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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MARCIO WILHIAN MACHADO LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MARCIO WILHIAN MACHADO

LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO

CURITIBA

2015

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LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO

CURITIBA

2015

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MARCIO WILHIAN MACHADO

LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Dr. André Peixoto de Souza

CURITIBA

2015

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TERMO DE APROVAÇÃO

MARCIO WILHIAN MACHADO

LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado à Coordenação do curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, para que seja julgado e aprovado para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Curitiba, de de 2015.

_________________________________

Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografias

.

Prof. Dr. André Peixoto de Souza

Orientador Universidade Tuiuti do Paraná - UTP

Professor (a) Examinador (a) Universidade Tuiuti do Paraná - UTP

Professor (a) Examinador (a) Universidade Tuiuti do Paraná - UTP

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DEDICATÓRIA

A aqueles que de qualquer forma contribuíram

Para que este sonho se torna-se realidade e Também à aquelas pessoas que sempre duvidaram,

Ou tentaram desestimular, colocando pedras em meu caminho. Muito OBRIGADO, por causa de vocês estou aqui.

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“paz entre os homens e, no mar, bonança;

calam do vento recolhido ao leito e o sossego do sono entre os cuidados.

Platão

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RESUMO

O presente e singelo trabalho visa analisar a corrupção no âmbito da Licitação

Pública, sendo utilizado como paradigma a Lei 8666/1993, com a escalada de ações

criminais que subtraem o erário público de forma astronômica, prejudicando toda a

sociedade, não respeitando os princípios norteados das Licitações, moralidade,

impessoalidade, publicidade e a legalidade.

Palavras chaves: licitação, moralidade, publicidade, administração pública, erário,

corupção, fraude.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................. 00

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

2ORIGEM DA LICITAÇÃO E DA CORRUPÇÃO. .................................................. 11

3 LICITAÇÃO .......................................................................................................... 14

3.1 CONCEITOS ..................................................................................................... 14

3. 2 COMPETÊNCIA. .............................................................................................. 14

3.3FINALIDADE DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO .......................................... 16

3. 4 PRINCÍPIOS NORTEADORES ........................................................................ 16

3. 5FRAUDE A LICITAÇÃO .................................................................................... 17

4 CORRUPÇÃO ..................................................................................................... 21

4. 1 CORRUPÇÃO PARA AS NAÇÕES UNIDAS ................................................... 22

5 LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO.................................. 25

6CONTROLE DA LICITAÇÃO PÚBLICA PELA ÓTICA DA PUBLICIDADE E

TRANSPARÊNCIA ................................................................................................. 30

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 34

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TABELADE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 Art. (s): Artigo (s).

2 CP: Código Penal.

3 Ed: edição.

4 N°: número.

5 p: página.

6 CRFB/88: Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988.

7 www: World Wide Web.

8 outros: notificações de incidentes que não se enquadram nas categorias

anteriores.

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1 INTRODUÇÃO

Analisaremos qual a relação entre a Licitação e a Corrupção, se serve

como porta de entrada para os desvios monstruosos de dinheiro dos cofres

públicos.

No capítulo 2, destacaremos a origem da licitação e da corrupção, o

termo técnico da palavra, origens, suas definições dadas por estudiosos bem

como qual base legislacional iremos estudar.

O capítulo 3, que trata da licitação, tomaremos por base a legislação

que disciplina a matéria, conceito, competência, finalidade do procedimento

licitatório e os princípios norteadores

Neste capítulo, grandes mestres irão nortear que a finalidade da

licitação é a maior vantagem ao ente público, a busca pela melhor oferta em

detrimento do melhor serviço prestado.

Seguindo a linha de raciocínio será explanada a corrupção, sendo

reservado o capítulo 4, para as digreções de como a corrupção esta tão

enraizada no âmago nacional, que se torna difícil separá-la da dicotomia

entre o bem e o mal.

Entraremos no capítulo 5, com a discussão LICITAÇAO A PORTA DE

ENTRADA DA CORRUPÇAO, qual a ligação entra elas, se uma

complementa a outra, quais as opiniões na atualidade, se a corrupção é um

mal atual, ou se isto já se alastra por décadas.

Por fim, no derradeiro capítulo, CONTROLE DA LICITAÇAO PÚBLICA

PELA ÓTICA DA PUBLICIDADE E TRANSPARÊNCIA, será analisada se o

ente público pode através de alguns princípios controlar o certame, se a

população pode e deve acompanhar a licitação, e por último se existe o

controle externo por parte de algum órgão público, que faça o controle

externo dos gastos públicos, e se existe norma autorizadora para este

controle.

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2 ORIGEM DA LICITAÇÃO E DA CORRUPÇÃO.

Primeiramente antes de adentar ao tema propriamente dito é muito

valioso para a didática contemporânea vislumbrar a origem da Licitação e da

Corrupção.

Entende-se porCORRUPÇÃO, “1 suborno, 2 degeneração”

(HOUAISS, 2001, p. 895), vindo também do latim “corruptio”.

(CIBERDÚVIDAS, 2015, p. Única).

Leciona Marcelo Harger:

A corrupção não é o único atentado à ética que pode ser cometido por um agente público. É, no entanto, o mais grave deles, e é preciso combatê-lo com rigor para que se possa ter uma administração Publica que não suscite apenas receio e desconfiança dos administrados, mas sim serva de exemplo às atividades privadas.(2015, p. 25).

Para a professora Dra. Rita Biason, doDepartamento de Relações

InternacionaisUNESP - Campus Franca:

Os primeiros registros de práticas de ilegalidade no Brasil, que temos registro, datam do século XVI no período da colonização portuguesa. O caso mais frequente era de funcionários públicos, encarregados de fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a coroa portuguesa e ao invés de cumprirem suas funções, acabavam praticando o comércio ilegal de produtos brasileiros como pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e diamante. (2015, p. Única).

