i. elementos de teoria da literatura (polígrafo do 1º...

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Literatura – 1º EM – Professor Altair Martins I. Elementos de teoria da literatura (polígrafo do 1º trimestre) a) O sentido de Literatura b) Literatura: a arte da visibilidade c) Linguagem poética d) Os conceitos clássico e não-clássico de literatura II. Os Gêneros Literários a) Gênero épico b) Gênero lírico: lirismo, tipos de poesia, métrica, soneto c) Gênero narrativo: tipos de narrador, personagens, tempo; romance, novela, conto e crônica d) Gênero dramático: textos teatrais II. Transtextualidades a) Intertextualidade (paródia) b) Paratextualidade c) Metatextualidade d) Hipertextualidade Exercícios: textos para identificação de gêneros: [1] Amar, Carlos Drummond de Andrade Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

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Literatura – 1º EM – Professor Altair Martins

I. Elementos de teoria da literatura (polígrafo do 1º

trimestre)

a) O sentido de Literatura b) Literatura: a arte da visibilidade c) Linguagem poética d) Os conceitos clássico e não-clássico de literatura

II. Os Gêneros Literários

a) Gênero épico b) Gênero lírico: lirismo, tipos de poesia, métrica, soneto c) Gênero narrativo: tipos de narrador, personagens, tempo; romance, novela,

conto e crônica d) Gênero dramático: textos teatrais

II. Transtextualidades a) Intertextualidade (paródia) b) Paratextualidade c) Metatextualidade d) Hipertextualidade

Exercícios: textos para identificação de gêneros: [1] Amar, Carlos Drummond de Andrade Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

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doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. [2] SONETO DA FIDELIDADE, Vinícius de Morais De tudo, meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor ( que tive ) : Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. [3] A Ilíada (abertura), Homero "Canta, ó Musa, a ira de Aquiles, filho de Peleu, que incontáveis males trouxe às hostes dos aqueus. Muitas almas de heróis desceram à casa de Hades e seus corpos foram presa dos cães e das aves de rapina, enquanto se fazia a vontade de Zeus, a partir do dia em que se desavieram o filho de Atreu, rei dos homens, e Aquiles, semelhante aos deuses. Que deus provocou a desavença entre eles? O filho de Leto e de Zeus, que fora ofendido pelo rei. Assim, ele mandou sobre o acampamento a peste cruel e muita gente morreu. O rei ofendera seu sacerdote, Crises, quanto este chegara até os navios dos aqueus, levando consigo ricos presentes para resgatar sua filha. Empunhava um bastão de ouro, enfeitado com as guirlandas de Apolo, o arqueiro infalível, e dirigiu sua súplica a todos os aqueus, mas especialmente aos dois príncipes filhos de Atreu. – Filhos de Atreu e vós, aqueus seus súditos, possam os deuses que moram no Olimpo permitir que tomes a cidade de Príamo e que regresseis sem percalços à vossa pátria! Libertai, porém, minha amada filha, eu vos imploro, e respeitai Apolo, o arqueiro infalível, filho de Zeus." [4] A velhinha contrabandista, Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta

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Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia! Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha

saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou: - Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo

essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha. - Juro - respondeu o fiscal. - É lambreta.

[5] Otelo (fragmento), William Shakespeare Cena II Um quarto de dormir, no castelo. Desdêmona dorme, no leito. Uma candeia acesa. Entra Otelo. OTELO - Esta é a causa, minha alma. Oh! Esta é a causa! Não vo-la nomearei, castas estrelas! Esta é a causa! Não quero verter sangue, nem ferir-lhe a epiderme ainda mais branca do que neve e mais lisa que o alabastro. Mas é fatal que morra; do contrário, virá ainda a enganar mais outros homens. Apaga a luz! Depois... Apaga a luz! Se te apagar, ministro flamejante, poderei restituir-te a luz primeira, se vier a arrepender-me. Mas extinta que seja tua luz, ó tu, modelo primoroso da excelsa natureza! de onde o fogo trazer de Prometeu, para dar nova luz à tua chama? Se tua rosa colher, é-me impossível o vital crescimento restituir-lhe: fatal é que feneça. Vou aspirá-la no próprio galho. (Beija-a.) O hálito aromoso, que quase a convencer chegaste a própria Justiça a espedaçar a sua espada! Mais um! Mais um! Se assim ficares, morta, quero tirar-te a vida, e, após, amar-te. Mais outro; será o último; um tão doce jamais foi tão fatal. Chorar preciso lágrimas impiedosas; é celeste meu sofrimento, pois castiga ao que ama. Vai acordar! DESDÊMONA - Quem está aí? Otelo? OTELO - Sim, Desdêmona. DESDÊMONA - Não vindes para o leito, meu senhor?

