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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
Licenciatura em Engenharia Física
RELATÓRIO DE ADEQUAÇÃO
Faculdade de Ciências e TecnologiaUniversidade de Coimbra
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2
A
Identificação do ciclo de estudos actualmente em funcionamento.
O curso de 1º ciclo “Licenciatura em Engenharia Física” proposto neste documento resulta
da adequação a Bolonha do curso homónimo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (portaria nº401/84, publicada na II série do Diário da República
de 20 de Junho de 1984, alterado pelo despacho nº 2895/2001 (2ª série) publicado a 10
de Fevereiro de 2001. Na nova estrutura, aqui apresentada, o curso de Licenciatura em
Física tem a duração de 3 anos (180 ECTS) e não tem ramos de especialização.
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3
B
Estrutura curricular e plano de estudos
ESTRUTURA CURRICULAR
1. Estabelecimento de ensino:
Universidade de Coimbra
2. Unidade orgânica (faculdade, escola, instituto, etc.):
Faculdade de Ciências e Tecnologia
3. Curso: Licenciatura em Engenharia Física
4. Grau ou diploma: Licenciatura
5. Área científica predominante do curso:
Física Aplicada Tecnológica
6. Número de créditos, segundo o sistema europeu de transferência de créditos,
necessário à obtenção do grau ou diploma: 180 ECTS
7. Duração normal do curso: 6 Semestres
8. Opções, ramos, ou outras formas de organização de percursos alternativos
em que o curso se estruture (se aplicável):
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9. Áreas científicas e créditos que devem ser reunidos para a obtenção do grau
ou diploma:
Licenciatura em Engenharia Física
QUADRO N.º1
CRÉDITOSÁREA CIENTÍFICA SIGLA OBRIGATÓRIOS OPTATIVOS
Matemática MAT 28,5 -
Física Básica FB 24 -
Física de Especialidade FE 37,5 -
Química QUI 6 -
Computação COMP 9 -
Ciências de Engenharia ENG 52,5 -
Gestão e Comunicação GC 15 -
Projecto de Engenharia PROJ 7,5 -
TOTAL 180 0
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10. Plano de estudos:
Universidade de CoimbraFaculdade de Ciências e Tecnologia Licenciatura em Engenharia Física
1º ano / 1º semestre
QUADRO N.º 2
TEMPO DE TRABALHO(HORAS)UNIDADES CURRICULARES
ÁREACIENTÍFICA TIPO
TOTAL CONTACTOCRÉDITOS OBSERVAÇÕES
Análise Matemática I MAT S 202,5 T: 45; TP: 45 7,5 -Álgebra Linear e Geometria Analítica MAT S 162 T: 45; TP: 30 6 -Física Geral I FB S 162 T: 45; TP: 30 6 -Química Geral QUI S 162 T: 45; TP: 30; OT:5 6 -Seminários de Engenharia Física ENG S 121,5 TP: 15; S: 30; O: 15 4,5 -
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Universidade de CoimbraFaculdade de Ciências e Tecnologia Licenciatura em Engenharia Física
1º ano / 2º semestre
QUADRO N.º 3
TEMPO DE TRABALHO(HORAS)UNIDADES CURRICULARES
ÁREACIENTÍFICA TIPO
TOTAL CONTACTOCRÉDITOS OBSERVAÇÕES
Análise Matemática II MAT S 202,5 T: 45; TP: 45 7,5 -Física Geral II FB S 162 T: 45; TP: 30 6 -Fundamentos de Física Moderna FB S 121,5 T: 30; PL: 30 4,5 -Laboratórios de Física FB S 202,5 TP:30; PL: 45 7,5 -Computadores e Programação COMP S 121,5 PL: 45 4,5 -
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Universidade de CoimbraFaculdade de Ciências e Tecnologia Licenciatura em Engenharia Física
2º ano / 1º semestre
QUADRO N.º 4
TEMPO DE TRABALHO(HORAS)UNIDADES CURRICULARES
ÁREACIENTÍFICA TIPO
TOTAL CONTACTOCRÉDITOS OBSERVAÇÕES
