lisa kleypas - stokehurts 01 - o anjo da meia-noite (luke e tasia)

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8/10/2019 Lisa Kleypas - Stokehurts 01 - O Anjo Da Meia-Noite (Luke e Tasia) http://slidepdf.com/reader/full/lisa-kleypas-stokehurts-01-o-anjo-da-meia-noite-luke-e-tasia 1/312  1  A  A  j  j  d  M  -  N   g  g  a  g  g  )  )   K  y  y  p  p   Resumo:  A cidade inteira reclama sua morte. Será executada ao amanhecer acusada de assassinato. As provas eram terminantes, tinham encontrado a Tasia coberta de sangue ao lado do cadáver de seu prometido, o príncipe  Mikhail. Mas Tasia não recorda nada. Graças à ajuda de uma criada consegue fugir encontrando refúgio na Inglaterra como professora da filha de lorde Stokehurst. Sua vida deu um giro de 180 graus. Adeus à rica herdeira comprometida com um príncipe de sangue real, destinada a reinar sobre uma legião de criados. Agora a criada é ela e deve servir a um homem acostumado a obter tudo o que deseja, incluída a preciosa Tasia.  E ela não é indiferente ao atrativo de seu chefe.  Poderá fugir eternamente de seu passado e dos ditados de seu coração?

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O O  A  A n n  j  j o o  d  d  a a  M M e e i i a a  - -  N N o o i i t t e e  

( ( m m i i d  d  n n i i  g  g t t h h   a a n n  g  g e e l  l   )  )  L L i i s s a a  K K l  l  e e  y  y  p  p a a s s  

 Resumo:

 A cidade inteira reclama sua morte. Será executada ao amanhecer acusada

de assassinato. As provas eram terminantes, tinham encontrado a Tasia

coberta de sangue ao lado do cadáver de seu prometido, o príncipe

 Mikhail. Mas Tasia não recorda nada. Graças à ajuda de uma criadaconsegue fugir encontrando refúgio na Inglaterra como professora da filha

de lorde Stokehurst. Sua vida deu um giro de 180 graus. Adeus à rica

herdeira comprometida com um príncipe de sangue real, destinada a

reinar sobre uma legião de criados. Agora a criada é ela e deve servir a

um homem acostumado a obter tudo o que deseja, incluída a preciosaTasia.

 E ela não é indiferente ao atrativo de seu chefe.

 Poderá fugir eternamente de seu passado e dos ditados de seu coração?

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P P r r e e  f   f  á á c c i i o o  

São Petersburgo

Rússia 1870

O guarda fechou depois do a porta da cela.

- Dizem que é uma bruxa. Dizem que os as mentes.

Estalou em gargalhadas.

- Em que estou pensando neste momento? me pode dizer isso

Tasia crispada manteve a cabeça baixa.

Isso era o mais desagradável de seu encarceramento: ter que suportar a odiosa

presença da Rostya Bludov, esse caipira que se pavoneava como se o uniforme

que oprimia seu enorme estômago bastasse para fazer do alguém importante.

Não se tinha atrevido a tocá - la até esse momento mas se voltava cada vez mas

insolente.

Notou seu olhar sobre ela enquanto se para um novelo no camastro. Estes três

meses de cativeiro a tinham marcado e sabia. Sempre tinha sido magra mas

agora roçava a desnutrição e o tom marfileño de sua pele parecia agora mais

pálido em contraste com a pesada cabeleira negra.

Os passos se aproximaram.

- Esta noite estaremos sozinhos - gruñó –Escuta, vou fazer te t´ultima noite

inesquecível.

Ela moveu lentamente a cabeça e lhe olhou com expressão vazia.

No rosto picado de varíolas do Bludov se desenhou um sorriso enquanto se

acariciava os testículo.

Tasia lhe olhava sem pestanejar. Seus olhos um pouco oblíquos, herança de um

antepassado tártaro, tinham a cor fria e pálida das águas do rio Neva no

inverno, cinza azulado.

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Alguns acreditavam que Tasia podia roubar suas almas só lhes olhando. Os

russos eram um povo supersticioso e todos, do mais humilde camponês até o

czar, viam tudo o que se saía do normal com grande inquietação.

O guarda não era uma exceção. Lhe apagou o sorriso. Tasia lhe olhou fixamente

até que as gotas de suor perlaron a frente do indivíduo. Retrocedeu horrorizado

e se benzeu.

- Bruxa! É verdá o que dizem de ti. Deveriam te queimar e te reduzir a cinzas

em lugar de só te pendurar.

- Fora daqui - disse ela em voz baixa.

Quando ele estava a ponto de obedecer, bateram na porta da cela. Tasia ouviu avoz de seu nodriza, Varka, pedindo permissão para entrar.

Esteve a ponto de desfalecer. Varka tinha envelhecido terrivelmente nos

últimos meses e a jovem custava muito olhar seu rosto sulcado de rugas sem

romper a chorar.

Com uma gargalhada malvada, Bludov deixou passar à criada e desapareceu.

- Asquerosa bruxa de alma negra - murmuró antes de ir-se fechando a portadetrás do.

Varka, uma pequena e gordinha mulher, estava completamente vestida de

cinza e levava a cabeça coberta por um lenço com um desenho em forma de

cruz para afugentar aos maus espíritos. aproximou-se da Tasia.

- OH meu Tasia! - exclamou com voz rota olhando os ferros que lhe atavam os

tornozelos. Vê-la assim…? - Estou bien - murmurou Tasia tomando a das mãos para consolarla - nada

disto me parece real, é como se estivesse vivendo um pesadelo.

Sorriu levemente.

- Espero que termine mas segue e segue…Vêem, sente-se a meu lado.

Varka se secou os olhos com a ponta do lenço.

- por que Deus permitiu que… 

Tasia sacudiu a cabeça.

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- Não sei como pôde acontecer tudo isto, entretanto é Sua vontade e devemos

aceitá - lo.

- suportei muitas coisas em minha vida mas isto…não posso. 

Tasia a fez calar com suavidade.

- Não temos muito tempo Varka. me diga, entregou-lhe minha carta ao tio Viril?

- A entreguei em mão como você me disse. Fiquei ali até que a leu e logo a

queimou. Chorando declarou: “lhe diga a minha sobrinha que não a

abandonarei, juro - o pela memória de seu pai, Iván, meu querido irmão.

- Sabia que podia contar com o Varka… E o outro? 

Lentamente a velha criada rebuscou na bolsa que levava na cintura e tirou umfrasquito de cristal.

Tasia o agarrou e jogou um instante com o olhando pensativa o negro liquido

oleoso enquanto se perguntava se teria valor para beber-lhe

- Não lhes deixe que me enterrem - disse fingindo despreocupação-se me

acordado não quiser que seja clandestinamente.

- Meu pobre pequena E se a dose for muito forte? E se o arbusto?Tasia seguia olhando fixamente o frasco.

- Então se terá feito justiça - disse com amargura.

Se tivesse sido menos covarde, se tivesse crédulo mas na piedade de Deus,

poderia confrontar a morte com dignidade.

Tinha rezado durante horas diante do ícone que tinha pendurado em um rincão

da cela, suplicando em silêncio que lhe outorgasse a força necessária paraconfrontar a morte com dignidade, mas tinha sido em vão, seguia estando

aterrorizada. Tudo São Petersburgo pedia sua morte. Uma vida por outra. Nem

sequer sua imensa fortuna tinha podido sossegar os gritos da multidão.

merecia-se esse ódio, tinha matado a um homem, ou ao menos isso acreditava.

O motivo, as circunstâncias e as provas a tinham famoso como culpado no

 julgamento. E além não havia mais suspeitos.

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Durante os largos meses da prisão, nos quais só a oração lhe impediu de voltar-

se louca, ninguém pôde descobrir nada novo que criasse dúvidas sobre sua

culpabilidade. Séria executada ao dia seguinte, à alvorada.

Mas a Tasia lhe ocorreu um plano absurdo inspirado em uma passagem da

Bíblia: “Esconderia  - me na tumba e ninguém me descobriria”. Esconder na

tumba…Se ela pudesse encontrar uma forma de fingir que estava morta e

escapar!

Tasia agitou o conteúdo do frasco, uma mescla de diversas drogas comprado

clandestinamente em uma drogaria de São Petersburgo

- Recorda todos os detalhes? - perguntou.Varka assentiu com a cabeça fracamente.

- Perfeito.

Tasia rompeu o selo de cera com gesto decidido e levantou o frasco simulando

um brinde.

- Pela justiça! - declarou antes de beber o conteúdo.

O sabor era horrível e se estremeceu de asco. Com a mão na boca fechou osolhos esperando que desaparecessem as nauseia.

- Agora tudo está nas mãos de Deus - disse lhe entregando o franco vazio a

nodriza.

A pobre mulher baixou a cabeça para dissimular as lágrimas.

- OH senhora… 

- Cuida de minha mãe, tenta consolar - a - disse Tasia acariciando o cabelo cinzada criada - ahora vete. Depressa Varka.

tombou-se no camastro tentando concentrar-se no ícone enquanto a nodriza se

retirava.

Tinha muito frio e os ouvidos lhe apitavam. Assustada tentou manter uma

respiração regular, o coração lhe golpeava no peito como um martelo.

“Meus amantes e meus amigos se mantêm apartados, meus pais estão longe…” 

O rosto doloroso da Madona se para impreciso.

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“Esconderia - me na tumba e ninguém me descobriria até que a ira tivesse passado…” 

Quis rezar mas as palavras não saíram de seus lábios. Deus O que me esta

acontecendo? Papai me ajude… 

De modo que morrer era isto. Todas as sensações se detinham e o corpo parecia

de pedra…A vida escapava da Tasia como a maré minguante e também

desapareciam suas lembranças deixando - a afundar-se em um mundo branco

na fronteira entre a vida e a morte.

“Em minhas p{lpebras pesa a sombra da morte…” 

“me esconda na tumba…” 

Permaneceu muito tempo inconsciente e logo começaram os sonhos. Primeiro

houve um caleidoscópio de imagens: adagas, rios de sangue, crucifixos e

relíquias santas. Reconheceu os Santos de seus adorados ícones, Nikita, Juan e

Lázaro médio envolto em seu sudário com seu grave olhar estalagem nela.

As imagens desapareceram e foram substituídas por cenas de sua infância.

Era verão na dacha, a casa do verão dos Kapterev. Sentada em uma cadeira dourada,com os pés que não chegavam ao chão, estava comendo uma nata geada em um prato de

 fina porcelana.

- Papai posso lhe dar as sobras a Fantasma? - perguntou enquanto uma perrita branca

esperava movendo a cauda.

- Se não querer mas, se.

O rosto barbudo de seu pai se iluminou com um tenro sorriso.- Sua mãe acredita que deveríamos lhe pôr um nome mas alegre a seu cão Tasia -

continuou - Bola de Neve ou Raio de sol por exemplo.

- Mas quando dorme em um rincão de mim habitação de noite parece realmente um

 fantasma papai.

Seu pai riu.

- Então a chamaremos como você queira carinho.

A cena trocou

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Tasia estava na biblioteca do palácio Angelovsky, lotada de livros encadernados em

couro e ouro. Ouviu um ruído detrás dela e se deu a volta para encontrar-se frente a sua

 primo Mikhail. O se cambaleava com o rosto desfigurado em uma horrível careta. A

manga de um curta papéis em forma de adaga me sobressaía de sua garganta e um

reguero de sangue caía por sua jaqueta de brocado. Tasia tinha as mãos e a parte

dianteira do vestido manchados. Chiou horrorizada antes de sair correndo. Chegou à

 porta de uma igreja e golpeou até que se abriu. A nave da igreja estava iluminada com

milhares de velas procedentes dos ícones. Os rostos dos Santos a contemplavam com dor.

 A Muito santo Trindade, a Virgem, Juan… 

Caindo de joelhos apoiou a frente no estou acostumado a rezando.

- Anastasia

Levantou os olhos e viu um homem, seus cabelos eram negros como o carvão e seus olhos

queimavam como chamas azuis. Era o diabo que vinha a lhe arrebatar a vida como

castigo por seus crímenes.

- Não queria fazê - lo - gemeu - Não queria matar a ninguém. Suplico - lhes isso,

tenham piedade… O a ignorou e se inclinou sobre ela.

- Não! - gritou

 Mas o já a tinha pego entre seus braços e a levava. Depois desapareceu e voltou a

encontrar-se sozinha, hesitante em um universo de ruído e de cores, com os nervos

destroçados. Uma escura força a arrastava através de correntes de gelo e de dor. Ela

tentava resistir mas se via atraída inexoravelmente para a superfície.

Quando Tasia abriu os olhos ficou deslumbrada e gemeu de dor.

Imediatamente tamparam a chama da vela.

O rosto do Kirill Kapterev, com o contorno impreciso, estava inclinado para ela.

- Sempre acreditei que a Bela Adormecido do bosque só era um conto de fadas,

entretanto esta aqui em meu navio - disse com voz tranqüila - en alguma parte

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do mundo deve existir um Príncipe Encantado que está lhe perguntando à lua

onde se encontra sua amada.

Ela tentou falar.

- Tío - sussurrou tremendo.

O sorriu embora sua larga frente tivesse rugas de preocupação.

- Aqui está de volta ao mundo dos vivos, minha querida sobrinha.

Tasia se sentiu tranqüilizada por sua voz, tão parecida com a de seu pai. Todos

os homens Kapterev se pareciam: rosto enérgico, espessas sobrancelhas, maçãs

do rosto altos e a barba atalho da mesma forma. Mas ao contrário que o pai da

Tasia, Kirill tinha uma verdadeira paixão pelo mar. Quando era jovem serve namarinha russa e mas tarde fundou sua própria sociedade de navios mercantes.

Várias vezes ao ano levava o mesmo seus navios da Rússia até a Inglaterra

levando tecidos e equipamento.

Quando era uma menina a Tasia adorava as visitas do Kirill, o sempre tinha

apasionantes historia que contar, trazia-lhe presentes de longínquos países e

estava impregnado do um delicioso aroma de iodo e água de mar.- Se não o estivesse vendo com meus próprios olhos - disse - no poderia

acreditar esta ressurreição. Eu mesmo levantei a tampa do ataúde onde jazia,

fria e rígida como um cadáver. E agora estas aqui, viva de novo.

interrompeu-se antes de acrescentar brincando:

- Mas possivelmente estou falando antes de tempo. Vamos, deixa que te ajude a

te sentar.Tasia protestou com um gemido quando o a levantou pelas costas para lhe

deslizar um travesseiro por detrás.

Estavam em um grande camarote com as paredes forradas de mogno e os olhos

de boi tampados com cortinas de veludo.

Kirill verteu água em um copo de cristal e o aproximou dos lábios dela. Deu um

sorvo e imediatamente lhe sobreveio uma arcada, então, muito pálida, negou-se

a beber mas.

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- Tudo São Petersburgo falava de sua misteriosa morte - disse Kirill para lhe

fazer esquecer as nauseia. Muitos oficiais quiseram examinar seu cadáver, entre

eles o governador da cidade e o ministro do interior, mas sua família já tinha

ido te buscar. Seu nodriza confiou a meus cuidados e organizou os funerais

antes de que ninguém tivesse tempo de entender o que acontecia. Os que

assistiram a seu enterro não podiam suspeitar que o que se enterrava era um

ataúde cheio de sacos de areia.

Franziu o cenho causar pena.

- Sua pobre mãe está se desesperada mas não terá que lhe dizer que estas viva.

A realidade é que seria incapaz de guardar o segredo. É horrível mas… encolheu-se de ombros com resignação.

Tasia sentiu uma imensa pena por sua mãe. Todo mundo acreditava morta e era

estranho saber que para todos os que tinha conhecido e amado durante toda a

vida, ela tinha deixado de existir.

- Tem que tentar andar um pouco - disse Kirill.

Ela deslizou penosamente suas pernas para o bordo da cama, e deixando queseu tio a sujeitasse, ficou de pé. Doíam-lhe terrivelmente as articulações e os

olhos lhe encheram de lágrimas enquanto Kirill a animava a caminhar.

- vamos tentar andar um pouco.

- Se… - respondeu ela com um soluço obrigando-se a obedecer.

Tudo lhe doía, respirar, falar e andar. Tinha frio…nunca em toda sua vida tinha

estado tão geada.Kirill lhe falava com calma animando - a a dar uns passos hesitantes com um

 braço sujeitando - a.

- Seu pai deve estar me olhando com reprove daí acima por deixar que sua

única filha se encontre nesta situação. Quando penso na última vez que te vi…! 

Kirill sacudiu a cabeça causar pena.

- Dançava uma mazurca no palácio de inverno e o muito mesmo czar se deteve

para te admirar. Havia tanto fogo em ti, tanta graça e beleza! Seus pés logo que

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tocavam o chão. Todos os homens pressente queriam ser seus acompanhantes.

Faz apenas um ano e parece uma eternidade.

Certamente ela agora não parecia tão viva, cada passo que dava era uma

tortura.

- Não é coisa desdenhável atravessar o mar Báltico em primavera - continuou

Kirill - Por toda parte há partes de gelo flutuando. Deteremo - nos em

Estocolmo para carregar ferro e logo dirigiremos a Londres. Sabe onde pode

encontrar refúgio?

Teve que repetir a pergunta antes de que ela fora capaz de responder.

- Ashbourne - sussurrou por fim.- Os primos de sua mãe? Hum! Não posso dizer que eu goste, não aprecio

muito à família materna, e menos ainda aos ingleses em geral.

- P…por que? 

- São uns esnobes e uns imperialistas e além hipócritas. Os ingleses se

consideram a se mesmos como o povo mas civilizado do mundo quando seu

verdadeiro caráter é brutal e cruel. Entre eles a inocência fica logo destruída,recorda - o bem. Nunca confie neles.

Kirill fez uma pausa ao dar-se conta de que o que suas palavras não eram

precisamente tranqüilizadoras para uma jovem que planejava refazer sua vida

nesse país. Procurou desesperadamente algo que fora adulador para os

 britânicos.

- Por outro lado - declarou ao fim - constróem uns formosos navios.Tasia esboçou um sorriso forçado e de parou apertando o braço de seu tio.

- Spassivo - murmurou para lhe dar as obrigado.

O fez uma careta.

- Niet , não me mereço sua gratidão sobrinha. Teria que ter feito mas por ti,

deveria ter matado eu mesmo ao Angelovsky antes de que pusesse suas garras

sobre ti. E pensar que a descerebrada de sua mãe queria casar a sua filha com

esse imundo indivíduo! ouvi falar do, de suas aparições em público disfarçado

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de mulher, dos dias inteiros que passava fumando ópio. Quanto a todas suas

perversidades… 

calou-se para ouvir a exclamação de protesto da Tasia.

- Mas é uma tolice falar disso agora. Quando terminarmos com este pequeno

passeio, pedirei-lhe ao grumete que nos traga chá. E lhe beberá isso até a última

gota.

Tasia assentiu com a cabeça, tinha umas vontades loucas de descansar, mas

Kirill continuou torturando - a durante um bom momento antes de lhe permitir

descansar em uma poltrona. Ela se deixou cair como uma anciã com artrite e o

lhe pôs uma manta nos joelhos.- Pequeno pássaro de fogo-lhe disse com carinho lhe agarrando a mão.

- Papai… - murmurou ela com voz afogada.

- Dá , lembro - me de que o te chamava assim. Para o Iván você foi toda a luz e a

 beleza do mundo. A oropéndola, o pássaro de fogo, é o símbolo da felicidade.

foi procurar uns objetos e os pôs na estantería ao lado dela.

- Sua mãe queria que estas coisas fossem enterradas contigo - disse ceñudo -conserva - as - consérvalas na Inglaterra, são retalhos de seu passado que lhe

ajudassem a recordar… 

- Não.

- Cógelas - insistiu o - Algum dia te alegrasse das ter.

Tasia se voltou de preguiça para os objetos e a garganta lhe fechou quando

descobriu a cruz de filigrana que pendurava da cadeia de ouro que sua avóGalina Vassilievna, tinha levado durante toda sua vida. Era um diamante

rodeado de rubis vermelhos como o sangue.

A lado da jóia estava um pequeno ícone da Virgem e o Menino com as auréolas

pintadas de ouro.

Os olhos da Tasia se encheram de lágrimas quando descobriu o último dos

tesouros: Um anel de ouro gravado que tinha pertencido a seu pai. Agarrou - o

e fechou seus finos dedos ao redor da jóia.

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Kirill esboçou um sorriso de compaixão ao ver o desespero em sua cara.

- Agora estas segura - murmuró - y viva. Não o esqueça…Isso te ajudar{. 

Tasia lhe seguiu com o olhar enquanto o saía do camarote. passou-se a língua

pelos ressecados lábios. Era certo que estava viva mas segura?

ia passar se o resto de sua vida como um animal encurralado, perguntando-se

sem cessar quando chegaria o fim. Qual seria sua vida nessas condições?

Estou viva - repetiu-se em silêncio.

Capitulo um

Londres, Inglaterra

Lady Ashbourne se retorcia as mãos com nervosismo.

- Tenho que te dar uma grande noticia Luke, encontramos uma dama

professora para a Emma. Uma maravilhosa jovem, inteligente e com uma

educação irreprochável perfeita em tudo. Tem que vê - lo por ti mesmo.

Lorde Lucas Stokehurst, marquês do Stokehurst sorriu com ironia.

- Hei aqui o motivo pelo que fui convidado hoje. E eu que acreditei que era porminha encantadora conversação.

Para meia hora que estava bebendo chá falando de naderías no salão dos

Ashbourne no Queen´s Square.

Charles Ashbourne, seu melhor amigo desde que estudaram juntos no Eton, era

um homem encantador, dotado com um estranho talento: sempre via o melhor

de cada pessoa, qualidade que não compartilhava Luke. Ao saber que seu

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amigo estava passando o dia em Londres lhe tinha convidado a lhe visitar

quando acabasse com seus compromissos.

Assim que pôs os pés em sua casa, Luke soube que queriam lhe pedir um favor.

- É perfeita - repitió Alice - Não é verdade Charles?

Charles assentiu com entusiasmo.

- Certamente querida.

- Saiu tudo tão mal com a anterior professora - continuou Alicia - que tentei

encontrar uma boa substituta. Sabe o muito que quero a sua filha e o muito que

ela se lembra de sua mãe.

Titubeou um momento.- OH Deus, não queria te recordar a Mary!

O sombrio rosto do Luke continuou imperturbável. Tinham passado vários

anos da morte de sua mulher mas ainda sofria quando alguém pronunciava seu

nome. E seria assim até o último dia de sua vida.

- Continua – disse em tom neutro – Fala - me desse modelo de virtudes- chama-se Karen Billings, embora haja acontecido a maior parte de sua vida no

estrangeiro, escolheu viver na Inglaterra. Viverá conosco até que lhe

encontremos um trabalho adequado. Em minha opinião, é o bastante

amadurecida para proporcionar a Emma toda a disciplina que necessita, e ao

mesmo tempo é o bastante jovem para ganhá - la simpatia da menina. Assim

que a veja compreenderá que é exatamente o que necessita, estou segura disso.- Muito bem.

Luke terminou seu chá, estendeu suas largas pernas e disse:

- me mande suas referências, jogarei - lhes uma olhada assim que tenha tempo.

- Bem…h{ um pequeno problema. 

- Um pequeno problema? - repetiu Luke levantando as sobrancelhas.

- Não tem nenhuma carta de recomendação.

- Nenhuma?

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O pescoço da Alicia se tingiu de rosa por cima do encaixe.

- Prefere não falar de seu passado. Por desgraça não posso te dizer porque mas

confia em mi.

depois de um breve silêncio Luke estalou em gargalhadas.

Era um homem atrativo de uns trinta e cinco anos com o cabelo negro e os olhos

muito azuis. Entretanto seu rosto era mais atrativo por sua virilidade que por

sua beleza, a expressão de sua boca era severo e seu nariz um pouco maior do

habitual. Tinha o sorriso levemente irônico de um homem que não se toma a se

mesmo a sério e eram muitos os que tentavam imitar seu cínico encanto.

Quando ria como agora, a alegria não alcançava realmente a seus olhos.- Já ouvi bastante Alicia. Certamente deve ser uma excelente professora, um

tesouro. assim que outra família se aproveite desta jóia.

- antes de te negar, fala com menos com ela.

- Não. só fica Emma e quero o melhor para ela.

- Miss Billings é a melhor.

- Só é uma protegida sua - objetó Luke com ironia.- Charles… 

Alicia olhou implorante a seu marido para que a ajudasse.

- O que tem que mau em que a conheça Stokehurst? - perguntou a seu amigo.

- Seria uma perda de tiempo - respondeu Luke com um tom que não admitia

réplica.

Os Ashbourne intercambiaram um olhar de contrariedade. Reunindo todo seuvalor Alicia fez um último intento.

- Pelo bem de sua filha Luke, deveria aceitar conhecê - la. Emma tem doze anos,

está a ponto de converter-se em uma mulher o qual é maravilhoso e terrível de

uma vez. Necessita a alguém que a ajude a entender-se a se mesma e ao mundo

que a rodeia. Seu sabe que não recomendaria a ninguém que não fora adequada

para esta situação. E miss Billings é tão especial…Permite que v{ procurar a sua

habitação. Não demorarei lhe prometo isso. Por favor… 

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Luke se liberou da mão que ela tinha posto sobre seu braço e grunhiu:

- Traz - a antes de que troque de idéia.

- É um encanto.

Alicia saiu rapidamente entre um murmúrio de seda.

Charles se serve um conhaque.

- Graças - disse - es muito amável por sua parte lhe fazer este favor a minha

mulher. De todas formas acredito que não te arrependerá de conhecer miss

Billings.

- Aceito vê - la mas não a contratarei.

- Poderia trocar de opinião.- Não há nem a mais mínima possibilidade.

Luke se levantou e passou por diante dos móveis sobrecarregados de adornos

para unir-se a seu amigo ante a mesa de mogno esculpida. Charles lhe serve

uma taça e, fazendo girar o líquido âmbar, Luke insistiu com um sorriso

inclinado.

- De que se trata em realidade Charles?- Realmente não o sé - respondeu Ashbourne um pouco incomodo - miss

Billings é uma perfeita desconhecida para mi. Chegou a nossa casa faz uma

semana, sem malas nem bagagem, e sem um penique que eu saiba. Alicia a

acolheu com os braços abertos mas se nega a me dizer nada sobre ela. Eu

acredito que é uma parente pobre que tem problemas. Possivelmente um patrão

tentou lhe impor suas cuidados por exemplo, não me surpreenderia nada. É jovem e muito agradável à vista.

Charles se interrompeu um instante antes de acrescentar:

- Reza constantemente.

- Maravilhoso! Isso é exatamente o que necessito como professora da Emma.

Ignorando o sarcasmo Charles continuou:

- H{ algo nela…Não posso explic{ - lo. Arrumado a que lhe aconteceu algo fora

do comum.

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Luke entrecerró os olhos.

- O que quer dizer com isso?

Alicia voltou antes de que Charles tivesse tempo de responder seguida de um

ser fantasmagórico vestido de cinza.

- Lorde Stokehurst posso lhe apresentar a miss Karen Billings?

Luke respondeu à reverência desta com um simples gesto da cabeça, não tinha

nenhuma intenção de fazê - la sentir-se cômoda, de modo que era melhor que o

entendesse quanto antes, ninguém a empregaria sem uma carta de

recomendação.

- Miss Billings, eu gostaria que ficasse claro… Dois olhos de gato se elevaram para o. Eram de um azul cinzento bastante

pálido, como a luz que transpassa um cristal com gelo, rodeados de largas

pestanas negras. Luke perdeu o fio de seu discurso e ela esperou a que o

terminasse de olhá - la fixamente como se estivesse acostumada a provocar essa

curiosidade.

“Agrad{vel de olhar” ficava muito longe da realidade. Ela era de uma belezadeslumbrante. O severo coque que levava na parte baixa da nuca haveria

afeado a qualquer mulher, mas nela este penteado ressaltava um rosto de uma

extremada delicadeza, com as sobrancelhas retas e uma boca sensual e amarga

de uma vez. Nenhum homem podia contemplar esses rasgos sem sentir-se

profundamente afetado.

Foi ela quem rompeu o silêncio.- Obrigado por me conceder um pouco de seu tempo milord - disse.

Luke recuperou o sentido e fez um gesto de indiferença com a mão com a que

sujeitava a taça médio vazia.

- Nunca vou terminar meu conhaque.

Com a extremidade do olho viu como Alicia franzia o cenho, surpreendida por

sua grosseria. Miss Billings não se alterou, manteve-se estirada com o queixo

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 baixada em uma atitude de respeito. Entretanto havia uma certa tensão no salão

como quando dois gatos se observam mutuamente.

Luke bebeu um gole de conhaque.

- Quantos anos tem? - perguntou.

- Vinte e dois milord.

- De verdade?

Luke parecia cético mas teve o bom gosto de não insistir.

- E se você crie capacitada para educar a minha filha?

- Tenho sólidos conhecimentos de literatura, história, matemática e não há nada

que não conheça sobre os bons maneiras indispensáveis para uma jovem de boafamília.

- Música?

- Monte o piano.

- Idiomas?

- O francês e um pouco de alemão.

Luke deixou que se fizesse o silêncio enquanto pensava no ligeiro acento da jovem.

- E o russo - concluiu.

Uma luz de surpresa brilhou nos olhos dela.

- E o ruso - confessou - Como o adivinhou milord?

- deveu viver ali muito tempo, seu acento inglês não é perfeito.

Ela inclinou a cabeça como uma princesa respondendo a um mal educado eLuke não pôde deixar de sentir-se impressionado por sua atitude. Suas

perguntas não a tinham desconcertado e teve que reconhecer a contra gosto que

sua filha, com sua indomável cabeleira ruiva e seus gestos de menino,

necessitaria algumas lições de comportamento.

- trabalhou alguma vez como professora?

- Não milord.

- Então não tem nenhuma experiência com meninos.

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- Certo. Entretanto sua filha já não é uma menina propriamente dita. Conforme

acredito tem treze anos.

- Doze.

- Uma idade delicada - comentó isso - ni uma menina nenhuma jovem… 

- É particularmente difícil para a Emma. Sua mãe morreu faz muito tempo e

ninguém soube lhe ensinar como deve comportar uma jovem de sua condição.

Este ano desenvolveu o que os médicos chamam uma enfermidade nervosa.

Necessita uma presença maternal adulta para ajudá - la.

Luke fazia insistência nas palavras “maternal” e “adulta” que não se

correspondiam absolutamente à pequena mulher que estava frente ao- Uma enfermidade nervosa? - repetiu ela brandamente.

Luke não estava interessado em perder mais tempo com ela. Não tinha

intenções de falar da saúde de sua filha com uma estranha e entretanto, ao

encontrar-se com seu olhar se sentiu obrigado em certa forma a continuar, como

se as palavras saíssem de sua boca por vontade própria.

- Freqüentemente chora, e às vezes se mostra caprichosa. Medeaproximadamente uma cabeça mais que você e se desespera por isso já que

ainda não terminou que crescer. Ultimamente é impossível falar com ela, diz

que eu não entenderia o que sente se me tentar explicar isso e entretanto Deus

sabe… 

interrompeu-se assombrado por ter revelado tanto. Isso não era normal no.

A jovem cheio em seguida o silêncio.- A meu modo de ver, chamar a isso “uma enfermidade nervosa” é absurdo

milord.

- E você que sabe?

- Quando eu era jovem vivi algo similar e minhas primas também. É algo

normal à idade da Emma.

Seu tom acalmado lhe impressionou. Além disso Luke desejava

desesperadamente acreditá - la. Desde por volta de meses vênia ouvindo as

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mãos esquerdas e misteriosas advertências de quão médicos prescreviam uns

vigorizantes que Emma se negava a tomar e regimes que se negava a seguir.

Pior ainda, teve que suportar as recriminações de sua mãe e de seus amigas por

não haver-se voltado a casar.

“falhaste em suas responsabilidades com a Emma, dizia a duquesa, todas as

meninas necessitam uma mãe. vai voltar se tão insuportável que nenhum

homem a quererá, ficasse solteirona só porque seu não quiseste ter outra

mulher depois da Mary”. 

- Estou encantado de ouvi - la dizer que os problemas da Emma não são sérios -

disse bruscamente - entretanto… - Não hei dito que não fossem sérios milord, hei dito que eram normais.

Ela tinha transpassado a fronteira que separa ao amo do criado ao lhe falar com

o Luke como se fossem iguais. O franziu o cenho perguntando-se se essa

insolência era inconsciente ou deliberada.

fez-se um profundo silêncio, Luke se deu conta de que se esqueceu da presença

dos Ashbourne quando viu que Alicia tocava nervosa as almofadas do sofá.Charles por sua parte parecia estar observando algo lhe apaixonem pela janela.

Luke olhou de novo a miss Billings. Por volta de anos que ninguém lhe

superava na habilidade para olhar fixamente às pessoas e esperava fazer que se

ruborizasse ou que rompesse a chorar. Mas lhe olhava com seus claros olhos

incisivos e nada assustada.

Por fim o olhar dela se posou em seu braço. Luke estava já acostumado, algunso olhavam com assombro e outros com asco. Tinha três dedos artificiais na mão

esquerda, os tinham tido que amputar nove anos antes para evitar a gangrena e

só seu cabezonería tinha impedido que se sumisse na ira e o desespero. Ao final

se habia acostumado.

Observou a miss Billings esperando ver seu desgosto mas ela sozinho deu

amostras de um ligeiro interesse que lhe surpreendeu. Ninguém se atrevia a lhe

olhar assim! Ninguém!

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- Milord, decidi ela com voz sobrecarregue - aceptar o posto. vou procurar

minhas coisas.

Girou sobre seus talões e se afastou com um murmúrio de anáguas engomadas.

Alicia olhou radiante ao Luke antes de precipitar-se a seguir a sua protegida.

O olhou fixamente a porta boquiaberto antes de olhar ao Charles com

incredulidade.

- Ela decidiu aceitar o posto… 

- Felicidades - arriesgó Charles.

Luke sorriu amenazadoramente.

- Chama - a!Charles se zangou.

- Espera Stokehurst. Sei o que vais fazer. vais destruir a miss Billings e eu me

vou encontrar com uma mulher chorando entre os braços. Deve acolher a essa

 jovem em sua casa umas semanas, até que eu possa lhe encontrar outro

trabalho. Peço - te como prova de amizade que… 

- Não sou um estúpido Charles. me diga a verdade Quem é e porque tenho quete liberar dela?

Charles se passeava acima e abaixo da estadia em um estado de agitação

desacostumado no.

- É…Digamos que est{ em uma difícil situação, quanto mas tempo fique aqui,

mas perigo corre. Esperava que lhe levasse isso hoje mesmo para que estivesse

segura em sua casa de campo.- De modo que se esta escondendo mas de que?

- Isso é exatamente o que não te posso dizer.

- Qual é seu verdadeiro nome?

- Isso não tem importância. Rogo-lhe isso não me faça perguntas.

- Que não te faça perguntas! E quer que confie a minha filha?

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- Não há nenhum perigo-se apressou a responder Charles - Deus, sabe o muito

que Alicia e eu queremos a sua filha Como pode acreditar que lhe faríamos

correr algum risco?

- Confesso que neste momento já não sei que pensar.

- Só umas semanas - suplicó Charles - tempo que tarde em lhe encontrar outro

lugar. Miss Billings reúne realmente todas as características necessárias para ser

uma perfeita professora. Não só não incomodará a Emma mas sim além disso

pode ser uma influência benéfica. Sempre pude contar contigo Luke, e agora te

peço que me ajude.

Luke ia negar se quando recordou o estranho olhar de miss Billings. Ela tinhaproblemas e entretanto tinha decidido confiar no por que? Quem era? Um

algema fugida? Uma refugiada política? Luke odiava os mistérios, tinha a

legendária obsessão dos ingleses por classificá - lo tudo, dando um sentido às

coisas. Para o nada era mas lhe exasperem que uma pergunta sem resposta.

- Maldição - grunhiu entre dentes antes de dirigir um breve gesto com a cabeça

a seu amigo - Um mês e nem um só dia mas. Depois me libera dela.- Obrigado.

- É um favor o que te estou fazendo Charlesm, não o esqueça.

Ashbourne esboçou um amplo sorriso de agradecimento.

- De todos os modos não deixasse de me recordar isso

Tasia contemplava a paisagem enquanto a carruagem atravessava a tranqüilacampina inglesa. Recordou seu país natal com seus quilômetros de campos sem

cultivar e seu brumoso céu de cor azul cinzenta. Que diferença! Inglaterra lhe

parecia assombrosamente pequena para ser uma potência econômica e militar

tão grande.

Além da capital que estava superpoblada todo ali eram barreiras brancas, sebes

e verdes pradarias. A gente com a que se cruzavam no caminho parecia mais

contente que os camponeses russos, estavam vestidos com roupa mas nova,

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suas pesadas carretas e os animais estavam bem cuidados, as aldeias, com suas

granjas de madeira e seus casitas com o teto de palha, eram pequenas mas

estavam podas. Entretanto não via edifícios de banhos como nos povos da

Rússia. Pelo amor de Deus! Onde se lavavam?

Não havia bosques de abedules e a terra era marrom em vez de negra. Tasia

procurou em vão com a vista algum campanário. Rússia estava repleta do

Iglesias, inclusive nos lugares mas isolados, as grandes cúpulas de ouro que se

elevavam por cima das brancas torres, brilhavam no horizonte como círios para

assinalar o caminho correto às almas perdidas. Por outra parte, os russos

amavam o som dos sinos e suas chamadas à oração. Ela ia sentir falta de suaalegre cacofonia quando soavam. Aos ingleses não devia lhes gostar dessa

música.

Quando Tasia pensava em seu país, lhe encolhia o coração. Parecia-lhe que para

uma eternidade que tinha aparecido em casa de sua prima Alicia. Esgotada,

quão único pôde murmurar foi Zdrasvouity , bom dia, antes de cair médio

desvanecida nos braços de seu parente.Uma vez que lhe aconteceu a surpresa, Alicia a acolheu calorosamente; era

evidente que a ajudaria no que pudesse. Na família eslava tradicional se tinha

um grande espírito de clã, embora Alicia se educou na Inglaterra desde menina,

seguia sendo russa no fundo de sua alma.

- Ninguém sabe que estou viva - le explicou Tasia - Mas se alguém descobrir o

que aconteceu, adivinharia em seguida que procurei refúgio em sua família.Não me posso ficar muito tempo com vós, tenho que desaparecer.

Alicia não precisou perguntar quem era esse “alguém”. As autoridades,

transbordadas pelas incessantes revoltas e as intrigas políticas não foram muito

longe em sua busca para fazer justiça. Mas se os familiares do Mikhail

chegavam a suspeitar que Tasia tinha fugido, não descansariam até encontrá -

la. Os Angelovsky eram poderosos e o irmão pequeno do Mikhail, Nicolás, era

famoso por sua sede de vingança.

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- vamos conseguir te um posto de professora - disse Alicia - Ninguém se fixa em

uma professora, nem sequer os outros criados. É um trabalho terrivelmente

solitário. Em realidade, um de nossos amigos poderia te contratar. trata-se de

um viúvo, pai de uma adolescente.

Agora que tinha conhecido a lorde Stokehusrt, não sabia que pensar.

Normalmente não lhe custava conhecer o caráter de uma pessoa mas agora

estava um pouco desconcertada. Em São Petersburgo ninguém se parecia com

o, nem os oficiais da corte com suas largas barbas, nem os guardas imbuídos de

sua própria importância, nem os lânguidos aristocratas jovens que freqüentava

habitualmente. Nenhum deles era tão…ocidental. Tasia notava no uma força extraordinária sob sua aparência fria e

despreocupada. Lorde Stokehurst podia voltar-se perigoso para obter o que

desejava. Tivesse preferido não ter nada que ver com o, mas já não podia dar o

luxo de escolher.

O se esticou quando lhe olhou os dedos artificiais, entretanto a ela não a

surpreenderam, ao contrário, sem esse defeito o tivesse parecido menoshumano. Tasia tinha compreendido então que Stokehurst preferia inspirar

medo antes que compaixão. Devia lhe custar um grande esforço esconder

qualquer indício de vulnerabilidade. E muito orgulho.

Durante todo o trajeto lorde Stokehurst não se incomodou em esconder seus

dedos de metal que descansavam sobre sua coxa. Tasia se disse que o fazia

deliberadamente para ver se a punha nervosa e por outra parte o estava masseu nervosismo não tinha nada que ver com o defeito de seu patrão.

Simplesmente, nunca antes tinha estado a sós com um homem.

Mas agora já não era uma rica herdeira destinada a casar-se com um príncipe e

a reinar em palácios e exércitos de criados. Agora era uma criada  e o homem

sentado frente a ela era seu amo.

Estava acostumada a viajar nas limusines de sua família com os assentos

recubiertos de visom e punhos de ouro com o habitáculo decorado por artistas

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franceses. Este carro, apesar de ser luxuoso, não podia comparar-se nem de

longe aos que ela estava acostumada.

Com uma pequena careta interior, Tasia se deu conta de que nunca se preparou

ela mesma seu banho nem lavagem sua roupa interior. Seu único talento com as

mãos era a costura, desde que era muito pequena sempre levava consigo uma

pequena cesta cheia de agulhas, tesouras e fios de cores já que sua mãe se

negava a ver um menino ocioso.

Apartou esses pensamentos de sua mente. Nunca mais devia pensar no passado

e má sorte se tinha perdido seus privilégios. A riqueza não significava nada, a

imensa fortuna dos Kapterev não tinha impedido que seu pai morrera nem atinha consolado a ela quando se sentia sozinha. A jovem não temia a pobreza

nem a fome. Aceitaria sem protestar o que lhe reservasse o destino que Deus lhe

tinha reservado.

Luke observava intrigado a jovem com seus atentos olhos azuis. As dobras de

seu vestido estavam perfeitamente colocados e estava sentada muito direita noassento de couro sem mover um só músculo, como se estivesse posando para

um quadro.

- Gostaria de saber qual será seu salário? - perguntou-lhe de repente.

Ela se olhou as mãos cruzadas.

- Estou segura de que será suficiente milord.

- Cinco libras ao mês me parece uma quantidade justa.Luke se sentiu contrariado pelo simples gesto que fez ela com a cabeça. O lhe

estava oferecendo mais do normal, e esperava uma amostra de agradecimento

por sua generosidade, mas não houve nada disso.

Não acreditava que a Emma o fora a gostar dessa professora Como uma

criatura de outro mundo podia ter o menor ponto em comum com a vadia de

sua filha? Miss Billings parecia perdida em um universo interior que gostava

muito mais que a realidade.

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- Se não me satisfizer por completo, miss Billings - continuou severo-lhe darei

tempo para encontrar um novo emprego.

- Não será necessário.

O soprou contrariado ante tal segurança.

- É você muito jovem, algum dia se dará conta de que a vida nos reserva muitas

surpresas.

Ela esboçou um estranho sorriso.

-  J{ o tenho descoberto milord, acredito que os ingleses o chamam “a força do

destino”. 

- E é “a força do destino” o que a levou até a casa dos Ashbourne? - Sim, milord.

- Quanto faz que os conhece?

O sorriso desapareceu.

- Essas perguntas são indispensáveis milord?

Luke se afundou mais no assento e cruzou os braços.

- Embora não goste muito das perguntas, miss Billings, resulta que aceitei lheconfiar a minha filha.

Ela franziu o cenho como se estivesse tentando resolver um enigma.

- O que gostaria de saber de mim milord?

- É você parente da Alicia?

- Uma prima longínqua.

- Russa de nascimento?Ela fechou os olhos como se não lhe tivesse ouvido. Ao fim assentiu com a

cabeça.

- Casada?

Ela não levantou as pálpebras.

- por que me pergunta isso?

- Quero saber se tiver que esperar a ver um bom dia a um marido furioso diante

de minha porta.

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- Não existe nenhum marido - respondeu ela com tranqüilidade.

- por que? Embora não tenha dinheiro seu rosto é o bastante atrativo para

provocar algumas proposições interessantes.

- Prefiro seguir sozinha.

O sorriu causar pena.

- Eu também, mas você é muito jovem para resignar-se a uma vida de solidão.

- Tenho vinte e dois anos milord.

- Bobagens - disse o brandamente - Tem você apenas uns anos mas que Emma.

Lhe olhou por fim com uma expressão severo em seu formoso rosto.

- Os anos não são importantes em realidade não é certo? Algumas pessoas nãosão mais sábias aos sessenta anos que aos dezesseis. Há meninos que o

aprenderam por experiência e sabem muito mais que quão adultos os rodeiam.

A maturidade não é fácil de medir.

Luke apartou a vista perguntando-se que lhe teria passado a ela e porque

estaria sozinha. Tinha que ter havido alguém, um pai, um irmão, um tutor, que

se ocupassem dela. por que estava sem nenhum amparo?passou-se os dedos pela manga esquerda para sentir as correias de couro que

sujeitavam seus dedos artificiais. Essa misteriosa mulher lhe inquietava.

Amaldiçoou ao Charles Ashbourne em silêncio. Um mês. Um condenado mês

inteiro!

Tasia se absorveu na contemplação da paisagem enquanto chegavam aos

subúrbios do Southgate.Southgate, em outra época aldeia do estado, converteu-se em uma verdadeira

cidade pequena que possuía o mercado mais importante do condado. Estava

rodeado de pradarias e de riachos e os magnifico edifícios que albergavam o

mercado de trigo, o moinho e a escola, tinham sido ideados pelo avô do Luke. A

igreja era uma construção austera com enormes vidraças que dominava o centro

do povo.

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No alto de uma colina se recortava a impressionante silhueta de uma mansão

dominando os campos em quilômetros à redonda. Miss Billings lançou ao Luke

um olhar interrogante.

- Isso é Southgate Hall - disse o - Emma e eu somos os únicos Stokehurst que

vivem ali. Minha irmã se casou com um escocês e vive com ele no Selkirk.

O veículo percorreu o serpenteante caminho antes de franquear uma porta que

havia na muralha que antigamente protegia a fortaleza normanda sobre cujas

ruínas se levantou o castelo atual. só a parte central datava do século XVI. Com

suas incontáveis torres e pontas, estava considerada como uma das mas

pitorescas da Inglaterra e os estudantes de arte foram freqüentemente paradesenhar sua original arquitetura.

A entrada diante da qual se deteve o carro tinha na fachada um escudo com as

armas da família. depois de que um lacaio com librea negra a ajudasse a baixar,

Tasia levantou os olhos para o escudo, este representava uma águia que

sujeitava uma rosa entre suas garras.

Sobressaltou-se quando alguém lhe tocou o cotovelo. Lorde Stokehurst estava acontraluz com o rosto na sombra.

- Entre – disse-lhe fazendo um gesto para que lhe precedesse.

Um ancião mordomo com um largo queixo e com pouco corto na cabeça estava

ao lado da porta de entrada. Lorde Stokehurst anunciou:

- Esta é miss Billings, a nova professora, Seymour.

Tasia se surpreendeu ao ver que a nomeava a ela em primeiro lugar mas logorecordou que já não era uma dama a não ser uma criada de sob fila e os

inferiores sempre eram apresentados a seus superiores.

Com um pequeno sorriso nos lábios, fez uma breve reverencia ao Seymour.

Entraram em um magnífico vestíbulo cujo centro estava ocupado por uma mesa

octogonal e onde a luz entrava em torrentes pelas grandes janelas.

Tasia se distraiu de sua contemplação para ouvir um grito de alegria.

- Papai!

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Uma alta e desajeitada menina com uma abundante cabeleira avermelhada

entrou correndo.

Luke franziu o cenho ao ver a Emma correndo detrás de um cão gordo, um

mestiço de raça indeterminável que ela tinha comprado uns meses antes a um

mascate. Ninguém no Southgate Hall, nem sequer aqueles a quem gostava dos

animais, apreciavam muito a esse animal de cabelo hirsuto cinza e marrom.

Tinha uns olhos pequenos, um enorme focinho e umas imensas orelhas que lhe

penduravam e que lhe tinham dado a Emma a idéia de lhe chamar Sansón. Seu

apetite só era igualado por seu obstinado rechaço a qualquer tipo de

adestramento.Assim que viu o Luke, Sansón lhe atirou em cima dando sonoros latidos de

alegria. Logo se deu conta de que havia uma presença estranha e começou a

grunhir ensinando os dentes. Emma lhe agarrou pelo colar e lhe ordenou ficar

quieto enquanto gemia para soltar-se.

- Para o Sansón! te tranqüilize tolo! te leve bem.

Luke interrompeu essa diatribe com sua grave voz.- Emma te tinha proibido que colocasse a esse cão em casa.

Enquanto falava se pôs diante de miss Billings a qual o cão parecia que queria

comer-se de um bocado.

- Não é mal - protestou Emma lutando para mantê-lo aquieto - só é ruidoso,

nada mas.

Luke estava a ponto de tirar o cão fora quando notou que miss Billings já nãoestava detrás dele. Estava-se aproximando do animal com os olhos

entrecerrados e lhe falava em russo com voz suave e gutural. Luke não

entendeu nenhuma só palavra mas sentiu que lhe percorria um calafrio. Sansón

teve que notar o mesmo já que se tranqüilizou e se limitou a olhar a recém

chegada com seus pequenos olhos.

De repente se deixou cair sobre o ventre e se arrastou para ela. Um gemido

escapou de sua garganta de uma vez que golpeava o chão energicamente com a

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cauda. Miss Billings se inclinou para lhe acariciar a cabeça, então Sansón rodou

sobre suas costas extasiada e permaneceu jogado aos pés dela quando ela se

endireitou.

Luke ordenou a um lacaio que tirasse o cão, Sansón obedeceu a contra gosto

com a cabeça tão baixa que sua língua e suas orelhas virtualmente se

arrastavam pelo chão.

Emma foi primeira em recuperar-se.

- O que lhe há dito?

Os olhos cinza azulado de miss Billings se detiveram na menina e sorriu.

- Recordei-lhe os bons costumes.Desconfiada, Emma se voltou para seu pai.

- Quem é?

- Sua professora.

Emma ficou boquiaberta.

- Minha o que? Mas papai não me havia dito… 

- Eu também o ignorava - cortou com ironia.Tasia seguia observando à filha do Stokehurst. Magra e um pouco desajeitada,

estava a ponto de entrar na adolescência. Com seu cabelo encaracolado de um

vermelho fogo, era impossível que passasse desapercebida. Sem dúvida era o

alvo de brincadeiras desumanas por parte de seus amigos, disse-se. Só o cabelo

teria sido suficiente, mas é que além disso era muito alta. Possivelmente um dia

chegasse a medir um metro oitenta; mantinha-se encurvada em um esforço paraparecer mas baixa, entretanto a saia ficava curta. Tinha herdado os formosos

olhos azuis cor safira de seu pai mas suas pestanas eram cor cobre e seu rosto

estava cheio de sardas.

Uma mulher alta com o cabelo cinza e aspecto altivo, aproximou-se deles

levando na cintura um enorme chaveiro símbolo de sua autoridade sobre os

serventes.

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- Mrs Knaggs - declarou Stokehurst - está é miss Billings, a nova professora da

Emma.

As sobrancelhas do ama de chaves se uniram em uma sozinha.

- Realmente…Ter{ que preparar uma habitação. Suponho que a mesma de

sempre não?

Por seu tom se adivinhava que esta professora não duraria muito mais que as

anteriores.

- O que lhe pareça Mrs Knaggs.

Stokehurst depositou um rápido beijo na cabeça de sua filha.

- Tenho trabalho - murmuró - nos veremos no jantar.Emma assentiu com a cabeça sem deixar de olhar a Tasia.

- vou encarregar me de sua habitação - disse o ama de chaves - Quer uma taça

de chá miss Billings?

Tasia morria de vontades, o dia tinha sido comprido e realmente ainda não

tinha recuperado as forças desde que chegou a Inglaterra, mas apesar de tudo

disse que não. No momento o importante era dedicar toda sua atenção a suaaluna.

- Preferiria conhecer a casa. Quer me acompanhar Emma?

- Sim, miss Billings - respondeu educadamente a pequena - O que gostaria de

ver? Há quarenta dormitórios e outros tantos salões. Também há galerias,

p{tios, a capela…Faria falta um dia inteiro para mostrar-lhe tudo.

- No momento nos contentaremos com o que te pareça mais importante.- Bem miss Billings.

Enquanto atravessavam o vestíbulo Tasia admirou o magnifico castelo, tão

diferente da mansão vitoriana dos Ashbourne.

Southgate Hall estava decorado com brancas molduras e mármore de cor

pálida, as habitações tinham os tetos altos e tinham muita luz devido às grandes

 janelas; a maior parte do mobiliário era francês como o que Tasia estava

acostumada a ver em São Petersburgo.

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Ao princípio Emma não falou muito, limitando-se a lançar freqüentes olhadas a

seu acompanhante. Mas quando saíram do salão de música para atravessar

uma larga galeria cheia de obras de arte, a curiosidade pôde com ela.

- Como a encontrou papai? – perguntou - não me disse em nenhum momento

que fora a trazer hoje uma professora.

Tasia se tinha detido diante de um quadro do Boucher, uma das numerosas

obras modernas da galeria, todas elas de excelente gosto. Dirigiu sua atenção a

adolescente.

- Estava passando uns dias em casa de uns amigos, os Ashbourne,

recomendaram-me muito amavelmente a seu pai.- A mim não gostava da anterior professora, era muito severa e nunca queria

falar de coisas interessantes. Só livros, sempre livros… 

- Mas os livros são coisas interessantes.

- A mim não me parecem isso.

Prosseguiram lentamente seu caminho ao longo da galeria. Agora Emma

olhava a Tasia sem dissimulação.- Nenhuma de meus amigas tem uma professora como você.

- Não?

- Você é jovem e fala de uma forma estranha, além disso é muito bonita.

- Você também - disse brandamente Tasia.

Emma fez uma cômica careta.

- Eu? Eu sou uma gigante com o cabelo de cenoura.Tasia sorriu.

- Eu sempre quis ser alta para que me confundissem com uma rainha cada vez

que entrasse em algum sítio. Só as mulheres altas como você são realmente

elegantes.

A menina avermelhou.

- Ninguém me havia dito nunca isso… 

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- Quanto a seu cabelo, é encantador - continuou Tasia - Sabe que Cleópatra e

suas damas se tingiam o cabelo de vermelho com henna? É maravilhoso ter essa

cor de forma natural!

Emma parecia cética.

A seguinte galeria estava fechada com umas portas acristaladas de deixavam

ver uma luxuosa sala de baile decorada em branco e ouro.

- vai ensinar me a me comportar como uma dama? - perguntou de repente

Emma.

Tasia sorriu, Emma, ao igual a seu pai, tinha o costume de fazer perguntas a

quemarropa.- Deram-me a entender que necessitava alguns conselhos ao respeito -

reconocieu.

- Realmente não vejo porque é necessário ser uma dama a toda costa. Todas

essas condenadas regras e gestos, nunca o conseguirei!

Fez outra careta.

Tasia se proibiu a se mesma rir, entretanto era a primeira vez desde por volta deum mês que algo despertava seu senso de humor.

- Não é difícil, terá que tomar como um jogo e então estou segura de que o fará

perfeitamente.

- Nunca faço nada bem quando não vejo uma razão para fazê-lo. Que

importância pode ter que não utilize o garfo adequado se me alimento igual?

- Quer a resposta filosófica ou a prática?- As duas.

- A maioria da gente está convencida que sem etiqueta se viria abaixo toda a

civilização. Primeiro desapareceriam os bons costumes, logo a moral e ao final

chegaria a catástrofe como aconteceu aos romanos em sua decadência. Mais

importante ainda: se cometer um equívoco em público, você mesma se sentirá

molesta ao igual a seu pai e isso te impedirá de atrair a atenção dos jovens

cavalheiros.

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- OH!

Era evidente que Tasia tinha conseguido despertar o interesse da Emma.

- Os romanos eram realmente decadentes? Eu acreditava que se limitavam a

guerrear e construir calçadas e fazer largos discursos profundamente

aborrecidos.

- Terrivelmente decadentes! - declarou Tasia-se quiser amanhã lerei algo de sua

história.

- De acordo.

Emma dedicou a sua nova professora um grande sorriso.

- Venha à cozinha, eu gostaria que conhecesse a cozinheira, Mrs Plunkett. É apessoa que mas eu gosto da casa depois de papai.

Atravessaram uma despensa cheia a transbordar de conservas e o lugar onde se

faziam os bolos, mobiliada com mesas de mármore e cheia de toda classe de

utensílios. Emma agarrou a Tasia pelo braço e passaram por diante de várias

criadas curiosas.

- É minha professora, chama-se miss Billings - anunciou a menina sem deter-se.A imensa cozinha estava cheia de serventes atarefados com a preparação do

 jantar. No centro havia uma larga mesa de madeira em cima da qual havia

chaleiras, panelas e moldes de cobre. A seu lado estava uma mulher baixa,

provida com uma grande faca ensinando a uma das criadas o modo adequado

de cortar as cenouras.

- Esta é miss Billings, Mrs Plunkett - vozeou Emma sentando-se em umtamborete - É minha nova professora.

- Não posso acreditar o que vêem meus olhos! - exclamou a cozinheira - já era

hora de ver caras novas por aqui. E é muito bonita. Mas olha-a…esta tão magra

como a manga de uma vassoura.

Agarrou uma bandeja de bolos e tirou o pano que os cobria.

- Prove estes bolos de maçã, meu corderito, e me diga se o cheio estiver muito

espesso.

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Tasia entendeu o afeto que Emma sentia pela jovial Mrs Plunkett com suas

 bochechas vermelhas como maçãs, seus brilhantes olhos e seu calidez maternal.

- Vejamos - insistiu a boa mulher.

Tasia agarrou uma, imitada pela Emma que escolheu a maior e a mordeu com

vontades.

- Deliciosa! - exclamou com a boca enche.

Sorriu ao ver o olhar de reprovação da Tasia.

- OH! Sei, não se deve falar com a boca cheia. Mas eu consigo fazê-lo sem que se

veja a comida.

Escondeu a dentada de bolo na bochecha.- Vê-o?

Tasia ia responder que de todas maneiras não estava bem quando viu que

Emma piscava os olhos um olho ao Mrs Plunkett e não posso evitar rir.

- Temo-me Emma, que apesar de seus esforços um dia acabará salpicando de

miolos a um convidado importante.

O sorriso da Emma se fez mais largo.- Isso! A próxima vez que lady Harcourt venha de visita, encherei-lhe a cara de

miolos. Assim nos liberaremos dela para sempre. Imagina a cara de papai?

Ao ver o desconcerto da Tasia lhe explicou:

- Lady Harcourt é uma das mulheres que quereriam casar-se com papai.

- Uma dela? Quantas há?

- Muitas! Quando damos alguma festa ouço-as falar. Não pode imaginar ascoisas que dizem! Pelo geral não entendo a metade mas… 

- Graças a Deus! - exclamou Mrs Plunkett - sabe muito bem que não deve

escutar as conversações alheias.

- É meu pai! Tenho direito de saber quem planeja lhe apanhar. E lady Harcourt

esta muito decidida. Antes de que me dê conta estarão casados e me enviarão a

um internato.

Mrs Plunkett bufou.

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- Se seu pai tivesse intenções de casar-se faz muito tempo que o teria feito.

Nunca existiu nenhuma outra pessoa além de sua mãe e duvido que isso mude.

Emma franziu o cenho pensativa.

- Eu gostaria de me lembrar melhor dela. Gostaria de ver seu retrato miss

Billings? Esta em um dos saloncitos onde acostumava a tomar o chá, no

primeiro piso.

- Eu adoraria Tasia dando uma dentada a seu bolo embora não tivesse fome.

- Encontrará- se bem aqui - a informou a cozinheira - lord Stokehurst é generoso

com seus serventes e a comida não está racionada. Temos toda a manteiga que

queremos e presunto todos os domingos, assim como sabão, ovos e velas de boaqualidade para nosso uso pessoal. Quando vêm visitas ao castelo nos

inteiramos de algumas costure por seus criados, alguns não comeram ovos em

toda sua vida. Teve sorte de que lorde Stokehurst a contratasse, mas estou

segura de que você já sabe.

Tasia assentiu distraída, estava-se perguntando como teriam sido tratados seus

próprios serventes na Rússia e se sentiu de repente terrivelmente culpada.Nunca se tinha preocupado por saber se estavam bem alimentados e se tinham

suficiente para saciar a fome. Sua mãe certamente era generosa, mas...

possivelmente pensava muito nela mesma e em sua comodidade para

preocupar-se de outros, e nenhum deles se atreveu a pedir algo.

Deu-se conta de repente que Mrs Plunkett e Emma a olhava com estranheza.

