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Trabalho para o 1º ano do curso Design e Multimedia da Universidade de CoimbraTRANSCRIPT
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Bastidoresdo estilismoTudo sobre desenvolver um projecto estilístico
DESIGN DE MODA Nº1 JUNHO 2010 2,00 € (continente)
CONHECIMENTO DAS PROPORÇÕESA figura despida
A estrutura do corpo
ESQUEMATIZAÇÃO DA FIGURA
ESTILIZAÇÃO DO FIGURINO Desenhar com estilo
Adquar a pose ao estilo
POSE
MERCADO Analisar o mercadoConceito de marca
Como planificar uma linha
ILUSTRAÇÃO Estilo segundo o projecto
COMPUTADORUm bom meio para
finalizar os projectos
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EDITORIAL
BASTIDORES DO ESTILISMO
CONHECIMENTO DAS PROPORÇÕES
PROPORÇÕES DO CORPO
ESQUEMATIZAÇÃO E SINTESE DA FIGURA
ESTILIZAÇÃO DA FIGURA
POSE
ESTADO DA FIGURA VESTIDA
ACESSÓRIOS
MERCADO
A COLECÇÃO
SKETCH BOOK
ESTILOS DE ILUSTRAÇÃO
COMPUTADOR APLICADO
A FICHA TÉCNICA
ESTILISTA PORTUGUESA
Revista baseada no linspirador livro ‘Desenho para designers de Moda‘ dos autores: Ángel Fernández e Gabriel Roig.
produzido por Mariana Alfafar 2009115359
A semelhança de muitas disciplinas artís-
ticas, os designers de moda utilizam a
arte do desenho como parte essencial
do processo criativo, como obra origi-
nal que ajuda a clarificar as primeiras sensações e
ocorrências formais. Embora muitos trabalhem direc-
tamente com o manequim, é difícil encontrar algum
que prescinda do desenho como ponto de partida,
pois os fracas e as manchas que flúem num papel
são os primeiros aliados da imaginação. Quanto me-
lhor desenhe, tanto maior será a sua capacidade de
comunicação e melhor saberá visualizar e perceber
EDITORIAL
as suas próprias ideias. A utilidade do desenho
de moda abarca desde a inspirarão para
o designer ate a expressão de um estilo
característico aplicável aos books de
moda, às revistas e à publicidade.
Este estilo, além de projectar
a criatividade do artista,
deve conter alguma expressão técnica que ofereça
informação prática e que converta a imagem num
ponto de partida do processo industrial de con-
fecção. Se bem que a criatividade seja inerente ao
artista, conhecimento das técnicas do desenho de
moda pode ser assimilado através de um processo
de aprendizagem dirigido.
Esta revista, propõe-se introduzir o ofício de dese-
nhar aos aspirantes, aos designers de moda, aos
ilustradores e a qualquer pessoa que se sinta atraída
pelo fascinante mundo do estilo. Ela permite ao leitor
familiarizar-se com os processos e as técnicas de de-
senho empregues na fase de criação do desenho,
figurinos, uso dos materiais artísticos
colocando conhecimento
e recriando tecidos.
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BASTIDORESDO ESTILISMOA moda é a arte de apresentar ao público a própria aparência pessoal, o culto da imagem, apesar de nela também se fazerem referências a outros aspectos. Desde efeitos psicológicos e culturais até políticos e filosóficos. O cuidado preme-ditado do vestuário permite atrair a atenção para um determinado indivíduo, poten-ciar o olhar, ao amplifica-lo, diversifica-lo, modula-lo e matiza-lo. O principal objectivo é evitar que a sua presença seja esquecida, sublinhando os aspectos mais atraentes e surpreendentes da aparência de cada um.
Para reforçar uma imagem não basta criar um cliché ou um padrão e repeti-lo até a exaustão, mas, pelo contrário, é necessário modificar o modelo e alterá-lo constantemente, para renovar a nossa capacidade de surpresa. Esta renovação continuada faz com que o vestuário, como condição ou aparência externa, se converta num suporte ou instrumento de expressividade, liberdade e criatividade artística.