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OTELO - Desdêmona, rezastes esta noite? DESDÊMONA - Oh, decerto, senhor! OTELO - Se vos lembrardes de alguma falta não perdoada ainda pelo céu e sua graça, cuidai logo de tê-la redimida. DESDÊMONA - O meu senhor! Que pretendeis dizer com isso? OTELO - Bem; fazei o que vos disse e sede breve. Passarei nesse em meio; não desejo trucidar-vos o espírito manchado. Não pelo céu! Não vos matarei a alma. DESDÊMONA - Quê! Falais em matar? OTELO - Sim, é isso mesmo. DESDÊMONA - Então que o céu de mim tenha piedade. OTELO - Amém, de coração. DESDÊMONA - Se assim falais, é que não pretendeis matar-me agora. OTELO - Hum! DESDÊMONA - Contudo, sinto medo, pois terrível sois sempre, quando revirais os olhos dessa maneira. A causa desse medo, não sei dizê-lo, pois não sou culpada; porém sinto que tenho muito medo. OTELO - Pensa nos teus pecados. DESDÊMONA - Só consistem no amor que vos dedico. OTELO - Pois por ele vais agora morrer. DESDÊMONA - É contra a natureza dar a morte a alguém por ter amor. Ah! Por que causa mordeis o lábio assim? Toda a postura tendes ora abalada, por alguma sanguinária paixão. E mau agouro; contudo espero, espero que nenhuma ameaça me comine. OTELO - Paz e aquieta-te. DESDÊMONA - Estou quieta. Que é que há? OTELO - O lenço que te dei, que eu tanto amava, a Cássio o deste? DESDÊMONA - Não, por minha vida, por minha alma, não o dei. Mandai chamá-lo e interrogai-o. OTELO - Juízo, querida alma, não jures falso, pois estás agora no teu leito de morte. DESDÊMONA - Sim, no leito, mas não para morrer. OTELO - Sim, neste instante. Assim, confessa francamente a culpa, pois se com juramentos contestasses ponto por ponto, em nada isso alterara ou sustara o propósito em que me acho e que gemer me faz. Urge que morras. DESDÊMONA - Que Deus de mim se apiade. OTELO - Digo amém. DESDÊMONA - Sede também piedoso. Em toda a vida jamais vos ofendi. Nunca amei Cássio, só lhe tendo dedicado essa amizade que o céu permite, e nunca o presenteei. OTELO - Pelo céu, vi meu lenço na mão dele. Mulher perjura, em pedra me transmudas o coração e o nome dás de crime ao que eu pensava ser um sacrifício. Vi o lenço! Eu mesmo! DESDÊMONA - Então, é que ele o achou. Nunca lho dei. Mandai chamá-lo, para vir confessar o que há. OTELO - Já confessou. DESDÊMONA - Confessou quê, senhor? OTELO - Que te possuiu. DESDÊMONA - Como? Ilicitamente? OTELO - Sim. DESDÊMONA - Absurdo! Não dirá isso. OTELO - Não, porque tapada já tem a boca, pois o honesto Iago tomou suas providências. DESDÊMONA - Oh! Meu medo tinha razão de ser! Então, morreu? OTELO - Se seus cabelos todos vivos fossem, minha grande vingança os devorara. DESDÊMONA - Ai de mim! Foi traído e estou perdida!