Em um segundo momento preleciona:

refere-se a extensa utilização da mão-de-obra escrava, na agricultura brasileira, na produção do açúcar. De 1580 até 1850 a escravidão foi considerada necessária e, mesmo com a proibição do tráfico, o governo brasileiro mantinha-se tolerante e conivente com os traficantes que burlavam a lei. Políticos, como o Marquês de Olinda e o então Ministro da Justiça Paulino José de Souza, estimulavam o tráfico ao comprarem escravos recém-chegados da África, usando-os em suas propriedades. Apesar das denúncias de autoridades internacionais ao governo brasileiro, de 1850 até a abolição da escravatura em 1888, pouco foi feito para coibir o tráfico. Isso advinha em parte pelos lucros, do suborno e da propina, que o tráfico negreiro gerava a todos os participantes, de tal forma que era preferível ao governo brasileiro ausentar-se de um controle eficaz.

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Atualmente o legislador através do Título XI, Dos Crimes Contra a

Administração Pública, do CPP,elenca alguns crimes em face do ente Público

bem como com a edição da lei 12.846/2013 prevê a responsabilização

objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra

a administração pública, nacional ou estrangeira e a lei 8.429/92 define os

atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,

contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de

Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para

cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de

cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na

forma desta lei.

A Lei de improbidade já foi chamada de lei anticorrupção, mas, na

verdade seu objeto é mais amplo, e inclui a repressão a desonestidades que

não se enquadram na categoria sociológica da corrupção e também a ilícitos

culposos derivados da ineficiênciaadministrativa. (OSORIO, 2007)

A corrupção vem se tornando a “menina dos olhos” quer pela imprensa,

órgãos de classe, políticos e a população em geral. Tal assunto tornou-se

evidente devido à crise politico/administrativa que o governo brasileiro tem

enfrentado com os chamados “ao”, mensalão, petróleo, etc.

A origem da palavra LICITACAOvem do latim “licitatione”, ou seja,

arrematar em leilão (CIBERDÚVIDAS, 2015, p. Única), sendo que licitação na

língua portuguesa, mas especificamente o português brasileiro, significa 1

disputa em leilão 2 escolha por concorrência de prestadores de serviço para

órgãos públicos 3 oferta, proposta, lance. (HOUAISS, 2001, p. 1.642).

Para Mauricio Lima:

“A licitação foi introduzida no direito público brasileiro há mais de cento

e quarenta anos, pelo Decreto nº 2.926, de 14.05.1862, que regulamentava

as arrematações dos serviços a cargo do então Ministério da Agricultura,

Comercio e Obras Públicas.

Após o advento de diversas outras leis que trataram, de forma singela,

do assunto, o procedimento licitatório veio, a final, a ser consolidado, no

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âmbito federal, pelo Decreto nº.536, de 28.01.22, que organizou o Código de

Contabilidade da União (arts. 49-53).Desde o antigo Código de Contabilidade

da União, de 1922, o procedimento licitatório veio evoluindo, com o objetivo

de conferir maior eficiência às contratações públicas, sendo, por fim,

sistematizado através do Decreto-Lei nº 200, de 25.02.67 (arts. 125 a 144),

que estabeleceu a reforma administrativa federal, e estendido, com a edição

da Lei nº 5.456, de 20.06.68, às Administrações dos Estados e Municípios.“O

Decreto-lei nº 2.300, de 21.11.86, atualizado em 1987, pelos Decretos-Lei

2.348 e 2.360, instituiu, pela primeira vez, o Estatuto Jurídico das Licitações e

Contratos Administrativos, reunindo normas gerais e especiais relacionadas à

matéria”.(http://m.administradores.com.br/u/mauriciolima/artigos/?page=3).

Nos dias atuais o legislador através da Lei 8666/1993 tem dado maior

atençãoao tema, pois conforme estipula o art. 37, XXI, da CRFB/88, que os

contratos administrativos sejam precedidos de licitação publica.

Tal medida, nãoinibeinfelizmenteque a Licitação seja violada através

da corrupção dos seus agentes, demonstrando que a regra em sua essência

possa ser boa, porem seus agentes a deturpam.

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3 LICITAÇÃO

3.1 CONCEITO

A LICITAÇÃO é o meio que o ente público, possui para adquirir bens

e serviços para seu suprimento e dos entes federados.

A Administração Publica possui a tarefa árdua e complexa de manter

o equilíbrio social e gerir a máquina publica. Por essa razão, não poderia a lei

deixar a critério do administrador a escolha das pessoas a serem

contratadas, porque essa liberdade daria margem a escolhas improprias e

escusas, desvirtuadas do interesse coletivo. ( CARVALHO, 2014).

Para MarçalJusten Filho, “A licitação é um procedimento

administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo prévio, que

determina critérios objetivos de seleção de proposta da contratação mais

vantajosa, com observância da Isonomia, conduzido por um órgão dotado de

competência especifica”. ( 2011, p. 110).

É o procedimento administrativo formal em que a Administração Publica convoca, mediante condições estabelecidas em ato próprio, pessoas físicas e jurídicas interessadas na apresentação de propostas para o oferecimento de bens e serviços.(COSTA, 2013, p. 890).

O procedimento licitatório tenta coibir o gasto excessivo do dinheiro

público em bens e serviços que são encontrados pelo particular na inciativa

privado a valores condizentes com o mercado.Permite a licitação filtrar os

gastos, maximizando recursos e minimizando despesas. Para tanto, a

administração pública utilizará do certame, porém ficam excetuadas as

hipóteses de dispensa e inexigibilidade.