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CONHECIMENTO DAS PROPORÇÕES
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O conhecimento do corpo humano simboliza a busca e a fixação de
leis da beleza expressas por meio de cânones ou protótipos. O estudo
do cânone é essencial para desenhar a figura correctamente e não
pode ser esquecido, já que o modelo deverá ajustar-se ao corpo hu-
mano. Depois de analisar e compreender a reprodução harmoniosa
da figura humana, do ponto de vista académico, é necessário apren-
der a estilizar, e isso significa modificar algumas relações proporcio-
nais para as adaptar a linguagem da moda.
A nossa aparência perante os outros é o resultado da estrutura
anatómica do corpo e de todas as suas modalidades expressivas.
Tendo em conta que o designer de moda deve adaptar os seus mode-
los a uma figura, é importante compreender bem o nu, a estrutura e as
proporções do corpo humano. Muitas pessoas sentem-se intimidadas
quando trabalham pela primeira vez com um modelo, sabendo que a
complexidade do corpo, com a sua animação e flexibilidade, requer
anos de estudo para ser bem desenhado.
Desenhar uma figura despida pressupõe um desafio maior do que
qualquer outro, porque as proporções, a coordenação entre as for-
mas e a correcção da pose revelam uma realidade muito próxima de
qualquer pessoa, pelo que um erro, que poderia passar desperce-
bido, aqui terá uma grande evidência. Apesar do elevado grau de es-
tilização de muitos projectos de moda, os designers actuais, embora
se declarem antiacadémicos, não podem prescindir por completo de
usar o corpo humano nu para representações, as suas reflexões es-
tilísticas e a sua pratica artística.
A FIGURA DESPIDA
A IMPORTÂNCIA DA FIGURA DESPIDA
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O CÂNONE CLÁSSICO
A figura que denominamos ”academia” deriva do cânone clássico
greco-romano. Trata-se de uma visão muito estandardizada do corpo,
que não corresponde a um indivíduo em particular mas que exemplifica
a ideia geral do homem, da mulher ou da criança.
A principal utilidade de um cânone clássico a partir de módulos (oito
de altura por dois de largura, para o adulto) que permitem comparar
a relação entre os diferentes membros a partir das referências que as
divide entre os mesmos permite referenciar outros pontos significativos
que são de grande ajuda para compreender a anatomia e facilitar a rep-
resentação da figura, assim como localizar referências de largura para
comprovar as demarcações mais importantes.
PROPORÇÕES DO CORPOEntende-se por cânone proporcional da figura humana um código de orientação que, mediante são formulas
matemáticas, estabelece as proporções ideais do corpo humano, dividindo-o em sectores que recebem
o nome de módulos e que facilitam a demarcações distribuído dos membros e o calculo das proporções.
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A CABEÇA COMO MEDIDA
O tamanho da cabeça desempenha um papel-chave na construção
da figura humana de maneira proporcional, pois serve como módulo
básico de medida. Não é por acaso que a altura total da figura de um
adulto é igual a oito vezes esta dimensão. Para desenhar uma figura
correctamente proporcional mede-se a altura da cabeça. Traga-se uma
recta vertical e marca-se oito vezes a dita medida sobre a linha. A partir
desta vertical projecta-se rectas horizontais, que nos permitem construir
a figura. Uma vez concluído o desenho, apaga-se as medidas com uma
borracha.
A esquematização consiste em extremar a estrutura do corpo, reduz-
indo-a a poucos traços essenciais. Se não tivermos experiência em
desenhar figuras ao natural, esta maneira de trabalhar facilita a tarefa,
permitindo que as figuras se tornem mais simples de desenhar
e pareçam correctas.
DO GERAL AO ESPECÍFICO
O segredo da síntese consiste em pôr de lado os pormenores anatómi-
cos e fixar a forma geral do conjunto. Por outras palavras, aprender a
trabalhar do mais geral para o específico. Ver a figura humana como
um conjunto articulado, fixar-nos nas formas básicas do tronco da ca-
beça e dos membros e na relação de proporções que se estabelece
entre elas.
A ESTRUTURA DO CORPO
Para construir uma figura começa-se por projectar o esqueleto interno
de maneira muito sintética. Para isso reduz-se o corpo a uma estrutura
constituída por linhas curvas muito simples (como se fossem arames).
