letramento intercultural e crÍtico: contos de fadas … · por me dar coragem e iluminar minha...
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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES –
CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
MESTRADO EM LETRAS
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM LITERATURA COMPARADA
LETRAMENTO INTERCULTURAL E CRÍTICO: CONTOS DE FADAS
EM LÍNGUA INGLESA E A PRÁTICA SOCIAL DE LEITURA
Mestranda: Janaine Pomatti
Orientadora: Profa. Dra. Luana Teixeira Porto
Frederico Westphalen, agosto de 2017.
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Janaine Pomatti
LETRAMENTO INTERCULTURAL E CRÍTICO: CONTOS DE FADAS
EM LÍNGUA INGLESA E A PRÁTICA SOCIAL DE LEITURA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras – Mestrado em Letras, área de concentração em Literatura Comparada, sob a orientação da Profa. Dra. Luana Teixeira Porto, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestra em Letras.
Frederico Westphalen, agosto de 2017.
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“Estou à procura de um livro para ler. É um livro todo especial. Eu o
imagino como a um rosto sem traços. Não lhe sei o nome nem o
autor. Quem sabe, às vezes penso que estou à procura de um livro
que eu mesma escreveria. Não sei. Mas faço tantas fantasias a
respeito desse livro desconhecido e já tão profundamente amado.
Uma das fantasias é assim. Eu o estaria lendo e de súbito, uma
frase lida, com lágrimas nos olhos diria em êxtase de dor e de enfim
libertação: Mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!”
CLARICE LISPECTOR
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RESUMO
Este trabalho aborda o letramento crítico e intercultural através da proposição e leitura de contos de fadas na prática social da leitura em aulas de língua inglesa no ensino fundamental. O objetivo do estudo foi refletir sobre o ensino de Língua Inglesa nos anos iniciais do ensino fundamental, enfatizando o letramento crítico e intercultural através da proposição de prática leitora em língua inglesa. Considerando as dificuldades encontradas por muitos professores em ensinar a língua nas escolas públicas de Santa Catarina, este trabalho apresenta uma alternativa metodológica para o ensino de leitura na disciplina de Língua Inglesa no ensino fundamental. Para desenvolver esta investigação, foram adotados os conceitos de letramento intercultural e crítico bem como o de leitura como prática social, além de referenciais teóricos sobre literatura infantil e contos de fadas, além de pressupostos metodológicos para ensino de Língua Inglesa como língua estrangeira e ensino de leitura de literatura, já que foi eleito o texto literário como objeto das proposições de leitura. Esses subsídios teórico-críticos fundamentaram a proposição de práticas leitoras dos contos de fadas em Língua Inglesa destinadas a alunos do quinto ano do ensino fundamental. Essas proposições tomaram como objeto de leitura os contos de fadas a serem utilizados nesse estudo sendo eles: “Beauty and the Beast” (“A Bela e a Fera”), “Sleeping Beauty” (“A Bela Adormecida”” e “The Little Mermaid” (“A Pequena Sereia”) em versão apresentada pelos Clássicos Bilíngues da Claranto Editora, sendo tradutores da obra em português Cristina Marques e também da obra em inglês Emílio Paiva. Ao desenvolver esta pesquisa, pôde-se constatar que há caminhos e descaminhos que envolvem a prática do letramento na sala de aula e eles dependem muito da formação do professor, a qual deve estar voltada para a prática social da leitura e para o desenvolvimento dos letramentos críticos e intercultural. Contudo, a proposição de prática leitora neste trabalho acena para a possibilidade de integrar leitura de texto literário, formação e interação do leitor, o que pode ser produtivo para o desenvolvimento da competência em ler e interpretar textos e relacionar obras, autores, culturas, demonstrando criticidade sobre as narrativas lidas.
Palavra-chave: Letramento Intercultural. Letramento literário. Leitura. Contos de Fadas. Ensino de Língua Inglesa.
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ABSTRACT
This paper approaches critical and intercultural literacy through the proposition and reading of fairy tales in the social practice of reading in English language classes in elementary school. The objective of the study was to reflect on the teaching of English Language in the initial years of elementary school, emphasizing critical and intercultural literacy through the proposition of reading practice in English language. Considering the difficulties encountered by many teachers in teaching the language in the public schools of Santa Catarina, this work presents a methodological alternative for the teaching of reading in the discipline of English Language in elementary school. To develop this research, the concepts of intercultural and critical literacy as well as reading as a social practice were adopted, as well as theoretical references on children's literature and fairy tales, as well as methodological assumptions for teaching English as a second language and teaching of reading of literature, since the literary text was chosen as object of the reading propositions. These theoretic-critical subsidies were based on the proposition of reading practices of fairy tales in English language destined to students of the fifth year of elementary school. These propositions took as object of reading the fairy tales to be used in this study being: "Beauty and the Beast", "Sleeping Beauty" and "The Little Mermaid "in a version presented by the Bilingual Classics of Claranto Editora, being translators of the work in Portuguese Cristina Marques and also of the work in English Emílio Paiva.When developing this research, it could be verified that there are ways and ways which involve the practice of literacy in the classroom and they depend heavily on teacher training, which should be focused on the social practice of reading and on the development of critical and intercultural literacy. for the possibility of integrating reading of literary text, formation and interaction of the reader, which can be productive for the development of the competence in reading and interpreting texts and relate works, authors, cultures, showing criticality about the narratives read.
Key-words: Intercultural Literacy. Literary literacy. Reading. Fairy tale. Teaching English Language.
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AGRADECIMENTOS
São poucas as palavras, mas inúmeros os agradecimentos a muitas
pessoas que estiveram comigo nessa caminhada. Primeiramente, agradeço a Deus
por me dar coragem e iluminar minha vida neste sonho que estou a conquistar. Esta
dissertação é fruto do esforço por não desistir e acreditar nesse desafio, arriscando
a uma nova possibilidade de aprender, com a esperança de ser e fazer o melhor
para nossos alunos.
Aos meus pais, Ivo e Carmen, que estiveram comigo, acreditando nesse
sonho, obrigada pela vida. A você, mãe, que me orientou a seguir sua profissão de
educadora, registro hoje que tenho muito orgulho dessa profissão; a você, pai, pelo
incentivo do aprender “sempre”, palavras sábias, pois o saber não ocupa espaço e é
o único que ninguém consegue nos tirar.
À Profa. Dra. Luana Teixeira Porto agradeço pela humildade e competência
profissional; com certeza, seus ensinamentos e orientações jamais serão
esquecidos, pois contribuíram para a realização deste trabalho, ampliando minha
formação intelectual e profissional.
Ao Programa de Pós-Graduação em Letras – Mestrado em Letras da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, agradeço pelas
contribuições essenciais para o desenvolvimento acadêmico e incentivos à
realização das atividades do curso.
Agradeço também aos professores Denise Almeida da Silva, Rosangela
Fachel, Ilse Vivian e Ana Paula Porto, que foram importantes no desenvolvimento
desta pesquisa, mostrando que em tudo é possível construir e transformar.
À Banca Examinadora, pelas contribuições que ajudaram no aprimoramento
deste trabalho de pesquisa.
Aos meus colegas de Pós-Graduação, pelo apoio e auxílio em momentos
que foram complicados na minha vida pessoal.
Enfim, a todos que, de uma forma ou de outra, estiveram presentes nesta
caminhada para que este sonho fosse concretizado.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
1. ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E HABILIDADES COMUNICATIVAS 17
1.1. Ensino de língua estrangeira 17
1.2. A língua inglesa na infância e a literatura como recurso de
Aprendizagem 36
1.3. A literatura infantil e os contos de fadas no ensino de língua inglesa 40
2. LETRAMENTO INTERCULTURALE CRÍTICO 48
2.1. Letramento intercultural e crítico: conceituação 48
2.2. Práticas leitoras e letramento intercultural 57
3. PROPOSIÇÕES DIDÁTICAS PARA LETRAMETNO INTERCULTAL NO ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA NOS ANOS INICIAIS 62
3.1. O roteiro das proposições didáticas 62
3.2. As proposições didáticas 64
3.3. Caminhos e (des)caminhos para/no um ensino de língua inglesa na
perspectiva do letramento intercultural 76
CONSIDERAÇÕES FINAIS 79
REFERÊNCIAS 81
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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, é possível observar que o ensino de Língua Inglesa tem se
expandido, não só estando presente no currículo escolar do Ensino Fundamental,
mas também se encontra implantado a partir da Educação Infantil, como ocorrem
em escolas públicas municipais de Santa Catarina. Isso, por um lado, pode ser fator
capaz de ampliar a competência linguística dos alunos em uma língua estrangeira,
facilitando o intercâmbio cultural, e, por outro, exige reflexão e domínio por parte dos
professores sobre os processos de ensino e aprendizagem da língua inglesa como
língua estrangeira nos mais diferentes níveis de ensino.
Em consequência disso, há também a preocupação e o interesse desta
educadora, que é professora de língua inglesa da rede pública municipal do ensino
fundamental no referido Estado, em desenvolver a pesquisa sobre o intercâmbio
cultural no ensino da língua inglesa e a habilidade de leitura crítica, para, assim,
propor estratégias que contribuam para o desenvolvimento da prática de leitura no
ensino de língua inglesa através da proposição de práticas leitoras que possam
viabilizar o letramento crítico e intercultural. Para isso, este estudo propõe a
exploração do conto de fada como gênero literário privilegiado para a revelação de
competência leitora em língua inglesa no Ensino Fundamental. Como a leitura é uma
atividade de proposição de sentido e julgamento de valor sobre os textos, a
criticidade precisa ser incentivada nos processos de compreensão textual.
Dessa forma, esta pesquisa aborda o letramento intercultural e crítico através
da proposição de prática leitora em língua inglesa destinada ao quinto ano do ensino
fundamental, série eleita por ser o nível de ensino em que o aluno já está
alfabetizado na língua materna e em processo de aquisição da língua estrangeira.
Essa indicação do perfil da turma que forma o público-alvo das proposições desta
dissertação considera uma situação contextual específica: a da pesquisadora e de
seus estudantes em uma instituição de ensino pública de Santa Catarina, onde os
alunos do quinto ano do Ensino Fundamental têm aulas de língua inglesa desde a
Educação Infantil e, no quinto ano, já têm desenvolvido um vocabulário mínimo para
compreensão de texto simples, como a narrativa de conto de fada, em língua
inglesa. Para desenvolver a proposta de pesquisa, faz-se necessário compreender o
processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa e reconhecer que a
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alfabetização e o letramento ocorrem por meio da leitura, objeto principal de reflexão
nesta pesquisa.
Nesse sentido, esta pesquisa insere-se na linha de pesquisa “Leitura,
Linguagens e Ensino” do Programa de Pós-graduação em Letras da Uri – Mestrado
em Letras, já que apresenta estratégias possíveis para o ensino da leitura e da
língua no contexto escolar. Ao abordar o tema letramento intercultural e crítico, este
trabalho também propõe uma perspectiva de ensino de língua que não se vincula a
práticas tradicionais de estudo da língua estrangeira baseadas na aprendizagem de
normas gramaticais para uso do idioma, o que se associa a uma das propostas de
investigação da linha de pesquisa, que é a de propor estudos sobre processos que
envolvem a leitura e a literatura no contexto da educação básica do século XXI. Para
a reflexão sobre o letramento intercultural e crítico no ensino de língua inglesa, esta
pesquisa propõe a discussão sobre esses dois tipos de letramento construídos por
meio da leitura de contos de fadas em língua inglesa, focalizando, dessa forma, a
prática social de leitura.
A apresentação desta proposta de pesquisa deve-se a várias razões. A
primeira delas relaciona-se ao fato de que, num contexto globalizado como o atual, a
necessidade de as pessoas aprenderem uma linguagem eficiente de comunicação
fez com que a língua inglesa se tornasse fundamental em todo o mundo. Por isso,
ao planejar sua aula, o professor pode contribuir para o ensino de língua inglesa
através de atividades de intercâmbio cultural para a aprendizagem do aluno e assim
ser um estimulador do uso efetivo de um dos mais importantes instrumentos de
interação social no mundo globalizado, a língua inglesa.
Outra razão para a realização deste estudo é a possibilidade de a pesquisa,
através de suas proposições de práticas leituras para o letramento intercultural e
crítico no ensino da língua inglesa, como também compartilhar propostas educativas
que podem ser realizadas nas escolas de educação básica. Dessa forma, o estudo
poderá ainda contribuir para a formação de estudantes aptos a interagir socialmente
e expressar-se em língua materna e estrangeira, já que diariamente convivemos
com muitas palavras em língua inglesa presentes nos meios de comunicação. Tal
observação amplia-se na medida em que percebemos a influência que a língua
inglesa exerce sobre nossa cultura, o que torna essa língua cada vez mais
importante e valorizada, pois é o idioma oficial no mundo dos negócios, a mais
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utilizada nas pesquisas e na literatura científica e também se faz presente nos
materiais eletrônicos fabricados.
Estudar o letramento crítico e intercultural no ensino de leitura em língua
inglesa também é relevante pelo fato de que o indivíduo que sabe a língua inglesa
tem muitas possibilidades e oportunidades por ter essa competência, ou seja,
oportunidades de conquistar um bom emprego em qualquer parte do mundo,
entender filmes e músicas, além disso, desenvolver habilidade de se comunicar,
viajar em qualquer lugar, tornar-se um indivíduo fluente e independente. Nessa linha
de raciocínio, é importante conhecer e entender a língua inglesa no contexto social,
pois ela é a língua da comunicação com todo o mundo e, através dela, conseguimos
interagir e nos relacionarmos com outras pessoas se soubermos usá-la.
Além disso, não basta apenas que o aluno saiba interagir em língua inglesa, é
necessário que ele adquira o hábito de ler. Através da leitura, é possível que o
estudante amplie seu conhecimento. E a escola, enquanto formadora de leitores,
deve formar alunos críticos que tenham capacidades de entender, analisar, refletir,
agir e transformar a sociedade, bem como a sua vida. Acreditamos que a leitura de
contos de fadas propicia essas reflexões, já que é um gênero literário que permite
discussão sobre vários temas de interesse à formação humana, como a ética, a
moral e a cultura, e, assim, também apresenta condições adequadas para a
revelação de condições intelectuais para o alcance do letramento crítico.
Em vista disso, esperamos que, ao expormos proposições didáticas para
leitura em língua inglesa, esta pesquisa possa ser também um estímulo a outros
pesquisadores para tornarem a aula da língua estrangeira um instrumento para
revelação e desenvolvimento da leitura e do texto literário também especialmente
quando consideramos a formação do leitor nos anos iniciais do ensino fundamental.
Considerando isso, entendemos que é um dos papéis dos professores e
pesquisadores pensar em atividades formativas que possibilitem a preparação
adequada em leitura e uso da língua estrangeira na sala de aula e que proporcionem
aos estudantes acesso ao mundo letrado e compreensão das culturas subjacentes
ao estudo de uma língua. Diante disso, esta investigação apresenta um recorte de
abordagem centralizado na reflexão sobre letramento crítico, já que se sabe que a
leitura é fundamental para a formação humana, e intercultural, uma vez que existe
também a necessidade de não se dissociar ensino e leitura em língua estrangeira de
reflexão sobre a cultura dos países que usam a língua estrangeira como língua
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oficial. Nesse sentido, este estudo propõe alguns problemas de pesquisa que serão
ser respondidos ao longo da dissertação: Por que abordar os contos de fadas no
ensino de Língua Inglesa no contexto escolar? Como promover o letramento crítico e
intercultural em aulas de língua inglesa nos anos iniciais do ensino fundamental? De
que forma os contos de fadas podem ser explorados na sala de aula para
desenvolver a competência leitora em língua inglesa e promover a compreensão da
interculturalidade e também a leitura crítica da literatura infantil?
Tais questionamentos, que norteiam esta investigação, serão considerados
para a elaboração do referencial teórico do estudo e proposições didáticas. O
objetivo central do estudo é discutir letramento intercultural e crítico através da
proposição de prática leitora em língua inglesa para os anos iniciais do ensino
fundamental. Especificamente, busca-se: Refletir sobre a importância do letramento
intercultural e crítico no ensino de língua inglesa para o quinto ano do ensino
fundamental com base na realização de leitura comparatista de textos literários e
sua relação com outros objetos culturais; Apontar como contos de fadas podem ser
utilizados no ensino da língua estrangeira, ampliando a competência leitora e
contribuindo para uma formação de leitura de literatura; Propor práticas de leitura em
língua inglesa nos anos iniciais do ensino fundamental para desenvolver
possibilidades de o aluno alcançar o letramento intercultural e crítico; Contribuir com
desenvolvimento do letramento no ensino de língua inglesa na educação básica.
O interesse em desenvolver essa pesquisa, entre outras razões já
registradas, está relacionado ao ensino de língua inglesa, pois ela está inserida num
contexto global e também no ambiente escolar, o que determina a necessidade de
se refletir sobre a forma de desenvolver o estudo do idioma na sala de aula. A
aprendizagem da língua inglesa faz parte da vida dos alunos e ela é consequência
de processos educativos contínuos no ambiente que o aprendiz está inserido. Nesse
processo, quando o aluno está no início da escolarização, em fase de alfabetização,
estão inclusas a leitura e a escrita.
Conforme José Aroldo da Silva:
No processo de alfabetização a leitura precede o processo da escrita. Portanto, o tema leitura é fundamental para todos os processos de aprendizagem do educando. A leitura é um processo complexo que abrange além da apropriação das letras e símbolos linguísticos a compreensão do mundo. A leitura é um processo dinâmico em que o leitor interage com o autor do texto. “É através do ato de ler que o homem interage com outros
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homens por meio da palavra escrita. O leitor é um ser ativo que dá sentido ao texto. A palavra escrita, ganha significados a partir da ação do leitor sobre ela”. (SILVA, 2011, p. 23)
Na alfabetização, é possível perceber que os alunos apresentam cada vez
mais dificuldades de se expressar através da leitura e escrita. Isso muitas vezes
acontece porque seu contato com o mundo das letras não foi muito intenso ou pelo
fato de o estudante receber pouco estímulo para desenvolvimento linguístico. Além
disso, é notório que eles estão cada vez mais envolvidos em realidades que os
afastam do reconhecimento da importância da valorização da leitura e da escrita. E
uma delas é a realidade virtual. A escola está perdendo espaço para a televisão, os
videogames, as redes sociais da internet, e a família alimenta esse distanciamento
quando oportuniza que o aluno se vincule cada vez mais a esse mundo tecnológico,
muitas vezes não acompanhando a interação dos próprios filhos com os recursos
disponíveis na rede nem oferecendo condições para que o jovem interaja de modo a
poder desenvolver seu próprio intelecto.
Esses fatores contribuem para a existência de altos índices relacionados a
dificuldades de leitura e interpretação de textos que muitos alunos apresentam em
todas as disciplinas, como nas aulas de língua inglesa. E isso motiva muitos
pesquisadores e professores a buscar novas alternativas para melhorar o ensino e
aprendizagem de língua inglesa, assim como, qualificar os processos de escrita e
leitura. Nessa perspectiva, ao abordar a leitura do texto em língua inglesa nos anos
iniciais do ensino fundamental, esta pesquisa pode ser útil para pensar como
promover a formação de um leitor interculturalmente competente e crítico nesse
nível de ensino.
A necessidade de discutir a aprendizagem da língua, devido à sua presença no
contexto social da globalização, também é fundamental, posto que dominar a língua
inglesa permite que o aprendiz desenvolva habilidades comunicativas e, em contato
com interações com nativos da língua ou com textos escritos no idioma estrangeiro,
possa ampliar sua capacidade de se comunicar e tenha acesso ao conhecimento e
ao letramento.
Além disso, pensar em estratégias para promoção do letramento crítico por
meio da leitura na disciplina de língua inglesa faz se necessário, já que um estudo
com essa abordagem pode contribuir para o desenvolvimento do ensino assim como
ampliar competência relacionada à análise e à interpretação de textos. Acreditamos,
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nessa linha de raciocínio, ser necessário que se proponham alternativas de ensino
que despertem o interesse dos alunos na aprendizagem as quais associam leitura,
escrita, fala e audição e podem revelar habilidades comunicativas no uso da língua
inglesa.
Essa perspectiva de ensino está, inclusive, descrita no principal guia de ação
docente, os Parâmetros Curriculares Nacionais, que norteiam o ensino no Brasil.
