liber 65, cap. 1

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Page 1: Liber 65, cap. 1
Page 2: Liber 65, cap. 1

: LIBER

LXV LIBER

CORDIS

CINCTI

SERPENTE

SVB FIGURÂ

אדני

Page 3: Liber 65, cap. 1
Page 4: Liber 65, cap. 1

V A∴A∴

Publicação em Classe A

O pleno conhecimento da interpretação deste livro é oculto a todos,

salvo apenas o Triângulo Radiante. O Probacionista deve, não

obstante, adquirir uma cópia e minuciosamente familiarizar-se com

o conteúdo. Ele deve conter um capítulo à memória.

(atribuído a)

V.V.V.V.V.

(traduzido por)

Frater P.

(t.c.c. P.H.S.R.)

Page 5: Liber 65, cap. 1

I

1. Eu sou o Coração; e eis a Serpente cingida

Em volta do invisível âmago da mente.

Ascende, Oh minha Cobra! É agora é a hora

Da velada e sagrada inefável flor.

Ascende, Oh minha Cobra! Ao brilhantismo do florescimento

Sobre o cadáver de Osíris a flutuar na tumba.

Oh coração de minha mãe, minha irmã, meu próprio

Tu és dado ao Nilo, ao terrível Tifão.

Ai de mim! Mas a glória da tormenta voraz

Enfaixa-te e envolve-te no frenesi da forma.

Sê quieta, Oh minha alma. Que o encanto possa quebrar-se

Quão as baquetas são erguidas e os æons revolvem.

Observe! Em minha beleza como alegre tu és,

Oh Serpente que acaricia a coroa do meu coração!

Observe! Nós somos um, e a tempestade dos anos

Vai desce ao crepúsculo, e o Besouro aparece.

Oh Besouro! O zumbido de Tua dolorosa nota

Seja sempre o transe desta trêmula garganta.

Eu aguardo o despertar! A convocação do alto

Do Senhor Adonai, do Senhor Adonai!

2. Adonai falou a V.V.V.V.V., dizendo: Deve sempre haver divisão

na palavra.

3. Pois as cores são muitas, mas a luz é uma.

4. Portanto tu escreves aquilo que é de madre-esmeralda, e de

lápis-lazúli, e de turquesa, e de alexandrita.

5. Outro escreve as palavras de topázio, e de profunda ametista, e

de safira cinza, e de profunda safira com um tom como de

sangue.

6. Portanto vós vos afligis por causa disto.

7. Não estejais contentes com a imagem.

Page 6: Liber 65, cap. 1

8. Eu que sou a Imagem de uma Imagem digo isto.

9. Não debatais da imagem, dizendo Além! Além!

Sobe-se à Coroa pela lua e pelo Sol, e pela seta, e pelo

Fundamento, e pelo escuro lar das estrelas da terra negra1.

10. Não de outra forma podeis vós atingir à Ponta Polida.

11. Nem é apropriado ao sapateiro tagarelar do assunto Real. Ó

sapateiro! conserta-me este sapato, para que Eu possa

caminhar. Ó rei! se Eu for teu filho, falemos da Embaixada ao

Rei teu Irmão.

12. Então houve silêncio. A fala encerrou conosco por um tempo.

Existe uma luz tão estrênua que não é percebida como luz.

13. O acônito não é tão agudo quanto o aço; ainda assim, penetra o

corpo mais sutilmente.

14. Mesmo como beijos malignos corrompem o sangue, assim

minhas palavras devoram o espírito do homem.

15. Eu respiro, e há infinito desassossego no espírito.

16. Como um ácido corrói o aço, como um câncer que corrompe

totalmente o corpo, assim sou Eu para o espírito do homem.

17. Eu não descansarei até que eu tenha devorado todo ele.

18. Assim também a luz que é absorvida. Um absorve pouca, e é

chamado de branco e reluzente; um absorve toda e é chamado

negro.

1 “Sobe-se à Coroa pela lua e pelo Sol, e pela seta, e pelo Fundamento, e pelo escuro

lar das estrelas, partindo da terra negra.” – outra forma possível, a fim de contemplar a ambiguidade do original em inglês.