- Treme-lhe a mão - declarou Emma - Não se encontra bem miss Billings?- E além disso está você muito pálida - acrescentou a cozinheira preocupada.

Tasia deixou seu bolo.

- Estou um pouco cansada - confesou.

- Estou segura de que sua habitação está preparada - disse Emma - A

acompanharei. Terminaremos a visita amanhã.

A cozinheira envolveu o resto do bolo em um guardanapo e o deu a Tasia.

- Agarre isto, corderito. Logo lhe farei levar uma bandeja.

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- É muito amável de seu parte - respondeu Tasia com um sorriso - Muito

obrigado Mrs Plunkett.

A cozinheira as seguiu com os olhos enquanto abandonavam a cozinha, assim

que a porta se fechou todas as criadas ficaram a tagarelar ao mesmo tempo.

- Viram seus olhos? Parecem os de um gato.

- Está tão magra! A roupa lhe pendura por todos lados.

- E sua forma de falar! Algumas palavras não se entendem.

- Eu gostaria de ter esse acento - disse uma delas sonhadora - é muito bonito.

Mrs Plunkett lhes aconselhou rindo que continuassem com seu trabalho.

- Já falarem demais. Hanna, termina com as cenouras. E você Polly sobretudonão deixe de lhe dar voltas ao molho, a não ser acabará cheia de grumos.

Luke e Emma estavam sentados a grande mesa coberta com uma toalha de

damasco. O fogo ardia na chaminé iluminando as tapeçarias flamencas e as

esculturas de mármore que havia nas paredes.

Um lacaio encheu de água a taça da Emma enquanto Luke bebia vinho francês.O mordomo tirou o sino que cobria as bandejas e serviu uma cheirosa sopa de

trufas nos pratos de sopa de fina porcelana.

Luke sorriu a sua filha.

- Sempre me preocupo quando tem esse aspecto satisfeito Emma. Espero que

não esteja maquinando alguma travessura para chatear a sua nova professora

como fez com a anterior.- OH, certamente que não! É muito melhor que miss Cawley.

- Por Deus - disse o relaxado - suponho que qualquer seria melhor que miss

Cawley.

Emma começou a rir.

- É certo. Mas realmente eu gostei muito de miss Billings.

Luke levantou as sobrancelhas.

- Não te parece muito séria?

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- Não. Estou segura de que em seu interior está desejando rir.

Luke voltou a ver o grave rosto de miss Billings.

- Essa não é a impressão que me deu.

- Miss Billings vai ensinar-me etiqueta, bons maneiras e todo isso. Diz que não

teremos que nos passar todo o dia na sala de classes. Que aprenderei o mesmo

se levarmos os livros para lê-los fora sob os arbustos. Amanhã começaremos

com a Roma antiga e depois somente falaremos francês até a hora do jantar.

Prefiro te avisar papai, de que se me dirigir a palavra antes das quatro da tarde

me verei obrigada a te falar em um idioma que não conhece.

Ele a olhou com brincadeira.- Eu falo francês.

- Você falava francés - respondeu ela triunfante - Miss Billings diz que se não se

praticar um idioma se esquece muito rapidamente.

Luke deixou a colher perguntando-se a que estava jogando a professora.

Possivelmente tentava ganhá-la amizade da Emma para, chegado o momento,

utilizar a sua filha como uma arma contra ele. E isso não gostava nada. KarenBillings faria melhor cuidando o que por volta de ou o faria que se arrependesse

do dia que tinha nascido…Sozinho um mês, recordou-se a se mesmo tentando

dominar seu mau humor.

- Não te afeiçoe muito a miss Billings Emma, pode ser que não fique muito

tempo conosco.

- por que?- Podem passar muitas coisas, pode ser que não resulte ser uma boa professora,

ou talvez decide agarrar outro emprego. Não o esqueça, isso é tudo - concluiu.

- Mas se eu quiser que fique, ficará - insistiu Emma.

Luke se terminou a sopa sem responder. Logo trocou de tema e lhe falou com

sua filha sobre um puro sangue que queria comprar. Emma por sua parte

evitou cuidadosamente qualquer outra alusão a sua nova professora.

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Tasia dava voltas por sua habitação situada no segundo piso e provida de uma

encantadora janela oval orientada ao este. Estava feliz ante a idéia de que os

raios do sol despertassem cada manhã. A estreita cama tinha lençóis limpa e

uma simples colcha de patchwortk. Em um rincão da habitação havia um

lavabo de mogno com a bacia de porcelana com flores. Perto da janela havia

uma mesa e uma cadeira e na parede oposta um armário com um espelho oval.

A habitação era pequena mas estava limpa e proporcionava intimidade.

Tinham deixado sua mala em cima da cama e tirou dela a escova do cabelo e os

sabões com aroma de rosas que lhe tinha dado Alicia. Também graças a sua

prima tinha dois vestidos, o cinza que levava nesse momento e um negro quependurou no armário. A cruz de sua avó estava escondida sob sua roupa

interior e não se separava dela, também tinha escondido o anel de seu pai

dentro de um lenço atado dentro de sua manopla de banho.

Por último levou a cadeira até um rincão do dormitório onde poderia vê-la

desde sua cama e depositou ali o ícone apoiando-o no respaldo. Seguiu com o

dedo o contorno do tenro rosto da Madonna. Era seu krasnyi ugolok, seu “rincãoespecial”. Todos  os russos de religião ortodoxa organizavam deste modo em

suas casas um lugar onde foram procurar a paz ao princípio e ao final do dia.

Foi interrompida por um ligeiro golpe na porta. Uma donzela, pouco maior que

ela, estava na entrada, vestida com um avental engomado e com uma touca que

lhe cobria parcialmente o cabelo. Era bonita mas em seu olhar e seus lábios

contraídos se via a maldade.- Meu nome é Nan - disse lhe tendendo uma bandeja coberta com um pano -

está é seu jantar. Deixe isto no corredor quando terminar, virei a buscá-lo

dentro de um momento.

- Graças - murmurou Tasia turvada pela atitude da outra.

Parecia estar zangada mas Tasia não sabia porque.

Entretanto não demorou para inteirar-se.

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Sem dar-se conta Tasia esmagou entre seus nervosos dedos quão violeta deixou

escapar seu rico perfume.

Não gostava de ver a imagem dessa jovem translúcida, uma desconhecida que a

olhava com a confiança de um menino. Não queria ser vulnerável e se

esforçaria em converter-se em uma mulher forte.

Atirou a flor danificada e se dirigiu resolutamente para a bandeja.

Deu uma dentada ao pão e esteve a ponto de afogar-se mas se forçou a comer.

terminaria o jantar e dormiria toda a noite sem despertar, se sonhar…e pela

manhã começaria uma nova vida.

Capitulo 2

A sala reservada aos criados bulia com o ruído das conversações, e cheirava a

café, pão torrado e carne frita.

Tasia se alisou a saia, passou a mão pelo cabelo e com expressão neutra

empurrou a porta. Os que estavam sentados a ambos os lados da grande mesa

se calaram imediatamente e se voltaram para ela. Procurando um rosto

conhecido Tasia encontrou o do Nan, que seguia mostrando-se hostil. Omordomo, Seymour, estava engomando um periódico e não levantou os olhos.

ia bater se em retirada, um pouco perdida, quando a cara amável do Mrs

Plunkett se materializou diante dela.

- bom dia miss Billings. levantou-se você cedo. É uma surpresa vê-la na sala dos

serventes.

- Já vejo - disse Tasia com um leve sorriso.

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- Quase tinha terminado de preparar sua bandeja de café da manhã. Nan a

subirá em seguida. Pela manhã prefere beber chá ou chocolate?

- Poderia ficar aqui com outros?

A cozinheira pareceu perplexa.

- Todos são criados ordinários, miss Billings, você é professora, supõe-se que

não deve tomar suas comidas conosco.

A professora da Tasia na Rússia não se viu tão isolada. Essa devia ser uma

atitude tipicamente britânica.

- Então tenho que comer sozinha? - perguntou molesta.

- Sim, salvo quando a convidarem a compartilhar a mesa de Sua Senhoria e demiss Emma. Normalmente é assim.

Riu ao ver a expressão da jovem.

- Bom, corderito, isso é uma honra não um castigo.

- Eu consideraria uma grande honra comer aqui com vocês.

- Seriamente?

Todas as cabeças se voltaram a olhá-la e Tasia se esticou para permanecerimperturbável a pesar do rubor que lhe cobria as bochechas.

Mrs Plunkett a observou um instante antes de encolher-se de ombros.

- depois de tudo não vejo quem poderia impedir-lhe. Mas lhe advirto que

somos pessoas muito simples.

Piscou os olhos um olho antes de acrescentar:

- Inclusive há quem mastiga com a boca aberta.Tasia se dirigiu a um sítio que havia libere em um dos bancos.

- Posso? - murmurou.

Apartaram-se para dar um lugar.

- O que vai tomar miss? - pergunto uma donzela.

Tasia olhou a fileira de terrinas e bandejas que havia sobre a mesa.

- Uma torrada, por favor. E possivelmente uma parte de salsicha…um ovo…e

uma dessas coisas plainas… 

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- Uma bolacha de advenha - disse amavelmente a donzela lhe passando o que

tinha pedido.

Um dos lacaios sorriu ao vê-la encher o prato.

- Parece um passarinho, mas seu apetite parece o de um cavalo.

Ouviram-se umas amistosas gargalhadas e as conversações voltaram a começar

como antes de que Tasia chegasse.

Ela se sentia feliz por participar dessa cordialidade, sobretudo depois de sua

solidão dos últimos meses. Parecia-lhe maravilhoso estar sentada rodeada de

gente. Quanto à comida, embora tinha um gosto estranho, ao menos estava

quente e era nutritiva.Por desgraça sua satisfação desapareceu rapidamente ante o agressivo olhar de

Nan que parecia decidida a lhe fazer entender que não era bem-vinda.

- Olhem como come, com pequenos bocados como se fora uma dama-se

gargalhou - e como se dá golpecitos delicadamente nos lábios com o

guardanapo. Cerda pretensiosa! Sei muito bem porque quer estar conosco, não

serve de nada dar-se importância se ninguém está olhando.- Nan! - interveio outra donzela - Não seja má pessoa!

- Deixa - a tranqüila Nan - acrescentou outra.

Nan se calou, mas continuou olhando mal a Tasia.

Esta última se tragou as últimas partes de seu café da manhã que

repentinamente lhe tiveram sabor de gesso.

Durante meses tinha sido detestada, temida e desprezada por camponeses quenão a conheciam e por gente de sua mesma fila que a tinham abandonado

covardemente, e agora era o turno de uma donzela.

Levantou a cabeça e olhou ao Nan fixamente com os olhos entrecerrados, com o

mesmo olhar gelado que tinha dedicado ao guarda da prisão de São

Petersburgo. E a criada avermelhou e apartou a vista fechando os punhos. Só

então Tasia se levantou para levar seu prato ao grande pia de pedra.

- Bons dias - murmurou ela dirigindo-se a todos.

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Respondeu-lhe um coro de vozes amistosas.

Quando chegava ao vestíbulo se encontrou com o Mrs Knaggs que pareceu um

pouco menos estirada que a véspera.

- Emma trocando-se depois de se passeio a cavalo, miss Billings - informou -

aghora tomará seu café da manhã e esta lista para trabalhar às oito em ponto.

- Monta a cavalo todos os dias? - perguntou Tasia.

- Sim, com seu pai.

- Parecem muito unidos.

Mrs Knaggs olhou rapidamente a seu redor para assegurar-se de que ninguém

podia ouvi-la.- Lorde Stokehurst é completamente louco por essa menina. Daria sua vida por

ela, de fato quase o fez uma vez… 

Tasia recordou os dedos de metal e inconscientemente se acariciou a mão

esquerda.

- Por isso… 

- Sim - respondeu Mrs Knaggs que tinha visto o gero - um incêndio emLondres. Lorde Stokehurst se lançou entre as chamas sem que ninguém

pudesse evitá-lo. Toda a casa estava ardendo e os que viram a cena não

acreditavam que fora a sair vivo. Entretanto saiu com sua esposa ao ombro e a

menina nos braços.

O ama de chaves inclinou a cabeça como se estivesse vendo os fantasmas

movendo-se diante de seus olhos.- Lady Stokehurst morreu essa mesma noite. Durante dias inteiros lorde

Stokehurst esteve louco de pena. Por outra parte suas feridas lhe faziam sofrer

terrivelmente, sobretudo a do braço esquerdo. A ferida se infectou e não havia

outra opção; teve que amputar três dedos ou deixar que morrera. Ironias do

destino! Até esse momento sempre tinha tido muita sorte e de repente perdeu

tudo. A maior parte dos homens teriam ficado marcados para sempre mas o

não. Nosso senhor é forte. Pouco depois desse drama lhe perguntei se pensava

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deixar a Emma aos cuidados de sua irmã Catherine que se ofereceu a cuidar

dela o tempo que fora necess{rio. “Não, respondeu-me, a menina é o único que

fica da Mary, nunca me separarei dela nem sequer por um dia”. 

Mrs Knaggs se interrompeu e sacudiu a cabeça.

- Mas estou falando muito verdade? Seria um mau exemplo para os outros se

me vissem aqui tagarelando.

Tasia tinha um nó na garganta. Parecia-lhe impossível que o homem descrito

pelo Mrs Knaggs fora o aristocrata frio e distante que tinha conhecido no dia

anterior.

- Obrigado por me haver falado dele - conseguiu dizer - É uma bênção queEmma tenha um pai que a quer tanto.

- Certamente!

Mrs Knaggs olhava a Tasia sem ocultar sua curiosidade.

- Não é você a classe de professora que lorde Stokehurst acostuma a contratar -

continuou - É você estrangeira não é assim?

- Sim senhora.- Já se fala muito de você no Stokehurst Hall. Aqui ninguém tem nada

importante que esconder, entretanto esta claro que você tem muitos secretos.

Tasia, agarrada por surpresa, limitou-se a sorrir ao tempo que se encolhia de

ombros.

- Mrs Plankett tem razão - continuou o ama de chaves - disse que tem algo que

faz que a gente confie em você, possivelmente seja sua serenidade.- Não o faço a propósito senhora. É algo que herdei que a família de meu pai,

todos são tranqüilos, quase reservados, entretanto minha mãe é muito

charlatana e cordial. Eu gostaria de me parecer mais a ela.

- Está muito bem agarrei - a tranqüilizou Mrs Knaggs com um largo sorriso -

Agora devo me ocupar de meu trabalho. Hoje é o dia de lavanderia, não se

termina nunca de esfregar, engomar e engomar. Prefere ir à biblioteca ou ao

salão de música para esperar a Emma?

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- Certamente, obrigado senhora.

Tasia começou a dar voltas pela mansão enquanto encontrava o lugar onde

queria ir. Sua visita do dia anterior tinha sido tão rápida que só recordava onde

estava a cozinha. Entretanto chegou por acaso ao salão de música, uma

habitação circular iluminada por umas janelas e com umas paredes altas

decoradas com flores de lis que se elevavam até encontrar-se com um teto com

anjinhos pintados que tocavam diversos instrumentos.

Tasia se sentou ao piano e tocou algumas notas, comprovou que estava

perfeitamente afinado.

Deixou que seus dedos vagassem pelo teclado procurando uma melodia quecoincidisse com seu estado de ânimo. Como todos em São Petersburgo, sua

família era uma verdadeira apaixonada por tudo o que vinha da França pelo

que começou a tocar uma valsa. Depois de tocar umas notas se deteve quando

lhe veio à mente uma valsa do Chopin. Embora não a tocava há muito tempo,

recordava-a bastante bem e, com os olhos fechados, começou a tocar,

lentamente ao princípio e logo com maior segurança até abandonar-secompletamente à música.

De repente um ruído a obrigou a abrir os olhos e suas mãos se detiveram,

geladas, sobre as teclas.

Lorde Stokehurst estava aí, a seu lado com uma expressão estranha, como se

acabasse de receber um terrível chock.

- Por que esta tocando isso? - ladrouA Tasia foi difícil falar devido ao susto.

- Sinto muito, se lhe desgostei…- levantou-se rapidamente e ficou detrás da

 banqueta como se queria proteger - se.

- Não voltarei a tocar este piano, só queria ensaiar um pouco… 

- Por que essa música?

- Milord? - perguntou ela completamente desorientada.

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Se estava tão afetado por esse fragmento sem dúvida se devia a que tinha um

significado especial para ele. De repente o entendeu e os batimentos do coração

de seu coração se tranqüilizaram.

- OH! - murmurou - era sua peça preferida, não é assim?

Não disse o nome de lady Stokehurst porque não havia necessidade. Ele

empalideceu e ela soube que não se equivocou.

Seus olhos azuis se iluminaram com um brilho perigoso.

- Quem lhe disse?

- Ninguém.

- De modo que é uma simples coincidência? Sentou-se ao piano e tocou o únicoque…- interrompeu-se com as mandíbulas apertadas. Tasia deu um passo para

trás.

- Eu…Ignoro porque escolhi essa valsa - balbuciou - O senti, isso é tudo.

- Sentiu-o?

- No piano.

Silêncio. Stokehurst a olhava fixamente como se estivesse dividido entre a ira eo assombro. Tasia desejava poder comer suas palavras ou explicar-se melhor, o

que fosse com tal de romper essa insuportável tensão. Se embargo ficou

paralisada, sabendo que algo que dissesse ou fizesse pioraria ainda mais a

situação.

Por fim Stokehurst se afastou murmurando um juramento entre dentes.

- Sinto-o - repetiu Tasia que seguia olhando a porta pela que ele tinhadesaparecido.

De repente viu que toda a cena tinha tido uma testemunha. Em meio de sua ira

Stokehurst não tinha notado a presença de sua filha que estava escondida justo

detrás da porta. Pela fresta da porta só se podia ver um de seus olhos.

- Emma? - sussurrou Tasia.

A adolescente desapareceu silenciosa como um gato.

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Tasia voltou lentamente para piano e voltou a ver o rosto do Stokehurst quando

abriu os olhos. Contemplava-a com uma espécie de dolorosa fascinação.

perguntou-se que lembranças teria despertado no essa música. Sem dúvida

muito pouca gente tinha visto essa expressão em sua cara. O marquês era um

homem que se orgulhava de seu sangue-frio, sem dúvida estava convencido a

se mesmo e a outros de que a vida continuava para ele, mas em seu interior

sofria como um condenado.

A reação da mãe da Tasia quando morreu seu marido tinha sido muito

diferente. “Sabe que seu querido pai tivesse querido lombriga feliz, - havia-lhe

dito Maria a sua filha - agora o está no céu e eu sigo viva. Te lembre sempre dosque desapareceram, mas não te detenha. Seu pai não se desgostaria porque eu

me visse com outros homens e seu tampouco deve preocupar-se. Entende-o

Tasia?”. 

Tasia não o tinha entendido. Tinha odiado a sua mãe por esquecer-se tão

rapidamente de Iván. Agora começava a lamentar ter julgado tão duramente o

comportamento da Maria. Possivelmente tivesse devido levar luto durante maistempo, possivelmente era egoísta e superficial, possivelmente se via com muitos

homens, mas ao menos não tinha uma ferida escondida em seu interior, uma

chaga infectada. Era melhor viver plenamente que estar açoitado pelo que se

perdeu para sempre.

Luke não sabia onde ia mas se encontrou em seu dormitório.A maciça cama com cortinas de seda cor marfim, estava instalada sobre um

estrado retangular e só tinha sido utilizada por sua mulher e por ele. Era seu

território sagrado e nunca permitiria que entrasse outra mulher. Mary e ele

tinham passado sua noite de bodas nessa cama e logo milhares de noites mais.

Ali era onde ele a tinha abraçado quando estava grávida, e tinha estado a seu

lado quando nasceu Emma.

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Sua mente estava cheia das notas da valsa. Com um grunhido que pareceu um

gemido se sentou no bordo do estrado e se agarrou a cabeça com as mãos como

se assim pudesse impedir que as lembranças saíssem à superfície.

Tinha sido difícil mas tinha acabado por aceitar a morte da Mary e para tempo

que se tirou o luto. Tinha uma família, amigos, uma filha a que adorava, uma

formosa amante e uma vida muito plena para que ficasse tempo para lamentar

o passado.

Entretanto, nos momentos de solidão… 

Mary e ele eram amigos da infância, muito antes de que se apaixonassem um

do outro. Era por volta dela por volta de quem sempre se voltava quandoqueria compartilhar uma alegria ou uma pena, quando queria descarregar sua

ira ou procurar consolo. Quando ela desapareceu ele perdeu ao mesmo tempo a

seu melhor amiga e a sua esposa. E no fundo de seu coração ainda ficava um

lugar desesperadamente vazio.

Como em um sonho, voltou a vê-la sentada diante do piano com o cabelo

 brilhando por causa de um raio de sol. Estava começando a tocar uma valsa.- “Não é precioso?  - paquerava Mary com as mãos no teclado - Me parece que estou

 fazendo progressos.

- Em efecto - respondia o sorrindo com a cabeça apoiada em seus luminosos cachos - mas

leva meses tocando essa valsa Mary Elizabeth. Não gosta de tocar outro? só pelo gosto

de trocar.

- Não antes de interpretar este à perfeição.- Inclusive nossa filha o conhece perfeitamente já-se queixou Luke - E eu estou

começando para ouvi-lo inclusive quando durmo.

- Pobre meu carinho! - respondeu ela alegremente sem deixar de tocar - Não te dá conta

da sorte que tem de que te torture com uma peça tão bonita?

Luke a beijou e murmurou:

- Seguro que eu também encontro uma tortura para me vingar.

Ela riu.

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- Não o duvido querido, mas enquanto o faz me deixe que ensaie. Agarra um livro, ou

sua pipa, ou vete a caçar a algum desgraçado animal. Em resumo vete a faz o que seja

que fazem os homens em seus momentos de ócio.

Ele deslizou suas mãos sobre os redondos seios de sua mulher.

- Pelo general preferem fazer amor com suas esposas.

- Que burguês é! - protestou ela apoiando-se de boa vontade em el - é supõe que a estas

horas deveria ir a seu clube a falar de política. É meia tarde.

Ele a beijou no pescoço.

- Quero verte nua a pleno sol, vêem a cama comigo.

Ignorando seus protestos a levantou em braços e ela soltou uma risita de surpresa.

- Meus exercícios… 

- Podem esperar.

- Possivelmente nunca consiga fazer nada importante em minha vista –  disse isso - mas

quando tiver morrido poderão dizer por mim: Tocava essa valsa à perfeição.

Ela olhava por cima do ombro do ao piano abandonado enquanto a levava para as

escadas…” A voz de sua ajuda de câmara rompeu o encanto. Luke se sobressaltou e se

voltou para o escritório de mogno ao lado do qual estava Biddle com os braços

carregados de camisas brancas engomadas e gravatas. Era um homem baixinho

de uns quarenta anos e só era feliz quando começava a ordenar coisas.

- Há-me dito algo milord? - perguntou.

Luke fez uma profunda inspiração com o olhar fixo no desenho do tapete. Osecos do passado desapareceram lentamente.

- Me prepare roupa de viagem, Biddle - disse com voz cortante - passarei a noite

em Londres.

O lacaio não se alterou. Era uma ordem que já tinha obedecido muitas vezes e

todo mundo sabia o que significava: esta noite lady Íris Harcourt ia ter visita.

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Tasia ainda estava sentada ao piano quando Emma voltou para salão de

música, levava um vestido de uma cor azul muita parecida ao de seus olhos.

- Já tomei o café da manhã docilmente - Estou preparada para a lição.

Tasia assentiu com a cabeça.

- Vamos procurar alguns livros à biblioteca.

Emma se aproximou do teclado e golpeou uma tecla. A nota ressonou no ar.

- Estava você tocando a valsa de minha mãe. Sempre me perguntei qual era.

- Não recorda havê-la ouvido tocar?

- Não, mas Mrs Knaggs me disse que lhe encantava um em particular, papai

nunca me quis dizer de qual se tratava.- Estou segura de que é doloroso para ele.

- Quereria tocá-la para mim, miss Billings?

- Não acredito que lorde Stokehurst o permitisse.

- Então depois de que se vá. Ouvi que Biddle, sua ajuda de câmara, dizia ao

chofer que papai ia visitar sua amante esta noite.

Tasia se surpreendeu ante a franqueza da menina.- Estas a par de tudo o que acontece na casa não é certo?

Havia-o dito com simpatia e os olhos da Emma se encheram de lágrimas.

- Sim, miss Billings.

Sorrindo, Tasia a agarrou da mão e a apertou com força.

- Tocarei esse fragmento para ti quando ele se vá, tantas vezes como quer.

Emma soluçou e se secou os olhos com o dorso da mão.- Não sei porque me passado o tempo chorando! A papai não gosta.

- Eu sei exatamente porque - disse Tasia atraindo a adolescente a seu lado na

 banqueta - Às vezes, quando um se faz maior, parece que as emoções nos

transbordam e que façamos o que façamos não podemos as conter.

- Sim - assentiu Emma com um vigoroso movimento da monte - é horrível.

Sinto-me tão desajeitada!

- Todo mundo se sente assim a sua idade.

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- A você também aconteceu miss Billings? Não imagino chorando.

- Entretanto, os anos seguintes à morte de meu pai era a única coisa que fazia.

Ele era o ser mais importante do mundo para mim, depois de lhe perder me

parecia que não tinha a ninguém com quem falar. Estalava em pranto com o

menor pretexto, uma vez chorei durante uma hora porque me tinha golpeado

um pé.

Tasia sorriu.

- Mas acaba por passar - aseguro - você verá.

- Isso espero! Era você muito jovem quando morreu seu pai?

- Tinha aproximadamente sua idade.- Ficou de luto?

- Sim, estive de luto durante um ano e um mês.

- Papai não quer que eu o faça, inclusive se negou a permiti-lo quando minha

prima Letty morreu porque lhe entristece me ver vestida de negro.

- E tem razão. É um chateio vestir-se de luto.

Tasia fechou a tampa do piano e se levantou.- À biblioteca - disse alegremente - O travail nous attend, MA chére demoiselle  -

acrescentou em francês.

Lady Íris estava de pé ante o espelho de seu dormitório. Tinham-no posto aí

não só para que ela pudesse ver-se estando de pé mas também para outrasocasiões muito mais interessantes.

Essa noite tinha posto um vestido dourado que lhe favorecia muito a seu tom

de pele cor pêssego e a seu cabelo ruivo. passou o todo o dia preparando-se.

depois de relaxar-se com um banho perfumado se vestiu cuidadosamente com a

ajuda de sua donzela e tinha suportado duas horas com os rizadores de cabelo

Luke, quem tinha chegado a elegante mansão de Íris sem ser anunciado,

contemplava-a apoiado na porta com uma semisonrisa nos lábios. Íris era o tipo

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de mulher que sempre lhe tinha gostado, uma formosa ruiva cheia de paixão e

de encanto. Seu voluptuoso corpo estava estreitamente formal, suas largas

pernas escondidas sob o drapeado de sua saia e seus redondos seios

modestamente tampados.

Sentindo-se observada, Íris se voltou de um salto. Levantou as sobrancelhas.

- Querido! É tão silencioso que não te ouvi chegar. O que faz aqui?

- É uma visita surpresa.

Luke se aproximou lentamente a ela.

- Boas noites - disse beijando-a.

Íris aceitou o beijo com um sorriso satisfeito e entrelaçou os braços ao redor dopescoço dele.

- É uma surpresa em efeito. Mas já vê que estou arrumada para sair.

estremeceu-se quando o lhe mordiscou ligeiramente o pescoço.

- Alguém janta - continuou ela.

- te desculpe.

- Isso desorganizaria as mesas. E além me estão esperando.Soltou uma gargalhada quando Luke lhe desabotoou o primeiro botão do

vestido.

- Não querido! O que te parece se prometo me liberar logo para vir a seu

encontro?

- Não.

Soltou-se um segundo botão.- Não irá a nenhuma parte.

Íris franziu o cenho embora sua respiração se acelerou.

- É o homem mais arrogante que conheço. Tem uma estranha maneira de tratar

com as obrigações sociais. Não digo que não tenha nada a seu favor, querido,

mas cada qual tem que assumir seus defeitos.

Luke deslizou uma mão entre o cabelo dela destruindo o sábio equilíbrio em

que se mantinham seus cachos.

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- Fizeram falta séculos de educação para conseguir um espécime como eu. Se

tivesse conhecido aos primeiros Stokehurst! Me acredite, não era para sentir-se

orgulhoso deles.

- Crio - ronronou-te isso - estou segura de que eram completamente selvagens.

Ele a apertou entre seus braços e jogou brandamente com seus lábios antes de

apoderar-se apaixonadamente. Íris gemeu esquecendo-se de sua intenção de

sair. Arqueou-se contra ele, ávida por ser posuída, Luke era um perito e

generoso amante que sabia como levá-la ao bordo da loucura para depois deixá-

la esgotada e feliz.

- Espera ao menos a que me tire o espartilho - sussurrou - A última vez estive aponto de me deprimir.

Luke sorriu contra seu cabelo.

- Isso é porque deixa de respirar no momento crucial.

Terminou de lhe desabotoar o vestido e o deixou cair ao chão, logo desfez os

laços da anágua e do espartilho para descobrir o escultural corpo de Íris em

todo seu esplendor.- Ao menos poderia esperar um pouco como um homem bem educado - disse

ela com uma pequena gargalhada. Isso de romper a roupa interior de uma

mulher não se faz, pedaço de pirata.

- Te venha fazendo o mesmo com a meu o diplomático.

- Que generoso! É muito… 

O resto da frase ficou afogada pelos beijos exigentes do Luke.Algumas horas mais tarde jaziam entrelaçados na habitação iluminada sozinho

por alguns candelabros e Luke seguia com suas mãos as curvas exuberantes de

seus quadris.

- Querido - murmurou ela rodando para ele - Tenho que te perguntar algo.

- Hmmm?

Luke continuava acariciando-a com os olhos fechados.

- por que não te casa comigo?

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Luke a olhou pensativo. Em todos os anos que durava sua relação nunca tinha

pensado em casar-se com Íris. Tinham vidas separadas e só se necessitavam

mutuamente de maneira superficial.

- Não me quer? - insistiu ela mimosa.

- É obvio que te quero - respondeu olhando-a aos olhos - mas não tenho

intenções de me casar com ninguém Íris, e você sabe.

- Entendemo-nos muito bem, nenhuma pessoa no mundo poderia nos reprovar

esta união e a ninguém agarraria por surpresa.

Luke encolheu os ombros um pouco incômodo.

- É porque não quer te atar só a meu? - prosseguiu Íris incorporando-se sobreum cotovelo - Eu não te impediria que tivesse algumas aventura de vez em

quando se o desejar. Não te tirarei sua liberdade.

Luke se sentou surpreso e se passou uma mão pelo cabelo.

- A liberdade de fazer o amor com mulheres que me seriam indiferentes?

Sorriu forçadamente.

- Muito obrigado mas já o tenho feito e eu não gostei. Não, eu não procuro essetipo de liberdade.

- Deus! Realmente nasceu para ser um marido.

- Sim, de Mary - murmurou o com voz apenas audível.

Íris franziu o cenho.

- por que só ela?

Luke ficou em silêncio um momento escolhendo cuidadosamente as palavras.- Quando ela morreu, compreendi…que uma parte de meu se foi com ela para

sempre. Ao contrário do que você pensa, não tenho tanto para dar a uma

mulher, não seria tão bom marido como o fui para ela.

- Sua definição de um mau marido, querido, é muito mais que aquilo com o que

outros se conformam. Foi muito jovem quando perdeu a sua mulher Como te

atreve a dizer que alguma vez voltará a amar? só tem trinta e quatro anos,

poderia ter outros filhos, uma família… 

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- Tenho a Emma.

- Não crie que lhe gostaria de ter irmãos?

- Não.

- Então perfeito. Eu tampouco tenho muito interesse em ter filhos.

- Iris - continuou o amavelmente - não tenho intenções de me casar, nem

contigo nem com ninguém. Só quero o que agora compartilhamos, se esta

relação te faz desgraçada, se necessitar mais do que eu posso te oferecer,

entenderei-o. Muitos homens saltariam de alegria ante a idéia de casar-se

contigo e Deus sa be que eu não me meteria em meio de… 

- Não!Íris riu com preocupação.

- Sem dúvida estou sendo muito exigente, eu adoraria dormir contigo todas as

noites, viver em sua casa e que todo mundo soubesse que te pertenço. Mas isso

não quer dizer que seja desventurada com esta situação. Não se sinta culpado,

nunca me prometeu nada, cuidou-te muito de fazê-lo. Se isto for tudo o que

posso ter de ti já é muito mais do que nenhum outro homem me deu nunca.- Isso é falso - grunhiu Luke.

Tivesse-lhe gostado de lhe oferecer tudo o que ela desejava mas não suportava

a idéia de viver com uma mulher que lhe amaria sem ser correspondida. Seria

um matrimônio fantasma, uma paródia da felicidade que tinha conhecido com

a Mary.

- É verdade! - insistiu Íris - Sempre sou sincera contigo Luke.O beijou o ombro dela evitando seu olhar.

- Sei.

- Por isso vou dizer te algo Luke. Proibiste a ti mesmo te apaixonar depois da

Mary, entretanto isso te acontecerá algum dia e não poderá evitá-lo. E espero

ser a afortunada.

Luke lhe agarrou a mão que se passeava por seu torso e lhe beijou os dedos.

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- Se fosse capaz de amar pela segunda vez dessa maneira a alguém, seria a ti

Íris. É perfeita.

Ela se tombou sobre seu amante provocadora.

- vou fazer que troque de opinião, em realidade sou repugnante.

Luke a fez rodar sobre as costas rindo-se e lhe acariciou os lábios tentando-a.

- me deixe te dar agradar… 

- Sempre me dá isso.

Conteve a respiração enquanto o a acariciava.

- Tenho uma idéia bastante exata… 

Depois esteve muito ocupada com suas investidas para terminar a frase.

Tasia estava no Southgate Hall desde por volta de duas semanas e se feito um

lugar na tranqüila rotina da casa. Era maravilhoso viver em um lugar tão

aprazível depois dos traumáticos meses que tinha vivido. Tinha sido o objetivo

de suspeitas e condenações durante tanto tempo que estava feliz de poder

confundir-se com a decoração.Por outra parte Alicia Ashbourne tinha razão, ninguém se fixava em uma

professora. Os criados eram amáveis com ela, mas não estavam realmente

interessados em inclui-la no grupo. E estava muito por debaixo, socialmente

falando, de lorde Stokehurst e seus aristocráticos convidados para chamar sua

atenção. Vivia em um mundo intermédio.

Não só tênia um status muito particular, mas sim além disso era incapaz deabandonar sua extremada reserva exceto com a Emma. Pode que os meses que

passou na prisão lhe tivessem dado a impressão de que era uma espécie de fora

da lei, uma pessoa distinta a outros. Resultava-lhe impossível confiar em

alguém já que não confiava tampouco em se mesma. Davam-lhe medo seus

próprios sentimentos e sobretudo, tinha medo de recordar o que tinha feito a

noite em que Mikhail Angelovsky morreu.

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Em seus freqüentes pesadelos voltava a ver sangue e adagas, em seus ouvidos

ressonava a voz de sua primo. Ainda pior, às vezes durante o dia tinha

terroríficos brilhos de cor. Em um segundo voltava a ver o rosto do Mikhail,

suas mãos, a habitação onde tinha sido assassinado….Então, fechando

fortemente as pálpebras, afastava essa visão. Mas estava nervosa como uma

gata já que nunca sabia quando voltariam a persegui-la - as imagens de seu

defunto primo.

Graças a Deus, Emma monopolizava todo seu tempo, estava bem isso de ter a

alguém em quem pensar, alguém cujos problemas e necessidades eram mais

imediatos que os seus. A menina estava extremamente sozinha, necessitava acompanhia de gente de sua idade mas não havia nenhum entre os latifundiários

dos arredores.

Tasia e Emma passavam seis horas ao dia estudando temas que foram da

filosofia do Sócrates à maneira de usar a escova de unhas.

As orações diárias tampouco ficavam no esquecimento já que a educação

religiosa da Emma tinha sido realizada de forma irregular por seu pai e osserventes.

A menina aprendia com uma surpreendente rapidez, desfrutava de um dom

para os idiomas e de uma intuição que não deixavam de assombrar a Tasia. Lhe

escapavam muito poucas coisas; sua curiosidade sem limites a empurrava a

espiar a todo mundo, colocava seu nariz sem cessar em tudo em busca do mais

mínimo rumor e logo o analisava cuidadosamente.Isso era tudo o que Emma conhecia do mundo: as oitenta almas que se

passavam a vida trabalhando como as engrenagens de um enorme relógio para

fazer que a casa funcionasse corretamente. Havia quarenta empregados na

mansão e os outros quarenta trabalhavam nos estábulos, no jardim e no

moinho. Havia dois serventes destinados unicamente a limpar os cristais.

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A maior parte deles levava anos servindo aos Stokehurst e eram muito poucos

os que se foram. Como disse Mrs Plunkett a Tasia, no Southgate Hall se tratava

 bem ao pessoal.

- Ao Nan acontece algo - disse um dia Emma.

Ela e seu professora estavam instaladas no parque com um montão de livros e

uns grandes copos de limonada.

- Não notou seu estranho comportamento destes últimos dias? - continuou -

mrs Knaggs diz que é a febre da primavera mas não acredito. Estou segura de

que está apaixonada pelo Johnny.

- Quem é Johnny?- Um dos lacaios, o alto com o nariz aquilino. Cada vez que lhe vê desaparecem

os dois em um rincão. Às vezes falam e se beijam, mas a maior parte das vezes

ela chora. Espero não me apaixonar jamais, a gente sempre parece desgraçada

quando se apaixona.

- Não deve espiar aos criados Emma. Todo mundo tem direito a ter uma vida

privada.- E não espio! - indignou-se Emma - revisto me dou conta das coisas, e além

você não tem nenhuma razão para defender ao Nan, todo mundo sabe quão má

é com você. Seguro que foi ela a que roubou o quadro da Virgem de seu

dormitório.

- O ícone - retificou Tasia - E não há provas de sua culpabilidade.

Uns dias antes Tasia notou o desaparecimento de seu bienamada Virgem, e ohavia sentido muitíssimo. O ícone tinha para ela um valor sentimental já que

era uma parte de seu passado. O ladrão nunca saberia até que ponto a

desesperava essa perdida e não havia modo de recuperá-la. Em efeito, Tasia se

tinha negado a que Mrs Knaggs fizesse um registro nas habitações dos criados.

- Odiariam-me - disse –  lhe rogo, não os envergonhe procurando em seus

dormitórios. Só era uma pintura feita em madeira, não tinha muito valor.

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- Certamente que si - protestou Mrs Knaggs - Me dava conta de como a punha

em um lugar visível em cima da cadeira. Era importante para você e não me

diga o contrário.

- Não necessito imagens para recordar minha fé, basta-me olhando pela janela e

ver a beleza que nos rodeia.

- Isso é um bom pensamento, querida, mas este problema ultrapassa seus

interesses pessoais. Nunca houve aqui nenhum roubo até agora, se não

fazermos nada corremos o risco de que volte a acontecer.

- Não o creio - declarou Tasia com firmeza - Por favor não levante suspeitas

entre os serventes, e sobretudo não lhe diga nada a lorde Stokehurst, não énecessário.

Mrs Knaggs aceitou a contra gosto jogar terra sobre o assunto, murmurando

que gostaria de ir jogar uma olhada debaixo do colchão do Nan.

A voz da Emma devolveu a Tasia à presente.

- O esta bem empregado ao Nan se for desventurada, é uma má pessoa.

- Não devemos julgar a nossos semelhantes - disse brandamente Tasia – lembre-se de que Deus pode ver o que há em nossos corações.

- você não odeia ao Nan?

- Não, compadeço-a, é terrível ser desgraçado até o ponto de querer fazer mal a

outros.

- Sem dúvida, mas não o sinto por ela. É ela a que se busca os problemas.

Essa noite, depois do jantar, Tasia se inteirou da difícil situação do Nan.Ao lado da cozinha havia uma sala onde os serventes de maior fila se reuniam

cada noite convidados pelo Mrs Knaggs. Seymour, Mrs Plunkett e Mr Biddle

estavam ali ao igual ao intendente e a primeira donzela. Estavam comendo

umas finas fatias e queijo. Uma das ajudantes de cozinha trouxe café e bolachas.

Tasia agarrou uma silenciosa como sempre enquanto outros falavam.

- Há notícias do Nan? - perguntou a primeira donzela ao Mrs Knaggs - Inteirei

que o que passo este meio-dia.

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- Ao menos já não a incomodará, miss Billings - disse a primeira donzela.

Tasia estava horrorizada e cheia de compaixão para a desventurada.

- Está sozinha?

- Não necessita de nada - respondeu Mrs Knaggs - A viu o médico e eu mesma

me assegurei de que tomasse o remédio que ordenou. Não se preocupe querida,

necessitava uma boa lição. Foi sua própria loucura o que a levou a… 

Tasia colocou o nariz na taça de chá enquanto outros continuavam com sua

conversação. Ao cabo de uns minutos fingiu um bocejo.

- me perdoem - murmurou - O dia foi muito comprido, acredito que vou deitar.

A Tasia não custou encontrar o dormitório do Nan, do qual saía o horrível som

de alguém vomitando. Chamou com suavidade à porta antes de entrar.

A pequena habitação era ainda mais diminuta que a sua, com uma só janela e o

papel pintado de um triste cinza. Reinava nela um pestilento aroma que lhe

produziu nauseia.

- Vá - assobiou Nan feita uma bola na cama antes de inclinar-se para vomitarem uma bacia de ferro grafite de branco.

- vim para ver se podia te ajudar - disse dirigindo-se à janela para abri-la e

deixar que entrasse um pouco de ar puro.

Franziu o cenho ao olhar para a cama onde estava tombada uma Nan cuja cor

se tornou verde.

- Vá - gimeu - vou morrer.- Seguro que não.

Tasia se aproximou do lavabo onde se encontrava um montão de panos sujos,

procurou por dentro de sua manga até encontrar um lenço limpo e o molhou na

água da jarra.

- Odeio-lhe - grunhiu fracamente Nan - Vá-se.

- Primeiro te vou lavar a cara e logo irei.

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- Assim poderá lhes contar a outros que é você um bendito anjo vindo do céu - a

acusou Nan.

De novo se viu ataque pelas nauseia e cuspiu na bacia. Quando se voltou a

tombar as lágrimas lhe caíam pelas pálidas bochechas.

- Tenho a sensação de que vou jogar as vísceras.

Tasia se sentou com cuidado no bordo do colchão.

- Não te mova, está completamente suja.

Nan riu.

- Pergunto - me porque será. Estou jogando até o primeiro mingau há horas.

calou-se ao sentir o frescor do lenço úmido na cara. Tasia nunca tinha vistoalguém tão doente. Com amabilidade apartou as mechas de cabelo sujo da

frente da criada.

- Tem algo para te atar o cabelo? - perguntou.

Nan assinalou uma caixa de cartão que havia na cômoda. Tasia encontrou

dentro dela um pente e algumas cintas velhas e começou a desenredar o cabelo

do Nan conseguindo mais ou menos recolher-lhe na nuca.- Isso é - murmurou - Já não te incomodará.

- por que veio? - perguntou Nan com voz áspera olhando-a com seus olhos

vermelhos e inchados.

- Não me parecia bem que estivesse sozinha.

- Sabe…tudo? - insistiu Nan assinalando seu ventre.

Tasia assentiu.- Não tem que tomadas mas remédios Nan, nem pílulas nem tônicos. Poderia

danificar ao menino.

- Isso era o que desejava, pensei em me atirar do alto das escadas ou saltar de

acima do pombal, o que fora com tal de me desfazer dele.

estremeceu - se.

- Fique um pouco mais por favor. Se ficar não morrerei.

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- É obvio que não te vais morir - prometeu Tasia lhe acariciando o corto - todo

irá bem, já o verá.

Nan se desfez em pranto.

- Parece você um anjo - sussurrou com tristeza - Como pode ter uma cara tão

doce? parece-se com a do pequeno quadro de madeira que lhe agarrei. Sabe… 

Tasia a fez calar.

- Shhh. Não importa.

- Acreditei que me daria a mesma serenidade que a você. Mas comigo não

funcionou.

- Todo esta bem, não chore mais.Nan se aferrava à saia da Tasia como se esta fora um salva-vidas.

- Não quero viver se Johnny me abandona. Diz que tudo é minha culpa e não

dele. Me vão despedir. Meus pais são pobres e não me admitirão em casa,

sobretudo se for com um bastardo nos braços. Mas não sou uma má garota miss

Billings. Eu lhe amo.

- Entendo. Não te excite Nan, te tranqüilize.- por que? - perguntou Nan com amargura apoiando a cabeça no travesseiro.

- vais necessitar todas suas forças.

- Não tenho nem dinheiro, nem trabalho, nem marido… 

- Lorde Stokehurst se ocupará de que tenha um pouco de dinheiro.

- Não me deve nem um xelim.

- Tudo se arrumará - prometeu Tasia com firmeza - Eu me ocuparei disso.levantou-se com um tranqüilizador sorriso nos lábios.

- vou encarregar me de que lhe troquem os lençóis, necessita-no. Volto em

seguida.

- Muito bem - disse a criada.

Tasia foi se procurar ao Mrs Knaggs que estava nesse momento dando

instruções a uma ajudante de cozinha.

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- foi a ver o Nan-lhe disse o ama de chaves assim que viu sua cara - estaba

segura de que o faria.

- Está muito doente - respondeu Tasia gravemente.

- É uma tolice preocupar-se com ela, de todos os modos logo estará morta.

Tasia se assombrou pela reação do Mrs Knaggs.

- Não vejo porque não poderíamos lhe aliviar um pouco a dor senhora. Quer

por favor lhe dizer a uma criada que me ajude a levar lençóis limpa para lhe

trocar as que tem agora?

Mrs Knaggs sacudiu a cabeça.

- Pede às demais que sobretudo não se dela ocupem.- Não é uma leprosa! Só está grávida.

- Nego-me a expor às demais ao exemplo de uma qualquer.

Tasia esteve a ponto de fazer um comentário sarcástico mas se mordeu a língua

e disse prudentemente:

- Não diz o segundo Mandamento “amar{ ao próximo como a ti mesmo”? E

quando os fariseus levaram a mulher adúltera diante de Nosso Senhor para lheperguntar se deviam lapidá-la, não respondeu O… 

- Sei, “que esteja livre de pecado que atire a primeira pedra”. Conheço a Bíblia. 

- Então tampouco ignorar{ isto: “Bem-aventurados os misericordiosos porque

obterão misericórdia” 

- Tem você razão miss Billings-se apressou a dizer o ama de chaves que via vir

um interminável sermão - vou enviar a alguém com lençóis limpa e água fresca.Tasia sorriu.

- Obrigado senhora. Uma coisa mais… Sabe você se lorde Stokehurst for voltar

esta noite?

- vai passar a noite em Londres - respondeu Mrs Knaggs com intenção - Já sabe

o que quero dizer… 

- Perfeitamente.

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Tasia sentiu toda a amarga ironia da situação. Os deslizes dos homens eram

acolhidos com uma piscada de cumplicidade e inclusive de admiração.

Inclusive ao Johnny, o lacaio, não era o responsável pelo embaraço, quão única

pagaria as conseqüências seria Nan.

Mrs Knaggs a olhava intrigada.

- Queria você falar com ele? - perguntou.

- Pode esperar a manhã.

- Espero que não seja sobre a situação do Nan. Milord já tomou uma decisão e

ninguém discute suas ordens. Não acredito que você seja o bastante parva para

arriscar-se a lhe incomodar com este assunto.- É obvio que não. Muito obrigado Mrs Knaggs.

Luke voltou de Londres muito tarde para seu passeio diário com a Emma pelo

que se foi diretamente à biblioteca para trabalhar.

A gestão de suas três propriedades de proporcionava um montão de

correspondência com seus administradores e advogados. Cada duas cartas sededicava aos livros de contas e às dúzias de faturas. O ambiente de trabalho se

via aumentado pelo som rítmico do relógio de pêndulo que havia sobre a

chaminé. Luke estava tão concentrado que logo que ouviu a ligeira chamada à

porta. Mas voltaram a chamar, esta vez mais forte.

- Entre - disse sem deixar de escrever - Estou ocupado - grunhiu - salvo que se

trate de um pouco muito urgente não quero que me mo… interrompeu-se de repente quando, ao levantar a vista, viu miss Billings diante

dele.

Até esse momento seus encontros sempre tinham sido breves e impessoais,

cruzavam-se por acaso no vestíbulo onde intercambiavam umas palavras sobre

a Emma. Luke tinha notado que a professora se esforçava por lhe evitar e que

não gostava de encontrar-se no mesmo lugar que ele. Nunca tinha conhecido

uma mulher tão fria com ele e tão…indiferente. 

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como sempre, o pequeno rosto dela estava muito pálido e tenso. Era miúda,

com a cintura tão pequena que poderia abrangê-la com suas mãos. Quando ela

moveu a cabeça, um raio de sol pôs reflexos dourados em seu cabelo de ébano.

Olhava-lhe fixamente com seus alargados e exóticos olhos, com o aspecto de um

gatinho desnutrido.

Depois de haver despertado ao lado da voluptuosa Íris Harcourt com sua pele

de cor pêssego, Luke se sentiu quase surpreso pela diferença entre as duas

mulheres.

Não entendia porque a Emma gostava tanto seu professora e entretanto sua

filha parecia mas feliz dos que era desde fazia meses e temia que se afeiçooumuito com ela. Em efeito, miss Billings não demoraria para ir-se, o mês quase

tinha terminado e Emma teria que acostumar-se a outra pessoa. Embora tivesse

êxito com a Emma, miss Billings não ficaria ali, não inspirava confiança ao

Luke, era ardilosa, misteriosa, altiva e tinha todas as características de um gato.

E Luke odiava aos gatos.

- Que deseja? - perguntou secamente.- Eu gostaria de falar com você de um problema que concerne a uma das

criadas milord, Nan Pitfield.

Luke entrecerrou os olhos, não se esperava isso.

- A que foi despedida… 

- Sim milord.

ruborizou-se ligeiramente.- Todos sabem porque tem que ir-se. O pai do menino, um de seus lacaios se o

entendi bem, declina toda responsabilidade. Vim pedir-lhe que lhe dê algum

dinheiro para ajudá-la a sobreviver até que possa voltar a trabalhar. Sua família

carece de recursos. Será-lhe difícil encontrar um lugar para viver.

- Miss Billings – cortou-a - Nan tinha que ter pensado antes.

- Não lhe custaria demasiado - insistiu isso - para você umas libras… 

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- Não tenho a menor intenção de recompensar a uma criada que não cumpriu

corretamente com seu trabalho.

- Nan trabalha duro milord… 

- Já tomei uma decisão. Seria melhor que se ocupasse de fazer seu trabalho miss

Billings, quer dizer, educar a minha filha.

- E que classe de educação lhe dá você milord? O que pode ela pensar de sua

atitude? Atua você sem a menor compaixão e sem a menor piedade. Seus

serventes têm que ser castigados por ceder às tentações humanas normais? Não

aprovo a conduta do Nan mas tampouco a condeno por procurar um pouco de

felicidade. Estava sozinha e sucumbiu ao encanto de um jovem que dizia amá-la. Tem que pagar por isso o resto de sua vida?

- Já é suficiente - disse Luke com uma voz perigosamente suave.

- Você não se preocupa com seus criados - prosseguiu Tasia com temeridade -

Sim, proporciona-lhes manteiga e velas. É um preço muito pequeno para que

todos elogiem a generosidade do dono da casa. Mas quando se trata de lhes

ajudar de verdade, de ocupar-se pessoalmente deles, foge de qualquerresponsabilidade. Vai pôr Nan na rua e esquecerá inclusive sua existência, que

ela se morra de fome ou que se veja obrigada a prostituir-se para sobreviver… 

- Fora.

Luke ficou em pé de um salto, raiando com os dedos de metal a polida

superfície do antigo escritório.

A professora não se moveu.- Sua vida é tão irreprochável que se cre com direito a julgá-la? Se não me

equivoco acaba você de retornar da casa de seu amante!

- Está se arriscando a ser despedida ao mesmo tempo que Nan.

- Dá-me igual - respondeu Tasia com paixão - preferiria andar pelas ruas eu

mesma antes que viver sob o mesmo teto de um homem sem coração, um

hipócrita.

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Luke perdeu toda a paciência, rodeou o escritório e agarrou a Tasia pelo

peitilho. Ela deu um gritito assustado enquanto ele a sacudia como um cão

sacudiria a um camundongo.

- Por todos os demônios, não sei o que era antes de vir aqui - grunhiu - mas

agora você é uma empregada.  Minha  empregada. Deve-me uma obediência

cega. Ninguém discute minhas ordens. Se voltar você para me desafiar… 

Luke se interrompeu muito zangado para continuar.

Tasia sustentava seu olhar a pesar do terror que se lia em seus olhos. O notava

seu fôlego no queixo e suas pequenas mãos tentavam em vão lhe apartar. A

palavra “não” se formou em seus l{bios. Luke sentiu a necessidade de dominá-la. Por suas veias passou um instinto

primitivo de macho. Ela era tão pequena e tão fr{gil entre suas mãos… 

Fez-a perder o equilíbrio, obrigando-a a apoiar-se nele, cheirou seu aroma que

era uma mescla de sabão e de pétalas de rosas e não posso evitar baixar a

cabeça para saboreá-la e todo seu corpo ardeu.

Desejava tombá-la sobre o escritório, lhe levantar as saias e tomá-laimediatamente. Desejava tê-la aberta sob seu corpo, senti-la arquear-se contra

ele para lhe acolher melhor nela. Sonhou com suas finas pernas lhe rodeando

pela cintura e fechou os olhos.

- Por favor - murmurou ela.

Notou como tragava saliva.

Soltou-a bruscamente e se deu a volta molesto pelo violento desejo que lheassomou.

- Fora! - ordenou.

Ouviu o ruído de suas saias enquanto ela fugia, ouviu-a girar com estupidez o

pomo da porta antes de que este se fechasse com força detrás dele.

Luke se deixou cair em sua poltrona e se secou o suor da frente com a manga.

- Deus! - grunhiu.

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Uns minutos antes tudo era normal e de repente todo seu mundo tinha

explorado. Com a ponta dos dedos seguiu a recente marca que havia no

escritório.

Por que miss Billings se tomou a moléstia de falar a favor de uma criada que

acabava de ser despedida? Por que lhe tinha desafiado arriscando-se a perder

seu trabalho?

Desconcertado, apoiou-se no respaldo de seu assento. Queria entendê-la e a

curiosidade que sentia para lhe incomodava.

- Quem é? - murmurou - Maldita seja! Acabarei por descobri-lo.

Tasia correu até sua habitação, fechou rapidamente a porta e se apoiou nela

sufocada e aturdida por sua louca carreira nas escadas.

Estava segura de que seria despedida, comportou-se como uma parva e se

merecia o que lhe passasse. Com que direito se dirigiu ao dono da casa para lhe

dar um sermão por sua atitude? Era absurdo, e ainda mais se se tinha em conta

que ela nunca se tomou a moléstia de defender a seus próprios criados. Era elaquem se merecia o qualificativo de hipócrita a fim de contas.

- Tudo é muito distinto quando unir esta no lado dos serventes-se disse em voz

 baixa esboçando um sorriso.

olhou-se no espelho para pôr um pouco de ordem em seu cabelo. Tinha que

acalmar-se. Logo seria a hora da lição da Emma, caso que lorde Stokehurst não

a jogasse no mesmo instante em que aparecesse.Mas antes tinha que fazer uma coisa. Abriu o armário e, de detrás de sua roupa

interior tirou o lenço pacote onde escondia o pesado anel de seu pai.

- Obrigado papai - murmurou - vou fazer um bom uso dele.

Assim que saiu pela porta da habitação, viu que Nan, vestida de pés a cabeça,

tinha melhor aspecto que no dia anterior.

- Miss Billings! - exclamou surpreendida.

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Nan fechou seus dedos em torno da jóia e ficou a soprar.

- por que faz isto miss Billings?

A resposta a essa pergunta era um tanto delicada. Tasia não tênia recursos

suficientes para ser generosa mas era feliz por poder ajudar ao Nan. Durante

uns minutos ao menos alguém a olhava com agradecimento, e ela se sentia forte

e útil. E além disso estava a criatura. Tasia odiava a idéia de que um ser viesse

ao mundo em umas condições tão adversas, sem pai, sem comida, e sem lar. um

pouco de dinheiro não resolveria todos os problemas mas ao menos daria ao

Nan uma certa esperaza.

Deu-se conta de que esta a olhava intrigada.- Eu também me encontrei uma vez só em uma difícil situação.

Nan dirigiu os olhos para seu ventre.

- Quer dizer que você… 

- Não era esse tipo de problemas - disse Tasia com um sorriso pesaroso de

algum jeito era igual de grave.

Nan abraçou impulsivamente a Tasia apertando bem o anel em sua mão.- Se for um menino lhe chamarei Billings.

- meu deus! - gemeu Tasia com um brilho de diversão nos olhos - melhor será

que lhe chame Billy.

- E se for uma menina a chamarei Karen. Acredito que esse é seu nome.

Tasia sorriu.

- Chama-a Anna - disse suavemente – ficarei contente.

Emma se mostrou como ausente durante as lições da manhã respondendo pela

metade às perguntas da Tasia.

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Deitado a seus pés, Sansón estava tranqüilo como se tivesse compreendido que

esse dia era melhor permanecer longe de amas de chaves hostis e pais irritáveis.

de vez em quando Emma lhe acariciava o branco ventre com o pé e então o a

olhava com cara de cão feliz com a língua pendurando a um lado.

- Miss Billings? - perguntou de repente Emma interrompendo-se na metade de

um parágrafo sobre a estratégia militar dos romanos - Nan vai ter um bebê

verdade?

Tasia se perguntou estupefata como podia haver-se informado a adolescente.

- Essa não é uma conversação adequada Emma.

- por que ninguém me quer explicar isso? Não é melhor que me inteire daverdade da vida em vez de ouvir sozinho rumores?

- Quando for mais velha sem dúvida alguém te falará dessas coisas, mas

enquanto isso… 

- Isso acontece quando um homem e uma mulher compartilham a mesma cama

não?

Os olhos da Emma brilhavam de curiosidade.- Isso é o que passou - continuou dizendo ante o silêncio de seu professora -

Nan e Johnny dormiram juntos e agora vão ter um bebê. por que Nan dormiu

com um homem se sabia que logo ia ter um filho?

- Não deve me fazer essas perguntas - disse Tasia brandamente - Não é minha

função te informar dessas coisas. Não tenho a permissão de seu pai.

- Mas então Como me vou inteirar? trata-se de algo que só as pessoas maiorespodem entender?

- Não é nada terrível - disse Tasia com o cenho franzido - só que é algo muito

pessoal. Certamente haverá alguma mulher em que confie e a que queira, sua

avó por exemplo, que pode responder a suas perguntas.

- Confio em você miss Billings. E me sinto muito angustiada quando penso em

coisas que desconheço. Quando tinha oito anos minha tia me viu beijando a um

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menino do povo e ficou furiosa. Disse-me que ia ter um bebê por havê-lo feito.

É certo?

Tasia duvidou um instante.

- Não Emma.

- por que me mentiu? Está mal beijar a um menino?

- Certamente pensou que foi muito jovem para escutar a verdade. Não, não fez

nada mau, simplesmente sentia curiosidade.

- E se agora beijasse a um choco estaria mau?

- Bom, não exatamente mas… 

Tasia sorriu molesta- Deveria lhe dizer a seu pai que você gostaria de falar de certos temas com uma

mulher Emma. Encontrará a alguém adequado. Parece-me que não se agradaria

se fosse eu.

- Porque brigou com ele esta manhã por culpa do Nan.

Emma brincava com um cacho de cabelo vermelho evitando o olhar da

professora.- Escuta detrás das portas Emma? - pergunto Tasia com severidade.

- Todo mundo falava disso. Ninguém discute nunca com papai. Os criados estão

assombrados, parece-lhes você muito valente e um pouco louca. Dizem que

segura que a vão despedir. Mas não se preocupe miss Billings, não deixarei que

papai a jogue.

Tasia sorriu enternecida pela inocente segurança da menina. Realmente erauma criatura encantadora, seria tão fácil deixar-se ir e querê-la… 

- Obrigado Emma, mas devemos acatar as decisões de seu pai sejam as que

sejam. Cometi um grave engano faz um momento ao tentar lhe impor meu

ponto de vista. Comportei-me de maneira grosseira e ingrata. Se lorde

Stokehurst decide me despedir me terei isso bem castigo.

