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  • 7/25/2019 Ler Capitulo 2

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    Eurico Costa Ferreira

    O Uso dos Audiovisuais como

    Recurso Didctico

    Faculdade de Letras da Universidade do Porto

    Porto 2010

    Dissertao de Mestrado em Ensino de Histria e Geografia

    3 Ciclo do Ensino Bsico e Ensino Secundrio

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    Eurico Costa Ferreira

    Faculdade de Letras da Universidade do Porto

    O Uso dos Audiovisuais como Recurso Didctico

    Orientadores:Doutor Lus Marques Alves

    Doutora Maria Felisbela Martins

    Dissertao de Mestrado em Ensino em Histria e Geografia 3Ciclo do Ensino Bsico e Ensino Secundrio

    2009/2010

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    Resumo

    Tendo em conta que a sociedade actual se rege por uma cultura tecnolgica e

    audiovisual, o aproveitamento dos meios audiovisuais para serem usados como recursos

    didcticos nas escolas tem uma dupla funo. Permite por um lado enquadrar o sistema deensino nas exigncias da nova sociedade, e por outro, criar um ambiente mais prximo do

    quotidiano dos alunos, tornando a sala de aula num local com uma ambiente mais motivador.

    No geral, este estudo apresenta os aspectos metodolgicos da investigao e os

    aspectos tericos da temtica, o uso dos audiovisuais como recurso didctico. ainda feito

    um retrato dos sujeitos da investigao e a metodologia utilizada na mesma.

    Aps a anlise dos resultados so apresentadas concluses retiradas com este estudo.

    Palavras-Chave:Sociedade de Informao; Tecnologias de Informao e Comunicao; Meios

    Audiovisuais; Recursos Didcticos.

    Abstract

    Given that today's society is ruled by a culture and audiovisual technology, the use of

    media as a teaching resource in schools has a dual function. Lets first frame the education

    system in the requirements of the new society, and second, to create an environment closer to

    the daily lives of students, making the classroom a place with a more motivating environment.

    Overall, this study presents the methodological aspects of research and theoretical

    aspects of the theme, the use of audiovisual and teaching resource . It's even done a portrait

    of the subjects and the methodology used in it.

    After analyzing the results are presented with conclusions drawn from this study.

    Keywords: Information Society, Information Technology and Communication; Audiovisual;

    Teaching Materials.

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    Agradecimentos

    Para a maioria dos leitores, os agradecimentos deve ser a parte do

    trabalho mais fcil de ser executada, visto no exigir grandes conhecimentos

    cientficos ou capacidade de investigao.Pois para mim esta uma das partes do trabalho mais difceis de ser

    elaborada. Em primeiro lugar porque mexe com sentimentos e em segundo

    lugar, porque os agradecimentos excluem muitas pessoas, que por mais

    simples que tenha sido o seu gesto, me permitiram concluir este trabalho

    com sucesso.

    Por tudo isto que acabo de referir, e com um pedido de desculpas a

    todas as pessoas que me ajudaram a atingir mais uma etapa na minha vida

    mas que aqui no sero referenciadas, quero agradecer ao meu Pai, Me e

    Irmo, no s pelo apoio neste trabalho mas, sobretudo aos meus pais, por

    me terem guiado e ajudado a ser o homem que sou hoje.

    Quero agradecer tambm a minha namorada por ser uma mulher

    fantstica que esteve sempre ao meu lado, mesmo em perodos em que a

    vida foi menos simptica para connosco.

    Ainda dentro das pessoas a quem quero agradecer, encontram-se os

    meus alunos que me acompanharam neste difcil e exigente ano lectivo e que

    colaboraram com tudo o que podiam, para que este trabalho pudesse ser

    executado.

    Por fim, o meu muito obrigado s duas orientadoras de estgio ( Dra.

    Conceio Abreu e Dra. Alcina Ramos) por todos os sacrifcios pessoais que muitas

    vezes fizeram para que pudssemos dar o nosso melhor, e por terem sido

    umas pessoas que me ajudaram e apoiaram em tudo. Por fim, e no menos

    importante, quero ainda agradecer aos meus dois orientadores de mestrado

    que se demonstraram sempre disponveis para qualquer solicitao da

    minha parte.

    A todos o meu muito obrigado.

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    ndice

    Introduo.................................................................................................................... 6

    Enquadramento metodolgico ..................................................................................... 8

    Captulo I ................................................................................................................... 121.1. Sociedade de Informao .................................................................................... 13

    1.2. Exigncias do mercado de trabalho .................................................................... 15

    1.3. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao no Ensino ..................... 16

    Captulo II ................................................................................................................. 20

    2.1. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao como Recurso Didctico

    ................................................................................................................................ 21

    2.2. Os Recursos Audiovisuais Como Recurso Didctico .......................................... 22

    Captulo III ................................................................................................................ 29

    3.1. Percursos Metodolgicos ..................................................................................... 30

    Captulo IV ................................................................................................................ 35

    4.1. Os sujeitos de Pesquisa ...................................................................................... 36

    4.2. Filme Utilizado ................................................................................................... 36

    4.3. Questionrios ...................................................................................................... 38

    4.4. Breve Enquadramento Histrico Sobre o Tema em Estudo .............................. 41

    4.5. Anlise aos Questionrios .................................................................................. 43Captulo V .................................................................................................................. 54

    5.1. Os sujeitos de Pesquisa ...................................................................................... 55

    5.2. O Documentrio Utilizado .................................................................................. 56

    5.3. Descrio da Aula de Geografia ......................................................................... 57

    5.4. Resultados Obtidos Com a Observao .............................................................. 59

    Captulo VI ................................................................................................................ 65

    6.1. Concluses .......................................................................................................... 66

    Captulo VII ............................................................................................................... 71

    7.1. Bibliografia ......................................................................................................... 72

    7.2. Cibergrafia .......................................................................................................... 73

    Anexos Tabela de Tratamento de Dados

    ................................................................. 74

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    Introduo

    Durante o estgio profissional realizado na Escola Secundaria Ins de

    Castro em Vila Nova de Gaia, tomei contacto com alguns dados que

    instigaram a minha reflexo.Um dos factos que me despertou mais interesse quando comecei a

    formao de professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, era

    a problemtica em torno do jogo didctico e dos recursos audiovisuais. A

    problemtica dizia respeito, importncia do jogo didctico e dos recursos

    audiovisuais, usados como recurso didctico na sala de aula, mais

    concretamente nas disciplinas que lecciono, Geografia e Histria.

    Como o estgio profissional bastante exigente em diversos aspectos,

    decidi cingir-me, para a tese de mestrado, por fazer um estudo sobre se os

    recursos audiovisuais e se estes seriam um bom recurso para serem usados e

    explorados na sala de aula pelo professor.

    Pormenorizando o que acabo de referir, quero esclarecer que o

    conceito de recurso audiovisual bastante abrangente, pois hoje em dia

    existem mltiplos audiovisuais, como o cinema, o filme, a serie televisiva, o

    documentrio, entre tantos outros. De todos os recursos audiovisuais hoje

    disponveis, optei por fazer um estudo sobre a utilizao do cinema na

    disciplina de Histria, e do documentrio na disciplina de Geografia,

    baseando-me sobretudo na classificao do autor Moran, esmiuada no

    primeiro captulo deste trabalho. Com este estudo, pretendi perceber se os

    audiovisuais, nomeadamente o cinema e o documentrio, so recursos

    facilitadores do desenvolvimento no processo ensino aprendizagem. Por

    outro lado, quando proponho um estudo para tentar perceber at que ponto

    os recursos audiovisuais so um bom recurso para ser usado na sala de aula,

    tenho conscincia que o recurso por si s de nada vale, e que os resultados

    obtidos com a sua utilizao didctica, podem ser influenciados quer pela

    escolha do documentrio, quer pela sua adequao temtica abordada,

    quer pela explorao que o professor far do mesmo.

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    Ou seja, este trabalho foi realizado, tendo a perfeita conscincia de

    que os resultados obtidos com este estudo poderiam ser muito variados,

    mediante os mltiplos factores j demonstrados no pargrafo anterior.

    Este estudo foi dividido em sete captulos. No primeiro e segundocaptulos, foi realizada uma abordagem, essencialmente terica, onde

    expliquei a importncia das tecnologias de informao e comunicao

    vulgarmente denominadas por TICs no ensino, seguindo-se uma abordagem

    ao uso dos recursos audiovisuais na sala de aula como recurso didctico.

    No terceiro, quarto, e quinto captulos deste trabalho apresentei os

    dados do estudo prtico recolhidos por mim nas disciplinas de Histria e de

    Geografia assim como os percursos metodolgicos usados em ambas asdisciplinas. Ainda englobado neste captulo, apresentei o tratamento dos

    dados obtidos com o estudo, assim como breves reflexes sobre o tratamento

    dos mesmos. Realo que o percurso metodolgico usado na disciplina de

    Histria foi diferente do percurso metodolgico usado na disciplina de

    Geografia, apesar dos objectivos finais pretendidos com o estudo serem os

    mesmos.

    Finalmente nos ltimos captulos deste trabalho, o sexto e o stimo,apresentei as concluses retiradas com o estudo, e tambm a bibliografia

    consultada para a realizao deste trabalho.

    Fao ainda uma chamada de ateno, relativamente bibliografia

    consultada. Esta ser esmagadoramente na lngua portuguesa, isto no quer

    dizer que a bibliografia toda de autores portugueses, sendo a maioria da

    bibliografia consultada, traduzida para a nossa lngua materna de alguns

    dos maiores especialistas em cincias da educao.

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    Enquadramento metodolgico

    As tecnologias de informao e comunicao (TICs), representam um

    importante elemento de mudana social e cultural, constituindo a trave

    mestra de um novo tipo de sociedade a sociedade de informao e doconhecimento. O controlo e a automatizao de mquinas, ferramentas e

    processos e a comunicao, nomeadamente a transmisso e circulao da

    informao, esto, a cada dia que passa, mais presentes em todos os

    domnios da actividade social, nas empresas, nos servios pblicos, nas

    actividades culturais e, at, nas casas de cada um de ns.