Conforme os PCN’s:
A aprendizagem de uma língua estrangeira deve garantir ao aluno seu engajamento discursivo, ou seja, a capacidade de se envolver e envolver outros no discurso. Isso pode ser viabilizado em sala de aula por meio de atividades pedagógicas centradas na constituição do aluno como ser discursivo, ou seja, sua construção como sujeito do discurso via Língua Estrangeira. Essa construção passa pelo envolvimento do aluno com os processos sociais de criar significados por intermédio da utilização de uma língua estrangeira. (PCN’s, 1997, p.45)
Por isso, durante o processo pedagógico, é muito importante que sejam
propostas atividades para desenvolver o discurso através da interação. Então, o
educador deve usar diferentes métodos de ensino e motivar o seu educando para
que seja um leitor interculturalmente competente. No seu planejamento, o docente
pode utilizar em suas aulas diversos gêneros textuais, objetivando, assim, conhecer
os gostos das crianças e também o que eles preferem ler para estimular e
desenvolver o hábito de ler e usar a língua inglesa.
Em razão disso, justifica-se a escolha do tema “Letramento intercultural e
crítico” e a abordagem proposta, de discutir os contos de fadas em língua inglesa
como instrumento para a promoção da prática social de leitura. O letramento
intercultural permite que o aprendiz tenha um processo contínuo de aprendizagem,
saiba a necessidade da leitura e escrita na sociedade como também utilize essas
competências para as exigências impostas no dia-a-dia num contexto que cada vez
mais se mostra o mundo globalizado. Apresenta-se com o letramento intercultural o
letramento crítico, sendo este importante para que o estudante desenvolva
habilidade de leitura por meio de práticas discursivas para a construção de sentidos
para os textos que lê ou escreve, pois essas práticas influenciam na sua produção
escrita. O letramento crítico busca engajar o aluno em uma atividade crítica através
da linguagem, utilizando como estratégia o questionamento das relações de poder,
das representações presentes nos discursos e das implicações que isto pode trazer
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para o indivíduo em sua vida ou de sua comunidade. A consciência crítica do aluno
pode ser desenvolvida através da abordagem pedagógica do letramento crítico, pois
este encoraja o aluno a pensar por si próprio, explorando e negociando significados
a partir de situações significativas para o aluno. Nesta visão de língua, a abordagem
do letramento crítico é um caminho adequado para se expandir o horizonte dos
jovens, bem como suas habilidades linguísticas para negociação de significados
possíveis em diferentes situações de comunicação e também possibilitando uma
ação de intervenção e transformação da realidade.
Através da prática de leitura baseada na busca do letramento crítico propõe
que o aluno-leitor consegue reconhecer a forma e a estrutura do texto e relacionar o
texto como uma linguagem que expressa alguma perspectiva relacionada a poder,
grupo social, estrutura social, entre outros, e o que permite a percepção do tempo e
da cultura do contexto de produção do texto. Através da relação de ensino e
aprendizagem em uma perspectiva de letramento crítico e intercultural, envolvem-se
questões culturais, em diversas situações comunicativas, e questões formais (da
estrutura e organização do texto) e sociais (da relação do texto com o seu contexto
externo) e a necessidade de interação entre o conhecimento individual de cada
aluno e o escolar que o estudante pode aprender para ler o mundo.
O educador deve estimular a prática da leitura em língua inglesa devido ao seu
uso no meio social. Isso porque o processo de ensino e aprendizagem permite a
integração de habilidades e capacidades de exposição às vivências nas práticas
sociais, bem como o desenvolvimento do letramento em aulas de língua estrangeira
nos aspectos que envolvem compreensão e produção de uma oralidade e de uma
escrita nessa língua, além da leitura de textos e produção escrita. O aprendiz
consegue expressar sua percepção de mundo, mediada pela produção oral e escrita
e pelo processo de leitura através da interação verbal e do seu conhecimento e suas
habilidades na sociedade.
Para que o aprendiz seja capaz de desenvolver competências comunicativas,
deve-se utilizar uma leitura que seja atrativa e diversificada no ensino. Refletindo
sobre isso, acreditamos que os contos de fadas funcionam como uma estratégia de
aprendizagem para o aluno, sendo que, ao mesmo tempo em que proporcionam o
aprendizado de uma língua estrangeira, eles oferecem oportunidades concretas para
que os estudantes mergulhem em histórias ficcionais típicas desse gênero literário
que podem levá-los ao mundo imaginário e também aproximá-los de seu contexto
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factual. O poder da leitura da literatura nesse gênero é, portanto, duplo: desenvolve
habilidade de leitura e de compreensão do mundo e do próprio leitor. E o conto de
fada faz isso por meio de uma linguagem, forma e estrutura que podem encantar o
leitor em um período de vida que em que a imaginação precisa ser estimulada e a
leitura da literatura precisa ser incentivada, para despertar gosto e formar o hábito.
Elegemos o conto de fada como gênero privilegiado para as proposições
leitoras, por reconhecermos o seu valor literário e por sabermos que ele é adequado
à faixa etária dos leitores. O livro infantil possui características estéticas para atrair o
leitor mirim e ampliar a sua capacidade de imaginação, e os contos de fadas são
recursos eficientes e interessantes para se ensinar literatura.
Assim, Vera Teixeira de Aguiar afirma que:
Outro olhar importante sobre a literatura infantil, que ajuda na compreensão do seu valor e da sua importância para a criança é oferecida por Bruno Bettelheim 4, quando a partir de um estudo sobre os contos de fadas, afirma que a obra infantil é aquela que, enquanto diverte a criança, oferece esclarecimentos sobre ela mesma, favorecendo o desenvolvimento da sua personalidade. O livro infantil, assim, apresenta significados em vários níveis diferentes, enriquecendo a existência da criança. Através da leitura, ela vê representados no texto, simbolicamente conflitos que enfrenta no dia-a-dia e encontra soluções porque a história traz um final feliz. Em outras palavras, o conto de fadas dá a infância, a certeza de que os problemas existem, mas podem ser resolvidos. (AGUIAR, 2001, p.18)
O leitor pode se identificar com a obra literária e desenvolver sua
personalidade, pois consegue relacionar a obra literária com sua vida. Mas isso é
possível se o autor da obra, o “adulto”, tiver conhecimento e estiver atento sobre a
qualidade estético-literária e representar na obra o universo da infância, expandindo
o horizonte de expectativas do leitor mirim. Esse universo infantil é traço das
histórias dos contos de fadas, fator que atua como um critério fundamental para a
eleição do gênero como leitura prioritária das proposições didáticas desta
dissertação.
A literatura infantil, representada pelos contos de fadas, pode ser um ótimo
recurso para incentivar o aluno à leitura. O ato de ouvir contar e ler histórias precisa
ser uma prática cotidiana e também é possível conhecer a estrutura de uma língua
estrangeira através da sua literatura. Mas o que se observa nas práticas
pedagógicas de ensino nas escolas especialmente nas aulas de língua inglesa são
muitos usos de regras gramaticais e memorização delas, o que não incentiva o
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aprendiz a pensar, fantasiar, criar e a literatura só aparece, quando aparece, em
alguns momentos de lazer ou em práticas não muito interessantes para os alunos.
Por isso, é necessário desenvolver estratégias de ensino de língua inglesa,
pois o sucesso que a criança irá alcançar em sua vida escolar e social está
diretamente ligado a uma boa aprendizagem que pode ser alcançada através de
boas estratégias de ensino. A utilização destas estratégias pode ser reconhecida
como uma ferramenta eficaz na construção do aprendizado do indivíduo.
Segundo Cohen et al:
Estratégias de aprendizagem e de uso da língua estrangeira são passos ou ações selecionados pelos aprendizes para melhorar a aprendizagem ou o uso da língua, ou ambos. (...) são pensamentos e comportamentos conscientes que os alunos utilizam para facilitar as tarefas de aprendizagem e personalizar o processo de aprendizagem da língua. (COHEN et al, 1996, p. 16)
Através do autor, o conceito de estratégias permite que o aprendiz possa
analisar o problema, resolver tarefas, memorizar estruturas e palavras para facilitar
sua aprendizagem assim como adquirir experiências com a cultura dos países de
língua inglesa e o texto é outro recurso fantástico para desenvolver a aprendizagem,
outro meio é a leitura do conto de fadas. O autor descreve que essas estratégias são
utilizadas frequentemente em conjunto, sendo sua ordem flexível. Assim, esperamos
propor alternativas que contribuam para o conhecimento da cultura dos países que
usam o idioma e que revelem habilidades de análise e compreensão de texto que
ponham em relação forma e conteúdo textuais, através de recursos didáticos que
envolvem a leitura no ensino. Isso poderá romper, assim, práticas de leitura que não
associam texto, literatura e língua, mas que sejam amplas e associadas como um
todo para desenvolver um ensino de língua inglesa, atrativo e significativo que possa
contribuir para a formação do educando nos anos iniciais do ensino fundamental.
Para apresentar todas as reflexões que nos parecem fundamentais nesta
pesquisa, a dissertação está estruturada em três capítulos. O primeiro aborda o
ensino de língua estrangeira como também temas atuais sobre ensino que
preocupam esta pesquisadora, movendo a busca por novas metodologias de ensino,
baseadas no desenvolvimento das habilidades leitoras por meio do conto de fadas.
O segundo capítulo aborda o letramento intercultural e crítico e conceito de
práticas leitoras. Discutimos a diferença que existe entre alfabetização e letramento.
Entendemos que a alfabetização se desenvolve por meio do letramento e
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habilidades de leitura e escrita em práticas sociais. Essa diferença conceitual é
percebida em indivíduos: aqueles considerados alfabetizados conseguem ler e
escrever e os indivíduos letrados também conseguem se adequar aos usos sociais
de leitura e escrita. A discussão teórica sobre esses termos é o foco da abordagem
do capítulo.
E o terceiro capítulo aborda as proposições didáticas para o letramento
intercultural e crítico no ensino de língua inglesa, também constará o roteiro das
proposições, bem como caminhos e descaminhos para o ensino de língua
estrangeira na perspectiva do letramento intercultural. Por fim, são expostas as
considerações sobre a realização desta pesquisa, que envolvem tanto a retomada
dos objetivos do estudo quanto a indicação de limites e possibilidades das
proposições construídas.
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1. ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E HABILIDADES COMUNICATIVAS
1.1. Ensino de língua estrangeira
Atualmente a forma de desenvolver o ensino de língua inglesa vem
preocupando grande parte dos professores, que estão em busca de novas
metodologias de ensino e de estratégias que possam contribuir para um avanço na
revelação de competências linguísticas e leitoras no ensino da língua estrangeira.
Assim, muitos professores dialogam quando existe possibilidade de haver outros
professores da disciplina na escola e trocam informações sobre como trabalhar a
estrutura gramatical da língua, atividades direcionadas para desenvolver a oralidade
e outras para desenvolver a fala, assim como sobre estratégias para desenvolver a
leitura em língua estrangeira que não seja apenas uma leitura para decodificação de
vocabulário, mas, sim, para compreensão de texto escrito no outro idioma. E isso
supõe conhecimento teórico do docente e também experiência prática.
Conforme Luciano Amaral de Oliveira:
Obviamente, o tempo de ensino que um professor possui é muito importante para as decisões que toma. São decisões baseadas na intuição e no instinto, fatores legítimos e valorizados em qualquer profissão. Mas ele não deve ficar satisfeito só com a intuição e com o instinto aguçado pela experiência: ele precisa também construir conhecimentos teóricos que possam torná-lo mais competente, mais consciente e, consequentemente, mais bem preparado para tomar decisões didático-pedagógicas que afetam a sua prática em sala de aula. (OLIVEIRA, 2014, p.22)
A teoria é algo que não interessa para muitos professores, mas sabemos
que ela é importante, pois o conhecimento se constrói a partir dela, nos conceitos e
técnicas. A teoria permite que haja reflexão sobre o ensinar, autoavaliar, além das
decisões a serem tomadas pelo professor. É preciso pensar sobre esse ato e a
razão da profissão, pois aprender línguas significa desenvolver o conhecimento,
bem como o seu uso no meio social, é preciso conhecer as teorias, para sustentar a
prática de ensino e também posicionar-se criticamente diante dessas teorias.
De acordo com PCN’s:
Diferentemente do que ocorre em outras disciplinas do currículo, na aprendizagem de línguas o que se tem a aprender é também, imediatamente, o uso do conhecimento, ou seja, o que se aprende e o seu uso devem vir juntos no processo de ensinar e aprender línguas. Assim, caracterizar o objeto de ensino significa caracterizar os conhecimentos e os
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usos que as pessoas fazem deles ao agirem na sociedade. Portanto, ao ensinar uma língua estrangeira, é essencial uma compreensão teórica do que é a linguagem, tanto do ponto de vista dos conhecimentos necessários para usá-la quanto em relação ao uso que fazem desses conhecimentos para construir significados no mundo social. (PCN’s, 1997, p. 27)
O estudo de uma língua requer situações reais em que ela esteja presente
sendo ela utilizada, por isso, ao ensinar, o professor deve priorizar situações de
comunicação oral para desenvolver a prática da pronúncia e fala da língua
estrangeira bem como possibilitar que o aluno entenda a diferença entre palavras no
som e no significado. É preciso repensar maneiras de ensinar para que elas sejam
significativas e atrativas para o aluno.
O ensinar é classificado de várias maneiras e uma delas é transferir
conhecimentos, a outra é facilitar a aprendizagem. Ainda para Luciano Amaral de
Oliveira:
Durante muito tempo, a ideia segundo a qual ensinar significa transferir conhecimentos foi repetida com tanta frequência que se tornou parte do senso comum, ou seja, naturalizou-se o discurso segundo o qual os conhecimentos podem ser transferidos do professor para alunos. Isso fica evidente em enunciados, que circulam com frequência em nossa sociedade: ”O Professor é o detentor dos conhecimentos”, “Tem professores que não sabem passar seus conhecimentos”, O bom professor é aquele que sabe transferir seus conhecimentos para os alunos”. Percebemos essa concepção também quando alguns estudantes dizem algo assim: Aquele professor tem muito conhecimento, é fera mas não sabe passar”. (OLIVEIRA, 2014, p.23)
Aqui ressaltamos que existe diferença entre o professor que sabe ensinar e
aquele que possui muito conhecimento, mas não consegue transmiti-lo para seu
aluno. E os alunos sabem e reconhecem os seus professores. Isso implica na
aprendizagem escolar.
Muitas vezes, ao ensinar, considera-se o professor um ser ativo, enquanto o
aluno, um sujeito passivo. Ou seja, o professor como um transferidor de
conhecimentos e o aluno como um ser vazio, pra o qual deve ser depositado o
conhecimento. Considerar o conhecimento do aluno é muito importante seja ele o
conhecimento de mundo, bem como aquele que é proveniente de suas experiências
pessoais, ao longo de suas vidas, exposição a textos escritos, programas de rádio,
documentários, filmes, músicas e o que circula na internet.
Nessa linha de raciocínio, o ato de ensinar não deve ser uma transferência
de conhecimentos, mas sim um meio para facilitar a aprendizagem, ou seja,
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contribuir para que ela ocorra. E, para que a aprendizagem aconteça, isso
dependerá da metodologia de ensino e também do professor, de sua experiência
profissional, paciência, organização e dedicação. A aprendizagem também depende
muito do interesse do aluno e seu esforço.
Nesse sentido, Luciano Amaral de Oliveira:
Para facilitar a aprendizagem de seus alunos, é importante que o professor continue estudando, lendo livros e artigos. Se possível, é interessante que ele participe de congressos e encontros. O mais importante é que ele se mantenha bem informado e, assim, esteja preparado não apenas para fornecer informações atualizadas para seus alunos, mas também para repensar suas crenças teóricas, para refletir criticamente sobre a sua prática docente, para usar o livro didático em vez de ser usado por ele. Consequentemente, facilitar a aprendizagem implica também recomendar aos alunos a leitura de livros e a realização de atividades que possam contribuir para a construção dos conhecimentos. Isso implica, por sua vez, que o professor precisa fazer análises críticas das gramáticas e dos livros didáticos adotados pela escola em que trabalha e prepara as atividades de acordo com o perfil dos seus alunos. (2014, p. 27)
A formação tem papel fundamental para o professor, quanto mais
conhecimento ele tiver, maior será a sua capacidade para ensinar na prática
docente. Essa prática permite que ele esteja preparado e consiga facilitar a
aprendizagem como também assumir diferenças que existem entre os alunos e suas
capacidades para aprender assim como lhe propiciará escolher o material adequado
conforme a faixa etária dos seus alunos.
Quando nos referimos ao material de ensino, registramos que o livro didático
ainda é uma ferramenta de trabalho do professor no ambiente escolar. Ele foi criado
com a implantação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), um programa
criado pelo MEC com a finalidade de avaliar e comprar, para utilização nas escolas
públicas destinados ao ensino fundamental. Desde muito tempo o livro didático guia
o ensino também de língua estrangeira e, talvez por influência desses recursos, e
ainda hoje o ensino da Iíngua inglesa está direcionado ao ensino da gramática
baseado na compreensão, tradução e resolução de exercícios e pouco valor se dá a
literatura ficando ela direcionada somente na leitura.
Conforme Regina Zilberman:
O livro didático se faz portador de normas linguísticas, delegadas da ideologia do padrão culto e expressão de classes e setores que exercem a dominação social e política. Ou quando a interpretação se imobiliza em respostas fechadas, de escolha simples, promovidas por fichas de leitura,
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sendo o resultado destas a anulação da experiência pessoal e igualitária com o texto. (ZILBERMAN, 1984, p. 21)
Muitas vezes, o livro didático se torna um material de estudo bastante
explorado em sala de aula, pois já vem pronto, com regras definidas sobre a
abordagem dos tópicos e conteúdos que, infelizmente, não condizem com a
realidade do aluno. Então, o professor precisa saber como elencar os conteúdos,
introduzindo temas atuais, contextualizados aos interesses dos alunos. Mas, para
isso, é necessário que o professor tenha uma boa formação profissional, sendo
conhecedor da disciplina que ministra e investigador dos temas que a envolvem,
utilize diversas maneiras de ensinar, através de textos literários que contemplem
variados gêneros textuais para desenvolver a aprendizagem do seu aluno e o livro
didático passa a ser um recurso no ensino de língua inglesa.
Nessa perspectiva, Luciano Amaral Oliveira diz que:
Aprender é um processo de construção de conhecimento, de desenvolvimento de habilidades e de aquisição e/ ou mudança de comportamentos e atitudes. Em outras palavras, aprender é um processo de transformação do indivíduo. Guy Lefrançois define a aprendizagem como “toda mudança relativamente permanente no potencial de comportamento, que resulta da experiência, mas não é causada por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doenças”. (2014, p. 6)
O aprender transforma o indivíduo, fazendo-o pensar e refletir sobre si
próprio e agir diante da sociedade, dando a ele possibilidades e capacidades para
se adaptar ao meio em que está inserido. No ensino de Língua Inglesa, o professor
deve elogiar o aluno quanto a sua aprendizagem, sendo ela na escrita ou também
na pronúncia e seguir uma teoria adequada para explicar a aprendizagem de seus
alunos.
A motivação do estudante com a aprendizagem é muito importante e
depende dele mesmo e também do professor e dos métodos escolhidos no ensino.
Para Jeremy Harmer:
One of the teacher’s main aims should be to help students to sustain their motivation. We can do this in a number of ways. The activities we ask students to talk part in will, if you involve the students or excite their curiosity – and provoke their participation – help their to stay interested in the subject. We need, as well, to select na appropriate level of chall so that thingsare neither too difficult nor too easy. We need to display appropriate teachers qualities so that students can have confidence in our abilities and profissionalism Chapter 2). We need to consider the issue of affect – that is,
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how the students feel about learning process. Students need to feel that the teacher really cares about them; if students feel supported and valued, they are far more likely to be motived to learn. (2007, p.20-21)
Uma maneira de os professores motivarem seus alunos é permitir que sejam
provocados a participar das atividades das aulas, sintam-se curiosos e interessados
nas disciplinas. O professor deve se sentir seguro em relação a eles. Se os
estudantes se sentirem valorizados, eles estarão mais motivados para aprender.
