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Licenciatura em História a Distância: perfil docente e práticas pedagógicas dos professores-tutores do CESAD/UFS/UAB 1 Ana Paula Santos Soares 2 Prof. Dr. Henrique Nou Schneider 3 Profa. Ma. Elissandra Silva Santos 4 1. Introdução A Lei de Diretrizes e Bases n.º 9.394/96 valoriza a qualificação dos profissionais da educação e estabelece o prazo 2006 , a partir do qual só poderão ser admitidos professores formados em nível superior na Educação Básica. Nesse sentido, no artigo 87, reforça a necessidade de elevar o nível de formação dos profissionais, determinando a implantação da modalidade de Educação a distância (EaD) como política pública nacional de formação. Aliando os avanços das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) à necessidade premente de ampliação do acesso ao Ensino Superior, as Instituições de Ensino Superior (IES) encontraram terreno fértil para implantar a Educação a Distância via Internet (EaD) com o objetivo de promover a formação docente. Entretanto, esse processo não é automático e sem percalços, de forma que vem carregando em seu bojo muitos questionamentos e problemas (GIOLO, 2006). Dentre os problemas destacam-se aqueles atrelados aos saberes e competências no uso das NTIC. Não são todos os envolvidos nessa nova modalidade de ensino que estão preparados para responder aos seus desafios. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer e analisar o perfil tanto dos alunos como dos professores nesse processo. Na medida em que a qualidade do ensino superior a distância perpassa pela qualificação dos tutores, faz-se 1 Pesquisa financiada com bolsa pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq). 2013-2014 PVD1782-2013:Saberes e competências para a aprendizagem colaborativa: uma análise das práticas dos professores-tutores das Licenciaturas a distância do CESAD/UFS/UAB. 2 Aluna do Curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Sergipe (DCOMP/UFS). (Bolsista PIBIC/CNPq). Contato: [email protected] 3 Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor do Mestrado em Educação e do Mestrado em Computação da Universidade Federal de Sergipe. Orientador dessa pesquisa. Contato: [email protected] 4 Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS). Professora da Educação Básica (SEED/SE) e Educação Superior (FISE-SE; FAJAR-SE e FANEB-BA). Co-orientadora dessa pesquisa como membro externo, vinculada às Faculdades Integradas de Sergipe (FISE/SE). Contato: [email protected]

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Licenciatura em História a Distância: perfil docente e práticas pedagógicas dos

professores-tutores do CESAD/UFS/UAB1

Ana Paula Santos Soares2

Prof. Dr. Henrique Nou Schneider3

Profa. Ma. Elissandra Silva Santos4

1. Introdução

A Lei de Diretrizes e Bases n.º 9.394/96 valoriza a qualificação dos profissionais da

educação e estabelece o prazo — 2006 —, a partir do qual só poderão ser admitidos

professores formados em nível superior na Educação Básica. Nesse sentido, no artigo 87,

reforça a necessidade de elevar o nível de formação dos profissionais, determinando a

implantação da modalidade de Educação a distância (EaD) como política pública nacional de

formação.

Aliando os avanços das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) à

necessidade premente de ampliação do acesso ao Ensino Superior, as Instituições de Ensino

Superior (IES) encontraram terreno fértil para implantar a Educação a Distância via Internet

(EaD) com o objetivo de promover a formação docente. Entretanto, esse processo não é

automático e sem percalços, de forma que vem carregando em seu bojo muitos

questionamentos e problemas (GIOLO, 2006).

Dentre os problemas destacam-se aqueles atrelados aos saberes e competências no uso

das NTIC. Não são todos os envolvidos nessa nova modalidade de ensino que estão

preparados para responder aos seus desafios. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer e

analisar o perfil tanto dos alunos como dos professores nesse processo. Na medida em que a

qualidade do ensino superior a distância perpassa pela qualificação dos tutores, faz-se

1 Pesquisa financiada com bolsa pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq).

2013-2014 PVD1782-2013:Saberes e competências para a aprendizagem colaborativa: uma análise das práticas

dos professores-tutores das Licenciaturas a distância do CESAD/UFS/UAB. 2 Aluna do Curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Sergipe (DCOMP/UFS). (Bolsista

PIBIC/CNPq). Contato: [email protected] 3 Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor do Mestrado em

Educação e do Mestrado em Computação da Universidade Federal de Sergipe. Orientador dessa pesquisa.