Deve visualizar-se esquematicamente as estruturas principais, tais
como a linha dos ombros e a das ancas, dos segmentas que indicam
a posição e o comprimento das extremidades, assinalando as articu-
lações com pequenos círculos. Desta maneira obtém-se uma figura
geométrica semelhante a um robot, que encerra a estrutura essencial
do corpo.
ESQUEMATIZAÇÃO E SÍNTESE DA FIGURA
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Frequentemente, o designer de moda evita a apresentação realista da figura com a finalidade de oferecer
uma visão mais estilizada e idealizada do figurino. O exagero formal é habitual entre os desenhadores e ilus-
tradores de moda, e para o alcançar é necessário tomar algumas liberdades no que se refere ás proporções
do corpo.
DESENHO COM ESTILO
A imagem do produto deve exercer impacte sobre o cliente, não ap-
enas no que toca à originalidade dos desenhos como também graças
a uma ilustração estilizada. Por isso, cada profissional deve ter um
desenho característico, que lhe pertence e lhe é próprio. Além de criar
um estilo, deve ser capaz de envolver-se na ideia geral do projecto de
uma colecção de uma maneira clara e efectiva.
Isto significa afastar-se do desenho académico, muito embora não
esquecendo, necessariamente, a ideia básica da estrutura do corpo
humano de que falámos anteriormente. Se tivermos isto em conta,
encontraremos mais facilidades ao estilizar o desenho.
ESTILIZAÇÃO DO FIGURINO
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Os modelos estilizados oferecem uma grande presença, já que o cor-
po alonga-se para realçar o modelo e deixar mais espaço à criação.
O estilismo da figura deve estar em consonância com o modelo exi-
bido. Com a aplicação dos cânones de nove e dez cabeças, o corpo
estiliza-se:
O pescoço parece mais comprido, os ombros sã ligeiramente mais
largos em relação à pélvis, o corpo encurta-se e as pernas estiram-se.
O tamanho dos pés, obviamente, é proporcional á altura do corpo.
LIBERDADES COM O CORPO
Quando a estrutura básica das figuras é correctamente proporcional,
o desenhador pode tomar algumas liberdades, tais como alterar as
proporções de determinadas partes do corpo, com o objectivo de
personalizar o figurino ou imprimir um estilo de desenho mais con-
cordante com o desenho dos modelos. Entre alguns ilustradores de
moda contemporâneos encontramos os seguintes exemplos: sobre-
dimensionar a cabeça (tipo boneca), aumentar o tamanho dos olhos
(tipo manga) ou conferir uma tremenda flexibilidade à anatomia (como
se tratasse de um figurino de borracha).
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POSE
Carente de vida, se não tivéssemos em consideração a atitude do cor-
po, por outras palavras, a pose. A captação da energia e o dinamismo
inerente à figura manifestam-se na postura do corpo. Para que este
adquira vida não basta conhecer em perfeição a anatomia, há que
dotá-la de ritmo, vivacidade, “garra”. Assim, no âmbito do desenho
de moda é essencial observar atentamente os movimentos habituais
dos manequins, que devem actuar em consonância com o estilo que
representam. A adequada apresentação de um modelo ou criação
depende em grande medida da correcta escolha da pose do figurino.
ADEQUAR A POSE AO ESTILO
O estilo gestual de uma pessoa é o produto da sua bagagem cultural
e profissional, idade, sexo, estado de saúde, nível de cansaço, etc.
Convém ter em conta a psicologia e o estatuto do cliente ao qual se
destina o modelo, antes de se decidir a postura que o nosso figurino
irá adoptar. Se se trata de um vestido de alta-costura, a pose será so-
fisticada e elegante, se vamos desenhar moda para jovens, o figurino
deve mostrar-se dinâmico, com poses mais informais, irreverentes.
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Embora o modelo cubra grande
parte do corpo do figurino (iludin-
do possíveis problemas do de-
senho anatómico), na figura ves-
tida os problemas que surgem
têm a ver com a avaliação e as
dobras dos tecidos das peças,
que hão-de favorecer a com-
preensão da pose, a atitude que
o corpo adopta em determina-
das situações.
