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1 Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3, nº1, março de 2008. ISSN 1980-6116 http://www.unicentro.br - Ciências Humanas LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR: O TRABALHO ARTICULADOR DOS DIRETORES DAS ESCOLAS MUNICIPAIS Margarete Klossowski Zanlorenço 1 Marisa Schnekenberg 2 RESUMO A implementação de uma gestão escolar participativa democrática, é hoje uma exigência da sociedade, que entende esta como um dos possíveis caminhos, para uma boa escola integrando seus alunos em uma sociedade mais democrática. Este artigo foi idealizado para caracterizar e analisar o desempenho da liderança dos gestores, buscando compreender como se desenvolve a organização escolar, o trabalho coletivo, a participação da comunidade e como se criam novas atitudes que estimulem o progresso, o desenvolvimento educacional e profissional em duas escolas da rede municipal de ensino de Irati. Isto foi visível em uma das escolas, sendo notável o grande comprometimento por toda a equipe. A pesquisa ocorreu por meio de aplicação de questionários em 02 escolas municipais de educação infantil e ensino fundamental de 1ª a 4ª séries, sendo uma composta por mais de 400 alunos e outra por 150. O gestor é aquele que desempenha seu trabalho buscando a coletividade, criando condições de confronto construtivo de idéias, desempenhando com SUMMARY The implementação of an administration school democratic participativa, is today a demand of the society, that understands this as one of the possible roads, for a good school integrating its students in a more democratic society. This article was idealized to characterize and to analyze the acting of the managers' leadership, looking for to understand as the school organization, the collective work, the community's participation is developed and as new attitudes are created that stimulate the progress, the educational and professional development in two schools of the municipal net of teaching of Irati. This was visible in one of the schools, being notable the great comprometimento for the whole team. The research happened by means of application of questionnaires in 02 municipal schools of infantile education and I teach fundamental of 1st to 4th series, being a composed for more than 400 students and another for 150. The manager is that that carries out its work looking for the collective, creating conditions of I confront constructive of ideas, carrying 1 Pós-graduanda do Curso de Especialização em Ensino e Formação de Recursos Humanos para Educação Básica, Universidade Estadual Centro-Oeste, UNICENTRO, 2007. 2 Professora Orientadora: Drª. Marisa Schnekenberg . Departamento de Pedagogia – UNICENTRO-Irati. Liderança e Motivação na Gestão Escolar: o Trabalho Articulador dos Diretores das Escolas Municipais ZANLORENÇO,M.K.;SCHNEKENBERG,M.

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1Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3, nº1, março de 2008. ISSN 1980-6116

http://www.unicentro.br - Ciências Humanas

LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR: O TRABALHO ARTICULADOR DOS DIRETORES DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

Margarete Klossowski Zanlorenço1

Marisa Schnekenberg2

RESUMO

A implementação de uma gestão escolar participativa democrática, é hoje uma exigência da sociedade, que entende esta como um dos possíveis caminhos, para uma boa escola integrando seus alunos em uma sociedade mais democrática. Este artigo foi idealizado para caracterizar e analisar o desempenho da liderança dos gestores, buscando compreender como se desenvolve a organização escolar, o trabalho coletivo, a participação da comunidade e como se criam novas atitudes que estimulem o progresso, o desenvolvimento educacional e profissional em duas escolas da rede municipal de ensino de Irati. Isto foi visível em uma das escolas, sendo notável o grande comprometimento por toda a equipe. A pesquisa ocorreu por meio de aplicação de questionários em 02 escolas municipais de educação infantil e ensino fundamental de 1ª a 4ª séries, sendo uma composta por mais de 400 alunos e outra por 150. O gestor é aquele que desempenha seu trabalho buscando a coletividade, criando condições de confronto construtivo de idéias, desempenhando com

SUMMARY

The implementação of an administration school democratic participativa, is today a demand of the society, that understands this as one of the possible roads, for a good school integrating its students in a more democratic society. This article was idealized to characterize and to analyze the acting of the managers' leadership, looking for to understand as the school organization, the collective work, the community's participation is developed and as new attitudes are created that stimulate the progress, the educational and professional development in two schools of the municipal net of teaching of Irati. This was visible in one of the schools, being notable the great comprometimento for the whole team. The research happened by means of application of questionnaires in 02 municipal schools of infantile education and I teach fundamental of 1st to 4th series, being a composed for more than 400 students and another for 150. The manager is that that carries out its work looking for the collective, creating conditions of I confront constructive of ideas, carrying

1 Pós-graduanda do Curso de Especialização em Ensino e Formação de Recursos Humanos para Educação Básica, Universidade Estadual Centro-Oeste, UNICENTRO, 2007.

2 Professora Orientadora: Drª. Marisa Schnekenberg . Departamento de Pedagogia – UNICENTRO-Irati.

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2Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3, nº1, março de 2008. ISSN 1980-6116

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sucesso a função dentro do ambiente escolar. Para que isto se concretize, faz-se necessário muito diálogo, interação, onde o gestor é a pedra fundamental, a qual demonstrará muita segurança em seus objetivos propostos construindo uma escola participativa e democrática.Palavras-chave: liderança, motivação, democracia, escola pública

out inside with success the function of the school atmosphere. So that this is summed up, he/she makes himself necessary a lot of dialogue, interaction, where the manager is the fundamental stone, which will demonstrate a lot of safety in its proposed objectives building a school participativa and democratic.Word-key: leadership, motivation, democracy, public school.

INTRODUÇÃO

A sociedade hoje espera ter uma escola que busque qualidade, e para isso vem tentando desenvolver metodologias que auxiliem na gestão, trazendo para sua estrutura a participação mais ativa da comunidade, estabelecendo uma parceria para tentar haver uma coordenação de ações, visando melhorar a própria estrutura da entidade.

Essa abertura está amparada na gestão escolar participativa, que é um componente o qual visa democratizar o acesso ao ensino público, não se reduzindo apenas à sala de aula, mas a própria estrutura da escola como um todo. Isto visa criar uma noção mais aprofundada de que a educação é responsabilidade de todos, cabendo à comunidade, dentro de suas possibilidades e respeitando limites, contribuir para que se processe no ensino público a transformação que todos anseiam. A participação dos gestores, é colaboração na tomada de decisões com condições objetivas, que possibilitarão a realização do processo administrativo.

A gestão escolar participativa representa a possibilidade da comunidade participar mais ativamente da escola, auxiliando nas decisões relativas aos rumos a serem seguidos pela instituição, as diretrizes organizacionais que nortearão a atuação dos educadores, servindo como uma forma da comunidade opinar sobre os elementos que são relevantes para a implementação de um ensino de qualidade.

Para que os gestores das escolas efetivem um trabalho articulado com sua equipe de trabalho, devem ter como objetivo principal, criar um ambiente de solidariedade humana e de responsabilidade mútua, sem paternalismo, sendo justo e firme nas situações do cotidiano escolar, dividindo a autoridade entre os vários setores da escola. O diretor não estará perdendo poder, mas dividindo responsabilidades e assim a escola estará ganhando poder.

Sabemos que os gestores precisam se adequar, atualizar e procurar modificar sua postura, frente ao trabalho pedagógico realizado na escola, de acordo com as constantes mudanças e avanços do mundo moderno, para tornar-se um elemento fundamental visando a concretização de um ensino com mais criatividade. No entanto, dentre inúmeras funções deve prevalecer a qualidade do processo ensino-aprendizagem através de uma participação mais

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efetiva com o corpo docente, trabalhando em conjunto com o coordenador pedagógico e o diretor.

Para que o ensino realmente se faça e a aprendizagem se realize, é necessário agir com competência, onde a construção do diálogo, do companheirismo ético, seja construído pelos profissionais que nela atuam. O gestor educacional, caracteriza-se como um administrador democrático da comunidade escolar, orienta seus colaboradores nas tarefas da escola, deve atender as diferenças, desenvolvendo senso de responsabilidade e crítica, abrindo-se para o diálogo e estimulando o espírito de colaboração, atua em conjunto.

A atividade dos gestores é de extrema importância, devendo existir o diálogo aberto, auxiliando a superar as necessidades e procurando atingir objetivos propostos pelo seu trabalho. Os gestores precisam desenvolver adequadamente o seu trabalho, proporcionando um clima de respeito onde todos possam atingir, uma ação pedagógica da escola com competência, bem como motivar o grupo para o trabalho coletivo.