3.2 COMPETÊNCIA

Assim preceitua o art. 22, XXVII da CRFB/88 em seu Art. 22.:

Compete privativamente à União legislar sobre:

[…]

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XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).(CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988, p. 76).

Adilson Abreu Dallari em sua obra cita honoravelmente Hely Lopes

Meirelles(2007), queembora afirmando tratar-se de um procedimento

administrativa, assevera ao mesmo tempo que as normas federais sobre a

material eram aplicáveis aos Estados e Municípios, por ser privativa da

Uniãoàcompetência para legislar sobre normas gerais de direito financeiro.

Tinha-se um conflito, ou mera dúvida, de que área pertencia a

Licitação, campo do Direito Administrativo ou Direito Financeiro.

O autor ainda em sua obra com o ensinamento de Geraldo Ataliba,

(Geraldo Ataliba, licitação ou concorrência para o fornecimento à

Administração Pública, RT, 403:54) demostrou ser impossível que a Licitação

fosse do Direito Financeiro;

[…] impossibilidade de sua inclusão no campo da ação do direito financeiro, cujo conteúdo abarca apenas a contabilidade pública, o orçamento, a fiscalização financeira e orçamentaria, o credito publico, as receitas não tributáveis do poder publico, e nada mais. ( 2007).

Marçal Justen Filho em seus Comentários à Lei de Licitações e

contratos administrativos dispõe:

Ocorre que o art. 22, inc XXVII, da CF/88 previu especificamente que a União é titular de competência legislativa privativa para editar normas gerais sobre contratações administrativas e licitações. Como decorrência, poderia entender-se que não existem propriamente competências concorrentes entre os diversos entes federativos em material de licitações e contratos administrativos. As normas gerais, seriam necessárias e obrigatoriamente veiculadas mediante lei federal. Portanto não existiria competência legislativa para os demais entes federativos disporem sobre normas gerais nessa material. A omissão da União não autorizaria o exercício pelo ente federativo local de competência legislativa que importasse a edição de norma geral nesse campo.( 2012).

Entende-se ser unicamente privativo da União a legislar a matéria de

licitações, tanto é, que a matéria já legislada pela lei 8.666/93 (licitação), lei

10.520/02 (lei do pregão), lei 8987/95 (concessões) e a lei 11.079/04(PPPs).

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Ainda temos como norma geral o RDC – Regime Diferenciado de

Contratação, que foi utilizado para a contratação referente ao evento Copa do

Mundo 2014 e esta sendo utilizado para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos

de 2016.

3.3FINALIDADE DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

Marçal Justen Filho define que:

Se prevalecesse exclusivamente a ideia de vantajosidade, a busca da vantagem poderia conduzir a Administração Pública a opções arbitrárias ou abusivas. Deverá ser selecionada a proposta mais vantajosa, mas, além disso, tem-se de respeitar os princípios norteadores do sistema jurídico, em especial o da isonomia. ( 2011).

Para Matheus Carvalho;

a licitação tem como finalidade viabilizar a melhor contratação possível para o poder público, sempre buscando a proposta mais vantajosa ao Estado, bem como permitir que qualquer pessoa tenha condições de participar das contratações públicas, desde que preencha os requisitos legais. ( 2014, p. 419).

Por fim, o ente público esta acobertado pelos princípios gerais que

norteiam a Lei 8666/93, sempre no âmbito de aproveitar melhor o dinheiro do

contribuinte em uma contratação justa, honesta e transparente.

3.4 - PRINCIPIOS NORTEADORES

Comenta Elisson Pereira da Costa:

Os princípios que norteiam o procedimento licitatório estão previstos no art. 3 da lei 8.666/93. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.( 2013, p. 80).

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Sobre o tema, Marçal Justen Filho:

A licitação é um procedimento administrativo para a seleção da proposta de contratação de um particular com a Administração Pública. Esse procedimento se orienta à realização de duas finalidades essenciais, que são a concretização do principio da isonomia e a obtenção da proposta mais vantajosa (inclusive sob o prisma do desenvolvimento nacional sustentável).( 2012).

O procedimento Licitatórioportanto deve proteger os princípios

norteadores da Administração Pública, sendo,legalidade, impessoalidade,

moralidade e eficiência, na busca incessante pelo paz social, dando azo a

coisa pública em valor da comunidade por ela atendida.

3.5 – FRAUDE A LICITAÇÃO

Fraude no dicionário jurídico significa, má-fé, artifício malicioso usado

para prejudicar, dolosamente, o direito ou interesses de terceiros. A lei dispõe

que todo ato jurídico fraudulento é passível de nulidade e de punibilidade. (

2011, p. 128).

Afirma FAZZIO (2002), “O caráter competitivo é a circunstância que

torna a escolha do negócio de interesse da Administração Pública

dependente de licitação”.

A lei das Licitações, traz em seu corpo através do Capítulo IV, Das

Sanções Administrativas e Da Tutela Judicial na seção III, Dos Crimes e das

Penas no artigo 90 a tipificação da fraude como crime bem como a pena

aplicada.

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Lei 8666/1993).

A Fraude a licitação ocasiona lesão ao erário público, conforme o

artigo 10 da lei 8492/92, chamada de Lei de Improbidade Administrativa,

sendo a fraude uma das espécies de improbidades administrativas.