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OTELO - Sai, prostituta infame! Vais chorá-lo na minha frente? RESPOSTAS: 1- gênero lírico, 2-lírico, 3-épico, 4-narrativo, 5-dramático Exercícios complementares: 1. Um escritor contemporâneo se destaca pela produção de sonetos, esquetes teatrais e contos. A produção desse autor está relacionada, respectivamente, aos gêneros: (A) épico, lírico e narrativo. (B) lírico, narrativo e dramático. (C) dramático, lírico e narrativo. (D) lírico, dramático e narrativo. (E) poético, dramático e lírico. 2. “No tempo, sob estes galhos, Como uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira De inexorabilíssimos trabalhos!” Identifique a figura empregada nos versos destacados: (A) antítese (B) anacoluto (C) hipérbole. (D) litotes. (E) paragoge. 3. (UFRGS) O soneto é uma das formas poéticas mais tradicionais e difundidas nas literaturas ocidentais e expressa, quase sempre, conteúdo: (A) dramático. (D) épico. (B) satírico. (E) cronístico. (C) lírico. 4. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações: I - O romance é um gênero literário em constante evolução que, na sua configuração atual, utiliza-se das técnicas mais variadas, provenientes, inclusive, de outras artes como o cinema e a pintura. II - O conto é uma narrativa em prosa, de curta extensão, cuja trama é em geral construída com tempo, espaço e número de personagens reduzidos. III - A crônica moderna apresenta-se como um registro isento e distanciado de acontecimentos cotidianos presenciados pelo cronista. Quais estão corretas?

(A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas I e II. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III. 5. Dentre os gêneros literários abaixo, um, atualmente, está esquecido pelos escritores, em parte pelos padrões culturais do leitor atual e, principalmente, pelo caráter obsoleto a que restringe a abordagem de fatos e de personagens heróicos. Pode-se afirmar que esse gênero é o: (A) épico. (B) lírico. (C) dramático. (D) narrativo. (E) jornalístico. 6. Hegel considerava que a burguesia sofria de uma ausência do divino. Tal ausência viria a marcar a cultura, inclusive a produção literária. Por isso, assinala que a epopéia, sem os deuses e heróis, transformara-se, no mundo burguês, (A) no drama (B) no conto histórico (C) no romance (D) na poesia (E) no relato 7. (UNISC-06) O texto literário transfigura, muitas vezes, a linguagem, valendo-se de figuras com o propósito de criar melhores efeitos. Considerando a figura e seu conceito, onde o exemplo não corresponde? (A) Metáfora: transição de uma realidade a outra, a partir de elementos semelhantes existentes entre as duas. Exemplo: “A Luciane é um canhão em matemática.”

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(B) Antítese: confronto de dois elementos antagônicos que entram em choque ao coexistirem numa realidade. Exemplo: “A lua é um tiro ao alvo/e as estrelas bala e bala” (Luiz Coronel). (C) Sinestesia: figura que cruza sensações mediante atribuição de qualidades de um sentido a outro. Exemplo: “E que dizer do aroma azulado da noite?” (Érico Veríssimo). (D) Aliteração: repetição de uma mesma consoante ou de consoantes com propriedades fônicas semelhantes. Exemplo: “E temo, e temo tudo, e nem sei o que temo” (Alphonsus de Guimaraens). (E) Personificação: atribuição de qualidades, atitudes ou impulsos próprios do homem a seres inanimados. Exemplo: “Negro, imenso, disforme,/Enegrecendo a noite, a desdobrar-se pelas/amplidões do horizonte, a cordilheira dorme” (Vicente de Carvalho). 8. (UNISC-04) Das afirmações a seguir, qual é inadequada para definir ou compreender literatura? (A) A primeira estrofe do poema “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa, diz: “O poeta é um fingidor./Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente”. Daí dá para deduzir que o escritor é um criador demundos, de emoções, de ilusões, de verdades. (B) Ao definir o escritor como criador demundos, isso não significa que o texto literário não possa estar baseado nas realidades existentes. (C) A literatura não lida apenas com emoções vagas e distantes; ela também se debruça sobre realidades sociais, denunciando desajustes e injustiças. É o que fez, por exemplo, Castro Alves, com seus vigorosos poemas contra a escravidão. (D) É evidente que a poesia sempre se constituirá texto mais literário do que a prosa (contos, romances, etc.), porque a primeira exige habilidades, técnicas, conhecimentos teóricos, que a segunda dispensa sem nenhum problema.