    O sistema educativo no se deve abstrair da sociedade em que est

    inserida, mas acompanh-la, formando alunos enquanto futuros cidadospara uma melhor integrao numa sociedade de informao. Para responder

    a este desafio, fundamental que o sistema de ensino no se afaste das

    TICs, mas que as incorpore no processo de ensino/aprendizagem.

    O leque do uso das TICs no processo de ensino/aprendizagem

    bastante alargado. Os alunos podem us-las para realizar pesquisas, para

    elaborar trabalhos dos mais diversos tipos e para comunicar uns com os

    outros e com outros membros da comunidade. O professor, para alm dos

    usos j referidos, pode igualmente utilizar as TICs como mais um recurso

    didctico a ser explorado na sala de aula, tendo hoje um catlogo bastante

    alargado de possibilidades. Ao faz-lo, deixa de ser apenas aquele que

    ensina, para passar a ser, sobretudo, aquele que promove a aprendizagem.

    O que pretendo com este trabalho, perceber se o uso de uma das

    TICs, neste caso os recursos audiovisuais, so facilitadores do

    desenvolvimento no processo ensino/aprendizagem. Na disciplina de

    Histria, o estudo foi dividido em duas fases, e foi realizado com uma turma

    de 8 ano, turma essa na qual realizei o meu estgio profissional, englobado

    no mestrado em ensino de Histria e Geografia. A turma na qual realizei o

    estudo, uma turma composta por vinte e seis alunos, com idades

    compreendidas entre os doze e os quinze anos de idade. Esta turma

    caracteriza-se por ser trabalhadora, empenhada, sem problemas

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    disciplinares graves, e sobretudo possuidora de uma ampla cultura geral,

    facto talvez explicvel, por ser uma turma proveniente de um meio scio-

    econmico bastante favorecido1.

    A primeira fase do estudo consistiu na entrega de um questionrio emque os alunos tinham uma srie de questes sobre o tema a sociedade

    industrial do sculo XIX, antes dessa temtica ter sido abordada nas aulas.

    Ou seja, o que pretendia com este questionrio era apurar os conhecimentos

    prvios e as ideias tcitas que os estudantes tinham sobre os mais diversos

    assuntos, desde as condies de vida e profissionais dos operrios do sculo

    XIX, at aos motivos que levaram ao surgimento dos primeiros sinais de

    descontentamento por parte dos operrios, passando pelas condies scio-econmicas da burguesia do sculo XIX.

    Feito o apuramento destes dados, foi exibido um filme seleccionado

    para responder a todas estas questes. A escolha recaiu sobre o filme

    adaptado de um livro, O Germinal, um drama de 1993 realizado por

    Claude Berri, e que conta no elenco com actores como, Gerard Depardieu,

    Jean-Pierre Bison ou Jean-Roger Milo.

    Neste filme francs, podemos assistir ao processo de gestao ematurao de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por

    parte dos trabalhadores das minas de carvo do sculo XIX na Frana em

    relao explorao dos seus patres. Neste perodo alguns pases passaram

    a integrar o selecto conjunto de naes industrializadas ao lado da pioneira

    Inglaterra, entre os quais a Frana, palco das aces descritas no romance e

    representadas no filme.

    Devido longa extenso temporal do filme, ao limite temporal pararealizao do estudo, e a algumas cenas demasiado violentas do filme decidi,

    atravs do programa informtico MovieMaker, cortar as partes que

    considerei mais violentas para serem exibidas a crianas com uma mdia de

    idades a rondar os 13 anos, fazendo com que a durao do filme passasse dos

    170 minutos originais, para cerca de 90 minutos.

    1Dados fornecidos pela directora de turma do 8 A, atravs das fichas biogrficas dos alunos.

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    A segunda fase do estudo, consistiu na entrega de um segundo

    questionrio aos alunos, com questes muito semelhantes ao questionrio da

    primeira fase, para assim apurar os conhecimentos adquiridos pelos alunos

    com o visionamento, ao longo de quatro aulas, do filme O Germinal.O objectivo do estudo nesta disciplina, era o de analisar as respostas

    dos alunos aos dois questionrios, e perceber quais os conhecimentos

    adquiridos com o visionamento do filme O Germinal.

    Na disciplina de Geografia, o percurso metodolgico aplicado foi

    diferente do percurso metodolgico aplicado na disciplina de Histria.

    Apesar do objectivo global do estudo ser o mesmo em ambas as disciplinas,

    em Geografia pretendi perceber se o visionamento, de um excerto de umdocumentrio produzido pela National Geographic com cerca de 7 minutos

    de durao para introduzir um novo tema, iria despertar o interesse e a

    curiosidade dos alunos para o tema explorado ao longo da aula atravs de

    uma actividade executada em grupo. Toda a aula foi planificada tendo como

    situao educativa agregadora, a prpria National Geographic, e para

    instigar a pesquisa por parte dos estudantes.

    A situao educativa agregadora tem como funo, tal como o nomeindica, agregar toda uma unidade temtica, tentando motivar os alunos

    durante o nmero de aulas englobadas nessa mesma unidade temtica.

    Neste caso a situao educativa escolhida, foi a de fazer com que os alunos

    interpretassem o papel de jornalistas ao servio da National Geographic. Os

    estudantes iriam interpretar o papel de jornalistas da National Geographic,

    e partiriam pelo mundo com a misso de construrem artigos jornalsticos

    que seriam publicados em cartazes, para posteriormente serem expostos naEscola Secundaria Ins de Castro.

    O tema em estudo foram os diferentes biomas que constituem a zona

    climtica quente, tendo o documentrio servido como uma introduo da

    temtica. Dada uma panormica aos alunos do tema em estudo, e tentando

    com que os estudantes sentissem o que ser um jornalista da National

    Geographic, os discentes executaram um trabalho em grupo, onde teriam de

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    encarnar o papel de reprteres da National Geographic, para construrem

    cartazes sobre as principais caractersticas dos diferentes biomas da zona

    climtica quente. Ou seja, a National Geographic esteve sempre presente

    como pano de fundo durante a abordagem da temtica.O estudo na disciplina de Geografia baseou-se na observao directa

    dos estudantes, mais concretamente da turma do 7C, turma com a qual fiz o

    meu estgio profissional e que esteve inserida num projecto experimental do

    ministrio da educao denominado de TURMA MAIS. Esta turma era

    constituda por dezasseis alunos, oito do sexo masculino e oito do sexo

    feminino, com idades compreendidas entre os onze e os treze anos. uma

    turma bastante simtrica relativamente ao seu comportamento dentro dasala de aula. Apesar de no ter tido problemas disciplinares graves,

    constituda na sua grande maioria, por alunos pouco trabalhadores, pouco

    empenhados, e que demonstram pouco interesse pelas temticas em estudo,

    havendo poucas excepes regra. Esta turma apresenta um

    comportamento dentro da sala de aula, completamente oposto ao

    comportamento da outra turma de Histria que participou no estudo.

    Como j foi referido, o percurso metodolgico utilizado na disciplinade Geografia, foi baseada na observao directa da orientadora cooperante

    de Geografia (orientadora de estagio, e professora h mais de 30 anos), da

    professora estagiria, e da minha prpria observao, ao longo de uma aula

    de 90 minutos.

    Apesar do estudo realizado ter um objectivo comum, utilizei percursos

    metodolgicos dspares entre as duas disciplinas envolvidas no estudo, para

    assim perceber se o uso dos recursos audiovisuais, so facilitadores dodesenvolvimento no processo ensino/aprendizagem.

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    Captulo I

    Sociedade de Informao e os Novos

    Desafios para o Sistema Educativo

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    1.1. Sociedade de Informao

    A educao est a atravessar um perodo de esperanas e incertezas.

    Isso pode ser observado claramente, na aproximao entre educao e as

    tecnologias da informao e comunicao (TICs), ou como lhe prefere chamarTedesco (2004, 17) as novas tecnologias de informao e comunicao

    (NTICs). Em torno deste assunto, existe hoje um verdadeiro fervilhar de

    conceitos e iniciativas, de polticas e prticas, de associaes e organismos,

    de artigos e livros. As esperanas misturam-se com as frustraes, as iluses

    com as realidades. Os governos medem o seu grau de sintonia com a

    sociedade da informao baseando-se no nmero de escolas com ligao

    internet, e no nmero de computadores por aluno.Os especialistas avaliam e criticam, os professores tm de se adaptar

    s exigncias at ontem desconhecidas, e os empresrios oferecem produtos,

    servios, marcas, experiencias e iluses num mercado educacional cada vez

    mais amplo.

    Antes de avanar neste trabalho achei por bem fazer um breve

    enquadramento histrico sobre o acesso da populao informao e ao

    conhecimento, e uma distino entre conhecimento e informao, apesar da

    interligao entre estes dois conceitos. Por um lado, o conhecimento implica

    informao (embora v para alm dela) e, por outro, a informao a que hoje

    temos acesso, to grande que preciso seleccionar a informao que

    achamos pertinente para o nosso conhecimento.

    Esta facilidade na obteno da informao dos nossos dias, contrasta

    com a dificuldade no acesso informao, que sempre houve ao longo da

    histria, pois a informao sempre foi escassa e de difcil acesso. At

    inveno da imprensa no sculo XV por Gutenberg, a informao

    encontrava-se sobretudo em textos, que s eram acessveis a uma

    pequenssima minoria da populao. A inveno da imprensa e a

    possibilidade de mais rapidamente se poderem reproduzir livros, levou a

    uma consequente baixa do preo dos mesmos, permitindo assim, o acesso

    informao por pessoas que at ento no tinham acesso aos mesmos. Mas,

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    apesar desta revoluo, at ao comeo do sculo XIX os nveis de

    analfabetismo ainda eram extraordinariamente elevados no mundo inteiro.

    Hoje, o acesso informao completamente distinto: ela cada vez

    mais abundante e fcil de obter. Os meios de difuso de informao hoje emdia so imensos. A internet, a televiso, o rdio, os jornais, as revistas, so

    alguns dos meios de difuso da informao existentes hoje em dia. O

    problema desta inundao da informao para a educao na actualidade

    no onde procurar a informao, mas como oferecer o acesso informao

    sem excluir ningum e, ao mesmo tempo, aprender e ensinar a selecciona-la,

    avalia-la, interpreta-la, classifica-la e usa-la.

