leitura - as tentativas de industrialização do brasil

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Fichamento do texto de Nícia Vilela Luz, em "História Geral da Civilização Brasileira" - Hollanda

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Leitura As Tentativas de Industrializao no Brasil Ncia Vilela Luz Industrializao; independncia poltica aspiraes das naes submetidas ao regime colonial; O que houve at o sc. XX foram maios ou menos tentativas de usar o avano tecnolgico, que no funcionaram.1. A INDSTRIA SOB D. JOO VI Aspiraes industrialistas gerao de brasileiros que recebia na Europa educao mais voltada para as cincias experimentais; interesse local por tcnicas mais avanadas. Apesar disso, alguns estudiosos rejeitam a viabilidade da industrializao do BR no incio do sc. XIX. Ausncia de mercado consumidor; Defende que so necessrias anlises mais profundas. Em defesa da industrializao: Demograficamente, no to distantes dos EUA; Disponibilidade de recursos naturais seria um meio de valoriz-los; Disponibilidade de mo-de-obra subempregada; podia-se contar tb com a importao de tcnicos qualificados; Capital escasso, mas alguma acumulao no capital mercantil no fim do sc. XVIII; bastaria que o Estado orientasse; Setor txtil poderia ter sido uma experincia, pois tinha alguma vitalidade. possvel que a chave do problema possa ser encontrada no fato de o Brasil estar submetido a uma estrutura poltico-social de tipo Antigo Regime, com seus interesses mercantis solidamente estabelecidos; transferncia da Corte s integrou mais o pas a esse sistema. A poltica industrial de D. Joo VI Mercantilismo estatal do tipo colbertista, inspirado na experincia de Pombal na Metrpole; privilgio e monoplio concedido pelo Estado nas fbricas/manufaturas, que eram fiscalizadas de perto mas mantidas nas mos de particulares; Meias medidas e polticas superadas: mais debilitavam os esforos que promoviam protecionismo de fato. 1808: alvar revogando os entraves do regime colonial; 1809: iseno de direitos aduaneiros aos insumos para as fbricas nacionais, iseno de impostos de exportao para produtos manufaturados, uso de artigos nacionais no fardamento das tropas, privilgios aos inventores e introdutores de novas mquinas, incentivos fiscais, etc. Nenhuma inovao: aplicao de frmulas usadas na Europa medieval; no cabiam em uma poca de mudanas tecnolgicas que se processavam em ritmo rpido. O pensamento econmico brasileiro Crescimento da conscincia da superioridade da Colnia em relao metrpole; crena no potencial de prosperidade do Brasil; Progresso, rejeio da ordem colonial ultrapassada com tendncias liberalizantes. Jos da Silva Lisboa: importncia dos interesses agrcolas do pas. Contra um grande esforo do Estado de fomentar a indstria (investir no que j ramos bons) Grmens do industrialismo: Inconfidentes, que planejavam investir nas manufaturas mineiras; crticas a J. S. Lisboa. Hiplito da Costa: salientava o benefcio da indstria em ocupar parte da populao. Corrente agrria vence: interesses do Imprio portugus, dependncia da Casa de Bragana em relao Inglaterra. O tratado de 1810 privilgio s importaes de mercadorias britnicas Simonsen, Caio Prado Jr.: tratados teriam tido importncia decisiva na inibio do estabelecimento de manufaturas no br; Celso Furtado: no acha que tenham sido to importantes. Autora defende que provavelmente retardou experincias, que poderiam j ter se incorporado formao industrial. Ex: indstria txtil, que teve um pequeno boom com o ligeiro protecionismo com a tarifa Alves Branco, em 1844. Esse setor (...) no s se viu entravado pelo tratado de 1810, como no recebeu do Prncipe Regente as atenes que reclamava. Construo naval Qualidade das madeiras brasileiras, existncia de mo-de-obra especializada na Bahia constituio possvel de uma marinha mercante. Prncipe D. Joo estava mais interessado em marinha de guerra para recuperao da hegemonia portuguesa. Siderurgia Investimento pesado de D. Joo VI relacionado ao desejo de se constituir uma marinha de guerra; no poupou recursos ao investir na produo de ferro. Importao de tcnicos e operrios, incentivo a capitalistas para a implantao. Mas: segundo Simonsen, no tinha a siderurgia grandes possibilidades de desenvolvimento no Brasil da poca, ainda mais pq no havia incentivo a outras atividades que usassem ferro. No havia mercado e no havia estradas e rios navegveis para que o ferro pudesse ser exportado a um preo competitivo. Indstria txtil O tratado de 1810 teve seu papel em inibi-la, mas os interesses do comrcio portugus foram mais importantes para a tmida atitude de D. Joo em relao ao setor. Ganha dinamismo em 1815, com a encomenda de uma mquina filatria e em 1819, com a instalao de uma fbrica em moldes modernos na Lagoa Rodrigo de Freitas. Por que a mudana de postura em relao indstria txtil? O comrcio portugus com a sia: Tecidos ingleses no aguentavam a concorrncia com os algodes da ndia, no Brasil. Interesses dos mercadores portugueses se juntavam a aos dos agricultores brasileiros. Grandes interesses