líbia - barrados na fronteira

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JAKOBSKIND LÍBIA BARRADOS NA FRONTEIRA MÁRIO AUGUSTO LÍBIA BARRADOS FRONTEIRA EDIÇÃO URGENTE! O QUE NÃO SAIU NA MÍDIA SOBRE A INVASÃO DA LÍBIA Apresentação MAURÍCIO AZÊDO

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A cobertura jornalística da guerra civil na Líbia, iniciada em fevereiro de 2011, obedece a critérios que podem ser considerados no mínimo discutíveis.

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JAKOBSKIND

LÍBIABARRADOS NA FRONTEIRA

M Á R I O A U G U S T O

MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND

UM DRAMA NACIONAL QUE NÃO TERMINOU

Com extremado senso de opor-tunidade jornalística, já demons-trado em outros trabalhos pu-blicados pela mesma editora, Mário Augusto Jakobskind nos oferece neste seu mais novo livro não apenas o relato epi-sódico de relevante aconteci-mento histórico, mas um am-plo e circunstanciado painel da tragédia que se abateu sobre a Líbia e seu povo após a união de poderosas forças do Oci-dente – Estados Unidos, Grã-Bretanha e França – para a derrubada de um dirigente na-cional, Muammar Kadhafi, que durante mais de quatro déca-das foi protagonista de desta-cados momentos da vida inter-nacional.

Partindo de um episódio iso-lado – a tentativa, concebida no Brasil, de se promover uma avaliação isenta da interven-ção militar na Líbia após a de-cisão dos líderes do Ocidente de depor Muammar Kadhafi, investigação frustrada pela im-possibilidade de se chegar ao país arrasado pela artilharia aérea da Organização do Tra-tado do Atlântico Norte (OTAN), Mário Augusto escancara os interesses há muito em confli-to na região, destaca o papel que a principal riqueza da Lí-

bia, seu petróleo, teve no pas-sado e terá no futuro imediato e deixa entrever o prolonga-mento de um drama nacional que não se esgotou com o as-sassinato do líder deposto. Ao contrário do que imaginam Barack Obama e seus títeres da OTAN, a tragédia líbia está apenas diante de novo e tor-mentoso capítulo e se man-tém e continuará sob a pres-são dos fatores que geraram o prolongado poder de Kadhafi, como a divisão do país de pouco mais de 6 milhões de habitantes por mais de uma centena de tribos que têm vi-sões distintas da realidade na-cional e da inserção da Líbia na comunidade internacional.

Com o forte embasamento documental e a lucidez de jor-nalista e estudioso que há dé-cadas se dedica às questões internacionais, como deixou vi-sível em Cuba: Apesar do blo-queio e em outros trabalhos, Mário Augusto Jakobskind re-vela-se aqui analista e profe-ta, ao predizer que o último dia de Kadhafi não representa o fim da História, como gostam de assoalhar aqueles que es-palham morticínio pelo mun-do, como se deu agora na Líbia.

Maurício Azêdo Presidente da Associação

Brasileira de Imprensa (ABI)

LÍBIA BARRADOS NA FRONTEIRA

E D I Ç Ã OU R G E N T E !

O Q U E N Ã O S A I U N A M Í D I A S O B R E A I N V A S Ã O D A L Í B I A

ApresentaçãoM A U R Í C I O A Z Ê D O

cobertura jornalística da guerra civil na Líbia, inicia-da em fevereiro de 2011, obedece a critérios que po-dem ser considerados no mínimo discutíveis. Al-

guns analistas entendem que a mídia, na prática, acabou se transformando na própria guerra. Algo semelhante já havia acontecido anos atrás quando da cobertura da invasão e posterior ocupação do Iraque pelas forças militares dos Es-tados Unidos.

Este livro, além de analisar os acontecimentos naquele país do Norte da África mostra como os meios de comunica-ção manipularam fatos com a edição de imagens e textos que tiveram o objetivo de convencer a opinião pública sobre a “missão humanitária” exercida pelos bombardeios da Or-ganização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), fator deter-minante para a definição de um dos lados da disputa entre adeptos e opositores do regime líbio, capitaneado por Muammar Kadhafi.

