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Lit. Semana 5 Diogo Mendes (Maria Carolina Coelho) Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

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Lit. Semana 5

Diogo Mendes(Maria Carolina Coelho)

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10/03

17/03

24/03

Exercícios de revisão: conceitos iniciais e gêneros literários

16:30

Quinhentismo

16:30

Barroco

16:30

CRONOGRAMA

31/03 Arcadismo

16:30

Quinhentis- mo

01. Resumo

02. Exercício de Aula

03. Exercício de Casa

04. Questão Contexto

17mar

76Li

t.

No século XVI, momento histórico marcado pelas

grandes navegações, os portugueses navegavam

em busca de novas terras e acordos comerciais. Em

1500, com o intuito de encontrar o caminho das Ín-

dias, os navegantes acabaram avistando as terras

brasileiras e, desde então, iniciou-se um grande pro-

cesso colonizador ao território encontrado e aos ín-

dios que ali habitavam.

Fonte: http://www.lfg.com.br/media/wysiwyg/Acontece/indios.jpg

QuinhentismoO período quinhentista é marcado pelo início do

processo de colonização no Brasil. Não se trata de

uma corrente literária, pois sua contribuição é mui-

to mais histórica e informativa sobre aquele momen-

to, uma vez que é caracterizada pelo choque cultu-

ral entre índios e europeus: os primeiros contatos,

as relações de troca, a linguagem, a diferença entre

os valores e hábitos e, também, a exploração indí-

gena. Além disso, devido as cartas de Pero Vaz de

Caminha, escrivão português, tivemos acesso às

informações e relatos daquele período, tais como

a descrição climática e geográfica. Contudo, essas

manifestações propiciaram condições para as futu-

ras produções literárias do Brasil colonial e fomen-

taram na criação de uma escrita artística voltada ao

ambiente, ao homem e à formação cultural do país.

A literatura informativaTambém chamada de literatura da informação, é

conhecida pelos relatos e descrições do território

brasileiro durante os primeiros anos no processo

de colonização brasileira. Os textos tinham o intui-

to de informar aos governantes de Portugal sobre o

território explorado sobre os interesses comerciais:

exploração de matéria-prima, área favorável para a

implementação de colônias, a abundância de miné-

rios, a grandiosidade da fauna, o contato com os in-

dígenas, entre outros.

Leia, abaixo, um trecho da carta do escrivão Pero

Vaz de Caminha, descrevendo o choque cultural en-

tre índios e colonizadores, enviada à corte Portu-

guesa:

“Porém um deles pôs olho no colar do Capitão,

e começou de acenar com a mão para a terra e

depois para o colar, como que nos dizendo que

ali havia ouro. Também olhou para um castiçal

de prata e assim mesmo acenava para a terra e

novamente para o castiçal como se lá também

houvesse prata.

Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Ca-

pitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e

acenaram para a terra, como quem diz que os

havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fi-

zeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, qua-

se tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a

mão; e depois a tomaram como que espanta-

dos.”

A literatura jesuíticaA literatura jesuítica ou também intitulada como li-

teratura de catequese surgiu com a chegada dos

jesuítas ao Brasil-Colônia. Os jesuítas vieram à ter-

ra tupiniquim para catequizar os índios e, segundo

a ideologia cristã, era uma maneira de livrá-los de

seus “pecados” e conhecer a Deus, além de conquis-

tar novos fiéis e, assim, expandir o catolicismo. Os

principais nomes da literatura informativa são José

de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim.

É importante dizer, ainda, que os colonizadores fica-

ram insatisfeitos com a atuação dos jesuítas, visto

que os índios eram usados como mão de obra escra-

va para a extração da árvore Pau Brasil e, sendo in-

fluenciados pelo catolicismo, muitos acabavam sen-

do protegidos pelos jesuítas para outros fins.

Fonte: http://www.ibamendes.com/2011/03/companhia-de-jesus-no-brasil-e-obra-da.html

RESUMO

77Li

t.

