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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Campus Rio de Janeiro Leonardo Cordonis Borges da Silva OS DESAFIOS DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS PARA A LICENÇA DE OPERAÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO IFRJ RIO DE JANEIRO - 2015

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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental

Campus Rio de Janeiro

Leonardo Cordonis Borges da Silva

OS DESAFIOS DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS PARA A LICENÇA DE OPERAÇÃO NO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

IFRJ – RIO DE JANEIRO - 2015

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LEONARDO CORDONIS BORGES DA SILVA

OS DESAFIOS DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS PARA A LICENÇA DE OPERAÇÃO NO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Projeto apresentado à coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, como cumprimento parcial das exigências para conclusão do curso.

Orientador: Prof Doutor Gustavo Simas Pereira

IFRJ – RIO DE JANEIRO - 2015

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Leonardo Cordonis Borges da Silva

OS DESAFIOS DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS PARA A LICENÇA DE OPERAÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Projeto apresentado à coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, como cumprimento parcial das exigências para conclusão do curso.

Data da aprovação: 01 de setembro de 2015

Professor Doutor Gustavo Simas Pereira (Orientador)

Professora Doutora Lilian Bechara Elabras Veiga

Mestra Tatiana Faria de Araújo

Rio de Janeiro – 2015

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus e a minha família que me apoiou em todos os

momentos de dificuldades encontrados ao longo do caminho de minha formação

Agradeço aos meus professores que me orientaram ao longo do meio acadêmico em

especial ao meu orientador Professor Gustavo Simas que ajudou a conduzir este trabalho.

Agradeço aos servidores do Órgão INEA que se mostraram muito competentes e

interessados em ajudar na conclusão desta pesquisa.

Agradeço também aos amigos que de diversas formas me apoiaram e incentivaram

para conclusão deste trabalho.

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Cordonis, Leonardo. Os desafios das auditorias ambientais para a licença de operação no estado do Rio de Janeiro 44 f ou 44 p. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2015.

RESUMO

Com o aumento da gravidade e frequência dos impactos ambientais, diferentes

medidas de prevenção vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas em nossa sociedade. Umas

das ferramentas é a Auditoria Ambiental. O governo do estado do Rio de regulamentou por

meio do Decreto 44.820/14 (e a diretriz 056 revisão número 3), o licenciamento de atividades

potencialmente poluidoras e a as Auditorias Ambientais para renovação ou prorrogação de

licença de operação (LO) e a licença de recuperação (LOR). Com o objetivo de verificar e

analisar os principais entraves das empresas sujeitas as Auditorias Ambientais, foram

analisados 30% dos relatórios do ano de 2013. Em cada relatório de auditoria ambiental foram

analisados o tipo de atividade exercida pela empresa auditada, as empresas auditoras, a

localidade e o período da auditoria, as descrições das Não Conformidades e as referências

de normas e leis citadas para as Não Conformidades. Os resultados indicam que os temas

que obtiveram maior número de Não Conformidades foram: Parâmetros Químicos não

alcançados; Inspeção preventiva inadequada; Armazenamento inadequado de produto

químico; Falta de envio de informações ao órgão responsável; e Existências de vazamentos.

A adoção de ações como “implementação de um sistema de comunicação direta entre

empresa e órgão ambiental”, “observância das normas reguladoras” e “inspeções preventivas

periódicas” são fundamentais para a redução do número de Não Conformidades nos relatórios

de Auditoria Ambiental.

Palavras chaves: 1. Auditoria Ambiental 2. Sistema de Licenciamento Ambiental 3. Gestão Ambiental

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Cordonis, Leonardo. Analysisof Environmental Audit sconducted for the State of Rio de Janeiro (INEA) and the non-compliance sraised. 44 f. or 44 p. Completion of course work. Degreein Environmental Technology, Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio de Janeiro (IFRJ), Campus Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2015

ABSTRACT

With the increase and frequency of environmental impacts, a different preventive

process have been developed and improved in our society. One of the tools is the

Environmental Audit. The state government of Rio de Janeiro regulated by Decree 44,820 / 14

(and the guideline 056 revision number 3), the licensing potentially polluting activities and the

Environmental Audits for renewal or extension of operation license (LO) and the license

recovery (LOR). In order to verify and analyze the main obstacles of the companies subject to

the Environmental Audits were analyzed 30% of the reports in the year of 2013. In each one

were analyzed the type of activity carried out by the audited company, the auditing companies,

locality and the audit period, the descriptions of non-compliances and references of standards

and laws cited for non-compliances. The results indicate that the subjects who had higher

number of non-compliances were: Not achieved parameters Chemicals; Inadequate

preventive maintenance; Improper storage of chemical; Failure to provide information to the

responsible body; and leaks. The adoption of actions as "implementing a direct communication

system between business and environmental agency”, “compliance with regulatory standards"

and "periodic preventive inspections" are key to reducing the number of non-compliances in

the Environmental Audit reports.

Key words: 1. Environmental Audit 2. Environmental Licensing System

3.Environmental Management

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

p. Figura 1: Quantidade de relatórios por mês

24

Figura 2: Fontes de informação de acidentes ambientais no ano 2013

36

Figura 3: Quantitativo de acidentes ambientais registrados por local de ocorrência referente aos anos de 2012 e 2013

42

Figura 4: Quantitativo de acidentes ocorridos no ano de 2013 por tipo de dano causado

47

Figura 5: Número de acidentes ambientais registrado pelo IBAMA do ano de 2006 até 2013

48

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LISTA DE TABELAS

p.

Tabela 1 - Estrutura da Diretriz 056 Revisão 03 18

Tabela 2 – Classificação de potencial poluidor 21

Tabela 3 – Quantidade de relatórios por região 22

Tabela 4 – Quantidade de empresas Cadastradas por município 23

Tabela 5 – Quantidade de relatórios por categoria 24

Tabela 6 – Quantidade de relatório por empresa auditora 26

Tabela 7 – Não Conformidade por subitem/letra da DZ056 R3 29

Tabela 8 – Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.3 letra a “o atendimento

ao que dispõe a legislação federal, estadual e municipal aplicável aos aspectos

ambientais”

34

Tabela 9 – Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.3 letra b “a

conformidade quanto ao licenciamento ambiental (tipo e validade das

licenças),Alvarás, Autorizações, Outorgas, Registros, Termos de Ajustamento de

Conduta e outros documentos relacionados às questões ambientais, verificando as

datas de emissão e a sua validade. O cumprimento das restrições e exigências

deverá ser avaliado.”

37

Tabela 10 – Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.9 letra “d“ as

responsabilidades e a adequação dos procedimentos de gerenciamento de resíduos.”

39

Tabela 11 – Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.7 letra c (Efluente) “

a adequação dos efluentes líquidos aos padrões legais e às restrições da licença

ambiental.”

40

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Tabela 12 – Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.9 c “o fluxo de

resíduos, desde o ponto de geração até a destinação final, considerando: a adequação

e segurança dos sistemas de contenção, estocagem intermediária e destinação final;

a adequação dos procedimentos existentes para a escolha dos contratos de tratamento

e destinação; a existência de licença ambiental válida e compatível com o tipo de

resíduo para transportadores e local de destinação; utilização de Manifesto de

Resíduos.”

41

Tabela 13–Quantitativo dos subitens com menor número de Não Conformidades 43

Tabela 14 – Síntese de temas que se repetem em subitens diferentes da DZ-056 R3 45

Tabela 15 - Temas que apresentam maior número de Não Conformidades 45

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LISTAS DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ART - Anotação de Responsabilidade Técnica

CAF - Controle de Analise Físico

CEDAE – Companhia Estadual de Água e Esgoto

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

DZ - Diretriz

EPI – Equipamento de proteção individual

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente

FISPQ – Ficha de informação de segurança de produto químico

GRL - Gerenciamento de requisito legal

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEA - Instituto Estadual do Ambiente

ISO – International Organization for Standardization

LAIA – Levantamento de aspecto de impacto ambiental

LI – Licença de Instalação

LO – Licença de Operação

LOR – Licença de Operação e Recuperação

NBR - Norma Brasileira

NT - Norma técnica

PAE – Plano de Atendimento Emergencial

PEI – Plano de emergência Individual

PGRS – Plano de gerenciamento de Resíduo Sólido

SAGE – Strategic Advisory Groupon Environment

SENAI -Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

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SLAM – Sistema de Licenciamento Ambiental

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SUMÁRIO

p.

1 – INTRODUÇÃO 14

2 – OBJETIVO 17

2.1 - Objetivos Específicos 17

3 – METODOLOGIA 18

4 – RESULTADOS 20

4.1 - Análises dos dados 20

4.1.1 - A diretriz 056 e a legislação pertinente 20

4.1.2 - Análise quantitativa dos relatórios 23

4.2 - Análises das Não Conformidades 28

4.2.1 - Análise das Não Conformidades dispostas na diretriz 056 R3 28

4.2.2 - Análise das Não Conformidades por tema 34

5 – CONCLUSÃO

6 – RECOMENDAÇÕES

50

52

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53

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1. INTRODUÇÃO

O aumento populacional a partir dos anos 1900 fez com que a aumentasse a demanda

pelos recursos naturais. Uma forma de responder a essa demanda foi o incremento da

tecnologia e produção em massa de recursos. Situação que fez com que os impactos sobre

o meio ambiente saíssem dos limites locais e atingisse a esfera global.

