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Lit. Semana 5 Diogo Mendes (Maria Carolina) Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

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Lit. Semana 5

Diogo Mendes(Maria Carolina)

Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

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10/03

17/03

24/03

31/03

Exercícios de revisão: conceitos iniciais e gêneros literários

11:00

Quinhentismo

11:0021:00

Barroco

11:0021:00

Arcadismo

11:0021:00

CRONOGRAMA

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Quinhentis- mo

01. Resumo

02. Exercício de Aula

03. Exercício de Casa

04. Questão Contexto

17mar

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76Li

t.

RESUMONo século XVI, momento histórico marcado pelas

grandes navegações, os portugueses navegavam

em busca de novas terras e acordos comerciais. Em

1500, com o intuito de encontrar o caminho das Ín-

dias, os navegantes acabaram avistando as terras

brasileiras e, desde então, iniciou-se um grande pro-

cesso colonizador ao território encontrado e aos ín-

dios que ali habitavam.

O quinhentismoO período quinhentista é marcado pelo início do

processo de colonização no Brasil. Não se trata de

uma corrente literária, pois sua contribuição é mui-

to mais histórica e informativa sobre aquele momen-

to, uma vez que é caracterizada pelo choque cultu-

ral entre índios e europeus: os primeiros contatos,

as relações de troca, a linguagem, a diferença entre

os valores e hábitos e, também, a exploração indí-

gena. Além disso, devido as cartas de Pero Vaz de

Caminha, escrivão português, tivemos acesso às

informações e relatos daquele período, tais como

a descrição climática e geográfica. Contudo, essas

manifestações propiciaram condições para as futu-

ras produções literárias do Brasil colonial e fomen-

taram na criação de uma escrita artística voltada ao

ambiente, ao homem e à formação cultural do país.

A literatura informativaTambém chamada de literatura da informação, é

conhecida pelos relatos e descrições do território

brasileiro durante os primeiros anos no processo

de colonização brasileira. Os textos tinham o intui-

to de informar aos governantes de Portugal sobre o

território explorado sobre os interesses comerciais:

exploração de matéria-prima, área favorável para a

implementação de colônias, a abundância de miné-

rios, a grandiosidade da fauna, o contato com os in-

dígenas, entre outros.

Leia, abaixo, um trecho da carta do escrivão Pero

Vaz de Caminha, enviada à corte Portuguesa, pouco

tempo após a descoberta das terras brasileiras:

“Andam nus sem nenhuma cobertura, nem es-

timam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar

suas vergonhas e estão acerca disso com tan-

ta inocência como têm de mostrar no rosto. (...)

Eles porém contudo andam muito bem curados

e muito limpos e naquilo me parece ainda mais

que são como as aves ou alimárias monteses

que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabe-

lo que as mansas, porque os corpos seus são

tão limpos e tão gordos e tão fremosos que não

pode mais ser.”

A literatura jesuíticaA literatura jesuítica ou também intitulada como li-

teratura de catequese surgiu com a chegada dos

jesuítas ao Brasil-Colônia. Os jesuítas vieram à ter-

ra tupiniquim para catequizar os índios e, segundo

a ideologia cristã, era uma maneira de livrá-los de

seus “pecados” e conhecer a Deus, além de conquis-

tar novos fiéis e, assim, expandir o catolicismo. Os

principais nomes da literatura informativa são José

de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim.

É importante dizer, ainda, que os colonizadores fica-

ram insatisfeitos com a atuação dos jesuítas, visto

que os índios eram usados como mão de obra escra-

va para a extração da árvore Pau Brasil e, sendo in-

fluenciados pelo catolicismo, muitos acabavam sen-

do protegidos pelos jesuítas para outros fins.

Fonte: http://msalx.recreionline.abril.com.

br/2012/11/20/1358/6dheL/indios-portugue-

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t.

Texto 1Carta de Pero Vaz de Caminha (fragmento)E, velejando nós pela costa, obra de dez léguas

do sítio donde tínhamos levantado ferro, acha-

ram os ditos navios pequenos um recife com um

porto dentro, muito bom e muito seguro, com

uma mui larga entrada. (...)

