linguagem e comunicação

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Linguagem e comunicaçõ no contexto educacional

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM FUNDAMENTOS DA

    EDUCAO: PRTICAS PEDAGGICAS

    INTERDISCIPLINARES

    Disciplina: Comunicao e Linguagens

    A LINGUAGEM PERMITIU AO HOMEM A CONSCINCIA, A

    MEMRIA E A IMAGINAO

    Profa. Iara F. de Melo Martins

    Dificilmente seramos o que somos, hoje, em termos de conhecimento,

    acesso a informaes, desenvolvimento tecnolgico e relaes interpessoais,

    sem uma linguagem e sem uma lngua. Todas as nossas atividades cotidianas

    exigem que, direta ou indiretamente, usemos a capacidade lingustica, seja

    para contar histrias aos nossos filhos, fazer uma fofoca, negociar com o

    gerente do banco, etc.

    Desde os tempos mais remotos o homem j buscava formas de se

    comunicar por meio de trocas simblicas- gestos, pinturas e desenhos que

    possivelmente deram origem linguagem. A comunicao, portanto, uma

    condio inerente aos ser humano. nessa perspectiva que a linguagem se

    estabelece como meio de comunicao e como fonte de muitas teorias.

    A linguagem, ento, a faculdade que todos os homens tm de se

    comunicar atravs dos signos de uma lngua (como o francs, portugus,

    romeno). Mas, no nos comunicamos unicamente atravs da lngua: o silncio,

    olhares, gestos, expresses faciais, as vestimentas, nossa postura so

    comportamentos comunicativos.

  • Qual , ento, a diferena entre lngua e linguagem?

    Algumas sociedades usam apenas um termo para se referir s noes

    de lngua e linguagem (por exemplo, o termo do ingls language), to prximos

    so os dois conceitos.

    Convencionou-se atribuir o termo linguagem capacidade geral que

    temos, enquanto seres humanos, de utilizar sinais com vistas comunicao.

    Assim, essa capacidade chega a ns como resultado de um processo

    evolutivo. De acordo com Fiorin (2002), todos os homens e mulheres,

    independente de serem acometidos de patologias que prejudicam a

    comunicao verbal, so portadores de linguagem.

    A lngua, por sua vez, uma parte da linguagem, pois se constitui

    produto social dela. Isto , produto convencionado pelos falantes. A lngua no

    , entretanto, apenas um meio de comunicao. Ela tem funo simblica, j

    que uma forma de conhecimento construda coletivamente na sociedade que

    nos permite estruturar a experincia humana de forma significativa. Tem, ainda,

    funo discursivo-interativa, pois nos permite compartilhar essas experincias e

    conhecimentos de modo intersubjetivo na cultura.

    Voc com certeza sabe o quanto importante comunicar-se. Antes

    mesmo de aprendermos a falar, j nos comunicamos com os outros: o choro do

    beb um exemplo disso. A me, ao ouvi-lo, entende que alguma coisa

    estranha est acontecendo com a criana. Quando isso ocorre estamos nos

    comunicando utilizando uma LINGUAGEM NO-VERBAL, isto , formas de

    comunicao que no utilizam a palavra. Podemos destacar a comunicao

    visual presente na fotografia, no cinema, na pintura, etc., alm das imagens

    utilizadas na comunicao cotidiana, como os sinais de trnsito, placas

    indicativas de lugar (banheiros, restaurantes) e atividades (proibies de falar,

    fumar, usar buzinas, e outras). Os gestos, atravs da linguagem gestual, atuam

    como auxiliar na identificao de desejos, intenes, objetos, s vezes no

    expressos linguisticamente. Segundo especialistas, utilizamos a linguagem

    no-verbal em 2/3 de nossa comunicao cotidiana. O 1/3 restante utiliza a

    LINGUAGEM VERBAL a forma de comunicao que se manifesta por

    palavras.

  • Existe linguagem animal?