ESTADO DA FIGURA VESTIDAUma resolução mais simples do que a figura despida, graças às roup-
as que ocultam os relevos anatómicos, é o perfil muscular da figura.
No entanto, com a representação do modelo surgem outros reptos:
desenhar os volumes do corpo através da roupa, reproduzir adequa-
damente os jeitos e a postura que a figura adopta, o caimento da
roupa e as dobras e rugas que provoca. O segredo está em observar
como se adapta a peça às formas do corpo, o que se conhece por
grau de vestibilidade. Em suma, o figurino deve actuar como cabide
do modelo, mas sem adquirir um excessivo protagonismo anatómico,
devendo facilitar a leitura do corte e os pormenores do modelo, de
acordo com as características das peças que enverga.
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DIFERENCIAÇÃO E PERSONALIZAÇÃO
À medida que numerosos objectos com uma simples função utilitária
(cintos, chapéus), ou inicialmente mágica (jóias, pulseiras, colares),
passaram a desempenhar uma acentuada ornamental, adquiriram o
aspecto de autênticas criações artísticas. Converteram-se em símbo-
los de diferenciação e de personalização, um complemento ideal para
os vestidos, que distingue quem
os usa das outras pessoas, con-
vertendo-se num símbolo de sin-
gularidade e de autoridade.
UM TRABALHO CRIATIVO
Um designer de moda deve mostrar muita sensibilidade e interesse em
conhecer e interpretar as tendências e linhas estéticas dos acessórios
de cada temporada, com o objectivo de saber escolher os mais ad-
equados para as suas criações, cujas principais características sirvam
para realçar o modelo, o equilíbrio e a vertente comercial. Não é de
mais ter um conhecimento específico das técnicas e dos condicional-
ismos do desenho de calçado, bolsas, jóias, chapéus, bijutaria e out-
ros acessórios, a fim de os utili-
zar para completar o efeito das
nossas colecções, oferecendo-
nos um mundo repleto de valo-
rizações e desvios em direcção
ao romântico, ao exagero ou ao
exótico.
ACESSÓRIOS
Os acessórios pressupõem uma extensão corporal do modelo, a certeza de que a experiência do desenho
se prolonga ao pescoço, às mãos, à cabeça ou aos pés. Cada vez é maior a importância que adquirem os
acessórios de moda como parte importante do vestuário, e isso obriga a que o desenhador os tenha em
conta e explore as suas possibilidades para destacar uma peça.
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incluindo a escolha do tecido, a
cor, a natureza formal ou informal
das peças e evidentemente, o
custo final das mesmas.
aquisição, e gostam de se iden-
tificar com esse estatuto. Estas
estatísticas, juntamente com as
elaboradas pelo comércio ligado
à moda (que analisam o compor-
tamento e as preferências dos
clientes), são dos valores mais
considerados na previsão das
grandes tendências.
MERCADOO objectivo da moda é encontrar produtos universais que se adaptem sem problemas às necessidades dos
clientes. Isto obriga o designer a investigar e a interpretar tendências de moda, a desenvolver a capacidade
criativa e técnica, adaptando as suas ideias às necessidades do mercado e às exigências da indústria da
moda. Não basta apresentar propostas originais ou ser uma torrente de criatividade, um designer tem de
estabelecer um grau de cumplicidade com o consumidor e produzir um trabalho que resulte comercialmente
viável.
CONSIDERAR O POTENCIAL CLIENTE
Antes de empreender um projecto convém estudar as necessidades
do potencial cliente. O objectivo é tentar imaginar um perfil do mesmo
em sintonia com os nossos designs, com a nossa concepção de ves-
tuário. Visto que o objectivo do designer consiste em satisfazer os de-
sejos do cliente, sempre a partir da sua óptica pessoal e estilo próprio,
este breve estudo deveria influenciar todos os aspectos do design,
ANALISAR O MERCADO
Existem diferentes estudos de mercado que permitem predizer as in-
tenções do possível cliente. Para os elaborar é preciso ter em conta
vários factores genéricos relacionados com a sociologia e a econo-
mia. Conhecê-los de antemão é de grande utilidade para um designer.
