ler capitulo 2
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Eurico Costa Ferreira
O Uso dos Audiovisuais como
Recurso Didctico
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Porto 2010
Dissertao de Mestrado em Ensino de Histria e Geografia
3 Ciclo do Ensino Bsico e Ensino Secundrio
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Eurico Costa Ferreira
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
O Uso dos Audiovisuais como Recurso Didctico
Orientadores:Doutor Lus Marques Alves
Doutora Maria Felisbela Martins
Dissertao de Mestrado em Ensino em Histria e Geografia 3Ciclo do Ensino Bsico e Ensino Secundrio
2009/2010
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Resumo
Tendo em conta que a sociedade actual se rege por uma cultura tecnolgica e
audiovisual, o aproveitamento dos meios audiovisuais para serem usados como recursos
didcticos nas escolas tem uma dupla funo. Permite por um lado enquadrar o sistema deensino nas exigncias da nova sociedade, e por outro, criar um ambiente mais prximo do
quotidiano dos alunos, tornando a sala de aula num local com uma ambiente mais motivador.
No geral, este estudo apresenta os aspectos metodolgicos da investigao e os
aspectos tericos da temtica, o uso dos audiovisuais como recurso didctico. ainda feito
um retrato dos sujeitos da investigao e a metodologia utilizada na mesma.
Aps a anlise dos resultados so apresentadas concluses retiradas com este estudo.
Palavras-Chave:Sociedade de Informao; Tecnologias de Informao e Comunicao; Meios
Audiovisuais; Recursos Didcticos.
Abstract
Given that today's society is ruled by a culture and audiovisual technology, the use of
media as a teaching resource in schools has a dual function. Lets first frame the education
system in the requirements of the new society, and second, to create an environment closer to
the daily lives of students, making the classroom a place with a more motivating environment.
Overall, this study presents the methodological aspects of research and theoretical
aspects of the theme, the use of audiovisual and teaching resource . It's even done a portrait
of the subjects and the methodology used in it.
After analyzing the results are presented with conclusions drawn from this study.
Keywords: Information Society, Information Technology and Communication; Audiovisual;
Teaching Materials.
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Agradecimentos
Para a maioria dos leitores, os agradecimentos deve ser a parte do
trabalho mais fcil de ser executada, visto no exigir grandes conhecimentos
cientficos ou capacidade de investigao.Pois para mim esta uma das partes do trabalho mais difceis de ser
elaborada. Em primeiro lugar porque mexe com sentimentos e em segundo
lugar, porque os agradecimentos excluem muitas pessoas, que por mais
simples que tenha sido o seu gesto, me permitiram concluir este trabalho
com sucesso.
Por tudo isto que acabo de referir, e com um pedido de desculpas a
todas as pessoas que me ajudaram a atingir mais uma etapa na minha vida
mas que aqui no sero referenciadas, quero agradecer ao meu Pai, Me e
Irmo, no s pelo apoio neste trabalho mas, sobretudo aos meus pais, por
me terem guiado e ajudado a ser o homem que sou hoje.
Quero agradecer tambm a minha namorada por ser uma mulher
fantstica que esteve sempre ao meu lado, mesmo em perodos em que a
vida foi menos simptica para connosco.
Ainda dentro das pessoas a quem quero agradecer, encontram-se os
meus alunos que me acompanharam neste difcil e exigente ano lectivo e que
colaboraram com tudo o que podiam, para que este trabalho pudesse ser
executado.
Por fim, o meu muito obrigado s duas orientadoras de estgio ( Dra.
Conceio Abreu e Dra. Alcina Ramos) por todos os sacrifcios pessoais que muitas
vezes fizeram para que pudssemos dar o nosso melhor, e por terem sido
umas pessoas que me ajudaram e apoiaram em tudo. Por fim, e no menos
importante, quero ainda agradecer aos meus dois orientadores de mestrado
que se demonstraram sempre disponveis para qualquer solicitao da
minha parte.
A todos o meu muito obrigado.
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ndice
Introduo.................................................................................................................... 6
Enquadramento metodolgico ..................................................................................... 8
Captulo I ................................................................................................................... 121.1. Sociedade de Informao .................................................................................... 13
1.2. Exigncias do mercado de trabalho .................................................................... 15
1.3. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao no Ensino ..................... 16
Captulo II ................................................................................................................. 20
2.1. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao como Recurso Didctico
................................................................................................................................ 21
2.2. Os Recursos Audiovisuais Como Recurso Didctico .......................................... 22
Captulo III ................................................................................................................ 29
3.1. Percursos Metodolgicos ..................................................................................... 30
Captulo IV ................................................................................................................ 35
4.1. Os sujeitos de Pesquisa ...................................................................................... 36
4.2. Filme Utilizado ................................................................................................... 36
4.3. Questionrios ...................................................................................................... 38
4.4. Breve Enquadramento Histrico Sobre o Tema em Estudo .............................. 41
4.5. Anlise aos Questionrios .................................................................................. 43Captulo V .................................................................................................................. 54
5.1. Os sujeitos de Pesquisa ...................................................................................... 55
5.2. O Documentrio Utilizado .................................................................................. 56
5.3. Descrio da Aula de Geografia ......................................................................... 57
5.4. Resultados Obtidos Com a Observao .............................................................. 59
Captulo VI ................................................................................................................ 65
6.1. Concluses .......................................................................................................... 66
Captulo VII ............................................................................................................... 71
7.1. Bibliografia ......................................................................................................... 72
7.2. Cibergrafia .......................................................................................................... 73
Anexos Tabela de Tratamento de Dados
................................................................. 74
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Introduo
Durante o estgio profissional realizado na Escola Secundaria Ins de
Castro em Vila Nova de Gaia, tomei contacto com alguns dados que
instigaram a minha reflexo.Um dos factos que me despertou mais interesse quando comecei a
formao de professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, era
a problemtica em torno do jogo didctico e dos recursos audiovisuais. A
problemtica dizia respeito, importncia do jogo didctico e dos recursos
audiovisuais, usados como recurso didctico na sala de aula, mais
concretamente nas disciplinas que lecciono, Geografia e Histria.
Como o estgio profissional bastante exigente em diversos aspectos,
decidi cingir-me, para a tese de mestrado, por fazer um estudo sobre se os
recursos audiovisuais e se estes seriam um bom recurso para serem usados e
explorados na sala de aula pelo professor.
Pormenorizando o que acabo de referir, quero esclarecer que o
conceito de recurso audiovisual bastante abrangente, pois hoje em dia
existem mltiplos audiovisuais, como o cinema, o filme, a serie televisiva, o
documentrio, entre tantos outros. De todos os recursos audiovisuais hoje
disponveis, optei por fazer um estudo sobre a utilizao do cinema na
disciplina de Histria, e do documentrio na disciplina de Geografia,
baseando-me sobretudo na classificao do autor Moran, esmiuada no
primeiro captulo deste trabalho. Com este estudo, pretendi perceber se os
audiovisuais, nomeadamente o cinema e o documentrio, so recursos
facilitadores do desenvolvimento no processo ensino aprendizagem. Por
outro lado, quando proponho um estudo para tentar perceber at que ponto
os recursos audiovisuais so um bom recurso para ser usado na sala de aula,
tenho conscincia que o recurso por si s de nada vale, e que os resultados
obtidos com a sua utilizao didctica, podem ser influenciados quer pela
escolha do documentrio, quer pela sua adequao temtica abordada,
quer pela explorao que o professor far do mesmo.
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Ou seja, este trabalho foi realizado, tendo a perfeita conscincia de
que os resultados obtidos com este estudo poderiam ser muito variados,
mediante os mltiplos factores j demonstrados no pargrafo anterior.
Este estudo foi dividido em sete captulos. No primeiro e segundocaptulos, foi realizada uma abordagem, essencialmente terica, onde
expliquei a importncia das tecnologias de informao e comunicao
vulgarmente denominadas por TICs no ensino, seguindo-se uma abordagem
ao uso dos recursos audiovisuais na sala de aula como recurso didctico.
No terceiro, quarto, e quinto captulos deste trabalho apresentei os
dados do estudo prtico recolhidos por mim nas disciplinas de Histria e de
Geografia assim como os percursos metodolgicos usados em ambas asdisciplinas. Ainda englobado neste captulo, apresentei o tratamento dos
dados obtidos com o estudo, assim como breves reflexes sobre o tratamento
dos mesmos. Realo que o percurso metodolgico usado na disciplina de
Histria foi diferente do percurso metodolgico usado na disciplina de
Geografia, apesar dos objectivos finais pretendidos com o estudo serem os
mesmos.
Finalmente nos ltimos captulos deste trabalho, o sexto e o stimo,apresentei as concluses retiradas com o estudo, e tambm a bibliografia
consultada para a realizao deste trabalho.
Fao ainda uma chamada de ateno, relativamente bibliografia
consultada. Esta ser esmagadoramente na lngua portuguesa, isto no quer
dizer que a bibliografia toda de autores portugueses, sendo a maioria da
bibliografia consultada, traduzida para a nossa lngua materna de alguns
dos maiores especialistas em cincias da educao.
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Enquadramento metodolgico
As tecnologias de informao e comunicao (TICs), representam um
importante elemento de mudana social e cultural, constituindo a trave
mestra de um novo tipo de sociedade a sociedade de informao e doconhecimento. O controlo e a automatizao de mquinas, ferramentas e
processos e a comunicao, nomeadamente a transmisso e circulao da
informao, esto, a cada dia que passa, mais presentes em todos os
domnios da actividade social, nas empresas, nos servios pblicos, nas
actividades culturais e, at, nas casas de cada um de ns.
O sistema educativo no se deve abstrair da sociedade em que est
inserida, mas acompanh-la, formando alunos enquanto futuros cidadospara uma melhor integrao numa sociedade de informao. Para responder
a este desafio, fundamental que o sistema de ensino no se afaste das
TICs, mas que as incorpore no processo de ensino/aprendizagem.