Participaram da pesquisa pais, professoras, funcionárias, diretoras e coordenadoras pedagógicas, visando buscar conhecer o trabalho de gestão escolar participativa, observando e analisando a liderança dos gestores, como o grupo é motivado a desenvolver a coletividade, a participação da comunidade com responsabilidade. Todos juntos têm mais chances de encontrar caminhos para atender as expectativas da sociedade a respeito da atuação na escola.

Esta pesquisa foi realizada pelo interesse em compreender o por quê uma escola maior se destaca bem mais em todas as atividades, fazendo-se ser vista e conhecida, e uma menor onde seria bem mais fácil de conduzir, não acontece.

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESCOLAR

Esta pesquisa partiu do pressuposto de que o enfoque da gestão escolar está ganhando contexto, caracterizando o reconhecimento da importância da participação consciente de todos os envolvidos na instituição escolar.

Os desafios surgem para a direção e professores diante dos fatos sociais que acabam influenciando o ensino como um todo. A gestão escolar democrática representa um sinal significativo da necessidade de interação entre pólos distintos, como a escola e comunidade, para que se consiga atender às necessidades do aluno de forma adequada, privilegiando a união como integrante fundamental de mudanças.

Considerando-se que nas escolas municipais de Irati, o trabalho se evidencia buscando a qualidade do ensino e o papel dos gestores como articuladores do trabalho coletivo e de forma construtiva e competente, buscou-se pesquisar como esse trabalho acontece.

A pesquisa ocorreu por meio de observação e com questionários, em 02 escolas, de educação infantil e ensino fundamental de 1ª a 4ª séries, sendo uma com mais de 400 alunos e a outra com 150 alunos. As duas escolas contam com dois gestores cada, sendo uma diretora e

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uma coordenadora pedagógica. As escolas passam a ser denominadas de Escola A*, a que possui mais de 400 alunos e a que possui 150 alunos como Escola B*.

Devemos sempre estar em contato com a realidade, buscando melhorias no segmento escolar e analisando aspectos para efetivar mudanças que beneficiem o andamento escolar, encontrando respostas objetivas e solucionadoras de indagações, juntamente com o gestor líder e sua equipe de trabalho, compartilhando responsabilidades no processo de tomada de decisões, com incentivos e comprometimentos e levando a qualidade e sucesso escolar.

O trabalho realizado procurou destacar características da liderança dos gestores, e de toda a equipe escolar, compreendendo como se desenvolve a organização escolar, e como se criam novas atitudes que estimulem o progresso no desenvolvimento educacional.

Hoje, mais do que nunca, a questão da gestão é fundamental para qualquer organização. A transformação e a capacidade de administrar o segmento escolar, é o fundamento do sucesso educacional e do desenvolvimento de competências e habilidades no sujeito aprendiz.

O desenvolvimento das potencialidades administrativas do gestor, pode gerar atitudes na sua equipe educacional como autonomia, análise e reflexão essenciais à formação do cidadão. Assim a gestão escolar refere-se ao trabalho aplicado na busca de soluções de determinadas problemáticas apresentadas no dia-a-dia da escola e que estão presentes no contexto social do educando. Através desta pesquisa buscou-se identificar o desenvolvimento da gestão escolar, em função da eficiência e clima entre todo o grupo, verificando como os mesmos auxiliam a equipe escolar, a superar as dificuldades encontradas de maneira positiva e cooperativa, estimulando a iniciativa do docente, assim como a buscar novos caminhos, a pesquisar e a criar novos recursos de ensino.

A metodologia usada pelos gestores foi observada verificando como se constrói um trabalho coletivo na escola, quais as formas de motivações criadas por eles, a fim de fortalecer o grupo de profissionais, e como valorizam os profissionais do seu grupo celebrando sucessos e experiências obtidas na escola.

Os avanços acontecem na escola com a coletividade do grupo, onde todos se tornam partícipes reais e se comprometem com a qualidade de ensino, fortalecendo cada vez mais o trabalho educativo com sucesso, beneficiando e enriquecendo-o na transformação e mudança individual, como ser humano e cidadão. O progresso do aluno é o enriquecimento do seu desenvolvimento intelectual, social, moral e artístico, fortalecendo com pesquisas, experiências, debates, os quais deverão ser propostos através de projetos como meio de proporcionar momentos prazerosos.

A escola que almeja alcançar qualidade no trabalho, precisa desenvolver a motivação com seus funcionários e alunos e ter um líder que acredite nas pessoas com quem trabalha, pois somente com a ação efetiva delas é possível promover a transformação desejada.

* Foram usados nomes fictícios para as escolas em que foram realizadas as pesquisas, a fim de preservar a identidade dos sujeitos envolvidos.

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A participação dos pais e da comunidade é essencial para o sucesso da gestão participativa, por se construir um processo de abertura nas discussões sobre o papel da escola, na própria estrutura social em que está inserida. Em relação a isto, buscou-se identificar o processo de participação dos pais e comunidade, destacando as contribuições que os mesmos oferecem para o desempenho escolar dos alunos.

A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, através de um estudo de caso, efetuando levantamentos de dados por questionários , análise e interpretação dos mesmos. Os questionários são contribuições com respostas a fim de analisar o desempenho escolar, tendo como objetivo avaliar como ocorre a gestão nas escolas, de que maneira o gestor atua com os professores e como se propõe a ser um agente dinâmico de mudança, destacando os pontos de avanços que ocorrem no trabalho desenvolvido. Foram aplicados em cada escola questionários para serem respondidos por 02 gestores (01 diretora e 01 coordenadora pedagógica), 03 professores, 05 pais e 02 funcionários, sendo um total de 24 pessoas.

Segundo LÜDKE (1986), existem algumas características associadas ao estudo de caso que visam à descoberta; enfatizam a interpretação em contexto; buscam retratar de forma completa e profunda; usam uma variedade de fontes de informação; revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas; procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social; relatos do estudo com linguagem acessível.

A preocupação central ao desenvolver esta pesquisa é a compreensão da realidade de cada escola, caracterizando o desempenho da liderança do gestor, compreendendo como se desenvolvem a organização escolar e observar como é construído o ambiente em que é desenvolvido o trabalho.

AÇÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

A sociedade é marcada pelos avanços científicos, por grandes conquistas tecnológicas e pela pretensão da alta qualidade de vida, sendo que estes são frutos do modelo de produção capitalista, e por conseguinte a trajetória do ensino sistematizado escolar, no decorrer dos anos tem apontado um crescimento qualitativo da prática pedagógica. Essa qualitatividade decorre das próprias necessidades e expectativas das comunidades nas quais a educação está inserida; voltando essas questões para as escolas municipais de Irati, busca-se entender a atuação do gestor junto à equipe escolar.

O trabalho de gestão participativa é algo intenso, que exige do gestor responsabilidade, para que não se perca em tarefas menos importantes e deixando de lado objetivos maiores, como o trabalho em equipe e o aprendizado do aluno.

Na escola, a atuação de todos os envolvidos deve acontecer com competência, para que o ensino realmente se faça e que a aprendizagem se realize, que ocorra diálogo, companheirismo, ética construindo assim um ambiente favorável à aprendizagem.

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O gestor escolar deve lembrar que o caminho se faz ao caminhar e muito mais do que certeza, deve-se conviver com buscas, com sensibilidades, com franquezas, com reflexão, colocando-se na condição de assumir a responsabilidade, por seus atos e pelos atos de sua comunidade escolar, enquanto frutos de uma tarefa coletiva.

A escola pública vem buscando melhorar o desenvolvimento de suas metodologias de ensino para que auxiliem na sua gestão, promovendo intercâmbio e trabalho cooperativo com a comunidade, como condição para promover maior qualidade na educação, tornando mais significativa à aprendizagem dos alunos. Assim, a gestão escolar participativa, democratizando o acesso ao ensino público, que não se reduz apenas à sala de aula, mas a própria estrutura da escola como um todo.

Na escola a educação é responsabilidade de todos, onde os trabalhos desempenhados deverão ser satisfatórios, buscando desenvolver a aprendizagem efetiva e significativa do aluno, com compromisso, interesse e com a divisão de tarefas entre diferentes pessoas do grupo escolar.