E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um

daqueles navios pequenos, por mandado do

Capitão, por ser homem vivo e destro para

isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto

dentro; e tomou dois daqueles homens da ter-

ra, mancebos e de bons corpos, que estavam

numa almadia. Um deles trazia um arco e seis

ou sete setas; e na praia andavam muitos com

seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram.

Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja

nau foram recebidos com muito prazer e fes-

ta.

A feição deles é serem pardos, maneira de

avermelhados, de bons rostos e bons narizes,

bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertu-

ra. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas

vergonhas; e nisso têm tanta inocência como

em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços

de baixo furados e metidos neles seus ossos

brancos e verdadeiros, de comprimento duma

mão travessa, da grossura dum fuso de algo-

dão, agudos na ponta como um furador. Me-

tem-nos pela parte de dentro do beiço; e a par-

te que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita

como roque de xadrez, ali encaixado de tal sor-

te que não os molesta, nem os estorva no falar,

no comer ou no beber.

(Pero Vaz de Caminha)

Texto 2De ponta a ponta é toda praia rasa, muito pla-

na e bem formosa. Pelo sertão, pareceu-nos do

mar muito grande, porque a estender a vista

não podíamos ver senão terra e arvoredos, pa-

recendo-nos terra muito longa. Nela, até ago-

ra, não pudemos saber que haja ouro nem pra-

ta, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro;

nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de

ares, tão frios e temperados como os de Entre-

-Douro e Minho, porque, neste tempo de ago-

ra, assim os achávamos como os de lá. Águas

são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa

que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo

por bem das águas que tem. Mas o melhor fru-

to que nela se pode fazer, me parece que será

salvar esta gente; e esta deve ser a principal se-

mente que Vossa Alteza nela deve lançar.

(Pero Vaz de Caminha)

Texto 3

(Adrâen Collaert e Martem de Vos)

Texto 4 A Santa Inês (fragmento) Cordeirinha linda,

como folga o povo

porque vossa vinda

lhe dá lume novo!

Cordeirinha santa,

de Iesu querida,

vossa santa vinda

o diabo espanta.

Por isso vos canta,

com prazer, o povo,

porque vossa vinda

lhe dá lume novo.

(José de Anchieta)

Texto 5 Pelo protagonismo indígenaSessenta anos atrás, o grande líder xavante

Ahöpow já pressentia por meio do sonho a che-

TEXTOS DE APOIO

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t.

gada de invasores em nossas terras, mais po-

derosos que os bandeirantes. Desse modo, ele

pensou que o xavante deveria estabelecer con-

tato e, assim, armar uma nova estratégia de so-

brevivência. (...)

Em meu estado, o Mato Grosso, o agronegó-

cio está devorando o cerrado impiedosamente.

Será que a soja e o gado valem mais do que

tudo o que existe no cerrado? Por que esse bio-

ma não é considerado protegido pelo artigo

225 da Constituição Federal, que define o patri-

mônio ambiental brasileiro? Será que o cerrado

é tão desprezível assim? Queremos conscienti-

zar o Waradzú (como chamamos os não-índios)

do valor do cerrado como patrimônio da hu-

manidade. Se o cerrado desaparecer, a minha

cultura, o meu povo morrerá. Somos vitimados

por um genocídio silencioso, patrocinado pelo

agronegócio, principal financiador de propa-

gandas políticas no Estado.

(...) A Agenda 21 Global, no capítulo 26, tra-

ta dos povos indígenas como agentes da cau-

sa ambiental. No entanto, ainda somos vistos

como figurantes, não temos sido convidados

pelos políticos para opinar sobre as políticas

ambientais que afetam nosso modo de vida,

a exemplo da construção da hidrelétrica Belo

Monte.

No Brasil, o índio ainda é tratado como figu-

ra folclórica. Sua participação na história está

restrita ao que aconteceu no século XVI, se

muito. Se perguntarmos aos estudantes que

passam nos vestibulares mais concorridos de

nosso país, certamente saberão falar com mais

propriedade do Império Romano, da Idade Mé-

dia, da Revolução Francesa do que dos povos

indígenas do nosso país.