Chuva ácida, salinização do solo e o aumento da temperatura média da terra, são

alguns dos exemplos citados hoje na mídia e por pesquisadores no mundo inteiro que alertam

sobre os perigos e consequências de impactos que são potencializados pela ação antrópica.

Com o aumento da gravidade e frequência dos impactos ambientais diferentes

medidas de prevenção vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas em nossa sociedade. Umas

das ferramentas é a Auditoria Ambiental. Segundo Sales (2001), Machado (1996) e Sirvinskas

(2001) a Auditoria Ambiental pode ser entendida como instrumento preventivo, um exame de

avaliação ocasional ou periódica das atividades de um empreendimento em relação a sua

interação com o meio ambiente, o que contribui no desempenho ambiental. Para Willian Attie

em seu livro Auditoria – Conceitos e Aplicações (2010): “A origem do termo auditor em

português, muito embora perfeitamente representado pela origem latina (aquele que ouve, o

ouvinte), na realidade provém da palavra inglesa toaudit (examinar, ajustar, corrigir,

certificar)”.

A primeira formulação teórica da auditoria foi delineada por Mautz e Sharaf em 1961

que conceberam um conjunto de postulados considerados essenciais ao desenvolvimento

científico e à estruturação teórica da auditoria. Para Taylor e Glezen (1994), esses postulados

constituem o marco teórico da auditoria. Esses autores consideravam a sua concepção,

apesar de hipotética, como fundamental para dotar a auditoria financeira de um objeto abstrato

formal próprio, tendo por bases a inferência, a verificabilidade e a refutabilidade,

características essenciais à formulação de uma teoria positiva ou normativa da auditoria.

A expressão Auditoria Ambiental, tornou-se bastante elástica, podendo significar uma

diversidade de atividades de caráter analítico voltadas para identificar, averiguar e apurar

fatos e problemas ambientais de qualquer magnitude e com diferentes objetivos. Sendo um

instrumento da Gestão Ambiental, a Auditoria Ambiental tem como fim averiguar o

cumprimento da legislação ambiental, de forma a buscar e assegurar que o controle interno

da empresa esteja adequado as normas (BARBIERI, 2006).

A Auditoria teve seu início na área contábil principalmente a partir da Revolução

Industrial no século XVIII, com o surgimento das indústrias e do capitalismo, sendo

consolidada e conceituada na Inglaterra como um meio para garantir a estabilidade

econômica e financeira das empresas que vinham surgindo neste período.

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O primeiro parecer de Auditoria em território nacional foi emitido há mais de um século.

Trata-se do balanço da São Paulo Tramway Light & Power Co., relativo ao período

compreendido entre junho de 1899 (data de fundação da empresa) e 31 de dezembro de

1902, certificado pelos auditores canadenses Clarkson & Cross atual Ernst & Young referente

à Auditoria dos livros e das contas da filial brasileira de uma empresa multinacional

(RICARDINHO et. al., 2004).

O modelo de Auditoria Ambiental adotado atualmente como uma ferramenta de gestão

ambiental, foi adotada na década de 70, principalmente por empresas americanas

pressionadas pelo crescente rigor da legislação daquele país e pela ocorrência de acidentes

ambientais de grandes proporções (LA ROVERE, et. al., 2011).

São vários os tipos de Auditoria Ambiental sendo cada uma delas direcionada a um

propósito no qual a empresa deseja alcançar, como exemplo podemos citar: a auditoria de

descomissionamento, de passivo ambiental, de certificação, entre outras. Além disso, de

acordo com a equipe que a executa elas podem ser divididas em três grupos: Auditoria de

primeira parte, Auditoria de segunda parte e Auditoria de terceira parte.

No caso das Auditorias de primeira parte, a própria empresa a realiza para a

verificação dos procedimentos internos em adequação a requisitos anteriormente definidos.

Constitui-se de um processo de organização interna do empreendimento. Já a Auditoria de

segunda parte é realizada por empresas que tem interesse em uma organização, tais como

clientes, ou por representantes em seu nome com o objetivo de verificar se um serviço,

processo ou produto está em conformidade com norma específica. Já a Auditoria de terceira

parte é realizada por empresas independentes que conduzem a auditoria, em geral

constituem-se em parte do processo de certificação ambiental ou cumprimento de exigência

legal.

A Auditoria Ambiental é uma ferramenta muito abrangente, devendo ser realizada por

uma equipe interdisciplinar de auditores especializados em diferentes áreas como: biologia,

engenharia, química, ciências sociais, geologia, entre outros (MALAXECHEVARRIA, 1995).

Para Becke (2003) a Auditoria Ambiental sobre base normatizada começou a ser

discutida internacionalmente em 1991, com a criação do Strategic Advisory Groupon

Environment (Sage), para analisar a necessidade de desenvolvimento de normas

internacionais na área do meio ambiente, no âmbito da International Organization for

Standardization (ISO). No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

apresentou, em dezembro de 1996, as normas NBR ISO 14.010, 14.011 e 14.012,

relacionadas a Auditoria Ambiental, as quais em 2002, foram substituídas pela norma ABNT

NBR ISO 19011: 2002.

O estabelecimento de auditorias ambientais compulsórias foi implementado através da

Lei 1898/1991, onde estabeleceu a necessidade de auditorias ambientais independentes, e

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pela atuação da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), através da

emissão de diretrizes específicas como a DZ-56, para a realização destas auditorias

ambientais (ARUEIRA, 2009).

Diante da complexidade da abrangência a ser analisada em uma Auditoria Ambiental,

faz-se necessário compreender e esclarecer as principais irregularidades (denominadas Não

Conformidades) encontradas pelas auditorias ambientais. Dessa forma, pode-se contribuir na

melhor compreensão da relação entre as empresasse o meio ambiente, auxiliando a gestão

ambiental dos tomadores de decisão seja na esfera pública ou privada.

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2. OBJETIVO

Analisar as principais irregularidades (Não Conformidades) das Auditorias Ambientais

para licenciamento ambiental dos empreendimentos no estado do Rio de Janeiro.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar o perfil dos empreendimentos sujeitos a Auditoria Ambiental no estado do

Rio de Janeiro.

b) Analisar quantitativamente e qualitativamente as principais Não Conformidades

presentes nos relatórios de Auditoria Ambiental.

c) Avaliar as oportunidades de melhoria das empresas nos processos de Auditorias

Ambientais.

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3. METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foram analisados os relatórios de Auditoria Ambiental

do ano de 2013 relacionados a licença de operação no estado do Rio de Janeiro. Os

relatórios encontram-se disponíveis na biblioteca do Instituto Estadual Ambiental (INEA)

no endereço: Rua Sacadura Cabral, 2°andar, Bairro Saúde. O ano de 2013 serviu como

base de estudo, pois todos os relatórios do ano estavam disponíveis no banco de dados

do órgão. Ressaltamos que quando o trabalho foi iniciado (outubro de 2014), o acervo dos

relatórios do ano de 2014 não estava completo.

No banco de dados do INEA encontram-se disponíveis 196 relatórios de Auditoria

Ambiental do ano de 2013 desenvolvidos com base na Diretriz-056 Revisão número 3

(Anexo I). Para o presente trabalho, 60 relatórios foram avaliados, o que equivale a uma

amostragem próxima a 30% do total. A seleção dos mesmos foi feita de forma aleatória

através do catalogo físico presente no órgão ambiental

Em cada um dos relatórios analisados foram coletadas as seguintes informações:

a) Número do controle do relatório no INEA.

b) Nome da empresa auditada.

c) Descrição da atividade exercida pela empresa auditada.

d) Nome da empresa auditora.

e) Local de realização da Auditoria.

f) Mês e ano de realização da Auditoria.

g) Descrição das Não Conformidades.

h) Indicação de referência das Não Conformidades observadas nos relatórios de

Auditoria Ambiental.

Os dados coletados foram sistematizados em planilha eletrônica, onde pode-se identificar

o perfil dos empreendimentos e de seus relatórios de Auditoria Ambiental. Nos documentos

obtidos foram levantadas informações qualitativas do seu conteúdo, conforme descrito por

BARDIN (1977), a fim de verificar os pontos de convergência, (Tavares, 2005) a respeito do

tema. Desta forma, pode-se estruturar a análise com base nos seguintes itens:

• Localização e perfil das auditorias ambientais no estado do Rio de Janeiro.

• Grupo de interesse, ou seja, perfil da atividade econômica dos empreendimentos

conforme o Anexo I do Decreto 44.820 de 02/06/2014.

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• Perfil das Não Conformidades encontradas, com base na DZ-056 R3.

A DZ 056 R3 está organizada em 11 itens e 121 subitens que possuem 87 letras. Porém,

cabe mencionar que apenas os itens 4 (aplicação); 8 (requisitos básicos) e 10 (divulgação,

publicação e consulta aos relatórios) foram utilizados para verificação das Conformidades nos

procedimentos internos da empresa auditada. Sendo os demais itens de cunho informativo

como, por exemplo: referência definições de conceitos e objetivo da auditoria (tabela 1).