Emma grunhiu parecendo-se de repente muito a seu pai e deu uma patada.

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- Papai não a jogará se eu não quiser! Sente-se culpado porque não tenho mãe e

a avó diz que por isso me mima tanto. Gostaria que se casasse com lady

Harcourt mas a meu não.

- por que?

- Lady Harcourt desejará me afastar de papai para o ter para ela sozinha.

Tasia não respondeu. Começava a compreender a união entre o pai e a filha,

forjada pela perda de uma mulher a quem os dois tinham amado e que lhes

tinha deixado ao morrer uma ferida que ainda não se fechou.

Dava a impressão de que ficavam mutuamente como desculpa para evitar

comprometer-se arriscando-se a que lhes rompesse de novo o coração. Semdúvida seria melhor que Emma crescesse em um colégio onde teria amigas de

sua idade e onde poderia dar saída para sua energia transbordante, em vez de

passar seus dias em uma mansão no campo espiando aos criados.

- Deveríamos terminar este capitulo e logo ir a dar um passeio - disse ao fim - O

ar fresco nos esclarecerá idéias.

- Não me vai dizer nada sobre Nan - suspirou Emma resignada antes de voltarsabiamente sua atenção para o livro de história.

Lorde Stokehurst não apareceu em todo o dia. Permaneceu na biblioteca

recebendo aos camponeses e às pessoas do povo.

As técnicas agrícolas - respondeu Seymour quando Tasia lhe perguntou para

que tinham vindo essa gente - O senhor está realizando melhoras em suapropriedade para assegurar-se de que os lavradores trabalham a terra o mas

eficazmente possível. Alguns ainda usam métodos medievais. O senhor lhes

põe à corrente dos métodos modernos e lhes dá ao mesmo tempo a

oportunidade de arrumar seus possíveis diferencia com os administradores.

- É muito generoso por seu parte - murmurou ela.

Na Rússia os latifundiários se mantinham muito se separados dos assuntos de

suas propriedades. Contratavam administradores para economizar as moléstias

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e as preocupações. Tasia nunca tinha ouvido falar de camponeses que

recebessem conselhos de seu senhor.

- É uma boa política - fez notar Seymour - Quanto mas investe Sua Senhoria em

suas terras, mas proveitosas resultam para todos.

O raciocínio certamente não carecia de lógica.

- É admirável que Sua Senhoria não seja tão orgulhoso como para não falar com

os camponeses. Desde onde eu venho um homem de sua posição só se

comunica com eles por meio do administrador.

Os olhos do mordomo se iluminaram divertidos.

- Na Inglaterra não gostam de muito que lhes chamem camponeses, preferemque lhes chamem granjeiros.

- Granjeiros - repitiu ela docilmente - Obrigado senhor Seymour.

O homem a gratificou com um de seus estranhos sorrisos antes de afastar-se

fazendo uma saudação com a cabeça.

aproximava-se a noite e lorde Stokehurst ainda não tinha dado sinais de vida.

Sem dúvida estava fazendo esperar a Tasia deliberadamente para que elativesse tempo de perguntar-se quando a despediria.

Pela primeira vez desde sua chegada jantou sozinha em sua habitação para

evitar as olhadas curiosas e as perguntas de outros. Comeu com lentidão, em

tensão com os olhos fixos no céu que se ia obscurecendo.

Logo a jogariam do Southgate Hall e tinha que pensar no futuro. A idéia de

voltar para casa do Charles e Alicia era bastante humilhante, mas pode que nãose sentissem sentidos saudades de que tivesse fracassado em seu primeiro

trabalho. Os Kapterev nunca se distinguiram por sua humildade. Em silêncio se

prometeu conter a língua com seu próximo chefe.

Um golpe imperioso fez tremer a porta da habitação.

- Miss Billings! Miss Billings!

- Nan! - perguntou Tasia surpreendida para ouvir a voz da criada - entra.

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A donzela entrou no dormitório transfigurada, com os olhos brilhantes e as

 bochechas rosadas.

- Disseram-me abaixo que estava você aqui miss Billings. Tinha que vê-la em

seguida. Interrompeu-se um momento para recuperar o fôlego.

- Acreditei que tinha ido Nan. Subir a escada correndo não é bom para ti… 

- É certo mas queria lhe dizer… 

Nan estalou em alegres gargalhadas.

- Caso-me! - disse de repente.

Tasia abriu os olhos.

- Casa-te? Mas com quem?- Com o Johnny! Me pediu faz isso dez minutos e me pediu perdão por tudo.

Prometeu-me que seria o melhor marido que pudesse e lhe respondi que com

isso bastava. Agora meu filho terá um sobrenome e eu um verdadeiro marido.

Nan se abraçou a se mesma saltando de alegria.

- Mas como foi? por que?

- Johnny manteve uma conversação esta tarde com lorde Stokehurst.- Lorde Stokehurst? - repetiu Tasia assombrada.

- O senhor disse ao Johnny que nenhum homem em seus cabais teria vontades

de casar-se mas que de todas formas teria que fazê - lo um dia ou outro e que

um homem de verdade tinha que assumir as conseqüências de seus atos, e que

se tinha deixado a uma garota grávida tênia a obrigação de lhes dar seu

sobrenome a ela e ao menino. Sua Senhoria incluso nos deu dinheiro para quepudéssemos começar uma nova vida. Vamos alugar um pedaço de terra perto

do povo. Não é maravilhoso? Como podem trocar as coisas tão rapidamente?

- Ignoro – respondeu-lhe Tasia sorrindo - É maravilhoso e me sinto feliz por ti

Nan.

- Vim a lhe devolver isto.

Entregou-lhe o lenço com o anel.

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- Não o hei dito ao Johnny, tivesse sido capaz de ficar o mas lhe faz falta Miss

Billings. Sua bondade será sua perdição.

- Estas segura de que não quer vendê-lo?

- Agora tudo irá bem para o menino e para mim. Volte a ficar com ele, por

favor.

Tasia agarrou o anel de seu pai e abraçou ao Nan.

- Que Deus te benza! - murmurou.

- E a você também miss Billings.

Quando Nan deixou a habitação, Tasia se sentou no bordo da cama com a

cabeça dando voltas. Estava alucinada pelo gesto de lorde Stokehurst. Nuncalhe tivesse acreditado capaz de trocar tão rapidamente de opinião. O que tinha

levado a fazê - lo? Por que se tinha tomado a moléstia de fazer que Johnny se

casasse com o Nan lhes dando além disso uma pequena dote? Por mais voltas

que lhe dava não encontrava nenhuma resposta.

Estava-se fazendo tarde mas Tasia sabia que seria incapaz de dormir com todas

essas perguntas lhe rondando na mente. Dando um suspiro deixou a bandejano corredor e decidiu baixar à biblioteca para agarrar um livro gordo e

aborrecido que a ajudasse a dormir. Isso é o que realmente necessitava.

Em silêncio desceu pela escada de serviço antes de atravessar o grande

vestíbulo como se fora uma sombra. Todos já tinham ido dormir seguindo a

mesma rotina de todos os dias.

Toda a baixela estava já recolhida e os utensílios que ia necessitar Mrs Plunkettao dia seguinte estavam preparados. Biddle tinha encerado as botas e os sapatos

de seu senhor. Mrs Knaggs sem dúvida estava em suas habitações e já quase

não havia luz nos corredores.

Uma vez na biblioteca acendeu um abajur fazendo brilhar os lombos dos livros

que cobriam as paredes. A Tasia adorava o aroma dos livros misturado com o

do tabaco e o conhaque que flutuava no ar. O lugar era uma espécie de

santuário masculino utilizado para falar de negócios ou de política e outros

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assuntos de índole privada. Estava impregnada de intimidade e de história

familiar.

Foi de uma prateleira a outro procurando um livro que lhe desse vontade de

dormir. Selecionou alguns volúmenes.

- Os diferentes aspectos do progresismo - leu em voz alta piscando os olhos os olhos

- Revolução e reformas da Europa moderna. Os prodígios do expansionismo britânico. 

meu deus! Qualquer destes deveria servir.

Uma voz zombadora saiu das sombras sobressaltando-a.

- Veio para o segundo assalto?

Capitulo 3

A pilha de livros que Tasia tinha em suas mãos caiu ao chão, conteve o fôlego,deu-se a volta na direção da voz.

- OH!

Lorde Stokehurst surgiu de um sofá que havia diante da chaminé, onde tinha

estado na sombra, com uma taça de conhaque na mão. Deixou o copo em um

velador de bronze que tinha a seu lado antes de aproximar-se da jovem.

O coração da Tasia golpeava com força em seu peito.- …Porque não h{ dito nada? 

- Acabo de fazê-lo.

Stokehurst, parecia ter acontecido todo o dia em seu escritório, o pescoço duro

de sua camisa estava desabotoado e manchado de tinta, e a camisa aberta

deixava ver um triangulo de pele bronzeada na garganta e algumas mechas de

cabelo lhe caíam sobre a frente suavizando seus rasgos.

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Os olhos, de um azul profundo, estavam carregados de uma intensa

curiosidade que fez que Tasia se estremecesse. Não pôde evitar pensar no

momento que tinha tratado de esquecer durante todo o dia, o momento de sua

 briga quando ele a agarrou pelo peitilho do vestido. Quando sua agressiva

virilidade a aterrorizou. Mas ao mesmo tempo que o medo sentiu outra coisa,

uma emoção que tinha demorado muito em desaparecer.

Centrou sua atenção nos livros que estavam a seus pés esperando que ele não a

visse ruborizar - se.

- Parece que tem medo… 

- Não é estranho quando um homem sai assim das sombras.Tasia tragou saliva tentando acalmar-se, devia-lhe uma desculpa a lorde

Stokehurst.

- Nan veio para ver-me milord.

- Não quero falar disso – cortou-a secamente.

- Mas lhe julguei mau.

- Não.- Eu…ultrapassei os limites… 

Nisso Stokehurst não a contradisse, limitava-se a olhá-la com as sobrancelhas

levantadas e expressão zombadora. Estava-a pondo terrivelmente nervosa com

essa imobilidade, ele era todo sombras e poder diabólico sob seu aspecto

humano.

Tasia se obrigou a continuar.- Foi muito amável ao ajudar ao Nan, milord, assim o bebê e ela sairão adiante.

- A menos que considere que um homem que se casa contra sua vontade é

melhor que não ter marido. Não quer casar-se com ela.

- Entretanto você lhe convenceu de que esse era seu dever.

- Isso não quer dizer que não o fará pagar ao Nan.

encolheu-se de ombros.

- Pelo menos o menino terá um pai.

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Tasia lhe olhou através das pestanas com cautela.

- Tem…tem intenções de me despedir milord?

- Pensei-o.

Deixou a frase em suspense deliberadamente.

- Mas ao final renunciei a ideia - continuou por fim.

- Então fico?

- por agora.

Tasia se sentiu tão aliviada que os joelhos começaram a lhe tremer.

- Graças - murmurou.

agachou-se para recolher os livros.Por desgraça lorde Stokehurst também se inclinou para ajudá-la, ficou dois

grossos volumes sob o braço esquerdo e ao estender ao mesmo tempo que ela a

mão para agarrar outro os dedos dos dois se roçaram. Surpreendida pelo

contato, Tasia se sobressaltou e perdeu o equilíbrio. Encontrou-se de repente

atirada de costas no chão tão atônita como humilhada. Ela nunca era tão

desajeitada. E a risada do Stokehurst não ajudou a tranqüilizá-la.Luke foi pôr os livros na estante antes de voltar junto a ela para ajudá-la a

levantar-se, a pequena mão da Tasia desapareceu dentro da sua. O gesto era

amável mas não se escondia uma força inquietante. Tivesse-lhe podido romper

a boneca como se fora um fósforo. Apartou-se rapidamente dele, alisou a saia e

se colocou o sutiã.

- Que livro queria ler? - perguntou lorde Stokehurst com um brilho divertidonos olhos.

Às cegas, Tasia agarrou um da prateleira sem tomá-la moléstia de olhar o título,

apertou-o forte contra seu peito como se fora um escudo para defender-se da

expressão zombadora do Luke.

- Este será perfeito.

- Muito bem. boa noite miss Billings.

Tasia não se moveu.

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- Se tiver um momento, milord - aventurou indecisa - gostaria de lhe comentar

algo.

- Outra donzela maltratada? - perguntou o com ironia.

- Não milord, trata-se da Emma. Ela…descobriu o que aconteceu com Nan. É

obvio começou a fazer perguntas e eu pensei, milord…bem, isso me fez

recordar…perguntei a Emma se alguém lhe tinha advertido de…Veja, é o

 bastante crescida para…A esta idade a meninas…Você j{ entende. 

Stokehurst sacudiu a cabeça sem deixar de olhá-la. Tasia se esclareceu voz.

- Refiro aos dias do mês em que as mulheres…- interrompeu-se de novo.

Tivesse querido esconder-se clandestinamente. Nunca tinha falado de algoassim com um homem.

- J{ vejo… 

Disse-o com um tom estranho e Tasia se atreveu a levantar o fim os olhos

descobrindo em sua expressão uma cômica mescla de assombro e

contrariedade.

- Não o tinha pensado - grunhiu - todavía é uma menina.- Doze anos - precisou Tasia retorcendo - as mãos nervosa - milord eu

não…minha mãe me omitiu explicar isso e um dia…eu…tive muito medo. Eu

não gostaria que a Emma acontecesse o mesmo.

Stokehurst foi procurar sua taça de conhaque.

- A mim tampouco.

 bebeu-se o álcool de um gole.- Então me permite que o eu diga?

- Não sei.

negou-se a reconhecer que sua filha estava crescendo, a idéia de que se

convertesse em uma mulher, com um corpo de mulher, emoções de mulher,

desejos de…Era muito cedo, isso lhe desorientava. Fazia a um lado esses

problemas até esse momento. Entretanto era necessário que alguém lhe falasse

com a Emma das mudanças que foram produzir se nela.

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Mas quem? Sua irmã vivia muito longe, quanto a sua mãe, seria capaz de lhe

contar qualquer estupidez em lugar da verdade. A duquesa era uma

dissimulada que inclusive desaprovava a decoração do Southgate Hall já que as

curvas do estilo rococó lhe pareciam muito sugestivas e quase indecentes.

Detestava ver as patas das cadeiras sem o amparo das capas… Pensando-o bem,

não era certamente a pessoa mas qualificada para lhe explicar a uma menina os

segredos da anatomia feminina.

- O que vai dizer lhe? - perguntou bruscamente.

Tasia entrecerró os olhos surpreendida e tentou falar em tom razoável.

- Só o que uma adolescente deve saber. Se não quiser que eu fale com ela,milord, acredito sinceramente que outra pessoa deveria encarregar-se de fazê-lo

logo.

Luke a olhava com intensidade. A preocupação dela pela Emma parecia sincera

do contrário nunca teria abordado um tema que era evidente que a punha

nervosa. E Emma queria muito a seu professora de modo que por que não ela?

- Confio em você - disse com decisão - Mas não se aproveite e não lhe contetoda a Gênese. Não quero que Emma suporte sobre seus ombros a

culpabilidade do pecado original.

Tasia se mordeu os lábios molesta.

- Muito bem milord.

- Espero que sua informação sobre o tema seja de fiar - insistiu ele.

Ela assentiu brevemente com a cabeça, completamente ruborizada.Luke sorria. Ela parecia tão vulnerável enquanto lutava para não perder a

calma, que ele não podia evitar divertir-se ante o espetáculo.

- Como pode estar tão segura? - perguntou-lhe para alargar o momento.

Ela se negou a morder o anzol.

- Com sua permissão milord, eu gostaria de me retirar.

- Ainda não.

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Luke sabia que se estava comportando como um caipira, mas lhe dava igual, só

queria que ela ficasse. O dia tinha sido muito cansado e necessitava uma

distração.

- Quer tomar uma taça miss Billings? Um pouco de vinho?

- Não, o agradeço.

- Então me faça companhia enquanto eu me sirvo uma.

Ela negou com a cabeça.

- Sinto ter que rechaçar seu convite milord.

- Não é um convite.

Luke assinalou uma poltrona ao lado da chaminé.- Sinta-se.

Ela fico imóvel por um momento.

- É muito demore - murmuró.

Por fim se dirigiu para o assento e se sentou no bordo, deixou o livro sobre uma

mesita e as mãos nos joelhos.

Ele encheu a taça com lentidão.- Me conte como é a vida na Rússia.

Ela se esticou, preocupada.

- Não posso… 

- Já confessou que procedia dali - disse Luke sentando-se com suas largas

pernas estiradas - deveria poder me dizer algo mas sem necessidade de me

revelar todos seus apreciados secretos. Me descreva seu país.Lhe olhava alerta como se suspeitasse que ele estava gastando uma brincadeira.

- Na Rússia um pessoa se sente pequeno, as terras são imensas e o sol brilha

menos que aqui na Inglaterra. Tudo parece um pouco cinza. Nesta época do

ano, em São Petersburgo, o sol não fica. Nós lhe chamamos “noites brancas”,

mas o céu não é branco a não ser rosa e violeta desde meia-noite até o

amanhecer. As silhuetas escuras das casas se recortam contra o céu e é algo

formoso. As igrejas têm os campan{rios redondos, assim… 

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Suas pequenas e delicadas mãos desenharam uma cúpula.

- No interior das igrejas não há estátuas a não ser ícones, pinturas religiosas de

Cristo, os apóstolos, a Virgem e os Santos. Têm o rosto alargado, magro e triste,

um aspecto muito espiritual. Os Santos das igrejas inglesas me parecem muito

orgulhosos.

Luke esteve de acordo. Sorriu ao pensar que os Santos de sua própria capela

incluso tinham um aspecto algo presunçoso.

- Em nossa igreja não há isso, os bancos –  continuou –  é uma amostra de

respeito para o Senhor permanecer de pé incluso embora a missa dure horas. A

humildade é muito importante para os russos. O povo é pobre e trabalha duro.Quando o inverno dura mais do normal a gente se reúne ao redor do fogo para

gastar-se brincadeiras e contar-se histórias para esquecer a fome. A igreja russa

nos ensina que Deus está sempre conosco e que tudo o que acontece, seja bom

ou mau, é vontade Dele.

Luke estava fascinado pela mudança de expressão no rosto da professora. Pela

primeira vez a via relaxada em sua presença. Sua voz era suave e seus olhos seviam na penumbra mais felinos que nunca.

Ela seguia falando mas o já não a escutava. Desejava acariciar o sedoso arbusto

de cabelo, beijá-la e sentá-la sobre seus joelhos. Parecia tão liviana!

Entretanto, apesar dessa aparente fragilidade, tinha uma vontade e uma

temeridade que o admirava. Nem sequer Mary se atreveu a enfrentá-lo quando

estava zangado.- Quando as coisas vão realmente mal - continuou isso – nós, russos, temos um

dito: Vsyo proïdyot”. Todo acaba. Meu pai acostumava a dizer… - interrompeu-

se bruscamente e conteve o fôlego.

Era evidente que falar de seu pai a entristecia.

- me fale dele - murmurou Luke.

Os olhos da Tasia brilhavam pelas lágrimas contidas.

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maneira em que ela se pegava ao de noite e seus beijos pela manhã. Sempre

tinham estado bem juntos. depois de sua morte a natureza lhe tinha empurrado

a procurar companhia feminina mas não tinha sido o mesmo.

Nunca tivesse podido imaginar que desejaria a outra pessoa. Não assim, não

desta maneira incontrolável e puramente emocional. Esta jovem lhe obcecava

cada vez mais e ele não via nenhuma saída.

Além disso, nem sequer conhecia seu verdadeiro nome.

Com uma pequena gargalhada zombadora para si mesmo, voltou a dirigir sua

atenção ao conhaque.

- A sua saúde - murmurou levantando a taça em direção ao sofá que ela tinhaocupado – seja quem for… 

Tasia fechou a porta de sua habitação. Tinha subido correndo os três pisos e se

apoiou na parede para recuperar o fôlego.Não deveria ter fugido assim da biblioteca, mas se se tivesse ficado teria

acabado por desfazer-se em lágrimas. Ao falar de seu país se sentiu invadida

por uma grande nostalgia. Queria ver sua mãe, voltar a ver os rostos e os

lugares familiares para ela, ouvir falar seu idioma e que a chamassem por seu

verdadeiro nome.

- TasiaPareceu-lhe que seu coração deixava de pulsar.

Assustada olhou a seu redor na habitação vazia alguém havia dito seu nome

ou o tinha imaginado? Percebeu com a extremidade do olho um reflexo no

espelho do armário e se aterrorizou. Queria sair correndo dali mas uma força

irresistível a fez dar um passo e logo outro mais com os olhos fixos no espelho.

- Tasia - voltou a ouvir.

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Retrocedeu aterrada, com a mão posta na boca para afogar um alarido. O

príncipe Mikhail Angelovsky a olhava do cristal com uns buracos negros no

lugar dos olhos e o rosto ensangüentado. Seus lábios azulados estavam

estirados em um arremedo de sorriso.

- Assassina.

Tasia não se podia mover do sítio, paralisada pela horrível visão, os ouvidos lhe

apitavam, isso não podia ser real, era uma alucinação produto de sua

imaginação e de sua culpabilidade. Fechou os olhos para livrar-se dela, mas

quando os abriu a imagem seguia no mesmo sítio. Baixando a cabeça conseguiu

murmurar:- Eu…Eu não queria te matar Mikail.

- Suas mãos… 

Tasia se olhou as mãos tremendo, estavam cobertas de sangue. Lhe escapou um

grito afogado e fechou os punhos e as pálpebras.

- me deixe - soluçou - Não vou escutar te. me deixe.

Estava muito aterrorizada para fugir, para rezar e para fazer qualquer outracoisa que não fora ficar aí petrificada.

Logo, lentamente, o assobio em seus ouvidos se apagou, abriu os olhos e se

olhou as mãos que agora estavam brancas e podas. No espelho não havia

nenhuma imagem.

Como uma sonâmbula se sentou na cama sem preocupar-se com as lágrimas

que lhe caíam pelas bochechas. Demorou muito tempo em acalmar-se e quandoo medo ao fim desapreciou, estava esgotada. tombou-se na cama e olhou o teto.

Não importava que não recordasse ter matado a Mikhail, cada dia se sentia

mais culpado. Tinha mais visões, mais pesadelos…Sua consciência não lhe

permitiria esquecer ou ignorar o que tinha feito, esse assassinato seria sempre

uma parte de si mesma.

Gemeu de desespero.

- Basta! - ordenou-se.

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Se deixava que a lembrança do Mikhail Angelovsky a atormentasse se voltaria

louca.

O primeiro dia de maio foi um dia claro e luminoso, qualquer vestígio do

inverno tinha desaparecido. Tombada sobre o tapete de um dos salões do piso

de acima, Emma se retorcia o ruivo cabelo, acovardada pelo que seu professora

acabava de lhe dizer.

- É asqueroso! - indignou-se - por que tudo tem que ser tão fastidioso para as

mulheres? Os panos manchados de sangue, os dores de tripa, a obrigação de

contar os dias do mês… por que não lhes h{ meio doido a esse homens chateio?Tasia sorriu.

- Suponho que eles também terão o seu. E além isso não é asqueroso Emma.

Deus nos criou assim. E como compensação por esse “chateio” como você diz,

nós temos a sorte de poder ter filhos.

- Miúda brincadeira! - disse Emma com amargura - É um consolo saber que vou

ter a “sorte” de padecer os dores do parto. - Algum dia quererá ter um filho e não se preocupasse disso.

A menina franziu o cenho pensativa.

- Do momento que me sinta indisposta serei já o bastante major para ter um

filho?

- Sim, se compartilhar a cama com um homem.

- É suficiente compartilhando a cama?- É mais complicado que todo isso mas já se inteirará mas adiante.

- Eu gostaria mais sabê-lo agora miss Billings, a não ser sou capaz de imaginar

coisas horríveis.

- O que acontece na cama entre um homem e uma mulher não é horrível.

Disseram - me que inclusive é muito prazenteiro.

- Sem duvida - contestou Emma pensativa - do contrário não haveria tantas

mulheres convidando a papai a ir a sua cama.

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- Papai deu o dia livre a todos os serventes para que vão ao povo.

- Traz má sorte não assistir à festa do primeiro de maio - acrescentou Molly -

Terá que lhe dar a bem-vinda ao verão. leva-se fazendo séculos.

Tasia sorriu.

- Estou segura que o verão chegasse tanto se lhe der a bem-vinda como se não.

A donzela acudiu a cabeça com impaciência.

- Ao menos venha esta noite, é o momento mais importante.

- O que acontece esta noite?

Molly parecia assombrada pela ignorância da professora.

- O baile de primeiro de maio é obvio! Depois dois homens disfarçados decavalo vão pelas casas do povo seguidos por outros. Se se detiverem em sua

isso casa traz boa sorte.

- De cavalo? - perguntou Tasia divertida - E porque não de cão ou de cabra?

- Porque sempre foi assim - respondeu Molly picada - sempre foi um cavalo.

Emma continha uma gargalhada.

- vou dizer lhe a papai que miss Billings propõe que o cavalo de primeiro demaio se converta em uma cabra.

O som de suas risadas ressonou nas escadas enquanto baixava para reunir-se

com seu pai e os Pendleton.

- Emma não o diga! - gritou Tasia.

Mas a adolescente não respondeu. Tasia se voltou para o Molly com um

suspiro.- Não vou assistir à festa da primavera. Se não recordar mal só é um rito pagão,

a adoração dos druidas, as fadas e todo isso.

- Não você crie nos contos de fadas miss Billings? - perguntou Molly com

ingenuidade - Pois deveria fazê-lo já que você é justamente o tipo de pessoa que

lhes gosta de levar-se.

afastou-se com uma grande gargalhada, deixando detrás dela a uma Tasia

totalmente desconcertada.

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- Tem  que nos acompanhar miss Billings. É o único dia do ano que nos

divertimos… 

- É de noite, ninguém a reconhecer{… 

- Vai todo mundo. Não pode ficar só aqui!

Tasia viu de repente, com surpresa, ao Mrs Knaggs na porta com os braços

cheios de flores. A ama de chaves parecia zangada.

- O que estou ouvindo miss Billings?

Tasia sentiu alívio ao encontrar uma aliada.

- Estão empenhadas em que vá com elas, mas você sabe, Mrs Knaggs, que isso

não seria adequado.- Em efeito.

O rosto do Mrs Knaggs se distendeu com um inesperado sorriso.

- Entretanto se não sair com elas esta noite, sentirei-me muito contrariada, miss

Billings. Quando for você uma velha como eu, terá direito a ficar em sua

habitação olhando pela janela, mas no momento sua obrigação é ir dançar.

- Mas…mas… - balbuciou Tasia desorientada - não acredito em ritos pagãos.Como todos os russos tinha sido educada com uma complexa mescla de religião

e superstição; estava bem respeitar a natureza das coisas mas a Deus não

gostava que se venerasse aos ídolos. O costume de primeiro de Maio era

totalmente inaceitável.

Molly começou a rir.

- Não vá por questões religiosas, vá simplesmente para divertir-se. Alguma veztem feito nada simplesmente por prazer?

Tasia só desejava uma coisa: ficar sozinha. Tentou protestar mas todas suas

desculpas foram refutadas.

- De acordo - cedeu ao final com um suspiro - mas seguro que não me divertirei.

Enquanto ela se despia as outras começaram a tagarelar alegremente.

- A saia vermelha - insistió Hannah enquanto Molly elogiava a azul.

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- Nem sequer necessita sutiã! - disse Betsy olhando com inveja a magra figura

coberta de linho branco.

Molly lhe colocou pela cabeça uma regata com cintas.

- Seus peitos são apenas mas grandes que os da senhorita Emma - disse

amavelmente - Mas não se preocupe por isso miss Billings, uns meses mas com

as comidas do Mrs Plunkett e suas formas se voltarão tão arredondadas como

as minhas.

- Duvido - respondeu - Tasia com cepticismo olhando de esguelha o exuberante

peito da donzela.

Não protestou quando as outras lhe desfizeram o coque; exclamaramadmiradas ao ver a espessa cabeleira brilhante que lhe chegava até os quadris.

- Que formoso! - suspirou Hannah

Trancaram-lhe o cabelo com cintas e flores deixando cair pesada trança

livremente pelas costas, logo retrocederam para olhar com satisfação o

resultado de seus esforços.

- É você encantada - felicitou Mrs Knaggs - Todos os jovens do povo vão tentarlhe roubar um beijo.

- Como? - escandalizou se Tasia enquanto a arrastavam fora da habitação.

- É uma costumbre - explicou Molly - Às vezes os meninos se equilibram sobre

uma para roubar um beijo. Traz boa sorte, não há nada de mau.

- E se eu não quero que me beijem?

- Então pode fugir correndo…mas d{ no mesmo. Se o menino for feio, penseque ser{ breve e se for bonito…bom, então não querer{ escapar. 

Fora estava escuro, a noite não tinha estrelas mas o povo estava iluminado com

tochas e lanternas penduradas das janelas das casas. A música se foi fazendo

mais forte conforme se foram aproximando da festa.

Como Tasia tinha previsto, o vinho jogava um importante papel na festa.

Homens e mulheres bebiam diretamente da garrafa depois de cada baile.

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Agarrando-se das mãos começaram a rodear o grande mastro adornado com

flores e ficaram a cantar canções pagãs em honra às árvores, a terra e a lua.

Essa sensação de liberdade e de alegria recordou a Tasia a voila  dos russos,

quando estava permitido fazer algo: beber, romper o que tivessem à mão, em

resumo, voltar-se loucos.

- Venha! - gritou Molly agarrando a Tasia de uma mão enquanto Betsy se

apoderava da outra.

Levaram-na a roda de pessoas.

- Não é necessário que cante miss Billings, simplesmente faça ruído e mova os

pés.Isso não era muito difícil, Tasia se deixou levar pelo ritmo e repetiu as canções

de outros até que seu coração começou a pulsar com a força de um tambor.

O circulou se rompeu e todos foram beber e a descansar. Molly lhe ofereceu um

odre de vinho e Tasia bebeu torpemente um gole do líquido vermelho escuro.

Quando a música começou de novo, um bonito moço loiro se aproximou

sorrindo e a agarrou pela mão para levá-la novamente à roda de pessoas.Ela não sabia se era devido ao vinho ou à excitação do baile mas em qualquer

caso estava começando a divertir-se.

Todas as mulheres se lançaram ao centro do círculo e agitaram suas coroas por

cima de suas cabeças. O perfume das flores, misturado com o aroma do vinho e

do suor dava ao ambiente um particular aroma a terra. Tasia dançou e dançou

até que tudo girou a seu redor.Saiu do grupo de bailarinos e se afastou um pouco para recuperar o fôlego,

tinha a blusa empapada em suor e se abanou, apesar do frescor da noite tinha

calor e estava ruborizado e encantada. Alguém lhe ofereceu uma garrafa e deu

um gole de vinho.

- Graças - disse secando - a boca com o dorso da mão.

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Ao levantar a vista viu que a seu lado estava o loiro de antes que voltou a

agarrar a garrafa e, antes de que ela pudesse reagir, deu-lhe um beijo na

 bochecha.

- Isso dá sorte - exclamou ele alegremente antes de voltar para baile.

Tasia piscou surpreendida e se levou uma mão à bochecha.

- chegou o cavalo! - gritou um homem.

A multidão rugiu entusiasmada.

- O cavalo! O cavalo!

Tasia rompeu a rir ao ver dois moços com um velho disfarce de cavalo. Um

deles levava a grande mascasse que para as vezes de cabeça, o pescoço estavaengalanado com uma coroa de flores e umas abas tampavam as pernas dos

portadores.

depois de dar umas voltas, o animal se dirigiu pesadamente para o centro do

povo seguido pela multidão. Agarraram a Tasia da mão e a serpente humana

perambulou pelas ruas, passaram por uma primeira casa que tênia as portas

totalmente abertas. Ao sair pela porta traseira, Tasia se deixou arrastar poroutros. A gente enchia as ruas para olhar aos bailarinos enquanto davam

palmadas seguindo o ritmo das velhas canções.

Um grupo se homens estavam perto do antigo mercado de trigo e alguns

acariciando abertamente a suas companheiras. Quando um obstáculo invisível

ralentizó o passo da fila de bailarinos, estes começaram a dar patadas no chão

enquanto cantavam.Tasia ouviu uns assobios e se girou para os bagunceiros, entre os quais viu com

surpresa que se encontrava lorde Stokehurst, que sorria ante suas bobagens.

Tasia se esticou preparando-se para fugir antes de que ele a visse, mas já era

muito tarde… Ele se voltou para ela ao mesmo tempo que ela começava a ir-se.

O deslumbrante sorriso dele se desvaneceu e lhe viu tragar saliva com esforço.

Depois abriu a boca tão surpreso como ela.

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- Não está zangado?

Ele se aproximou dela fazendo caso omisso da pergunta.

- Com esse penteado parece uma cigana.

Essa observação tão pessoal desconcertou a Tasia. Stokehurst não se

comportava como habitualmente, parecia ter abandonado a contenção que lhe

caracterizava. Em sua voz suave e seus gestos despreocupados se adivinhava

uma nova ameaça. deu-se conta repentinamente de que ele a sua maneira a

estava cortejando. Retrocedeu assustada e tropeçou com a raiz de uma árvore.

Ele a sujeitou pelos ombros mas não a soltou mesmo que ela recuperou o

equilíbrio.O calor de suas mãos a queimava através da blusa. O outro braço do Stokehurst

se apoiou no tronco da árvore à altura da orelha dela. Tasia se sentia como em

uma armadilha; deliciosamente consciente da proximidade do corpo do

homem, apoiou-se na árvore.

Está bêbado, pensou fugazmente, não é consciente do que faz.

- Milord…h{…bebeu… - Você também.

Ele estava o bastante perto como para que ela notasse o doce sabor do vinho em

seu fôlego, jogou para trás a cabeça tanto como foi possível. Por um instante o

passo de uma tocha iluminou o rosto do Stokehurst antes de voltar a ficar entre

as sombras. Ela notou seus dedos sob seu queixo e emitiu um gemido de

protesto.- Não… - sussurrou assustada.

- Não? - repetiu o divertido - então por que me seguiu?

- Eu…Acreditava… 

lhe custava respirar.

- Acreditava que estava zangado, acreditei que queria me chamar atenção em

particular.

- E tivesse preferido isso a um beijo?

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- Sim!

Ele riu ante a espontaneidade de sua resposta e sua mão se posou em sua tensa

nuca fazendo que ela se estremecesse com a calidez de sua pele. estava

levantando uma ligeira brisa, mas lorde Stokehurst era alto, largo e quente.

Apesar da angústia que para que lhe tocassem castanholas os dentes, Tasia se

sentiu tentada a procurar refúgio nele.

- Tem medo de mim - murmurou ele.

Ela assentiu com a cabeça com estupidez.

- Por culpa disto? - perguntou o lhe mostrando seus dedos metálicos.

- Não.A verdade era que ela não sábia exatamente de que tinha medo. Uma estranha

sensação se deu procuração dela e estava alerta, temendo um perigo que não

podia expressar.

Os suaves lábios do Stokehurst agarraram uma pequena mecha de cabelo de

sua têmpora e ela sentiu como uma descarga de eletricidade. Pôs-lhe os punhos

no peito para lhe empurrar.- Um beijo para atrair a boa sorte? - sugeriu ele - Às vezes acredito que precisa

ter sorte miss Billings.

Uma risada nervosa lhe subiu à garganta.

- Não acredito na sorte, só acredito na oração.

- E porque não nas duas coisas? Não, não fique rígida, não vou fazer lhe

danifico.Inclinou a cabeça e ela voltou a cara.

- Deixe ir… 

Cometeu o engano de tentar passar por debaixo de seu braço mas ele foi mas

rápido e a apertou contra seu corpo, enrolando a grosa tranca ao redor de sua

mão para imobilizá-la. Dominava-a com sua alta estatura e ela fechou os olhos.

Quando notou os lábios do posar-se brandamente no extremo dos seus,

estremeceu-se.

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Ele a apertou um pouco mais forte e acariciou os lábios fechados. Ela tinha

esperado violência e impaciência, algo exceto a suavidade desse quente contato.

A boca do Stokehurst vagou por sua bochecha, sua orelha e seu pescoço. A

ponta de sua língua se posou por um momento na artéria do pescoço onde

pulsava seu pulso e ela sentiu vontades de repente de deixar cair contra o

cedendo ao desconhecido desejo que a nascia em seu interior.

Nunca antes tinha perdido o controle de se mesma diante de ninguém e esse

pensamento lhe devolveu a prudência.

- Não - disse com voz afogada colocando as mãos em seu cabelo - O suplico 

Detenha-se!Ele levantou a cabeça e a olhou aos olhos.

- Que suave é! - murmurou o.

Logo soltou a trança depois de agarrar uma flor dela. Com a ponta dos dedos

delineou a curva da mandíbula dela.

- Milord… 

Ela tomou uma baforada de ar.- Milord…espero…que seja possível…esquecer o que acaba de acontecer.

- Se realmente o quiser assim… 

Acariciou-lhe o queixo com os dedos que ainda conservavam o perfume da flor.

Ela moveu a cabeça mordendo um lábio.

- Foi pelo vinho. E pelo baile. Suponho que qualquer se teria deixado levar pelo

ambiente.- É obvio, os bailes folclóricos são algo mareantes… 

Tasia avermelhou compreendendo que o se estava burlando dela, mas não lhe

importou já que tinha encontrado uma desculpa.

- Boas noites – disse-lhe apartando da árvore

Suas pernas pareciam de algodão.

- Tenho que voltar para a mansão.

- Mas só não.

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- Quero voltar sozinha - insistiu.

Houve um breve silêncio e logo Stokehurst estalou em gargalhadas.

- De acordo, mas não se queixe se alguém a aborda. Embora haja poucas

possibilidades de que isso se produza duas vezes na mesma noite.

Ela pôs-se a correr com sua magra silhueta confundindo-se com a noite.

Luke apoiou o ombro no tronco da árvore e deu vários golpes nervosos com o

salto de sua bota no chão.

comportou-se brandamente com ela quando seu desejo tinha sido o de esmagar

seus lábios com os do e deixar marcas na fina pele dela. O desejo que acreditava

morto desde para tempo acabava de ressuscitar mas forte que nunca. Desejavalevá-la a sua cama e conservá-la durante uma semana ou para toda a vida.

Odiava-a por transtornar assim sua vida, por afastar de sua mente a lembrança

da Mary. Ela se iria logo, o mês passaria logo e Charles Ashbourne lhe

encontraria outro emprego. Só tinha que ignorá-la até então.

Frustrado, golpeou o tronco da árvore com seus dedos de metal arrancando

uma parte de casca e logo se afastou dando grandes pernadas fugindo do bailee da festa.

Tasia estava diante da janela de sua habitação um pouco perdida.

Ao recordar os mornos lábios do sobre os seus, sua suavidade e sua força

contida, estremeceu-se. Levava sozinha tanto tempo! Estar entre os braços do

Stokehurst tinha sido uma experiência deliciosa e aterradora de uma vez. A

comodidade e a sensação de segurança a tinham turbado profundamente.Lentamente se levou uma mão à boca. Stokehurst certamente tinha encontrado

divertida sua inocência, nunca antes a tinham beijado, além de alguns beijos

intercambiados com o Mikhail Angelovsky justo depois do anúncio de seu

compromisso.

Mikhail, como lhe chamavam sua família e seus amigos, era uma extraordinária

mescla de beleza e de excessos. Sua maneira de viver era despreocupada,

vestia-se sempre de forma muito rebuscada, banhava-se em perfumes de aroma

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salões. Lady Harcourt fez um montão de mudanças que foram dos móveis ao

menu previsto pelo Mrs Plunkett.

Emma estava tão desgostosa que brigou com seu pai, o tom de suas vozes

ressonou pelo vestíbulo uma manhã quando voltavam de seu passeio diário.

- Ela está pondo tudo pernas para o ar, papai.

- Dei-lhe carta branca, deixa de te queixar Emma.

- Mas se nem sequer ouviste… 

- Hei dito que basta.

Luke viu a Tasia que vinha a procurar a sua aluna e empurrou a adolescente

para ela.- Faça algo! - ladrou antes de afastar-se dando pernadas.

Era a primeira vez que lhe dirigia a palavra desde por volta de vários dias. Tão

zangada como seu pai, Emma olhou sua professora com seus azuis olhos

 brilhando de ira.

- É um monstro! - lançou olhando furiosa a seu pai que se afastava.

- Imagino que estavam falando de lady Harcourt - disse Tasia tranqüilamente.- Não quero que pareça que está em sua casa porque não é assim - masculló a

nenina - odeio que se faça cargo da casa. E odeio a maneira que se pega sem

cessar a papai com sua melosa voz. Põe-me realmente doente!

- Só é um fim de semana, deve te comportar como uma pessoa civilizada,

Emma, e tratá-la com cortesia e respeito.

- Não é sozinho um fim de semana - murmurou Emma - Quer casar-se com ele.Com toda sua ira desaparecida levantou seu olhar cheia de tristeza para a Tasia.

- E se o consegue miss Billings? Teria-a em cima meu toda a vida!

De repente Tasia se encontrou com uma menina desconsolada de doze anos

entre os braços. Abraçou-a com ternura lhe acariciando o cabelo.

- Sei o duro que é para ti - murmurou - Mas seu pai esta só desde que morreu

sua mãe sabe? A Bíblia diz “que cada homem tenha sua mulher”. Preferiria que

não se casasse alguma vez e que envelhecesse sozinho?

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- É obvio que não! - respondeu Emma em voz baixa - mas quero que se case

com alguém que eu goste.

Tasia começou a rir.

- Querida, não acredito que pudesse te gostar de uma pessoa que interessasse a

seu pai.

- Sim! - protestou Emma soltando-se de seus braços indignada – conheço uma

que é exatamente o que o necessita. É jovem, formosa, inteligente…Seria

perfeita para ele.

- E quem é?

- Você!Tasia ficou boquiaberta por um momento.

- Esqueça disso imediatamente Emma - conseguiu articular.

- Por que?

- Para começar os homens como seu pai não se casam com professoras.

- Papai não é um esnobe. Isso lhe daria completamente igual. Não lhe parece

 bonito, miss Billings?- Nunca me expus isso. E agora é a hora da lição Emma.

- Está completamente vermelha! - disse triunfalmente a aludida apesar do

severo olhar da Tasia - Gosta!

- A beleza física não significa nada.

- Papai é formoso também em seu interior - insistiu Emma - Não o dizia a

sério quando disse que era um monstro. Você poderia tentar ser mais amávelcom ele, miss Billings, lhe sorrir de vez em quando. Sei a ciência certa que papai

se apaixonaria por você se você se tomasse a moléstia de lhe seduzir.

- Mas eu não quero que ninguém se apaixone por mim! - respondeu Tasia

reprimindo uma gargalhada ante a ocorrência da menina.

- Então não gosta de meu pai?

- É um homem muito respeitável.

- Sim, mas gosta?

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viu-se interrompida pela Tasia quem a arrastou até a classe.

- Começaremos com uma pequena redação sobre a educação - sussurrou pelo

caminho.

- Por que tenho que ser educada com ela se ela não o é comigo?

Emma olhou a professora de reojo.

- Parece que você tampouco gosta muito dela, miss Billings - acrescentou.

- Pareceu-me bem graciosa - respondeu Tasia com indiferença.

Emma a olhou com atenção.

- Estou segura de que tem você tanto sangue azul como ela, inclusive pode que

mais. Mrs Knaggs está segura. Pode me dizer quem é em realidade, nunca traioum segredo. Deve ser alguém importante, uma princesa que se esconde de algo,

ou uma espiã, ou possivelmente… 

Rindo - se, Tasia a agarrou pelos ombros e a sacudiu levemente.

- Só sou sua professora, isso é tudo. E não desejo ser ninguém mais.

Emma a gratificou com um olhar sério.

- Isso é uma tolice! Você é muito mais que uma professora, isso se vá à légua.

Os convidados foram chegando ao longo de todo o dia. Os criados se passaram

todo o tempo subindo e baixando as escadas atentos à comodidade dos

convidados de seu senhor.

As damas desapareciam em seguida para reaparecer com elegantes vestidos,

adornados com encaixe e com delicados bordados. Providas de elegantesleques, em seguida se reuniam nos salões para conversar enquanto bebiam um

refresco.

Tasia as observava recordando os bailes aos que tinha assistido na Rússia com

sua família. Que vida tão protegida levava então! Seu mundo se limitava a São

Petersburgo. Quanto tempo esbanjado! Inclusive as horas que tinha passado

ajoelhada na Igreja agora lhe pareciam vazias. Tivesse sido melhor que as

tivesse empregado ajudando aos pobres em lugar de limitar-se a rezar por eles.

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Tasia riu.

- Nesse caso o ataremos.

Enquanto ajudava a Emma a vestir-se, Tasia começou a preocupar-se com as

reações que ia provocar sua presença. Depois de todo lady Harcourt lhes havia

dito que se mantivessem separadas dos convidados…embora lorde Stokehurst

não havia dito nada sobre o particular, certamente era da mesma opinião que

lady Harcourt.

Entretanto Emma se levou muito bem todo o dia, tinha estudado e não tinha

protestado quando se viu obrigada para jantar na sala de classes. Merecia uma

recompensa.Todos, homem e mulheres elegantemente vestidos, estava sentados em

pequenos grupos nos sofás e as poltronas enquanto que as luzes peneiradas

faziam brilhar brandamente a seda que recobria as paredes. As cortinas se

levantavam pelo efeito da brisa.

Assim que lorde Stokehurst viu sua filha se desculpou com uns amigos com

que estava falando e se dirigiu para ela.Estava magnífico com seu traje escuro e seu colete de seda bordado. Beijou

 brevemente a Emma.

- Não te vi em todo o dia – disse - Onde te tinha escondido?

- Lady Harcourt nos disse que não… 

Emma se interrompeu ao notar que Tasia lhe dava uma discreta cotovelada.

- Estivemos muito ocupadas trabalhando papai.- O que aprendeste hoje?

- Esta manhã tivemos lição de comportamento e pela tarde estudamos a história

da Alemanha. Levei-me tão bem que miss Billings me há dito que podia ver

Madame Miracle se era discreta.

- Madame Miracle - disse lorde Stokehurst com uma pequena carcajada -

revisto é uma charlatã. Pode te sentar diante comigo, Emma, a condição de que

me prometa que não acreditará em nada do que diga.

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- Obrigado papai!

Emma ia afastar se com seu pai quando se deteve e se voltou para a Tasia.

- Venha conosco, miss Billings.

- Prefiro ficar aqui - respondeu esta.

Olhou as largas costas do Stokehurst enquanto se afastava com sua filha,

sentindo-se mal repentinamente. Ele a tinha ignorado deliberadamente sem

olhá-la sequer, entretanto, sob sua frieza se podia notar algo terrivelmente

ameaçador.

Deixou de pensar nisso quando lady Harcourt levou ao centro da sala uma

mulher completamente vestida de negro.- Se me permitirem eu gostaria de isso lhes apresentar uma convidada muito

especial. Em Londres, Paris e Veneza, Madame Miracle é reconhecida por

possuir um excepcional dom de vidência. Diz-se que alguns membros da

família real a consultam regularmente. Por sorte aceitou unir-se a nós para que

possamos desfrutar de sua habilidade fora do comum.

Houve uma salva de entusiastas aplausos e Tasia se refugiou ao fundopegando-se à parede com seu rosto inexpressivo.

Madame Miracle era uma mulher morena de uns quarenta anos com os olhos

delineados com khol e as bochechas coloridas. Levava um anel em cada dedo e

nas bonecas uns pesadas braceletes.

Assinalou teatralmente o velador coberto com um pano negro e cheio de

candelabros. Sobre a mesa havia outros objetos: uma taça cheia de pedras decores, um jogo de cartas e umas quantas estatuetas.

- Queridos amigos - adotou um tom dramático - chegou a hora de apartar as

dúvidas e as barreiras terrestres para acolher aos espíritos que esta noite serão

um reflexo de nossas almas. Preparem-se a descobrir com eles os segredos do

passado e do futuro.

Enquanto a mulher continuava falando, Tasia ouviu que alguém pronunciava

seu nome.

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- Ah! - disse por fim com um grave assentimento como se os calhaus lhe

tivessem revelado seus segredos - tudo se esclarece. Tem um espírito rebelde e

violentas emoções…mas tudo voltar{ para seu equilíbrio. Dentro de pouco sua

capacidade de amar vai atrair a sua redor a muita gente que tentasse

 beneficiar-se de sua força.

Interrompeu-se, agarrou as mãos da Emma e fechou os olhos para concentrar-se

melhor.

- E meu futuro? - insistiu Emma.

- Vejo um marido. Um estrangeiro. Trará consigo conflitos, mas à força de

paciência e de compreensão conseguirá viver em harmonia.Abriu os olhos.

- Terão muitos filhos. Um formoso futuro em perspectiva.

- Que classe de estrangeiro? Um francês? Um alemão?

- Os espíritos não o hão dito.

Emma enrugou o nariz contrariado.

- Pode perguntar-lhe.Madame Miracle se encolheu de ombros e lhe soltou as mãos.

- Isso é tudo - declarou com um tom que não admitia réplica.

- Maldição! - grunhiu Emma - Agora estarei me fazendo perguntas cada vez

que conheça um estrangeiro.

Stokehurst sorrindo, fez um sinal a sua filha para que voltasse para seu sítio a

seu lado.- Agora toca a outra pessoa carinho.

- Miss Billings! - sugeriu Emma - Quero saber o que dizem os espíritos sobre

miss Billings.

Tasia empalideceu enquanto todas as cabeças se giravam a olhá-la.

Converteu-se no ponto de olhe de duzentos pares de olhos e um suor frio a

invadiu. Por um instante se acreditou de novo na Rússia no momento do

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processo, quando a gente a olhava com uma curiosidade insalubre e hostil.

Invadiu-a o pânico e sacudiu a cabeça, incapaz de pronunciar uma só palavra.

Estava-se inundando cada vez mais no pesadelo quando ouviu a voz de lorde

Stokehurst.

- Por que não? - perguntou suavemente - Venha aqui miss Billings.

Capitulo 4

Tasia tivesse desejado que a tragasse a terra. Enquanto, a gente começou a

murmurar.

- Só é uma professora… 

- Por que lhe dedicar tanta atenção?Stokehurst olhava a Tasia fixamente.

- Não deseja saber o que lhe reserva o futuro?

- Meu futuro não interessa a ninguém milord - respondeu ela com calma apesar

da angústia que sentia.

Stokehurst parecia querer castigá-la mas ela não sabia que podia ter feito para

lhe desgostar.Emma olhava alternativamente a Tasia e a seu pai e seu sorriso se desvaneceu.

- É realmente divertido, miss Billings - insistiu com voz um tanto hesitante

apesar de tudo - por que não prova?

Alicia Ashbourne se levantou bruscamente e declarou com tom cortante:

- Eu gostaria que me lessem o futuro. Não percamos o tempo com alguém que

não o deseja.

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Madame Miracle sacudiu a cabeça sem responder.

Tasia voltou a lançar as pedras e uma caiu sobre o parquet.

- Ah! - sussurrou a adivinhar o acontecido de novo. Dois irmãos, a morte, o

sonho.

Inclinou-se para recolher a última pedra e a observou atentamente. Era de cor

vermelha sangue com pequenas manchas negras. Ao fim a depositou na mesa e

agarrou as mãos da Tasia.

- Percorreu um comprido caminho desde seu lar, viu-se arranco de sua casa e

de sua história.

Interrompeu-se franzindo as sobrancelhas concentrada.- Não faz muito tempo as asas da morte a roçaram.

Tasia estava em silêncio, petrificada.

- Vejo um longínquo país…Uma cidade edificada sobre ossos, rodeada de

 bosques muito antigos. Ve jo muito ouro e }mbar…pal{cios, enormes terras e

muitos criados…Todo isso é dele. Vejo-a com um vestido de seda e pedras

preciosas no pescoço.Lady Harcourt interveio bruscamente como se todo isso lhe parecesse divertido.

- Miss Billings é uma simples professora, nos explique por favor se puder como

vai ter um futuro tão luxuoso. Casasse-se com um homem rico?

- Não estou falando do futuro - respondeu a vidente - mas sim do passado.

No salão reinava o silêncio, Tasia, muito afetada, tentou liberar suas mãos.

- Quero parar - murmurou com voz rouca.A vidente apertou mais seus dedos nos dela e Tasia notou como o suor

umedecia suas mãos que se crisparam de repente como se houvessem sentido

uma descarga elétrica.

- Estou vendo-a em uma habitação decorada com ouro, valiosos quadros e

livros. Esta procurando a alguém. Uma sombra cai sobre seu rosto. Há um

homem jovem de olhos amarelos. Há este sangue caindo ao chão. Você grita seu

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nome…algo como…Michael. Michael!  - repetiu a mulher saltando para trás e

soltando as mãos da Tasia.

A jovem ficou sentada, geada e aterrorizada.

Madame Miracle retrocedeu vacilante, mostrando a palma de sua mão que

estava tão vermelha como se a tivesse metido em água fervendo.

- Queimou-me! - gritou - É uma bruxa!

Tasia conseguiu levantar-se embora não estava muito segura de suas pernas

fossem sustentá-la.

- Já tive suficiente de suas ridículas mentiras - disse com voz tremente.

Tinha um nó no estômago, mas conseguiu abandonar a habitação como se foraum autômato, com a cabeça alta. Tênia que esconder-se em alguma parte.

- OH Deus que tenho feito?

As vozes de seu passado lhe enchiam a cabeça.

- Deveriam te queimar… 

- Pobre pequena… 

- Não queria fazê - lo… - …te reduzir a cinzas… 

- Que Deus me ajude… 

- Bruxa!

- Não! - gemeu pondo-se a correr.

Fugiu, tropeçando, dos demônios que a perseguiam.

Quando tinha saído, todos começaram a falar. As mulheres abriram seus leques

para dissimular suas venenosas opiniões e alguns convidados se formaram

redemoinhos em torno de Madame Miracle crivando-a de perguntas.

Impassível, Luke, saiu em busca da professora.

Ao chegar ao vestíbulo notou que alguém lhe agarrava pela manga. Deteve-se

para encontrar-se frente a uma Alicia Ashbourne furiosa que lhe olhava

franzindo os lábios e as bochechas avermelhadas.

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- Agora não - disse secamente.

- Perdeu a cabeça? - perguntou Alicia fora de si.

Arrastou-lhe sob as escadas, onde ninguém pudesse lhes ouvir.

- Mereceria que Charles lhe matasse. Como se atreveu a fazer isto a minha

prima? Pô-la diante de todos em um cenário quando sabe perfeitamente que

tem que esconder-se… 

- Justamente, não sei nada dela. Salvo que estou farto de vê-la vagar pela casa

como um fantasma com seu aspecto de mártir e seus olhares trágicos cheia de

sombrios secretos. Só Deus sabe as conseqüências que isso pode ter em minha

filha. Estou mais que farto - repetiu.Alicia se estirou em toda sua altura.

- De repente decidiu envergonhá-la em público. Nunca tivesse pensado que era

tão cruel. De acordo, vou procurar a Tasia para me levar isso imediatamente.

Não me atreveria a impor a um cão ferido sua hospitalidade, de modo que com

maior razão a minha prima.

Luke a olhava com intensidade.- Tasia? Esse é seu nome?

Horrorizada, Alicia se tampou a boca com a mão.

- Esqueça-o. Esqueça-o imediatamente. Simplesmente deixe que me leve isso a

Londres, prometo-lhe que não a voltará a ver nunca.

O apertou os dentes.

- E la não irá a nenhuma parte.Alicia lhe olhava como um intrépido caniche frente a um pastor alemão.

- Já se colocou bastante em seus assuntos, obrigado. Supunha-se que lhe ia

servir de refúgio provisório e entretanto a pôs em perigo. Pôr a desse modo

ante toda essa isso gente poderia significar sua condenação de morte e tudo por

culpa de seu orgulho ferido. Assegurei a Tasia que você era digno de confiança

mas me equivoquei. Me diga Como se sente um quando arruína a vida de uma

pessoa por um simples capricho?

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Isto é uma coisa de adultos e não de meninos. Por que não sobe a sua habitação

e te ocupa de seus livros e de suas bonecas?

Emma lhe lançou um olhar ardiloso.

- De acordo. Mas eu não gostaria de estar no lugar de seu Madame Miracle

quando meu pai volte. Está muito zangado. Quem sabe do que será capaz?

Com um perverso sorriso, a adolescente ficou as mãos na garganta emitindo

uma espécie de ofego.

A vidente se estremeceu e começou a recolher todas suas coisas.

- Deixa de inventar coisas sobre seu pai Emma - grunhiu Iris –  vá-te a sua

habitação. Não vou tolerar suas tolices. A anfitriã sou eu e eu desejo queMadame Miracle fique.

A expressão de menina travessa desapareceu da cara da Emma dando passado

uma de teimosia.

- Fez que miss Billings seja desgraçada. Exijo que se vá. E esta é minha casa, não

a sua.

- Pequena insolente!Íris percorreu com o olhar o salão.

- Onde esta seu pai?

Emma se encolheu de ombros inocentemente.

- Não tenho nem a menor idéia.

Luke encontrou entreabierta a porta da pequena habitação do segundo piso. Aatmosfera era pesada e o silêncio opressivo. Viu uma cadeira caída e um

pequeno ícone no chão.

A professora…Tasia…estava ante a janela.

Ela soube imediatamente que o estava na porta.

- Milord - disse sem voltar-se com uma voz carente de emoção.

Ele compreendeu repentinamente que ela não estava zangada, nem molesta,

nem sequer assustada. Estava simplesmente rota. Ele lhe tinha causado muito

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mais dano do que tinha sido sua intenção, e de repente se sentiu cheio de

vergonha e de remorsos. Aborrecido consigo mesmo se esclareceu garganta

disposto a desculpar-se.

- vim a ver como… - interrompeu - se. Se se mostrava solicito era possível que

ela tomasse como uma brincadeira já que o era a causa de sua dor.

Ela seguia lhe dando as costas e lhe falou com uma voz que se esforçava em

parecer normal.

- Estou bem milord, mas preciso ficar reveste uns minutos. Essa mulher era

muito estranha verdade? Me perdoe por meu acesso de mau humor, se queria

partir…e deixar que me recupere. Só preciso estar sozinha - repitiu.Sua voz se apagou como uma caixa de música que se fecha e seus ombros

caíram.

- Por favor, vá-se.

Luke esteve a seu lado com grande rapidez e tomo em seus braços seu pequeno

e rígido corpo.

- Sinto muito - sussurrou em seu corto - Sinto muitíssimo.Tasia se debateu tentando lhe empurrar, mas ao mesmo tempo era incapaz de

ignorar o aroma de conhaque e charuto que desprendia a jaqueta do Luke. Um

aroma viril e tranqüilizador. Renunciou a lutar. Ninguém a havia sustenido

nunca assim além de seu pai quando era uma menina a que lhe dava medo a

escuridão. Lhe fez um nó na garganta.

- Ninguém lhe fará danifico - disse Luke com gentileza lhe acariciando o corto -me assegurarei disso, tem minha palavra.

Nunca lhe haviam dito que cuidariam dela e esse oferecimento por parte do

teve um estranho efeito na Tasia. Os olhos lhe encheram de lágrimas e moveu

com fúria as pálpebras para as conter. Lorde Stokehurst só o dizia para ser

amável, não tinha nem idéia do que estava oferecendo nem de até que ponto ela

necessitava ajuda. Nem do desesperadamente só que estava.

- Não pode prometer me disse isso tremente - não o entende.

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- Então me explique isso.

Colocou as mãos no coque dela e afasto seu rosto dele para vê-la melhor.

- me diga de que tem medo.

Como podia ela dizer-lhe. Como lhe confessar que tinha medo de que a

detivessem e a castigassem por seus crimes e sobretudo que se temia a se

mesma? Se soubesse o que ela tinha feito a odiaria. Se soubesse…se soubesse…a

desprezaria.

As lágrimas se transbordaram súbitamente e ela se deixou arrastar com

dolorosa violência. Quanto mas tentava acalmar-se maior era sua pena.

Stokehurst, com um pequeno grunhido de contrariedade abraçou-a mas fortemantendo a cabeça dela apoiada em seu peito.

Ela soluçava de um modo que rompia o coração, pendurando-se de seu pescoço

enquanto o murmurava palavras tranqüilizadoras em seu ouvido, seu fôlego

calido e confortador acariciava a garganta dela.