A televisão brasileira, por meio de novelas como

Uga-uga e seriados como A muralha, falha gra-

vemente quando trata da imagem dos povos in-

dígenas. Poucos programas têm a qualidade de

A’uwe, série apresentada pelo ator Marcos Pal-

meira e exibida pela Tv Cultura.

Um dia desses li na internet que o prefeito do

Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pretende instituir

nas escolas públicas um ensino de inglês volta-

do à conversação, visando o grande afluxo de

turistas na cidade com a Copa do Mundo de

2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Mas será

que nossos estudantes saberão explicar aos es-

trangeiros o que significa Jacarepaguá, Tijuca

ou Ipanema, nomes de bairros da capital flumi-

nense que tem origem indígena?

(Jurandir Siridiwê Xavante)

Texto 6De Dourados a ParisHaveria um escândalo se as ararinhas-azuis

estivessem morrendo uma após a outra nos

manduvis do Pantanal. Haveria um escândalo

talvez ainda maior se uma epidemia estivesse

matando um mico-leão-dourado por dia. Mas

não há escândalo nenhum com a morte – em

ritmo quase diário – dos indiozinhos que vivem

nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Os indio-

zinhos, todos sabem, estão morrendo de fome

ou de doenças provocadas pela desnutrição,

mas isso não parece despertar interesse, mui-

to menos indignação. É até natural. O governo,

por exemplo, já mandou dizer que a morte dos

indiozinhos está no mesmo padrão do ano an-

terior, sugerindo que não existe razão para es-

panto ou preocupação. É mentira. No ano ante-

rior morreram quinze. Agora, nem se passaram

três meses do ano e já morreram catorze. Mas

até a mentira é natural. Ninguém dá muita bola.

Afinal, são só índios que estão morrendo – e ín-

dios, ao que parece, são seres inferiores, des-

prezíveis, atrasados. Só são bacanas quando

estão mumificados e servem para impressionar

francês.

Sim, nos suntuosos salões do Grand Palais, em

Paris, acaba de ser inaugurada a exposição

Brasil Índio: as Artes dos Ameríndios. É uma

espetacular coleção de 350 peças indígenas.

São cocares imensos e coloridos, com aquela

vivacidade ímpar que a arte indígena consegue

transmitir. São as inventivas urnas funerárias,

que nos deixaram um testemunho tão eloqüen-

te sobre a visão indígena da morte. São as be-

líssimas cerâmicas marajoaras, que emprestam

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graciosidade até à dureza da geometria. A ex-

posição inclui ainda uma esplendorosa cabeça

mumificada pelos índios mundurucus. Tudo isso

está exposto num ambiente decorado com so-

briedade e elegância, num projeto concebido

por dois designers brasileiros. A julgar pela rea-

ção inicial da imprensa francesa – que tem sido

generosa em elogios à exposição –, o evento

será um sucesso. E, nas galerias do Grand Pa-

lais, sucesso significa algo como uns 6.000 vi-

sitantes por dia.

Por aqui, a galeria a visitar fica no pólo indíge-

na de Dourados, em Mato Grosso do Sul. De

acordo com a lista oficial do governo, só naque-

le local morreram doze indiozinhos neste ano.

Todos morreram de fome. Eis a lista:

• 2 de janeiro: J.S.C. Ia completar 9 meses de

idade.

• 5 de janeiro: L.V.D. Teve parada cardía-

ca, era desnutrido. Não completou 3 meses de

vida.

• 6 de janeiro: J.P.M., 1 ano e 8 meses.

• 11 de janeiro: A.M.F., também não fez 9 me-

ses de vida.

• 4 de fevereiro: E.D.S., 3 meses.

• 8 de fevereiro: I.I.A. Ia fazer 5 anos.

• 19 de fevereiro: K.F., pouco mais de 6 meses.

• 24 de fevereiro: R.G.B., 11 meses. No mesmo

dia, também morre J.D.G., 3 meses.

• 2 de março: J.V.D, quase 4 meses.

• 18 de março: R.C., menos de 3 meses.

• 22 de março: Q.E.A. Não fez 2 meses de

vida.

Bem, a exposição em Paris deve ser um suces-

so.