Tabela 1: Estrutura da DZ 056 R3

DESCRIÇÃO DO ITEM NUMERAÇÃO

DO ITEM QUANTIDADE DE SUBITEM

QUANTIDADE DE

LETRA/INSISO

OBJETIVO 1 0 0

REFERENCIA 2 22 0

DEFINIÇÕES 3 22 0

APLICAÇÃO 4 4 0

OBJETIVO DA AUDITORIA AMBIENTAL

5 11 0

DISPOSIÇÕES GERAIS 6 9 0

EXECUÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL

7 11 0

REQUISITOS BÁSICOS

8 18 61

RELATÓRIO DE AUDITORIA AMBIENTAL

9 18 22

DIVULGAÇÃO, PUBLICAÇÃO E CONSULTA AOS RELATÓRIOS

10 2 0

PENALIDADES 11 4 4

TOTAL 11 121 87

Em seguida as informações obtidas foram discutidas com artigos, revistas,

instrumentos legais e outras fontes de informação a respeito do tema.

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4. RESULTADOS

4.1. Análise dos dados

4.1.1A Diretriz 056 e a legislação pertinente

O Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONEMA) foi instituído pelo Decreto Estadual

nº 40.744 de 25/04/2007, e tem por finalidade deliberar diretrizes da Política Estadual de Meio

Ambiente, sua aplicação pela Secretaria de Estado do Ambiente e demais instituições nele

representadas, bem como orientar o Governo do Estado na gestão do meio ambiente.

No que tange a execução da Auditoria Ambiental o CONEMA aprovou a Diretriz

regulamentadora de numeração 056 (DZ 056 R3) em sua última revisão no dia 07/05/2010.

Essa Diretriz tem como principal objetivo direcionar os critérios a serem analisados nas

Auditorias Ambientais obrigatórias para as empresas e empreendimentos potencialmente

poluidores que tem por obrigação emitir sua respectiva Licença Ambiental de Operação (LO).

Tal licença faz parte de uma das etapas do sistema de licenciamento ambiental (SLAM).

O sistema de licenciamento ambiental, geralmente passa por 3 etapas de licitação onde a

empresa a ser licenciada da entrada no órgão competente nas seguintes licenças de forma

subsequente: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Além disso

poderá ser concedido a empresa ou empreendimento a Licença Ambiental Simplificada (LAS)

ou Licença Ambiental de Recuperação (LAR) de acordo com especificidades de cada

empreendimento. De acordo com o SLAM (Decreto Estadual 44.820 de 02/06/2014), as

licenças podem ser da seguinte forma:

A Licença Prévia (LP) é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento

ou atividade e aprova sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e

estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas fases seguintes

de sua implantação.

A Licença de Instalação (LI) é concedida antes de iniciar-se a implantação do

empreendimento ou atividade e autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de

acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,

incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem

motivo determinante.

A Licença de Operação (LO) autoriza a operação de empreendimento ou atividade, após

a verificação do efetivo cumprimento do que consta nas licenças anteriores, com base em

constatações de vistoria, relatórios de pré-operação, relatórios de Auditoria Ambiental, dados

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de monitoramento ou qualquer meio técnico de verificação do dimensionamento e eficiência

do sistema de controle ambiental e das medidas de mitigação implantadas.

A Licença Ambiental Simplificada (LAS) é concedida antes de iniciar-se a implantação do

empreendimento ou atividade e, em uma única fase, atesta a viabilidade ambiental, aprova a

localização e autoriza a implantação e a operação de empreendimento ou atividade

enquadrados na Classe 2, estabelecendo as condições e medidas de controle ambiental que

deverão ser atendidas.

A Licença Ambiental de Recuperação (LAR) autoriza a recuperação de áreas

contaminadas em atividades ou empreendimentos fechados, desativados ou abandonados ou

de áreas degradadas, de acordo com os critérios técnicos estabelecidos em leis e

regulamentos.

A Licença de Operação e Recuperação (LOR) autoriza a operação de empreendimento

ou atividade concomitante à recuperação ambiental de áreas contaminadas.

A Licença Prévia e de Instalação (LPI) é concedida antes de iniciar-se a implantação do

empreendimento ou atividade e o órgão ambiental, em uma única fase, atesta a viabilidade

ambiental e autoriza a implantação de empreendimentos ou atividades, nos casos em que a

análise de viabilidade ambiental da atividade ou empreendimento não depender da

elaboração de EIA/Rima ou RAS, estabelecendo as condições e medidas de controle

ambiental.

A Licença de Instalação e de Operação (LIO) é concedida antes de iniciar-se a

implantação do empreendimento ou atividade e autoriza, concomitantemente, a instalação e

a operação de empreendimento ou atividade cuja operação represente um potencial poluidor

insignificante, estabelecendo as condições e medidas de controle ambiental que devem ser

observadas na sua implantação e funcionamento. A LIO poderá ser concedida para a

realização de ampliações ou ajustes em empreendimentos e atividades já implantados e

licenciados.

Atualmente todos os relatórios elaborados por essa diretriz são direcionados para

biblioteca do INEA, sendo organizados por ordem de chegada e controlados por um sistema

digitalizado pelo responsável do setor.

A elaboração da auditoria é obrigatoriamente realizada por empresa externa, ou seja,

sem relação com a parte interessada, que os elabora para os empreendimentos que se

enquadrem em um dos 30 grupos apresentados no Anexo 1 do Decreto 44.820 de 02/06/2014

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que trata do Sistema de Licenciamento Ambiental bem como estejam classificados como

empreendimento de impacto médio ou alto (tabela 2).

Tabela 2: Classificação de potencial poluidor

PORTE POTENCIAL POLUIDOR

Insignificante Baixo Médio Alto

Mínimo Classe 1A IMPACTO

INSIGNIFICANTE

Classe 2A BAIXO

IMPACTO

Classe 2B BAIXO

IMPACTO

Classe 3A MÉDIO

IMPACTO

Pequeno Classe 1B IMPACTO

INSIGNIFICANTE

Classe 2C BAIXO

IMPACTO

Classe 3B BAIXO

IMPACTO

Classe 4A MÉDIO

IMPACTO

Médio Classe 2D BAIXO

IMPACTO

Classe 2E BAIXO

IMPACTO

Classe 4B MÉDIO

IMPACTO

Classe 5A ALTO

IMPACTO

Grande Classe 2F BAIXO

IMPACTO

Classe 3C MÉDIO

IMPACTO

Classe 5B ALTO

IMPACTO

Classe 6A ALTO

IMPACTO

Excepcional Classe 3D BAIXO

IMPACTO

Classe 4C MÉDIO

IMPACTO

Classe 6B ALTO

IMPACTO

Classe 6C ALTO

IMPACTO

Fonte: Decreto 44.820 de 02/06/2014

Considera-se portanto empreendimentos ou atividades que esteja classificados como

Classe 3A, 4A, 5A, 6A, 4B, 5B, 6B, 3C,4C e 6C obrigados a elaborar periodicamente relatórios

de Auditoria Ambiental segundo Art. 31 do decreto 44.820 de 02/06/2014 como parte dos

processos de requerimento de renovação e prorrogação da Licença de Operação (LO) e da

Licença de Operação e Recuperação (LOR).

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22

4.1.2.Análise quantitativa dos relatórios

Levando-se em consideração que os relatórios de Auditoria Ambientais demoram um

período máximo de 1 ano para estarem disponíveis para consulta pública na biblioteca do

INEA, foram analisados uma amostragem de 60 relatórios referente ao ano de 2013, o que

representa uma amostragem de 30,61% dos relatórios elaborados para este ano (196

relatórios). Pode-se observar um número maior de Auditorias realizadas nas seguintes regiões

conforme podemos observar na tabela 3 abaixo:

Tabela 3: Quantidade de relatórios por região

LOCAL Nº DE RELATÓRIO

Rio de Janeiro 7

Duque de Caxias 6

Niterói 5

Nona Iguaçu 3

Angra dos reis; Barra Mansa; Campo Grande; Campos Elísios; Cantagalo/RJ

2

Ilha do Governador; Itaguaí; Pavuna; Resende; Santa Cruz 2

Acari; Belfo Roxo; Botafogo; Caju; Cordovil; Del Castilho; Inhaúma, Japeri/RJ

2

Mangaratiba; Mauá; Nova Friburgo; Petrópolis; Porto Real; Ramos; Santíssimo

1

Seropédica; Taquara; Três Rios; Volta Redonda 1

Os municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Niterói estão entre os três

municípios com maior quantidade de relatórios. Esse dado pode ser compreendido pelo

grande número de empresas que se aglomeram nestas regiões segundo o levantamento de

cadastro de empresas por municípios do ano de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (tabela 4).

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Tabela 4: Quantidade de empresas cadastradas por município

COLOCAÇÃO MUNICÍPIO Nº DE EMPRESAS

1 Rio de Janeiro 204.621

2 Niterói 17.847

3 Duque de Caxias 14.120

4 São Gonçalo 13.013

5 Petrópolis 10.516

6 Campos dos Goytacazes

10.165

7 Nova Iguaçu 10.162

8 Nova Friburgo 7.524

9 Volta Redonda 7.342

10 Cabo Frio 6.574

Fonte: IBGE, 2013

Pode-se observar que os três municípios com mais empresas cadastradas (Rio de

Janeiro, Niterói e Duque de Caxias) possuem um total de 236.588 mil empreendimentos,

sendo que 86% (204.621 empresas) delas pertencendo ao Rio de janeiro, 8% (17.847

empresas) Niterói e 6% (14.120 empresas) Duque de Caxias. Foi constatado que esses três

municípios possuem um total de 18 relatórios. Tendo a proporção de 39% (7 relatórios)

pertencentes ao Rio de janeiro, 33% (6 relatórios) a Duque de Caxias e 28% (5 relatórios) a

Niterói.