Embalou-a desse modo uns minutos até que o peitilho de sua camisa esteve

empapada.- Shh - murmurou ele ao fim - vais adoecer. Shh.

Acariciava as costas e os ombros de enquanto lhe falava.

- Respire fundo. Outra vez… 

- Eles…me chamaram bruxa - articulo ela destroçada - antes.

Ele não queria interrogá-la, concederia-lhe o tempo que necessitasse.

As palavras brotaram por fim como uma corrente.- Às vezes via coisas…sobre gente que conhecia. Eu…sabia quando ia produzir

se um acidente…ou se alguém estava mentindo. Tinha sonhos, visões. Não

muito freqüentemente mas…nunca me equivocava. Falava-se disso inclusive

em Moscou. Diziam que eu estava maldita. A única explicação para eles era a

 bruxaria. Temiam-me. E o medo se transformou em ódio. Eu era um perigo.

Estremeceu-se e se mordeu o lábio temendo ter falado muito.

O continuava abraçando-a.

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- Em 1852.

Ele ficou um momento em silêncio.

- Dezoito anos - disse ao fim como se estivesse blasfemando - dezoito… 

Tasia sentiu a necessidade de defender-se.

- Os anos não contam se se pensa… 

- Me economize o discurso. A idade é de suma importância para o que eu tinha

em mente.

Sacudiu a cabeça como se os acontecimentos do dia fossem muito para ele.

Incômoda por seu silêncio, Tasia se removeu ligeiramente. Ele parecia ter

esquecido que ainda a estava abraçando.- Suponho milord - disse inquieta - que agora me despedirá.

- É necessário que o mencione cada vez que falamos? - grunhiu ele.

- Pensei que depois do que tinha passado esta noite, você… 

- Não, não a vou despedir. Mas, maldição, se me voltar a fazer outra essa vez

pergunta a levarei eu mesmo até a grade da entrada agarrada pelo pescoço.

Particularizou esta declaração com um beijo na frente da jovem e logo seendireitou.

- Sente-se melhor agora?

Tasia estava completamente desorientada por sua atitude.

- Eu…Não sei. 

Separou-se dele apesar das vontades que tinha de ficar ali para sempre,

protegida do mundo.- Obrigado pelo lenço.

Ele olhou o tecido empapado que lhe tendia.

- Conserve-o. E não me das obrigado. Foi culpa mim que o necessitasse.

- Não - respondeu Tasia brandamente - Não foi sua culpa. Levava-o em meu

interior desde para tanto… 

Abraçou-se a si mesma e se voltou para a janela onde se refletiam suas imagens

deformadas.

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- Sabe - continuou - que os antigos russos tinham o costume de construir suas

fortalezas no alto das colinas? Quando os invasores tártaros atacavam,

lançavam-lhes água por todos lados. A água se transformava rapidamente em

gelo e os assaltantes já não podiam seguir subindo. O sítio durava tanto quanto

o gelo e as provisões agüentavam.

Seguiu com o dedo o contorno da madeira.

- Faz muito tempo que estou sozinha em minha fortaleza. Ninguém pode

unir-se a mim e eu não posso sair. E |s vezes…faltam as provisões. 

Voltou para o seus imensos olhos, luminosos como duas opalas.

- Estou segura de que o entende milord.Luke a olhava com intensidade e ela não se moveu mas ele podia ver uma veia

que pulsava justo debaixo do pescoço de seda negra. Acariciou-a com a ponta

de um dedo.

- Prossiga.

A magia do momento se viu bruscamente quebrada por uma voz cheia de falsa

alegria.- Ah estavam aqui!

Lady Harcourt estava na porta com um sorriso forçado nos lábios. dirigia-se a

Tasia mas só olhava a lorde Stokehurst.

- Estávamos muito preocupados com você querida.

- Estou bem - murmurou Tasia enquanto Luke deixava cair sua mão.

- Sim, já o vejo. A festa não foi como eu esperava. Madame Miracle se foi eagora os convidados devem conformar-se ouvindo música. Felizmente temos

alguns pianistas de muito talento.

Lady Harcourt falava agora só para lorde Stokehurst.

- Sua preocupação pelos criados é elogiável querido, mas já é hora de que lhe

reúnas com nossos amigos.

Deslizou seu braço pelo dele e enquanto o levava fora da habitação se voltou

ligeiramente.

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- Sua pequena…particularidade, ou como é que o chame, parece ter turbado

muito a Emma, miss Billings. Se se tivesse mantido afastada da festa como lhe

disse, tudo isto não… 

Luke murmurou umas palavras e ela se encolheu de ombros.

- Como quer querido.

Tasia, com o lenço feito uma bola em seu punho se manteve impassível

enquanto o casal saía. Os dois eram formosos, altos e magníficos. Stokehurst

seria o marido ideal para Íris Harcourt e estava claro que ela morria de

vontades de casar-se com ele. Uma imensa tristeza se abateu sobre ela e se

mordeu um lábio para impedir que lhe tremesse.Muito devagar foi levantar a cadeira que tinha atirado em sua pressa por estar a

sós. Pôs o ícone em seu lugar e se passou uma mão pelas doloridas pálpebras.

- OH, miss Billings!

Emma entrou com o cabelo revolto e os olhos brilhantes.

- Essa horrível velha louca se foi miss Billings - anunciou - Era verdade o que

disse? Você vivia em um palácio? Meu Deus, esteve chorando!Abraçou sua professora.

- Papai não a encontrou?

- Sim, encontrou-me – respondeu Tasia com uma pequena gargalhada cheia de

incerteza.

Enquanto baixavam a escada, Íris olhou ao Luke com uma contrariedade pouco

dissimulada.- Bem, sua tímida pequena professora as arrumou muito bem para nos danificar

a festa com seus teatrais remilgos.

- Eu lhe jogaria mas bem a culpa a sua adivinha.

- Madame Miracle se limita a repetir o que lhe dizem os espíritos – contestou

Íris.

- Dá-me igual se vá aos espíritos dançando com uma cartola em cima da mesa,

deveriam acabar com essa Madame Miracle - declarou Luke apertando os

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dentes - e a mim com ela. Entre os dois pusemos a professora no pelourinho,

portanto… 

- Miss Billings se pôs em evidência sozinha - retificou Íris - E o que aconteceu

esta noite demonstra que é completamente imatura Luke. Deveria contratar a

alguém de uma idade mais adequada para a Emma. As duas juntas fazem um

 bom casal de intrigantes. Não lhe queria dizer isso, mas as ouvi as duas

conspirar para que te casasse com miss Billings.

- O que?

- Digo-te que estão urdindo um complô. Emma quer que te case com sua

professora. É encantado mas ao mesmo tempo deveria te perguntar se foisensato contratar a uma ingênua menina recém saída do convento para… 

- Não te invente histórias! - cortou secamente Luke - Sei que minha filha está

entusiasmada com sua professora mas te asseguro que miss Billings não tem

nenhuma ambição por casar-se comigo.

- Como homem te deixa enganar por sua atitude. Mas é ardilosa e está tentado

tirar vantagem da situação.Luke lhe lançou um olhar irônico.

- Antes era ingênua e agora ardilosa? Em que ficamos? Te decida de uma vez.

Íris se refugiou em sua dignidade.

- É evidente que é você é que tem que decidir.

- Não tem nenhuma razão para estar ciumenta.

- De verdade? E que acontece com a cena que acabo de presenciar? Pretendeinsinuar que essa garota te é indiferente? Teria lhe tocado assim se tivesse sido

uma velha? OH sim, está tecendo seus fios! Uma jovem bonita só e perdida que

lhe olhe com seus grandes olhos cinzas te pedindo que faça o papel do Príncipe

Encantado e que a salve de sua aborrecida existência…Como poderia um

homem resistir a isso?

- Não pediu nada - declarou Luke detendo-se para ficar frente a Íris - E seus

olhos são azuis, não cinzas.

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- Já vejo - ironizou Íris com os punhos nos quadris – é a cor da bruma sobre o

lago…ou das violetas sob a geada da manhã. Estou segura de que tem v{rias

comparações tão românticas como essas. Por que não se retira a sua habitação e

lhe escreve um poema? E não me olhe com essa condescendência como se

estivesse perdendo a cabeça. Nego-me a brigar por seus cuidados com uma

menina magricela. Eu não gosto da competição e além disso mereço algo

melhor que isso.

- Isso é um ultimato?

- Nunca! - grunhiu Íris - Não vou facilitar-te as coisas. Você gostaria que fosse

eu quem fizesse a opção e desse modo todo seria perfeito. Antes prefiro mearrancar a língua. Entretanto não cometa o engano de vir a me buscar a minha

cama esta noite nem nenhuma outra enquanto não me convença de que é em

mim em quem pensa quando fazemos o amor e não nela.

Ele passeou um insolente olhar pelas exuberantes curva de sua amante.

- Não corro o risco de lhes confundir. Em qualquer caso não te imporei minha

presença esta noite.- Melhor! - ladrou Íris antes de afastar-se sem mais demora com a saia

movendo-se a seu passo.

O resto da festa foi um verdadeiro fiasco. Ao Luke dava igual se os convidados

se divertiam ou não e todos estavam reunidos na sala de música conversando.

Charles Ashbourne se aproximou do Luke que estava no fundo da estadia.

- Por todos os diabos Stokehurst - murmurou - O que está passando?Luke se encolheu de ombros apertando os dentes.

- Desculpei-me por minha conduta com Tasia. Pode tranqüilizar a Alicia, tudo

está arrumado.

- Não posso tranqüilizá-la se eu mesmo não estou convencido disso – suspirou -

Alicia e eu gostaríamos que Tasia voltasse conosco. Encontraremo-lhe outro

lugar.

- Isso não será necessário.

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- Sim! Maldição, tinha-te pedido que a protegesse e a escondesse e você vai e a

exibe diante de seus convidados como se estivéssemos no Carnaval. Alicia

renunciou a levar-se a daqui esta mesma noite só para não atrair mais a atenção

sobre ela.

Ao Luke subiu o sangue ao rosto.

- Isso não voltará a acontecer. Quero que fique.

- E isso é também o que ela deseja?

Luke duvidou um momento.

- Isso acredito.

- Conheço-te muito bem Stokehurst - continuou Charles preocupado - Estáocultando-me algo.

- Dei-te minha palavra, protegerei a Tasia. Diga a Alicia que lamento o que

passou. Convence-a de que é melhor que Tasia fique aqui. Juro-te que a partir

de agora me ocuparei melhor dela.

Charles assentiu com a cabeça.

- Perfeito. Nunca faltaste a sua palavra e espero que não comece a fazê-lo agora.Ashbourne se afastou e Luke ficou sozinho invadido por um sentimento de

culpa. Todos lhe olhavam de soslaio, intrigados, salvo Íris, quem, sentada a

poucos passos do, esforçava-se por lhe ignorar.

Se o desejava compartilhar sua cama essa noite teria que fazer alarde de

diplomacia, desculpar-se e prometer uma visita ao joalheiro. Mas não gostava

de fazer o esforço, pela primeira vez desde o começo de sua relação, a idéia depassar uma noite com Íris lhe deixava frio.

Estava obcecado pela Tasia e sua história, estava seguro de que ela tinha vivido

coisas horríveis, tinha muita experiência para ser tão jovem e só tinha podido

confiar em se mesma. Aos dezoito anos se negava a pedir ajuda e desconfiava

dos que a ofereciam. Por outra parte ele era muito velho para ela com seus

trinta e quatro anos e uma filha adolescente. Tinha pensado ela embora só fora

por um momento na diferença de idade que havia entre eles? Duvidava-o. No

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momento ela não parecia estar interessada nele no mais mínimo. Não lhe

dirigia olhadas provocadoras, não procurava seu contato e não se esforçava por

prolongar suas escassas conversações.

Nunca a tinha visto sorrir e isso que ele se encarregou de provocá-la. Para ser

um homem do que as mulheres diziam que era sedutor, não se tinha

comportado com ela de um modo especialmente agradável. Tinha sido um

verdadeiro animal, mas era muito tarde para dar marcha atrás e arrumar os

danos. A confiança é um sentimento frágil que se consegue pouco a pouco. Esta

noite o tinha destruído qualquer oportunidade de ganhar algum dia a confiança

da Tasia.Entretanto isso não deveria lhe importar tanto. O mundo estava cheio de

mulheres formosas, inteligentes e voluptuosas, e sem pecar em ser vaidoso,

Luke sabia que algumas delas estavam desejosas de cair em seus braços. Desde

a morte da Mary nenhuma tinha sabido despertar seu interesse como Tasia.

Sombrio. Luke bebeu mais da conta comportando-se de forma áspera, quase

mal educada. Para caso omisso a suas obrigações como anfitrião e lhe davaigual o que outros pudessem pensar de sua atitude. A maior parte dos rostos

que se cruzava eram os da mesma gente que via nas festas que davam com a

Mary. O mesmo cenário ano detrás ano se repetia como uma roda girando sem

cessar. Sentiu-se aliviado quando o grupo ao fim se separou para ir cada qual a

procurar o casal com a qual ia passar a noite.

Biddle estava lhe esperando no dormitório se por acaso lhe necessitava. Lukelhe ordenou que apagasse os abajures e desaparecesse. Logo se desabou em

uma poltrona completamente vestida, levou-se uma garrafa de vinho aos lábios

e bebeu diretamente dela.

- Mary… - murmurou como se ao pronunciar seu nome ela fora a aparecer ante

dele. Mas nada aconteceu na escura habitação. Tinha obstinado durante muito

tempo a sua dor até que despareceu deixando detrás de si um nada. Ele tinha

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acreditado que a pena duraria sempre e Deus sabia que tivesse preferido isso ao

vazio.

 Já não sabia desfrutar da vida e entretanto tinha sido tão fácil quando era

menino…Mary e ele riam sem cessar, desfrutando de sua juventude e suas

esperanças, confiando cegamente em seu futuro juntos. Voltaria ele para

encontrar alguma vez uma cumplicidade assim com outra mulher?

- Provavelmente não, maldição - grunhiu levando-se de novo a garrafa à boca.

Não podia suportar a perspectiva de uma nova desilusão, da tristeza e dos

sonhos quebrados. Nem sequer tinha desejos de tentá-lo.

Para a meia-noite, Luke deixou ao fim a garrafa vazia e saiu da habitação. Havialua cheia, parecia um disco dourado no céu escuro, ele atravessou a casa vazia

atraído pela ligeira brisa que soprava no exterior. Dirigiu-se para uma vereda

que rodeava o jardim até chegar a um passeio de cascalho. O perfume

penetrante dos jacintos se mesclava com o dos lírios e os heliotrópios.

Sentou-se em um banco de mármore situado em meio de uma espessa grama e

estendeu as pernas.De repente uma frágil silhueta que se movia atraiu sua atenção. Acreditou que

era uma alucinação mas a sombra se moveu de novo como se flutuasse.

- Quem está aí? - perguntou em voz alta, com o coração golpeando em seu

peito.

Ouviu que alguém continha a respiração, logo o som de passos, e ela apareceu

ante ele.- Miss Billings! - exclamou surpreso.

Estava vestida com o traje de camponesa que se pôs a noite que ele a beijou,

uma simples saia e uma ampla blusa. Seu cabelo caía livremente até suas

nádegas e se pôs um xale de cores na cabeça.

- Milord - sussurrou ela.

- Parece um fantasma vagando deste modo pelo jardim.

- você crê em fantasmas milord?

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Ele abriu os olhos e, antes de que ela pudesse dá-la volta, pôde ver a angústia

em seus olhos. Tasia desejava escapar, fugir das perguntas, das explicações que

não podia dar.

Os braços do Luke se voltaram de aço ao aprisioná-la contra ele.

- Isto não nos leva a nenhuma parte - murmurou ela.

Ele acariciava as largas mechas escuras e soltou algo que pareceu uma risada,

mas quando falou sua voz não tinha indício algum de diversão.

- Se tivéssemos tido opção não teríamos chegado tão longe, de modo que agora

O que poderia nos deter?

- Minha partida. Você quer que o conte tudo e eu não posso fazê-lo. Não queroque saiba quem sou nem o que tenho feito.

- Por que? Crê que me vou surpreender? Não sou um sonhador nem um

hipócrita. De verdade crê que seus pecados podem ser piores que meus?

- Sei que o sun - respondeu Tasia com amargura.

Fosse o que fosse que o tive feito, estava segura de que o crime não estava entre

seus pecados.- É uma pequena louca arrogante - grunhiu ele.

- Uma…? 

- Só importam seus sentimentos, ninguém sente tristeza exceto você. Pois bem,

estas equivocada. Já não se trata de ti somente. Eu também conto. E que me

condenem se sotaque que te escape entre meus dedos só porque decidiste que

eu não tenho capacidade em seu futuro.- Você   é a pessoa mais arrogante que tenha conhecido nunca. Fala como se

soubesse um pouco de coisas que nem sequer conhece.

O ardor de suas origens eslavas se fez notar, tremia pelas vontades que tinha de

gritar, entretanto prosseguiu com uma calma mortal:

- Da-me igual seus sentimentos, não quero nada de você. Me deixe, irei amanhã.

Não posso ficar depois do que acaba de acontecer. Já não estou segura em sua

casa.

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Deu-lhe a impressão de que lhe ia romper os ossos.

- De modo que vais seguir te escondendo, fugindo e te negando a que lhe

queiram. Miúda vida! A vida de um morto vivente.

Tasia se estremeceu.

- É a única vida que posso ter.

- De verdade? A menos que seja muito covarde para tentar ter outra.

Ela se debateu como uma gata enfurecida.

- Odeio-lhe!

Ao Luke não custou nada dominá-la.

- Eu em troca te desejo. O suficiente para lutar por te conseguir. Se fugir de meute encontrarei.

Esboçou um sorriso depredador.

- Por Deus que maravilhoso é desejar de novo a alguém! Não trocaria esta

sensação por todo o ouro do mundo.

- Não lhe direi nada - soltou ela apaixonada - desaparecerei e em um mês já se

esqueceu por mim e tudo voltará a ser como antes.- Não abandonará a Emma, sabe o desgraçada que se sentiria. Necessita-te.

Era uma baixeza falar de sua filha e os dois eram conscientes disso.

- Nós precisamos de ti - añadió carrancudo.

- Sei que Emma me necessita mas você…quão único quer é f…fornicar!  -

exclamou Tasia ultrajada.

Ele se deu a volta e lhe escapou um som afogado. Por um triunfal momentoTasia acreditou que lhe tinha envergonhado, mas logo se deu conta de que se

estava rindo.

Furiosa se debateu com mais força mas ele a apertou mas contra seu corpo. Ela

notou o desejo dele e, assustada, ficou imóvel.

Ele acariciou sua ardente bochecha.

- Não me atreveria a negá-lo. A…fornicação, como você diz, é um fator

importante, mas não é quão único desejo de ti.

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- Como se atreve a falar desse modo quando há uma mulher lhe esperando em

seu dormitório? Já se esqueceu que lady Harcourt?

- Tenho algumas coiss que acertar - admitiu ele.

- Em efeito.

- Íris e eu não temos nenhum direito um sobre o outro. É uma dama a que

respeito e valorizo, mas entre nós não há amor e ela seria primeira em

reconhecê-lo.

- Ela deseja casar-se com você - disse Tasia com tom acusador.

Ele encolheu de ombros.

- Por Deus, a amizade pode ser um excelente motivo para o matrimônio, masnão é suficiente e Íris está a par de minha opinião a respeito. Nunca a ocultei.

- Pode que se imagine que trocou que idéia.

- Os Stokehurst nunca trocam de idéia, somos terrivelmente cabezotas e me

temo que eu sou o pior de todos.

De repente Tasia teve uma sensação de irrealidade. Realmente estava falando

assim com ele, sentada sobre seus joelhos na escuridão? Atreveu-se a lhe criticare ele tinha aceito de boa vontade. Era um sinal inequívoco e alarmante da

mudança que se produziu em sua relação.

Ele deve ter lido seu pensamento já que começou a rir e afrouxou seu abraço.

- Te vou soltar no momento - disse - Porque se seguirmos muito tempo assim

não respondo de mim mesmo.

Tasia se apartou mas continuou sentada no banco a seu lado.- Pensava realmente o que disse…sobre minha partida. Eu…tenho um mau

pressentimento.

Luke lhe lançou um olhar perspicaz.

- E onde iria?

- A um lugar onde ninguém me conhecesse, nem sequer os Ashbourne.

Encontrarei um trabalho e tudo irá bem.

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- Não poderá esconder-te - objetou ele - A gente sempre se fixasse em ti em

qualquer lugar que vá por muito que tente te confundir com a decoração. Não

poderia trocar nem seu aspecto nem sua atitude embora o tentasse cem anos.

- Não tenho outra opção.

Ele agarrou sua mão com gentileza.

- Sim. Tão terrível seria sair de sua torre de marfim?

Tasia sacudiu a cabeça e seu cabelo se moveu brandamente em torno de seu

rosto.

- Não seria prudente.

- E se eu estivesse aí para te ajudar?Ela desejava tanto lhe acreditar! Tasia estava horrorizada de ver até que ponto

estava perdendo o sentido comum. Uns poucos beijos sob a luz da lua e estava

quase disposta a confiar sua segurança e sua vida a um homem ao que logo que

conhecia.

- O que me pediria em troca? - pergunto com voz insegura.

- Acreditava que tinha o dom da adivinhação. Utiliza sua intuição.Beijou-a e Tasia, surpreendida, não pensou sequer em lhe rechaçar. Inclusive

lhe respondeu com uma sensualidade que nunca tinha suspeitado que tivesse.

Seus corpos se falavam. Sentiu as mãos do Luke deslizando-se entre seu cabelo

enquanto lhe sujeitava a nuca e era tão lhe impactem que tremia de emoção.

Ela se apertava contra ele com inocente paixão e ele levantou a cabeça.

- Por Deus - murmurou - Não me está pondo as coisa fáceis sabe?Ela procurava sua boca e cobria sua cara de beijos rápidos, logo monte os lábios

do Luke com a ponta da língua e ele capitulou com um gemido.

Seu beijo durou muito tempo, muito. Luke estava a ponto de estalar, entretanto,

milagrosamente, encontrou forças para apartar-se dela.

- Vá dormir - disse apartando-a - agora mesmo, enquanto ainda tenho forças

para deixar ir.

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Ela se colocou o decote da blusa lhe olhando com seus olhos de bruxa e logo se

levantou lentamente como um fantasma sob os raios da lua.

Luke a olhou e logo apartou o olhar. Ficou imóvel muito tempo depois de que

suas ligeiras pegadas deixaram de ouvir-se. Tentou entender o que lhe estava

ocorrendo. Se até então a ausência de sentimentos lhe preocupava, agora

acontecia justamente o contrário. Muitos sentimentos e muito rapidamente. E

isso sem contar com o risco de sofrer que tinha tratado de evitar tão

cuidadosamente. Lhe escapou uma rouca gargalhada.

- Bem-vindo ao mundo dos vivos - disse a si mesmo fazendo uma careta.

Não tinha opção. Tinha que aproveitar a oportunidade que lhe oferecia e chegaraté o final.

No sábado de noite puderam admirar em todo seu esplendor o talento de Íris

Harcourt. A sala de baile branca e dourada, transbordava de acertos florais que

se refletiam até o infinito nos imensos espelhos que penduravam das paredes.

Os músicos tocavam formosas valsas e quando Emma e Tasia olharam pela janela da galeria viram às pessoas que dançavam e paqueravam admirando-se

mutuamente, conscientes de formar parte de um espetáculo excepcional.

- É maravilhoso! - disse Emma maravilhada.

Tasia assentiu sem perder detalhe da cena. Os vestidos eram muito formosos e

não queria perder nada. O estilo era distinto do de São Petersburgo, a menos

que ela tivesse sido muito tempo indiferente na moda para dar-se conta de queesta tinha trocado.

Os decotes quadrados eram tão profundos que resultavam quase indecentes,

apenas cobertos por transparentes encaixes. Os aros eram reduzidos,

virtualmente inexistentes, e as saias se pegavam às pernas. Como podiam

dançar as mulheres vestidas assim? Entretanto conseguiam fazê-lo com graça

agarradas do braço de seus acompanhantes, sujeitando as largas caudas com

suas mãos enluvadas.

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Tasia sob o olhar para seu severo vestido negro grampeado até o pescoço sob o

que levava umas grosas meias e uns robustos botas de cano longo.

Não pôde evitar sentir uma pontada de ciúmes ao ver a elegância das outras.

Ela mesma havia posuído anteriormente vestidos muito mais bonitos que esses.

O de cetim branco logo que tingido de rosa, o de seda azul gelo que realçava

seus olhos, o delicioso conjunto de crepe da China de cor lavanda…Seu cabelo

estava então adornado com forquilhas de diamantes e sua cintura com

cinturões de rubis e pérolas. O que diria lorde Stokehurst se a visse arrumada

assim? Podia imaginar seu olhar brilhante de admiração.

- Já grosseira - murmurou para afastar esses vaidosos pensamentos - “O sentidocomum é um luxo maior que todas as jóias do mundo” 

Como isso não a consolou, recitou outros ditos de seu país.

- “Feliz o pobre que anda com a cabeça alta” “A graça é trapaceira e a beleza

vã”.

Emma a observava intrigada.

- Por que está falando sozinha miss Billings?Tasia suspirou.

- Estava recordando a mim mesma algumas coisas importantes. Espera, te

escapou um cacho. Não te mova.

Pôs em seu lugar a mecha rebelde.

- Já esta bem? - perguntou a adolescente.

- Estas perfeita.Tasia sorriu, satisfeita com o aspecto de sua aluna. Com a ajuda de uma das

donzelas se passou mais de uma hora dominando a abundante cabeleira da

Emma, apartando-se o da cara e trancando e atando os largos cachos

avermelhados. A menina levava um vestido comprido de cetim verde claro

com encaixe e cinturilla de um verde um pouco mais escuro. O jardineiro tinha

talhado as rosas mais formosas, deliciosamente perfumadas e as tinham aceso

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no ombro da Emma, no cabelo e na cintura. A menina, radiante, disse que se

sentia como uma princesa.

Nesse momento, com os olhos brilhantes de prazer, tentava divisar a seu pai

pela janela.

- Papai disse que viria por aqui depois de abrir o baile com lady Harcourt.

Prometeu-me que poderia dar uma festa para os meninos na galeria o ano que

vem enquanto os adultos dançam no salão de baile.

Interrompeu-a uma voz grave.

- Logo poderá estar no salão conosco.

Emma se deu a volta para ouvir seu pai e posou para ele com uma segurançaquase cômica.

- Me olhe papai!

Luke sorriu.

- Meu Deus, que formosa está Emma! Uma verdadeira mocinha. Isso é muito

duro para seu pobre ancião pai.

Abraçou-a brevemente.- Esta noite te parece muito com sua mãe - murmurou.

- De verdade? - perguntou Emma encantada - Que bom!

Tasia olhava a pai e filha e se esticou ante o calafrio que a percorreu ao recordar

o cabelo do Stokehurst brilhando sob a luz da lua e a suavidade de sua boca.

Ele estava magnífico com sua jaqueta negra e o colete branco. Sentindo-se

observado, ele se voltou para saudá-la e ela se ruborizou como uma meninaagarrada em falta.

- Boa noite miss Billings - disse com excessiva amabilidade.

Não precisava lhe olhar para adivinhar o brilho zombador que dançava em seus

olhos.

- Milord - sussurrou ela.

Emma não estava de humor para perder o tempo.

- Faz horas que estou esperando para dançar contigo papai.

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Ele riu.

- Sim? Bom pois vou há te fazer dançar tanto que vais pedir clemência.

- Isso nunca!

Emma pôs uma mão no ombro de seu pai e a outra em sua boneca, ele a

levantou primeiro com uma alegre pirueta que a fez rir e logo começaram a

dançar com elegância. Era evidente que a menina tinha tomado lições de baile e

ele as tinha aperfeiçoado praticando com ela.

Encantada, Tasia retrocedeu até a porta para desfrutar de melhor do espetáculo.

- Bonito casal verdade? - murmurou detrás dela a voz de Íris Harcourt.

Tasia se sobressaltou. A mulher estava a poucos metros dela com um vestido decetim amarelo pálido bordado com pérolas douradas e cujo decote deixava ver

o nascimento do peito. Uns pentes de prender cabelos com diamantes e

topázios brilhavam entre seu cabelo mogno recolhido em um leve coque. Em

sua garganta brilhava um formoso colar feito de pequenas flores cujas pétalas

eram pedras preciosas e o centro diamantes.

- Boa noite lady Harcourt - murmurou Tasia - O baile é um verdadeiro êxito.- Não vim a procurá-la para falar do baile. Estou segura de que sabe exatamente

o que quero lhe dizer.

- Absolutamente milady.

- Perfeito.

Íris brincou um instante com a borla que pendia de seu leque.

- Não me dá medo falar com franqueza. Sempre preferi confrontar os problemasde frente.

- Nunca quereria lhe criar o menor problema milady.

- E, entretanto, já o tem feito.

Íris se aproximou dela sem deixar de olhar aos Stokehurst que agora estavam

dançando na outra ponta da galeria.

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- Você é  o problema, miss Billings. A final de contas sua presença nesta casa só

pode trazer tristeza e complicações a todos: a mim, a Emma e, sobretudo, ao

Luke.

Tasia, consternada, olhou-a sem piscar.

- Não vejo como pode isso ser possível.

- Você perturba ao Luke. Separa-lhe do que poderia lhe fazer verdadeiramente

feliz: a companhia de alguém de seu mundo. Eu lhe compreendo, conheço-lhe

há anos, da época em que Mary ainda estava com vida. A relação entre eles era

especial, e o que eu posso lhe oferecer se aproxima muito a isso. Em realidade

sou uma mulher agradável, miss Billings, apesar do que você possa pensar.- O que quer você por mim?

- Pelo bem do Luke lhe peço que parta. Se lhe apreciar um pouco o fará. Deixe

Southgate Hall sem olhar atrás. Gostaria de ter este colar? - acrescentou Íris

levantando a jóia que brilhou sob a luz - Sem dúvida alguma vez teria

acreditado possível ter algo assim não é certo? Vendendo-o poderia viver

comodamente o resto de sua vida. Poderia comprar uma casita no campo econtratar a uma donzela.

- Não quero seu collar - respondeu Tasia terrivelmente mortificada.

Íris abandono seu tom meloso.

- Diria-se que é você uma mulher inteligente além de arrivista. Decidiu que

Emma seria o meio para ter êxito. Ganhando o carinho da menina espera você

atrair a atenção do pai. Possivelmente tenha razão, mas não se equivoque, suaaventura só durará umas poucas semanas. Sua juventude tem possibilidades de

lhe atrair de momento, mas não tem você o que se necessita para lhe conservar.

- O que lhe faz estar tão segura?

Tasia se surpreendeu a si mesma ao fazer essa pergunta, e se mordeu os lábios.

As palavras lhe tinham escapado antes de que pudesse as conter.

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- Ah, por fim a verdade! - murmurou Íris - Você lhe deseja e alimenta a louca

esperança de lhe conseguir pelas boas. Isso deveria me incomodar, mas só sinto

pena por você.

Suas palavras estavam carregadas de ironia, entretanto Tasia sentiu a profunda

tristeza que havia detrás delas. Esta mulher conhecia lorde Stokehurst

intimamente, estremeceu-se com seus beijos e suas carícias, tinha sonhado

convertendo-se em sua esposa, e agora se encontrava com que tinha que lutar

para ter alguma possibilidade de lhe conservar.

Tasia procurou algo que dizer para tranqüilizá-la, depois de todo lady Harcourt

queria que fizesse quão mesmo ela pensava fazer: ir - se. Não podia ficarembora queria fazê - lo.

- Não tem nada que temer lady Harcourt, me crie. Eu não… 

- Temer? - respondeu Íris com altivez - É obvio que não tenho nada que temer de

você, uma professora sem dote e sem família e com um aspecto insignificante.

- Só intento lhe dizer… 

- Não esbanje seus ares de mártir comigo pequena. Já lhe hei dito tudo o quetinha que lhe dizer. Pense-o bem, isso é tudo o que lhe peço.

Antes de que Tasia pudesse responder, Íris se afastou. Voltou-se para chegar à

porta, brilhando com seu vestido dourado.

- Que bom casal fazem! - disse ao Luke e a sua filha - Emma dança como um

anjo. De todas formas, quando acabar esta valsa, tem que voltar comigo para

salão de baile, Luke. Depois de tudo o anfitrião é você.

O baile se interrompeu para um jantar a meia-noite que durou duas horas,

seguido depois de mais música, até que empalideceu a noite e se aproximou a

aurora.

Esgotados e ligeiramente bebidos, os convidados se foram as suas habitações e a

madeira do chão rangeu com os passos cansados da gente que aliviada ia em

 busca da confortável cama. Dormiram boa parte do dia e tomaram o café da

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manhã ao meio-dia. Alguns deles se foram no domingo de noite e outros

preferiram ficar até na segunda-feira.

Íris Harcourt estava entre os primeiros. Irrompeu no dormitório do Luke para

dizer-lhe enquanto ele se vestia.

- Volto para Londres agora - declarou enquanto Biddle grampeava os botões

dos punhos de seu senhor.

Luke levantou as sobrancelhas. ficou uma jaqueta cor bordô e se tomou seu

tempo antes de responder, centrando-se primeiro em escolher uma gravata

entre as que lhe ensinava Biddle, para logo decidir não ficar nenhuma. Ao fim

se despediu da ajuda de câmara e se voltou para Íris.- Por que tanta pressa? - perguntou - parecia estar te divertindo muito.

- Nego-me a passar outra noite esperando em vão ouvir o som de seus passos.

por que não veio para mim depois do baile?

- Tinha-me proibido ir a seu dormitório, relembra-o.

- Disse-te que não viesse se continuava pensando na pequena miss Billings,

como é evidente que segue fazendo. Cada vez que me olha é a ela a quem querver. E faz semanas que isto acontece, tentei lutar, mas não sei como fazê-lo.

Íris conteve o fôlego ao ver que a indiferença se apagava do rosto do Luke.

esticou-se por um instante presa de uma louca esperança. Depois a causar pena

voz do Luke apagou o fugaz brilho de alegria.

- Íris quero te dizer… 

- Agora não - disse ela retrocedendo - agora não.E se afastou com passos rápidos, decidida e apertando os punhos.

Como um perfeito anfitrião, Luke passado a noite com seus convidados. Falou

com eles e sorriu com suas piadas, aplaudiu suas representações improvisadas,

a suas declamações de poesia e às canções acompanhadas do piano.

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Luke ouviu a voz de sua filha que estava lendo um livro em voz alta. Tasia

estava acurrucada em um sofá de brocado com o braço no respaldo. Assim que

lhe viu se endireitou um pouco e pôs as mãos nos joelhos. Os dois primeiros

 botões de seu vestido estavam desabotoados deixando ver sua pálida garganta,

logo que iluminada pela vela.

Emma lançou um breve sorriso a seu pai e logo continuou lendo.

Luke se sentou em uma poltrona em frente da Tasia. Formosa, alterada,

cabezota. Desejava-a, desejava cada polegada de seu corpo, cada pensamento

secreto. Queria levantar-se cada manhã com ela em seus braços. Queria

protegê-la, lhe proporcionar segurança até que desaparecessem as sombras deseus olhos.

Ela se voltou para o lhe interrogando com um ligeiro movimento das

sobrancelhas.

- Nunca me sorriste a com certa selvageria - Nenhuma só vez.

Pareceu-lhe que ela lia no como em um livro aberto. A curva de seus lábios se

levantou ligeiramente como se ele tivesse provocado esse débil sorriso só com aforça de seu desejo, contra a vontade dela.

Luke estava muito confuso. Pela primeira vez em sua vida dependia de alguém.

Não podia tentar romper suas defesas, ela não resistiria. A única maneira de

obter o que desejava era ter paciência. Necessitaria mais da que acreditava

possuir, mas o conseguiria, não importava o preço. Nada seria muito duro, nem

custoso, se ela acabava lhe amando.

Capitulo 5

Assim os últimos convidados partiram na segunda-feira.

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Pela tarde, Luke esteve livre para ir a casa de Íris em Londres. Tinha chegado o

momento de pôr ponto final a sua relação. Íris certamente essa consciente disso.

Luke desejava a uma mulher e só a uma, e tudo o que podia dar era para ela.

Sem dúvida Íris se sentiria decepcionada, mas logo se consolaria. Possuía uma

sólida fortuna e um montão de amigos leais, assim como mais de uma dúzia de

homens que desejavam cortejá-la para lhe fazer esquecer sua desgraçada

aventura. Se arrumaria sem ele, Luke estava convencido disso.

Íris lhe recebeu em seu dormitório e lhe deu a boa-vinda com um lânguido

 beijo, seu corpo apenas talher por uma bata de seda transparente. Antes do

Luke pudesse abrir a boca, lançou-se em um discurso preparado comantecipação sem lhe deixar a menor oportunidade para interrompê-la.

- Concedo-te umas semanas para que te divirta com isso – declarou alegremente

- Quando te tiver cansado pode voltar para mim e nunca voltaremos a

pronunciar seu nome. Não te tinha prometido te dar toda a liberdade que

quisesse? Não quero que se sinta culpado absolutamente. Aos homens gosta da

variedade e o entendo. Não há nada que perdoar. Sempre que voltar paramim… 

- Não! - cortou Luke um pouco bruscamente. - conteve-se respirando

profundamente.

Ela fez um gesto de impotência com a mão.

- O que acontece? - perguntou-lhe queixosa - tens uma expressão que não

reconheço. O que te passa?- Não quero que me espere. Não voltarei.

Íris soltou uma gargalhada que roçava a histeria.

- É necessário danificá-lo tudo por um capricho passageiro? Não confie nas

aparências querido. É uma bonita jovem com aspecto de menina abandonada

que parece te necessitar. Mas eu te necessito tanto como ela. E quando te tiver

cansado… 

- A amo.

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Um pesado silêncio caiu na habitação. Íris tragou saliva e se voltou para

esconder o rosto.

- Não diria algo assim à ligeira - murmurou ao fim - Miss Billings deve estar

muito contente de si mesma.

- Ainda não o hei dito. Não está preparada para ouvi-lo.

- Suponho - grunhiu Íris enfurecida - que a frágil criaturinha se deprimiria da

emoção assim que o dissesse. Deus meu que ironia! Que um homem de sangue

quente como você se apaixone por uma personita insignificante como ela!

- Não é tão insignificante como crê.

Luke recordou como um relâmpago a Tasia no banco, a suave avidez de sua boca baixo a dele , suas unhas em suas costas…e começou a dar voltas pela

habitação como um leão enjaulado.

- por que ela? - perguntou Íris lhe seguindo - por que a Emma gosta? por que é

 jovem?

- A razão não é importante - cortou o secamente.

- Sim que o é!Íris se plantou no meio do dormitório e começou a soluçar.

- Se não te tivesse enfeitiçado estaríamos ainda juntos. Preciso entender porque

ela e não eu. Quero saber o que fiz mau.

Com um suspiro, Luke a atraiu para ele. Sentia-se de uma vez culpado e cheio

de ternura para esta mulher que conhecia desde para tanto tempo, primeiro

como amiga e depois como amante. Merecia muito mais do que o era capaz delhe dar.

- Não tem feito nada mal - disse.

Íris apoiou o queixo no ombro dele e soluçou com mais força.

- Então porque me deixa? Estás sendo muito cruel.

- Não o faço de propósito - assegurou gentilmente - Sempre te terei muito afeto.

Íris se apartou lhe olhando zangada.

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- “Afeto” é a palavra mais estúpida que conheço. Preferiria não te importar,

desse modo poderia te odiar. Entretanto me aprecia…embora não o bastante.

Vá-te ao diabo! Por que ela tem que ser jovem e formosa? Nem sequer posso

falar mal dela com meus amigos. Tudo o que dissesse me faria parecer uma

velha arpía ciumenta.

- Impossível! - protestou Luke sorrindo.

Íris se dirigiu para o espelho de marco dourado e pôs ordem em seus cabelos

fazendo que umas mechas caíssem sobre suas bochechas.

- Te vais casar com ela?

Luke lamentou que as coisas não fossem tão simples.- Se ela o desejar… 

Íris fez uma careta de desgosto.

- Não acredito que haja a menor dúvida sobre isso querido. Nunca voltará a ter

a oportunidade de conquistar a um homem de sua categoria.

Luke se aproximou dela e lhe agarrou uma mão. Seus olhos se encontraram no

espelho.- Graças - disse tranqüilamente.

- Por que?

A voz de Íris tremia um pouco.

- Por ser tão generosa e tão bela. Por ter feito que me esquecesse de minha

solidão tantas noites. Não me arrependo de nenhuma delas, e espero que você

tampouco o faça.Apertou-lhe brevemente os dedos antes de soltá-la.

- Luke… 

Ela se voltou para o com os olhos cheios de lágrimas contidas.

- Me prometa que se as coisas forem mal…Se te der conta de que te

equivocaste…me Prometa que voltar{ para mim.

Luke a beijou na frente.

- Adeus - murmurou.

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- E não volte a escutar detrás das portas.

Ela esboçou um sorriso de desculpa.

- Então como me inteirarei do que acontece nesta casa?

Ele a agarrou pelos ombros e entraram juntos no vestíbulo.

- Deveria estar o bastante ocupada com suas coisas para preocupar-se dos

assuntos dos mais velhos, querida.

- Mas se estiver muito ocupada. Tenho ao Sansón, tenho meus livros e tenho a

miss Billings. Papai não deixasse que ninguém leve a miss Billings, verdade?

- Não - murmurou o depositando um beijo em seu cabelo. Agora vá-te a sua

habitação carinho.Emma obedeceu docilmente enquanto Luke se dirigia para a biblioteca. Através

das pesadas portas se ouvia o discreto som de uma conversação. Apertando as

mandíbulas entrou sem chamar.

Os Ashbourne estavam sentados em cômodas poltronas de couro enquanto que

Tasia se havia acurrucado em um extremo do sofá.

O rosto do Charles manifestava uma grande ansiedade.- Stokehurst - disse incomodo - pensava que estava… 

- Passando a noite fora? - terminou Luke amavelmente - troquei meus costumes.

me explique porque estão vós aqui.

- Temo-me que há más notícias no fronte - respondeu Charles com um tom

fingidamente ligeiro - convencemos a miss Billings para que venha conosco. O

mês quase terminou Luke, e eu sempre cumpro minhas promessas.Ante a expressão desorientada da Tasia explicou:

- Lorde Stokehurst aceitou que estivesse com o um mês, para que me desse

tempo de te encontrar outro emprego.

- Troquei que opinião - disse Luke sem apartar seus olhos dela.

Muito pálida, imóvel, ela tinha as mãos apertadas sobre os joelhos.

- Miss Billings não se irá de Southgate Hall.

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Dirigiu-se para o móvel bar de mogno e tirou uma garrafa de cristal servindo

uma generosa taça de conhaque que ofereceu a Tasia.

Ela abriu lentamente os dedos e tomou o copo. Luke lhe levantou o queixo

obrigando-a a lhe olhar à cara. Seus olhos estavam fixos e vazios, seus

pensamentos ocultos detrás de uma espécie de tela.

- Me diga o que aconteceu brandamente.

Foi Charles quem respondeu.

- É melhor para todos que não saiba Luke. Deixa que vamos fazer perguntas.

- Alicia e você podem ir mas miss Billings fica.

Charles suspirou exasperado.- Ouvi esse tom milhares de vezes, Luke, e sei o que significa.

- De todos os modos isso já não tem importância - cortou Tasia.

Bebeu um grande sorvo de conhaque fechando as pálpebras quando o álcool

lhe queimou a garganta. Logo se voltou para o Luke com os olhos brilhantes, e

lhe dedicou um sorriso tremente.

- Não desejará que fique quando souber… Luke se apoderou do copo vazio.

- Outro? - perguntou com frieza.

Ela assentiu.

Tasia esperou a que o lhe desse as costas para falar com um tenso sussurro.

- Sou lady Anastasia Ivanovna Kaptereva. O inverno passado, em São

Petersburgo, acusaram-me do assassinato de minha primo, o príncipe MikhailAngelovsky.

Viu que Luke se esticava e se interrompeu um momento antes de concluir:

- Escapei-me do cárcere e me refugiei em Londres para escapar à forca.

Tasia tinha pensado não dizer nada mais, mas, quase a seu pesar, começou a

contar sua vida em São Petersburgo depois da morte de seu pai. Quase se

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esqueceu enquanto falava de que havia alguém escutando. Estava revivendo o

passado. Voltou a ver sua mãe, Maria Petrovna, abrigada com uma capa de

lince e enormes jóias nos braços e no pescoço. E os homens que a rodeavam nas

festas, na ópera, no teatro, no transcurso de intermináveis jantares… 

Tasia recordou o baile das debutantes, no que se apresentava às jovens filhas da

flor e nata da aristocracia. Esse dia ela levava um vestido de seda branco com

uma cinturilla de rubis e pérolas rosadas. Os homens a cortejavam com

interesse, sem esquecer nem por um momento que algum dia seria

imensamente rica. Entre todos seus admiradores o mais estranho era o príncipe

Mikhail Angelovsky.- Mikhail era um animal - declarou Tasia com intensidade - Era um homem

vicioso que só era suportável quando estava sob os efeitos do ópio. Nunca se

separava de sua pipa. Também bebia muito.

Duvidou e se ruborizou.

- Ao Mikhail não gostava das mulheres. Seus pais sabiam, mas fechavam os

olhos. Quando eu fiz dezessete anos, foram ver a minha mãe e fizeram umacordo: eu me casaria com o Mikhail. Todos sabiam que eu não desejava esse

matrimônio. Supliquei a minha mãe, a minha família, a nosso confessor, a todos

os que estavam dispostos a me escutar, para que não me obrigassem a me casar

com ele. Mas todos me respondiam quão bom seria unir duas fortunas tão

importantes. Por outra parte, os Angelovsky esperavam que este matrimônio

voltaria a pôr ao Mikhail no bom caminho.- E sua mãe que dizia?

Pela primeira vez desde que tinha começado com sua história, Tasia levantou os

olhos para o Luke. Ele estava sentado a seu lado no sofá com o rosto

inexpressivo. Ao ver que ela estava apertando tão forte o copo que parecia que

estava a ponto de rompê-lo, Stokehurst, prudente, o tirou das mãos.

- Minha mãe queria que me casasse - disse lhe olhando à cara - não gostava de

nada que seus pretendentes começassem a fixar-se em mi. Eu me parecia muito

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ao que ela tinha sido e isso a incomodava. Disse-me que tinha a obrigação de

me casar pelos interesses da família, e que logo seria livre de me apaixonar por

quem quisesse, ter aventuras. Dizia que eu seria muito feliz me casando com

um Angelovsky…sobretudo se este preferia aos moços.

Stokehurst emitiu uma risada surpreendida.

- E isso porque?

- Afirmava que Mikhail não me incomodaria com suas cuidados e que eu seria

livre de fazer o que gostasse.

Ao ver o olhar furioso do Stokehurst, Tasia encolheu os ombros.

- Se conhecesse minha mãe o entenderia.- Entendo-o perfeitamente - grunhiu ele - Continue.

- Desesperada, decidi ir ver o Mikhail em segredo para lhe pedir ajuda. Pensava

que poderia raciocinar com ele, havia uma possibilidade de que me escutasse.

Então…então fui a sua casa.

Tasia se interrompeu. As palavras se acumulavam, mesclavam-se, afogavam-na

e já não era capaz de pronunciar nenhuma só palavra. Uma gota de suor frio lhecaiu pela têmpora e a secou com o dorso da mão. Isso lhe acontecia cada vez

que tentava recordar. Estava-se afogando presa do pânico.

- O que aconteceu? - perguntou Stokehurst em voz baixa.

Ela sacudiu a cabeça, ofegando, tentando respirar.

- Tasia… 

Ele agarrou as mãos dela entre as suas.- Me diga que aconteceu depois.

Ela conseguiu articular enquanto lhe tocavam castanholas os dentes:

- Não sei. Fui a sua casa, acredito…mas não me lembro. Encontraram -me no

pal{cio dos Angelovsky com uma faca na mão…e o corpo do Mikhail…Os

criados gritavam, ele tinha a garganta…Sangue! Meu Deus havia sangue por

toda parte!

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coisas. Descobriram que me tinha escapado. Por isso o tio Kirill enviou uma

mensagem aos Ashbourne.

- Quem a esta procurando?

Tasia olhava fixamente suas mãos unidas sem responder.

Charles se sentou mais comodamente em sua poltrona. As rugas de

preocupação haviam desparecido de seu rosto como se ao fim se sentisse

aliviado de haver-se confiado em alguém. Inclusive quando era menino,

Charles sempre se havia sentido horrorizado pelos segredos, era incapaz de não

delatar-se por sua expressão.

- É algo bem mais complicado - disse ao fim ao Luke - O governo imperial temtantos departamentos secretos e departamentos especiais que ninguém sabe

exatamente quem é responsável por qual. Tenho lido a carta do Kirill ao menos

uma dúzia de vezes tentando entendê-la. Parece ser que Tasia não só quebrou

uma lei civil mas sim além se riu que código penal ao escavar a autoridade

soberana…O qual representa um crime político castigado com a morte. O

governo imperial não se preocupa muito da justiça, mas se por manter umaaparência de ordem. Até que Tasia seja executada publicamente, os inimigos do

czar vão utilizá-la para ridicularizar à coroa.

- E realmente crê que serão capazes de vir a procurá-la aqui para levar-lhe a

Rússia? - cortou Luke - só para que sirva de exemplo?

- Não - interveio Tasia em voz baixa - não chegariam tão longe. Enquanto siga

no exílio estarei a salvo. O problema é Nicolas.Luke a viu secá-la frente com a manga e esse gesto infantil lhe comoveu.

Esperou em silêncio a que ela continuasse apesar da impaciência que sentia.

- Nicolas é o irmão pequeno de Mikhail - continuou - os Angelovsky querem

vingar sua morte e Nicolas me está procurando. Me encontrará embora tenha

que empregar nisso o resto de sua vida.

Luke se sentiu aliviado. Se só se preocupavam com o Nicolas Angelovsky, o

problema estaria logo solucionado.

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- Me escapou algo por acaso? - perguntou com acidez - O tal Angelovsky é

sozinho um homem depois de tudo. Não há nenhuma razão para que destroce

sua vida por culpa dele.

- Logo que é humano - respondeu Alicia - O príncipe Nicolas e eu somos

primos em terceiro grau e conheço bem à família. Quer que te conte algumas

coisas?

- Me diga tudo o que sabes - ordenou Luke sem deixar de olhar para a porta.

- Os Angelovsky são uns furiosos xenófobos, odeiam tudo o que não é russo.

Estão aparentados com a família imperial por matrimônio e som uns dos

maiores latifundiários do país, com propriedades repartidas por váriasprovíncias. Possuem aproximadamente dois milhões de acres pelo menos. O pai

do Nicolas, o príncipe Dimitri, matou a sua primeira mulher porque era estéril.

Logo se casou com uma camponesa do Minsk que lhe deu sete filhos, cinco

meninas e dois meninos. Nenhum deles dedicou nunca um só minuto de seu

tempo em entreter-se com coisas como os princípios, a honra ou a moral.

Atuam por instinto. Diz-se que Nicolas se parece com seu pai; é cruel e ardiloso.Se alguém lhe fizer algum dano o devolve multiplicado por cem. Tasia tem

razão, nem sequer pode escolher se venha a morte de seu irmão ou não. Há um

provérbio russo que diz: “O pranto de outros   só são gotas dessa água é a

filosofia dos Angelovsky, desconhecem o que é a piedade.

Alicia procuro consolo nos braços de seu marido.

- Nada deterá o príncipe Nicolas - suspirou.Luke lhes olhava com frieza.

- Eu sim que posso. E o farei.

- Não deve nada a Tasia, nem a nosotros - protestou fracamente Alicia.

- Já perdi muito.

Nos olhos do Luke havia um brilho estranho.

- Agora que por fim tenho uma oportunidade de encontrar a felicidade, que me

condenem se sotaque que um porco russo sedento de sangue me arrebate isso.

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Charles estava tão assombrado como sua esposa.

- Felicidade? - repetiu - De que estas falando? Por acaso sente algo por ela? Faz

apenas vinte e quatro horas a envergonhava diante de seus convidados e… 

interrompeu-se ante o negro olhar de seu amigo e continuou mais

diplomáticamente:

- Não sente saudades que você goste, é encantadora, mas te peço por favor que

tente antepor seus interesses aos teus. É vulnerável e está aterrorizada.

- E seu crê que seu bem-estar consiste em abandoná-la a sua sorte? - ironizou

Luke - Sem amigos, sem parentes, sem ninguém para ajudá-la. Por Deus! Sou o

único que pensa com a cabeça em todo este assunto?Alicia se soltou dos braços de seu marido.

- É melhor que esteja sozinha antes que a mercê de um homem que se

aproveitasse dela.

Charles levantou as mãos, molesto, como se queria amordaçá - la.

- Sabe muito bem querida que esse não é o estilo do Luke. Estou seguro de que

suas intenções são honoráveis.- De verdade? - replicou Alicia desafiante - E quais são exatamente suas

intenções Luke?

O esboçou seu habitual sorriso irônico

- Isso só importa a sua prima e a mim. Eu gostaria de encontrar uma espécie de

acerto que goste. Se não o conseguirmos se irá. No momento não tem nada que

dizer disto não é assim?- Já não te reconheço! - indignou-se Alicia - acreditei que Tasia estaria segura

contigo porque não é o tipo de homem que dá problemas, nunca te mete na

vida de outros. Teria gostado de muito que não começasse precisamente agora.

O que te passa?

Luke se encerrou depois de um muro de orgulho ferido. Estava surpreso de que

seus amigos um tivessem entendido nem adivinhado nada. Quando estava

sujeitando a mão da Tasia, enquanto a escutava relatar a odisséia que tinha

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vivido, tinha-lhe parecido que seus sentimentos enchiam a estadia. Amava-a.

Estava aterrorizado ante a idéia de que ela pudesse desaparecer de sua vida, de

que lhe abandonasse como tinha abandonado sua antiga vida.

Não podia tolerá-lo, tanto pela segurança dela como por sua própria felicidade.

Queria fazer algo, mas havia tantas decisões que tomar…Se só pudesse pensar

com claridade, sem estar esmigalhado entre o amor e o desejo que o

complicavam tudo!

Os Ashbourne lhe olhavam fixamente, Alicia com recriminação e Charles com a

intuição que caracteriza aos velhos amigos. Olhou Luke meio divertido e meio

preocupado enquanto impedia que sua mulher voltasse a falar.- Tudo irá bem - disse a Alicia com calma - cada um atuará segundo sua

consciência e todo se arrumará.

- Isso é o que diz sempre – queixou-se Alicia.

Charles sorriu contente de se mesmo.

- E sempre tenho razão não? Vêem querida. Agora já não nos necessitam.

Tasia viu desde sua janela como se afastava a carruagem dos Ashbourne.

Depois de pendurar seu vestido cinza que tinha escovado cuidadosamente por

costume, começou a fazer suas malas.

Pôs suas roupas em um montão enquanto a luz do único candelabro desenhava

sombras na habitação.

Embora só estivesse vestida com uma fina camisa de algodão, estava suando.Um sopro de ar que chegava do exterior a surpreendeu e se esfregou os braços

que se puseram com pele de galinha. Estava tentando não pensar e não sentir

nada. Não queria que o gelo que a rodeava se rompesse.

Sua breve incursão na vida do Luke Stokehurst tinha terminado e era melhor

assim. Não podia permitir a si mesma descansar sobre ninguém, estava sozinha

frente a seu futuro. Perguntou-se como iria, como conseguiria dizer adeus a

Emma sem encontrar-se com o Stokehurst. Ele tornaria difícil sua partida, e

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pouco importava se se mostrava amável ou cruel, de todas formas seria

extremamente doloroso.

Ouviu passos no corredor, passos de homem, voltou-se com os braços cruzados

sobre o peito e os olhos aumentados pela angústia. Não…V{-se gritava sua

mente enquanto que seus lábios se abriam sem emitir nenhum som. A porta se

abriu e se voltou a fechar brandamente.

Stokehurst estava na habitação, seu olhar se deteve nas extremidades nuas dela

e sobre seu pescoço. Não havia dúvidas quanto à razão de sua presença. Levava

uma camisola aberta que deixava ver sua pele lisa e dourada, sua expressão

delatava desejo e amor. Permaneceu em silêncio.Uma espécie de gemido desesperado subiu à garganta de Tasia, mas não podia

dizer nada que o não soubesse já, seus medos e o que a atormentava. Avançou

para ela.

Depois de uma breve duvida, Tasia lançou seus braços a seu pescoço e se

aferrou a ele com todas suas forças. Sem poder logo que respirar, com o coração

pulsando com força e rígida, esperou. Ele a apertava contra seu corpo e seapoderou de seus lábios.

Foi um beijo exigente, profundo, que não tinha em conta a inocência da Tasia.

Ele se pegava a ela, acariciava-lhe as nádegas e ela sentia que se desfazia com

suas carícias. Que voltava para a vida com seus beijos. Aparto a camisola para

liberar as costas do Luke. Ele respondeu com um murmúrio de paixão e a

liberou de sua camisa que caiu ao chão.Logo se despiu e levou a Tasia até a cama. Ela sentiu suas mãos sobre um peito

e logo seus lábios e a percorreu uma espécie de descarga quase dolorosa. O

 beijou o outro peito, agarrou-o brandamente em sua mão e ela se elevou para o

ofegante, perdida. Essa fome desconhecida a estava voltando louca; queria

sentir ao Luke dentro dela, queria que ele a esmagasse com seu peso. Tentou

apertar-lhe mas contra ela mas ele resistiu e sua mão descendeu para os cachos

escuros que ninguém antes havia meio doido, sem deixar de olhá-la.

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Ela afogou um grito quando ele a acariciou procurando com cuidado a tenra

entrada de seu corpo. Beijava-a e murmurava palavras de amor contra sua boca

e Tasia o aceitou todo cheia de prazer.

Ele a abriu as pernas e ela se perdeu na profundidade de seus olhos azuis.

Emitiu um pequeno gemido de dor mas ele se afundou mas profundamente

tomando posse de seu corpo. Depois ficou imóvel respirando com dificuldade.

Tremente, Tasia lhe acariciou a cara como se queria lhe dizer quão maravilhada

estava pela beleza de seus dois corpos unidos. Ele lhe mordiscou a palma da

mão ao tempo que se movia dentro dela brandamente, ela se arqueio de forma

instintiva. O ritmo lento dele a enchia e esquecendo sua tristeza lhe deixou fazeraté que ela foi capaz de imitar seus movimentos enlouquecida pela paixão. Seus

corpos se separavam e se uniam de novo com um prazer que estava mais à

frente do desejo físico. Logo ela deixou escapar um grito de êxtase.

Luke não demorou para unir-se a ela no orgasmo. Com um grande

estremecimento a apertou compulsivamente contra ele, assombrado por sentir-

se tão satisfeito e feliz.Olhava-a enquanto dormia, podia distinguir o perfil de Tasia, a curva de um

seio; ela era ligeira e suave junto ao, e confiada. As largas mechas escuras

cobriam o travesseiro. Ela despertou e se estirou tremendo um pouco como um

gato. Depois de várias piscadas lhe olhou assustada. Luke lhe sorriu e a reteve

quando quis levantar-se rapidamente.

- Estas segura - murmurou.Ela se esticou e tragou saliva com dificuldade.

- Não deveria preocupar-se mais bem por sua segurança? - disse ela ao fim -

Poderia te haver… 

Ele a beijou na frente.

- Te cale!

Tasia se voltou.

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- Vi tantos horrores em minha vida, não quero que nada lhes aconteça nem a ti

nem a Emma. Entretanto será inevitável se ficar aqui. Atrairia o perigo e a

desgraça até vós.

Sacudiu-se com uma seca risada.

- Agora já sabe que matei a alguém. Não pode ignorar algo tão importante.

- Em realidade te crê culpada?

Tasia se sentou na cama subindo o lençol para tampar seu peito.

- Tentei muitas vezes recordar o que passou essa noite mas não o consigo.

Tenho palpitações e nauseia e…me dá medo saber.

- Eu não acredito que você lhe matasse. Inclusive estou seguro de que não o fez.Desejar ver alguém morto não é o mesmo que lhe assassinar, se o fora, a metade

da população seria culpado de homicídio.

- E se o fiz? E se apunhalei a um homem porque lhe odiava? Vejo a cena em

meus sonhos sempre, às vezes inclusive me dá medo ficar dormida.

Luke acariciou a suave curva de seu ombro.