O leque do uso das TICs no processo de ensino/aprendizagem
bastante alargado. Os alunos podem us-las para realizar pesquisas, para
elaborar trabalhos dos mais diversos tipos e para comunicar uns com os
outros e com outros membros da comunidade. O professor, para alm dos
usos j referidos, pode igualmente utilizar as TICs como mais um recurso
didctico a ser explorado na sala de aula, tendo hoje um catlogo bastante
alargado de possibilidades. Ao faz-lo, deixa de ser apenas aquele que
ensina, para passar a ser, sobretudo, aquele que promove a aprendizagem.
O que pretendo com este trabalho, perceber se o uso de uma das
TICs, neste caso os recursos audiovisuais, so facilitadores do
desenvolvimento no processo ensino/aprendizagem. Na disciplina de
Histria, o estudo foi dividido em duas fases, e foi realizado com uma turma
de 8 ano, turma essa na qual realizei o meu estgio profissional, englobado
no mestrado em ensino de Histria e Geografia. A turma na qual realizei o
estudo, uma turma composta por vinte e seis alunos, com idades
compreendidas entre os doze e os quinze anos de idade. Esta turma
caracteriza-se por ser trabalhadora, empenhada, sem problemas
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disciplinares graves, e sobretudo possuidora de uma ampla cultura geral,
facto talvez explicvel, por ser uma turma proveniente de um meio scio-
econmico bastante favorecido1.
A primeira fase do estudo consistiu na entrega de um questionrio emque os alunos tinham uma srie de questes sobre o tema a sociedade
industrial do sculo XIX, antes dessa temtica ter sido abordada nas aulas.
Ou seja, o que pretendia com este questionrio era apurar os conhecimentos
prvios e as ideias tcitas que os estudantes tinham sobre os mais diversos
assuntos, desde as condies de vida e profissionais dos operrios do sculo
XIX, at aos motivos que levaram ao surgimento dos primeiros sinais de
descontentamento por parte dos operrios, passando pelas condies scio-econmicas da burguesia do sculo XIX.
Feito o apuramento destes dados, foi exibido um filme seleccionado
para responder a todas estas questes. A escolha recaiu sobre o filme
adaptado de um livro, O Germinal, um drama de 1993 realizado por
Claude Berri, e que conta no elenco com actores como, Gerard Depardieu,
Jean-Pierre Bison ou Jean-Roger Milo.
Neste filme francs, podemos assistir ao processo de gestao ematurao de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por
parte dos trabalhadores das minas de carvo do sculo XIX na Frana em
relao explorao dos seus patres. Neste perodo alguns pases passaram
a integrar o selecto conjunto de naes industrializadas ao lado da pioneira
Inglaterra, entre os quais a Frana, palco das aces descritas no romance e
representadas no filme.
Devido longa extenso temporal do filme, ao limite temporal pararealizao do estudo, e a algumas cenas demasiado violentas do filme decidi,
atravs do programa informtico MovieMaker, cortar as partes que
considerei mais violentas para serem exibidas a crianas com uma mdia de
idades a rondar os 13 anos, fazendo com que a durao do filme passasse dos
170 minutos originais, para cerca de 90 minutos.
1Dados fornecidos pela directora de turma do 8 A, atravs das fichas biogrficas dos alunos.
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A segunda fase do estudo, consistiu na entrega de um segundo
questionrio aos alunos, com questes muito semelhantes ao questionrio da
primeira fase, para assim apurar os conhecimentos adquiridos pelos alunos
com o visionamento, ao longo de quatro aulas, do filme O Germinal.O objectivo do estudo nesta disciplina, era o de analisar as respostas
dos alunos aos dois questionrios, e perceber quais os conhecimentos
adquiridos com o visionamento do filme O Germinal.
Na disciplina de Geografia, o percurso metodolgico aplicado foi
diferente do percurso metodolgico aplicado na disciplina de Histria.
Apesar do objectivo global do estudo ser o mesmo em ambas as disciplinas,
em Geografia pretendi perceber se o visionamento, de um excerto de umdocumentrio produzido pela National Geographic com cerca de 7 minutos
de durao para introduzir um novo tema, iria despertar o interesse e a
curiosidade dos alunos para o tema explorado ao longo da aula atravs de
uma actividade executada em grupo. Toda a aula foi planificada tendo como
situao educativa agregadora, a prpria National Geographic, e para
instigar a pesquisa por parte dos estudantes.
A situao educativa agregadora tem como funo, tal como o nomeindica, agregar toda uma unidade temtica, tentando motivar os alunos
durante o nmero de aulas englobadas nessa mesma unidade temtica.
Neste caso a situao educativa escolhida, foi a de fazer com que os alunos
interpretassem o papel de jornalistas ao servio da National Geographic. Os
estudantes iriam interpretar o papel de jornalistas da National Geographic,
e partiriam pelo mundo com a misso de construrem artigos jornalsticos
que seriam publicados em cartazes, para posteriormente serem expostos naEscola Secundaria Ins de Castro.
O tema em estudo foram os diferentes biomas que constituem a zona
climtica quente, tendo o documentrio servido como uma introduo da
temtica. Dada uma panormica aos alunos do tema em estudo, e tentando
com que os estudantes sentissem o que ser um jornalista da National
Geographic, os discentes executaram um trabalho em grupo, onde teriam de
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encarnar o papel de reprteres da National Geographic, para construrem
cartazes sobre as principais caractersticas dos diferentes biomas da zona
climtica quente. Ou seja, a National Geographic esteve sempre presente
como pano de fundo durante a abordagem da temtica.O estudo na disciplina de Geografia baseou-se na observao directa
dos estudantes, mais concretamente da turma do 7C, turma com a qual fiz o
meu estgio profissional e que esteve inserida num projecto experimental do
ministrio da educao denominado de TURMA MAIS. Esta turma era
constituda por dezasseis alunos, oito do sexo masculino e oito do sexo
feminino, com idades compreendidas entre os onze e os treze anos. uma
turma bastante simtrica relativamente ao seu comportamento dentro dasala de aula. Apesar de no ter tido problemas disciplinares graves,
constituda na sua grande maioria, por alunos pouco trabalhadores, pouco
empenhados, e que demonstram pouco interesse pelas temticas em estudo,
havendo poucas excepes regra. Esta turma apresenta um
comportamento dentro da sala de aula, completamente oposto ao
comportamento da outra turma de Histria que participou no estudo.
Como j foi referido, o percurso metodolgico utilizado na disciplinade Geografia, foi baseada na observao directa da orientadora cooperante
de Geografia (orientadora de estagio, e professora h mais de 30 anos), da
professora estagiria, e da minha prpria observao, ao longo de uma aula
de 90 minutos.
Apesar do estudo realizado ter um objectivo comum, utilizei percursos
metodolgicos dspares entre as duas disciplinas envolvidas no estudo, para
assim perceber se o uso dos recursos audiovisuais, so facilitadores dodesenvolvimento no processo ensino/aprendizagem.
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Captulo I
Sociedade de Informao e os Novos
Desafios para o Sistema Educativo
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1.1. Sociedade de Informao
A educao est a atravessar um perodo de esperanas e incertezas.
Isso pode ser observado claramente, na aproximao entre educao e as
tecnologias da informao e comunicao (TICs), ou como lhe prefere chamarTedesco (2004, 17) as novas tecnologias de informao e comunicao
(NTICs). Em torno deste assunto, existe hoje um verdadeiro fervilhar de
conceitos e iniciativas, de polticas e prticas, de associaes e organismos,
de artigos e livros. As esperanas misturam-se com as frustraes, as iluses
com as realidades. Os governos medem o seu grau de sintonia com a
sociedade da informao baseando-se no nmero de escolas com ligao
internet, e no nmero de computadores por aluno.Os especialistas avaliam e criticam, os professores tm de se adaptar
s exigncias at ontem desconhecidas, e os empresrios oferecem produtos,
servios, marcas, experiencias e iluses num mercado educacional cada vez
mais amplo.
Antes de avanar neste trabalho achei por bem fazer um breve
enquadramento histrico sobre o acesso da populao informao e ao
conhecimento, e uma distino entre conhecimento e informao, apesar da
interligao entre estes dois conceitos. Por um lado, o conhecimento implica
informao (embora v para alm dela) e, por outro, a informao a que hoje
temos acesso, to grande que preciso seleccionar a informao que
achamos pertinente para o nosso conhecimento.
Esta facilidade na obteno da informao dos nossos dias, contrasta
com a dificuldade no acesso informao, que sempre houve ao longo da
histria, pois a informao sempre foi escassa e de difcil acesso. At
inveno da imprensa no sculo XV por Gutenberg, a informao
encontrava-se sobretudo em textos, que s eram acessveis a uma
pequenssima minoria da populao. A inveno da imprensa e a
possibilidade de mais rapidamente se poderem reproduzir livros, levou a
uma consequente baixa do preo dos mesmos, permitindo assim, o acesso
informao por pessoas que at ento no tinham acesso aos mesmos. Mas,
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apesar desta revoluo, at ao comeo do sculo XIX os nveis de
analfabetismo ainda eram extraordinariamente elevados no mundo inteiro.
Hoje, o acesso informao completamente distinto: ela cada vez
mais abundante e fcil de obter. Os meios de difuso de informao hoje emdia so imensos. A internet, a televiso, o rdio, os jornais, as revistas, so
alguns dos meios de difuso da informao existentes hoje em dia. O
problema desta inundao da informao para a educao na actualidade
no onde procurar a informao, mas como oferecer o acesso informao
sem excluir ningum e, ao mesmo tempo, aprender e ensinar a selecciona-la,
avalia-la, interpreta-la, classifica-la e usa-la.