    Algo similar colocado em relao ao conhecimento, elemento centraldo capital produzido pela escola. At h pouco tempo atrs, a funo de

    inculcar conhecimentos era favorecida pelo facto de a plataforma global do

    conhecimento e as bases do conhecimento disciplinar serem relativamente

    reduzidas e estveis, o que facilitava o trabalho da escola. Hoje, em

    contrapartida, o conhecimento aumenta e muda com grande velocidade.

    Segundo Tedesco (2004, 25), as revistas cientficas passam de 10 mil

    em 1900 a mais de 100 mil na actualidade. No caso da Matemtica, porexemplo, publicam-se anualmente perto de 200 mil novos teoremas. E as

    publicaes de Histria em somente duas dcadas (1960 a 1980) so mais

    numerosas do que toda a produo historiogrfica anterior que data do

    sculo IV. Eis alguns dos exemplos da evoluo do conhecimento ao longo

    dos anos.

    Nestas condies Gardner, citado por Tedesco (2004, 26) diz,

    Tudo isto apresenta srios desafios para o sistema educacional e

    escola em particular. O que ensinar? Ser que as competncias gerais e

    especficas de cada disciplina respondem a este novo desafio? Como

    o individuo ou agente inteligente, capaz de examinar esses coros de conhecimento e

    de determinar o que vale a pena saber, ser altamente demandado. Ainda mais requerida

    ser a pessoa que possa sintetizar esses campos do conhecimento que crescem

    exponencialmente, de maneira que a informao crucial esteja disponvel para o cidado

    comum e o formulador de polticas.

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    organizar um currculo num mundo em permanente mudana? Estaro os

    professores preparados para aplicarem o uso das TICs no ensino? Como dar

    conta do facto de uma proporo crescente do conhecimento relevante ser

    transdisciplinar? Enfim, quantas perguntas seriam possveis de se fazermais.

    1.2. Exigncias do mercado de trabalho

    Como pde ser verificado no decorrer deste trabalho, o enorme

    desenvolvimento dos meios de comunicao ocorridos nos ltimos anos, veio

    alterar o quotidiano da populao e suscitar novos desafios para o sistema

    educacional. Como refere Marques (1998, 11), os desafios para o sistemaeducacional no esbarram somente na sociedade de informao, mas

    tambm nas novas exigncias do mercado de trabalho.

    Ao longo da histria, uma das funes intrnsecas da educao foi

    sempre a de preparar as pessoas para as necessidades do mercado de

    trabalho. Sendo assim, fcil de perceber que a educao enfrenta uma

    acelerada mudana de contexto nesse mbito, desde o momento que, a

    sociedade v o sector de servios se ter transformado no sector econmico

    mais empregador com a necessidade de incorporar pessoas que tenham

    adquirido novas destrezas e competncias tcnicas, profissionais e de

    relaes interpessoais. Outra das exigncias do mercado de trabalho, o de

    contar com pessoas que cada vez mais saibam ler e entender informao

    tcnica, e o mesmo acontece com a exigncia de ter uma vasta literacia

    digital, o que exige um nvel de escolarizao cada vez mais elevado,

    alargando a distncia existente entre aqueles que tm pouca e muita

    escolarizao. Para alm disso, agora as pessoas precisam de se formar para

    um mercado de trabalho cada vez mais instvel, com uma rotatividade no

    s entre postos de trabalho dentro de um mesmo sector, mas s vezes

    tambm de tipo de ocupao e sector econmico. Com o que acabo de referir,

    percebe-se que esto a ocorrer modificaes nas estruturas do emprego, ou

    seja, na distribuio de ocupaes entre diferentes sectores de actividade.

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    Para sintetizar o que acabo de expor, coloco um esquema de Bertrand

    retirado do livro de Juan Carlos Tedesco (2004, 29) onde esto bem

    exemplificadas as mudanas ocorridas no mercado de trabalho e as novas

    exigncias sociedade actual.

    Destrezas Tradicionais Novas Destrezas

    1- Actividade estvel numa organizaorgida;

    2- Trabalho directo sobre documentos;

    3- Habilidade para receber e cumpririnstrues;

    4- Trabalho individualizado;

    5- Limitado horizonte de tempo e espao;

    1- Adaptabilidade a novos produtostecnolgicos e mtodos de organizao;

    2- Trabalho abstracto sobre um monitorusando cdigos e smbolos;

    3- Autonomia e responsabilidade;

    4- Trabalho em contacto constante comclientes e colegas;

    5- Horizonte mais amplo de tempo e espao;

    O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao no Ensino

    1.3. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao no Ensino

    Ao longo deste trabalho, vimos a justificao do porqu de uma

    educao em contexto escolar em que o uso das TICs seja uma necessidade.

    Vamos agora perceber como possvel o uso de recursos didcticos baseados

    nas tecnologias de informao e comunicao.

    O processo ensino-aprendizagem em sala de aula exige cada vez mais

    dedicao por parte do professor para que a temtica abordada seja tratada

    de uma forma dinmica, eficiente e motivadora. Hoje o ensino em contexto

    escolar no deve estar confinado apenas ao livro didctico, pois o uso

    exclusivo do manual escolar no permite que o aluno compreenda de forma

    clara as dinmicas que perpassam os diferentes contedos ministrados.

    Frente a esta problemtica, existe a necessidade da utilizao de outros

    recursos didcticos que auxiliem o ensino, com o intuito de dinamizar os

    contedos abordados na sala de aula.

    Quadro 1Esquema de Bertrand sobre o deslocamento das destrezas (adaptado).

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    apresentando uma verdadeira excluso digital entre as pessoas e territrios

    humanos, facto que comprovado quando analisamos o nmero de pessoas

    com acesso internet nas maiores economias do mundo onde, em Maro de

    2000, dos 304 milhes de utilizadores da internet, 45% estavam nos EstadosUnidos da Amrica e Canad, 22% na Europa e apenas 3,5% na Amrica

    Latina e, 1,5% na frica e Mdio Oriente.

    J no final de 2005, o nmero de pessoas com acesso internet

    melhorou, mas os contrastes territoriais continuaram. Segundo uma

    pesquisa da empresa eMarketer, no final de 2005, um bilio de pessoas no

    mundo tinham acesso Internet e 25% delas operam atravs de banda larga

    ou ligaes de alta velocidade. A empresa estimou ainda que, dessaspessoas, 845 milhes usam a internet de forma regular. Os Estados Unidos

    ainda ocupam o primeiro lugar quanto aos utilizadores da rede, com 175

    milhes. A Amrica Latina a regio com maior crescimento quanto ao

    acesso banda larga, com 70% de aumento entre os utilizadores. Mas

    possui, apenas, 70 milhes de pessoas com acesso internet.

    A sia-Pacfico a regio com mais utilizadores (315 milhes) e com

    mais acesso banda larga, com cerca de 40% dos lares a possuir ligao. AEuropa regista 233 milhes de utilizadores da rede e 55,2 milhes de lares

    com banda larga. Em comparao, a China registou 111 milhes de

    utilizadores e 34,1 milhes de lares com conexes de alta velocidade.

    Mas para alm do acesso desigual s TICs, a tecnologia est em

    constante evoluo. Por exemplo basta entrar numa sala de aulas de uma

    escola portuguesa para percebemos qual a tecnologia que imperava nas

    escolas at dcada passada, e a tecnologia que est agora a querer impor-se. Basta olhar para uma sala de aulas para percebemos que o retroprojector

    com as respectivas transparncias, e os slides eram as TICs mais utilizadas,

    e que hoje essas tecnologias tm vindo a ser substitudas pelo computador, a

    internet, mas sobretudo o projector multimdia.

    Feito este esclarecimento sobre a evoluo e uso das TICs nas escolas,

    no h dvida que as tecnologias de informao e comunicao representam

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    um importante elemento de mudana social e cultural, constituindo a trave-

    mestra de um novo tipo de sociedade a sociedade da informao e do

    conhecimento.

    Posto isto, na continuao deste trabalho, identificarei as TICs queso hoje mais usadas nas salas de aula e como estas podem ser usadas como

    recurso didctico na sala de aula, realando que estou a falar das salas de

    aula dos pases desenvolvidos, e das tecnologias de informao e

    comunicao hoje existentes.

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    Captulo II

    O Uso das Tecnologias de Informao e

    Comunicao Como Recurso Didctico

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    2.1. O Uso das Tecnologias de Informao e Comunicao como Recurso

    Didctico

    As Tecnologias de Informao e Comunicao (TICs) devem ser

    utilizadas na prtica pedaggica do dia-a-dia na generalidade dasdisciplinas. Elas podem servir para a produo de materiais, bem como de

    suporte realizao de apresentaes (tanto de professores como de alunos).

    Podem, alm disso, servir para a realizao de estudos e pesquisas, como

    meio de comunicao entre professor/aluno e entre os prprios alunos.

    Vamos ver de seguida como utilizar as TICs como recurso didctico.

    Uma das TICs mais populares e mais usadas nos dias de hoje a

    internet. A utilizao da internet, como meio de informao e comunicao,

    acarretou uma verdadeira revoluo em termos de tratamento e

    processamento de todo o tipo de informao, oferecendo materiais diversos

    como som, imagens animadas e estticas, texto, para alm de muitas outras

    possibilidades.

    Outra das TICs possvel de ser usada, so os produtos multimdia. Os

    produtos multimdia segundo Fusari citado por Monteiro (2008, 6), referem-

    se apresentao ou recuperao de informaes que se faz, com o auxlio do

    computador, de maneira multissensorial, intuitiva e integrada. Os produtos

    da resultantes caracterizam-se como um produto resultante de um conjunto

    de saberes e habilidades tcnicas que, por meio de computadores, processa

    vrios modos de integrao entre as formas e contedos de diversos outros

    recursos multimdia com vista comunicao humana interactiva com tal

    conjunto articulado.

    Os produtos multimdia tm vindo a impor-se na medida em que o

    utilizador identifica a possibilidade de interaco com informaes

    representadas por recursos multimdia que no so tradicionalmente

    interactivos (fotografias, vdeos, musica, voz gravada, etc.), que, quando

    associados ao computador, tornam-se interactivas.