Page 7: Liber 65, cap. 1

19. Portanto, Ó meu querido, és tu negro.

20. Ó meu belo, Eu tenho te assemelhado a um azevichado escravo

Núbio, um menino de olhos melancólicos.

21. Ó o imundo! o cão! eles gritam contra ti.

Porque tu és meu amado.

22. Felizes são aqueles que te elogiam; pois eles te veem com Meus

olhos.

23. Não em voz alta eles devem te elogiar; mas na vigília noturna

um deve se aproximar furtivamente, e apertar-te com o aperto

secreto; outro deve privadamente lançar uma coroa de violetas

sobre ti; um terceiro deve ousar grandemente, e pressionar

loucos lábios aos teus.

24. Sim! A noite deve cobrir tudo, a noite deve cobrir tudo.

25. Tu estiveste longamente procurando-Me; tu correste adiante tão

rápido que Eu fui incapaz de chegar a ti. Ó tu querido tolo! com

que amargura tu coroastes teus dias.

26. Agora Eu estou contigo; Eu nunca deixarei teu ser.

27. Pois Eu sou aquela suave sinuosa cingida em volta de ti,

coração de ouro!

28. Minha cabeça está enjoiada com doze estrelas. Meu corpo é

branco como leite das estrelas; ele é brilhante com o azul do

abismo de estrelas invisíveis.

29. Eu encontrei aquilo que não pôde ser encontrado; Eu encontrei

um vaso de azougue.

30. Tu deves instruir teu servo em seus caminhos; tu deves falar

frequentemente com ele.

Page 8: Liber 65, cap. 1

31. (O escriba olha para cima e clama)

Amém! Tu o falaste, Senhor Deus!

32. Mais além Adonai falou à V.V.V.V.V. e disse:

33. Vamos tomar nosso deleite na multidão dos homens.

Vamos formar para nós mesmos um barco de madrepérola a

partir deles, para que nós possamos passear2 sobre o rio de

Amrit.

34. Tu vês aquela pétala de amaranto, soprada pelo vento das

baixas sobrancelhas doces de Hathor?

35. (O Magister viu-a e regozijou-se na beleza dela.)

Escuta!

36. (De um certo mundo veio um lamento infinito.)

Aquela pétala caindo pareceu aos pequeninos uma onda a

engolir seu continente.

37. Assim eles irão repreender teu servo, dizendo: Quem te

estabeleceu para nos salvar?

38. Ele ficará muitíssimo angustiado.

39. Todos eles não entendem que tu e Eu estamos formando um

barco de madrepérola. Nós iremos velejar rio abaixo de Amrit

até os bosques de teixos de Yama, onde nós podemos regozijar

excedentemente.

40. A alegria dos homens deve ser nosso brilho prateado, sua

angústia nosso brilho azul – tudo na madrepérola.

41. (O escriba ficou irado por isso. Ele falou:

Ó Adonai e meu mestre, eu tenho suportado o tinteiro e a

2 Do original, “ride”.

Page 9: Liber 65, cap. 1

caneta sem pagamento, de modo que eu possa buscar este rio

de Amrit, e nele velejar como um de vós. Isto eu demando para

meu honorário, que eu partilhe do eco de seus beijos.)

42. (E imediatamente isto foi concedido a ele.)

43. (Não; mas nem com isto ele ficou contente. Por um infinito

rebaixamento à vergonha ele esforçou-se. Então uma voz:)

44. Tu te esforças sempre; mesmo em tua entrega3 tu te esforças

para entregar-te – e eis! tu não te entregas.

45. Vai tu até os lugares mais externos e subjugue todas as coisas.

46. Subjugue teu medo e teu desgosto. Então – entrega-te!

47. Houve uma donzela que vagueava entre o trigo4, e

suspirava; então cresceu um novo nascimento, um narciso, e

nele ela esqueceu seu suspirar e sua solidão.

48. Instantaneamente mesmo montou Hades pesadamente sobre

ela, e a arrebatou-lhe5.