(André Petry)

Texto 7 Índios (fragmento)Quem me dera ao menos uma vez

Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem

Conseguiu me convencer que era prova de ami-

zade

Se alguém levasse embora até o que eu não ti-

nha.

(...)

Quem me dera ao menos uma vez

Que o mais simples fosse visto

Como o mais importante

Mas nos deram espelhos e vimos um mundo do-

ente.

Quem me dera ao menos uma vez

Entender como um só Deus ao mesmo tempo

é três

E esse mesmo Deus foi morto por vocês

É só maldade, então, deixar um Deus tão triste

(...)

Quem me dera ao menos uma vez

Como a mais bela tribo

Dos mais belos índios

Não ser atacado por ser inocente.

(Renato Russo)

Texto 8

(Laerte)

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t.

EXERCÍCIOS DE AULA1. TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco come-

çaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou

quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos

trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Anda-

vam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas

que muito agradavam.

(CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996

(fragmento).)

TEXTO II

(O descobrimento do Brasil, Cândido Portinari. Óleo sobre tela, 1956. Disponível

em http://www.portinari.org.br/#/acervo/obra/2551)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e

a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos

textos, constata-se que:

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações

artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a es-

tética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande

significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma

linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador

sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos

nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal

–, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferen-

tes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

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t.

2. TEXTO 1

José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19

anos para catequizar a população das primeiras cidades brasileiras e, como

instrumento de trabalho, escreveu manuais, poemas e peças teatrais.

TEXTO 2

Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano ár-

vore nem erva seca.

Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade

de espécies. Muitos dão bons frutos e o que lhes dá graça é que há neles

muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em seu canto não

dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal

e fazem uma harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para

louvar o Senhor, e os bosques são tão frescos que os lindos e artificiais de

Portugal ficam muito abaixo.

(ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e ser-

mões do Padre Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430-31 p.)

A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da reli-

giosidade. No texto 2, o autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meio:

a) Do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques

brasileiros, comparando-os aos de Portugal.

b) Da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defen-

der a beleza dos pássaros e bosques de Portugal.

c) Da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques bra-

sileiros, a diversidade e a beleza dos pássaros do Brasil.

d) Do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidên-

cia a frescura dos bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.

e) Do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumenta-

tivo para convencer o leitor da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.

3. “Quando morre algum dos seus põem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios

de viandas, e uma rede (...) mui bem lavada. Isto, porque creem, segundo di-

zem, que depois que morrem tornam a comer e descansar sobre a sepultura.

Deitam-nos em covas redondas, e, se são principais, fazem-lhes uma choça

de palma. Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que

depois de morrer vão descansar a um bom lugar. (...) Qualquer cristão, que

entre em suas casas, dão-lhe a comer do que têm, e uma rede lavada em

que durma. São castas as mulheres a seus maridos.”

(Padre Manuel da Nóbrega)

O texto, escrito no Brasil colonial:

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t.

EXERCÍCIOS DE CASA1.

(ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666)

“A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e

bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem esti-

mam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca

disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.”

(CAMINHA, P. V. A carta. www.dominiopublico.gov.br.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de

Caminha, conclui-se que:

a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza

e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.

b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realis-

ta, ao passo que o texto é apenas fantasioso.

c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o ha-

bitante das terras que sofreriam processo colonizador.

d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cul-

tura indígena.

e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio

representado é objeto da catequização jesuítica.

a) Pertence a um conjunto de documentos da tradição histórico literária brasilei-

ra, cujo objetivo principal era apresentar à metrópole as características da colô-

nia recém descoberta.

b) Já antecipa, pelo tom grandiloquente de sua linguagem, a concepção ideali-

zadora que os românticos brasileiros tiveram do indígena.

c) É exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascen-

tista transfigura os dados de uma realidade objetiva.

d) É exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeti-

camente o “bom selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século

XVIII.

e) Insere-se num gênero literário específico, introduzido nas terras americanas

por padres jesuítas com o objetivo de catequizar os indígenas brasileiros.

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t.

