língua e gramática

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  • 8/20/2019 Língua e Gramática

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    LÍNGUA E GRAMÁTICA (José de Alencar)

    Minhas opiniões em matéria de gramática tem-me valido a reputação de inovador,quando não a pecha de escritor incorreto e descuidado.Entretanto, poucos darão mais, se não tanta importância à orma do que eu! pois entendo queo estilo é tam"ém uma arte plástica, por ventura muito superior a qualquer das outrasdestinadas à revelação do "elo. #omo se e$plica, portanto, essa contradição.

    %retendo tratar largamente desse assunto em uma pequena o"ra que tenho entre asmãos, e na qual me propus a a&er um estudo so"re a 'ndole da l'ngua portuguesa, seudesenvolvimento e uturo, considerando especialmente a tão cansada questão do estiloclássico.

    (ou o"rigado, porém a antecipar algumas re)e$ões como resposta ao artigo que emseus Novos Ensaios Críticos escreveu so"re Iracea um distinto literato portugu*s, o (r.%inheiro #hagas.

    +ale a pena ser advertido por cr'tico tão ilustrado, quando a censura, como a som"raque destaca no quadro o vivo e no colorido, não passa de um relevo imerecido a elogiosdispensados com e$cessiva generosidade. questão vai, portanto, estreme de qualquer

    assomo da vaidade, que estaria por demais satiseita com as ne&as rece"idas. Eis aspalavras do artigo a que me rero!

    “Não, esse não é o defeito que me parece dever notar-se na Iracema; o defeito que eu

    vejo em todos os livros brasileiros e contra o qual não cessarei de bradar intrepidamente é a

    falta de correção na linguagem portuguesa, ou antes a mania de tornar o brasileiro uma

    língua diferente do velho portugus por meio de neologismos arrojados e injusti!c"veis e de

    insubordinaç#es gramaticais, que $tenham cautela% chegarão a ser risíveis se quiserem

    tomar as proporç#es de uma insurreição em regra contra a tirania de &obato'(

    #ontinua o escritor no desenvolvimento destas ideias pela maneira por que melhor sepode ver em sua o"ra, escusando de reprodu&ir todo o te$to para não alongar-me.

    a opinião do (r. %inheiro #hagas, a gramática é um padrão inalterável, a que o escritorse há de su"meter rigorosamente. (/ o povo tem a orça de transormar uma l'ngua,modicar sua 'ndole, criar novas ormas de di&er. poiado na opinião de Ma$ Muller, oilustrado cr'tico sustenta que a 0ilologia é uma ci*ncia natural ou 'sica, regida por leisinvariáveis como a rotação dos astros.

    (ingular doutrina que ninguém se animou a produ&ir, nem mesmo a respeito das artesli"erais, maniestações menos inteligentes do pensamento. m1sica, a pintura e a escultura,que alam e$clusivamente aos sentidos por sua nature&a material, sorem, não o"stante, aimpulsão do esp'rito. 2eethoven ou 3ossini, 0'dias ou 3aael, %ra$'teles ou Miguel 4ngelo,qualquer dessas individualidades, sem alar de tantas outras, teve o poder de criar umaescola, de a"rir novos hori&ontes à sua arte, de revelar ormas antes desconhecidas.

    linguagem, porém, a 1nica das artes que ala ao esp'rito, é um marco imutável, so"reo qual nenhuma ação tem os escritores, esses o"reiros da palavra, que a nova teoria redu& àcondição dos mecânicos, mais ou menos destros no mane5o de um material "ruto6

    (uponho eu que há grande equivocação na interpretação dada à teoria de Ma$ Muller.7 corpo de uma l'ngua, a sua su"stância material, que se compõe de sons e vo&es peculiares,esta s/ a pode modicar a so"erania do povo, que nestes assuntos legisla diretamente pelouso. Entretanto, mesmo nesta parte 'sica é inal'vel a in)u*ncia dos "ons escritores! elestalham e pulem o grosseiro dialeto do vulgo, como o escultor cin&ela o rude troço de mármore

    e dele e$trai o no lavor.Mas além dessa parte onética da l'ngua, que orma seu corpo, há a parte l/gica, o seu

    esp'rito, ou, para usar da terminologia da ci*ncia, a gramática. Essa não é, como se pretende,