Texto 1Carta de Pero Vaz de Caminha (fragmento)E, velejando nós pela costa, obra de dez léguas

do sítio donde tínhamos levantado ferro, acha-

ram os ditos navios pequenos um recife com um

porto dentro, muito bom e muito seguro, com

uma mui larga entrada. (...)

E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um

daqueles navios pequenos, por mandado do

Capitão, por ser homem vivo e destro para

isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto

dentro; e tomou dois daqueles homens da ter-

ra, mancebos e de bons corpos, que estavam

numa almadia. Um deles trazia um arco e seis

ou sete setas; e na praia andavam muitos com

seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram.

Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja

nau foram recebidos com muito prazer e fes-

ta.

A feição deles é serem pardos, maneira de

avermelhados, de bons rostos e bons narizes,

bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertu-

ra. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas

vergonhas; e nisso têm tanta inocência como

em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços

de baixo furados e metidos neles seus ossos

brancos e verdadeiros, de comprimento duma

mão travessa, da grossura dum fuso de algo-

dão, agudos na ponta como um furador. Me-

tem-nos pela parte de dentro do beiço; e a par-

te que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita

como roque de xadrez, ali encaixado de tal sor-

te que não os molesta, nem os estorva no falar,

no comer ou no beber.

(Pero Vaz de Caminha)

Texto 2De ponta a ponta é toda praia rasa, muito pla-

na e bem formosa. Pelo sertão, pareceu-nos do

mar muito grande, porque a estender a vista

não podíamos ver senão terra e arvoredos, pa-

recendo-nos terra muito longa. Nela, até ago-

ra, não pudemos saber que haja ouro nem pra-

ta, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro;

nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de

ares, tão frios e temperados como os de Entre-

-Douro e Minho, porque, neste tempo de ago-

ra, assim os achávamos como os de lá. Águas

são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa

que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo

por bem das águas que tem. Mas o melhor fru-

to que nela se pode fazer, me parece que será

salvar esta gente; e esta deve ser a principal se-

mente que Vossa Alteza nela deve lançar.

(Pero Vaz de Caminha)

Texto 3

(Adrâen Collaert e Martem de Vos)

Texto 4 A Santa Inês (fragmento) Cordeirinha linda,

como folga o povo

porque vossa vinda

lhe dá lume novo!

Cordeirinha santa,

de Iesu querida,

vossa santa vinda

o diabo espanta.

Por isso vos canta,

com prazer, o povo,

porque vossa vinda

lhe dá lume novo.

(José de Anchieta)

Texto 5 Pelo protagonismo indígenaSessenta anos atrás, o grande líder xavante

Ahöpow já pressentia por meio do sonho a che-

TEXTOS DE APOIO

78Li

t.

gada de invasores em nossas terras, mais po-

derosos que os bandeirantes. Desse modo, ele

pensou que o xavante deveria estabelecer con-

tato e, assim, armar uma nova estratégia de so-

brevivência. (...)

Em meu estado, o Mato Grosso, o agronegó-

cio está devorando o cerrado impiedosamente.

Será que a soja e o gado valem mais do que

tudo o que existe no cerrado? Por que esse bio-

ma não é considerado protegido pelo artigo

225 da Constituição Federal, que define o patri-

mônio ambiental brasileiro? Será que o cerrado

é tão desprezível assim? Queremos conscienti-

zar o Waradzú (como chamamos os não-índios)

do valor do cerrado como patrimônio da hu-

manidade. Se o cerrado desaparecer, a minha

cultura, o meu povo morrerá. Somos vitimados

por um genocídio silencioso, patrocinado pelo

agronegócio, principal financiador de propa-

gandas políticas no Estado.

(...) A Agenda 21 Global, no capítulo 26, tra-

ta dos povos indígenas como agentes da cau-

sa ambiental. No entanto, ainda somos vistos

como figurantes, não temos sido convidados

pelos políticos para opinar sobre as políticas

ambientais que afetam nosso modo de vida,

a exemplo da construção da hidrelétrica Belo

Monte.