Acreditamos que o ensino-aprendizagem de língua inglesa deve ser
realizado conforme a perspectiva interacionista, assim, para Luciano Amaral de
Oliveira:
A articulação do exposto até aqui com a prática pedagógica é simples: a língua precisa ser concebida como interação social, que coloca à disposição dos seus usuários um conjunto de estruturas gramaticais e de palavras para que elas possam interagir socialmente em encontros culturalmente marcados tanto na fala quanto na escrita. Por isso, instinto, o professor precisa ter consciência de que o texto oral e o texto escrito são os eixos em torno dos quais as suas aulas devem girar, pois a interação social que a língua estabelece toma sempre e invariavelmente a forma de textos. (OLIVEIRA, 2014, p. 39)
Ensinar língua inglesa requer que o professor utilize em sua prática de
ensino o texto escrito, como o literário, pois ele é um gênero completo para se
explorar vários aspectos de estruturas e também sentidos. A partir do texto literário,
é possível ampliar o vocabulário, a escrita e também desenvolver a fala por meio de
interações. Conforme Vera Teixeira de Aguiar:
Nesse sentido, a psicologia vem em nosso socorro. Para o pensador russo Liev Vygotsky e outros estudiosos, o que facilita o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da atenção é o processo de interação social, isto é, a conversa com os vizinhos, com os amigos, com os familiares e, claro, com professor em sala de aula. Daí a importância de os adultos dialogarem com a criança, mesmo quando o vocabulário utilizado não for familiar, porque só ouvindo as novas palavras o falante pode se apropriar delas. (AGUIAR, 2001, p. 37)
Aqui ressaltamos a importância da interação do estudante-leitor com o texto
literário, pois ela permite que a criança, conforme o seu crescimento, desenvolva-se
na linguagem e no pensamento. Por isso, é necessário que o educador tenha uma
visão sobre esse desenvolvimento linguístico e intelectual infantil, para, assim,
adequar a literatura no ensino como gênero textual a ser utilizado, (re)pensando
22
maneiras de permitir que a interação aconteça para que haja o desenvolvimento na
criança.
A escolha de qual metodologia utilizar ao ensinar a língua inglesa é uma
preocupação atual que faz com que professores reflitam sobre suas práticas
pedagógicas em busca dos métodos mais adequados. Os métodos de ensino
fizeram parte da história, sendo eles um marco no ensino de línguas estrangeiras,
eles foram tentativas de ensino, que implicaram resultados nem sempre desejados.
Essas práticas pedagógicas influenciaram o ensino de língua estrangeira e
foram marcadas por características históricas, como o taylorismo,
comportamentalismo e instrumentalismo e pragmatismo. No taylorismo, o tempo de
ensino era racionalizado, já o comportamentalismo privilegiava a motivação do
aluno; no pragmatismo, o ensino era programado e definido por objetos, enquanto
que, no instrumentalismo, a proposta era uma visão utilitarista no ensino de línguas
estrangeiras. Atualmente, essas práticas pedagógicas ainda têm reflexos no ensino
de língua inglesa porque fazem parte da história e também não é pela existência de
novas abordagens no ensino que as técnicas e métodos antigos deixaram de existir.
Muito pelo contrário, eles estão presentes nas salas de aula em escolas regulares
ou de idiomas.
Desde a história do colonialismo e imperialismo, existiram dominações
culturais presentes em povos que se utilizaram da língua para exercer domínio de
uns sobre os outros. No ensino, isso se refletiu através de métodos. Para Luciano
Amaral Oliveira (2014):
A lógica que permeava a cabeça dos professores que adotavam o método da gramática e tradução era bem clara: se um dos objetivos do ensino de línguas estrangeiras é levar o estudante a se tornar um leitor fluente, então a melhor forma de se atingir esse objetivo é por meio do estudo das estruturas gramaticais da língua estrangeira e da tradução dos textos em língua materna e da tradução dos textos em língua materna para a língua estrangeira. Essa lógica ainda é seguida por muitos professores pelo mundo afora (inclusive no Brasil), com algumas variações. (OLIVEIRA, 2014, p. 76)
Os métodos eram maneiras de como o professor conduzia o ensino, baseado
em princípios que os definiam, funcionavam em qualquer lugar, em qualquer cultura
e época. No método de ensino de gramática e tradução, o foco a ser estudado era
as estruturas gramaticais, bem como a tradução de sentenças. Capacitar o aprendiz
nesses objetivos faziam com eles exercitassem a mente. A tradução ocupava muito
23
tempo de estudo e fazia com que faltasse espaço para a prática da oralidade porque
era usada a língua materna ao invés da inglesa. Outro aspecto a ser considerado
que se desenvolveu nesse método era a capacidade de leitura, e, ao mesmo tempo
em consequência dela, a escrita, sempre ela estando vinculada a língua materna
dos alunos, neste método de ensino o professor era o detentor do conhecimento.
Outro método surgiu no ensino de língua inglesa, sendo ele chamado de
método direto, que teve em sua origem a influência da língua materna e a
estrangeira a serem aprendidas. Conforme Luciano Amaral Oliveira (2014):
Esta seção trata de um método atualmente pouco comentado por professores de inglês, embora muitos deles, curiosamente, adotem procedimentos popularizados por essa proposta metodológica. Dentre esses procedimentos, por exemplo, estão a proibição do uso de língua materna dos alunos na sala de aula e o uso de objetos e imagens para explicar os significados das palavras. Refiro-me ao método direto. (OLIVEIRA, 2014, p. 80)
O método direto proibia nas aulas de língua estrangeira o uso da língua
materna e também a tradução tanto para o professor como para o aluno. Somente a
língua estrangeira que estava sendo estudada podia ser usada. O professor era a
fonte do conhecimento, ele precisava ser fluente na língua-alvo para que possa
ensinar usando assim o método direto. Nesse método, era possível o uso de
imagens, figuras, gestos para que o aluno entendesse os significados das palavras.
Esse método tinha o objetivo de desenvolver a capacidade de comunicação dos
estudantes, a fala era o principal foco a ser desenvolvido, mas as outras habilidades
de compreensão oral, leitura e escrita podiam ser desenvolvidas bem como asua
capacidade de comunicação.
O método direto privilegiava a habilidade oral da língua, sendo ela chamada
de abordagem oral. A necessidade de as pessoas interagirem com outras de outras
culturas fez com que surgisse o método audiolingual. Ele tinha por objetivo principal
capacitar o aluno a se comunicar oralmente na língua estrangeira no nível de
proficiência como se fosse um nativo, compreendendo que a língua oral é a primeira
forma de se comunicar. A língua era considerada um hábito que se adquiria através
da fala, num processo mecânico de estímulo e resposta, em que as respostas certas
eram estimuladas e as erradas passavam a ser ignoradas. Essa prática para Jeremy
Harmer (2012):
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AUDIO-LINGUAL METHODOLOGY (A-L) gave students a loto f speaking practice by using habit-formation DRILLS. Students repeated sentences again and again until they we memorised. A-L metodology is connected to the theory of BEHAVIOURISM. (2012, p. 84)
O método audiolingual, através da sua prática na fala, permitiu que os
alunos ganhassem habilidades, através do exercitar, ou seja, da repetição de frases
para assim memorizá-las. Esse método está ligado ao Behaviorismo, e a
aprendizagem está compreendida como um processo de adquirir novos hábitos
linguísticos no uso da língua estrangeira, em um processo de estímulo à resposta e
reforço que avalia os resultados. A aquisição da língua acontecia por meio da
repetição e da memorização de estruturas, que deviam ser repetidas com o objetivo
de serem memorizadas. O professor era o centro considerado o mediador do ensino
e aprendizagem e o aluno considerado um ser a ser moldado.
Na visão cognitivista, o foco do ensino passava a ser o aluno, que era o
centro do processo, e as estratégias que ele utilizava para aprender. Por esse
método, o aluno conseguiria estabelecer relações com a língua materna e a
estrangeira que estava aprendendo, também seria capaz de criar hipóteses para
utilizar no ato comunicativo, os erros passavam a ser entendidos como parte do
processo de aprendizagem, constitutivos da língua que está em desenvolvimento,
diferente da visão behaviorista que os exclui.
O método mais atual no ensino de língua estrangeira era o baseado na visão
sociointeracionista, que surgiu como método sociocultural ou comunicativo. Ele era
defendido pelos PCN’s, sendo a aprendizagem um processo sociointeracional.
Nesse sentido, os PCN’s (1997) abordam que:
O que subjaz a esta última visão é a compreensão de que a aprendizagem é de natureza sociointeracional, pois aprender é uma forma de estar no mundo social com alguém em um contexto histórico, cultural e institucional. Assim, os processos cognitivos são gerados por meio da interação entre um aluno e um participante de uma prática social, que é um parceiro mais competente, para resolver tarefas de construção de significado/conhecimento com as quais esses participantes se deparem. O participante mais competente pode ser entendido como um parceiro adulto em relação a uma criança ou um professor em relação a um aluno ou um aluno em relação a um colega de turma. Na aprendizagem de língua estrangeira, os enunciados do parceiro mais competente ajudam a construção do significado, e, portanto, auxiliam a própria aprendizagem do uso da língua. (PCN’s, 1998, p.57-58)
25
No método do sóciointercionismo, objetiva-se desenvolver no aluno a
competência linguística, através da comunicação, troca de experiência que é as
relações construídas pelo convívio entre os seres refletindo no ensino através de
aprendizagens que envolvem o uso de diferentes gêneros textuais.
Esses métodos são técnicas de ensino muito valiosas que levam em
consideração as particularidades de seus alunos:coordenação motora; habilidades já
trabalhadas na escola; desenvolvimento da fala, da escrita e da leitura; e, também,
as particularidades de cada idade e capacidade quem em determinada idade a
criança pode ou não desenvolver.
Segundo Wilga Marie Rivers (1975):
É importante lembrar que todos os métodos utilizados no ensino/aprendizagem de línguas estrangeira possuem objetivos em comum: “desenvolver a capacidade intelectual do aluno através do estudo da língua estrangeira, aumentar a cultura pessoal do aluno através do estudo de textos literários e filosóficos, já que estes constituem a chave para a cultura; ampliar a compreensão do aluno a respeito do funcionamento de sua própria língua, ensinar o aluno a ler com compreensão a língua estrangeira, de modo que ele possa acompanhar a evolução do conhecimento humano, estar apar da leitura, pesquisa e informações dos tempos modernos; levar o aluno a participar de um maior entendimento entre os povos ao cruzar as barreiras nacionais dando-lhe uma visão mais humana do modo de vida e do pensamento do povo cuja língua está aprendendo; dotar o aluno de habilidades que permitam comunicar-se oralmente, e até certo ponto, também na escrita, com os que falam outra língua e com os povos de outras nacionalidades que também dominam esse idioma”. (RIVERS, 1975, p. 8)
Os métodos no ensino procuravam ampliar o conhecimento do aprendiz em
vários aspectos, por isso a busca pelo melhor método no ensino de línguas
estrangeiras levou muitos pesquisadores a buscarem alternativas teóricas para
melhorar a aprendizagem, considerando o educando como um ser completo que
possui necessidades afetivas e sociais. Um método chamado de alternativo surgiu
como forma de aceitar todos os outros métodos de ensino, sendo o professor um
facilitador de aprendizagem. Com o uso dos métodos de ensino, é possível
aproximar várias habilidades a serem trabalhadas com os estudantes, sendo elas:
compreensão oral, fala, leitura e escritura.
Na década de 1980, consolidou-se no Brasil a abordagem comunicativa
baseando-se em situações do dia a dia com situações reais de comunicação, sendo
ela uma nova abordagem para o ensino de língua estrangeira. Alguns aspectos
fundamentais dessa metodologia: ela deve estar no plano político-pedagógico da
26
escola, constituir-se em um mediador do conhecimento e da cultura sem
discriminação ou distinção e os interesses dos alunos não de países hegemônicos.
Para melhorar o ensino em nossa escola, devemos evitar práticas
pedagógicas sem sentido. É preciso criar novas metodologias pensando numa
relação de ensino entre professor e alunos. O professor possui o papel de mediador,
sendo aquele que faz ponte com o aluno e a cultura, o conhecimento e as formas de
apropriação desse conhecimento. Ele deve orientar intervindo no diálogo com seus
interlocutores e possibilitar uma prática pedagógica discursiva.
Para Jeremy Harmer (2012), a aquisição e aprendizagem de língua inglesa
acontece através das interações e relações com a língua e os indivíduos com quem
possuímos relações, é um processo subconsciente. Nas palavras do autor, “Many
children acquire more than one language in childhoold. Indeed, countries and
societies it is unusual for people to be MONOLINGUAL (able one language)”.
(HARMER, 2012, p.82). Na infância, as crianças adquirem a linguagem e é comum
as pessoas serem monolíngues nos países, mas podem a aprender outras línguas.
Nesse sentido, Jeremy Harmer declara (2007):
Language acquisition seems to be almost guaranteed for children up to about the age of six. They seem to be able to learn languages with incredible facility. They are also of forgetting a language just as easily. It is almost as if they can put on and take off different languages like items of clothing! However, this ease of acquisition becomes gradually less noticeable as children move towards puberty, and after that, language acquisition is much more difficult.(HARMER, 2007,p.46)
A aquisição de linguagem é mais garantida para crianças de seis anos, elas
estão mais hábeis a aprender outros idiomas e captam a língua mais facilmente do
que aprendizes que possuem de mais idades, ou seja, quanto mais idade tem o
aprendiz, mais difícil fica aprender outras línguas.
Na aquisição da língua, bem como em outros tipos de aprendizagem, é
possível percebermos o desenvolvimento da criança através do escutar, passando
pela produção oral que assim, vai desenvolver a leitura e a escrita. No processo da
aprendizagem, também podem aparecer sinais problemas, que podem ser
solucionados quando detectados com antecedência.
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A abordagem comunicativa surgiu a partir de interações entre professores
que buscavam métodos mais adequados para o ensino de língua estrangeira. Para
Luciano Amaral de Oliveira (2014):
Portanto, o papel do professor é ajudar seus alunos a desenvolverem habilidades que os ajudem a lidar com situações de interação com pessoas que vivem em outras culturas, evitando mal-entendidos com interlocutores de culturas diferentes. São essas habilidades que formam outros dois componentes da competência comunicativa intercultural. (OLIVEIRA, 2014, p. 85)
Essa proposta de desenvolver habilidades nos estudantes tem como objetivo
torná-los mais conscientes da sua própria cultura e da cultura de sua comunidade. A
aprendizagem crítico-reflexiva se caracteriza por agregar um conjunto de
procedimentos pedagógicos com vistas à promoção de uma visão metalinguística do
processo de aprendizagem por parte do aprendiz. Ela contempla, portanto, três
etapas de abordagem, no que se refere à natureza das atividades apresentadas nas
aulas, a saber: o processo de sensibilização comunicacional; o processo de
integração entre habilidades e capacidades de exposição às vivências linguísticas e,
por fim, um processo de vivências de práticas de um cotidiano da linguagem.
Já o processo de integração entre habilidades e capacidades de exposição às
vivências linguísticas permite nas práticas sociais o desenvolvimento do letramento
em língua estrangeira bem como a compreensão e a produção de uma oralidade
nessa língua, além da leitura de textos e produção escrita. O aprendiz expressa sua
percepção de mundo, mediada pela produção oral e escrita e pelo processo de
leitura nos processos de interação verbal com diferentes seres sociais, num
processo de (re)construção de uma memória de conhecimentos. Esse processo
contempla uma dinâmica de habilidades, situadas em percursos temáticos,
apresentando uma diversidade de manifestações linguístico-discursivas na língua-
alvo. Dentre essas manifestações, destacamos ler para escrever, ler para
compreender, ler para falar; escrever para ler, escrever para compreender, escrever
para falar; compreender para ler, compreender para escrever, compreender para
falar; e, por fim, falar para ler, falar para escrever e falar para compreender. O
processo de integração entre habilidades e capacidades, portanto, desenvolve o ser
para agir conforme suas necessidades e habilidades. E, na prática social, a partir
das suas vivências o ser se desenvolve no letramento em língua estrangeira nos
28
aspectos relacionados a compreensão, produção da oralidade, leitura e escrita.
Essas habilidades serão utilizadas no contexto social conforme as necessidades de
cada indivíduo, elas permitem que ele saiba adequar seus usos conforme as
situações comunicativas.
Conforme a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), por exemplo,
usada nas escolas publicadas do Estado, essas habilidades são previstas:
O objetivo (ideal) de desenvolver as habilidades de falar, escutar, ler, e escrever em uma LE contribuiu para o silenciamento quase total dos alunos. Destacamos aqui a necessidade da definição da proficiência desejável e a importância e que esta esteja ligada à realidade social. A opção por uma habilidade não desconsidera as demais e nem significa que estas não devam ser exploradas pelo professor. Mostra isto sim, a necessidade de a escola pública levar o aluno a um aprendizado eficaz, ou seja, que permita o acesso a um texto em LE, assumindo assim a sua função social. Optar por uma habilidade significa torná-la pivô de atividades que acabarão por vinculá-las a outras, de uma forma mais marcada ou menos marcada. O ensino instrumental de línguas, por exemplo, privilegia a compreensão em leitura, atendendo a um objetivo que muitas pessoas buscam e conseguem atingir em tempo relativamente curto. (Proposta Curricular de SC, 1998, p.98)
Nas aulas de língua inglesa, o professor encontra dificuldades para ensinar as
quatro habilidades comunicativas, falar, escutar, ler e escrever, pois muitas vezes o
aluno não está motivado, nem possui interesse e incentivo familiar para aprender.
Então acaba desenvolvendo uma habilidade apenas.
Aprender uma língua estrangeira, também chamada L21, é fundamental para o
desenvolvimento humano e interação social em um contexto globalizado, e essa
aprendizagem deve acontecer de modo que o aprendiz use a língua estrangeira com
naturalidade, fazendo relações com a sua própria língua e com a cultura dos países
que têm o idioma estrangeiro como língua oficial. Nesse processo, a comparação
com a língua materna pode ser estimulada, e o uso da língua materna no ensino de
língua estrangeira é benéfico, já que a língua mãe proporciona a compreensão de
língua estrangeira. Para Christine Revuz:
1 Aqui cabe explicitarmos a diferenciação entre língua estrangeira, segunda língua e L2. Segundo Leffa (1998, p. 212), “Temos o estudo de uma segunda língua no caso em que a língua estudada é usada fora da sala de aula da comunidade em que vive o aluno (exemplo: situação do aluno brasileiro que foi estudar francês na França). Temos língua estrangeira quando a comunidade não usa a língua estudada na sala de aula (exemplo: situação do aluno que estuda inglês no Brasil). Para os dois casos usa-se aqui, como termo abrangente, a sigla L2.” Nesse sentido, vamos adotar a expressão língua estrangeira ou simplesmente L2 para evitar a repetição e termo no texto.
29
(...) a língua estrangeira é, por definição, uma segunda língua, aprendida depois e tendo como referência uma primeira língua, aquela da primeira infância. Pode-se apreender uma língua estrangeira somente porque já se teve acesso à linguagem através de uma outra língua. (REVUZ, 1997, p. 215)
A língua materna vem ao encontro da aquisição da outra língua, a estrangeira,
sendo ela uma experiência nova que causa ao aprendiz um estranhamento inicial. E
a língua materna facilita a aprendizagem, reduz o choque cultural e contribui para a
aquisição da língua estrangeira. Ainda, nesse sentido, a língua materna também
ajuda a superar as dificuldades da aprendizagem de vocabulário e estruturas e torna
os alunos mais confiantes no uso da nova língua.
Segundo Harbord (1992), através da língua materna, nós aprenderemos a
pensar, a comunicar e podemos adquirir também o conhecimento intuitivo da
gramática universal. Corroborando esta ideia, Deller (2003) afirma que a língua
materna pode ser usada e é um recurso para notar diferenças e similaridades entre
as duas línguas, para encorajar espontaneidade e fluência, para ter um efeito
benéfico sobre as dinâmicas de grupo e receber um retorno significativo dos alunos.
Além disso, é preciso registrar a importância da língua estrangeira na formação
humana. A aprendizagem de uma língua estrangeira é um investimento para a vida
toda. É um processo contínuo que depende de muitos fatores, e um deles é a
interação que permite que o desenvolvimento da língua aconteça, por isso, o
professor deve priorizar no ensino o desenvolvimento das quatro habilidades
comunicativas, sendo elas: compreensão auditiva, (“ouvir” ou listening), expressão
oral (“falar” ou speaking), leitura (“ler” ou reading) e escrita (“escrever” ou writing).
Devido à existência de alunos que utilizam habilidades distintas para se apropriar do
conhecimento e que não desenvolvem da mesma forma a competência linguística
em cada uma das habilidades, é importante que as atividades propostas pelo
professor sejam diversificadas com o intuito de atingir cada indivíduo e favorecer a
eles aprendizagem da L2.