Algo similar colocado em relao ao conhecimento, elemento centraldo capital produzido pela escola. At h pouco tempo atrs, a funo de
inculcar conhecimentos era favorecida pelo facto de a plataforma global do
conhecimento e as bases do conhecimento disciplinar serem relativamente
reduzidas e estveis, o que facilitava o trabalho da escola. Hoje, em
contrapartida, o conhecimento aumenta e muda com grande velocidade.
Segundo Tedesco (2004, 25), as revistas cientficas passam de 10 mil
em 1900 a mais de 100 mil na actualidade. No caso da Matemtica, porexemplo, publicam-se anualmente perto de 200 mil novos teoremas. E as
publicaes de Histria em somente duas dcadas (1960 a 1980) so mais
numerosas do que toda a produo historiogrfica anterior que data do
sculo IV. Eis alguns dos exemplos da evoluo do conhecimento ao longo
dos anos.
Nestas condies Gardner, citado por Tedesco (2004, 26) diz,
Tudo isto apresenta srios desafios para o sistema educacional e
escola em particular. O que ensinar? Ser que as competncias gerais e
especficas de cada disciplina respondem a este novo desafio? Como
o individuo ou agente inteligente, capaz de examinar esses coros de conhecimento e
de determinar o que vale a pena saber, ser altamente demandado. Ainda mais requerida
ser a pessoa que possa sintetizar esses campos do conhecimento que crescem
exponencialmente, de maneira que a informao crucial esteja disponvel para o cidado
comum e o formulador de polticas.
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organizar um currculo num mundo em permanente mudana? Estaro os
professores preparados para aplicarem o uso das TICs no ensino? Como dar
conta do facto de uma proporo crescente do conhecimento relevante ser
transdisciplinar? Enfim, quantas perguntas seriam possveis de se fazermais.
1.2. Exigncias do mercado de trabalho
Como pde ser verificado no decorrer deste trabalho, o enorme
desenvolvimento dos meios de comunicao ocorridos nos ltimos anos, veio
alterar o quotidiano da populao e suscitar novos desafios para o sistema
educacional. Como refere Marques (1998, 11), os desafios para o sistemaeducacional no esbarram somente na sociedade de informao, mas
tambm nas novas exigncias do mercado de trabalho.
Ao longo da histria, uma das funes intrnsecas da educao foi
sempre a de preparar as pessoas para as necessidades do mercado de
trabalho. Sendo assim, fcil de perceber que a educao enfrenta uma
acelerada mudana de contexto nesse mbito, desde o momento que, a
sociedade v o sector de servios se ter transformado no sector econmico
mais empregador com a necessidade de incorporar pessoas que tenham
adquirido novas destrezas e competncias tcnicas, profissionais e de
relaes interpessoais. Outra das exigncias do mercado de trabalho, o de
contar com pessoas que cada vez mais saibam ler e entender informao
tcnica, e o mesmo acontece com a exigncia de ter uma vasta literacia
digital, o que exige um nvel de escolarizao cada vez mais elevado,
alargando a distncia existente entre aqueles que tm pouca e muita
escolarizao. Para alm disso, agora as pessoas precisam de se formar para
um mercado de trabalho cada vez mais instvel, com uma rotatividade no
s entre postos de trabalho dentro de um mesmo sector, mas s vezes
tambm de tipo de ocupao e sector econmico. Com o que acabo de referir,
percebe-se que esto a ocorrer modificaes nas estruturas do emprego, ou
seja, na distribuio de ocupaes entre diferentes sectores de actividade.
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Para sintetizar o que acabo de expor, coloco um esquema de Bertrand
retirado do livro de Juan Carlos Tedesco (2004, 29) onde esto bem
exemplificadas as mudanas ocorridas no mercado de trabalho e as novas
exigncias sociedade actual.
Destrezas Tradicionais Novas Destrezas
1- Actividade estvel numa organizaorgida;
2- Trabalho directo sobre documentos;
3- Habilidade para receber e cumpririnstrues;
4- Trabalho individualizado;
5- Limitado horizonte de tempo e espao;
1- Adaptabilidade a novos produtostecnolgicos e mtodos de organizao;
2- Trabalho abstracto sobre um monitorusando cdigos e smbolos;
3- Autonomia e responsabilidade;
4- Trabalho em contacto constante comclientes e colegas;
5- Horizonte mais amplo de tempo e espao;
O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao no Ensino
1.3. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao no Ensino
Ao longo deste trabalho, vimos a justificao do porqu de uma
educao em contexto escolar em que o uso das TICs seja uma necessidade.
Vamos agora perceber como possvel o uso de recursos didcticos baseados
nas tecnologias de informao e comunicao.
O processo ensino-aprendizagem em sala de aula exige cada vez mais
dedicao por parte do professor para que a temtica abordada seja tratada
de uma forma dinmica, eficiente e motivadora. Hoje o ensino em contexto
escolar no deve estar confinado apenas ao livro didctico, pois o uso
exclusivo do manual escolar no permite que o aluno compreenda de forma
clara as dinmicas que perpassam os diferentes contedos ministrados.
Frente a esta problemtica, existe a necessidade da utilizao de outros
recursos didcticos que auxiliem o ensino, com o intuito de dinamizar os
contedos abordados na sala de aula.
Quadro 1Esquema de Bertrand sobre o deslocamento das destrezas (adaptado).
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apresentando uma verdadeira excluso digital entre as pessoas e territrios
humanos, facto que comprovado quando analisamos o nmero de pessoas
com acesso internet nas maiores economias do mundo onde, em Maro de
2000, dos 304 milhes de utilizadores da internet, 45% estavam nos EstadosUnidos da Amrica e Canad, 22% na Europa e apenas 3,5% na Amrica
Latina e, 1,5% na frica e Mdio Oriente.
J no final de 2005, o nmero de pessoas com acesso internet
melhorou, mas os contrastes territoriais continuaram. Segundo uma
pesquisa da empresa eMarketer, no final de 2005, um bilio de pessoas no
mundo tinham acesso Internet e 25% delas operam atravs de banda larga
ou ligaes de alta velocidade. A empresa estimou ainda que, dessaspessoas, 845 milhes usam a internet de forma regular. Os Estados Unidos
ainda ocupam o primeiro lugar quanto aos utilizadores da rede, com 175
milhes. A Amrica Latina a regio com maior crescimento quanto ao
acesso banda larga, com 70% de aumento entre os utilizadores. Mas
possui, apenas, 70 milhes de pessoas com acesso internet.
A sia-Pacfico a regio com mais utilizadores (315 milhes) e com
mais acesso banda larga, com cerca de 40% dos lares a possuir ligao. AEuropa regista 233 milhes de utilizadores da rede e 55,2 milhes de lares
com banda larga. Em comparao, a China registou 111 milhes de
utilizadores e 34,1 milhes de lares com conexes de alta velocidade.
Mas para alm do acesso desigual s TICs, a tecnologia est em
constante evoluo. Por exemplo basta entrar numa sala de aulas de uma
escola portuguesa para percebemos qual a tecnologia que imperava nas
escolas at dcada passada, e a tecnologia que est agora a querer impor-se. Basta olhar para uma sala de aulas para percebemos que o retroprojector
com as respectivas transparncias, e os slides eram as TICs mais utilizadas,
e que hoje essas tecnologias tm vindo a ser substitudas pelo computador, a
internet, mas sobretudo o projector multimdia.
Feito este esclarecimento sobre a evoluo e uso das TICs nas escolas,
no h dvida que as tecnologias de informao e comunicao representam
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um importante elemento de mudana social e cultural, constituindo a trave-
mestra de um novo tipo de sociedade a sociedade da informao e do
conhecimento.
Posto isto, na continuao deste trabalho, identificarei as TICs queso hoje mais usadas nas salas de aula e como estas podem ser usadas como
recurso didctico na sala de aula, realando que estou a falar das salas de
aula dos pases desenvolvidos, e das tecnologias de informao e
comunicao hoje existentes.
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O Uso das Tecnologias de Informao e
Comunicao Como Recurso Didctico
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2.1. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao como Recurso
Didctico
As Tecnologias de Informao e Comunicao (TICs) devem ser
utilizadas na prtica pedaggica do dia-a-dia na generalidade dasdisciplinas. Elas podem servir para a produo de materiais, bem como de
suporte realizao de apresentaes (tanto de professores como de alunos).
Podem, alm disso, servir para a realizao de estudos e pesquisas, como
meio de comunicao entre professor/aluno e entre os prprios alunos.
Vamos ver de seguida como utilizar as TICs como recurso didctico.
Uma das TICs mais populares e mais usadas nos dias de hoje a
internet. A utilizao da internet, como meio de informao e comunicao,
acarretou uma verdadeira revoluo em termos de tratamento e
processamento de todo o tipo de informao, oferecendo materiais diversos
como som, imagens animadas e estticas, texto, para alm de muitas outras
possibilidades.
Outra das TICs possvel de ser usada, so os produtos multimdia. Os
produtos multimdia segundo Fusari citado por Monteiro (2008, 6), referem-
se apresentao ou recuperao de informaes que se faz, com o auxlio do
computador, de maneira multissensorial, intuitiva e integrada. Os produtos
da resultantes caracterizam-se como um produto resultante de um conjunto
de saberes e habilidades tcnicas que, por meio de computadores, processa
vrios modos de integrao entre as formas e contedos de diversos outros
recursos multimdia com vista comunicao humana interactiva com tal
conjunto articulado.
Os produtos multimdia tm vindo a impor-se na medida em que o
utilizador identifica a possibilidade de interaco com informaes
representadas por recursos multimdia que no so tradicionalmente
interactivos (fotografias, vdeos, musica, voz gravada, etc.), que, quando
associados ao computador, tornam-se interactivas.
Ainda atravs do uso do computador, outras TICs podem ser
utilizadas, como por exemplo, a utilizao de imagens satlite (Google Maps,
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Google Earth), mapas temticos, fotografias areas, software didctico,
entre muitas outras possibilidades.