(E) Nem sempre a literatura necessita de algum objetivo que se localize fora dela; a obra de arte literária pode voltar-se sobre si mesma, gerar prazer estético, tanto para o autor como para o leitor. É uma finalidade perfeitamente adequada à literatura. 9. Dentre os textos abaixo, quais apresentam princípio clássico? 1. "Quando a Indesejada das Gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), Talvez eu tenha medo, Talvez sorria, ou diga: - Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar." 2. “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.”

3. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.” 4. “Continuamente estou imaginando, Se esta vida, que logro, tão pesada, Há de ser sempre aflita, e magoada, Se como o tempo enfim se há de ir mudando:” (A) Apenas 1 e 2 (B) Apenas 2 e 3 (C) Apenas 2, 3 e 4 (D) Apenas 3 e 4 (E) 1, 2, 3 e 4 10. Considere o texto abaixo, de As três Marias, de Rachel de Queiroz. “Pelas varandas imensas espalhavam-se às centenas meninas de todos os tamanhos, com todas as caras deste mundo, vestidas de azul-marinho. Um grupo delas acercou-se de nós,

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sorridente, curioso. A mim me pareceram logo malvadas, escarninhas, hostis. Encolhi-me mais junto à Irmã. Lá para trás outras meninas vinham chegando, e ouviam-se gritos: – Novata! Uma novata! A irmã me pôs a mão no ombro, mandou que me fosse reunir a elas, procurasse brincar, fazer amigas. Eu resisti. Sentia cada vez mais medo e me agarrei resolutamente ao hábito grosso da freira: – Queria ir para junto da minha mala. Angustiada pela timidez que me inspiravam as caras novas e atrevidas das meninas, eu só pensava em fugir; e a lembrança da mala me ocorreu como uma salvação.” O narrador acima se apresenta como (A) câmera (B) eu-testemunha (C) onisciente neutro (D) onisciente onipresente (E) eu-protagonista 11. Sobre a arte literária, considere as seguintes afirmações: I – ao escrever, o escritor é obrigado a manter um compromisso – ser fiel à realidade, compondo um verdadeiro retrato do mundo; II – ao ler obra literária, um dos aspectos que o leitor deve levar em conta é a visibilidade – capacidade de imaginar sensivelmente o que se lê; III – a literatura é a arte da palavra, razão pela qual não há fórmulas pré-concebidas para se construir, por exemplo, um bom poema. Quais estão corretas? (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas II e III. (D) Apenas III. (E) I, II e III. 12. Considere a imagem abaixo e assinale a observação correta acerca do fenômeno artístico moderno nela evidente:

(A) A imagem constitui um exemplo moderno de desconstrução, uma vez que associa uma obra clássica a um produto popular. (B) Na imagem percebe-se o recurso da intertextualidade, uma vez que remete explicitamente a uma obra marcada pela tradição histórica. (C) A imagem constitui cópia, especificamente chamada, em nomenclatura artística, de plágio. (D) A figura ilustra a arte pop, uma vez que insere na obra conteúdo político, no caso anticonsumista. (E) A obra mantém-se clássica, apesar da interferência de um artista moderno, pois não evita a lembrança do original. 13. A crônica é um gênero literário bastante lido nos dias de hoje. Isso se dá porque I – é escrita em linguagem comunicativa, o que facilita a leitura; II – aborda temas essencialmente atuais; III – geralmente é encontrada em jornais e revistas, o que facilita o acesso do leitor. Quais estão corretas? (A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III. 14. Considere o texto O Vizinho, de Leonardo Brasiliense:

“Meu vizinho do outro lado da rua passa a vida olhando a vida - dos outros - pela janela. É um homem velho e acho

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que doente: não imagino outro motivo para ele ficar o tempo todo assim. E ali onde o vejo deve ser o seu quarto. Uma pessoa como ele não deve sair nunca do quarto. Há de receber muitos cuidados, por uma enfermeira particular, talvez, ou por alguém que o ame. Fico mais tranqüilo se pensar que ele é amado. Assim fica menos triste ver passar a vida, ele lá, da sua janela, e eu aqui, da minha.”