É possível, por exemplo, desenvolver as quatros habilidades comunicativas
com base na abordagem de gêneros textuais, dentre os quais se incluem os contos
de fadas, o que sinaliza um ensino de língua não ficado em questões de ordem
gramatical apenas, mas voltado também para a leitura. E isso é previsto em
documentos de regulamentação de ensino. Nas abordagens da Proposta Curricular
30
de Santa Catarina (1998), por exemplo, está claro que o ensino da língua
estrangeira deve ser acompanhado de estudo de texto:
Cremos que o trabalho com o texto deva merecer especial atenção por parte do professor. Tratamos de privilegiar o texto porque temos claro que, tendo-o como foco, fazem-se discussões orais sobre sua compreensão e, portanto, desenvolvemos as habilidades fala/escuta, leitura/escritura de forma integrada. (PROPOSTA CURRICULAR DE SC, 1998, p.101)
A língua é o objeto de estudo e as quatro habilidades comunicativas precisam
ser reveladas, mas é preciso considerar que cada aprendiz possui o seu tempo de
aprender, e esse tempo deve ser respeitado pelo professor. Nem todas as crianças
aprenderão da mesma forma e no mesmo ritmo uma mesma língua estrangeira. Em
função disso e também por outras razões – como a defesa da língua materna como
único idioma a ser usado dentro do país como forma de se contrapor a uma
“colonização cultural” –, muitas são as crenças de que aprender uma língua
estrangeira não é muito importante. Essas ideologias fazem que muitos estudantes
não aproveitem a oportunidade de conhecer uma língua estrangeira nem se
interessem em aprender a língua Inglesa, por exemplo. Isso dificulta a
aprendizagem, e o professor às vezes até se desmotiva com a falta de interesse dos
alunos com a aprendizagem.
Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s (1997) reiteram a
relevância do ensino da língua estrangeira na escola:
Embora nas considerações preliminares já se tenha feito menção ao papel educacional de Língua Estrangeira no currículo do ensino fundamental, cabe enfatizar aqui esse aspecto. A aprendizagem de Língua Estrangeira contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas. Leva a uma nova percepção da natureza da linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da(s) cultura(s) estrangeira(s). O desenvolvimento da habilidade de entender/dizer o que outras pessoas, em outros países, diriam em determinadas situações leva, portanto, à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Essa compreensão intercultural promove, ainda, a aceitação das diferenças nas maneiras de expressão e de comportamento. (PCN’s,1997, p. 37 )
O ensino de língua inglesa objetiva desenvolver no aluno as capacidades
“habilidades linguísticas”, como a de ouvir, falar, ler e escrever. Para que elas sejam
31
perceptíveis da expressão comunicativa dos alunos, o trabalho do professor deve
ser criativo e propor recursos diversificados de ensino. No ensino de língua inglesa,
o educador pode utilizar vários recursos informativos que possibilitem a
compreensão do uso da língua em diferentes situações, criar alternativas de ensino
que desenvolvam o gosto pela língua e a vontade de aprendê-la, procurando
trabalhar integralmente todas as habilidades comunicativas. Mas o que muitas vezes
acontece na sala de aula no ensino de língua inglesa são apenas exercícios para
fixação do conteúdo gramatical ou basicamente versão e tradução desse idioma
para a língua materna e vice-versa. Isso quer dizer que, em muitas aulas dessa
língua, não se possibilita o desenvolvimento da habilidade de leitura na língua
estrangeira. Quando isso ocorre, o ensino e a aprendizagem da língua estrangeira
não conseguem encontrar um espaço real para ser bem desenvolvido.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, a aprendizagem deve acontecer,
observando-se fatores que envolvem a maturidade cognitiva, as relações sociais,
priorizando a aquisição da linguagem oral e escrita, bem como o seu
desenvolvimento. Por isso, devem ser considerados aspectos relacionados à
bagagem cultural que a criança já possui e expressa em sua língua materna. Dessa
forma, pode ser facilitado o processo de aprendizagem de uma nova língua. Então,
nessa fase, faz-se necessário desenvolver atividades lúdicas para, assim, efetivar a
construção da aprendizagem da nova língua.
Conforme Teixeira (1995):
O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo. Portanto, as atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço voluntário. (...) As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. (...) As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que a atividade lúdica se assemelha à atividade artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23).
32
No processo de aprendizagem da língua escrita, o professor pode utilizar no
seu trabalho objetos significativos para o aluno, sendo estes relacionados ao
conteúdo que irá ensinar, o que, com certeza, contribuirá muito para o
desenvolvimento da alfabetização. Quando o aluno percebe que existe relação com
o texto e que o ele possui relações a assuntos do seu cotidiano, seu interesse será
estimulado, pois, assim, a língua escrita tem significado para ele conforme sua
realidade. Essa situação também é refletiva no ensino da língua estrangeira, que
será melhor sucedido se houver relação com o “mundo da criança” e com os
conhecimentos que ela traz e que podem auxiliá-lo a aprender o idioma novo.
Nesse processo de aprendizagem da língua estrangeira, a habilidade de leitura
não pode ser ignorada. Sabemos que, através da leitura, o aluno pode aprender a
gramática referente à escrita como também interpretar uma sequência de textos e
argumentar. Além da diversidade de textos, é importante que o aluno seja
estimulado à leitura e que o professor tenha objetivos diferentes e diversifique as
estratégias de leitura e de interpretação. Um aspecto relevante a ser refletido são os
diferentes gêneros textuais (orais e escritos) a que o aluno deve ter acesso na língua
nova.
Para Irandé Antunes (2003):
alguns tipos de textos (...) podem ser trabalhados em sala de aula com os alunos: histórias, com ou sem gravuras e em quadrinhos; fábulas; contos; crônicas editoriais; comentários ou artigos de opinião; notícias de jornal; poemas; avisos; folhetos; cartazes; adivinhas; anedotas; provérbios populares; charadas; mapas, tabelas e gráficos; anúncios e mensagens publicitárias; instruções; esquemas e resumos. (ANTUNES, 2003, p. 117)
Aqui, destacamos o fundamental papel do professor ao utilizar diferentes
recursos pedagógicos no ensino da leitura em língua inglesa. Além de ser um
incentivador para o seu leitor, o docente deve respeitar as preferências de leitura
que seu aluno possui. Essa é uma preocupação não só do professor, mas da escola,
pois a sociedade está estruturada de forma que a leitura ocupa um papel
fundamental no mercado de trabalho e o indivíduo analfabeto ou letrado tem poucas
chances de emprego mais qualificado e melhor remunerado.
A escola deve possibilitar que os alunos participem de várias práticas sociais
que utilizam a leitura, a escrita na vida de seus aprendizes, e isso vale tanto para o
ensino da língua materna quanto par ao de língua estrangeira. No ensino de língua
inglesa, é difícil para o professor desenvolver em seus alunos as quatro habilidades:
33
fala/escuta, leitura/escritura. Então, é preciso desenvolver um grande trabalho com a
leitura e escrita, assim como com as outras habilidades, viabilizando o aprendizado
delas.
Um bom leitor consegue perceber no texto suas marcas históricas, essas
marcas possuem ideologias de um determinado momento histórico. Além disso, o
leitor é capaz de dialogar com os textos. Nos textos, a literatura se faz presente, ela
é produção histórica humana, e os autores são aqueles que escrevem as obras e os
textos. Para Roland Barthes (1992), a atividade de leitura da literatura deve envolver
o leitor de todas as formas como se fosse um jogo entre atores, no caso, texto e
leitor:
...o que está em jogo no trabalho literário (da literatura como trabalho) é fazer do leitor não mais um consumidor, mas um produtor do texto. Nossa literatura está marcada pelo divórcio impiedoso que a instituição literária mantém entre o fabricante e o usuário do texto, seu proprietário e seu cliente, seu autor e seu leitor. (BARTHES, 1992, p. 38)
Sabemos que a escola representa para nossos alunos uma oportunidade de
contato com as obras literárias, como também outros textos não literários, ela
oportuniza convivência com os livros a partir da leitura. Neles é possível aprender a
literatura.
Para Sueli de Souza Cagneti (1986):
A leitura é um processo contínuo de aprendizado, assim, observa-se que desde cedo, é preciso formar um leitor que tenha envolvimento integral com aquilo que ele lê, de maneira que cada leitura consiga estabelecer um diálogo fazendo pergunta e buscando respostas. Nesse sentido, pode-se constatar ainda que a leitura, além de produzir um contínuo aprendizado, desenvolve a reflexão e o senso crítico. “’É a fonte inesgotável de assuntos para melhor compreender a si e ao mundo”. (CAGNOTI, 1986, p. 23)
O professor deve sensibilizar o aluno de forma a fazê-lo acreditar que o livro é
o caminho para encontrar prazer, descobertas, lições de vida e que ele pode utilizá-
lo para desenvolver a capacidade de pensar e crescer. Por isso, deve incentivar o
aluno para a prática da leitura. A leitura da possibilidade ao aluno e oportunidade de
evoluir, transformar-se ou engrandecer a sua experiência de vida quando ele se
encontra através dela com a literatura, nesse sentido a literatura é muito mais que
34
uma manifestação de culturas ela torna-se uma manifestação de histórias e
ideologias.
Para Nelly Novaes Coelho:
A literatura é, sem dúvida, uma das expressões mais significativas dessa ânsia permanente de saber de domínio sobre a vida, que caracteriza o homem de todas as épocas. Ânsia que permanece latente nas narrativas populares legadas no passado remoto. Fábulas, apólogos, parábolas, contos exemplares, mitos, lendas, sagas, contos jocosos, romances, contos maravilhosos, contos de fadas... fazem parte dessa heterogênea matéria narrativa que está na origem das literaturas modernas e guarda um determinado saber fundamental. (COELHO, 2000, p.10-11)
A fantasia se faz presente desde o início da literatura infantil com a introdução
dos contos de fadas e a influência das obras infantis como meio para educação das
crianças. Não levando em conta o caráter de moralização a que muitos contos de
fada são associados, é importante lembrar que essas narrativas são fundamentais
para inserir o infante no mundo da imaginação, transportando-os para as sociedades
inventadas. E isso pode ser relevante para que a criança estabeleça analogias entre
o mundo real do qual participa e o mundo imaginário apresentado no conto. Assim, a
literatura infantil e os contos de fadas podem ser decisivos na formação da criança
em relação a si mesma e ao mundo e em sua volta.
Explorar a literatura infantil no ensino de língua inglesa é um ótimo recurso
para incentivar o aluno a praticar a leitura. O ato de ouvir, contar e ler histórias deve
ser uma prática cotidiana. A literatura abre caminhos para que o aluno conheça a
estrutura da língua estrangeira. Muitas vezes, o professor se preocupa com o
ensinar o uso de regras, o qual também é necessário no ensino da língua, mas ele
acaba desviando a fantasia e a criatividade e a literatura fica de lado ou presente
apenas em alguns momentos de lazer e práticas de ensino não muito interessantes
para os alunos.
A prática da leitura está acontecendo de forma diferente em nossa realidade
atual, como também nas salas de aula no ensino público e particular. Percebemos
que os alunos têm bastante dificuldade em fazer qualquer leitura de qualquer gênero
textual e se interessar pelo ato de ler. Uma das consequências atuais é a leitura
através da internet, ou seja, ela acontece, mas de forma rápida e precisa, diferente
de ler uma obra literária.
Sabemos que isso ocorre pela transformação social, por falta de incentivo por
parte dos pais, professores e até mesmo da sociedade. Ler é mais do que um
35
processo individual, é também uma prática social e o incentivo do professor aos
alunos com a leitura é muito importante para que eles possam ter uma visão
diferente do mundo através do ato de ler. Aqui podemos ressaltar que a formação de
um leitor crítico se faz a partir do momento em que o professor mostra aos alunos o
prazer da leitura, isso ocorre quando o docente usa de textos diversificados em suas
aulas e que se relacionam com realidade do aluno.
A prática da leitura se faz presente na vida das pessoas desde o momento em
que passam a compreender o mundo a sua volta. No constante desejo de decifrar e
interpretar o sentido das coisas que os cercam, de perceber o mundo sob diversas
perspectivas, de relacionar a ficção com a realidade em que vivem, no contato com
um livro, enfim, em todos esses casos, o aluno está de certa forma lendo, embora
muitas vezes o indivíduo não se dá conta disso.
A prática da leitura da palavra é um fator que deve ser realizado, não apenas
na sala de aula e na biblioteca. É preciso que o aluno tenha acesso ao uso de livros
didáticos e literários, revistas, jornais, entre outros, a fim de transformar em
qualidade a relação textual com o mundo leitor. O incentivo à leitura deve partir do
professor em sala de aula, dos pais e da sociedade, pois assim os alunos podem
buscar leituras individualizadas. Dessa forma, o texto quando lido com intenção de
compreendê-lo tem o poder de transformar o leitor passivo em um leitor crítico e
agente capaz de modificar e formar conceitos. Por isso, é importante o uso da
biblioteca escolar, a qual deve ser amplamente explorada pelos professores para
que os alunos tomem gosto pelas leituras diversas, a qual pode ser vista como
propagadora da função social do ato de ler.
É preciso que essa prática de leitura comece na escola, pois muitos alunos não
têm esse hábito de ler em casa, por isso a escola tem o papel fundamental de
incentivar a leitura. Desse modo, a escola é a porta do conhecimento que fornece as
condições básicas para o aprendizado permanente. E o aluno tendo capacidade de
ler em uma língua inglesa o vocabulário se expande de diferentes maneiras.
Através da leitura de alguns tipos de livros, é possível aprender sobre a cultura,
tradição de um povo e de um país. E, quando for necessário escrever, a leitura será
um subsídio para produção de textos em língua inglesa, pois quanto mais existir a
prática da leitura maior será a capacidade e a confiança na leitura e no seu poder de
compreender o mundo, condição crucial para a revelação da leitura como prática
social.
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1.2. A língua inglesa na infância e a literatura como recurso de aprendizagem
A criança desenvolve a aprendizagem de várias maneiras através do contato
com a família na escola e também com o convívio social. Esse processo de
aprendizagem é um conhecimento construído a partir de interações sociais. Por
isso, o aprendizado de uma língua estrangeira na infância é fundamental, pois a
criança está na fase em que as relações sociais se desenvolvem. Diante disso, é
necessário que as atividades relacionadas ao ensino devem estar interligadas ao
contexto social e à realidade da criança para que ocorra a aprendizagem da língua
de modo efetivo.
Segundo Juliana Tonelli (2005), ao aprender uma língua estrangeira, como a
língua inglesa, a criança precisa desenvolver habilidades comunicativas. Segundo a
autora, as crianças “precisam aprender a ouvir, falar, ler e escrever em um novo
idioma e, porque o processo de aprendizagem, incluindo o de línguas é um processo
interativo, as crianças necessitam de oportunidades para interagir em um contexto
significativo e interessante” (2005, p. 33). E o ensino depende muito do professor,
pois ele deve propiciar a mediação da aquisição de vocabulário e estrutura sintática
na língua estrangeira para que o estudante possa envolver as habilidades
comunicativas tanto na expressão oral e escrita bem como na compreensão de
textos.
Existem muitas estratégias baseadas na teoria da interação sócio-linguística
que são apontadas como recursos para a promoção da aprendizagem de uma
língua estrangeira. Dentre elas, pode-se citar o uso de tecnologias, jogos, teatro,
entre outros, como meios para favorecer o contato com a língua nova e a
familiarização com o uso que pode ser feito do idioma em diversas situações de
interação social, considerando aspectos gramaticais, contextuais, etc. Neste
trabalho, defendemos ser o texto literário um recurso interessante para ser adotado
nas aulas de língua inglesa e, nesse sentido, não estamos querendo tratar a
literatura como um “pretexto” para o ensino de língua, mas queremos mostrar o
quanto o texto literário pode impulsionar o desenvolvimento de habilidades
fundamentais na aquisição de uma língua estrangeira, como a habilidade de leitura,
acrescentando ainda a possibilidade de desenvolvimento do letramento intercultural.
A ideia de que o texto literário é útil no ensino da língua estrangeira não é
também proposta por diferentes autores, com o intuito de estudar o texto literário
37
como meio para discussão de questões gramaticais na língua estrangeira, bem
como um meio para promover um ensino com exploração de diferentes recursos e
textos. Conforme Margarete Corchs (2006), o uso da literatura tem se intensificado e
sido defendido por diferentes pesquisadores:
O uso da literatura no ensino de língua tem crescido ao longo dos anos como subsídio para a aquisição de um idioma. Veremos ao longo deste trabalho que muitos autores defendem essa ideia. Bowler e Parminter (1992) comentam que o uso de tal recurso no ensino de língua alcançou um nível balanceado, já que a literatura pode ser ensinada através de várias atividades interessantes que envolvem prosa, drama, poesia de diferentes séculos. Assim, a língua inglesa é usada em toda sua plenitude, ou seja, ela se apresenta de forma diferente, referindo-se a culturas diversas e atingindo pessoas de várias nacionalidades. Um outro ponto a ser observado é que através dos textos literários muitos aspectos da língua podem ser trabalhados, inclusive a gramática. Holmes e Moulton (2001) observam que durante anos, os professores de língua inglesa esforçaram-se para praticar itens gramaticais com os alunos através de diversos tipos de exercícios, muitos deles tradicionais. Muitas dessas experiências eram frustrantes, já que o estilo dos exercícios propostos oprimia a criatividade dos alunos e sua participação. (2006, p. 17)
Considerando que a literatura apresenta uma grande diversidade de gêneros e
que, na infância, a criança gosta de ouvir e contar histórias, enfatizamos que o
gênero conto de fadas pode ser adequado para pensar um ensino de língua inglesa
que possa promover o desenvolvimento da habilidade de leitura como uma prática
social e junto o alcance do letramento intercultural. A escolha do conto de fadas
como recurso literário de leitura para o ensino de língua inglesa também acompanha
o que descreve Juliana Tonelli (2005), quando a autora refere que as histórias
contadas por meio da literatura infantil permitem que a criança possa ter várias
vivências que não são a sua vida real, mas a de personagens que transitam nos
textos, além de incitar a fantasia e desejos típicos do mundo pueril, os quais
contribuem para a cognição e o amadurecimento dos jovens aprendizes. Na visão
de Fanny Abramovich (1989), ao ouvir histórias, a criança tem “possibilidade de
descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos
vivemos e atravessamos (...) através dos problemas que vão sendo defrontados (ou
não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu
modo)”. (1989, p. 17). Nessa perspectiva, ler contos de fadas nas aulas de língua
inglesa é uma forma de a criança experimentar uma possível resolução de seus
próprios conflitos por meio da analogia dos problemas vivenciados por personagens.
38
O trabalho com contos de fadas ainda propicia que o contar de histórias seja
várias vezes repetido, tal como é típico do universo da criança – que gosta de ouvir
seguidamente a mesma narrativa – e isso favorece, segundo Tonelli (2005), a
interiorização de aspectos linguísticos que são recorrentes nas histórias infantis. E
estrutura enxuta de frases e a forma da posição de adjetivo e substantivo, por
exemplo, as quais são bastante exploradas nos contos de fadas e também mostram
o quanto esses textos podem iluminar a aprendizagem da língua inglesa como L2,
além de estimular a revelação da competência leitora.
Ao trabalhar com os contos de fadas numa proposta de letramento intercultural,
observa-se a necessidade de integrar o ensino de cultura desde os anos iniciais,
envolvendo o aluno na aprendizagem, fazendo comparações e explorando o
significado de cultura. O valor não está na cultura nativa ou na cultura alvo, mas sim
no reconhecimento de diferenças e negociação de conflitos por meio do diálogo. Ao
adotar-se uma postura intercultural no ensino de língua estrangeira, mostra-se uma
perspectiva mais flexível e mais crítica, podendo encorajar o aluno a reconhecer a
sua cultura e a alheia por meio do contato com a língua e as histórias que através
dela são registradas ou contadas.
Há ainda de ser ressaltado que desenvolver a habilidade de leitura em língua
estrangeira por meio da abordagem de contos de fadas traz um outro ganho para o
estudante: a possibilidade de desenvolvimento cognitivo e psicológico-afetivo. Isso
porque estudar contos de fadas promova o refletir sobre a natureza humana, os
valores morais e sociais que regem o comportamento e a ação de cada um, o que
pode propiciar um amadurecimento afetivo. Levar os contos de fadas para a aula de
língua inglesa é também mostrar que a língua e a literatura não podem ser
dissociadas no ensino e que os gêneros literários na aula de língua inglesa podem
propiciar um triplo ganho: a aquisição do gosto pela leitura literária, o
desenvolvimento a competência linguística em língua estrangeira e a percepção do
cruzamento intercultural, tão necessário num contexto de globalização.