Análise Matemática III MAT S 202,5 T: 45; TP: 45 7,5 -Electromagnetismo I FE S 162 T: 30; TP: 30;PL:15 6 -Termodinâmica FE S 162 T: 30; TP: 20; PL: 10 6 -
Mecânica de Fluidos I ENG S 162T: 30; TP: 28; PL: 2;
OT: 2 6 -
Modelação Computacional COMP S 121,5 T: 30; PL: 30 4,5 -
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Universidade de CoimbraFaculdade de Ciências e Tecnologia Licenciatura em Engenharia Física
2º ano / 2º semestre
QUADRO N.º 5
TEMPO DE TRABALHO(HORAS)UNIDADES CURRICULARES
ÁREACIENTÍFICA
TIPOTOTAL CONTACTO
CRÉDITOS OBSERVAÇÕES
Sistemas Informáticos ENG S 162 T: 30; TP: 15; PL: 30 6 -Mecânica Quântica I FE S 162 T: 45; TP: 30 6 -Ondas e Óptica FE S 162 T: 30; PL: 45 6 -Electrónica ENG S 162 T: 30; PL: 45 6 -Sinais e sistemas ENG S 162 T: 30; TP: 15; PL: 30 6 -
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Universidade de CoimbraFaculdade de Ciências e Tecnologia Licenciatura em Engenharia Física
3º ano / 1º semestre
QUADRO N.º 6
TEMPO DE TRABALHO(HORAS)UNIDADES CURRICULARES
ÁREACIENTÍFICA
TIPOTOTAL CONTACTO
CRÉDITOS OBSERVAÇÕES
Física Atómica e Molecular FE S 162 T: 30; PL: 45 6 -Robótica Industrial ENG S 162 T: 30; TP: 10; PL: 20 6 -Processos de Gestão GC S 162 T: 45; OT: 15 6 -Instrumentação e Sistemas deAquisição de Dados ENG S 162
TP: 30; PL: 306 -
Tecnologia de Sistemas Embebidos ENG S 162 T: 30; PL: 30 6 -
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Universidade de CoimbraFaculdade de Ciências e Tecnologia Licenciatura em Engenharia Física
3º ano / 2º semestre
QUADRO N.º 7
TEMPO DE TRABALHO(HORAS)UNIDADES CURRICULARES
ÁREACIENTÍFICA TIPO
TOTAL CONTACTOCRÉDITOS OBSERVAÇÕES
Física da Matéria Condensada FE S 202,5 T: 45; PL: 45 7,5 -Projecto e Concepção de Instrumentos P S 202,5 TP: 15; PL: 30; S:15 7,5 -Gestão de Qualidade ENG S 162 T: 30; TP: 30; O:10 6 -Técnicas de Planeamento e Gestão GC S 162 T: 30; TP: 20; OT: 8 6 -Comunicação Científica e Técnica GC S 81 TP: 30 3 -
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C
Descrição sumária dos objectivos visados pelo ciclo de estudos
Os objectivos de um curso de Engenharia surgem associados à necessidade de conceber,
implementar, manter e aperfeiçoar produtos necessários a uma sociedade
tecnológica, assumindo os compromissos temporais e financeiros impostos por esta
última. Apesar da ambiguidade geralmente associada à definição de Engenharia
Física, há um traço comum em todos os cursos: muitas ciências de engenharia e uma
formação sólida em Física Moderna. A importância da Física Moderna nas tecnologias
que dominaram o fim do século XX e vão continuar a ser dominantes no actual,
justifica por si só um curso com características de Engenharia com especialidade em
Física, sobretudo se considerarmos a sofisticação dos equipamentos modernos –
muitos dispositivos de uso corrente utilizam o estado da arte da tecnologia. O curso
de Engenharia Física da FCTUC reflecte a excelência da actividade científica e técnica
do seu Departamento de Física, complementando-a com a colaboração de vários dos
Departamentos de Engenharia da FCTUC em ciências da engenharia e/ou algumas
áreas específicas, tanto para garantir uma formação interdisciplinar aos seus alunos,
como para optimizar a utilização de recursos da FCTUC.
O primeiro ciclo do curso de Engenharia Física é desenhado com o objectivo de conceder
uma forte formação científica de base em Matemática, Física, Química e Ciências de
Engenharia durante o primeiro ciclo, com o segundo ciclo a definir a formação
profissional.