Outro exemplo do uso das TICs so os recursos audiovisuais. Os
recursos audiovisuais, j so utilizados h bastante tempo, antes mesmo dasua digitalizao, quando a integrao de sons (voz humana, e fundos
musicais, por exemplo) e fotografias (slides) permitiam a criao dos
primeiros audiovisuais. Anos mais tarde, a televiso veio facilitar o uso
desta TIC. Ela permitiu de forma mais fcil, integrar sons e imagens em
pleno movimento de forma muito dinmica e, a popularizao do vdeo
cassete e hoje do DVD, completou o ciclo. Ligada utilizao da televiso
enquanto aparelho, ou do computador, aparece a utilizao no ensino dofilme, srie televisiva ou documentrio. Estes recursos tm vindo a ganhar
importncia, quer pela sua riqueza didctica, quer pela cada vez maior
perfeio e cuidado na sua produo. Para alm disso, estes recursos
proporcionam esforos amplos de reflexo e estabelecem a noo de espao,
tratando de maneira intuitiva temas entrelaados no espao e no tempo. A
sua importncia didctica no maior nem menor em relao a outros
recursos, mas considero que tem como vantagem a aproximao queempresta ao trabalho do professor, pois apresenta uma caracterstica
prpria: a imagem em movimento, a qual vai aproximar-se da realidade do
aluno.
Dei algum nfase aos recursos audiovisuais, pois no estudo que irei
realizar, pretendo perceber se os recursos audiovisuais so um bom recurso
didctico para ser utilizado na sala de aula. Neste estudo, de entre os vrios
recursos audiovisuais hoje disponveis, utilizarei o documentrio e o cinemapara levar a cabo este trabalho.
2.2. Os Recursos Audiovisuais Como Recurso Didctico
Durante o decorrer deste trabalho, podemos perceber que a sociedade
est em constante mutao, vivendo hoje num perodo a que vrios autores
chamam de sociedade de informao. De seguida vimos que uma das
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transformaes surgidas nessa sociedade, foram as novas exigncias do
mercado de trabalho e como o sistema de ensino est a adaptar-se para dar
resposta a estas novas exigncias, nomeadamente com o uso das TICs como
recurso didctico. Agora na continuao do trabalho, darei enfoque a umadas TICs, ou seja, os recursos audiovisuais, para tentar perceber se este
recurso um bom recurso didctico para ser usado pelo professor na sala de
aula.
Os recursos audiovisuais (cinema, serie televisiva, documentrio)
esto umbilicalmente ligados televiso e a um contexto de lazer, de
entretenimento, que passa de forma mais ou menos explcita para a sala de
aula. Cinema, serie televisiva, documentrio, na cabea dos alunos, significadescanso e no aula, o que modifica a postura, as expectativas em relao
ao seu uso. O professor pode aproveitar essa expectativa positiva para atrair
o aluno para a temtica que ir ser abordada na aula, fornecendo um factor
acrescido de motivao.
Os recursos audiovisuais partem do concreto, do visvel, do imediato,
do prximo. Mexem com o corpo, com a pele tocam-nos e tocamos os
outros, esto ao nosso alcance atravs dos recortes visuais, do Zoom, do somenvolvente. Nos recursos audiovisuais, sentimos, experimentamos, temos
sensaes sobre o outro, sobre o mundo, sobre ns mesmos.
Os recursos audiovisuais exploram tambm o ver, o visualizar, o ter
diante de ns as situaes, as pessoas, os cenrios, as cores, as relaes
espaciais (prximo - distante, alto - baixo, direita esquerda, grande
pequeno, equilbrio desequilbrio). Desenvolvem um ver com mltiplos
recortes da realidade atravs dos planos, e muitos ritmos visuais: imagensestticas e dinmicas, cmara fixa ou em movimento, uma ou vrias
cmaras, personagens quietas ou em movimento, imagens ao vivo, gravadas
ou criadas no computador. Um ver que est situado no presente, mas que o
interliga no linearmente com o passado e com o futuro. O ver est, na
maior parte das vezes a reforar o que foi dito, o que foi narrado, a histria
que foi contada.
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A msica e os efeitos sonoros servem, como evocao, lembrana (de
situaes passadas), de associaes a personagens do presente, e de criao
de expectativas antecipando reaces e informaes. Os meios audiovisuais
so tambm escrita. Os textos, as legendas, as citaes aparecem cada vezmais nos ecrs, principalmente nas tradues e nas entrevistas a
estrangeiros.
Os meios audiovisuais so sensoriais, visuais, linguagem falada,
linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem sobrepostas,
interligadas, somadas, no separadas. Da a sua fora. Atingem-nos por
todos os sentidos e de todas as maneiras. Meios audiovisuais seduzem-nos,
informam, entretm, projectam noutras realidades (no imaginrio), noutrostempos e espaos.
Os meios audiovisuais podem ser explorados de vrias formas. Em
pequenas doses (compacto), organizado em forma de mosaico (rpidas
snteses de cada assunto), com apresentao variada, entre muitas outras
formas de explorao como poderemos ver a seguir.
Segundo o autor Moran (1995, 30), os recursos audiovisuais podem ser
utilizados na sala de aula das seguintes formas:
Audiovisual como motivao Um recurso audiovisual pode servir
para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a
motivao para novos temas. Isso facilitar o desejo de pesquisa nos
alunos para aprofundarem o assunto do recurso audiovisual e da
temtica;
Audiovisual como ilustrao O recurso audiovisual muitas vezes
ajuda a mostrar a temtica abordada, a compor cenrios
desconhecidos dos alunos. Por exemplo, um documentrio que
exemplifique como viviam os romanos na poca de Julio Cesar, ajuda
a situar os alunos no tempo histrico. Em Geografia um documentrio
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sobre a vida selvagem em frica, por exemplo. Traz para a aula
realidades distantes da maioria dos alunos;
Audiovisual como simulao O recurso audiovisual pode simularexperincias de qumica que seriam perigosas num laboratrio de
uma escola, ou que exigiria muito tempo e recursos. Um documentrio
pode mostrar o crescimento acelerado de uma planta da semente at
maturidade em poucos segundos;
Audiovisual como contexto de ensino O audiovisual pode mostrar
determinado assunto, de forma directa ou indirecta. De forma directa,quando informa sobre um tema especifico orientando a sua
interpretao. De forma indirecta, quando mostra um tema,
permitindo abordagens mltiplas, interdisciplinares;
Audiovisual como produoComo documentao, registo de eventos,
de aulas, de estudos do meio, de experiencias, de entrevistas,
depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor e dos alunos. Paraalm disso podem ser os prprios alunos a produzirem o vdeo sobre a
temtica abordada. Normalmente os alunos adoram construir um
vdeo e a produo de um vdeo tem uma dimenso ldica. Ldica,
pela miniaturizao da cmara, que permite brincar com a realidade,
levar a cmara para qualquer lugar. Filmar uma das experincias
mais envolventes tanto para as crianas como para os adultos. Os
alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada
temtica, ou dentro de um trabalho interdisciplinar.
Audiovisual integrando o processo de avaliao Dos alunos, do
professor, do processo;
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udiovisual espelho Vemo-nos no ecr e isso possibilita
compreender-nos, descobrir o nosso corpo, os nossos gestos, os nossos
tiques.
Uma ltima nota para dizer que o audiovisual como processo de
avaliao, no tem tradio de ser aplicado em Portugal, e o audiovisual
como espelho poucas vezes utilizado devido s complicaes burocrticas
que seriam necessrias para conseguir uma autorizao para que os alunos
pudessem ser filmados na sala de aula, apesar de na minha opinio, ser
bastante til em certos aspectos.
A reproduo do recurso audiovisual por si s no chega, sendonecessria uma boa explorao do mesmo por parte do professor. Como tal
Moran (1995, 32), identifica algumas das formas de explorao dos recursos
audiovisuais, que passo a identificar:
Analise em conjuntoO professor exibe as cenas mais importantes e
explora junto com os alunos, com base no que estes destacam ou
perguntam. uma conversa sobre o audiovisual, com o professorcomo moderador. O professor no deve ser o primeiro a dar a sua
opinio, principalmente em temticas controversas, nem monopolizar
a discusso, mas tampouco deve ficar em cima do muro. Deve
posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o
ideal e o real;
Analise globalizante Abordar os alunos depois da exibio, a
respeito destas quatro questes: 1 aspectos positivos do audiovisual. 2
aspectos negativos. 3 ideias principais; 4 o que os alunos mudariam
no recurso audiovisual. O professor e os alunos destacam as
coincidncias e as divergncias com o professor a fazer a sntese final;
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Leitura concentrada Escolher, depois da exibio do audiovisual,
uma ou duas cenas marcantes. Rev-las as vezes necessrias e
perguntar (oralmente ou por escrito): O que chama mais a ateno
(imagem/som/palavra)? O que dizem as cenas (significados)? Quais assuas consequncias e aplicaes?;
Anlise funcional Antes da exibio, escolher algumas funes ou
tarefas (desenvolvidas por vrios alunos): o narrador de cenas
(descrio sumario, pr um ou mais alunos): anotar as palavras-
chave; anotar as imagens mais significativas; caracterizao das
personagens; musica e efeitos; mudanas acontecidas no audiovisual(do comeo at o final). Depois da exibio, cada aluno fala e o
resultado divulgado. Com base nos resultados, o professor completa
com os alunos as informaes, relaciona os dados e questiona as
solues apresentadas;
Analise da linguagem 1 que historia contada (reconstruo da
historia). 2 como contada essa historia (o que lhe chamou a atenovisualmente; o que destacaria nos dilogos e na musica). 3 que ideias
passa claramente o programa (o que diz claramente esta historia; o
que conta, e representam os personagens; modelo de sociedade
apresentado). 4 ideologia do programa (mensagens no questionadas
pressupostos ou hipteses aceitos de antemo, sem discusso;
valores afirmados e negados pelo programa como so apresentados
a justia, o trabalho, o mundo; como cada participante julga esses
valores concordncias e discordncias nos sistemas de valores
envolvidos. A partir de onde cada um de ns julga a historia;
Completar o audiovisual 1 exibe-se um audiovisual at um
determinado ponto. 2 os alunos desenvolvem um final prprio e
justificam o porque da escolha. 3 exibe-se o final do audiovisual. 4
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comparam-se os finais propostos e o professor manifesta tambm a
sua opinio;
Modificar o audiovisualOs alunos procuram materiais audiovisuaissobre um determinado assunto. Modificam, adaptam, editam, narram,
sonorizam diferentemente. Criam um novo material adaptado sua
realidade, sua sensibilidade;
Videoproduo1 narrativa em vdeo sobre um determinado assunto.