Por meio da literatura, o conhecimento de mundo se manifesta através do ser
humano e é ele que cria vínculos com a sociedade e o conhecimento retorna para
ele. E a literatura tem função social, pois possibilita entender o ser com o texto
literário e identificá-lo, para quem escreve ou lê, onde o texto é construído e na
leitura pode ter encontros com ideias do autor e recriado conforme conhecimento de
39
mundo e aprendizagem adquirida ao longo da sua vida. Nesse sentido, a
perspectiva do letramento crítico é fundamental.
Entendemos que a literatura está presente nos contos de fadas e o texto
literário deve ser utilizado no aprendizado pois envolve um universo de informações,
inclusive de culturas e modos de ler e ver o mundo. Isso contribui também para o
ensino da língua inglesa, no qual uma das habilidades a serem desenvolvidas é a
leitura. Por isso, no ensino de língua inglesa é importante estimular os alunos a
realizá-la para desenvolver o aprendizado. A literatura incentiva o aluno a realizar
atividades que estimulem a criatividade e imaginação e desenvolvem o aprendizado,
ela possui inúmeros recursos, por isso, é interessante o seu uso em atividades no
ensino de língua inglesa numa fase de formação em que o mundo da criança
pressupõe o envolvimento com o mundo da imaginação, com a vivência de histórias
que extrapolam o mundo real, factual, próprio do universo infantil.
A literatura se manifesta por meio da leitura, que está presente em diversos
gêneros textuais. Existem muitas formas de utilizá-los no ensino. A leitura contribui
no desenvolvimento intelectual da criança, pois através do texto proporciona o
prazer e desperta a imaginação. Acreditamos que o estímulo para com a leitura deve
acontecer como parte de uma rotina diária na prática da leitura de livros, manuseio,
por meio da contação de histórias.
As crianças devem ter acesso a um ensino de língua inglesa no qual o
professor utilize o texto literário não como instrumento para ensino de língua, mas
para o desenvolvimento da habilidade leitora, pois ele traz muitas vantagens. Além
de apresentar um material vasto e rico, a literatura estimula a percepção dela como
ser humano e como cidadão. Além disso, através do conhecimento dos costumes e
valores de outras culturas estrangeiras pode-se estimular nela um interesse e
conhecimento ainda maiores da cultura do seu próprio país, permitindo inclusive um
trabalho interdisciplinar.
Os contos de fadas, nessa perspectiva, são gêneros da literatura que podem
contribuir amplamente para o ensino de língua inglesa nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, proporcionando ao professor novas dimensões e caminhos para que o
processo de aprendizagem do aluno inclua questões culturais e não apenas
gramaticais ou estruturais.
Conforme Renata Colasante et al:
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Aprender uma língua, para muitos educadores, significa também adquirir conhecimentos sobre a cultura dos países que fazem uso daquela língua. A cultura é considerada um componente muito importante na aprendizagem de uma língua, pois o conhecimento da cultura de um povo permite a compreensão dos costumes presentes em uma sociedade, orientando melhor o uso da língua para a comunicação. "As literaturas em língua inglesa, quando inseridas no processo educacional do aluno na disciplina de línguas podem contribuir muito para que o aluno desenvolva interações comunicativas reais, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas, da estrutura da língua, da sintaxe e do léxico. Além de melhorar o nível de ensino, ela é capaz de "despertar no sujeito uma consciência crítica, a qual permitirá que ele avalie e julgue o mundo e os acontecimentos reais, e de desenvolver nele um espírito questionador, que permitirá que ele reflita, opine e proponha mudanças para a ordem das coisas" (COLASANTE, 2005, p. 2).
Aqui destacamos que o foco é o desenvolvimento da habilidade de leitura como
meio para florescimento da imaginação, despertar da criança para o universo social,
ampliar competência na compreensão de texto e na relação do texto literário com o
mundo da criança e a literatura em língua inglesa está inserida num processo
educacional do aluno na disciplina de línguas contribui não somente como um
material com conteúdo linguístico, mas que a partir dele, o aluno pode se
desenvolver intelectualmente através de uma visão crítica do mundo e da sociedade
em que vive.
1.3. A literatura infantil e os contos de fadas no ensino de língua inglesa
No ensino de língua inglesa, a literatura deve ser proposta conforme o
desenvolvimento do aprendiz, adequando os textos literários de acordo com a faixa
etária do leitor, o que implica também adequada seleção do gênero textual a ser
utilizado.
Para Vera Teixeira de Aguiar:
a literatura infantil é um gênero literário que fica à mercê da imagem que o autor tem do público que o consome. Depende, pois, do conhecimento que o adulto possui da criança em suas diferentes fases e do projeto que ele traça para esse sujeito em formação. Como o leitor é um indivíduo com características muito específicas, ele é invocado quando da comercialização do livro, mas já se faz presente no momento da criação da obra. Ao autor-adulto cabe adequar a produção às peculiaridades existenciais e cognitivas da criança, como afirma Regina Zilberman. (AGUIAR, 2001, p.62)
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O universo infantil é diferente do adulto em suas características e vivências,
por isso adaptar as obras é necessário, conforme o estilo, forma e o meio
adequando-as ao pequeno leitor. Por isso, é necessário adaptar o assunto a temas e
histórias que estejam ligadas a interesses e de compreensão infantil, bem como a
linguagem a ser utilizada conforme o nível infantil.
A literatura infantil, através das obras literárias, apresenta recursos para
conquistar o leitor, por isso estimula a imaginação e também a fantasiar com os
elementos mágicos nas histórias.
Vera Teixeira de Aguiar aponta:
Como já anunciamos, Bruno Bettelheim 1 salienta que os contos de fadas incentivam a criança a desenvolver a imaginação e organizam a realidade através da fantasia. Para que isso ocorra, eles são tramados como se fossem uma renda ou um delicado tricô, feitos com um ponto bem simples. Ou seja, sem deixar de apresentar uma temática humana complexa, os contos possuem uma forma e uma estrutura tão simples que a criança consegue não só acompanhar o enredo, mas também viver a história junto com os personagens. Lembre-se de que, para a criança, é difícil manter a atenção e, por consequência, memorizar um enredo em que muitos fios são
trançados ao mesmo tempo. (AGUIAR, 2001, p. 78)
Os contos de fadas são narrativas que possuem um começo, ou seja,
apresentam uma situação inicial, um meio, que é o conflito que exige uma solução
para se chegar a um fim. Eles ajudam a criança a despertar uma visão, descobrir
sua identidade, vivenciar e resolver emoções. Eles têm um percurso histórico, como
afirma Vera Teixeira de Aguiar:
Os contos de fadas em sua origem não eram destinados à criança, nem faziam parte da educação burguesa. Na Idade Média, sua função era de expressar, de forma simbólica os conflitos dos camponeses – camada inferior extremamente explorada – com senhores feudais, que eram os donos das terras e viviam como reis naquele tempo. Mas, a medida que a sociedade ia se transformando e surgia uma nova classe social, a burguesia urbana, os contos de fadas começaram a ser recontados para as crianças das famílias novas. Aos poucos eles foram sofrendo adaptações várias, e as mais conhecidas são a de Charles Perrault (Contos de mamãe Gansa, 1697), na França, e a dos irmãos Grimm (Contos, 1812), na Alemanha.
O percurso histórico dos contos de fadas se torna um marco fundador da
literatura infantil, pois ele foi evoluindo com o passar do tempo, transmitindo nas
suas histórias valores, a magia e o encanto sem falar da vida real, mas de como a
vida pode ser vivida, apresentando situações humanas possíveis ou imagináveis. Os
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contos de fadas possuem uma linguagem simbólica que permite que as crianças
relacionem as histórias com a sua realidade e com sua vida.
A fantasia pode ou não permanecer nos contos de fadas e nas obras de
literatura infantil, ela é um aspecto essencial para a mente da criança, através dela a
sua consciência consegue imaginar objetos, pessoas, características e criar
situações para explicar seu mundo imaginário de fantasia. Os contos são narrativas
fechadas que podem envolver fatos ocorridos num passado indeterminado, mas
também podem dar ênfase a situações mais atuais. As histórias de fadas, de
animais de seres da natureza e objetos atraem as crianças nos seus primeiros
contatos com a literatura. Por isso, no seu desenvolvimento, a criança precisa ouvir
histórias para depois ler sozinha e sentir-se curiosa para ler.
Sabemos que existem fases na vida da criança, e o professor participa
delas. Por isso, ele deve incentivar para que o aluno adquira o hábito da leitura.
Nesse sentido, Vera Teixeira de Aguiar salienta que:
Formar leitores é tarefa complexa que desafia professores, bibliotecários e educadores em geral, especialmente nesta época tão dominada pelos meios de comunicação de massa, sobretudo pela televisão. Essa dificuldade nasce, segundo Richard Bamberguer, do fato de que muitas crianças não sabem ler direito, ou seja o código escrito é difícil para elas e, sendo assim, acabam se desinteressando pela leitura dos livros e aproveitando muito mais os outros objetos de entretenimento e informação. (AGUIAR, 2001, p.134)
A leitura está ocupando um espaço muito grande atualmente nas pesquisas
devido a sua importância para o desenvolvimento do educando e formação da
cidadania. No ambiente escolar, a sua influência causa preocupação aos
educadores em como fazer para que o aluno perceba a necessidade da leitura, sem
que a leitura seja de exigência, pois em muitos casos se não for dessa maneira o
aluno não lê. Essas discussões, cada vez mais, estão sendo refletidas e
pesquisadas nas universidades em cursos de professores. Já existem projetos para
fomentar a leitura, um deles é o pró-leitura visando a uma melhor formação do
professor.
Conforme Vera Teixeira de Aguiar:
Por seu turno, o PRÓ-LEITURA, do qual participamos desde sua implantação em 1992, vem apostando ao longo dos anos, na formação de professores de leitura em vários estados brasileiros, numa integração vertical entre universidades, escolas de magistério e ensino fundamental, e
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horizontal aproximando todas as áreas do conhecimento, uma vez que nenhuma delas dispensa o ato de ler. Sua metodologia de ação, enraizada nas necessidades da clientela, vem providenciando o desenvolvimento de práticas leitoras diversificadas que respondem às questões propostas em cada região e escola brasileira. (AGUIAR, 2001, p. 9)
Nesse sentido, percebemos que as práticas leitoras precisam ser
desenvolvidas com o intuito de atingir todas as áreas e o trabalho em conjunto no
ambiente escolar causa resultados positivos. O professor deve refletir sobre como
ensinar a literatura através da leitura. Primeiramente pensar no que ele gosta,
observando também os gostos de seus alunos, observando e explorando espaços
para a prática da leitura além da sala de aula e da biblioteca.
Os contos de fadas são excelentes obras literárias para ensinar a literatura, já
que eles possibilitam o desenvolvimento da prática da leitura e do letramento, bem
como a compreensão de texto e desenvolvimento oral e da escrita. Eles possuem
influência nas obras da literatura infantil, provocam encantamento, descoberta de
sentimentos, envolvimento com o enredo e permitem que o leitor imagine e se
identifique com dificuldades ou alegrias na condição humana e sua realidade.
Em pesquisas feitas por historiadores, o conto possui variações sobre essa
narrativa em quase todas as culturas. Atualmente, a versão mais difundida é a
composta pelo autor Perranet (1967) e seguida pela versão dos irmãos Grimm
(1812). Os contos de fadas foram adaptados em várias culturas, italiana, francesa,
alemã. Não se pode julgar qual é a melhor versão pois é o tempo que faz uma
seleção natural dos aspectos adequados a cada época, e se a história continua
sendo contada é porque ela tem sempre algo a dizer. A vida dos personagens pode
mudar seu rumo e os objetos mágicos dão oportunidades para os personagens
revelarem seus dons, sua beleza seus desafios e suas capacidades.
Nos contos de fadas, fazem-se presentes personagens femininos e
masculinos e a presença do amor e da felicidade. Atualmente a personagem
feminina mudou, porque ela conquistou sua identidade feminina em que ela se torna
mais dona de si, mas ainda ela representa um papel que desperta o desejo e a
fantasia para o público masculino. E o amor se faz presente nos contos, e o
casamento é a última conquista, mesmo que aconteçam enfrentamentos de
contratempos, mas o “felizes para sempre” ainda se mantém e significa até que a
morte nos separe e assim a história continua.
Nesse sentido, Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso ressaltam:
44
Se há algum dado do futuro que as crianças levam em conta é o amor. Evidentemente estarão preocupadas com o que vão ser quando crescer, o que se traduz em expectativas de trabalho e sucesso, mas sabem que dependem de amar e ser amadas para sua sobrevivência e não tem motivos para supor que essa dependência tão explícita na infância, se modificará radicalmente. É normal, portanto, que se preocupem com o futuro de seus vínculos amorosos. (CORSO; CORSO, 2006, p.30)
Os contos de fadas, através de suas histórias, transmitem valores e virtudes e,
na maioria das histórias, o amor se faz presente com aventuras em que um não é
correspondido pelo outro, os personagens geralmente são humanos e animais.
Exemplificando, temos o conto “A Bela e a Fera”. Nesta história a personagem Fera
é um monstro feio e o que se espera dela é que faça somente o mal, mas através do
convívio com a Bela, ela apresenta-se diferente por possuir sentimento e amor. Aqui
percebemos que o amor precisa transcender as aparências animalescas para
acontecer.
No entanto, para Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso:
Os estúdios Disney produziram a sua versão para A Bela e a Fera em desenho animado. Nela a trama foi simplificada, a família de Bela se resume a seu pai, que é apenas um viúvo apenas um pouco excêntrico, não um comerciante falido. Além disso, foi criada a figura de um rival para Fera, sob forma de um homem aparentemente atraente por fora, mas feio por dentro. De acordo com a nova sensibilidade que os homens devem demonstrar no amor, introduzida pelas mulheres após sua liberdade conquistada, a Fera é capaz de compreender os interesses intelectuais da jovem; o outro é um brutamontes, disposto a casar-se para fazer dela uma doméstica a seu serviço. (CORSO; CORSO, 2006, p.136)
Nesse comentário, temos a personagem Bela que é capaz de amar a
adversidade, perceber na personagem Fera, pequenos detalhes mesmo que ela seja
feia é humana.
Ainda para os autores:
Apesar do livro de Bettelheim, em alguns pontos, engessar os pais, especialmente numa excessiva valorização do conto de fada tradicional – por considerá-lo a única forma de literatura recomendável as crianças – ele é muito mais efetivo na recomendação do seu uso pelas crianças do que em paralisar seus pais. O saldo positivo para todos: pais, crianças e especialmente para os contos de fadas. (CORSO; CORSO, 2006, p. 162)
Para o autor Bettlheim, o conto de fada possui missão em qualquer tempo,
sendo eles clássicos ou contemporâneos adaptados as novas mídias. Os contos
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possuem a magia e fornecem o que a criança precisa através da linguagem
simbólica. Elas aprendem a lógica dos contos porque eles são estruturados como
mensagens para elas. Ao mesmo tempo, o autor revela que a valorização dos
contos folclóricos é proveniente da reação das próprias crianças quanto ao momento
histórico que viveram e compartilharam a história, sem incluir a ficção. Para muitos
autores posteriores aos irmãos Grimm, alguns elementos dos textos desses
escritores são considerados inadequados.
Os contos de fadas podem ser utilizados pelos pais, mas os professores não
devem passar regras de como construir as histórias. É importante que se
compartilhe alguma fantasia com as crianças, muitas das histórias têm nelas dramas
familiares que podem ser reconhecidos como próprios do mundo da própria criança.
As narrativas literárias infantis, nas quais se incluem os contos de fadas, têm
origem portuguesa, europeia e africana, e a maior parte dos textos narrativos que
compõem a literatura infantil são originados da cultura popular e oral:
As narrativas populares europeias, matrizes dos modernos contos infantis que, a partir de adaptações feitas no século XIX, passaram a integrar a rica mitologia universal, não apresentavam a riqueza simbólica que faz dos contos de fadas um depositário de significações inconscientes aberto à interpretação psicanalítica. Na verdade, eles nem eram destinados às crianças, nem parecem aliados a uma pedagogia iluminista. (CORSO; CORSO, 2006, p. 16).
A expressão “contos de fadas” nos faz lembrar de histórias de infância e nos
remete ao nosso primeiro contato com a literatura, pois, antes mesmo de
aprendermos a ler, poderíamos conhecer o universo lúdico presente nas histórias
vindas de outros tempos que são contadas e recontadas no seio familiar e também
na escola. Alguns contos de fadas, sabemos contar de cor a história, sem ter a obra
em mão, pois conseguimos ter a memória dessas histórias, e são muitas as razões
que nos levam a gravar esses textos e saber narrá-los sem ter de lê-los novamente,
como a identificação com personagens, a possibilidade de viver a história não real, o
encantamento com o mundo mágico, etc.
Apesar de ser relevante discutir por que interiorizamos as narrativas dos
contos de fadas ao longo de nossa vida, o que importa nesta seção do trabalho é
contextualizar o gênero conto de fadas na literatura infantil para ser possível
conhecer melhor o texto que nos será objeto principal de proposição para letramento
intercultural no ensino de língua inglesa.
46
Para Luana Castro, descreve a origem e o surgimento dos contos de fadas:
os contos de fadas remontam a tempos antigos, vindos da tradição oral de diferentes culturas pelo mundo. Eram histórias contadas de pai para filho e, dessa maneira, acabaram perpetuando-se no imaginário coletivo. Só começaram a ser registradas em livros na Idade Média, quando a criança começou, de fato, a ser tratada como criança. Até então não havia grandes distinções entre adultos e crianças, pois ainda não havia aquilo que conhecemos hoje por infância, que é o período relacionado com o desenvolvimento dos pequenos. (CASTRO, 2017)
Os contos de fadas retratam em suas histórias um mundo maravilhoso, que
permite que o leitor consiga imaginar os acontecimentos através de seus
personagens: bruxas, princesas, príncipes e fadas. Eles fazem parte do convívio
humano e também são passados de geração em geração por seu caráter educativo.
Regina Zilberman (2005) aponta vários traços dos contos de fadas, como: o fato de
eles terem como cenários ambientes rurais; fazerem alusão a animais (como o lobo)
“que deviam causar medo nas populações que moravam em regiões isoladas”
(ZILBERMAN, 2005, p. 90); tematizarem a ameaça de fome e de morte;
apresentarem a violência como componente do enredo; apresentarem magia, que é
“resultante da ação de seres dotados de propriedades sobrenaturais, como fadas,
bruxas, feiticeiros.” (ZILBERMAN, 2005, p. 90).
Já Vera Aguiar (2001) destaca que os contos de fadas apresentam uma
estrutura de composição fixa, pois iniciam com um problema associado à realidade
(como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho) e esse
problema quebra a harmonia inicial da história. Depois, o foco da narrativa passa a
ser a busca de soluções, no plano da fantasia, e para isso aparecem elementos
mágicos, como fadas, bruxas, anões, duendes, gigantes, etc. No final, há a
restauração da ordem e a volta a “mundo real.”
Os contos de fadas tradicionais seguem esses traços apontados pelas duas
autoras. Em relação à língua de escrita, já foram traduzidos para língua portuguesa
e também dispõe de versão em língua estrangeira, o que permite, quando contados
ou lidos no idioma novo, a verificação de processos que envolvem todas as
habilidades comunicativas da língua estrangeira (o ouvir, o falar, o ler e o escrever) e
que levam as crianças a construir conhecimentos linguísticos ao longo das
diferentes situações de leitura de texto. O uso dos contos de fadas e das atividades
lúdicas, portanto, pode ser importante no processo de ensino e aprendizagem da
leitura em língua estrangeira nos anos iniciais do ensino fundamental, pois propiciam
47
às crianças situações de leitura em língua estrangeira e contato com textos que
falam de seu próprio universo, o que é necessário para que a aprendizagem
aconteça.
O ensino língua inglesa, quanto articulado à leitura de texto literário, pode ter
como proposta de ensino a exploração de contos de fadas, que podem propiciar
maior facilidade na aprendizagem, motivação, autoconfiança, prazer e o maior
número de situações comunicativas possíveis para que o aluno adquira o
conhecimento de uma forma agradável e natural, preparando-se assim para
enfrentar naturalmente situações existentes no mundo sejam elas por meio de
produção textual em língua materna, sejam em língua inglesa. Isso ainda é
acrescido da possibilidade de cruzamento cultural que pode promover o letramento,
tão esperado quando falamos em ensino no Brasil hoje.