Aquele que frauda a licitação fere os princípios da publicidade e

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impessoalidade, são exemplos de fraude listadas por FAZZIO (2002):

a) Firmar em contrato condições essenciais não estampadas no procedimento licitatório, caracterizando ilegalidade, pois essa inexistência inibe e restringe a participação de concorrentes. b) A licitante declarada vencedora desatende às condições de habilitação e apresentação da proposta, sendo irrelevante se o objeto do certame já está homologado e adjudicado, inclusive com o fornecimento do material e pagamento dos valores contratuais, bem como não afasta a anulação a alegação de caráter de urgência da contratação, se não caracterizada diante da leitura do cronograma de fornecimento exibido pelo edital. c) Também ocorre fraude na competitividade da licitação quando a publicação de mudança do endereço para a entrega dos envelopes de habilitação e proposta ocorre em veículo não adequado ao alcance dos eventuais interessados.

A lei de licitação ainda traz como crime:

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade. Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário. Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei. Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório. Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo. Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: I - elevando arbitrariamente os preços; II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;

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III - entregando uma mercadoria por outra; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida; V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato. Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo. Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito. (Lei 8666/1993).

Marçal explica que é sempre problemático produzir análise de

questões penais partindo de outros campos do direito, mas é sempre

necessária esta conjunção de matérias para que haja a reprovação e punição

as condutas lesivas.

A interpretaçao das regras penais da Lei 8666/1993 tem de vincular-se nao apenas à construção dos tipos legais e dos diversos elementos do crime. Assim, torna-se necessário examiner os dados que evidenciam a reprovabilidade da conduta e que são o único fundamento que autoriza a punição. Nao se pode admitir que crimes da Lei de Licitações se relacionem apenas a dados materiais, a fenômenos externos, a padrões objetivos de conduta. A punição penal depende da existência de conduta gravamente infringente aos valores consagrados pela sociedade. (2012, pag. 1030).

Cretella comenta que pela primeira vez, entre nós, uma lei de

licitações erige em crime, atos ou fatos, concernentes à licitação: tudo aquilo

que impeça, dificulte ou frustre a licitação. ( 2004, p. 404).

De um lado, particulares, pessoas físicas ou jurídicas privadas, ambos licitantes, e de outro lado, agentes administrativos, servidores públicos, podem cometer crimes contra a Administração, ao infrigir preceitos que regem o procedimentos licitatório. Nesse casos, serao acusados, processados e julgados. Estamos, então, no campo do Direito Penal Administrativo, no qual vigoram leis penais gerais e extravagantes. Como prevalence, no Direito Penal, o principio do nullum crimen, nulla poena sine previa lege, antes destes dispositivos o agente administrativo que dispensasse ou inexigisse o procedimento licitatório, for a das hipóteses previstas na lei, nao era sujeito passivo desses crimes. Agora é. Ha texto expresso a respeito. Note-se que nem todos os delitos, aqui capitulados se encontram no Código Penal. Assim também ocorre com os crimes contra a economia popular, com os crimes falimentares, com os crimes contra a liberdade de imprensa. (2004, p 405).

O professor Marcelo Leonardo reconhece a legitimidade da lei

8666/1993 que estabelece as condutas crimilizadoras.

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A Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, contém relevantes inovações no que se pode chamar de crimes nas licitações. Partiu-se, com excesso e minúscias, para criminalizaçao de várias condutas, sob ótica do princípio constitucional da moralidade na administraçao pública em todos os níveis (art. 37, caput, CF 88) e sob o influx do combate à corrupção nas relações entre empreiteiros e Estado. Pode-se discutir, no âmbito do Direito Administrativo, sea Lei 8.666, ao dispor sobre todos os aspectos das licitações, nas três esferas de governo, seria inconstitucional, dada a autonomia dos Estados e Municípios. Todavia, no plano das normas penais, nao há discussão. A constituição da República diz competir privativamente à Uniao legislar sobre Direito Penal (art. 22, I, c/c. art 5.º, XXXIX). (2001, p. 45)

Conclui Cretella, ao passo que o Direito Penal, em sentido estrito, tem

por objetivo único ou principal a prevenção e a repressão da

delinquênciaconsiderada em si mesma, como violação da ordem jurídica

geral, o Direito Penal Administrativo intervém com finalidade meramente

sancionadora das normas que regulam institutos de Direitos Administrativos

ou de atos administrativos, ou tem caráter constitutivo, referindo-se a

interesses de polícia ou de Fazenda, regulados, em primeiro plano, por

normas administrativas e, em Segundo, por normas penais. ( 2004, p. 407).

Por fim Marçal escreve que muito embora a conjunção de dispositivos

de natureza penal e não penal cause alguma dificuldade ao doutrinador, a

relevância da material e a gravidade das potenciais lesões aos interesses

fundamentais exigiam providencias do legislador penal. Sob esses ângulo,

justifica-se a existência de uma seção específica, na Lei de licitações, acerca

da repressão criminal. (2012, p. 1030).

Portanto, a lei de licitação é cabível para se opor aos crimes contra a

Administração Pública, servindo-se o julgador de seus dispositivos legais em

face daqueles que à infrinjam.

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4 CORRUPÇÃO

Antes de entrarmos no tema Corrupção, é valioso ver as colocações

de alguns autores, sobre Justiça, livre arbítrio e bem e o mal.

Clovis de Barros Filho assim escreve em seu Livro, Corrupção

Parceria Degenerativa:

Discursos muitos diferentes – sobre a ética dos dias de hoje – atravessam o nosso cotidiano. Alguns denunciam o fim dos valores. O colapso de toda referencia prática com pretensão universal. Sem normas ou imperativos a respeitas e desprovidos de virtudes, assistimos atônicos ao eclipse do dever, à liquefação da moral. Neste Mundo, as pessoas se tornaram assumidamente instrumentos. Ortopedizadas como pés em palmilhas pela topografia das exigências institucionais sem condição de vontade, boa ou má. Desmoralizadas em suma.( 2014, p. 03).