Portanto, em termos proporcionais, pode-se notar que apesar de Duque de Caxias

estar na terceira colocação em número de empresas cadastras, é a segunda região com maior

quantidade de relatórios analisados tendo, por tanto, com a maior proporção, pois 6 relatórios

em um universo de 14.120 empresas cadastradas o que corresponde a 0,00042492%. Já

Niterói possui a segunda maior proporção, pois 5 relatórios em um universo de 17.847

empresas cadastradas da uma relação de 0,00028015%. O Rio de Janeiro apresenta a maior

quantidade de empresas cadastradas, porém o quantitativo de relatórios analisados não

acompanhou essa proporção, pois 7 relatórios em um universo de 204.621 empresas

cadastradas correspondem a uma relação de 0,00003420%. O que o deixa como município

com menor proporção. Pode-se sugerir que tais empresas cadastradas existentes no

município, em sua maioria, não sejam de impacto considerado suficiente para a elaboração

do relatório de Auditoria Ambiental.

Outro ponto verificado foi a frequência de realização das auditorias ambientais. Foi

constatado que no segundo semestre do ano de 2013 houve um maior número de auditorias

realizadas (figura 1).

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Os meses de novembro (14 auditorias) e setembro (08 auditorias) no segundo

semestre de 2013 possuem 36% de todas as auditorias realizadas no ano. Tal situação pode

ser indicativo de que os empreendimentos deixam para concluir as etapas legais próximo ao

fim do ano corrente.

A fim de compreender o perfil dos empreendimentos que necessitam da licença de

operação e portanto da execução de Auditoria Ambiental como uma condicionante do SLAM,

organizamos as 54 empresas estudadas de acordo com Anexo I do decreto 44.820 de

02/06/2014 que trata da categorização das atividades sujeitas ao licenciamento (tabela 5).

Tabela 5: Quantidade de relatórios por categoria

GRUPO QUANTIDADE

DE RELATÓRIO

Química 14

Metalúrgica 6

Serviços de utilidade pública 5

Unidades auxiliares de apoio industrial e serviços de natureza industrial

5

Material de transporte 4

Produtos farmacêuticos e veterinários 4

Transporte rodoviário, hidroviário e especial 4

Diversos 2

Material elétrico e de comunicações 2

Construção civil 1

Editorial e gráfica 1

0

2

4

6

8

10

12

14

23

5

7

3

12

5

8

4

14

6

FIGURA 1: QUANTIDADE DE RELATÓRIO POR MÊS

QUANTIDADE DE RA

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GRUPO QUANTIDADE

DE RELATÓRIO

Mecânica 1

Produtos de matérias plásticas 1

Produtos de minerais não metálicos 1

Serviços auxiliares diversos 1

Têxtil 1

TOTAL 53

A análise dos 60 relatórios de Auditoria Ambiental teve por base 54 empreendimentos.

Três empresas possuíram 2 relatórios e uma empresa possui 3 relatórios, portanto, o número

de empreendimentos é menor do que de relatórios analisados.

Dos 60 relatórios analisados apenas sete (07) não foram enquadrados de acordo com

o Anexo I do decreto 44.820/2014. Dessa forma, esses empreendimentos foram classificados

a parte, pois, mesmo não sendo enquadrados no anexo, cabe ao órgão ambiental verificar se

o empreendimento carece de licença ambiental, conforme podemos observar abaixo:

”O órgão ambiental licenciador, extraordinariamente, poderá instar o empreendedor a requerer licença ambiental nos casos em que considerar o empreendimento ou a atividade potencialmente poluidoras, mesmo que não conste do Anexo 1 ou cujo impacto ambiental seja classificado como insignificante, com base nos critérios definidos no art. 23 deste Decreto, não respondendo o empreendedor, até então, por infração administrativa decorrente da instalação ou operação sem licença, desde que o requerimento seja protocolado no prazo estabelecido.”

(DECRETO ESTADUAL 44.820 § 2º do art 3º do de 02/06/2014)

Empreendimentos auditados não presentes no anexo I do decreto 44.820/2014:

i. Grupo de mídia;

ii. Armazenamento e carregamento de minério de ferro;

iii. Descarregamento e carregamento de carvão mineral e minério de ferro;

iv. Fornecimento de infraestrutura para embarque, desembarque e trânsito de navios;

v. Operação de embarque, desembarque, movimentação e armazenamento de veículos e

carga;

vi. Operação de terminais e intermodais interiores;

vii. Serviços portuários.

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Dentre as diversas empresas auditoras analisadas, constatou-se que as mais atuantes na

elaboração dos relatórios foram:a De Martini, o CAF (Controle de Análise Físico) Química e o

Centro de Tecnologia SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (tabela 6).

Tabela 6: Quantidade de relatórios por empresa auditora

EMPRESA AUDITORA Nº DE RELATÓRIO %

De Martini 13 22%

CAF Química 8 13%

Centro de Tecnologia. Senai 5 8%

Ecospohr 4 7%

Ekos Ambiental 4 7%

Aliança s/a 2 3%

CTSGI Premier Ambiental 2 3%

Dinamica 2 3%

Georadar 2 3%

Interação Ambiental 2 3%

PMX 2 3%

SIG 2 3%

Eco Quality 1 2%

Eco 10 1 2%

H2G Consultoria Ambiental LTDA 1 2%

Hautec 1 2%

HGB 1 2%

IBQN 1 2%

Instituto Ecológico Aqualung 1 2%

Micro Life 1 2%

Planeta Terra Consultoria Ambiental S/S LTDA 1 2%

Quality Master 1 2%

Waterloo Brasil 1 2%

Zad Ambiental 1 2%

TOTAL DE EMPESAS AUDITORAS: 24 60 100%

Pode-se observar que as 3 empresas com maior quantidade de relatórios analisados

possuem um total de 43% dos relatórios do ano de 2013. Situação que indica uma

concentração do mercado de execução das auditorias ambientais para a licença de operação

por parte dessas empresas, que pode estar atrelada a qualidade do serviço prestado por

exemplo. Contudo, recomenda-se uma análise com mais propriedades dessa situação em

outros trabalhos.

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4.2. ANÁLISE DAS NÃO CONFORMIDADES

4.2.1 Análise das Não Conformidades dispostas na Diretriz 056 revisão 3

Os principais objetivos da Auditoria Ambiental que segue a Diretriz 056 revisão 3 são:

incentivar a implantação de política ambiental e sistema de gestão ambiental em organizações

públicas e privadas; apoiar o órgão ambiental; verificar o cumprimento dos dispositivos legais

de proteção e controle ambiental; verificar as condições de operação, de manutenção dos

sistemas de controle de poluição e de prevenção de acidentes; verificar as condições de

armazenamento e estocagem; comunicar às partes interessadas a atual situação ambiental

da organização (RIO DE JANEIRO, 2010).

De acordo com a Diretriz 056-R3, nas auditorias devem ser avaliadas as práticas de

gestão e do desempenho ambiental, a estrutura gerencial e de treinamento, a conformidade

legal, os processos de produção e operação, a gestão de energia e água, de efluentes

líquidos, de emissões atmosféricas, de ruídos, de resíduos, do uso de agrotóxicos para o

controle de vetores e pragas urbanas, de riscos ambientais, de passivo ambiental (RIO DE

JANEIRO, 2010). A avaliação que essa Diretriz propõe abrange a maior parte dos

mecanismos ou aspectos geralmente vem a ter como consequências os impactos ambientais.

Para entender melhor o grau de importância dos subitens frente ao quantitativo de Não

Conformidades que neles se dispõe, foi realizada uma análise percentual das Não

Conformidades por cada subitem (tabela 7).

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Tabela 7: Não Conformidade por subitem/ letra da DZ 056 R3

SUBITEM/LETRA NÚMERO DE NÃO CONFORMIDADE

S PORCENTAGEM DESCRIÇÃO DO SUBITEM

8.1.3 letra a) 58 20,79% "o atendimento ao que dispõe a legislação federal, estadual e municipal aplicável aos aspectos ambientais."

8.1.3 letra b) 47 16,85%

"a conformidade quanto ao licenciamento ambiental (tipo e validade das licenças), Alvarás, Autorizações, Outorgas, Registros, Termos de Ajustamento de Conduta e outros documentos relacionados às questões ambientais, verificando as datas de emissão e a sua validade. O cumprimento das restrições e exigências deverá ser avaliado."

8.1.9 letra d) 29 10,39% "as responsabilidades e a adequação dos procedimentos de gerenciamento de resíduos."

8.1.7 letra c) efluentes

19 6,81% "os sistemas de controle para cada ponto de descarga; a avaliação da eficiência dos controles existentes e as condições de operação e manutenção."