No Brasil, o índio ainda é tratado como figu-

ra folclórica. Sua participação na história está

restrita ao que aconteceu no século XVI, se

muito. Se perguntarmos aos estudantes que

passam nos vestibulares mais concorridos de

nosso país, certamente saberão falar com mais

propriedade do Império Romano, da Idade Mé-

dia, da Revolução Francesa do que dos povos

indígenas do nosso país.

A televisão brasileira, por meio de novelas como

Uga-uga e seriados como A muralha, falha gra-

vemente quando trata da imagem dos povos in-

dígenas. Poucos programas têm a qualidade de

A’uwe, série apresentada pelo ator Marcos Pal-

meira e exibida pela Tv Cultura.

Um dia desses li na internet que o prefeito do

Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pretende instituir

nas escolas públicas um ensino de inglês volta-

do à conversação, visando o grande afluxo de

turistas na cidade com a Copa do Mundo de

2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Mas será

que nossos estudantes saberão explicar aos es-

trangeiros o que significa Jacarepaguá, Tijuca

ou Ipanema, nomes de bairros da capital flumi-

nense que tem origem indígena?

(Jurandir Siridiwê Xavante)

Texto 6De Dourados a ParisHaveria um escândalo se as ararinhas-azuis

estivessem morrendo uma após a outra nos

manduvis do Pantanal. Haveria um escândalo

talvez ainda maior se uma epidemia estivesse

matando um mico-leão-dourado por dia. Mas

não há escândalo nenhum com a morte – em

ritmo quase diário – dos indiozinhos que vivem

nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Os indio-

zinhos, todos sabem, estão morrendo de fome

ou de doenças provocadas pela desnutrição,

mas isso não parece despertar interesse, mui-

to menos indignação. É até natural. O governo,

por exemplo, já mandou dizer que a morte dos

indiozinhos está no mesmo padrão do ano an-

terior, sugerindo que não existe razão para es-

panto ou preocupação. É mentira. No ano ante-

rior morreram quinze. Agora, nem se passaram

três meses do ano e já morreram catorze. Mas

até a mentira é natural. Ninguém dá muita bola.

Afinal, são só índios que estão morrendo – e ín-

dios, ao que parece, são seres inferiores, des-

prezíveis, atrasados. Só são bacanas quando

estão mumificados e servem para impressionar

francês.

Sim, nos suntuosos salões do Grand Palais, em

Paris, acaba de ser inaugurada a exposição

Brasil Índio: as Artes dos Ameríndios. É uma

espetacular coleção de 350 peças indígenas.

São cocares imensos e coloridos, com aquela

vivacidade ímpar que a arte indígena consegue

transmitir. São as inventivas urnas funerárias,

que nos deixaram um testemunho tão eloqüen-

te sobre a visão indígena da morte. São as be-

líssimas cerâmicas marajoaras, que emprestam

79Li

t.

graciosidade até à dureza da geometria. A ex-

posição inclui ainda uma esplendorosa cabeça

mumificada pelos índios mundurucus. Tudo isso

está exposto num ambiente decorado com so-

briedade e elegância, num projeto concebido

por dois designers brasileiros. A julgar pela rea-

ção inicial da imprensa francesa – que tem sido

generosa em elogios à exposição –, o evento

será um sucesso. E, nas galerias do Grand Pa-

lais, sucesso significa algo como uns 6.000 vi-

sitantes por dia.

Por aqui, a galeria a visitar fica no pólo indíge-

na de Dourados, em Mato Grosso do Sul. De

acordo com a lista oficial do governo, só naque-

le local morreram doze indiozinhos neste ano.

Todos morreram de fome. Eis a lista:

• 2 de janeiro: J.S.C. Ia completar 9 meses de

idade.

• 5 de janeiro: L.V.D. Teve parada cardía-

ca, era desnutrido. Não completou 3 meses de

vida.

• 6 de janeiro: J.P.M., 1 ano e 8 meses.

• 11 de janeiro: A.M.F., também não fez 9 me-

ses de vida.

• 4 de fevereiro: E.D.S., 3 meses.