O primeiro ciclo, para além de permitir ao diplomado prosseguir os seus estudos na
mesma universidade ou noutras (nacionais ou estrangeiras) de acordo com os
objectivos de mobilidade do Processo de Bolonha, concede ainda formação apropriada
para um conjunto de saídas profissionais (empregabilidade) que não exijam
especialização forte nas Ciências de Engenharia nem em Física avançada. São
exemplos destas saídas actividades técnico-comerciais na área industrial e a
operação de equipamentos e sistemas de diagnóstico laboratoriais ou industriais.
Esta estratégia de formação está próxima dos modelos defendidos por diversas
associações internacionais (entre outras, a FEANI – Federação Europeia das
Associções Nacionais de Engenheiros, a SEFI – European Société Européenne pour la
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Formation des Ingénieurs, e a CESAER - Conference of European Schools for
Advanced Engineering Education and Research), bem como a Ordem dos
Engenheiros.
i) Perfis profissionais do curso
De acordo com as directivas de Bolonha para os cursos de Engenharia foi assegurada a
empregabilidade ao fim do 1º ciclo. Com este objectivo, uma parte significativa do
processo de aprendizagem é feito num modelo transversal, baseado no esforço do
aluno integrado em projectos de grupo de cariz interdisciplinar que o acompanham
desde os primeiros anos. Estes projectos são normalmente efectuados em
laboratórios, assumidos num sentido lato. É este o modelo seguido na elaboração do
primeiro ciclo, patente especialmente nos programas das cadeiras interdisciplinares
de Seminários de EF (1º ano), Computadores e Programação (1º ano), Modelação
Computacional (2º ano), Tecnologia de Sistemas Embebidos (3º ano) e Projecto em
Concepção de Instrumentos (3º ano). O encurtamento do tempo total dos percursos
formativo foi feito deixando algumas competências avançadas das matérias
fundamentais fazerem parte do 2º ciclo quando tal se torne necessário
Foram cumpridos os critérios da ASIIN, Accreditation Agency for Study Programs in
Engineering and Informatics (da Alemanha), para a formação de 1º ciclo.
Com base na informação recolhida e identificada nesta proposta, coligiram-se na tabela
2.1 os perfis profissionais indicados para os licenciados em Engenharia Física.
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Tabela 1
Grau Categoria ou grupoprofissional
Perfis profissionais
Licenciatura emEngenhariaFísica
Técnicos em empresas
- industriais;
- de engenharia econsultadoria;
- da área da saúde e daindústria farmacêutica.
Indústria
– Actividade técnico-comercial e marketing – Manutenção de equipamentos
Empresas de Engenharia eConsultadoria
– Actividade técnico-comercial
Saúde e Industria Farmacêutica
– Operação de equipamentos de diagnósticoe laboratoriais
Actualmente, os estudos nacionais realizados indicam como maiores empregadores
ocasionais dos possuidores de cursos incompletos da actual Licenciatura Engenharia
Física (5 anos) os Centros de Investigação, os Laboratórios de estado, de empresas
públicas e privadas e os Museus e Centros de Divulgação Científica. Uma saída
profissional temporária que desponta, mas ainda com pouca expressão, é no campo
do jornalismo científico.
ii) Competências e objectivos genéricos
Como recomendado pelas directivas do processo de Bolonha para definir as competências
e objectivos genéricos do curso, foram consultados empregadores, ex-alunos do curso
origem e académicos. No grupo de académicos, consultaram-se todos os docentes do
Departamento de Física da FCTUC.