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    mera rotina ou usança conada à ignorância do vulgo, que somente a pode alterar. qui estáo ponto also da teoria invocada.

    gramática, ou a losoa da palavra, é incontestavelmente uma ci*ncia. #omo todasas ci*ncias, ela deve ter em cada raça e em cada povo um per'odo rudimentário. indamesmo depois de largo desenvolvimento, e$istirá algum ramo de conhecimentos humanosque não este5a im"u'do de alsas noções, e até mesmo de erros crassos8

    7 mesmo sucede com a gramática! sa'da da inância do povo, rude e incoerente, são os

    escritores que a vão corrigindo e limando. #ote5em-se as regras atuais das l'ngua modernascom as regras que predominavam no per'odo da ormação dessas l'ngua, e se conhecerá atransormação por que passaram todas so" a ação dos poetas e escritores.

    9:osé de lencar. )racema( ;ivraria :osé 7l?@A

     Após a leitura atenta do texto, faça o que se pede:

    A!Transcreva do te"to lido a #rase o$ e"%ress&o '$e res%onde s %er$ntas*

    =. Bual é o resultado que o escritor rece"e em virtude de suas opiniões so"re gramática8C. Bue cr'tica é eita ao escritor com menos requ*ncia8D. (egundo o autor o que é estilo8. 7 que e& o sr. %inheiro #hagas8@. Bue deeito viu o sr. %inheiro #hagas no romance de lencar8?. Bual é a opinião do sr. %inheiro #hagas a respeito da gramática8F. (egundo o sr. %inheiro #hagas a quem ca"e transormar a l'ngua8G. Bual a opinião de Ma$ Muller so"re a linguagem8>. (egundo lencar, em que consiste uma l'ngua8

    +! Assinale a ,nica alternativa correta a res%eito do te"to lido*

    =. lencar aceita a cr'tica de ser!a. 9 A inovador ". 9 A incorreto c. 9 A descuidado

    C. (egundo lencar, ao povo compete transormar!a. 9 A a l'ngua ". 9 A o estilo c. 9 A o estilo e a l'ngua

    D. (egundo lencar, ao escritor compete transormar!a. 9 A a l'ngua ". 9 A o estilo c. 9 A o estilo e a l'ngua

    . (egundo %inheiro #hagas, ao povo compete transormar!a. 9 A a l'ngua ". 9 A o estilo c. 9 A o estilo e a l'ngua

    @. (egundo as palavras do cr'tico portugu*s, ao escritor compete transormar!a. 9 A a l'ngua ". 9 A o estilo c. 9 A nenhum deles

    ?. 7 cr'tico reclama de um erro que 5ulga pr/prio!a. 9 A dos escritores "rasileiros ". 9 A de :osé de lencar c. 9 A do romance )racema

    F. atuação de um escritor se destaca, se considerarmos a opinião de!

    a. 9 A :osé de lencar ". 9 A %inheiro #hagas c. 9 A qualquer um deles

    G. :osé de lencar discorda de se redu&ir o escritor a um!a. 9 A o"reiro da palavra ". 9 A mecânico da palavra c. 9 A artista plástico

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    >. :osé de lencar considera um engano!a. 9 A as ideias de Ma$ Muller". 9 A a interpretação de %inheiro #hagasc. 9 A as opiniões de am"os

    =H.Eram m1sicos!

    a. 9 A 2eethoven e 3ossini". 9 A 0'dias e 3aaelc. 9 A %ra$'teles e Miguel 4ngelo

    ==.Eram pintores!a. 9 A 2eethoven e 3ossini". 9 A 0'dias e 3aaelc. 9 A %ra$'teles e Miguel 4ngelo

    =C.Eram escultores!

    a. 9 A 2eethoven e 3ossini". 9 A 0'dias e 3aaelc. 9 A %ra$'teles e Miguel 4ngelo

    =D. 7 acerto das tr*s 1ltimas questões depende apenas da leitura!a. 9 A do te$to ". 9 A do conte$to c. 9 A do conhecimento

    =.lencar era de opinião que "rasileiros e portugueses possu'am!a. 9 A a mesma l'ngua a. 9 A o mesmo estilo c. 9 A a mesma l'ngua e estilo

    [email protected] considera que a gramática estuda a l'ngua!a. 9 A na sua su"stância material". 9 A na sua parte l/gicac. 9 A em am"as as áreas