jornal líbia ao dia

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O DO IMPERIALISMO COM SEUS LACAIOS DO CNT E O DAS HERÓICAS MASSAS INSURRECTAS QUE DERROTARAM KHADAFI PARA CONQUISTAR O PÃO CONGRESSO NACIONAL DAS MILÍCIAS E DAS ORGANIZAÇÕES OPERÁRIAS E POPULARES DE TODA LÍBIA! Para derrotar o CNT e tomar o poder Para conquistar o pão, expropriando sem pagamento e sob controle operário as petroleiras, aos banqueiros e ao imperialismo Para pôr a força da revolução ao serviço do triunfo das massas de todo o Norte da África e Oriente Médio NA LÍBIA SE ENFRENTAM DOIS PODERES: Blog: www.comitepelarefundacaoiv.blogspot.com E-mail: [email protected] Valor: R$ 3,00 Número 1 – 26-01-2012 BLOG: libiaaldia.blogspot.com

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Page 1: Jornal líbia ao dia

O DO IMPERIALISMO COM SEUS LACAIOS DO CNT E O DAS HERÓICAS MASSAS INSURRECTAS QUE DERROTARAM KHADAFI PARA CONQUISTAR O PÃO

CONGRESSO NACIONAL DAS MILÍCIAS E

DAS ORGANIZAÇÕES OPERÁRIAS E

POPULARES DE TODA LÍBIA!

Para derrotar o CNT e tomar o poder Para conquistar o pão, expropriando sem

pagamento e sob controle operário as petroleiras, aos banqueiros e ao imperialismo

Para pôr a força da revolução ao serviço do triunfo das massas de todo o Norte da África e Oriente Médio

NA LÍBIA SE ENFRENTAM DOIS PODERES:

Blog: www.comitepelarefundacaoiv.blogspot.com E-mail: [email protected]

Valor: R$ 3,00

Número 1 – 26-01-2012 BLOG: libiaaldia.blogspot.com

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DOIS PROGRAMAS E DUAS ESTRATÉGIAS SE ENFRENTAM NA REVOLUÇÃO LÍBIA E TODO O NORTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO

Mais uma vez … REFORMA OU REVOLUÇÃO

s processos revolucionários no Norte da África e Oriente Médio, e na Líbia em particular, abriram um

antes e um depois na luta de classes internacional e como tal separaram águas no movimento marxista mundial e nas organizações que se reclamam da classe operária. É que na Líbia a revolução tem ido bem longe: as massas insurgiram-se numa verdadeira corrente de insurreições locais, cidade por cidade, que têm desarticulado ao exército e deixado em grave crise ao estado, isto é, à banda de homens armados dos capitalistas. Hoje a questão da Líbia cruza toda a esquerda mundial. Dela e de suas lições se falará por décadas, bem como hoje se continua falando da revolução espanhola, da revolução boliviana do 52, etc. Nenhuma das correntes que se reclamam do movimento operário que não esteja hoje à altura da revolução socialista na Líbia, poderá falar em nome da classe operária mundial nos próximos anos.

Ao calor da revolução na Líbia o reformismo tem se divido entre apoiar a

Khadafy ou ser serventes do CNT Ao calor do heróico processo revolucionário das indomáveis massas insurrectas da Líbia, as correntes da esquerda reformista mundial dividiram-se: de um lado estão os lacaios de Khadafy que têm o cinismo de tratar como agentes

da OTAN e do imperialismo às organizações de duplo poder armadas das massas na Líbia; e do outro lado os teóricos da “revolução democrática” que se dedicaram a semear ilusões no CNT - com seus generais e políticos khadafistas -, propondo que este era um aliado das massas exploradas na revolução para derrotar a Khadafy. Enquanto, todas as direções e grupos que hoje se dividiram ao redor da questão Líbia (e que inclusive polemizam publicamente entre eles), estão todos unidos na Tunísia e Egito levantando elogios à democracia, às Assembléias Constituintes e às “primaveras árabes”, isto é, sustentando todos os desvios parlamentares com os que a burguesia e o imperialismo tentam expropriar os processos revolucionários na região. Mas a magnífica revolução na Líbia, a diferença da Tunísia e Egito, era contra a autocracia khadafista amiga de Castro, Chávez e demais “bolivarianos”, que têm demonstrado serem – assim como a burguesia iraniana -, tão lacaios do imperialismo como as burguesias de Mubarak e Ben Alí. Por isso os stalinistas e uma ala dos renegados do trotskismo se colocaram como o clube de “choronas de Khadafy”. Por sua vez, as correntes pró-socialdemocratas, “anticapitalistas”, da “nova esquerda”, como o NPA (Novo Partido Anticapitalista da França, NdeT) e a

LIT, têm ficado também na Líbia nas saias do CNT. Do CNT que a cada passo desorganizou a ofensiva das massas de Misarrata a Trípoli, e foi quem expropriou, em última instância, a tomada do poder por parte da classe operária e das massas exploradas.

Inclusive teve correntes simpatizantes da LIT que chegaram ao extremo de propor que o único governo que tinha que se reconhecer na Líbia, era o governo do CNT em Bengasi. E isto o fizeram no momento em que as massas nem conheciam quem era esse CNT de generais e políticos khadafistas “passados de bando” a último momento. Todas estas correntes são os “teóricos” da “revolução democrática”, isto é, de “todos contra Khadafy”, que propunham isto quando o CNT era o grande obstáculo e o peso morto que deviam arrastar as massas para esmagar e derrotar a Khadafy, o maior agente do imperialismo na Líbia.

O reformismo servente do pacto que se fechava entre o imperialismo, Khadafy e o

CNT em Misarrata com o fim de evitar que as massas armadas cheguem até

Trípoli, esmague a Khadafy e imponham seu próprio poder

Na Líbia, e em forma particular em Misarrata, toda a esquerda reformista mundial rompeu os seus dentes, por mais que se tenham dividido e até polemizem publicamente entre elas. É que depois da corrente de insurreições que começava em toda Líbia, o imperialismo identificou muito bem que Khadafy já não era o governo nem o agente que lhe garantia manter seus negócios na Líbia. Por isso, depois de que rearmara até os dentes a Khadafy para que esmague a insurreição de massas que sucedeu em Trípoli no mês de fevereiro, o plano do imperialismo foi tirar Khadafy do governo de forma “ordenada” e como parte de um “acordo por acima” com o CNT, que reconstituíra a casta de oficiais sob o comando do CNT (o agente “democrático” da OTAN e do imperialismo). Isto significava que se reconstituía o estado burguês, que tinha sido deslocado pelas ações revolucionárias das massas.

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As camionetes artilhadas das milícias líbias

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Este pacto do imperialismo, Khadafy e do CNT era o que negociava em Misarrata nos meses de julho e agosto de 2011. Se isto tivesse acontecido iria garantir ao CNT SER O CHEFE DA DERROTA DE KHADAFY E LEGITIMAR SEU PODER, SUSTENTADO PELA OTAN. KHADAFY TERMINARIA NA ARGÉLIA EXILADO, OU BEM, COMO SUCEDE COM TODOS OS AGENTES JÁ USADOS PELO IMPERIALISMO, NUM JULGAMENTO. Este era o plano burguês para impedir o triunfo da revolução, para fechar as brechas nas alturas do exército e reconstituí-lo, para retomar o controle do estado burguês e desarmar às massas. Todas as correntes da esquerda reformista do Fórum Social Mundial, tanto as pró-khadafistas como as pró-CNT, se dedicaram a sustentar este pérfido pacto do imperialismo com Khadafy e o CNT, cuja primeira condição para se impor era evitar que as milícias dos operários e explorados insurrectos avancem para Trípoli. É por isso que a OTAN se dedicava a bombardear a todas as milícias que avançavam de Misarrata para o oeste. Nenhuns dos tanques de Khadafy que cercavam Brega e Misarrata foram tocados pela OTAN. Enquanto Sarkozy, que sustentava ao CNT em Bengasi, enviava 200 tanques de última geração a Trípoli para defender a Khadafy ante uma irrupção revolucionária das massas, ou frente a um rendimento prematuro das milícias na capital. As correntes do “clube de choronas de Khadafy” e serventes dos irmãos Castro, que se dedicam a acusar às massas armadas de serem as “tropas terrestres da OTAN”, em realidade são os que atuaram como “tropas terrestres” de Khadafy, que desde Trípoli tinha sido enviado pela OTAN e a CIA (que o dirigia) para avançar em derrotar às massas que em Misarrata fizeram justiça com os burgueses e políticos khadafistas. Até ali tinha que chegar Khadafy com suas tropas contra-revolucionárias, e ninguém o impediu, nem a OTAN, nem a CIA e nenhuma potência imperialista. É que precisava romper a corrente de triunfos insurrecionais por cidade das massas revolucionárias, que ameaçavam com retomar Trípoli. Estas correntes foram os serventes das burguesias bolivarianas e o castrismo, as “tropas terrestres” do primeiro corpo do exército de Khadafy em Trípoli, que primeiro marchou a massacrar às massas em Misarrata e foi o primeiro em entregar rápido as chaves da cidade ao CNT, com seu general khadafista ao comando, para que Trípoli não a tomassem primeiro as milícias de Zentan e de Zawiya, que tinham esmagado aos khadafos e marchavam a Trípoli no mês de agosto. E agora, estas direções querem fazer crer às massas que a Khadafy matou um míssil

da OTAN, quando era a mesma OTAN, junto com a CIA, quem o custodiava. Enquanto, seus aliados nas Assembléias Constituintes da Tunísia e Egito do NPA e a LIT, queriam que os trabalhadores armados da Líbia e a classe operária mundial, vejam como um aliado em sua luta contra Khadafy às burguesias “democráticas”, isto é, ao CNT. Mas o CNT não contribuiu em nada para derrotar Khadafy. Foi o lastre mais pesado que tiveram as massas nesse combate. O único que fez o CNT foi atirar pelas costas às milícias e pactuar por atrás com a OTAN e Khadafy. E se hoje o CNT tem adquirido o triunfo “provisório” de fazer-se do poder na Líbia, não é pelo apoio que tem das massas, senão porque estas não têm um partido revolucionário que as guie ao triunfo. É que as massas nunca se preparam para tomar o poder, ainda que o tenham ao alcance de sua mão. O sistema capitalista não as prepara para isso. Ainda as massas nem sonham com o fato de que têm a possibilidade de tomar o governo e impor seu poder, embora tenham as armas na mão. A consciência atual dos explorados é por causa de seu armamento. Com o mesmo, pressionam ao CNT para que lhes dê pão. Com essa pressão armada, fazem valer seu triunfo. Mas não se propõem tomar o poder, pese a que o CNT é um governo fraquíssimo, já que não têm um partido revolucionário que combata por centralizar seus organismos de poder a nível nacional (milícias, comitês de trabalhadores, etc.) para que assumam todo o poder, derrotando aos políticos e generais khadafistas impostores do CNT. Mas, insistimos, as massas pressionam de forma armada ao CNT. Os primeiros choques militares já são inevitáveis. A burguesia abandonou as fábricas. O CNT concentra 100% de suas forças nas petroleiras que exportam 60% do petróleo que exportavam antes da queda de Khadafy, como hoje desde Brega faz a ENI italiana. Mas não há pão, e as massas deram sua vida pelo pão. Pressionam, com greves e lutas de pressão armadas, ao CNT para que pague o salário dos estatais. Ao fazê-lo, o desestabiliza e volta impossível o controle e a administração do estado por parte da burguesia. A situação volta a ser instável. Nestas condições, não pode ser instalado um equilíbrio de paz social entre as classes. Senão, todo o contrário. É o ponto

de maior tensão e guerra civil entre as classes, como sucede em todo lugar onde os explorados conquistam um duplo poder. As fábricas paralisadas colocam imediatamente a necessidade de pô-las em marcha sob controle operário, para recuperar o trabalho perdido depois de que os patrões, que num 99% eram khadafistas,

fugissem das cidades ou fossem justiçados pelas milícias. A tomada das fábricas e das petroleiras pelos trabalhadores armadas para conquistar o pão, e o fato de que as massas seguiam armadas, leva a uma tensão aguda entre os dois poderes: o dos exploradores no CNT, e dos explorados armados com suas milícias em toda Líbia. Tanta mentira, infâmia e calunia contra as massas armadas da Líbia; tanto submetimento ao khadafismo ou à burguesia “democrática” do CNT é para que o proletariado mundial não veja nem perceba que, chegando a Trípoli, rompendo o pacto que tecia Khadafy com o CNT e a OTAN em Misarrata, justiçando a Khadafy - o lacaio do imperialismo -, as massas impuseram organismos de duplo poder em toda Líbia. Esta situação não pode durar muito tempo. E se mantêm porque têm voltado ao combate as massas do Egito, porque na Síria se luta como na Líbia contra o assassino Al-Assad, e porque mil e uma vez a classe operária européia irrompe, em lutas defensivas-ofensivas, contra os governos e regimes imperialistas que são os verdadeiros sustentadores do CNT da Líbia. Uma situação instável ficou aberta na Líbia. As massas não se fizeram do poder ainda. Mais do que nunca precisam uma direção revolucionária para isso. A classe operária mundial e do Norte da África dão o tempo, e tiram o poder de fogo ao imperialismo para que não possa tentar um massacre prematuro dos explorados. Um regime de duplo poder abriu-se, mas não se podem ter dois poderes dentro de um mesmo estado. O pacto que se tecia por atrás, contra as massas, em Misarrata entre o CNT, Khadafy e a OTAN, era para impedir isto. Mas as massas romperam dito plano e chegaram a Trípoli a fins de agosto. Os amigos do CNT e as choronas de Khadafy, que sigam chorando! É que fazer uma nova Líbia é o sentimento das massas do Egito profundo que voltaram a tomar a Praça Tahrir. É o sentimento das massas tunisianas, que se resiste a entrar na fraude das eleições da UGTT e dos partidos burgueses, com o apoio de todas as burocracias sindicais européias. É o sentimento das massas da Nigéria que hoje ganham as ruas ao grito de: “Fora Jonathan, ou morrerás como Khadafy!”.