Contato: [email protected] 4 Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS). Professora da Educação Básica

(SEED/SE) e Educação Superior (FISE-SE; FAJAR-SE e FANEB-BA). Co-orientadora dessa pesquisa como

membro externo, vinculada às Faculdades Integradas de Sergipe (FISE/SE). Contato:

[email protected]

necessário identificar de que forma os professores-tutores vem fazendo uso das NTIC e como

vem estabelecendo sua prática pedagógica no AVA, uma vez que são os professores-tutores

os responsáveis pela aplicação dos objetivos pedagógicos.

Nessa reconfiguração da figura do professor na modalidade EaD, novas funções e

novos papéis são atribuídos ao professor-tutor que lida diretamente com o estudante com o

objetivo maior de ajudar ao aluno buscar sua autonomia intelectual. A tutoria tem a função de

incentivar o uso das linguagens tecnológicas motivando o aluno para executar as

possibilidades da educação virtual, assim como dirimir dúvidas e orientar a produção do

conhecimento.

Diante das questões colocadas, consideramos importante identificar como vem sendo

estabelecidas as práticas de mediação das tutorias a distância junto aos alunos no AVA

(Plataforma Moodle) nos cursos de Licenciaturas do Centro de Educação Superior a Distância

(CESAD) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) do Programa Universidade Aberta do

Brasil (UAB).

2. Saberes e competências necessários para a tutoria a distância

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vem sendo utilizadas como

subsídios para proporcionar oportunidades de acesso á educação por meio da Educação a

Distância (EaD) podendo chegar a diversas localidades do país. Na EaD o professor-tutor está

como alguém que daria um apoio á aprendizagem do aluno, por isso o tutor não deveria

ensinar e sim somente orientar. O ensino ficava a cargo dos materiais didáticos e a

aprendizagem centrada no autodidatismo, sendo o aluno responsável por seu aprendizado.

Para buscar uma maior compreensão sobre a EaD mediada pelas TIC e o papel do

professor-tutor nos AVA, em sua dissertação Elissandra Santos (2013) faz uma reflexão que

vem propor um conjunto de saberes e competências nas praticas docentes para o trabalho de

Tutoria a Distância. A noção de “saber” engloba, conforme definido por Maurice Tardif “os

conhecimentos, as competências, as habilidades (ou aptidões) e as atitudes, isto é, aquilo que

muitas vezes foi chamado de saber, saber-fazer e saber-ser” (2007, p.255 apud

SANTOS,2013, p. 135), reflexo do que os próprios docentes falam sobre os seus saberes.

Perrenoud (2000) comenta a importância de “reconhecer que os professores não

possuem apenas saberes, mas também competências profissionais” e que estas não podem se

reduzir “ao domínio dos conteúdos a serem ensinados” (2001b, p.10 apud SANTOS, 2013, p.

152). Segundo Perrenoud (2000) o professor deve agir como “artesão de uma pedagogia

construtivista [...] na medida em que considerarem a aquisição de saberes novos não como

uma simples memorização, mas como uma construção mental complexa” (p. 151 apud

SANTOS, 2013, p.156). Elissandra Santos (2013) explica que o professor-tutor deve

compreender as dificuldades do grupo que está sendo orientado e que dessa realidade

complexa o professor-tutor precisa aplicar sua competência pedagógica no sentido de

trabalhar de forma adequada as diferenças, partindo de sua postura reflexiva em relação às

competências diferenciadas de seus alunos.

Nessa perspectiva Santos e Schneider (2013) citam Moran (2003) o qual coloca que

ensinar e aprender passam a ser um processo compartilhado, fazendo com que professor e

aluno tenham novas posturas, onde a distância física é diminuída através do ambiente virtual

por meio da interação em rede. Os mesmos colocam como a educação tende a mudar, tanto os

professores que não são detentores da informação e do conhecimento, como os alunos que

devem compreender a necessidade de “reaprender a aprender”.