    Ainda atravs do uso do computador, outras TICs podem ser

    utilizadas, como por exemplo, a utilizao de imagens satlite (Google Maps,

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    Google Earth), mapas temticos, fotografias areas, software didctico,

    entre muitas outras possibilidades.

    Outro exemplo do uso das TICs so os recursos audiovisuais. Os

    recursos audiovisuais, j so utilizados h bastante tempo, antes mesmo dasua digitalizao, quando a integrao de sons (voz humana, e fundos

    musicais, por exemplo) e fotografias (slides) permitiam a criao dos

    primeiros audiovisuais. Anos mais tarde, a televiso veio facilitar o uso

    desta TIC. Ela permitiu de forma mais fcil, integrar sons e imagens em

    pleno movimento de forma muito dinmica e, a popularizao do vdeo

    cassete e hoje do DVD, completou o ciclo. Ligada utilizao da televiso

    enquanto aparelho, ou do computador, aparece a utilizao no ensino dofilme, srie televisiva ou documentrio. Estes recursos tm vindo a ganhar

    importncia, quer pela sua riqueza didctica, quer pela cada vez maior

    perfeio e cuidado na sua produo. Para alm disso, estes recursos

    proporcionam esforos amplos de reflexo e estabelecem a noo de espao,

    tratando de maneira intuitiva temas entrelaados no espao e no tempo. A

    sua importncia didctica no maior nem menor em relao a outros

    recursos, mas considero que tem como vantagem a aproximao queempresta ao trabalho do professor, pois apresenta uma caracterstica

    prpria: a imagem em movimento, a qual vai aproximar-se da realidade do

    aluno.

    Dei algum nfase aos recursos audiovisuais, pois no estudo que irei

    realizar, pretendo perceber se os recursos audiovisuais so um bom recurso

    didctico para ser utilizado na sala de aula. Neste estudo, de entre os vrios

    recursos audiovisuais hoje disponveis, utilizarei o documentrio e o cinemapara levar a cabo este trabalho.

    2.2. Os Recursos Audiovisuais Como Recurso Didctico

    Durante o decorrer deste trabalho, podemos perceber que a sociedade

    est em constante mutao, vivendo hoje num perodo a que vrios autores

    chamam de sociedade de informao. De seguida vimos que uma das

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    transformaes surgidas nessa sociedade, foram as novas exigncias do

    mercado de trabalho e como o sistema de ensino est a adaptar-se para dar

    resposta a estas novas exigncias, nomeadamente com o uso das TICs como

    recurso didctico. Agora na continuao do trabalho, darei enfoque a umadas TICs, ou seja, os recursos audiovisuais, para tentar perceber se este

    recurso um bom recurso didctico para ser usado pelo professor na sala de

    aula.

    Os recursos audiovisuais (cinema, serie televisiva, documentrio)

    esto umbilicalmente ligados televiso e a um contexto de lazer, de

    entretenimento, que passa de forma mais ou menos explcita para a sala de

    aula. Cinema, serie televisiva, documentrio, na cabea dos alunos, significadescanso e no aula, o que modifica a postura, as expectativas em relao

    ao seu uso. O professor pode aproveitar essa expectativa positiva para atrair

    o aluno para a temtica que ir ser abordada na aula, fornecendo um factor

    acrescido de motivao.

    Os recursos audiovisuais partem do concreto, do visvel, do imediato,

    do prximo. Mexem com o corpo, com a pele tocam-nos e tocamos os

    outros, esto ao nosso alcance atravs dos recortes visuais, do Zoom, do somenvolvente. Nos recursos audiovisuais, sentimos, experimentamos, temos

    sensaes sobre o outro, sobre o mundo, sobre ns mesmos.

    Os recursos audiovisuais exploram tambm o ver, o visualizar, o ter

    diante de ns as situaes, as pessoas, os cenrios, as cores, as relaes

    espaciais (prximo - distante, alto - baixo, direita esquerda, grande

    pequeno, equilbrio desequilbrio). Desenvolvem um ver com mltiplos

    recortes da realidade atravs dos planos, e muitos ritmos visuais: imagensestticas e dinmicas, cmara fixa ou em movimento, uma ou vrias

    cmaras, personagens quietas ou em movimento, imagens ao vivo, gravadas

    ou criadas no computador. Um ver que est situado no presente, mas que o

    interliga no linearmente com o passado e com o futuro. O ver est, na

    maior parte das vezes a reforar o que foi dito, o que foi narrado, a histria

    que foi contada.

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    A msica e os efeitos sonoros servem, como evocao, lembrana (de

    situaes passadas), de associaes a personagens do presente, e de criao

    de expectativas antecipando reaces e informaes. Os meios audiovisuais

    so tambm escrita. Os textos, as legendas, as citaes aparecem cada vezmais nos ecrs, principalmente nas tradues e nas entrevistas a

    estrangeiros.

    Os meios audiovisuais so sensoriais, visuais, linguagem falada,

    linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem sobrepostas,

    interligadas, somadas, no separadas. Da a sua fora. Atingem-nos por

    todos os sentidos e de todas as maneiras. Meios audiovisuais seduzem-nos,

    informam, entretm, projectam noutras realidades (no imaginrio), noutrostempos e espaos.

    Os meios audiovisuais podem ser explorados de vrias formas. Em

    pequenas doses (compacto), organizado em forma de mosaico (rpidas

    snteses de cada assunto), com apresentao variada, entre muitas outras

    formas de explorao como poderemos ver a seguir.

    Segundo o autor Moran (1995, 30), os recursos audiovisuais podem ser

    utilizados na sala de aula das seguintes formas:

    Audiovisual como motivao Um recurso audiovisual pode servir

    para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a

    motivao para novos temas. Isso facilitar o desejo de pesquisa nos

    alunos para aprofundarem o assunto do recurso audiovisual e da

    temtica;

    Audiovisual como ilustrao O recurso audiovisual muitas vezes

    ajuda a mostrar a temtica abordada, a compor cenrios

    desconhecidos dos alunos. Por exemplo, um documentrio que

    exemplifique como viviam os romanos na poca de Julio Cesar, ajuda

    a situar os alunos no tempo histrico. Em Geografia um documentrio

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    sobre a vida selvagem em frica, por exemplo. Traz para a aula

    realidades distantes da maioria dos alunos;

    Audiovisual como simulao O recurso audiovisual pode simularexperincias de qumica que seriam perigosas num laboratrio de

    uma escola, ou que exigiria muito tempo e recursos. Um documentrio

    pode mostrar o crescimento acelerado de uma planta da semente at

    maturidade em poucos segundos;

    Audiovisual como contexto de ensino O audiovisual pode mostrar

    determinado assunto, de forma directa ou indirecta. De forma directa,quando informa sobre um tema especifico orientando a sua

    interpretao. De forma indirecta, quando mostra um tema,

    permitindo abordagens mltiplas, interdisciplinares;

    Audiovisual como produoComo documentao, registo de eventos,

    de aulas, de estudos do meio, de experiencias, de entrevistas,

    depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor e dos alunos. Paraalm disso podem ser os prprios alunos a produzirem o vdeo sobre a

    temtica abordada. Normalmente os alunos adoram construir um

    vdeo e a produo de um vdeo tem uma dimenso ldica. Ldica,

    pela miniaturizao da cmara, que permite brincar com a realidade,

    levar a cmara para qualquer lugar. Filmar uma das experincias

    mais envolventes tanto para as crianas como para os adultos. Os

    alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada

    temtica, ou dentro de um trabalho interdisciplinar.

    Audiovisual integrando o processo de avaliao Dos alunos, do

    professor, do processo;

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    udiovisual espelho Vemo-nos no ecr e isso possibilita

    compreender-nos, descobrir o nosso corpo, os nossos gestos, os nossos

    tiques.

    Uma ltima nota para dizer que o audiovisual como processo de

    avaliao, no tem tradio de ser aplicado em Portugal, e o audiovisual

    como espelho poucas vezes utilizado devido s complicaes burocrticas

    que seriam necessrias para conseguir uma autorizao para que os alunos

    pudessem ser filmados na sala de aula, apesar de na minha opinio, ser

    bastante til em certos aspectos.

    A reproduo do recurso audiovisual por si s no chega, sendonecessria uma boa explorao do mesmo por parte do professor. Como tal

    Moran (1995, 32), identifica algumas das formas de explorao dos recursos

    audiovisuais, que passo a identificar:

    Analise em conjuntoO professor exibe as cenas mais importantes e

    explora junto com os alunos, com base no que estes destacam ou

    perguntam. uma conversa sobre o audiovisual, com o professorcomo moderador. O professor no deve ser o primeiro a dar a sua

    opinio, principalmente em temticas controversas, nem monopolizar

    a discusso, mas tampouco deve ficar em cima do muro. Deve

    posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o

    ideal e o real;

    Analise globalizante Abordar os alunos depois da exibio, a

    respeito destas quatro questes: 1 aspectos positivos do audiovisual. 2

    aspectos negativos. 3 ideias principais; 4 o que os alunos mudariam

    no recurso audiovisual. O professor e os alunos destacam as

    coincidncias e as divergncias com o professor a fazer a sntese final;

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    Leitura concentrada Escolher, depois da exibio do audiovisual,

    uma ou duas cenas marcantes. Rev-las as vezes necessrias e

    perguntar (oralmente ou por escrito): O que chama mais a ateno

    (imagem/som/palavra)? O que dizem as cenas (significados)? Quais assuas consequncias e aplicaes?;

    Anlise funcional Antes da exibio, escolher algumas funes ou

    tarefas (desenvolvidas por vrios alunos): o narrador de cenas

    (descrio sumario, pr um ou mais alunos): anotar as palavras-

    chave; anotar as imagens mais significativas; caracterizao das

    personagens; musica e efeitos; mudanas acontecidas no audiovisual(do comeo at o final). Depois da exibio, cada aluno fala e o

    resultado divulgado. Com base nos resultados, o professor completa

    com os alunos as informaes, relaciona os dados e questiona as

    solues apresentadas;

    Analise da linguagem 1 que historia contada (reconstruo da

    historia). 2 como contada essa historia (o que lhe chamou a atenovisualmente; o que destacaria nos dilogos e na musica). 3 que ideias

    passa claramente o programa (o que diz claramente esta historia; o

    que conta, e representam os personagens; modelo de sociedade

    apresentado). 4 ideologia do programa (mensagens no questionadas

    pressupostos ou hipteses aceitos de antemo, sem discusso;

    valores afirmados e negados pelo programa como so apresentados

    a justia, o trabalho, o mundo; como cada participante julga esses

    valores concordncias e discordncias nos sistemas de valores

    envolvidos. A partir de onde cada um de ns julga a historia;

    Completar o audiovisual 1 exibe-se um audiovisual at um

    determinado ponto. 2 os alunos desenvolvem um final prprio e

    justificam o porque da escolha. 3 exibe-se o final do audiovisual. 4

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    comparam-se os finais propostos e o professor manifesta tambm a

    sua opinio;

    Modificar o audiovisualOs alunos procuram materiais audiovisuaissobre um determinado assunto. Modificam, adaptam, editam, narram,

    sonorizam diferentemente. Criam um novo material adaptado sua

    realidade, sua sensibilidade;

    Videoproduo1 narrativa em vdeo sobre um determinado assunto.