A gestão democrática vai conquistando seu lugar e mostrando as vantagens do trabalho coletivo e participativo, construindo uma equipe atuante, com idéias abertas e amplas, onde o compromisso da escola deve ser com a democratização do saber entendendo que o conhecimento é herança da humanidade e portanto direito de todos.

Segundo NÓVOA (1995, p.35), citado no livro Gestão Educacional e Organização do Trabalho Pedagógico (IESDE p.55, 2003) “a escola tem de ser encarada como uma comunidade educativa, permitindo mobilizar o conjunto dos atores sociais e dos grupos profissionais em torno de um projeto comum. Para tal, é preciso realizar um esforço de demarcação dos espaços próprios de ação, pois só na clarificação destes limites se pode alicerçar uma colaboração efetiva”.

O funcionamento da organização escolar é fruto de um compromisso de interações e da participação de todos, pois a escola é de todos, é aberta a todos. Quanto maior a participação, maior será a aproximação entre os membros da escola formando uma coletividade atuante.

A gestão democrática visa construir uma escola de boa qualidade, prestando atendimento aos alunos e comunidade, aproveitando melhor seus recursos existentes, oportunizando a ampliação e aplicação do conhecimento. A participação de todos permite chegar-se a soluções mais rápidas e que atendam a maioria através da ação pedagógica e educativa de maneira coerente. “A escola democrática será aquela que conseguir interagir com as condições de vida e com as aspirações das camadas populares”. ( MELLO, 1998, p.20)

Na gestão democrática, a visão que prevalece é a do conjunto, onde todos unidos conseguem produzir resultados positivos em atuações que possibilitem o crescimento do aluno e a sua inserção social, sem traumas ou riscos de exclusão, permitindo que ele desenvolva suas capacidades e conquiste seu espaço por merecimento e por ter plena

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consciência de que sua atuação tem que estar equilibrada com os valores inerentes à cidadania.

A gestão democrática destaca o relacionamento entre os profissionais da escola, buscando valores e crenças como a generosidade, transparência, honestidade, comprometimento e participação. Essas atitudes favorecem a formação de um ambiente saudável e aprazível, motivador e construtivo. Quando essas atitudes fazem parte do dia-a-dia dos professores, funcionários, alunos e pais não há espaço para comportamentos negativos, críticas e reclamações no ambiente escolar.

A APRENDIZAGEM DE QUALIDADE RESULTA DO GESTOR E DE PROFESSORES COMPETENTES

Ao professor cabe ser o mediador do educando levando-o a aprender em todos os aspectos, ou seja, na aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes, valores, idéias ou qualquer tipo de aprendizagem necessária para o educador.

FREIRE, (1997, p.39) afirma que: “é preciso que o educador não se restrinja ao âmbito da sala de aula, da estrutura interna na escola, aos problemas de legislação escolar, mas volte-se para assuntos mais importantes dentro do contexto social e político em que vivemos”.

O professor é agente de educação integral e não apenas transmissor de conhecimentos; e é de vital importância promover o desenvolvimento de seu aluno levando a adquirir atitudes, práticas, reflexão, orientando-o e assistindo-o na promoção de um ambiente escolar mais significativo.

LÜCK (2002, p. 28) salienta que: “o professor é a figura central na formação dos educandos. É ele quem forma no aluno o gosto ou o desgosto pela escola, a motivação ou não pelos estudos; o entendimento da significância ou insignificância das áreas e objetos de estudo; a percepção de sua capacidade de aprender, de seu valor como pessoa...”

O professor deverá ser competente para que possa atuar em ambientes diversos e conviver com a pluralidade, encontrando alternativas para que os alunos permaneçam nas escolas, alcançando bons resultados nas aprendizagens. Também precisa privilegiar a aprendizagem, a qual tenha significado para a vida do aluno, e que nasça de sua realidade no processo de construção do conhecimento, havendo muito diálogo como elemento da interdisciplinaridade. Deve oportunizar aos alunos uma participação efetiva, democrática,

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autônoma e flexível, motivando-os para um maior desenvolvimento e envolvimento com os conhecimentos.

O modo de ser e de fazer do professor, influencia na orientação da aprendizagem dos alunos. É necessário que possua habilidade para construir planos ou projetos de aula, tomar decisões, direcionar ações e determinar procedimentos, comportamentos e gestos. Sua competência, expectativas, formação, valores e atitudes são fatores importantes na determinação de quanto, como e o que o aluno aprende.

O professor exerce o papel de mediador entre o universo social e o particular do aluno. Para tanto, deve possuir qualidades como: compreensão da realidade para a qual trabalha, comprometimento, competência no campo teórico de conhecimento em que atua e competência técnico profissional.

Identificar-se como professor é conhecer e valorizar sua própria formação, realizar um trabalho crítico-reflexivo, aceitar os desafios da educação, saber ser e fazer, conhecer o trabalho social da profissão, produzir conhecimentos, evidenciar a necessidade de rever e analisar a própria história de vida, como pessoa e profissional que viveu, que interpreta e a re-elabora. “Nenhum educador cresce se não reflete sobre o seu desempenho enquanto profissional e se não reflete sobre a ação que foi desenvolvida”. (RONCA e GONÇALVES, 1988, p.32).

MOTTI e BETTEGA (2004, p.26) afirmam que: “para a tomada de decisão é preciso uma pitada final de emoção, representada pelos condimentos: gostar de, apaixonar-se por, para decidir-se por algo. Cumprir sua vontade. Este é o requisito para qualquer decisão que se leva a sério”.

Então, neste sentido temos uma gestão participativa associada a um grupo de pessoas que buscam alcançar os objetivos propostos, tomando decisões, agindo em conjunto e tendo em mente que o êxito de uma organização depende da ação construtiva de seus componentes orientados por uma vontade coletiva.

Aos gestores das escolas compete, portanto, promover a criação e a sustentação de um ambiente propício à participação plena dos profissionais, alunos e pais, no processo social escolar, uma vez que é por essa participação que seus membros desenvolvem consciência e sentido de cidadania. Para tanto, os responsáveis pela gestão escolar devem criar um ambiente estimulador dessa participação.

Para obter os melhores resultados no atendimento às necessidades dos educadores e na promoção do desenvolvimento dos mesmos fazem-se presente à equipe técnica-administrativa que tem como função coordenar e orientar todos esses esforços, motivando os professores a fazerem a diferença.

A direção, como elemento responsável direto pelas diretrizes desenvolvidas pela escola, influencia no ambiente desenvolvendo comprometimento e clima escolar, desempenho no pessoal e a qualidade do processo-ensino aprendizagem.

Para desenvolver a gestão escolar na área administrativa, faz-se necessário que o gestor organize e articule as condições materiais e humanos, a fim de garantir o avanço de

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todos, controle os materiais e o financeiro da escola, tendo em vista as prioridades diagnosticadas com o apoio da comunidade, formule regras, oriente e delegue responsabilidades a todos. Na área pedagógica o gestor precisa dar assistência aos membros da escola, valorizando-os para que possam atingir os objetivos propostos de trabalho, ser líder educacional promovendo uma ação integrada e cooperativa; ser comunicativo com a comunidade escolar e estimular a equipe para que seja criativa, inovando a aprendizagem dos alunos, a fim de que, seja significativa dentro de um ambiente favorável. Gestor comprometido ajuda a escola a definir os rumos necessários, buscando novas metas para um ensino de qualidade.

Nossas escolas necessitam de líderes capazes de trabalhar e facilitadores de problemas onde todos possam trabalhar juntos, sendo capazes de um ouvir o outro, dividindo tarefas, vivenciando conhecimentos e respeitando valores de maneira emocionalmente equilibrada, com inteligência, criatividade e sensibilidade.

O diretor e o coordenador pedagógico são considerados como forma de apoio, ou assistência ao professor, ou a outro elemento significativo que participe do processo educativo promovido pela escola. O exercício dos mesmos garante a melhoria do processo educativo. A assistência e apoio ao professor, no sentido de que esteja cada vez melhor preparado ao desempenho de suas funções, é vital. Para que possam prestar esse apoio e assistência faz-se necessário, no entanto, que não só atuem integralmente, somando esforços, assumindo um ponto de vida comum, mas também que adquiram habilidades para tal.