Santo Agostinho em Confissões assim dispôs:

Entendi por experiência que não é de admirar que o pão seja enjoativo ao paladar enfermo, mesmo tão agradável para o paladar sadio, e que olhos enfermos considerem odiosa a luz, que para os límpidos é tão cara. Se tua justiça desagrada aos maus, muitos mais desagradam à víbora e caruncho, que criaste bons e adaptados à parte inferior de tua criação, com a qual também os maus se assemelham, tanto mais quanto mais diferem de ti, assim como os justos se assemelham às partes superiores do mundo na medida em que se assemelham a ti.( 2007, p. 158).

Para Ivan de Oliveira Silva (2008), em estudo da sobre o Problema do

Mal, relata a doutrina agostiana, que o problema do mal é genuinamente

humano, haja vista que o mal existe à medida que a humanidade se afasta

do bem.

Hans Kelsen (1998), na obra A Ilusão da Justiça assim contribui:“De

todo o grande contingente daqueles que – desde o ser humano adquiriu a

capacidade de pensar – se ocuparam da questão da justiça [...]”.

Desta forma, através dos pensadores acima citados, denota-se

que a humanidade, vive em constante luta entre o Bem e o Mal, o Certo e o

Errado e a Justiça.

De tal sorte, a corrupção deve-se ser encarada como uma escolha

pelo seu agente, entre o dever e o não dever, tomando sempre por principio o

livre arbítrio de sua decisão.

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Para Rudolf Von Ihering, “o homem não se trata somente da vida

física, mas conjuntamente da existência moral, uma das condições da qual é

a defesa do direito. No seu direito o homem possui e defende a condição da

sua existência moral”.( 2009, p. 19).

Infelizmente, a cultura da corrupção se mostra estampada na

sociedade brasileira, seja pelo ato ou simplesmente pela desobediência da

das leis.

Clovis de Barros Filho traz um dado assustador, “é fácil desobedecer

às leis neste país, de acordo com a pesquisa Índice de percepção de

cumprimento da lei, realizada no fim de 2012 pela GVlaw, braço da fundação

Getúlio Vargas que ensina e pesquisa Direito.” ( 2014, p. 75).

As pessoas não tem a sensação de que é importante, para a coletividade, obedecer à lei. Mais de 50% das pessoas dizem que não têm razão para obedecer à lei e mais de 70% dizem que o brasileiro sempre opta pelo jeitinho. As pessoas acham que cumprir a lei não vale a pena, nãopercebem que é importante obedecer às leis, independente de seu ganho individual e imediato. Elas não encontram razoes e acham que em geral os outros não obedecem. (BARROS FILHO, 2014, p. 76).

Um país que não respeita suas leis, não respeita consequentemente o

seu próximo, reinando a instabilidade jurídica e política.

4.1 CORRUPÇÃO PARA AS NAÇÕES UNIDAS

O Tema é tão discutido no mundo que as Nações Unidas editaram A

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA A CORRUPÇÃO.

Não trata apenas de um crime cometido por países subdesenvolvidos,

mas sim é uma prática repugnante que assola todo o planeta, chegaram em

acordo ao seguinte:

Preocupados com a gravidade dos problemas e com as ameaças decor- rentes da corrupcao ,para a estabilidade e a segurança das sociedades, ao enfraquecer as instituicoes e os valores da democracia, da etica e da justica e ao comprometer o desenvolvimento sustentavel e o Estado de Direito ; Preocupados, também, pelos vinculos entre a corrupca o e outras formas de delinquencia , em particular o crime organizado e a corrupção economica, incluindo a lavagem de dinheiro;

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Preocupados, ainda, pelos casos de corrupcao que penetram diversos se- tores da sociedade, osquais podem comprometer uma proporção importante dos recursos dos Estados e que ameaçam a estabilidade politica e o desenvol vimento sustentavel dos mesmos; Convencidos de que a corrupcao deixou de ser um problema local para converter -se em um fenomeno transnacional que afeta todas as sociedades e economias , faz-se necessaria a cooperacao internacional para preveni-la e lutar contra ela; Convencidos, também, de que se requer um enfoque amplo e multidisciplinar para prevenir ecombater eficazmente a corrupcao ; Convencidos, ainda, de que a disponibilidade de assistencia tecnica pode desempenhar um papel importante para que os Estados estejam em melhores condicoes de poder prevenir e combater eficazmente a corrupcao , entre outras coisas, fortalecendo suas capacidades e criando instituicoes; Convencidos de que o enriquecimento pessoal ilicito pode ser particular- mente nocivo para as instituicoes democraticas , as economias nacionais e o Estado de Direito; Decididos a prevenir , detectar e dissuadir com maior efica cia as transfe- rências internacionais de ativos adquiridos ilicitamente e a fortalecer a coo - peração internacional para a recuperação destes ativos; Reconhecendo os principios fundament ais do devido processo nos processos penais e nos procedimentos civis ou administrativos sobre direitos de propriedade; Tendo presente que a prevencao e a erradicac ão da corrupção são responsabilidades de todos os Estados e que estes devem cooperar entre si , com o apoio e a participacao de pessoas e grupos que nao pertencem ao setor publico, como a sociedade civil, as organizaco es nao -governamentais e as organizaçoes de base comunitárias, para que seus esforcos neste ambito sejam eficazes; Tendo presentes tambem os principios de devida gestao dos assuntos e dos bens publicos , equidade, responsabilidade e igualdade perante a lei, assim como a necessidade de salvaguardar a integridade e fomentar uma cultura de rechaco a corrupcao; Elogiando o trabalho da Comissao de Preven ção de Delitos e Justiça Penal e o Escritorio das Nacoes Unidas contra as Drogas e o Delito na preven- ção e na luta contra a corrupção ; Recordando o trabalho realizado por outras organizacoes internacionais e regionais nesta esfera , incluidas as atividades do Conselho de Coopera - ção Aduaneira (também denominado Organização Mundial de Aduanas ), o Conselho Europeu, a Liga dos Estados Arabes, a Organizacao de Cooperacao e Desenvolvimento Economicos, a Organizacao dos Estados Americanos , a Uniao Africana e a Uniao Europeia; Tomando nota com reconhecimento dos instrumentos multilaterais encaminhados para prevenir e combater a corrupcao , incluidos, entre outros , a Convencao Interamericana contra a Corrupcao , aprovada pela Organizacao dos Estados Americanos em 29 de março de 1996, o Convenio relativo a luta contra os atos de corrupção no qual estão envolvidos funcionários das Comunidades Européias e dos Estados Partes da União Européia , aprovado condiçoes de poder prevenir e com bater eficazmente a corrupcao , entre outras coisas , fortalecendo suas capacidades e criando instituiçoes; Convencidos de que o enriquecimento pessoal ilicito pode ser particular- mente nocivo para as instituicoes democraticas , as economias nacionais e o Estado de Direito; Decididos a prevenir , detectar e dissuadir com maior eficacia as transfe- rências internacionais de ativos adquiridos ili citamente e a