- Então te cuidarei enquanto dorme - sussurrou - E te proporcionarei melhorescoisas nas que sonhar.

Sua mão descendeu e apartou ligeiramente o lençol antes de acariciar os peitos

erguidos. Ela fez inspirou profundamente enquanto um calafrio percorria seu

corpo.

- Não lamento que esteja morto - disse Luke com voz rouca - não lamento que

esteja comigo neste momento. E não deixarei que vá.- Por que te comporta como se meu passado não tivesse nenhuma importância?

- Porque não tem. Não para mim. Carregaria com gosto com o peso de sua

culpa se esse fosse o preço para te conservar.

Tasia adivinhou que estava sorrindo.

- Isso te diz algo sobre meu caráter? - continuou ele.

- Que é um louco cegado pelo desejo!

Ele soltou uma gargalhada.

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- E algo muito pior!

Abraçou-a mais forte e declarou com voz grave:

- Por ti eu gostaria de ser perfeito, mas não o sou. Cometi muitos equívocos,

tenho mau caráter, sou egoísta e tanto meus amigos como meus inimigos dizem

que sou arrogante e auto-suficiente. Sou muito velho para ti e, se por acaso não

o tinha notado, faltam-me alguns dedos. Tendo em conta tudo isto - concluiu

sorrindo - creio que posso aceitar a ti e a seu passado sem problemas.

- Não se trata de nós nem de suas falhas. E seu argumento não se sustenta. Não

porque os dois tenhamos defeitos temos que estar juntos.

- Isso quer dizer que nos entendemos. Quer dizer que vamos divertir nos comoloucos os dois juntos.

- Eu não chamaria a isto uma diversão - grunhiu ela tentando livrar-se de seu

peso ao tempo que os lençóis se enroscavam ao redor dos dois.

- Faz falta um pouco de tempo para acostumar é - disse o apartando tudo o que

se interpunha entre seus corpos nus - a primeira vez é doloroso para a mulher,

mas depois tudo irá melhor. Já tinha sido o suficientemente bom, mas Tasia não tinha nenhuma intenção de

adular sua vaidade confessando-lhe.

- Não poderia ficar embora o desejasse - disse ela um pouco ofegante - O

príncipe Nicolas me encontrará, só é questão de tempo.

- Eu estarei a seu lado nesse momento e falaremos os dois com ele.

- Nicolas não é um homem de palavras, não se pode dialogar nem negociar comele. Exigirá sua ajuda para me mandar a Rússia.

- Enviarei-lhe ao inferno.

- É tão arrogante e suficiente! - murmurou ela movendo-se sob o - Não ficarei. É

impossível!

- Deixa de te mover ou acabaremos no chão, esta cama é muito estreita.

Sentou-se sobre suas próprias pernas e colocou os joelhos dela entre as suas.

Tasia se debateu em vão até que sentiu o ventre dele contra ela e sua boca em

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seus peitos. Ele a agarrou pela garganta como se fora o caule de uma flor e lhe

perguntou com ternura:

- Fiz-te mal antes?

- Um pouco - sussurrou ela.

Um teria que lhe haver deixado fazer o que estava fazendo, era imoral e

entretanto não conseguia apartar-se. Eram suas últimas horas com ele e quão

único desejava era perder-se de novo entre seus braços.

Ele lhe estava mordiscando a orelha.

- Esta vez terei mas cuidado, serei muito delicado.

Foi delicado, em efeito, e tenro, e paciente. Ela gemeu quando sua boca sedeslizou ao longo de seu corpo voltando-a louca de desejo. Ele murmurava

sobre sua pele costure que ela sentia mais que ouvia. Logo sua cabeça baixou

mais e pressionou sua boca contra os sedosos cachos. Ela se sobressaltou

assustada.

- Não, não… 

Ele se endireitou imediatamente e a abraçou contra seu peito enquanto lhepunha os braços ao redor do pescoço.

- me perdoe. É tão formosa…Não queria te assustar.

Sua mão acariciou o lugar onde se concentravam todas as sensações da Tasia e

ela afogou um soluçou abandonando-se ao em corpo e alma. Ele jogou com seus

sentidos com uma habilidade diabólica.

Mas ela logo se deu conta de que suas ingênuas carícias também afetavam aoprofundamente. Explorou com deleite em musculoso corpo duro e suave dele.

Ao fim Luke entrou nela muito lentamente e ela se abriu ao com avidez. Luke

riu encantado, como se estivesse ante uma criatura atracando-se de guloseimas.

Estava no mais profundo dela e apenas se movia, então ela se agitou com um

gemido de protesto pedindo mais.

- Ainda não Tasia - sussurrou ele.

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Apesar dos desejos dela, o permaneceu imóvel, negando-se a lhe dar a

satisfação que lhe pedia. Quando por fim a levou a êxtase, no corpo dela não

ficava nenhuma onça de energia. Sacudiu-a um violento estremecimento e

escondeu a cara no ombro masculino. Ele se deixou ir a sua vez, apertando os

dentes, tensos os músculos, em silêncio.

Logo dormiu imediatamente com as mãos colocadas entre o cabelo da Tasia que

se acurrucou mais contra ele e fechou os olhos muito cansada para as

preocupações, os pesadelos e as lembranças, feliz por essa pausa provisória que

ele lhe oferecia.

Tasia despertou mais tarde do que teria desejado. O sol já estava alto no céu e se

ouviam os ruídos familiares do café da manhã na sala dos serventes.

Notou com alívio que Stokehurst tinha desaparecido durante a noite, nunca

tivesse tido a coragem de enfrentar-se ao…Devia ter saído com a Emma para

dar seu passeio matutino, e ela já não estaria ali quando o voltasse. Lavou-se,

vestiu-se depressa e se sentou na mesita para escrever uma nota para a Emma.

 Mim querida Emma:

me perdoe por te deixar sem te dizer adeus pessoalmente. Teria gostado de ficar mais

tempo e conhecer a maravilhosa mulher em que vais converter-te. Estou tão orgulhosa

de ti! Certamente algum dia entenderá que era melhor para todos que eu me fosse.

Espero que conserve uma boa lembrança de mim e te asseguro que tem todo meucarinho.

 Adeus

 Miss Billings

Dobrou com cuidado a carta e a selou com umas gotas de cera. Logo apagou a

vela e deixou a carta dirigida a Emma bem à vista.

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- Sim. Ordenou que preparassem uma carruagem e que a levassem onde você

quisesse.

Em vez de incomodar-se por sua marcha, Stokehurst tinha arrumado tudo para

lhe facilitar as coisas.

- É muito amável por seu parte - murmurou.

- Espero que tenha bom viagem - disse Mrs Knaggs alegremente como se Tasia

só fora a passar o dia à cidade.

- Não me pergunta porque vou tão repentinamente?

- Sem dúvida tem suas razões, miss Billings.

Tasia tossiu desiludida.- Meu sal{rio…Esperava… 

- Ah sim!

- Milord considerou que como não ficava todo o mês não lhe devia nada.

Tasia ficou tinta de cólera e de assombro de uma vez.

- Só faltam uns dias! Quer você dizer que não me dará nem um só xelim do que

me deve?O ama de chaves voltou a cabeça.

- Isso me temo.

O muito estúpido! Infame indivíduo sem escrúpulos! Estava-a castigando por

não lhe obedecer. Lutou para recuperar o sangue-frio.

- Muito bem - disse ao fim com voz tensa - me arrumarei. Adeus, Mrs Knaggs.

Por favor tenha a bondade de lhes dizer ao Mrs Plunkett, ao Biddle e a outrosque desejo-lhes toda a felicidade do mundo.

- Haré - respondeu a boa mulher lhe dando uns amistosos tapinhas no ombro.

Todos a queremos muito querida menina. Adeus. Tenho que me dar pressa, há

quilômetros quadrados de parquet que terá que encerar.

Tasia a olhou enquanto se afastava completamente desorientada por sua

indiferente despedida quando esperava algo mais de emoção. Possivelmente o

pessoal já sabia que lorde Stokehurst tinha passado a noite com ela. Os segredos

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não duravam muito no Southgate Hall. Sem dúvida essa era a explicação para a

atitude do Mrs Knaggs; estava desejando que Tasia fosse quanto antes.

Humilhada, a jovem se dirigiu para a entrada principal com um só desejo: estar

longe do Southgate o mais rapidamente possível.

Seymour a tratou com sua cortesia habitual, mas ela apartou o olhar quando lhe

pediu a carruagem. Suspeitaria ele também o que tinha acontecido a noite

anterior? Converteu-se em uma mulher fácil; um novo pecado pesava agora

sobre sua consciência.

- Que direção devo lhe dar ao chofer miss Billings? - perguntou Seymour com

uma pequena dúvida na voz.- Amersham, por favor.

O povo em questão estava no percurso das diligências e tinha algumas antigas

estalagens. Tasia se propunha passar ali uma noite, vender a cruz de sua avó

como pudesse e logo contratar a alguém do povo para que a levasse para o

oeste. Ali se esconderia em uma aldeia e procuraria um trabalho como donzela

ou como criada.O lacaio pôs a bagagem na calesa e ajudo a Tasia a subir.

- Graças - murmurou ela antes de estremecer-se quando a porta se fechou atrás

dela. Apareceu pelo guichê para ver por última vez ao Seymour.

- Adeus, miss Billings, e boa sorte - lançou um sorriso um pouco causar pena,

sinal de uma grande emoção.

- Graças - respondeu Tasia com falso entusiasmo antes de deixar cair no assentolutando contra as lágrimas que subiam aos olhos enquanto o carro se afastava

do Southgate Hall.

Fizeram-lhe falta uns minutos para dar-se conta de que não foram na direção

correta. Primeiro foi uma vaga suspeita que rechaçou resolutamente. Depois de

tudo, mal conhecia os caminhos da Inglaterra e só sabia que Amersham estava

em alguma parte para o oeste de Southgate.

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Mas a carruagem não demorou para deixar o caminho principal para meter-se

por outro mal pavimentado no meio do bosque. A menos que se tratasse de um

atalho, não estavam indo ao Amersham. Angustiada deu uns golpes no teto

para chamar o chofer. Este a ignorou e continuou assobiando. Meteram-se mas

entre as {rvores, passaram por diante de um campo sem cultivar, um lago… e

se detiveram diante de uma casita de dois pisos médio escondida entre as

trepadeiras.

Assombrada se baixou enquanto o chofer se ocupava de baixar suas malas.

- O que fazemos aqui? - perguntou ela.

Com uma piscada travessa, o homem lhe assinalou o alpendre no qual seperfilava uma alta figura.

Havia um sorriso no olhar azul do Luke quando declarou peralta:

- Não pensaria que ia deixar que fosse tão facilmente?

Capitulo 6

Tasia apertou os dentes, notava como a ira se apoderava dela. Era muito capaz

de tomar decisões se por acaso mesma e isso ninguém podia arrebatar-lhe. Esse

homem acreditava que podia manipulá-la e lhe tender uma armadilha para

depois cair em seus braços com um suspiro de gratidão? Isso era ultrapassar os

limites da arrogância!A carruagem se afastou pelo caminho atravessando o bosque deixando-a só

com o Stokehurst. Sem dúvida a maior parte das mulheres tivessem

considerado a situação como uma bênção, Stokehurst estava particularmente

sedutor esta manhã, com a calça escura e uma larga camisa branca, com o

cabelo um pouco revolto.

Imóvel, olhava-a com uma espécie de fascinação que ela não acabava de

decifrar. Refez-se e declarou com uma voz tão fria e tranqüila como foi possível:

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- As coisas serão assim quando Nicolas Angelovsky me encontre. Não me

deixasse nenhuma opção e se justificasse a seu modo. Você é como ele, nenhum

dos dois pode suportar que algo se interponha no que desejam.

Teve a imensa satisfação de ver o Stokehurst zangar-se. Cruzou os braços

enquanto Tasia se aproximava dele. A fachada da casita estava decorada com

painéis de barro cozido e de tijolos decorados com o mesmo desenho do falcão

e a rosa que Southgate hall, com as iniciais SW gravadas em intervalos

regulares. Embora os anos tinham apagado um pouco o desenho, a casa

entretanto estava muito cuidada. As antigas colunas tinham sido substituídas

por outras novas e recentemente a tinham branqueado com cal.Se tivesse estado menos zangada e menos desorientada, Tasia teria certamente

apreciado essa casa de conto de fadas que o passar do tempo tornava ainda

mais romântica.

- William Stokehurst - comento Luke ao vê-la olhar as iniciais da porta - um de

meus antepassados fez construir esta casa no século XVI para sua amante, para

tê-la perto Southgate Hall.- Por que me trouxe aqui? - perguntou Tasia secamente - Para me conservar

como sua querida?

Ele pareceu pensar a resposta e Tasia se zangou ainda mais ao dar-se conta de

que ele estava pensando como as arrumaria para tranqüilizá-la. Ela não queria

que a acalmassem e menos ainda que a manipulassem. Só queria que a deixasse

em paz.- Eu gostaria de passar algum tempo contigo - disse ao fim - Com tudo o que

aconteceu ultimamente, não falamos de verdade.

- Não falamos de verdade nunca.

Ele assentiu com a cabeça.

- Agora poderemos fazê-lo tanto como queiramos.

Tasia, com um suspiro molesto, separou-se da porta como se fosse a entrada do

inferno. Dirigiu-se para o flanco da casa perto do qual, em um prado em

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sombra, um semental branco estava comendo feno. O animal levantou as

orelhas e voltou a cabeça para ela com interesse. Ao ver que Stokehurst a tinha

seguido Tasia se voltou apertando os punhos.

- Me leve a povo!

- Não - respondeu o com suavidade sustentando seu olhar.

- Então irei a pé.

- Tasia… 

Aproximou-se dela e a segurou pelas mãos.

- Fique aqui comigo só um ou dois dias.

Ela tentou soltar-se, mas ele apertou os dedos.- Não obrigarei a nada, não te tocarei se não querer. O única coisa que te peço é

que fale comigo. Angelovsky não representa um perigo imediato, aqui não te

encontrar{. Tasia…não precisa fugir o resto de seus dias, se tiver confiança em

mim encontraremos outra saída.

- por que? - perguntou ela um pouco mais acalmada

O tom de voz dele, tão doce, afetava-a de forma estranha. Nunca antes sedirigiu a ela dessa forma intensa e pausada ao mesmo tempo.

- por que deveria confiar em ti? - continuou entretanto.

Ele abriu a boca para responder mas logo se arrependeu, limitou-se a aproximar

o pequeno punho da Tasia de seu peito, no lugar onde seu coração pulsava com

força. Brandamente, Tasia abriu a mão contra o compassado pulsado.

Porque te amo  - quis lhe dizer Luke -  Amo-te mais que a nada no mundo além daEmma. Não é necessário que você também me ame, só quero te ajudar, só quero que

esteja segura… 

Mas ela não estava preparada para ouvir essas palavras, teria medo ou lhe

desprezaria. A seus trinta e quatro anos Luke tinha adquirido algumas noções

de estratégia. Defendeu-se em um sorriso zombador.

- Porque sou seu único recurso - disse - separe dos Ashbourne. Se eu fosse você

agradeceria qualquer ajuda, não pode dizer-se que lhe sobrem os amigos.

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Tasia apartou a mão com expressão malvada. Pronunciou lacunas palavras em

russo (nada amável é obvio) e entrou dando pernadas na casita fechando a

porta de repente atrás dela.

Luke suspirou aliviado. Ela não estava contente por estar aí, mas ficaria.

Com o passar do dia Tasia se trocou, ficou sua roupa de camponesa e recolheu

seu cabelo em uma pesada trança: já que Stokehurst ia ser a única pessoa que a

veria, era melhor que estivesse cômoda.

Para falar a verdade, a casa era um lugar bem agradável para estar cativa.

Percorreu-a de cima abaixo, descobrindo tesouros em cada habitação: livrosestranhos, gravados, miniaturas que representavam rostos altivos corto negro,

evidentemente os antepassados do Stokehurst.

Toda a casa era antiga e confortável, com as paredes cheias de tapeçarias de

cores esvaídas pelo tempo e móveis robustos e senhoriais. Alguém intima

maravilha. Não resultava difícil imaginar que ao William Stokehurst gostava de

visitar seu amante, longe do mundo, só preocupado pelo prazer que encontravaem seus braços.

Depois de ver a adega, foi dar uma volta pelo lago, o prado e o horta. Não sabia

onde estava exatamente Stokehurst mas estava segura de que não a perdia de

vista. Graças a Deus tinha o sentido comum de deixá - la em paz lhe permitindo

assim acalmar-se.

Pela tarde lhe olhou enquanto treinava ao semental lhe ensinando a girar sobresi mesmo com uma paciência exemplar. O cavalo, com as patas ligeiras e seus

grácis movimentos parecia estar dançando. Em conjunto se comportava bem

mas tinha alguns momentos de rebelião rapidamente castigados com uns

minutos de forçada imobilidade.

- Horroriza-lhe estar-se aquieto - explicou Luke que tinha notado a discreta

presença da Tasia em um desses momentos - só tem dois anos.

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- Sim - confessou tendo a decência de parecer um pouco envergonhado.

Não era muito agradável saber-se vitima de uma conspiração embora esta

tivesse sido urdida com a melhor intenção do mundo. Tasia se endireitou ferida

em seu orgulho e se afastou sem dizer uma palavra.

Ainda estava amaldiçoando enquanto punha a comida que Mrs Plunkett tinha

preparado em uma mesa da sala de estar. Era um verdadeiro festim de carne

fria, salada, queijo e fruta e todo isso coroado por um bolo.

O sol se estava ocultando no horizonte, lançando sua luz dourada através das

portinhas meio fechados quando Luke, depois de haver-se lavado e trocado,

 baixou à adega a procurar duas garrafas de vinho. Tasia, lhe ignorando, tirouumas fatias de pão de um guardanapo de linho.

Indiferente a seu silêncio, Luke se sentou em uma cadeira e começou a

desarrolhar uma das garrafas sujeitando-a entre os joelhos.

- É mais seguro se o faço assim – explicou ante o olhar intrigado da Tasia - Me

custa agarrá-la com os dedos artificiais. Poderia sujeitá-la com o cotovelo, mas

 j{ perdi v{rias boas garrafas fazendo o dessa maneira, e… Esboçou um travesso sorriso que apaziguou um pouco a Tasia.

- Quem se ocupa da casa e do jardim? - perguntou ela.

- O guarda que vive na colina.

- Não vive ninguém aqui alguma vez?

Ele sacudiu a cabeça.

- É uma tolice manter uma casa que não serve para nada, sei, mas não posso medecidir a fechá-la. Eu gosto de muito a idéia de ter um lugar secreto e retirado.

- Trouxeste para outras mulheres aqui?

- Não.

- E…a trouxe? - insistiu Tasia em voz baixa.

Os dois sabiam que se estava referindo a Mary.

Luke permaneceu em silêncio um momento antes de voltar a negar com a

cabeça.

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Ela retrocedeu e olhou aos olhos.

E de repente os dois romperam a rir sem nenhuma razão em particular, sem

dúvida porque a magia do momento os tinha envolto aos dois.

- Pensarei - disse-o ela dirigindo-se para uma cadeira que o aproximou

galantemente.

- Um pouco de vinho?

Tasia lhe tendeu seu copo. Ele se sentou frente a ela e brindaram em silêncio.

O vinho era dourado, generoso e afrutado. Em resposta ao olhar interrogador

do Luke, Tasia se voltou a levar o copo aos lábios. Nunca tinha bebido mais de

uns quantos sorvos sob o atento olhar de sua mãe e suas diferentes damas decompanhia. Apreciava muito a possibilidade que lhe oferecia de beber tanto

como quisesse.

Comeram devagar enquanto o céu se obscurecia e as sombras invadiam todos

os rincões da sala.

Luke estava sob seu encanto, viu divertido como Tasia enchia várias vezes o

copo e lhe advertiu que ao dia seguinte lhe doeria a cabeça.- Dá-me igual - replicou isso - é o melhor vinho que provei.

Luke estalou em gargalhadas.

- E parece melhorar com cada copo. Bebe tranqüilamente carinho. Como sou

um cavalheiro não poderei me aproveitar de ti se estas bêbada.

- Por que? Bêbada ou sóbria o resultado é o mesmo não? - Ela deu outro gole

 jogando a cabeça para trás.- Por outra parte não é tão cavalheiro.

Entrecerrando os olhos ele se inclinou por cima da mesa. Tasia ficou de pé de

um salto contendo a risada, mas a habitação começou a girar a sua redor e ela se

concentrou em conservar o equilíbrio. Quando o teve recuperado agarrou seu

copo e começou a passear-se pela sala de estar.

- Quem é? - perguntou assinalando o retrato de uma dama loira.

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Ao fazer esse gesto lhe derramaram umas gotas de vinho e franziu o cenho

antes de terminá-lo que ficava no copo para evitar outro acidente.

- Minha mãe.

Luke se reuniu com ela e lhe tirou o copo das mãos.

- Já basta querida. Vais pôr te doente.

 Já o estava. Luke era tão sólido e forte! Apoiou-se nele para admirar o retrato. A

duquesa era uma mulher formidável, mas seu rosto carecia de doçura, tinha os

lábios franzidos, o olhar frio e penetrante.

- Não te parece muito com ela - disse Tasia – com exceção, possivelmente do

nariz.- Minha mãe era uma mulher de caráter a que a idade não adoçou. Sempre

 jurou que morreria se chegava a perder suas faculdades. Por agora não há

perigo de que isso aconteça.

- E seu pai como é?

- Um velho patife com uma insaciável paixão pelas mulheres. Só Deus sabe

porque se casou com minha mãe. Nela qualquer manifestação de emoção,incluída a risada, é surpreendente. Meu pai diz que ela somente lhe admitiu em

sua cama o tempo indispensável para procriar. Tiveram três filhos que

morreram de meninos e logo viemos minha irmã e eu. Com o passar do tempo

minha mãe se tornou cada vez mais para a Igreja, deixando que meu pai fizesse

o que quisesse.

- Amaram-se? - pergunto Tasia distraidamente.- Não o sei - suspirou Luke - revisto lembrança como se comportavam o um

com o outro, com uma espécie de cortês tolerância.

- Que triste!

- Quiseram-no assim. Por razões que só eles conhecem nenhum deles acreditava

no matrimônio por amor. Por ironias do destino, seus dois filhos, entretanto,

sim, o fizerem.

Tasia se recostou mas em, feliz ao sentir o robusto peito das contra suas costas.

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- Sua irmã ama a seu marido?

- Sim, Catherine se casou com um maldito escocês cabeça dura como uma mula

cujo temperamento rivaliza com o dela. Passam-se a metade do tempo brigando

e a outra metade reconciliando-se na cama.

As últimas palavras flutuaram no silêncio. Tasia se ruborizou ao recordar a

noite anterior. Procurou provas o copo de vinho.

- Tenho sede.

deu-se a volta e tropeçou com o Luke quem a ajudou a recuperar o equilíbrio.

De repente ela pegou ou salto ao notar que lhe caía líquido no ombro.

- atiraste o vinho! - protestou dando puxões a sua blusa de camponesa.- Sim? me deixe olhar.

Inclinou a cabeça e ela sentiu seus lábios na pele.

um pouco enjoada, Tasia pensou que estavam a ponto de cair. O chão se estava

aproximando de forma perigosa. Mas era Luke que a estava tombando no

tapete. antes de que ela pudesse protestar notou mas gotas caindo sobre ela.

- Tornaste-o a fazer!Com uma desculpa fingidamente causar pena, ele deixou o copo e atirou do

cordão da blusa. A malha caiu por seus ombros ao mesmo tempo que a saia se

deslizava por seus quadris.

- meu deus! - sussurrou ela olhando como perdia suas roupas.

Mas Stokehurst por sua parte parecia encontrar isso perfeitamente normal.

Recolheu com a boca algumas gotas dispersas e Tasia se estremeceu. Deverialhe haver detido, sabia, mas sua boca era tão calida e suave… Pôs seus braços

ao redor do pescoço do.

- Acredito que estou bêbada - disse com voz um pouco pastosa - nunca antes o

tinha estado mas sempre pensei que seria assim. Todo esse veio…O estou

verdade?

- Só um pouco.

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Ele continuava lhe tirando a saia e ela se relaxou e lhe ajudou com umas

patadas. sentia-se muito bem e muito ligeira com as pernas livres de roupa, mas

intento pôr uma expressão severo.

- Lhe estas aproveitando da situação - disse antes de afogar uma gargalhada

voltando-se de lado.

Ele se tombou a seu lado e ela não pôde evitar seguir com um dedo a curva de

seu sorriso.

- Me estas seduzindo?

Ele assentiu apartando uma mecha de cabelo que lhe tinha cansado na

 bochecha.- Não deveria desejá-lo, estou segura. Dá-me voltas a cabeça.

Tasia fechou os olhos e imediatamente a boca do Luke esteve na sua, quente e

apaixonada. Agora já estava em cima dela, perfeito e forte.

- me ajude a me tirar a camisa - murmurou.

lhe pareceu uma maravilhosa idéia, desejava sentir sua pele sob seus dedos e a

malha o impedia. brigou com os botões que pareciam desagradablementerecalcitrantes, então agarrou a camisa com as mãos e atirou até que se ouviu o

som do tecido rasgando-se que lhe resultou muito satisfatório. Contente de se

mesma contemplou o torso broceado, os olhos da cor do mar no verão, sem

rastros de verde nem de cinza.

- Como pode ter os olhos tão azuis? - perguntou - es um azul precioso.

Ele baixou as pálpebras.- Que Deus me ajude Tasia. Se me deixar te levasse meu coração contigo.

Tasia quis responder mas ele a beijou e ela esqueceu as palavras que tinha

estado a ponto de dizer. Como em uma nuvem lhe viu agarrar o copo e

derrubar umas gotas de vinho em cima dela. por que estava fazendo isso?

Ele lhe disse que não se movesse e ela obedeceu aturdida, mas entretanto não

pôde evitar arquear-se brandamente quando a boca do Luke seguiu o caminho

das gotitas de vinho. Ela começou a rir quando o jogou com seu umbigo, logo se

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Seus azuis olhos olhavam fixamente a Tasia. Luke fez uma profunda inspiração.

- Tasia…quero que forme parte de minha vida e da de Emma. Desejo que fique

 junto a mim. Mas para isso tem que te casar comigo.

Tasia se apoderou do lençol para tampar-se e manteve a cabeça agachada

enquanto o continuava:

- Nunca pensei que poderia ser um bom marido para ninguém mais que para a

Mary, nem sequer tive desejos de tentá-lo antes de te conhecer.

Lhe dava as costas e o acariciou seus tensos ombros.

- Não estas segura do que sente por mim. Sei. Se tivéssemos tempo a situação

seria distinta, cortejaria-te com toda a paciência que sou capaz. Entretanto tepeço que te arrisque e que confie em mim.

Por um momento Tasia considerou a idéia de compartilhar a casa do Luke, sua

vida, levantar-se cada manhã a seu lado…logo essa visão desapareceu deixando

um doloroso vazio.

- Se eu fosse outra pessoa aceitaria - murmurou miseravelmente.

- Se fosse outra pessoa não te quereria.- Nem sequer nos conhecemos.

- Parece-me que nestas últimas vinte e quatro horas temos feito muitos

progressos.

- Embora repita a mesmo mil vezes - disse ela com voz quebrada - não me

escutaria. Fiz algo que nem sequer Deus me perdoará nunca. Algum dia terei

que pagar por isso de uma forma ou outra. E como sou muito covarde paraconfrontar o castigo continuarei fugindo até que me agarrem.

- De modo que Nicolas Angelovsky é algo assim como o instrumento da justiça

divina? Não acredito. Deus tem melhores métodos para castigar aos pecadores,

não precisa enviar a um príncipe russo médio louco em seu lugar. Por outra

parte enquanto não recorde o que aconteceu ou não me dê alguma prova,

 jamais acreditarei que você tenha matado a alguém. E aconteceria o mesmo

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Queria lhe dar sua bênção, lhe oferecer um conselho desinteressado, mas ele a

olhou fixamente com um olhar penetrante.

- De modo que é isso? Se tivesse querido substituir a Mary o teria feito faz anos.

Mas não posso imaginar que meu segundo matrimônio seja uma repetição do

primeiro. Isso eu não gostaria de nada.

Tasia se encolheu de ombros com falsa desenvoltura.

- Agora diz isso mas se te casar comigo te decepcionarei. Pode que não em

seguida mas ao cabo de um tempo… 

- me decepcionar? - repetiu Luke incrédulo - por que em nome do céu…? Não,

não me diga isso, me deixe pensá-lo um momento.Ao ver que ela tentava falar de todas formas, o impediu com um gesto. Era

importante esclarecer qualquer mal-entendido nisto e tentava encontrar a forma

de fazer o entender mas lhe parecia algo que estava por cima de suas forças.

Tasia era ainda muito jovem e via as coisas em branco e negro, tinha ideais e

não tinha aprendido ainda que o tempo trocava as coisas.

- Era quase um adolescente quando me casei com a Mary - disse ao fimescolhendo com cuidado as palavras - conhecia desde sempre. Primeiro fomos

companheiros de brincadeiras, depois amigos e por fim amantes. Nunca nos

apaixonamos, simplesmente nos deixamos levar até que chegamos a nos amar.

Estaria insultando sua memória se dissesse que não foi assim. Amávamo-nos

profundamente, passamos maravilhosos momentos juntos e me deu uma filha a

que adoro. Mas quando morreu converti em outro homem. Agora tenho outrasnecessidades. E você… 

Agarrou a mão da Tasia e a apertou com força olhando sua cabeça encurvada.

- Você trouxe para minha vida uma classe de paixão e de magia que não

conhecia. Sei que parecemos um com o outro. Quanta gente encontra sua alma

gêmea? passam-se a vida sem consegui-lo nunca. Por algum incrível milagre

você e eu estamos juntos.

interrompeu-se um momento.

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- Tenho-te feito mal? - perguntou o tranqüilamente.

Ela negou com a cabeça, cheia de confusão

- Não, mas eu gostaria de ficar a sós um momento. Preciso pensar.

- Tasia… 

- Por favor não me siga.

Ouviu-lhe jurar entre dentes enquanto ela se dirigia à porta. Uma vez fora

levantou a bainha da bata para não sujá-la com o barro.

O céu era veludo negro cheio de estrelas que se refletiam no lago. aproximou-se

do bordo, um grupo de juncos se moveu quando duas rãs, prudentes, saltaram

fora do alcance da intrusa. Tasia deu uma patada para assustar a qualquer outracriatura e se sentou no chão colocando os pés na água. Então começou a refletir.

Um homem apaixonado, o Marques do Stokehurst…Tasia se agarrou as pernas

com os braços e apoiou o queixo nos joelhos. Necessitava desesperadamente

que alguém a aconselhasse.

Recordou a conversação palavra por palavra perguntando-se se ele teria

acertado ao dizer que ela tinha tanto medo de resultar ferida que não entregarianunca seu amor a ninguém. Pensou nas pessoas a quem tinha amado. Seu pai,

sua mãe, seu tio Kirill, seu nodriza Varka. Tinha-os perdido a todos. Sim, tinha

medo. Já não ficava muito coração.

Recordou sua infância, seu desespero, sua solidão depois da morte de seu pai.

Sua mãe lhe tinha carinho mas sua principal preocupação era, e seguia sendo,

ela mesma. Maria não podia amar realmente a alguém mais. Quando erapequena, Tasia não o entendia e se acreditou indigna de inspirar amor.

Merecia-se ter uma oportunidade para encontrar a felicidade? Devia fazê - lo?

Não estava segura de qual era a resposta mas o que devia ao Luke caso que lhe

devesse algo?

Era um homem brilhante, inteligente, perfeitamente capaz de escolher e

confrontar as conseqüências. Queria casar-se com ela porque estava convencido

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de que seriam felizes juntos. Se ele tinha tanta fé nisso ela também tinha que

acreditá - lo um pouco.

Ele havia dito que a amava e Tasia estava confundida, não podia entender a

razão desse amor quando ela tinha tão pouco que oferecer. Entretanto se o

sentia sozinho uma pequena parte do prazer que sentia ela em sua companhia,

possivelmente isso fora suficiente.

Uniu suas mãos, fechou os olhos e começou a rezar.

Senhor não me mereço isto, dá-me medo ter esperanças, mas não posso evitá-lo. Desejo

 ficar.

- Desejo ficar - repetiu em voz alta.E soube que tinha encontrado a resposta.

Luke dormia deitado sobre as costas com a cabeça a um lado, despertou por

uma carícia em seu ombro nu e um murmúrio no ouvido.

- Desperte, milord.Acreditando que sonhava se moveu com um grunhido.

- Vêem conmigo - insistiu Tasia atirando do lençol que lhe cobria.

Ele bocejou e protestou:

- Onde?

- Aqui fora.

- Seja o que seja que quer fazer por que não o faz dentro?Ela riu tentando lhe levantar.

- Tem que te vestir.

Ainda meio dormido Luke se vestiu com muita dificuldade sem tomá-la

moléstia de calçar-se. Franzia o cenho desconcertado enquanto Tasia lhe

grampeava a camisa. Não lhe olhava e entretanto atuava com uma impaciência

pouco contida. Tirou-lhe do braço ao exterior da casa.

- Vêem - insistiu Tasia deslizando uma mão na sua.

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Ele queria lhe perguntar onde lhe levava mas parecia tão decidida que

renunciou e se limitou a segui-la. Rodearam o lago antes de entrar no bosque

estofado de folhas de pinheiro.

Luke se estremeceu ao pisar em uma pedra bicuda.

- Já chegamos? - perguntou.

- Quase.

deteve-se sozinho quando estiveram rodeados de árvores, o ar estava

impregnado de aroma de musgo, resina e terra. Algumas estrelas brilhavam

entre os ramos.

Luke se levou a surpresa de ver a Tasia voltar-se para ele, lhe abraçar pelacintura e ficar quieta apoiada nele.

- Tasia o que… 

- Shh. Escuta.

Luke obedeceu e, pouco a pouco, foi consciente dos sons. O ulular de uma

coruja, o bater de asas de um pássaro, o canto dos grilos, o rangido das árvores

e por cima de todo o som do vento entre as folhas. As árvores pareciam tocar-secomo se estivessem dançando, a música do bosque se elevava para o céu e ali se

mesclava com outros ritmos eternos.

Luke encerrou a Tasia entre seus braços, pôs o queixo em seu cabelo, sentiu-a

sorrir contra seu peito e se sentiu invadido por um grande sentimento de amor

e de paz. Ela tentou mover-se mas ele o impediu.

- Eu gostaria de te dar algo - disse ela lhe obrigando a soltá-la.Agarrou a mão do Luke.

- Toma - disse respirando com dificuldade.

- Um anel de homem!

- Pertenceu a meu pai, é o único que fica além de minhas lembranças.

Ao ver que Luke permanecia em silêncio o pôs no dedo mindinho.

- Já estejam contente - el o levava no dedo anelar mas essa mais pequeno que

você.

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Luke olhou um momento o formoso anel antes de olhar a Tasia tentando

dissimular o medo que lhe afogava.

- É um presente de despedida? - perguntou.

- Não.

Sua voz vacilava e os olhos lhe brilhavam como pedras de lua.

- Não. É para te dizer que sou tua. Por completo. Até o fim de meus dias.

Ele permaneceu um momento petrificado e logo abraçou a Tasia tão forte que

pareceu que a ia romper. Em vez de queixar-se ela riu com uma risada quase

selvagem que era um reflexo da intensidade de sua alegria.

- Será minha esposa!- Não vai ser fácil! - acautelou-lhe ela alegremente - Não demorará para querer

o divórcio.

- Sempre te põe no pior - protestou o.

- Não séria russa se não o fizesse.

Luke estalou em gargalhadas.

- Tenho o que me mereço, uma mulher ainda mais pessimista que eu.- Não, merece-te algo melhor que eu, muito melhor.

Ele a silenciou com um beijo.

- Não volte a dizer algo assim nunca. Amo-te muito para ouvir essas tolices.

- Sim milord - respondeu ela docilmente.

- Assim esta melhor.

Examinou mais atentamente o anel que ela acabava de lhe dar de presente.- Há uma inscrição O que significa?

Tasia elevou os ombros.

- Só uma frase que a meu pai gostava.

- diga-me isso

- Diz: “O amor é uma l}mina de ouro que se dobra mas não se rompe” 

Luke ficou quieto e logo abraçou a Tasia com uma infinita ternura.

- Prometo-te que te amarei sempre.

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Decidiram conceder um dia mais de descanso e Tasia foi feliz. Tinham selado

um compromisso, mas entre eles reinava uma sensação de descobrimento que

às vezes a punha nervosa.

Nunca antes tinha falado com total liberdade com um homem. Luke conhecia

seu passado, seus escuros secretos e, em vez de julgá-la, defendia-a de suas

próprias dúvidas e acusações. A Tasia custava acostumar-se a essa intimidade.

Entretanto não era incômodo, pensou dormitada ao despertar entre seus braços

a plena luz do sol. Era meio-dia e Luke a estava olhando. Quanto tempo paraque estava olhando-a dormir?

- Não chego a acreditar que esteja aqui, na cama contigo - murmurou ela - Estou

sonhando? Realmente estou tão longe de meu lar?

- Não, não estas sonhando e seu lar agora é a meu lado.

Fez que o lençol se deslizasse até sua cintura e lhe acariciou o peito.

- A meu tio Kirill não gostaria, não gosta dos ingleses.- Não me vou casar com seu tio Kirill. Por outro lado estou seguro que gostaria

dele muito se me conhecesse. Não tenho palácios mais te proporcionarei

comida e teto. E me arrumarei isso para que esteja tão ocupada que não te dê

conta da modéstia de seu entorno.

- Southgate é algo menos modesto - protestou Tasia com uma careta - Mas me

sentiria muito feliz se vivesse o resto de minha vida nesta casita sempre equando seu estivesse comigo.

- Isso é quão único desejas?

- Bom… 

Olhou-lhe entre as pestanas, provocadora.

- …Também eu gostaria de ter uns bonitos vestidos - confesou.

Ele rompeu a rir.

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- Tudo o que queira. Habitações inteiras cheias de formosos trajes, e suficientes

 jóias para pagar o resgate de um rei.

Desceu do todo o lençol para admirar seus quadris e suas largas pernas.

- Sapatos de pele de avestruz, meias de seda, pérolas como cinturão e um leque

de plumas de pavão.

- Isso é tudo? - perguntou ela divertida.

- Orquídeas brancas em seu corto - añadió o depois de pensar um momento.

- Certamente não passaria desapercebida.

- Mas eu te prefiro nua – continuou ele.

- Eu também.Tasia rodou até ficar em cima dele.

- É maravilhoso compartilhar a cama contigo - continuou ela apoiando os

cotovelos em seu peito.

interrompeu-se um momento antes de murmurar pensativa:

- Não esperava que eu gostasse tanto.

Luke lhe acariciava brandamente a curva das nádegas.- O que esperava?

- Acreditava que era mais muito mais agradável para um homem que para uma

mulher. Certamente não podia imaginar que me tocaria desse modo e… 

Baixou o olhar presa de um súbito acanhamento.

- Não sabia que…terei que mover-se tanto.

Luke se esforçou por controlar a risada que lhe subia à garganta.- Ninguém lhe tinha explicado isso?

- Bom, depois de meu compromisso minha mãe me disse que um homem e uma

mulher se “uniam” mas não me falou do que acontecia logo. Já sabe, todos esses

movimentos e… 

- E o prazer? - continuou ele enquanto ela se refugiava em um casto silêncio.

Ela assentiu de novo ruborizada, ele levantou seu queixo e a olhou diretamente

aos olhos.

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isso. A maioria da gente não se atreve a enfrentar-se a mim. Quando veio à

 biblioteca para me exortar tive vontades de te estrangular.

Ela sorriu ao lembrar-se de seu aborrecimento.

- Pensei que foste fazer o.

- Mas quando vi seus olhos me desafiando, quando senti seu coração pulsando

sob minha mão, desejei-te com uma violência que logo que pude conter.

- De verdade? - perguntou ela com uma risita de surpresa - Não tinha nem

idéia.

- Depois pensei no que me havia dito. Eu não gostei mas tive que reconhecer

que tinha razão. Necessito a alguém que possa me dizer, chegado o caso, quesou um asno.

- Posso me encarregar de fazê-lo.

- Perfeito! Teremos mas discussões, ainda serei arrogante e cabezota, seu me

arreganhasse, provavelmente protagonizaremos umas terríveis cenas. Mas

sobretudo não duvide nunca de meu amor.

Para desespero da Tasia, chegou o momento de pensar em voltar para oSouthgate Hall.

- Um dia mais - suplico Tasia enquanto se passeavam por uma verde pradaria.

Luke moveu a cabeça.

- eu adoraria, mas já nos ausentamos muito tempo. Tenho responsabilidades

que assumir e um matrimônio que preparar. Em meu interior já estamos

casados mas também eu gostaria que outros soubessem.Tasia franziu o cenho.

- vou casar me contigo e minha família não sabe. Sabem que estou viva mas

ignoram onde me encontro. Eu gostaria de poder lhes dizer que sou feliz e que

estou segura.

- Não pode fazê-lo, isso facilitaria as coisas ao Nicolas Angelovsky.

- Não te estava pedindo permissão - grunhiu Tasia molesta por sua negativa -

só estava dizendo o que pensava.

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- Bom pois esquece-o imediatamente - ordenou ele - Não penso me passar a

vida esperando que Angelovsky apareça na porta de minha casa e em tão não

tenha encontrado uma solução ao problema sua identidade deve permanecer

em segredo e não é questão de que te comunique com sua família.

Tasia lhe apartou a mão.

- Não pode me falar como se fora um de seus criados, a menos que esse seja o

costume dos maridos ingleses para dirigir-se a suas algemas.

- Só estava pensando em ti - se desculpou Luke.

de repente parecia dócil como um cordeiro mas Tasia não se deixou enganar.

por agora o dominava seu instinto de dominá-la mas assim que estivessemcasados ela se converteria legalmente em propriedade dela igual ao eram seus

cavalos. Não seria fácil lhe fazer trocar mas estava desejando recolher a luva.

O primeiro que fizeram ao chegar ao Southgate Hall foi ir procurar a Emma

para lhe comunicar seus planos. Assim que lhes viu, com o Luke agarrando a

Tasia pela cintura, compreendeu-o tudo.Tasia esperava que a menina ficasse contente, mas a explosão de alegria da

Emma ultrapassou de longe suas expectativas. Ficou a dançar pelo vestíbulo

rindo e dando gritos e abraçando-se ao pescoço de todos os que aconteciam seu

lado. Sansón se uniu a ela dando saltos ao redor de sua ama dando sonoros

latidos.

- Sabia que voltaria! - gritou Emma precipitando-se sobre a Tasia com tantaenergia que estiveram a ponto de cair dos - sabia que diria que sim a papai.

Veio para ver-me a manhã de sua partida e me disse que íeis casar lhes embora

seu não soubesse ainda.

- Sim? - perguntou Tasia séria franzindo o cenho.

Luke simulou não dar-se conta de sua expressão e se concentrou no Sansón que

dava voltas sobre o tapete do Oriente enchendo a de cabelos.

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- Como é possível que cada vez que entro nesta casa encontro a esta condenada

 besta?

- Sansón não é uma besta - se indignou Emma à defensiva - é parte da família. E

a partir de agora também o é miss Billings - acrescentou alegremente - vamos

ter que procurar outra professora? Nunca haverá outra que eu goste tanto como

ela.

- Mas é necessário. Miss Billings não pode ser de uma vez lady Stokehurst e seu

professora.

Luke olhou furtivamente a Tasia para medir suas forças.

- cairia de cansaço ao cabo de uma semana - concluiu.Embora não fez nenhuma alusão ao sexo, Tasia se ruborizou ao recordar o

muito que suas duas noites de amor a tinham esgotado. Luke sorriu como se

tivesse lido seus pensamentos.

- Agora já não é uma empregada, deveria pedir à Mrs Knaggs que te instale em

um dormitório de convidados.

- o que tinha esta bem - murmurou Tasia- Não para minha prometida.

- Mas eu não… 

- Emma - cortou Luke - escolhe uma habitação para miss Billings e lhe peça ao

Seymour que leve ali suas coisas. Avisa para que ponham outro talher na mesa

de jantar. A partir de hoje miss Billings comerá conosco.

- Sim papai!A menina se afastou dando saltos com o Sansón nos talões.

Tasia se voltou para o Luke um pouco preocupada.

- Espero que não tenha a intenção de me visitar esta noite - sussurrou com

firmeza.

O sorriu com um brilho travesso em seus olhos azuis.

- Já te disse que eu não gostava de dormir sozinho.

- Nunca ouvi anda mais escandaloso!

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Empurrou-lhe quando o deslizou um braço ao redor de sua cintura.

- Milord! Nos vão ver os criados.

- Embora dormíssemos cada qual em sua habitação todos pensassem que

estamos juntos, de modo que é melhor aproveitar - disse. Se formos discretos

ninguém pensará mau.

- Eu sim! - protestou Tasia completamente indignada - eu…eu não…não farei o

amor contigo sob o mesmo teto que sua filha, seria a pior das hipócritas quando

lhe desse lições de moral. A porta de minha habitação permanecerá fechada até

o dia das bodas.

Compreendendo que ela não ia trocar de opinião, Luke ficou imóvel e seolharam desafiantes. Depois se deu a volta e se foi dando grandes pernadas.

- Onde vai? - perguntou Tasia presa de um repentino temor.

E se o trocava de opinião?

- A preparar um matrimônio - grunhiu Luke - E não demorarei pode acreditar.

Capitulo 7

Nos dias seguintes se viram muito pouco, Luke se passava quase todo o tempo

arrumando a cerimônia que se celebraria na capela do castelo e de noite voltava

para o Southgate Hall para pôr à corrente a Tasia. Ela nunca sabia de que

humor o ia encontrar já passava da ternura à agressividade, às vezes a tratava

como se fora uma boneca de porcelana lhe murmurando ao ouvido palavras deamor, mas outras a apanhava contra a parede e se comportava com ela como se

fora um marinheiro de licença com uma rameira do porto.

- Irei a sua esta habitação noite - declarou ele um dia depois de um episódio

especialmente apaixonado em um escuro rincão.

- Jogarei o ferrolho.

Ele colocou uma perna entre as dela e se apoderou de seus lábios.

- Tasia - grunhiu contra sua boca - Te desejo, desejo-te tanto que me dói.

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Agarrou-lhe a mão e a dirigiu a seu sexo inflamado. Ela perdeu por um

momento a noção do tempo enquanto se beijavam com paixão.

- Temos que parar! - disse ela ao fin - isto não esta bem.

- Esta noite! - insistiu.

Tasia se separou do um pouco sentida saudades ao dar-se conta de que os

 joelhos apenas a sustentavam.

- Não virá a minha habitação - se negou isso - nunca lhe perdoaria isso.

Toda a paixão contida do Luke estalou em uma explosão de ira.

- Maldição! Que diferença pode haver entre hoje ou dentro de dois dias?

- Que então estaremos casados.- Antes aceitava compartilhar minha cama!

- Não era o mesmo, então acreditava que nunca voltaria a verte. Agora vou

ocupar um lugar nesta casa e não quero perder o respeito de sua filha e de seus

criados me comportando como alguém ramera - declarou ela com firmeza sem

deixar dúvidas sobre sua determinação.

Entretanto Luke não tinha intenções de renunciar, trocou de tática e começou aadulá - la.

- Todos lhe adoram e lhe respeitam querida e eu mais que ninguém. Necessito-

te, desejo te fazer o amor, te fazer feliz, te dar agradar… 

Tasia, prudente, viu-lhe aproximar-se mais mas quando o fez um gesto rápido

para agarrá-la, ela deu um salto mas depressa ainda ficando fora de seu alcance.

- Por Deus! - trovejou o enquanto ela se afastava rapidamente.- E não me siga! - gritou ela.

Ao dia seguinte pela manhã, quando o entrou no comilão, Tasia, sentada na

grande mesa de carvalho, olhou-lhe com um sorriso de dúvida. Ele despediu da

donzela que estava tirando os pratos.

- Bons dias - disse o voltando a ser o aristocrata impassível, dono de suas

emoções - Posso me unir a ti?

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antes de que ela pudesse responder ele já se sentou a seu lado.

- Vou a Londres dentro de uns minutos, mas tenho que te fazer antes duas

perguntas.

- Muito bem milord - respondeu ela com a mesma seriedade.

- Estaria de acordo em que os Ashbourne façam de testemunhas nas bodas?

- eu adoraria.

- Perfeito. Também preciso saber se… 

Luke titubeou, roçando o joelho da Tasia.

- Sim? - animou-lhe ela brandamente.

- Sobre a aliança… me perguntava se esta você gostaria. Abriu a mão e ensinou um pesado anel de ouro, ela o agarrou com cuidado e

admirou o desenho de letras e rosas gravadas na polida superfície que ainda

conservava o calor do Luke.

- É uma jóia da familia - explicou o - mas ninguém a levou há gerações.

Luke a observava enquanto ela brincava com o anel entre seus finos dedos,

acariciando as flores.- Para os ingleses – continuou ele - as rosas são símbolo de secreto. Antigamente

ficava uma rosa em cima da mesa para assegurar-se de que tudo o que se

dissesse seria confidencial.

De repente Tasia acreditou ver uma mulher e um homem em uma cama, a

mulher oferecia seus dedos e o homem lhe punha a aliança. Ele era moreno,

com barba e seus olhos eram azuis. A imagem desapareceu e Tasia fez umacareta de diversão.

- Seu antepassado William a deu a sua amante verdade?

Luke sorriu.

- Dizem que a amou desde que a viu até o dia de sua morte. Mas o entenderei

perfeitamente se preferir outro anel possivelmente com pedras preciosas. Este

esta passado de moda e… 

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- Esperava que diria isso - disse Luke pondo o braço no respaldo da cadeira da

Tasia - me perdoe pelo de ontem - prosseguiu - Não é fácil para mim te ter tão

perto e não poder te levar a minha cama.

Tasia baixou os olhos.

- Tampouco é fácil para mim - confessou.

Invadida por um súbito desejo, aproximou-se um pouco mas ao com os lábios

entreabiertos. depois de sua briga tinha dormido fatal. Só em sua habitação

desejou seus beijos e o calor do corpo do contra o seu.

Luke retrocedeu sorrindo.- Não pequena, acenderia um fogo que não quer apagar.

levantou-se e agarrou de novo a aliança mostrando-lhe vitorioso.

- Mas assim que te tenha posto este anel no dedo te terei tantas vezes como

quero, prometo-lhe isso.

A habitação que Emma escolheu para a Tasia era uma das mas bonitas doSouthgate Hall, com uma cama com dossel de seda cor pêssego e grandes borlas

douradas. Emma estava tombada sobre o tapete diante de um prato de bolos

que tinha escamoteado da cozinha e dos quais também se estava aproveitando

Sanson. O cão se lambia as fauces, feliz por sua boa sorte.

Tasia, sentada em uma poltrona, estava costurando a manga de uma camisa de

homem. Começou a rir ao ver o focinho coberto de açúcar do Sanson.- Crie que é bom que lhe dê tantas guloseimas? - perguntou - não acredito que o

seja, nem para ele nem para ti tampouco.

- Sempre tenho fome, quanto mas cresço mas fome tenho - suspirou Emma

cruzando suas magras pernas - a vezes acredito que nunca terminarei de

crescer. Espero que o estrangeiro com o que me vou casar seja muito alto. Deve

ser horrível que alguém seja mais alta que seu marido.

- Para ti será perfeito independentemente de sua altura - disse Tasia.

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Emma começou a folhear uma revista de mulheres comentando as imagens da

moda do próximo outono.

- O verde escuro vai fazer furor este ano - disse mostrando a revista a Tasia para

que o visse - tens que ter um vestido como este, com o festão abaixo e as cintas

nos punhos. E uns botas de cano longo da mesma cor.

- Não acredito que essa cor fique bem.

- Sim! - protestou Emma - Além qualquer cor lhe sentaria bem depois de tão

negro e cinza.

Tasia riu.

- Eu gosto de muito o rosa - disse sonhadora - um rosa muito pálido, quase branco. Não há nada mais formoso que as pérolas rosas.

A jovencita voltou as folhas rapidamente.

- Vi algo para o final…Um vestido de noite que seria fant{stico… 

de repente se interrompeu olhando a Tasia entrecerrando os olhos.

- O que acontece? - pergunto esta.

- Só pensava…Como a vou chamar a partir de agora? Miss Billings éimpossível. Milady é muito formal. Pró não tem idade para ser minha mãe e

não acredito que pudesse chamá - la mamãe não?

Tasia, enternecida, deixou seu trabalho.

- Não - disse brandamente - Sua mãe é Mary e sempre o será embora esteja no

Céu. Seu pai nunca a esquecerá e você tampouco. Eu serei a nova esposa de seu

pai mas nunca a substituirei, ela conservará seu lugar do mesmo modo que euterei o meu próprio.

Emma assentiu com a cabeça, tranqüilizada, e se aproximou da poltrona da

Tasia.

- Às vezes, quando estou sozinha, digo a mim mesma que ela me está olhando

escondida detrás de uma nuvem Acredita que possa nos ver daí acima?

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- Sim - respondeu gravemente Tasia - se o Paraíso for realmente um lugar de

felicidade e paz, realmente é possível. Sua mãe seria muito infeliz se não

pudesse ver se por acaso mesma que estas bem.

- Ela sabe que você esta aqui e está muito contente miss Billings, estou segura.

Possivelmente inclusive foi ela quem a ajudou a nos encontrar. Não gostaria

que papai ficasse sozinho.

Tasia se deu a volta e Emma exclamou preocupada:

- Miss Billings! Zanguei-a?

Tasia esboçou um tremente sorriso.

- Não, só me emocionaste antes de depositar um beijo no avermelhado cabeloda menina - Tenho que te dizer uma coisa Emma…não me chamo miss Billings. 

- Sei, chama-se Tasia.

- Como sabe? - se estranho Tasia.

- A outra noite, depois do jantar, papai a chamou assim quando eu ia. E não me

surpreendeu porque sempre pensei que era algo mais que uma professora.

Agora já pode me dizer a verdade Quem é você?Tasia sorriu ao ver os olhos azuis da menina cheios de curiosidade.

- Meu verdadeiro nome é Anastasia Kaptereva. Nasci na Rússia e tubo que

abandonar meu país para me esconder na Inglaterra porque estava implicada

em um mau assunto.

- Fez você algo mau? - perguntou Emma com incredulidade.

- Não sei. Por muito estranho que possa parecer não recordo muito e prefironão te dizer nada mais. Simplesmente deve saber que foi uma época de minha

vida espantosa, mas seu pai me convenceu para que a esqueça.

Emma a agarrou da mão.

- Posso ajudá-la?

- Já o tem feito - disse Tasia apertando afetuosamente a mão de Sua menina e

seu pai me destes a bem-vinda em sua família e isso o melhor que podia me

haver passado.

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- Sigo sem saber como devo chamar-a - disse Emma com entusiasmo.

- por que não me chama “belle mamam” em francês? - sugeriu Tasia

- “Belle” quer dizer bonita verdade? Então o farei, é um nome perfeito. 

- Se tivéssemos tido tempo de te fazer um verdadeiro vestido de bodas! - gemeu

Alicia ajudando a Tasia a deveria levar um traje novo e não um velho de meus.

Tinham arrumado um vestido cor marfim da Alicia mas o resultado não era

perfeito de tudo.

- Ao menos te casará de branco - acrescentou.- Em meu caso o branco é discutível - disse Tasia - deveria levar melhor um

vermelho. Um escarlate como as mulheres alegres.

- Prefiro ignorar esse comentário.

Alicia estava pondo rosas no penteado de sua prima.

- Não se sinta culpado por haver…né…tido um deslize com o Luke querida. A

maioria das mulheres tivessem feito o mesmo ao cabo de cinco minutos de estarcom ele. É um homem irresistível…a menos que alguém esteja casada com o

Charles, evidentemente.

Alicia fez como se não visse que Tasia se ruborizava e continuou com tom

ligeiro:

- É curioso, a primeira vez que lhe vi eu não gostei de nada.

- Não? - sentiu saudades Tasia.- Suponho que estava ciumenta da admiração sem limites que sentia Charles

pelo. Em seu círculo de amizades, todos diziam coisas boas do Luke e contavam

suas últimas anedotas. Nenhum desses cavalheiros fazia nada sem lhe

perguntar ao Luke sua opinião, inclusive se se tratava de cortejar a uma mulher.

Quando lhe conheci me disse: “É um homem mimada e egocêntrico, Por Deus

O que vêem no todos eles?” 

Tasia riu.

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- E que te fez trocar de opinião?

- Dava-me conta de que era um marido maravilhoso. Realmente notável. Com a

Mary, Luke se mostrava atento e carinhoso, uma atitude que aos homens não

gosta de ter por medo de que lhes faça parecer fracos ante seus amigos. E nunca

olhava a outra mulher apesar de que muitas delas se teriam arrojado a seu

pescoço de boa vontade. Além disso, acabe por descobrir também sua fortaleza

de car{ter sob a aparente arrog}ncia. Logo ocorreu o acidente… 

Alicia moveu a cabeça ao recordar o desgraçado sucesso.

- Perder a Mary e ver-se mutilado era suficiente para converter-se em alguém

amargurado que se compadecia de se mesmo. Isso era o que Charles se temiaquando foi ver lhe pela primeira vez depois da desgraça “Stokehurst nunca ser{

o mesmo” me disse antes de ir.  Mas Luke pelo contrário se fez mais forte.

Confessou ao Charles que não tinha intenções de perder o tempo tendo piedade

de si mesmo e que tampouco queria a compaixão de ninguém. Honraria a

memória da Mary lhe dando a Emma uma infância feliz e lhe ensinando que os

defeitos físicos não são importantes que só importa o interior das pessoas.Charles voltou para casa com lágrimas nos olhos e dizendo que admirava ao

Luke mas que ninguém neste mundo.

- por que me está contando tudo isto? - perguntou Tasia com a voz rota pela

emoção.

- Evidentemente para te dizer que aprovo o que tem feito querida, nunca te

arrependerá de te haver casado com o Luke.Incômoda, Tasia se voltou para ver seu penteado no espelho evitando olhar

seus próprios olhos cheios de lágrimas.

- Durante muito tempo só pude pensar nos Angelovsky e no terrível crime que

possivelmente cometi. Não sei quais o que sinto por lorde Stokehurst mas se

souber que confio mas que em nenhuma outra pessoa.

- Esse é um bom começo.

Alicia retrocedeu para ver melhor a Tasia.

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- Encantadora! - disse.

Tasia se tocou o penteado.

- Quantas rosas há?

- Quatro.

- Pode acrescentar uma mas?

- Temo - me que não há sítio.

- Então tira uma por favor, só posso levar três ou cinco.

- por que? Ah sim! Como pude esquecê - lo?

Alicia sorriu ao recordar o costume russo.

- Um número ímpar de flores para os vivos e um número par para os mortos.Olhou o enorme ramo que Tasia ia levar até a capela.

- Quer que conte também estas flores?

Tasia sorriu agarrando o ramo

- Já não há tempo. Suponhamos que o número é o correto.

- Graças a Deus! - exclamou Alicia de todo coração.

Apesar da solenidade do momento a Tasia entraram vontades de rir ao ver o

Sanson esperando pacientemente na porta da capela, tinham-lhe pacote a um

do bancos do final para que não incomodasse durante a cerimônia e olhava ao

reduzido grupo reunido em torno do altar com uma dignidade completamente

inesperada. Sem dúvida estava contagiado pelo ambiente de recolhimento já

que só se movia de vez em quando para tentar livrar-se da grinalda de flores brancas que Emma lhe tinha posto no colar.

A pequena capela cheirava a fechado mas a luz dos candelabros fazia que a

pedra e a escura madeira brilhassem brandamente assou como os rostos das

estátuas dos Santos.

Tasia se sentia extranhamente relaxada enquanto, de pé ao lado do Luke com os

Ashbourne a sua esquerda e Emma a sua direita, repetia os votos com uma voz

que não parecia a sua.

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Parecia-lhe singela e intima comparada com a interminável celebração que

tivesse tido que suportar em São Petersburgo. Se se tivesse casado com o

Mikhail Angelovsky, o teria feito diante de um milhar de convidados e um

 bispo ortodoxo teria presidido a cerimônia. Teria levado um vestido de brocado

 branco, peles e uma coroa de prata a jogo com a coroa de ouro do Mikhail. Teria

havido uma procissão diante do altar e os Angelovsky teriam exigido que

Mikhail levasse o símbolo tradicional da autoridade matrimonial: um látego de

prata. teria se visto obrigada a ajoelhar-se para beijar o desço do traje de

cerimônia de seu futuro marido como último gesto de submissão. Mas todo isso

tinha ficado atrás junto com um rastro de sangue e de mentiras. Agora estavalonge de sua pátria intercambiando as promessas de matrimônio com um

estranho.