• 8 de fevereiro: I.I.A. Ia fazer 5 anos.

• 19 de fevereiro: K.F., pouco mais de 6 meses.

• 24 de fevereiro: R.G.B., 11 meses. No mesmo

dia, também morre J.D.G., 3 meses.

• 2 de março: J.V.D, quase 4 meses.

• 18 de março: R.C., menos de 3 meses.

• 22 de março: Q.E.A. Não fez 2 meses de

vida.

Bem, a exposição em Paris deve ser um suces-

so.

(André Petry)

Texto 7 Índios (fragmento)Quem me dera ao menos uma vez

Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem

Conseguiu me convencer que era prova de ami-

zade

Se alguém levasse embora até o que eu não ti-

nha.

(...)

Quem me dera ao menos uma vez

Que o mais simples fosse visto

Como o mais importante

Mas nos deram espelhos e vimos um mundo do-

ente.

Quem me dera ao menos uma vez

Entender como um só Deus ao mesmo tempo

é três

E esse mesmo Deus foi morto por vocês

É só maldade, então, deixar um Deus tão triste

(...)

Quem me dera ao menos uma vez

Como a mais bela tribo

Dos mais belos índios

Não ser atacado por ser inocente.

(Renato Russo)

Texto 8

(Laerte)

80Li

t.

EXERCÍCIOS DE AULA1. TEXTO 1

José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19

anos para catequizar a população das primeiras cidades brasileiras e, como

instrumento de trabalho, escreveu manuais, poemas e peças teatrais.

TEXTO 2

Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano ár-

vore nem erva seca.

Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade

de espécies. Muitos dão bons frutos e o que lhes dá graça é que há neles

muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em seu canto não

dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal

e fazem uma harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para

louvar o Senhor, e os bosques são tão frescos que os lindos e artificiais de

Portugal ficam muito abaixo.

(ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e ser-

mões do Padre Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430-31 p.)

A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da reli-

giosidade. No texto 2, o autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meio:

a) Do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques

brasileiros, comparando-os aos de Portugal.

b) Da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defen-

der a beleza dos pássaros e bosques de Portugal.

c) Da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques

brasileiros, a diversidade e a beleza dos pássaros do Brasil.

d) Do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidên-

cia a frescura dos bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.

e) Do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumenta-

tivo para convencer o leitor da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.

2. (ITA)

A terraEsta terra, Senhor, me parece que, da ponta que mais contra o sul vimos até

outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista,

será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa.

Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas ver-

melhas, outras brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de gran-

des arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito

formosa. [...]

Nelas até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa

alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito

bons ares, assim frios etemperados como os de Entre-Douro e Minho. [...]

Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a

aproveitar, dar-se-a nela tudo, por bem das águas que tem.

(CAMINHA, Pero Vaz de. A Carta de Pero Vaz de

Caminha. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1943, p.

204.)

81Li

t.3. (MACKENZIE)

Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus; somente aos

trovões chama TUPANE, que é como quem diz “cousa divina”. E assim nós

não temos outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento

de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.

Manuel da Nóbrega

O assunto do texto e a ideologia nele refletida revelam que pertence a um mo-

mento histórico-cultural em que:

a) escritores já nascidos e formados intelectualmente no Brasil-colônia revelam-

-se críticos contundentes do processo de colonização.

b) a Bahia conheceu o espírito sagaz de Gregório de Matos, que, com seus im-

provisos e sua viola, caçoava de todos, inclusive das autoridades.

c) os novos escritores buscam a simplicidade formal, intimamente ligada ao

grande valor dado à natureza, como base da harmonia e da sabedoria.

d) o ciclo do ouro propiciou o desenvolvimento da arquitetura, da escultura e da

vida musical, principalmente em Minas Gerais.

e) relatos manifestam não só as preocupações do colonizador, como também o

deslumbramento diante da paisagem brasileira.

Carta de Pero VazA terra é mui graciosa,

Tão fértil eu nunca vi.

A gente vai passear,

No chão espeta um caniço,

No dia seguinte nasce

Bengala de castão de oiro.