A Tabela 2 resume a ordem pela qual os 3 grupos inquiridos classificaram as
competências genéricas mais valorizadas (de entre as propostas de acordo com o
método Tuning e os descritores de Dublin, classificação máxima 4):
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Tabela 2
Capacidades / Competências AcadémicosEx-
alunos EmpregadoresTipo de
competência1. Capacidade de análise e síntese 3.6 3.8 3.6 instrumental
2. Capacidade de aplicar oconhecimento na prática
2.6 3.9 3.5 sistémica
3. Capacidade de organização eplanificação
1.9 3.7 3.6 instrumental
4. Conhecimentos gerais na área deestudo
3.1 3.5 3.2 instrumental
5. Aplicação dos conhecimentosbásicos à profissão
4.0 3.5 3.4 sistémica
6. Comunicação oral e escrita nalíngua-mãe 2.5 3.3 3.1 instrumental
7. Conhecimento de uma outra língua3.0 3.7 3.4
8. Conhecimentos de informática2.9 3.7 3.1
9. Capacidade para fazer umainvestigação 2.1 3.5 3.2 sistémica
10. Capacidade para aprender3.3 3.8 3.4 sistémica
11. Capacidade de gestão dainformação (proveniente dediversas fontes)
- 3.6 3.5instrumental esistémica
12. Capacidade de crítica e de auto-crítica - 3.5 3.3
pessoal esistémica
13. Capacidade de adaptação a novassituações 2.3 3.8 3.4 sistémica
14. Capacidade para gerar novasideias (criatividade) - 3.8 3.5 sistémica
15. Resolução de problemas3.2 3.8 3.4 instrumental
16. Capacidade de decisão- 3.6 3.3
17. Trabalho em equipa- 3.6 3.4
18. Relações humanas- 3.3 3.4 pessoal
19. Liderança- 3.1 3.4
20. Capacidade para trabalhar emequipa interdisciplinar 2.1 3.7 3.4 pessoal
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21. Capacidade para comunicar comnão-académicos (da área) 2.5 3.3 3.0
22. Apreço pela diferença e pelamulticulturalidade - 3.0 2.8
23. Capacidade para trabalhar emcontexto internacional - 3.5 3.4
24. Compreensão das culturas ecostumes de outros países - 2.8 2.6
25. Capacidade para trabalharautonomamente - 3.6 3.2
26. Concepção de um projecto egestão 2.3 3.4 3.2
27. Iniciativa e espírito empreendedor- 3.4 3.4
28. Preocupações éticas- 3.2 3.1
29. Preocupação com a qualidade- 3.7 3.5
30. Determinação para alcançarsucesso - 3.3 3.5
As cinco competências mais importantes para os três grupos inquiridos são as indicadas
na tab. 3.
Tabela 3
Académicos Ex-alunos Empregadores
1º Aplicação dos conhecimentosbásicos à profissão
Capacidade de aplicar oconhecimento na prática
Capacidade de análise esíntese
2º Capacidade de análise e síntese Capacidade de análise e
síntese
Capacidade de organização eplanificação
3º Capacidade para aprender Capacidade para aprender Capacidade de aplicar o
conhecimento na
prática
4º Resolução de problemas Capacidade para gerar novasideias (criatividade)
Capacidade de gestão dainformação
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5º Conhecimento de uma outralíngua
Resolução de problemas Capacidade para gerar novasideias (criatividade)
Em resumo, no que diz respeito às competências genéricas, podemos destacar as
seguintes conclusões:
• Para além dos conhecimentos gerais na área de Física, a capacidade de
aplicar os conhecimentos na prática, a capacidade para aprender, a capacidade de
análise e de síntese afiguram-se como as mais importantes entre os entrevistados.
Estas competências, bem como a criatividade e a capacidade de adaptação a novas
situações, estão associadas de forma indelével à Engenharia Física, em conformidade
com o estudo europeu (Tuning) e o estudo da Agência Nacional de Evaluación de la
Calidad y Acreditación (ANECA)1. A capacidade de organização e planificação e a
capacidade de gestão da informação, embora não sejam destacadas pelos
académicos, são consideradas relevantes pelos empregadores e ex-alunos;
• Por outro lado, as competências relacionadas com a diversidade,
multiculturalidade, conhecimentos de línguas estrangeiras e, em geral, as
relacionadas com as relações interpessoais são pouco valorizadas pelos académicos,
estudantes e empregadores.
iii) Competências e objectivos específicos globais
O resultado do inquérito a académicos, sobre competências específicas a desenvolver
num 1º ciclo de Engenharia Física, indicou como mais importantes as referidas na tab.
4.
Tabela 4
Importância Competênciaespecífica
Descrição da Competência Descritorde Dublin
1º Capacidade pararesolver problemas
Ser capaz de avaliar ordens de grandeza e teruma clara percepção de situações que sãofisicamente distintas mas que mostramanalogias; utilizar soluções conhecidas emproblemas novos.