    Um estudo clssico sobre o sistema de

    comunicao usado pelas abelhas revela que ela ao

    encontrar uma fonte de alimento, regressa colmeia e

    transmite a informao s companheiras por meio de dois

    tipos de dana: circular, tranando crculos horizontais da

    direita para a esquerda, ou em forma de oito. Quanto

    maior a distncia, menos giros faz a abelha (para 500

    metros, por exemplo, faz seis giros em 15 segundos). A

    direo a ser seguida dada pela direo da linha reta em relao posio

    do sol.

    Embora seja bem preciso o sistema de comunicao das abelhas ou

    de qualquer outro animal (como das baleias, formigas) cuja forma de

    comunicao j tenha sido analisada- ele no constitui uma linguagem, pois o

    contedo da mensagem das abelhas nico: o alimento. A nica variao

    possvel refere-se distncia e direo; e a mensagem da abelha no

    provoca uma resposta, mas apenas uma conduta, o que significa que no h

    dilogo.

    Desta forma, somos os nicos animais que utilizamos a linguagem

    verbal. Ou seja, somos os nicos animais que falamos com os outros animais e

    s vezes falamos mesmos para ns prprios. A posse da linguagem, mais do

    que qualquer outro atributo, distingue os seres humanos dos demais animais.

    O linguista Charles Hockett (1960, p.5), ao descrever a origem da fala,

    posiciona-se a respeito das caractersticas que diferenciam a linguagem verbal

    de outras linguagens, especialmente os sistemas de comunicao verificados

    em algumas espcies de animais. Para o autor, o homem o nico animal que

    pode se comunicar por meio de smbolos abstratos, ainda que essa habilidade

    compartilhe de muitas caractersticas com a comunicao em outros animais e

    tenha derivado desses sistemas mais primitivos.

    Para compreendermos a nossa humanidade teremos de compreender a

    linguagem que nos torna humanos. De acordo com Fromkin e Rodman (1993),

    para alguns africanos, um recm-nascido um kuntu, uma coisa, no sendo

    ainda um muntu, uma pessoa - apenas ao aprender a linguagem que a

    criana se transforma em um ser humano.

    Para Fromkin e Rodman (1993, p.17), onde existem seres humanos

    existe linguagem:

  • No existem lnguas primitivas todas as lnguas so igualmente

    complexas e igualmente capazes de exprimir uma ideia do universo;

    Todas as lnguas evoluem atravs do tempo;

    As relaes entre sons e significados em linguagens faladas e entre

    gestos (sinais) e significados em linguagens de sinais so, na maior

    parte dos casos, arbitrrias.

    A origem da linguagem

    A universalidade da linguagem como

    caracterstica exclusiva do ser humano levantou

    tambm a questo de como ter surgido a linguagem.

    Segundo Fiorin (2002), todas as religies e mitologias

    contm narrativas sobre a origem da linguagem como

    a origem do homem, a Torre de Babel etc).

    O interesse pela linguagem muito antigo,

    expresso por mitos, lendas, cantos, rituais ou por

    trabalhos eruditos que buscam conhecer essa capacidade humana. Remontam

    ao sculo IV a. C. os primeiros estudos. Inicialmente, foram razes religiosas

    que levaram os Hindus a estudar sua lngua, para que os escritos sagrados

    reunidos no Veda no sofressem modificaes no momento de ser proferidos.

    Mais tarde os gramticos Hindus, entre os quais Panini (sculo IV a. C.),

    dedicaram-se a descrever minunciosamente sua lngua, produzindo modelos

    de anlise que foram descobertos pelo Ocidente no final do sculo XVIII.

    Tanta especulao no de admirar. A curiosidade do homem sobre si

    prprio conduziu-o curiosidade sobre a linguagem. Muitas das primitivas

    teorias sobre a origem da linguagem resultaram do interesse do homem pelas

    suas prprias origens e pela sua prpria natureza. Porque o homem e a

    linguagem esto to intimamente ligados, pensou-se que descobrindo como,

    quando e onde nasceu a linguagem, talvez se viesse a descobrir como, quando

    e onde nasceu o homem.