Em um de seus capítulos Elissandra Santos (2013) apresenta em sua dissertação os

fundamentos pedagógicos que podem orientar o Ensino Online (EOL) sob a influência das

Teorias da Aprendizagem Cognitiva formuladas por Jean Piaget, Lev Vygotsky e Freire para

a construção crítica do conhecimento com o intuito de propor o ensino e a aprendizagem

crítico-construtivista em ambientes virtuais de aprendizagem, a partir da perspectiva de Jófili

(2002). Nessa linha, Santos (2013) reforça que a Aprendizagem Colaborativa possibilita uma

melhor interação como base da aprendizagem para o Ensino Online, onde a interação deve

ocorrer tanto entre professor e aluno, quanto entre este e objetos, configurando-se, assim, a

base do processo de ensino-aprendizagem.

Nessa perspectiva, o aluno pode construir no AVA o conhecimento de forma ativa via

interação com os objetos, onde só irão entender e dar sentido, através de ações e experiências

orientadas sobre os objetos. Para Piaget, as crianças adquirem conhecimento de objetos e

raciocínio através de atividades que são úteis para elas. Propõe que o sentido e a compreensão

desse conhecimento não sejam adquiridos só através de exposições e de leituras, mas sim

fazendo as coisas, construindo juntos, tendo experiências próprias.

Neste sentido, Santos (2013) afirma que “tanto a teoria Piagetiana quanto a teoria

Vygotskyana podem ser devidamente consideradas a depender do contexto de aprendizagem e

do objetivo do professor-tutor no AVEA”. Santos (2013) enfatiza os ensinamentos de Piaget

quando aos momentos de interação do professor-tutor e aluno no ambiente virtual e a

Vygotsky os momentos de interação entre professor-tutor-alunos e alunos-alunos,

prevalecendo as relações sociais. Quanto ao processo de ensino fundamentado nas teorias

interacionistas, Soeira e Schneider (2013) acreditam que por meio de situações que aconteçam

interação entre professor/aluno pode acontecer a construção do conhecimento, estabelecendo

dialogo, consensos e negociando opiniões.

Neste contexto, Santos (2013) informa que “outro tipo de fundamentação pedagógica é

a dialógica (FREIRE, 1995), que se debruça para refletir a importância da dialogicidade na

prática educativa”. Ela entende que é na comunicação entre professor e aluno que melhora a

possibilidade de aprender.A mesma propõe que os professores provoquem em seus alunos o

desenvolvimento de uma atitude crítica que transcendesse os muros da escola e refletisse na

sua atuação na sociedade (SANTOS, 2013).

Em sua dissertação, Elissandra Santos (2013) aborda em um de seus temas “O Ensino

e a Aprendizagem Via Internet” e em uma de suas leituras traz uma importante reflexão

acerca do Ensino Online. A mesma coloca em questão “Como aprender a ensinar via

Internet?”. Em resposta enfatiza a necessidade do professor de conhecer, de entrar no

universo cibercultural e ter a experiência de ser aluno. Para a autora, este universo vai além

das inovações tecnológicas, ele estimula novas maneiras de agir e de pensar. Neste sentido, no

espaço virtual é possível promover trocas de experiências, documentos, ideias, na medida em

que a informação está disponível e compartilhada entre todos.

Promover compartilhamento e trabalhar em rede potencializa ao aprendiz a condição e

consciência de sua autonomia o que o torna apto a se movimentar e construir caminhos

independentes do Professor.