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fortalecer a cooperação internacional para a recuperação destes ativos; Reconhecendo os principios fundamentais do devido processo nos pro- cessos penais e nos procedimentos civis ou administrativos sobre direitos de propriedade; Tendo presente que a prevencao e a erradicac ão da corrupção são responsabilidades de todos os Estados e que estes devem cooperar entre si , com o apoio e a participacao de pessoas e grupos que nao pertencem ao setor publico , como a sociedade civil, as organizaco es nao -governamentais e as organizaçoes de base comunitárias, para que seus esforcos neste ambito sejam eficazes; Tendo presentes tambem os principios de devida gestao dos assuntos e dos bens publicos , equidade, responsabilidade e igualdade perante a lei, as- sim como a necessidade de salvaguardar a integridade e fomentar uma cultu- ra de rechaco a corrupção; Elogiando o trabalho da Comissao de Prevencao de Delitos e Justiça Penal e o Escritorio das Naçoes Unidas contra as Drogas e o Delito na preven- ção e na luta contra a corrupção ; Recordando o trabalho realizado por outras organizacoes internacionais e regionais nesta esfera , incluidas as atividades do Conselho de Coopera - ção Aduaneira (também denominado Organização Mundial de Aduanas ), o Conselho Europeu, a Liga dos Estados Arabes, a Organizacao de Coope ração e Desenvolvimento Economicos, a Organizacao dos Estados Americanos , a Uniao Africana e a Uniao Europeia; Tomando nota com reconhecimento dos instrumentos multilaterais en- caminhados para prevenir e combater a corrupcao , incluidos, entre outros , a Convencao Interamericana contra a Corrupcao , aprovada pela Organizacao dos Estados Americanos em 29 de março de 1996, o Convenio relativo a luta contra os atos de corrupção no qual estão envolvidos funcionários das Comunidades Européias e dos Estados Partes da União Européia , aprovado pelo Conselho da Uniao Europeia em 26 de maio de 1997, o Convenio sobre a luta contra o suborno dos funcionarios publicos estrangeiros nas transacoes comerciais internacionais , aprovado pelo Comite de Ministros do Conselho Europeu em 27 de janeiro de 1999, o Convenio de direito civil sobre a corrupcao , aprovado pelo Comitê de Ministros do Conselho Europeu em 4 de novembro de 1999 e a Convencao da Uniao Africana para prevenir e combater a corrupção, aprovada pelos Chefes de Estado e Governo da Uniao Africana em 12 de julho de 2003; Acolhendo com satisfação a entrada em vigor , em 29 de setembro de 2003, da Convencao das Nacoes Unidas contra o Crime Organizado Inter- nacional. ( ONU, 2007, p. Única).

O ato de corromper é complexo, possui muitas nuances e suas

consequências passam por vários setores da vida cotidiana e ramos da

atividade humana, sempre com o intuito de ganho fácil sem pudor.

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5 LICITAÇÃO A PORTA DE ENTRADA DA CORRUPÇÃO

A licitação é uma das portas para a corrupção, tanto é que se têm

vários trabalhos acadêmicos que versam neste sentido. Diogo Lucas de

Oliveira Gomes, em 2012, realizou o trabalho de TCC sobre a corrupção,

demostrando que este problema é crônico, é um mal que assombra o Brasil.

Para tanto cita exemplos de como a corrupção estava sendo vista naquele

tempo.