B
1 Ver o documento “Libro Blanco – Título de Grado en Física, ANECA”, disponível emhttp://www.aneca.es/modal_eval/docs/libroblanco_jun05_fisica.pdf.
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17
2º Compreensãoteórica dosfenómenos físicos
Ter uma boa compreensão das teorias físicasmais importantes conhecendo a sua estruturalógica e matemática, a sua base experimentale os fenómenos físicos que elas permitemdescrever.
A
3º Cultura geral emFísica
Familiaridade com as áreas mais importantesda física, não só através do seu significadointrínseco como da relevância futura que seespera para as respectivas aplicações.Familiaridade com temas que abrangem váriasáreas da Física
A
4º Competênciasmatemáticas pararesolver problemas
Compreender e dominar o uso de métodosmatemáticos e numéricos mais comuns.
A-B
5º Cultura geralaprofundada emFísica
Ter conhecimento profundo dos fundamentosda física moderna (por exemplo teoriaquântica).
A
6º Capacidade paraaprender
Capacidade para entrar em novos campos pormeio de estudo individual.
E
7º Capacidadesexperimentais elaboratoriais
Estar familiarizado com os métodosexperimentais mais importantes e ser capazde realizar experiências com independência(científica) bem como de descrever, analisar eavaliar criticamente os resultadosexperimentais.
B
8º Capacidade paraprocurar e utilizarbibliografia
Capacidade para procurar e usar bibliografiade Física e técnica, bem como outras fontesde informação relevantes para o trabalho deinvestigação ou de desenvolvimentotecnológico. Bom conhecimento de inglêstécnico.
E
Na ausência de dados gerais sobre a Engenharia Física, consideramos que, mais uma vez,
este quadro não difere significativamente dos resultados de inquérito semelhante,
realizado a nível europeu, relatado no projecto “Tuning” para a área da Física. As
diferenças mais significativas são: a maior importância dada pelos académicos, no
estudo europeu, às competências experimentais (5º) em comparação com a cultura
geral em Física (8º); e os conhecimentos de informática que surgem em lugar de
maior destaque no estudo europeu (7º).
D
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Fundamentação sucinta do número de créditos
atribuído a cada unidade curricular
A atribuição do número de créditos a cada unidade curricular foi efectuada tendo por base
a experiência acumulada na leccionação das diversas unidades curriculares dos cursos
actuais que estão na origem do curso proposto, tendo em atenção as boas práticas
recomendadas por estudos europeus e reflectidas no documento interno da FCTUC
“Aplicação do novo sistema de créditos ECTS aos cursos da Faculdade de Ciências e
Tecnologia, 2/05/2006”.
A ocupação do tempo escolar dos alunos (horas presenciais e de trabalho autónomo)
apontando para um total de 40,5 horas semanais, condiciona a atribuição do número
de créditos às várias unidades curriculares. A distribuição de ECTS por essas unidades
tem por base a experiência dos Departamentos da FCTUC, sobre as durações mais
adequadas à leccionação de cada matéria e ao consequente trabalho autónomo dos
alunos – uma característica fundamental dos novos cursos.
O curso proposto tem uma estrutura de 5 unidades curriculares num total de 30 ECTS por
semestre lectivo o que corresponde a um valor médio de 6 ECTS por disciplina. As
disciplinas de Análise Matemática são contabilizadas com 7,5 ECTS por se considerar
mais apropriado a uma forte formação em Matemática. Foi igualmente considerado
conveniente atribuir um peso equivalente às disciplinas de Física da Matéria
Condensada que apresenta uma componente laboratorial significativa e ao Projecto
de Concepção de Instrumentos para que o aluno possa ter contabilizado o tempo
dispendido na concepção e desenvolvimento autónomo de soluções dentro do tema
do projecto, limitado é certo, que venha a escolher.
A Física e a Engenharia são naturalmente as áreas científicas a que o aluno deverá
dedicar a maior parte do seu tempo - 60 e 52,5 ECTS, respectivamente. A
significativa componente de Ciências de Engenharia e de Gestão e Comunicação
facilitam algum grau de empregabilidade após o 1º ciclo.