8.1.9 letra c) 16 5,73%

"o fluxo de resíduos, desde o ponto de geração até a destinação final, considerando: a adequação e segurança dos sistemas de contenção, estocagem intermediária e destinação final; a adequação dos procedimentos existentes para a escolha dos contratos de tratamento e destinação; a existência de licença ambiental válida e compatível com o tipo de resíduo para transportadores e local de destinação; utilização de Manifesto de Resíduos."

8.1.2 letra a) 12 4,30%

"as responsabilidades pelo gerenciamento ambiental, incluindo o Termo de Responsabilidade Técnica pela Gestão Ambiental, em conformidade com o Decreto Estadual nº 42.159/2009; o compromisso explícito da alta direção da empresa; a verificação da compatibilidade da estrutura gerencial com a melhoria de desempenho; existência de sistema de comunicação interna e externa e sua adequação ao sistema de gestão ambiental."

8.1.12 letra e) 11 3,94% "a existência e adequação de plano de emergência e registro dos treinamentos e simulações por ele previstos."

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SUBITEM/LETRA NÚMERO DE NÃO CONFORMIDADE

S PORCENTAGEM DESCRIÇÃO DO SUBITEM

8.1.6 letra b) 7 2,51% "os procedimentos de recepção, manuseio e estocagem ; layout dos locais de estocagem e das áreas de recebimento (matérias-primas, insumos e produtos); análise dos riscos associados ao transporte interno desses materiais."

8.1.11 letra a) 7 2,51% Quanto à limpeza e higienização de reservatórios de água/ conformidade legal

8.1.7 letra emissão atm a)

6 2,15% "o inventário das fontes de emissão de poluentes do ar, considerando o layout da organização e o sistema de ventilação e exaustão."

8.1.5 letra b) 4 1,43%

"as fontes de abastecimento de água (abastecimento público, poço, corpo d’água, chuva e/ou reuso) e as respectivas outorgas de uso dos recursos hídricos, quando exigidas por lei, bem como a quantificação para os diversos usos; existência de programa de redução do consumo; existência de pesquisa para reuso; e programas de controle de perdas e vazamentos."

8.1.2 letra b) 4 1,43% "a conscientização dos trabalhadores e partes interessadas em relação aos potenciais impactos ambientais gerados pela organização."

8.1.8 letra a) 4 1,43% "Quanto à gestão de ruídos/conformidade legal e a ocorrência de reclamação do público externo."

8.1.9 letra e) 5 1,79% "a existência de planos e programas para redução de resíduos, práticas de reaproveitamento e de reciclagem."

8.1.1 letra a) 3 1,08% "a existência de política ambiental documentada, implementada, mantida e difundida a todas as pessoas que estejam trabalhando nas unidades auditadas, incluindo funcionários de empresas terceirizadas."

8.1.4 letra a) 4 1,43% "os procedimentos para identificar os aspectos ambientais significativos e respectivos impactos ambientais."

8.1.4 letra f) 3 1,08% "as condições de operação e de manutenção das unidades e equipamentos de controle da poluição, de prevenção de acidentes e relacionados com os aspectos."

8.1.7 letra a) efluente

2 0,72% "a existência de layout da organização, incluindo diagramas e projetos da rede de esgotamento, do sistema de drenagem de águas pluviais, tanques de contenção, caixas de óleo e bacias de acumulação, dentre outros."

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SUBITEM/LETRA NÚMERO DE NÃO CONFORMIDADE

S PORCENTAGEM DESCRIÇÃO DO SUBITEM

8.1.7 letra c) emissão atm

3 1,08% "os sistemas de controle para cada ponto de descarga; a avaliação da eficiência dos controles existentes e as condições de operação e manutenção."

8.1.7 letra d) emissão atm

3 1,08% "a adequação das emissões aos padrões legais e às restrições da licença ambiental"

10.2 3 1,08% "Os Relatórios de Auditoria Ambiental de Controle e de Acompanhamento deverão ser apresentados ao órgão ambiental em meio digital e impressos, ficando acessíveis ao público, após análise técnica."

4.1 2 0,72% "Deverão, obrigatoriamente, realizar auditorias ambientais periódicas anuais as organizações de Classes 4, 5, 6, de acordo com a tabela de classificação dos empreendimentos/atividades do Decreto Estadual nº 42.159/2009..."

8.1.1 letra b) 2 0,72%

"a adequação da política ambiental e seus objetivos – se abrange todas as áreas e operações das unidades auditadas e seus aspectos ambientais significativos; se orienta para a total conformidade legal; se incentiva a adoção de práticas de produção mais limpa e tecnologias limpas para a redução de impactos ambientais adversos, o uso racional de recursos naturais e eficiência energética."

8.1.1 letra d) 1 0,36% "os programas e procedimentos de controle dos aspectos ambientais da cadeia produtiva, incluindo critérios de seleção e avaliação de fornecedores e prestadores de serviços"

8.1.6 letra a) 2 0,72%

"os procedimentos e operações de cada unidade auditada; as características dos materiais em termos de periculosidade e requisitos específicos de manuseio e disposição; os pontos onde esses materiais são usados, incluindo as áreas de utilidades e manutenção, as atividades fora de rotina, manutenção e limpeza de emergência ou vazamento."

8.1.3. letra c) 2 0,72% “o cumprimento das medidas preventivas e corretivas estabelecidas no Plano de Ação da Auditoria Ambiental anterior, indicando a sacões concluídas, e mandamento e as não concluídas, atendendo ou não aos prazos previstos.”

8.1.9 letra b) 3 1,08% "o inventário de resíduos, identificando os pontos de geração, inclusive áreas de utilidades"

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SUBITEM/LETRA NÚMERO DE NÃO CONFORMIDADE

S PORCENTAGEM DESCRIÇÃO DO SUBITEM

8.1.12 letra a) 2 0,72% "o potencial de risco ambiental baseado nas características dos efluentes líquidos, emissões, resíduos e manuseio de substâncias perigosas."

8.1.12 letra c) 2 0,72% "a existência e adequação de planos de gerenciamento de riscos."

8.1.13 letra b) 2 0,72% "a localização das áreas potenciais, identificando inclusive unidades e equipamentos desativados, matérias-primas e produtos perigosos fora de uso."

8.1.9 letra a) 3 1,08% "a existência de layout da empresa em termos de geração, segregação, transporte interno e estocagem de resíduos perigosos, inertes e não-inertes; as áreas de estocagem, equipamentos de processamento e áreas de disposição."

8.1.1 letra c) 1 0,36%

"o status da implantação e certificação de sistema de gestão ambiental – a existência de metas de desempenho ambiental compatíveis com a política ambiental e com o conceito de melhoria contínua; critérios de acompanhamento e avaliação; definição de responsabilidades e divulgação dos resultados."

8.1.2 letra c) 1 0,36%

"a adequação dos programas de treinamento e capacitação técnica dos responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas, rotinas, instalações e equipamentos de proteção ao meio ambiente ou que possuem o potencial de causar danos ambientais."

8.1.4 letra c) 1 0,36% "os fluxogramas de processo e balanços de massa e energia de entradas e saídas."

8.1.5 letra a) 1 0,36%

"a existência de inventário das fontes de energia e das perdas; o consumo energético e a existência de procedimentos para sua redução; avaliação da eficiência energética dos equipamentos utilizados e procedimentos para garantir sua adequada manutenção."

8.1.7 letra e) efl 1 0,36% "as responsabilidades, a adequação dos procedimentos de operação e manutenção dos sistemas de tratamento instalados."

8.1.7 letra h) emissão atm

1 0,36% "os resultados de monitoramento e os procedimentos laboratoriais usados."

8.1.8 letra d) 1 0,36% "8.1.8 Quanto à gestão de ruídos/programas de monitoramento externo."

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SUBITEM/LETRA NÚMERO DE NÃO CONFORMIDADE

S PORCENTAGEM DESCRIÇÃO DO SUBITEM

8.1.10 letra b) 1 0,36% "a capacitação técnica dos responsáveis pela execução desses serviços, assim como o número e a validade da licença do órgão ambiental para funcionamento da empresa prestadora do serviço."

8.1.13 letra a) 1 0,36% "a existência de estudo sobre passivo ambiental, tais como contaminação do solo e das águas subterrâneas."

10.1 1 0,36%

"A organização sob auditoria deverá publicar, em periódico de grande circulação no município onde desenvolve suas ações e no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, aviso de que foi realizada Auditoria Ambiental, sob o título “AUDITORIA AMBIENTAL”. Esta publicação deve informar o local, o período e o horário em que os Relatórios de Auditoria estarão à disposição para consulta pública."

TOTAL 281 100,00% -

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Portanto, pode-se verificar na tabela acima, que dos 43 subitens/letras, cerca de 169

Não Conformidades (60,57%) se encontram concentrados em 5 subitens da DZ 056 R3.

Entretanto, nota-se que os referidos subitens são de alta abrangência, pois tratam-se de

parâmetros de conformidade legislativa em âmbito federal, estadual e municipal dos aspectos

ambientais bem como do cumprimento de condicionantes variadas de licenças ambientais de

forma geral como Licença de Instalação, Licença Operação e Outorga.