O chacal Khadaffy e seu filho justiçado pela revolução

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O reformismo quer ocultar que na Líbia há um regime de duplo poder

Hoje vemos uma corrida de velocidade entre os khadafistas e os CNTistas para que nenhum operário do mundo chegue à conclusão de que para conquistar o pão há que se armar e derrotar à burguesia. Uns dizem que sem as burguesias “boas”, nem sonhando, podíamos lutar e derrotar aos “Khadafy” que reprimem e esfomeiam aos trabalhadores. E outros, quando enfrentamos aos burgueses “progressistas” ou “antiimperialistas” (como Chávez, Morales ou Khadafy) para conquistar o pão, dizem que não o podemos fazer porque “fazemos o jogo ao imperialismo”. Há que fazer como na Líbia? “Atenção massas massacradas da Síria. Nem se lhes ocorra”, diz- o PTS (partido mão da LER-QI, NdeT), saudando desde uma sacada na argentina. “Já está o Conselho Nacional Sírio no Istambul, e fariam o jogo a ele. Deixem-se massacrar em Damasco, Homs, etc. se não querem serem tropas terrestres da OTAN.” O pablismo da IV Internacional de hoje, deveio em defensores dos desfeitos nauseabundos do stalinismo, tem demonstrado ser já totalmente senil. É que o pablismo na segunda pós-guerra capitulava ao stalinismo, e chamava a dissolver a IV Internacional nos Partidos Comunistas, mas quando estes manipulavam e controlavam a milhares de milhões de operários de todo mundo, que inclusive vinham de esmagar ao fascismo. Localizar-se hoje como sustentadores por esquerda do PC sionista, do stalinismo sírio e do Partido Comunista que sustentava a Khadafy na Líbia, e que hoje sustenta Al-Assad na Síria, é pablismo senil, mais do que senil, já quase cadavérico. É a rendição dos renegados do trotskismo de dissolver ao socialismo revolucionário trás os desfeitos do stalinismo e das burguesias bolivarianas ou árabes, sustentadas pelo Fórum Social Mundial a nível internacional. A revolução na Líbia chegou demasiada longe. Os chefes social-imperialistas traidores e os amigos do stalinismo não puderam convencer às massas revolucionárias líbias que não aplicaram a política de pacto do imperialismo, Khadafy e do CNT para avançar a uma saída ordenada de Khadafy do governo. Os explorados não fizeram caso e marcharam a Trípoli. Chegaram bem mais longe, provocaram a todos o pesadelo que nunca quiseram sonhar. A cabeça de Khadafy não caiu por um míssil da OTAN nas mãos de um general do CNT. A Khadafy o justiço a milícia de “pobres diabos” que depois de tirá-lo de seu buraco em Sirte, enviaram sua cabeça a Misarrata. Goste ou não o reformismo, na Líbia tem dois poderes. A classe operária tem ao alcance de suas mãos a tomada do poder. O reformismo e as direções traidoras conspiram contra a revolução, todos juntos trabalham para que na Líbia se imponham saídas parlamentares, desvios, retrocessos

ou se exproprie a revolução como no Egito ou na Tunísia levadas ao beco sem saída dos parlamentos burgueses. Todos calam que o CNT com seus generais khadafistas, sob as ordens do imperialismo, tenta impor um cerco por fome às massas armadas. É um silêncio de terror. Estas direções são agentes e cúmplices desta chantagem contra as massas revolucionárias da Líbia. Mas os explorados insurrectos novamente rompem seu silêncio. Enfrentam aos tiros com os generais khadafistas e ao CNT, como em Bengasi; se enfrentam nas ruas de Trípoli contra os khadafistas, como fazem em Misarrata em seu percurso a Brega. As milícias e as massas armadas sabem quem são os que combateram e quem foram os “velhos amigos” de Khadafy. A eles lhes apontam, porque sabem que eles, com o imperialismo, têm a chave do pão… Por isso as milícias de Misarrata começam a pintar a consigna de “Hoje Líbia, amanhã Wall Street”. Em Wall Street estão os aliados das massas da Líbia, nos jovens e trabalhadores “indignados” que cercam e combatem contra esses parasitas da oligarquia do capital financeiro; não na esquerda lacaia de Obama. As greves revolucionárias dos operários começaram. Os docentes e municipais, auto-organizados, põem em marcha a educação nas escolas, a limpeza nas cidades e restabelecem os serviços públicos. Para receber seus salários devem marchar com suas milícias e pôr as armas na cabeça dos generais e políticos khadafistas do CNT. Quando fazem greves por seus salários, as massas armadas defendem suas demandas. Suas greves são defendidas com as armas na mão. Ou as defenderá talvez o CNT, que “tanto controla às milícias armadas”, como pregam os lacaios do imperialismo? Isto desvela a todos os reformistas: as massas, em seus postos de trabalho, fazendo greves, armadas!

A maioria das fábricas estão fechadas. A burguesia tem fugido, ou teve a sorte de Khadafy e os khadafistas. O CNT alerta que “o Corão não permite roubar”. Os operários vêem que essas fábricas as faziam produzir com suas mãos. A

tendência a ocupá-las e pô-las a produzir sob seu controle já se desatou em toda Líbia. Em Trípoli existem milícias de todas as cidades da Líbia. As massas armadas vêem que nessa cidade está o poder. Está colocado fazer um apelo a que se ponha em pé, ali mesmo, um congresso de todas as milícias e organizações operárias de toda Líbia, na mesma praça dos mártires ou no luxuoso palácio, de várias quadras de extensão, do Khadafy justiçado. Esse parlamento operário e armado seria o único com autoridade para definir os destinos da Líbia, desarmando aos generais do CNT e julgando e castigando a todos os políticos assassinos cúmplices de Khadafy, confiscando todos seus bens. A ENI e o CNT estão tirando já o 60% do petróleo que exportava Líbia na época de Khadafy. Esse governo dos comitês operários e das milícias, expropriando sem pagamento o banco, os portos e as petroleiras, teria enormes rendimentos para conseguir alimentos para todos os trabalhadores e o povo da Líbia. Estas são as tarefas imediatas que estão colocadas.

O programa do reformismo: “Nunca mais uma nova Líbia!”

Contra eles os trotskistas afirmamos: Para conquistar o pão, temos que seguir o

caminho das massas líbias e levá-lo ao triunfo com a tomada do poder

O programa do reformismo é “nunca mais uma nova Líbia!” Todas estas correntes querem que não aconteça o que aconteceu na Líbia na Síria, no Egito ou na Tunísia, e não seja que as massas exploradas da Europa decidam seriamente combater como na Líbia. Esse é o programa do reformismo. Que as massas da Europa não se armem e destruam os exércitos contra-revolucionários imperialistas nas metrópoles, não derrotem as autocracias da V República francesa, dos Borbons da Espanhola, da

city de Londres, das corporações fascistas do Japão, assassinas dos povos oprimidos e exploradores de sua própria classe operária. E muito menos (isto sim que não querem os reformistas) que derrote o regime dos “republicratas” nos Estados Unidos que com seus comandos militares nos cinco continentes fazem valer, com seus centuriões, o caráter de potência dominante do imperialismo ianque na crise econômica mundial.

“Hoje Líbia, Amanhã Wall Street”

Sarkozy e Cameron junto ao CNT em Bengasi

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Todos têm aprendido, e eles o sabem muito bem, que quando começa uma revolução no mundo colonial e semi-colonial, por milhares de laços - e o mais importante: quando o imperialismo fica ferido - esta tende a chegar às metrópoles. Assim sucedeu em Portugal em 74-75, quando seu exército voltava derrotado pelas massas em Guiné Bisseau e Angola. Em Lisboa e toda Portugal, os trabalhadores desarmaram ao exército, se armaram e puseram em pé os comitês de operários e soldados em toda Portugal. É que a revolução Líbia tem a chave, se se estende a Europa e Estados Unidos, para sincronizar com a classe operária desses países e abrir processos revolucionários como os da Líbia, Tunísia e Egito, ao interior das potências imperialistas. Em última instância o reformismo, como um mágico do circo, tenta ocultar que na Líbia se estabeleceram dois poderes. Por um lado, o CNT e seus oficiais e políticos khadafistas sustentados pelo imperialismo, expropriando por agora o triunfo da revolução socialista. Pelo outro lado, um poder armado da classe operária e dos explorados pôs-se em pé, ocupando já todo o território nacional da Líbia com a tomada de Trípoli e Sirte. Ou impõe-se a classe operária tomando o poder, ou a burguesia encherá Líbia de um banho de sangue, se os enganos e as conspirações que há contra as massas armadas chegam a se impor. É que a contra-revolução criará as condições para esmagar aos organismos de duplo poder, em primeiro lugar cercando por fome às massas, cidade a cidade. Inclusive alentando a que as massas famintas, se disputando o que não há, vão a confrontos fraticidas ou bem troquem suas armas por pão. As armas não se entregam nem à OTAN, nem ao CNT e nem aos khadafos! Que viva o duplo poder! Fora o CNT! É preciso expropriar sem pagamento e sob controle operário a todas as petroleiras e fábricas da Líbia! Pelo triunfo da revolução socialista! Mas isto não se resolverá tão só no terreno da Líbia. Não estamos frente a “uma” revolução, senão em frente a diferentes elos de uma só corrente de revoluções que sacode a todo o Norte da África e Oriente Médio; que tem seu grande aliado na classe operária européia, que enfrenta a ditaduras, autocracias e regimes contra-revolucionários tão ou mais assassinos e esfomeadores que os que as massas derrocaram no Norte da África. A revolução Líbia se definirá no combate internacional da classe operária do mediterrâneo, e na África, onde seus combates se estendem já à Nigéria insurgida pela classe operária e os explorados.

Que viva a revolução socialista no Norte da África! Pelos estados unidos socialistas do Magreb! Pela federação de repúblicas operárias e socialistas no Oriente Médio! Fora yanquis de Iraque e Afeganistão! Pela destruição do estado sionista-fascista de Israel! Fora Al-Assad! Por um governo provisório revolucionário dos comitês operários de coordenação e dos soldados em armas da Síria! Eles devem expropriar aos “novos ricos”, a burguesia importadora síria, sócia do imperialismo na telefonia, na informática e nas telecomunicações. A liquidação deste governo assassino corresponde às massas; não às lacaias burguesias árabes nem ao Conselho Nacional Sírio das burguesias capachas do imperialismo em Qatar. Uma só classe, uma só luta! Abaixo a Maastricht imperialista! Abaixo Putin e demais assassinos e lacaios do

imperialismo do Leste europeu! O inimigo já o marcou a vanguarda da juventude e a classe operária norte-americana: é o 1% de uma oligarquia financeira mundial, que atira toda sua crise à classe operária e aos povos oprimidos do mundo. Por isso, como já se pinta e se combate nas ruas de Misarrata: “Hoje na Líbia, amanhã em Wall Street!” Aguça-se a crise de direção do proletariado revolucionário. Isto significa que enquanto preparam condições para novos golpes contra-revolucionários, as direções traidoras da classe operária na Europa, impedem que os trabalhadores desse continente resolvam o problema da fome das massas líbias. É que nos bancos europeus e dos EUA estão os 350 bilhões de dólares que expropriaram às massas líbias. A classe operária européia deve paralisar os portos e desviar os barcos com alimentos para Líbia! É preciso rodear os bancos e cercar Wall Street para devolver às heróicas massas líbias os bilhões que lhes roubaram! Nesse combate as massas líbias verão seus aliados e só assim resistirão à fome e a luta contra os agentes do imperialismo na região, como o CNT.

As direções traidoras do proletariado querem ocultar cinicamente, para que a classe operária não saiba que na Líbia as massas chegaram bem longe, já que hoje têm as armas para conquistar o pão e o poder ao alcance da mão. Mas também, estas correntes não querem que as massas européias e de todo o mundo vejam qual é o caminho à vitória. Na Nigéria e Síria, as massas já combatem e dão passos para adiante como na Líbia. A classe operária européia prepara novos embates contra Maastricht, que derruba atirando toda sua crise sobre os explorados. A classe operária norte-americana volta ao combate. Há tempo e sobram condições para que as massas não se rendam nem na Líbia, nem no Norte da África nem no Oriente Médio. As massas chinesas já protagonizam centenas e centenas de revoltas, como as

que iniciaram as massas no Norte da África contra os exploradores. A crise do capitalismo mundial tem imbricado a todas as nações e continentes em uma decadência e catástrofe que o imperialismo atira sobre os trabalhadores. Mas, seguindo a rota dessa crise e essa catástrofe, começam a avançar novas ofensivas e respostas das massas. Aqui e lá os cercos das direções reformistas, que tentam salvar ao capitalismo das massas enfurecidas, estouram, se descentralizam, enquanto, em

seu combate, as massas tendem em coordenar sua luta a nível internacional. O reformismo cerca as revoluções, e as massas, com seu grito de guerra de “temos que brigar como na Líbia” ou como no Egito, que se escuta nas ruas de Nova York, Atenas ou Madri, tende a romper esses cercos de sua luta. Fica demonstrado que quem fala em nome do socialismo e da classe operária e não se coloca de forma revolucionária na Líbia (um dos processos revolucionários mais avançados do planeta), nesta revolução de caráter histórico, não poderá falar nunca mais em nome da classe operária e preparar seu triunfo. A FLTI é um ponto de apoio e de reagrupamento da vanguarda revolucionária mundial em sua luta por refundar a IV Internacional de seu congresso de fundação de 1938, que declaramos guerra a todas estas correntes reformistas que tentam passar aos inimigos do proletariado mundial como seus amigos; e a seus aliados como seus inimigos. Hoje mais do que nunca as massas precisam da IV Internacional expurgada de traidores, liquidadores de seu programa e lacaios da burguesia! Pela refundação da IV Internacional de 1938!

COMITÊ EXECUTIVO INTERNACIONAL DA FLTI

Khadaffy e Obama

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Correspondentes desde Líbia

A REVOLUÇÃO LÍBIA AO DIA

Os acontecimentos mais sobressalentes da revolução Líbia dos últimos dois meses, contados pelos combatentes desde o campo de batalha

Já passaram quase três meses desde que o cachorro Khadafy foi justiçado. Mas ao dia de hoje as principais demandas que motorizaram a insurreição que protagonizamos os operários e o povo pobre da Líbia seguem absolutamente insatisfeitas. A fome voraz aprofunda-se cada dia mais, tanto como o ódio ao saque das riquezas naturais da nação. Não há trabalho e os poucos que estão trabalhando recebem salários de miséria, enquanto esses políticos e generais khadafistas do CNT decretam tarifaços que faz cada vez mais insuportável a existência dos que deixamos a vida no campo de batalha para conquistar o pão. A cada vez fica mais claro que esse CNT veio a nos usurpar a revolução. O descrédito e ódio contra esse lixo aumentam dia a dia entre as massas líbias.

REPORTE 1: COMEÇAM AA PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES CONTRA O GOVERNO DO CNT ANTE O DESCONTENTAMENTO GERAL DE TODO O POVO No começo do mês de dezembro começaram algumas mobilizações das milícias na zona oeste do país contra o CNT, a carestia da vida (teve aumentos de até 35 % nos alimentos) e o desemprego. Ante isto, o CNT organizou uma contramarcha, mas a ela só assistiram uma quantidade ínfima de manifestantes que foram pagos por uma das filhas do ditador, Aisha. Enquanto sucedia isto, entre 2.500 e 3.000 milicianos de Zentan, do oeste do país, marcharam a fortalecer a ocupação do aeroporto de Trípoli, para evitar que o CNT retome o controle. Estes milicianos em dezembro impediram que um empresário que subia a um avião neste aeroporto fuja com uma mala cheia de dinheiro. Ao grito de “O dinheiro é do povo!”, impediu que o empresário fugisse do país.

O ódio contra os funcionários do CNT aumenta por ter sido colaboracionistas com Khadafy. Um exemplo disso é que em 10 de dezembro em um dos bairros de Trípoli, os trabalhadores e as milícias provenientes de Zentan tentaram justificar o chefe do Estado Maior do Exército do CNT, Kalifa Heftar, mas lamentavelmente não conseguiram.

REPORTE 2: A LUTA CONTRA OS FUNCIONÁRIOS KHADAFISTAS DO CNT

Do lado oeste, as mobilizações em massa crescem dia a dia. No final de dezembro, em Bengasi teve uma tentativa das milícias de justiçar o vice-presidente do CNT, Abd Al-Hafidhz Ghoya, quem se encontrava no hotel “Tibesty”, o hotel mais luxuoso da cidade (os membros do CNT não padecem de fome e de miséria como nós). As milícias arremeteram aos disparos limpos contra o hotel onde se encontrava esse delinqüente, seguido por toda a população de Bengasi, desde os

mais jovens, até os mais velhos e também as mulheres, todos ao grito de “Mentiroso! Corrupto! Onde está o dinheiro da juventude e do povo?!” Lamentavelmente, Ghoya se salvou da casualidade do ódio das massas de Bengasi. Também se realizou uma mobilização das milícias exigindo a renúncia do Ministro de Economia do CNT, Taher Sharkas, ao descobrir que Khadafy o tinha nomeado como Ministro em 18 de agosto. Ao outro dia, Sharkas teve que renunciar.