Depois do assassinato de Muammar Kadhafi, o autor aler-ta para o fato de as razões “humanitárias” evocadas para justificar as ações militares da OTAN podem, de agora em diante, servir de pretexto para incursões em outros países que se contrapõem às exigências dos países ocidentais, que hoje atravessam uma crise econômica considerada por al-guns analistas como o início de uma nova etapa do sistema capitalista.

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L Í B I ABARRADOS NAFRONTEIRA

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Mário Augusto Jakobskind

L Í B I ABARRADOS NAFRONTEIRA

O que nãO saiu na mídia sObre a invasãO da Líbia

Copyright © 2011 Mário Augusto Jakobskind

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seja digital, fotocópia, gravação etc, nemapropriada ou estocada em banco de dados,

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CapaCris Lima / Demanda Editorial

EditorGlauco de Oliveira

Direitos exclusivos desta edição:Booklink Publicações Ltda.

Caixa postal 3301422440 970 Rio RJFone 21 2265 0748

[email protected]

Jakobskind, Mário Augusto, 1943-Líbia: barrados na fronteira / Mário Augusto Jakobskind – Rio de Janeiro : Booklink, 2011.136 p. 20,5 cm

ISBN: 978-85-7729-124-3

1. Jornalismo. 2. Reportagem. 3. Política - Internacional. 4. OTAN. 5. África - Líbia. I. Jakobskind, Mário Augusto. II. Título.

CDD 869.3

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PREFÁCIO

SAGA DA DELEGAÇÃO BRASILEIRA

Protógenes Queiroz1

O objetivo inicial da ida da delegação brasi-leira à Líbia era o de contribuir, juntamente com outras delegações internacionais, no processo de negociação de paz entre rebeldes líbios do CNT (Conselho de Nacional de Transição) e as forças aliadas de Muammar Kadhafi, na elaboração de um relatório final a ser encaminhado à Organiza-ção das Nações Unidas.

Este livro retrata a real situação que passa-ram os nove integrantes da delegação, durante uma semana, entre a saída do Brasil com conexão na Tunísia e o destino final na capital Trípoli. O

1 Deputado federal (PCdoB-SP) que, juntamente com o deputado fede-ral Brizola Neto (PDT-RJ), integrou a delegação que iria à Líbia.

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que acabou não acontecendo devido ao crimino-so bombardeio da OTAN na única estrada de en-trada e saída de ajuda humanitária à Líbia, na ci-dade fronteiriça de Ben Guerdane.

A guerra civil iniciada em fevereiro de 2011 era um conflito interno que poderia ser solucio-nado pelo próprio povo líbio sem o uso da força bélica. Houve até a proposta de um plebiscito pa-ra o povo líbio definir o regime de sua preferên-cia. Não foi aceito pelos opositores de Kadhafi. Prevaleceu a força em vez do diálogo em direção à paz, em razão dos sucessivos bombardeios da OTAN pela marinha francesa, incluindo o porta-aviões Charles de Gaulle, ancorado no Mar Me-diterrâneo, aliado às tropas regulares das forças militares da Inglaterra, França, Itália, EUA e mer-cenários.

Falaram mais alto os interesses econômicos com a participação de órgãos de inteligência (CIA e M16) e organizações extremistas como a al-Qaeda, que tinham por objetivo a dominação po-lítica para a apropriação de bilhões de dólares de reservas líbias de petróleo e gás. Pelo que pare-ce, uma das metas era suprir a bolha e o rombo na economia dos EUA e Europa. E tudo sob o manto hipócrita de fortalecimento da democracia.

O que está narrado neste livro demonstra cora-gem e o sentimento, não só do jornalista, mas, so-

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bretudo, do cidadão brasileiro, preocupado com os acontecimentos históricos em países como o Afeganistão, Iraque, Egito, Síria, Tunísia. O au-tor não deixou também de alertar para o perigo que representa para o Brasil o potencial energéti-co e hidrográfico, bem como a necessidade de se contrapor a isso pela nossa união para nos prote-ger contra possíveis ameaças e cobiças interna-cionais.