A atuação do diretor se dará através de uma participação compartilhada, com capacidade de liderança, sendo um coordenador que assume responsabilidades. O diretor não pode se considerar como o detentor de todo o conhecimento, podendo estabelecer um ambiente propício, criando a motivação dentro do grupo, auxiliando no desenvolvimento de um espírito de compromisso fundamental para que a escola possa ter em elo maior de ligação com os docentes, com os alunos e com a comunidade.

SILVA JUNIOR (1993, p. 78) cita que: “O administrador é assim alguém a serviço do serviço que os professores prestam a seus alunos. Será um dirigente, ou não será um administrador da educação”.

Administrar uma escola é algo que supõe domínio técnico de procedimentos tanto quanto qualquer outro empreendimento social. É dar abertura para novas idéias, usar da franqueza, receber opiniões, refletir sobre diferentes pontos. A troca de idéias deve ocorrer de um clima positivo alargando o envolvimento de todos nos processos de mudanças necessárias.

Da mesma forma SILVA JÚNIOR (1993, p. 70) afirma que: “Administração competente é como fruto da autonomia”. A autonomia é conquista coletiva defendida por todos e envolvida no grupo, firmando compromisso com a qualidade de ensino, adaptando o projeto político pedagógico à realidade local, incorporando e buscando compreender os

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valores culturais, costumes e manifestações artísticas da comunidade, adquirindo assim sua identidade.

Para a autonomia, os gestores precisam criar espaços de decisão conjunta, identificar situações de dificuldades e avanços, prioridades, definindo estratégias e ações com responsabilidade, buscando resultados positivos para a escola com um objetivo principal: o sucesso do aluno e a formação integral do cidadão.

A FUNÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

O coordenador pedagógico ocupa uma função significativa, pois possibilita alternativas de ações que permitam com que o professor reflita sobre sua prática através da compreensão dos fatos, da análise e reflexão dos acontecimentos e troca de experiências, buscando realizar os objetivos propostos. Assim, a coordenação estará proporcionando aos envolvidos no processo educacional, condições de transformação e de realização dos desafios na escola.

Podemos dizer que o coordenador pedagógico faz parte das atividades que integram os objetivos educacionais, desenvolvidos nos conteúdos de diferentes áreas, nas atividades didático-pedagógicas e nas instituições escolares e extra-escolares. O importante na coordenação, não é apenas o saber teórico, mas o saber competente, compromissado com a educação, a realidade do país e a sabedoria prática.Hoje, o coordenador pedagógico tem como função fundamental proporcionar aos profissionais que atuam na escola, as condições necessárias para que a escola cumpra a sua função, o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, com vistas ao desenvolvimento de habilidades e atitudes favoráveis à sua atuação na luta pela transformação da sociedade. Com isso, exige-se que o coordenador pedagógico saiba refletir coletivamente sobre o social, a relação educação-sociedade e a relação educação-trabalho.

Ser coordenador pedagógico é uma tarefa árdua, mas em contrapartida gratificante, desempenhá-la bem, requer preparo, conhecimento, qualificação e muita criatividade, para desenvolver um trabalho produtivo. Este trabalho só se consolida com a participação ativa, a qual requer uma postura condizente.

Em uma escola, as decisões nunca devem ser tomadas unilateralmente, cabendo à totalidade dos profissionais da escola escolher a forma como o fazer educativo se desenvolverá. SILVA JUNIOR, (1993), salienta que: “As escolas não existem para serem administradas ou inspecionadas. Elas existem para que as crianças aprendam”, e que “o especialista em administração da educação é, em princípio também um especialista em educação. O objetivo da gestão é a garantia dos meios de aprendizagem efetiva e significativa dos alunos. O entendimento é que o aluno não aprende apenas na sala de aula, mas na escola como um todo.

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ANISIO TEIXEIRA (1968, p.17) citado por Silva Júnior (1993, p.73) afirma que: “somente o educador ou o professor pode fazer administração escolar” para ao final concluir que “se alguma vez a função de direção faz-se uma função de serviço e não de mando, esse é o caso da administração escolar”. A administração deve servir a própria educação. Se o administrador não se identifica como educador, suas decisões não serão inspiradas pela prática da educação, ocorrendo o fracasso da administração da escola.

ALONSO (1981, p.140) descreve que: “os melhores dirigentes são os que capitalizam o que os membros de sua organização podem oferecer. Isto cria uma equipe ou grupo mais produtivo na medida em que este crescente envolvimento cria motivações superiores, freqüentemente motivando produtividade mais elevada”. Assim, o administrador deve ser capaz de compreender a organização à sua realidade, adaptá-las as novas exigências, decidir de modo racional juntamente com sua equipe objetivando a qualidade do ensino.

A gestão escolar participativa é uma metodologia nova de administração, a qual impõe ao diretor, como responsável direto pela gestão da escola, assumir uma nova condição de entender a relação escola/corpo docente/alunos/comunidade, para conseguir idealizar um sistema de aplicação prática que possa congregar esses segmentos diferenciados em torno de um único objetivo.

FERREIRA (2000,p. 306) assegura que “gestão – do latim gestio-onis -” significa ato de agir, gerência, administração [...] gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, é direção”. Cabe analisar, no entanto, a verdadeira função da educação atual, tendo em vista a postura do gestor e sua preparação para desencadear projetos, ações e viabilizar recursos que empreguem novas metas para alcançar resultados inovadores. Sendo assim, há necessidade de pensar os órgãos educacionais como meios capazes de gerir seu próprio conhecimento, envoltos pela caminhada histórica que possuem, desafiando-os a gerenciarem suas próprias ações.

Necessitamos superar a imagem de comando na administração de um sistema que não gera mudanças, e defender idéias de que os envolvidos com a educação são gestores, administradores de seus compromissos. Um exemplo disso é o novo olhar ao professor como gestor organizador de sala de aula; do diretor como gestor da escola; do Secretário de Educação como gestor do sistema educacional. O gestor passa a ser, nesse contexto, orientador, capaz de definir metas claras de seus objetivos, agindo como mediador do processo de desenvolvimento dos alunos e da escola.

A RELAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE

Está clara a necessidade de promover a articulação entre escola e comunidade a que serve, fazendo notar que a escola não é um órgão isolado, mas uma instituição para unir forças em busca das necessidades comunitárias.

Segundo PARO (1997, p.17), “a participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade

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de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação”.

A comunidade passa a ter uma nova visão da escola, rejeitando idéias pré-concebidas e, de certa forma, enraizadas na sociedade, como a constante analogia entre a escola pública e o ensino de má qualidade, para uma noção mais coerente com a representatividade que a escola possui na sociedade, passando a perceber a necessidade de interação entre a escola e comunidade.

Os pais ou responsáveis devem ser parceiros no melhoramento do rendimento escolar de forma significativa. Isto visa a redistribuição das responsabilidades do sistema escolar. Colaboração combina com intenções em comum, com ajuda mútua e com valores coletivos, compartilhados por todos.

Segundo GENTILLE (2006), a família é o primeiro grupo com a qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para ela. Por isso deve haver interesse no processo de aprendizagem por parte dos responsáveis para se obter sucesso e o aluno cada vez mais poder acreditar em seu potencial.

A gestão participativa é uma forma significante de envolvimento dos funcionários na tomada de decisões, nas soluções de problemas, no desempenho de suas tarefas e na organização das necessidades de todos, onde se analisa, decide, age-se em conjunto.

A participação de todos na gestão escolar ocorre para buscar melhor qualidade no ensino, a fim de que, garanta ao currículo escolar maior sentido de realidade e atualidade, desenvolvendo o profissionalismo dos professores, combatendo o isolamento físico, administrativo e profissional dos diretores e professores, motivando o apoio comunitário às escolas, para desenvolver objetivos comuns na comunidade escolar. Como LÜCK, (1996, citado por LÜCK 2000 p. 15) afirma: “o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um todo orientado por uma vontade coletiva”.

A participação deve ser consciente, assumindo com compromisso, decidindo e agindo num todo. Aos gestores compete promover e criar um ambiente propício aos profissionais, alunos, pais, a fim de que a participação de todos seja global, desenvolvendo ação de cooperativismo, despertando um clima de confiança entre todos os profissionais, valorizando o trabalho desempenhado por todos, desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto dividindo as tarefas a serem desenvolvidas. Segundo uma análise de dados de vários campos da atuação humana, foi identificado que a “participação provoca um efeito tanto na satisfação, como na produtividade” (MIILLER e MONGE) citado por LÜCK (2000, p. 20).