A açougueira Hillary Clinton na Líbia saudando seus lacaios do CNT

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REPORTE 3: A GREVE PORTUÁRIA DE TRÍPOLI

As magníficas ações que desenvolveram em Bengasi já se massificaram em toda Líbia. Em primeiro lugar a Trípoli, onde os 1800 operários do maior porto comercial do país têm saído à paralisação em demanda de melhores condições trabalhistas e também reclamando que se expulse do porto a todos os que colaboraram com Khadafy. 300 trabalhadores armados, os portuários das milícias, conformam o piquete de greve. Desde 1° de janeiro os operários bloquearam a entrada principal do porto, cortando a rota de acesso. Trata-se de um porto que em 1980 ficou destruído devido a uma enorme tormenta. Por exemplo, estão os fornecimentos de água cortados até o dia de hoje. Desde então, nem Khadafy nem seus continuadores do CNT têm feito nada para arrumá-lo. Esta questão agravou-se depois dos bombardeios desses “abutres do céu” da OTAN que destruíram ainda mais as instalações do porto. Têm existido duros confrontos militares armados. Muitos conhecidos khadafistas do porto têm sido justiçados e isto aproveitou o CNT para assassinar também a alguns milicianos.

REPORTE 4: A VIDA COTIDIANA NA LÍBIA PÓS-KHADAFY

Após a guerra a infra-estrutura já miserável do país ficou semi-destruída ou destruída totalmente. Não tem serviços. A água corta-se o tempo todo e só às vezes tem eletricidade. Em muitos bairros não há esgoto (porque nunca as teve) e em outros, estes estão totalmente colapsados como sucede na maioria dos bairros operários de Trípoli. O mais cruciante é o estado dos hospitais. No oeste a maioria foi bombardeada por Khadafy. Hoje se encontram totalmente colapsados pela enorme quantidade de feridos e doentes. O desespero é porque tem um total desabastecimento de medicamentos e muito poucos médicos. Hoje os hospitais estão funcionando graças aos brigadistas voluntários. O

mesmo sucede quanto à educação, segurança e limpeza urbana: são as mesmas massas que em grande exemplo de fraternidade tomam em suas mãos as tarefas de forma voluntária. Desde mestres voluntários até guardas urbanas feitas pelos milicianos. Inclusive, se pode ler em diferentes imprensas por internet – desde que seja possível se ligar, questão que é muito difícil e às vezes impossível -, onde

os porta-vozes do imperialismo alertam que desde a queda desse assassino de Khadafy, são as milícias revolucionárias as que fazem a lei no país e as que garantem grande parte das tarefas de manutenção da ordem. Isto é assim. Em Trípoli muitas milícias instalaram-se em edifícios oficiais do antigo regime khadafista e também nas residências e granjas que pertenciam aos

seguidores de Khadafy; enquanto bloquearam diferentes pontos estratégicos da capital. Milícias de Misarrata, Bengasi e Sirte agora controlam a maioria dos bairros de Trípoli. Todos os dias há escaramuças e tiroteios com mortos contra os generais do CNT, enquanto estes também tentam comprar os setores das mesmas milícias. Enquanto, os milic ianos montaram um operativo para desativar as minas que o exército tinha espalhado arredor da cidade de Brega, questão que era um perigo porque muita gente ficou ferida quando se transladava quando as minas detonavam. Várias brigadas de voluntários junto às milícias limparam todas as rotas e caminhos

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REPORTE 5: FRACASSA O ULTIMATO DE DESARMAMENTO DO CNT. NOVOS CONFRONTOS COM AS MILÍCIAS

Com respeito ao ultimato de desarmamento de 20 de dezembro, este foi desacatado. E não só por Misarrata, senão que é geral em toda Líbia. Ninguém tem entregado suas armas. Estas seguem em mãos da população, depois que as conseguiram nos arsenais de Khadafy. Como o desarmamento fracassou seguem as tentativas do CNT por “cooptar” às milícias e integrar ao Exército (para esta tarefa o CNT conta com a ajuda dos governos dos EUA, França e demais bandidos). Com esse objetivo os soldados do Exército realizaram uma mobilização em Be ngasi no dia 5 de janeiro exigindo o pagamento dos salários atrasados dos últimos 3 meses e também que as milícias se incorporem às Forças Armadas.

O cadáver do Khadaffy justiçado pelas massas líbias

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Outra coisa que o CNT está fazendo são promessas de pagar ressarcimentos (que iriam entre 2.000 e 4.000 linares; aproximadamente entre 1.500 e 3.000 dólares) a todas as famílias danificadas pela guerra civil. Por agora isto não é mais do que promessas, mas o CNT utiliza como chantagem para que os milicianos devolvam as armas ou se não, não cobrarão o dinheiro. Outro fato importante foi o confronto que ocorreu no fim de dezembro em Ben Walid entre a polícia do CNT e os milicianos de Misarrata. Vários companheiros caíram assassinados nesse combate. Rapidamente correu o rumor dos responsáveis por este fato que tinha sido bandas khadafistas, mas depois soube-se – porque já não puderam ocultar mais - que quem ordenou o ataque contra nossos milicianos tinha sido o CNT, esses fiéis continuadores da política do ditador. Também teve confrontos com saldos fatais em Trípoli no começo de janeiro, entre grupos de milicianos de Misarrata e a polícia do CNT em um edifício que antes Khadafy usava como sede de seus serviços de inteligência.

REPORTE 6: A FOME E O DESEMPREGO APROFUNDAM-SE.

O CNT TENTA CERCAR ÀS MASSAS POR FOME

A situação está muito tensa: é que as maiorias das empresas na Líbia estão fechadas. Nem tem o menor sinal de que algum setor do imperialismo ou a burguesia Líbia se anime a reabrir suas empresas. O terrível desemprego e a fome têm motorizado as lutas das massas contra o CNT defendendo: “Onde estão as fontes de trabalho que prometeram? Onde está o dinheiro que roubou Khadafy?” As fábricas estão fechadas, mas totalmente equipadas. A burguesia não teve tempo de esvaziá-las, porque fugiu rapidamente ou diretamente foi justiçada pelas milícias como em Misarrata. Estão todas as máquinas e implementos para fazer andar e produzir as fábricas. A tensão em Misarrata aguça-se. As massas resistem numa economia de subsistência. O CNT tenta cercá-las por fome. É que as milícias afirmam: “Aqui ninguém quer nem crê nada do CNT! A revolução está viva! Misarrata está orgulhosa de que seus milicianos tenham matado ao

cachorro de Khadafy e seu filho! Ninguém se desarmou nem se desarmará!” E as milícias clamam por um governo seu, com a juventude à cabeça, porque foram os jovens a vanguarda no combate contra Khadafy os que mais mortos deixaram.

REPORTE 7: A TOMADA DA METALÚRGICA DE MISARRATA

Ante o desespero pelo desemprego e a fome, realizou-se uma enorme mobilização de milhares de operários na primeira semana de janeiro em Misarrata rodeando a única metalúrgica da Líbia chamada “Empresa Líbia de ferro”, demandando que o CNT a ponha a funcionar. Mas o CNT nunca chegou e começou a discussão entre os presentes sobre o que fazer. Tinha muitos operários que antes trabalhavam ali, e outros que não. Entre todos debatiam como fazer para produ zir. Em Bengasi também os milicianos estão se organizando para ocupar as fábricas e empresas para fazer funcionar.

REPORTE 8: ANTE A FALHA DO ULTIMATO DE 20 DE DEZEMBRO, O CNT APROFUNDA SUA CAMPANHA

DE CALUNIAS CONTRA AS MASSAS ARMADAS E MANDA SUA POLÍCIA ENCOBERTA DE MILÍCIA A DESARMAR VIOLENTAMENTE AOS MILICIANOS DA AL-ASABIA

Na sexta-feira 13 de janeiro, o CNT enviou sua polícia encoberta como “milícia de Gharyan” a desarmar às massas da Al-Asabia. No confronto com morteiros, lança-foguetes e metralhadoras, teve 2 mortos e 36 feridos. O ministro de defesa do CNT encabeçou a ofensiva de desarmamento e desde Gharyan lançou uma terrível calunia contra as massas armadas dizen do que na Al-

Asabia “tem leais de Khadafy”. Cínicos! Os únicos khadafistas são o CNT, seus ministros e sua polícia! Tudo isto fizeram para encobrir seu verdadeiro objetivo que era recuperar os tanques, morteiros, foguetes e metralhadoras que tem o povo da Al-Asabia e sua milícia. Mas depois de 2 dias de confrontos não conseguiram!

As marcas da guerra civil na Líbia

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REPORTE 9: O CNT OCULTA AO POVO LIBIO O SAQUE ATUAL DAS PETROLEIRAS IMPERIALISTAS

Líbia é o país de maiores reservas do continente africano e o oitavo mundial, com 46 bilhões de barris (4,5% das reservas globais). A extração de petróleo na Líbia era, até que começou a revolução, dentre 1.3 e 1.6 bilhões de barris cru diários, com o qual produzia 2% do petróleo mundial. Em dezembro de 2011, após vários meses de inatividade, a cifra atingiu os 800.000 barris. O 60 % do petróleo se exportava a Europa, sendo um de seus principais provedores. O principal

comprador do cru líbio foi Itália, com 28% do saldo exportável em 2010. A produção de petróleo e gás de ENI na Líbia chegou a 200.000 barris diários, o que equivale a mais U$D 2 milhões por dia. Todos os reservas de cru e gás da ENI italiana estão sacando o petróleo líbio. O reservório marítimo Bouri, operado por ENI com uma participação de 50%, tem sido o último em retomar suas operações. A produção da Repsol está em 60%, extraindo entre 200.000 e 22

0.000 barris por dia, entre U$D 2 milhões e U$D 2.5 milhões. A francesa Total atingiu os volumes de 2010, chegando a 55.000 barris cru, equivalente a mais de meio milhão de dólares diários. Enquanto estes abutres imperialistas continuam com o saque do petróleo líbio seus agentes do CNT, roubando nossa revolução, dizem que “tenhamos paciência porque não há recursos econômicos”.

REPORTE 10: A LUTA CONTRA O CNT E O MARECHAL TANTAWI

Em 16 de janeiro nos vimos surpreendidos pela visita do assassino egípcio, o Marechal Tantawi, que chegou a Trípoli para negociar com o CNT um pacto pela “segurança das fronteiras” e dos negócios de engenharia civil para ao imperialismo ianque. Uma mobilização em massa organizada pelo comitê coordenador das organizações da sociedade civil e ativistas pelos direitos líbios, chegou até as portas do luxuoso hotel “Corinthia” (que em nada se parece aos bairros operários de Trípoli onde escasseiam água e eletricidade) onde estavam Tantawi e o presidente do CNT. O protesto conseguiu chegar até o hall do hotel, ao grito de “Abaixo a ditadura militar! Tantawi e Jalil entreguem os assassinos khadafistas que fugiram e refugiados no Egito e devolvam o dinheiro do povo líbio!”. Por várias horas mantiveram bloqueada a rua de acesso ao hotel, impedindo que Tantawi, seus funcionários e os khadafistas do CNT saíssem. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REPORTE 11: MAIS UMA VEZ, EM BENGASI ENFRENTANDO AOS FUNCIONÁRIOS KHADAFISTAS DO CNT

Em 17 de janeiro, os estudantes da Universidade de Ghary Yunis, tentaram mais uma vez linchar ao vice-presidente do CNT, Abd Al-Hafidhz Ghoya, nas ruas de Bengasi. Faz várias semanas que os explorados desta cidade, encabeçados pelas milícias, vêm desenvolvendo mobilizações contra os khadafistas do CNT passados de bando a último momento. Desta vez foram os estudantes que estiveram à vanguarda de ir buscar o porta-voz do CNT, um dos personagens mais odiadas do governo. Mas lamentavelmente, outra vez, a polícia do CNT salvou esse lixo, que teve que fugir escoltado, do justo ódio das massas.

Bengasi: as massas líbias festejam a morte do chacal Khadaffy

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A propósito da pseudo-teoria das “revoluções democráticas triunfantes” no Norte da África e Oriente Médio…

Os revisionistas do marxismo não passam a prova das heroicas revoluções da Tunísia, Egito e Líbia

xiste toda uma ala da esquerda mundial e dos ex-trotskistas, que hoje poderíamos chamar “o clube de viúvas

e choronas de Khadafy”. É a esquerda que vem sustentando, desde o Fórum Social Mundial, às “boliburguesias” na América Latina, aos irmãos Castro e a quanto burguês pose de “antiimperialista” no planeta. A este ala pertencem correntes como o SEP de EUA, o POR de Lora da Bolívia, o PTS na Argentina… enfim, todas as alas filo-stalinistas dos ex-trotskistas, seja em sua variante de “apoiemos a Khadafy contra o imperialismo” ou bem “as milícias e as massas insurgentes são um apêndice da OTAN”. Estas correntes buscam encolunar à classe operária mundial detrás das “burguesias nacionais progressistas”. Em última instância, propõem que toda luta revolucionária independente das massas que enfrente a seus “burgueses progressistas e antiimperialistas”, seria reacionária. Isto é uma falácia. Não existem burgueses “progressistas” nem “antiimperialistas”, mais ainda hoje que com o desenvolvimento do crash e o derrube do sistema capitalista mundial, as burguesias nativas o único que podem fazer é atacar abertamente a suas próprias classes operárias para atirar a elas todo o peso da crise. Prova disso é que o ataque brutal contra os trabalhadores e as massas, com carestia da vida, tarifaços, demissões, repressão e morte que lançou Evo Morales na Bolívia nada tem de diferente ao que lançou Piñera no Chile ou ao ataque dos governos imperialistas contra suas próprias classes operárias. Parte deste ala da esquerda mundial é, por exemplo, o POR de Lora, que no último congresso da Federação Mineira da Bolívia, realizado em setembro de 2011, apresentou uma moção, junto à burocracia da COB e, obviamente, junto a todos os ministros traidores da COB que estão no governo de Morales. A moção foi: “Fora a OTAN; apoiemos a Khadafy contra o imperialismo!”. Essa foi a forma pela qual submeteram ao congresso mineiro… aos pés de Morales. Todas as demais proclamas “pelo socialismo”, a “nacionalização da mineração”, etc. que ditou esse Congresso foram uma saudação à bandeira. É que o apoio a Morales implicou não expulsar da Federação Mineira e da COB aos ministros que estão no governo, e que estiveram no congresso da Federação Mineira, que são os que junto a Morales aplicaram o gasolinaço e a repressão contra os camponeses do TIPNIS. O programa destas correntes de “todos contra as milícias e as massas insurrectas da Líbia” significa “sustentemos a Fidel Castro”, que está restaurando o capitalismo, despedindo um milhão de operários e recreando o direito de herança e a propriedade. “Temos que enfrentar às milícias do imperialismo”, grita este ala dos reformistas. Mas eles apóiam às burguesias nativas no mundo colonial e semi-colonial, que aplicam todos os planos do imperialismo

contra a classe operária e as massas exploradas. O PTS, caluniando na Líbia às milícias de