envolvidos, possivelmente o que inibiu o fomento de D. Joo indstria. H poucos elementos para julgar por que mudou a poltica em 1815 pode ter a ver com o retorno da Inglaterra rea e restabelecimento da paz na Europa.2. NOVAS TENTATIVAS EM MEADOS DO SCULO 1844: Tarifa Alves Branco: expirao de tratados de livre-troca com naes estrangeiras; Reacende as aspiraes industrialistas Centro: indstria txtil No se baseava mais em privilgios e subvenes estatais; reivindicava apenas tarifas protecionistas. Cunho nacionalista; superao do mercantilismo. Tarifa foi insuficiente para a proteo: o prprio Alves Branco reconhecia que (...) em face das exigncias do fisco, foi impossvel ao governo estabelecer taxas que realmente amparassem a produo brasileira. Indstria txtil foi particularmente pouco favorecida; taxao aqum da recomendada pela comisso encarregada da nova tarifa. O agrarismo triunfante O caf j dominava a economia brasileira e viera confirmar a crena no destino eminentemente agrcola do Brasil; em meados do sculo, o agrarismo j se revelava como representante dos interesses mais fortes do Brasil. Tarifas alfandegrias eram 62% da arrecadao do pas; Dirigentes no confrontariam os interesses da lavoura; industrialistas foram derrotados. As atividades industriais Animados pela tarifa Alves Branco, houve um surto industrial no meio do sculo; Ind. Txtil como ncleo proeminente; potencial se tivesse sido devidamente amparada. Matria-prima e mercado consumidor disponveis, no Nordeste; Bahia: disponibilidade de mo-de-obra e algum capital foi onde se instalaram mais fbricas. Metalurgia Estimulada por regies aucareiras, especialmente Recife; Niteri: produo de barcos a vapor; Mau relaes pessoais e comerciais com capitalistas britnicos, conseguiu promover empreendimentos sem igual. Esses esforos no encontraram, entretanto, nem condies, nem estmulos que conduzissem ao desenvolvimento industrial do pas. As poucas fbricas que subsistiram durante as dcadas de 1840 a 1870 se mantiveram graas a privilgios de explorao, de subvenes governamentais na forma de emprstimos e isenes de direitos de importao....3. O SURTO INDUSTRIAL NO FINAL DO SEGUNDO REINADO 1860: Guerra Civil nos EUA e Guerra do Paraguai EUA: surto na produo algodoeira e renascimento da ind. Txtil. Paraguai: + decisivo: impulso a ind. Qumica, instrumentos ticos, nuticos, couros, vidros, chapus, cigarros, papel, etc. Expanso econmica; necessidade de mais encargos imps tarifas mais protecionistas. Na mesma dcada: desvio de capitais que estavam na agricultura por queda nos preos de gneros agrcolas (acar e algodo). Pressentimento do declnio do caf no VP e investimento na indstria txtil. 1874 tarifa Rio Branco. Liberalismo moderado que no contentou nem liberais nem conservadores (nem lavoura nem indstria). 1875 Depresso econmica mundial Falncia de estabelecimentos de crdito no BR; abalo na f do cultivo do solo. Mal-estar econmico somado a crise cafeeira 1880-86. Progresso tcnico das indstrias europeias + desenvolvimento dos transportes e comunicaes no Brasil invaso da tcnica europeia em nossos mercados consumidores. Desta vez, porm, j existia, no Brasil, frgil embrio de indstria que, em nome do nacionalismo, reagiria e procuraria impor-se por meio de uma poltica protecionista. As reivindicaes industrialistas Pela primeira vez a indstria brasileira se une em defesa de seus interesses; Vitria da indstria de chapus contra a Alemanha, conseguindo tarifa alfandegria de 100% para chapus estrangeiros; 1880: Constituio da Associao Industrial industriais se unem em torno da defesa de uma poltica que animasse a indstria nacional Instabilidade das tarifas aduaneiras, necessidade de inqurito industrial. Divulgaram um manifesto: instrumento de propaganda e no defendia nenhuma doutrina econmica. Argumentao pela industrializao: independncia econmica, atrao de braos e capitais estrangeiros, ocuparia a populao urbana desocupada, fim da vulnerabilidade de uma economia monocultora, alvio da balana comercial. Argumento mais forte: desequilbrio no BP. A tarifa Belisrio Estado se atentava para a necessidade de amparo produo nacional e, em particular, ao fomento dos recursos naturais do Brasil. 1887 tarifa Belisrio, motivada por interesses do fisco. Proteo de produtos agropecurios; industriais manifestaram seu descontentamento. Acentuavam-se, portanto, na poltica alfandegria brasileira duas tendncias a proteo matria-prima nacional, o que equivalia a uma defesa da produo agrcola e extrativa do pas, e a defesa do consumidor, representado, principalmente, pelas classes rurais. S na Repblica se d o grande impulso industrial do Brasil, com bases lanadas nas ltimas dcadas do Imprio. Incapaz de se libertar das imposies fiscais e premido pelos interesses agrrios, o Brasil j se envereda pelo caminho que, de modo geral, ser seguido pela Primeira Repblica, isto , submeter-se- a uma poltica de expediente que visar a proteo de interesses industriais j estabelecidos no pas, mas que no conseguir articular, nem pr em prtica um vigoroso plano de industrializao.