Atualmente uma grande parcela da população tem acesso a Internet, contribuindo

junto ao computador para uma mudança nas práticas educativas da Educação a Distância

(EaD), onde os Ambientes Virtuais de Ensino Aprendizagem (AVEA), como o Moodle,

facilita as práticas pedagógicas. Após o Moodle ter sido aprovado pelo MEC como

plataforma para EaD em diversas instituições de Ensino, a sua utilização não está restrita

somente a Educação a Distância, mas também ao suporte ao ensino presencial. Os Ambientes

Virtuais de Aprendizagem (AVA) tem opções de mídia que está sendo utilizado para ajudar

no processo de ensino-aprendizagem, onde existem softwares para auxiliar nos cursos,

facilitando o gerenciamento dos conteúdos para os alunos. Segundo Paulino (2009) citado por

Almeida, Trevelin, Pin, Pereira (2012), diz que com o Moodle é possível criar atividades para

colaboração na aprendizagem, entre elas estão:Wiki: para a construção de texto de forma

colaborativa; Fórum: Permite a troca de conhecimento entre aluno e professor; Chat:

Permitem que professores e alunos possam conversar em tempo real; Tarefa: Permitem que os

professores possam ler, avaliar e comentar as produções dos alunos entre outras.

No processo cooperativo, o professor é um facilitador no processo educacional, mas

no colaborativo sua atuação se torna ainda mais complexa porque em nenhum momento ele

poderá estar apenas facilitando, mas o tempo todo provocando os aprendizes a irem além.

3. Metodologia

Pesquisamos por meio de abordagem qualitativa, a qual foi um Estudo de Caso, pois

fez uma pesquisa a partir de um grupo de professores-tutores que atuam nas Licenciaturas a

distância do CESAD/UFS/UAB. Neste artigo, delimitamos a análise sobre os dados coletados

a partir dos professores-tutores do Curso de História.5

Foram enviados questionários online elaborados a partir de plataforma chamada

Inquérito Fácil (http://www.inqueritofacil.com) que informa quantos questionários foram

entregues e quantos foram respondidos. A informação de entrega do questionário é validada a

partir do momento que o respondente ativa o link para responder à pesquisa. O primeiro e-

mail enviado solicitando participação na pesquisa foi no dia 06/05/14 e desde então foram

reenviados mais 4 vezes. Mesmo assim, infelizmente, o número de respondentes foi baixo.

Quanto ao questionário, este é composto de 25 perguntas que tratam sobre o Perfil

Acadêmico dos Tutores; Perfil Docente; Formação Continuada para a Tutoria a Distância;

Ambiência Pedagógica no AVA e Prática Pedagógica no AVA.

4. Resultados e Discussões

5 O CESAD/UFS/UAB oferta setes cursos de licenciatura, a saber: Ciências Biológicas, Física, Geografia,

História, Letras-Português, Matemática e Química. Para esta pesquisa propusemos inicialmente que fossem

pesquisados apenas os professores-tutores dos Cursos da área de Humanas (Geografia, História e Letras-

Português) com objetivo de aprofundar o nível de observação e análise das práticas. Contudo, com o andamento

da pesquisa e a falta de possibilidade de fazer observações no Laboratório das atividades de um grupo de tutores,

reformulamos a prática dessa pesquisa através da coleta de dados online. Dessa forma, ampliamos a investigação

para os tutores de todas as licenciaturas.

Discutiremos aqui os resultados levantados a partir dos questionários respondidos por

apenas 16 professores-tutores que atuam na Licenciatura em História a distância do

CESAD/UFS/UAB. Apesar de ter sido envido pelo Coordenador de Tutoria para todos os

tutores, o alcance desta pesquisa foi limitado por conta do baixo número de respondentes.

Entretanto, consideramos importante publicar os dados coletados.

Quanto à Formação atual, os dados revelam que boa parte dos que responderam está

em nível de Mestrado ou Especialização indicando boa qualificação acadêmica (Quadro 1).

Quadro 1 – Formação Atual dos Tutores

Fonte: Dados de Pesquisa

Buscamos também conhecer o Perfil Docente quanto à experiência de atuação na

Educação a Distância (EaD). Assim, o Quadro 2 nos traz em que modalidade de ensino o

Tutor iniciou sua atividade docente e nos informa que mais da metade já tem experiência no

ensino presencial. Nos chama a atenção saber que cerca de 20% iniciou sua atividade docente

diretamente na modalidade a distância, sendo que 100% deles vem atuando exclusivamente na

tutoria a distância, em detrimento da tutoria presencial, conforme apresenta, na sequência, o

Quadro 3.