“tropas terrestres da OTAN”, termina como parte do “clube de choronas de

Khadafy” Tem outros bolivarianos, não menos khadafistas, camuflados. Eles afirmam que as milícias são “tropas terrestres da OTAN”. São todos parte do “clube de choronas de Khadafy”. Assim é, por exemplo, o PTS, que afirmou: “nós não vamos festejar com Clinton e Obama o assassinato de Khadafy por parte de um míssil da OTAN”. Esta corrente segue vendendo que o que teve e tem na Líbia é um filme de “far west”, onde o “moleque” da OTAN teria matado “ao mau” de Khadafy. Em dezenas de declarações, inclusive neste jornal, já temos explicado a farsa dessa mentira. Obama, Clinton, Sarkozy e todo o CNT choraram a morte de Khadafy, já que as massas estenderam sua luta a Trípoli e Sirte e, derrotando a Khadafy, impuseram um regime de duplo poder. Foi o CNT, sob as ordens de Obama e Sarkozy, que exigiu deter aos milicianos que justiçaram a Khadafy e o que impôs um ultimato às milícias para que estas se desarmem. Para desgraça da direção do PTS, as “tropas terrestres da OTAN” (como eles gostam de chamar aos operários e explorados armados) nem se renderam, nem entregaram as armas. Seguem justiçando a generais assassinos khadafistas, e já começam a disparar contra os políticos burgueses do CNT. A OTAN e o imperialismo, junto a todos os generais khadafistas e sua casta de oficiais, impuseram o governo do CNT, expropriando por enquanto a crise revolucionária nas alturas que significou a derrota de Khadafy. Conseguiram reconstituir “por cima” a casta de oficiais de Khadafy, e puseram ao mesmo cachorro outra coleira, a do CNT. Mas não puderam impedir que as massas estivessem armadas… controlando os bairros de Trípoli e a Misarrata insurrecionada (onde começam a tomar as fábricas com as milícias armadas); ou fazendo greves duríssimas como os operários portuários de Trípoli, sustentados e

apoiados por 300 milicianos dos bairros operários do porto. Raras “milícias da OTAN e da contra-revolução democrática”! Os renegados do trotskismo, lacaios dos bolivarianos e do castrismo, acompanham às frações burguesas às que servem até a tumba. Temos que dizer a verdade, as massas armadas que marcharam de Zenten e Misarrata, do oeste e do leste, a Trípoli, longe de serem as “tropas terrestres da OTAN”, foram a máxima expressão de uma insurreição e guerra civil (que começou em janeiro-fevereiro na Líbia) que, por enquanto, não conseguiu tomar o poder (como também não conseguiram os heróicos operários e explorados do Egito ou Tunísia). Por crise de direção, as massas líbias têm entregado o poder aos que nada fizeram para conquistar: o CNT, apoiado nos generais de Khadafy. O PTS poderá fantasiar e mentir aleivosamente sobre que tem “generais khadafistas de aqui e de lá que controlam as milícias”. O que não poderão dizer é que algum desses generais armou às massas, expropriou os tanques, combateu contra os oficiais khadafistas e marchou a Trípoli, nem muito menos que algum deles tenha justiçado ao assassino Khadafy. Estes khadafistas sem vergonha do PTS não podem explicar o que faziam Khadafy e seus mercenários, sustentados pela CIA em Trípoli, sob a supervisão do Partido Republicano dos EUA, nas portas de Misarrata. Enfrentava à OTAN e a suas “tropas terrestres”? Digamos a verdade. Khadafy foi rearmado até os dentes pelo imperialismo para, primeiro, esmagar a insurreição das massas em Trípoli e depois marchar para o leste para esmagar às massas insurrectas. Assim foi como chegou até as portas de Misarrata, onde enfrentou às massas armadas. O PTS, com sua política de caluniar as milícias de Misarrata como “tropas terrestres da OTAN”, resultou ser, nem mais nem menos, que a infantaria dos tanques de Khadafy, de Trípoli a Misarrata. Em Misarrata, Khadafy negociava com o CNT e a OTAN uma saída “elegante”. O imperialismo exigia um acordo entre a “contra-revolução fascista” de Khadafy e a “contra-revolução democrática” do CNT

E

Milícias operárias com seus uniformes de trabalho

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(como as chama o PTS). Para o imperialismo este pacto era necessário porque Khadafy já não podia ser mais o agente que dê legitimidade em seus negócios, porque Khadafy vinha massacrando a mais de 10.000 trabalhadores e explorados em Trípoli em fevereiro, e mais ainda porque suas forças contra-revolucionárias tinham sido esmagadas pela insurreição das massas em dezenas de cidades do leste ao oeste da Líbia, que derrotaram aos governos khadafistas locais, como em Bengasi ou Misarrata. A “contra-revolução democrática” (como gosta falar estes “intelectuais” de baixo nível do PTS) só perseguia o objetivo de reconstituir a casta de oficiais de Khadafy. Tinham que voltar a soldar a casta de oficiais para impedir um descalabro do estado burguês… que para estes democratas pequeno burgueses pareceria ser que não é uma banda de homens armados. Parece mentira que o PTS discuta contra a teoria da “revolução democrática” da LIT, quando propõe, em última instância, que ambas “contra-revoluções” (a “fascista” e a “democrática”) são irreconciliáveis. Sob o comando do imperialismo, ambos agentes queriam impedir, a todo custo, que as massas chegassem a Trípoli e esmagassem a Khadafy. Isso significava levar a Trípoli e toda Líbia o método e a organização das insurreições vitoriosas de Misarrata e Bengasi, que é o que finalmente tem ocorrido. Insistimos, em Misarrata estava pactuando como impedir que as massas chegassem a Trípoli e terminassem de desmantelar a casta de oficiais contra-revolucionária do estado burguês. Para os exploradores, tratava-se de reagrupar a casta de oficiais, sob o comando do CNT, isto é, mudar a coleira do mesmo cachorro. O PTS sempre aferrado à pseudo-teoria

da “revolução democrática”

É que o PTS não é somente um khadafista oculto, senão um simpatizante da “revolução democrática”, que a transforma em um “oposto irreconciliável” com o “bonapartismo khadafista”. Mas estes democratas vulgares não entendem nem entenderão jamais que o estado se reduz a uma banda de homens armados, que na Líbia foi esmagada pelas massas armadas em uma corrente de insurreições locais que rompeu a sua base. Dividiu-se a burguesia e a casta de oficiais ao redor de como melhor esmagar às massas e sua revolução (seja sustentando a Khadafy ou desviando pela via parlamentar e “democrática”). Mas essa divisão tinha que fechar. Tinha que reunificar à casta de oficiais, que é a essência das instituições – ao dizer de Marx - que defende a propriedade privada DO CONJUNTO DE TODAS AS FRAÇÕES BURGUESAS. Justamente isto foi o que fez Napoleón Bonaparte contra a reação feudal a fins do século XVIII e princípios do XIX, e as tropas de Versalhes em 1872 esmagando A Comuna do Paris. Para o PTS as revoluções do Norte da África são também as “primaveras dos povos”, as “primaveras árabes”. Em um artigo editado em 29/12/2011, de forma descarada, propõem que “no Norte da África se abriu um ciclo de levantamento de massas contra as ditaduras de Ben Ali e Mubarak na Tunísia e no Egito”. A confissão de parte, relevo de provas. Não só o PTS é um adendo da esquerda de Khadafy desde Trípoli

a Misarrata. Também é um adendo da esquerda das “revoluções democráticas” contra as “ditaduras” do Egito e da Tunísia. Ali festeja o “triunfo da democracia” nas “primaveras árabes”. O início de revoluções operárias e socialistas contra a fome, os tarifaços, o desemprego, onde as massas arremeteram contra todo o poder existente dos exploradores? Para nada. Para eles são “primaveras árabes”, “levantamentos contra as ditaduras”. E esta gente é a que se diz que “combate à pseudo-teoria das revoluções democráticas”... Esta gente, que fala desde suas cátedras de “intelectuais” da Universidade de Buenos Aires, tem demonstrado não entender absolutamente nada. É um reformismo “elegante”. Poderá alguma vez o reformista da “revolução por etapas” e das “revoluções democráticas” compreender que nesta época de crise, guerras e revoluções as massas se insurgiram, desarmado exércitos, deixando milhares de mártires e mortos nas ruas, pelo pão? A polêmica do PTS que tem com a LIT é uma comédia de enredos. É que ambos têm a mesma premissa: as revoluções que sacodem no Norte da África e Oriente Médio não são revoluções socialistas senão “levantamentos das massas contra as ditaduras”, “primavera dos povos”. Que são as “primaveras dos povos”? São “revoluções democráticas” onde a burguesia arma às massas para combater à nobreza (neste caso as autocracias), como sucedeu na Primavera dos Povos da revolução de 1848 na França. O que tem a ver essa “primavera” do século XIX com os processos de revoluções do Norte da África de hoje? Nada. A direção do PTS vive em um mundo onde há um “capitalismo pujante e vigoroso”. A Primavera dos Povos de 1848 foi na época de um capitalismo florescente. Deste então, a burguesia tinha que se sacar de encima à nobreza e à monarquia, à que tinha chamado para que administre seus estados para que a burguesia possa esconder seus ganhos ante os operários que explorava. Mas esse estado com a nobreza e a monarquia saía muito caro. A burguesia precisava um “estado barato” para dar um novo impulso às forças produtivas e investir em maquinaria e sair da crise industrial na que se encontrava. A conclusão desta “primavera francesa de 1848”, para o marxismo foi muito clara: Assim a burguesia deu o último impulso do século XIX a um avanço capitalista que, pese a ter ciclos de crises, expandiu as forças produtivas até a entrada da primeira década do Século XX. Esta expansão rompeu os seus dentes com a emergência do imperialismo, que não é mais que o capitalismo em sua fase parasitaria. A outra conclusão muito simples que sacou o marxismo é que nunca mais a burguesia armou à classe operária para derrotar a um “inimigo comum”, já que a classe operária armada não somente disparava contra os nobres senão que começou a pôr o fuzil na nuca da burguesia. Essa “primavera dos povos” terminou aos tiros, entre a burguesia e seu exército, e o proletariado, que foi rapidamente desarmado. É mais, por pânico ao armamento do proletariado, na Alemanha, a burguesia fez um acordo com os Junkers em 1851 para fazer um traspasso ordenado do governo destes ao regime burguês semi-parlamentar

chamado Bismarkismo, em honra a Bismark que é quem fez estas reformas, justamente para impedir que o proletariado se arme. Insistimos, que discute o PTS com a LIT, se ele mesmo dá virtuosismo e vigor à burguesia “democrática”, que é capaz de armar operários para esmagar ditaduras e autocracias? E se os esmagamentos das ditaduras e das autocracias o fizeram os operários pelo pão, contra a fome e a escravatura, não estamos em frente a “primaveras dos povos” contra Ben Ali e Mubarak, senão em frente ao início de revoluções socialistas. Isso foi o que fizeram as massas na Líbia, chegando mais longe que no Egito e na Tunísia, desarmando e partindo ao exército do maior lacaio do imperialismo no Norte da África (Dom Khadafy), e impondo hoje seu duplo poder armado em toda Líbia. Podem entender estas correntes pequeno-burguesas que o fato que tem empurrado às massas aos processos revolucionários foram os brutais ataques ao salário e um combate contra a carestia da vida e o desemprego crônico, que levou inclusive a jovens desesperados – que como técnicos em computação não os deixava nem sequer vender verduras na rua - a imolar-se como na Tunísia? Ao PTS – e também ao NPA e ao POR da Bolívia, que vêem “primaveras” no Egito e na Tunísia - teria que fazer a seguinte pergunta: são “revoluções democráticas” contra as “ditaduras”? Pois não, são revoltas, greves gerais, revoluções, desarmamento do exército, tomadas de delegacias, insurreições espontâneas pelo pão, contra a fome, por trabalho, SÃO O INÍCIO DE REVOLUÇÕES SOCIALISTAS. Por isso as massas atacam os governos e regimes esfomeadores das autocracias. Porque vêem que somente derrocando com um método revolucionário podem conquistar o pão. É que as massas identificavam aos Ben Ali, os Mubarak e os Khadafy como seus esfomeadores; viam que não podiam “os pressionar” para ter absolutamente nada, apenas fome, tarifaços e balas. Os explorados identificam às autocracias que, a ponta da baioneta, os mata de fome. “Revoluções democráticas” e “primaveras árabes”?… Porra nenhuma! Mas na Líbia estes teóricos das “primaveras dos povos” e das “revoluções democráticas” dividiram-se. Não podem com seu gênio. Os filo-stalinistas dos renegados do trotskismo receberam sua ordem: Khadafy é dos seus. Cuidado. “Primavera dos povos no Egito e na Tunísia sim, mas na Líbia não”, e o PTS obedece com gosto como khadafista envergonhado. Em troca, a LIT e seus amigos do NPA são coerentes. Propõem “revolução democráticas” em todos lados. O PTS, com o dedo parado, quer assustar

a vanguarda revolucionária mundial sobre a experiência do ELK no Kosovo,

ao que sustentou com um programa democratista pequeno burguês

O PTS, que anuncia o aborto desde o início da revolução na Líbia, ameaça, como o professor com seu dedo parado, que na Líbia teria acontecido o dos Bálcãs, se repetindo a

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experiência do ELK (Exército de Libertação do Kosovo). Pontifica: “Cuidado, não se esqueçam do Kosovo!”, quando sabe perfeitamente que as novas gerações do proletariado nem sabem que sucedeu no Kosovo. Do cinismo nunca se volta. Aclaremos sinteticamente o seguinte, para baixar o “dedinho” ao charlatão pseudo-marxista: com a restauração capitalista na década de 90, a ex Iugoslávia, um crisol de nações oprimidas pela burocracia Grande Sérvia titoísta, inicia um processo de desintegração. O carniceiro Milosevic da Grande Sérvia foi o que comandou o processo de restauração capitalista, com mão de ferro, na ex Iugoslávia que se desintegrava. Na primeira fase, Milosevic foi utilizado por todas as potências imperialistas para disciplinar às massas, liquidar todas suas conquistas e esmagar a luta pela independência nacional das nações oprimidas. Assim como fizeram com Khadafy na Líbia, o “grande Milosevic” da “Grande Sérvia” foi sustentado pelos capacetes azuis da ONU, sob as ordens da França, que em Bósnia atuavam como “tropas de interposição” entre as minorias sérvias e as massas bósnias. Essas forças garantiam armas e o passe das tropas de Milosevic a Bósnia para massacrar e provocar um verdadeiro genocídio contra as massas dessa nação oprimida. É que, da mesma maneira que Khadafy foi sustentado por todo o imperialismo para massacrar a insurreição de Trípoli em fevereiro, o carniceiro Milosevic, apoiado na “Grande Sérvia”, foi sustentado para massacrar, um verdadeiro genocídio, às martirizadas massas exploradas da Bósnia. Já Croácia e Eslovênia tinham sido capturadas por Alemanha diretamente, como colônias diretas. A Grande Sérvia impunha a ordem da restauração capitalista em Montenegro e Moldávia. Mas Belgrado e a Grande Sérvia não podiam terminar de esmagar às heróicas massas de Bósnia e tampouco a do Kosovo. Centos de milhares de operários kosovares, de origem albano, ansiavam unir-se –por ser a maioria do Kosovo dessa origem étnica- à Albânia insurrecionada contra a burocracia restauracionista, que tinha roubado todas as poupanças da população no ano 1997. As tropas sérvias, alentadas por França, a ONU e EUA, entraram ao Kosovo a sangue e fogo. Massacraram a milhares de explorados em Verikakrusa. Esmagaram a greve revolucionária das massas kosovares, que se insurrecionavam com seus irmãos da Albânia exigindo a independência nacional. As tropas russas mobilizavam-se também para esmagar ao Kosovo insurrecionado. Mais de 400.000 refugiados fugiram do Kosovo. E quando este massacre foi executado, interveio a OTAN. Esta junto com Milosevic e as tropas russas (que a sua vez defendiam a Milosevic, junto com França, na Bósnia ocupada), abriram uma corrida de velocidade para ver quem massacrava e destruía mais o Kosovo insurgido. O que foi o ataque da OTAN? Falemos claro, e deixem de mentir. A OTAN invade e ataca a sangue e fogo a todas as nações dos Bálcãs, incluída a Grande Sérvia, uma vez que seu agente Milosevic esmagou na Bósnia, massacrou ao Kosovo e garantiu uma aberta política contra-revolucionária de restauração capitalista na Grande Sérvia.