Ultimamente no Brasil os crimes e contraventores que alimentam a corrupção vêm sendo mais fiscalizados pelas autoridades competentes e sendo também denunciados pela imprensa que já não dão paz como em tempos anteriores que pouco se investigavam este tipo de fraude com a conveniência ou não da Administração Pública. Em uma matéria publicada em Junho pela Revista VEJA, por Marques&Rangel (2012), têm-se exemplos de pessoas que são denominadas “laranjas”, (que emprestam seu nome ou titulação de uma propriedade empresarial para realização de negociações sem exatamente tomar conhecimento do que se trata) que recebem dinheiro da empresa Delta gerenciada pelo empresário Carlinhos Cachoeira, o qual o mesmo foi preso por desvios de dinheiro público que por trás vários políticos beneficiados com o esquema de corrupção. O Supremo Tribunal Federal, julgando casos mais antigos de desvios de verbas públicas que fraudam licitações e outras formas diversas de “tirarem proveito” do dinheiro do povo. O que pode ser percebido atualmente, é que no Brasil de certo modo, a fiscalização têm-se de pronunciar de forma mais atuante e significativa, aplicando penas menos flexíveis e mais eficazes para quem tentar exercer alguma prática ilícita política.(2012). [...] E praticamente impossível mencionar-se o tema da corrupcao sem que venham a lembranca escandalos envolvendo compras e encomendas do Estado junto a fornecedores privados . Ou produzidos pelo Estado para seu proprio uso –situação que se torna cada vez mais escassa em todo o mundo–, todos os gastos governamentais, seja de investimento , seja de custeio , são materializados na forma de pagamentos a fornecedores privados . Todo organismo governamental , qualquer que seja seu tamanho , realiza licitacoes : de lapis a usinas hidrele tricas, de cadeiras a estradas, de lampadas a edificios , tudo o que e comprado ou encomendado passa por uma licitacao . Isso significa uma parte ponderável do Produto Interno Bruto de qualquer pais . As quantias envolvidas sao fabulosas , não apenas se tomadas globalmente como tambem individualmente . Milhares de politicos e funcionarios publicos participam diretamente desses processos , e muitos milhares de outros indiretamente . Inteiros setores economicos dependem de fornecimentos a governos para a virtual totalidade de seus negócios.(2012).

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Assim explica Eduardo Ribeiro Capobianco e Claudio Weber Abramo,

informando ainda que a melhor forma de se combater a corrupção se dá

através do envolvimento social;

O elemento central do combate a corrupção em licitaçoes é o envolvimento dos agentes sociais : comunidades as quais se impingem obras desnecessarias , partidos politicos , jornais, sindicatos de trabalhadores , organizaçoes da socieda de civil – especialmente estas.( VEJA, 2014). Em 17 de dezembro de 2014 a Revista Veja, lançou artigo com o titulo “Propina em Domicilio”, revelando como era entregue o dinheiro desviado da Petrobras na casa de deputados, senadores, governadores, ministros e até na sede nacional do PT.(VEJA, 2014).

O ponto chave desta reportagem se deu através da operação Lava-

Jato, desencadeada pela Policia Federal, com sede em Curitiba. Comenta o

investigado Rafael Angulo Lopes, que era encarregado de levar dinheiro em

espécie aos quatros cantos do Brasil, a mando do doleiro Alberto Youssef, o

caixa da organização.

A operação Lava-Jato atualmente esta se tornando o maior escândalo

de corrupção existente no Brasil, envolvendo uma empresa pública, que

utilizava de contratos, mediante a chancela da licitação, para desviar dinheiro

dos cofres públicos.

Esta investigação começou em 17 de março de 2014, como por

objetivo apurar a lavagem de dinheiro de um montante de 10 bilhões de reais.

A operação recebeu esse nome devido ao uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis pela quadrilha para movimentar os valores de origem ilícita.A denuncia inicial partiu do empresário Hermes Magnus, em 2008, quando o grupo de acusados tentou lavar dinheiro na sua empresa Dunel Indústria e Comércio, fabricante de componentes eletrônicos. A partir da denúncia inicial, foram empreendidas diligências investigativas que culminaram com a identificação de quatro grandes grupos criminosos, chefiados por Carlos Habib Chater, Alberto Youssef, Nelma Mitsue Penasso Kodama e Raul Henrique Srour. (WIKIPEDIA, 2015, p. Única).

No curso da investigação foram descobertos vários nomes de pessoas

envolvidas, entre diretores da Estatal, empreiteiros, lobista, doleiro e

surpreentemente senadores e deputados federais.

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Atualmente a operação esta curso sem perspectiva de se chegar a

uma solução a curto prazo, pois cada dia que passa se encontram mais

envolvidos, que alegam serem inocentes.

O Brasil possui uma lista extensa de casos de corrupção, vejamos:

Anos 70 1 Caso Lutfalla (1977) 1 2 Caso Roberto Farina Anos 80 1 Escândalo da Mandioca (1979 e 1981) 2 Escândalo da Proconsult (1982) 3 Caso Chiarelli (1988) Anos 90 1 Caso Jorgina de Freitas 2 Caso Edmundo Pinto (1992) 3 Caso Nilo Coelho 4 Caso Eliseu Resende 5 Caso Queiroz Galvão 6 Caso Ney Maranhão 7 CPI do Detran (em Santa Catarina) 8 Dossiê da Pasta Rosa (1995) 9 Escândalo dos Anões do Orçamento 10 Caso Rubens Ricupero (também conhecido como

"Escândalo da Parabólica"). 11 Escândalo do Sivam 12 Escândalo do Banestado 13 Escândalo da Encol 14 Escândalo da Mesbla 15 Dossiê Cayman (ou Escândalo do Dossiê Cayman ou

Escândalo do Dossiê Caribe) 16 CPI do Banestado 17 Banco Nacional de Minas Gerais 18 Banco Noroeste 19 Banco Econômico 20 Bancos Marka e Fonte Cindam 21 Escândalo da SUDAM e da SUDENE Década de 2000 1 Caso Luís Estêvão 2 Caso Toninho do PT 3 Caso Celso Daniel 4 Operação Anaconda 5 Escândalo do Propinoduto 6 Escândalo dos Bingos (ou Caso Waldomiro Diniz) 7 Caso Kroll 8 Escândalo dos Correios (Também conhecido como Caso

Maurício Marinho) 9 Escândalo do IRB 10 Escândalo do Mensalão 11 Mensalão mineiro 12 Escândalo do Banco Santos 13 Escândalo dos Fundos de Pensão 14 Escândalo do Mensalinho 15 Caso Escândalo da Quebra do Sigilo Bancário do Caseiro

Francenildo)

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16 Escândalo das Sanguessugas (Inicialmente conhecida como Operação Sanguessuga e Escândalo das Ambulâncias)