Luke a tinha firmemente agarrada da mão enquanto pronunciava as palavras

que os uniriam até que a morte os separasse, e quando ela levantou a cabeça e

olhou seus olhos tão azuis, voltou para a realidade. Os últimos vínculos com o

passado se romperam de tudo quando notou a aliança no dedo.sentiu-se assaltada pelo pânico justo antes de que Luke pusesse sua boca na

dela em um beijo duro e breve.  A partir de agora é minha queria dizer.  Agora e

 para sempre. Nada poderá nos separar nunca.

Quando lorde e lady Stokehurst fizeram sua aparição, os criados lhes

aclamaram. Luke lhes tinha dado o dia seguinte livre e tinha proporcionadovinho e comida para uma noite inteira de festa. A gente do povo veio com seus

instrumentos musicais para participar da festa e todos foram felicitar aos recém

casados com uma sinceridade que emocionou a Tasia.

- Que Deus a benza milady - gritavam as donzelas - que Deus lhes benza a você

e a milord.

- Nunca tinha visto uma noiva mais encantadora - exclamou Mrs Plunkett com

lágrimas nos olhos.

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- É um dia feliz para o Southgate Hall - acrescentou Mrs Knaggs.

O primeiro brinde o fez o senhor Orrie Shipton, o prefeito do povo. Levantou

seu copo em alto completamente avermelhado e dando-se importância.

- Pela marquesa do Stokehurst! Que sua doçura e gentileza embelezem esta casa

por muitos anos e que encha Southgate Hall de herdeiros.

Para regozijo dos pressente, Luke se inclinou para beijar a sua ruborizada

esposa. Ninguém ouviu o que lhe murmurou no ouvido mas suas bochechas

avermelharam ainda mais.

Tasia não demorou para retirar-se acompanhada do Mrs Knaggs e lady

Ashbourne enquanto Luke ficava perto de sua gente ao lado de um Charles tãoradiante como se fora o responsável por esse matrimônio.

- Sabia o que faria o correto - disse a seu amigo a meia voz enquanto estreitava

calorosamente a emano - sabia que não podia ser o canalha sem escrúpulos que

dizia Alicia. De fato te defendi acaloradamente quando te chamou porco

pretensioso e lhe disse que estava exagerando. Quando disse que foi um

arrogante sem coração lhe disse simplesmente que isso era falso. E quandocomeçou a falar de sua cabeça torcida, de seu egoísmo… 

- Obrigado Charles cortou Luke com bom humor - É muito agradável ter um

defensor de seu calibre.

- Deus Stokehurst, que dia mais formoso! - exclamou Charles assinalando a

alegre reunião - Quem tivesse imaginado o dia que lhe presente a Tasia que

ocorreria algo assim? Quem houvesse dito que Emma a agarraria tanto carinhoe que seu mesmo te apaixonaria por ela? Devo te dizer que me felicito por… 

- Nunca te hei dito que estivesse apaixonado por isso - disse Luke levantando

uma sobrancelha.

- Temo-me que é evidente amigo. Conhecendo o que opina do matrimônio não

te tivesse casado se não a amasse. E não te tinha visto assim de feliz do colégio.

Charles riu.

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- Mas eu não gostaria de estar em seu lugar quando a presentes em Londres.

Custará-te muito manter aos homens se separados de sua mulher. Pergunto-me

com quem terá mais problemas se com os jovens dandys ou com os velhos

sedutores. Tasia possui uma espécie de mistério que lhe falta à maioria das

inglesas e sua p{lida pele e seu cabelo negro… 

- Sim - cortou Luke sombrio.

Charles tinha razão, a juventude da Tasia e sua exótica beleza faziam dela o

sonho de muitos homens, Luke estava ciumento e era um sentimento muito

desagradável. Recordou o fácil e cômodo que era com a Mary, nada de tombos

do coração nem nada de ciúmes, só a cumplicidade de dois velhos amigos.Charles lhe olhou de forma penetrante.

- É muito diferente não? - perguntou com essa franqueza algo brusca que

gostava de mostrar nos momentos importantes - confesso que eu não saberia

como me comportar se tivesse que começar de novo sobre tudo com uma

esposa tão jovem. Tasia não tem nem idéia do que viveste, e entretanto, ver o

mundo através de seus olhos deve ser como vê-lo de novo pela primeira vez. Ete invejo por isso. Como se diz “a juventude nos traz o amor e as rosas e a

velhice deixa aos amigos e o vinho” 

Charles levantou seu copo.

- Um bom conselho - continuou - aproveite desta segunda juventudeStokehurst, e me deixe a meu o prazer do vinho

A luz era suave quando Luke entrou na habitação onde lhe esperava Tasia,

sozinho, vestida com uma camisola debruada com encaixe e o cabelo caindo

como uma nuvem frisada sobre suas costas. Era tão formosa, tão jovem, tão

inocente!

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Luke viu o brilho do ouro em seu dedo e o que esse anel significava-lhe

conmocionó. Nunca tinha desejado tanto lhe fazer o amor a uma mulher e era

feliz. A imensa felicidade que sentia, proporcionava-lhe ao mesmo tempo a

estranha sensação de ser vulnerável, humilde e humano.

- Parece um anjo vestida de branco, lady Stokehurst - disse abraçando-a.

- Alicia me disse - respondeu isso ela lhe olhando com seus luminosos olhos de

galo.

- Encantador - murmurou o.

Ela parecia preocupada.

- Tenho algo importante que lhe dizer milord.- Sim?

Luke estava jogando com as largas mechas enquanto esperava a que ela

continuasse. Tasia lhe pôs uma mão no peito.

- Sabia que esta noite compartilharíamos sua habitação mas devo te dizer as

instruções que dei ao Mrs Knaggs: a partir de manhã eu gostaria que

tivéssemos habitações separadas.Luke levantou as sobrancelhas, a idéia lhe parecia absurda.

- Não me casei contigo para dormir revisto - replicó.

- É obvio, pode me visitar quando quieras - continuou ela com um sorriso dúbio

pais o faziam assim e os Ashbourne também. É mais adequado e Alicia afirma

que na Inglaterra é muito freqüente.

Luke a olhava em silêncio, evidentemente muitos tratados sobre a vidamatrimonial e muitas revistas femininas recomendavam ter habitações

separadas, mas ao Luke dava igual como vivessem outros. No que ao concernia,

que lhe condenassem se passava uma só minuto de suas noites separado da

Tasia com a desculpa de levar uma forma de vida “adequada”. 

Apertou-a um pouco mas forte contra ele.

- Desejarei - te todas as noites Tasia, e eu não gosto de muito a idéia de “visitar”

minha esposa. Não crie que é mais fácil compartilhar a mesma habitação?

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- Não se trata de que seja mas fácil - disse ela rapidamente - se compartilharmos

a habitação todos saberão que dormimos na mesma cama.

- Que horror! - exclamou o fingindo estar escandalizado.

Levantou-a, levou-a até a cama e a deixou cair em meio da colcha de seda cor

marfim. Tasia estava contrariada pela expressão zombadora do.

- Estou falando de decência.

- Escuto-te.

Isso não era de tudo certo já que o estava jogando com seu corpo e ela começou

a balbuciar sem saber muito bem o que queria lhe dizer. Quando a boca do

Luke encontrou a ponta de seu peito através do encaixe, sobressaltou-se eemudeceu.

- Contínua - disse o lhe tirando a camisola - Me dizia algo sobre a decência.

Ela se limitou a gemer brandamente lhe atraindo para ela e esquecendo

qualquer pensamento sobre habitações separadas quando o lhe demonstrou

sem palavras porque só necessitariam uma cama.

Tasia se tinha casado com o Luke com a esperança de encontrar a paz que lhe

faltava desde por volta de um ano e só desejava uma vida tranqüila e aprazível.

Logo descobriu que seu marido tinha outras idéias na cabeça, começou a falar

de levá-la a Londres embora ela protestou ante a idéia de deixar a Emma.

- Meus pais virão a casa - disse Luke convexo na cama enquanto olhava a Tasia

escová - la larga cabeleira - Minha filha entende perfeitamente que precisamosestar sozinhos um tempo para nos acostumar o um ao outro. Além disso adora

atormentar a minha mãe.

- Fará tolices - advirtiu Tasia intranqüila por ter que deixar a uma adolescente

aos cuidados dos criados e seus anciões avós.

Luke lhe sorriu através do espelho.

- Nós também.

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A Tasia adorou a mansão londrino dos Stokehurst, uma vila de estilo italiano ao

 bordo do Támesis com três torres bicudas e pitorescas galerias cobertas. Ao

proprietário anterior gostava tão do som da água que tinha posto fontes e

estátuas em muitas dependências.

- Parece que está desabitada - fez notar Tasia indo de habitação em habitação.

Apesar de sua elegância, à casa faltavam esses adornos e pequenos detalhes que

lhe tivessem dado personalidade própria.

- Ninguém pode saber quem é o dono - continuou.

- Comprei-a quando a outra ficou destruída no incêndio - explicou Luke -

Emma e eu vivemos aqui um tempo, teria que ter contratado alguém para que adecorasse.

- por que não viviam no Southgate Hall?

- Muitas lembranças - respondeu ele encolhendo os ombros - pela noite

despertava esperando… 

- Encontrar a Mary a seu lado? - perguntou ela ao ver que ele não terminava a

frase.Luke se deteve em metade do saguão circular com chão de mármore e fez que

Tasia se desse a volta.

- Você molesta quando falo dela?

Tasia apartou uma mecha de cabelo da frente de seu marido e sorriu com

ternura.

- É obvio que não. Mary forma parte de seu passado e eu sou feliz sendo a quedorme a seu lado cada noite.

Os azuis olhos dele estavam obscurecidos e sua expressão era indecifrável

quando a agarrou pelo queixo.

- Farei-te muito feliz.

- Sou… - começou Tasia.

- Não o bastante. Ainda não.

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passou-se as duas primeiras semanas levando-a para ver Londres, dos lugares

da ocupação romana até o Mayfair, Westminster e St James. Montaram em

magníficos puro sangues nos formosos passeios do Hyde Park, percorreram

Covent Garden e seu mercado coberto e se detiveram ver um espetáculo de

teatro de fantoches. Tasia sorriu ao ver as duas marionetes dando-se golpes com

um fortificação mas não chegou a compartilhar a buliçosa alegria do resto dos

espectadores. Decididamente os ingleses tinham um curioso senso de humor, já

que se divertiam com estúpidas manifestações de violência que pareciam estar

nas antípodas de seu temperamento civilizado.

 Já que o espetáculo a aborrecia, atirou da manga do Luke para lhe levar para ospostos de flores e de brinquedos.

- Parece como se estivéssemos no Gostinny Dvor - exclamou antes de rir ao ver

a expressão confundida do Luke - É uma espécie de mercado que há em São

Petersburgo onde os postos ficam em filas igual a aqui. Este sítio lhe parece

muito, salvo que em Londres não há vendedores de ícones.

Luke sorriu, evidentemente Tasia pensava que um mercado onde não sevendiam ícones não merecia a pena

- Necessita mas ícones? - perguntou

- Nunca se deixam suficientes. Traz sorte. Algumas pessoas levam um sempre

no bolso. Eu gostaria que seu tivesse um - añadió séria - nunca se tem suficiente

sorte.

- É você quem me traz sorte - disse ele agarrando a pequena mão na sua.Foram a um alfaiate do Regent Street, o senhor Maitland, e a Tasia gostou de

muito seus modelos de linhas simples e puras. Os volantes e as cintas não

gostava muito. Custou-lhe muito conter sua excitação quando se viu sentada

em uma cadeira dourada diante de uma mesa coberta de desenhos de moda e

de amostras de tecidos.

- Antes eu sempre tinha vestidos franceses - disse provocando sem querer uma

virulenta resposta.

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- Os alfaiates franceses! - exclamou o senhor Maitland com um gesto de

profundo desprezo procurando alguns desenhos que ensinou a Tasia - recortam

as saias, aumentam os decotes, acrescentam alguns adornos, colocam-no tudo

em um banheiro de cor magenta gritã…e apesar disso  milhares de inglesas

sonham vestindo-se em Paris! Mas você lady Stokehurst será a elegância

personificada com os vestidos que nós criaremos para você. Não quererá nunca

mas ter vestidos franceses.

inclinou-se, radiante, para ela com gesto conspirador.

- Estará tão deslumbrante que lorde Stokehurst nem sequer olhará o preço.

Tasia olhou de esguelha a seu marido o qual estava sentado em umaconfortável poltrona enquanto duas jovens vendedoras se ocupavam de sua

comodidade. Alguém lhe levou um café enquanto a outra o movia

cuidadosamente até desfazer todo o açúcar. Molesta ao ver as duas mulheres

dando voltas ao redor do Luke, Tasia lhe olhou franzindo o cenho e ele

respondeu encolhendo-se de ombros com inocência.

Tasia tinha notado que as mulheres se sentiam cativadas pelo escuro muitoatrativo seu marido. No transcurso de uma pequena recepção que deram os

Ashbourne, assim que passavam perto do Luke lhe lançavam olhadas atrevidas.

Ao isso princípio divertiu a Tasia mas não demorou para ferver por dentro.

Não importava que Luke não fizesse nada para as animar, de todas formas

odiava ver todas essas damas dando voltas ao redor de seu marido. Lhe dava

vontade de ir atrás dela para as apartar.Alicia se aproximou e lhe pôs amigavelmente um braço nos ombros.

- Estas fuzilando a meus convidados com o olhar Tasia. Hei-te convidado para

que faça amigos mas essa não é a melhor forma de consegui-lo.

- Estão tentando roubar meu marido - respondeu Tasia zangada.

- Pode, mas elas tiveram sua oportunidade durante anos e ele não se fixou

nelas. Não cria que ele não se dá conta de sua reação, prima. Luke é

perfeitamente capaz de se divertir ficando ciumenta.

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- Ciumenta! - repetiu Tasia indignada e sinceramente surpreendida - eu não

estou… 

interrompeu-se ao dar-se conta de que a cólera que a invadia estava

precisamente provocada pelo ciúmes. Pela primeira vez se deu conta de que

Luke lhe pertencia e se passou o resto da velada pega ele, dirigindo às mulheres

que tinham a coragem de simplesmente olhar em sua direção, um frio gesto

com a cabeça.

Ao recordar esse episódio decidiu que já era hora de que levasse uns vestidos

tão espetaculares que Luke não poderia separar o olhar dela.

Apoiou a mão no braço do senhor Maitland quem lhe estava mostrando masdesenhos.

- Tudo é precioso - disse isso - tem você muito talento.

O alfaiate avermelhou de prazer, fascinado pelos olhos de gato de seu nova

cliente.

- Sentiria-me muito honrado se pudesse fazer justiça a sua beleza lady

Stokehurst.- Não quero me parecer com ninguém senhor Maitland. Eu gostaria que criasse

um estilo só para mim. Algo um pouco mas exótico que o que acaba de me

mostrar.

Entusiasmado com essa idéia, o senhor Maitland pediu a uma empregada que

lhe trouxesse um caderno de desenho sem usar.

Passaram um momento discutindo os detalhes enquanto bebiam chá e Luke nãodemorou para cansar do ambiente da loja e das fastidiosas descrições de tecidos

e modelos. Levou a Tasia à parte.

- Incomodaria-te que te deixasse aqui um momento?

- Absolutamente. Ainda demoraremos horas.

- Não terá medo?

A Tasia emocionou sua preocupação, sabia o quanto ela temia que Nicolas a

encontrasse, de modo que as arrumava para não deixá-la nunca só em público.

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Sua casa estava cuidadosamente protegida com cercas e cadeias, e os criados

tinham recebido instruções respeito a qualquer desconhecido que se

aproximasse da mansão. Quando Tasia desejava sair a acompanhavam dois

lacaios e um chofer armado. E, além disso, continuava fazendo-se passar pela

Karen Billings. Além da Emma e os Ashbourne, todo mundo acreditava que era

uma professora que tinha tido a grande sorte de casar-se com um Stokehurst.

Com estas precauções Tasia já não tinha nenhuma razão para preocupar-se com

o Nicol{s Angelovsky….entretanto seu medo secreto seguia estando aí. 

Sorriu ao Luke.

- Aqui estou segura, vá-te e não se preocupe por mim.Seu marido lhe deu um beijo na frente.

Quando Tasia e o alfaiate ficaram ao fim de acordo em vários modelos estavam

tampados por uma montanha de seda, veludo, merino e popelín. O senhor

Maitland olhava a Tasia com uma admiração não dissimulada.

- Quando ficar estes trajes, lady Stokehurst, estou convencido de que todas as

mulheres de Londres quererão imitá-la.Tasia sorriu enquanto ele a ajudava a levantar-se. Fazia tanto tempo que não

tinha bonitos vestidos! De boa vontade teria queimado o que levava nesse

momento.

- Senhor Maitland - perguntou - você teria por acaso um vestido de dia já feito

que pudesse me levar?

Ele pensou um momento.- Deveria ter uma saia e uma blusa - disse por fim.

- Estaria-lhe muito agradecida.

Uma das ajudantes, uma miúda loira chamada Gaby, acompanhou a Tasia a

uma habitação forrada de espelhos que multiplicavam sua imagem até o

infinito, e lhe trouxe uma saia vermelho escuro, uma camisa de pescoço alto e

séries de encaixe junto com uma jaqueta larga de cor marfim. Tasia, encantada,

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acariciou os delicados bordados de flores rosas e folhas verdes que adornavam

os punhos.

- É preciosa! - exclamou.

Gaby a olhava com admiração.

- Poucas mulheres podem permitir-se este modelo. Terá que ser muito magra.

Entretanto a saia é muito grande. Se tiver um minuto milady, a estreitarei em

um momento.

Deixou-a sozinha para que se despisse e fechou a porta ao sair.

Tasia começou a girar sobre si mesma, feliz ao notar o pesado tecido movendo-

se em torno de suas pernas. O conjunto, refletido pelos numerosos espelhos, erade uma vez elegante e informal, imensamente mais sofisticado que os vestidos

de jovencita que levava na Rússia. Não pôde evitar pensar o que diria Luke ao

vê-la e soltou uma alegre gargalhada.

Deteve-se em meio da sala para acariciar a seda da jaqueta com um gesto muito

feminino quando uma sombra se moveu atrás dela. Invadiu-a um suor frio, ali

estava ela, rodeada de vermelho e marfim e de centenas de olhos assustados.Seus olhos.

Em meio desta imagem, uma sombra aparecia e desaparecia aproximando-se.

Não podia ser real mas entretanto tinha muito medo. Os ouvidos lhe apitavam,

estava paralisada, agarrada na armadilha do caleidoscópio formado pelos

espelhos enquanto se esforçava em vão por respirar, tomar ar…ire… 

Alguém a agarrou pelo cotovelo e a obrigou a dá-la volta para encontrar-sefrente a Mikhail Angelovsky com seu rictus de morte e seus olhos amarelos. O

sangue lhe caía pela garganta enquanto seus lábios pronunciavam seu nome:

- Tasia… 

Deu um alarido e tentou soltar-se. Havia uma terceira pessoa na estadia,

formavam um trio macabro em meio de todo esse vermelho a sangre e o ouro

da decoração, e a cena se repetia até o infinito nos espelhos.

Tasia se cobriu a cara com as mãos.

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- Não - gemeu - Fora, vá-se.

- Tasia, me olhe.

Era a voz do Luke, levantou seus olhos para o tremendo enquanto o assobio de

seus ouvidos se desvanecia.

Luke a abraçava, muito pálido sob o bronzeado e seus olhos mas azuis que

nunca. Ela não se atrevia a deixar de lhe olhar por temor a que desaparecesse e

seu lugar o ocupasse Mika. Estava ficando louca, tinha confundido a seu

marido com um fantasma. De repente lhe pareceu uma idéia tão absurda que

começou a rir.

Luke não compartilhava seu regozijo e seguia olhando-a com uma seriedadeque lhe fez entender quão desequilibrada devia parecer. Por fim conseguiu

acalmar-se e se secou os olhos.

- Estava-me acordando do Mikhail - disse com uma voz um pouco rouca – tinha

voltado. Vi-o. Tinha uma adaga parecida na garganta e saía sangue, não queria

ir-se, sujeitava-me, e… 

Luke tentou aproximá-la, mas ela resistiu.- Havia outro homem na habitação - continuou isso - havía outra pessoa, não o

tinha recordado até agora.

Luke a observava com intensidade.

- Quem? Um criado? Um amigo do Mikhail?

Ela negou com a cabeça.

- Não se quem era, mas estava ali. Estou segura de que tinha algo que ver.Interrompeu-se quando a porta se abriu para dar passo a uma Gaby

preocupada.

- Milady? Pareceu-me que gritava.

- Temo-me que assustei a minha esposa. Por favor nos deixe solos um

momento.

- Certamente milord - respondeu a jovem antes de retirar-se murmurando uma

desculpa.

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- Recorda como era esse homem? - perguntou Luke.

- Não.

Tasia se mordeu os lábios tentando tranqüilizar-se.

- Não quero pensar nele.

- Era jovem ou velho? Loiro ou moreno? Tenta recordá-lo.

Tasia fechou os olhos e tentou ver a imagem em sua mente.

- Maior…e alto. Não estou segura do resto. 

Tinha nauseia e estava geada até os ossos.

- Não, não posso - murmurou.

- Está bem - disse Luke agarrando-a em seus braços - não tenha medo. Seja qualfor a verdade, não pode te fazer danifico.

- Se for culpado… 

- Dá-me igual o que tenha feito.

- A mim não! - protestou ela com o nariz pego ao colete de seu marido - Nunca

me dar{ igual. Não poderia viver sabendo… 

- Schh. Algum dia recordará com todo detalhe o que aconteceu essa habitaçãocom o Angelovsky, e então se sentirá livre. Eu estarei a seu lado para te ajudar.

- Mas não poder{ impedir que Nicolas… 

- Eu me encarregarei do Nicolas. Tudo sairá bem.

Tasia tentou lhe dizer que isso era impossível, que não o conseguiria mas ele a

fez calar com um beijo. rendeu-se deixando cair contra ele com os braços aoredor de seu pescoço, aferrando-se ao prazer de seu abraço. Quando levantou

por fim a cabeça, ela notou o desejo dominando-a. Abriu os olhos e viu nos do

Luke a mesma emoção.

- Eu gostaria de sair daqui - disse com voz insegura - todos estes espelhos… 

- Você não gosta dos espelhos?

- Não quando há tantos.

Luke fez uma careta de diversão.

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- A mim em troca eu gosto de ver vinte Tasias de uma vez.

Ao ver que ela estava cansada ficou sério.

- Voltemos para casa - disse ele.

Sim, ela tinha vontades de estar em uma habitação escura, se meter na cama e

tampá-la cabeça com os lençóis, não pensar nem sentir. Não, não deixaria que a

macabra visão do Mikhail, nem a culpa, nem o medo, nem a loucura,

dominassem-na.

- Eu gostaria de seguir com as compras - disse.

- Parece-me que já é suficiente por hoje.

- Prometeu me levar a esta Harrods, lembre - protestou Tasia com expressãozangada para lhe convencer.

Em efeito, ele foi incapaz de negar-se.

- Como quer.

Ela recuperou seu ânimo ante a quantidade de coisas luxuosas que havia na

grande loja. Cada vez que se detinha diante de alguma coisa (um relógio, uma

 bandeja, um sombrerito adornado com plumas de ave do paraíso, uma bombonera que poderia lhe gostar da Emma), Luke pedia a um vendedor que o

envolvesse e o levasse a carruagem.

Tasia acabou por dizer que não quando o quis lhe fazer um presente mais.

- Já compramos muitas coisas.

- Nunca pensei que às ricas herdeiras desse medo gastar muito - disse Luke

divertido por sua cautela.- Nunca me comprava nada sem a permissão de minha mãe, horrorizava-lhe

andar pela rua, dizia que lhe danificava os pés. Os vendedores e os joalheiros

vinham ao palácio a lhe oferecer suas criações. Esta é a primeira vez que vou às

compras com liberdade.

- Gasta tanto como queira, meu amor - murmurou Luke - Terá que te esforçar

muito para me custar tanto como uma amante.

- Milord! - sussurrou ela séria esperando que ninguém lhe tivesse ouvido.

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- Não sabe o valor que tem sua presença em minha cama. Se eu estivesse em seu

lugar me aproveitaria tudo o que pudesse.

Ela estava dividida entre a necessidade de pôr ponto final a esta conversação

indecente e as vontades de prolongá-la.

- Por que quis te casar comigo em vez de me converter em seu amante? -

perguntou ela indecisa.

A voz do Luke se fez mas grave.

- Quer que voltemos para casa para que lhe mostre isso?

Tasia ficou muda. De repente só podia pensar em estar na cama com ele, em

sentir sua boca na pele, inundar-se nas maravilhosas sensações que odespertava nela com tanta facilidade.

Ele leu a resposta em seu olhar e se voltou para o desventurado vendedor que

se afastou uns passos deles.

- Isso será tudo por hoje - disse - Lady Stokehurst está um pouco cansada.

Embora não tinha experiência com os homens, Tasia sabia que seu marido eraum magnífico amante, nunca o fazia duas vezes o amor do mesmo modo, sabia

mostrar-se paciente, voltá-la louca de desejo e fazê-la suplicar. Outros dias,

sussurravam como meninos e Tasia se afogava de risada. Assombrava-a a

forma como a excitava, a ela, que tinha sido uma menina sensata e bem

educada. Luke fazia-lhe esquecer das inibições obrigando-a a responder de um

modo que roçava os limites da indecência.Tasia tivesse preferido lhe amar de forma, mais tranqüila e tentava dominar

seus sentimentos mas estes se transbordavam apesar dela. O cuidado com que a

tratava, suas largas conversações, os sorrisos, tudo, enjoava-a como se fora uma

droga. E o pedia muito pouco em troca. Ela se reprovava freqüentemente por

não lhe dizer que lhe amava mas as palavras não lhe saíam, não podia entregar-

se totalmente, encolhia-se de medo por razões que não sabia explicar.

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- Nunca me tinham mimado tanto - disse uma tarde enquanto descansavam no

 jardim privado da casa - não deveria te deixar que o fizesse, seguro que não esta

 bem.

Protegeram-se do calor do verão detrás de uma sebe, rodeados do aroma da

madressilva e as rosas, Tasia acariciava com uma flor a mandíbula do Luke

quem tinha a cabeça apoiada nos joelhos dela.

- até agora parece te sentar bem - disse ele - está mais formosa que nunca.

Tasia lhe deu um beijo no nariz.

- É graças a ti.

- De verdade?Deram-se um comprido beijo e logo ela repôs:

- Os russos têm uma palavra para assinalar a chegada da primavera:  Ottepel. 

Significa despertar. Assim é como me sinto.

- Ensina-me o que se despertou em ti? - perguntou Luke com os olhos

 brilhantes.

- Não! - protestou ela brincalhona.- Quero sabê-lo!

Fez-a rodar sobre a entupida erva e se tombou em cima dela, sem fazer caso de

seus gritos de indignação.

Nas três semanas que levavam em Londres, Luke tinha visto mil imagens da

Tasia, mas nenhuma tão encantada como a que via nesse momento, com ela

tentando soltar-se com uma energia completamente desconhecida. Ao Lukegostava mas vê-la assim, mais forte, e embora tinha perdido algo de sua graça

etérea, em troca sua figura se tornou mas voluptuosa.

A saia lhe subiu por cima do joelho quando ficou escarranchado sobre ele,

triunfante. Ele se moveu ligeiramente para lhe recordar que tinha ganho porque

o tinha querido.

- Tenho que te pedir algo - disse ela.

- Me diga.

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- Me prometa que me escutará até o final antes de te negar.

- Fala! - grunhiu com impaciência fingida.

Tasia agarrou ar antes de lançar-se.

- Quero escrever a minha mãe - disse muito depressa - Tem que saber que estou

 bem, tanto para minha tranqüilidade como para a sua. Sei que esta preocupada

e isso é mau para sua saúde. Além disso me lembro dela todos os dias. Não lhe

direi nada que possa me descobrir, nem nomes de pessoas nem de lugares, mas

preciso fazê-lo. Tem que entendê-lo.

Luke se manteve em silêncio um momento.

- Entendo - o.Os olhos da Tasia brilharam de alegria.

- Então posso?

- Não.

Tasia se levantou de um salto e lhe olhou com determinação e teimosia.

- A verdade é que não te estava pedindo permissão, só queria ser cortês, mas

não é seu quem decide. Trata-se de minha mãe e de minha segurança.- Mas você é minha mulher.

- Sempre decidi sozinha os riscos que podia correr e agora você quer me privar

de algo que necessito desesperadamente?

- Sabe perfeitamente o que penso disso.

- Mas podemos confiar em minha mãe, não o dirá a ninguém!

- Está segura? Então porque não lhe disse que não te foste morrer em realidade?por que Kirill insistiu em que não o dissesse?

Tasia lhe olhava zangada, mas não podia discutir esse ponto. Entretanto essa

limitação de sua independência a punha furiosa. Tinha que estabelecer um

vínculo com seu passado, por frágil que fora. Às vezes lhe dava a impressão de

que não existia, separada assim de tudo o que tinha conhecido e sido, como se a

antiga Tasia tivesse morrido. Ninguém podia entender seu mal - estar, a mescla

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de felicidade e de dor que lhe rasgavam o coração. E se seu marido o entendia,

de todas formas se comportava de forma intratável.

- Não poderá me impedir que faça o que queira! - rebelou-se - a menos que

tenha a intenção de me vigiar cada minuto do dia.

- Efetivamente, não penso jogar aos guarda-costas - concedeu ele - Não sou um

tirano, sou seu marido, e como tal tenho o direito, e o dever, de te proteger.

Tasia soube antes de falar, que seu estalo era injusto, mas não pôde conter-se.

- Farei que anulem o matrimônio! - gritou.

Luke a agarrou pela boneca e ela se encontrou pega ao. Ele estava rígido de ira.

- Jurou diante de Deus que seria minha algema – grunhiu entre dentes - issosignifica mais que todas as leis de mundo juntas. Seria tão incapaz de romper

um juramento como de matar a um homem a sangue frio.

- Se isso for o que crê então não me conhece! - replicou Tasia com chamas nos

olhos.

Se soltou com um gesto brusco e foi refugiar se a sua habitação correndo.

Capitulo 8

Não intercambiaram nenhuma só palavra durante o jantar, a qual tomaram nasala de jantar de mármore com móveis venezianos e cujos tetos estavam

pintados com personagens mitológicos. Embora a comida era como sempre

excelente, Tasia não pôde comer quase nada.

Habitualmente esse era seu momento preferido do dia. Luke lhe contava onde

tinha estado e com quem e pedia a ela que lhe contasse de sua vida na Rússia.

Às vezes falavam de coisas importantes e outras brincavam alegremente. Uma

noite Tasia se passou virtualmente tudo o jantar sentada nos joelhos de seu

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marido lhe ensinando as palavras em russo correspondentes aos bocados que ia

pondo ao na boca.

- Iabloko - dizia lhe pondo uma parte de maçã na boca - Gryb , cogumelo e ryba ,

pescado.

Quando ele tentou dizê-lo, ela começou a rir.

- Vós os ingleses pronunciam a “r” do fundo da garganta como se estivessem

fazendo gargarejos. Diga-o dos dentes…”ryba”.

Ele tentou obedientemente provocando um novo acesso de risada nela.

- Espera, um sorvo de vinho pode que te solte a língua.

Fez-lhe beber.- Veio bielayo. E para pronunciar bem o russo tem que cuspir um pouco e pôr a

 boca em forma de “ou”. 

Ela tinha tentado lhe colocar os lábios com os dedos e ao final os dois tinham

estalado em gargalhadas.

- Como se diz “um beijo”? - tinha perguntado ele.

- Potzeloui - tinha respondido ela unindo o gesto à palavra.…Tasia tivesse dado algo para que esta noite se desenvolvesse nesse mesmo

ambiente descontraído. Já tinham acontecido várias horas desde sua briga, era

consciente de que tinha sido injusta, e nem sequer sabia que era o que tinha

provocado esse acesso de mau humor. Tinha uma desculpa na ponta da língua

mas seu orgulho lhe impedia de dizê-la. Quanto a seu marido, Luke se tinha

convertido em um estranho, frio e indiferente ao silêncio que se interpunhaentre eles.

Tasia se sentia cada vez mais triste, para tentar tranqüilizar-se bebeu três copos

de vinho seguidos e logo se levantou e se foi a sua habitação. depois de

despedir da donzela se despiu deixando cair suas roupas em um montão no

chão e se meteu nua na enorme cama um pouco atordoada pelo vinho. Dormiu

como um tronco e apenas se notou quando Luke se deitou a seu lado a meia-

noite.

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Seus sonhos a meteram em uma nuvem de cor vermelha escura.

Estava em uma igreja rodeada de círios acesos e aroma de incenso. Não podia respirar e

caiu ao chão apertando sua garganta com as mãos e olhando suplicante às fileiras de

ícones dourados. Por favor, por favor , me ajudem… Os rostos compassivos dos Santos

se esfumaram, puseram-na em uma caixa estreita. Agarrou-se à beirada e tentou

levantar-se. Nicolas Angelovsky, inclinado sobre ela, olhava-a com seus olhos amarelos e

lhe mostra os dentes em uma careta atroz. “Nunca sair{ daí” - ladrou o antes de fechar

de repente a tampa do ataúde. ouviram-se uma série de golpes quando alguém cravou a

madeira. Tasia soluçava, lutava e ao fim encontrou forças para gritar

- Luke! Luke!

Ele se inclinou sobre ela e a sacudiu para despertá-la.

- Estou aqui - repetia enquanto ela se aferrava com desespero a seu pescoço -

Estou aqui, Tasia.

- Me ajude… 

- Tudo vai bem, estas a salvo.

O pesadelo demorou para desaparecer. Tasia tremia de forma convulsiva, comseu rosto úmido de suor escondido no ombro de seu marido.

- Nicolas… - explicou - ele…me encerrava em um ataúde e eu não podia sair. 

Luke a balançava como se fora uma menina, ela não podia lhe ver na escuridão

mas seus braços eram fortes e tranqüilizadores e sua voz em seu ouvido a

acalmava.

- Só era um sonho. Nicolas está longe e eu te estou abraçando.- Encontrará-me. Levará-me ali… 

- Minha doce, menina querida, ninguém te separará de mim.

Tasia fez um esforço para conter as lágrimas.

- Eu…sinto muito o de ontem, não se porque disse todas essas coisas horríveis.

- Shh. Já se acabou.

De novo ela estalou em histéricos soluços.

- Me vou voltar louca se seguirem estes pesadelos. Me dá medo dormir.

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Luke seguia abraçando-a com força e lhe murmurava palavras sem sentido só

para tranqüilizá-la. Ela aspirava seu aroma e podia sentir seus músculos em sua

 bochecha.

- Não deixe que vá - gemeu ela pegando-se, mais presa de um desejo tão

violento que quase lhe dava medo.

- Jamais! - prometeu ele antes de beijá-la apaixonadamente.

Sem lhe dar tempo a falar, levou-a longe do país dos pesadelos levando-a ao

reino do prazer. Acariciou-lhe os peitos, beijou-os e Tasia, com a cabeça

arremesso para trás se deixo levar pela onda de sensualidade que a invadia.

Ao fim ele a tombou sobre as costas e ela estendeu os braços para ele, desejosapor lhe sentir em seu interior, mas o beijou seu ventre sem lhe importar sua

impaciência. Desfrutou de seu corpo enquanto ela gritava seu nome e se abria a

ele.

Quando esteve ao bordo do êxtase, ele deixou de jogar e ela gemeu de

frustração, mas então ele a penetrou com um forte impulso fazendo-a gritar.

Quando o prazer voltou a dominá-la-se aferrou a ele com mais força.- Amo-te - soluçou contra seu pescoço. Esticou-se ao redor dele em um último

espasmo de prazer e ele se uniu a ela com uma espécie de grunhido selvagem.

Permaneceram unidos, ofegando, até que se tranqüilizaram um pouco.

- Amo-te - repitiu ela assim que teve forças para falar de novo - Tinha medo de

lhe dizer isso antes… 

Ele acariciava seu cabelo lentamente.- E porque me diz isso agora?

- Porque não quero seguir vivendo com a angústia. Não deve haver segredos

entre nós.

Luke tinha os lábios em sua frente e ela notou como sorria.

- Nada de secretos - disse ele - Nem mentiras, nem temores…nem passado. 

- Se todo se acabasse amanhã - murmurou ela meio dormida - ao menos

teríamos tido isso. Seria o bastante.

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- Uma vida inteira não seria suficiente!

Luke a abraçou mais forte, o comprido cabelo dela estendido sobre o como um

lençol de seda, suas extremidades misturadas com as seu e seu quente fôlego

em seu ombro. Ela era uma mescla de fragilidade e resistência e, embora o não

fora especialmente crente, emitiu uma silenciosa prece. Obrigado meu Deus, por

haver a gasto até meu…Não queria saber o que tinha feito para merecê-la e não

queria tentar à sorte.

Emma parecia ter crescido mais durante esse mês. Entrou em tromba na

mansão de Londres com sua vermelha cabeleira ondeando como uma bandeiraem suas costas e se lançou ao pescoço da Tasia com uma alegre gargalhada.

- ”Belle mamam”! Senti muito a falta de papai e de ti.

- Eu também te senti falta - exclamou Tasia abraçando-a - Como está Sanson?

- tivemos que lhe deixar no campo - explicou Emma com uma mueca - chorava

e fizeram falta dois criados para impedir que corresse atrás da carruagem. Para

assim… Lançou um gemido tão parecido ao de um cão que Tasia riu.

- Mas lhe disse que voltaríamos logo - continuou a menina.

- estudaste muito?

- Não, a avó não me obrigava nunca a estudar a menos que a incomodasse

muito. Então me dizia “Desaparece e te leia um livro gordo inteiro” E o avô se

passa o tempo visitando os amigos ou beliscando às donzelas pelos rincões.- meu deus!

Tasia seguia sorrindo quando se dirigiu à porta da casa onde a duquesa

conversava com o Luke.

A duquesa do Kingston era uma mulher imponente; alta e magra com um

formoso cabelo prateado e um olhar de águia. Levava um conjunto cinza pérola

e burdeos com um assombroso chapéu adornado com dois pássaros dissecados.

- Caçou-os ela mesma - murmurou Emma muito séria.

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Riu ao ver que Tasia abria os olhos com assombro.

Luke estava escutando atentamente a sua mãe enquanto esta fazia um relatório

detalhado do comportamento da Emma.

- Estaria melhor entre animais selvagens que em uma casa civilizada - declarou

- afortunadamente tenho muito boa influência sobre ela. Sempre tira proveito

do tempo que estamos juntas. Comprovasse que melhorou… 

- Alegro - disse - me Luke lhe piscando os olhos um olho a sua filha que se

aproximava dele - Onde esta pai?

A duquesa franziu os lábios.

- Certamente perseguindo a alguém. lança-se sobre as jovencitas como um gatoaos pássaros. Deveria te alegrar de que não esteja, do contrário já estaria

perseguindo a sua esposa pelos corredores da casa.

Luke beijou a bochecha enrugada de sua mãe.

- Bastaria lhe atando a uma poltrona.

- Deveria havê-lo sugerido faz anos - replicou a duquesa com um deixe de

amargura mas sem rechaçar de todo a idéia.Levantou a voz voltando-se para a Tasia e Emma que estavam esperando

prudentemente uns passos mais atrás.

- vim a ver que tipo de mulher conseguiu levar a meu filho até o altar. depois de

tanto tempo já não me parecia possível.

Luke, muito orgulhoso, viu como Tasia se aproximava e saudava com elegância

à duquesa.- Sua Graça - disse inclinando-se em uma reverência.

A duquesa olhou a seu filho sem esconder sua surpresa, era evidente que não

esperava que Luke se casou com uma mulher tão educada.

Tasia estava especialmente formosa esse dia, com seu cabelo recolhido com

umas forquilhas de diamante e um vestido azul que moldava sua magra figura.

As únicas jóias que levava eram a pesada aliança de ouro e uma cruz no

pescoço.

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Luke tentou vê-la com os olhos de sua mãe. Tasia tinha um aspecto tranqüilo

que era difícil encontrar fora de um convento e seu olhar era sério como a de

um menino rezando. Como podia parecer tão inocente apesar da influência do

Luke? Era um mistério. Entretanto a duquesa aprovava a opção de seu filho

apesar de que seguia acreditando que Tasia era uma simples professora.

- Bem-vinda a nossa família - disse - Apesar de que tenha entrado nela em

estranhas circunstâncias.

- Sua Graça? - perguntou Tasia fingindo não entender.

A duquesa franziu o cenho com impaciência.

- Toda a Inglaterra fala de sua misteriosa aparição e de suas precipitadas bodascom meu filho. Tão precipitada, que o duque e eu mesma nem sequer fomos

convidados.

- Preferimos ter umas bodas íntima mamãe - cortou Luke.

- Isso parece! - respondeu a anciã com tom gelado.

Tasia se estremeceu ao recordar a reação do Luke quando lhe falou de convidar

a seus pais à bodas. Ele havia dito que a presença deles sozinho contribuiriacom moléstias e perguntas indiscretas. Com o ligeiro movimento da Tasia a

cruz se deslizou pela cadeia atraindo a atenção da duquesa.

- Que jóia mais original - disse - Posso vê-la?

Levantou a cadeia para ver melhor a cruz, feita com o estilo do Kiev, com

numerosos fios de ouro entrelaçados entre se e com pérolas de ouro entre eles.

O centro da cruz era um diamante perfeito rodeado de rubis.- Nunca tinha visto algo assim - disse a duquesa.

- Era de meu avó - explicou Tasia - Desde seu batismo até sua morte sempre

levou uma cruz ao pescoço e esta era sua preferida.

Tirou-se impulsivamente o pendente e agarrando a mão da anciã o depositou

nela.

- Eu gostaria de dar de presente.

A duquesa estava assombrada.

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- Não posso te privar de sua herança, minha filha.

- O rogo - insistiu Tasia - Você me deu o melhor dos presentes…seu filho. Seria

muito feliz se pudesse lhe dar algo em troca.

Os olhos da duquesa foram da cruz a seu filho como se sopesasse o valor que

tinha cada um.

- Pode ser que algum dia pense que perdeste com a troca - disse com humor -

mas aceito o presente. Me pode pôr isso

Um sorriso iluminou seu rosto sulcado de rugas.

- Passo na eleição de meu filho - continuou - Recorda a mim mesma quando

acabava de me casar. Terei que falar com o Luke para que seja um maridoatento e respeitoso.

- Trata-me muito bien - assegurou Tasia com um olhar travesso para seu marido

que parecia totalmente assombrado pelos comentários da duquesa - Permitiria-

me, Sua Graça, que a acompanhe às habitações que tenho feito que lhe

preparem?

- Certamente.As duas mulheres se afastaram agarradas pelo braço seguidas pelos olhares de

assombro da Emma e Luke. A adolescente foi primeira em reagir.

- Conseguiu cair bem à avó! À avó que não lhe cai bem ninguém!

Luke soltou uma sonora gargalhada.

- Talvez é uma bruxa depois de tudo Emma. Mas não o diga!

Os dias seguintes transcorreram agradavelmente embora Tasia estava cansada

de ver tão pouco a seu marido. Quando voltava entrada a noite, com suas

roupas impregnadas de aroma de charuto e o fôlego cheirando a oporto, dava-

lhe poucas explicações sobre as reuniões de trabalho às que se via obrigado a

assistir.

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- Nessas reuniões só há homens? - perguntou um dia Tasia com suspeita

enquanto ajudava ao Luke, que estava sentado no bordo da cama, a tirá-las

 botas.

- Só homens gordos com uma grande tripa, o cabelo cinza e os dentes amarelos.

Tasia examinava sua camisa.

- Melhor! Eu não gostaria de ser obrigada a revisar sua roupa cada noite

procurando restos de perfume ou de carmim.

Ligeiramente bêbado, feliz por estar a sós com ela, Luke a sentou em seus

 joelhos.

- Revisa tudo o que queira, não tenho nada que ocultar. Inclusive pode olharaqui…e aí. 

Rodou, brincalhão, junto com sua esposa que ria.

Tasia habitualmente passava o dia com a Emma e a duquesa percorrendo os

antiquários ou visitando alguém. A duquesa tinha decidido apresentar nora a

suas melhores amigas, velhas leoas da alta sociedade que se mostraramencantadas da irreprochável educação da jovem. Que mulher tão modesta e

 bem educada! Exclamavam. Tão diferente dessas damitas modernas incapazes

de sustentar uma agulha e que não se tomavam nem sequer a moléstia de levar

luvas e não sabiam fazer uma reverência. As damas estavam encantadas com a

Tasia que lhes devolvia a esperança no futuro da sociedade.

Entretanto Tasia não descuidava as lições da Emma, que tinha começado aescrever uma peça de teatro.

- Serei atriz! - declarava –  imagina-me, majestosa, no cenário do Teatro Real.

vou ser a melhor lady Macbeth de todos os tempos.

Unindo o gesto à palavra começou a interpretar a cena de sonambulismo do

Macbeth com tanto entusiasmo que a duquesa se viu obrigada a recorrer aos

sais. Emma tinha recebido um convite de lady Walford para a festa de

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aniversário de sua filha, e jurou pelo mais sagrado que não iria por nada do

mundo.

- Vou ser a mas alta de todas! Inclusive mais que os meninos e seguro que farão

observações estúpidas sobre a cor de meu cabelo, então me verei obrigada a

lhes castigar e isso provocará uma cena terrível. Não, não irei!

Foi inútil que Luke tentasse convencê-la. Tinha uma expressão de desconcerto

quando Tasia lhe perguntou sobre a conversação que tinha mantido com sua

filha.

- Não quer ir - disse o simplesmente - E obrigá-la seria pior.

- Acredito que não o entendes - suspirou Tasia.- Tem razão - respondeu ele abatido - apesar de meus esforços deixei de

compreender a minha filha quando cumpriu os sete anos. Toca a ti te ocupar

dela.

- Entendido Luke - respondeu Tasia com um pequeno sorriso.

Luke era um pai carinhoso, mas quando não podia resolver os problemas com

 beijos e presentes se sentia completamente transbordado.Tasia chamou brandamente à porta da habitação da Emma, ao ver que não

respondia ninguém, entrou, encontrando a Emma atirada no tapete rodeado de

 bonecas e com uma expressão séria no rosto.

- Suponho que vais dizer me que devo ir a essa fiesta - resmungou.

- Sim - respondeu Tasia sentando-se no chão com a saia ao redor disso - é uma

magnífica oportunidade para conhecer gente de sua idade.- Não necessito amigas. Tenho a ti e a papai, e às pessoas do Souhgate Hall, e ao

Sanson.

- Todos nós lhe queremos Emma - respondeu Tasia amavelmente - mas isso não

é suficiente. Sei por experiência. Eu cresci tão protegida como você, inclusive

pode ser que mais, e nunca tive amigos de minha idade. Eu não gostaria que

você estivesse sozinha.

- Mas não saberei que lhes dizer! - gemeu Emma.

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- Porque não está acostumada.

- Papai disse que não me insistiria se eu não queria.

- Eu insisto - disse Tasia com muita calma.

Viu uma nota de surpresa nos olhos da menina e continuou sem lhe dar tempo

a protestar:

- Vamos encomendar um novo vestido. Vi na loja do senhor Maitland uma seda

cor pêssego preciosa que te sentará maravilhosamente com seu tom de pele.

Emma negou com a cabeça.

- Mas, “belle mamam”, não posso… 

- Tem que tentar - insistiu brandamente Tasia - O que pode te acontecer?- Me vou aborrecer terrivelmente!

- É perfeitamente capaz de suportar uma noite aborrecida, estou segura. Além

disso, é possível que te divirta.

Emma gemeu com dramatismo antes de voltar sua atenção para as bonecas e

Tasia sorriu. Tinha ganho.

Luke suspirou aliviado quando fechou a porta da habitação isolando do resto

do mundo. Acabava de passar outro dia inteiro com banqueiros, advogados e

homens de negócios e suas eternas conversações sobre assuntos financeiros lhe

esgotavam. Formava parte do conselho de administração de uma sociedade

ferroviária e de uma fábrica de cerveja e acabava de aceitar a contra gosto a

direção de uma companhia de seguros.Odiava o mundo das finanças e preferia mil vezes antes ser o latifundiário

como tinha sido em sua família desde gerações. Gostava de ver as terras aradas,

os campos férteis e as boas colheitas. Mas havia se tornado impossível viver dos

produtos da terra e, tanto pelo bem dos camponeses como pelo de sua família,

viu-se obrigado a investir em empresas com benefícios, lhe permitindo assim

manter baixos os aluguéis e melhorar os métodos de exploração das terras dos

Stokehurst.

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Os aristocratas tradicionais lhe reprovavam que tivesse caído na armadilha

mercenária do ganho, mas as propriedades deles se arruinavam, suas rendas

diminuíam e seus camponeses se foram. A sociedade evoluía rapidamente, a

forma de vida dos nobres latifundiários se acabava em favor dos industriais.

conheciam-se várias grandes famílias arruinadas porque se negavam ao

progresso e à mudança. Luke não ia deixar que isso acontecesse aos que

dependiam dele, suas terras nunca ficariam sem cultivar, sua filha não se veria

nunca obrigada a casar-se por dinheiro. Com esse panorama, converter-se em

um homem de negócios, embora não gostasse, era um preço pequeno que tênia

que pagar.Luke sorriu ao olhar a sua mulher, vestida com uma puritana camisola branca

de pescoço alto com encaixe, com seu comprido cabelo solto brilhando sob a luz

do candelabro. Estava sentada na cama com um livro nos joelhos.

- Sentimos sua falta na janta - disse ela.

Parecia um pouco tensa. Estava zangada porque não lhe via o suficiente?

- Teria gostado de estar aqui - replicou ele - em vez de passar o tempo comhomens aborrecidos que não pararam que discutir o preço do chá e de

comparar os méritos de seus corredores de bolsa.

- E a que conclusões chegastes?

- A esta: O velho sistema não funciona, já não pode se ganhar vida com as

terras.

Luke franziu o cenho enquanto se tirava o casaco.- Não vou desfrutar da mesma vida de ócio que meu avô e meu pai. Meu pai

nunca se ocupou de outra coisa que não fossem as mulheres, e às vezes, a contra

gosto, da política. Para ele, minha vinculação com o comércio e a indústria

sujam a honra da família.

Tasia se levantou para lhe ajudar a despir-se.

- Entretanto, se o fizer, é precisamente por sua família não?

Desabotoou-lhe a camisa e lhe beijo o peito.

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- Definitivamente.

Luke sorriu, colocou as mãos entre o cabelo da Tasia e lhe levantou a cabeça.

- E sofro cada minuto que estou separado de ti.

Tasia lhe rodeou a cintura com os braços.

- Eu também.

- Isso é o que se preocupa? Minhas freqüentes ausências?

- Não me preocupa nada, tudo vai maravilhosamente bem.

- Nada de mentiras - recordou ele.

Ela se ruborizou.

- Bom, h{ algo… interrompeu-se procurando as palavras adequadas.

- Tenho atraso - continuou com um murmúrio.

Luke moveu a cabeça desorientado.

- Atraso porque?

- Meu…meu período mensual  - articulou ela coibida –  deveria ter vindo faz

uma semana. Sempre fui um pouco irregular, mas nunca tanto tempo.Certamente não deve ser nada. Não acredito que se trate de um…de um… 

- De um bebê?

- É muito cedo e não notei nenhuma mudança. Se fosse isso me sentiria distinta.

Ele acariciava seu cabelo em silêncio.

- Isso te desgostaria? - perguntou Tasia em voz muito baixa.

Olhou Tasia com uma intensidade que a enjoou.- Seria a maior alegria de minha vida. Seja o que seja o enfrentaremos juntos de

acordo?

Ela assentiu.

- Então quer um menino?

Ele pensou um momento.

- Não tinha pensado nisso - confessou - Não acreditei que fosse ter mais filhos

mas…- interrompeu-se e sorriu. - Tua parte e outra minha…sim, quero-o.

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Entretanto preferiria te ter um pouco mais de tempo para mim sozinho. Você

mesma é quase uma menina, eu gostaria que tivesse tempo de desfrutar da

 juventude e da liberdade, de tudo o que te faltou até agora. Quero te compensar

pelo inferno que viveste, quero que seja feliz.

Tasia se apertou mas contra o.

- Me leve a cama, nada pode me fazer mais feliz que isso.

Ele levantou as sobrancelhas.

- Bem lady Stokehurst, é a primeira vez que me provoca. Estou realmente

aniquilado.

Ela começou a soltar o cinturão.- Espero que não muito.

- Logo não te queixe se te tenho acordada toda a noite - disse o rindo.

- Pode estar seguro.

- É uma pena que papai não fume! - disse Emma detendo-se ante uma vitrine -

É a caixa de charutos mais bonita que vi.- E em troca estou encantada - disse Tasia - Sempre pensei que o tabaco era uma

praga.

Alicia, que as tinha acompanhado esse dia ao Harrods, uniu-se a elas.

- Eu lamento que Charles tenha pego esse molesto hábito. Mas é verdade que

essa caixa é preciosa.

As três mulheres admiravam o cofre de prata com incrustações de ouro etopázios, quando um vendedor se aproximou delas com as pontas enceradas de

seu bigode tremendo de emoção.

- As senhoras querem vê-lo melhor? - perguntou

Tasia negou com a cabeça.

- Estou procurando um presente de aniversário para meu marido, mas não isto.

- Possivelmente gostaria de uma nécessaire para o cuidado do bigode de ouro

com estojo de couro?

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- Não leva bigode.

- Um guarda-chuva com punho de madrepérola ou de prata?

- Muito visto.

- Uma caixa de lenços italianos bordados à mão?

- Muito impessoal.

- Um frasco de perfume francês?

- Muito perfumado! - interveio Emma.

Tasia riu ao ver a expressão perplexa do vendedor.

- Vamos olhar um pouco mas - disse - estou segura de que acabaremos por

encontrar o presente apropriado.- Certamente senhora - disse o pobre homem decepcionado antes de dirigir-se a

outros clientes.

Alicia se dirigiu a uma mesa coberta de bolsas de noite, luvas e lenços enquanto

a atenção da Tasia se dirigia para um cavalo balancim que estava no chão ao

lado de uma fileira de berços. Acariciou-o com a ponta do pé e o cavalo

começou a mover-se brandamente. Um sorriso secreto apareceu nos lábios,estava cada vez mas segura de estar grávida e já se imaginava a seu filho, um

menino alto de cabelo escuro e olhos azuis.

- “Belle mamam”  - disse Emma que a tinha seguido - agora que dorme com

papai vais ter um bebê?

- Certamente algum dia. Você gostaria?

- Sim! Sobretudo se for um menino. A condição de que possa lhes ajudar aescolher seu nome.

- Qual você gostaria?

- Algo original. Leopold, por exemplo, ou Quentin, você gosta?

- Muito - passou na Tasia jogando com um chocalho.

- Ou Gideon - continuou Emma - Ou Montgomery. Sim, Montgomery

Stokehurst!

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Emma continuava dizendo nomes quando o sorriso da Tasia se desvaneceu. Ao

outro extremo de onde elas estavam se elevava a imagem de seus pesadelos, a

imagem que a obcecava. Mikhail!...Entretanto não era Mikhail. O homem que ela

tinha matado era pálido e de cabelo escuro. Quem ela estava vendo estava

 bronzeado e seu cabelo castanho tênia mechas loiras, mas os olhos eram os

mesmos, olhos amarelos de lobo. Tasia estava hipnotizada pelo homem que

estava na entrada da loja, formoso e desumano como um anjo da morte. Já não

se tratava de um fantasma nem tampouco de um sonho. O príncipe Nicolas

Angelovsky tinha vindo a procurá-la. Que estranho era lhe ver em uma grande

loja estando rodeados de porteiros, vendedores e multidão de mulheres! Asescuras roupas que o levava em lugar de fazer que se confundisse com a gente,

acentuavam seu aspecto estrangeiro. Tinha uma beleza cruel e perigosa, com

sua pele dourada, seu fino rosto e esse corpo de tigre convertido em homem

pela varinha de algum mago.

O chocalho tremia na mão da Tasia e o deixou na mesa. A pesar do esforço que

supôs conseguiu sorrir a sua enteada.- Emma se não me engano necessita umas luvas.

- Sim, Sanson comeu as que tinha. Não pode resistir às luvas brancas

completamente novas.

- Por que não pede a lady Ashbourne que te ajude a escolher outro par?

Enquanto Emma se afastava, Tasia levantou os olhos procurando Nicolas. Tinha

desaparecido. Seu coração começou a pulsar com rapidez e ela andou pega àparede com a maior velocidade possível. Ao atravessar a zona de alimentação,

com seus estantes cheias de pescado e carne, as pirâmides de caixas e seus

 bolos, Tasia notou que se voltavam para olhá-la. Então notou que estava

respirando muito forte, que quase soluçava, e se obrigou a fechar a boca,

assustada e desfalecida.

Emma está segura com a Alicia, tranqüilizou-se, só tenho que escapar do

Nicolas e me esconder em algum lugar, logo mandarei a alguém a procurar o

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Luke. Dirigiu-se rapidamente para uma saída lateral, uma vez fora pensava

mesclar-se com a gente e nem sequer Nicolas, com seu instinto depredador,

poderia encontrá-la em meio da multidão.

Logo que pôs um pé fora, no sufocante e fétido ar do verão, quando um braço

se fechou brutalmente em sua cintura enquanto uma mão lhe tampava a parte

 baixa da cara. Rápidos e eficazes, dois homens a levaram a uma carruagem

diante do qual estava Nicolas. Ele ainda não tinha vinte e cinco anos, mas toda

sua juventude e toda sua bondade tinham desaparecido de seu rosto há tempo,

caso que alguma vez houvesse posuído essas qualidades. Seus olhos dourados

 brilhavam frios e vazios.- Zdrasvouity primita - murmurou parece estar muito bem.

Recolheu uma lágrima que pendurava das pestanas da Tasia e a esfregou entre

seus dedos como se fora um caro elixir.

- Teria podido me complicar as coisas sabe? Se te tivesse escondido no campo

como uma camponesa teria necessitado anos para te encontrar. Em lugar disso

te converteste no centro de todos os rumores de Londres. A misteriosaprofessora que se casou com um rico marquês. Só podia ser você!

Seu olhar percorreu a figura vestida de seda com desprezo.

- Aparentemente o gosto pelo luxo venceu à sensatez.

Levantou a mão da Tasia para examinar o anel de ouro.

- Como é seu marido? Um velho ao que gosta da carne fresca suponho. Deveria

lhe dizer que é muito perigosa.Com um gesto ordenou a seus esbirros que a subissem à carruagem quando viu

que os olhos da Tasia se iluminavam. Deu-se a volta rapidamente evitando por

pouco o punho de um guarda-chuva dirigido a sua cabeça e que lhe deu no

ombro. Como um raio agarrou a improvisada arma e apanhou pelo braço à

magra adolescente que tinha querido lhe pegar e que nesse momento estava

abrindo a boca para gritar.

- Se gritas - advirtiu - te romperei o pescoço.

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A pequena se calou, mas lhe fuzilou com o olhar, completamente vermelha de

ira e de medo. Com seu cabelo de uma cor âmbar tão estranho, oferecia um

quadro encantador.

- Outra menina perigosa - disse Nicolas com um aprazível sorriso apertando o

frágil corpo contra si.

- Sua Alteza… - começou um dos homens.

- Tudo está bem - respondeu o secamente - sobe ao carro com a mulher.

A menina se debateu para soltar-se.

- Deixe a minha madrasta em paz pedaço de monstro!

- Temo-me que isso vai ser impossível minha encantadora gata selvagem.Quem te ensinou a falar assim?

- Onde a leva?

- A Rússia onde terá que pagar por seus crimes.

Nicolas soltou por fim a Emma quem retrocedeu tropeçando.

- Adeus pequena. E obrigado…há muito que ninguém me faz sorrir.

Nicolas a seguiu um momento com os olhos enquanto ela voltava a entrar naloja correndo, logo subiu ao carro e ordenou ao chofer que ficasse em marcha.

Sentada ao lado de seu marido no sofá da biblioteca, Alicia chorava em seu

ombro. Emma parecia um novelo em uma poltrona, silenciosa e pálida de

tristeza enquanto que Luke, de pé diante da janela, olhava o Támesis sem vê-lo.