O imperialismo usou o seu agente Milosevic, quem ainda no meio dos ataques da OTAN, fazia uma corrida de velocidade para ver quem matava e massacrava mais explorados no Kosovo. Sim, basta de falsificações e de calunias contra as massas da Bósnia e do Kosovo, submetidas, massacradas por Milosevic e a OTAN! Marx afirmava que um povo que oprime a outro não pode se libertar a se mesmo. E isto se deu a contundentemente nos Bálcãs: a classe operária da Sérvia sofreu o castigo de um bombardeio da OTAN. Digam a verdade e deixem de mentir. O momento de maior ataque da OTAN à Grande Sérvia foi junto com a Grande Sérvia, massacrando ao Kosovo. E por que o ataque da OTAN a Sérvia, depois de utilizar ao açougueiro Milosevic para destruir a luta pela independência e a autodeterminação dos explorados dos Bálcãs? Muito simples, senhores do PTS. Porque a Grande Sérvia não podia ser a “Grande Sérvia”, senão só uma colônia mais do imperialismo nos Bálcãs. O sonho ridículo da “Grande Sérvia”, isto é, de uma nova “potência imperialista nos Bálcãs”, terminou com Milosevic no tribunal de Haia. É que este foi um agente contra-revolucionário da restauração capitalista e não podia ser o fundador de um novo império na Sérvia. Não há lugar para novas potências imperialistas. Que Milosevic tenha sido enviado ao tribunal de Haia pela OTAN não significa que este carniceiro não tenha sido o maior e mais precioso agente do imperialismo e da OTAN para massacrar nos Bálcãs. Este foi a hiena que fez o “trabalho sujo”. E depois, veio a OTAN e o imperialismo e ficou com tudo. A Milosevic sucedeu o que acontece a qualquer gerente do imperialismo, de qualquer de suas empresas em qualquer lugar do mundo quando já não o precisa: o joga Dora e o demite. O PTS propõe que as milícias e as massas insurrectas líbias são como o ELK kosovar do 97/98. Por favor! O ELK não derrotou à burguesia kosovar nem a desarmou, nem desmantelou o estado grande sérvio, nem tinha a intenção de desarmá-lo fora das fronteiras de Kosovo. O ELK não iniciou nenhuma revolução. Foi a fração pequeno burguesa nacionalista, funcional à resposta e massacre de Milosevic. Suas filas se engrossaram com o ataque de Milosevic ao Kosovo, já que ali era o único lugar onde “poderiam ser defendido as massas” do ataque de Milosevic. É o que tentou fazer a OTAN na Líbia, em Misarrata e Bengasi. Dizia às massas: “rendam-se ao CNT porque os massacra Khadafy”. Mas, a diferença dos Bálcãs, o Khadafy-Milosevic não pôde entrar à heróica Misarrata. E as massas revolucionárias ali insurgidas, na contramão do CNT-ELK avançou a Trípoli, desarmou ali também à burguesia e esmagou Khadafy em Sirte. As milícias do oeste insurgiram-se e marcharam a Trípoli… “marcharam a Belgrado”. Encontraram ao “grande Milosevic” (Khadafy) e o degolaram. Que analogia faz o PTS,

inventores de fábulas, entre as milícias líbias e o ELK, que foi armado até os dentes pela OTAN, uma vez que a OTAN e Milosevic esmagaram à classe operária insurrecionada do Kosovo? Ainda o PTS afirma que as milícias líbias são “tropas terrestres da OTAN”. Não cai a cara de vergonha. A OTAN e Khadafy eram os que bombardeavam às massas em Brega para que estas não chegasse a Trípoli até que não se fechasse o pacto de Khadafy, o CNT e a OTAN. Isto não é nenhum mistério. Mas o PTS tem que jogar seu papel de lacaio de Khadafy, o stalinismo e os bolivarianos.

O PTS, embora hoje se esconda, esteve com o ELK, o adendo “democrático” da

OTAN no Kosovo Hoje o PTS se “enfrenta” contra o ELK, querendo ocultar que foram eles os que sustentaram ao ELK com sua política de: “Autodeterminação do Kosovo!”. Para o PTS – saquem-se a máscara e mostrem seus jornais do 97/98 - o que estava proposto era “uma revolução democrática”, com o programa de “autodeterminação” para “enfrentar ao fascismo sérvio de Milosevic”. Este era o programa do ELK kosovar, que veio a abortar a luta das massas contra a exploração de Milosevic, que buscavam apaixonada e denodadamente se unir à Albânia insurgida com as massas revolucionárias desse país insurgidas no ano 97. Parece mentira. O PTS parece que está em uma equipe de ginástica fazendo piruetas. No Kosovo, estavam com o ELK pela “autodeterminação contra o fascista Milosevic”. Na Líbia, estão na trincheira militar de Khadafy contra a OTAN, o CNT e suas “tropas terrestres” (como dizem às massas armadas). As voltas que dá a vida! Ontem o PTS, nos Bálcãs, aliado a correntes social-democratas dos renegados do trotskismo (como a LRCI inglesa), se colocavam no bando da contra-revolução “democrática”, escondido sob a consigna de “autodeterminação”. Hoje na Líbia pôs-se a roupa de Khadafy para impedir o avanço das massas revolucionárias a Trípoli. Sempre atrás de algum burguês progressista. Que passou no meio? O PTS se fez gramsciano e passou à “internacional” de Castro e companhia. Mas nem ontem nos Bálcãs, nem hoje na Líbia, o PTS pôde distinguir o conteúdo da revolução e o da contra-revolução. Nos Bálcãs, depois do massacre da OTAN que mandou inclusive à Grande Sérvia à idade média, o PTS propunha que “os acordos de paz, sob os bombardeios da OTAN, foram para assentar o ‘status quo’ nos Bálcãs”. Incrível. Falavam de um “acordo reacionário”

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entre a OTAN, Milosevic e Rússia, quando na realidade esse foi um acordo contra-revolucionário, cujo objetivo, como foi a guerra, foi nem mais nem menos que esmagar uma revolução que, como a do Kosovo, ameaçava com unir à revolução albanesa, que tinha estourado no ‘97 contra a burocracia restauracionista. Tratava-se de estabilizar a restauração capitalista no conjunto dos Bálcãs; com o imperialismo impondo ali suas bases para garantir a estabilidade no leste europeu. Não mintam mais. Tudo terminou com o Kosovo ocupado por 50.000 soldados da OTAN. E, segundo os acordos de paz, o ELK devia desmobilizar-se imediatamente. O ELK aceitou com gosto. Isto pôde ser imposto porque as massas revolucionárias de Albânia, o Kosovo, da Bósnia insurgida já tinham sido massacradas pela OTAN, Milosevic, o imperialismo francês e demais lacaios na região. O ELK não foi mais que uma das pontas da corda para estrangular essa heróica revolução operária albano-kosovar. O ELK não chamou a nenhuma greve geral revolucionária nem na Albânia nem no Kosovo, como as que se deram no ’97-’98 nessa região. O ELK somente fortaleceu suas filas, como corrente nacionalista pequeno burguesa, sobre a base do esmagamento da classe operária de Kosovo, Albânia e de todos os Bálcãs. Em todo caso, o equivalente na Líbia hoje ao ELK do Kosovo é o CNT, não as massas armadas insurrectas. Já desenvolveremos, noutra oportunidade, com maior profundidade estas lições sobre essa capitulação aberta do PTS nos Bálcãs, quando propunha que “a luta era pela autodeterminação do Kosovo” (como propunha o ELK) e não o combate por um Kosovo operário e socialista, como elo da revolução operária nos Bálcãs e no leste europeu. O PTS não propunha nenhuma obrigação à classe operária da Grande Sérvia de que pare o massacre de Milosevic contra seus irmãos de classe de Kosovo e de Bósnia. Sua política era a “autodeterminação nacional”. O PTS passou gerando ilusões, como um vulgar morenista sustentador da “revolução democrática”, que o confronto contra o imperialismo era “pela autodeterminação” e a “democracia”. Por favor! Expropriar aos novos ricos pan-eslavistas da Grande Sérvia, para combater contra a OTAN e ao carniceiro Milosevic que impedia faze-lo, unindo com a classe operária sérvia? Reagrupar as filas de dezenas de milhares de operários kosovares, que em suas fronteiras estavam assinados, para que entrem a combater com seus irmãos albaneses à OTAN e à Grande Sérvia? Nada disto propunham os “sesudos intelectuais” do PTS. Federação voluntária das repúblicas socialistas dos Bálcãs? Por favor! Tudo isso estava negado. Eram os “mais democráticos” das “revoluções democráticas” nos Bálcãs. Hoje, que cátedra querem vir a dar contra as massas armadas revolucionárias da Líbia, assustando com o ELK kosovar, do qual o PTS foi servente? Os operários devem saber que tão, tão devotos da “revolução democrática” e a reboque do ELK foi o PTS que propunha “uma compensação total para a população de

Sérvia e Kosovo, sem condições por parte dos governos ocidentais, dos monopólios e do FMI”. Isto já foi uma das maiores capitulações dessa direção pequeno burguesa do PTS. É que o que estava proposto era chamar à classe operária francesa, espanhola, inglesa a se insurgir contra os açougueiros imperialistas que massacravam nos Bálcãs, numa só revolução socialista européia. Chamamos a todos os militantes do PTS a que não se deixem enganar. Peçam e exijam que lhes entreguem o jornal LVO (La Verdad Obrera, NdeT) N°50. O melhor, do Nº 40 em diante. Tudo jovem ou operário socialista honesto poderá ver que não teve um maior capitulador e adaptado ao ELK que o PTS.

O PTS e sua pseudo-teoria de que “o imperialismo expande seu domínio

expandindo a democracia ao planeta” Nos Bálcãs, o PTS chegou à atrocidade de propor que “o ataque da OTAN, do imperialismo ianque, buscava estender a ‘pax americana’ na região e consolidar um verdadeiro ‘status quo’ para que o imperialismo ianque possa reafirmar seu caráter de gendarme mundial”. Esmagar os Bálcãs para consolidar a restauração capitalista, para massacrar a revolução albano-kosovar, que tinha começado a se expressar também, ainda que em forma labiríntica, na luta nacional? Para o PTS, freneticamente amarrado a sua teoria-programa da “revolução democrática”, esta questão estava e esteve vedada sob 7 chaves. Contra isso, no Kosovo, nossa corrente, que rompia com o PTS, levantava a seguinte política: “Alto aos ataques imperialistas a Sérvia e todos os Bálcãs! Fora as tropas de Milosevic do Kosovo! Fora as tropas imperialistas de Albânia! Pela derrota militar da OTAN! Abaixo todos os planos de paz contra-revolucionários! Por um Kosovo independente operário e socialista!” Nesses momentos, essa “sesuda” direção do PTS escrevia uma tese que não passou o manual das vogais de jardim de infância. Afirmavam que “o imperialismo ianque expandia seu domínio expandindo a democracia no planeta”. Insistimos, tudo isto que afirmamos está nos jornais LVO. Por exemplo, quando assumia Tony Blair na Inglaterra, o PTS falava de governos da terceira via”, que, segundo diziam, “não impulsionavam contra-revoluções senão ‘variantes socialistas’ a nível internacional”. Eram os teóricos não só da “revolução democrática” senão de “a expansão da democracia para o domínio imperialista do planeta”. A OTAN massacrava nos Bálcãs e, com Dom Bush, o imperialismo “expandia a democracia” massacrando no Iraque e no Afeganistão, enquanto surgiam governos nacionalistas burgueses ou de frente popular expropriadores da revolução proletária, por exemplo, na América Latina com Chávez. A teoria da “terceira via” da expansão da democracia por parte do imperialismo hoje está bem oculta, para salvar o prestígio de uma corrente pequeno burguesa como o PTS. Não nos esqueçamos que o PTS afirmava que não tinha restauração capitalista nos estados operários até entrado no ano 2000/2001. Que alegava esta gente? Que o capitalismo ali “não funcionava de forma normal” porque “tinham máfias”. Uma piada de mau gosto.

Vendo o funcionamento “normal” do capitalismo hoje a nível mundial, vemos que este é uma brincadeira de garotos ao lado da Rússia onde se restaurou o capitalismo em 89-90. Enfim, deixemos atrás uma história de disparates, charlatanices ocas. Mas é preciso chamar às coisas por seu nome. Não ameacem com o Kosovo e o ELK, do qual foram seus seguidores. Agora, abriram o cofre das lembranças. Sacaram, sem que ninguém perceber, uma folhinha, onde escreveram: “o ELK foi um agente da OTAN, não se esqueçam”. Não nos esquecemos. O PTS lutou junto a eles pela “autodeterminação do Kosovo”. De revolução operária e socialista para esmagar ao imperialismo, NADA. Então agora, que discutem com a LIT, na contramão da teoria da “revolução democrática”, quando eles propuseram “revolução democrática” no Kosovo, e assembléia constituinte e “primavera dos povos” no Egito e na Tunísia? Se têm a mesma matriz e teoria-programa que a LIT, Por que brigam? Que discutem? Se ambos confundem o conteúdo da revolução (as massas armadas da Líbia) com o conteúdo da contra-revolução (o CNT, o khadafismo e o imperialismo que expropriaram o triunfo revolucionário às massas). Para a LIT, com o governo do CNT (que realmente veio a expropriar a revolução) se deu um fenomenal triunfo e “o primeiro passo” da revolução socialista, ou seja, o triunfo da “revolução democrática”. Para o PTS no Egito e na Tunísia, sim triunfou a “revolução democrática” como “primavera árabe”. Mas na Líbia… só tem atuado a “contra-revolução”, já seja “fascista” ou “democrática”. O conteúdo da revolução não existe para eles. Perdeu-se no primeiro dia da revolução… É que na Líbia está Khadafy, o amigo de Castro, de Morales… e dos Kirchner. Em fim, na Argentina, o que se podia fazer era “cortado boleta”, como chamou a fazer a “Frente de Esquerda e os Trabalhadores” (a frente eleitoral formado pelo PTS junto ao PO e Esquerda Socialista), quando propôs votar à Kirchner a presidente e aos candidatos do FIT para o parlamento nas eleições de outubro de 2011. O PTS não é mais do que uma ala “gramsciana” dos desfeitos do stalinismo do que também se nutre o Fórum Social Mundial.