    2 pesquisa em jornais, revistas, inquritos a pessoas. 3 elaborao do

    roteiro, gravao, edio, sonorizao. 4 exibio para a turma ouescola. 5 debate;

    Video espelhoA cmara regista pessoas ou grupos e depois observa-

    se o resultado com comentrios de cada um sobre o seu desempenho e

    sobre o dos outros. O professor olha para o seu desempenho, comenta

    e ouve os comentrios dos outros;

    Videodramatizao Representar situaes importantes do

    audiovisual assistido e discuti-las comparativamente. Usar a

    representao, teatro, como meio de expresso do que o audiovisual

    mostrou, adaptando-o realidade dos alunos.

    Comparar verses procurar ver os pontos de convergncia e

    divergncia de narrativas, verses, adaptaes de uma mesma obra

    para o texto escrito, para cinema.

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    Captulo III

    Metodologia Aplicada

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    3.1. Percursos Metodolgicos

    O olhar sobre o mundo transformou-se. S recentemente passamos a

    olhar para o exterior da Terra no mesmo momento em que outros seres

    humanos se encontravam fora da atmosfera terrestre.At hoje, apenas algumas dezenas de pessoas puderam ver o planeta

    Terra a partir de um local longnquo no espao e com os seus prprios olhos.

    Esse olhar generalizou-se, atravs do cinema, do filme, do documentrio,

    entre vrios outros meios audiovisuais. Vista do espao, o nosso planeta

    apresenta a cor azul, passamos a poder chamar-lhe planeta azul2. O ser

    humano ganhou conscincia da cor do seu planeta. Vimos, com os nossos

    olhos, parte do que os astronautas viram.Atravs de imagens, percebemos que a Terra um pequeno ponto a

    flutuar no espao. Um ponto superpovoado de gente, de problemas, de

    poluio, mas tambm da vitalidade criativa dos que a habitam.

    Os ltimos dois sculos permitiram ao ser humano ver de um modo

    mais sistemtico e concreto, para fora da Terra e olhar tambm do exterior

    para a prpria Terra, de fora para dentro. Foram as pessoas, foram as

    tcnicas, foram os aperfeioamentos na imagem e no som, foram os avanos

    nos computadores e na digitalizao que criaram as condies para que tal

    acontecesse.

    Segundo Abrantes, (1992, 11), os recursos audiovisuais permitem-nos

    ter uma experincia impossvel para quase todos os seres humanos:

    transportam-nos para outra galxia e voltamos, mantendo-nos

    simultaneamente imveis.

    Como tentei demonstrar ao longo deste trabalho, hoje vivemos numa

    sociedade de informao. Esta sociedade, e as suas novas exigncias fazem

    com que o sistema educativo se tenha de adaptar sociedade no qual est

    inserida, e preparar os alunos enquanto futuros cidados, para uma

    2Expresso usada pelocosmonautasovitico Yuri Gargarine, primeiro homem a viajar pelo espao a12

    de Abril de1961 a bordo da naveVostok I,para descrever o planeta Terra.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmonautahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sovi%C3%A9ticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1961http://pt.wikipedia.org/wiki/Vostok_Ihttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vostok_Ihttp://pt.wikipedia.org/wiki/1961http://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_abrilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sovi%C3%A9ticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmonauta
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    A segunda fase do estudo consistiu na entrega de um segundo

    questionrio com questes muito semelhantes ao questionrio da primeira

    fase depois dos alunos assistirem ao filme O Germinal. Este filme faz uma

    abordagem do tema em estudo e por isso a escolha deste filme para arealizao deste trabalho. Numa analise superficial s questes do segundo

    questionrio, pude verificar que a qualidade das respostas dos alunos

    melhoraram bastante, assim como uma enorme reduo das respostas em

    branco.

    Devido s limitaes da instituio escolar, pessoais e devido ao filme

    ter uma durao de perto de 90 minutos, mesmo depois de eu ter retirado do

    filme algumas das cenas que considerei demasiado violentas para crianascom uma faixa etria a rondar os treze anos, o filme foi exibido ao longo de

    quatro aulas, nas aulas de Formao Cvica. As aulas de Formao Cvica,

    eram leccionadas pela orientadora cooperante de Histria por esta ser

    directora de turma da turma na qual realizei o estudo, que gentilmente me

    cedeu as quatro aulas de 45 minutos cada, para que eu pudesse realizar este

    estudo.

    Este filme, segundo a classificao do autor Moran, foi utilizado comoilustrao, pois este recurso audiovisual acompanhou todo o tema a

    civilizao industrial do sculo XIX, abordado nas aulas de Histria, que

    decorriam no mesmo dia das aulas de Formao Cvica, mas da parte da

    manh.

    Segundo o autor Moran, os recursos audiovisuais podem ser utilizados

    na sala de aula como recurso didctico de diversas formas j vistas no

    decorrer deste trabalho. Na disciplina de Histria, o filme foi usado comoilustrao, pois este filme ajudou a mostrar a temtica abordada nas aulas

    de Histria, e a compor cenrios desconhecidos dos alunos.

    Na disciplina de Geografia, o percurso metodolgico aplicado foi

    diferente da aplicada na disciplina de Histria, pois o que pretendia com o

    estudo, era perceber se o visionamento do excerto do documentrio da

    National Geographic, tinha despertado o interesse e a curiosidade dos

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    alunos para o tema: Os diferentes biomas que constituem a zona climtica

    quente.

    Para isso contei com a colaborao da orientadora cooperante de

    Geografia e da professora estagiria que acederam observar directamente asreaces e comentrios dos alunos durante toda a aula e perceber se o

    documentrio da National Geographic despertou curiosidade e interesse dos

    estudantes para o estudo do tema que se prolongou pela restante aula com

    uma actividade de grupo, tendo sempre como pano de fundo a National

    Geographic. Para alm da colaborao da professora estagiria e da

    orientadora cooperante, faz tambm parte dos resultados a minha prpria

    observao.Devido s limitaes da instituio escolar, pessoais e dificuldade

    em arranjar um recurso audiovisual o mais possvel contextualizado no

    tema em estudo e englobado na situao educativa agregadora, este estudo

    foi realizado apenas numa aula de 90 minutos.

    Para estar o mais contextualizado possvel na situao educativa

    agregadora escolhida por mim para acompanhar toda a unidade temtica

    em estudo, optei por seleccionar para este trabalho um documentrioproduzido pela National Geographic, onde foi possvel observar dois dos

    biomas que fazem parte da zona climtica quente. Na impossibilidade de

    exibir o documentrio completo, por este ter uma durao de

    aproximadamente 50 minutos e a aula ter uma durao de 90 minutos e

    pela funo que o enxerto do documentrio iria desempenhar, decidi cortar

    algumas das cenas que considerei menos interessantes para a temtica,

    reduzindo o tempo do documentrio para cerca de 7 minutos. Estes 7minutos de documentrio foram exibidos no incio da aula com o intuito de

    introduzir a temtica e de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos

    para o tema estudado ao longo da aula.

    Para que os resultados do estudo fossem o mais possveis rigorosos, a

    observao levada a cabo pelos trs professores no se limitou s aos 7

    minutos de exibio do documentrio e aos momentos seguintes a esse final,

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    mas aos 90 minutos de durao da aula, para perceber qual a reaco dos

    alunos ao visionamento do documentrio, e se o visionamento do

    documentrio despertou a curiosidade e o interesse dos alunos para o estudo

    do tema, onde os discentes tinham de encarnar o papel de reprteres daNational Geographic num trabalho de grupo.

    Neste estudo feito na disciplina de Geografia, o excerto do

    documentrio foi utilizado, de acordo com o autor Moran, como motivao.

    Para o referido autor, um audiovisual pode ser utilizado de diversas formas

    dentro da sala de aula, tendo este vdeo servido para introduzir um novo

    assunto, com o intuito de despertar a curiosidade e o interesse dos

    estudantes para um novo tema.Para facilitar a leitura e interpretao deste estudo por parte do

    leitor, e porque os percursos metodolgicos usados em ambas as disciplinas

    foram dspares, apesar de compartilharem do mesmo objectivo, decidi

    separar o estudo realizado na disciplina de Histria, e o estudo realizado na

    disciplina de Geografia, tendo optado durante o decorrer do trabalho por

    comear pelo estudo realizado na disciplina e Histria, seguindo-se o estudo

    elaborado na disciplina de Geografia.

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    Captulo IV

    Trabalho Emprico na Disciplina de Histria

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    4.1. Os sujeitos de Pesquisa

    Este estudo foi realizado com uma turma de 8 ano na disciplina de

    Histria, turma com a qual realizei o meu estgio profissional englobado no

    mestrado em ensino de Histria e Geografia. A turma era composta porvinte e seis alunos, dezassete deles do sexo feminino e nove do sexo

    masculino, com uma faixa etria que variava dos doze aos quinze anos de

    idade.

    De um modo geral, esta turma tinha um bom comportamento, era

    trabalhadora, participativa, empenhada, e bastante interessada nas

    temticas abordadas. Era uma turma cujos encarregados de educao

    demonstravam interesse e acompanhamento dos seus educandos.Ainda sobre esta turma, notou-se que a grande maioria dos alunos

    possuidora de uma cultura geral bastante alargada, o que permitia ao

    professor abordar as temticas de forma mais aprofundada, existindo alunos

    que estudavam o tema antes deste ser abordado nas aulas.