17 Operação Confraria 1 18 Operação Dominó 19 Operação Saúva 20 Escândalo do Dossiê 21 Escândalo da Renascer em Cristo 22 Operação Hurricane (também conhecida Operação Furacão) 23 Operação Navalha 24 Operação Moeda Verde 25 Caso Renan Calheiros ou Renangate 26 Caso Joaquim Roriz (ou Operação Aquarela) 27 Escândalo dos cartões corporativos 28 Caso Bancoop 29 Esquema de desvio de verbas no BNDES 30 Máfia das CNH's 31 Caso Álvaro Lins, no Rio de Janeiro 32 Operação Satiagraha ou Caso Daniel Dantas 33 Escândalo das passagens aéreas 34 Escândalo dos atos secretos 35 Caso Gamecorp 36 Escândalo dos Correios 37 CPI das ONGs 38 Operação Faktor Década de 2010 1 Caso Erenice Guerra 2 Operação Tsunami 3 Esquema do Plano Safra Legal 4 Operação Esopo ou Escândalo do Ministério do Trabalho 2 5 Caso Siemens (e Caso Alstom) 3 6 Operação Maet (Judiciário corrompido no TJ-TO) 7 Caso Ana Cristina Aquino (Escândalo do PDT) 4 5 8 Operação Lava Jato | Petrolão - Petrobrás realiza lavagem

de dinheiro através da SAMM (Sociedade Acadêmica da Marinha Mercante). (WIKIPEDIA, 2015, p. Única).

Este dado é para se envergonhar, de como um país do tamanho e

potencial do Brasil possui tantos escândalos, na sua grande maioria

envolvendo o ente Público direto e indireto e seus agentes.

Clovis de Barros Filho assim termina sua obra: “Cabe à sociedade –

dispersa, desorganizada, pouco informada, cheia de coisas para fazer além

de prestar atenção na política – pressionar os atores políticos a aproveitar

essas janelas para fazer mudanças institucionais que diminuam a corrupção”.

(2014, p. 108).

De tal sorte, cabe a nós, que nos julgamos pessoas de bem, a intervir,

questionar, votar, mudar, solicitar transparência dos governantes, mas cabe

também a hombridade de agir como pessoas de bem, não corrompendo e

sendo corrompidas. Devemos buscar em nosso intimo o espirito da

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compreensão, do trabalho e principalmente da humildade, para que assim

sejamos exemplos vivos uns aos outros.

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6 CONTROLE DA LICITAÇÂO PÚBLICA PELA ÓTICA DA PUBLICIDADE

E TRANSPARÊNCIA

A lei 8666/93 através do artigo 3, prevê a publicidade e transparência

na licitação, como formas de controle.

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio

constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento). ( BRASIL, 2015, p. Única). A observância do princípio da publicidade implica na divulgaçãopela Administração de todos os atos praticados nas fases da licitação, sendo que qualquer interessado deve ter acesso ao procedimento licitatório e seu controle, mediante divulgação dos atos praticados pelos administradores em todas as fases da licitação. ( COSTA, 2013, p. 35).

Com a divulgação de todos os atos praticados e sendo direito

constitucional a obtenção dos órgãos públicos e entidades públicas

informação pertinente à administração do património publico, este princípio é

uma ferramenta utilizada no controle do certame.

Além da própria Administração Pública, dos cidadãos, o Tribunal de

Contas exerce a função de controle dos gastos públicos. Conforme texto

constitucional:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder

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Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.( BRASIL, 2015, p. Única).

Marçal Justen Filho, diz:

A licitaçãonão é um fim em si mesmo, mas um instrumento apropriado para o atingimento de certas finalidades. O mero cumprimento das formalidades licitatórias não satisfaz, de modo automático, os interesses protegidos pelo Direito. Portanto, é incorreto transformar a licitação numa espécie de solenidade litúrgica, ignorando sua natureza teleológica. (2012).

A lei e a constituiçãonãoprovêm óbices por parte dos licitantes ou

pessoas interessadas ou não na participação em todas as fases do certame,

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pelo contrário, autorizam através de princípios e pela norma escrita que todos

possam se julgarem pertinentes o acompanhamento.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho demonstrou de forma simplória, mas condizente

com a realidade brasileira que infelizmente, a corrupção esta tal ligada a

população nacional que se torna quase que impossível que acabe.

Analisamos ainda que o problema da corrupção vem de anos atrás e

se alastra por décadas, com uma crescente estatística que só tem a piorar a

imagem do país e a saúde financeira.

Constatamos que grandes pensadores, mestres da antiguidade e

contemporâneos discutem esta doença, e que a cura só depende de nós,

através da fazer o bem e da moral

A lei de licitação veio para complementar o que o legislador

constitucional preceituou, porem esta sendo usada para a positivação dos

crimes. A lei em sua essência é boa, os operadores que as estragam,

colocam em xeque seu teor dogmático e filosófico.

Discutimos o que é Licitação, qual sua finalidade e princípios

norteadores, buscando na lei a verdadeira intenção do legislador.

Combinamos Licitação e Corrupção, na busca de se achar qual é a

ligação entre estes dois, nos deparamos que estãotão juntos que nao se

pode identificar se a corrupção é uma forma de ganho pela licitação ou se a

licitação serve para o ganho da corrupção.

Tentou-se com este trabalho colocar em pauta os acontecimentos

atuais, que conforme constatamos parece um ciclo vicioso, que ao passar

das décadas somente os atores que mudam, mas os papeis continuam os

mesmos.

Apelamos assim para o despertar de uma geração que possa tomar

partido ou que ao menos mostre para a atual que já esta na hora de atuar

como cidadãos brasileiros.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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