4.2.2 - Análise das Não Conformidades por tema

Barbieri (2006, p.172) trata a não-conformidade como uma “qualquer falha ou desvio que

comprometa o bom desempenho ambiental da organização”. Portanto a não-conformidade ou

não-atendimento às leis ambientais deve ser enfrentado com ações preventivas que devem

eliminar as possíveis causas, evitando qualquer desvio que venha a resultar em um prejuízo

que comprometa o funcionamento da organização ambiental. Por sua vez, a conformidade se

dá pela adoção e aplicação da legislação ambiental pelas organizações. A divulgações das

conformidades legais podem servir como um diferencial competitivo no mercado, tanto para

seus usuários internos como externos.

Neste trabalho os cinco subitens que possuem maior número de Não Conformidade foram

analisados separadamente, onde as Não Conformidades foram agrupadas em temas para

melhor compreensão.

Foi observadoque o subitem com maior número de Não Conformidades possui caráter

abrangente que englobam legislações pertinentes a esfera federal, estadual e municipal (8.1.3

letra a), vide tabela 8.

Tabela 8: Quantitativo de Não Conformidades subitem 8.1.3 letra a) - “o atendimento

ao que dispõe a legislação federal, estadual e municipal aplicável aos aspectos

ambientais.”

NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

Não prestou informações aos órgãos 8 13%

Sem registro de inspeção 8 13%

Armazenamento de produtos perigosos 7 11%

Parâmetro químico não alcançado 6 10%

Sem placa de informação 4 6%

Abastecimento de combustível de forma inadequada

2 3%

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NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

Aterro inadequado 2 3%

Sem licença do bombeiro 2 3%

Sem treinamento 2 3%

Sinalização de segurança 2 3%

Ambulatório sem licença 1 2%

Autorização pedida fora do prazo 1 2%

Boas práticas de alimentação 1 2%

Captação de água inadequada 1 2%

Obstrução de caneleta 1 2%

Piso propiciando contaminação 1 2%

Sem cadastro ao órgão responsável 1 2%

Sem certificado de calibração 1 2%

Taxa de incêndio 1 2%

Tratamento de resíduo 1 2%

Transportadora e receptora de resíduo sem LO 1 2%

Vazamentos 1 2%

TOTAL 55 89%

Além das Não Conformidades mencionadas acima, outras também foram observadas que

apesar de estarem como referência normativa o item 8.1.3 letra “a”, não foi possível classifica-

las em um tema por sua descrição não possuir clareza. São elas:

Não atendimento ao que dispõe as legislações federal, estadual e municipal aplicáveis

aos aspectos ambientais, para todas áreas de abrangência.

Não atendimento a Notificação CLIAMNOT/000275511

Em que pese a organização demonstrar sistemática para Gerenciamento dos

Diplomas Legais aplicáveis em nível federal, estadual e municipal, não foram,

identificados Diplomas aplicáveis na ferramenta GRL (Gerenciamento de requisito

legal).

O tópico com maior número de Não Conformidade (Não prestou informações aos

órgãos, tabela 8) se trata de um conjunto de irregularidades voltadas a não prestação de

informações ao INEA. Dentre elas podemos indicar: novas atividades em operação, bem

como a ampliação das atividades já existentes, a falta de entrega de relatórios periódicos e o

cadastramento no IBAMA.

1 Não foi possível detectar o significado do presente termo no relatório de auditoria avaliado.

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Apesar disso, cabe mencionar que segundo dados levantados pelo IBAMA no ano de

2013 a segunda maior fonte de informação referente aos acidentes ambientais foram

comunicados vindos da própria empresa. A primeira maior fonte são oriundos da imprensa,

como pode-se ver na figura 2.

Figura 2: Fontes de informação de acidentes ambientais no ano de 2013

Fonte: VALLE e OLIVEIRA. IBAMA ano 2013

A diferença entre os dados no relatório da auditoria (falta de comunicação entre

empresa e órgão ambiental) com os dados levantados pelo IBAMA, mostra que a efetiva

comunicação ao órgão ambiental só acontece quando um impacto ambiental esta em curso.

A comunicação e troca de informações entre empresa e órgão ambiental deve acontecer de

forma continua de maneira a prevenir consequências acidentes ambientais.

Já o segundo tópico (Sem registro de inspeção, tabela 8), engloba as Não

Conformidades que dizem respeito a inadequação ou ausência de inspeção de equipamentos,

que de forma geral levam ao risco de contaminação e na segurança do trabalhador. Tal dado

leva a crer que existe uma falha nos procedimentos preventivos de checagem e manutenção

de equipamentos ou treinamento adequado da equipe responsável por esse assunto.

No item “Armazenamento de produtor perigosos”, estão as Não Conformidades

relacionadas aos resíduos perigosos e aos produtos químicos perigosos, que não estejam

seguindo os parâmetros estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

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competente para cada situação. Pode-se notar que o item “Sem registro de inspeção” e

“Armazenamento de produtos perigosos” possui a mesma essência na sua irregularidade visto

que as Não Conformidades presentes nesses temas se dão pela não adoção de medidas

preventivas.

Não se observou em nenhum dos relatórios analisados neste trabalho algum registro

de fiscalização do INEA ou de qualquer outro órgão ambiental. O que pode-se sugerir o

elevado número de Não Conformidades para o tema “Não prestou informação aos órgãos”.

Levando-se em consideração ao que decorre no subitem em questão: “o atendimento

ao que dispõe a legislação federal, estadual e municipal aplicável aos aspectos ambientais”

os temas Sem licença do bombeiro, Ambulatório sem licença, Sinalização de segurança Boas

práticas de alimentação e Taxa de incêndio (tabela 8) não possuem qualquer relação com o

descrito no subitem no que tange aspectos ambientais.

Já a tabela 9, concentra uma grande variedade de tipos de Não Conformidades, visto

que se diz a respeito a irregularidades que vão contra o subitem 8.1.3 letra b). Tal subitem

levanta Não Conformidades do descumprimento de condicionantes de licenças variadas, o

que o torna um ponto abrangente.

Tabela 9: Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.3 letra b) – “a

conformidade quanto ao licenciamento ambiental (tipo e validade das licenças),

Alvarás, Autorizações, Outorgas, Registros, Termos de Ajustamento de Conduta e

outros documentos relacionados às questões ambientais, verificando as datas de

emissão e a sua validade. O cumprimento das restrições e exigências deverá ser

avaliado.”

NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

Parâmetro químico não alcançado 11 25%

Irregularidade na Outorga 6 13%

Não prestou informações aos órgãos 5 11%

Gestão de resíduos 4 9%

Acumulo de água 3 7%

Sem cadastro ao órgão responsável 2 5%

Sem contenção 2 5%

Sem registro de inspeção 2 5%

Não atendimento a condicionante de LO, LI 1 2%

Não prestou informações aos órgãos no prazo 1 2%

Renovação de licença 1 2%

Sem Auditoria DZ056 1 2%

Sem registro de inspeção 1 2%

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NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

Sem renovação do serviço de emergência 1 2%

Taxa de efluente 1 2%

Vazamento 1 2%

Vencimento de licença 1 2%

TOTAL 1 2%

44 100%

Além das Não Conformidades mencionadas acima, constataram-se também Não

Conformidades que apesar de estarem como referência normativa o item 8.1.3 letra “b”, não

foi possível classifica-las em um tema por sua descrição não possuir clareza ou objetividade

em apenas um assunto. São elas:

Atividade geradora de ruído, resíduos sólidos, efluentes sanitários não coletado pela

rede coletora (banheiros químicos) e geração de energia elétrica por geradores à óleo

diesel, em desacordo.

Sem evidência da realização dos serviços de abastecimento, lavagem, lubrificação dos

veículos em empresas licenciadas.

Não instalado sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos

elétricos.

O tópico com maior número de Não Conformidade (Parâmetro químico não alcançado)

trata de um conjunto de irregularidades voltadas ao não atendimento as Normas Técnicas

voltadas ao tratamento de efluente (por exemplo, a NT 202 R10 que trata de “CRITÉRIOS E

PADRÕES PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS).

Já o segundo tópico com maior número de Não Conformidades (Outorga), englobam

irregularidades que dizem respeito a inadequação ou ausência da outorga para utilização dos

corpos de água, bem como a não renovação ou não atendimento de condicionantes da

mesma.

O termo “Não prestou informações aos órgãos”, trata de um conjunto de

irregularidades voltadas a não prestação de informações ao INEA, relacionadas ao envio do

relatório de Auditoria, bem como registro semanal das medições de vazão da captação de

poço. A falta de entrega de relatórios de monitoramento de rios e águas subterrâneas e

também o envio do CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo) ao INEA de

veículos transportadores de produtos químicos são Não Conformidades presentes neste

tema. Cabe mencionar que todas as Não Conformidades desse subitem são condicionantes

de Licença de Operação ou Outorga.

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Pode-se observar também a elevada proporção percentual dos três primeiros temas

com maior número de Não Conformidade que corresponde a um total de 47% das Não

Conformidades do total deste subitem.

Já no subitem 8.1.9 letra d (tabela 10), observar-se que o mesmo não possui um

aspecto muito abrangente quantos os outros subitens mencionados anteriormente, visto que

é direcionado “as responsabilidades e a adequação dos procedimentos de gerenciamento de

resíduos”.

Tabela 10: Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.9 letra d “as

responsabilidades e a adequação dos procedimentos de gerenciamento de resíduos.”