    Os gestos, hoje, esto no centro das discusses sobre a origem da

    linguagem humana. Alguns tericos, ocupados com os modos de comunicao

    entre os animais, apontam para a modalidade gestual como a primeira forma

    de comunicao do homem primitivo. Entre as evidncias para isso, est o fato

    de que grande parte de nossa comunicao, mesmo nos dias atuais, depende

    da utilizao de gestos, que complementam e, s vezes, sinalizam nossa

    significao.

  • As dificuldades inerentes resoluo destas questes acerca da

    linguagem so imensas. Os antropologistas pensam que o homem existe h

    pelo menos um milho de anos e talvez mesmo h cinco ou seis milhes de

    anos. Mas os primeiros registros escritos que foram decifrados datam apenas

    de h seis mil anos; so escritos dos sumrios de 4000 a. C. Estes registros

    so to tardios na histria do desenvolvimento da linguagem que nada

    esclarecem quanto sua origem.

    Poderamos concluir que a procura deste conhecimento est condenada

    ao fracasso. A nica evidncia que temos de lnguas antigas a escrita; mas a

    fala-linguagem verbal- precede historicamente a escrita por um vastssimo

    perodo de tempo e mesmo hoje existem milhares de comunidades (ndios) que

    falam lnguas perfeitamente atualizadas que, porm, carecem de sistemas

    escritos. A lngua ou lnguas que os nossos antecessores mais remotos

    falavam esto irremediavelmente perdidas.

    Escrita e Fala

    A modalidade primeira de uso da lngua a

    fala. Cada pessoa, ao utilizar a lngua do seu grupo

    social, o faz de uma forma individual,

    personalizada, dando preferncia a determinadas

    construes ou palavras. Isso uma caracterstica

    da fala.

    Outra modalidade de expresso e

    concretizao da lngua a escrita. A lngua escrita, atravs dos tempos, foi

    alada condio de prestgio na sociedade, tanto porque foi alvo de maior

    nmero de estudos das cincias da linguagem, da filologia, etc, quanto porque

    esteve sempre associada s prticas intelectuais e eruditas. Essas duas razes

    do privilgio atribudo lngua escrita tm uma base comum, o prestgio scio-

    poltico que os usurios da modalidade escrita sempre tiveram na sociedade.

    A lngua escrita , por sua natureza, distinta da lngua falada. J se

    sabe que ningum fala como escreve e vice-versa, pois a comunicao escrita

    tem outras exigncias e utiliza-se de outros recursos. Quando escrevemos,

    nosso leitor no est presente, por isso temos de assegurar que a mensagem

    seja eficiente e para tanto utilizamos de recursos prprios de organizao do

    discurso. A escrita utilizada muitas vezes para registrar mensagens que

    devem perdurar no tempo ou atravessar grandes distncias, por isso ela no

    pode ser to flexvel quanto a fala, obedecendo a normas mais rgidas de

    organizao. Porm, essas caractersticas no so restritas apenas a escrita,

    pois uma linguagem escrita informal pode se aproximar da linguagem falada e

  • uma linguagem falada pode se aproximar da linguagem escrita dependendo da

    situao.

    Com a finalidade de, cada vez mais, distanciar a lngua escrita da lngua

    falada/oral e, com isso, acentuar as diferenas sociais, muitos tericos geraram

    quadros comparativos em que demonstravam a natureza complexa, erudita da

    escrita, em relao realizao quase simplria da fala. Koch (2003, p.68-69),

    ao criticar essas teorias, apresenta um quadro que sintetiza a posies dos

    tericos a respeito das diferenas entre fala e escrita, vejamos:

    FALA ESCRITA no-planejada planejada

    fragmentria no-fragmentria

    incompleta completa

    pouco elaborada elaborada

    predominncia de frases curtas, simples ou coordenadas

    predominncia de frases complexas, com subordinao abundante

    pouco uso de passivas emprego frequente de passivas

    vocabulrio restrito, uso de grias e neologismos

    vocabulrio amplo, variado uso de termos tcnicos, eruditos

    emprego restrito de tempos verbais uso do mais que perfeito, subjuntivo, futuro do pretrito

    emprego inadequado dos pronomes relativos

    adequao pronominal

    omisso de palavras clareza, sem omisses e ambiguidades

    frases feitas, chaves e provrbios uso criativo das frases

    Na realidade, segundo Koch (2003), as distines apresentadas nem

    sempre distinguem fala e escrita, especialmente porque uma modalidade pode

    se aproximar da outra em situaes mais ou menos formais, ou seja, a escrita

    informal se aproxima da fala, enquanto que a fala formal se aproxima da

    escrita, em situaes comunicativas variadas. Assim sendo, escrita e fala, ao

    invs de modalidades opostas, esto em relao contnua no processo

    comunicativo.

    So, portanto, modalidades funcionais que se adequam s variadas

    situaes de interao verbal e que esto em relao de complementariedade,

    ao invs de excluso. Quanto s diferenas, a maior crtica que se faz aos

    quadros apresentados que eles analisam modalidades diferentes de lngua,

    aplicando-lhes os mesmos critrios, isto , as caractersticas encontradas

    apenas na escrita.

    No devemos pensar que h uma hierarquia entre fala e escrita, e que

    h uma melhor ou pior. A linguagem humana no funciona assim. Agindo desta

  • maneira estamos reforando a supremacia da escrita sobre a fala. J sabemos

    que muitas prticas sociais da nossa cultura so prticas de letramento,

    fortemente vinculadas escrita, outras tantas so prticas de oralidade e, por

    isso, vinculadas mais diretamente lngua falada.

    Diferentes concepes de linguagem

    A linguagem humana, conforme cita Koch (2003, p.9), tem sido concebida, no curso da Histria, de maneiras bastante

    diversas que podem ser sintetizadas em trs concepes principais:

    1) A Linguagem a expresso (espelho) do pensamento: esta

    concepo ilumina, basicamente, os estudos tradicionais

    (gramtica tradicional). Se concebermos a linguagem como tal,

    somos levados a afirmaes de que pessoas que no conseguem

    se expressar no pensam. A partir dessa concepo, o homem

    representa para si o mundo atravs da linguagem e, assim sendo,

    a funo da lngua representar (= refletir) seu pensamento e seu

    conhecimento de mundo;

    2) A Linguagem instrumento (ferramenta) de comunicao: esta

    concepo est ligada teoria da comunicao e v a lngua

    como cdigo (conjunto de signos que se combinam segundo

    regras) capaz de transmitir ao receptador uma certa mensagem.

    Assim, a principal funo da linguagem , neste caso, a

    transmisso de informaes;

    3) A Linguagem uma forma (lugar) de interao; mais do que

    possibilitar uma transmisso de informaes de um emissor a um

    receptor, a linguagem vista como um lugar de interao

    humana: atravs dela o sujeito que fala pratica aes que no

    conseguiria praticar a no ser falando; com ela o falante age

    sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vnculos que no

    pr-existiam antes da fala.

    Essa ltima concepo da linguagem considerada a mais

    nova/atualizada, pois v a lngua como enunciao, discurso e no apenas

    como comunicao, que, portanto inclui as relaes da lngua com aqueles que

    a utilizam, com o contexto em que utilizada, com as condies sociais e

    histricas de sua utilizao.

  • REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    FIORIN, Jos Luiz. Teoria dos signos. In: Introduo Lingustica: Objetos

    Tericos. So Paulo: Contexto, 2002, p.60-65.

    FROMKIN, V. RODMAN, R. Introduo linguagem. Traduo Portuguesa:

    Coimbra, Almeidina, 1993.

    KOCH, Ingedore V. A interao pela linguagem. 8 ed. So Paulo: Contexto,

    2003.

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