A ação integrada entre escola e comunidade é fundamental melhorando a produtividade de todos e tornando um centro ativo na vida da comunidade, que por sua vez, passará a confiar na ação educativa, no professor e a ver a escola como um local onde possa se conscientizar e discutir seus problemas, buscar apoio e oportunidades para sua solução. Da conscientização se passará às decisões conjuntas e ao despertar das lideranças necessárias

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para a efetivação do trabalho proposto, que também será acompanhado, avaliado e replanejado pela própria comunidade.

A escola e a família compartilham a responsabilidade pela educação das crianças; a ação deverá ser, por conseqüência, extremamente coerente. Dessa forma, a primeira tarefa do diretor consiste em organizar a informação para os pais, promovendo contatos regulares e continuados com as famílias. Esses contatos poderão assumir numerosas formas, mas o diretor deve fazer um esforço para chegar junto aos pais, mesmo quando eles não exprimem claramente esse desejo.

PURKEY e SMITH, 1983; BRANDT, 1987 (citados por LÜCK 2000, p.26) afirmam que: “As práticas de liderança em escolas altamente eficazes incluem: apoiar o estabelecimento de objetivos claros, propiciar a visão do que é uma boa escola e encorajar aos professores, auxiliá-los nas descobertas dos recursos necessários para que realizem seu trabalho. As escolas bem-sucedidas são características pela delegação aos professores da gestão e tomada de decisões em salas, assim como pela boa integração profissional entre os professores”.

Nas escolas em que a gestão escolar é participativa, compartilha-se a confiança, interação, participação em todas as ações a serem desenvolvidas em torno dos objetivos educacionais, desenvolvendo a consciência social crítica e o sentido da cidadania. Esta gestão é compromisso de todos, comprometimento com o trabalho, recebimento de informações, envolvimento no planejamento das ações escolares tendo o direito de opinar.

O líder-educador muda inclusive a visão convencional de educação, levando a existir a confiança entre os membros de uma grande equipe constituindo condição essencial para sua existência e bom funcionamento. O trabalho em equipe é tão potente quanto à expressão das capacidades e aptidões de seus participantes. Estar atento a situações de tensão e conflito, a dificuldades de relacionamento interpessoal e a discordância de idéias é fundamental, para que tais situações não se transformem em fatores de imobilização ou desvirtuamento de energia. Todos que fazem parte da escola, afetam sua cultura ou interferem sobre os seus resultados, direta ou indiretamente, positiva ou negativamente, por isso, é fundamental que se tome consciência de como atuam no conjunto e como as ações se relacionam e são interdependentes.

Segundo os professores MORAES, MAGAVE e AMARAL, (2004), “o bom líder é aquele que sabe delegar, sem abdicar de suas responsabilidades. Para tanto, cabe a ele atuar com liderança, de modo a mobilizar os professores, alunos e demais funcionários da escola para que juntos atuem, de modo que a escola seja uma instituição de aprendizagem constante e de qualidade”.

Por isso , ele deve envolver a comunidade na tomada de decisões e na implementação das consideradas mais importantes.Os líderes são os responsáveis pela sobrevivência e pelo sucesso de suas organizações. Chamamos de liderança a dedicação, a visão, os valores e a integridade que inspira os outros a trabalharem conjuntamente para atingirem metas coletivas. A liderança eficaz é identificada como a capacidade de influenciar positivamente os

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grupos e de inspirá-los a unirem-se em ações comuns coordenadas. Os líderes reduzem as nossas incertezas e nos ajudam a cooperar e trabalhar em conjunto para tomarmos decisões acertadas, (CHIAVENATO, 1994) citado por LÜCK (2000, p. 35).

Gestor líder tem por objetivo desenvolver ações com bons resultados através de divisão de tarefas e integração de idéias e ações somando um grande compromisso com família e comunidade. O gestor necessita ter espírito de liderança, ser seguro, estimulador, comunicativo, criador de clima de confiança e receptivo a todos, construtor de equipes participativas e com responsabilidade, transmissor de energia, dinamismo e entusiasmo e colaborador no desenvolvimento de habilidades em todos que fazem parte de sua equipe. Para criar confiança entre o grupo há necessidade de comunicação e com ela busca-se inovação e criatividade. LÜCK (2000, p.42) destaca que: “A confiança é o cimento fundamental que mantém uma organização unida, facilitando a boa comunicação. Corrigindo ações ocorridas em momentos inoportunos, possibilitando o atendimento de objetivos e criando as condições para o sucesso organizacional”.

No entanto, o trabalho de qualquer profissional só ganha significado e valor, à medida que esteja integrado com os demais profissionais da escola. De seus componentes depende a dinâmica de seu trabalho orientado para superação do mesmo. Cabe ao trabalho de gestão, unificar esforços pela interação de princípios e pela construção de uma coletividade.

MOTTI e BETTEGA (2004, p. 66) dizem que: “Precisa-se decidir com firmeza sobre nossas prioridades, lutar pelas conquistas e comemorar sempre. O sucesso e a felicidade só virão se você for um eterno empreendedor, aventureiro, determinado, corajoso, lutador, trabalhador, conquistador”.

Dessa forma, acreditar envolve coragem e a cada momento sentimos a presença constante do novo. Descobrir é uma questão intensa de procura que leva todas as pessoas a um trabalho gratificante, participativo, compartilhado e com responsabilidade.

Nesse sentido LÜCK cita o resultado da pesquisa realizada por (MACKENZIE 1983, p.10-11) onde conclui que:

Qualquer currículo funciona melhor se for implantado com entusiasmo. O ambiente da escola, de uma maneira geral, pode ser visto como um fator fundamental para a eficácia pessoal dos seus funcionários... A interação dos funcionários e o planejamento de objetivos pedagógicos específicos de modo participativo ajudam a formar um consenso sobre valores e metas que tornam o clima de realizações auto-sustentável.

Para a equipe poder agir, o gestor precisa criar o hábito de motivar seu grupo, despertando o desempenho com qualidade em atividade escolares, pessoais e sociais. Esta

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motivação poderá ser em momentos de trocas de idéias, de inovações, de criação conjunta dando visibilidade e transparência às ações e seus resultados.

Em LÜCK (2002, p.46), reconhece que “a motivação é o empurrão ou a alavanca que estimula as pessoas a agirem e a se superarem. A motivação é a chave que abre a porta para o desempenho com qualidade em qualquer situação, tanto no trabalho, como em atividades de lazer e, também em atividades pessoais e sociais“. Entretanto, esta valorização é uma tarefa que demanda percepção, observação e comunicação para conseguir enxergar no outro sua essência enquanto ser humano, não se balizando somente nas competências que o professor apresenta. É necessário vê-lo como um todo, como uma pessoa completa, com defeitos e qualidades. Além disso, expressar aquilo que se valoriza é altamente eficaz no sentido de estimular o educador a progredir e envolver-se, constantemente, com as questões educacionais.

WERNECK (2002, p. 79) afirma que “os que têm sonhos em comum serão parceiros por longo tempo!” A escola existe para atender as necessidades de seu principal integrante: o aluno; ele é o foco de todas as ações que devem ser voltadas para o sucesso escolar.

É essenciais que os gestores sejam figuras presentes, participantes e respeitados na escola e na comunidade, buscando assim boa imagem da escola e o envolvimento no trabalho através de um bom planejamento, ação e responsabilidade. É importante haver uma comunidade aberta onde todos se sintam à vontade, adquirindo confiança.

RAMOS (1997, p.140) afirma que: “a qualidade pode ser alcançada e, como força vitalizante, contagiará, aos poucos, todo o corpo social responsável pela educação oferecida na escola”.

No entanto, faz-se necessário que a gestão escolar reconheça o assumir em poder de exercer influência agindo na organização escolar, tendo assim a capacidade/potencial para efetuar movimento em direção e realização dos objetivos propostos.

Dentro de uma instituição educacional, o administrador desempenha papel importante para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem, mas o trabalho será mais eficiente se este for bem planejado e desenvolvido de forma integrada com os demais especialistas da educação.