Estes estudos analisam o hábito do comprador segundo a idade e
a distribuição da população (é evidente que numa maior concen-
tração demográfica existe um maior número de potenciais clientes,
por outro lado, as pessoas vestem de modo diferente numa aldeia e
numa cidade do litoral). Também se estuda como vivem e trabalham
as pessoas e como estes factores influenciam a sua forma de vestir.
As pessoas vestem-se de acordo com a sua classe social e poder de
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O CONCEITO DE MARCA
Em primeiro lugar aparece sempre a marca, enquanto os designers
e criadores de moda se mantêm no anonimato. Numa marca, o estilo
das criações fica sujeito a uma imagem corporativa, um logótipo, uma
assinatura, um acessório ou particularidade do design que identifica o
fabricante. As empresas dedicadas à confecção apostam no efeito do
seu reconhecimento para tornar patente o vinculo da peça com o es-
tilo da empresa em questão. Um cliente escolhe uma marca ou outra
porque assume como seu o estilo de vestir, a atitude que transmite, o
estilo de vida a que se associa o produto, ou porque deseja alcançar
essa atitude com a ajuda do produto.
PLANIFICAR UMA LINHA
Para inserirmos os nossos desenhos no mercado da moda, primeiro
temos de conseguir uma “linha” no sentido comercial do termo. Plani-
ficar uma linha implica considerar a novidade e a modernidade das
peças, conceber os desenhos como um conjunto de peças completo,
que apresenta um conceito comum e unificador, com um conjunto
equilibrado de peças de cima e de baixo, que oferece numerosas
possibilidades de permuta entre si, peças que combinem e sejam in-
tercambiáveis, inclusive, se for o caso, com peças de outras marcas
ou de outro designer. O objectivo é a versatilidade, levar os clientes a
comprarem o maior número de peças possível. A exclusividade está
destinada a um segmento de público mais reduzido, embora com um
poder de aquisição mais elevado.
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A selecção de tecidos e amostras
pode começar quando estiver-
mos satisfeitos com os desen-
hos e acreditarmos que vale a
pena desenvolver um padrão.
formas de mangas, decotes...
É muito importante aprender a
pensar lateralmente, comparar
impressões, avaliar ideias, sentir-
nos à vontade e pensar em voz
alta diante do papel.
A COLECÇÃOUma vez definido o tipo de empresa ou de cliente para quem vamos trabalhar, conhecido qual o estilo que
nos interessa e superado o processo de investigação, temos já uma história para contar. E o momento de
encarar o desenho de uma colecção. Nela deve ficar expressa a nossa fonte de inspiração, o tema ou o laço
de união que aglutina o projecto, bem como as intenções do mesmo.
O OBJECTIVO E A COERÊNCIA
Para criar uma colecção, é necessário desenvolver uma ampla gama
de ideias relacionadas para produzir peças que funcionem não
apenas como modelos individuais, mas que se integrem num tema.
Isto significa que as peças devem apresentar variedade de formas e
usos e relacionar-se esteticamente, bem como, se for o caso, poderem
combinar entre si. Uma exposição sistemática de factores importantes
como o estilo, a cor, o carte, a forma, o use de estampados semel-
hantes e a produção contribui para dar esta coerência à colecção.
ESBOÇAR IDEIAS
Uma vez clarificado o tema, efectua-se um grande número de anota-
ções e esboços rápidos, quase sem pensar (brainstorming). Lançamos
no bloco de notas as nossas primeiras impressões sobre o tema em
questão, esboçamos figuras e fazemos desenhos em sane e acom-
panhamo-los de anotações escritas que recolham informação com-
plementar que possa ser-nos útil. Trabalhamos as ideias: desenhamo-
las e aumentamo-las, experimentamos diversas variações a partir das
formas, das cores e dos tecidos que seleccionámos, tentamos novas
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com os grandes costureiros e os
principais centros de criação do
mundo. Deste modo, as novas
tendências, o realmente novo
no design, estão ao alcance
das nossas mãos, só é preciso
pegar e recolher num álbum ou
caderno de notas o que mais nos
interessa.
arrancar-se páginas de revistas
antigas, livros em segunda mão
ou fotografias antigas. As fotocó-
pias são muito úteis quando não
podemos arrancar a folha de um
livro valioso ou pertencente a
uma biblioteca.
INVESTIGAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO
Na sua busca de inspiração, o designer especialista investiga
constantemente, mantém os olhos abertos aos canais de informação
do mundo da moda (revistas, novidades de certames, novos tecidos),
assimila as subtis mudanças estéticas e, sobretudo, observa as pes-
soas. Deve estar atento à sua época, aberto às novidades, e pes-
quisar o meio imediato que o rodeia em busca de temas ou motivos
que possa incorporar nos seus desenhos. Também deve estar infor-
mado acerca do aparecimento de novos tecidos, técnicas de estam-
pagem, botões, fechos ou outros materiais relacionados com o de-
sign de moda. As revistas, publicações de moda e os catálogos de
feiras mantêm em contacto os profissionais do design e do estilismo
REVISTAS
As revistas são um interessante veículo educacional e uma fonte de
inspiração constante, graças às numerosas fotografias com as últimas
criações, os modelos e as poses para desenhar são uma maneira de
estar em contacto com as últimas tendências no mundo da moda.
O designer deve converter-se num coleccionador de imagens e arti-
gos de interesse, informação visual útil de modelos que lhe agradam,
desenhos e soluções engenhosas ou colecções originais. Não é ne-
cessário recorrer sempre a revistas de moda actuais, também pode
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SKETCH BOOK
UM ÁLBUM DE COISAS
Os cadernos de notas são um excelente dossier capaz de recolher
numerosos recortes, amostras, tecidos, bordados e outros elemen-
tos entre as suas páginas. Tudo poderá servir, se trouxer algo novo
e interessante para as nossas ideias. Também funciona como álbum
de fotos no qual recolhemos as primeiras provas de vestuário. Fotos
privadas, realizadas em ambiente doméstico, com a ajuda de uma
amiga que actua como modelo. E uma maneira de visualizar as nos-
sas criações antes de as tornarmos públicas.
UM COMPILADOR DE IDEIAS
O caderno de esboços, ou sketch-book, é um bloco que serve para
anotar, analisar e desenvolver ideias que podem servir-nos para pro-
jectos recentes ou futuros. Trata-se também de um espaço de provas,
o lugar onde materializar os modelos e um arquivo pessoal onde se
armazena as ideias de que nos apropriamos, ou seja, modelos que
vimos em museus, desfiles ou na rua; é uma maneira de antecipar
um tema ou de recolher aqueles elementos que chamaram a nossa
atenção.
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ESTILOS DE ILUSTRAÇÃO
No desenho de ilustração de moda existem diferentes modalidades e tendências que dependem sobretudo
da intenção gráfica que o projecto persegue. Devemos aprender a escolher o estilo de ilustração mais apro-
priado para nos assegurarmos de que o trabalho é apresentado da melhor maneira possível.
ESTILO SEGUNDO O PROJECTO
Não há necessidade de nos mantermos fiéis a um único estilo como
faz um artista plástico, um escultor ou um músico. Devemos escolher
o tipo de ilustração de acordo com o objectivo do projecto. O estilo de
ilustração escolhido deve transmitir a inspiração original do designer,
ao mesmo tempo que reforça as suas ideias sem prejudicar a apre-
sentação das peças.
Então, os figurinos de um designer devem ser muito versáteis e mu-
táveis, segundo as necessidades do cliente ao qual nos dirigimos.
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O trabalho com computador
não deve ser um substituto, mas
um complemento que finaliza
projectos com maior exactidão,
sobretudo no que se refere ao
desenho piano e à ficha técnica.
e as técnicas de desenho com
mais estilo de nada servem se
não formos capazes de repre-
sentar cada peça de maneira
efectiva, por isso o trabalho
artístico deve ser apoiado com
quadros de representação de
aspecto profissional.
COMPUTADOR APLICADO Na actualidade, não basta ter talento e saber transmiti-lo às nossas criações. Também é preciso conhecer as
ferramentas digitais ao nosso alcance, os programas de desenho assistidos por computador, que incluem
desde aplicações especializadas até outras de desenho gráfico adaptadas à criação de roupa.
