexto da escola. Duas

características do contexto educacional se destacam para compreender o clima escolar:

o suporte e estrutura disciplinar. O suporte, ou responsividade, refere-se a como a escola,

por meio de políticas e relações, respondem às necessidades dos estudantes. A estrutura

disciplinar refere-se a clareza das expectativas e regras, e aplicação destas de forma justa

no cotidiano escolar. A combinação de tais fatores está associada a melhores indicadores de

interação social no ambiente escolar

Cyberbullying — Uso da tecnologia de informação e comunicação para perpetrar ações

agressivas contra outros, como por exemplo o envio de mensagens provocativas via celular,

a inclusão de fotos distorcidas em sites, insultos ou boatos espalhados em redes sociais.

Maus-tratos — Envolve a violência física, sexual ou psicológica, e negligência de crianças

e adolescentes por seus pais, cuidadores, membros da equipe escolar, ou outras figuras de

autoridade. Inclui o uso de punições corporais e psicológicas.

Violência — Abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, que pode

manifestar-se em diversos níveis.

Violência doméstica (ou violência de parceiros íntimos) — Envolve a violência de um parceiro ou ex-

parceiro, e atinge principalmente mulheres, com repercussões para todos no contexto familiar.

Violência física — Ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade

ou saúde corporal, ou que lhe cause sofrimento físico, incluindo forma de agressão física

com a intenção de ferir.

Violência institucional — Cometida por agentes e processos institucionais causando

prejuízo a pessoas ou grupos.

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Glossário

Bullying — É um comportamento intencional em que agressões físicas, psicológicas ou

sociais são feitas por pares contra colegas que não tem condições de defender-se com

facilidade devido a um desequilíbrio de poder. Ocorre nas escolas, e também em outros

ambientes em que crianças e adolescentes se reúnem. Ao envolver o uso de tecnologias de

informação e comunicação, é denominado cyberbullying.

Clima escolar — O clima escolar se refere à atmosfera social no contexto da escola. Duas

características do contexto educacional se destacam para compreender o clima escolar:

o suporte e estrutura disciplinar. O suporte, ou responsividade, refere-se a como a escola,

por meio de políticas e relações, respondem às necessidades dos estudantes. A estrutura

disciplinar refere-se a clareza das expectativas e regras, e aplicação destas de forma justa

no cotidiano escolar. A combinação de tais fatores está associada a melhores indicadores de

interação social no ambiente escolar

Cyberbullying — Uso da tecnologia de informação e comunicação para perpetrar ações

agressivas contra outros, como por exemplo o envio de mensagens provocativas via celular,

a inclusão de fotos distorcidas em sites, insultos ou boatos espalhados em redes sociais.

Maus-tratos — Envolve a violência física, sexual ou psicológica, e negligência de crianças

e adolescentes por seus pais, cuidadores, membros da equipe escolar, ou outras figuras de

autoridade. Inclui o uso de punições corporais e psicológicas.

Violência — Abuso do poder para obter vantagens ou prejudicar outros, que pode

manifestar-se em diversos níveis.

Violência doméstica (ou violência de parceiros íntimos) — Envolve a violência de um parceiro ou ex-

parceiro, e atinge principalmente mulheres, com repercussões para todos no contexto familiar.

Violência física — Ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade

ou saúde corporal, ou que lhe cause sofrimento físico, incluindo forma de agressão física

com a intenção de ferir.

Violência institucional — Cometida por agentes e processos institucionais causando

prejuízo a pessoas ou grupos.

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Violência juvenil — Ocorre em contextos comunitários entre conhecidos ou estranhos,

incluindo ataques físicos com ou sem armas, podendo envolver a violência com gangues.

Violência psicológica — Inclui o abuso verbal e emocional, incluindo a discriminação,

constrangimento, isolamento, agressão verbal e punição psicológica.

Violência sexual — Intimidação de natureza sexual, assédio sexual, toques inadequados,

estupro e exposição do corpo, inclusive em foto ou vídeo por meios eletrônicos.

Notas

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Notas

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Notas Notas

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Notas

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