Sabe-se que é extremamente difícil superar os problemas relacionados à educação, no entanto é necessário renovar a estrutura já existente, tendo em vista que a escola é dinâmica e precisa estar aberta às inovações, as quais, no entanto, devem ser questionadas, criticadas, refletidas, reformuladas e repensadas, em grande estilo, com base na própria prática, para que possam ocorrer as devidas transformações.

É preciso que se tenha coragem de correr este risco, sabendo-se que ao provocar mudanças, encontrar-se-á barreiras, interrogações, preocupações, contudo os gestores devem ter consciência que apenas dessa maneira poderão realizar um bom trabalho

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

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Para realização desta pesquisa, buscou-se envolver pais, professores, funcionários e gestores (diretora e coordenadora pedagógica), com o intuito de obter uma visão amplificada do significado da gestão escolar participativa. Com o objetivo de respeitar as particularidades da comunidade escolar, foram elaboradas questões diferenciadas, para que cada participante opinasse conforme seu universo cultural e seu entendimento sobre o tema. A pesquisa abrangeu 02 escolas da rede municipal de Irati, de ensino fundamental de 1ª a 4ª séries e educação infantil, abrangendo 24 pessoas, sendo: 02 gestores (diretora e coordenadora pedagógica), 03 professoras, 02 funcionárias, 05 pais de cada escola. A escola A atende 486 alunos, possuindo um grupo de 17 professoras, 01 auxiliar administrativo, 05 serviços gerais, 01 diretora e uma coordenadora pedagógica. A escola B atende 150 alunos, possuindo 09 professoras, 02 serviços gerais, 01 diretora e uma coordenadora pedagógica. As escolas são localizadas em bairros diferentes e uma distante da outra, atendendo alunos de classe média e baixa.

A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, através de estudo de caso, efetuando levantamentos dos dados coletados por meio de questionários, juntamente com análise de toda a observação realizada. De acordo com Bogdan e Biklen citados por Lüdke (1986), a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Esta pesquisa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes.

Como observadora e pesquisadora me fiz ser aceita, sem se deixar a pertencer mais a uma escola ou outra, para que conseguisse obter as informações necessárias, deixando livre a participação das pessoas as quais foram entrevistadas através de questionários, as quais participaram com muito entusiasmo, sinceridade e responsabilidade.

Os questionários contribuíram para a análise do desempenho escolar, avaliando como acontece a gestão escolar participativa. LÜDKE (1986, p.01 a 05) assegura que: “para realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. Que o papel do pesquisador é justamente o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área, e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa. É pelo trabalho como pesquisador que o conhecimento específico do assunto vai crescer”.

A VOZ DOS SUJEITOS DO INTERIOR DA ESCOLA

Diante observações realizadas nas escolas municipais de Irati e coleta de dados por meio de questionários, buscou-se investigar como a expressão “gestão escolar participativa” é compreendida. Os professores consultados destacam o significado e afirmam existir em suas escolas como expõe a professora n° 2 da escola A: “gestão escolar participativa se desenvolve com companheirismo, nos dando oportunidades para crescermos com este convívio sadio, na

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troca de saberes com parceiros”. A professora n° 1 da escola B relata que: “a qualidade da educação depende, cada vez mais da parceria de todos: direção, coordenação, professores e pais. Em nossa escola a realização dessa parceria dá-se com sucesso, pois a escola abre um canal de comunicação, desse modo a ajuda é mútua”.

A abertura cedida pelos gestores, representa a conscientização de concretizar uma interação entre todos os profissionais com responsabilidade, visando o melhor para o aluno. Segundo FERRAZ (2006, p. 04) “o gestor planeja a educação e educa junto com o professor”. Portanto o papel do gestor é fazer garantir a educação de seus alunos sendo criativo e produtivo.

Os pais consultados foram aqueles que têm uma participação mais ativa na unidade escolar, os quais levam seus filhos todos os dias para a escola. Não se trata de uma medida discriminatória, mas uma maneira de se obter uma visão mais coerente com o tema abordado.

Pais da escola B, na sua maioria, citaram que a diretora é uma pessoa que comanda a escola por um determinado período, como expõe a mãe nº 4: “é um período que alguém se compromete em ficar à frente de tudo e a participação da comunidade é essencial”.

Na escola A, os pais definem que gestão escolar é o envolvimento de todos, escola e comunidade, buscando formas de melhorar o ensino através de criação de projetos. De acordo com a mãe n° 2 “gestão escolar são todos os funcionários que nela trabalham, união de todos, criação de projetos e atividades para melhoria da escola, novas formas de ensinar, educar e dar exemplos, envolvimento com os pais e comunidade”. A mãe nº 3 afirma que: “gestão escolar é a participação com a comunidade e é muito importante, pois uma gestão escolar atuante, a escola vai para frente”.

Percebe-se que na escola B a participação dos pais é muito pouca, deixando transparecer que os gestores são autoritários, confiando mais em seus atos. Na escola A os pais já estão integrados em todas as atividades desenvolvidas pela escola e se sentem parceiros e contentes e possuem gestores dispostos ao diálogo, a receber opiniões que os conduzem de maneira correta. Os funcionários consultados relataram que a gestão escolar é a participação e colaboração na escola, buscando melhorias para a mesma em todos os sentidos.

Hoje, as escolas vêm tentando desenvolver metodologias que auxiliam na sua gestão trazendo para sua estrutura a participação mais ativa da comunidade, estabelecendo uma parceria para aplicar ações visando melhorar a própria estrutura da entidade, assim como o pedagógico. Cria-se, desta forma, responsabilidades em todos, cabendo à comunidade dentro de suas possibilidades e respeitando limites, contribuir para que se processe no ensino a transformação que todos desejam.

O gestor líder é aquele que volta suas ações para os bons resultados da educação, e esse objetivo é buscado pela divisão de tarefas e integração de idéias e ações de forma a se solidificar um grande compromisso através do trabalho coletivo. O diálogo e abertura a novas idéias foram considerados pela maioria dos educadores consultados, como condição essencial para conseguir haver uma plena participação de todos na gestão da escola. As decisões perante as dificuldades e avanços são coletivas, seguida de comprometimento do grupo com o

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que se está desenvolvendo, valorizando a contribuição de cada um, criando um ambiente favorável à manifestação de todos. Isto se percebe mais na escola A de acordo com a professora n° 2 que relata: “as decisões sempre são tomadas de forma clara, para o bem comum, dando total liberdade de expressão, contribuindo para o bom andamento das atividades escolares, envolvendo a comunidade escolar”. Na escola B, os professores afirmam que têm espaço para opinarem, mas não complementam se isto prevalece. Nota-se que a escola A está mais aberta ao novo, ao diferente, buscando melhoria para a mesma. Isto é uma forma de evolução, trazendo para a escola a dinâmica das relações democráticas, que só não são vivenciadas quando se percebe a integração que ocorre no grupo quando há uma participação efetiva nos processos, orientando o gestor da escola. Gestão democrática é saber ouvir, saber contestar com argumentos e ceder, pois a atitude individual, embora tenha valor, não tem como chegar aos mesmos resultados que alcançaria se fosse multiplicada e compartilhada. A confirmação vem com o depoimento do gestor nº1 da escola A: “a interação é ótima, os trabalhos em sua maioria são realizados através de projetos construídos em conjunto”. A mãe nº 5 diz: “Uma andorinha sozinha não faz verão. Precisamos de união de todos”. Os gestores da escola B deixam transparecer que ainda falta um pouco mais de abertura para que o trabalho coletivo ganhe espaço. Isto dependerá dos próprios gestores, os quais deverão criar um clima harmonioso onde todos se sintam confiantes e responsáveis pelas decisões a serem tomadas.

De acordo com PEREIRA E OLIVEIRA (2006, p. 05) “a gestão democrática exige o cultivo da cultura da participação, do trabalho coletivo, da ação colegiada, da realização pelo bem comum. Enfim, é preciso possibilitar momentos de experimentação da democracia na escola para se tornar uma prática efetiva, consolidada e possível de ser efetivamente vivenciada”. A experiência do trabalho coletivo favorece o exercício da cidadania, a partilha de conhecimentos e talentos, levando os profissionais à consciência de grupo e a construção de autonomia emocional, profissional e intelectual. Assim, os resultados pedagógicos e educacionais são atingidos e superados em virtude da participação efetiva de todos.