2 pesquisa em jornais, revistas, inquritos a pessoas. 3 elaborao do
roteiro, gravao, edio, sonorizao. 4 exibio para a turma ouescola. 5 debate;
Video espelhoA cmara regista pessoas ou grupos e depois observa-
se o resultado com comentrios de cada um sobre o seu desempenho e
sobre o dos outros. O professor olha para o seu desempenho, comenta
e ouve os comentrios dos outros;
Videodramatizao Representar situaes importantes do
audiovisual assistido e discuti-las comparativamente. Usar a
representao, teatro, como meio de expresso do que o audiovisual
mostrou, adaptando-o realidade dos alunos.
Comparar verses procurar ver os pontos de convergncia e
divergncia de narrativas, verses, adaptaes de uma mesma obra
para o texto escrito, para cinema.
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Captulo III
Metodologia Aplicada
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3.1. Percursos Metodolgicos
O olhar sobre o mundo transformou-se. S recentemente passamos a
olhar para o exterior da Terra no mesmo momento em que outros seres
humanos se encontravam fora da atmosfera terrestre.At hoje, apenas algumas dezenas de pessoas puderam ver o planeta
Terra a partir de um local longnquo no espao e com os seus prprios olhos.
Esse olhar generalizou-se, atravs do cinema, do filme, do documentrio,
entre vrios outros meios audiovisuais. Vista do espao, o nosso planeta
apresenta a cor azul, passamos a poder chamar-lhe planeta azul2. O ser
humano ganhou conscincia da cor do seu planeta. Vimos, com os nossos
olhos, parte do que os astronautas viram.Atravs de imagens, percebemos que a Terra um pequeno ponto a
flutuar no espao. Um ponto superpovoado de gente, de problemas, de
poluio, mas tambm da vitalidade criativa dos que a habitam.
Os ltimos dois sculos permitiram ao ser humano ver de um modo
mais sistemtico e concreto, para fora da Terra e olhar tambm do exterior
para a prpria Terra, de fora para dentro. Foram as pessoas, foram as
tcnicas, foram os aperfeioamentos na imagem e no som, foram os avanos
nos computadores e na digitalizao que criaram as condies para que tal
acontecesse.
Segundo Abrantes, (1992, 11), os recursos audiovisuais permitem-nos
ter uma experincia impossvel para quase todos os seres humanos:
transportam-nos para outra galxia e voltamos, mantendo-nos
simultaneamente imveis.
Como tentei demonstrar ao longo deste trabalho, hoje vivemos numa
sociedade de informao. Esta sociedade, e as suas novas exigncias fazem
com que o sistema educativo se tenha de adaptar sociedade no qual est
inserida, e preparar os alunos enquanto futuros cidados, para uma
2Expresso usada pelocosmonautasovitico Yuri Gargarine, primeiro homem a viajar pelo espao a12
de Abril de1961 a bordo da naveVostok I,para descrever o planeta Terra.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmonautahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sovi%C3%A9ticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1961http://pt.wikipedia.org/wiki/Vostok_Ihttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vostok_Ihttp://pt.wikipedia.org/wiki/1961http://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sovi%C3%A9ticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmonauta -
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A segunda fase do estudo consistiu na entrega de um segundo
questionrio com questes muito semelhantes ao questionrio da primeira
fase depois dos alunos assistirem ao filme O Germinal. Este filme faz uma
abordagem do tema em estudo e por isso a escolha deste filme para arealizao deste trabalho. Numa analise superficial s questes do segundo
questionrio, pude verificar que a qualidade das respostas dos alunos
melhoraram bastante, assim como uma enorme reduo das respostas em
branco.
Devido s limitaes da instituio escolar, pessoais e devido ao filme
ter uma durao de perto de 90 minutos, mesmo depois de eu ter retirado do
filme algumas das cenas que considerei demasiado violentas para crianascom uma faixa etria a rondar os treze anos, o filme foi exibido ao longo de
quatro aulas, nas aulas de Formao Cvica. As aulas de Formao Cvica,
eram leccionadas pela orientadora cooperante de Histria por esta ser
directora de turma da turma na qual realizei o estudo, que gentilmente me
cedeu as quatro aulas de 45 minutos cada, para que eu pudesse realizar este
estudo.
Este filme, segundo a classificao do autor Moran, foi utilizado comoilustrao, pois este recurso audiovisual acompanhou todo o tema a
civilizao industrial do sculo XIX, abordado nas aulas de Histria, que
decorriam no mesmo dia das aulas de Formao Cvica, mas da parte da
manh.
Segundo o autor Moran, os recursos audiovisuais podem ser utilizados
na sala de aula como recurso didctico de diversas formas j vistas no
decorrer deste trabalho. Na disciplina de Histria, o filme foi usado comoilustrao, pois este filme ajudou a mostrar a temtica abordada nas aulas
de Histria, e a compor cenrios desconhecidos dos alunos.
Na disciplina de Geografia, o percurso metodolgico aplicado foi
diferente da aplicada na disciplina de Histria, pois o que pretendia com o
estudo, era perceber se o visionamento do excerto do documentrio da
National Geographic, tinha despertado o interesse e a curiosidade dos
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alunos para o tema: Os diferentes biomas que constituem a zona climtica
quente.
Para isso contei com a colaborao da orientadora cooperante de
Geografia e da professora estagiria que acederam observar directamente asreaces e comentrios dos alunos durante toda a aula e perceber se o
documentrio da National Geographic despertou curiosidade e interesse dos
estudantes para o estudo do tema que se prolongou pela restante aula com
uma actividade de grupo, tendo sempre como pano de fundo a National
Geographic. Para alm da colaborao da professora estagiria e da
orientadora cooperante, faz tambm parte dos resultados a minha prpria
observao.Devido s limitaes da instituio escolar, pessoais e dificuldade
em arranjar um recurso audiovisual o mais possvel contextualizado no
tema em estudo e englobado na situao educativa agregadora, este estudo
foi realizado apenas numa aula de 90 minutos.
Para estar o mais contextualizado possvel na situao educativa
agregadora escolhida por mim para acompanhar toda a unidade temtica
em estudo, optei por seleccionar para este trabalho um documentrioproduzido pela National Geographic, onde foi possvel observar dois dos
biomas que fazem parte da zona climtica quente. Na impossibilidade de
exibir o documentrio completo, por este ter uma durao de
aproximadamente 50 minutos e a aula ter uma durao de 90 minutos e
pela funo que o enxerto do documentrio iria desempenhar, decidi cortar
algumas das cenas que considerei menos interessantes para a temtica,
reduzindo o tempo do documentrio para cerca de 7 minutos. Estes 7minutos de documentrio foram exibidos no incio da aula com o intuito de
introduzir a temtica e de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos
para o tema estudado ao longo da aula.
Para que os resultados do estudo fossem o mais possveis rigorosos, a
observao levada a cabo pelos trs professores no se limitou s aos 7
minutos de exibio do documentrio e aos momentos seguintes a esse final,
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mas aos 90 minutos de durao da aula, para perceber qual a reaco dos
alunos ao visionamento do documentrio, e se o visionamento do
documentrio despertou a curiosidade e o interesse dos alunos para o estudo
do tema, onde os discentes tinham de encarnar o papel de reprteres daNational Geographic num trabalho de grupo.
Neste estudo feito na disciplina de Geografia, o excerto do
documentrio foi utilizado, de acordo com o autor Moran, como motivao.
Para o referido autor, um audiovisual pode ser utilizado de diversas formas
dentro da sala de aula, tendo este vdeo servido para introduzir um novo
assunto, com o intuito de despertar a curiosidade e o interesse dos
estudantes para um novo tema.Para facilitar a leitura e interpretao deste estudo por parte do
leitor, e porque os percursos metodolgicos usados em ambas as disciplinas
foram dspares, apesar de compartilharem do mesmo objectivo, decidi
separar o estudo realizado na disciplina de Histria, e o estudo realizado na
disciplina de Geografia, tendo optado durante o decorrer do trabalho por
comear pelo estudo realizado na disciplina e Histria, seguindo-se o estudo
elaborado na disciplina de Geografia.
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Captulo IV
Trabalho Emprico na Disciplina de Histria
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4.1. Os sujeitos de Pesquisa
Este estudo foi realizado com uma turma de 8 ano na disciplina de
Histria, turma com a qual realizei o meu estgio profissional englobado no
mestrado em ensino de Histria e Geografia. A turma era composta porvinte e seis alunos, dezassete deles do sexo feminino e nove do sexo
masculino, com uma faixa etria que variava dos doze aos quinze anos de
idade.
De um modo geral, esta turma tinha um bom comportamento, era
trabalhadora, participativa, empenhada, e bastante interessada nas
temticas abordadas. Era uma turma cujos encarregados de educao
demonstravam interesse e acompanhamento dos seus educandos.Ainda sobre esta turma, notou-se que a grande maioria dos alunos
possuidora de uma cultura geral bastante alargada, o que permitia ao
professor abordar as temticas de forma mais aprofundada, existindo alunos
que estudavam o tema antes deste ser abordado nas aulas.