    Estas caractersticas reflectiam-se na avaliao dos alunos nos mais

    diversos documentos avaliativos, obtendo resultados que podiam ser

    considerados como bastante satisfatrios. Os bons resultados fizeram com

    que esta turma fosse eleita a melhor turma da Escola Ins de Castro, no ano

    lectivo 2008/2009, feito, que ao que tudo indica, tambm ser repetido no

    presente ano lectivo de 2009/2010

    4.2. Filme Utilizado

    O filme escolhido para a realizao deste estudo, foi seleccionado

    cuidadosamente de forma a enquadra-se numa das temticas abordadas

    neste ano lectivo.

    O filme seleccionado foi o Germinal. Este filme retrata o processo de

    gestao e maturao dos movimentos grevistas e de uma atitude mais

    ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvo de sculo XIX na

    Frana em relao explorao dos seus patres.

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    Neste filme, o proletariado francs surge-nos como algum explorado,

    esgotado, esfomeado, que trabalha em condies totalmente imprprias,

    sujeito a acidentes que podiam ceifar-lhes a vida ou a originar mutilaes

    dos mais variados membros.Inserido na escurido das minas de carvo, sujo, cumprindo jornadas

    de trabalho de 14 a 16 horas dirias, recebendo salrios baixos e vendo toda

    a famlia, incluindo crianas, seguirem-lhes os passos, pouco resta aos

    trabalhadores seno a luta contra aqueles que os oprimem.

    No filme, adaptado de uma obra literria de mile Zola, surgem-nos

    menes a Karl Marx a Engels e tambm ao anarquismo.

    Paralelamente histria dos trabalhadores, podemos aindaacompanhar a burguesia e o seu quotidiano, sendo possvel ver no filme as

    festas pomposas, grandes refeies, luxuosas residncias e o total

    alheamento em relao ao mundo que existe para alm dos seus portes.

    O objectivo disto dar ao espectador o contraste existente entre estas

    duas classes sociais. , pois, claramente um filme de interveno poltica e

    de reivindicao social pelas evidncias apresentadas.

    Este filme possui cenas que eu enquanto professor considerei ser deextrema violncia para crianas com uma mdia de idades de treze anos.

    Este factor levou-me a retirar algumas das cenas que considerei mais

    violentas, recorrendo para isso ao programa informtico MovieMaker.

    Numa perspectiva mais aprofundada sobre o filme, posso referir que

    este, foi adaptado ao cinema por Claude Berri em 1993. um filme com

    perto de 170 minutos de durao e conta no seu elenco com actores

    consagrados no mundo do cinema como, Gerar Depardieu, Jean-PierreBisson ou Jean-Roger Milo.

    A histria do filme gira em torno de uma famlia, que se encontra nas

    mencionadas condies de misria e penria listadas nos pargrafos

    anteriores, sendo o chefe dessa famlia interpretado por Gerrd Deprdieu

    (considerado um dos melhores actores franceses de todos os tempos, que

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    tambm trabalhou noutros importantes filmes com contexto histrico como

    "Danton - o processo da revoluo" e "1492 - A Conquista do Paraso").

    As ms condies em que vivem obriga-o a tomar uma atitude e para

    isso estimulado pela chegada de um novo operrio, que j possui vivnciaem termos de criao e divulgao de movimentos reivindicatrios. O

    primeiro passo dessa dupla passa a ser, ento, criar condies de

    sobrevivncia para que os trabalhadores consigam organizar uma greve e

    aguenta-la o mais tempo possvel. Para isso, criam uma caixa de resistncia,

    para a qual todos os operrios deveriam contribuir.

    A diminuio dos salrios e a indiferena dos patres em relao

    segurana e a sade dos trabalhadores aumenta ainda mais as tenses,girando todo o filme volta deste enredo.

    4.3. Questionrios

    Para levar a cabo este estudo sobre os recurso audiovisuais, recorri a

    dois questionrios sobre o filme O Germinal, para perceber quais os

    conhecimentos dos alunos antes e depois de assistirem ao filme. Esta

    metodologia tinha em vista analisar e comparar as respostas dos alunos a

    ambos os questionrios para perceber se houve ou no evoluo nas

    respostas dadas, antes e depois dos alunos assistirem ao filme.

    O questionrio da primeira fase, era composto por doze questes,

    todas de resposta aberta. As respostas a este questionrio podem ser

    agrupadas em cinco sub-grupos.

    No primeiro sub-grupo foram colocadas quatro perguntas sobre as

    condies de trabalho dos operrios. As questes dizem respeito ao salrio

    mdio, s condies de trabalho, s doenas mais frequentes e por ltimo, s

    horas de trabalho dos operrios mineiros do sculo XIX.

    No segundo sub-grupo, as questes dizem respeito s condies de

    vida dos operrios mineiros do sculo XIX. Neste segundo sub-grupo

    surgem-nos trs questes onde se tenta saber quantos elementos fariam

    parte do agregado familiar de um operrio mineiro, que alimentos fariam

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    parte de um pequeno-almoo de um operrio, e por fim, qual a esperana

    mdia de vida de um operrio mineiro no sculo XIX.

    O terceiro sub-grupo diz respeito s condies de vida da outra classe

    social presente no filme, a burguesia. Neste sub-grupo as questespretendem, avaliar os conhecimentos dos alunos sobre de onde provinham os

    rendimentos da burguesia e que alimentos fariam parte de um almoo de

    uma famlia da mesma classe social.

    Um outro sub-grupo, o quarto, constitudo por duas questes que

    avaliam o que os alunos sabem sobe os motivos que levaram aos primeiros

    sinais de descontentamento dos operrios, e como reagiu a Burguesia a

    esses sinais de algo no se encontrava bem.Por ltimo surge-nos uma questo isolada, que pretendia avaliar se os

    alunos conseguiam identificar a principal fonte de energia utilizada na

    primeira fase da revoluo industrial.

    O questionrio usado na segunda fase do estudo muito semelhante

    ao da primeira fase, at porque no estudo pretendia perceber a evoluo das

    respostas dos alunos depois de assistirem ao filme O Germinal, filme esse,

    que responde a todas estas questes.Todas as questes deste segundo questionrio, so idnticas s

    perguntas do primeiro questionrio excepo da ltima questo. Na ltima

    pergunta os alunos so questionados sobre se consideram que o filme O

    Germinal foi importante para o estudo da temtica A sociedade industrial do

    sculo XIX. Esta pergunta foi elaborada, visto o filme ter sido visionado nas

    aulas de Formao Cvica, e a temtica A sociedade industrial do sculo

    XIX, tambm ter sido trabalhada nas aulas de Histria com bastanteproximidade temporal. Para evitar influenciar os resultados finais do

    estudo, foram elaborados questionrios com perguntas em que a maioria dos

    contedos no foi abordado nas aulas, pelos menos de forma directa, apesar

    da temtica em estudo ter sido a mesma.

    Na pgina seguinte encontra-se um exemplo de um questionrio

    utilizado por mim neste estudo.

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    4.4. Breve Enquadramento Histrico Sobre o Tema em Estudo

    Antes de avanar para a anlise os questionrios, e para melhor

    enquadrar o leitor relativamente ao tema em estudo, decidi fazer uma breve

    contextualizao histrica sobre a temtica em anlise.Nos finais do sculo XVII e XVIII, o mundo ocidental assistiu a

    importantes mudanas. Inovaes tcnicas vieram alterar as formas de

    produzir, at ento praticamente todas manufactureiras. A aplicao destas

    novas invenes, sobretudo a mquina movida a vapor, na agricultura e o

    seguimento de novas tcnicas agrcolas, fez aumentar de forma muito

    significativa a produo agrcola, melhorando as condies de vida da

    populao em geral. Estas melhorias nas condies de vida da populao,fomentada quer pelos avanos agrcolas, quer pelos progressos na higiene e

    na medicina, levaram a uma diminuio acentuada da mortalidade, que

    aliada a uma alta taxa de natalidade, levaram a um crescimento natural da

    populao. O aumento da populao e a mecanizao da agricultura,

    levaram a um excesso de mo-de-obra nos campos e a um crescimento

    urbano nunca antes visto, fruto de um xodo rural.

    Ao mesmo tempo que estes acontecimentos se sucediam, vrias

    revolues liberais aconteciam espalhadas um pouco por todo o mundo,

    revolues nascidas em ideais j defendidos sculos antes por correntes

    culturais, como o Renascimento e mais tarde o Iluminismo.

    O Renascimento nos sculos XV e XVI, iniciou uma revoluo na

    mentalidade europeia marcada pela valorizao do indivduo e das suas

    capacidades. O iluminismo, no sculo XVIII, trouxe novos ideais sobre a

    organizao da sociedade e do poder e a valorizao de princpios como a

    igualdade, a liberdade e a tolerncia. Estes ideais difundiram-se entre a

    populao em vrios continentes, nos campos, mas sobretudo nas cidades,

    que haviam crescido muito devido Revoluo Industrial. Alguns grupos da

    populao comearam a lutar pela aplicao destes princpios: foi o perodo

    das revolues liberais, com destaque para a revoluo americana e a

    francesa.

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    econmico e ramificando as implicaes do capitalismo industrial e

    financeiro.

    O mercado capitalista exps as industrias a uma concorrncia

    constante, tendo esta competitividade gerado contrastes sociais entre aburguesia detentora das grandes fabricas e o operrio. Foi neste contexto

    que surgiram os primeiros movimentos sindicais e as ideias socialistas.

    sobre este perodo que assenta todo este estudo, sendo o recurso

    utilizado filme O Germinal - uma das mltiplas fontes onde podem ser

    constatadas essas alteraes.

    4.5. Anlise aos QuestionriosComo j foi referido ao longo deste trabalho, a metodologia aplicada

    no estudo foi a aplicao de dois questionrios com questes muito

    semelhantes, antes de depois dos alunos de uma turma de 8 ano de

    escolaridade assistirem ao filme O Germinal. A inteno, numa primeira

    fase do estudo, era a de perceber quais os conhecimentos tcitos dos alunos

    sobre a sociedade industrial do sculo XIX, para posteriormente, numa

    segunda fase do estudo, analisar os conhecimentos adquiridos pelos mesmos

    estudantes depois destes assistirem ao filme O Germinal.