Tem goiabas, melancias,

Banana que nem chuchu.

Quanto aos bichos, tem-nos muitos,

De plumagens mui vistosas.

Tem macaco até demais.

Diamantes tem à vontade,

Esmeralda é para os trouxas.

Reforçai, Senhor, a arca,

Cruzados não faltarão,

Vossa perna encanareis,

Salvo o devido respeito.

Ficarei muito saudoso

Se for embora daqui.

(MENDES, Murilo. História do Brasil. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira, 1991, p. 13.)

Os dois textos anteriores, representantes de dois períodos literários distantes,

revelam duas perspectivas diferentes.

Indique:

a) A diferença entre o texto original e o segundo, em função da descrição da

terra;

b) O período literário do primeiro texto.

82Li

t.

4. (UFF)

Canção do exílioMinha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar – sozinho, à noite –

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

(DIAS, Antônio Gonçalves. Poesia completa e prosa escolhida. Rio de Ja-

neiro: José Aguilar, 1959, p.103)

Glossário:

1) gorjear: cantar

2) várzeas: planície

3) cismar: pensar

Texto B

83Li

t.

Nos textos A e B, há um distanciamento da terra natal. Assinale a alternativa que

não corresponde aos textos:

a) No texto B, há a referência à chegada do colonizador, à miscigenação do bran-

co com o negro e à exploração da terra.

b) No texto B, os elementos caracterizadores da terra natal se encontram na ex-

pressão linguística, nos trajes e no meio de transporte.

c) As terras natais do personagem do texto B e do eu lírico do texto A são dife-

rentes.

d) Nos textos A e B, há o reconhecimento de que a terra estrangeira é pródiga

e prazerosa.

e) A terceira estrofe do texto A e a última oração do texto B traduzem sentimen-

tos distintos.

EXERCÍCIOS DE CASA1. (ENEM) TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco come-

çaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou

quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos

trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Anda-

vam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas

que muito agradavam.

(CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996

(fragmento).)

TEXTO II

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e

a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos

textos, constata-se que:

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifesta-

ções artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com

a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande

significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma

linguagem moderna.

(O descobrimento do Brasil, Cândido Portinari. Óleo sobre

tela, 1956. Disponível em http://www.portinari.org.

br/#/acervo/obra/2551)

84Li

t.

2. (MACKENZIE)

“Eis os versos que outrora, ó Mãe Santíssima,

te prometi em voto

vendo-me cercado de feroz inimigo.

Enquanto entre os Tamoios conjurados,

pobre refém, tratava as suspiradas pazes,

tua graça me acolheu

em teu materno manto

e teu poder me protegeu intactos corpo e alma.”

José de Anchieta

Os versos do texto:

a) revelam a intenção pedagógica e moral de Anchieta, ao tratar do seu desejo

de conversão dos indígenas à religião católica.

b) documentam o cronista religioso debruçado sobre a terra e o nativo, desejan-

do informar sobre a natureza e o homem brasileiro.

c) são um legado da era colonial brasileira, em que se exprime a religiosidade do

nativo da terra recém descoberta.

d) tematizam a paisagem social primitiva da colônia e demonstram a visão prag-

mática do jesuíta colonizador, preocupado em “dilatar a fé e o império”.

e) expressam o sentimento religioso do apóstolo e deixam entrever uma especí-

fica experiência sua na paisagem americana.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador

sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos

nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não ver-

bal –, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos dife-

rentes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

3. (ENEM)

(ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666)

“A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e

bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam

nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso

com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.”

(CAMINHA, P. V. A carta. www.dominiopublico.gov.br.)

85Li

t.

4. (UFPA) Quanto às manifestações literárias brasileiras aparecidas durante o perí-

odo colonial:

a) refletiam a grandeza da Literatura Portuguesa da época.

b) não havia obras escritas, existia, pois, como manifestação oral.

c) eram ainda incipientes, apesar de escritas, pois a metrópole não incentivava

este tipo de produção.

d) o expressivo número de escritores que apareceram obreiam-se com os maio-

res vultos da literatura universal.

e) representa o esplendor das tendências literárias do medievalismo português.