Estas caractersticas reflectiam-se na avaliao dos alunos nos mais
diversos documentos avaliativos, obtendo resultados que podiam ser
considerados como bastante satisfatrios. Os bons resultados fizeram com
que esta turma fosse eleita a melhor turma da Escola Ins de Castro, no ano
lectivo 2008/2009, feito, que ao que tudo indica, tambm ser repetido no
presente ano lectivo de 2009/2010
4.2. Filme Utilizado
O filme escolhido para a realizao deste estudo, foi seleccionado
cuidadosamente de forma a enquadra-se numa das temticas abordadas
neste ano lectivo.
O filme seleccionado foi o Germinal. Este filme retrata o processo de
gestao e maturao dos movimentos grevistas e de uma atitude mais
ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvo de sculo XIX na
Frana em relao explorao dos seus patres.
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Neste filme, o proletariado francs surge-nos como algum explorado,
esgotado, esfomeado, que trabalha em condies totalmente imprprias,
sujeito a acidentes que podiam ceifar-lhes a vida ou a originar mutilaes
dos mais variados membros.Inserido na escurido das minas de carvo, sujo, cumprindo jornadas
de trabalho de 14 a 16 horas dirias, recebendo salrios baixos e vendo toda
a famlia, incluindo crianas, seguirem-lhes os passos, pouco resta aos
trabalhadores seno a luta contra aqueles que os oprimem.
No filme, adaptado de uma obra literria de mile Zola, surgem-nos
menes a Karl Marx a Engels e tambm ao anarquismo.
Paralelamente histria dos trabalhadores, podemos aindaacompanhar a burguesia e o seu quotidiano, sendo possvel ver no filme as
festas pomposas, grandes refeies, luxuosas residncias e o total
alheamento em relao ao mundo que existe para alm dos seus portes.
O objectivo disto dar ao espectador o contraste existente entre estas
duas classes sociais. , pois, claramente um filme de interveno poltica e
de reivindicao social pelas evidncias apresentadas.
Este filme possui cenas que eu enquanto professor considerei ser deextrema violncia para crianas com uma mdia de idades de treze anos.
Este factor levou-me a retirar algumas das cenas que considerei mais
violentas, recorrendo para isso ao programa informtico MovieMaker.
Numa perspectiva mais aprofundada sobre o filme, posso referir que
este, foi adaptado ao cinema por Claude Berri em 1993. um filme com
perto de 170 minutos de durao e conta no seu elenco com actores
consagrados no mundo do cinema como, Gerar Depardieu, Jean-PierreBisson ou Jean-Roger Milo.
A histria do filme gira em torno de uma famlia, que se encontra nas
mencionadas condies de misria e penria listadas nos pargrafos
anteriores, sendo o chefe dessa famlia interpretado por Gerrd Deprdieu
(considerado um dos melhores actores franceses de todos os tempos, que
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tambm trabalhou noutros importantes filmes com contexto histrico como
"Danton - o processo da revoluo" e "1492 - A Conquista do Paraso").
As ms condies em que vivem obriga-o a tomar uma atitude e para
isso estimulado pela chegada de um novo operrio, que j possui vivnciaem termos de criao e divulgao de movimentos reivindicatrios. O
primeiro passo dessa dupla passa a ser, ento, criar condies de
sobrevivncia para que os trabalhadores consigam organizar uma greve e
aguenta-la o mais tempo possvel. Para isso, criam uma caixa de resistncia,
para a qual todos os operrios deveriam contribuir.
A diminuio dos salrios e a indiferena dos patres em relao
segurana e a sade dos trabalhadores aumenta ainda mais as tenses,girando todo o filme volta deste enredo.
4.3. Questionrios
Para levar a cabo este estudo sobre os recurso audiovisuais, recorri a
dois questionrios sobre o filme O Germinal, para perceber quais os
conhecimentos dos alunos antes e depois de assistirem ao filme. Esta
metodologia tinha em vista analisar e comparar as respostas dos alunos a
ambos os questionrios para perceber se houve ou no evoluo nas
respostas dadas, antes e depois dos alunos assistirem ao filme.
O questionrio da primeira fase, era composto por doze questes,
todas de resposta aberta. As respostas a este questionrio podem ser
agrupadas em cinco sub-grupos.
No primeiro sub-grupo foram colocadas quatro perguntas sobre as
condies de trabalho dos operrios. As questes dizem respeito ao salrio
mdio, s condies de trabalho, s doenas mais frequentes e por ltimo, s
horas de trabalho dos operrios mineiros do sculo XIX.
No segundo sub-grupo, as questes dizem respeito s condies de
vida dos operrios mineiros do sculo XIX. Neste segundo sub-grupo
surgem-nos trs questes onde se tenta saber quantos elementos fariam
parte do agregado familiar de um operrio mineiro, que alimentos fariam
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parte de um pequeno-almoo de um operrio, e por fim, qual a esperana
mdia de vida de um operrio mineiro no sculo XIX.
O terceiro sub-grupo diz respeito s condies de vida da outra classe
social presente no filme, a burguesia. Neste sub-grupo as questespretendem, avaliar os conhecimentos dos alunos sobre de onde provinham os
rendimentos da burguesia e que alimentos fariam parte de um almoo de
uma famlia da mesma classe social.
Um outro sub-grupo, o quarto, constitudo por duas questes que
avaliam o que os alunos sabem sobe os motivos que levaram aos primeiros
sinais de descontentamento dos operrios, e como reagiu a Burguesia a
esses sinais de algo no se encontrava bem.Por ltimo surge-nos uma questo isolada, que pretendia avaliar se os
alunos conseguiam identificar a principal fonte de energia utilizada na
primeira fase da revoluo industrial.
O questionrio usado na segunda fase do estudo muito semelhante
ao da primeira fase, at porque no estudo pretendia perceber a evoluo das
respostas dos alunos depois de assistirem ao filme O Germinal, filme esse,
que responde a todas estas questes.Todas as questes deste segundo questionrio, so idnticas s
perguntas do primeiro questionrio excepo da ltima questo. Na ltima
pergunta os alunos so questionados sobre se consideram que o filme O
Germinal foi importante para o estudo da temtica A sociedade industrial do
sculo XIX. Esta pergunta foi elaborada, visto o filme ter sido visionado nas
aulas de Formao Cvica, e a temtica A sociedade industrial do sculo
XIX, tambm ter sido trabalhada nas aulas de Histria com bastanteproximidade temporal. Para evitar influenciar os resultados finais do
estudo, foram elaborados questionrios com perguntas em que a maioria dos
contedos no foi abordado nas aulas, pelos menos de forma directa, apesar
da temtica em estudo ter sido a mesma.
Na pgina seguinte encontra-se um exemplo de um questionrio
utilizado por mim neste estudo.
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4.4. Breve Enquadramento Histrico Sobre o Tema em Estudo
Antes de avanar para a anlise os questionrios, e para melhor
enquadrar o leitor relativamente ao tema em estudo, decidi fazer uma breve
contextualizao histrica sobre a temtica em anlise.Nos finais do sculo XVII e XVIII, o mundo ocidental assistiu a
importantes mudanas. Inovaes tcnicas vieram alterar as formas de
produzir, at ento praticamente todas manufactureiras. A aplicao destas
novas invenes, sobretudo a mquina movida a vapor, na agricultura e o
seguimento de novas tcnicas agrcolas, fez aumentar de forma muito
significativa a produo agrcola, melhorando as condies de vida da
populao em geral. Estas melhorias nas condies de vida da populao,fomentada quer pelos avanos agrcolas, quer pelos progressos na higiene e
na medicina, levaram a uma diminuio acentuada da mortalidade, que
aliada a uma alta taxa de natalidade, levaram a um crescimento natural da
populao. O aumento da populao e a mecanizao da agricultura,
levaram a um excesso de mo-de-obra nos campos e a um crescimento
urbano nunca antes visto, fruto de um xodo rural.
Ao mesmo tempo que estes acontecimentos se sucediam, vrias
revolues liberais aconteciam espalhadas um pouco por todo o mundo,
revolues nascidas em ideais j defendidos sculos antes por correntes
culturais, como o Renascimento e mais tarde o Iluminismo.
O Renascimento nos sculos XV e XVI, iniciou uma revoluo na
mentalidade europeia marcada pela valorizao do indivduo e das suas
capacidades. O iluminismo, no sculo XVIII, trouxe novos ideais sobre a
organizao da sociedade e do poder e a valorizao de princpios como a
igualdade, a liberdade e a tolerncia. Estes ideais difundiram-se entre a
populao em vrios continentes, nos campos, mas sobretudo nas cidades,
que haviam crescido muito devido Revoluo Industrial. Alguns grupos da
populao comearam a lutar pela aplicao destes princpios: foi o perodo
das revolues liberais, com destaque para a revoluo americana e a
francesa.
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econmico e ramificando as implicaes do capitalismo industrial e
financeiro.
O mercado capitalista exps as industrias a uma concorrncia
constante, tendo esta competitividade gerado contrastes sociais entre aburguesia detentora das grandes fabricas e o operrio. Foi neste contexto
que surgiram os primeiros movimentos sindicais e as ideias socialistas.
sobre este perodo que assenta todo este estudo, sendo o recurso
utilizado filme O Germinal - uma das mltiplas fontes onde podem ser
constatadas essas alteraes.
4.5. Anlise aos QuestionriosComo j foi referido ao longo deste trabalho, a metodologia aplicada
no estudo foi a aplicao de dois questionrios com questes muito
semelhantes, antes de depois dos alunos de uma turma de 8 ano de
escolaridade assistirem ao filme O Germinal. A inteno, numa primeira
fase do estudo, era a de perceber quais os conhecimentos tcitos dos alunos
sobre a sociedade industrial do sculo XIX, para posteriormente, numa
segunda fase do estudo, analisar os conhecimentos adquiridos pelos mesmos
estudantes depois destes assistirem ao filme O Germinal.