O gestor precisa ser um líder com competência de delegar e para isto precisa ser uma pessoa carismática, ter qualidade essencial para tratar a todos com simpatia, bom humor, segurança. O gestor líder combina carisma com a confiança em sua equipe, credibilidade e competência e ainda faz chegar a eles a energia através de gestos, palavras ou atos.

Quanto ao desempenho e liderança dos gestores, os professores e funcionários da escola A, relatam que “são eficientes, ótimas, atuantes e positivas, onde são responsáveis, eficientes, realistas, francas, honestas, observadoras e seguras”. A escola B, coloca como “muito bom o desempenho e de grande importância no processo educacional, oferecendo apoio aos professores, onde são ativas, companheiras, dinâmicas e colaboradoras”.

Para que a atuação dos gestores se constitua sempre numa atividade de qualidade, os da escola A observam “o que é que agrada a todos para a partir daí desenvolverem seus trabalhos e terem ótimos resultados, procuram ter respeito, educação e ética profissional”. A equipe possui confiança, trabalham em grupos, trocam experiência buscando o sucesso

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coletivo. Na escola B “os gestores se preocupam com recursos financeiros e pedagógicos, procurando desenvolver nos professores a criatividade para desenvolverem seus trabalhos”.

Os gestores que assumem esta função, precisam reconhecer os esforços realizados por seu grupo, avanços e iniciativas dos envolvidos a fim de estimular, motivar e tornar as pessoas mais eficazes e felizes. Faz-se necessário primeiro observar o grupo e descobrir como trabalhar com o mesmo, ter sensibilidade para lidar com o outro, buscado sucesso.

Na posição de gestor líder, é necessário confiar em seu grupo e fazê-lo acreditar em suas ações. Isso significa aceitar desafios para sentir-se vivo, capaz e útil. O gestor líder deve ser o primeiro integrante da equipe a aceitar desafios e motivar a todos fazendo com que acreditem que cada novo dia é um desafio que merece ser vencido.

Em uma instituição escolar, o gestor desempenha papel importante para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem, mas o trabalho será mais eficiente se for planejado e desenvolvido de forma integrada. Acreditar, envolve coragem e a cada momento sentimos a presença constante do novo.

Sabe-se que é difícil superar todos os problemas relacionados à educação, por isso é necessário estar aberto a inovações, as quais devem ser questionadas, criticadas, refletidas, reformuladas e repensadas, para que possam ocorrer as devidas transformações. E assim, a escola A, está sempre aberta a diálogos, buscando opiniões, abrindo novas oportunidades, refletindo sobre as decisões tomadas perante todas as dificuldades e avanços.

A motivação é importante em momentos decisivos, em que a tensão e a ansiedade atuam fortemente. Segundo RIBEIRO (2002): “a motivação atua como uma injeção na veia, que entra na circulação imediatamente. É um estímulo a motivação”.

Quando a equipe de profissionais da escola são motivados, conseguem renovar suas práticas, investem no tempo para estudos e pesquisas, promovem uma melhor socialização entre os alunos e tornam a escola muito mais interessante.

De acordo com a professora nº 1 da escola A, ela “se sente valorizada, porque é um espaço de relacionamento muito amigável, agradável e os profissionais tem autonomia para desenvolver as atitudes que competem às suas funções”. A professora nº 3 diz que é valorizada: sou respeitada, tenho incentivo, liberdade e carinho por parte da equipe administrativa. A professora nº 2 afirma: “sinto-me apoiada no que faço. Tenho segurança nas ações pois sei que tenho ajuda da equipe, mostram o caminho, isso me faz feliz aqui. Trabalho com prazer”. Os funcionários também se sentem valorizados e motivados, pois sempre estão sendo elogiados. Os gestores motivam com fornecimento de materiais que necessitam para desenvolverem seus trabalhos, incentivam a participarem de cursos, projetos, seminários, a lerem, elogiam sempre e comemoram vitórias através de encontros especiais, dinâmicas em grupo, viagens. Na escola B a professora nº 1 relata que se sente motivada: “ tenho apoio e incentivo para realizar meu trabalho, além do reconhecimento por parte da direção da escola”. A professora nº 2 afirma: “ o pessoal é bastante agradável, qualquer desafio que tenhamos que superar todos se empenham em melhorar. Existe bastante solidariedade entre todos”. Os

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funcionários também são valorizados através de elogios, conversas individuais e troca de idéias.

A integração dos gestores em todos os segmentos da escola é essencial, pois coordenar um grupo requer habilidade e persistência, principalmente em se tratando de uma organização humana, onde idéias e ideais devem apontar para o mesmo objetivo, o aluno. Manterem-se atentos é outro ponto fundamental, estabelecendo junto à comunidade escolar, regras a serem seguidas onde a cobrança às vezes se torna difícil, mas quando os gestores propõem um trabalho com seriedade e dedicação é mais fácil de atingir os objetivos propostos. Os gestores também precisam obter conhecimentos prévios de tudo que envolve educação, mostrarem-se atualizados, apresentando dinamismo, conhecendo a legislação, estarem sempre atentos aos problemas de aprendizado, ajudando o professor a encontrar melhores estratégias de ensino, acompanhar os professores na elaboração do planejamento bimestral, orientar os procedimentos de avaliação definidos pela escola, incentivar iniciativas inovadoras, elaborar planos diários e de longo prazo visando à melhoria da escola, gerenciar os recursos financeiros e humanos, assegurar a participação da comunidade na escola, identificar as necessidades da instituição e busca de soluções.

O professor também é um gestor, o qual deverá ter consciência que cada ação sua irá influenciar diretamente em todo o andamento da escola, principalmente na aprendizagem do aluno. O professor gestor tem a competência para a gestão da sala de aula e tem também a visão do gestor educacional, percebendo a escola como um todo. O professor planeja suas ações, prevendo suas conseqüências, compreende o ambiente escolar, devendo ser participativo e comprometido com a escola e seus alunos, valorizando-os, promovendo a colaboração e a aprendizagem no cotidiano escolar.

Atualmente muitos problemas refletem nas mudanças que acontecem nas famílias. A ausência dos pais e mães em casa, pelo fato de trabalharem fora, desestrutura a família como também separações, abandono, alcoolismo, drogas, miséria, violência, causam a falta de um responsável pelo aluno. A integração entre família e escola torna-se imprescindível para atender as necessidades de democratização da sociedade e da escola, pela necessidade de entender diferentes perspectivas sociais e modos de vida.

No Brasil, a própria Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determinam a participação dos pais para a efetivação do processo da gestão democrática nas escolas. Precisa-se fortalecer mais esta parceria colaborativa, pois é uma maneira viável para que as escolas e famílias consigam superar as dificuldades que ocorrem com o aluno, onde esta parceria deve iniciar desde o momento da matrícula e se estender por todo o período escolar.

Pais, professores, direção e comunidade precisam estar em um ambiente de cooperação, reciprocidade, em que todos atuem com companheirismo, contribuindo ativamente para atingir os objetivos comuns

Na escola A, os gestores proporcionam abertura para participação dos pais através de reuniões, diálogos, trabalhos, mutirões, visitas, comemorações. Essas ações beneficiam o

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desenvolvimento escolar de seus filhos, pois os pais podem acompanhar os resultados atingidos e o aluno perceberá a sua importância; se houver dificuldades estão unidos para resolverem. Os pais são participativos e atuantes. Para a mãe nº 3 da escola A, a participação dos pais na escola “é muito importante para o aluno, ele se sente motivado para estudar e seguir em frente. Ele fica mais motivado em estudar.”

Como a família é o primeiro grupo com a qual a criança convive, seus membros são exemplos para ela. Escola e família têm os mesmos objetivos, fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos se ter sucesso na aprendizagem. Por isso os pais precisam ser parceiros da escola para melhorar o rendimento do aluno.

Os pais da escola B relatam que são convocados para reuniões, limpeza da escola e conversas. Mesmo assim, afirmam ser importante sua presença para melhorar o estudo do filho. A mãe nº 4: “é muito importante para nós ficarmos atualizados e passa mais confiança para nossos filhos”. Fica claro que a tarefa dos gestores é organizar e repassar informações aos pais, promovendo contatos regulares e continuados com as famílias. Esses contatos poderão assumir numerosas formas, mas os gestores deverão fazer esforços para chegarem juntos aos pais, mesmo quando eles não demonstram claramente este desejo.