    Na primeira questo perguntado aos discentes qual a principal fonte

    de energia utilizada na primeira fase da Revoluo Industrial. Tanto na

    primeira fase como na segunda fase do estudo, todos os alunos responderam

    que a principal fonte de energia era o carvo. A resposta est correcta, e isso

    mesmo pode ser verificado no filme, visto o enredo do filme circular em torno

    de operrios mineiros, trabalhadores numa mina de carvo. Para alm disso,

    a aluso ao carvo como a mais importante fonte de energia da Revoluo

    Industrial constante ao longo de todo o filme.

    Num dos sub-grupos, de onde faziam parte as questes dois, trs, sete

    e oito, pretendia-se avaliar os conhecimentos dos alunos relativamente s

    condies de trabalho dos operrios mineiros do sculo XIX.

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    responderam que as condies de trabalho eram ms, oito estudantes

    disseram que as condies eram melhores do que na primeira fase da

    Revoluo Industrial, e os restantes trs alunos, num total de vinte e cinco,

    no responderam questo. As respostas que mais me intrigaram, foram asrespostas de oito dos alunos, que afirmaram que as condies de trabalho

    dos operrios na segunda fase da Revoluo Industrial, tinham melhorado

    relativamente primeira fase da mesma revoluo, resposta que est

    totalmente errada.

    Na segunda fase do estudo, os catorze alunos que tinham respondido

    que as condies de trabalho eram ms, confirmaram a sua resposta, e os

    restantes oito estudantes mudaram a sua opinio, pois na segunda fase doestudo, 100% dos alunos responderam que as condies de trabalho dos

    operrios do sculo XIX eram bastante ms. Para alm disso, e como

    aconteceu ao longo de todo este estudo, as respostas dos alunos na primeira

    fase do estudo eram muito curtas e concisas, e na segunda fase, os

    estudantes responderam as questes acrescentando caractersticas vistas no

    filme e que enriqueceram as respostas.

    Na questo nmero sete, os alunos so questionados sobre quais asdoenas mais frequentes num operrio mineiro do sculo XIX. Nesta questo

    deu-se um fenmeno curioso. Na primeira fase do estudo, os alunos

    identificaram os principais problemas de sade que afectavam toda a classe

    operria do sculo XIX, tanto no sector primrio, como no sector secundrio.

    Apesar das respostas de dezassete dos vinte e cinco alunos estarem

    correctas, visto um operrio mineiro poder ser portados de qualquer uma

    destas maleitas, no me identificaram as que afectavam principalmente osoperrios mineiros do sculo XIX. Para alm do que acabo de reportar, na

    primeira fase do estudo, oito dos vinte e cinco alunos deixaram a resposta

    em branco.

    Na segunda fase do estudo, as respostas por parte dos alunos deixam

    de ser to abrangentes. As respostas dos estudantes nesta segunda fase do

    estudo, j mostram uma maior especificidade, relativamente s doenas que

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    afectavam os operrios mineiros. Dos vinte e trs alunos que participaram

    nesta segunda fase do estudo, dezanove identificaram os problemas

    pulmonares como sendo a principal maleita que afectava os operrios

    mineiros, e os restantes quatro estudantes referiam as doenas de pele. Nofilme a que os alunos assistiram, possvel identificar perfeitamente os

    graves problemas pulmonares e as doenas de pele como sendo as principais

    doenas que muitas vezes ceifavam a vida aos operrios. Quanto

    percentagem de respostas em branco nesta segunda fase do estudo, ela de

    0%, tendo todos os alunos presentes respondido questo.

    Ainda para avaliar os conhecimentos dos alunos com o visionamento

    do filme relativamente s condies de trabalho dos operrios mineiros, foicolocada no questionrio uma questo onde era perguntado quantas horas

    dirias em mdia trabalhavam os mineiros do sculo XIX. Nesta questo,

    tanto na primeira fase como na segunda fase do estudo, as respostas no so

    muito divergentes. Em ambas as fases do estudo todos os estudantes

    mostraram saber que um dia de jorna dos operrios tinha em mdia muitas

    horas. A diferena entre ambas as fases do estudo, reside no facto de na

    primeira fase ter obtido um leque bastante maior de respostas, e na segundafase os alunos terem-me estabelecido um intervalo horrio menor. Ou seja,

    na primeira fase do estudo o intervalo horrio de um dia de trabalho ia em

    mdia das 6 horas s 20 horas dirias, e na segunda fase do trabalho esse

    intervalo foi reduzido com os alunos a responderam que em mdia os

    trabalhadores trabalhavam de 11 horas a 20 horas dirias. Este intervalo

    existente nas respostas dos alunos depois do visionamento do filme, surge

    principalmente por dois motivos. O primeiro porque no filme o ordenado dosmineiros era calculado mediante o nmero de vagonetes de carvo

    descarregadas, e quanto mais horas trabalhassem mais descarregavam, logo

    mais recebiam. O segundo motivo, surge ao analisar as respostas do

    questionrio da segunda fase. Nas respostas, percebe-se que raramente os

    alunos responderam que os mineiros trabalhavam menos de 14 horas e mais

    de 18 horas dirias, o que encurta em muito o intervalo, permitindo assim

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    ficar com uma melhor noo da ideia com que os alunos ficaram ao

    visionarem o filme O Germinal.

    O segundo sub-grupo de questes, pretendia avaliar quais as

    condies de vida dos operrios mineiros no sculo XIX. Deste grupo fazemparte trs questes.

    Na questo onde se perguntava como seria constituda uma famlia de

    um operrio mineiro, pelas respostas dos alunos ao questionrio, percebe-se

    que os estudantes tinham a noo de que o agregado familiar de um operrio

    do sculo XIX seria constituda por muitos elementos, pois as respostas

    fazem aluso a isso, mas no me conseguem fornecer mais nenhum dado

    complementar. A prova do que acabo de afirmar, so os 24% dos alunos queme responderam que uma famlia de um operrio mineiro deveria ser

    constituda por muitas pessoas, no me dando mais nenhuma outra

    informao que pudesse completar a resposta. Na segunda fase do estudo, os

    alunos continuam a afirmar que um agregado familiar de um operrio

    mineiro do sculo XIX, constitudo por inmeras pessoas, mas j me

    conseguem descrever uma famlia completa. Nesta pergunta 100% dos

    alunos responderam que uma famlia de um operrio mineiro eraconstituda pelos pais e por muitos filhos, conseguindo ainda completar a

    resposta ao referirem que os operrios tinham muitos filhos pois eles eram

    vistos como uma fonte de rendimento.

    Na questo nmero cinco do questionrio, era perguntado que

    alimentos fariam parte de um pequeno-almoo de um operrio mineiro do

    sculo XIX. Mais uma vez, na primeira fase do estudo, os alunos

    demonstraram ter alguns conhecimentos sobre o tema, pois as respostas quederam no esto muito longe das respostas correctas.

    excepo de quatro alunos que optaram por deixar esta questo em

    branco, todos os outros disseram que o po era o principal alimento num

    pequeno-almoo de um operrio do sculo XIX. Ao analisar as respostas dos

    alunos, posso concluir que os alunos sabem que o po a base do pequeno-

    almoo dos operrios do sculo XIX, o que ignoram se o po era

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    acompanhado e se fosse acompanhando, qual o alimento que o

    acompanhava, visto ter obtido respostas em que os alunos sugerem que o

    po acompanhado era acompanhado de leite, manteiga, caf ou cevada.

    A grande diferena entre as respostas da primeira fase e as dasegunda fase do estudo, prende-se sobretudo com o facto dos alunos na

    segunda fase do estudo conseguirem identificar quais os alimentos que

    acompanhavam o po ao pequeno-almoo da maioria dos operrios do sculo

    XIX. Outra concluso que posso retirar da anlise s respostas da segunda

    fase dos estudantes, que em relao primeira fase, os alunos conseguem

    caracterizar o po e os outros alimentos. Eles caracterizam o po com sendo

    seco ou duro, e o caf como sendo uma espcie de caf ou gua, e a manteigacomo uma espcie de manteiga, querendo os alunos referirem-se ao

    aproveitamento das borras do caf e a uma mistura de gorduras que no

    filme os operrios mineiros chamavam de manteiga.

    Na questo seis do questionrio, era perguntado aos alunos qual seria

    a esperana mdia de vida de um operrio do sculo XIX.

    Esta foi aquela questo em que menos notei uma evoluo positiva

    por parte dos alunos entre a primeira fase e a segunda fase do estudo, talvezporque a informao no estava explicita no filme. Nas respostas da

    primeira fase do estudo, trs alunos responderam que a esperana mdia de

    vida dos operrios variava entre os 0 e os 20 anos de idade, dez estudantes

    dizem que a esperana mdia de vida dos mineiros variava entre os 21 e os

    40 anos de idade e sete referem que os operrios no sculo XIX faleciam

    entre os 41 e os 60 anos de idade. Nesta questo, ainda surgem trs alunos

    que, apesar de acharem que a esperana mdia de via de um operrio eracurta, no arriscaram a atribuir uma faixa etria.

    Ao analisar as respostas dos alunos ao questionrio da segunda fase,

    conclu que, em relao primeira fase do estudo, que os alunos no

    demonstraram uma evoluo to acentuada como tinha vindo a acontecer

    at esta pergunta com o visionamento do filme. A nica diferena que

    consigo descortinar entre as respostas da primeira e da segunda fase do

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    trabalho, que na segunda fase, todos os alunos responderam que a

    esperana mdia de vida de um operrio mineiro situava-se entre os 21 e os

    40 anos de idade, resposta que no corresponde ao que pode ser visto no

    filme, onde indirectamente se percebe que a esperana mdia de vida de ummineiro ronda os 50 a 55 anos de idade.

    No terceiro sub-grupo do questionrio, fazem parte duas perguntas,

    onde se pretende avaliar o que os alunos sabem sobre as condies de vida

    da outra classe social protagonista no filme, a burguesia.