A LIT-CI ficou na Líbia, com o NPA francês, defendendo sua pseudoteoría

de “revolução democrática” Agora bem, existe outra ala de ex trotskistas, encabeçada pela LIT-QI e outras rupturas do morenismo, que sempre são conseqüentes em quanta revolução tem, como por exemplo também a UIT, que levantam a pseudoteoría das “revoluções democráticas triunfantes”. Para eles, como para o NPA francês e as asas pró-socialdemocratas dos renegados do marxismo do FSM, Líbia não podia ser uma exceção. Eles anunciam que já teriam triunfado “revoluções democráticas” na Tunísia, no Egito e agora na Líbia. Assim, a LIT-QI no seu último artigo titulado “Onde está a revolução e onde a contra-revolução na Líbia?” (13/12/11), propõe; “nos colocamos ao lado das massas líbias e saudamos como uma

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tremenda conquista democrática a destruição do regime gadafista” (o negrito é nosso). E mais adiante voltam a afirmar: “A realidade demonstra que o povo líbio, armas em mão, obteve uma primeira e fundamental vitória democrática ao destruir o regime ditatorial no ponto de liquidar fisicamente a Gadafi.” Este é o triunfo da “revolução democrática” para a LIT. Mas o poder o tomou o CNT. O CNT consolidou o triunfo? Mas o CNT é o que expropriou o triunfo às massas, com seus políticos e generais khadafistas. O primeiro passo da revolução operária e socialista na Líbia foi a corrente de insurreições, o armamento das massas e a cabeça de Khadafy nas mãos destas. O triunfo do CNT não é o primeiro passo de nenhuma revolução, senão da instauração dos expropriadores da revolução. Ou seja, os “teóricos” da “revolução democrática” propõem que são “triunfos democráticos” (como um “primeiro passo da revolução socialista”) o fato de que, por exemplo, como na Tunísia e no Egito, se impeça o armamento generalizado das massas, as leve a eleições, fazendo que a cada homem valer um voto, deixando as fábricas, as praças… e sem ter conseguido o pão e com muitos heróicos lutadores mortos. Justamente as novas investidas revolucionárias vêm, como vemos agora no Egito, porque as massas vêem que não conseguiram nenhum triunfo e que o primeiro passo de seu combate das tomadas de fábrica e praças revolucionárias foi expropriado pela burguesia e seus desvios parlamentares. Para estas correntes, a derrota dos regimes ditatoriais é um “primeiro passo”, um triunfo em si mesmo, isto é, uma “primeira etapa, inevitável, da revolução socialista”. A consideram um “triunfo”, já que, para eles é um primeiro passo e um capítulo na luta pelo socialismo, que “virá depois”. Como afirmava Moreno: “Primeiro, todos contra a ditadura. Depois, desta frente que a derrotou, a classe operária, dirigida pelos socialistas, deve fazer-se do poder.” Uma velha pseudo-teoria morenista que

já foi jogada ao lixeiro da história nos acontecimentos de ’89:

A pseudo-teoria de “guerra de regimes” na Espanha na década de 30 e na segunda guerra mundial demonstrou ser uma

variante neo-stalinista e semi-menchevique mais para pôr ao proletariado aos pés da

burguesia

Foi Nahuel Moreno que deu esta base “teórica” de ruptura aberta com o trotskismo e a Teoria da Revolução Permanente, que hoje repetem todos seus seguidores. É que este “primeiro passo da revolução socialista” chamada “revolução democrática” não é mais que o conteúdo da contra-revolução, que expropria a revolução. Esta pseudo-teoria já se rompeu os dentes com a história. Este revisionismo do trotskismo não passou a prova fundamental para a que se tinha preparado. Não pôde nem sequer responder, com um mínimo de coerência e seriedade marxista, aos acontecimentos de 89 que significaram a restauração capitalista em todos os ex estados operários. É que, acredite ou não, a LIT e seus grupos colaterais morenistas, estavam na Argentina

na “Frente do Povo”, sustentando ao Partido Comunista, enquanto caíam as pedras do muro de Berlim na sua cabeça. A teoria é muito simples. Afirmam que Trotsky teve um esquecimento. Tinha que fazer uma revolução política para derrotar ao regime da burocracia, por que não é uma revolução política uma revolução que liquida ao fascismo ou a um regime ditatorial, ainda que não exproprie à burguesia? Isto significa, nem mais nem menos, em última instância – e Moreno era muito coerente em isso - que se impusesse um regime sob formas parlamentares isto era um triunfo da revolução, já que este regime é contraditório e incompatível com um regime ditatorial, quando intervêm as massas em sua luta pelo derrocar. Como vemos, esta teoria semi-etapista tinha conseqüências programáticas. No primeiro momento desta revolução democrática, no regime, o programa era “todos contra a ditadura”. Ainda, o morenismo avançava afirmando que surgiam partidos “jacobinos” (como eles o tinham visto na Nicarágua) da “revolução democrática”. Por exemplo, o Sandinismo. Isto custou duro ao morenismo, quando os “jacobinos” sandinistas os expulsaram de Nicarágua, tão só por tentar fazer um sindicato na Coca-cola de Managua. A pseudo-teoría de “revolução democrática” do morenismo propunha que tinha uma contradição entre democracia parlamentar e fascismo, quando ambos são regimes de domínio da burguesia com os que esta garante sua propriedade privada. Esta não é mais que uma vulgar teoria-programa semi-menchevique da “revolução por etapas”, que ignora que a burguesia tem governado sob monarquias, com partidos operários que administram seus interesses (inclusive expropriando revoluções), com frentes populares, com fascismo, com parlamentarismo, com bismarckismo, etc. Todo início de uma revolução socialista que não termina expropriando a propriedade privada dos capitalistas não é nenhum triunfo de nenhuma revolução, senão seu aborto ou desvio. Porque do que se trata não é da “revolução democrática”, senão da REVOLUÇÃO SOCIALISTA, da expropriação da propriedade burguesa. Inclusive, se as massas deixam demolido o estado burguês, pondo em pé soviets armados, mas perdoam a vida desse estado em crise e não se fazem do poder, a burguesia recompõe suas forças e esmaga o duplo poder. Nesse caso o único triunfo seria o surgimento de um duplo poder das massas armadas. Já

Lenin propôs, magistralmente, em suas “Teses de Abril”, que o máximo que podia dar a “ditadura democrática de operários e camponeses” era esse regime de duplo poder expressado nos soviets colaboracionistas que apoiavam a seus verdugos: o governo provisório imperialista da Rússia, que continuava a guerra e não dava nem pão e nem terra. A teoria da “revolução democrática” e a guerra civil espanhola na década de 30

Moreno foi conseqüente e foi até o final. Moreno ia bem longe. Era um revisionista honesto. Revisava ao marxismo e dizia “reviso”. Afirmava que “ignorar estas revoluções democráticas contra o fascismo em um país imperialista era como negar as tarefas democrático-revolucionárias em um país semicolonial”. Escutem operários, dizia Moreno: A república de Weimar era irreconciliável, para o domínio da burguesia e o imperialismo alemão, com o regime fascista e Hitler. A Espanha “republicana” imperialista era irreconciliável com a Espanha franquista. Nessa guerra civil de Espanha enfrentaram-se dois regimes: o de Franco (o fascismo) e o da República (a “democracia”). Mas dava a casualidade que nem na Espanha republicana nem na parte que controlava Franco se expropriava à burguesia. Assim, a classe operária, jamais podia esmagar a Franco. Submetida à república imperialista, não podia independeçar-se a Marrocos. Dalí sacou Franco suas forças de choque fundamentais para “esmagar a república”. A Espanha republicana não expropriava ao banqueiro, ao usurário nem ao latifundiário no campo. O camponês foi com Franco. A classe operária, submetida à república, foi esmagada. Aqui o único irreconciliável era o programa de ganhar a guerra e esmagar ao fascismo contra o submetimento da classe operária à burguesia republicana. Que dizia Moreno? Que na Espanha o que teve foi uma guerra de regimes: a “democracia” contra o “fascismo”. Trotsky lhe responderia: “nesse confronto, não somos neutros, combatemos por esmagar ao fascismo com o método da revolução proletária, isto é, expropriando à burguesia, com o proletariado se desprendendo da burguesia para ganhar ao camponês e libertar aos povos oprimidos pelo estado espanhol e assim ganhar a guerra.” E Trotsky alertava: “Se ganha a ‘república’, de suas entranhas sairá um ditador igual ou pior que Franco. Por quê? Porque deverá desarmar às massas.”

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Isso passará na Líbia se a classe operária não termina de expropriar à burguesia e se fazer do poder. Das filas do CNT surgirá um “Franco”, um “Khadafy”, tão assassino e repressor como este para desarmar às massas. Senão, que foi Kornilov, se não foi um general da democracia imperialista do governo provisório russo após fevereiro? É que se por um lado estão as correntes que propõem que o agente fascista e o agente democrático são o mesmo para esmagar ao proletariado, também estão os mencheviques que propõem que são opostos e que há que fazer um acordo com os “democráticos” contra o fascismo. Essa foi a velha política do stalinismo, de “frentes democráticos”. Moreno distinguia-se deste propondo que esse era o primeiro passo de uma mesma revolução socialista. Afirmava que a revolução “não era por etapas”. Mas, os democratas da “revolução democrática” eram os que tomavam o poder e impediam qualquer passo à revolução socialista por parte das massas.

A teoria da “revolução democrática” e a

Segunda Guerra Mundial Esta teoria morenista foi estendida a uma tese antimarxista e anti-leninista frente à Segunda Guerra Mundial. Ali Moreno propunha que esta também tinha um caráter de guerra de regimes, entre a “frente democrática” (Churchill e Roosevelt sustentados por Stalin) e o fascismo alemão. Esta mentira, já desmentida por todos os arquivos desvelados do Pentágono, não dá conta que a segunda Guerra Mundial começou em ‘39, e os imperialismos “democráticos” invadem à Europa controlada pelo fascismo só a fins de ‘44. É que isso garantia aos imperialismos “democráticos” anglo-ianques que o fascismo destruía toda a infra-estrutura da Rússia e esmagava os operários soviéticos. EUA invade Normandia à Europa controlada por Hitler no final de 44, após 5 anos de guerra. De que “luta antifascista” pela “frente democrática” na Segunda Guerra Mundial está falando Nahuel Moreno? Esta mentira não a repete nem sequer nenhum historiador minimamente sério do “imperialismo democrático”. O que enfrentou ao fascismo foi a classe operária do leste e do ocidente. Derrotar ao fascismo custou 20 milhões de mortos. A verdadeira guerra que brigou EUA foi no Pacífico, pelo controle da China e de todo esse setor do planeta, numa feroz guerra de rapina entre potências imperialistas. Ali teve 420.000 baixas, contra 80.000 em toda Europa. Porque o que se está discutindo aqui é que o programa leninista de “dar volta o fuzil” não foi proposto na Europa dominada por Hitler. O Trotskismo preparou para intervir na guerra, com um programa, que não era outro que paralisar a maquina de guerra do imperialismo alemão e tomar o poder, com a revolução socialista, nos territórios ocupados, aplicando ali o programa de “dar volta o fuzil”. Com seu desembarco a Normandia, os “regimes democráticos” anglo-norte-americanos, esperavam tranqüilos que os

nazistas esmagassem as sublevações da classe operária como em Turim, Milão, Polônia, Checoslováquia, etc., para depois avançar a “libertar a Europa dos fascistas”. A política de “frente democrático” de Churchill e Roosevelt estava baseada, ainda que os democratas do mundo o queiram seguir negando, em sustentar o controle da Alemanha fascista na Europa até que esta submeta e deixe em pedaços a Rússia soviética. Mas, a sua vez, a política de Roosevelt e Churchill era não permitir que Alemanha ganhe a guerra, já que ficaria com o domínio de Rússia e toda Europa. Isto é, que Alemanha ganhava a corrida pela restauração capitalista na URSS e ficava com esses mercados. (Arquivos secretos, relatório de Roosevelt à comissão de defesa do senado norte-americano de 1943, antes da conferência de Teherã). É que a Alemanha de Hitler fez o trabalho sujo, para que depois viessem os “aliados democráticos”, negociando com os generais nazistas, a entrega da Alemanha! E se depois estes generais “democráticos” avançaram a toda velocidade sobre Berlim foi porque a classe operária esmagou ao nazismo na URSS e avançava a esmagar a Hitler na Alemanha. Os generais da burocracia stalinista, que estiveram sempre na retaguarda, aceleraram sua chegada a Berlim, para conter na metade da Alemanha ao exército vermelho. Ali chegaram os generais “democráticos” para conter e impedir, junto à burocracia stalinista, o triunfo da revolução socialista na Alemanha. Esta questão a resolveram muito bem juntos os stalinistas com os “imperialistas democráticos” controlando e desarmando os operários de toda a Europa e salvando o capitalismo da tomada do poder nos países centrais, enquanto mandava o stalinismo a controlar às massas no leste europeu. Com as revoluções no Norte da África hoje voltam as velhas receitas que já foram para lixeira da história. As novas gerações devem saber que estas pseudo-teorías levaram a programas e políticas que liquidaram ao movimento marxista internacional, o submeteram, o puseram aos pés da “burguesia democrática” e o stalinismo, e liquidaram à IV Internacional. Guerra de regimes!? Quem crê. Se sob as pandilhas imperialistas “fascistas” ou “democráticas” estavam os piores esfomeadores, saqueadores e assassinos da classe operária e dos povos oprimidos. De que regimes democráticos nos falam, quando os imperialismos “democráticos” brigavam pelo controle do Pacífico, África, Oriente Médio, enquanto o “quintal” dos EUA de América Latina era “inviolável” e não estava em disputa? De que regimes democráticos nos falam, quando os “democráticos”, vencedores na

guerra, o único que fizeram foi massacrar pior que Hitler aos povos oprimidos e a sua própria classe operária quando esta se insurrecionava nos países centrais? Basta de mentir! Basta de novelas! Ou vão negar que em 1940 foi o general “democrático” Petain, nomeado como defensor de toda França pela frente popular de Blum, que entregou as chaves de Paris a Hitler e suas tropas? O general “democrático” De Gaulle

não atirou nem um tiro contra o nazismo e massacrou na Argélia, formando uma escola de torturadores extraída dos generais nazistas da Segunda guerra mundial, aos quais, sem nenhuma dúvida, os superou, criando o manual da tortura para todos os repressores do mundo. Detemos nos fundamentos destas teorias de colaboração de classes porque já fizeram muito dano ao proletariado mundial. Já Trotsky discutiu duramente contra os charlatães das “revoluções democráticas”, que tinham surgido e surgiriam capitulando ao stalinismo. Discutindo com os socialistas italianos sobre como derrotar ao fascismo, Trotsky dizia: “Isto significa que a Itália (à queda do fascismo) não pode ser convertida novamente, durante um tempo, em um estado parlamentar ou em uma república democrática? Considero – e acho que nisto coincidimos plenamente - que essa eventualidade não está excluída. Mas não será o fruto da revolução burguesa (democrática!) senão o aborto de uma revolução proletária, insuficientemente madura e prematura.” A história já deu seu veredicto. A reedição de Moreno de “revolução democrática”, realizada já muito antes, como em 1946, pelos trotskistas alemães à saída da Segunda Guerra Mundial já cobrou toda sua dentadura na história. Mas pagaram as massas. E fizeram em Nagasaki e Hiroshima. Foram dois bombardeios atômicos da “frente democrática” para definir a guerra a favor dos EUA, como dizem os morenistas para justificar a sua teoria de “guerra de regimes”? Mas, faz favor. EUA já tinha a guerra ganhada. Japão já estava rendido. Já era o fim da guerra. Basta de mentir! O exército vermelho avançava às ilhas kuriles ao leste-sul da Rússia. Os operários japoneses saíam às ruas ao grito de “Morra o imperador! Que ingresse o exército vermelho no Japão!” Isto é, levantavam a política leninista de “o inimigo está em casa”, de “dar volta o fuzil”. Começava um processo insurrecional da classe operária japonesa. O Partido Comunista tinha sido destruído e massacrado no Japão pelo regime do imperador. A classe operária, sem a pressão stalinista, queria o triunfo da revolução. “Que ingresse o exército vermelho!” As bombas de Hiroshima e Nagasaki foram para escarmentar à classe operária. O proletariado japonês não estava sob o controle do stalinismo, como estava a classe operária francesa, italiana, inglesa, grega, etc., que foi desarmada pelo stalinismo para apoiar à “frente democrática” do imperialismo e assim expropriar a revolução socialista.