Na primeira questo perguntado aos discentes qual a principal fonte
de energia utilizada na primeira fase da Revoluo Industrial. Tanto na
primeira fase como na segunda fase do estudo, todos os alunos responderam
que a principal fonte de energia era o carvo. A resposta est correcta, e isso
mesmo pode ser verificado no filme, visto o enredo do filme circular em torno
de operrios mineiros, trabalhadores numa mina de carvo. Para alm disso,
a aluso ao carvo como a mais importante fonte de energia da Revoluo
Industrial constante ao longo de todo o filme.
Num dos sub-grupos, de onde faziam parte as questes dois, trs, sete
e oito, pretendia-se avaliar os conhecimentos dos alunos relativamente s
condies de trabalho dos operrios mineiros do sculo XIX.
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responderam que as condies de trabalho eram ms, oito estudantes
disseram que as condies eram melhores do que na primeira fase da
Revoluo Industrial, e os restantes trs alunos, num total de vinte e cinco,
no responderam questo. As respostas que mais me intrigaram, foram asrespostas de oito dos alunos, que afirmaram que as condies de trabalho
dos operrios na segunda fase da Revoluo Industrial, tinham melhorado
relativamente primeira fase da mesma revoluo, resposta que est
totalmente errada.
Na segunda fase do estudo, os catorze alunos que tinham respondido
que as condies de trabalho eram ms, confirmaram a sua resposta, e os
restantes oito estudantes mudaram a sua opinio, pois na segunda fase doestudo, 100% dos alunos responderam que as condies de trabalho dos
operrios do sculo XIX eram bastante ms. Para alm disso, e como
aconteceu ao longo de todo este estudo, as respostas dos alunos na primeira
fase do estudo eram muito curtas e concisas, e na segunda fase, os
estudantes responderam as questes acrescentando caractersticas vistas no
filme e que enriqueceram as respostas.
Na questo nmero sete, os alunos so questionados sobre quais asdoenas mais frequentes num operrio mineiro do sculo XIX. Nesta questo
deu-se um fenmeno curioso. Na primeira fase do estudo, os alunos
identificaram os principais problemas de sade que afectavam toda a classe
operria do sculo XIX, tanto no sector primrio, como no sector secundrio.
Apesar das respostas de dezassete dos vinte e cinco alunos estarem
correctas, visto um operrio mineiro poder ser portados de qualquer uma
destas maleitas, no me identificaram as que afectavam principalmente osoperrios mineiros do sculo XIX. Para alm do que acabo de reportar, na
primeira fase do estudo, oito dos vinte e cinco alunos deixaram a resposta
em branco.
Na segunda fase do estudo, as respostas por parte dos alunos deixam
de ser to abrangentes. As respostas dos estudantes nesta segunda fase do
estudo, j mostram uma maior especificidade, relativamente s doenas que
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afectavam os operrios mineiros. Dos vinte e trs alunos que participaram
nesta segunda fase do estudo, dezanove identificaram os problemas
pulmonares como sendo a principal maleita que afectava os operrios
mineiros, e os restantes quatro estudantes referiam as doenas de pele. Nofilme a que os alunos assistiram, possvel identificar perfeitamente os
graves problemas pulmonares e as doenas de pele como sendo as principais
doenas que muitas vezes ceifavam a vida aos operrios. Quanto
percentagem de respostas em branco nesta segunda fase do estudo, ela de
0%, tendo todos os alunos presentes respondido questo.
Ainda para avaliar os conhecimentos dos alunos com o visionamento
do filme relativamente s condies de trabalho dos operrios mineiros, foicolocada no questionrio uma questo onde era perguntado quantas horas
dirias em mdia trabalhavam os mineiros do sculo XIX. Nesta questo,
tanto na primeira fase como na segunda fase do estudo, as respostas no so
muito divergentes. Em ambas as fases do estudo todos os estudantes
mostraram saber que um dia de jorna dos operrios tinha em mdia muitas
horas. A diferena entre ambas as fases do estudo, reside no facto de na
primeira fase ter obtido um leque bastante maior de respostas, e na segundafase os alunos terem-me estabelecido um intervalo horrio menor. Ou seja,
na primeira fase do estudo o intervalo horrio de um dia de trabalho ia em
mdia das 6 horas s 20 horas dirias, e na segunda fase do trabalho esse
intervalo foi reduzido com os alunos a responderam que em mdia os
trabalhadores trabalhavam de 11 horas a 20 horas dirias. Este intervalo
existente nas respostas dos alunos depois do visionamento do filme, surge
principalmente por dois motivos. O primeiro porque no filme o ordenado dosmineiros era calculado mediante o nmero de vagonetes de carvo
descarregadas, e quanto mais horas trabalhassem mais descarregavam, logo
mais recebiam. O segundo motivo, surge ao analisar as respostas do
questionrio da segunda fase. Nas respostas, percebe-se que raramente os
alunos responderam que os mineiros trabalhavam menos de 14 horas e mais
de 18 horas dirias, o que encurta em muito o intervalo, permitindo assim
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ficar com uma melhor noo da ideia com que os alunos ficaram ao
visionarem o filme O Germinal.
O segundo sub-grupo de questes, pretendia avaliar quais as
condies de vida dos operrios mineiros no sculo XIX. Deste grupo fazemparte trs questes.
Na questo onde se perguntava como seria constituda uma famlia de
um operrio mineiro, pelas respostas dos alunos ao questionrio, percebe-se
que os estudantes tinham a noo de que o agregado familiar de um operrio
do sculo XIX seria constituda por muitos elementos, pois as respostas
fazem aluso a isso, mas no me conseguem fornecer mais nenhum dado
complementar. A prova do que acabo de afirmar, so os 24% dos alunos queme responderam que uma famlia de um operrio mineiro deveria ser
constituda por muitas pessoas, no me dando mais nenhuma outra
informao que pudesse completar a resposta. Na segunda fase do estudo, os
alunos continuam a afirmar que um agregado familiar de um operrio
mineiro do sculo XIX, constitudo por inmeras pessoas, mas j me
conseguem descrever uma famlia completa. Nesta pergunta 100% dos
alunos responderam que uma famlia de um operrio mineiro eraconstituda pelos pais e por muitos filhos, conseguindo ainda completar a
resposta ao referirem que os operrios tinham muitos filhos pois eles eram
vistos como uma fonte de rendimento.
Na questo nmero cinco do questionrio, era perguntado que
alimentos fariam parte de um pequeno-almoo de um operrio mineiro do
sculo XIX. Mais uma vez, na primeira fase do estudo, os alunos
demonstraram ter alguns conhecimentos sobre o tema, pois as respostas quederam no esto muito longe das respostas correctas.
excepo de quatro alunos que optaram por deixar esta questo em
branco, todos os outros disseram que o po era o principal alimento num
pequeno-almoo de um operrio do sculo XIX. Ao analisar as respostas dos
alunos, posso concluir que os alunos sabem que o po a base do pequeno-
almoo dos operrios do sculo XIX, o que ignoram se o po era
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acompanhado e se fosse acompanhando, qual o alimento que o
acompanhava, visto ter obtido respostas em que os alunos sugerem que o
po acompanhado era acompanhado de leite, manteiga, caf ou cevada.
A grande diferena entre as respostas da primeira fase e as dasegunda fase do estudo, prende-se sobretudo com o facto dos alunos na
segunda fase do estudo conseguirem identificar quais os alimentos que
acompanhavam o po ao pequeno-almoo da maioria dos operrios do sculo
XIX. Outra concluso que posso retirar da anlise s respostas da segunda
fase dos estudantes, que em relao primeira fase, os alunos conseguem
caracterizar o po e os outros alimentos. Eles caracterizam o po com sendo
seco ou duro, e o caf como sendo uma espcie de caf ou gua, e a manteigacomo uma espcie de manteiga, querendo os alunos referirem-se ao
aproveitamento das borras do caf e a uma mistura de gorduras que no
filme os operrios mineiros chamavam de manteiga.
Na questo seis do questionrio, era perguntado aos alunos qual seria
a esperana mdia de vida de um operrio do sculo XIX.
Esta foi aquela questo em que menos notei uma evoluo positiva
por parte dos alunos entre a primeira fase e a segunda fase do estudo, talvezporque a informao no estava explicita no filme. Nas respostas da
primeira fase do estudo, trs alunos responderam que a esperana mdia de
vida dos operrios variava entre os 0 e os 20 anos de idade, dez estudantes
dizem que a esperana mdia de vida dos mineiros variava entre os 21 e os
40 anos de idade e sete referem que os operrios no sculo XIX faleciam
entre os 41 e os 60 anos de idade. Nesta questo, ainda surgem trs alunos
que, apesar de acharem que a esperana mdia de via de um operrio eracurta, no arriscaram a atribuir uma faixa etria.
Ao analisar as respostas dos alunos ao questionrio da segunda fase,
conclu que, em relao primeira fase do estudo, que os alunos no
demonstraram uma evoluo to acentuada como tinha vindo a acontecer
at esta pergunta com o visionamento do filme. A nica diferena que
consigo descortinar entre as respostas da primeira e da segunda fase do
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trabalho, que na segunda fase, todos os alunos responderam que a
esperana mdia de vida de um operrio mineiro situava-se entre os 21 e os
40 anos de idade, resposta que no corresponde ao que pode ser visto no
filme, onde indirectamente se percebe que a esperana mdia de vida de ummineiro ronda os 50 a 55 anos de idade.
No terceiro sub-grupo do questionrio, fazem parte duas perguntas,
onde se pretende avaliar o que os alunos sabem sobre as condies de vida
da outra classe social protagonista no filme, a burguesia.