E
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Fundamentação sucinta do número total de créditos e da consequente duração
do ciclo
De acordo com a lei em vigor, um ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado
tem um número de créditos compreendido entre 180 e 240, a que corresponde uma
duração normal entre seis e oito semestres curriculares dos alunos. Foi definida para
os cursos de engenharia da FCTUC uma estrutura de formação com 1º e 2º ciclos “de
continuidade” com 3+2 anos, correspondendo consequentemente ao 1º ciclo um total
de 180 ECTS. A escolha de uma duração de seis semestres (180 ECTS) para o curso
proposto segue a prática europeia dominante para cursos congéneres.
F
Demonstração sumária da adequação da organização do ciclo de estudos emetodologias de ensino
Na peça C foram citados estudos que permitem definir como objectivos a atingir pelos
alunos do 1º ciclo os seguintes:
• Ser capaz de utilizar os conhecimentos adquiridos para, na prática, identificar,
formular e resolver problemas. Para além de dominar as teorias físicas, o aluno deve
adquirir um bom conhecimento e domínio dos métodos matemáticos e numéricos mais
utilizados, e saber avaliar e realizar os compromissos necessários à solução de
problemas de engenharia.
• Estar familiarizado com o trabalho de Laboratório, a instrumentação e os métodos
experimentais. Além disso, deve ser capaz de descrever e analisar os resultados
obtidos, estimando a sua validade.
• Ser capaz de aprender, de procurar e utilizar bibliografia, tendo apetência para um
aprofundamento continuado dos seus conhecimentos.
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20
A análise efectuada para análise comparativa com cursos de referência no espaço
europeu mostrou que há um grande consenso entre as escolas europeias sobre as
competências e objectivos genéricos de um curso de 1º ciclo em Engenharia Física.
Assim, é conclusão deste estudo que um curso de 1º ciclo em Física deve fornecer aos
alunos:
• Conhecimentos de Matemática (análise e álgebra, métodos matemáticos da física,
e fundamentos de análise numérica)
• Conhecimentos de Física Básica (introdução à física, física clássica e quântica )
• Conhecimentos de Física Teórica e Aplicada (óptica, electromagnetismo clássico,
relatividade, mecânica quântica e física estatística, mecânica de fluidos, electrónica)
• Conhecimentos de Química
• Conhecimentos básicos de Física Moderna (atómica, nuclear e sub-nuclear, estado
sólido, astrofísica)
• Conhecimentos básicos de informática e modelação computacional
• Capacidade de desenvolver pequenos projectos (de nível intermédio ou final)
• Alguns tópicos opcionais específicos (no caso do actual curso foram desenvolvidas
as áreas de aquisição e processamento de sinal, robótica e desenho de instrumentos)
• Conhecimentos em Ciências da Engenharia e Gestão.
O desenho curricular do curso de 1º ciclo em Física aqui proposto satisfaz todos estes
requisitos de conhecimento.
A engenharia examina factos que normalmente já são conhecidos e reformata-os para
fazer melhorias em sistemas ou para criar soluções novas a problemas existentes.
Assim, em muitas definições de engenharia estão presentes as palavras “realização
sujeita a compromisso” e “sociedade. A reforma de Bolonha, que centra o ensino no
aluno, remetendo o professor a uma posição de auxiliar de aprendizagem, e encurta o
tempo do percurso formativo vem acentuar e responsabilizar a metodologia de
aprendizagem. Este facto é reconhecido pelas ordens certificadoras dos cursos de
engenharia, que avaliam as competências tanto pelas matérias leccionadas como pelo
percurso formativo. A aplicação do modelo de Bolonha ao ensino da Engenharia é
centrada em quase todas as escolas de referência num modelo misto de ensino
tradicional e de PBL (Problem-Based Learning for Engineering) desenvolvido ao longo
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de mais de uma década na Universidade de Aalborg. Este atribuí a uma parte
significativa do ensino um modelo transversal, baseado no esforço do aluno integrado
em projectos de grupo de cariz interdisciplinar que o acompanham desde os primeiros
anos. A integração de matérias ortogonais em disciplinas transversais, a introdução
das competências de comunicação e a importância relativa da formação em áreas de
gestão, humanística e a capacidade de liderança são outras características destes
cursos. Este modo de ensino transversal é aplicado nos seminários, projectos,
cadeiras de informática, laboratoriais e de electrónica, que integram competências de
outras cadeiras.