Brigadas operárias internacionais arribam na Espanha em 1937

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A teoria da revolução democrática e a restauração capitalista de ’89 na URSS

E vamos seguir saldando contas, como já fizemos nestes anos de ruptura com o morenismo, porque o revisionismo é a liquidação do marxismo. Sem teoria revolucionária não há política revolucionária. É que onde esta teoria jogou um sinistro papel foi na restauração capitalista nos ex-estados operários. Quiseram nos fazer acreditar que na luta contra a burocracia, tinha que fazer uma frente de “todos” para derrocá-la, inclusive com a burguesia. Moreno falsificou o caráter da revolução política, que não era uma revolução “anti-totalitária” e “democrática” em geral, senão a expressão de uma guerra civil ao interior do movimento operário, para liquidar e extirpar à lacra da aristocracia e a burocracia operária de suas filas, neste caso, do estado operário. Ter levantado esse programa de “todos contra a burocracia” é como levantar na luta contra a burocracia num sindicato a demanda de “todos (não importa quem, inclusive com a burguesia) para jogar fora à burocracia”. E quando a burocracia passava ao bando do capitalismo, depois de ter decomposto totalmente os estados operários degenerados ou deformados, depois de que já ao proletariado não ficavam quase conquistas por defender e estouravam revoluções políticas tardias, rapidamente expropriadas pela burguesia e o imperialismo, os “teóricos” da “revolução democrática”, estouravam em 20.000 pedaços. E jogavam a culpa das conseqüências de suas “revoluções democráticas” ao “sectarismo” do trotskismo. Insistimos e repetimos, é que a “revolução democrática triunfante” contra a burocracia resultaram ser revoluções políticas tardias, com as forças produtivas nos ex-estados operários já em bancarrota total e decompostas pela burocracia e o imperialismo. Já não tinha conquistas para as massas por defender. A burocracia as tinha liquidado ao interior do estado operário, enquanto o stalinismo a nível mundial tinha se dedicado a estrangular todos os processos revolucionários de ocidente desde a Segunda Guerra Mundial. O “triunfo da revolução democrática” em 89 foi a mais cruel derrota da classe operária mundial, de perda de suas conquistas históricas, dos estados operários, a mãos da burocracia stalinista, devinda em nova classe possuidora, aliada ao Citibank e o capital financeiro internacional. O programa de: “todos contra a burocracia

de Gorbachov”; “todos contra a burocracia chinesa”; ou “todos contra a burocracia de Honneker” não foi mais do que o aborto da revolução política. O único “triunfo democrático” que se conquistou foi, junto às perdas de todas as conquistas do estado operário, a instauração de regimes bonapartistas e abertamente contra-revolucionários burgueses como na Rússia, China, o leste europeu, etc. Repetimos e insistimos, já que parece ser que as pedras do muro de Berlin provocaram amnésia. A teoria de Moreno de “todos contra a burocracia” (inclusive com as forças capitalistas) liquidava o caráter de classe da revolução política, que para o trotskismo é e foi sempre uma revolução ao interior do movimento operário, contra a burocracia e a aristocracia operária vendida à burguesia e ao imperialismo. Este revisionismo foi mortal para liquidar ao marxismo entre todos os seguidores do morenismo. Hoje, novamente, nas questões de “a revolução do mundo árabe” (como eles a chamam), os epígonos do morenismo fracassam e fazem água por todos os lados. Vêem triunfos onde há derrotas. É que as “brilhantes vitórias” que significaram as cabeças de Ben Ali, Khadafy ou Mubarak, a mãos das massas, não conquistaram triunfos destas nem de nenhuma revolução democrática, senão que foram expropriadas pelas classes possuidoras que não permitiram às massas fazer-se do poder. Esta gente confunde expropriação de revoluções operárias e socialistas com seu triunfo. E, como veremos depois, dão por resolvidas, com as quedas das ditaduras, as tarefas democráticas centrais que estão propostas nos países semi-coloniais, que é a questão da ruptura com o imperialismo e a resolução do problema agrário. Já vimos o que passou em 89. Pareceria ser que não têm aprendido nada das leis da história. Nós afirmamos que o revisionismo do trotskismo e da teoria-programa da Revolução Permanente, por parte do morenismo e seus seguidores de hoje, é a destruição do marxismo. Afirmamos que Trotsky e os fundadores da IV Internacional tiveram razão absoluta. A teoria e as leis do bolchevismo passaram a prova da história, mas não os “trotskistas” que o revisaram. A revolução na Líbia confirma a teoria-programa da Revolução Permanente do

trotskismo Falemos claro. O revisionismo deve render

contas com a ciência marxista. Ou senão, deixar de falar em seu nome. Para o marxismo, isto é, para o trotskismo, as tarefas democráticas centrais no mundo colonial e semi-colonial são a libertação da opressão imperialista e a resolução do problema

agrário e da terra. Isto é, as duas tarefas democrático-estruturais que resolveram as revoluções burguesas como a da Inglaterra com Cromnwel ou na França burguesa de Robespierre em 1789. Como propõe a Revolução Permanente: “Com respeito aos países de desenvolvimento burguês atrasado, e em particular dos coloniais e semi-coloniais, a teoria da revolução permanente significa que a resolução íntegra e efetiva de seus fins democráticos e de sua emancipação nacional tão só pode ser concebido por meio da ditadura do proletariado, empunhando este o poder como caudilho da nação oprimida e, antes de mais nada, de suas massas camponesas.” Propor que “já triunfou a revolução democrática” é propor que as tarefas democrático-estruturais têm sido resolvidas no Egito, na Líbia e na Tunísia. Esta é uma impostura, como é a teoria semi-menchevique de “revolução democrática”. Insistimos, na Líbia esta pseudoteoría significa transformar a queda de Khadafy num “triunfo da revolução democrática”, quando este foi arrebatado pela burguesia de mãos das massas para pôr ao mesmo verdugo que saqueia as nações oprimidas –o imperialismo- desta vez com o colar “democrático” dos CNTs. Isto é confundir o caráter da revolução com o caráter da contra-revolução. Não há nenhuma revolução “democrática” triunfante. Esta triunfará somente com a vitória da revolução socialista, que sob a ditadura do proletariado –e tão só com ela- poderá levar até o final e resolver as tarefas democráticas dos países coloniais e semi-coloniais, como são a independência do imperialismo e a resolução do problema agrário. Como já vimos, os teóricos da “revolução democrática”, em suas diferentes variantes, de defensores ou amigos de Khadafy, todos têm um ponto em comum. Não distinguem nem querem que o proletariado mundial perceba com clareza quem são seus aliados e quem são seus inimigos. Para os defensores de Khadafy, este foi um aliado militar para enfrentar à OTAN, a suas tropas e ao CNT. Mas, para a LIT e demais morenistas, o CNT foi o grande aliado para conquistar a “democracia e a liberdade”. Mas a questão é que o CNT não pode ser sustentado sem esmagar a democracia e a liberdade, em primeiro lugar a que conquistou a classe operária e as massas armadas. Tem que as desarmar. As massas conquistaram democracia. Têm as armas para conquistar o pão. E só o farão esmagando ao CNT com o triunfo da revolução socialista. Khadafy não foi nenhum lutador “contra o imperialismo e a OTAN”. Foi seu agente para esmagar às massas e subsumir à nação ao imperialismo, impondo os piores planos de fome, estalidos inflacionários e massacre. De que “revolução democrática” falam, se não é a de envenenar a consciência dos explorados do mundo de que a “burguesia democrática” é sua aliada, como durante anos propôs o stalinismo?

Lenin depois do triunfo da revolução russa de 1917

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Falemos claro, a assunção do CNT ante a derrota de Khadafy – no caso da Líbia - é uma expropriação da luta revolucionária das massas. Não é um triunfo. Nem sequer um “primeiro passo”. O único “primeiro passo” que tem na revolução socialista líbia – o entendam senhores “socialistas” - é um regime onde as massas conquistaram seu poder armado, isto é, impuseram um duplo poder contra o estado burguês. O triunfo são as massas armadas, os soviets, a democracia revolucionária das massas armadas e as milícias, estendida a todo o território nacional da Líbia. Esse poder é o que tem que esmagar o poder do CNT. Até que isso não passe, não terá nenhuma vitória de nenhuma “revolução democrática”. É que esta só triunfará com a vitória da revolução socialista. O mesmo sucedeu na Tunísia com a frente “14 de janeiro” de colaboração de classes com a cumplicidade de toda a burocracia da UGTT; ou como fizeram os generais de Mubarak com o apoio dos Irmãos Muçulmanos e a esquerda “socialista” inglesa de sua majestade a rainha. Ali foi expropriada a revolução porque expropriou às massas a luta pelo poder. Ou vão dizer agora que o governo dos generais do Egito é um triunfo da revolução democrática? Digam-no com clareza. Não joguem mais com sua teoria na história. As massas, deixando mortos e mártires no campo de batalha, estão voltando à praça Tahrir a saldar contas com os que expropriaram sua revolução. As massas voltaram, no Egito, a recuperar o triunfo que arrebataram os generais de Mubarak, aos que Moreno e a LIT chamaria “o triunfo da revolução democrática”. O que repete a LIT e seus seguidores, é o mesmo que propõe o SWP inglês de Callinicos ou o NPA francês. Propõem que: “a revolução é permanente porque primeiro se consegue a democracia, o direito ao voto, a possibilidade de fazer sindicatos, de falar”, e depois, para as calendas gregas, “faremos o socialismo”. Hoje na Líbia vemos ao governo do CNT assentado em todos os generais khadafistas, entregando o petróleo da Líbia igual ou pior que Khadafy às potências imperialistas. Vemos como esta revolução “democrática” expropriou o poder que tinham ao alcance de suas mãos as massas insurgentes armadas, tentando a cada passo as desarmar… Chamar a isto “o triunfo de uma revolução democrática” é, em última instância, encobrir por esquerda aos expropriadores da revolução socialista das massas líbias e de todo o Norte da África e Oriente Médio. Chamar isto o “triunfo de uma revolução democrática” é não dizer às massas que o único triunfo que têm é seu duplo poder e que devem esmagar ao CNT para conquistar uma Líbia independente do imperialismo, sem generais nem políticos khadafistas. Falemos claro, para estas correntes morenistas que as massas ponham o sangue, derrotem as ferozes ditaduras do grande

capital, e que este e o imperialismo sigam dominando e expropriando a revolução proletária sob seu gendarme “democrático”, é “o triunfo da revolução democrática”, “o primeiro passo” da revolução socialista. As massas ainda não têm triunfado. Não tomaram o poder e não têm o pão, nem libertaram a Líbia do imperialismo. Sua conquista parcial do derrocamento do governo de Khadafy, por não tomar o poder, se volta e se voltará imediatamente contra as massas. Isso é o que está passando hoje. Já há uma corrida a contra o relógio. As massas não podem triunfar se não põem a funcionar as fábricas abandonadas pela burguesia sob seu controle e com as armas na mão; se não controlam os portos e as destilarias e impedem que a ENI italiana saqueie as riquezas da Líbia. As massas não podem triunfar em sua “revolução democrática” se a classe operária européia não se insurge contra seus regimes imperialistas, toma os portos, envia alimentos e combate - no caminho de derrotar seus governos e regimes autocráticos infames das potências imperialistas - por impor a devolução dos fundos da renda petroleira da Líbia, que Khadafy tinha posto em resguardo nas arcas dos bancos imperialistas. É que a “teoria da revolução democrática” é tão socialista nacional como o era a do stalinismo. Nunca foi visto o triunfo de uma “revolução democrática” num país colonial ou semi-colonial sem o levantamento revolucionário, e em manobras de combate, da classe operária dos países imperialistas. A pseudo-teoría da “revolução democrática” é stalinista e anti-trotskista, porque renega do caráter internacional da revolução socialista. Falemos claro. Para os morenistas, nos países semi-coloniais a revolução é “democrática”. Nos países imperialistas dominados pelo fascismo, a revolução também é “democrática”. Isto é, a revolução só tem um primeiro passo socialista direto naqueles países imperialistas onde já está o “reino da democracia” conquistado faz anos. Na maioria dos países semi-coloniais não florescem “democracias” senão as piores ditaduras. Acontece na China ou na Rússia agora. Isto é, para 90% do planeta, para os morenistas, a tarefa é “a revolução democrática”. No 10% dos países imperialistas sim seria socialista. Mas pelo maldito “acaso” que a política exterior dos “imperialismos democráticos” é ultra-fascista e ultra-contrarevolucionária no mundo semi-colonial que oprime, com quanta ditadura têm a mão. Então, para os

morenistas a revolução também seria “democrática” nos países “democráticos”… Que os morenistas se entendam com os morenistas e discutam entre eles! A LIT e a UIT dizem às massas que “a democracia e a liberdade já triunfaram”. Esta é a ala esquerda da burguesia “democrática”. Não prepara às massas para os ataques que já estão sobre elas. Nem sequer dizem às massas que o duplo poder que conquistaram, como

no caso da Líbia as milícias, é o único triunfo que têm. Mas este triunfo não é da democracia burguesa, senão que, como todo duplo poder da classe explorada, é irreconciliável com o poder da burguesia, por mais “democrático” que este seja. Marx escreveu um trabalho sobre “A Miséria da Filosofia” contra Preudhomme. Muito bem poderia ser escrito hoje contra os pseudo-teóricos da “revolução democrática”: “A propósito da miséria do triunfo das revoluções democráticas”. Confundir as expropriações dos processos revolucionários - por crises de direção do proletariado - com “um primeiro triunfo” é dar um valor sem limite à espontaneidade das massas, que “com qualquer direção” (algum jacobino “trotskisante” da revolução proletária chamado Fidel Castro ou Sandinistas, talvez?) podem conseguir “enormes triunfos democráticos”. A “revolução democrática” é uma pseudo-teoria semi-menchevique e semi-stalinista de “revolução por etapas”, por mais que a revista de que é “um passo socialista” e que “depois virão outros passos socialistas” e demais verborragia que tenta explicar o inexplicável, é pura charlatanice para enganar às massas. Sua posição é clara: “em toda revolução, primeiro se consegue a democracia (jogamos fora às ditaduras) como primeiro triunfo, e depois se consegue o pão e as demandas operárias”. Mas a “democracia”, que expropria a revolução proletária, segue garantindo para a burguesia e o imperialismo seus super-lucros, enquanto o único que garante às massas é afastá-las do pão. Assim o vemos hoje na Líbia, onde as massas têm realizado marchas em massa contra o CNT pelo feroz aumento dos preços e a terrível carestia da vida. Em defesa da teoria-programa da Revolução Permanente contra os que reeditam as velhas receitas do menchevismo e o stalinismo À tese do menchevismo há que opor a do bolchevismo, a teoria-programa da Revolução Permanente. Trotsky afirmava: “nas condições da época imperialista, a revolução nacional democrática só pode ser conduzida até a vitória no caso de que as relações políticas e sociais do país de que se trate tenham madurado no sentido de elevar ao proletariado ao poder como diretor das massas populares.”