SUBITEM 8.1.9 LETRA d)

NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

PGRS (Plano de gerenciamento de resíduo sólido)

7 24%

Armazenamento de resíduo 5 17%

Ficha de segurança 5 17%

Identificação irregular 3 10%

Sem identificação 3 10%

Sem declaração de resíduos de serviço de saúde

2 7%

Check list incompleto de verificação 1 3%

Identificação danificada 1 3%

Vazamento de chorume 1 3%

Não atende aos critérios da NBR 11174 1 3%

TOTAL 29 100%

O subitem 8.1.9 aborda a regulamentação das responsabilidades e a adequação dos

procedimentos de gerenciamento de resíduos. Dentro de um universo de 29 Não

Conformidades constatadas para esse assunto, observou-se que cerca de 58% (17 Não

Conformidades) estão relacionadas aos temas: PGRS – Plano de Gerenciamento de resíduo

sólido, armazenamento de resíduo e ficha de segurança.

O tópico com maior número de Não Conformidade (PGRS – Plano de Gerenciamento de

resíduo sólido) trata de um conjunto de irregularidades voltadas a falta de elaboração do

mesmo bem como não atendimento a notificação da ANVISA quanto a readequação do plano.

Já o segundo tópico com maior número de Não Conformidades (Armazenamento de

resíduos), engloba as irregularidades que dizem respeito a inadequação do ambiente de

armazenamento, bem como incompatibilidade de resíduos armazenados. “Ficha de

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segurança”, é um tema que abarca as Não Conformidades tanto para na ausência da ficha

quanto na irregularidade da mesma.

Entre os subitens da Diretriz 056 Revisão 3 existem 2 com a mesma numeração

(subitem 8.1.7). Porém que decorrem de assuntos diferentes. Um ponto fala sobre a

conformidade “Quanto à gestão de emissões atmosféricas” e o outro fala da conformidade

“Quanto à gestão de efluentes líquidos”. O quarto subitem que apresentou maior número de

Não Conformidades foi o relacionado a tema efluentes (tabela 11).

Tabela 11: Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.7 letra c – “a adequação

dos efluentes líquidos aos padrões legais e às restrições da licença ambiental”

SUBITEM 8.1.7 LETRA c (EFLUENTES)

NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

Parâmetro químico não alcançado 9 47%

Ausência do Monitoramento de efluente 2 11%

Não prestou informações aos órgãos 2 11%

Certificado de credenciamento de laboratório vencido 1

5%

Direcionamento inadequado de efluente 1 5%

Ausência de aparelho de controle 1 5%

Ausência de Fossa 1 5%

Sem laudo técnico 1 5%

Transbordamento da ETE 1 5%

TODOS 19 100%

Em relação à 8.1.7 letra “c” (“a adequação dos efluentes líquidos aos padrões legais e

às restrições da licença ambiental”) o tópico com maior número de Não Conformidade

(Parâmetro químico não alcançado) trata de um conjunto de irregularidades voltadas ao não

atendimento a Normas Técnicas que tangem ao tratamento de efluente (por exemplo, a NT

202 R10 que fala sobre os critérios e padrões para lançamento de efluentes líquidos, e a DZ

– 942.R7 que descreve a “Diretriz do Programa de Autocontrole de Efluentes Líquidos” –

PROCON ÁGUA,).

Já o segundo tópico (Monitoramento de efluente), engloba as Não Conformidades que

dizem respeito a inadequação ou ausência de controle de qualidade no monitoramento do

efluente. “Não prestou informações aos órgãos”, é um tema que estão englobando as Não

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Conformidades de não prestação de informações a Companhia Estadual de Água e Esgoto

CEDAE.

Pode-se constatar que o principal tema (Parâmetros químicos não alcançado), ou seja,

com maior número de Não Conformidades possui um percentual representativo do total das

19 Não Conformidades. Já tabela 12 apresenta o resumo de Não Conformidades por temas

referente ao subitem 8.1.9 letra c.

Tabela 12: Quantitativo de Não Conformidades do subitem 8.1.9 letra c - “o fluxo de

resíduos desde o ponto de geração até a destinação final, considerando: a adequação

e segurança dos sistemas de contenção, estocagem intermediária e destinação final; a

adequação dos procedimentos existentes para a escolha dos contratos de tratamento

e destinação; a existência de licença ambiental válida e compatível com o tipo de

resíduo para transportadores e local de destinação; utilização de Manifesto de

Resíduos”

SUBITEM 8.1.9 LETRA c

NÃO CONFORMIDADE QUANTIDADE %

Manifesto de resíduo 8 53%

Armazenamento 3 20%

Transporte inadequado 2 13%

Transbordamento de resíduo sem licença 1 7%

Sem controle de fumaça preta 1 7%

TOTAL 15 100%

Além das Não Conformidades mencionadas acima, constatou-se também uma Não

Conformidade com referência normativa ao item 8.1.9 letra “c”, que não possui clareza em

sua descrição: “A organização não assegura a adequação dos procedimentos de

gerenciamento de resíduos convencionais com relação a sua destinação.” Sendo assim, não

foi classificada em nenhum tema

Apesar do subitem 8.1.9 letra “c” possuir o tema “Manifesto de resíduo” como o de maior

índice de Não Conformidades, pode-se notar que segundo levantamento do IBAMA no ano

de 2013, houveram grandes números de acidentes relacionados ao transporte dos referidos

resíduos (figura 3).

Considerando os locais de ocorrência dos acidentes ambientais, aqueles em rodovias são

os que apresentaram maior percentual, com 195 registros (Figura 3), representando 27% do

total de acidentes. Infere-se que este percentual elevado justifica-se pela predominância do

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modal rodoviário na matriz de transporte brasileiro, incluído o transporte de produtos

perigosos e resíduos (Relatório de acidentes ambientais – IBAMA, 2013).

Figura 3: Quantitativo de acidentes ambientais registrados por local de ocorrência

referente aos anos 2012 e 2013

Fonte: VALLE e OLIVEIRA. IBAMA ano 2013

Quanto a classe dos produtos transportados, a maior parte dos acidentes está

relacionado à Classe de Risco 3 (líquidos inflamáveis). Esta Classe representou 29,7% do

total de acidentes ambientais ocorridos no ano de 2013, com 237 registros. É possível

identificar na literatura que a Classe 3 é a mais envolvida quando se trata da ocorrência de

acidentes. Considerando apenas acidentes com produtos classificados com perigosos, em

segundo lugar aparece a Classe de Risco 2 (gases) com 72 registros, e em terceiro, a Classe

de Risco 9 (Substâncias Perigosas Diversas), que se refere aos produtos ou substâncias

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perigosos diversos danosos ao meio ambiente, conforme Resolução ANTT 420/04 (VALLE, e

OLIVEIRA. IBAMA ano 2013)

Pode-se destacar que existe uma concentração no tema sobre “manifestos de resíduo”

que equivale a 53% das Não Conformidades deste subitem. Ou seja, o controle das

transações dos resíduos não acontecem de forma adequada, o que interfere no conhecimento

da destinação final do resíduo, bem como do controle dos meios adequados de transportes.

Os subitens que apresentam menor número de Não Conformidades abaixo do 8.1.9

“c” foram organizados também em tabela (tabela 13) para melhor compreensão dos assuntos

abordados nos mesmos.

Tabela 13: Quantitativo dos subitens com menor número de Não Conformidades.

SUBITEM TEMA DA NÃO CONFORMIDADE Nº DE NÃO

CONFORMIDADE TOTAL DE NÃO

CONFORMIDADE

8.1.2 letra a)

Termo de responsabilidade ambiental 9

12 Sistema de gestão ambiental 1

Comunicação Interna 1

ART* 1

8.1.12 letra e)

PEI** 3

11

Cenário de emergência 2

PAE*** 2

EPI**** 1

Sem simulado de sinistros que possam acorrer no ano de 2012 1

Simulados de emergência 1

Treinamento 1

8.1.6 letra b)

Avaliação de incompatibilidade de produtos armazenados 4

7 Produto sem validade 1

FISPQ¹ 1

Carregamento/ descarregamento inadequado de produtos 1

8.1.11 letra a) Higienização da caixa de água 7 7

8.1.7 letra a) emissão atm

Inventário de Gases de efeito estufa incompleto 5 6

Parâmetro químico não alcançado 1

8.1.5 letra b)

Sem programa de redução da água 2

4 Sem inspeção preventiva 1

Vazamento estação de tratamento de água 1

8.1.2 letra b) Colaboradores desconhecem os impactos das suas atividades 4

4

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8.1.8 letra a)

Sem laudo 2

4 Monitoramento sonoro irregular 1

Parâmetros irregulares 1

8.1.9 letra e) Plano de gerenciamento de Resíduo Sólido 3

5 Coleta seletiva 2

8.1.1 letra a) Política Ambiental 2

3 Sistema de Gestão Ambiental 1

8.1.4 letra a) LAIA² 3

4 Ausência de levantamento dos requisitos legais e sua atualização 1

8.1.4 letra f)