Quadro 2 – Modalidade de ensino em que

o Tutor iniciou sua atividade docente

Fonte: Dados de Pesquisa

Quadro 3 – Tipos de Tutoria desenvolvida na modalidade EaD

Fonte: Dados de Pesquisa

Ainda sobre o Perfil Docente, quanto à experiência de atuação na Educação a

Distância (EaD), questionamos ao tutor sobre o seu tempo de docência na tutoria a distância e

presencial (Quadro 4 e 5, respectivamente) variando de “até 1 ano” à “mais de 5 anos”.

Comparando as respostas, percebemos tanto maior quantidade de tutores que atuam via

internet em relação aos presenciais, como também maior tempo de experiência para os tutores

a distância, conforme demonstram os quadros abaixo.

Quadro 4 – Tempo de docência como Tutor a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Quadro 5 – Tempo de docência como Tutor Presencial

Fonte: Dados de Pesquisa

Compreendendo que para ser bom professor-tutor é importante que este também tenha

experiência como aluno, perguntamos se os tutores tem experiência como aluno na

modalidade EaD (Quadro 6). Dos 15, destacamos que quase metade (47%) já fez um curso

desses mais de uma vez sinalizando para o fato de que estas experiências podem ajudar ao

professor-tutor melhor compreender o que é ser aluno na EaD.

Quadro 6 – Experiência como aluno de cursos na modalidade EaD

Fonte: Dados de Pesquisa

Na etapa seguinte, buscamos obter informações sobre o conhecimento para atuar na

Plataforma Moodle – o AVA do CESAD/UFS/UAB – e por isso questionamos se os tutores

tem cursos próprios para aprender a usar o Moodle. O Quadro 7 mostra-nos que cerca de 47%

dos tutores não tem essa qualificação e os que têm, em sua maioria, fez curso pelo próprio

CESAD.

Quadro 7 – Curso o para atuar na Plataforma Moodle

Fonte: Dados de Pesquisa

O Quadro 8 indagou a respeito de o tutor possuir ou não habilidade para trabalhar com

o Moodle. Nesse contexto, 71% afirmam saber lidar pedagogicamente no AVA, sendo que

pelo menos 50% destes não tem curso.

Quadro 8 – Habilidade para atuar Plataforma Moodle

Fonte: Dados de Pesquisa

Ainda sobre prática pedagógica no AVA-Moodle, no Quadro 9 identificamos se o

tutor conhece a metodologia da Aprendizagem Colaborativa (AC). Dos 15 tutores que

responderam, 11 deles afirmaram conhecê-la, o que indica que a prática pedagógica do

professor-tutor de História está em consonância com a modalidade EaD. Quanto aos que não

conhecem, registrou-se apenas 27% (apenas 4 dos participantes).

Quadro 9 – Metodologia da Aprendizagem Colaborativa

como prática pedagógica

Fonte: Dados de Pesquisa

Entretanto, confrontando com os dados que informaram terem feito curso sobre essa

metodologia AC, é contrastante perceber que 67% dos respondentes informaram não ter feito.

Dos que fizeram, 5 deles fizeram em outra instituição e 1 pelo CESAD.

Quadro 10 – Curso sobre a Metodologia da

Aprendizagem Colaborativa em AVA

Fonte: Dados de Pesquisa

A quinta parte do Questionário tratou do Nível de Ambiência no AVA-Moodle que diz

respeito ao grau de comunicação e interação entre professores-tutores, alunos e

coordenadores. O Quadro 11 já demonstra um dos aspectos mais negativos na modalidade

EaD: a falta de interação. 93% dos tutores acusaram a baixa frequência dos alunos no AVA,

sendo que 1 informou que não há frequência e nenhum tutor afirmou que há participação

intensa.