E se não é assim? Pergunta em seu trabalho a Teoria da Revolução Permanente. Este mesmo responde: “A luta pela emancipação nacional dará resultados muito contínuos dirigidos inteiramente contra as massas trabalhadoras”. E insiste: “É impossível predizer quando e em que circunstância um país colonial está maduro para a solução

verdadeiramente revolucionária do problema agrário e nacional. Mas, em todo caso podemos agora dizer, com completa certeza, é que não só China senão também a Índia só podem chegar a uma democracia verdadeiramente popular, isto é, unicamente operário-camponesa, através da ditadura do proletariado.” (…) “Mas o que

não terá nem pode ter é uma ditadura democrática que não seja a ditadura do proletariado. Uma ditadura democrática independente (como propõe a LIT, isto é, “burguesa democrática”) pode ter unicamente o caráter do regime do Kuomintang, isto é, dirigido completamente contra os operários e camponeses.” (Com os

Leon Trotsky, fundador da IV Internacional

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ossos de um milhão de operários, o Kuomintang de Chiang Kai Shek fazia funcionar as locomotoras das ferrovias de China) O invento de uma “revolução política-democrática” intermediária entre o poder da burguesia (isto é sua ditadura) e a ditadura do proletariado, é um engano às massas, que padecerão estas e quase seguramente não os teóricos que as empurram a um beco sem saída. O apotegma marxista é: “a revolução tem começado, mas não tem triunfado”. Essa é a verdade. Para organizar e preparar às massas para a vitória, isto é, para a revolução socialista, tem que dizer esta verdade.

O trotskismo e a IV Internacional e sua teoria tinham razão. Passaram a prova da história. Os revisionistas do marxismo não a passaram, nem passarão. Mas, pelo menos, neste ponto, Moreno dizia a verdade quando afirmava: “eu reviso ao marxismo; Trotsky era sectário e não tinha razão”. Nós, os trotskistas, com a mesma firmeza que o revisionista Moreno, afirmamos que nunca teve um revisionista que se equivocou tanto sem propor-se. A catástrofe de ’89, marcada por anos de adaptações e capitulações ao stalinismo durante Yalta, mandou aos trastes velhos da história a pseudoteoría menchevique de “revoluções democráticas”.

Quando a vida já deu seu veredicto, os continuadores do revisionismo gostaram muitíssimo da revisão. Sentem-se cômodos com ela. Mas o que não podem fazer mais é falar em nome do trotskismo, seu legado, sua teoria, seu programa e seu partido, a IV Internacional, do que renegaram mil e uma vez. Que o revisionismo faça “suas internacionais”! Os trotskistas seguiremos combatendo por refundar nosso partido mundial, a Quarta Internacional!

Carlos Munzer

A PSEUDO-TEORIA DE “PRIMAVERAS ÁRABES” E “REVOLUÇÕES DEMOCRÁTICAS” VISTA DESDE OS

ACONTECIMENTOS REVOLUCIONÁRIOS DO EGITO

oda a esquerda européia e “socialista” do mundo viajou ao Egito para ver como os operários

construíam seus sindicatos, dirigidos por “socialistas” que lutavam por “um partido trabalhista democrático”. Todos foram a ver a experiência dessa esquerda da rainha da Inglaterra que é o SWP britânico, de transladar seu “modelo inglês” a Egito. Por suposto que a classe operária do Egito tendeu a construir sindicatos rapidamente, nem bem caía Mubarak. Inclusive já antes de sua queda, o proletariado encheu as fábricas de heróicos comitês de greve e de luta, que desde 2007/2008 voltaram loca à ditadura de Mubarak. À cada passo, com seus piquetes de greve, tendiam a insurgir a todos os explorados do Egito. Agora, os amigos dos social-imperialistas britânicos do SWP, no Egito descobrem uma “obra mestre”. Assim fazem tours ao Cairo, tirando fotos com os dirigentes dos sindicatos recentemente constituídos. Mas Por favor! Insistimos, o que fez a classe operária do Egito em massa foi construir seus comitês de fábrica. Todos querem que nos esqueçamos que estes, como os petroleiros do canal de Suez, ou como os trabalhadores de Alexandria da indústria têxtil, junto aos piquetes de greve, protagonizaram o grande ascenso revolucionário da classe operária do Egito em 2007/2008. As tendências são e serão ao surgimento de todo tipo de organismos da classe operária e das massas exploradas. O reformismo e seu cretinismo sindicalista não tem limites. Para eles, e os turistas que os acompanham, o modelo é dos sindicatos e o partido trabalhista como na Inglaterra, questão que negociavam os “Socialistas Revolucionários” com a junta militar para obter sua legalidade para a “constituinte” que todos pregoam.

Os “socialistas” da rainha da Inglaterra, justamente, querem meter no dedal de “seus sindicatos” e “seu partido trabalhista” à imensa maré revolucionária de centenas de milhões de explorados que têm entrado ao combate. De comitês de fábrica, de piquetes de greve, das centenas de milhares de comitês de desempregados, de comitês de ação do movimento estudantil e de um programa para unir as filas operárias e coordená-las, para terminar de esmagar ao governo continuador de Mubarak, nem uma palavra. Para eles, a esquerda de sua majestade, os “socialistas” ingleses, todas as massas devem entrar em seus sindicatos e em seu “partido trabalhista democrático”. É que para eles a “revolução democrática já triunfou”. Só tem que fazer o “partido trabalhista” para as eleições, e sindicatos para pressionar ao regime burguês “democrático”. Mas a realidade não dá respiro. Os generais dedicam-se a matar a quanta fração da classe operária queira lutar. Assim sucedeu com os cristãos coptos, que são a mão de obra mais escrava de todo Egito, junto aos meninos na indústria têxtil, que não estão organizados em nenhum sindicato. Esta política reacionária dos “socialistas” do Egito, de pretender que uma classe operária super explorada em um país saqueado pelo imperialismo brigue como

nas condições da Inglaterra dona dos mares do século XIX e XX, não é mais que um disparate cego da esquerda da aristocracia operária de um país imperialista. Por que um partido trabalhista e não soviets? Por que só sindicatos –que temos que impulsionar com toda força- e não também comitês de fábrica, piquetes de greve, milícias operárias para defender aos lutadores nos choques com a

soldadesca e a polícia? Insistimos, vimos chegar no Egito “socialistas de turismo” de todo mundo. Todos foram a sustentar esta política do SWP inglês e seu partido do Egito, os “Socialistas Revolucionários”. Mas não vimos a um só “socialista” que em uma só reunião de comitês de fábrica, de sindicatos ou do movimento estudantil propusesse que as tarefas da revolução tinham ficado inconclusas e que tinha que pôr em pé todas nossas organizações para a luta, mas com comitês de autodefesa e chamando a toda a base dos soldados a que desacatem aos oficiais assassinos de Mubarak e ponham em pé comitês de soldados para brigar, junto aos sindicatos, os comitês de fabrica e o movimento estudantil, para conquistar nosso poder. Viagens ao Cairo para organizar a ruptura do exército, os comitês de soldados, e a posta em pé das milícias operárias para organizar uma contra-ofensiva de massas? Nem Palavra. É que para os “teóricos” da “revolução democrática”, “a democracia já triunfou”. As massas foram desalojadas da praça e foram levadas a votar em um plebiscito fraudulento, que legitimou ao estado sob o comando dos generais contra-revolucionários de Mubarak.

T A revolução egípcia

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A “esquerda socialista” dedicou-se a “regar a democracia”, enquanto os generais contra-revolucionários e sua polícia assassina preparavam-se e preparam-se para esmagar, aqui e lá, às massas. O exército egípcio é proprietário de 50% das indústrias desse país, associado intimamente ao capital imperialista. Pretender que essa “revolução democrática” destes generais, da mão de Adidas e a British Petroleum, Citibank ou Deustche Bank, dêem um século à classe operária do Egito para que faça seus “poderosos sindicatos” e seu “poderoso partido trabalhista” é prometer à classe operária do Egito o paraíso, quando o que cai em cima é o inferno da expropriação de sua revolução, e a contra-revolução. Todos os “socialistas” do mundo constataram no Egito a terrível situação revolucionária existente. Surgiram organizações de massas, de milhões e milhões de explorados que entraram à luta. Justamente essa massividade das ações revolucionárias é o que propunha a tarefa imediata de romper o exército e pôr em pé comitês de soldados, ganhados por uma milícia operária, coordenada e centralizada a nível nacional. Não era este o caminho mais próximo para conseguir aumento de salário e defender as organizações de luta das massas, atacadas diariamente pela polícia e o exército? Mas, que diziam os “socialistas de turismo” por Egito, surpreendidos pela quantidade de ativistas que davam as massas? Eles diziam: “Fazer como na Líbia? Jamais” Por que na Líbia tem que se armar e derrotar ao exército tão só para se aproximar a conquistar o pão e no Egito não? Novamente a esquerda “democrática” propõe uma revolução sem soviets, sem armamento das massas, sem destruição do exército, sem combate pela expropriação direta do imperialismo. Isto é, está no idílio da “revolução democrática”… com a burguesia, salvando seu estado e sua propriedade. Mas a vida não lhes deu respiro. As massas não estão em nenhum idílio. Toda luta séria pelo pão e contra o imperialismo já preparava condições

para maiores choques com o imperialismo e a burguesia e seu regime expropriador da revolução. O choque com os espadas dos generais de Mubarak foi inevitável. Eles defendem sua propriedade e a do imperialismo. Quando isto sucede, a burguesia não é bonachona, como crê os democratas vulgares. A burguesia usa a “democracia” para jogar água ao fogo da revolução, enquanto prepara a baioneta para passar a degolo às massas revolucionárias. As massas voltaram a Praça Tahrir. Voltaram a luta e ao combate em todo Egito. Tinham arrebatado seu triunfo. Mas voltaram a por ele, a derrotar ao governo assassino dos generais de Mubarak, sustentado por todas as burguesias árabes e os irmãos muçulmanos. As massas voltaram a pôr em pé o fogo da revolução. A burguesia, com o imperialismo, faz questão de levar sua “revolução democrática” até o final, isto é, fazer eleições até outubro e dezembro de 2012, para tirar às massas das ruas. Estas fazem questão de lutar e combater pelo pão. Voltaram e voltarão a combater. O campo de batalha já é todo Egito. O poder dos explorados, de seus comitês de fábrica, de seus piquetes de greve, de seus comitês de luta estudantis deve ser coordenado e pôr-se de pé. À charlatanice da “revolução democrática” importa muito pouco que se mantenha a banda de homens armados ainda estável, com sua casta de oficiais centralizada. Nem sequer democráticos conseqüentes são, propondo organizar a tarefa mais democrática imediata das massas, como é hoje a ruptura do exército e o esmagamento de sua casta de oficiais, o desarmamento da polícia, o armamento das massas e ganhar à base do exército pondo em pé comitês de soldados. Lutar no Egito como na Líbia? Jamais.

Mas isto não é tudo. Os “teóricos” das “revoluções democráticas” se enternecem e comovem-se com “seus triunfos contra as autocracias”, bem longe das potências imperialistas “democráticas”, onde estão atados à saias das aristocracias e as burocracias operárias. Mas são inimigos declarados de chamar a

derrotar, em seus países imperialistas, a suas autocracias, tão e bem mais assassinas que os Khadafy, Mubarak ou Ben Ali. Estas autocracias são os assassinos do partido dos republicratas do EUA, que com seus cinco comandos, hoje sob o comando de Obama, e centenas e centenas de bases militares controlam o planeta. Estes “teóricos” das “revoluções

democráticas” são inimigos de fazer como na Líbia e varrer às autocracias como a rainha da Inglaterra, a dama de ferro da Merkel da Alemanha, os chefes da OTAN, os assassinos do imperialismo italiano, a V República dos carniceiros imperialistas franceses. São lacaios dos Borbons da Espanha… aos que nunca chamam a derrocar com nenhuma “revolução democrática”. Nem sequer animam-se a levantar a demanda de república” nos narizes dos borbones da Espanha ou da rainha da Inglaterra em seu palácio de Buckingham. Falemos claro; para a aristocracia operária européia, as “revoluções dos povos” são para os “países atrasados”, de “ultramar”. Eles só lutam por “morigerar o ajuste e ataque dos capitalistas” e reformar Maastricht, e a transformar em uma “Europa mais social”. Esse é seu programa e sua política, que a cada passo rompem as massas européias com os gritos de guerra dos “indignados” em Madri, com os combates da classe operária grega enfrentando aos traidores do Partido Comunista que sustentam ao governo e o regime assassino de Grécia. No movimento operário mundial há 2 barricadas. Em uma se combate pela revolução permanente, isto é, pela revolução operária e socialista, como tarefa mais imediata para independezar-se aos países oprimidos pelo imperialismo e terminar com o jugo de Wall Street e os parasitas capitalistas. Na outra barricada se luta pela “democracia”, com a que se expropriam as revoluções. Desde ali quer fazer crer ao movimento operário que se está no capitalismo florescente do século XIX, onde pode ser conquistado “liberdade, independência nacional, primavera dos povos” e outras grandes conquistas sem revolução. Na barricada da reforma, dos enfermeiros do capitalismo, não têm tomado nota de que o sistema que querem reformar está moribundo e em terapia intensiva. Chegou a hora de que as massas lhe saquem o respirador e o afunde. Por isso a alternativa é socialismo ou barbárie. Tudo o demais é um verso. A “democracia” que os reformistas pregoam, é para sustentar a barbárie, mas vestida de seda.

CARLOS MUNZER

Egito: as massas retomam a Praça Tarhir

Repressão na praça Tarhir

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Page 20: Jornal líbia ao dia

SÍRIA

PAREMOS O MASSACRE CONTRA AS HERÓICAS MASSAS REVOLUCIONÁRIAS

QUE CONTINUAM SEU COMBATE CONTRA O REGIME E O GOVERNO ASSESSINO

SERVENTE DOL IMPERIALISMO

ABAIXO O GOVERNO ASSASSINO DE BASHAR AL-ASSAD E SUA CASTA

DE OFICIAIS GENOCIDAS! FORA ESSES LACAIOS DO IMPERIALISMO DA LIGA ÁRABE DA SÍRIA E

TODA ÁFRICA!

É PRECISO ESTENDER, COORDENAR E CENTRALIZAR A NÍVEL NACIONAL OS “COMITÊS LOCAIS” ONDE OS OPERÁRIOS E EXPLORADOS ORGANIZAM SUA LUTA!

POR COMITÊS DE

SOLDADOS RASOS!

É PRECISO FORTALECER E

GENERALIZAR A MILÍCIA

OPERÁRIA E POPULAR EM

TODA SÍRIA!

POR UM GOVERNO PROVISIONAL REVOLUCIONÁRIO

DAS MILICIAS, DAS ORGANIZAÇÕES OPERÁRIAS,

DOS CAMPESINOS POBRES E DOS COMITÊS DE

SOLDADOS RASOS!

BASTA DE SILÊNCIO! ROMPAMOS O CERCO IMPOSTO POR TODAS AS DIREÇÕES REFORMISTAS!

Como fizeram os jovens e operários do estado espanhol de Madri...

MARCHEMOS AS EMBAIXADAS DA SÍRIA NO MUNDO CONTRA O MASSACRE DAS HERÓICAS MASSAS SÍRIAS!!!