O narrador do texto é classificado, segundo a tipologia de Friedman, como

(A) narrador-testemunha (B) narrador onisciente neutro (C) narrador-protagonista (D) narrador câmera (E) narrador onisciente intruso 15. Entre os textos narrativos e dramáticos, há inúmeras semelhanças, como o uso de ... . Porém, os textos teatrais não necessitam obrigatoriamente de um elemento essencial á narrativa, que é ... . (A) personagens – o cenário (B) diálogos – o narrador (C) descrições – narrador (D) personagens – o autor (E) falas – o autor RESPOSTAS: 1.d, 2.c, 3.c, 4.c, 5.a, 6.c, 7.b, 8.d, 9.d, 10.e, 11.c, 12.b, 13.e, 14.a, 15.b Instrução: as questões de 16 a 17 referem-se aos gêneros literários abaixo. Numere os textos de acordo com o gênero mais evidente.

1. epopeia 2. poesia 3. narrativa em prosa 4. texto dramático

16. “Oh! Bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n’alma

É germe – que faz a palma, É chuva – que faz o mar.” Gênero [ ] 17. “Não acabava, quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura, O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má, e a cor terrena e pálida, Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos” Gênero [ ] 18. “E quando acordei o dinossauro ainda estava lá”. Gênero [ ] 19. “Caminhava para eles com o passo altivo da garça que passeia à beira d’água: por cima da carioba trazia uma cintura das flores da maniva, que era o símbolo da fecundidade. Colar das mesmas cingia-lhe o colo e ornava os rijos seios palpitantes.” Gênero [ ] 20. “A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer” Gênero [ ] 21. “(...) mas basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui lhes dou em duas linhas. Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona,-um triste molambo de mulher,- chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela. – É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo. – Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?” Gênero [ ]

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22.

Gênero [ ]

23. “BISPO – testamento de cachorro?

PADRE – (animando-se) sim, o cachorro tinha um testamento. Maluquice de sua dona. Deixou três contos de réis para o sacristão, quatro para a paróquia e seis para a diocese. BISPO – é por isso que eu vivo dizendo que os animais também são criaturas de Deus. Que animal interessante! Que sentimento nobre!” Gênero [ ] 24. "Aquela senhora tem um piano Que é agradável mas não é o correr dos

rios Nem o murmúrio que as árvores fazem...

Para que é preciso ter um piano? O melhor é ter ouvidos E amar a Natureza." Gênero [ ] 25. Um crime, um sorriso Chico Pedreira deu um tiro no vizinho. O homem foi caindo, quase em câmera-lenta, olho esbugalhado no Chico e da boca escorrendo sangue. Na janela, gritava a Mariazinha, mulher do Chico e causa do crime. A polícia chegou na hora e logo algemou o assassino, em meio aos prantos da mulher. No rosto do vizinho morto um sorriso: valia a pena morrer por Mariazinha. Gênero [ ] RESPOSTAS: 16-2, 17-1, 18-2, 19-3, 20-2, 21-3, 22-2, 23-4, 25-3

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26. Analise as imagens abaixo, classificando-as nos padrões clássico e moderno. a) Rembrandt:

b) Tarsila do Amaral:

c) Salvador Dali:

d) Pablo Picasso:

e) Hieronymus Bosch:

f) Giotto:

g) Leonardo da Vinci:

h) Toulouse Lautrec:

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i) Juarez Machado:

j) Romero Britto:

k) Jean Michel Basquiat:

l) Cartier-Bresson :

m) Sebastião Salgado :

n) Hélio Oiticica :

o) Aleijadinho :

p) Fellini :

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RESPOSTAS : a) Rembrandt: clássico b) Tarsila do Amaral: moderno c) Salvador Dali: moderno d) Pablo Picasso: moderno e) Hieronymus Bosch: moderno f) Giotto: clássico g) Leonardo da Vinci: clássico h) Toulouse Lautrec: moderno i) Juarez Machado: moderno j) Romero Britto: moderno k) Jean Michel Basquiat: moderno l) Cartier-Bresson : clássico m) Sebastião Salgado : clássico n) Hélio Oiticica : moderno o) Aleijadinho : moderno/clássico p) Fellini : clássico