O comprometimento em prol do aprendizado do aluno para a cidadania e inserção na sociedade se dará através da interação de pais, professores, alunos, funcionários, gestores e comunidade.

A gestão democrática permite que cada escola, defina de acordo com a sua realidade, formas de participação dos pais na vida da comunidade escolar, e como isso vai resultar em um acompanhamento permanente e proveitoso da escolaridade de seus filhos.

CONCLUSÃO

A gestão escolar participativa significa uma nova forma de administrar a escola, permitindo que haja, por parte dos integrantes que estão relacionados com a estrutura escolar, uma posição mais ativa em relação às políticas que orientarão as atividades da instituição de ensino em determinado período. Gestão é a geração de um novo modo de administrar uma realidade e é, em si mesma, democrática já que se traduz pela comunicação, pelo envolvimento coletivo. Representa um avanço democrático significativo, sendo uma demonstração efetiva da necessidade que as entidades públicas têm em estabelecer uma nova forma de relação com as pessoas integradas da sociedade, assim se estará permitindo ao aluno um desenvolvimento integrado.

Para o desenvolvimento de um trabalho coletivo e participativo, é preciso estimular a interação entre os participantes, que possam trocar idéias, dividir tarefas e enfrentar as dificuldades superando as divergências que acabam dividindo o grupo. O cultivo das diversidades de opiniões, enriquece e amplia a visão particular do que se pretende realizar ou efetivar. Esse relacionamento permite o questionamento de certezas, o articulamento de ações,

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a participação mais ativa de todos nos processos desenvolvidos no ambiente, o que proporciona a diminuição de resistências às formas de pensar, favorecendo a mudança.

Sem o trabalho coletivo, dificilmente consegue-se alcançar os resultados propostos, pois é a integração do grupo que permite uma intervenção para que se definam os objetivos a serem realizados e que cada um assuma, dentro da sua função, a responsabilidade de pertencer ao grupo.

Espera-se do gestor que antes de tudo, seja um educador, utilize as orientações do sistema para fortalecer a função educativa da escola e consiga atuar com toda competência administrativa, para fazer fluir a ação pedagógica.

Na gestão participativa em relação à comunidade escolar, é do gestor que se espera a articulação de todas as ações da escola. Se o gestor for comprometido com o trabalho e acreditar no projeto da escola, este terá mais chances de ser elaborado, consolidado e implementado.

O gestor deverá estar consciente de que nem todos os problemas terão solução. A escola busca resolver suas necessidades quando o mesmo delega tarefas a todos os profissionais da escola e até aos colaboradores externos. Ele é dirigente quando organiza o todo em partes, fazendo grande articulação na escola, com o envolvimento de todos mantendo clima favorável, avalia resultados, cuidando para que os acertos sejam valorizados, os erros corrigidos e superados.

Coordenar um grupo requer persistência, honestidade e predisposição para desenvolver a forma da virtude do amor pela escola, da eficiência concreta de deveres e na satisfação da qualidade escolar. Vale a pena, pois um grupo coeso é capaz de mobilizar forças de tal forma que o todo constitua um bem beneficiando a todos.

A participação direta da comunidade é o reconhecimento de sua importância, visto que ela fornece informações que serão a base do trabalho dirigido pela escola, pois na educação cidadã, a reflexão sobre o grupo social em que o aluno se encontra é um requisito relevante e que deve ser observado.

Na escola A, é visível à cooperação de um trabalho coletivo estimulando o surgimento de sentimentos e valores que permitem a integração do grupo e comunidade, não havendo a separação dos ideais individuais dos ideais coletivos, trazendo a harmonia nas relações humanas dentro da escola. O grupo é motivado, o que auxilia no desenvolvimento de um espírito de compromisso fundamental para que a escola possa ter um elo maior entre docentes, alunos e comunidade. O ambiente é de confiança, assim, cada um desenvolve suas atividades com consciência do que se pretende atingir, são persistentes e responsáveis. Tudo isto só é possível devido à dedicação, responsabilidade, liderança dos gestores que ocorre de forma atuante e participativa, desenvolvendo a integração entre todos os segmentos da escola; da habilidade para coordenar o grupo, preservando o bom andamento da escola, visando o melhor atendimento pedagógico para o aluno. A escola vem se beneficiando com a participação dos pais, onde as competências e habilidades dos pais são disponibilizadas para as atividades extras classe dos alunos. Há sempre espaço para a interação dos assuntos

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relevantes que envolvem a escola, onde as sugestões e as críticas possibilitam desenvolver um trabalho coerente com as necessidades da escola e dos alunos. Então, nesta escola, as mudanças ocorrem pela vontade de todos permitindo superar obstáculos onde tornam a escola democrática.

Na escola B, os gestores possuem uma forma de administrar mais autoritária, deixando de lado o carisma pessoal, capacidade de mobilizar o grupo de levá-lo a pretender um objetivo comum, dar sentido a um projeto e a um comportamento coletivo, sugerindo esperança, confiança, fé e entusiasmo, o que talvez, dificulta um melhor desenvolvimento da escola. Perante conflitos, apresentam dificuldades em resolvê-los devido à falta de diálogo compreensivo, por não quererem denegrir suas imagens, pois tendem para o poder autoritário, e isto conduz a uma visão individualizada na construção de metas a serem desenvolvidas pela escola, não havendo uma interação profunda com o grupo, não possuindo segurança para resolveram problemas que surgem com professoras e alunos, deixando também de exercer a dinâmica de valorizar a todos pelo desempenho prestado. Possuem idéias inovadoras para desenvolverem seus trabalhos, tentando dividir as tarefas, as quais acabam não sendo aceitas por todos, buscando parcerias na comunidade. Percebi que algumas professoras são responsáveis e dedicadas, mas há necessidade de que todo o grupo o seja. Falta mais iniciativa por parte da coordenadora pedagógica, para desempenhar seu papel junto às professoras e alunos. Fica mais preocupada com o burocrático, deixando de ser ativa, criativa, comunicativa. Esta escola precisa tornar a comunidade mais presente, oferecendo maior abertura, para que haja pleno conhecimento das atividades que são desenvolvidas no ambiente escolar, bem como o funcionamento de sua estrutura para que possa surgir uma identificação mais imediata, capaz de associar a comunidade e escola, e vice-versa.

A escola só terá maior sucesso se a ação for coletiva, e isto dependerá dos gestores que delegam a escola, os quais precisam transformar sua maneira de ser, agir e construir.

As coordenadoras pedagógicas do ensino fundamental de 1 a 4 série da Secretaria Municipal de Educação, já ofereceu capacitação para os gestores da rede municipal de Irati, com profissionais na área, nos anos anteriores. Verificou-se pelo trabalho que desempenham o não comprometimento integral por parte de alguns gestores. Para reverter esta situação, neste ano, a Secretaria Municipal de Educação está oferecendo Grupo de Estudos aos Coordenadores Pedagógicos (GECP), para as 28 escolas com gestores, de um total de 31 que o município possui. As três escolas restantes são multisseriadas, onde 02 professoras em cada uma delas desenvolvem seus trabalhos, e por isso não possuem gestores. Pretende-se propiciar momentos de reflexões em grupo e aperfeiçoamento, crescimento profissional através das discussões dos assuntos, socializando o conhecimento, habilidades e competências entre os coordenadores, melhorando sua atuação dentro do espaço escolar. Cabe aos gestores e educadores da escola B, desenvolverem estratégias de ação, para motivarem os pais para que se possa aproveitar adequadamente a participação dos mesmos no ambiente escolar. Os pais precisam compreender que a educação dos filhos é uma tarefa conjunta, onde as

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responsabilidades deverão ser divididas conforme a natureza de cada um. Somente a escola comprometida, pode construir coletivamente e formar alunos responsáveis.

CURY (2002, p.168) salienta que: “o desfio está na construção de uma metodologia de trabalho que saiba ressalvar o exercício da autoridade que acompanha a pessoa funcional do gestor e a dimensão compartilhada da mesma, dando a cada qual seu devido tempo e sua devida proporção”.

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