Sem manutenção preventiva de equipamentos 2 3

Operação inadequada 1

8.1.7 letra a) efluente Monitoramento Hídrico 1

2 Alto risco de contaminação de água pluvial 1

8.1.7 letra c) emissão atm

Vazamento 1

3 Sem correção dos aspectos da última inspeção 1

Sem envio do relatório de controle ao INEA 1

8.1.7 letra emissão atm

Parâmetros não alcançados 1

3 Sem filtro de emissões 1

Recomendação não atendida de laudo 1

10.2 Não tornou público o relatório de Auditoria Ambiental 3

3

8.1.9 letra b) Inventário de resíduo 3 3

8.1.9 letra a) Armazenamento de resíduo 2

3 Sem layout que demonstre ponto de geração, secreção 1

4.1 Auditoria Ambiental 2 2

8.1.1 letra b) Ausência de objetivos e metas 2 2

8.1.6 letra a) FSPQ 1

2 Armazenamento de produtos químicos 1

8.1.12 letra a) Sem levantamento de risco na manutenção 2 2

8.1.12 letra c) Sem monitoramento 1

2 Recomendação não atendida de laudo 1

8.1.13 letra b) Sem ludo de vazamento para equipamento 1

2 Vazamento de equipamento 1

8.1.1 letra d) Avaliação de fornecedores e prestadores de serviço fora dos padrões 1

1

8.1.1 letra c) Sistema de Gestão Ambiental 1 1

8.1.2 letra c) Sem treinamento de colaboradores em procedimento de seg. 1

1

8.1.4 letra c) Sem balanço de massa e energia elaborado 1 1

8.1.5 letra a) Não possui inventário das fontes de energia e possíveis perdas 1

1

8.1.7 letra e) efl Caneletas de drenagem de água pluvial obstruídas 1

1

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8.1.7 letra h) emissão atm

Não foi evidenciado relatório de terceira parte do inventário de gases estufa (Res INEA N64) 1

1

8.1.8 letra d) Sem atualização do relatório de ruído dês de 2009 1

1

8.1.10 letra b) Responsável Técnico sem a devida ART 1 1

8.1.13 letra a) Sem impermeabilização do solo e monitoramento de contaminação do solo 1

1

10.1 Sem publicação da ultima auditoria 1 1

TOTAL 110

* ART: Anotação de responsabilidade técnica; ** PEI: Plano de emergência individual; PAE: plano de

atendimento a emergência; ****EPI: Equipamento de proteção ambiental; ¹FISPQ: Ficha de informação

de segurança de produto químico. ²LAIA: Levantamento de aspecto de impacto ambiental.

Cabe mencionar que houveram duas Não Conformidades que não foram enquadradas em

nenhum item da DZ 056 R3, bem como não foi indicada no relatório a sua discordância com

o item específico. São elas:

“Sem levantamento sobre a identificações e acesso aos requisitos legais aplicáveis a

organização”.

“Sem procedimento para avaliar periodicamente os requisitos legais”.

Existem algumas Não Conformidades que possuem o mesmo tema apesar de não se

encontrarem no mesmo subitem. Com o objetivo de sintetizar e melhorar a compreensão

desse dos dados pode-se observar a tabela 14.

Tabela 14: Síntese de temas que se repetem em subitens diferentes da DZ 056 R3.

TEMA Nº DE NÃO CONFORMIDADE

Parâmetros Químicos não alcançados 29

Inspeção preventiva inadequada 28

Armazenamento inadequado de produto químico 25

Sem envio de informações ao órgão responsável 20

Vazamentos 10

Treinamento de colaboradores 8

Sistema de Gestão Ambiental 3

ART 3

FISPQ* 2

TOTAL 128

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*FISPQ: Ficha de informação de segurança de produto químico

Levando-se em consideração que o total de Não Conformidades aferidas neste trabalho

foi de 281, tais temas da tabela 14 representam um percentual de 44% das Não

Conformidades. Os 10 temas que apresentaram maior número de Não Conformidade podem

ser verificados na tabela 15.

Tabela 15: Temas que apresentam maior número de Não Conformidades

Ao desconsiderarmos a distribuição das Não Conformidades ao longo dos subitens da

Diretriz 056 Revisão 3, podemos constatar que muitas das Não Conformidades, apesar de

estarem situadas em tópicos diferentes na Diretriz 056 relatam sobre o mesmo assunto.

A pesar deste trabalho ter obtido um número maior de Não Conformidades relacionadas

ao extrapolamento dos parâmetros químicos ligados ao controle de efluentes, segundo o

levantamento realizado pelo IBAMA no ano de 2013, os acidentes ambientais ligados a

publicação atmosférica foram os que apresentaram, maior representatividade, como pode ser

visto na figura 4.

TEMA Nº DE NÃO CONFORMIDADE

Parâmetros Químicos não alcançados 29

Inspeção preventiva inadequada 28

Armazenamento inadequado de produto químico 25

Sem envio de informações ao órgão responsável 20

Vazamentos 10

TOTAL 112

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Figura 4: Quantitativo de acidentes ocorridos no ano de 2013 por tipo de dano

causado.

Fonte: VALLE e OLIVEIRA. IBAMA ano 2013.

*“Pop” quer dizer População afetada/evacuada e “Susp abastecimento”, diz respeito à

suspensão do abastecimento de água.

O elevado número de Não Conformidades sobre o tema “inspeção preventiva

inadequada” só afirma a falta de controle e inspeções preventivas dentro dos processos nas

empresas o que pode ajudar a entender o aumento considerável no número de acidentes no

ano de 2013 (gráfico 5). O referido tema tem alta relevância pois, a adoção de maior controle

e inspeções dentro dos processos ajudarão não somente na diminuição do número de Não

Conformidades relacionadas a esse tema, como também de outros como “Vazamento” e

“Parâmetros químicos não alcançados”

O ”armazenamento de produtos químicos” apesar de não estar como tema de maior

índice de Não Conformidade, deve-se ser levado como tema de alta relevância. Como já visto

anteriormente (gráfico 3), tal assunto está relacionado a um alto número de acidentes

registrados no ano de 2013

Uma das alternativas para a redução do alto número de Não Conformidades no tema

“Sem envio de informações ao órgão responsável” seria a implementação de um sistema de

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comunicação direta entre empresa e o INEA. Já existe um sistema de comunicação

semelhante dês de dia 10 de outubro de 2014 que é usado como canal imediato para informar

acidentes ambientais das empresas para o IBAMA.

A simples observância e implementação das normas reguladoras bem como a

inspeções preventivas periódicas dos processos internos, são medidas que de fato

diminuiriam quantitativamente o número de Não Conformidades nos relatórios de Auditoria.

Ao fazer a análise cronológica do número de acidentes ambientais, nota-se uma queda

a partir do ano de 2011, gráfico 5.

Figura 5: Número de acidentes ambientais registrados pelo IBAMA do ano de 2010 até

2013.

Fonte: VALLE, e OLIVEIRA. IBAMA ano 2013

Em 2012, foram registrados 118 acidentes (gráfico 5), o que representa um decréscimo

de 14,49% em relação ao ano de 2011. Em 2013, o patamar continuou a descer, apresentando

o índice mais baixo desde 2010.

Apesar dos relatórios de Auditoria Ambiental (DZ-056.R3) serem obrigatórios no

processo de licenciamento ambiental, o órgão ambiental competente que analisa os referidos

relatórios (INEA) não se apropria dos dados relevantes contidos nos mesmo como forma de

levantar estatísticas para a melhoria continua no processo de fiscalização e licenciamento.

O levantamento dos principais pontos com maior número de Não Conformidade e

demais temas contidos neste trabalho, dão um panorama geral do cenário em que se

encontram as empresas potencialmente poluidoras sujeitas a Auditoria Ambiental DZ-056 R3.

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5. CONCLUSÃO

A preocupação com o meio ambiente é um fato que hoje se observa em muitas esferas

públicas e privadas. O governo do Estado do Rio de Janeiro, com objetivo de manter um

melhor controle de suas atividades poluidoras, regulamentou por meio do decreto 44.820/14

a diretriz 056 revisão 3 o licenciamento ambiental e Auditoria Ambientais para renovação ou

prorrogação da licença de operação. Os principais entraves das empresas sujeitas as

Auditorias Ambientais no processo de licenciamento ambiental foram: subitem 8.1.3 letra “a”

apresentou cerca de 20,79% das Não Conformidade, subitem 8.1.3 “b” 16,85% das Não

Conformidades e 8.1.9 letra “d” cerca de 10,39% das Não Conformidade. Os temas que

obtiveram maior número de Não Conformidades foram: Parâmetros Químicos não alcançados

10,32%, Inspeção preventiva inadequada 9,96%, armazenamento inadequado de produto

químico 8,89%, sem envio de informações ao órgão responsável 7,11%, vazamentos 3,55%.

Ações como “implementação de um sistema de comunicação direta entre empresa e órgão

ambiental”, “observância das normas reguladoras” e “inspeções preventivas periódicas” são

fundamentais para redução do número de Não Conformidades nos relatórios de Auditoria

Ambiental.

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6. RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se que este trabalho seja utilizado como base para elaboração de outras

pesquisas afins, bem como a continuação do mesmo para os anos subsequentes com o

objetivo da melhora continua no entendimento dos principais pontos chaves a uma adequação

favorável à gestão ambiental de qualidade.

Sendo, portanto, um instrumento de análise para a melhor tomada de decisão do poder

público e da esfera privada para a melhoria do desempenho ambiental.

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7. BIBLIOGRAFIA

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