Embora impedidos de seguir viagem para Trí-poli, parte da equipe da qual participei seguiu em um comboio do exército da Tunísia até o posto de fronteira na cidade de Ben Guerdane. Então, pude confirmar uma realidade descrita aqui com fatos que nos levam à indignação dessa ocupação pre-meditada que remete aos corsários que cruzavam os mares usando de força e violência, para satis-fazer interesses pessoais ou de determinado gru-po a eles vinculados.

A situação da Líbia é muito complexa e faz-se necessário condenarmos com veemência as ações da OTAN, com o consentimento tácito da ONU, que levam a graves consequências internacio-nais. No caso, um país como a Líbia, com pecu-liaridades étnicas culturais próprias que demorou séculos para se firmar como civilização política, econômica e socialmente viável aos desafios oci-dentais de modernidade. Além disso, depois da

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lamentável guerra civil de mais de seis meses, o país hoje corre o risco de perder sua identidade histórica e importância de polo propulsor do de-senvolvimento do continente africano.

A alternância na estrutura de poder de qual-quer Estado é saudável para as renovações das relações políticas, econômicas e sociais, mas te-mos que considerar o momento certo para transi-ção e avaliar as consequências da mudança, tendo como centro de debate que o homem é o produto de sua história e de sua cultura.

Impor um modelo de Estado e governo ociden-talizado em um país com formação histórica tri-bal ou familiar, com modelo de falsa democracia, é um modo violento de colonização contemporâ-nea, cujo objetivo final é a apropriação das rique-zas, o que é incompatível com os avanços tecno-lógicos do mundo moderno. Ou seja, uma falsa democracia imposta pela força não pode ser acei-ta pela comunidade internacional.

Quanto ao líder Muammar Kadhafi, a sua con-dição de mártir exposto às contradições da cobiça internacional pelas riquezas de sua terra e cultu-ra nos remete a um pensamento: “ruim com ele, pior sem ele...”.

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A aeronave da Air France desliza pela pis-ta do Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo, Brasil. Eram 21h30 da noite do do-mingo, 14 de agosto. Destino: São Paulo-Túnis, com breve escala em Paris, e de lá em outro voo direto para Djerba – a cerca de 100 quilômetros da fronteira da Tunísia com a Líbia – de onde seguiríamos por terra para Trípoli.

Afivelado na poltrona do avião ainda estava sofrendo com os mais de 20 dias de ansiedade, desde o convite recebido para integrar, como observador internacional, uma delegação brasi-leira com a finalidade de acompanhar o desen-rolar dos conflitos que ocorriam – e que ain-da ocorrem – na Líbia, constante e duramente bombardeada pelas forças da OTAN (Organi-zação do Atlântico Norte), sempre comandada pela prepotência e arrogância dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido, França e outros menos votados, desde a sua formação em 4 de abril de 1949.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA BARRADA nA FROntEIRA DO LíBAnO DEvIDO AOS BOMBARDEIOS DA OtAn

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Um convite irrecusável para este repórter, um veterano profissional de imprensa, mesmo sen-do considerado pela Folha de S.Paulo, no qual trabalhei durante cinco anos, somente um “escri-tor esquerdista”, conforme matéria publicada na-quele jornal sobre a ida da delegação brasileira à Líbia. Juntamente com este repórter, os demais membros da delegação foram convidados pela or-ganização não governamental líbia, Fact Finding Committee, para acompanhar de perto a situação naquele país do Norte da África que, depois de seis meses, sofria fortes ataques aéreos, num total estimado entre 7.500 mil e mais de 20 mil bom-bardeios.

O papel da delegação era preparar mais um re-latório oficial para a ONU, sob o ponto de vista do Brasil, como já tinham feito diversas delega-ções de outros países, o que, certamente, demons-tra a importância do Brasil, hoje, no cenário in-ternacional. Fato curioso é que os integrantes da delegação, dois deputados federais, jornalistas e ativistas de movimentos sociais brasileiros, não se conheciam pessoalmente, o que ocorreu so-mente durante a viagem.