    A burguesia industrial e financeira, de forma muito simplificada,

    comea a despertar nos sculos XVIII e XIX depois da revoluo americana e

    francesa, no qual teve um papel fulcral. Estas revolues fizeram ruir as leise os privilgios da ordem feudal e absolutista, criando as condies

    necessrias para a rpida expanso do comrcio. Para alm disso, as

    revolues levaram a uma mudana de mentalidades, onde os princpios da

    liberdade, da igualdade, e do livre comrcio levam a uma mudana de

    paradigma em quase todo o mundo.

    Com a mudana de paradigma, o poder e a influncia da burguesia

    cresce, levando a que em todos os pases industrializados, a aristocraciafosse perdendo gradualmente o poder, passando a burguesia para o topo da

    hierarquia social.

    Tal como eu j esperava, as grandes diferenas nas respostas dos

    alunos entre a primeira e a segunda fase do estudo, registaram-se nas

    perguntas onde se pretendia avaliar os conhecimentos dos alunos

    relativamente s condies de vida da burguesia, por isso, este breve

    enquadramento histrico sobre esta classe social.Esta classe social, ao contrrio das classes mais desfavorecidas, no

    desperta tanta ateno por parte dos alunos. Isto foi confirmado por mim

    enquanto professor durante o estgio profissional. O interesse dos alunos

    centra-se sobretudo nas condies de vida e de trabalho dos operrios. A

    explicao para este fenmeno no a sei dar, apesar de estar convicto que

    ter algo haver com a psicologia do ser humano. Por aquilo que fui

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    Em relao primeira fase, as respostas dos alunos na segunda fase

    do estudo evoluram bastante, fruto da informao dada ao longo de todo o

    filme. Considero que a evoluo por parte dos estudantes foi bastante

    positiva, at porque nas aulas de Histria, o tema da alimentao dasclasses sociais no abordada de forma directa.

    Nesta segunda fase do trabalho, todos os alunos descreveram que de

    um almoo de uma famlia burguesa, faziam parte alimentos como as frutas,

    as carnes, o peixe e crustceos como o camaro e a lagosta. Mas mais

    importante que esta descrio, a ideia com que os alunos ficaram,

    acrescentando descrio dos produtos alimentares, informaes como os

    pratos estarem enfeitados, e a ideia de fartura que havia na mesa de umafamlia burguesa.

    O ltimo sub-grupo deste estudo, o quatro, diz respeito aos motivos

    que levaram aos primeiros sinais de descontentamento por parte dos

    operrios, e como reagiu a burguesia perante esses sinais de desagrado.

    Deste sub-grupo faziam parte duas questes.

    A primeira questo tenta saber junto dos alunos o que estes sabiam

    sobre os motivos que levaram s primeiras revoltas dos operrios. Nestaquesto, a informao obtida com as respostas dos alunos, tanto na primeira

    fase como na segunda fase do estudo, mostra que os alunos j tinham uma

    percepo que as condies de trabalho e de vida em que os operrios viviam

    no eram as mais favorveis, o por isso mesmo, obtive respostas muito

    semelhantes na primeira e na segunda fase do estudo, com todos os alunos a

    referirem as ms condies de trabalho e de vida dos operrios como os

    motivos que levaram s primeiras revoltas dos operrios.A segunda questo deste sub-grupo, pretendia avaliar os alunos

    quanto aos seus conhecimentos de como reagiram os burgueses aos

    primeiros sinais de descontentamento da classe operria.

    Na primeira fase do estudo, dezassete alunos referiram que os

    burgueses reagiram mal, um dos estudantes disse que os burgueses

    compreenderam a situao e ajudaram os operrios e os restantes oito

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    alunos num total de vinte e cinco, deixaram a questo em branco. Para alm

    destas respostas, os alunos nesta primeira fase, no me acrescentaram

    qualquer outra informao adicional que pudesse enriquecer a resposta.

    A segunda fase do estudo trouxe uma evoluo bastante positiva porparte dos alunos relativamente a esta questo. Os vinte e trs estudantes

    que participaram na segunda fase do trabalho, referiram que a burguesia

    reagiu mal, caracterizando essa reaco por parte da burguesia como

    preocupante, no quiseram ouvir, no ligaram, consideraram os pedidos

    inaceitveis, ou chamaram as foras policiais. Estas respostas, permitem-me

    concluir que existiu uma evoluo bastante palpvel por parte dos alunos

    relativamente a esta pergunta.Para melhor perceber os impactos que o visionamento do filme teve

    para os alunos, inclu no segundo questionrio, uma questo onde era

    perguntado se os alunos tinham considerado o visionamento do filme

    importante para o estudo da temtica que tinha vindo a ser abordada nas

    aulas, e porque.

    Quando os alunos foram questionados se tinham considerado o

    visionamento do filme importante para o estudo da temtica que tinha vindoa ser abordada nas aulas de Histria, todos os vinte e trs alunos que

    participaram na segunda fase do estudo, responderam afirmativamente.

    A justificao dos alunos, e depois de analisar cuidadosamente as

    vinte e trs respostas, pode ser dividida em duas. Dezassete alunos

    referiram que o visionamento do filme permitiu observar a realidade da

    poca, e os restantes seis estudantes disseram que os ajudou a perceber o

    tema mais facilmente.Durante a anlise e tratamento dos questionrios, decidi retirar as

    expresses que os alunos mais usaram para fundamentar as respostas, e tal

    como nas outras perguntas do questionrio, tambm aqui retirei as

    expresses mais utilizadas pelos alunos nas suas respostas, o que me

    permitiu ficar com uma ideia mais aprofundada das opinies dos estudantes.

    Nesta questo surgem vrias vezes repetidas pelos alunos expresses como:

    podemos entrar no assunto, mais fcil perceber a matria,ficamos

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    Captulo V

    Trabalho Emprico na Disciplina de

    Geografia

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    5.1. Os sujeitos de Pesquisa

    Na disciplina de Geografia, o estudo foi realizado com uma turma de

    7 Ano de escolaridade, turma com a qual realizei o meu estgio profissional,

    inserido no mestrado de Histria e Geografia. A turma era constituda pordezasseis alunos, oito deles do sexo masculino e oito do sexo feminino, todos

    com uma faixa etria que variava entre os onze e os treze anos de idade.

    Ao contrrio da turma do 8 ano de Histria, esta turma era uma

    turma pouco trabalhadora, pouco participativa e que demonstrava pouco

    interesse pelas temticas abordadas. Era uma turma bastante faladora e

    distrada, mas sem graves problemas em termos disciplinares.

    Pela observao que fui fazendo desta turma ao longo do ano lectivo,

    notei que os estudantes no eram possuidores de uma cultura geral

    alargada, sendo por vezes complicado para o professor aprofundar os temas

    em estudo. Notei ainda que era uma turma que no demonstrava hbitos de

    trabalho em grupo, o que levou a alguma falta de organizao e

    assertividade inicial por parte dos alunos neste tipo de actividade.

    Estas caractersticas, reflectiram-se na avaliao dos alunos nos mais

    diversos documentos avaliativos, cujos resultados podem ser considerados

    como medianos, tanto na disciplina de Geografia como em todas as outras

    disciplinas que fazem parte do currculo nacional do ensino bsico. Por

    ltimo destaco que esta turma fez parte de um programa experimental do

    ministrio da educao, o qual foi denominado de projectoTURMA MAIS3.

    Neste projecto, os alunos vo rodando em diferentes turmas ao longo de todo

    o ano lectivo, levando muitas vezes a uma grande instabilidade por parte

    dos professores e alunos.

    3O projecto Turma mais caracteriza-se por:Ser uma turma sem alunos fixos, em que os alunos de cada turma de origem no tm mais do que cinco / seissemanas de aulas na Turma Mais. Ao longo do ano lectivo todos os alunos passam pela Turma Mais, turma que nopoder ser formada por mais 20 alunos, para assim beneficiar de um apoio mais individualizado, dadas ascaractersticas algo comuns do grupo de que faz parte, sem ver sobrecarregado o seu horrio semanal.Cada grupo especfico de alunos, durante o tempo que integra a Turma Mais, continua a trabalhar os contedosprogramticos que a sua turma de origem estava a desenvolver. Os alunos participam neste projecto por conviteendereado pelo Director de Turma ao Encarregado de Educao.

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    jornalistas da National Geographic, seleccionei um documentrio da mesma

    instituio com cerca de 7 minutos de durao sobre o tema em estudo. No

    excerto do documentrio, era possvel observar dois dos biomas que fazem

    parte da zona climtica quente e o poder que os diferentes elementosclimticos tm sobre eles.

    Terminado o visionamento do documentrio, o professor fez uma

    breve explorao do mesmo, tentando com que os alunos interligassem dois

    grficos termopluviomtricos aos dois biomas observados no documentrio e

    que justificassem as suas respostas, tentando fazer com que os alunos

    comeassem por perceber que o clima tem uma forte influncia sobre os

    biomas. Para alm disso, e como a inteno era a de fazer com que os alunosse transformassem em verdadeiros jornalistas da National Geographic ,

    durante a explorao do documentrio foram feitos apelos aos alunos com

    perguntas como por exemplo se eles no gostariam de viajar e conhecer o

    mundo, ou se no gostariam de serem eles os jornalistas a produzirem

    aquele documentrio.

    Como era a primeira vez que esta situao educativa iria surgir junto

    dos alunos, e para fazer a ligao documentrio - situao educativa actividade

    em grupo-, foi elaborada uma carta aos alunos, onde estavam presentes todos

    os pormenores relativos National Geographic (logtipo, carimbo,

    assinatura do director da National geographic), pedindo a sua colaborao

    como jornalistas da referida instituio para a construo de cartazes com os

    diferentes biomas da zona climtica quente. Feito este apelo, e com a sala de

    aula estruturada desde o inicio para o trabalho de grupo, foram distribudos

    aos alunos envelopes em formato A4 vindo directamente da National

    Geographic, com todos os matrias didcticos (imagens, planisfrios,

    paisagens, grficos termopluviomtricos), necessrios construo do

    cartaz. Para apoiar os jornalistas na sua tarefa, e visto a aula ser

    projectada para tentar incentivar a pesquisa por parte dos alunos, foram

    disponibilizados vrios livros e atlas para que cada redaco jornalstica

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