Uma breve mensagem dizendo que lhe necessitavam em casa lhe tinhainterrompido em metade de uma reunião na Northern Britan Railway

Company, e se tinha apressado a voltar para a mansão para encontrar-se com os

Ashbourne e uma Emma ao bordo da histeria. Tasia não estava.

A instâncias do Charles, Alicia se esforçou em contar o que sabia.

- Deixei-a um momento para olhar os lenços e de repente ela e Emma tinham

desaparecido. Depois Emma voltou gritando que um russo de olhos amarelos

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tinha obrigado a Tasia a subir a sua carruagem. Não sei como pôde encontrá-la,

a menos que me tenha seguido. Deus, não voltaremos a vê-la nunca!

Seus soluços se fizeram mais fortes e Charles lhe deu uns tapinhas no ombro

para reconfortá-la.

Além do som do pranto, a habitação estava em silêncio. Luke se voltou para fim

tremendo de raiva e com uma espécie de loucura que anunciava uma explosão.

Mas se manteve em silêncio, pálido.

- E agora, Stokehurst? - perguntou ao fim Charles para romper a tensão -

Suponho que deveríamos tentar algum tipo de negociação através do governo.

Depois de tudo temos um embaixador em São Petersburgo. Poderíamosmandar um enviado especial para… 

- Não necessito nenhum enviado especial! - declarou Luke dirigindo-se para a

porta - Biddle!

Sua voz ressonou como um trovão na silenciosa casa.

O lacaio apareceu na porta imediatamente.

- Sim milord?- Arrume uma entrevista com o ministro dos exteriores para esta mesma tarde.

– diga-lhe que é urgente.

- E se se nega milord?

- Diga-lhe que de todas formas lhe encontrarei esteja onde estiver, de modo que

seria melhor que aceitasse falar comigo imediatamente.

- Alguma outra coisa milord?- Sim. Reserve dois lugares para São Petersburgo nas próximas vinte e quatro

horas. Se não haver nenhum navio que saia nesse tempo então frete um.

- Posso lhe perguntar quem vai acompanhar-lhe?

- Você.

- Mas milord - resmungou o criado - eu não posso… 

- Vá! Quando tiver terminado com os encargos que lhe tenho feito pode

começar a me preparar a bagagem.

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Biddle girou sobre seus talões movendo vigorosamente a cabeça e grunhindo

para si.

Charles se aproximou do Luke.

- Como posso te ajudar?

- Cuida da Emma em minha ausência.

- É obvio!

Um olhar ao triste rosto de sua filha lhe acalmou um pouco. Sentou-se a seu

lado e a abraçou enquanto ela voltava a desfazer-se em pranto.

- OH papai, não sabia o que fazer! - soluçava - havia começado a segui-la

quando vi o que passava…Deveria ter ido procurar ajuda , mas não me parei apensar.

- Não se preocupe. Não poderia ter evitado. É minha culpa e de ninguém mais.

Não soube lhes proteger a nenhuma das duas.

- O que queria esse homem? Quem é ela? Fez algo mau? Não entendo nada… 

- Não o duvido - murmuró Luke - Ela não tem feito nada, mas a acusam da

morte de um homem e algumas pessoas, na Rússia, querem que seja castigada.É ali onde esse indivíduo a leva.

- Trará-a para casa?

- Sim. Não o duvide nem um segundo Emma - afirmou o implacável, com uma

fera determinação no olhar- o príncipe Nicolas Angelovsky não sabe o que

acaba de fazer. Ninguém agarra o que me pertence.

O  Luz do Oriente  era um pequeno navio mercante que transportava trigo,

porcelana e tecidos. O tempo era clemente e tudo para pensar que a travessia

seria curta, sem dúvida não mas de uma semana. Como capitão Nicolas passava

a maior parte do tempo na ponte para assegurar-se de que a tripulação fazia seu

trabalho com tanto rigor como ele. Se controlava o navio não era por um

capricho de homem rico, mas sim porque era de fato um excelente navegante e

um chefe inato. Por outra parte estava acostumado a essa viagem que levava

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desde mar do Norte em direção ao Báltico até o golfo da Finlândia onde, na

desembocadura do Neva, encontrava-se, majestosa, a cidade de São

Petersburgo.

Ao terminar o primeiro dia de navegação, dirigiu-se ao camarote onde estava

encerrada Tasia. Até o grumete tinha proibido responder se ela chamava.

Tasia, que se tinha deitado no camastro, levantou-se de um salto quando ele

entrou. Levava a mesma roupa que quando ele a tinha seqüestrado, um vestido

de seda de cor âmbar adornado com cintas de veludo negro. Depois do

sucedido, ela não havia tornado a falar nem tinha derramado uma só lágrima.

Devia estar em estado de schok, agora que o que mais temia no mundo tinhaacontecido. Custava-lhe fazer-se à idéia de que seu passado a tivesse apanhado

com essa aterradora facilidade.

Observou ao Nicolas sem dizer nada enquanto ele fechava a porta.

Além de uma pequena careta, seu rosto era inexpressivo.

- Perguntará-te o que espero de ti agora, prima. Logo saberá.

Dirigiu-se para um cofre com bandas de couro cuja tampa bem azeitada selevantou sem fazer ruído. Tasia, tensa, retrocedeu até o camastro até que tocou

a parede enquanto ele tirava um pacote de tecido. Aproximou-se dela.

- Reconhece isto?

Ela negou com a cabeça e o abriu o pacote. Um grito saiu da garganta dela. Era

a túnica branca que levava Mikhail no dia de sua morte, uma túnica tradicional

de boyardo com pescoço alto bordado e manga larga. Estava coberta demanchas cor parda…o sangue do Mikhail. 

- Conservei-a para este momento - disse Nicolas baixando a voz - Quero que me

diga o que passou exatamente essa noite. As últimas palavras de meu irmão,

sua expressão…todo. Deve-me isso.

- Não me recordo - sussurrou ela com voz rota.

- Então olha-a outra vez, possivelmente te refresque a memória.

- Nicolas, rogo-lhe isso… 

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- Olhe!

Tasia obedeceu ao bordo das nauseia. Parecia-lhe que voltava a cheirar o

sangue, o ar era espesso e pesado…e o camarote começou a girar ao redor dela. 

- vou vomitar - conseguiu dizer com a boca cheia de bílis - tira isso… 

- Me diga o que lhe aconteceu a Micha - insistiu o aproximando até mas a túnica

ao rosto dela até que ela sozinho pôde ver as terríveis mancha marrons.

Gemeu e se levou a mão à boca. Ele aproximou então um recipiente e ela

vomitou sacudida por violentas arcadas com as lágrimas caindo por suas

 bochechas. A provas aceitou a toalha que ele lhe deu e se secou a cara.

Quando levantou os olhos esteve a ponto de gritar de horror. Nicolas se estavapondo a túnica que o vênia um pouco estreita de ombros e levava as marcas da

morte. Ela se lembrava. Mikhail, a adaga parecida na garganta, os olhos em

 branco pela dor e o medo, andando vacilante para ela, tentando tocá-la.

- Nooooo! - gritou estirando os braços para diante para apartar ao Nicolas que

continuava avançando como um pesadelo feito realidade – Vá-te, vá-te, vá-te!

Seus gritos ressonaram no camarote, sua mente se encheu de uma luzdeslumbrante que estalou ao fim substituída por uma bem-vinda escuridão. A

memória estava voltando em devastadoras quebras de onda.

- Micha - deu-lhe tempo a dizer com um soluço antes de cair em um poço sem

fundo onde já não havia palavras, nem ruído, só as partes de sua alma rota.

Capitulo 9

Quando Tasia voltou em si, Nicolas estava ao lado do camastro. Tirou-se a

túnica e parecia tranqüilo e seguro de si mesmo; em realidade estava suando,

possivelmente de angústia ou possivelmente de ira, mas sua camisa negra se

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pegava a seu corpo como uma segunda pele. Está tão empenhado em saber!

Pensou ela com injustificada compaixão. Mas lhe motivava a pena pela morte

de seu irmão ou o desejo de vingança?

Ainda um pouco aturdida, umedeceu-se os lábios.

- Vou contar te o que aconteceu essa noite - disse com voz rouca - com todo

detalhe, mas primeiro me dê algo para beber.

Nicolas lhe deu um copo de água sem dizer uma palavra e se sentou no bordo

da cama olhando como ela se incorporava e bebia com avidez.

Não sabia por onde começar, as lembranças se amontoavam em sua cabeça

trazendo consigo as emoções daquela trágica noite. E o fato de saber por fim averdade e poder falar de lhe produzia um enorme alívio.

- Eu não queria estar comprometida com Micha - começou - Pelo que tinha

ouvido dizer era um homem estranho, atormentado, que jogava com a gente

como se fossem bonecos. Temia-lhe mais do que lhe odiava. Todo mundo

estava encantado pensando a boa influência que eu teria sobre ele.

Riu com amargura.- Evidentemente se tinham convencido de que lhe levaria pelo caminho correto

no referente às mulheres. Que absurdo! Inclusive eu, ingênua como era, sabia

que um homem ao que gosta de outros homens nunca desejaria me ter em sua

cama. No melhor dos casos lhe tivesse servido de cobertura para ter o aspecto

de um marido respeitável. E no pior me teria utilizado como um entretenimento

perverso, uma mulher a que poder humilhar a seu desejo. Teria-me entregue aoutros homens, me teria obrigado a fazer coisas contra natura… 

- Não pode estar segura disso.

- Sim - respondeu ela com suavidade - E você sabe muito bem.

Ao ver que Nicolas permanecia em silêncio se terminou o copo de água antes

de continuar:

- Sentia-me como apanhada em uma armadilha. Minha própria mãe insistia

nesse matrimônio e curiosamente, a única pessoa a que podia pedir ajuda era o

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- Você se incomoda em imaginá-la em minha cama? Esse pequeno e jovem corpo, essa

inocência a ponto de ser pervertida… 

- Mika não me torture assim!

- Já não te necessito, vá-te e não volte nunca. Estou cansado de verte. Põe-me doente.

- Não! Você é minha vida, é tudo para mim.

- Estou farto de suas choramingações, de suas choramingações e de seus patéticos

intentos para me fazer o amor. Inclusive um cão me satisfaria mais que você. Fora

daqui!

O outro homem dava alaridos de desespero, chorava, soluçava…Se ouviu um grito de

surpresa, ruído de luta e violência… 

- Eu estava aterrada - disse Tasia esforçando-se para que a voz não lhe tremesse

e notando o sabor salgado das lágrimas na boca - Entretanto não pude evitar

entrar na habitação para ver o que tinha acontecido, não o pensei. O outro

homem estava tão quieto como uma estátua e Mikhail se estava afastando do

com passo vacilante. Depois me viu e se dirigiu para mim. Estava coberto de

sangue e tinha um abrecartas em forma de adaga na garganta. Estirou sua mãopara me agarrar, olhava-me como se esperasse que eu lhe ajudasse. Eu estava

paralisada, era incapaz de dar um passo. E logo… Micha caiu em cima de mim

e todo se voltou negro.

Quando recuperei o conhecimento tinha uma arma ensangüentada na mão. O

outro homem tinha arrumado tudo para que outros acreditassem que tinha sido

eu quem tinha matado a Micha, mas não o fiz.Soltou uma tremente gargalhada em meio das lágrimas.

- Todo este tempo estive convencida de que tinha matado a um homem, sofri

um inferno acreditando que era culpada e que nenhuma oração e nenhum

arrependimento poderia me salvar. E, entretanto, eu não fiz nada.

- Como se chama o assassino de Micha? - perguntou brandamente Nicolas.

- Samuel Ignatevitch, conde do Shurikovsky. Estou segura de que era ele,

conheci-lhe no palácio de Inverno.

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Nicolas, imperturbável a olhava fixamente com seus atemorizantes olhos

amarelos. Estava-se dirigindo para a porta quando lhe perguntou:

- Não me crê?

- Não.

- Não me importa. Agora já sei a verdade.

Nicolas se voltou com um sorriso de desprezo.

- O conde Shurikovsky é um homem respeitável e um marido modelo e que,

além disso, é um bom amigo do czar. Faz anos que é seu confidente e o que

conselheiro ao que mais caso faz. Se, por acaso fosse pouco, acaba de ser

renomado governador de São Petersburgo. Parece-me muito gracioso que lhetenha eleito para ser o amante e o assassino de meu irmão. E porque não o

muito mesmo czar?

- A verdade é a verdade - respondeu ela simplesmente.

- Como bem sabemos os russos, a verdade tem muitas caras - escupió ele antes

de deixar o camarote.

Era normal que ao Biddle gostasse dos navios. Neles tudo estava limpo,

organizado e perfeitamente ordenado. Luke se disse divertido que a obsessão

de seu ajuda de câmara era perfeita para a vida a bordo enquanto que em terra

era extremamente molesta. Ao Luke por sua parte não gostava particularmente

do mar e este viaje em concreto era o pior de todas as que tinha feito.

Passeava sem cessar por seu camarote e a ponte, incapaz de sentar-se, relaxar-seou ficar quieto. Comia a contra gosto e só falava quando era absolutamente

necessário. Passava por momentos de abatimento e outros de raiva e se

consolava pensando no castigo que ia dar ao Nicolas quando encontrasse. Ao

mesmo tempo estava aterrorizado pela segurança da Tasia e cheio de ódio para

si mesmo. Não tinha sabido protegê-la e a tinham levado com uma facilidade

assombrosa.

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Negava-se a pensar que podia perder a Tasia para sempre mas de noite o sonho

lhe traía. Depois da morte da Mary tinha conseguido voltar a levar uma vida

quase normal, mas desta vez não o conseguiria. Perder a Tasia acabaria com ele

irremediavelmente; já não ficaria nem amor nem bondade para ninguém, nem

sequer para sua filha.

Uma noite esteve durante horas na popa do navio olhando a esteira de espuma.

O céu estava coberto, não se via nenhuma estrela mas o ruído das ondas contra

o casco lhe tranqüilizava um pouco. Recordou a noite que tinha tido a Tasia em

seus braços escutando os ruídos do bosque, um desses instantes absurdos e

maravilhosos que só os amantes podem compreender. E de repente a sentiu tãoperto que acreditou cheirar seu perfume. Olhou o anel que lhe tinha agradável e

a ouviu murmurar com sua melodiosa voz: “Tem escrito “o amor é uma lâmina de

ouro que se dobra mas que não se rompe nunca”” 

E a resposta dele: “Seremos felizes” 

Apertou os punhos.

- Vou te buscar - disse no gritando ao vento - Logo estarei contigo Tasia.

Capitulo 10

São Petersburgo, Rússia

Assim que o navio atracou, Luke e Biddle baixaram a terra. Perto do

Almirantado de São Petersburgo havia um mercado e Luke se abriu caminho

pela rua principal enquanto Biddle lhe seguia com um moço que carregava a

 bagagem. Era o espetáculo mais estranho que Luke tivesse visto nunca. As

casas em ambos os lados da rua estavam pintadas com vivas cores como se

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fossem carromatos de circo, os vendedores ambulantes levavam largas túnicas

de cor vermelha ou azul, as mulheres coloridos lenços. Parecia que todos

estivessem cantando, os vendedores vozeavam suas mercadorias com um tom

musical, os olheiros cantarolavam enquanto se passeavam entre as bancas, a

Luke dava a impressão de que por acaso, encontrava-se no cenário de uma

ópera.

O aroma do pescado saturava o ar; não só a causa do oceano e dos barcos de

pesca que se encontravam no Neva, mas também do mercado. Salmões, lucios,

enguias e esturjões repousavam em caixas cobertas de gelo. Também se

vendiam mais de meia dúzia de tipos distintos de caviar e uns minúsculospeixes que levavam em grandes cubos. Com o calor, o aroma era tão pestilento

que qualquer gato britânico, digno de tal nome, teria fugido a toda velocidade.

- Znitki - explicou um dos vendedores sorrindo ao ver a expressão de asco do

Luke.

São Petersburgo era a cidade mais povoada e mais importante da Europa. As

ruas estavam cheias de gente, animais e veículos diversos; o rio e os canaisferviam de embarcações de todos os tamanhos e os sinos de inumeráveis Igrejas

soavam ao mesmo tempo em uma alegre cacofonia. Ao cabo de dez minutos

Luke renunciou a tentar orientar-se. Não tinha intenções de permanecer em São

Petersburgo muito tempo de modo que não merecia a pena fazer o esforço de

conhecer melhor a cidade. Quão único desejava era encontrar a sua esposa e

não voltar a pôr os pés nesse país.Biddle por sua parte, não se dava por vencido tão facilmente, avançava

resolutamente entre as bancas com o guarda-chuva sob um braço e um

exemplar do  Manuel de viajante britânico na Rússia debaixo do outro. Passaram

por diante dos postos das floristas, um mascate se aproximou deles com um

cesto de couro cheio de copos e uma jarra de um líquido escuro que o chamava

kvas além de umas partes de bolo. A um gesto do Luke, Biddle comprou dois

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copos da bebida, que resultou ser uma espécie de cerveja ligeira aromatizada

com mel de gosto estranho mas agradável.

Os rostos dos russos chamaram a atenção do Luke. A maioria deles eram loiros

com olhos azuis e de finos rasgos, mas outros eram muito mais orientais: caras

largas e formosos olhos rasgados. Tasia era uma harmoniosa mescla dos dois.

Ao pensar em sua esposa, Luke voltou a notar a quebra de onda de ira que não

lhe tinha abandonado desde dia do seqüestro.

- Milord - perguntou Biddle preocupado por sua furiosa expressão - não gostou

da bebida?

- Ao palácio Kurkov - resmungou Luke.Era a direção da Embaixada da Inglaterra e nada mais lhe interessava.

- Imediatamente milord. Vou tentar conseguir uma carruagem. O livro diz que

se diz algo assim como drojki, e que não terá que achar estranho se o chofer fala

com o cavalo, é um costume daqui.

Biddle começou a fazer gestos e a mover o guarda-chuva para chamar a atenção

de alguma carruagem. Acabaram por encontrar uma pequena calesa descobertae ordenaram ao chofer que lhes levasse a Embaixada. Como era de esperar o

homem não deixou de falar com seu cavalo o qual se chamava Ossip.

O veículo se deslocava pelas ruas a uma velocidade vertiginosa e o chofer

gritava freqüentemente para que os pedestres se apartassem. Estiveram a ponto

de atropelar a várias pessoas que se cruzaram em seu caminho. Fosse qual fosse

o meio de locomoção, os russos conduziam como se estivessem loucos.São Petersburgo era uma cidade de pedra. Água e pontes; inclusive Luke, que

estava decidido a odiá-la, teve que reconhecer que era magnífica. Segundo o

manual do Biddle, Pedro, o Grande mandou construir a cidade um século e

meio antes para permitir a entrada na Rússia da cultura oriental, e o tinha

conseguido de modo admirável. Alguns bairros da cidade eram mais europeus

que a própria a Europa. A carruagem passou por diante de fabulosos palácios

que se alinhavam com o passar do rio.

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A Embaixada de lorde Sydney Branwell estava situada na rua principal da

cidade, a famosa Nevski. A calesa se deteve ante um palácio de estilo clássico

com colunas brancas, Luke subiu rapidamente os degraus de mármore

deixando que Biddle as arrumasse com a bagagem e para pagar ao chofer. Dois

imponentes cossacos com túnicas escarlates e botas altas cor negra custodiavam

as portas.

- Devo ver a lorde Branwell - declarou Luke bruscamente.

Os cossacos se olharam entre eles e logo um deles respondeu em um inglês

rudimentar:

- Impossível.- por que?

- Lorde Branwell está celebrando um banquete para o governador. Venha mas

tarde. Amanhã. Próxima semana.

Luke olhou ao Biddle com chateio.

- Ouviste-lhe? chegamos tarde ao banquete.

Enquanto falava se deu a volta e lhe deu um murro no estômago ao guardaquem se dobrou de dor. Um golpe na nuca lhe mandou rodando pelo chão. O

outro guarda estava a ponto de intervir, mas o aspecto ameaçador do Luke lhe

fez dar marcha atrás.

- Vejamos - disse ao Biddle.

O cossaco inclinou a cabeça e se apartou para lhes deixar passar.

- Nunca lhe tinha visto atuar assim milord - murmurou Biddle preocupado.- Já me tinha visto golpear a um homem antes.

- Sim, mas nunca com tantas vontades.

- E isto só é o principio - grunhiu Luke empurrando uma porta.

O palácio estava cheio de hera, magnólias e orquídeas. Os chãos de madeira

encerada se estendiam até o infinito com desenhos que lhes davam o aspecto de

tapetes persas. Uns lacaios com librea, perfeitamente imóveis, estavam

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colocados em todas partes. Nem sequer levantaram o olhar quando os dois

homens entraram.

- Onde posso encontrar a lorde Bramwell? - perguntou-lhe Luke a um deles.

Ao não receber resposta insistiu perdendo a paciência:

- Branwell!

Timidamente o lacaio assinalou uma porta dupla ao final de um vestíbulo.

- Branwell! - repetiu.

- Milord - começou Biddle quem detestava as cenas – talvez fosse melhor se lhe

esperasse na entrada com a bagagem.

- Sim - respondeu Luke precipitando-se na direção que lhe tinham indicado.Biddle se bateu em retirada com um evidente alívio.

- Obrigado, milord.

Luke passou diante das fileiras de colunas decoradas com ouro e pedras

semipreciosas atraído por uma conversação em francês (o idioma diplomático)

e pelo delicado som de um instrumento de corda, sem dúvida uma cítara, como

música de fundo. Abriu as portas duplas e entrou no comilão onde se celebravao banquete, onde perto de duzentos oficiais estrangeiros estavam sentados ao

redor de uma imensa mesa de bronze.

Os criados com librea de veludo e ouro que estavam servindo champanha

gelado se imobilizaram ao lhe ver entrar. Em cima da mesa se viam assados,

saladas, tortas, caviar e enormes terrinas transbordantes de cogumelos em

vinagre. Um faisão assado presidia o centro da mesa com suas plumascuidadosamente desdobradas em um leque multicolorido.

Os convidados deixaram de falar com a entrada de Luke e a música se deteve.

Luke reconheceu as insígnias dos embaixadores da Dinamarca, Polônia, Austria

e França e só dedicou um breve olhar ao convidado de honra; o governador, um

homem magro com o peito coberto de condecorações.

Notou imediatamente que o embaixador estava sentado à direita do governador

e se dirigiu para o com passo decidido.

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- Lorde Branwell - começou com todos os olhos fixos no.

O embaixador era um homem gordo com rosto porcino, com uns diminutos

olhos afundados na graxa da cara.

- Eu sou lorde Branwell - disse com altivez - esta intromissão é

completamente… 

- Tenho que falar com você.

Uns soldados se adiantaram para lhe expulsar, mas ele se girou para lhes fazer

frente, ameaçador.

- Esta bem! - declarou lorde Branwell autoritariamente levantando seu

rechonchuda mão - é evidente que este homem enfrentou a muitas dificuldadespara ver-me, escutemos o que tem que dizer, apesar de seu evidente falta de

maneiras parece ser um cavalheiro.

- Lorde Stokehurst - apresentou Luke - Marquês do Stokehurst.

Branwell lhe olhou pensativo um momento.

- Stokehurst…Stokehurst…Se não me equivoco é você o desventurado marido

da Anastasia Ivanova Kaptereva.Um murmúrio percorreu a mesa.

- Sim, sou seu marido, e vim para falar com você dela. Se quiser que falemos em

privado… 

- Não, não. Não será necessário.

Lorde Branwell olhou a seu redor como se queria demonstrar à concorrência de

quão difícil era fazer raciocinar a um louco.- Por desgraça, lorde Stokehurst, eu não posso fazer nada, a data da execução de

sua esposa já foi fixada.

Luke suspeitava que o governo não perderia o tempo. Tinha vontades de afogar

ao embaixador com suas próprias mãos mas conseguiu conservar a calma.

- Quero que atue de forma oficial em defesa dos interesses de minha esposa.

Você tem poder para atrasar a execução.

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- Não lorde, Stokehurst. Para começar não estou disposto a arriscar meu nome e

minha situação para defender a uma mulher de duvidoso passado. Por outra

parte não posso fazer nada até que tenha recebido ordens de meus superiores

de Assuntos Exteriores em Londres. Agora por favor, retire-se.

Com um sorriso de suficiência, Branwell começou a comer de novo dando o

assunto por resolvido.

Luke agarrou com cuidado um prato cheio de comida, cheirou-a e logo o atirou

ao chão onde a valiosa porcelana do Sevres se rompeu em mil pedaços.

No comilão se fez o silêncio, Luke rebuscou no bolso interior de seu casaco.

- Hum…Vejamos…Acredito recordar…Sim, aqui está!Atirou um cilindro de documentos na mesa diante do Branwell. Alguns

convidados deram um salto.

- Isto o manda o ministro dos Assuntos Exteriores com ordens detalhadas das

atuações diplomáticas que deve levar a cabo respeito deste assunto. E se não

conseguir você convencer a seus colegas russos de que todo este assunto corre o

risco de converter-se em um incidente diplom{tico… Pôs a mão com dedos metálicos no ombro do embaixador.

- …posso perder o sangue frio , isso seria lamentável.

Evidentemente o embaixador compartilhava essa opinião.

- Farei tudo o que possa para lhe ajudar - disse rapidamente.

- Bom! - disse Luke sorrindo - E se agora falássemos em privado?

- Certamente.Branwell se levantou tentando fazer o papel do perfeito anfitrião.

- O rogo, Excelência, amigos, continuem como se não tivesse passado nada.

O governador assentiu com a cabeça. Não se produziu nem um só ruído até que

o embaixador saiu acompanhado do inglês; depois todos os convidados

começaram a falar animadamente.

Luke seguiu ao Branwell até um saloncito privado e fecharam as portas.

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- Imagino que terá algumas pergunta o embaixador olhando a seu visitante com

uma mescla de medo e antipatia.

- No momento só uma. Onde diabos está minha mulher?

- Terá que entendê-lo. A opinião pública está contra ela, ameaçam-na e seria

extremamente perigoso que estivesse na prisão pública. Além disso, depois de

sua fuga do ano passado… 

- Onde está? - grunhiu Luke.

- Um importante cidadão de São Petersburgo ofereceu amavelmente custodia-la

em sua residência privada até que o Estado tivesse tomado as disposições

necessárias.- Um importante cidadão? - repetiu Luke furioso - Angelovsky!

Ao ver que Bramwell assentia, explodiu.

- Esses porcos corruptos a puseram sob a custódia do Angelovsky? E que farão

logo? Aceitassem sua “am{vel oferta” de execut{-la com suas próprias mãos

lhes economizando a moléstia de encarregar-se eles? Estamos acaso na Idade

Média? Por Deus acabarei assassinando eu também… - Tranqüilize-se milord, por favor - exclamou o embaixador retrocedendo

assustado - eu não sou responsável pelo que aconteceu.

Os olhos azuis do Luke tinham um brilho demoníaco.

- Se não fizer todo o possível para tirar minha mulher desta horrível situação,

esmagarei-lhe sem piedade.

- Lorde stokehurst, prometo - lhe… - começou Branwell.Mas Luke já tinha saído do salão de modo que lhe seguiu.

Enquanto Stokehurst atravessava o vestíbulo dando com passo rápido,

tropeçou com duas pessoas nas quais reconheceu ao homem de cabelo cinza

que estava em um extremo da mesa e um jovem oficial que sem dúvida era seu

assistente pessoal.

- Governador - disse Bramwell preocupado - espero que a interrupção do

 banquete não lhe tenha incomodado muito.

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Shurikovsky olhou ao Luke.

- Queria ver o inglês.

Luke se esticou. O que queria do governador? Experimentava uma espontânea

aversão por este homem de olhos achinados negros e frios como o gelo.

Enquanto os dois homens se olhavam, o jovem assistente disse com

atrevimento:

- Que sucedido mais estranho! O principie Mikhail Angelovsky é assassinado, a

culpada “morre” na prisão, uns meses depois a trazem de volta a Rússia

completamente viva, e agora temos um marido inglês que quer levar-lhe com

ele.- Não o conseguirá - disse Shurikovsky - Posso afirmar, em nome do governo

que alguém deve pagar pelo assassinato do Angelovsky.

- Não será minha mulher quem o pagará - respondeu Luke com suavidade.

antes de que o governador pudesse responder, Luke se encaminhou como um

tornado para o palácio Angelovsky.

A residência dos Angelovsky era ainda mais majestosa que o palácio Kurkovcom suas portas de ouro e as janelas de prata lavrada. Quadros do

Gainsborough e de Vão Dyck com o Marcos incrustados de pedras preciosas e

abajures de cristal e esmalte que pareciam acertos florais. Luke estava

deslumbrado por esta opulência que ultrapassava de longe a da rainha da

Inglaterra. Tampouco tinham descuidado a segurança. Cavaleiros

uniformizados, cossacos e guardas circasianos faziam guarda com o passar dovestíbulo e as escadas de mármore.

Para maior surpresa, quando Luke pediu ver o príncipe Angelovsky,

obedeceram-lhe imediatamente sem fazer nenhuma pergunta. Biddle ficou

encantado na entrada, e acompanharam ao Luke até uma galeria cujas paredes

estavam cobertas de armas antigas e tochas de guerra. No centro da habitação

havia um velador cheio de garrafas de licor. Estavam ali alguns guardas e

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aristocratas conversando, bebendo e fumando. Todos se giraram para olhar ao

recém-chegado.

Um deles se separou do grupo e avançou para o Luke dizendo umas palavras

em russo. Ao ver que não lhe entendia começou a falar em um inglês com um

ligeiro acento.

- Que deseja?

Angelovsky! Era mais jovem do que Luke pensava, sem dúvida tinha menos de

trinta anos e tinha uns assombrosos olhos amarelos em um rosto de uma

impressionante beleza, tal e como o havia descrito Alicia Ashbourne. Luke

nunca havia sentido antes essa necessidade quase irresistível de matar, masconseguiu dominar-se.

- Quero ver minha mulher - disse com calma.

Angelovsky pareceu desconcertado por um momento.

- Stokehurst? - articulou ao fim - acreditava que era você um ancião.

Esboçou um sorriso insolente.

- Bem - vindo a Rússia primo!

Luke estava apertando tanto os dentes que lhe tremia a mandíbula.

Nicolas acreditou que tremia por respeito ou possivelmente por medo e seu

sorriso se alargou.

- Está perdendo o tempo. A prisioneira não está autorizada a receber visitas.

Siga meu conselho: volte para seu país e procure outra mulher.Surpreendeu-se quando Luke, com a velocidade de um raio, empurrou-lhe

contra a parede. Seus dedos de metal se afundaram dolorosamente no estômago

do Nicolas.

- Me deixe vê-la - soprou Luke com voz rouca - ou lhe arranco as tripas.

Nicolas lhe olhou um momento antes de rir com malícia.

- Tem muito coragem para me ameaçar assim em minha própria casa. Muito

 bem, pode ver a Anastasia. Pouco importa, se você a vê, continua estando em

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meu poder. Motka Yurievitch - chamou sem deixar de sorrir - acompanha a

meu novo primo para ver a prisioneira, e não te aproxime muito ao ou te

morderá. Ouviram-se uns murmúrios de admiração. Não havia nada que os

russos admirassem mais que a força bruta unida a uma vontade de ferro, e

estavam assombrados ao ver ambas as coisas em um inglês.

Tasia estava descansando em uma banqueta de madeira esculpida, suas

habitações constavam de uma pequena entrada, uma penteadeira e uma

dormitório luxuosamente mobiliados. Ainda que tivesse as visitas proibidas

tinha recebido algumas cartas cheias de lágrimas de sua mãe e Nicolas tinhapermitido a Maria que lhe enviasse roupa do palácio Kapterev. Tasia estava

vestida com um traje de seda violeta bordada de encaixe com uma larga saia e

mangas abollonadas. Estava folheando distraidamente uma novela francesa; até

esse momento seus intentos para ler não tinham tido êxito, lia uma e outra vez

as mesmas frases sem entender nada.

Quando ouviu que a chave girava na fechadura, não se voltou para olhar,segura de que seria um criado com a bandeja do chá.

- Deixe-a em cima da mesa, ao lado da janela - disse.

Ao ver que ninguém respondia levantou a vista com frieza…e se encont rou

com um olhar azul que lhe sorria.

- Havia-te dito que não queria dormir sem ti - disse Luke com voz rouca.

Com um grito de incredulidade, Tasia se jogou em seus braços.Luke a levantou em velo rindo e afundou a cara em seu pescoço.

- Deus, como te senti falta!

- Luke…Luke…vieste a me buscar! De verdade é você? Devo estar sonhando! 

Passou-lhe os braços pelo pescoço e lhe beijou apaixonadamente, feliz de poder

lhe cheirar e lhe saborear e notar a solidez de seu corpo.

Ele conseguiu soltar-se.

- Temos que falar - resmungou.

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- Sim…sim.

Tasia se negava a lhe soltar, beijou-lhe de novo lhe fazendo perder o sentido da

realidade. Apoiou-a contra a parede, jogou com sua boca e sua língua e lhe

acariciou os peitos pego a ela.

- Estas bem? - perguntou-lhe ao fim.

Ela sorriu fracamente.

- Eu sim... e Emma? Estive muito preocupada com ela.

- Esta desejando que volte o mais rápido possível.

- Se tão sozinho… 

De repente Tasia se interrompeu e começou a falar excitada.- Luke, no navio o recordei tudo, se exatamente o que aconteceu. Eu não fiz

nada, simplesmente cheguei no pior momento e presenciei o assassinato. Eu

não sou a assassina!

- Quem foi? - perguntou Luke com os olhos entrecerrados.

- O conde Samuel Shurikovsky. Era o amante do Mikhail.

- Shurikovsky - repetiu Luke assombrado - O governador? Acabo de lheconhecer.

- Mas como… 

- Não tem importância. Conta-me o tudo.

Escutou atentamente o que Tasia lhe disse sem deixar de abraçá-la.

- Mas Nicolas não me ela crê - concluiu - Quer que eu seja culpada e não escuta

nada mais. O conde Shurikovsky é um homem muito importante, é ocompanheiro favorito do czar. Os criados sabiam que essa noite estava no

palácio, mas têm medo de falar. Pode ser que lhes tenham ameaçado ou

possivelmente lhes tenha pago para que calem.

Luke refletia em silêncio. O coração da Tasia se enchia de amor cada vez que

pensava que ele tinha percorrido todo esse caminho para ir em sua busca. Com

um pequeno gemido de prazer se encolheu mais contra ele.

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- Estas comendo bem? - perguntou-ele pondo em seu lugar um cacho que se

escapou do penteado dela.

- Sim. Tenho muito apetite e me dão o que mais eu gosto: bortsch, blinis com

caviar e uns maravilhosos cogumelos com nata. E enormes jarras de kasha.

- Não vou perguntar que é isso - disse Luke com uma careta divertida.

Olhou-a e seguiu com o dedo os círculos azulados debaixo de seus olhos como

se assim pudesse fazê-los desaparecer.

- Não descansaste muito.

Tasia sacudiu a cabeça.

- Nunca me deixarão ir, Luke. Não pode fazer nada.- Sim! – protestou ele - vou deixar-te um momento, tenta dormir até que volte.

- Não! - gritou ela pendurada nele - Não me deixe, se não vou acreditar que

sonhei. Me abrace forte.

Luke a abraçou sólido e tranqüilizador.

- Meu amor - sussurrou - minha doce e preciosa esposa, brigaria com o mundo

inteiro por ti.Ela sorriu insegura.

- Possivelmente te veja obrigado a fazê-lo.

- O dia de nosso matrimônio calculei o número de noites que passaríamos

 juntos. Ao menos dez mil. Roubaram-me sete e nada voltará a nos separar.

- Schh…não tente ao destino.

- Vou dizer te qual é nosso destino - declarou Luke olhando-a nos olhos - novemil novecentas e noventa e três noites juntos. E as terei lady Stokehurst, custe o

que custar.

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Sentado nos degraus com uma perna dobrada, Nicolas esperava ao Luke.

- De modo que pôde comprovar que a tratamos bem; boa comida, livros,

 bonitos móveis… 

- De todas formas é uma prisioneira - objetou Luke fríamente.

- Contou-lhe Tasia o conto do Samuel Ignatevitch?

Ao ver que Luke parecia não entender de quem falava continuou:

- O conde Shurikovsky.

De pé no alto das escadas, Luke olhou ao príncipe.- E você decidiu não acreditá-la.

- Nunca houve nenhuma relação desse tipo entre o Shurikovsky e Micha.

- Perguntou ao Shurikovsky?

- Isso só serviria para me desacreditar. É uma mentira que Tasia inventou para

nos fazer passar por tolos.

- Então por que não o disse antes na corte, no momento do julgamento? Ela nãomentiu então e tampouco o está fazendo agora. Mas você prefere enviar a uma

mulher inocente à forca antes que enfrentar-se a desagradável verdade.

- Atreve-se a pronunciar a palavra “verdade”? - grunhiu Nicolas.

levantou-se enfrentando-se ao Luke. Os dois homens eram aproximadamente

da mesma estatura, mas a constituição do Luke era mais robusta enquanto que

Nicolas era magro e ligeiro, como um felino.- Vá interrogar ao Shurikovsky - continuou - tem minha permissão. Eu gostaria

de ver sua cara quando compreender que a culpada é sua esposa.

Luke fez intenção de ir-se.

- Espere! - resmungou Nicolas - Não tente ver o Shurikovsky agora. Vá depois

do pôr-do-sol. É assim como se fazem as coisas na Rússia o entende?

- Entendo que aos russos adoram as intrigas.

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- Preferimos falar de “discrição” - objeto Nicolas - uma qualidade da qual você

parece carecer primo. Esta noite lhe acompanharei. Shurikovsky quase não fala

inglês de modo que necessitassem um intérprete.

Luke soltou uma seca gargalhada.

- É você a última pessoa que quero ter a meu lado.

- Se acreditar que persigo a sua mulher por razões pessoais é que é você

estúpido. Se se demonstrar que me equivoco, se souber com certeza que Tasia é

inocente, beijarei a prega de seu vestido e lhe suplicarei que me perdoe. Quão

único desejo é que o assassino de meu irmão seja castigado.

- Você necessita um culpado - respondeu Luke cáustico - lhe dá igual de quemse trate com tal de que alguém morra em troca do Mikhail.

Nicolas se esticou.

- Irei com você esta noite Stokehurst - disse sem embargo - para tirar a luz todas

as mentiras da Tasia e lhe demonstrar que é ela quem matou a Micha.

Luke se passou a tarde chateando a lorde Bramwell e a seu secretário até queredigiram uma lista oficial dos maus entendimentos e o encarceramento ilegal

sofridos pela esposa de um cidadão britânico.

Ao anoitecer voltou para palácio Angelovsky onde Nicolas lhe recebeu

despreocupadamente enquanto mordia uma maçã. Ao ver a expressão de

estranheza do Luke ao ver a fruta branca com a pele cor esmeralda, sorriu.

- Uma especialidade russa - disse tirando outra de seu bolso - Quer prová-la?Embora não tinha comido nada em todo o dia, Luke negou com a cabeça.

- Que orgulhosos são os ingleses! - burlou-se Nicolas - Tem fome mas não

aceitará nunca comida de minha mão. Entretanto só é uma maçã - añadió

atirando-lhe.

Luke a apanhou habilmente.

- Eu não sou seu primo! - disse antes de morder a doce fruta.

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- Certamente que sim! Tasia é a neta de um sobressaio de meu pai e você está

casado com ela. Os russos são muito sensíveis aos laços familiares, embora

sejam longínquos.

- Mas parece que não os respeitam muito.

- O assassinato não ajuda a preservá-los.

Intercambiaram um olhar assassino e se dirigiram para a carruagem que lhes

esperava. O trajeto até o palácio Shurikovsky se fez em um pesado silêncio, as

ruas estava tranqüilas, quase desertas.

- É possível que esteja o conde com o czar esta noite - disse ao fim Nicolas.

Ao ver que Luke não respondia continuou em tom de conversação:- Estão muito unidos, quase como se fossem irmãos. Quando o czar se vai ao

campo sempre insiste para que Shurikovsky forme parte da corte. O

governador é um homem poderoso e ardiloso.

- Você lhe respeita?

- Certamente que não! Shurikovsky se ficaria a quatro patas e ladraria se o czar

o pedisse.- O que sabe de suas relações extra conjugais?

- Não tem, alguns homem se deixam dominar pelos desejos da carne mas esse

não é o caso do Shurikovsky. Além do poder político não há nada que lhe

interesse.

- Não é possível que seja ingênuo até esse ponto - protestou Luke.

- Na Rússia a corte é um círculo muito restringido e não há nada que possamanter-se em segredo. Se ao Shurikovsky gostasse dos homens todo mundo

saberia. Entretanto esse não é o caso. Por outra parte a meu irmão, apesar dos

esforços da família por impedir-lhe adorava presumir de suas conquistas. E

nunca mencionou ao Shurikovsky, nem sequer disse que lhe conhecesse. É

completamente seguro que não houve nada entre eles.

- De modo que Mikhail era uma moléstia para a familia - refletiu Luke em voz

alta - Até que ponto queriam que se calasse?

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Pela primeira vez os olhos amarelos refletiram um certo desconforto.

- Não - disse Nicolas em voz baixa - si se atreve simplesmente a sugerir que… 

- Mataria-me? - sugeriu Luke - Imagino que é você capaz de matar…apesar da

importância dos laços familiares.

Nicolas lhe lançou um avesso olhar. Quando por fim chegaram à residência

Shurikovsky, uma mansão ao bordo do rio Neva, a tensão na carruagem era

quase evidente.

Dois homens estavam fazendo guarda diante da porta dourada.

- Dvorniki  - disse Nicolas baixando ao chão - São inofensivos. Antes de lhes

esfolar me deixe que fale com eles.Luke lhe viu intercambiar umas palavras com os guardas e lhes deslizar umas

moedas na mão. Por fim lhes deixaram entrar discretamente.

Depois de falar com um mordomo, Nicolas fez gestos ao Luke para que lhe

acompanhasse por um corredor cheio de tapeçarias.

- Não há ninguém da família. A condessa está no campo e o governador

chegará tarde.- Então que vamos fazer?

- Esperar. E beber. Gosta do álcool lorde Stokehurst?

- Não muito.

- Na Rússia dizemos “Quem não bebe não vive”. 

Entraram em uma biblioteca cujos móveis eram franceses, tinha umas

estanterías de mogno e grandes poltronas de couro. Um criado trouxe uma bandeja com garrafas geladas.

- O vodca tem distintos sabores – explicou - Brote de abedul, canela, pimenta,

limão… 

- Provarei o de abedul - disse Luke.

A uma ordem do Nicolas, o criado não demorou para voltar com outra bandeja

com sardinhas, pão, manteiga e caviar. Nicolas se acomodou em uma poltrona

com um suspiro de felicidade, com um copo em uma mão e uma fatia de pão

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negro com caviar na outra. bebeu-se o conteúdo do copo de um gole e se serve

outro. Olhava ao Luke intensamente com seus estranhos olhos amarelos.

- O que aconteceu? - perguntou assinalando os dedos metálicos do Luke.

- Resultei ferido em um incêndio.

- Ah!

Nicolas, não expressou nem surpresa nem compaixão, simplesmente continuou

lhe olhando.

- Por que se casou com a Tasia? Esperava apropriar-se de sua fortuna?

- Não necessito de seu dinheiro - respondeu Luke com tom gelado.

- Então? acreditou-se obrigado a fazê-lo por sua amizade com os Ashbourne?- Não.

Luke jogou a cabeça para trás para beber-se sua vodca. O álcool parecia suave

ao princípio, mas de repente uma quebra de onda de calor lhe queimou a

garganta e o nariz.

- Então, por amor - continuou Nicolas sem a menor ironia –  Nunca tinha

conhecido a alguém como ela, não é assim?- Não - reconheceu Luke a contra gosto.

- Isso se deve a que foi educada segundo a antiga tradição de terem.

Mantiveram-na no campo afastada de qualquer homem além de seu pai e

alguns parentes. Protegeram-na como a um pássaro em uma jaula de ouro. Faz

isso gerações era normal mas se feito cada vez mas estranho. Depois de seu

 baile de apresentação todos os homens de São Petersburgo a desejavam. Uma jovem tranqüila, estranha, formosa e que diziam que era um pouco bruxa. Eu

também poderia chegar a acreditá-lo quando olho em seus olhos. Todos a

desejavam e a temiam de uma vez. Salvo eu.

Nicolas se interrompeu um momento para encher o copo do Luke.

- Eu a queria para meu irmão.

- Com que fim?

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- Mika necessitava alguém que se ocupasse dele e que compreendesse seus

demônios. Necessitava uma esposa de sangue azul, intuitiva, capaz de ter uma

infinita paciência e sobretudo necessitava uma mulher cujo sentido do dever

obrigasse a ficar a seu lado apesar de seus vícios. Todas essas qualidades as via

em Tasia.

Luke lhe fulminou com o olhar.

- Não pensou que em lugar de ajudar ao Mikhail ela corria o risco de que ele a

destruíra?

- Evidentemente, mas isso não importava se havia uma possibilidade de salvar

a Mika.- Teve o que se merecia - declarou Luke sombrio antes de dar outro gole.

- E agora toca a Tasia.

Luke estava cheio de ódio, se algo lhe chegava a ocorrer a Tasia, Angelovsky o

pagaria. Os dois homens, em silêncio, deixaram que o vodca lhes adormecesse.

Foi sem dúvida graças a isso que Luke não saltou à garganta de seu inimigo.

Um servente veio por fim para falar em voz baixa com o Nicolas. Quando seretirou, este olhou ao Luke com o cenho franzido.

- Parece que Shurikovsky tornou mais está doente. Bebeu demasiado -

acrescentou encolhendo os ombros - Quer falar com ele de todas formas esta

noite?

Luke ficou imediatamente de pé.

- Onde está?- Em seu dormitório, preparando-se para deitar-se.

Nicolas levantou os olhos ao céu ante a determinação do Luke.

- De acordo, vamos. Com um pouco de sorte estará o bastante bêbado para

havê-lo esquecido todo manhã. Só cinco minutos.

Subiram até uma luxuosa habitação em que Shurikovsky estava sentado no

 bordo da cama, quieto enquanto um lacaio lhe despia. O governador parecia

muito distinto do homem sofisticado e seguro de se mesmo que presidia o

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 banquete celebrado em sua honra umas horas antes. Seu cabelo cinza estava

revolto, seus penetrantes estavam injetados em sangue e pelo decote da camisa

se via seu peito fundo. Todo seu corpo emprestava a tabaco e álcool.

- Realmente não sei o que estou fazendo aquí - resmungou Nicolas -

Governador…Excelência - repetiu levantando a voz.

O outro se dirigiu bruscamente ao lacaio quem se sobressaltou.

- Fora!

O homem não o fez repetir. Passou sem dizer uma palavra por diante do Luke

que estava como uma sombra ao lado da porta. Seu instinto lhe dizia que se

mantivera escondido de momento e desse modo assistiu a uma estranha cenaque se esforçou por entender apesar da barreira do idioma.

- Perdoe que lhe incomode Excelência - dizia Nicolas em russo enquanto se

aproximava do homem fundo na cama - serei breve e logo lhe deixarei

descansar. Tenho que lhe fazer uma pergunta em relação à morte de meu irmão

Mikhail Dmitrievitch. Recorda você Excelência ter conhecido a… 

- Micha - disse o governador com voz pastosa levantando a vista para o homemde olhos amarelos.

De repente pareceu voltar para a vida. Levantou os ombros, seus olhos se

abriram como se estivesse vendo uma maravilhosa aparição e neles brilharam

as lágrimas.

- OH meu formoso, meu querido menino, quanto te senti falta! Sabia que

voltaria meu adorado, Mika.Nicolas ficou de pedra.

- O que? - sussurrou.

Shurikovsky atirou do casaco do Angelovsky insistentemente. Nicolas

obedeceu a silenciosa ordem e se ajoelhou a seu lado. Seus olhos amarelos não

deixavam de olhar a cara do governador e ficou completamente imóvel

enquanto a mão tremente do ancião lhe acariciava o cabelo. Os rasgos do

Shurikovsky estavam deformados por uma dolorosa necessidade.

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- Mika , meu amor…Eu não queria te fazer danifico mas você me tinha feito

tanto dizendo que queria me deixar…E agora tornaste, lioubezny , e isso é quão

único importa.

Da porta Luke viu que Nicolas se estremecia.

- O que fez? - perguntou Angelovsky.

O governador sorriu com êxtase como se estivesse um pouco louco.

- Querido não vais abandonar-me alguma vez verdade? Tem toda a doçura do

paraíso em suas mãos. E me necessita também, por isso tornaste com seu

Samuel.

Seguiu com ternura a curva da mandíbula crispada do Nicolas.- A idéia de lhe perder me destroçava. Ninguém pode entendê-lo, ninguém se

ama como nós. Quando te burlou de mim com tanta crueldade me voltei louco

e agarrei o abrecartas. Só queria deter suas horríveis palavras e sua risada cruel.

Prosseguiu com um gemido de queixa:

- Meu menino mau, meu formoso menino, perdôo-te. Poremos isto na lista de

nossos pequenos secretos, meu muito querido amor… Inclinou a cabeça para o Nicolas quem retrocedeu de um salto antes de que os

lábios do Shurikovsky tocassem os seus. Respirava com dificuldade e estava

tremendo. Estupefato e pálido sacudiu a cabeça, logo, rápido como um felino

Saiu da habitação enquanto o governador se afundava na cama soluçando.

Luke seguiu ao Nicolas pelo palácio.

- Maldição Angelovsky - grunhiu - vai me dizer o que aconteceu?Nicolas não se deteve até que estiveram fora da casa. Andou uns metros

trastabillando e logo ficou imóvel apartando a cara, tentando respirar.

- O que lhe há dito? - insistiu Luke - Pelo amor de Deus… 

- confessou-se por fim Nicolas.

- Divagações de um velho bêbado sem duvida - disse Luke embora seu coração

deu um tombo.

- Não. Matou a Mika, disso não há nenhuma dúvida.

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Luke fechou os olhos.

- Louvado seja Deus! - murmurou.

O chofer, que lhes tinha visto, aproximou a carruagem do Angelovsky, mas

Nicolas, ainda impressionado, não se deu conta.

- Não posso acreditá-lo. Era muito mais fácil pensar que a culpada era Tasia.

Muito mais f{cil… 

- Agora vamos ver a polícia - disse Luke.

Nicolas soltou uma amarga gargalhada.

- Não entende nada da Rússia! Sem dúvida as coisas são diferentes na

Inglaterra, mas aqui nenhum membro do governo é culpado nunca. Sobretudoum tão próximo ao czar como o governador. Muitas coisas, as reformas, a

política, giram ao redor do. Diga uma só palavra sobre o Shurikovsky e se

encontrará flutuando sem vida no Neva. Se o cair, levasse-se por diante a muita

gente. A justiça não existe aqui. Apostaria a que outros estavam à corrente da

relação entre o governador e meu irmão. O ministro do interior por exemplo;

fez sua carreira utilizando os pequenos vícios secretos de outros. Mas era maiscômodo para todos falsear a investigação e o julgamento sacrificando a Tasia

pelo interesse público.

Luke estava furioso.

- Se acreditar que vou deixar que executem a minha esposa para que se livre um

de seus oficiais… 

- Neste momento não acredito nada - cortou Nicolas ameaçador.Estava começando a recuperar a cor e parecia respirar com mas facilidade.

- vou tirar a Tasia tão depressa como me é possível deste maldito país -

exclamou Luke.

Nicolas assentiu com a cabeça.

- Nesse ponto estamos de acordo.

Luke esboçou um cínico sorriso.

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- Perdoe mais me custa aceitar essa mudança de parecer. Faz uns minutos

estava disposto a pendurá-la você mesmo.

- Desde o começo só desejei saber a verdade.

- Poderia havê-la buscado com maior interesse!

- Vocês os ingleses são bons dando lições - sibilou Nicolas - Sempre fazem o

que est{ bem não é assim? Todas suas leis e todas suas regras…Só respeitam o

que é igual a vocês. Para vocês somente os britânicos sã seres civilizados, outros

só são bárbaros.

- E esta experiência deveria me demonstrar o contrário? - perguntou Luke

sarcástico.Nicolas suspirou.

- A vida da Tasia aqui acabou e não posso fazer nada para trocá-lo. Mas lhe

ajudarei a levá-la sã e salva a Inglaterra. É culpa minha que ela esteja em perigo

agora.

- E Shurikovsky? - quis saber Luke.

Nicolas olhou de esguelha ao chofer que esperava perto deles e baixou a voz.- Ocuparei-me pessoalmente de que se faça justiça.

- Não pode lhe matar a sangue frio! - protestou Luke.

- Só há uma forma de fazê-lo e sou eu quem deve encarregar-se disso.

- Evidentemente o governador está caindo pelo peso de seu culpabilidade -

argumentou Luke - Estou seguro de que não vai sobreviver. Por que não deixar

que o tempo se encarregue dele?- Você poderia permanecer indiferente se tivessem assassinado a seu irmão?

- Não tenho irmãos.

- Então a sua irmã pequena. Não tentaria vingar você mesmo sua morte se essa

fosse a única solução?

Luke não respondeu.

- Pode que pense que um parasita como Mika não vale a pena - continuou em

voz baixa Nicolas - e sem dúvida tem razão. Mas nunca poderei esquecer que

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uma vez foi um menino inocente. E eu gostaria que entendesse calgo: Micha

não era culpado de converter-se no que se converteu. Nossa mãe era uma

camponesa inculta, boa tão só para ter filhos. Quanto a nosso pai, o era um

monstro. Ele… 

Nicolas tragou saliva antes de prosseguir com tom neutro:

- Às vezes encontrava a meu irmão em um rincão escuro ou dentro de um

armário chorando. Todos sabiam que era o brinquedo sexual de meu pai. Por

que Mika e não eu? Ignoro-o. Em qualquer caso ninguém se atrevia a intervir.

Um dia tentei me enfrentar a meu pai mas me golpeou até que perdi o

conhecimento. Não é divertido estar a mercê de um indivíduo que ignora o queé a compaixão. Ao final fui o bastante velho para…convencer a meu pai de

manter-se afastado de Micha, mas já era muito tarde, o mal já estava feito. Meu

irmão tinha sido quebrantado antes de que tivesse tempo de ter uma vida

normal. E eu também - acrescentou Nicolas com um débil sorriso.

Luke olhou a larga e melancólica avenida, a casa que se via ao longe e a que

acabavam de abandonar. Nunca em sua vida se havia sentido tão mal, tãodesconjurado, tão…brit}nico. Este formoso país dobrava aos homens a sua

vontade, fossem orgulhosos ou humildes, ricos ou pobres.

- O passado de Mikhail e sua morte não são de minha incumbência - disse com

uma voz carente de entonação - Me dá igual o que dita fazer, quão único desejo

é levar a minha esposa a Inglaterra.

Tasia descansava tranqüila. Tombou-se obedientemente na cama assim que

Luke se foi e pela primeira vez em vários dias tinha sido capaz de relaxar-se.

Seu marido a tinha encontrado e estava em algum lugar da cidade tentando

salvá-la. Passasse o que acontecesse, ela tinha a consciência tranqüila, já não

havia dúvidas nem acusações que pudessem perturbá-la. Tombada sobre suas

costas, com a larga cabeleira estendida sobre o travesseiro, flutuava entre doces

sonhos.

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Foi bruscamente despertada por uma grande mão em sua boca para afogar seu

grito enquanto uma voz de homem lhe sussurrava no ouvido:

- Ainda não terminei contigo.

Capitulo 11

Tasia abriu os olhos e se deu conta em seguida de que era seu marido. Com o

coração golpeando fortemente em seu peito, relaxou-se ao mesmo tempo que a

mão a soltava.- Luke… 

- Schh… 

Ele se apoderou de seus lábios com paixão.

- Como entraste? - perguntou ela depois em voz baixa - o coronel Radkov me

disse que tinham reforçado a segurança e que já não tinha direito a receber

visitas.- Nicolas anulou essa ordem. Estamos encerrados nesta habitação para todo a

noite.

- Mas porque h{… 

- Depois. Desejo-te tanto!

Tombou-se em cima dela e o resto do mundo despareceu. Era tão maravilhoso

sentir seu peso! Parecia-lhe que não lhe tinha visto desde por volta de meses.Ela gemeu e se moveu para livrar-se do lençol que a incomodava enquanto o

continuava beijando-a.

Ele acabou incorporando-se um pouco para admirar o corpo da Tasia apenas

coberto por uma ligeira camisa. Ela a fez cair e ele seguiu o mesmo caminho

com as lábios beijando a torcida ponta de seus peitos.

Tombados um ao lado do outro, tocavam-se e se acariciavam com tal frenesi

que Luke não estava ainda completamente nu quando entrou nela. Tasia gritou

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de dor mas seu corpo se amoldou em seguida à força do homem. Então o

começou a mover-se fazendo-a gemer de prazer.

De repente, ele rodou sobre suas costas arrastando-a com ele, com a mão nas

nádegas dela e ela se encontrou em cima dele, levando as rédeas, atrasando o

instante do êxtase. Ele seguiu o ritmo que ela marcava com os olhos brilhando

na escuridão como safiras.

Ao fim ela foi incapaz de resistir mais e uma maré maravilhosa a envolveu

fazendo-a tremer mordendo-os lábios. Luke a atraiu para ele e afogou com um

 beijo o grito que ia escapar de sua boca antes de explorar o também.

Esgotado, dormiu com a Tasia tombada sobre seu peito. Um pouco mais tardepermitiu que Tasia lhe despisse, como um sultão aceitando a adoração de sua

favorita.

- Não pode imaginar quanto senti falta disto - disse ela atirando sua camisa ao

chão.

Beijou-lhe amorosamente o torso e o acariciou seu sedoso cabelo.

- Acredito que me faço uma idéia. Faz constantes progressos nesse aspecto.Realmente tenho que te levar comigo a Inglaterra, seria uma pena desperdiçar

um talento como este.

- Estou completamente de acordo. Vamos em seguida.

- Amanhã pela noite - respondeu Luke ficando sério de novo.

Contou-lhe o que tinha acontecido e lhe explicou o plano que Nicolas tinha

urdido enquanto voltavam para palácio Angelovsky.Tasia lhe escutou sem dizer nada tentando dominar suas emoções encontradas.

Alívio, esperança de poder seguir vivendo com o Luke na Inglaterra, é obvio.

Entretanto também experimentava um sentimento de injustiça ao pensar o todo

aquilo do que se viu privada.

- Sentirei-me feliz de abandonar a Rússia - disse por fim com amargura - A

primeira vez me senti destroçada, mas agora não. É meu país, minha pátria,

mas só tinha visto o aspecto brilhante dela. Não tinha compreendido até que

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ponto tudo estava corrompido sob todo esse esplendor. Quanta gente foi

sacrificada pelo “bem público”? Aqui não h{ futuro. Dizem que todos somos

filhos do czar ao qual chamam Batiouchka , pai de todas as Rusias, um pai

vigilante que nos ama e nos protege como o mesmo Deus. É uma mentira, um

conto inventado para favorecer a alguns privilegiados lhes permitindo

aproveitar-se da pobreza de outros. Ao czar e a seus ministros, ao igual à todas

as famílias como a minha, e a dos Angelovsky, dá-lhes completamente igual o

futuro da Rússia. só querem assegurar-se de que nada ameace sua comodidade.

Se consigo sair daqui não voltarei nunca, nem que me ofereçam essa

possibilidade.Para ouvi - la, Luke pôde notar ira e tristeza e tentou consolá - la.

- Perder as ilusões - disse brandamente - é uma das coisas mais dolorosas da

esmaga a seu próximo. Os homens mais honoráveis são capazes de trair e de ser

cruéis, está na natureza humana. A escuridão e a luz formam parte de cada um

de nós.

- Graças a Deus tenho a ti! - suspirou Tasia apoiando a cabeça em seu ombro -Você nunca me traiu.

- Jamais! - prometeu ele.

- É o melhor homem que conheço.

- Não conhece muitos - murmurou Luke com uma pequena gargalhada um

pouco envergonhada - mas te amo mais que a minha vida, disso pode estar

segura Tasia, e sempre será assim.

Ao dia seguinte pela manhã Nicolas abriu a porta e pediu ficar um momento a

sós com a Tasia. Luke se negou imediatamente afirmando que o que tivesse que

dizer podia dizê-lo em sua presença. Começou uma discussão a que Tasia pôs

fim ficando nas pontas dos pés para murmurar no ouvido de seu marido:

- Rogo-lhe isso Luke, nos conceda uns minutos.