3. (UEFS)

“Embora nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta será celebrado como um san-

to brasileiro. Personagem seminal na construção do catolicismo no país, ele

chegou a Salvador na comitiva do segundo governador-geral, Duarte da

Costa, com 19 anos, e morreu aos 63 anos, no Espírito Santo, reconhecido

como “apóstolo do Brasil”. Ao longo dos 43 anos em que viveu no país, ele

participou da fundação de escolas, cidades e igrejas.”

(LOPES; 2014, p. 89)

As ações do Padre Anchieta, referidas no texto, representavam, na época,

a) A concretização de um projeto português de implantação do ensino na Colô-

nia, alcançando toda a população infantil, independentemente da condição ét-

nica.

b) A disputa de poder entre a Monarquia portuguesa e a Companhia de Jesus,

no século XVI, cuja riqueza e prestígio ameaçavam a autoridade do Estado Mo-

nárquico.

c) O braço missionário da Contra Reforma, que buscou, na conversão de popu-

lações fora da Europa, equilibrar o prestígio da Igreja Católica, abalada pela ex-

pansão do protestantismo.

d) Uma atitude liberal e igualitária para com outras etnias, considerando-as livres

para escolher a orientação religiosa que mais se aproximasse de suas culturas.

e) A oposição dos jesuítas à escravidão de africanos, visto que consideravam os

indígenas mais capacitados para o trabalho na agricultura extensiva.

2. Assinale a alternativa INCORRETA:

a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição me-

dieval e textos para teatro com clara intenção catequista.

b) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um

levantamento da terra, daí ser predominantemente descritiva.

c) A literatura seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a

matéria e o espírito, o pecado e o perdão.

d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, Parado-

xos, interrogações.

e) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagan-

te, enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de ideias, seguindo um raciocínio

lógico, racionalista.

4. Texto A

Canção do exílioMinha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

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Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar – sozinho, à noite –

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

(DIAS, Antônio Gonçalves. Poesia completa e prosa escolhida. Rio de Ja-

neiro: José Aguilar, 1959, p.103)

Glossário:

1) gorjear: cantar

2) várzeas: planície

3) cismar: pensar

Texto B

Nos textos A e B, há um distanciamento da terra natal. Assinale a alternativa que

não corresponde aos textos:

a) No texto B, há a referência à chegada do colonizador, à miscigenação do bran-

co com o negro e à exploração da terra.

b) No texto B, os elementos caracterizadores da terra natal se encontram na ex-

pressão linguística, nos trajes e no meio de transporte.

c) As terras natais do personagem do texto B e do eu lírico do texto A são dife-

rentes.

d) Nos textos A e B, há o reconhecimento de que a terra estrangeira é pródiga e

prazerosa.

e) A terceira estrofe do texto A e a última oração do texto B traduzem sentimen-

tos distintos.

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5. O século XVI deve ser reconhecido, na história da literatura brasileira, como um

período de:

a) manifestações literárias voltadas basicamente para a informação sobre a colô-

nia e para a catequese dos nativos.

b) amadurecimento dos sentimentos nacionalistas que logo viriam a se expressar

no Romantismo.

c) exaltação da cultura indígena, tema central dos poemas épicos de Basílio da

Gama e Santa Rita Durão.

d) esgotamento do estilo e dos temas barrocos, superados pelos ideais estéticos

do Arcadismo.

e) valorização dos textos cômicos e satíricos, em que foi mestre Gregório de

Matos.

QUESTÃO CONTEXTOLeia os textos abaixo:

Texto I

“[...] A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos

e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem

mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mos-

trar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço

de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma

mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como

um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica

entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali

encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem

no comer e beber.”

(Pero Vaz de Caminha)

Texto II

Os textos I e II fazem referência ao início do processo de colonização no Brasil. A

partir de seus conhecimentos, aponte duas características resultantes da impo-

sição cultural promovida pelos europeus no século XVI.

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t.

01.Exercício de aula1. c

2. c

3. a

02.Exercício de casa1. c

2. e

3. c

4. d

5. a

03. Questão ContextoRespostas possíveis: catolicismo aos indígenas, ex-

ploração indígena como mão de obra, sobreposição

da língua portuguesa às variantes indígenas, instala-

ção das colônias, entre outros.

GABARITO