Trabalhar com sistemas sofisticados pode provocar uma evolução
no estilo e no tratamento final das cores e das texturas da ilustração.
Para os ilustradores gráficos de hoje, este é o seu principal meio de
expressão e a maioria trabalha quase exclusivamente com este meio.
Muitos designers preferem uma paleta gráfica ao rato, que com uma
caneta sensível à pressão desenha e pinta directamente no ecrã do
computador.
UM BOM MEIO PARA FINALIZAR PROJECTOS
DO ARTÍSTICO AO INDUSTRIAL
Uma vez aprovado o projecto definitivo, chega o momento de iniciar
o processo industrial da moda nos ateliers de confecção, pois o ob-
jectivo final de qualquer desenho de moda é produzir uma peça. Os
desenhos mais criativos e artísticos são entregues no atelier acom-
panhados por uma ficha técnica, em que se incluem desenhos pianos
dos modelos.
Isto significa deixar de lado efeitos pictóricos, as texturas e os desen-
hos poéticos e insinuantes, para produzir um desenho de carácter frio,
linear, circunspecto, concreto e minucioso. As ideias mais fantásticas
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As ilustrações criativas finais da colecção devem ser apoiadas fre-
quentemente por desenhos de trabalho claros e precisos que apre-
sentem as peças de forma isolada, nunca formando um conjunto.
São desenhadas como se estivessem dispostas na superfície plana
de uma mesa. Em geral faz-se um par de desenhos da peça, vista
pela frente e por trás, embora se for complexa se inclua também uma
representação de perfil. Os desenhos de trabalho devem comunicar
de maneira efectiva a elaboração precisa, a proporção e o adorno
do desenho, de maneira a que, ao entregá-los a um modelista ou
operário de atelier, se possa garantir que as ideias serão recriadas de
forma exacta.
Os desenhos técnicos de uma
peça não têm qualquer grau
de exagero nem estilismo, são
mostrados o mais exactamente
possível na proporção e sem
sombras, para evitar que sejam
mal interpretados durante o pro-
cesso de produção.
A FICHA TÉCNICAPara evitar que se verifiquem problemas de acabamento no atelier de confecção, as ilustrações costumam
ser acompanhadas por desenhos lineares pormenorizados a duas dimensões, que recebem diferentes
nomes: desenhos de especificação, técnicos ou de trabalho.
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Natural da ilha da Madeira, Fátima Lopes cresceu
na cidade do Funchal. Desde criança revelou um in-
teresse pelo mundo da moda e durante a sua ado-
lescência, insatisfeita com a roupa que era vendida
no Funchal, começou a criar roupas para si própria.
Graças à sua fluência em línguas estrangeiras, trab-
alhou no Funchal como guia turística de uma agên-
cia de viagens.
Em 1990 mudou-se para Lisboa com o objectivo de
prosseguir uma carreira como estilista. Nesta cidade
abriu com uma amiga uma loja chamada “Versos”,
onde vendia essencialmente roupa de criadores in-
ternacionais. O nome da loja mudou para “Fátima
Lopes”. Participou como criadora num espectáculo
de moda realizado num convento de Lisboa, onde as
suas propostas foram bem acolhidas.
Em 1994 mostra as suas roupas pela primeira vez no
“Salon du Prêt-à-Porter Feminin” em Paris. Participa
no grande evento de moda nacional, “Portugal Fash-
ion”. Abre a sua primeira loja internacional, situada
na cidade de Paris.
Participa duas vezes por ano no Salão da Moda de
Paris, sendo actualmente a única portuguesa pre-
sente. Causou grande atenção mediática por desfilar
na capital francesa o mais caro biquini em ouro e dia-
mantes, avaliado em cerca de um milhão de dólares.
Foi convidada pela Mattel a criar uma boneca Barbie,
tendo decidido reproduzir na boneca o biquini de
ouro e diamantes que usou em Paris. Em 2003 abriu
a sua primeira loja de roupa nos Estados Unidos da
América, situada na cidade de Los Angeles.
FÁTIMA LOPES
ESTILISTA PORTUGUESA
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