Quadro 11 – Nível de Ambiência Social no AVA-Moodle

Fonte: Dados de Pesquisa

Ao questionar sobre a comunicação no AVA, o Quadro 12 nos apresenta um panorama

preocupante mediante os dados trazidos pelos 15 respondentes. O objetivo foi tentar perceber,

principalmente, o movimento de interações entre tutores e alunos e vice-versa. Preocupante

perceber que há Tutores que só se comunicam com os alunos “Às Vezes” (7%) – o que

corresponde a 1 tutor – quando 100% deles deveram se comunicar sempre. Quanto à relação

“Aluno-Tutor”, o índice de procura é baixo: somente 7% entram em contato com o tutor e

87% às vezes. Por outro lado, o índice de comunicação entre tutores e coordenadores se

apresentou alto e isso é um dado positivo, uma vez que o ideal é que haja diálogo antes e

durante todo o semestre.

Quadro 12 – Como se estabelece a comunicação no AVA-Moodle

Fonte: Dados de Pesquisa

Quando o contato se estabelece para tirar dúvidas, 73% dos tutores responderam que

apenas uma minoria dos alunos os procuram (Quadro 13).

Quadro 13 – Como se estabelece a prática de tirar dúvidas pelos alunos

Fonte: Dados de Pesquisa

O meio predominante em que se estabelece a prática de tirar dúvidas, conforme

indicam os tutores no Quadro 14, é “Por Mensagem” e “E-mail”. Uma informação

interessante é que o “Chat” é pouco utilizado. Entre 38% e 56% dos tutores informam que

todos os meios indicados de comunicação boa parte dos alunos usam somente “às vezes”,

sendo que o “Fórum” há indicações de boa parte dos alunos “Às Vezes” o usaram.

Quadro 14 – Como se estabelece a prática de tirar dúvidas pelos alunos

Fonte: Dados de Pesquisa

O Quadro 15 traz dados sobre os tipos de dúvidas expressados pelos alunos. Uma

informação positiva é saber que as “Dúvidas quanto às atividades a distância” são tiradas

pelos alunos, mesmo variando entre “Sempre” (27%), “Com Frequência” (27%) e “Às Vezes”

(53%).

Quadro 15 – Quais tipos de dúvidas os alunos expressam

Fonte: Dados de Pesquisa

O Quadro 16 pergunta sobre as ferramentas ou meios usados pelo professor-tutor no

AVA em sua prática de interação para orientação. Os dados mostram que 100% dos 15 tutores

que responderam usam “Sempre” a ferramenta “Mensagens” e 93% usam o “E-mail. Outro

dado interessante é que o “Fórum” aqui aparece com uma moderada frequência.

Quadro 16 – Quais ferramentas usadas na prática da Tutoria a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Ao ser questionado os tipos de atribuições mais frequentes na prática da tutoria a

distância (Quadro 17), os tutores responderam que as atribuições “Acadêmica” e

“Pedagógica” são as que têm mais destaques. Preocupante saber que 1 dos tutores informam

que “Nunca” efetivam um prática pedagógica bem como afetivo-motivacional e 4 não

efetivam suas atribuições administrativas.

Quadro 17 – Tipos de Atribuições mais frequentes na Tutoria a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Nos próximos Quadros (18, 19, 20 e 21), serão apresentadas de forma detalhada as

práticas de cada Atribuição acima apontada (Administrativa, Pedagógica, Afetivo-

Motivacional e Acadêmica, respectivamente). Estas atribuições listadas foram retiradas do

Termo de Compromisso do Tutor a Distância, portanto, fazem parte das obrigações colocadas

pelo CESAD/UFS/UAB. Importante destacar antes que, dos 16 participantes, 14

responderam, ou seja, 02 não deram respostas.

Sobre as “Atribuições Administrativas” (Quadro 18), “Lançar notas no SIGAA” e

“Informar ao coordenador de tutoria problemas” compreendem as de maiores frequência.

Quanto ao “Nunca”, 21% dos tutores informaram que nunca fizeram a tarefa de “elaborar

relatórios semestrais”.

Quadro 18 – Atribuições Administrativas da Tutoria a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Com relação às “Atribuições Pedagógicas” (Quadro 19), importante destacar que a

tarefa “Comentar os trabalhos e dar o feedback aos alunos” chega a 86% “Sempre” e 14%

“Com frequência” igualmente à atribuição “Dar suporte ao aluno no AVA em relação ao

conteúdo” que dá 100%. Quanto ao “Nunca”, 29% dos tutores informam que nunca fizeram a

tarefa de “participar de encontros presenciais programados”. Dos 14 respondentes desta

questão, 1 tutor nunca comentou e deu feedback aos alunos e outro tutor nunca analisou o

desempenho dos alunos para propor melhorias no seu rendimento.