Incentivar o uso dos contos de fadas na escola como fonte de leitura e
conhecimento desde a infância é fundamental, pois é o momento em que as
crianças estão mais propícias a desenvolver hábitos, como o da leitura, e por isso é
essencial estimulá-las a gostar de ler desde pequenas e mostrar que o ato de ler,
além de poder ser usado para obter informações, também deve ser muito prazeroso,
mágico, fantástico e lúdico. Os contos de fadas, quando utilizados adequadamente
na alfabetização ou nos anos iniciais do ensino fundamental, contribuem para a
formação do leitor, podem estimular o imaginário das crianças e o despertar pelo
gosto e apreciação desse tipo de gênero textual. Os benefícios são incalculáveis e
geram momentos de descoberta, informação e interação, podendo, assim, o
aprendiz transformar e enriquecer sua própria experiência de vida.
No ensino de língua inglesa, o professor pode utilizar diversos recursos
pedagógicos e atividades que envolvem a interação para, assim, explorar as
capacidades e competências no aprendiz ao se expressar e, também, ao se
comunicar, compreender e escrever conforme suas necessidades bem como ao
interagir culturalmente. Por isso, é oportuno pensar sobre o letramento intercultural e
crítico.
48
2. LETRAMENTO CRÍTICO E INTERCULTURAL
2.1. Letramento crítico e intercultural: conceituação
O termo “letramento” é uma expressão introduzida na segunda metade do
século XX no Brasil, mas precisamente da década de 1980. Segundo Rodolfo
Rodrigues Pereira dos Santos e Sérgio Ifa, a expressão apareceu no país “como
derivação da palavra literacy, com a publicação da obra de Mary Kato, em 1986,
intitulada No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, em que a autora
afirma que a tarefa da escola é tornar o indivíduo funcionalmente letrado para
responder às demandas sociais de uso da escrita” (2013, p. 4).
Ao pensarmos sobre a relevância do letramento crítico e intercultural no ensino
de leitura e língua estrangeira, é necessário buscar o significado de letramento. Mas
o que vem a ser letramento? Existem muitas definições sobre letramento, conforme
Amélia Hamze explica:
Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social. A palavra letramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada. (AMELIA HANZE, 2017)
Aqui é possível observar que existe diferença entre alfabetização e
letramento, um indivíduo alfabetizado não é um indivíduo letrado, pois ele sabe
escrever e ler, enquanto que o letrado consegue se adequar aos usos sociais de
leitura e escrita conforme as necessidades.
A alfabetização se desenvolve em meio ao letramento iniciando através da
aprendizagem da escrita e habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas
sociais que envolvem a língua escrita, a forma da aprendizagem deve ser diferente
para que aconteça a aprendizagem no ensino escolar. Para Leda Verdiani Tfouni
(2017):
Na escola a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita e ler e escrever textos significativos. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo indivíduo ou grupos de indivíduos, o letramento
49
focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. “Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo”. (TFOUNI, 2017.)
O aprendiz, ao conhecer as letras, está em meio ao letramento, que é o uso
social da leitura e da escrita. O contato com o mundo letrado e os usos da escrita na
sociedade permite que o aprendiz interaja e atue com essas práticas sociais de
letramento. No processo da alfabetização, é necessário que o aluno domine técnicas
e se aproprie de conhecimentos do cotidiano que possui contato, como a leitura e
escrita presente em bilhetes, jornais, cartas e também saiba compreender através
de imagens a leitura.
Durante muito tempo, passou-se a pensar que ser alfabetizado era
conhecer o código linguístico, ou seja, conhecer as letras do alfabeto. Atualmente,
sabe-se que, embora seja necessário, o conhecimento das letras não é suficiente
para ser competente no uso da língua escrita. A língua não é um mero código para
comunicação e a linguagem é um fenômeno social, estruturado de forma dinâmica e
coletiva e, portanto, a escrita também deve ser vista do ponto de vista cultural e
social. Para dar conta desse processo de inserção numa cultura letrada, tal como a
atual, utiliza-se atualmente a palavra letramento.
A alfabetização (ou o conhecimento das letras) é apenas um meio para o
letramento (uso social da leitura e da escrita). Para formar cidadãos participativos, é
preciso levar em consideração a noção de letramento e não de alfabetização. Letrar
significa inserir a criança no mundo letrado, trabalhando com os diferentes usos de
escrita na sociedade. Essa inserção começa muito antes da alfabetização
propriamente dita, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas
de letramento no seu mundo social: os pais leem para ela, a mãe faz anotações, os
rótulos indicam os produtos, as marcas ressaltam nas prateleiras dos
supermercados e na despensa em casa. Além disso, a cultura do letramento
possibilita a inserção em culturas diferentes, daí a necessidade de abordamos dois
tipos de letramento, o crítico e o intercultural.
O letramento crítico remete à habilidade de leitura de texto. Ele pode ser
compreendido como manifestações e representações dominantes, interesses e
50
ideologias, lutas e mudanças. O desenvolvimento da consciência crítica do aluno se
discute a partir do ensino de língua inglesa e a abordagem do letramento crítico
objetiva não apenas desenvolver as habilidades linguísticas nos aprendizes, mas a
formação de sujeitos críticos conscientes a partir da interação provocada em sala de
aula.
Para Brydon:
O mundo contemporâneo requer habilidades de letramento avançadas e isto inclui a capacidade de pensar criticamente, incluindo contextualização, análise, adaptação, tradução de informação e interação entre os indivíduos dentro e além de sua comunidade. (BRYDON, 2011, p,105)
E, no ambiente escolar, é possível a partir do ensino de língua inglesa
desenvolver no aluno capacidades e habilidades relacionadas à potencialidade para
pensar, agir criticamente sobre sua realidade social e global. É, nesse sentido, uma
necessidade o ensino estar relacionado numa perspectiva objetivada de letramento
pelo desejo de construir sujeitos conscientes em relação aos usos sociais da
linguagem.
Nessa perspectiva, Rodolfo Rodrigues Pereira dos Santos e Sérgio Ifa (2013)
explicam que o letramento crítico está associado a uma noção de empoderamento
do sujeito leitor, acompanhando as reflexões de Paulo Freire. Citando outros
autores, Santos e Ifa declaram:
Segundo Cervetti, Pardales e Damico (2001), a abordagem do letramento crítico (LC) “está fundamentada na teoria da crítica social, nos estudos de Paulo Freire e, mais recentemente, nas teorias pós-estruturalistas”, e está associada à ideia de “empoderamento” do sujeito para que ele possa, através da linguagem, atuar nas diferentes práticas sociais, de modo a posicionar-se enquanto sujeito crítico e provocar mudanças se assim desejar. (2013, p. 5)
A proposição de um letramento crítico permite que o leitor não apenas interaja
com os textos, construindo seus significados, mas também “responda” pela sua
própria vida no sentido de experienciar práticas sociais:
A dimensão do letramento crítico é a base para assegurar que os indivíduos sejam não apenas capazes de participar de algumas práticas de letramento existentes, fazendo uso delas, mas que sejam também, de vários modos, capazes de transformar e produzir ativamente estas práticas2. (GREEN, 1998, p.156)
51
O letramento também é intercultural, por isso muitas crianças já vão para a
escola com o conhecimento familiar e aquele adquirido incidentalmente no dia-a-dia.
A escola deve continuar desenvolvendo a aprendizagem das crianças nesse
processo, e o professor deve buscar práticas que tornam a criança alfabetizada, com
conhecimento dos códigos e capaz de compreender o sentido dos textos ou
histórias, independente do gênero textual, assim como as crianças devem
compreender as diferentes culturas e as diferentes visões de mundo que atravessam
a identidade de diferentes povos e nações. Um letramento intercultural pressupõe
uma educação
baseada na premissa básica que considera os diferentes mundos que os diferentes aprendizes linguística e culturalmente trazem consigo para a sala de aula como sendo ricos receptáculos de recursos a serem considerados e não como origens de privações e, consequentemente, como obstáculos a serem superados. (HALL, 2008, p. 47)
Ao pensarmos no mundo ficcional dos contos de fadas e os contextos reais
de produção dessas narrativas, consideramos ser possível colocar o estudante em
contato com outras culturas, as quais serão melhor compreendias à medida que o
aluno-leitor identificar formas de expressão e visões de um mundo que não é o seu.
Isso implica uma postura ética e política a ser ensinada também, uma vez que deve
ser abordada a noção de diferença cultural e não a de superioridade cultural, o que
certamente contribuirá para a formação de uma criança mais atenta Às diferenças
culturais e respeitosa quanto às múltiplas formas de expressar as formas de ver o
mundo.
A aquisição da decodificação da escrita e a transcrição de sinais sonoros é
um processo de alfabetização que o aluno adquire através da aprendizagem da
língua falada e da língua escrita. Portanto, a criança que está no processo de
alfabetização passa por uma etapa de construção de hipóteses para assim
compreender a linguagem escrita.
A alfabetização acontece a partir do conhecimento sobre a língua e da
leitura, resultando na prática da linguagem através de instruções e práticas
escolares. A aprendizagem é o ponto de partida para o desenvolvimento cognitivo
do sujeito.
Na escola, é possível perceber a diversidade cultural presente na vida dos
alunos. Através da aprendizagem em meio às relações e interações ela aparece. Por
52
isso a cultura que os alunos possuem se manifesta no modo como se expressam,
pensam, sentem e agem. Deve haver respeito entre essa diversidade para que se
aprenda a língua inglesa numa perspectiva intercultural.
A interculturalidade está presente quando duas ou mais culturas interagem.
Exemplificando, temos a língua portuguesa e a língua inglesa que podem ser
comparadas e analisadas numa proposta intercultural. A necessidade de aquisição
da língua e apropriação da cultura nessa época de informação e do conhecimento
permite que o ser humano possa se relacionar e viver melhor sabendo falar outra
língua além da sua nativa.
A interculturalidade leva ao conceito de letramento intercultural, entendido
como um letramento associado a uma prática cultural e a uma identidade de um
grupo social que se constrói na relação língua-cultura. Nessa perspectiva, a cultura é
vista como uma possibilidade de vida, e a linguagem e a língua representam-na.
Segundo Luciana Domingos, o letramento intercultural pode ser concebido da
seguinte forma:
O conceito de Letramento Intercultural que apresentamos neste trabalho deve ser entendido como o domínio dos códigos linguísticos, discursivos, culturais e sociais que pautam as interações entre fronteiriços; constitui-se como uma prática que visa mudanças comportamentais nos encontros e relações interculturais já que ensinar e aprender línguas no contexto supracitado exige a adoção de posturas que considerem a interculturalidade como eixo para as discussões através da valorização da pluralidade de pertencimentos e dos saberes locais. (2015, p. 86-87)
O letramento intercultural possibilita o destaque para uma leitura que
promove o respeito às diferenças, aos espaços diversos, o que contribui também
para o exercício da cidadania e para a compreensão de que temos culturas, mesmo
que algumas sejam dominantes e outras não. A aprendizagem de língua inglesa
possui efeitos de interculturalidade presentes na leitura que permitem que o aluno
tenha acesso à cultura, pois muitas vezes não tem esse acesso e nem interesse em
entender e compreender as diferenças culturais que existem em outros países.
A adoção do letramento intercultural considera também que, no aprendizado
de uma língua estrangeira, não é possível dissociar língua e cultura, já que uma está
imbricada na outra. Dessa forma, aprender uma língua estrangeira implica a noção
de interculturalidade:
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[...] L’interculturel, en effet, suppose l’échange entre les différentes cultures, l’articulation, les connexions, les enrichissements mutuels. Loin d’être un appauvrissement, comme les conservateurs l’affirmaient, le contact effectif de cultures différentes constitue un apport où chacun trouve un supplément à sa propre culture (à laquelle il ne s’agit bien sûr en rien de renoncer). (CUQ, 2010, p. 136-137).
Conhecer a cultura do outro, de povos alheios e distantes do aluno é uma
forma de valorizar a interculturalidade como objeto que impulsiona o ensino da
língua estrangeira e também a construção de um aluno cidadão. Além disso, ao
propor uma associação entre interculturalidade e literatura, por meio dos contos de
fadas, será possível oportunizar a compreensão da literatura como fonte de acesso
a culturas e democratização cultura, pois os contos de fadas poderão criar um
ambiente de prática da leitura intercultural, permitindo que se consiga fazer
discussões e reflexões sobre as relações entre língua e cultura, criando um
ambiente de aprendizagem que seja inovador e motivador para os alunos não só
para conhecer uma língua nova, mas também a cultura expressa por meio dessa
língua. Sabemos que ainda eles encontram muita dificuldade para aprender a língua
inglesa, por isso, ao trabalhar com os contos de fadas buscamos relacionar e
aproximar os assuntos com a realidade do aluno contextualizando e explorando
aspectos relacionados a diferenças culturais entre países para tornar a
aprendizagem mais prazerosa.
A busca pelo conhecimento é contínua, os estudantes precisam acreditar
que essa “nova” língua será de grande importância para o seu aprimoramento
cultural. Por isso, ao contextualizar os conteúdos da língua inglesa, explora-se os
efeitos que a interculturalidade causa no ensino de língua inglesa ao discutir o
assunto sobre cultura que será ensinado, pois através disso o aluno poderá se
observar e interagir com os conteúdos propostos, possibilitando uma abordagem das
diferenças sociais e culturais no interior de sua própria cultura ao comparar com a
cultura alheia.
Ao aprender uma língua estrangeira, o aluno pode ampliar o conhecimento
de mundo, através de atividades de leitura centralizadas numa proposta intercultural,
oferecendo durante a aula oportunidade para que ele possa discutir suas ideias e
pensamentos em sala de aula e interagir com seus colegas, aproximando o que
aprende com a realidade dele, para, assim, desenvolver a consciência crítica dele
em relação a linguagem e os aspectos culturais dos contextos externos a que
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aludiram as narrativas lidas e comentadas. É fundamental que o professor possibilite
que o aluno compreenda as práticas multiculturais que estão em seu cotidiano em
relação àquela que está sendo mostrada, confrontando-as para tornar-se capaz de
estabelecer um confronto para a sua própria identidade e promover a valorização da
cultura de cada país pelo aluno, fazendo-o perceber que não há uma cultura melhor
que a outra, respeitando os níveis e as diferenças culturais de cada um e perceber
que cada um deve valorizar a cultura do país em que vive.
Ainda preciso ressaltar, conforme Roger Chartier, que o aprendiz com
competência atrelada ao letramento é um leitor de textos orais e escritos que são
mais exigentes:
Um alto grau de letramento supõe que o sujeito seja capaz de tratar com textos orais ou escritos relativamente complexos, isto é, compreender, interpretar, analisar textos; construir uma argumentação ou reconstruir novos textos a partir de textos tratados; adquirir novos conhecimentos, às vezes sofisticados, com base em textos produzidos em diferentes meios e, cada vez com maior frequência, em uma segunda língua. (CHARTIER,1999, p. 12-13)
O aprendiz que adquire um alto nível de letramento consegue integrar o
código escrito consigo mesmo refletindo assim no processo do pensamento e da
comunicação e que quando é assimilado ele pode definir o ser. Quando ele está no
processo da alfabetização, aprende a dominar o código escrito da escrita e com o
letramento pode estabelecer relações com o mundo social e a linguagem escrita.
A leitura, portanto, desenvolve-se desde a fase inicial escolar e deve ser
mais incentivada como qualquer outra competência ou habilidade da criança.
Valorizar o ato de ler como se fosse qualquer ato como o aprender a caminhar, falar
ou brincar é essencial para comunicar a importância cultural e social da leitura,
revelando os inúmeros prazeres e as possibilidades que esta pode oferecer à vida
da criança.
Assim, em uma sociedade letrada e produtora de escritas, deveria ser
natural pensar a leitura e a escrita como integrantes do cotidiano da criança desde
seus primeiros meses de vida. Embora não saibam ler, no sentido estrito da palavra,
as crianças podem mergulhar no universo da literatura e interagir com a leitura por
intermédio de seus familiares e professores.
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Ler e ter competência em leitura, numa sociedade estratificada como a
brasileira, nunca foi tão importante para ascensão profissional e interação social
bem como para o exercício da cidadania. Segundo José Aroldo da Silva:
Um dos instrumentos fundamentais na briga pela democracia é exatamente a leitura, vista aqui como uma habilidade humana que permite o acesso do povo aos bens culturais já produzidos e registrados pela escrita e, portanto, como um meio de conhecimento e crítica dos fatos históricos, científicos... E como um dos meios mais práticos, ao lado da palavra oral de que o povo pode lançar mão a fim de comunicar e fazer as suas ideias, interesses e aspirações. (SILVA, 2011, p.22)
Antes da existência da escrita, a comunicação acontecia por meio da fala e de
gestos. Após isso, ocorreu o surgimento da escrita, pois o homem precisava
controlar o ambiente em que vivia e a escrita possibilitou que houvesse maior
consciência sobre os acontecimentos e uma melhor organização do pensamento. Os
conhecimentos eram passados de geração a geração através da oralidade e
aqueles que não eram compartilhados acabavam se perdendo no tempo. A escrita
veio como forma de registro de ações e pensamentos humanos, sendo relevante
esse uso nas relações sociais, difusão de ideias e informações.
Nesse sentido, sabemos que herdamos a cultura, a história e também somos
capazes de transformá-la e registrá-la. O texto deve estimular a criança a
desenvolver suas potencialidades por meio das possibilidades que o mundo da
fantasia pode inspirar. Não podemos apenas oferecer aos jovens leitores textos que
pouco contribuem para sua formação literária.
Para contribuir com o desenvolvimento das habilidades comunicativas, é
preciso exercitá-las com o uso de textos e obras literárias. O ensino de língua
inglesa exige um trabalho e desafio contínuo para tornar os alunos fluentes no
idioma. As dificuldades na escuta são muito comuns. Tanto o uso de estratégias e
técnicas auxiliam neste desenvolvimento, como o papel do professor e o empenho
do aluno são primordiais para o melhor desempenho do discente. O objetivo do
docente não é apenas o de promover a prática, mas sim o de produzir uma maior
confiança entre os ouvintes, por se tratar de uma língua estrangeira, e porque os
filtros afetivos geralmente se elevam quando o aluno está sendo submetido a tais
atividades. Entre as estratégias que devem ser incentivadas na sala de aula, no que
se refere à habilidade auditiva, destacam-se a antecipação, a previsão, e o
estabelecimento de um esquema mental para que a gravação seja entendida, sem
56
uma excessiva preocupação com os detalhes. Com o objetivo de ajudar jovens
aprendizes a desenvolver a habilidade auditiva, os professores devem utilizar uma
variedade de atividades que foquem na identificação e no reconhecimento das falas.
Nessa proposta de ensino, considera-se importante na língua estrangeira
fazer com que ao aprender sobre outras culturas, o aprendiz perceba-se como
cidadão. Ou seja, além de aprender sobre outras culturas, o aluno aprende sobre a
própria cultura. E, tendo noção da sua cultura, o aluno é capaz de se perceber como
cidadão, como enfatiza Mendes (2008). A autora afirma que, ao aprendermos outro
idioma, não necessitamos aprender tão somente a língua, mas também as maneiras
diferentes de ser, de acordo com o sistema do país.
Dessa maneira, surgem os gêneros que se integram nas culturas e se
desenvolvem, sendo eles, recursos mediadores de aprendizagem e, por essa razão,
concordamos com Siqueira (2008, p. 3) quando enfatiza que: “o papel do professor é
desenvolver não só habilidades, atitudes e consciência de valores, como também o
conhecimento sobre uma cultura ou país específico”. Conhecer diferentes culturas a
partir do letramento intercultural na língua alvo, na visão dos educandos, aproxima
as culturas e propõe um diálogo intercultural, pois o diálogo entre as culturas parece
estreitar a relação sem desprezar a diversidade entre os sujeitos, que ganham uma
dimensão mais abrangente, em termos de reconhecimento social e intercultural.
É possível construir nos alunos uma consciência intercultural crítica a
respeito do ensino de cultura, pois ele é muito significante na aula de língua inglesa
porque possibilita o entendimento da língua e também é importante enfocar o
conceito de cultura que muitos acham que é só comida, música e, a cultura é mais
que isso. E que o trabalho como gênero textual é mais que preencher lacuna e fazer
tradução.
Mas é preciso ir além desses conceitos para quebrar o paradigma de que
uma ou outra cultura é a correta. Nessa direção, Kramsc afirma:
[...] cultura pode ser definida como membro de uma comunidade discursiva que compartilha um espaço social comum e história e imaginários comuns. Mesmo quando eles saíram dessa comunidade seus membros podem reter, onde estiverem, um sistema comum de padrões de percepção, crença, avaliação e ação. Esses padrões são o que geralmente chama-se cultura. (KRAMSCH, 1998,p.10)
57
Essas e outras reflexões teóricas, vão dar suporte à pesquisa para que se
discutam aspectos relacionados à aquisição da língua inglesa, bem como sua
aprendizagem a partir do letramento intercultural, partindo de práticas de leitura. E a
escola cumpre um papel importante que é possibilitar a aquisição e uso da língua
inglesa tanto na forma oral escrita quanto na materna a língua portuguesa e a
inglesa.