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Luke abandonou a contra gosto a habitação não sem antes olhar ameaçador ao

Nicolas. Tasia olhou a sua primo.

- De que queria me falar Nicolas?

Ele a olhou um momento em silencio com expressão indecifrável, ela não pôde

evitar dar-se conta de quão atrativo era.

Lhe cortou a respiração ao lhe ver dirigir-se para ela e ajoelhar-se com um

fluido movimento. Inclinando a cabeça levantou a bainha de seu vestido e o

 beijou em um antigo gesto de comemoração, e depois se levantou.

- Perdoa - disse-o com rigidez - Te tenho feito muito dano e estarei em dívida

contigo durante duas gerações.Tasia tentou recuperar-se da surpresa, nunca tivesse pensado que Nicolas ia

desculpar-se e sobretudo não que o faria dessa forma tão solene e passada de

moda.

- Só te peço que cuide de minha mãe - disse isso - temo que a castiguem por me

haver ajudado a fugir.

- Maria não tem nada que temer, tenho amigos no Ministério do Interior e napolícia. Ficarão furiosos com seu desaparecimento mas só poderão lhe fazer a

Maria pergunta de rotina. Subornarei a alguns oficiais de alta graduação para

estar seguro de que não a meterão na prisão para interrogá-la e ao final

chegassem à conclusão de que é uma mulher um pouco parva enganada por

uma filha muito ardilosa. Confia em mim.

- Acredito - te.- Perfeito.

 Já se estava dando a volta para sair quando lhe chamou brandamente.

- Kolia… 

Ele a olhou de frente com uma expressão de surpresa em seu rosto

habitualmente inexpressivo. Nunca ninguém habia utilizado antes o diminutivo

de seu nome.

- Sabe que |s vezes tenho…premonições - continuou ela.

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- Sim - disse o com um ligeiro sorriso - Seus famosas dotes de bruxa. Se tiver

“visto” algo sobre meu, prefiro não sabê-lo.

- Esta a ponto de te acontecer uma desgraça - insistiu isso - deves abandonar a

Rússia o mais rapidamente possível.

- Sou perfeitamente capaz de cuidar de minha mesmo prima.

- Te vai acontecer algo terrível a menos que comece a pensar em começar de

novo em outro lugar Nicolas. Tem que me acreditar!

- Tudo o que desejo, tudo o que conheço, encontra-se aqui. Não há nada para

mim fora da Rússia e prefiro morrer aqui antes que viver em outro lugar o resto

de minha vida.Sorriu com ironia.

- Vá-te com seu marido inglês, lhe dê uma dúzia de filhos e guarda sua

preocupação para quem a necessite. Dou svidania prima.

- Adeus Nicolas - respondeu ela cheia de compaixão e ansiedade enquanto o

saía da habitação.

Maria Petrovna Kaptereva entrou no palácio Angelovsky vestida com uma capa

de cetim verde com capuz que a tampava da cabeça aos pés. Os guardas a

saudaram com uma mescla de respeito e curiosidade.

O coronel Radkov, o oficial enviado pelo czar para encarregar-se da segurança

no palácio, aproximou-se dela.

- A prisioneira não esta autorizada a receber visitas - disse com firmeza.Antes de que Maria pudesse responder, Nicolas interveio:

- Mrs Kaptereva tem permissão para estar dez minutos com sua filha sob minha

responsabilidade.

- Isso não é o que dizem as ordens que recebi.

- Certamente, se quer apresentar uma queixa ante o ministro da Justiça,

entenderei-o, não sou rancoroso - disse Nicolas com um sorriso frio que

desmentia suas palavras.

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O homem empalideceu com a ameaça implícita e moveu a cabeça resmungando

algo incompreensível. Angelovsky se tinha ganho com toda justiça uma grande

fama de crueldade, e ninguém em seu são julgamento se atreveria a lhe levar a

contrária.

Maria posou em silêncio sua pequena mão carregada de anéis no braço que lhe

oferecia Nicolas e juntos subiram a escada.

Luke estava no hall das habitações da Tasia quando a porta se abriu.

Intercambiou um furtivo olhar cúmplice com o Nicolas; até agora tudo ia bem; e

logo o príncipe se retirou murmurando:

- Dez minutos.Fechou com chave a porta.

Luke olhava à mulher que estava ante ele, dando-se conta distraído do parecido

superficial entre mãe e filha: a mesma estatura, o cabelo negro e o rosto de

porcelana.

- Senhora… - disse aproximando os lábios aos dedos da Maria.

Maria Petrovna parecia jovem para sua idade, era muito formosa, com unsrasgos mais clássicos que os de sua filha, seus olhos eram mais redondos, as

sobrancelhas mais delicadas, seus lábios formavam uma estudada careta muito

distinta da sensualidade dos da Tasia, mas se percebia nela um fragilidade que

com os anos se faria mais evidente. Luke preferia o brilho menos convencional

da Tasia que lhe ia fascinar sempre.

Maria lhe olhou e lhe sorriu com paquera.- Que agradável surpresa, lorde Stokehurst - disse em francés - esperava ver um

pálido e magro britânico e me encontro com um arrumado homem moreno e

robusto. eu adoro os homens altos, com eles uma mulher se sente segura e

protegida.

Soltou com elegância o fechamento de sua capa e lhe permitiu que a tirasse. Um

vestido amarelo realçava sua figura e estava coberta de jóias.

- Mamãe! - exclamou Tasia com a voz tremente pela emoção.

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Maria se voltou com um deslumbrante sorriso e tendeu os braços para sua filha

que se apressou a jogar-se neles. Beijaram-se com uma mescla de lágrimas e

exclamações de alegria.

- Não me deixaram vir até hoje Tasia.

- Sei.

- Que formosa está!

- Você também mamãe, como sempre.

Foram-se ao dormitório e se sentaram na cama com as mãos entrelaçadas.

- Tenho tantas coisas que te contar! - exclamou Tasia abraçando a sua mãe.

Maria, a quem não gostava de muito as amostras de carinho, limitou-se a lhedar uns tapinhas nas costas a sua filha.

- Como vai tudo na Inglaterra? - perguntou em russo.

O rosto da Tasia se iluminou.

- É como estar no Paraíso.

Maria assinalou com a cabeça a habitação onde Luke esperava discretamente.

- É um bom marido?- Maravilhoso, generoso, amável. Amo-lhe com toda minha alma.

- Possui terras e mansões?

- É muito rico.

- Quantos criados?

- Ao menos um centena, possivelmente mais.

Maria franziu o cenho. Parecia-lhe bastante modesto para os parâmetros daaristocracia russa. Houve uma época em que os Kapterev tinham quase

quinhentas pessoas empregadas e Nicolas Angelovsky, para manter suas vinte

e sete propriedades tinha mais de mil.

- Quantas casas tem?

- Três mamãe.

- Somente… 

Maria suspirou decepcionada.

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- Enfim, se for bom contigo…  - consolou-se - por outra parte é um homem

arrumado e isso é importante.

Tasia esboçou um sorriso e apertou carinhosamente a mão de sua mãe.

- Estou esperando um filho, mamãe. Estou quase segura.

- De verdade?

O rosto da Maria refletia alegria e chateio de uma vez.

- Mas Tasia…sou muito jovem para ser avó! 

Tasia riu antes de escutar os conselhos de sua mãe referentes ao que era

necessário que comesse uma mulher grávida e o que tinha que fazer para voltar

a recuperar a linha depois do parto. Maria também lhe prometeu lhe enviar ovestido de batismo que tinham levado quatro gerações do Kapterev.

Por desgraça os dez minutos passaram muito rápido. Bateram na porta e Luke

entrou no dormitório. Tasia se sobressaltou e abriu os olhos preocupada.

- É a hora - disse o muito tranqüilo.

- Não me contaste nada da Varka mamãe.

- Esta bem, queria trazê-la comigo mas Nicolas o proibiu.- Quereria lhe transmitir todo meu carinho e lhe dizer que sou feliz?

- É obvio.

Maria se estava tirando o colar e os braceletes.

- Lhe toma ponha isso quero que as tenha você.

Tasia negou com a cabeça surpreendida.

- Não, sei o muito que você gosta de suas jóias.- Cojelas! - insistiu Maria - Hoje só levo as mais pequenas, francamente, já estou

cansada destas bagatelas.

As bagatelas, como ela as chamava, valiam em realidade uma fortuna, havia

duas fileiras de pérolas e diamantes e um bracelete de ouro com umas enormes

safiras em cabujón. Fazendo caso omisso dos protestos da Tasia, Maria o pôs na

 boneca e deslizou os pesados anéis em seus dedos, um nó de rubis que se

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supunha que desencardiam o sangue, um diamante de dez quilates e um

maravilhoso pássaro de fogo composto de esmeraldas, safiras e rubis.

- Seu pai me deu de presente isso quando nasceu Maria pondo um broche

coalhado de pedras preciosas no sutiã de sua filha.

- Obrigado mamãe.

Tasia se levantou e Luke lhe pôs a capa verde sobre os ombros, lhe jogando o

capuz sobre a cabeça. Ela se dirigiu a sua mãe, preocupada.

- Quando descobrirem que é você quem est{ aqui em meu lugar… 

- Tudo irá bem - assegurou Maria - Nicolas me deu sua palavra.

Nicolas entrou na habitação, impaciente de repente.- Basta de bate-papo! Vamos Tasia!

Luke acariciou a bochecha de sua mulher antes de empurrá-la com suavidade

para o Angelovsky.

- Reunirei-me contigo mais tarde.

- O que?

Tasia se voltou para o muito pálida.- Você não vem comigo?

Ele negou com a cabeça.

- Isso poderia parecer estranho. É melhor que Radkov e seus soldados creiam

que me fiquei para te consolar. Vigiam-nos de perto. Reunirei-me contigo e com

o Biddle na ilha Vassilievsky.

Situada ao leste da cidade, a ilha tinha um porto que se abria ao golfo daFinlândia.

Cheia de pânico, Tasia se aferrou à cintura de seu marido.

- Não irei sem ti, não quero te deixar.

Luke sorriu tranqüilizando-a; apesar da presença da Maria e do Nicolas, beijou-

a nos lábios murmurando:

- Tudo irá bem, não demorarei, mas lhe suplico isso, vá sem protestar.

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- ”Suplico-lhe isso”? - não pôde evitar repetir Nicolas - Agora já entendo porque

os ingleses têm fama de deixar-se levar por suas mulheres. Suplicar que

obedeça quando deveria lhe dar de chicotadas! O dia que um russo que se

aprecie se dirija assim a uma mulher… 

Tasia lhe fulminou com o olhar.

- Graças a Deus não estou casada com “um russo que se aprecie”, pois  não

querem esposas e sim escravas. Compadeço às que têm um pouco de cérebro ou

de caráter, ou simplesmente alguma opinião própria.

Nicolas olhou ao Luke por cima da cabeça de sua prima com um brilho

divertido no olhar.- Estragaste-a - disse - É melhor que volte para a Inglaterra.

Obedecendo finalmente à pressão de seu marido, Tasia se soltou e se dirigiu à

porta quando viu uma sombra no saloncito e ouviu passos amortecidos no

tapete.

Outros também o tinham ouvido e Luke foi o primeiro em reagir. Atravessou a

habitação sem fazer ruído para apanhar ao intruso, um sentinela que estavaescutando na porta. Pô-lhe uma mão na boca mais o homem se debateu tão

forte que os dois se chocaram contra a parede. Luke lutava com todas suas

forças para dominar ao indivíduo ao tempo que evitava que chamasse pedindo

ajuda, um só grito e um exército de guardas acudiriam fazendo impossível a

fuga da Tasia.

Luke notou vagamente que Nicolas se unia a ele. Houve um brilho de aço, umaexplosão de silenciosa luta, e o homem, deixo de debater-se e se desabou nos

 braços do Luke. Este compreendeu que Nicolas tinha apunhalado ao guarda

antes de aplicar uma toalha, ou possivelmente uma jaqueta, na ferida para

absorver o sangue. Ele soldado se convulsionou por última vez.

- Não deixe que o sangue se estenda sobre a atapeta - masculló Nicolas.

Maria esta muito pálida e Tasia desencaixada. Luke conteve com determinação

uma arcada e ajudou ao Nicolas a tirar o sentinela dali. A algumas leva de

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- Dizem que Mrs Kaptereva é muito formosa, Sua Alteza. Sentiria-me muito

honrado se pudesse lhe ver a cara.

Nicolas respondeu com o maior desprezo:

- Essa é uma petição digna de um caipira. Não sente respeito algum pela

tristeza de uma mãe para insultar a dessa forma?

Houve um comprido silencio carregado de desafio e ao final foi Radkov quem

se bateu em retirada.

- Me perdoe senhora - murmurou - Não queria ser grosseiro.

Tasia assentiu com a cabeça e começou a andar de novo enquanto Radkov se

apartava para lhes deixar passar. Transpassou a entrada saindo ao ar fresco danoite. Uma carruagem lhes estava esperando afastado da iluminação das

tochas.

- Rápido! - sussurrou Nicolas ajudando-a a subir ao carro.

Com um pé no estribo, ela se deu a volta aferrando-se às mães do homem com

seus olhos de gata quase brilhando sob o capuz; estava subitamente

aterrorizada, não pela ameaça que se abatia sobre ela, mas sim pelo perigo queespreitava a ele. Pôde lhe ver dando alaridos de dor e com o rosto

ensangüentado. Estremeceu - se.

- Tem que abandonar a Rússia, Nicolas - disse com urgência - vêem conosco a

Inglaterra.

- Não farei tal coisa embora me custe a vista –  respondeu ele com uma seca

gargalhada.- Justamente se trata disso! - insistiu ela.

Nicolas a olhou gravemente e se inclinou para o interior da carruagem como se

queria lhe dizer algo importante e confidencial. Ela se manteve completamente

imóvel.

- A gente como você e eu sempre sobrevivem – murmurou ele - Somos os donos

de nossa sorte e a dobramos a nossa vontade. Quantas mulheres teriam passado

da situação de presas em um sinistro cárcere russo a de esposa de um

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aristocrata inglês? Fez uso de sua beleza, de sua inteligência e de todo seu

talento para conseguir o que desejava. Eu farei o mesmo. Não se preocupe por

mim. Desejo-te que seja muito feliz.

Seus frios lábios se posaram sobre os da Tasia e ela se estremeceu como se a

houvesse meio tocado a morte.

A porta do carro se fechou e ela se apoiou no assento quando o chofer açulou

aos cavalos. De repente se deu conta de que não estava sozinha.

- OH!

- Lady Stokehurst - disse Biddle em voz baixa - é um prazer ver que goza de

 boa saúde.- Senhor Biddle! Começo a acreditar que realmente vou voltar para casa.

- Sim milady. Assim que nos reunamos com lorde Stokehurst no cais.

Ela se esticou, preocupada.

- Não é o suficientemente cedo para mim.

Maria se manteve ao lado do Luke diante da janela enquanto a carruagem seafastava e suspirou aliviada.

- Graças a Deus já está segura.

Olhou a seu genro e lhe pôs uma mão no braço.

- Obrigado por ter salvado a Anastásia. Sinto-me reconfortada ao saber que tem

um bom marido. Devo confessar que ao princípio estava um pouco contrariada

por sua falta de fortuna, mas agora me dou conta que há coisas maisimportantes em um matrimônio, como a confiança e o amor.

Luke abriu a boca e a voltou a fechar. Era o herdeiro de um ducado e além disso

teria que acrescentar os ganhos procedentes das indústrias aos já de por si

consideráveis de suas propriedades que estavam repartidas por sete regiões;

isso sem contar uma participação majoritária em uma importante companhia

ferroviária. E nunca poderia imaginar que um dia ia enfrentar se com uma

sogra que tinha o aprumo de lhe perdoar por sua “falta de fortuna” 

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- Graças - consiguiu dizer entretanto.

Os olhos da Maria se encheram de lágrimas.

- É você muito bom. Bom e responsável. Iván, o pai da Tasia era como você. Sua

filha era a felicidade de sua vida. “Meu tesouro, meu p{ssaro de fogo”,

chamava-a. Seu último pensamento foi para ela, suplicou-me que me

assegurasse de que se casaria com um homem que soubesse cuidar dela.

Soprou delicadamente.

- Convenci a mim mesma de que teria tudo o que desejasse se se casava com um

Angelovsky, neguei-me a escutá-la quando me suplicou que não a forçasse a

casar-se com oele Acreditei que só era um capricho de uma adolescente muitoromântica.

Secou-se os olhos com o lenço que lhe entregava Luke.

- Tudo o que lhe aconteceu é minha culpa.

- Não se culpe a si mesma - disse Luke em voz baixa - é difícil para todos, mas

Tasia estará a salvo a partir de agora.

- Sim - respondeu Maria lhe beijando na bochecha ao modo europeu - vá reunirse com ela rapidamente.

- Essa é minha intenção, não se preocupe mais por sua filha, Mrs Kaptereva,

estará segura na Inglaterra, e mais feliz do que tivesse sonhado.

Tasia e Biddle esperavam ao final do mole entre marinheiros de licença, e

comerciantes que se queixavam do mal estado de suas mercadorias. Escondidana sombra Tasia vigiava com ansiedade a chegada de seu marido.

Biddle, notando-a cada vez mais nervosa, disse para tranqüilizá-la:

- É muito logo para que tenha podido chegar à ilha, lady Stokehurst.

Ela aspirou com força.

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- E se tiverem descoberto meu desaparecimento? É possível que lhe retenham

para que a polícia lhe interrogue e lhe acuse de crimes contra o governo

imperial e então… 

- Não demorará-la - tranqüilizou Biddle embora com uma certa angústia na

voz.

Tasia se esticou ao ver que se aproximava um homem vestido de vermelho e

negro, o uniforme dos guardas. Parecia suspeitar algo, ia perguntar lhes quem

era e que estavam fazendo aí… 

- Meu Deus! - murmurou Tasia ao bordo do pânico.

Pensou rapidamente e logo passado os braços ao redor do pescoço doassombrado lacaio. Fazendo caso omisso de sua exclamação de surpresa,

apertou seus lábios contra os dele e não interrompeu o beijo até que o guarda

esteve muito perto deles.

- O que está acontecendo aqui? - grunho o policia.

Tasia soltou ao Biddle com fingida surpresa.

- OH senhor! - sussurrou-se - o suplico, não diga a ninguém que nos viu. Vim aver meu amante e meu pai certamente não passaria… 

O policial ficou sério.

- Seu pai a açoitaria sem dúvida, em efeito, se soubesse o que está fazendo.

Tasia lhe olhou com os olhos cheios de lágrimas.

- É nossa última noite juntos, senhor - gemeu pendurando do braço do Biddle.

O soldado olhou a frágil silhueta do Biddle com cepticismo. Como podia umtipo assim inspirar tal devoção? Houve um terrorífico silencio e ao fim cedeu:

- Despeça-se dele e logo lhe diga que se vá - resmungou - E pode estar segura

de que seu pai sabe o que lhe convém. As filhas obedientes são a alegria de seus

pais. Uma bonita jovem como você…seguro que lhe encontram alguém melhor

que este inglês magricela.

Tasia agachou a cabeça.

- Sim, senhor.

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- Vou fingir que não lhes vi e terminarei de fazer a ronda. Mas - acrescentou

agitando um dedo ameaçador - espero não voltar vê-la quando passar de novo

por aqui.

- Spassivo - agradeceu-lhe ela tirando-se um de seus anéis para dar-lhe - Graças

a esse presente certamente o não se daria pressa em voltar. O guarda aceitou a

 jóia com um breve movimento da cabeça e, olhando avesamente ao Biddle,

continuou seu caminho.

Tasia soltou o ar que estava contendo antes de olhar ao lacaio com um sorriso

de desculpa.

- Hei-lhe dito que era você meu amante, é o único que me ocorreu.Biddle a olhava assombrado, incapaz de pronunciar uma só palavra.

- Encontra-se bem? - perguntou ela sentida saudades por seu silêncio -

Escandalizei - lhe?

O tragou saliva com dificuldade e atirou do pescoço da camisa.

- Eu…Não sei como vou poder olhar a Sua Senhoria | cara a partir de agora.

- Estou segura de que o entenderá - empezó Tasia causar pena antes desobressaltar-se ao ver que outro homem se aproximava deles.

Biddle se esticou, preparando-se para um novo assalto, mas Tasia se lançou

para o desconhecido com uma exclamação de prazer.

- Tio Kirill!

Sob a barba, o rosto do Kirill se relaxou ao tempo que Tasia desaparecia entre

seus poderosos braços.- Minha pequena sobrinha - murmurou com ternura - Não serve de nada que te

tire da Rússia se insistir em voltar. Esta vez ficará na Inglaterra me promete

isso?

Tasia sorriu.

- Prometo-lhe isso tio.

- Nicolas me escreveu contando tudo. Disse-me que te tinha casado.

Kirill a apartou à distância de um braço para vê-la melhor.

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- Feliz como alguém rosa - aprovou o olhando por cima da cabeça dela ao

Biddle - Esse pequeno inglês deve ser um bom marido.

- OH não! - retificou rapidamente Tasia - este é seu ajuda de câmara. Meu

marido não demorará para reunir-se conosco…se tudo for bem. 

Franziu o cenho ao pensar no perigo que corria Luke.

- Ah! - disse Kirill entendendo –  vou a seu encontro, mas primeiro te

acompanharei ao navio.

- Não! Não penso ir a nenhuma parte sem ele.

Kirill abriu a boca para protestar mas logo assentiu com a cabeça.

- Seu marido é alto?- Se.

- Moreno?

- Se.

- Com uns dedos artificiais e com uma leve claudicação?

Tasia olhou a seu tio com assombro, logo se girou e viu o Luke que se

aproximava deles. Estava em um penoso estado e efetivamente coxeava umpouco mais nunca lhe tinha parecido mais atrativo. Correu a deitar-se em seus

 braços.

- Luke, está bem?

O lhe agarrou o rosto entre as mãos e a beijou nos lábios.

- Não. Tenho vários cardeais, doem-me todos os músculos e você vais ter que

me curar na viagem de volta.- Com muito agradar milord.

Agarrando sua mão lhe levou haste seu tio e o apresentou. Kirill pronunciou

algumas palavras em um mal inglês e logo decidiram embarcar sem perder

mais tempo.

Recordando de repente a presença do criado, Luke se voltou para o que se

estava retorcendo as mãos em silêncio.

- Por que está tão vermelho Biddle? Parece você ao bordo da apoplexia.

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O lacaio murmurou algo incompreensível antes de dirigir-se para o navio.

- O que lhe passa? - perguntou Luke.

Tasia encolheu os ombros.

- Certamente as emoções desta difícil noite.

Luke observou sua expressão de inocência com cepticismo.

- Não importa, já me contará isso mais tarde, de momento vamos deste

desgraçado lugar.

- Sim - respondeu ela tranqüila e serena - voltemos a casa.

Capitulo 12

Londres, Inglaterra

Por volta de já três meses que haviam tornado e Tasia estava cada vez mais

feliz. Vivian em Londres por causa do trabalho do Luke e, pela primeira vez em

sua vida, a mulher era completamente feliz. Não eram breves momentos de

emoção e de alegria como os que tinha conhecido no passado, a não ser um

sentimento mais forte e sólido. Era um verdadeiro milagre despertar cada

manhã ao lado do Luke e saber que era dele. Ele era distinto cada vez, umavezes paternal, outras diabólico e outras tenro como um cachorrillo. Provocava-

a, jogava com ela e a amava com paixão.

Luke assistia fascinado à transformação do corpo da Tasia conforme avançava o

embaraço. Às vezes a despia em metade da jornada só para olhá-la sem ter em

conta seus protestos. Passava a mão pela curva de seu ventre acariciando-a

como se fora a mais valiosa das obras de arte.

- Nunca tinha visto nada mas formoso - murmurou ele um dia admirando-a.

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- Será um menino - disse ela.

- Dá-me igual - respondeu o beijando a tensa pele - Menino ou menina é uma

parte de ti.

- De nós - retificou ela sorrindo.

 Já que Tasia ainda podia dissimular seu estado com vestidos de cintura alta,

permitia-lhe assistir a festas, ao teatro e à Ópera. Depois, quando estivesse mais

avançado o embaraço, o decoro a obrigaria a ficar em casa.

- Sendo você tão magra, acredito que não se notará até o final - predisse Mrs

Knaggs.

Tasia esperava que tivesse razão, depois de ter acontecido a maior parte de suavida em uma jaula de ouro, agora queria aproveitar ao máximo sua liberdade.

Continuava fazendo amigas entre as mulheres de seu entorno, ocupando-se seu

tempo em obras de caridade e exercendo seu papel de proprietária da casa e

esposa do Luke. Também se esforçava por animar a Emma para que conhecesse

garotas de sua idade. Emma parecia estar saindo por fim de seu acanhamento e

inclusive começava a desfrutar de algumas comidas de aniversário.Quando chegou o temido dia de sua primeira regra, o disse a Tasia com uma

mescla de chateio e de orgulho.

- Isso significa que já não posso seguir jogando com as bonecas? - perguntou.

Tasia a tranqüilizou.

O outono tingia a Inglaterra de vermelho e marrom quando chegaram as caixas

e baús da Rússia. Alicia Ashbourne foi ajudar a desempacotá-lo tudo.- Mais presentes de minha mãe - disse a jovem lendo uma carta que sua mãe lhe

tinha mandado com o envio, enquanto Emma e Alicia olhavam os pacotes

cheios de valiosos objetos.

Tasia era feliz quando recebia boas notícias de sua mãe, o governo não tinha

tomado represálias contra ela depois do desaparecimento de sua filha. Graças

ao Nicolas tinha sido interrogada de maneira superficial antes de deixá-la em

liberdade. Após já tinha mandado a sua filha várias cartas e lembranças da

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família: porcelanas, cristal, ícones, um magnífico vestido de batismo de encaixe,

posavasos de prata com pedras preciosas incrustadas… 

ouviu-se um grito de entusiasmo quando Alicia e Emma desembalaram e

enorme samovar de prata.

- Acredito que procede da Tula - disse Alicia observando o delicado gravado -

sã os mais formosos.

- Se tão só tivéssemos o chá apropriado! - queixou-se Tasia.

Emma levantou os olhos surpreendida.

- O melhor chá não é o inglês?

- Certamente que não. Os russos têm o melhor chá da China - suspirou Tasiasonhadora - é o mais cheiroso e de melhor sabor de todos. Algumas pessoas o

 bebem através de uma parte de açúcar que sujeitam com os dentes.

- Que estranho! - exclamou Emma enquanto Alicia tirava de uma mala um

cilindro de encaixe dourado e o punha sob a luz.

- Que mais diz a carta da Maria? - perguntou.

Tasia continuou lendo.- OH! - exclamou de repente com a mão tremendo.

As outras dois a olharam espectadores.

- O que acontece?

Tasia respondeu devagar e sem levantar a vista.

- Recentemente encontraram ao governador Shurikovsky morto em seu palácio.

Veneno. Minha mãe diz que acreditam que se matou.Tasia intercambiou uma careta com a Alicia. Apesar das aparências não havia

nenhuma dúvida de que Nicolas ao fim se vingou. Tasia voltou para a carta.

O czar está cheio de angustia –  continuou - sua saúde física e mental estão a

sério perigo pela perda de seu conselheiro favorito. Retirou-se de tal forma da

política que os ministros e os funcionários do governo se estão brigando pelo

poder.

- Fala do príncipe Angelovsky? - quis saber Alicia.

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Tasia assentiu com a cabeça franzindo o cenho.

- Nicolas é suspeito de atividades subversivas e lhe estão interrogando há várias

semanas. Dizem que poderiam lhe desterrar logo…caso que sobreviva. 

Fez-se um pesado silêncio na habitação.

- Fizeram algo mais que lhe interrogar - disse brandamente Alicia - Pobre

Nicolas! Isso é algo que não lhe desejo nem a meu pior inimigo.

- Por que? O que lhe têm feito? - perguntou Emma sempre curiosa.

Tasia recordou em silêncio as horríveis torturas das que tinha ouvido falar em

São Petersburgo, a maneira em que se castigava aos presuntos inimigos do

governo imperial. Os verdugos utilizavam geralmente do knout, um látego querasgava a carne até o osso, e também usavam tenazes ao vermelho vivo e outros

métodos para voltar para um homem louco de dor.

O que teriam feito ao Nicolas?

Repentinamente o prazer dos presentes desapareceu e só sentiu compaixão.

- Pergunto-me como poderíamos lhe ajudar… 

- Por que quereria fazê-lo? - indignou-se Emma - É malvado. Tem o que semerece.

- “Não condene e não ser{ condenado” - citou Tasia - “Perdoa e ser{ perdoado” 

Resmungando algo, Emma voltou para baú cheio de tesouros.

- Em qualquer caso segue sendo um mau homem - insistiu.

Tasia se sentiu decepcionada quando comprovou que Luke reagia da mesma

maneira que sua filha. Quando de noite lhe contou o que dizia a carta da Maria,ele mostrou uma indiferença que lhe exasperou.

- Angelovsky sabia o perigo que corria - disse - decidiu matar Shurikovsky

arriscando sua vida. Gosta de jogar com o perigo Tasia. Devia esperar que seus

inimigos encontrariam a maneira de lhe destruir. Nicolas sempre teve os olhos

abertos.

- Entretanto não posso evitar sentir por ele. Estou segura de que lhe têm feito

sofrer de um modo horrível.

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Luke se encolheu de ombros.

- Isso não é da nossa conta.

- Não poderíamos ao menos pedir suas notícias por meio de suas amizades no

Ministério de Assuntos Exteriores?

Luke lhe lançou um olhar duro olhar.

- Por que se preocupa tanto pelo que aconteça ao Angelovsky? Deus é

testemunha de que ele não se preocupou contigo nem com ninguém.

- Para começar é um membro da família.

- Longínquo.

- E, além disso, é uma vítima dos governantes corruptos da mesma forma quefui eu.

- Em seu caso há uma boa razão - disse Luke com cinismo - A menos que cria

que a morte do Shurikovsky foi realmente um suicídio.

Ela se incomodou por sua atitude condescendente.

- Te erigindo em juiz e jurado do Nicolas demonstra que não vale mais que o

czar e seus ministros.Desafiaram-se com o olhar e Luke avermelhou de cólera.

- De modo que agora lhe defende!

- Tenho direito a fazê-lo, sei como se sente um quando vê que todo mundo esta

em contra e deve suportar as acusações e o desprezo sem saber em quem

apoiar-se.

- Depois me pedirá que lhe acolha sob meu teto!- Seu teto? Acreditava que era nosso  teto! E não, nem me tinha ocorrido, mas

seria te pedir muito que oferecesse refúgio a alguém de minha família?

- Sim, se esse alguém for Nicolas Angelovsky. Maldição Tasia, sabe igual a mim

do que é capaz! Nem sequer merece a pena que discutamos depois do que nos

fez.

- Eu já lhe perdoei e se você não pode fazê-lo, ao menos tenta entender… 

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- Verei-lhe no inferno antes de que lhe perdoe a maneira em que se meteu em

nossa vida.

- Porque seu orgulho está ferido! - cortou Tasia - Por isso é pelo que te volta

louco de raiva assim que ouve seu nome.

Foi um golpe baixo e Tasia soube assim que viu que Luke franzia o cenho e

apertava os dentes para conter uma réplica. Conseguiu dominar-se mas sua voz

era insegura quando disse:

- Crie que me importa mais meu orgulho que sua segurança?

Tasia permaneceu em silêncio rasgada entre a cólera e o arrependimento.

- De que estamos falando realmente? - disse Luke olhando-a friamente - O que éo que esperas que faça?

- Só que tente averiguar se Nicolas está vivo ou morto.

- E depois?

- Eu… 

Tasia se voltou encolhendo os ombros.

- Não sei.Luke pôs uma careta.

- É uma péssima mentirosa, Tasia.

Abandonou a habitação sem ter respondido afirmativamente a sua petição e

Tasia sabia que seria uma imprudência por sua parte voltar a pedir-lhe.

Os seguintes dias se desenvolveram com normalidade mas suas conversações

eram tensas, seus silêncios cheios de perguntas sem resposta. Tasia tivesse sido

incapaz de dizer porque a desgraçada situação do Nicolas a perturbava tanto,

mas cada vez estava mais preocupada com saber o que lhe tinha acontecido.

Uma noite, depois do jantar, quando Emma subiu a deitar-se, Luke se serviu

uma taça de conhaque e a fez girar em sua mão enquanto olhava

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pensativamente a sua mulher. Ela se removeu nervosa mas lhe sustentou o

olhar. Notou que ele tinha algo importante que lhe dizer.

- O príncipe Nicolas foi desterrado - declarou sem nenhum preâmbulo -

Segundo o ministro dos Assuntos Exteriores, está vivendo em Londres.

Tasia pegou um salto no assento.

- Londres? Por que veio a Inglaterra? Como vai? Em que condições… 

Luke terminou secamente com a inundação de perguntas:

- Esses é tudo o que sei. E lhe proíbo que tenha o mais mínimo contato com ele.

- Você me proíbes?

- Não pode fazer nada por ele. Aparentemente lhe permitiram levar a décimaparte de sua fortuna, o qual é mais do que necessita para viver comodamente.

- Sem dúvida - disse Tasia calculando rapidamente que a décima parte da

fortuna dos Angelovsky devia representar ao menos trinta milhões de libras

esterlinas - mas perder assim sua casa e sua herança.

- Lhe passará.

Tasia se viu de novo surpreendida por sua intransigência.- Sabe o que fazem os inquisidores do governo quando um homem é suspeito

de traição? Seu método preferido é lhe dar chicotadas até chegar ao osso antes

de assá-lo no fogo como se fora um porco. Seja o que for que tenham feito ao

Nicolas, estou segura de que nenhuma quantidade de dinheiro é suficiente para

compensá-lo. Não tem outra família na Inglaterra além da Alicia Ashbourne e

eu.- Charles nunca deixará que sua mulher vá visitar o Angelovsky.

- De modo que Charles e você são os donos absolutos de suas esposas?

Ofendida se levantou da poltrona cheia de ira.

- Quando me casei contigo esperava ter um marido inglês que me respeitaria,

permitiria-me falar e me daria a liberdade de atuar como eu quisesse. Se o

entendi bem isso é o que ofereceu a sua primeira esposa. Não pode dizer que

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Nicolas me poria em perigo ou que eu causaria algum dano indo ver-lhe. Não

pode me proibir nada sem me dar uma explicação.

Luke estava pálido de fúria.

- Obedecerá-me nisso - decretou - e maldito seja se te dou alguma explicação.

Algumas vezes minhas decisões são irrevogáveis e não admitem discussão.

- Só porque é meu marido?

- Sim. Mary se dobrava ante esta regra e você também deverá fazê-lo.

- Nem o sonhe!

Tasia tremia com os punhos apertados.

- Não sou uma menina a quem pode dar ordens! Nenhuma coisa, nem umanimal ao que fica uma correia e lhe leva onde a gente quer e ainda menos uma

dócil escrava. Meu corpo e minha mente me pertencem e se insistir em sua

decisão de não me deixar ver o Nicolas não voltará a me tocar nunca.

Luke se moveu tão depressa que ela não teve tempo de reagir. Com um único

movimento a pegou a ele, colocou os dedos entre seu cabelo e se apoderou de

seus lábios. Beijou-a com violência e ela notou o sabor do sangue na boca.Tentou lhe empurrar com um gemido e quando por fim ele a soltou ela rugia de

raiva. Tremente se levou uma mão aos lábios intumescidos.

- Tocarei-te quando o desejar –  disse Luke - Não me leve até o limite ou te

arrependerá, Tasia.

Embora Alicia Ashbourne não tinha nenhum desejo de ver o Nicolas, morria decuriosidade e se interessou por sua situação.

- Dizem que se necessitaram vinte carretas para trazer suas coisas do cais até a

casa - disse um dia tomando o chá com a Tasia - Muita gente manifestou seu

interesse em lhe ver mas se nega a ter visitas. Na cidade só se fala disso, o

misterioso exilado, o príncipe Angelovsky.

- Pensa ir ver-lhe? - perguntou Tasia com calma.

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- Não tornei a ver o Nicolas desde que era uma menina, e agora não tenho nem

vontades nem obrigação de lhe ver. Por outra parte Charles ficaria furioso se

pusesse os pés na casa do Nicolas.

- Não me posso imaginar ao Charles zangado, é o homem mais tranqüilo que

conheço.

- Entretanto às vezes acontece - asegurou Alicia - ao redor de uma vez cada dois

anos, mas te juro que não quereria estar perto quando ocorre.

Tasia sorriu e logo deu um suspiro.

- Luke está zangado comigo - confessou - Muito zangado. E sem dúvida com

razão. Não saberia explicar porque preciso ver o Nicolas, só sei que estásozinho, que está sofrendo e que deve haver uma forma de lhe ajudar.

- Mas porque quer fazê-lo quando te causou tantos problemas?

- Também pude escapar da Rússia graças a ele - recordou Tasia - Sabe seu

endereço? Diga-me isso, Alicia.

- Não irás desobedecer a seu marido?

Tasia franziu o cenho. Nos últimos meses tinha trocado muito, pouco tempoantes não teria que lhe fazer essa pergunta, tinham-na educado para obedecer

as ordens de seu marido e aceitar sua autoridade sem questioná-la. Recordava a

amarga ironia da Carolina Pavlovna, uma escritora russa: “ Aprende como esposa,

o sofrimento de uma esposa, não deve procurar seus próprios sonhos nem seus próprios

desejos, toda sua alma pertence a seu marido, inclusive seus pensamentos são

 prisioneiros” Mas esse já não era seu destino, tinha chegado muito longe e tinha trocado

muito para deixar que ninguém possuísse sua alma. Atuaria conforme lhe

ditasse sua consciência e amaria a seu marido como um sócio em lugar de um

amo. Era importante que demonstrasse isso a si mesma e ao Luke.

- Me diga onde vive - disse em um tom que não admitia réplica.

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- 43 Upper Brook Street - murmurou Alicia de má vontade - aa mansão de

mármore branco. E, sobretudo, não te atreva a dizer que fui eu quem te deu o

endereço, porque o negarei até meu último fôlego.

Ao dia seguinte pela tarde, com o Luke ocupando-se de seus negócios e Emma

 brigando com um tratado de filosofia, Tasia ordenou que lhe preparassem um

carro e saiu da casa dizendo que ia visitar os Ashbourne.

Upper Brook Street não estava longe da residência dos Stokehurst. Quando o

carro se deteve diante de uma imensa mansão. Um lacaio se adiantou para baterna porta que abriu o ama de chaves, uma anciã russa vestida de negro e com

um gorro cinza na cabeça. Aparentemente, Nicolas não tinha acreditado

necessário contratar a um mordomo. A mulher resmungou algumas palavras

em um péssimo inglês lhe indicando a Tasia que se fora.

- Sou lady Anastasia Ivanovna Stokehurst - disse rapidamente Tasia - Queria

ver minha primo.A mulher se surpreendeu para ouvi-la falar em um russo perfeito e respondeu

no mesmo idioma visivelmente feliz de encontrar-se ante uma compatriota.

- O príncipe está doente.

- Muito doente?

- Está morrendo milady. Morrendo, muito lentamente.

O ama de chaves se benzeu.- Alguém deveu jogar um mal de olho à família Angelovsky. Ele está assim

desde que o comitê especial lhe interrogou em São Petersburgo.

- O comitê especial… - repetiu Tasia.

Essa era uma denominação muito civilizada frente à terrível realidade.

- Tem febre? Lhe infectaram as feridas?

- Não milady. A maior parte das chagas cicatrizaram. A que está doente é sua

mente, o príncipe está muito fraco para levantar-se e ordenou que seu

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dormitório esteja às escuras. Vomita tudo o que ingere, tanto a comida como a

 bebida, exceto um copo de vodca de vez em quando. Nega-se a que lhe movam

ou lhe lavem. Assim que lhe toca treme ou grita como se lhe estivessem

queimando com um ferro ao vermelho.

Tasia a escutava simulando indiferença quando em realidade seu coração

estava encolhido de compaixão.

- Há alguém a seu lado?

- Ele não o permitiria milady.

- Me leve a sua habitação.

Enquanto atravessavam a casa que se mantinha cuidadosamente na penumbra,Tasia se fixou em que as habitações estavam cheias dos valiosos tesouros do

palácio Angelovsky de São Petersburgo. Inclusive haviam trazido um

maravilhoso ícone que ocupava toda uma parede. Ao aproximar-se do

dormitório do Nicolas, o aroma de incenso se fez cada vez mais penetrante. Era

o aroma que se usava para facilitar o trânsito ao outro mundo dos que estavam

agonizando, e Tasia recordou havê-lo notado também no leito de morte de seupai. Entrou na habitação e lhe rogou à ama de chaves que a deixasse sozinha.

Estava escuro e Tasia se dirigiu até a janela para abrir as pesadas cortinas

deixando entrar um pouco de luz, logo entreabriu a janela para que deixar que

saísse algo da fumaça do incenso. Por fim se aproximou da cama onde dormia

Nicolas Angelovsky.

Impressionou-se terrivelmente ao ver seu aspecto, estava abafado até o peitomas um magro braço estava sobre o lençol e seus dedos se moviam sem dúvida

devido a algum sonho. Umas recentes cicatrizes se enroscavam ao redor de suas

mãos e seus cotovelos. Sentiu nauseia. O rosto do príncipe, tão formoso pouco

tempo antes, agora só era ocos e sombras, o tom dourado de sua pele tinha

agora em aspecto céreo da morte, seu cabelo, antes cheio de reflexos dourados,

estava agora fosco e condensado.

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Uma terrina de verduras sem tocar se esfriava na mesinha de noite ao lado de

umas figurinhas de animais, destinadas a afastar os maus espíritos, e de um

 bote onde se queimava incenso. Tasia apagou a pequena chama e fechou a

tampa para eliminar a fumaça. Nicolas despertou sobressaltado.

- O que acontece? - murmurou - Fecha a janela, há muito ar e muita luz.

- Diria-se que não quer te curar - disse Tasia com tranqüilidade aproximando-se

mas dele.

Nicolas entrecerrou os olhos e a olhou com seus estranhos olhos amarelos que

agora lhe pareceram mais vazios que nunca. Parecia um animal apático e

dolorido ao que o dava igual viver ou morrer.- Anastasia! - sussurrou ele.

- Sim, Nicolas.

Sentou-se com cuidado no bordo da cama.

Embora não fez gesto de ir tocar-lhe, Nicolas se encolheu instintivamente.

- Deixa - disse o com voz rouca - não suporte verte, nem a ti nem a ninguém.

- Por que veio a Londres? Tem família na França, na Finlândia e inclusive naChina, enquanto que aqui não há ninguém além de mim. Queria que viesse

Nicolás.

- Quando o desejar te mandarei um convite. Agora te largue.

Tasia ia replicar quando sentiu uma presença em suas costas e olhou por cima

do ombro. Viu com horror que Emma estava na porta com seu magro corpo

meio oculto na penumbra, traía-a sua chamejante cabeleira.aproximou-se dela muito séria.

- O que está fazendo aqui Emma Stokehurst? - murmurou secamente.

- Segui-te a cavalo - respondeu a menina - Te ouvi falar com papai do príncipe

Angelovsky e estava segura de que viria a lhe ver.

- Isto é algo que não te incumbe, não tinha direito a intervir. Já sabe o que opino

de seu costume de escutar detrás das portas e de te colocar no que não te

importa.

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Emma pareceu arrependida.

- Tinha que vir para me assegurar de que ele não te causaria problemas outra

vez.

- O dormitório de um homem doente não é um lugar apropriado para uma

 jovencita. Quero que vá imediatamente Emma. Agarra a carruagem para voltar

para casa e logo me manda isso outra vez.

- Não - interveio uma voz grave.

Os olhos das duas mulheres se voltaram para a cama e os olhos da Emma se

entrecerraran.

- Esse é o homem que vi no Harrods? - perguntou com um murmúrio - Não oreconheço.

- Acérca-te - ordenou Nicolas movendo uma mão imperiosamente.

O esforço foi muito para o e seu braço voltou a cair pesadamente sobre o lençol.

Olhava fixamente o pequeno rosto cheio de sardas emoldurado por um cabelo

que parecia fogo.

- De modo que voltamos a nos encontrar - disse olhando-a sem pestanejar.- Aqui cheira muito mal - decretou Emma cruzando os braços sobre seu

incipiente peito.

Ignorando os protestos da Tasia se dirigiu à cama e sacudiu a cabeça com asco.

- Olhe todas estas garrafas. Deve estar completamente bêbado!

A sombra de um sorriso apareceu nos lábios do Nicolas.

- O que quer dizer “bêbado”? - Completamente bêbado! - replicou Emma com atrevimento.

Com uma rapidez assombrosa Nicolas apanhou um de seus brilhantes cachos.

- Me escute - disse em voz baixa - uma historia do folclore russo fala de uma

 jovem que salva a um príncipe da morte, lhe trazendo uma pluma mágica,

arranco da cauda de um pássaro de fogo. As plumas desse pássaro têm uma cor

que oscila entre o vermelho e o dourado. Como seu cabelo. Um ramalhete de

chamas.

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Emma se separou de um salto e respondeu com uma careta:

- Mas bem uma cesta de cenouras!

Olhou a Tasia.

- Vou voltar para casa agora que já comprovei que não há nada que temer deste

indivíduo.

Pôs nas últimas palavras todo o desdém de que era capaz, e logo abandonou o

dormitório. Nicolas fez um esforço para girar a cabeça e segui-la com o olhar.

Tasia estava assombrada da transformação que se operou nele. Tinha

desaparecido qualquer sinal de apatia e inclusive tinha recuperado um pouco

de cor.- Diablilla! - disse o - Como se chama?

Tasia subiu as mangas e ignorou a pergunta.

- Vou pedir a quão criados esquentem a sopa, e você lhe vais comer isso.

- E logo me promete que irá?

- Certamente que não. vou lavar te e a te curar quão feridas certamente tem.

- Ordenarei que lhe joguem.- Espera a estar o bastante forte e poderá te encarregar você mesmo de fazê-lo -

sugeriu Tasia.

As inchadas pálpebras se entrecerraram, o bate-papo tinha esgotado ao Nicolas.

- Não sei se isso acontecerá algum dia; ainda não decidi se tenho desejo morrer

ou seguir vivendo.

- As pessoas como você e eu sempre sobrevivem - disse ela repetindo a fraseque ele lhe havia dito antes de que saísse da Rússia - Me temo que não tem

opção Kolia.

- Estas aqui contra os desejos de seu marido.

Era uma afirmação e não uma pergunta.

- Ele nunca teria aceito que viesse para ver-me.

- Você não lhe conhece – disse tranqüilamente Tasia.

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- Te vai golpear - continuou Nicolas com uma espécie de satisfação perversa -

nem sequer um inglês seria capaz de suportar esta situação.

- Não me pegará - protestou Tasia sem estar de todo segura.

- Vieste por mim ou só para lhe levar a contrária?

Tasia permaneceu em silêncio um momento antes de responder com toda

franqueza:

- Pelas duas coisas.

Desejava que Luke confiasse nela por completo, queria ter liberdade para atuar

como melhor lhe parecesse. Na Rússia uma mulher de nobre berço estava

sempre dirigida por seu marido, aqui tinha a oportunidade de ser alguémindependente e tinha que ser capaz de fazer que Luke o entendesse, fossem

quais fossem as conseqüências.

 Já era tarde quando retornou à mansão Stokehurst. Nicolas tinha demonstrado

ser um paciente difícil e isso era dizer pouco. Enquanto Tasia lhe lavava com a

ajuda do ama de chaves, ele passava dos insultos a mas completa imobilidadecomo se de novo lhe estivessem torturando. Alimentar foi outra difícil prova

mas conseguiram lhe fazer tragar algumas colheradas de sopa e duas ou três

partes de pão. Finalmente Tasia deixou-o em um estado muito melhor que o

que tinha quando ela chegou, embora furioso por ter sido privado de sua

vodca.

Tasia pensava voltar o dia seguinte e todos os dias até que sua primo estivessedefinitivamente fora de perigo. A visão do corpo mutilado do Nicolas lhe tinha

quebrado o coração. Que cruéis podiam chegar a ser os homens! Só desejava

uma coisa: cobrir-se nos braços do Luke para que ele a consolasse. Em lugar

disso ia se encontrar com uma guerra.

Luke sabia o que ela tinha feito e porque chegava tarde a casa, tomaria sua

atitude como um insulto a sua autoridade de macho. Possivelmente inclusive já

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tinha pensado em algum castigo. A menos que tivesse decidido lhe demonstrar

um frio desprezo, o qual seria muito pior.

A casa estava sumida em uma semipenumbra, era o dia de descanso dos

criados e a mansão parecia deserta. Cansada, Tasia subiu à habitação que

compartilhava com o Luke e lhe chamou. Não obteve resposta. Acendeu o

abajur da mesinha de noite, despiu-se e logo, vestida sozinho com a regata,

sentou-se diante do penteadeira para escovar o cabelo.

Ouviu que se abria a porta e ficou imóvel com os dedos crispados na manga de

marfim.

- Luke? - arriscou-se a dizer olhando através do espelho.Ele estava de pé, com um batín escuro e a expressão que ela leu em seus olhos a

fez ficar em pé de um salto. Quis fugir dele, mas só conseguiu dar uns passos

vacilantes.

Ele a agarrou e a empurrou contra a parede lhe agarrando o queixo com uma

mão. Só se ouvia o ruído de suas respirações, a do Luke mais forte e a da Tasia

mas rápida e assustada. Ele tivesse podido lhe romper os ossos como se fossemcascas de ovo.

- Me vais castigar? - perguntou ela em voz baixa.

O deslizou um joelho entre suas pernas queimando-a com o olhar.

- Deveria fazê-lo?

Tasia tremeu.

- Tinha que ir - sussurrou isso - Luke eu…eu não queria te desobedecer. Sinto-omuito… 

- Não o sente! - contradisse-a.

Ela não soube que responder, nunca lhe tinha visto nesse estado.

- Luke - murmurou - Não… 

Ele afogou suas palavras com um beijo apaixonado e violento, deslizou a mão

sob um tirante e atirou até rompê-lo. Sua mão acariciou o peito da Tasia que se

inchou como resposta. Ao princípio Tasia estava muito nervosa para responder

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conscientemente, mas as mãos do Luke a obrigaram a fazê-lo e logo esteve

enjoada de desejo. O sangue golpeava em seus ouvidos e se ouviu vagamente a

se mesma balbuciando palavras de amor, mas Luke não a escutava, dominado

por uma paixão selvagem e desenfreada.

Deslizou uma mão entre a pernas dela e ela se arqueou contra ele enquanto eke

se apoderava novamente de seus lábios. Quando esteve muito enjoada para

sustentar-se em pé, levou-a a cama.

Permaneceu tendida sobre um flanco, passiva, incapaz de falar ou de pensar,

com os olhos fechados. Esperou e ele se deitou a suas costas e a penetrou.

Ela se arqueou para ele esquecendo-se de tudo o que não fora essa deliciosatortura.

- Por favor - gemeu.

- Ainda não - sussurrou ele em sua nuca.

Ela sentiu as primeiras quebras de onda de prazer.

- Espera.

Ralentizó o ritmo fazendo-a gritar de frustração e a manteve ao bordo doprecipício durante uns eternos minutos, controlando as sensações da mulher

que tão bem conhecia, até que esteve seguro de que a possuía em corpo e alma.

Só então permitiu que alcançasse o orgasmo e se uniu a ela imediatamente.

Um pouco mas tarde ela se voltou para ele e escondeu a cara em seu torso.

Nunca se havia sentido tão perto dele. Durante uns fascinantes momentos

tinham encontrado um lugar fora do tempo cheio de um perfeito entendimento.Ficou entre eles como uma nuvem e ela soube o que lhe ia dizer Luke antes de

que este falasse.

- É muito voluntariosa Tasia, e hoje compreendi que é assim como te amo. Me

alegro de que não me tenha medo. Decidiu manter sua posição e não quero que

isso troque. Não tinha nenhuma razão válida para impedir que visse o

Angelovsky. A verdade é que só estava ciumento.

Acariciou-lhe o cabelo.

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- Algumas vezes quero te conservar só para mim, te escondendo aos olhos de

outros. Quero ter toda sua atenção, todo seu tempo e todo seu amor.

- Mas já o tem! - replicou ela brandamente - Não porque te pertença mas sim

porque o decidi assim.

- Sei. Comportei-me de um modo desagradável e egoísta, e não estou muito

orgulhoso de mim mesmo - suspirou ele.

- Mas tentasse te corrigir - sugeriu Tasia brincando.

- Se puedo - respondeu ele com uma careta.

Rendo lhe pôs os braços ao redor do pescoço.

- Nossa vida não estará desprovida de obstáculos, não é certo?- Sem dúvida! Mas desfrutarei de cada minuto.

- Eu também. Nunca tivesse podido imaginar que chegaria a ser tão feliz.

- E isso não é todo - murmurou ele contra seus lábios - espera e verá.

Epilogo

O vento sorvete de novembro lhe impregnou até os ossos ao Luke no curto

trajeto que havia entre seu escritório da companhia ferroviária e sua casa à

 borda do Támesis. Arrependia-se de não ter pego uma carruagem mas nãoesperava que o dia fora tão frio. Desceu-se do cavalo e lhe entregou as rédeas a

um lacaio, depois subiu as escadas da entrada, o mordomo lhe abriu a porta e

lhe tirou o casaco e o chapéu.

Luke desfrutou de do agradável calor da casa.

- Sabe onde está lady Stokehurst?

- Lady Stokehurst e a senhorita Emma estão no saloncito com o príncipe

Nicolas, milord.

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Luke abriu os olhos com assombro, nunca antes Nicolas tinha ido visita sua

casa. Deixar que Tasia curasse a sua primo era uma coisa mas lhe receber em

sua própria casa era um assunto completamente distinto. Apertando os dentes

se dirigiu para o salão.

Emma deveu ouvir seus passos já que apareceu na porta completamente

excitada.

- Papai! Acaba de acontecer algo extraordinário, Nicolas veio a nos ver e me

trouxe um presente.

- Que tipo de presente? - perguntou Luke muito sério enquanto seguia a sua

filha ao interior.- Um gatinho doente. Suas pobres patinhas estão infectadas. O homem que o

tinha antes lhe arrancou as unhas e agora o pobre animal tem tanta febre que é

possível que não sobreviva. Tentamos fazer que bebesse leite. Se se salva

poderei ficar com ele, por favor… 

- Não vejo porque poderia nos incomodar ter um gato… 

Luke se interrompeu em seco ante a cena que tênia ante os olhos.Tasia estava agachada ao lado de uma bola de cabelo a raias laranjas, negras e

 brancas que tênia a estatura de um cão. Ante o olhar incrédulo do Luke, o

“gatinho” se dirigiu com suas patas enfaixadas até uma terrina de leite e

começou a beber timidamente.

Algumas donzelas, empelotadas no outro extremo da habitação, olhavam ao

animal com uma evidente desconfiança.- Comem homens, não é certo? - perguntou uma delas angustiada.

Luke se deu conta de que era um filhote de tigre, olhou o pequeno rosto

esperançado de sua filha e logo a expressão de causar pena da Tasia, por fim

seus olhos se posaram no Nicolas Angelovsky que estava instalado em um sofá.

Era a primeira vez que Luke lhe via depois de sua estadia na Rússia. O príncipe

tinha emagrecido muito e os ângulos de sua cara eram muito mais

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pronunciados, a cor de sua pele era de uma palidez doentia mas seus olhos

amarelos não tinham trocado e seu sorriso seguia estando tinta de ironia.

- Zobrasvouity - disse.

Luke não pôde apagar sua expressão de contrariedade.

- Angelovsky - resmungou - eu gostaria que no futuro se abstivesse de trazer

“presentes” a minha família. Já te colocaste bastante na vida dos Stokehurst.

Nicolas não abandonou seu sorriso.

- Não tive opção, tinha que lhe trazer o filhotinho a minha prima Emma, a Santa

guardiã dos animais feridos.

A menina estava inclinada sobre o pobre bichinho com a mesma preocupaçãode uma mãe. Angelovsky não tivesse podido escolher melhor presente, teve que

reconhecer Luke.

- Olhe papai - disse Emma comovida enquanto o filhote de tigre emitia um

ronrono de agradar depois de cada lambida de leite - É tão pequeno! Não

ocupará muito lugar.

- Crescerá - replicou Luke muito sério - acabará pesando duzentos quilogramasou mais.

- De verdade? - perguntou Emma com cepticismo - Tanto?

- Como diabos quer que conservemos um tigre?

Luke olhava alternativamente a sua mulher e ao Nicolas como se queria lhes

matar.

- Têm que encontrar um modo de lhes liberar dele ou o farei eu pessoalmente.Tasia correu para ele com um sussurro de seda e lhe pôs uma mão no braço

com suavidade.

- Eu gostaria de falar contigo em privado Luke - disse em voz baixa antes de

dirigir-se a seu sobressaio - necessitas descansar Nicolas, não deve te arriscar te

cansando muito.

- Possivelmente devesse ir - assentiu Nicolas levantando-se.

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- Acompanho-te – propôs Emma - ficando no ombro ao pequeno tigre que se

derrubou feliz.

Quando tiveram deixado a estadia, Tasia ficou nas pontas dos pés para

sussurrar no ouvido de seu marido:

- Lhe rogo… seria isso tão feliz se pudesse ficar com ele.

- Pelo amor de Deus, é um tigre!

Luke retrocedeu um pouco para ver melhor a sua mulher e franziu o cenho.

- Eu não gosto de muito chegar a casa e me encontrar a alguém como

Angelovsky em meu salão.

- Veio de improvisto - se desculpou Tasia um pouco molesta - não podia lhefechar a porta nos narizes.

- Não consentirei que comece a meter-se em nossa vida.

- É obvio que não! - exclamou Tasia lhe seguindo pelo vestíbulo - revisto é o

modo do Nicolas de fazer as pazes, não acredito que deseje nos fazer nenhum

dano.

- Eu não tenho sua tolerância - resmungou Luke - e no que a minha respeita nãoé bem-vindo a esta casa.

Tasia ia alegar algo quando viu a Emma na entrada olhando ao Nicolas com o

pequeno animal ainda em braços. Nicolas estirou a mão para acariciar ao tigre e

seus dedos roçaram uma mecha de brilhantes cabelos. O gesto foi breve, quase

imperceptível, mas um calafrio percorreu o espinho dorsal da Tasia. Teve uma

repentina premonição: Nicolas estava olhando a uma Emma mais velha comseu sedutor sorriso, levando-a para a escuridão na qual os dois desapareceram.

Queria isso dizer que algum dia Emma estaria em perigo por culpa do Nicolas?

Tasia se perguntou preocupada se devia dizer algo ao Luke. Não, decidiu, era

uma tolice lhe preocupar sem motivo. Entre os dois saberiam proteger a Emma.

Nada podia lhes ameaçar agora que eram uma família.

- Possivelmente tenha razão - disse apertando o braço de seu marido - vou

encarregar-me de que entenda que não deve vir muito freqüentemente.

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- Bem! E agora voltando para esse animal… 

- Vêem comigo –  rogou-lhe ela levando-o para um rincão escondido sob a

escada.

- Quanto ao tigre… - começou Luke.

- Mais perto.

Agarrou a mão do Luke e a pôs na curva de seu peito suspirando de felicidade

antes de apertar-se mas contra ele.

- Ainda estava dormida quando foi esta manhã - murmurou isso - senti falta de

ti.

- Tasia… Ela aproximou a cabeça do e lhe mordiscou o pescoço. Enquanto ele a beijava

todo o calor do corpo da Tasia se transmitiu ao dele. Sentiu-se invadido por

uma quebra de onda de desejo, enjoado pela cercania dela. Tasia lhe voltou a

agarrar a mão e a deslizou por debaixo do veludo de seu sutiã, pondo-a

diretamente sobre o mamilo. Ele a beijou de novo e lhe respondeu com mas

paixão ainda.- Cheira a inverno - sussurrou ela.

Luke se estremeceu.

- Fora faz frio.

- Me leve a dormitório e te esquentarei.

- Mas o tigre… 

- Depois - disse ela desfazendo o nó de sua gravata - Agora me leve a cama.Luke a olhou com ironia

- Sei reconhecer quando estou sendo manipulado - disse.

- Não estas sendo manipulado - assegurou ela.

Deixou cair ao chão a gravata.

- Está sendo seduzido - continuou - deixa de resistir.

A perspectiva de encontrar-se na cama com a Tasia e tê-la a seu lado, apagou

todo o resto da mente do Luke. Por muito que vivesse não encontraria nunca

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