Quadro 19 – Atribuições Pedagógicas da Tutoria a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Quanto às “Atribuições Afetivo-motivacionais” (Quadro 20), apenas 1 tutor informou

que nunca apoia os alunos menos participativos. Os dados mostram que a forma de enviar

mensagens que predomina é a coletiva a qual 85% dos tutores fazem em detrimento dos 50%

que envia mensagens individuais. Conforme mostra o quadro, a atividade mais frequente é

“Estimular os alunos à realização das atividades propostas” com 93% (Sempre).

Quadro 20 – Atribuições Afetivo-motivacionais da Tutoria a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Por fim, as “Atribuições Acadêmicas” (Quadro 21), destacamos o alto índice de

participação dos tutores que participam das reuniões pedagógicas com a coordenação de

disciplina, sendo com 50% (Sempre) e 36% (Com frequência). Quanto à atribuição “Planejar,

propor e coordenar atividades de chat”, 57% informou que nunca fez e 14% somente “às

vezes”. Outra atividade importante é “Propor ao professor o acréscimo ou supressão de

atividades” sobre a qual os dados mostram que somente 3 tutores (21%) nunca fizeram.

Quadro 21 – Atribuições Acadêmicas da Tutoria a Distância

Fonte: Dados de Pesquisa

Finalmente, a última questão aqui apresentada buscou saber qual a “Principal

contribuição da Tutoria a Distância para os alunos” na opinião dos tutores. Segundo os dados,

87% (13 dos tutores) consideram que o tutor contribui efetivamente para que o aluno aprenda.

Dois tutores consideram que ele serve para outras finalidades, tais como contribuir para que o

aluno busque aprender de forma autônoma e democratizar o ensino superior

.

Quadro 25 – Principal contribuição da Tutoria a Distância para os alunos

Fonte: Dados de Pesquisa

Todos esses dados estão abertos para outras interpretações que poderão ser ampliadas

e aprofundadas a partir do momento que pudermos conversar diretamente com os tutores no

sentido de melhor compreender alguns dados que colocados de forma apenas quantitativa não

possibilite uma compreensão mais próxima da realidade.

5. Considerações Finais

Na Educação a Distância, pressupõe-se que alunos e professores tenham algum

conhecimento sobre tecnologia para poder utilizar os meios de ensino, uma vez que a

presença física não é constante. Com isso, necessita de um maior comprometimento do aluno,

pois existe uma maior quantidade de trabalho e discussões. Já os professores-tutores precisam

interagir com o aluno para orientar e tirar possíveis dúvidas.

A partir dos dados levantados por essa pesquisa pudemos identificar o perfil

acadêmico e docente de parte dos tutores do curso de Licenciatura em História; se possuem

formação continuada para a tutoria a distância; como se estabelece a ambiência e a prática

pedagógica no AVA. Esta nos dá pistas sobre o perfil dos professores que estão efetivando a

prática pedagógica no AVA-Moodle, o que estão à frente da prática de formação de

professores para a Educação Básica na modalidade a distância na Universidade Federal de

Sergipe. Apresenta-nos dados que expõe suas potencialidades e fragilidades e que permite aos

seus gestores repensar e reorientar suas estratégias de gestão acadêmica, administrativa e

pedagógica.

No contexto da modalidade EaD, professores e alunos necessitam assumir novos

papeis, precisam se adaptar a essa nova modalidade de ensino que proporciona ao professor

novos desafios, por estarem acostumados com o ensino tradicional, necessitando de uma

capacitação para poder enfrentar o novo, buscando refletir sobre seus saberes e competências.

Portanto, esta pesquisa identificou como os professores-tutores de História a distância

estabelecem suas práticas pedagógicas no AVA do CESAD/UFS/UAB e verificou como vem

se efetuando a mediação professor-tutor/aluno no AVA para a construção do conhecimento

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