G
Análise comparativa com cursos de referência no espaço europeu
• Na elaboração desta proposta foram cumpridos os critérios da ASIIN,
Accreditation Agency for Study Programs in Engineering and Informatics (da
Alemanha), para a formação de 1º ciclo. Independentemente de se assegurarem
as recomendações da Ordem dos Engenheiros na percentagens de ECTS por área
científica (não é ainda claro como será feita a validação de competências
adquiridas, sendo conhecido que esta será tomada em conta em futuras
certificações (ver por exemplo o documento TOWARDS A EUROPEAN
QUALIFICATIONS FRAMEWORK FOR LIFELONG LEARNING - COMMISSION STAFF
WORKING DOCUMENT) no site da FEANI (European Federation of National
Engineering Associations), a comparação com cursos de Engenharia Física
existentes em universidades de referência foi fundamental na elaboração do
curso. Esta comparação foi feita sobretudo por avaliação curricular, pois dado o
carácter ainda incipiente da reforma no ensino da Engenharia não há dados
públicos sobre as competências específicas em termos de descritores universais
que permitam fazer uma melhor avaliação. Muitas vezes, porém, a descrição
informal dos cursos e seus objectivos feita nos elementos de divulgação e
angariação permite ver aspectos essenciais do curso não facilmente
quantificáveis, como por exemplo a integração de diferentes matérias em
disciplinas transversais, as metodologias de introdução das competências de
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comunicação e importância relativa da formação em áreas de gestão, humanística
e capacidade de liderança.
• Foram incluídos na lista de instituições a comparar sobretudo cursos
especificamente de Engenharia Física, colocando de lado os cursos com
designações de Física Aplicada e Física Tecnológica, a menos que estes
especificassem claramente a sua pretensão de formar engenheiros. Incluímos
nesta lista, quando existentes, os cursos de Engenharia Física das instituições
aderentes ao SPINE (Successful Practices in International Engineering Education,
http://www.ingch.ch/pdfs/spinereport.pdf), projecto comum na Europa e nos
Estados Unidos englobando dez das escolas de engenharia mais prestigiadas no
mundo, (Carnegie Mellon University (CMU), Ecole Centrale Paris (ECP), Ecole
Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), Eidgenössische Technische
Hochschule Zürich (ETHZ), Georgia Institute of Technology (Georgia Tech),
Imperial College London (IC), Kungliga Tekniska Högskolan Stockholm (KTH),
Massachusetts Institute of Technology (MIT), Rheinisch-Westfälische Technische
Hochschule Aachen (RWTH Aachen) e Technische Universiteit Delft (TU Delft)).
Foram também incluídos os cursos das universidades do Canadá de Laval e
Montreal, de FH Aachen/Jülich (o curso de EF mais cotado no ranking das
universidades alemãs), o da Univeridade de Munique, o da Universidade de
Oklahoma (o mais antigo curso de EF, que data de 1924 !), além de muitos outros
que foram vistos mais superficialmente e que não citamos, mas que contribuíram
para a nossa percepção do que devia ser um curso de EF pós- Bolonha.
• Da comparação destes cursos com esta proposta pode ver-se que, na
generalidade, o nosso curso tem um maior número de ECTS nas áreas de
Matemática e ausência de competências específicas de língua estrangeira, que
aparece em vários cursos europeus de engenharia. Estas opções são justificadas
com a insuficiente preparação dos alunos no ensino secundário na área de
matemática e a recomendação de que o aperfeiçoamento da língua estrangeira
após muitos anos de ensino de língua inglesa no secundário seja feito em horas
extra-curriculares. A cadeira de Seminários de Engenharia Física terá um papel
propedêutico no sentido de alertar os alunos para um bom domínio da língua
inglesa e da importância da internacionalização. As competências em matérias de
ciências básicas são equivalentes ao encontrado na média dos cursos estudados,
assim como as de Física Aplicada. Mas o mais importante é a verificação de as
competências necessárias à frequência de um segundo ciclo em instituições
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estrangeiras estarem asseguradas, exceptuando-se algumas das escolas dos EUA
de maior grau de exigência.