2.2. Práticas leitoras e letramento crítico e intercultural
A alfabetização acontece a partir do conhecimento sobre a língua e da leitura,
resultando na prática da linguagem através de instruções e práticas escolares. A
aprendizagem é o ponto de partida para o desenvolvimento cognitivo do sujeito.
Muitas crianças apenas têm contato com a leitura quando estiverem em idade
escolar. No Brasil, o hábito da leitura ainda não está presente na maioria das
famílias. Na escola, o aprendiz terá possibilidades de apreciar a leitura e também
conhecer os códigos da língua escrita. Na sociedade ocidental letrada, saber ler e
escrever são conhecimentos importantes e valorizados, por isso ela deve estar
presente sempre na vida de cada pessoa.
A leitura é um processo de contínuo de aprendizagem, pois ela é
apresentada desde cedo para o aprendiz, através dela é possível que ele consiga
entender e também estabelecer um diálogo com o conhecimento e assim um
aprendizado contínuo que pode desenvolver a reflexão e o senso crítico.
O professor deve orientar o aluno de forma a fazê-lo acreditar que a leitura de
livros é o caminho para encontrar prazer, descobertas, lições de vida e que ele pode
utilizá-lo para desenvolver a capacidade de pensar e crescer. Segundo Bordini e
Aguiar (1993, p.28), em sua obra intitulada Literatura: a formação do leitor,
alternativas metodológicas, a escolha de uma determinada obra literária pelo
professor é essencial para a criança na aquisição do gosto pela leitura. Entretanto,
além desse princípio que deve nortear o ensino da literatura, as autoras identificam
outros dois: a provocação de novos interesses que lhe agucem o senso crítico e a
preservação do caráter lúdico das obras infantis literárias.
As autoras destacam que o ato de ler envolve muitos fatores, entre eles o
material a ser oferecido como fonte de leitura, pois os alunos são diferenciados e
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possuem interesses de leitura variados, então o planejamento do professor é
indispensável para que a leitura seja desenvolvida como uma prática social e
prazerosa para o aprendiz.
Através da leitura é possível conhecermos o universo do conhecimento. Ela é
uma fonte de saber que nos dá possibilidades de entender agir e transformar a
sociedade e nossa vida. Por isso, é necessário que ela se torne um hábito para o ser
humano. Esteja também presente no ambiente escolar, e que o professor saiba
como conduzir o ensino, e em sua prática consiga transmitir a importância da leitura,
pois ela deve ser usada não só apenas para alfabetização, mas que seja uma
prática inovadora e contínua.
A literatura promove o desenvolvimento intelectual do homem, o torna um ser
crítico e reflexivo. E o ensino de literatura pode acontecer através da leitura. Por isso
é importante refletir sobre essa prática na escola e também sobre os recursos
pedagógicos utilizados pelo professor para com o ensino.
A leitura se apresenta a cada instante em nossa vida, o contato com ela faz
com que o indivíduo consiga ser um cidadão reflexivo, crítico. O professor deve ser
um mediador e motivador para que o aluno adquira o prazer da leitura, incentivando
a leitura revelando aos alunos leitores o prazer de ler, por isso é preciso que se
respeite as preferências dos alunos o que os atrai para com a leitura.
A importância da leitura no ensino de língua estrangeira - língua inglesa
contribui para melhorar o desenvolvimento da fluência. Sendo ela não só aplicada
apenas forma falada, mas também a escrita. Ao ler, o aprendiz está consolidando
vocabulário já estudado, exercitando sua criatividade através da sua imaginação e
raciocínio. A leitura promove o maior número de sinapses no cérebro que são
estímulos que geram mais conexões e que também são responsáveis pelo nosso
nível de inteligência.
Por isso, o educador deve usar diferentes métodos de ensino, para motivar o
seu educando para que seja um leitor. Utilizando em suas aulas diversos gêneros
textuais para assim, conhecer os gostos das crianças e também o que eles preferem
ler para assim desenvolver o hábito de ler.
Através da prática da leitura que o aluno se torna um leitor consciente, é o
acúmulo dela que o leitor é formado e quanto mais variedade e quantidade de livros
o leitor tem acesso mais fácil será a sua capacidade. Portanto, essa relação de
ensino e aprendizagem por meio do letramento busca, as questões culturais, nas
59
diversas situações comunicativas e a necessidade de interação entre o
conhecimento que o aluno traz e o conhecimento adquirido no ambiente escolar.
Através da leitura, é possível conhecermos o universo do conhecimento. Ela é
uma fonte de saber que nos dá possibilidades de entender agir e transformar a
sociedade e nossa vida. Por isso, é necessário que ela se torne um hábito para o ser
humano, que esteja também presente no ambiente escolar e que o professor saiba
como conduzir o ensino, e em sua prática consiga transmitir a importância da leitura,
pois ela deve ser usada não só apenas para alfabetização, mas que seja uma
prática inovadora e contínua.
A literatura promove o desenvolvimento intelectual do homem, torna-o um ser
crítico e reflexivo. E o ensino de literatura pode acontecer através da leitura. Por
isso, é importante refletir sobre essa prática na escola e também sobre os recursos
pedagógicos utilizados pelo professor para com o ensino.
A leitura se apresenta a cada instante em nossa vida, o contato com ela faz
com que o indivíduo consiga ser um cidadão reflexivo, crítico. O professor deve ser
um mediador e motivador para que o aluno adquira o prazer da leitura, incentivando
a leitura revelando aos alunos leitores o prazer de ler, por isso é preciso que se
respeite as preferências dos alunos o que os atrai para com a leitura.
Por isso, o educador deve usar diferentes métodos de ensino, para motivar o
seu educando para que seja um leitor, utilizando em suas aulas diversos gêneros
textuais para, assim, conhecer os gostos das crianças e também o que eles
preferem ler, para, assim, desenvolver o hábito de ler.
Através da prática da leitura que o aluno se torna um leitor consciente, é por
meio do acúmulo dela que o leitor é formado e, quanto mais variedade e quantidade
de livros a que o leitor tem acesso, mais fácil será a sua capacidade. Portanto, essa
relação de ensino e aprendizagem por meio do letramento busca as questões
culturais, nas diversas situações comunicativas e a necessidade de interação entre o
conhecimento que o aluno traz e o conhecimento adquirido no ambiente escolar.
A leitura tem fundamental importância na formação do aprendiz, por isso a
sua prática faz com que aconteça o diálogo intercultural. Essas práticas estão
presentes nas sociedades modernas em meios de comunicação e recursos
tecnológicos e as línguas nacionais ou estrangeiras.
A diversidade cultural se encontra presente nas escolas, sendo assim um
grande desafio, entender o outro e assumir práticas interculturais que possibilitam a
60
integração plena de todos os aprendizes que frequentam a escola. Cardoso (2005)
considera que a educação intercultural exige que a escola como um todo, o seu
ambiente, a sua organização administrativa e pedagógica, se estruture de modo a
refletir e acolher a diversidade dos seus alunos.
O diálogo intercultural está cada vez mais presente na diversidade social,
sendo que influencia nas relações humanas. Todos nós temos diferentes origens e
culturas e em contato com outras pessoas de culturas diferentes enriquecemos a
nossa identidade quando aprendemos com a cultura dos outros, quando
conhecemos melhor o outro e estabelecemos espaços de diálogo, de interação. É
neste contexto intercultural que é necessário criar condições para que os
comportamentos se alterem e se caminhe para uma sociedade plural onde todos
são reconhecidos pela sua individualidade e que encontrem lugar para fazer escutar
a sua voz.
Para construir um mundo melhor precisamos aceitar o eu e o outro. O
sistema escolar não pode ignorar a realidade atual e a cultura não pode ser
entendida como à parte da sociedade pois, ela contribui na construção da
sociedade.
Através da leitura, é possível formar cidadãos ativos, críticos, solidários e
interventivos para uma sociedade democrática. O processo escolar contribui para o
desenvolvimento integral do indivíduo, bem como, construir sua identidade,
formando cidadãos críticos, responsáveis participantes no desenvolvimento humano
da sociedade, na democracia participativa e na cidadania intercultural.
A criança desenvolve a aprendizagem de várias maneiras, através do contato
com a família na escola e também com o convívio social. Esse processo de
aprendizagem é um conhecimento construído a partir de interações sociais. Por isso
o aprendizado de uma língua estrangeira na infância é fundamental, nessa fase
onde as relações sociais acontecem.
Estudos relacionados à aprendizagem da língua materna mostram que as
crianças aprendem e desenvolvem a língua não apenas sentadas em suas cadeiras
desenvolvendo atividades com lápis e papel, isoladas de seus pares e repetindo
estruturas fora de contextos, mas sim a partir das interações sociais estabelecidas
em usos significativos da língua em uma comunidade que utiliza a língua de forma
efetiva, ou seja, para gerar comunicação. (CYRRE, 2002, p.235-244)
61
Diante disso, é necessário que as atividades relacionadas ao ensino devem
estar interligadas ao contexto social e à realidade da criança para que ocorra a
aprendizagem da linguagem de modo efetivo.
Ao aprender uma língua estrangeira como a língua inglesa, a criança precisa
desenvolver habilidades comunicativas. Aprendizes de língua estrangeira precisam
desenvolver todas as habilidades necessárias para a aprendizagem da língua em
questão. Precisam aprender a ouvir, falar, ler e escrever em um novo idioma e,
porque o processo de aprendizagem, incluindo o de línguas é um processo
interativo, as crianças necessitam de oportunidades para interagir em um contexto
significativo e interessante. (ELLIS; BREWSTER, 1991; WRIGHT, 1995 e 1997;
GAZOTTI, 1998; BITTINGER, 1999)
E o ensino depende muito do professor, pois ele deve envolver as habilidades
comunicativas desenvolvendo elas durante as aulas, para que o aluno perceba que
elas possuem importância, tanto oral como escrita e como a compreensão.
Os contos de fadas já existem em língua materna, neste caso a Língua
Portuguesa e também ajudam na aquisição e na construção de conhecimentos em
língua estrangeira. Através do uso dos contos de fadas, as crianças entram em
contato com todos os processos de produção de textos dos quais podem participar,
estabelecendo contato com a língua inglesa.
Estes processos envolvem todas as habilidades da língua (o ouvir, o falar, o
ler e, o escrever) que levam as crianças a construir conhecimentos linguísticos ao
longo das diferentes situações de produção de texto. O uso dos contos de fadas e
das atividades lúdicas são importantes no processo de ensino e aprendizagem, pois
estes propiciam às crianças situações reais que elas necessitam para que a
aprendizagem aconteça.
O ensino língua inglesa pode ter como proposta de ensino os contos de fadas
e as atividades lúdicas, que podem propiciar maior facilidade na aprendizagem,
motivação, autoconfiança, prazer e o maior número de situações comunicativas
possíveis para que o aluno adquira o conhecimento de uma forma agradável e
natural, preparando-se assim para enfrentar naturalmente situações existentes no
mundo sejam elas por meio de produção textual em língua materna, sejam em
língua inglesa. Assim pensamos ser possível despertar no aluno o alcance dos dois
tipos de letramento que abordamos nesta pesquisa.
62
3. PROPOSIÇÕES DIDÁTICAS PARA LETRAMETNO INTERCULTAL NO ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA NOS ANOS INICIAIS
3.1. O roteiro das proposições didáticas
Apresentamos as proposições de leitura para o quinto ano do ensino
fundamental, que julgamos ser uma alternativa pedagógica para o ensino de língua
inglesa e leitura da literatura na sala de aula, entre outras possíveis. Procuramos
demonstrar, do ponto de vista teórico, a relevância de se pensar para o ensino da
língua estrangeira a adoção da leitura da literatura para revelação de habilidades
leitoras e letramento crítico e intercultural.
Ao pensar nisso, escolhemos o conto de fadas como gênero privilegiado para
leitura, acreditando que ele pode oferecer um leque de leituras, já que um conto
pode ser comparado a outro(s) e esse gênero estabelece relação com o universo da
criança, aluno do quinto ano do ensino fundamental. Nossa sugestão didática
propõe a leitura integral dos contos de fadas e não fragmentos, já que as narrativas
são curtas e podem ser lidas na própria aula ou em casa pelo aluno desde que este
se sinta motivado a fazê-la.
A escolha de criar proposições didáticas que podem ser executadas em
sequência é motivada pela ideia de que o ensino busca, gradativamente, revelar
competências leitoras e de uso da língua que iniciam pelas simples habilidades e se
estendem ás mais complexas. Como nossa pesquisa não assume o caráter de
pesquisa aplicada, entendemos que essa sequência é lógica e poderá ser
desenvolvida no contexto real da sala de aula.
Para a elaboração das proposições de práticas leitoras didáticas, foram
escolhidos os seguintes contos de fadas: “A Bela Adormecida” (Sleeping Beauty), “A
Pequena Sereia” (The Little Mermaid) e a “A Bela e a Fera” (Beauty and the Beast),
todos em versões publicadas pela editora Claranto. Esses contos foram escolhidos
porque são obras Clássicas da literatura infantil e adequadas a faixa etária dos
alunos que possuem o ensino de língua inglesa nos anos iniciais do ensino
fundamental.
Inicialmente, no conto de fadas:“A Bela Adormecida – Sleeping Beauty”,
encontramos uma narrativa que aborda sobre um casal “rei e rainha” que queriam
muito ter um filho, então tiveram Aurora, uma princesinha que nasceu. Após seu
63
nascimento, o rei faz uma festa e convida para participar dela todas as fadas, por
sua vez elas levam presentear a princesa: bondade, saúde, alegria e amor. Naquele
momento, aparece a bruxa malvada que não era convidada que lança um feitiço
dizendo que ao completar quinze anos a princesa iria espetar o dedo em uma roca e
morreria. Neste instante, aparece a fada Esperança e fala que ela consegue
modificar o feitiço da bruxa, dizendo que ao invés de morrer ela iria adormecer e só
acordar com um beijo de amor. O tempo passa e a princesa cresce e Aurora ao
passear por um castelo espeta seu dedo e cai em um sono profundo. Por sua vez,
as fadas a colocaram sobre um leito de ouro e fizeram com que todos dormissem
até que o encanto fosse quebrado, assim a notícia se espalha até que um príncipe
descobre e resolve encontrá-la no castelo e dá a princesa um beijo. Naquele
instante Aurora se acorda e todo o reino também, e o príncipe e ela resolvem se
casar.
Já o conto “A Pequena Sereia - The Little Mermaid” aborda a história no fundo
do mar onde vivem um rei chamado Netuno e suas quatro filhas sereias. A Pequena
Sereia era a filha mais nova, ela gostava de tomar sol e sentar em rochas, até que
um dia ela vê um navio e se aproxima dele. Nele estava um Príncipe que se
chamava Eric por quem ela se apaixona. Uma tempestade acontece e o navio do
Príncipe afunda e a Pequena Sereia salva a vida dele e leva ele para a praia. Ao
chegar e encontrar suas irmãs, a Pequena Sereia fala sobre o encontro com o
Príncipe e do seu amor por ele. A irmã mais velha diz a ela que ela não pode amar
um ser humano, devido a diferença de ter pernas. E em um baile o príncipe anuncia
que iria se casar com a jovem que havia salvado sua vida, uma menina que tinha um
amuleto. Ao ver o amuleto, a Pequena salta e o pega rapidamente, após isso o
encanto se acaba e a bruxa volta a ser o que era e a Pequena Sereia recupera sua
voz. Após isso, ela conta para o príncipe toda a verdade do seu amor e ele a pede
em casamento.
O terceiro conto é “A Bela e a Fera- Beauty and the Beast”, e ele tematiza a
história de um comerciante que morava com sua filha Bela, uma menina linda,
inteligente e que gostava de ler. Ao retornar de uma viagem o pai de Bela se perde
no caminho e cavalga até um castelo que parecia estar abandonado. Entra nele para
se abrigar e ao sair no outro dia se depara com um belo jardim, vai até ele e colhe
uma rosa para levar para sua filha Bela. Naquele instante, aparece uma Fera
enorme e o acusa de invadir o castelo e o aprisiona. O comerciante pede para ela
64
permissão para ir até sua casa se despedir de Bela. Ao chegar em casa ele conta o
acontecido para Bela e ela resolve o acompanhar indo ao castelo e pede para Fera
se pode ficar no lugar de seu pai pois ele estava velho e doente. A Fera concorda e
assim os dias se passam e ela percebe que Fera além de feia era boa e gentil. Um
dia Bela fica triste e pede para que Fera a deixe ir visitar seus pais, e, ao retornar,
ela se assusta pois encontra a Fera doente e dá um beijo no rosto de Fera e naquele
instante ela se transforma num belo príncipe e o beijo de amor liberta e eles se
casam.
Essa breve exposição sobre os contos de fadas selecionados para a
elaboração das proposições de práticas leitoras contribui para a contextualização
das narrativas e então passamos às propostas de atividade de leitura. Para isso,
imaginamos um perfil de leitor para quem tais proposições podem ser direcionadas:
um estudante mirim do quinto ano do ensino fundamental.
3.2. As proposições didáticas
Proposições de prática leitora 01: “As belas em um mundo de feras: leituras de “A
bela adormecida” e “A bela e a fera’”
Contextualização do tema:
A caracterização das princesas em contos de fadas tem sido geralmente,
pautada em traços comuns: moças inteligentes, muito bonitas, representantes de
classe social privilegiada, mas muitas vezes em família decadente, capaz de
despertar o amor e o desejo de jovens rapazes. Contudo, é importante oferecer à
criança uma reflexão sobre o perfil das princesas e de seus pares bem como propor
formas diferentes de compreender os contos de fadas que têm como personagem
central as princesas e seus amados.
Público-alvo:
Estudantes do Ensino Fundamental- Anos Iniciais 5º Ano
Problematização:
65
Como é possível definir o perfil dos personagens centrais dos contos de “A bela
adormecida” e “A bela e a fera”?
Esses traços são recorrentes entre as narrativas?
Por que as duas histórias podem ser consideradas contos de fadas?
Em que contexto social e histórico ocorrem as histórias?
Na vida social real, a trajetória das princesas dos contos pode ser vivenciada?
Se as narrativas dos contos fossem contadas pela voz das princesas e de seus
pares, a história seria a mesma?
Objetivos
Estimular a leitura crítica dos contos de fadas, observando a caracterização
recorrente dos personagens centrais do gênero literário para que o aluno
compreenda a relação entre leitura e representação de grupo social;
Incitar a reflexão sobre os diferentes pontos de vista que uma mesma
história pode receber a fim de apontar a importância de se considerar a voz que
narra os fatos literários;
Oportunizar a leitura em língua inglesa de texto narrativo a fim de que o
estudante se familiarize com vocabulário e estrutura dos textos em língua
estrangeira;
Incentivar a escrita criativa por meio da recriação de um conto de fadas na
qual a voz narrativa representará um dos personagens centrais.
Habilidades e competências a serem desenvolvidas:
Desenvolver a capacidade de leitura crítica e comparatista dos contos de
fada.
Tempo estimado para cada sequência didática:
Quatro horas
Metodologia:
Antes da leitura o professor discute com os alunos oralmente, algumas
questões em língua portuguesa, na aula de língua inglesa como forma de criar
expectativas quanto ao tema do texto, as seguintes questões:
O que é uma princesa?
66
Como vive uma princesa no mundo real?
E, nas histórias ficcionais, como é uma princesa?
As princesas da vida real encontram pessoas que atrapalham suas
vidas?
E nas histórias literárias as princesas precisam vencer obstáculos?
Durante a leitura, os alunos serão convidados a ouvir a história de “A bela
adormecida” contada pelo professor em língua inglesa, para se familiarizarem-se
com expressões que são comumente presentes nos contos de fadas. Depois da
leitura em língua estrangeira, serão convidados a apreciar o texto na versão em
língua portuguesa.
Depois da leitura, os alunos, com a mediação do professor, resolverão
atividades descritas na seção a seguir.
Atividades:
Aqui, destacam-se as atividades desenvolvidas nas aulas de língua inglesa, debates
feitos em língua portuguesa conforme o conto a ser trabalhado.
1. Depois de ouvir a história de “A bela adormecida” em língua portuguesa, discuta
em grupo com seus colegas:
a) Qual é o tema da narrativa?
b) Quem são os personagens centrais?
c) Qual o momento de maior tensão na história?
d) Como o conflito narrativo se desenvolve?