A burguesia industrial e financeira, de forma muito simplificada,
comea a despertar nos sculos XVIII e XIX depois da revoluo americana e
francesa, no qual teve um papel fulcral. Estas revolues fizeram ruir as leise os privilgios da ordem feudal e absolutista, criando as condies
necessrias para a rpida expanso do comrcio. Para alm disso, as
revolues levaram a uma mudana de mentalidades, onde os princpios da
liberdade, da igualdade, e do livre comrcio levam a uma mudana de
paradigma em quase todo o mundo.
Com a mudana de paradigma, o poder e a influncia da burguesia
cresce, levando a que em todos os pases industrializados, a aristocraciafosse perdendo gradualmente o poder, passando a burguesia para o topo da
hierarquia social.
Tal como eu j esperava, as grandes diferenas nas respostas dos
alunos entre a primeira e a segunda fase do estudo, registaram-se nas
perguntas onde se pretendia avaliar os conhecimentos dos alunos
relativamente s condies de vida da burguesia, por isso, este breve
enquadramento histrico sobre esta classe social.Esta classe social, ao contrrio das classes mais desfavorecidas, no
desperta tanta ateno por parte dos alunos. Isto foi confirmado por mim
enquanto professor durante o estgio profissional. O interesse dos alunos
centra-se sobretudo nas condies de vida e de trabalho dos operrios. A
explicao para este fenmeno no a sei dar, apesar de estar convicto que
ter algo haver com a psicologia do ser humano. Por aquilo que fui
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Em relao primeira fase, as respostas dos alunos na segunda fase
do estudo evoluram bastante, fruto da informao dada ao longo de todo o
filme. Considero que a evoluo por parte dos estudantes foi bastante
positiva, at porque nas aulas de Histria, o tema da alimentao dasclasses sociais no abordada de forma directa.
Nesta segunda fase do trabalho, todos os alunos descreveram que de
um almoo de uma famlia burguesa, faziam parte alimentos como as frutas,
as carnes, o peixe e crustceos como o camaro e a lagosta. Mas mais
importante que esta descrio, a ideia com que os alunos ficaram,
acrescentando descrio dos produtos alimentares, informaes como os
pratos estarem enfeitados, e a ideia de fartura que havia na mesa de umafamlia burguesa.
O ltimo sub-grupo deste estudo, o quatro, diz respeito aos motivos
que levaram aos primeiros sinais de descontentamento por parte dos
operrios, e como reagiu a burguesia perante esses sinais de desagrado.
Deste sub-grupo faziam parte duas questes.
A primeira questo tenta saber junto dos alunos o que estes sabiam
sobre os motivos que levaram s primeiras revoltas dos operrios. Nestaquesto, a informao obtida com as respostas dos alunos, tanto na primeira
fase como na segunda fase do estudo, mostra que os alunos j tinham uma
percepo que as condies de trabalho e de vida em que os operrios viviam
no eram as mais favorveis, o por isso mesmo, obtive respostas muito
semelhantes na primeira e na segunda fase do estudo, com todos os alunos a
referirem as ms condies de trabalho e de vida dos operrios como os
motivos que levaram s primeiras revoltas dos operrios.A segunda questo deste sub-grupo, pretendia avaliar os alunos
quanto aos seus conhecimentos de como reagiram os burgueses aos
primeiros sinais de descontentamento da classe operria.
Na primeira fase do estudo, dezassete alunos referiram que os
burgueses reagiram mal, um dos estudantes disse que os burgueses
compreenderam a situao e ajudaram os operrios e os restantes oito
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alunos num total de vinte e cinco, deixaram a questo em branco. Para alm
destas respostas, os alunos nesta primeira fase, no me acrescentaram
qualquer outra informao adicional que pudesse enriquecer a resposta.
A segunda fase do estudo trouxe uma evoluo bastante positiva porparte dos alunos relativamente a esta questo. Os vinte e trs estudantes
que participaram na segunda fase do trabalho, referiram que a burguesia
reagiu mal, caracterizando essa reaco por parte da burguesia como
preocupante, no quiseram ouvir, no ligaram, consideraram os pedidos
inaceitveis, ou chamaram as foras policiais. Estas respostas, permitem-me
concluir que existiu uma evoluo bastante palpvel por parte dos alunos
relativamente a esta pergunta.Para melhor perceber os impactos que o visionamento do filme teve
para os alunos, inclu no segundo questionrio, uma questo onde era
perguntado se os alunos tinham considerado o visionamento do filme
importante para o estudo da temtica que tinha vindo a ser abordada nas
aulas, e porque.
Quando os alunos foram questionados se tinham considerado o
visionamento do filme importante para o estudo da temtica que tinha vindoa ser abordada nas aulas de Histria, todos os vinte e trs alunos que
participaram na segunda fase do estudo, responderam afirmativamente.
A justificao dos alunos, e depois de analisar cuidadosamente as
vinte e trs respostas, pode ser dividida em duas. Dezassete alunos
referiram que o visionamento do filme permitiu observar a realidade da
poca, e os restantes seis estudantes disseram que os ajudou a perceber o
tema mais facilmente.Durante a anlise e tratamento dos questionrios, decidi retirar as
expresses que os alunos mais usaram para fundamentar as respostas, e tal
como nas outras perguntas do questionrio, tambm aqui retirei as
expresses mais utilizadas pelos alunos nas suas respostas, o que me
permitiu ficar com uma ideia mais aprofundada das opinies dos estudantes.
Nesta questo surgem vrias vezes repetidas pelos alunos expresses como:
podemos entrar no assunto, mais fcil perceber a matria,ficamos
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Captulo V
Trabalho Emprico na Disciplina de
Geografia
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5.1. Os sujeitos de Pesquisa
Na disciplina de Geografia, o estudo foi realizado com uma turma de
7 Ano de escolaridade, turma com a qual realizei o meu estgio profissional,
inserido no mestrado de Histria e Geografia. A turma era constituda pordezasseis alunos, oito deles do sexo masculino e oito do sexo feminino, todos
com uma faixa etria que variava entre os onze e os treze anos de idade.
Ao contrrio da turma do 8 ano de Histria, esta turma era uma
turma pouco trabalhadora, pouco participativa e que demonstrava pouco
interesse pelas temticas abordadas. Era uma turma bastante faladora e
distrada, mas sem graves problemas em termos disciplinares.
Pela observao que fui fazendo desta turma ao longo do ano lectivo,
notei que os estudantes no eram possuidores de uma cultura geral
alargada, sendo por vezes complicado para o professor aprofundar os temas
em estudo. Notei ainda que era uma turma que no demonstrava hbitos de
trabalho em grupo, o que levou a alguma falta de organizao e
assertividade inicial por parte dos alunos neste tipo de actividade.
Estas caractersticas, reflectiram-se na avaliao dos alunos nos mais
diversos documentos avaliativos, cujos resultados podem ser considerados
como medianos, tanto na disciplina de Geografia como em todas as outras
disciplinas que fazem parte do currculo nacional do ensino bsico. Por
ltimo destaco que esta turma fez parte de um programa experimental do
ministrio da educao, o qual foi denominado de projectoTURMA MAIS3.
Neste projecto, os alunos vo rodando em diferentes turmas ao longo de todo
o ano lectivo, levando muitas vezes a uma grande instabilidade por parte
dos professores e alunos.
3O projecto Turma mais caracteriza-se por:Ser uma turma sem alunos fixos, em que os alunos de cada turma de origem no tm mais do que cinco / seissemanas de aulas na Turma Mais. Ao longo do ano lectivo todos os alunos passam pela Turma Mais, turma que nopoder ser formada por mais 20 alunos, para assim beneficiar de um apoio mais individualizado, dadas ascaractersticas algo comuns do grupo de que faz parte, sem ver sobrecarregado o seu horrio semanal.Cada grupo especfico de alunos, durante o tempo que integra a Turma Mais, continua a trabalhar os contedosprogramticos que a sua turma de origem estava a desenvolver. Os alunos participam neste projecto por conviteendereado pelo Director de Turma ao Encarregado de Educao.
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jornalistas da National Geographic, seleccionei um documentrio da mesma
instituio com cerca de 7 minutos de durao sobre o tema em estudo. No
excerto do documentrio, era possvel observar dois dos biomas que fazem
parte da zona climtica quente e o poder que os diferentes elementosclimticos tm sobre eles.
Terminado o visionamento do documentrio, o professor fez uma
breve explorao do mesmo, tentando com que os alunos interligassem dois
grficos termopluviomtricos aos dois biomas observados no documentrio e
que justificassem as suas respostas, tentando fazer com que os alunos
comeassem por perceber que o clima tem uma forte influncia sobre os
biomas. Para alm disso, e como a inteno era a de fazer com que os alunosse transformassem em verdadeiros jornalistas da National Geographic ,
durante a explorao do documentrio foram feitos apelos aos alunos com
perguntas como por exemplo se eles no gostariam de viajar e conhecer o
mundo, ou se no gostariam de serem eles os jornalistas a produzirem
aquele documentrio.
Como era a primeira vez que esta situao educativa iria surgir junto
dos alunos, e para fazer a ligao documentrio - situao educativa actividade
em grupo-, foi elaborada uma carta aos alunos, onde estavam presentes todos
os pormenores relativos National Geographic (logtipo, carimbo,
assinatura do director da National geographic), pedindo a sua colaborao
como jornalistas da referida instituio para a construo de cartazes com os
diferentes biomas da zona climtica quente. Feito este apelo, e com a sala de
aula estruturada desde o inicio para o trabalho de grupo, foram distribudos
aos alunos envelopes em formato A4 vindo directamente da National
Geographic, com todos os matrias didcticos (imagens, planisfrios,
paisagens, grficos termopluviomtricos), necessrios construo do
cartaz. Para apoiar os jornalistas na sua tarefa, e visto a aula ser
projectada para tentar incentivar a pesquisa por parte dos alunos, foram
disponibilizados vrios livros e atlas para que cada redaco jornalstica
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