• O número de ECTS dedicados às áreas de gestão e de comunicação são mais
variáveis entre as universidades de referência, mas são, em geral, contemplados
nos planos curriculares. O peso destes na Licenciatura descrita encontra dentro
dos padrões dos cursos de Engenharia.
• Incluímos no estudo para a elaboração deste curso os cursos de Engenharia Física
do Instituto Superior Técnico e da Universidade de Aveiro, e julgamos ter atingido
o objectivo de criar uma licenciatura compatível com o padrão estabelecido com
os dois cursos de Engenharia Física que mais alunos recrutam no País. Por, além
disso, incorporar aspectos específicos da tradição do Departamento de Física da
FCTUC em instrumentação avançada, mantém esta Licenciatura o perfil de um
verdadeiro curso universitário.
H
Incorporação dos resultados da avaliação externa
O actual curso de Licenciatura em Engenharia Física foi objecto da última Avaliação
Externa em 2003. Do Relatório de Avaliação Externa (RAE) então elaborado
destacam-se as recomendações seguintes:
i) A criação de competências avançadas de engenharia, convidando todos os docentes
envolvidos a sensibilizar, desde o primeiro ano, os estudantes para as aplicações
múltiplas das tecnologias com que são confrontados;
ii) A não redução do número de opções oferecidas, se necessário através de outras
formas de funcionamento de cadeiras que sejam mais adequadas a pequenos grupos;
iii) O contacto precoce dos alunos com ambientes computacionais integrados, por forma a
corresponder aos actuais padrões e práticas universitárias internacionais;
iv) A melhoraria do enquadramento da realização dos projectos de fim de curso,
promovendo a utilização dos meios laboratoriais e oficinais disponíveis e reforçando a
preparação dos alunos para actividades profissionais no tecido empresarial nacional;
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v) Uma particular atenção à necessidade de se estimular a capacidade de iniciativa e
empreendedorismo dos alunos, por forma a corresponder à necessidade urgente de
dinamização e modernização do tecido empresarial nacional e de estagnação do
mercado de emprego;
vi) A manutenção das acções de auto-avaliação de modo a acompanhar a execução das
recomendações decorrentes deste processo de avaliação, com uma especial atenção
ao problema da (in)eficiência da Licenciatura, em geral, e do (in)sucesso escolar em
particular. Se possível, recomenda-se também a definição de metas quantitativas, por
exemplo ao longo de cinco anos, para a melhoria objectiva destes aspectos de vital
importância para a produtividade e qualidade do sistema de ensino superior nacional.
Considera-se, finalmente, que a implementação das recomendações anteriores contribuirá
positivamente para a criação de condições para a acreditação da licenciatura pela
Ordem dos Engenheiros.”
À data deste relatório estava em curso uma remodelação da Licenciatura que respondia,
pelo menos parcialmente, a várias destas recomendações. Ao longo dos últimos dois
anos realizámos o Ciclos de Palestras intitulados "Os Desafios da Física para o Século
XXI", cobrindo a temática das aplicações da Física (na Indústria e nos Serviços).
Nestes ciclos trouxemos ao Departamento empresários e responsáveis de serviços e
ex-alunos da licenciatura com experiência profissional relevante e as suas
apresentações e esclarecimentos motivaram francamente os nossos alunos. Estas
acções passaram a ser matéria de uma cadeira de 1º ano do curso proposto.
De um modo geral a presente reestruturação forçada pelo processo de Bolonha vem
responder de forma completa às restantes recomendações, sendo que o primeiro ciclo
promove desde o 1º ano a cultura da engenharia e contem as matérias específicas
necessárias a uma boa formação preparatória de engenharia, incluindo as matérias
comunicacionais e de gestão aconselhadas.
Os processos de auto-avaliação e avaliação externa intrínsecos ao processo de Bolonha
superam os propostos nas recomendações referidas.
Julgamos que, quando completada com um 2º ciclo compatível, fica este curso em
perfeitas condições para se candidatar ao reconhecimento pela Ordem dos
Engenheiros.