2. Agora, leia a história no livro em língua inglesa e identifique:
a) Que elemento de escrita do texto indica que a narrativa é um conto de fadas?
b) Como é caracterizada a Bela? Que termos são usados pelo narrador para
apresentá-la ao leitor?
c) Como é caracterizada o príncipe? Que termos são usados pelo narrador para
apresentá-lo ao leitor?
d) Como é caracterizada a madrasta? Que termos são usados pelo narrador para
apresentá-la ao leitor?
67
3. Sua turma será dividida em cinco grupos e cada um fará um debate sobre um dos
temas a seguir, sorteado pelo professor-mediador:
a) Toda princesa, na vida real, é como Bela?
b) Toda madrasta, na vida real, é como a madrasta de Bela?
c) Todo história de amor enfrenta obstáculos para se realizar?
d) Todo namoro tem um final feliz?
e) Toda situação conflitiva é resolvida com ajuda de fada?
4. Você deverá agora relacionar a história de “A bela adormecida” com os dois
textos que seguem:
Texto 1
Fonte: wwww.ivoviuauva.com.br. Acesso em: 20 ago. 2017.
Texto 2
Fonte: wwww.eitanoisso.blogspot.com. Acesso em: 20 ago. 2017.
68
Ao cotejar os dois textos com o conto de fada lido e discutido, realize uma reflexão
no grupo, respondendo às duas questões:
a) No texto 1, qual a crítica que o príncipe faz em relação à princesa? Explique.
b) No texto 2, qual a crítica que a tirinha propõe sobre o conto da Bela Adormecida?
5. Agora vamos conhecer uma outra história: “A bela e a fera”. Você e seus colegas
do grupo irão realizar a leitura do texto em língua portuguesa primeiro e depois em
língua inglesa e vão apresentar as seguintes atividades em forma de tirinha com
escrita em língua inglesa:
a) Situação de transformação do príncipe em fera;
b) Situação de reconhecimento da princesa em relação ao princípe-fera;
c) Situação de união do príncipe e da princesa.
6.Comparem as tirinhas produzidas pelo grupo e discutam:
a) As imagens das princesas e dos príncipes destacaram que traços dos
personagens?
b) As tirinhas demonstram fidelidade à narrativa em termos de atenção ao enredo?
7.Você, agora, de forma individual, vai produzir um texto narrativo, recontando a
história de “A bela e a fera” como se você fosse a Bela. Como será a sua narrativa?
Lembre que sua narrativa deve ser semelhante à estrutura do conto de fadas.
8.Você, agora, de forma individual, vai produzir um aúdio de 1 minuto a 1minuto e 30
segundos em que você vai contar, em língua inglesa, como se você fosse o príncipe,
o que ele viveu com a Bela.Você poderá acrescentar elementos, mas seu texto oral
deve deixar claro a voz que conta a história: a voz é a do príncipe.
Proposições de prática leitora 02: As sereias na vida dos príncipes: leitura do
conto “A Pequena Sereia”
Contextualização do tema:
69
A alfabetização é um compromisso do professor, por isso a aprendizagem nos
anos iniciais do ensino fundamental deve ser desenvolvida de forma criativa e
significativa, para assim despertar no aluno o gosto pela leitura e escrita.
Utilizar no ensino de língua inglesa os contos de fadas é uma forma de
“mexer” com o aluno, encantá-lo para com os seus diferentes valores literários.
A leitura do mundo mágico e fantasioso possibilita que o aprendiz consiga
associar e diferenciar os acontecimentos conforme a realidade da sua vida, sabendo
comparar e escolher suas preferências, além de formar seus próprios conceitos de
vida.
Nos contos de fadas, a leitura provoca no ser reflexões que se percebem
através do amor zelo, belo, mal, bem, da delicadeza, da coragem e o medo, a
confiança e a criatividade que estão presentes na vida de cada ser, bem como, o
poder da conquista do seu próprio conhecimento que se constrói cotidianamente a
partir da leitura.
A presença do sexo feminino e masculino no conto de fadas “A Pequena
Sereia” caracteriza os personagens em menina, menino, garoto(a), adolescente,
homens e mulheres que são chamados de príncipes e princesas. Sabe-se que a
presença da mulher na sociedade atual ainda é marcada pelo preconceito em
relação ao sexo masculino, devido a suas capacidades, inteligência e habilidades,
que adquirem vivendo em família, ou sozinhas com autonomia própria e
independência, sem a presença do homem, elas conquistam admiração deles,
sendo desejadas e despertando o interesse do sexo masculino. É necessário refletir
com os alunos, sobre esses aspectos que nos trazem os contos de fadas e pensar
sobre a vida, através das narrativas e analisar se essas mudanças que influenciam
na sociedade propondo uma nova maneira de pensar sobre a vida no real e no
imaginário.
Público-alvo:
Estudantes do Ensino Fundamental- Anos Iniciais 5º Ano
Problematização:
Ao desenvolver a temática desta sequência didática através da leitura do
conto de fadas “A Pequena Sereia (The Little Mermaid)”, buscamos refletir sobre as
seguintes questões norteadoras:
70
De que forma o conto pode se relacionar com a vida do ser humano?
É possível perceber e explorar recursos estéticos e temáticos entre as obras?
Que relação intercultural pode se comparar a partir da leitura do conto estudado?
Como é possível definir o mundo humano do mundo imaginário no conto de fadas “A
Pequena Sereia”?
Na vida real, o encanto da sereia e o heroísmo de salvar o príncipe são
considerados importantes?
Como seria, se a sereia fosse salva pelo príncipe, a história seria igual?
Objetivos
Incentivar no aluno gosto pela leitura através do conto de fada “A Pequena Sereia -
The little Mermaid”, utilizando a narrativa para ampliar a reflexão crítica da leitura
literária e sua relação com a vida em sociedade, propiciando o cruzamento de
culturas.
Relacionar os contos de fadas numa visão comparatista literária com a vida humana
atual.
Estimular através da leitura no aluno o desenvolvimento das habilidades
comunicativas.
Habilidades e competências a serem desenvolvidas:
Desenvolver a capacidade de ampliar o vocabulário, bem como através da prática
da leitura reconhecer palavras e significados de frases observando as imagens para
desenvolver o senso crítico, oral, de leitura e escrita em relação a sua vida no
mundo social.
Tempo estimado para cada sequência didática:
Quatro horas
Metodologia:
A obra “A Pequena Sereia - The little Mermaid da editora Claranto é
apresentada aos alunos pelo professor por meio do livro e também em Cd, pelo qual
os alunos são instigados ao ouvir o conto na versão em língua inglesa e
posteriormente em Português.
71
A aula é desenvolvida onde o professor instiga uma discussão mediada por
ele e pelos alunos sobre o tema “Contos de Fadas”, questionando aos alunos o que
eles entendem sobre o assunto e sendo uma conversa em língua portuguesa:
a) Em que ambiente a história acontece?
b) Quais são os nomes dos personagens principais da obra literária?
c) Quem são as sereias e os príncipes na vida real?
d) Como é a estrutura familiar do conto?
e) Qual o papel da personagem bruxa no conto?
f) O amor pode ser real ou apenas imaginário?
Além dessas discussões, serão analisados aspectos relacionados a imagens,
personagens e compreensão de palavras; reflexão sobre forma, cores, pintura e
também detalhes sobre a narrativa que serão analisados através de atividades de
compreensão e interpretação.
Atividades:
As atividades serão desenvolvidas com alunos do 5º ano do ensino fundamental na
disciplina de língua inglesa.
Atividade 1:
Os alunos serão divididos em três grupos para analisar as figuras dos textos 1, 2 e 3
e posteriormente escreverem a suas opiniões em língua portuguesa em relação às
imagens presentes nos textos. Após isso, serão feitas leituras para toda a turma e
discussões.
Texto 1
72
Fonte: http://contodefadaseduc.blogspot.com.br/2014/01/a-pequena-sereia-turma-da-monica.html.
Acesso em: 12 ago. 2017.
Texto 2
Fonte: http://contodefadaseduc.blogspot.com.br/2014/01/a-pequena-sereia-turma-da-monica.html.
Acesso em: 12 ago. 2017.
Texto 3
73
Fonte: http://contodefadaseduc.blogspot.com.br/2014/01/a-pequena-sereia-turma-da-monica.html.
Acesso em: 12 ago. 2017.
Atividade 02
Observe a imagem abaixo e a frase, procure criar o seu desenho com uma frase
escrita em língua inglesa que irá representá-lo. Após isso, apresente para seus
colegas. Ao concluir, os desenhos serão expostos na escola.
☆ THE YELLOW SAUSAGE. // You tell her, Sebastian!
Atividade 03
Essa atividade será feita em duplas e o professor entregará um questionário em
língua portuguesa para os alunos sobre o conto”: A Pequena Sereia”. Um aluno
deverá perguntar ao outro colega e este, por sua vez deverá responder a pergunta
oralmente, depois escrever uma resposta. Após todos terem respondido o professor
fará um sorteio para que socializem o conhecimento descrito no questionário.
74
Questões para discussão?
1- Em que momento da narrativa a sereia encontra o príncipe?
2- Por que a Pequena Sereia queria viver no mundo dos humanos?
3- Qual a reação do príncipe ao ser salvo por uma sereia?
4- O que fez o príncipe reconhecer a sereia para pedi-la em casamento?
5- Quem estava com inveja da pequena sereia e queria ocupar o seu lugar?
Atividade 04
Apresentar o Cartoon abaixo na aula de língua inglesa para os alunos e com eles
fazer reflexões sobre comparações com o conto, o que tem de semelhante e o que
tem de diferente, bem como estabelecer discussões sobre situações reais de vida no
mundo atual, cruzando culturas. Dividir os alunos em grupos para que elaborem
questionários em língua portuguesa respeito das sereias na vida dos príncipes.
Para isso, sugerir exemplos, como o descrito abaixo:
1 - Como a mulher deve ser nos dias atuais?
2 - É preciso acreditar no amor ou agir pela razão?
3 - Na Europa, como vivem os príncipes? Como eles se toram príncipes?
4 - Na história constata, como vivem os príncipes? Qual a diferença em relação aos
príncipes da Europa?
5 - Se a história ocorresse no Brasil, haveria príncipes? Se sim, como viveriam os
príncipes?
6 – Que diferenças culturais entre Brasil e Europa são possíveis de serem
reconhecidas ao ler o conto e fazer pesquisa sobre os países onde vivem príncipes?
75
Fonte: httops://cartoondonem.blogspot.com.br. Acesso em: 12 ago. 2017.
Atividade 05
Observe a imagem do conto: “A Pequena Sereia” e escreva a sua construção do
conto desde o início até essa sequencial da narrativa em língua portuguesa como
você descreveria o desfecho da história, use sua criatividade e escreva-o de
maneira diferente ao do conto. Após todos os alunos escreverem, trocar os textos
com os colegas e fazer a leitura deles, para assim, conhecer as produções textuais e
socializá-las.
76
3.3. Caminhos e (des)caminhos para/no um ensino de língua inglesa na
perspectiva do letramento intercultural
O ensino de língua inglesa, ainda preocupa muito o professor devido à
metodologia que deve ensinar nas aulas, pois o objetivo é fazer com que o aluno
aprenda a língua. Ensinar a pronúncia muitas vezes é um desafio em que não
importa o método de ensino a ser usado, mas que a pronúncia se aproxime da que
um falante nativo possui.
Não há caminhos definitivos que levam a aprendizagem ter um sucesso pleno
no ensino de língua inglesa, o que existe são tentativas no processo de ensino-
aprendizagem e elas devem ser estímulos repetitivos para que a aprendizagem do
aluno aconteça. Nessa perspectiva, um caminho que consideramos interessante é
apostar na abordagem dos dois tipos de letramento, o crítico e o cultural para
mobilizar a leitura em língua inglesa do texto literário e desenvolver assim a
habilidade leitora dos estudantes.
Além disso, é necessário falar de outro ponto que pode ser um (des)caminho,
entendendo-se descaminho como um entrave ao desenvolvimento de uma prática
leitora adequada à formação do leitor crítico e interculturalmente competente. Se o
professor não tiver um aparato teórico e metodológico para desenvolver os dois
letramentos com o estudante, terá dificuldades em aplicar uma proposta de ensino
que resulte em aprendizagem significativa e coerente com o alcance dos
letramentos. Acrescentamos ainda o fato de que muitos docentes que ensinam a
língua inglesa não apresentam competência linguística necessária para atuarem
como elementos que favoreçam esta aquisição nos ambientes de ensino. A falta de
conhecimento linguístico de muitos professores pode inviabilizar o sucesso da
aprendizagem da mesma nas escolas.
Nessa perspectiva, o letramento proporciona benefícios ao aprendiz por estar
relacionado às práticas sociais e o professor que tiver formação para isso, terá
capacidade para ensinar o letramento em língua inglesa enfrentando os desafios,
uma vez que o mesmo permitirá ao aprendiz realize inferências, novos olhares e
interpretações de discursos produzidos nas relações sociais em contextos sociais
onde não será suficiente reproduzir palavras soltas em língua inglesa ou reconhecer
alguns vocábulos presentes constantemente em algumas situações.
77
A utilização da língua exigirá do letrado o uso eficaz da mesma para fins de
comunicação que pressupõe compreender e fazer-se compreendido. Nesse
contexto, surge a preocupação com o ensino oferecido através das escolas. É
preciso que o professor, em conjunto com a equipe escolar, pense em um ensino
significativo para formar seres críticos com capacidades de refletir e agir conforme
suas necessidades.
Atualmente, o ensino de língua inglesa é influenciado pela era digital, sendo
assim mais uma ferramenta pedagógica que o professor pode utilizar, sendo ela
mais flexível e possibilita uma aprendizagem mais autônoma, pois o aluno pode
estudar e pesquisar em casa. E é assim a tecnologia um caminho promissor para a
prática do ensino de língua estrangeira. De acordo com Hargreaves (2010), o estudo
da língua inglesa está cada vez mais difundido em diferentes países, já que este
idioma é utilizado nas transações comerciais e também nas situações cotidianas,
não apenas em locais onde é falado por nativos, mas de forma globalizada. Os
avanços tecnológicos, principalmente a internet, facilitam e proporcionam uma
interação intercultural nas relações de comunicação entre os indivíduos neste
mundo globalizado. Paiva (1999) aponta em seu estudo que no contexto de
aprendizagem de línguas estrangeiras, um dos maiores problemas para o
desenvolvimento da comunicação é a ausência de contato com falantes nativos e de
oportunidades reais de interação. A ausência desta comunicação limita o
desenvolvimento de algumas habilidades, porém a internet traz novas oportunidades
aos aprendizes. Hargreaves ressalta a importância da internet na interação entre as
pessoas e pela troca de informações que o mundo globalizado exige:
Os avanços tecnológicos, com destaque para a internet, vêm proporcionando às pessoas, a oportunidade de interação intercultural de grande relevância e jamais vista anteriormente na história da humanidade. A importância destes fatos é demonstrada até mesmo nas relações geopolíticas, onde o mundo assiste em tempo real, manifestações e acontecimentos ocorridos até mesmo em locais remotos e de difícil acesso. A língua inglesa tem sido utilizada também nestas situações, como instrumento de difusão destas imagens e relatos, dada sua capilaridade entre os povos (HARGREAVES, 2010, p. 7).
Contudo, é preciso considerar também que nem todas as escolas
disponibilizam recursos tecnológicos a seu corpo docente e discente e que nem
todos os professores possuem formação e habilidade para incorporar a tecnologia
no contexto de suas aulas. Dessa forma, esses apontamentos indicam um desafio a
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ser enfrentado pelas escolas brasileiras. Além disso, o ensino de língua inglesa tem
avançado devido à tecnologia e pode ser eficiente com o desenvolvimento das
quatro habilidades linguísticas associadas aos recursos tecnológicos e didáticos
adequados a cada habilidade. Entretanto, o professor deve ter um bom
planejamento, refletindo e analisando a ferramenta mais adequada ao seu objetivo
para ensinar.
Os desafios relacionados à interação social no ensino de língua inglesa podem
despertar certa descrença por parte de alguns educadores, todavia é possível a
meta de interação ampliada entre alunos e professores, pois a comunicação é mais
frequente nesta modalidade através de mensagens, chats, fóruns, web conferências
e outros. E assim a interação cultural poderá ser viabilizara e a leitura crítica,
vivenciada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo demonstrou que o gênero “Contos de Fadas” mesmo sendo
mais direcionado ao universo infantil pode também ser utilizado no ensino de língua
inglesa, como nessa pesquisa se focalizou no 5º ano do ensino fundamental. Os
contos selecionados foram: “A Bela e a Fera”, “A Bela Adormecida” e “A Pequena
Sereia”. Essa escolha resultou devido ao nível dos alunos e seu caráter lúdico para
assim motivar o aluno ao aprender a língua inglesa.
O ensino, muitas vezes, se desenvolve de maneira mais tradicional, sem
possibilitar que o aluno seja um ser participante capaz de interagir e fazer reflexões
críticas. Esses foram os motivos pela qual desenvolvemos as propostas didáticas
relacionadas ao ensino de leitura na língua inglesa.
A partir desse estudo realizado, percebemos a relevância do letramento em
língua inglesa à ser compreendido como oportunidade do aluno interagir com o outro
e com outras culturas, podendo participar e atuar no mundo dos discursos de forma
consciente e crítica. Sendo assim, considera-se fundamental refletir acerca da
questão do letramento no ensino de língua inglesa tendo como foco a leitura e os
contos de fadas. Instigar no ensino o letramento crítico no aprendiz pressupõe
utilizar métodos adequados de ensino que sejam significativos e permitam que o
aluno consiga refletir e discutir se posicionando diante deles.
A leitura permite que o aprendiz se desenvolva nas habilidades
comunicativas e amplie suas capacidades para utilizá-las conforme suas
necessidades. Essa pesquisa evidenciou que o gênero “Contos de Fadas” é um
instrumento valioso no ensino de língua inglesa e que pode ser um meio para o
alcance dos dois tipos de letramento.
Para isso, sabemos que a formação do professor é fundamental, pois pode
garantir um ensino adequado em sua prática de sala de aula, estando ele preparado
para agir e os métodos de ensino permitem que se façam reflexões. Eles marcaram
um percurso histórico no ensino de línguas, para desenvolver a aprendizagem,
sendo eles: o método da gramática e da tradução, o método direto, o método
audiolingual e o método alternativo. Ambos tiveram seus resultados e sua
importância para o ensino. Mas em uma perspectiva interacionista consideram-se os
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processos de interação para que a aprendizagem ocorra e se desenvolvam as
competências comunicativas.
Partindo-se desse pressuposto, propomos no ensino de língua inglesa nos
anos iniciais do ensino fundamental os contos de fadas como um recurso de
aprendizagem da literatura infantil, por ser adequado a essa faixa etária e também
porque a partir dele objetiva-se ampliar a competência leitora, desenvolvendo
metodologias para essa finalidade, sobre a língua inglesa e a literatura através de
proposições didáticas literárias que permitem o estímulo a imaginação e despertam
o interesse do leitor mirim.
No letramento intercultural, a cultura se manifesta através da aprendizagem,
na escrita, na fala, nas maneiras de pensar e agir. Podemos exemplificar a língua
portuguesa e a língua inglesa que podem ser comparadas e analisadas
interculturalmente. Numa perspectiva intercultural usam-se os contos de fadas por
que eles permitem que se amplie a prática de leitura e letramento e também a
capacidade de o aprendiz estabelecer relações com o mundo e a linguagem,
aprendendo culturas e também, se perceber como cidadão em sua própria cultura. E
isso é um fator relevante para assegurarmos a proposta de nosso trabalho como um
estudo que alia língua e cultura.
O aprender se desenvolve por meio da leitura, ela estabelece um diálogo com o
conhecimento, permite que se aprenda e se reflita, desenvolvendo o senso crítico do
leitor e a sua capacidade de entender e agir transformando sua vida e sociedade. Na
leitura se aprende a literatura que também promove o desenvolvimento intelectual
do homem e o torna um ser crítico e reflexivo.
Para que se desperte o interesse pela leitura e se desenvolva o hábito no leitor,
o educador deve utilizar diferentes métodos no ensino, a fim de motivar o aluno para
que seja um leitor crítico, capaz de utilizar todas as habilidades comunicativas nas
situações necessárias conforme suas atitudes, valores e o conhecimento da cultura.
Esperamos que esta dissertação tenha contribuído para uma proposição
diferenciada nas aulas de leitura em língua inglesa.
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