49. (Então o escriba conheceu o narciso em seu coração; mas

porque isto não lhe veio aos lábios, ele portanto ficou

envergonhado e não mais falou.)

50. Adonai falou ainda outra vez com V.V.V.V.V. e disse:

A terra está madura para vindima; vamos comer de suas uvas,

e nos embriagar nelas.

51. E V.V.V.V.V. respondeu e disse: Ó meu senhor, meu pombo, o

meu excelente, como deve esta palavra parecer para as crianças

dos homens?

3 Do original, “yielding”: rendição, cuja “entrega” é perfeita e rica sinonímia. 4 “Corn”, qualquer cereal, especialmente o dominante – trigo, no caso da Inglaterra. 5 “Ravished her away” – ainda que “arrebatar” seja o mais adequado, “ravish” pode significar tanto “violentar” quanto “manter enfeitiçado”.

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52. E Ele respondeu-lhe: Não como tu podes ver.

É certo que cada letra desta cifra tem algum valor; mas quem

deve determinar o valor? Pois ele varia sempre, de acordo com a

sutileza d’Aquele que a fez.

53. E Ele respondeu-Lhe: Não tenho Eu a chave disso?

Eu estou vestido com o corpo de carne; Eu sou um com o

Eterno e Onipotente Deus.

54. Então disse Adonai: Tu tens a Cabeça do Falcão, e teu Falo é o

Falo de Asar. Tu conheces o branco, e tu conheces o negro, e tu

sabes que estes são um. Mas por que tu buscas o conhecimento

da equivalência deles?

55. E ele disse: Para que minha Obra possa ser correta.

56. E Adonai disse: O forte ceifador pardo varreu seu trigo6 e

regozijou-se. O homem sábio contou seus músculos, e

ponderou, e não compreendeu, e ficou triste.

Ceifa tu, e regozija-te!

57. Então o Adepto ficou alegre, e levantou seu braço.

Olha! um terremoto, e praga, e terror sobre a terra!

Uma derribada daqueles que sentavam em lugares elevados;

uma fome sobre a multidão.

58. E a uva caiu madura e rica em sua boca.

59. Manchada está a púrpura da tua boca, Ó o brilhante, com a

glória branca dos lábios de Adonai.

60. A espuma da uva é como a tempestade sobre o mar; os navios

tremem e estremecem; o capitão está com medo.

6 “Swathe”, variação de “swath”, trigo.

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61. Essa é a tua embriaguez, Ó o santo, e os ventos rodopiam

embora a alma do escriba para dentro do porto feliz.

62. Ó Senhor Deus! deixe o porto ser derrubado pela fúria da

tempestade! Deixe a espuma da uva tingir minha alma com Tua

luz!

63. Bacchus envelheceu, e foi Silenus; Pan sempre foi Pan para

sempre e sempre mais ao longo7 dos æons.

64. Intoxica o mais íntimo, Ó meu amante, não o mais externo!

65. Assim foi – sempre o mesmo! Eu tenho mirado à baqueta pelada

de meu Deus, e Eu atingi; sim, Eu atingi.

7 “Throughout the æons”: “por todos os æons”, “do começo ao fim dos æons”.

Page 12: Liber 65, cap. 1

REFERÊNCIAS & FERRAMENTAS

Edições em idioma original

http://www.the-equinox.org/vol3/eqv3n1/eq0301063.htm

http://www.castletower.org/065comm.html

Traduções do Liber 65

Os Livros de Thelema, Ed. Madras: 1997.

Os Livros Sagrados de Thelema, Ed. Anúbis-Madras: 1998.

http://www.thelema.com.br/espaco-novo-aeon/livros/liber-

cordis-cincti-serpente/

http://hadnuit.com.br/liber-lxv-vel-cordis-cincti-serpente-

comentado-por-aleister-crowley-e-marcelo-ramos-motta

Ferramentas

Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Lingua Portuguesa,

Ed. Nova Fronteira: 1982.

Dicionário Michaelis Trilíngue, Ed. Klick: 2001.

http://www.conjuga-me.net

http://www.thefreedictionary.com

http://translate.google.com.br

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