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de

Caminha, conclui-se que:

a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como triste-

za e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.

b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira rea-

lista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.

c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o

habitante das terras que sofreriam processo colonizador.

d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a

cultura indígena.

e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio

representado é objeto da catequização jesuítica.

5. (UFSM) O Quinhentismo, enquanto manifestação literária, pode ser definido

como uma época em que:

I. não se pode falar, ainda, na existência de uma literatura brasileira, pois a cultu-

ra portuguesa estabelecia as formas de pensamento e expressão para os escri-

tores na colônia;

II. se pode falar na existência de uma literatura brasileira porque, ao descreverem

o Brasil, os textos mostram um forte instinto de nacionalidade, na medida em que

todos os escritores eram nativos da terra;

III. a produção escrita se prende à descrição da terra e do índio ou a textos escri-

tos pelos jesuítas, ou seja, uma produção informativa e doutrinária.

Está(ão) correta(s):

a) Apenas I.

b) Apenas II e III.

c) Apenas II.

d) Apenas III.

e) Apenas I e III.

86Li

t.

6. (MACKENZIE-SP)

“Quando morre algum dos seus põem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios

de viandas, e uma rede (...) mui bem lavada. Isto, porque creem, segundo di-

zem, que depois que morrem tornam a comer e descansar sobre a sepultura.

Deitam-nos em covas redondas, e, se são principais, fazem-lhes uma choça

de palma. Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que

depois de morrer vão descansar a um bom lugar. (...) Qualquer cristão, que

entre em suas casas, dão-lhe a comer do que têm, e uma rede lavada em que

durma. São castas as mulheres a seus maridos.”

(Padre Manuel da Nóbrega)

O texto, escrito no Brasil colonial:

a) Pertence a um conjunto de documentos da tradição histórico literária brasilei-

ra, cujo objetivo principal era apresentar à metrópole as características da colô-

nia recém descoberta.

b) Já antecipa, pelo tom grandiloquente de sua linguagem, a concepção idealiza-

dora que os românticos brasileiros tiveram do indígena.

c) É exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascentis-

ta transfigura os dados de uma realidade objetiva.

d) É exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeti-

camente o “bom selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século

XVIII.

e) Insere-se num gênero literário específico, introduzido nas terras americanas

por padres jesuítas com o objetivo de catequizar os indígenas brasileiros.

7.

Fonte: veja.abril.com.br, 22/07/2013

De forma especial, queria que esse mandato ressoasse em vocês, jovens da

Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental pro-

movida pelos Bispos. Este continente recebeu o anúncio do Evangelho, que

marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado

também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa

de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que os caracterizam!

Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu

em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor ins-

trumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser

percorrido por vocês.

PAPA FRANCISCO. Adaptado de estadao.com.br, 28/07/2013.

A visita do Papa Francisco ao Brasil, em julho de 2013, por ocasião da Jornada

Mundial da Juventude, mobilizou milhares de fiéis, representando valores e prá-

ticas do projeto missionário da Igreja Católica para a América Latina. No texto, a

87Li

t.

menção a José de Anchieta aponta para outra época da ação da Igreja: a coloni-

zação da América portuguesa no século XVI.

Explicite o principal objetivo do projeto missionário da Igreja Católica no século

XVI. Em seguida, cite uma proposta atual da Igreja Católica associada ao projeto

missionário para a América Latina.

QUESTÃO CONTEXTOLeia o trecho de uma reportagem extraída da página jornalística online “El País”:

Papa Francisco pede perdão aos indígenas pelo abuso contra suas ter-ras e sua cultura

O que o governo mexicano mais temia aconteceu: o papa Francisco, cuja li-

derança mundial transcende o religioso, chegou na segunda-feira à floresta

de Chiapas e fez um duro pronunciamento contra “a dor, o abuso e a desi-

gualdade” sofridos pelos povos indígenas que no México somam 11 milhões

de pessoas de um total de 50 milhões em toda a América Latina -no Brasil,

são quase um milhão. Jorge Mario Bergoglio pediu perdão aos indígenas e

encorajou os governantes a fazê-lo também por os terem “excluído, menos-

prezado e expulsado de suas terras”.