Até mesmo durante o check in, no saguão do aeroporto de Guarulhos, a expectativa pela via-gem era contagiante. Mesmo não se conhecendo, a aproximação foi imediata. Todos tentávamos

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prever sobre o que nos esperava na Líbia, e al-guns analisavam os acontecimentos que lá ocor-riam. Apesar de certa ansiedade natural pelos mo-tivos da viagem e pelos possíveis riscos de vida que correríamos, em todos predominava o bom humor nos diálogos, algo ao estilo carioca dos bons tempos.

O avião pousou em Paris, no aeroporto Char-les de Gaulle, dia 15, por volta das 14 horas, ho-rário local. A expectativa da viagem era frenética. Contávamos os segundos, os minutos e as horas, para o embarque rumo a Túnis, onde chegamos por volta das 23 horas. Aí, a primeira surpresa: ninguém da ONG que nos convidou, ou da em-baixada líbia, aguardava a delegação no aeropor-to. Somente ouvíamos as notícias: parte da em-baixada líbia na capital da Tunísia havia passado para o lado do Conselho Nacional de Transição (CNT), o organismo político que em Benghazi se voltou contra o regime capitaneado por Muam-mar Kadhafi.

Como os velhos homens do mar, estávamos à deriva no aeroporto de Túnis. Tempos depois, fo-mos informados por Juliana Castro, a coordenado-ra da delegação, de que a OTAN tinha intensifica-do os ataques aéreos, sobretudo em um trecho da estrada que nos conduziria de Djerba, na Tunísia, a Tripoli. E, devido a isso, não poderíamos seguir

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viagem. Fomos então para um hotel – Diplomat –, on-de deveríamos aguardar o cessar fogo, para prosse-guir viagem. Lá ficamos. As horas se passaram, os dias também. E a viagem foi interrompida. Frus-tração geral, principalmente para este repórter, an-sioso como deve ser o trabalho jornalístico.

A pauta “caiu”, como se diz no jargão de nossa profissão, pois já estava preparado para escrever um livro sobre a viagem. Mas, em contato com o meu editor Glauco de Oliveira, este encorajou-me a transformar a não viagem neste livro-repor-tagem. “Esta é a história”, foi a mensagem que recebi por email, e completou: “Que tal, então, escrever sobre os antecedentes históricos, a for-mação dos estados árabes, o nacionalismo predo-minante na região desde a década de 60, até os dias atuais, narrando os fatos que desencadearam a invasão da Líbia pela OTAN?”

Ficamos hospedados no hotel durante cinco dias. E retornamos ao Brasil. Ainda na viagem, o que ocorreu no sábado, 21 de agosto de 2011, vinha escrevendo mentalmente o desenrolar dos acontecimentos para o livro, pois muitos dos fa-tos aqui narrados não aparecem no dia a dia do jornalismo de mercado brasileiro.

Antes do retorno ao Brasil, fiquei três horas em Paris, no Aeroporto Charles de Gaulle, à espera do embarque. Ia utilizar um cartão telefônico que

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tinha comprado uma semana antes quando da ida a Túnis. Só que o cartão foi vendido com defeito e nem lembrava mais em que local do mesmo ae-roporto tinha comprado.

Pensei com os meus botões: imagina se isso ti-vesse acontecido no Brasil, e não na França, com algum viajante estrangeiro? O Brasil certamente seria esculhambado, mas então, por que silenciar diante do fato de ter sido “garfado” em um país desenvolvido e rico como a França? Ou se con-formar aceitando passivamente a cantilena dos francófonos segundo a qual c’est la civilization?

Ah, sim, ao contrário do que insinuaram veícu-los da mídia de mercado, informo que, como in-tegrante da delegação que foi impedida, devido aos bombardeios da OTAN, de ingressar na Lí-bia, não houve nenhum depósito de petrodólares na minha conta bancária. E, além do mais, no fi-nal das contas, as despesas da delegação brasilei-ra em Túnis não foram pagas pelo antigo regime líbio, mas por cada um dos integrantes. E as pas-sagens também. Esta é a minha história que você, caro leitor, acompanhará a partir de agora.

“Não houve nenhum depósito de petrodólares na minha conta bancária”