[...]

Depois de reconhecer como legítimo o desejo dos povos indígenas de viver

em liberdade — “numa terra prometida onde a opressão, o abuso e a degra-

dação não sejam moeda corrente” —, o Papa fez um pronunciamento que,

por sua relevância merece ser integralmente reproduzido. “Muitas vezes, de

modo sistemático e estrutural, os povos indígenas foram incompreendidos e

excluídos da sociedade. Alguns consideraram inferiores os seus valores, sua

cultura e suas tradições. Outros, aturdidos pelo poder, pelo dinheiro e pelas

leis de mercado, os despojaram de suas terras ou realizaram ações que as

contaminaram. Que tristeza! Que bem faria a todos nós se fizéssemos um

exame de consciência e aprendêssemos a dizer: perdão! O mundo de hoje,

despojado pela cultura do descarte, precisa disso.”

Com base na leitura acima e seus conhecimentos sobre a cultura indígena, diga

como o discurso do papa é importante para a democracia, se compararmos com

o processo de colonização brasileira do século XVI.

88Li

t.

01.Exercício de aula1. c

2. a) Pero Vaz de Caminha descreve a terra

em função de suas propriedades geográficas, tais

como clima, tipo de plantas, extensão territorial,

etc. Nessa descrição, percebe-se certo deslumbra-

mento diante da terra desconhecida. Na paródia de

Murilo Mendes à Carta de Caminha, há uma descri-

ção marcada pela ironia e pelo espírito crítico, evi-

dente na crítica que faz aos colonizadores preocu-

pados apenas com a obtenção de riquezas fáceis.

b) O texto de Pero Vaz de Caminha perten-

ce ao período conhecido como Literatura de Infor-

mação.

3. e

4. d

02.Exercício de casa1. c

2. e

3. c

4. c

5. e

6. a

7. Como instituição religiosa, a Igreja Cató-

lica desempenhou e ainda desempenha papel de

destaque nas práticas sociais e culturais de diversas

sociedades. No processo de conquista e coloniza-

ção da América portuguesa, no século XVI, a Igreja

Católica, por meio de suas ordens religiosas, como

a Companhia de Jesus, atuou decisivamente para

expansão do Império Ultramarino Lusitano. A cate-

quese e conversão das populações nativas à fé cristã

complementaram os esforços de controle e ocupa-

ção dos territórios coloniais. Na atualidade, a ação

missionária da Igreja Católica na América Latina se

pauta na reação à expansão de religiões evangélicas

e se vale de ações como a realização de eventos mo-

bilizadores de grandes contingentes de fiéis, como

as Jornadas Mundiais da Juventude; o apelo à parti-

cipação dos jovens na difusão de práticas catequis-

tas e em práticas sociais inclusivas; a aproximação

da Igreja de populações pobres e marginalizadas; o

uso dos meios de comunicação de massa para a di-

fusão da fé católica. (Gabarito Oficial UERJ)

03. Questão ContextoAinda que o discurso do papa seja importante para

a manutenção da democracia e a valorização dos di-

reitos indígenas, esse não anula o passado histórico

que, durante a colonização, explorou e impôs a ca-

tequização a inúmeros índios. No entanto, hoje, esse

reconhecimento crítico sobre o passado mostra a

necessidade preservar a cultura indígena, proteger

as tribos que ainda existem e, sobretudo, medidas

governamentais que prezem pelo seu bem-estar.

Além disso, há o reconhecimento sobre o passado

marcado pela dor e o extermínio de várias tribos,

desvinculando-se do pensamento eurocêntrico que

perdurou por anos de que a exploração indígena se

justificava por conta da fé e do avanço da civilização

europeia e da América do Norte.

GABARITO